universidade estadual de londrina - escola de gestão do paraná · ... no entanto existem...
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Universidade
Estadual de
Londrina CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS
ESCOLA DE GOVERNO DO PARANÁ ESPECIALIZAÇÃO EM FORMULAÇÃO E GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS
EDNA RICCI
REFLEXÕES DA EQUIPE DA DIVISÃO DE ATENDIMENTO À SAÚDE DA COMUNIDADE DA UEL SOBRE A POLÍTICA DE
SAÚDE
LONDRINA 2008
EDNA RICCI
REFLEXÕES DA EQUIPE DA DIVISÃO DE ATENDIMENTO À SAÚDE DA COMUNIDADE DA UEL SOBRE A POLÍTICA DE SAÚDE
Monografia apresentada ao Curso de Pós-graduação em Formulação e Gestão de Políticas Públicas da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial ao Título de Especialista.
Orientadora: Profª. Ms.Lúcia Helena M.Carmo
LONDRINA 2008
EDNA RICCI
REFLEXÕES DA EQUIPE DA DIVISÃO DE ATENDIMENTO À SAÚDE DA COMUNIDADE DA UEL SOBRE A POLÍTICA DE SAÚDE
Monografia apresentada ao Curso de Pós-graduação em Formulação e Gestão de Políticas Públicas da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial ao Título de Especialista.
COMISSÃO EXAMINADORA
_______________________________________
Prof. Ms. Gerson Antonio Melatti
Universidade Estadual de Londrina
_______________________________________
Profª. Ms. Lúcia Helena Machado do Carmo
Universidade Estadual de Londrina
_______________________________________
Profª. Dra. Débora Braga Zagabria
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, ___de _____________ de 2008.
RICCI, Edna. Reflexões da equipe da divisão de atendimento à saúde da comunidade da UEL sobre a política de saúde. 2008. Monografia (Especialização em Formulação e Gestão de Políticas Públicas) - Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2008.
RESUMO
O estudo focaliza a Política de Saúde enquanto subsídio das ações dos profissionais da equipe de saúde da Divisão de Atendimento à Saúde da Comunidade da Universidade Estadual de Londrina. O enfoque é direcionado com objetivo de refletir sobre as relações e ações cotidianas pautadas nos princípios, diretrizes, legislações e entendimento conceitual do termo saúde. Para tanto a pesquisa bibliográfica, documental e de campo que subsidiaram o conteúdo revelaram os seguintes resultados: a equipe de saúde possui conhecimento sobre o conceito da política de saúde. O conhecimento sobre as leis, portarias e resoluções necessita de maiores esclarecimentos, assim como em relação aos princípios e diretrizes do SUS que requer uma revisão de conceitos. Os sujeitos desvinculam o trabalho cotidiano embasado na política de saúde do SUS porque não há o entendimento de que a unidade de saúde na Universidade compõe o SUS. Há reconhecimento sobre a importância do conhecimento das Políticas de Saúde, no entanto existem dificuldades para sua aquisição vinculadas à falta de tempo, interesse e acesso a informações. Concluímos que, apesar dos profissionais apresentarem conhecimento, é necessário aprofundar conceitos e legislações pertinentes, bem como sua aplicabilidade. É um desafio a ser atingido na busca de resultados de maior eficiência e eficácia. O papel de cada profissional e de cada gestor é determinante na superação dos desafios e na consolidação de um sistema de saúde comprometido com a gestão pública, como instrumento de ação política que deve buscar sempre a construção de uma sociedade mais eqüitativa e democrática.
Palavras-chave: Sistema Único de Saúde. Política de Saúde. Equipe de Saúde.
RICCI, Edna. The UEL service team health community reflections, on health policy. 2008. Monograph (Specialization Program on Public Policies Management and Creation) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2008.
ABSTRACT The study focuses on Health Policy while subsidies of the professional team actions of the Health Service Division of the Universidade Estadual de Londrina community. The focus is oriented aiming to reflect on the everyday actions and relations, based on the health term conceptual understanding legislations, purposes and principles. For that, the documental, bibliographical and field research, that subsidized the content revealed the following results: the health team has knowledge on the health policy concept. The knowledge of the laws, regulations and resolutions, needs more explanations, as well as in relation to the principles and norms of the SUS that demands a review of concepts. The individuals disconnect the everyday work based on the SUS health policy, because there is no understanding that he University health unit in the University makes part of SUS. There is recognition on the importance of the Health Policies knowledge, however there are difficulties for its acquisition due to the lack of time, interest and information access. We concluded that, spite the professionals show knowledge, it is necessary to deepen concepts and attaining legislations, as well as its appliance. It is a challenge to be accomplished seeking for more efficient and effective results. The role of every professional and every leader is essential to overcome challenges and in the consolidation of a health system committed with the public administration, as a political action instrument, that should always seek for the construction of a more equitative and democratic society. Key words: Health Policy, Health Unique System, Health Team.
DEDICATÓRIADEDICATÓRIADEDICATÓRIADEDICATÓRIA
A DeusA DeusA DeusA Deus,
Por ter aberto as portas e mostrado mais um
caminho. Pela presença constante em minha vida,
dando-me forças para prosseguir.
A minha família A minha família A minha família A minha família,
Paulo Sergio Branco, Giulianna e Guilherme pela
compreensão nos momentos de ausência do convívio
familiar para que eu pudesse alcançar mais um
objetivo profissional
.
AGRADECIMENTOS
A equipe de saúde da DASCA equipe de saúde da DASCA equipe de saúde da DASCA equipe de saúde da DASC,
Pela disponibilidade, pronto atendimento e por
não medir esforços para propiciar os dados
presentes.
Que no exercício das atribuições garante o
direito de acesso à saúde e
assegura o bem- estar a todos os
estudantes e servidores que dela necessitam.
À equipe do SEBECÀ equipe do SEBECÀ equipe do SEBECÀ equipe do SEBEC,
Por ter contribuído com o resultado da
pesquisa.
À orientadoraÀ orientadoraÀ orientadoraÀ orientadora,
Professora Ms. Lúcia Helena Machado do Carmo,
Que direcionou com total segurança, competência,
carinho e incansável dedicação o conteúdo teórico e
prático deste trabalho.
Ao professor e coordenador do cursoAo professor e coordenador do cursoAo professor e coordenador do cursoAo professor e coordenador do curso,
Gerson Antonio Melatti
Pelo incentivo e pela excelente coordenação do
curso, além da amizade que contribuiu para superar
essa caminhada.
Aos docentesAos docentesAos docentesAos docentes,
Pelo repasse de novos conhecimentos contribuindo, ainda mais, para a qualificação
profissional.
Aos profs. Albio e Marli VerniAos profs. Albio e Marli VerniAos profs. Albio e Marli VerniAos profs. Albio e Marli Verni
Pela colaboração e atenção disponibilizada.
A Andreza DaherA Andreza DaherA Andreza DaherA Andreza Daher,
Pelo apoio, sugestões e parceria que possibilitou a
valiosa execução desta pesquisa.
Ao Superintendente do HULAo Superintendente do HULAo Superintendente do HULAo Superintendente do HUL,
Doutor Francisco Eugênio,
Pelo apoio incondicional para a realização deste
estudo.
Á Escola de GovernoÁ Escola de GovernoÁ Escola de GovernoÁ Escola de Governo,
Por ter proporcionado esse curso destinado à
capacitação de servidores.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Distribuição dos sujeitos da pesquisa segundo o conhecimento atribuído à Política de Saúde. Londrina, 2007.
Figura 2 – Distribuição dos entrevistados de acordo com o conhecimento das diretrizes e princípios do SUS. Londrina, 2007.
Figura 3 – Distribuição dos sujeitos da pesquisa de acordo com o conhecimento dos níveis de atenção do SUS. Londrina, 2007.
Figura 4 – Distribuição dos sujeitos segundo o conhecimento das leis e portarias que legislam sobre a política de saúde, editadas pelo Ministério da Saúde, ANVISA, incluindo sobre o seu conteúdo. Londrina 2007.
Figura 5 – Distribuição dos sujeitos segundo a importância do conhecimento das Políticas de Saúde do SUS no desempenho cotidiano da função. Londrina, 2007.
Figura 6 – Distribuição dos entrevistados segundo a interferência do conhecimento da política de saúde na qualidade do trabalho. Londrina, 2007.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AHC Ambulatório do Hospital de Clínicas
AIS Ações Integradas de Saúde
ANVISA Agência de Vigilância Sanitária
APS Atenção Primária à Saúde
CAT Comunicações de Acidentes do Trabalho
CCS Centro de Ciências da Saúde
CEME Central de Medicamentos
CF Constituição Federal
CMS Conselho Municipal de Saúde
CNS Conferência Nacional de Saúde
CONASP Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária
PRAS Plano de Reorientação da Assistência à Saúde
DASC Divisão de Assistência à Saúde da Comunidade
ECG Eletrocardiograma
EEg Eletroencefalograma
FAS Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social
FMS Fundo Municipal de Saúde
GM/MS Portaria Gabinete do Ministro/Ministério da Saúde
HIV/AIDS Vírus da Imunodeficiência Adquirida/Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida
HUL Hospital Universitário de Londrina
IAPs Instituto de Aposentadoria e Pensões
IAPB Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos Bancários
IAPC Instituto dos Comerciários
IAPM Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos
IAPTEC Instituto dos trabalhadores de Transportes e Cargas
INAMPS Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
LOS Lei Orgânica da Saúde
ME Ministério da Educação
MS Ministério da Saúde
NOAS Norma Operacional da Assistência à Saúde
NOB Norma Operacional Básica
NRs Normas Regulamentadoras
OMS Organização Mundial da Saúde
PACS Programa de Agentes Comunitários de Saúde
PEC Proposta de Emenda Constitucional
PIASS Programa de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento do
Nordeste
PNHAH Programa Nacional de Humanização de Assistência Hospitalar
PNI Programa Nacional de Imunizações
PPA Plano de Pronta Ação
PREPS Programa de Preparação Estratégica de Pessoal de Saúde
PROCAF Programa Comunitário de Atenção à Saúde Familiar
PSF Programa de Saúde da Família
SAME Serviço de Arquivo e Estatística
SAS Secretaria de Assistência à Saúde
SESMT Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do
Trabalho
SESP Serviço Especial de Saúde Pública
SNV Secretaria de Vigilância em Saúde
SNVE Secretaria Nacional de Vigilância Epidemiológica
SUDS Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde
SUS Sistema Único de Saúde
UEL Universidade Estadual de Londrina
UNI Projeto Uma Nova Iniciativa
UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância e a Adolescência
UTI Unidade de Terapia Intensiva
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................14 2 OBJETIVOS ...............................................................................................................21
2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................21
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................21
3 A POLÍTICA DE SAÚDE E O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE ....................................23
3.1 A POLÍTICA DE SAÚDE: ASPECTOS HISTÓRICOS .............................................................23
3.2 O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: FUNDAMENTOS E PRINCÍPIOS...........................................30
3.3 OS MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE ...........................................................................43
3.3.1 Atenção Básica ou Primária .................................................................................43
3.3.2 Vigilância Epidemiológica - Controle de Doenças ................................................48
3.3.3 Assistência de Média Complexidade ....................................................................49
3.3.4 Assistência de Alta Complexidade........................................................................50
4 O HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE LONDRINA, O AMBULATÓRIO DO HOSPITAL DE CLÍNICAS E A DIVISÃO DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE DA COMUNIDADE ENQUANTO ESPAÇOS DE AÇÕES DA ESTRUTURA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE .......................................................................................................................53
4.1 O HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE LONDRINA...................................................................53
4.2 O AMBULATÓRIO DO HOSPITAL DE CLÍNICAS ................................................................57
4.3 A DIVISÃO DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO SERVIDOR ......................................................59
5 A EQUIPE DE PROFISSIONAIS DA DIVISÃO DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE DA COMUNIDADE DO AMBULATÓRIO DO HOSPITAL DE CLÍNICAS E AS REFLEXÕES SOBRE A POLÍTICA DE SAÚDE ........................................................61
5.1 MATERIAL E MÉTODOS ...............................................................................................61
5.1.1 Tipo de Estudo......................................................................................................61
5.1.2 Campo de Pesquisa .............................................................................................61
5.1.3 População – Sujeitos da Pesquisa .......................................................................62
5.1.4 Coleta de Dados ...................................................................................................62
5.1.5 Análise dos Dados................................................................................................63
5.1.6 Aspectos Éticos da Pesquisa................................................................................63
6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS DA PESQUISA ..........................................64
6.1 ANÁLISE QUANTITATIVA ...............................................................................................64
6.2 ANÁLISE QUALITATIVA..................................................................................................73
6.2.1 Significados da Política de Saúde ........................................................................73
6.2.2 Princípios e Diretrizes do Sus...............................................................................75
6.2.3 Níveis de Atenção da Política Indicada para o Sus e suas Finalidades ...............78
6.2.4 Leis, Resoluções e Portarias que Legislam a Política de Saúde..........................83
6.2.5 Importância do Conhecimento da Política de Saúde e a Relação com a Qualidade do Trabalho Cotidiano ...........................................................................................87
6.2.6 Interferência do Conhecimento da Política de Saúde na Qualidade do Trabalho da Equipe de Saúde ...................................................................................................92
6.2.7 Diretrizes da Política de Saúde Aplicadas no Desenvolvimento das Atividades Cotidianas da Equipe de Saúde ............................................................................95
6.2.8 Dificuldades que Impedem o Conhecimento da Política de Saúde no Cotidiano do Trabalho da Equipe de Saúde ...............................................................................98
6.2.9 Sugestões para Aquisição de Conhecimentos Sobre Políticas de Saúde ..........100
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................103 REFERÊNCIAS ...........................................................................................................112 APÊNDICES................................................................................................................116
APÊNDICE A – Roteiro de Pesquisa...........................................................................117
APÊNDICE B – Ofício enviado ao Superintendente do HUL.......................................120
APÊNDICE C– Ofício enviado à Chefia da DASC.......................................................121
APÊNDICE D – Ofício enviado ao Comitê de Ética em Pesquisa ...............................122
APÊNDICE E – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido apresentado aos sujeitos da pesquisa .................................................................................................................123
ANEXOS .....................................................................................................................125
ANEXO A – Folha de Rosto para pesquisa Envolvendo Seres Humanos...................126
14
1 INTRODUÇÃO
O presente estudo focaliza a Política de Saúde e a relação com as
ações desenvolvidas pela equipe de saúde da Divisão de Assistência à Saúde da
Comunidade (DASC), localizada no Ambulatório do Hospital de Clínicas (AHC),
vinculado hierarquicamente ao Hospital Universitário (HUL), da Universidade Estadual
de Londrina (UEL).
Mudanças importantes na evolução da saúde pública no Brasil
ocorreram e precisam ser absorvidas por profissionais da saúde. Sabe-se da
necessidade de uma equipe que trabalha nessa área possuir conhecimentos para
estabelecer a relação do que se faz com os princípios e diretrizes norteadores da
Política de Saúde. Questões como falta de tempo, custos altos para capacitação,
chefias e corpo técnico que não se atualizam e/ou não se capacitam e falta de
participação em eventos são indicativos que devem ser refletidos frente às
necessidades de informações que são agregadas constantemente, principalmente na
área de saúde e que devem sustentar o desenvolvimento de uma política pública.
Uma das mudanças que ocorreu com o Sistema Único de Saúde (SUS),
estabelecida na Constituição Federal (CF) de 1988, em seu artigo 196, está relacionada
à saúde enquanto um "direito de todos e dever do Estado". Isto quer dizer que toda a
população brasileira passa a ter acesso ao atendimento público de saúde. A saúde
passa a ser “garantida mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução do
risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e
serviços para sua promoção, proteção e recuperação”, enquanto resultado de políticas
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos.
Mudanças essas significativas no conceito de saúde e na forma de pensar e manter a
saúde dos cidadãos brasileiros (CARVALHO; MARTIN; CORDONI JUNIOR, 2001,
p.41).
Anteriormente a esse marco considerado importante para a saúde
pública, a assistência praticada à população estava a cargo do Instituto Nacional de
Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), ficando restrita aos empregados
15
que contribuíssem com a previdência social; as demais pessoas desempregadas
consideradas não contribuintes eram atendidas apenas em serviços filantrópicos e em
hospitais escolas. As ações se resumiam às atividades de promoção da saúde e
prevenção de doenças por meio de vacinação realizada em caráter universal e pelas
atividades de assistência médico-hospitalar.
A implantação do SUS ocorreu de forma gradual. Primeiramente, foi
implantado o Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS). Posteriormente,
se deu a incorporação do INAMPS ao Ministério da Saúde (MS) sob o decreto nº.
99.060, de 07 de março de 1990. Por fim, a Lei Orgânica da Saúde (LOS) sob a Lei n.
8.080, de 19 de setembro de 1990.
Muitas leis e portarias, assim, foram sendo criadas. A LOS foi criada
com base no artigo nº. 1.998 da Constituição Federal de 1988 e estabelece princípios
do SUS que dizem respeito à universalidade, integralidade, equidade, descentralização,
regionalização, hierarquização e participação popular.
O princípio da participação popular foi promulgado pela Lei n. 8.142, de
28 de dezembro de 1990, que colocou como parte do SUS o controle social pelos
usuários enquanto representantes da gestão dos serviços públicos e privados de
saúde.
Historicamente, no momento em que a saúde emerge como questão
social no bojo da economia capitalista cafeeira ela acaba refletindo no avanço da
divisão de trabalho, ou seja, na emergência do trabalho assalariado e assume formas
de política social que vai até 1930. Nesse ano cria-se o Ministério da Educação e de
Saúde (BRAGA; PAULA, 1981).
Podemos perceber a saúde constituindo-se em uma das políticas
públicas governamentais e não mais restrita às ações de assistência médico-hospitalar,
de caráter curativo ou preventivo. Com o advento da crise econômica e política, a
estrutura do setor de saúde se organiza em saúde pública e medicina previdenciária.
Os movimentos ocasionados pela crise econômica e política,
representativos de grupos populares, subsidiaram a 8ª Conferência Nacional de Saúde
(CNS) que foi um marco na história política de saúde. Ela foi considerada a primeira
CNS a ser aberta à sociedade e importante na propagação do movimento da reforma
16
sanitária que resultou na implantação do SUDS, principalmente na composição da
seção de Saúde da Constituição Brasileira de 1988. Nessa época, ocorre a extinção do
INAMPS, por meio da Lei n. 8.689, em 27 de julho de 1993.
Braga e Paula (1981) reconhecem que a Política de Saúde implantada
tem base no movimento da reforma sanitária brasileira e, consequentemente, na
implantação do SUS. Na 8ª. Conferência Nacional de Saúde há participação efetiva de
instituições do setor de saúde, de entidades da sociedade civil, de grupos profissionais
e partidos políticos.
Evidenciam-se modificações necessárias ao setor saúde que
ultrapassam os limites de uma reforma administrativa e financeira, devendo haver
reformulação profunda, ampliando-se o próprio conceito de saúde e sua
correspondente ação institucional, constituindo-se o que se denominou de reforma
sanitária para fortalecimento e expansão do setor público. No sistema único, a gestão
da saúde passa a ser descentralizada, regionalizada e hierarquizada, além de ser uma
unidade na condução das políticas, na integração das ações e na participação dos
usuários dos serviços.
Com a implantação do SUS os estados e municípios passam a
desenvolver serviços e ações de saúde voltadas à atenção básica; vigilância
epidemiológica e controle de doenças; assistência de média e alta complexidade.
Os recursos públicos destinados às ações e serviços de saúde passam
a ser aplicados por meio dos Fundos de Saúde. Eles são acompanhados e fiscalizados
pelos Conselhos de Saúde em nível federal, estadual e municipal, garantida a
participação da comunidade em seu controle.
Assim, O SUS vai se consolidando em suas ações e em seus serviços
públicos de saúde, englobando ações executadas ou prestadas por órgãos, entidades
ou instituições federais, estaduais e municipais, da administração direta, indireta ou
fundações e das instituições de controle de qualidade, pesquisa e produção de insumos
e de medicamentos, inclusive de sangue e hemoderivados e de equipamentos para a
saúde.
Entendemos que o SUS passa a ter competência na prestação de
assistência às pessoas por meio de ações de promoção, proteção e recuperação da
17
saúde, com ações assistenciais e preventivas integradas. Inclui ações de vigilância
epidemiológica, saúde do trabalhador e assistência terapêutica e farmacêutica integral.
Possui um comando único que é exercido em cada esfera de governo
(Federal/Ministério da Saúde; Estadual e Distrito Federal/Secretaria de saúde ou órgão
equivalente e municipal /Secretaria de saúde municipal ou órgão equivalente).
Muitos serviços da rede pública ou conveniada acabam integrando o
SUS. Na cidade de Londrina – Paraná, um deles é o HUL, enquanto unidade
administrativa base do AHC, o qual se caracteriza como hospital-escola público
composto por 294 leitos, todos à disposição do SUS. Presta atendimento ambulatorial e
de internamento a todas as especialidades médicas e possui equipamentos de alta
tecnologia, instalados em uma construção antiga e com várias adaptações. É um Órgão
suplementar da UEL, autarquia vinculada à Secretaria de Estado da Ciência,
Tecnologia e Ensino Superior (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO REGIONAL DO NORTE
DO PARANÁ, 2005).
Da mesma forma o AHC, vinculado hierarquicamente ao HUL, segue as
mesmas diretrizes do contexto da Política de Saúde do SUS. Na sua organização
encontra-se a DASC, uma unidade de assistência multidisciplinar (médica, odontológica
e de enfermagem) que presta serviços a trabalhadores e estudantes da UEL como
parte da rede de serviços ligados às ações de saúde do SUS, no qual faz parte de
nossa experiência profissional na perspectiva da ação e investigação.
A estrutura funcional da DASC é composta pelas seções de
atendimento: médico; odontológico; de enfermagem; recepção, apoio administrativo e
desenvolvimento de programa de prevenção e promoção à saúde. Possui 41
profissionais em seu quadro geral atendendo em sistema de revezamento nos postos
localizados no HUL e no AHC, incluindo os auxiliares de enfermagem e de odontologia
e os técnicos administrativos. Os servidores que atuam mais diretamente à DASC/AHC
perfazem um total de 28 técnicos entre médicos, enfermeiros, dentistas, auxiliares de
odontologia e de enfermagem.
A DASC foi desmembrada do SEBEC mantendo a estrutura acima. A
estrutura do SEBEC atualmente é composta pelo Serviço Especializado em Engenharia
18
de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT), Restaurante Universitário, Moradia
Estudantil e Divisão de Serviço Social.
A equipe de profissionais do SEBEC que compõe a equipe de saúde e
atua diretamente com servidores e estudantes encaminhados pela DASC em seus
locais de atendimento localizados no HUL, AHC E SEBEC é composta por 05 técnicos.
Esse quadro é formado por 02 Assistentes Sociais, 01 médico psiquiatra, 01
nutricionista e 01 psicólogo. Esses sujeitos foram destacados como importantes para a
pesquisa por comporem a trajetória de atendimento à comunidade da UEL em relação
às demandas de saúde.
Mediante a experiência vivenciada, diferentes questões nos
impulsionaram a um aprofundamento sobre o objeto de estudo e, definimos como
significativo a reflexão que a equipe de profissionais da DASC/AHC possui acerca dos
princípios e diretrizes do SUS, rede de serviços, recursos para o diagnóstico,
medicamentos e a relação com as ações desenvolvidas.
Questões que se tornam fundamentais, uma vez que os sistemas de
saúde em suas diversas frentes de serviços e atendimentos têm uma base única de
sustentação da Política de Saúde, tornando-se significativa para atuação dos
profissionais frente ao compromisso técnico e à gestão ligada à sustentação básica do
SUS, que é o conceito de saúde e a proposta ampla do sistema de saúde.
A questão colocada para o estudo vem focalizar o embasamento sobre a
política de saúde e a importância de seu conhecimento para a atuação profissional,
como também a respectiva capacitação dos profissionais para atuar em um serviço
vinculado à estrutura do SUS, enquanto componentes da Política de Saúde.
A partir dessas considerações nos questionamos: Qual é a reflexão que
a equipe de saúde da DASC/AHC possui sobre a Política de Saúde nas relações e
ações desenvolvidas no cotidiano profissional? Com certeza essa indagação trará
subsídios para responder pontos importantes das ações frente à política de saúde.
Para abordarmos sobre o objeto de estudo desenvolvemos pesquisa de
natureza bibliográfica, documental e de campo. Foram entrevistados 15 (60%)
profissionais de saúde da DASC/AHC e 05 (20%) do quadro do SEBEC totalizando 20
(80%) dos profissionais DASC/AHC/SEBEC, os quais participaram efetivamente da
19
pesquisa. Vale ressaltar que 05 (20%) dos sujeitos da equipe de saúde da DASC/AHC
não responderam os instrumentos de coleta de dados.
Acreditamos que o resultado desse estudo contribuirá para subsidiar as
ações e os fundamentos da equipe de saúde da DASC/AHC frente ao contexto das
políticas de saúde na atualidade.
Acreditamos também que esse trabalho proporcionará aos estudantes e
servidores da UEL, os quais utilizam os serviços da DASC/AHC e compõem o universo
de usuários do SUS, maiores informações e esclarecimentos sobre os direitos à saúde,
uma vez que os profissionais possam refletir sobre as ações e relações
desempenhadas.
Para concretização desse estudo o conteúdo da monografia encontra-se
dividido em duas partes que apontam para o conjunto de referências e reflexões que
compõem a totalidade do texto.
A primeira parte aborda a historicidade da política de saúde e as ações
do SUS. O que revela que o SUS é uma nova forma política e de organização dos
serviços e ações de saúde no Brasil estabelecida pela Constituição Federal de 1988.
Ela vem garantir a saúde como um direito de todos e dever do Estado, mediante
políticas sociais e econômicas que buscam reduzir o risco de doença e de outros
agravos e o acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção,
proteção e recuperação. Essa parte nos mostra que a saúde passa a constituir-se em
uma das políticas públicas do Governo e não mais enquanto assistência médico-
hospitalar, curativa ou preventiva.
A segunda parte apresenta os dados da pesquisa em dois blocos de
conteúdo quanti-qualitativo.
Os dados quantitativos apresentam os sujeitos do estudo com seus
respectivos indicadores de conhecimento individual referente à formação e capacitação
do trabalho profissional na DASC/AHC/UEL.
Os dados qualitativos estão organizados em dois núcleos temáticos.
Um deles está relacionado ao conhecimento da Política de Saúde, a importância do
conhecimento da Política de Saúde no desempenho da função, a interferência do
20
conhecimento da Política de Saúde na qualidade do trabalho, as dificuldades que
impedem o conhecimento da Política de Saúde no cotidiano de trabalho, as leis e
portarias que legislam a Política de Saúde.
O outro núcleo se refere aos dados de conhecimento sobre as diretrizes
e princípios do SUS, os níveis de atenção básica e suas finalidades e a aplicação das
diretrizes da Política de Saúde no desenvolvimento das atividades no cotidiano
profissional da equipe de saúde da DASC/AHC.
As considerações finais apontam as principais reflexões sobre o
conhecimento da equipe de saúde como primordial e indispensável que deve ser
interpretada subjetivamente, nas particularidades de cada situação, diante do
comprometimento com a qualidade dos serviços prestados aos usuários, o qual resulta
num trabalho de maior eficiência e eficácia.
21
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Analisar a reflexão que a equipe de saúde da DASC/AHC possui sobre
a Política de Saúde nas relações e ações desenvolvidas no cotidiano profissional.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Para a construção do conteúdo os objetivos específicos foram
norteadores da seqüência e da lógica desse trabalho, conforme segue:
� Conhecer o perfil profissional da equipe de saúde da DASC/AHC;
� refletir sobre os aspectos que a equipe de saúde aponta em relação
às diretrizes, princípios, rede de serviços, medicamentos,
qualificação de recursos humanos e a relação com o trabalho
desenvolvido;
� identificar pontos que indicam a reflexão que a equipe de saúde
possui sobre a política de saúde utilizada nos procedimentos e
encaminhamentos realizados nas ações e relações voltadas aos
servidores e estudantes da UEL;
� verificar se o entendimento dos profissionais da DASC sustenta-se
na Política de Saúde, a partir da execução de suas atividades
cotidianas;
22
� detectar sugestões com a equipe de saúde mediante as ações e
relações desenvolvidas sobre o que a política de saúde apresenta e
propõe.
23
3 A POLÍTICA DE SAÚDE E O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
3.1 A POLÍTICA DE SAÚDE: ASPECTOS HISTÓRICOS
O Sistema Único de Saúde (SUS) é uma nova forma política e de
organização dos serviços e ações de saúde no Brasil. Foi estabelecido pela
Constituição Federal de 1988 (CF). Em seu art.196 garante que “a saúde é direito de
todos e dever do Estado”. A saúde passa a ser “garantida mediante políticas sociais e
econômicas que visem a redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”
enquanto resultado de políticas sociais e econômicas. A saúde passa a constituir-se em
uma das políticas públicas do Governo e não mais enquanto assistência médico-
hospitalar, curativa ou preventiva (CARVALHO; MARTIN; CORDONI JUNIOR, 2001,
p.41).
O Ministério da Saúde classifica o SUS como um novo sistema de
saúde em construção no País. O SUS possui a denominação de único porque traz
consigo uma formulação que segue a mesma doutrina e os mesmos princípios
organizativos em todo o território nacional sob a responsabilidade das esferas de
governo em nível federal, estadual e municipal (BRASIL, 1991).
A população brasileira passa a ter direito de acesso ao atendimento
público de saúde a partir da Constituição de 1988. Anteriormente, a assistência médica
estava a cargo do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
(INAMPS), ficando restrita somente aos empregados que contribuíssem com a
previdência social. As pessoas que não tinham emprego formal eram consideradas
indigentes e eram atendidas apenas em serviços filantrópicos (BRAGA; PAULA, 1981).
De acordo com Andrade (2001), o marco para as mudanças ocorridas
no sistema encontra-se referenciado na VII CNS, datada em março de 1986. Nela, são
debatidos os temas principais que se relacionam à “[...] saúde como direito de
cidadania, a reformulação do Sistema Nacional de Saúde e o financiamento do setor”.
24
Segundo Santos (1992), a formulação e a implantação do SUS são
resultantes de um expressivo movimento de reforma sanitária, inserido no movimento
de redemocratização do país e teve em seu lócus privilegiado para o estabelecimento
das grandes diretrizes a VIII CNS, o que estabeleceu a organização do sistema de
saúde no Brasil e a regulamentação da LOS, através das Leis 8.080 e 8.142, de 1990.
A partir de então, o Brasil passa a ter uma política de saúde claramente
definida constitucionalmente em termos de política pública e social, implicando em
importantes mudanças para a sua operacionalização nos campos político e jurídico,
político e institucional e técnico operativo.
Ressaltamos que a organização do sistema de saúde no Brasil vem
sofrendo, assim, constantes mudanças desde o século XX, acompanhadas de
transformações econômicas, socioculturais e políticas da sociedade brasileira. Surge o
modelo de assistência vinculada à previdência social e o movimento pela reforma
sanitária, o qual contribuiu para o processo de implantação do SUS.
Cumpre enfatizar que a primeira trajetória denominada de sanitarismo
campanhista surgiu no início do século XX, perdurando até 1945. A segunda tendência,
chamada de modelo médico assistencial privatista, perdurou de 1945 a 1960 e se
consolidou até o início dos anos de 1980. O terceiro caminho é o denominado de
modelo plural que vigora atualmente e inclui o SUS, enquanto sistema público
(MENDES, 1996).
No início do século XX até 1920 já se pensava nas formas de
saneamento dos espaços de circulação das mercadorias nos portos e nas formas de
controle de doenças da peste, da cólera e da varíola que poderiam prejudicar as
exportações.
Os serviços de saúde pública nessa época eram coordenados pela
Diretoria Geral de Saúde Pública, ligada ao Ministério da Justiça e Negócios Interiores.
Já se adotava o modelo das campanhas sanitárias para combater endemias urbanas e
rurais. Na parte de assistência individual, as ações de saúde eram privadas e a
assistência hospitalar pública assumia caráter social em que abrigava e isolava os
portadores de psicoses, hanseníase e tuberculose. A assistência aos indigentes, os
quais não podiam custear o atendimento, era praticada pelas entidades de caridade,
25
principalmente pelas Santas Casas de Misericórdia (ANDRADE; SOARES; CORDONI
JUNIOR, 2001).
No período de 1920 a 1945, as ações de caráter coletivo tinham
instrumentos de intervenção mais eficazes que a assistência médica individual; no
entanto não acumulava avanços necessários o suficiente na área tecnológica. A
principal característica da política de saúde continuava sendo a sanitarismo
campanhista, com campanhas de combate a doenças de tuberculose e endemias
rurais. Em 1942 cria-se o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP) dentro de uma
política ministerial e mantido pela Fundação Rockfeller (CARVALHO; MARTIN;
CORDONI JUNIOR, 2001).
Diante das profundas mudanças que ocorreram no país a partir da
revolução de 1930, com a quebra da bolsa de Nova York em 1929 e com a crise do
café que culminou com a sua desvalorização no mercado internacional, houve um
deslocamento da economia para os centros urbanos e para empreendimentos
industriais na região centro-sul do país. Surge, com isso, um novo contingente de
trabalhadores assalariados nos setores de transporte e indústria.
O Estado entra com um papel interventor sobre a sociedade em virtude
de conflitos que podiam surgir da classe trabalhadora e patronal e da concentração do
contingente populacional em meio urbano.
Com essa preocupação surge, em 1933, um nova estrutura de
previdência social denominada de Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs)
implantada por categorias de trabalhadores. Cria-se o Instituto de Aposentadoria e
Pensões dos Marítimos (IAPM), dos Bancários (IAPB), dos trabalhadores de
Transportes e Cargas (IAPTEC), dos Comerciários (IAPC), etc. Surge, em 1930, o
Ministério da Educação e Saúde (ME) que coordena as ações de saúde em caráter
coletivo. A assistência da população carente que não era vinculada ao mercado formal
continuava sendo prestada pelo poder público ou por entidades de caridade
(CARVALHO; MARTIN; CORDONI JUNIOR, 2001).
De 1945 a 1966 começa uma reorganização da política social
internacional em decorrência do aumento do desemprego com o pós-guerra, o que
agrava as condições sociais do Brasil. Em alguns países da Europa desenvolve-se a
26
concepção do “Estado do Bem-Estar Social” ou “Welfare State” e crescem os gastos
estatais nas áreas sociais. No Brasil, começa a ser formulado um modelo alternativo de
seguridade social. A Previdência Social passa a ter maior importância e servir como
instrumento político eleitoral do Governo (CARVALHO; MARTIN; CORDONI JUNIOR,
2001).
Nesse período, a assistência preventiva à saúde é mantida por uma
prática de campanhas de combate a endemias e cria-se, em 1953, o Ministério da
Saúde. De acordo com Carvalho, Martin e Cordoni Junior (2001) persiste a dicotomia
entre a saúde pública e a atenção médica individual.
A tendência de incremento na política de assistência médica
previdenciária se ampliou nesse período. Com a industrialização e a urbanização
ocorreu uma mudança no quadro nosológico. As doenças pestilenciais que atingem a
massa populacional assumem maior importância e resultam em agravos pelas
condições de vida e de trabalho da população.
Com o avanço tecnológico a assistência médica individual avança com
maior eficácia tanto no diagnóstico como na parte terapêutica. Cresce um complexo
médico-industrial e hospitalar que privilegia a contratação de serviços terceirizados,
considerado como modelo médico-assistencial privatista (CARVALHO; MARTIN;
CORDONI JUNIOR, 2001, p.46).
No período de 1968 a 1980, o país é marcado por uma ditadura militar.
A Constituição Federal é alterada por atos institucionais e decretos Presidenciais que
dizem respeito a direitos de cidadania, informação, organização social e política.
Nessa época a assistência à saúde se estende aos trabalhadores
rurais, às empregadas domésticas e aos trabalhadores autônomos. Ocorre uma crise
econômica na previdência pela ampliação da seguridade social e da assistência médica
a novas categorias sociais, pelo aumento de contratos de serviços com empresas
privadas sem o controle adequado, criando espaços para a corrupção. Esses fatos
contribuíram também para uma crise política e econômica, onde o Estado acaba sendo
responsabilizado pelos crescentes problemas econômicos (CARVALHO; MARTIN;
CORDONI JUNIOR, 2001).
27
Em 1974 são adotadas diversas medidas políticas e administrativas
para contornar os problemas de crise no âmbito social. Cria-se o Ministério da
Previdência e Assistência Social (MPAS) que acopla o Instituto Nacional de Previdência
Social (INPS); o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
(INAMPS); a Fundação Legião Brasileira de Assistência (LBA); a Empresa de
Processamento de Dados da Previdência Social (DATAPREV) e o Instituto de
Administração Financeira da Previdência e Assistência Social (IAPAS). Implanta-se,
também, a Central de Medicamentos (CEME) (OLIVEIRA; TEIXEIRA, 1986). Cria-se,
ainda, o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) que destina recursos para a
construção de hospitais e o Plano de Pronta Ação (PPA) que amplia a contratação do
setor privado para a prestação de serviços de saúde, o que eleva ainda mais os gastos
previdenciários (CARVALHO; MARTIN; CORDONI JUNIOR, 2001).
Paralelo ao que foi pontuado, com o fim do milagre econômico no final
da década de 1970, surge uma insatisfação por parte de intelectuais, políticos e setores
da sociedade em relação ao modelo político-econômico praticado pela ditadura militar.
Na área da saúde também ocorre grande insatisfação. Cresce a discussão pela busca
de reformas nas políticas de saúde, cresce o movimento pela Reforma Sanitária com
grande ênfase na formulação de um pensamento crítico na área da política de saúde,
como uma forma de oposição ao sistema de saúde ora vigente. Surgem idéias sobre a
medicina comunitária e o conceito de Atenção Primária à Saúde (APS) (CARVALHO;
MARTIN; CORDONI JUNIOR, 2001).
Na visão de Carvalho, Martin e Cordoni Junior, (2001) as experiências
do Programa de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento do Nordeste
(PIASS), do Sistema Integrado de Saúde do Norte de Minas, do Programa de
Preparação Estratégica de Pessoal de Saúde (PREPS) e a experiência de certas
secretarias municipais de saúde, como a da cidade de Londrina-Paraná, que ocorreram
em meados de 1976 e 1977, buscam uma forma de reorganizar seus serviços de
acordo com essa visão. Tornam-se ações concretas de aplicação dos princípios da APS
e da Medicina Comunitária.
Gil, Martín e Gutierrez (2001) revelam a experiência da implantação dos
serviços básicos de saúde em Londrina e região com diversas características no
28
processo de descentralização do sistema de saúde. Apesar de ter sido intensa e ter
fornecido muitas contribuições positivas para a implementação das políticas de
municipalização dos serviços de saúde no Estado do Paraná e no País, acabou sendo
pouco explorada e difundida.
Parece claro que a cidade de Londrina organiza seus serviços públicos
de saúde tendo como vertente a incorporação de diretrizes de modelos assistenciais
orientados pelo processo de reforma sanitária brasileira. Incorpora as diretrizes do
modelo de Atenção Primária à Saúde, proposto pela Organização Mundial da Saúde
(OMS).
Queremos destacar que desde abril de 2004, o Ministério da Saúde tem
proposto a implantação das políticas de alta complexidade, por meio da publicação de
Portarias, com base na constituição de redes assistenciais por especialidade ou por
patologia. Desde a publicação das portarias definindo as políticas e estabelecendo os
critérios e exigências para o credenciamento de serviços que compõem as redes, foram
identificadas várias dificuldades na operacionalização das propostas e na organização
das referidas redes nos Estados. O Ministério da Saúde republicou algumas normas e
no caso especifico da política de traumato-ortopedia houve a publicação de uma nova
portaria.
Dentre as propostas do MS os gestores estaduais concordam que a
constituição de redes assistenciais necessita de definição de escala objetivando a
garantia da qualidade e a busca da eficiência na prestação da assistência; sem deixar
de considerar o principio da garantia de acesso nesse processo.
No período de 1980 a 1990 ocorre uma transição democrática do país e
se dá uma nova redação à Constituição Federal de 1988, o que repercute no processo
de construção de uma nova política para a área de saúde.
Em 1980 os Ministérios da Saúde e da Previdência Social apresentam
um anteprojeto do Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde, o PREV-SAÚDE,
o qual não vigorou por falta de recursos. Posteriormente implanta-se o “Pacote da
Previdência” que estabeleceu o aumento da contribuição previdenciária e instituiu o
Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária (CONASP) para
racionalizar despesas e controlar gastos (PAIM, 1989).
29
Ainda de acordo com esse autor, nesse intervalo é lançado o Plano de
Reorientação da Assistência à Saúde no âmbito da Previdência Social. O mais
importante desdobramento do CONASP foi o da criação das Ações Integradas de
Saúde (AIS) que busca reorganizar a assistência à saúde, com intenção de evitar ações
paralelas e simultâneas entre as instituições sanitárias. A partir desse plano, as
prefeituras passariam a receber recursos federais oriundos da Previdência pelos
serviços médicos, odontológicos e de enfermagem prestados pelos municípios
(CARVALHO; MARTIN; CORDONI JUNIOR, 2001).
Após a implantação das Ações Integradas de Saúde (AIS) cria-se, pelo
decreto n. 94.657 de 20 de julho de 1987, o Sistema Unificado e Descentralizado de
Saúde (SUDS) como uma nova estratégia de mudanças na Política de Saúde para
contribuir na consolidação e no desenvolvimento qualitativo das Ações Integradas de
Saúde. Evidenciam-se conseqüências no SUDS em sua forma de concentração de
poder nas secretarias estaduais de saúde e no desmonte do INAMPS (CARVALHO;
MARTIN; CORDONI JUNIOR, 2001).
Nesse período são definidos os campos de atuação do Ministério da
Saúde e da Previdência e Assistência Social. Ao Ministério da Saúde cabe a execução
de medidas de interesse coletivo, incluindo a vigilância sanitária. À Previdência e
Assistência Social cabe o atendimento médico-assistencial individualizado. A
normatização é assegurada pela Lei Federal 6.229, de 1975, o que reforçou a dicotomia
entre a área preventiva e curativa do sistema de saúde brasileiro (CARVALHO;
MARTIN; CORDONI JUNIOR, 2001).
No período mencionado, o país vive um momento de transição
democrática que foi iniciado com a Nova República e se preparava para um novo
processo Constituinte que estava previsto nos planos de governo. A realização da
Assembléia Nacional Constituinte definiria uma nova ordem jurídico-institucional para o
Brasil. Foi convocada a VIII Conferência Nacional de Saúde com objetivo de discutir
novas propostas de estrutura e de política de saúde brasileira.
Os princípios da Reforma Sanitária são aprovados no contexto da CF
do Brasil. A saúde passa a ser um direito de todos e dever do Estado. As ações e
30
serviços de saúde passam a ser de relevância pública. A partir dessas premissas é
criado o SUS, em 1990.
3.2 O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE: FUNDAMENTOS E PRINCÍPIOS
Mendes (1998, p.35) coloca que o conceito de saúde passa a ser
entendido numa perspectiva de articulação de “política universal derivado do exercício
de uma cidadania plena”, onde as ações e serviços de saúde são de relevância pública.
O SUS passa a ser organizado segundo as diretrizes de descentralização com mando
único em cada esfera de governo, com atendimento integral, com a participação da
comunidade, com a integração da saúde no espaço mais amplo da seguridade social e
com a liberdade para o setor privado.
Carvalho, Martin e Cordoni Junior (2001) revelam que o SUS passa a
ter seus princípios estabelecidos na Lei Orgânica da Saúde (LOS), com base no artigo
198 da Constituição Federal de 1988. Os princípios dizem respeito à universalidade,
integralidade e equidade, os quais, às vezes, são chamados de princípios ideológicos
ou doutrinários. Os princípios da descentralização, da regionalização e da
hierarquização são denominados de princípios organizacionais. O princípio da
participação popular, no entanto, ainda não está claro em relação a sua classificação.
Os princípios se resumem nas seguintes definições:
a) Universalização: igualdade de acesso aos serviços de saúde,
enquanto direito de todos os cidadãos.
b) Integralidade: superação da dicotomia entre serviços preventivos e
curativos e atuação em nível individual e coletivo, incluindo a área de prevenção de
doenças e a promoção da saúde.
c) Equidade: igualdade de oportunidade em utilizar o sistema de saúde.
No Brasil as disparidades sociais e regionais e as necessidades de saúde variam.
d) Participação da comunidade: participação dos usuários na gestão e
no controle do SUS. Foi regulado pela Lei nº. 8.142. Os usuários participam da gestão
31
do SUS através das Conferências de Saúde, que ocorrem a cada quatro anos em todos
os níveis. Participam, também, dos Conselhos de Saúde e dos órgãos colegiados em
todos os níveis. Nos Conselhos de Saúde ocorre a chamada paridade e os usuários
têm metade das vagas, o governo tem um quarto e os trabalhadores outro quarto.
e) Descentralização política e administrativa: o SUS existe nas esferas
nacional, estadual e municipal. Cada um com comando único e atribuições próprias. Os
municípios têm assumido papel cada vez mais importante na prestação e no
gerenciamento dos serviços de saúde. As transferências passaram a ser para os fundos
de saúde baseadas em sua população e no tipo de serviço oferecido, e não no número
de atendimentos. Para Mendes (1998, p.34) o SUS fundamenta-se na descentralização
com diversas vantagens. Existe uma “[...] organização mais racional dos serviços em
bases geográficas e administrativas”. Com isso há um maior envolvimento das
comunidades locais com sua própria saúde; uma redução da duplicação de serviços;
possibilidades de contenção de custos; controle social sobre os serviços e melhoria nas
atividades intersetoriais.
f) Hierarquização e regionalização: os serviços de saúde são divididos
em níveis de complexidade. O nível primário é oferecido diretamente à população. Os
níveis secundário e terciário são utilizados quando encaminhados pelo atendimento
terciário. Quanto mais bem estruturado for o fluxo de referência e contra-referência
entre os serviços de saúde, melhor a eficiência e eficácia dos mesmos. Cada serviço de
saúde tem uma área de abrangência, isto é, ele é responsável pela saúde de uma parte
da população.
A LOS estabelece, ainda, princípios de: preservação da autonomia das
pessoas na defesa de sua integridade física e moral; direito às pessoas assistidas
sobre informação a respeito de sua saúde; divulgação de informações quanto ao
potencial dos serviços de saúde e sua utilização pelo usuário; utilização da
epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, de alocação de recursos e de
orientação programática; integração, em nível executivo, das ações de saúde, meio
ambiente e saneamento básico; conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos,
materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na
prestação de serviços de assistência à saúde da população; capacidade de resolução
32
dos serviços em todos os níveis de assistência e organização dos serviços públicos de
modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos.
Na perspectiva de Santos (1992), as ações e os serviços passam a ser
sistematizados destinados à promoção, preservação e recuperação da saúde, individual
e coletiva. A Constituição federal passa a reger pontos básicos que se referem à saúde
enquanto direito de todos e dever do Estado; relevância pública das ações e dos
serviços de saúde; universalidade da cobertura e do atendimento, como pressuposto da
equidade da assistência; caráter democrático e descentralizado da gestão
administrativa, com a participação do sistema público de saúde; rede pública de
serviços integrada num sistema único; setor privado de serviços que participa de forma
complementar do sistema público de saúde; financiamento pelo orçamento de
seguridade social e outros orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e
Municípios; equidade na forma de participação do custeio da seguridade social;
competência comum das várias esferas do governo para tratar a saúde e competência
concorrente para legislar sobre a saúde.
Esse mesmo autor discorre que à União compete legislar sobre normas
gerais; aos Estados sobre legislação; à Supletiva sobre cunho particular e aos
Municípios sobre interesse predominantemente local; à saúde como resultante de
políticas sociais e econômicas e de fatores que determinam e condicionam o estado de
bem-estar físico, mental e social do indivíduo, incluindo alimentação, moradia,
saneamento básico, meio ambiente, transporte, trabalho, renda e lazer.
Cunha (1994) reforça que a Constituição de 1988, em seu artigo 197,
define os serviços de saúde como de relevância pública, atribuindo ao poder público
funções de regulamentação, fiscalização e controle das ações e serviços. Define,
também, em seu artigo 198, que as ações e serviços públicos de saúde integram uma
rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, que passa a ser
organizado de acordo com as diretrizes de descentralização.
Para Gil, Martín e Gutierrez (2001), a década de 1980 foi a que mais
apresentou expansão dos serviços de saúde. A década de 1990 passou a ter como eixo
a estruturação do SUS. Houve expansão quantitativa das Unidades Básicas de Saúde
(UBS) municipais com grande ampliação no quadro de recursos humanos. Ocorreu em
33
nível nacional um debate sobre o papel das UBS, uma vez a oferta dos serviços
concentrava-se no atendimento a programas verticais de saúde materno-infantil e, em
poucos lugares, no atendimento de programas de controle da hipertensão arterial.
Assim, a agenda dos serviços não era aberta para a demanda espontânea dos que a
procuravam.
No início de 1990, a Fundação Kellogg lançou uma carta convite a
diversas instituições de ensino da área da saúde, sendo que a cidade de Londrina foi
selecionada para desenvolver o Projeto para Uma Nova Iniciativa na Educação dos
Profissionais de Saúde: União com a Comunidade (UNI) para formação dos futuros
profissionais de saúde em parceria com os serviços de saúde e com a comunidade
local. Este projeto trouxe novos caminhos para a melhoria do atendimento à saúde da
população. Buscou a formação de profissionais de saúde mais engajados e
sensibilizados com as necessidades da comunidade e mais sujeitos sociais dos
processos de mudanças do que meros receptores das conseqüências postas
(ALMEIDA et al. apud GIL; MARTÍN; GUTIERREZ, 2001).
Com base nas colocações de Gil, Martín e Gutierrez, (2001),
percebemos que o Projeto enunciado acima recoloca a UEL nas discussões e na
implantação de novas práticas de saúde por deter a coordenação do projeto e ser o
agente negociador mais interessado em seus resultados.
Em 1995 o município também passou a assumir a gestão do sistema de
saúde, na modalidade semiplena que possibilitava planejar e organizar seus serviços,
adquirindo a titularidade e a responsabilidade de gerir todo o sistema.
Para Pires (1998, p.99) o modelo neoliberal nos anos 90 restringe o
papel do Estado e reafirma os interesses do setor privado em relação aos interesses da
população. Com isso resultam somente pequenas mudanças, a universalização do
acesso a todos os níveis e complexidade da assistência de saúde e organização não
avançam. As denúncias dos reais problemas do SUS são aproveitadas por tais forças
para um trabalho de “desvalorização do serviço público e dos trabalhadores do serviço
público e para defender a ilusão da eficácia do setor privado”.
No ano de 2001, Londrina adota a modalidade de Gestão Plena do
Sistema Municipal de Saúde. Significa o comando de todos os serviços que compõem o
34
SUS, com serviços próprios, filantrópicos e privados. O grande desafio é reverter o
modelo de atenção à saúde que ainda prioriza as ações médico-curativas e de
aumentar a resolutividade do sistema em seus diferentes níveis e necessidades.
Concordamos com as visões de Gil, Martin e Gutierrez (2001) que é a
partir dessa premissa que se poderá contribuir para o fortalecimento do SUS,
produzindo impacto na melhoria da qualidade dos serviços prestados à população e,
consequentemente, na efetividade das políticas públicas do setor.
Cunha (1994) aponta que o SUS passa a fazer parte do conjunto de
uma política social e econômica, uma política estruturada, a partir dos marcos dos
direitos sociais. Sabemos que os recursos da saúde ainda são aquém das
necessidades, pois estas são crescentes.
Compreendemos que os investimentos, a manutenção da rede
assistencial, o aporte de medicamentos, de insumos estratégicos, das ações de
vigilância, da educação em saúde, dentre outras, são ações que necessitam de
recursos estáveis e associadas a um processo de planejamento estratégico que defina
prioridades e racionalidade nos orçamentos que viabilizam sua execução.
As despesas públicas com assistência médica evidenciam uma
tendência favorável à expansão dos cuidados básicos e ambulatoriais, embora uma
parcela significativa de gasto se deva ao deslocamento dos procedimentos de alta
complexidade e alto custo de hospitais para serviços ambulatoriais, não evidenciando
um aumento significativo em investimento e em custeio para o setor.
Em setembro de 2000 é aprovada a Proposta de Emenda
Constitucional n. 29 (PEC-29) que determina a vinculação de receitas das três esferas
de governo ao SUS. São definidos percentuais mínimos de recursos para as ações e
serviços de saúde, ligados à arrecadação de impostos e transferências constitucionais.
Entretanto, isso não ocorreu. Acresceu-se, assim, no Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias, o artigo 77, o qual define os recursos mínimos a serem
aplicados de 2002 a 2004, nas ações e serviços públicos de saúde, através da União,
Estados, Distrito Federal e Municípios. Acabou sendo reforçada a obrigatoriedade dos
recursos a serem aplicados por meio dos respectivos Fundos de Saúde.
35
Carvalho, Martin e Cordoni Junior (2001) corroboram com essa
discussão, alegando que foi criado o financiamento do SUS, pelo artigo 33 da Lei
n.8.080, oriundo do orçamento da Seguridade Social e da União, entre outras fontes
para suprir as despesas com a saúde. No entanto, a falta de detalhamento das fontes e
omissão dos percentuais destinados ao financiamento do SUS tem provocado
situações como corte no orçamento e redução de verbas para o setor. Por esse motivo
surgem propostas de setores organizados para que a emenda constitucional fixasse
percentuais para a saúde.
Desde 1996, assim, essa situação vem sendo discutida, o que levou à
aprovação da Proposta de Emenda Constitucional n.29, a qual determina:
� 5% a mais no repasse do orçamento da União para a saúde ficando
atrelado à variação do Produto Interno Bruto;
� 7% de gastos dos Estados em saúde chegando a 12% até o ano de
2004;
� 7% de gastos do município chegando a 15% em 2004.
Entretanto, para que os estados e municípios possam receber esses
recursos devem possuir:
a) fundo de saúde com conta especial para depósito dos recursos
financeiros do SUS, fiscalizado pelo Conselho de Saúde;
b) conselho de saúde enquanto órgão permanente e deliberativo,
composto por representantes do governo, prestadores de serviços, profissionais de
saúde e usuários dos serviços;
c) plano de saúde com base para programação e atividades que
serão realizadas em cada nível de direção do SUS;
d) relatório de gestão para acompanhamento da execução do plano de
saúde e da aplicação de seus recursos;
e) contrapartida de recursos referente ao respectivo orçamento;
f) comissão para implantação do plano de carreira, cargos e salários
que estava previsto no prazo de dois anos, a contar do ano de 1995.
36
Carvalho, Martin e Cordoni Junior (2001) revelam que de 1990 a 2001 a
implantação efetiva do SUS seguiu um processo de elaboração e aprovação da
legislação infraconstitucional, denominadas de Leis Orgânicas da Saúde, promulgadas
pelas Leis n.8.080 e 8.142. São detalhados os princípios, diretrizes gerais e condições
para a organização e funcionamento do sistema.
No que diz respeito ao financiamento do SUS, os recursos financeiros
são oriundos do orçamento da Seguridade Social e de outros orçamentos da União e
outras fontes, de acordo com a Lei n. 8.080 em seu artigo 33. Não são detalhadas as
fontes de financiamento e existe uma omissão dos percentuais orçamentários
destinados ao SUS. Isso tem provocado segundo Carvalho, Martin e Cordoni Junior
(2001, p.42) problemas relacionados aos “cortes freqüentes no orçamento e exclusão
de algumas fontes antes destinadas à saúde, com consequente redução das verbas
para este setor”.
Mesmo diante da busca para instituir o arranjo institucional previsto
para a gestão descentralizada do SUS, isso acaba não ocorrendo na prática. Estados e
municípios passaram a receber por produção de serviços de saúde, avaliado pela
quantidade de procedimentos executados e não pela qualidade e resultado alcançado,
o que equivale às mesmas condições dos prestadores de serviços privados
(CARVALHO; MARTIN; CORDONI JUNIOR, 2001).
Ressaltamos que o modelo atual de organização da atenção encontra-
se estruturado em três níveis hierárquicos complementares de atenção à saúde:
atenção básica, de média e de alta complexidade.
Souza (2002a) aponta que o volume de recursos transferidos pelo
Ministério da Saúde para os estados e municípios para o desenvolvimento dos serviços
de saúde passou a ser subdividido, a partir de junho de 2001, às seguintes ações:
a) Atenção Básica;
b) Vigilância Epidemiológica e Controle de Doenças;
c) Assistência de Média Complexidade;
d) Assistência de Alta Complexidade.
37
Os recursos públicos destinados às ações e serviços de saúde passam,
desta forma, a serem aplicados por meio dos Fundos de Saúde. Eles são
acompanhados e fiscalizados pelos Conselhos de Saúde em nível federal, estadual e
municipal, garantida a participação da comunidade em seu controle.
Assim, o SUS vai se consolidando em suas ações e serviços públicos
de saúde, englobando ações executadas ou prestadas por órgãos, entidades ou
instituições federais, estaduais e municipais, da administração direta, indireta ou
fundações. Inclui, ainda, as instituições de controle de qualidade, pesquisa e produção
de insumos e de medicamentos, inclusive de sangue e hemoderivados e de
equipamentos para a saúde (SANTOS, 1992).
Cabe ao SUS um comando único que é exercido em cada esfera de
governo. No âmbito da União o comando é exercido pelo Ministério da Saúde. No
âmbito dos estados ou do Distrito Federal o comando é efetuado pela respectiva
secretaria de saúde ou órgão equivalente. No âmbito do município o comando é
realizado pela secretaria de saúde municipal ou órgão equivalente.
Em conformidade com a Lei n. 8.080 compete ao SUS “prestar
assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação
da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e das atividades
preventivas”, de acordo com a Lei nº. 8.080. Abrange as ações de vigilância
epidemiológica, saúde do trabalhador, assistência terapêutica e farmacêutica integral
(CARVALHO; MARTIN; CORDONI JUNIOR, 2001, p.41).
O texto básico de saúde, segundo o Ministério da Saúde (2003),
acrescenta que a partir dessa premissa o desenvolvimento do SUS teve alguns
avanços, desafios e reafirmação dos seus princípios.
Foram incluídas nas ações e serviços públicos de saúde as ações de
vigilância sanitária; vigilância epidemiológica e controle de doenças; vigilância
nutricional, controle de deficiências nutricionais, orientação alimentar e segurança
alimentar, promovida no âmbito do SUS; educação para a saúde; saúde do trabalhador;
assistência à saúde em todos os níveis de complexidade; assistência farmacêutica;
atenção à saúde dos povos indígenas; capacitação de recursos humanos do SUS;
pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico em saúde promovidas por
38
entidades do SUS; produção, aquisição e distribuição de insumos setoriais, como:
medicamentos, imunobiológicos, sangue e hemoderivados e equipamentos;
saneamento básico e do meio ambiente associado ao controle de vetores; serviços de
saúde penitenciários, desde que firmado Termo de Cooperação entre os órgãos de
saúde e órgãos responsáveis pela prestação dos referidos serviços; atenção do
controle de deficiências e ações administrativas realizadas por órgãos de saúde no
âmbito do SUS.
Podemos perceber que as ações de saúde do trabalhador passam a ser
incluídas no rol de despesas relativas à promoção, proteção, recuperação e reabilitação
da saúde, revelando uma ação positiva do poder público para o trabalhador.
No relatório final da 10ª. CNS, sob o tema Construindo um Modelo de
Atenção à Saúde para a Qualidade de Vida, fica estabelecida a inclusão da saúde do
trabalhador nas UBS como ações diferenciadas na atenção integral à saúde. O MS e as
Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde devem desenvolver uma política de
atenção integral à saúde do trabalhador por meio de ações nas unidades e serviços de
saúde e através de uma rede de referência técnica. Os municípios e as regiões dos
Estados devem organizar a assistência e vigilância à saúde do trabalhador, a partir de
indicadores populacionais, perfil sócio-econômico, padrões de morbi-mortalidade,
atividades econômicas predominantes e distribuição dos trabalhadores (BRASIL, 1996).
Essas ações devem ser desenvolvidas:
a) por comissões interinstitucionais de saúde do trabalhador,
implementadas nos Conselhos Nacional, Estaduais e Municipais de Saúde, de acordo
com a Lei Federal nº. 8.080/90, em relação à deliberação dos encaminhamentos, às
demandas específicas e à política de saúde do trabalhador e as ações intersetoriais;
b) por centros de referência em saúde do trabalhador regionalizados
para atender as demandas especializadas de doenças e acidentes provocados pelo
trabalho, por meio de ações integral e multidisciplinar, de assessoramento técnico,
referência e contra-referência com as unidades e demais serviços de saúde,
principalmente com as hospitalares;
39
c) por ações estratégicas em todas as unidades e serviços de saúde
que garantam a saúde do trabalhador e o controle de doenças e acidentes provocados
pelo trabalho;
d) por meio de ações de informação e educação em saúde do
trabalhador que devem ser discutidas e implementadas intersetorialmente;
e) por meio de ações de fiscalização dos ambientes de trabalho
realizadas pelas unidades e serviços do SUS, articuladas entre os três níveis de
governo.
Além dessas ações as Secretarias Estaduais de Saúde devem
implementar a descentralização das ações de saúde do trabalhador, através de
unidades regionais de referência e do apoio técnico e financeiro aos municípios para
que implantem essas ações em todas as unidades e serviços de saúde.
O MS e as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde devem
submeter-se às Normas e Resoluções em relação aos problemas de saúde do
trabalhador a um amplo debate com os Conselhos de Saúde e com os representantes
dos trabalhadores, através dos sindicatos, federações, confederações e centrais
sindicais.
Os gestores do SUS devem, assim, implementar as resoluções da I e
da II Conferências Nacionais de Saúde do Trabalhador no SUS para definir as
competências e a operacionalização das ações em saúde do trabalhador nos diferentes
níveis do SUS.
Uma das conquistas importantes em relação à saúde do trabalhador
aconteceu em 1972, com a publicação das portarias 3.236 e 3.237 que tornou
obrigatória a criação de um serviço de medicina ocupacional nas empresas com mais
de 100 empregados. E, em 1978, com a portaria nº. 3.214 do Ministério do Trabalho
que estabeleceu as 28 Normas Regulamentadoras – NRs – hoje, 33, às quais orientam
as obrigações das empresas no que se refere à saúde do trabalhador (HAAG; LOPES,
2001).
A legislação que trata da saúde do trabalhador vem percorrendo uma
trajetória importante e gradativa, haja vista a promulgação da portaria nº. 34 do MT, em
1987 que estabeleceu a obrigatoriedade do Serviço Especializado em Engenharia de
40
Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) nas empresas públicas e privadas regidas
pela CLT, de acordo com a NR4 que tem como objetivo reconhecer, avaliar e controlar
as causas de acidentes e doenças (HAAG; LOPES, 2001).
Com a promulgação da CF de 1988 os trabalhadores tiveram seus
direitos garantidos e regulamentados pela LOS, que em seu art. 6º, parágrafo 3º. Define
a saúde do trabalhador como:
[...] um conjunto de atividades que se destina, através de ações da vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho (BRASIL, 2001, p.18).
Outros instrumentos e regulamentos federais que orientam o
desenvolvimento das ações na área de saúde do trabalhador, além da CF e da LOS, é
a portaria do MS nº. 3.120/98, que define os procedimentos básicos para a vigilância
em saúde do trabalhador e para a prestação de serviços nessa mesma área.
Compreende uma ação contínua e sistemática, no sentido de detectar, conhecer e
analisar os fatores determinantes e condicionantes dos agravos à saúde em relação
aos processos e ambientes de trabalho, aspectos tecnológicos, social, organizacional e
epidemiológico para poder planejar, executar e avaliar intervenções com objetivo de
eliminar e controlar esses fatores condicionantes. (PINHEIRO, 1996 apud BRASIL,
2001).
Entendemos que a vigilância em saúde do trabalhador encontra-se
integrada ao SUS e que tem a incumbência de prestar assistência aos trabalhadores
nos procedimentos de diagnóstico, tratamento e reabilitação de doenças.
Sabemos que as condições sociais, econômicas, tecnológicas e
organizacionais são determinantes para conhecer a vigilância em saúde do trabalhador.
Esses fatores são responsáveis pelas condições de vida e dos fatores de riscos
ocupacionais (físicos, químicos, biológicos e mecânicos e os decorrentes da
organização laboral os processos de trabalho). E, uma das áreas de conhecimento para
a efetivação da vigilância é a epidemiologia (BRASIL, 2001).
41
A epidemiologia é uma das ciências do saber científico que estuda a
saúde humana relacionadas ao processo saúde-doença. Fornece subsídios para o
planejamento e a organização das ações em saúde. Para Rouquaryol e Almeida (2003,
p. 4), a epidemiologia significa a:
[...] ciência que estuda o processo saúde-doença na sociedade, analisando a distribuição populacional e os fatores determinantes do risco de doenças, agravos e eventos associados à saúde, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de enfermidades, danos ou problemas de saúde e de proteção, promoção ou recuperação da saúde individual e coletiva, produzindo informação e conhecimento para apoiar a tomada de decisão no planejamento, na administração e na avaliação de sistemas, programas, serviços e ações de saúde.
Percebemos na trajetória histórica do movimento da saúde do
trabalhador, principalmente a partir dos anos 70, a defesa do direito ao trabalho digno e
saudável, a participação dos trabalhadores nas decisões sobre a organização e gestão
dos processos produtivos e a busca da garantia de atenção integral à saúde.
Com as inovações tecnológicas, que representaram incremento na
produtividade do trabalho, novos riscos surgiram para a saúde dos trabalhadores que
compreendem os aspectos físicos, mental e social. Esses riscos, no entanto, não
podem ser compreendidos na visão da medicina do trabalho que se encontra centrada
na relação direta entre acidentes e doenças profissionais (EPELMAN et al., 1991 apud
OLIVEIRA, 1997).
Observamos, dessa maneira, um marco na legislação referente à saúde
do trabalhador promulgada na LOS, na data de 19 de setembro de 1990, a qual inseriu
no SUS atribuições de vigilância epidemiológica e sanitária em saúde do trabalhador.
A partir desse marco, estabeleceu-se uma nova discussão sobre o
conceito de abrangência em relação à investigação dos determinantes dos agravos à
saúde do trabalhador, comumente mensurados por freqüência dos acidentes e doenças
ocupacionais. As informações coletadas pela vigilância epidemiológica transformam-se
em instrumento da vigilância sanitária. Esta, por sua vez, tem por atribuição a
42
intervenção nos ambientes de trabalho com objetivo de mudança nos processos e nas
condições de trabalho (VASCONCELLOS; RIBEIRO, 1997).
Entende-se que a LOS que dispõe sobre as ações e serviços públicos
de saúde devem ser executados diretamente pelo Poder Público e que os serviços
contratados ou conveniados devem ser desenvolvidos de acordo com as diretrizes e
princípios previstos no Artigo 198 da Constituição.
Nessa perspectiva, dentre os serviços da rede pública ou conveniada,
os hospitais universitários integram o SUS e, constitucional e legalmente, estão
submetidos à direção única do SUS em relação à política de saúde, mediante
convênios (SANTOS, 1992).
Seguindo essas premissas, o HUL e o AHC da Universidade Estadual
de Londrina são constituídos como Centro de Referência Regional para o SÚS e atende
as regiões norte, central e oeste do Estado do Paraná, do sul do Estado de São Paulo,
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Santa Catarina e outros estados
brasileiros. Oferece serviços de nível terciário à população. Executa suas ações e
serviços públicos de saúde pautados nas normas e diretrizes previstas pelo Artigo 198
da Constituição Federal e obedece aos princípios da LOS.
Assim, também, a DASC, que se encontra localizada nas instalações do
HUL e do AHC, é uma unidade que presta serviços de assistência médica, odontológica
e de enfermagem a servidores e estudantes da UEL, a qual deve seguir os princípios
determinados pela LOS.
Para atendimento da demanda apresentada pela comunidade
universitária, a DASC/AHC possui uma estrutura organizacional composta pelas
seções: médica; odontológica; de enfermagem; recepção, apoio administrativo e
desenvolvimento de programa de prevenção e promoção à saúde.
43
3.3 OS MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE
3.3.1 Atenção Básica ou Primária
A atenção primária ou básica de saúde foi definida pela Organização
Mundial de Saúde, em 1978, como de atenção essencial à saúde baseada em
tecnologia e métodos práticos, cientificamente comprovados e socialmente aceitáveis,
tornados universalmente acessíveis a indivíduos e famílias na comunidade.
É o primeiro nível de contato dos indivíduos, da família e da
comunidade com o sistema nacional de saúde, levando a atenção à saúde o mais
próximo de onde as pessoas vivem e trabalham. Constitui-se como primeiro elemento
de um processo de atenção continuada à saúde (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA
SAÚDE - OMS, 1978).
Compreendemos que a Conferência Internacional sobre cuidados
primários de saúde, reunida em Alma-Ata, aos 12 de setembro de 1978, expressa a
necessidade de ação urgente de todos os governos, de todos que trabalham na área de
saúde e de desenvolvimento e da comunidade mundial, no sentido de proteger e
promover a saúde de todos os povos do mundo, formulada na Declaração de Alma-Ata.
Na evolução histórica a atenção básica acaba caracterizando-se por um
conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo que abrangem a promoção,
proteção, prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção da saúde.
Dentre as ações básicas de saúde está incluída a assistência ao parto domiciliar, pré-
natal, atividades educativas, consultas médicas em especialidades básicas, orientação
nutricional, alimentar, ambulatorial e comunitária, pequenas cirurgias, planejamento
familiar, pronto-atendimento, vacinação, controle de pressão, curativos, inalações,
injeções, atendimentos odontológicos e clínica médica básica (clínica geral, pediatria e
ginecologia, ações do Programa de Saúde da Família (PSF) e o Programa de Agentes
Comunitários da Saúde (PACS)).
44
Entendemos ser uma estratégia organizativa de atenção à saúde
definida pelos princípios e diretrizes que norteiam uma atenção generalizada, sem
restrições a grupos de idade, gênero ou problemas de saúde, de atenção acessível,
integrada e continuada, trabalho em equipe, atenção centrada na pessoa e não na
enfermidade, atenção orientada para a família e à comunidade, atenção coordenada,
incluindo o acompanhamento do usuário nos outros níveis de atenção e apoio
constante a estes aspectos relacionados à saúde e bem-estar.
Nesse sentido, o seu desenvolvimento se dá pelo exercício de práticas
gerenciais e sanitárias democráticas e participativas sob a forma de trabalho em equipe
dirigidas a populações e territórios bem delimitados, pelas quais assume a
responsabilidade sanitária, considerando a dinamicidade existente no território em que
vivem essas populações.
Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade, que
devem resolver os problemas de saúde de maior freqüência e relevância em seu
território. É o contato preferencial dos usuários com os sistemas de saúde. Orienta-se
pelos princípios da universalidade, acessibilidade e da coordenação do cuidado, do
vínculo e continuidade, da integralidade, da responsabilização, da humanização, da
equidade e da participação social. Considera o sujeito em sua singularidade, na
complexidade, na integralidade e na inserção sócio-cultural. Busca a promoção de sua
saúde, a prevenção e tratamento de doenças e a redução de danos ou de sofrimentos
que possam comprometer suas possibilidades de viver de modo saudável.
Entendemos que as principais características da atenção primária à
saúde se revelam importantes, no momento que passam a:
a) Constituir-se em porta de entrada do serviço: espera-se que seja
mais acessível à população, em todos os sentidos e que, com isso, seja
o primeiro recurso a ser buscado;
b) assegurar continuidade no cuidado: a pessoa atendida necessita
manter seu vínculo com o serviço ao longo do tempo, de forma que
quando uma nova demanda surge esta seja atendida de forma mais
eficiente;
45
c) manter a integralidade: o nível primário é responsável por todos os
problemas de saúde, ainda que parte deles seja encaminhado a equipes
de nível secundário ou terciário, o serviço de Atenção Primária continua
co-responsável. Além do vínculo com outros serviços de saúde, os
serviços do nível primário podem lançar mão de visitas domiciliares,
reuniões com a comunidade e ações intersetoriais;
d) garantir a coordenação do cuidado: mesmo quando parte
substancial do cuidado à saúde de uma pessoa for realizado em outros
níveis de atendimento, o nível primário tem a incumbência de organizar
esses cuidados, já que frequentemente são realizados por profissionais
de áreas diferentes e que, portanto, têm pouco diálogo entre si.
Vale reforçar que compreendemos os princípios fundamentais da
Atenção Básica brasileira enquanto integralidade, qualidade, equidade e participação
social.
Nossa compreensão sobre as responsabilidades gestoras em Atenção
Básica está voltada às esferas em nível federal, estadual e municipal, ou seja, elas
possuem algumas atribuições, como seguem:
Em nível Federal:
a) elaborar as diretrizes da política nacional de atenção básica;
b) co-financiar o sistema de atenção básica;
c) ordenar a formação de recursos humanos;
d) propor mecanismo para a programação, controle, regulação e
avaliação da atenção básica;
e) manter as bases de dados nacionais;
Em nível Estadual:
a) acompanhar a implantação e execução das ações de atenção em
seu território;
b) regular as relações inter-municipais;
c) coordenar a execução das políticas de qualificação de recursos
humanos em seu território;
46
Em nível Municipal:
a) definir e implantar o modelo de atenção básica em seu território;
b) contratualizar o trabalho em atenção básica;
c) manter a rede de unidades básicas de saúde em funcionamento
(gestão e gerência);
d) co-financiar as ações de atenção básica;
e) alimentar os sistemas de informação;
f) avaliar o desempenho das equipes de atenção básica sob sua
supervisão.
É imperioso lembrar que a atenção básica está vinculada diretamente
aos municípios que recebem recursos federais por meio do piso de atenção básico, fixo
e variável. Alguns Estados instituíram repasses fixos para o PSF e ao Programa de
Agentes Comunitários de Saúde (PACS).
Entendemos que atualmente a atenção básica tem o PSF como
estratégia prioritária para sua organização, de acordo com os preceitos do SUS. As
ações de atenção básica baseiam-se ainda em estratégias mínimas de controle da
tuberculose, da hipertensão e do diabates, eliminação da hanseníase e ações de saúde
bucal, saúde da mulher e da criança.
Gil, Martín e Gutierrez (2001) declaram que as primeiras experiências
ao modelo de Atenção Primária foram realizadas a partir do trabalho desenvolvido pelos
Postos de Saúde denominados atualmente como Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Outra aproximação foi marcada pela estruturação dos distritos sanitários na perspectiva
da distritalização em saúde, em conformidade com a política adotada para o SUS.
Ainda, esses autores revelam uma experiência implantada no Curso de
Medicina, pelo Departamento de Medicina Geral e Saúde Comunitária do Centro de
Ciências da Saúde da UEL de Londrina.
A primeira proposta orientava o desenvolvimento de ações que
possibilitassem contestar a noção de que a área de medicina era dividida em medicina
preventiva e medicina curativa. Ao contestar esta visão, daria oportunidade ao
estudante de refletir sobre sua prática acrescentando à ação curativa aspectos
preventivos complementares. Desta maneira, ao atender o paciente durante a consulta,
47
acrescentaria orientações de auto-cuidado, pré-natal, vacinação, prevenção de
doenças, dentre outras.
Outra proposta dizia respeito à integralidade da assistência, em que o
paciente passaria a ser visto como uma pessoa, como um ser humano, com suas
implicações de ordem sócio-econômica, cultural e familiar. No momento do atendimento
a esse sujeito de direitos o futuro profissional estaria desenvolvendo valores e atitudes
de respeito aos padrões psicológicos, culturais e sociais dessa população (GIL;
MARTÍN; GUTIERREZ, 2001).
A experiência prática e o estudo de modelos de atenção à saúde em
outros países deixaram clara a função dos Postos de Saúde dentro de um sistema
hierarquizado de prestação de serviços, chamando a atenção para o papel fundamental
dos órgãos de referência, da atuação da enfermagem, dos auxiliares de saúde e do
médico geral (GIL; MARTÍN; GUTIERREZ, 2001).
Na prática vivenciada, o médico com formação geral fazia parte de uma
equipe na busca de resolução dos problemas de saúde da comunidade em relação ao
atendimento de patologias simples e frequentes. Para isso necessitava de uma
tecnologia apropriada com o nível de atenção primária. Os demais níveis do sistema
secundário, terciário e quaternário deveriam constituir-se como sistema de referência
para os casos de maior complexidade. São essas características que definiram a
Atenção Primária de Saúde, enquanto marco de referência dos modelos de atenção à
saúde na década de 1970 (GIL; MARTÍN; GUTIERREZ, 2001).
A questão de regionalização dos serviços no modelo de atenção
primária era desarticulada entre os níveis federal, estadual e municipal e os serviços
eram duplamente centralizados. Hospitais e serviços especializados eram mantidos
administrativamente pelos governos federal e estadual e concentravam-se
geograficamente na região central da cidade, enquanto que na periferia não se
observava qualquer equipamento de saúde (GIL; MARTÍN; GUTIERREZ, 2001).
No período de 1972 a 1976 foram firmados dois convênios entre a
Prefeitura de Londrina e a UEL. Esta passou a assumir a administração direta dos
postos de saúde, restando à Prefeitura o compromisso de transferir recursos financeiros
para ajudar na sua manutenção.
48
Foram firmados também os convênios de repasse do Pronto-Socorro
Municipal à administração da universidade, incorporando-o ao HUL, onde o município
comprometia transferir uma quantia fixa anual para a manutenção do hospital, sob
forma de subvenção. Outro convênio formalizava a integração entre a Prefeitura e a
UEL para assegurar o funcionamento dos Postos de Saúde da UEL.
No final de 1974 foi celebrado o convênio entre a UEL, a Fundação
Kellogg e a OPS, instituindo o Programa Comunitário de Atenção à Saúde Familiar
(PROCAF), no sentido de alocar recursos financeiros à UEL para ampliação do número
de Postos de Saúde periféricos e ênfase ao atendimento materno-infantil (GIL;
MARTÍN; GUTIERREZ, 2001).
Compreendemos que essa etapa representou uma significativa
alteração no trabalho, pois identificou a atenção primária de saúde como modelo a ser
praticado, a qual se deu no interior da própria Universidade.
3.3.2 Vigilância Epidemiológica - Controle de Doenças
Verificamos que a Lei Orgânica da Saúde nº. 8.080/90 define a
vigilância epidemiológica enquanto um conjunto de atividades que permite reunir a
informação indispensável para conhecer a história natural das doenças e detectar ou
prever alterações de seus fatores condicionantes. Sua finalidade recomenda medidas
indicadas e eficientes que levem à prevenção e ao controle de determinadas doenças
(ROZENFELD, 2000).
No âmbito da Secretaria Nacional de Vigilância Epidemiológica (SNVE),
a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) define procedimentos técnicos, normas e
diretrizes operacionais, além de promover a cooperação técnica e assessorar as
Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde. Também promove a cooperação técnica
com organismos internacionais correlatos.
A SVS é responsável, no Ministério da Saúde, por todas as ações de
vigilância, prevenção e controle de doenças. Suas atividades incluem a coordenação
nacional de programas relevantes como os de prevenção e controle das doenças
49
sexualmente transmissíveis e aids, dengue, malária, hepatites virais, hanseníase e da
tuberculose, entre outras; além da investigação e resposta aos surtos de doenças de
relevância nacional. Cabe à SVS ainda coordenar o Programa Nacional de Imunizações
(PNI), a rede nacional de laboratórios de saúde pública e as atividades de vigilância em
saúde ambiental (BRASIL, 1991).
A SVS trabalha para a promoção e disseminação do uso da
metodologia epidemiológica em todos os níveis do SUS. Objetiva o estabelecimento de
sistemas de informação e análises que permitam o monitoramento do quadro sanitário
do país para subsidiar a formulação, implementação e avaliação das ações de
prevenção e controle de doenças e seus agravos, a definição de prioridades e a
organização dos serviços e ações de saúde.
A Portaria nº. 5, de 21 de fevereiro de 2006, inclui doenças na relação
nacional de notificação compulsória e define doenças de notificação imediata, relação
dos resultados laboratoriais que devem ser notificados pelos Laboratórios de
Referência Nacional ou Regional e normas para notificação de casos.
São realizadas imunizações em nível nacional, através do Programa
Nacional de Imunizações (PNI), contando com os laboratórios da rede pública de saúde
brasileira. Existem, também, o Programa Nacional de Controle de Dengue, de
Prevenção e Controle da Malária, de Eliminação da Hanseníase, de Controle da
Tuberculose e o Plano de Intensificação das Ações de Prevenção e Controle da Febre
Amarela que inclui a vigilância de doenças transmissíveis e não transmissíveis e
doenças emergentes e reemergentes.
3.3.3 Assistência de Média Complexidade
O nível de atenção de média complexidade ou secundária engloba os
serviços ambulatoriais e hospitalares. Os serviços ambulatoriais prestam atendimentos
em diversas especialidades como: dermatologia, cardiologia, oftalmologia, dentre
outros. Os serviços hospitalares realizam ações de baixa complexidade incluindo as
urgências e emergências, partos normais, cirurgias de pequeno e médio porte.
50
A assistência de média complexidade ambulatorial é composta, assim,
por ações e serviços que visam atender aos principais problemas e agravos de saúde
da população, cuja complexidade da assistência na prática clínica demanda a
disponibilidade de profissionais especializados e a utilização de recursos tecnológicos.
Isso para o apoio diagnóstico e tratamento, que resulta em algum grau de economia de
escala, e não disponibilizados em todos os municípios do país, a curto ou a médio
prazo.
Compreendemos que a relevância da média complexidade sob o ponto
de vista dos aportes financeiros federais pode ser retratada pelo alto percentual
aplicado neste nível de atenção, que representa 52% dos recursos do SUS no ano
2005.
3.3.4 Assistência de Alta Complexidade
A Alta Complexidade é definida como um conjunto de procedimentos
que envolve alta tecnologia e alto custo no contexto do SUS, o qual propicia à
população o acesso a serviços qualificados, integrando-os aos demais níveis de
atenção básica e de média complexidade à Saúde.
O MS definiu, por meio de diversas portarias, o rol de procedimentos
considerados de alta complexidade, tanto ambulatoriais como hospitalares.
O nível de atenção terciário ou de alta complexidade são os serviços
ambulatoriais e hospitalares que realizam atendimento de grande complexidade. Muitas
vezes necessitam de equipamentos sofisticados como para cirurgias do coração,
hemodiálise, tomografia, quimioterapia, dentre outros.
As principais áreas que compõem a alta complexidade do SUS e que
estão organizadas em redes, são: assistência aos pacientes portadores de doença
renal crônica, através de procedimentos de diálise; assistência ao paciente oncológico;
cirurgia cardiovascular; vascular; cardiovascular pediátrica; procedimentos da
cardiologia intervencionalista; procedimentos esndovasculares extra-cardíacos;
laboratório de eletrofisiologia; assistência em traumato-orotopedia; de neurocirurgias,
51
de assistência em otologia; cirurgia de implante coclear; cirurgia das vias aéreas
superiores e da região cervical; cirurgia da calota craniana, da face e do sistema
estomatognático; procedimentos em fissuras lábio palatais; reabilitação protética e
funcional das doenças da calota craniana, da face e do sistema estomatognático;
procedimentos para a avaliação e tratamento dos transtornos respiratórios do sono;
assistência aos pacientes portadores de queimaduras, aos portadores de obesidade
(cirurgia bariátrica); cirurgia reprodutiva; genética clínica; terapia nutricional; distrofia
muscular progressiva; osteogênese imperfecta; fibrose cística e reprodução assistida.
Todo esse elenco de alta complexidade ambulatorial é composto pelos
procedimentos listados no anexo da Portaria SAS/MS nº. 968, de 11 de dezembro de
2002, os quais se dividem em média complexidade, alta complexidade e estratégicos.
Assim, são considerados procedimentos de alta complexidade todos
aqueles que demandam tecnologias sofisticadas e profissionais especializados como
cirurgias cardíacas publicada pela portaria GM/MS nº. 1.169, de 15 de junho de 2004,
do Ministério da Saúde, o qual instituiu a Política Nacional de Atenção Cardiovascular
de Alta Complexidade.
A portaria SAS/MS nº. 210, de 15 de junho de 2004, definiu os critérios
e requisitos para a classificação e cadastramento dos novos serviços que constituem a
rede e deu prazos para os serviços já cadastrados atenderem às exigências da referida
portaria.
Em fevereiro de 2005, foi publicada portaria SAS/MS nº. 123, a qual
alterou as exigências referentes ao credenciamento das Unidades de Assistência de
Alta Complexidade, estabelecidas no Anexo I da Portaria SAS/MS nº.210, de 15 de
junho de 2004.
Outros procedimentos de doença neurológica estão vinculados à alta
complexidade. Foi regulamentada pela portaria nº. 391 de 07 de julho de 2005, que
define as redes estaduais de assistência ao paciente neurológico nas unidades de
assistência de alta complexidade em neurocirurgia.
A atenção ao portador de doença renal também é um procedimento de
alta complexidade. O Ministério da Saúde publicou em 15 de junho de 2004 a portaria
nº. 1.168 que instituiu a política de atenção ao Portador de doença renal e a portaria nº.
52
211, de 15 de junho de 2004, que estabeleceu os requisitos e critérios para o
cadastramento de serviços.
A Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva foi instituída pela
portaria do MS sob o nº. 2.073, de 28 de setembro de 2004 e regulamentada pela
portaria MS nº. 587, de 07 de outubro de 2004. A cirurgia oncológica referente ao
programa de prevenção de colo de útero e alguns procedimentos de traumato-ortopedia
também estão incluídos nos procedimentos de alta complexidade.
Desde abril de 2004, o Ministério da Saúde tem proposto, assim, a
implantação das políticas de alta complexidade, por meio da publicação de portarias,
com base na constituição de redes assistenciais por especialidade ou patologia. Desde
a publicação das portarias definindo as políticas e estabelecendo os critérios e
exigências para o credenciamento de serviços que compõem as redes, foram
identificadas várias dificuldades na operacionalização das propostas e na organização
das referidas redes nos Estados.
A exigência de novos requisitos que não constam das portarias durante
a análise dos processos pelos técnicos do MS, o impacto do descredenciamento de
serviços que atendem parcialmente os requisitos e exigências das referidas portarias
em alguns Estados, além do impacto financeiro para a implantação das novas
exigências, são alguns dos problemas identificados para operacionalização e
organização das propostas.
Por fim, é fundamental que o MS promova a capacitação dos gestores
para a implantação das redes de atenção, realize o monitoramento e avaliação desse
processo e considere na avaliação dos serviços as diversas realidades no processo de
implantação gradual das redes assistenciais. Desta forma pode-se avançar na
organização do SUS com uma rede de serviços hierarquizada e regionalizada, sem
deixar de atender as necessidades assistenciais do usuário.
53
4 O HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE LONDRINA, O AMBULATÓRIO DO HOSPITAL DE CLÍNICAS E A DIVISÃO DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE DA COMUNIDADE ENQUANTO ESPAÇOS DE AÇÕES DA ESTRUTURA DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
4.1 O HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DE LONDRINA
O HUL, o AHC e a DASC são unidades que fazem parte da Política de
Saúde do SUS em virtude do HUL ser um órgão conveniado do Sistema. Por essa
razão devem ser direcionados de acordo com a finalidade de prevenção, promoção e
recuperação da saúde e seguir as diretrizes e princípios do SUS.
Esses órgãos estão ligados à estrutura da UEL que possui uma
comunidade formada por estudantes e servidores que utilizam os serviços médicos,
odontológicos, de enfermagem, além de serviços prestados por profissionais ligados
indiretamente à DASC, que são assistentes sociais, psicólogo, nutricionista e psiquiatra.
Os serviços oferecidos pela unidade da DASC estão vinculados
administrativamente à política de saúde do HUL que é um Centro de Referência
Regional para atendimento do SUS. O HU recebe a verba do SUS e parte da verba
mantém a DASC. Entretanto, os salários dos funcionários são mantidos pela UEL. A
população da UEL que possui o direito de atendimento pela DASC é de 5.192
servidores e 17.602 estudantes da instituição (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE
LONDRINA, 2006).
O HUL tem a missão de prestar assistência integral à saúde, com
excelência e qualidade. Encontra-se comprometido com o ensino, a pesquisa, a
extensão, a prestação de serviços de assistência à saúde e desenvolvimento da
cidadania.
É um órgão suplementar da UEL, ligado administrativamente à Reitoria
da instituição e, academicamente, ao Centro de Ciências da Saúde. Foi implantado
como Hospital Escola em 24 de março de 1970, mediante convênio assinado entre o
Pronto-Socorro Municipal e a UEL. Foi ativado como Hospital Universitário em 12 de
agosto de 1971 (FERREIRA; SOUSA, 2006).
54
Presta serviços em nível terciário, no entanto acaba atendendo
pacientes advindos do setor público em nível primário e secundário por falta de
resolutividade dos casos mais simples. Atende, aproximadamente, 1.150 internações
mensais, 12.000 atendimentos ambulatoriais, 7.000 atendimentos de pronto-socorro e
600 cirurgias. A maioria da população é oriunda de 250 municípios do Paraná e mais de
100 cidades de outros estados, de várias regiões do País, principalmente de São Paulo,
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
REGIONAL NORTE DO PARANÁ, 2007c).
O HU iniciou suas atividades em 01 de agosto de 1971, com 39 leitos e
140 funcionários, com um número expressivo de médicos e estudantes do curso de
medicina. Firmou convênio com o município de Londrina em 24 de março de 1970 para
prestação de serviços de pronto-socorro médico a todos os municípios, independente
de suas qualificações sócio-econômicas. De acordo com os termos do convênio, as
instalações físicas existentes na Rua Alagoas, n. 1084, na cidade de Londrina, que
eram utilizadas pelo Pronto-Socorro Municipal foram transferidas por cessão de uso
para a UEL visando o funcionamento do hospital.
O ressarcimento das despesas dos pacientes internados que eram
classificados como não pagantes (sem direito à assistência médico-hospitalar por
qualquer tipo de previdência social ou serviços médico-sociais) era feito pela Secretaria
de Bem-Estar Social da Prefeitura de Londrina, mediante o convênio firmado. O
Hospital-Escola não recebia pacientes classificados como pagantes. Caso ocorresse a
internação a transferência era feita, após a eliminação do risco de saúde, sendo que as
despesas hospitalares corriam por conta do paciente segundo valores fixados pela
tabela do INPS.
No final de 1975 se deu a transferência do hospital para as atuais
instalações da Avenida Robert Koch, n. 60, em Londrina-Paraná. Passa a ser
denominado como Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná (HURNP) e
passa a contar com 228 leitos. As verbas recebidas do Poder Público Estadual e
Federal são voltadas a programas de assistência à saúde da população, ao ensino e à
pesquisa. Em 1985, o número de leitos passa para 241 e, em 1986, para 263. Em 1994,
com a inclusão da base de dados da Maternidade Municipal de Londrina no Cadastro
55
do HURNPR junto ao SUS, nos termos do Convênio de cooperação e integração de
serviços firmados entre a UEL e a Prefeitura de Londrina, o Hospital passa a contar
com 308 leitos. Em 1998, o total de leitos passa a ser de 339.
Em 2005, o total de leitos passa para 333, sendo 289 no HU e 44
conveniado com a Maternidade Municipal, sendo todos disponíveis para o SUS.
Contava com as Unidades de Tisiologia, HIV/AIDS, de Gestante de Alto Risco e de
Terapia Intensiva para Neonatologia. Nesse mesmo ano inaugurou os serviços de
hemodinâmica e de Litotripsia. Contava com 120 consultórios divididos entre o AHC e o
HU com as especialidades de medicina, fisioterapia, enfermagem, psicologia,
fonoaudiologia, núcleo de vacinação, etc. Em 2006, o número de leitos no HU passa a
ser de 294.
Possui o Hemocentro Regional, a Central de Quimioterapia, o Banco de
Leite Humano, a Central de Controle de Intoxicações, os quais são considerados
serviços diferenciados. Integra os seguintes Sistemas de Alta Complexidade do SUS:
transplante renal, transplante de córnea, oncologia, ortopedia, neurocirurgia,
videolaparoscopia, polissonografia, implante e marca-passo definitivo, AIDS, busca
ativa e abordagem de possível doadores de órgãos para transplantes, planejamento
familiar, Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e cirurgia bariátrica.
Em 10 de agosto de 2007 inaugurou o Centro de Tratamento de
Queimados com 16 leitos que atenderá aproximadamente 98 municípios da região de
Londrina.
Os exames e serviços complementares de diagnóstico e tratamento,
como: radiologia, análises clínicas, anatomia patológica, eletrodiagnóstico, tomografia
computadorizada, etc., são realizados por serviços próprios do Hospital ou por meio de
convênios com outras instituições.
Integra, também, o Sistema Estadual de Referência para atendimento
de urgência/emergência e de gestante de alto risco. Mantém um pronto-socorro no HUL
que funciona em regime de plantão permanente nas áreas de clínica médica, cirúrgica,
ginecológica/obstétrica, pediátrica, ortopédica/traumatológica e de anestesiologia
(CEOLIN, 2003).
56
Em 14 de junho de 2000 o HU recebeu o Título de “Centro Colaborador
para a Qualidade da Gestão e Assistência Hospitalar” outorgado pelo Ministério da
Saúde (MS), por meio da Portaria GM/MS n. 593/00 de 20 de junho de 2000.
Em 14 de setembro de 2000 recebeu o Título de “Hospital Amigo da
Criança” pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância e a Adolescência (UNICEF), da
Organização Mundial da Saúde (OMS), através do MS.
Em 18 de abril de 2001 recebeu o prêmio “Qualidade Hospitalar 2000”,
outorgado pelo Ministério da Saúde às instituições que se destacaram pela qualidade
de assistência à saúde oferecida aos pacientes do SUS, em conformidade com
avaliação dos próprios pacientes.
Em 04 de julho de 2001 é qualificado como Hospital Estratégico do
Ministério da Saúde, mediante Portaria nº. 1.006.
Em 19 de julho de 2002 passou a integrar o Programa Nacional de
Humanização de Assistência Hospitalar (PNHAH), por meio da Portaria 881. O
Programa tem por objetivo a construção de uma cultura coletiva de atendimento à
saúde da população, pautada no respeito à vida humana.
O HUL participa, também, da Rede Nacional de Hospitais Sentinela.
Recebeu a placa identificadora do Projeto Hospital Sentinela, outorgada pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e pela importância do trabalho desenvolvido
pelos hospitais integrantes da mencionada Rede no monitoramento dos produtos de
saúde comercializados no País.
Cabe ressaltar que a ANVISA tem a finalidade institucional de promover
a proteção da saúde da população por intermédio do controle sanitário da produção e
da comercialização de produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária, inclusive
dos ambientes, dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles relacionados.
Além disso, a Agência exerce o controle de portos, aeroportos e fronteiras e a
interlocução junto ao Ministério das Relações Exteriores e instituições estrangeiras para
tratar de assuntos internacionais na área de vigilância sanitária.
A agência contribuiu na diluição do papel da administração pública
como fornecedor exclusivo de serviços públicos e de regulador de atividades produtivas
de interesse público por meio da competição e inovação, atuando preferencialmente no
57
gerenciamento de recursos e na gerência de recursos e de controle. Foi criada pela Lei
nº. 9.782, de 26 de janeiro de 1999, sendo uma autarquia sob o regime especial, uma
agência reguladora caracterizada pela independência administrativa, com estabilidade
de seus dirigentes durante o período de mandato e autonomia financeira.
O HU conta com 1700 servidores efetivos. Serve de campo de estágio
para os cursos de graduação em medicina, enfermagem, farmácia-bioquímica e
fisioterapia. Possui pós-graduação em residência médica, residência em fisioterapia e
residência em enfermagem. Serve, também, como campo de estágio prático a cursos
de especializações nas áreas de enfermagem de centro cirúrgico e centro de material,
saúde coletiva, nutrição e metabolismo na prática clínica, bioética, análises clínicas,
assistência de enfermagem a pacientes portadores de feridas, recursos terapêuticos e
técnicas posturais, infecção hospitalar, saúde da família e administração hospitalar e
saúde mental.
O HU mantém o AHC, no Campus da UEL. Este presta cerca de 69.985
atendimentos ambulatoriais anualmente (CEOLIN, 2003). Possui vários indicadores de
saúde como importantes instrumentos de gestão pública, os quais conferem
transparência à administração e permitem a fiscalização e o controle por parte dos
movimentos populares.
4.2 O AMBULATÓRIO DO HOSPITAL DE CLÍNICAS
O AHC da UEL, vinculado ao HU, foi criado pela Resolução n. 2.567/94,
a qual “altera, por acréscimo, a estrutura organizacional do Hospital Universitário
Regional do Norte do Paraná, para incluir o Ambulatório do Hospital de Clínicas”. Ficam
criadas no AHC as Gerências Clínica, de Enfermagem e Administrativa (RESOLUÇÃO
CA UEL, 1994).
A Gerência Clínica é responsável pelo gerenciamento da execução das
atividades de assistência médica e complementar prestada aos pacientes dos
58
ambulatórios, pelas ações de apoio a projetos correlatos de ensino, pesquisa e
extensão realizados no local.
A Gerência de Enfermagem é responsável pelo gerenciamento das
atividades de assistência de enfermagem aos pacientes do ambulatório, pelas ações de
apoio a projetos correlatos de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidos na unidade.
A Gerência Administrativa é responsável pelo gerenciamento dos
serviços gerais e de apoio administrativo na unidade.
As três gerências são subordinadas administrativamente ao Diretor
Superintendente do HUL e são tecnicamente subordinadas aos Diretores das áreas
correspondentes do HUL, ou seja, às direções das áreas: Clínica, de Enfermagem e
Administrativa.
O AHC iniciou suas atividades em 18 de maio de 1994, no Campus da
UEL, ocupa uma área de 10.000 metros quadrados. Atende atividades ambulatoriais
que anteriormente eram realizadas no HUL.
A estrutura física do AHC é divida em três pavimentos compreendendo
diversos setores e unidades.
No pavimento do subsolo encontram-se a DASC, a Seção de Recursos
Humanos; o Serviço de Arquivo e Estatística (SAME); a Seção de Higiene Hospitalar; a
Cozinha; a Copa; o refeitório; os laboratórios; a Tesouraria/reprografia; a Informática; o
Almoxarifado; a Manutenção; os Serviços Gerais e o Centro de Material.
No andar térreo encontra-se a administração que engloba as três
gerências e a secretaria geral; o Serviço Social; a Farmácia; a Coleta de exames; a
recepção do SAME; o Convênio; o Centro de Lactação; as Unidades 01, de
Endoscopia, de Vacina, Ginecologia e Pediatria. O ambulatório de ginecologia e
pediatria cede o espaço para a realização de consultas médicas de diversas
especialidades.
No primeiro pavimento existem os setores de Nutrição; Fonoaudiologia;
Psicologia; Setor Cirúrgico; Eletro Imagem; unidades 4, 5 e 6, onde o espaço é utilizado
para realização de consultas médicas de diversas especialidades.
O ambulatório presta atendimento ambulatorial a pacientes do SUS por
meio de consultas médicas, atendimentos de Enfermagem, Nutrição, Psicologia,
59
Fonoaudiologia, Serviço Social, serviços de farmácia incluindo a Farmácia do Servidor,
Imunizações Especiais como centro de referência, Lactação, exames diagnósticos
como ECG,EEg, Teste Ergométrico, Densitometria Óssea, RX simples, Mamografia,
Endoscopia, Retossigmoidoscopia e Ultrassonografia, além de Coleta de Exames
Laboratoriais.
Oferece serviços nas áreas de clínica médica, geriátrica, cirurgia
vascular, reumatologia, pneumologia, urologia, nefrologia, cirurgia plástica, curativo,
cardiologia, otorrinolaringologia, moléstia infecciosa infantil e de adulto, pediatria geral e
específica, ginecologia e obstetrícia, dermatologia, hematologia, gastrologia,
endocrinologia, neuropediatria, oftalmologia para pacientes da comunidade externa,
oftalmologia para alunos e servidores da UEL agendadas pelo DASC, psiquiatria,
ortopedia, dentre outras.
Conta com 211 funcionários em diversos setores, sendo 28 na
DASC/AHC, 82 na Gerência Administrativa, 44 na Gerência Clínica e 57 na Gerência de
Enfermagem (SILVA, 2006).
4.3 A DIVISÃO DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE DO SERVIDOR
A DASC tem como atribuição a prestação de serviços de atenção à
saúde da comunidade universitária (docentes, servidores de um modo geral e
estudantes), através da clínica médica, de enfermagem e de odontologia. São
operacionalizados por meio de atendimentos eletivos ou de pronto socorro
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO REGIONAL DO NORTE DO PARANÁ, 2007b).
A Divisão tem por missão desenvolver ações de promoção, proteção e
apoio à saúde em nível ambulatorial, com equipe multi e interdisciplinar que propõe e
implementa ações de saúde articuladas em parceria com outros órgãos, em busca da
melhoria na qualidade de vida da comunidade da UEL.
A DASC é responsável pelo planejamento e execução de programas de
prevenção de doenças e promoção à saúde direcionada a servidores e estudantes da
UEL. Sua visão é ser centro de excelência na promoção de saúde universitária
60
reconhecido pela comunidade interna. Atua com princípios voltados à humanização,
integralidade e equidade, através de valores voltados à satisfação dos usuários,
respeito às relações de trabalho, humanização no atendimento, ética profissional,
qualidade do trabalho, valorização dos profissionais, organização, credibilidade e
transparência.
Sua estrutura é composta por uma Divisão de Assistência à Saúde da
Comunidade da UEL com as seções de atendimento médico, odontológico, de
enfermagem, de recepção e apoio administrativo e de desenvolvimento de programas
de prevenção e promoção da saúde.
Possui dois postos de atendimentos. Um está centralizado no HU e o
outro no AHC. O quadro funcional da DASC no HU e no AHC é composto por 12
médicos, os quais possuem especialidades em clínica médica, ginecologia, urologia,
cardiologia, alergia, gastroenterologia, homeopatia e oftalmologia; 08 dentistas; 04
enfermeiras, sendo que 01 encontra-se na chefia de divisão da DASC. Possui 04
auxiliares de odontologia; 08 auxiliares de enfermagem e 05 técnicos administrativos.
Os profissionais são distribuídos entre as duas unidades, sendo revezados em seus
horários e espaços profissionais para cobrir as necessidades de atendimentos.
Com a atual estrutura funcional da DASC foram prestados, no ano de
2005, 15.464 atendimentos médicos, 11.597 procedimentos odontológicos e 20.274 de
enfermagem (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO REGIONAL NORTE, 2005b).
No ano de 2006 foram realizados 13.737 procedimentos médicos,
incluindo as consultas com clínica médica, oftalmológica, ginecológica e laudos de
eletrocardiograma; 8.483 atendimentos odontológicos e 17.449 de enfermagem
(HOSPITAL UNIVERSITÁRIO REGIONAL NORTE, 2006c).
61
5 A EQUIPE DE PROFISSIONAIS DA DIVISÃO DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE DA COMUNIDADE DO AMBULATÓRIO DO HOSPITAL DE CLÍNICAS E AS REFLEXÕES SOBRE A POLÍTICA DE SAÚDE 5.1 MATERIAL E MÉTODOS
5.1.1 Tipo de Estudo
Trata-se de estudo de cunho descritivo, de natureza quali-quantitativa
que, segundo Minayo et al. (1999, p.22), representa o “conjunto de dados quantitativos
e qualitativos, porém, não se opõem. Ao contrário, se complementam, pois a realidade
abrangida por eles interage dinamicamente, excluindo qualquer dicotomia”.
5.1.2 Campo de Pesquisa
As entrevistas foram efetuadas no espaço físico da DASC/AHC e do
SEBEC para viabilizar de forma mais objetiva possível a coleta de dados com os
profissionais em seus próprios locais de trabalho.
A DASC encontra-se localizada dentro do espaço físico do AHC,
situado no campus da UEL, o qual se encontra vinculado hierarquicamente ao HUL. O
AHC é um dos órgãos da UEL que tem como missão prestar assistência integral à
saúde com excelência e qualidade, participando na prática do ensino, pesquisa e
extensão, integrados ao Sistema Único de Saúde, contribuindo para melhoria da
qualidade de vida da população.
O SEBEC é um órgão suplementar da UEL que atua, também, de forma
multidisciplinar e presta atendimento a estudantes e servidores, o qual se encontra
situado no campus da UEL, com extensão de atendimento social no HUL e no AHC.
62
5.1.3. População – Sujeitos da Pesquisa
A população do estudo que se tornou sujeito da pesquisa foi constituída
por 20 profissionais, sendo 15 participantes da DASC/AHC e 05 do SEBEC, os quais
compõem a equipe de saúde da DASC/AHC na trajetória de atendimento à comunidade
da UEL em relação às demandas de saúde.
A equipe de saúde da DASC/AHC é composta por: médicos (07);
enfermeiros (03); dentistas (04) e chefe recepção, atendimento e apoio administrativo
(01).
A equipe de saúde do SEBEC engloba: psicólogo (01), nutricionista
(01), médico psiquiatra (01) e assistentes sociais (02) que atua diretamente com
servidores e estudantes encaminhados pela DASC em seus locais de atendimento
localizados no HUL, AHC E SEBEC.
5.1.4 Coleta de Dados
A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário
(APÊNDICE A) com roteiro estruturado, contendo perguntas abertas e fechadas. O
instrumento foi apresentado aos sujeitos da pesquisa e aplicado por meio da técnica de
entrevista, que esclareceu inicialmente os objetivos e assegurou o sigilo e a liberdade
do pesquisado em interromper sua participação no momento que desejasse.
Após o procedimento inicial das entrevistas prosseguiu-se o
preenchimento do questionário, que acumulou dados de 20 sujeitos que compõem a
equipe de saúde, sendo 15 especificamente da DASC/AHC e 05 do SEBEC.
Desta forma, da população total de sujeitos, representada por 25
componentes da equipe de saúde (20 da DASC e 05 do SEBEC), 20 (80%)
responderam e devolveram o questionário e 05 (20%) não responderam.
63
5.1.5 Análise dos Dados
A análise dos dados foi realizada de forma quantitativa e qualitativa.
Os dados quantitativos foram organizados em um banco de dados, com
o auxílio do Programa Microsoft Excell, versão 2005 e apresentados de forma gráfica.
O conteúdo qualitativo proveniente das respostas das questões abertas
foi categorizado e analisado. Segundo Minayo et al. (1999, p.74), a função da análise
de conteúdo qualitativo “diz respeito à descoberta do que está por trás dos conteúdos
manifestos, indo além das aparências do que está sendo comunicado”.
5.1.6 Aspectos Éticos da Pesquisa
Os aspectos éticos da pesquisa foram atendidos através do
encaminhamento do projeto para autorização da pesquisa à Superintendência do HUL
(APÊNDICE B) e para a Chefia de Divisão da DASC (APÊNDICE C). Foi preenchida a
Folha de Rosto para Pesquisa envolvendo Seres Humanos (ANEXO A), a qual foi
assinada pelo coordenador do Curso de Especialização em Formulação e Gestão de
Políticas Públicas.
Com as devidas concordâncias o projeto foi enviado oficialmente ao
Comitê de Ética em Pesquisa (APÊNDICE D), o qual foi avaliado e unanimemente
aprovado. Para a realização da pesquisa o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (APÊNDICE E) foi o primeiro documento a ser apresentado aos sujeitos
participantes e, mediante o aceite, procedeu-se a coleta de dados.
64
6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS DA PESQUISA
Os dados da pesquisa estão apresentados em dois blocos pela
natureza quanti-qualitativa. Inicialmente, os dados quantitativos apresentam os sujeitos
do estudo com seus respectivos indicadores sobre as reflexões individuais referentes à
política de saúde e as ações cotidianas dos profissionais da DASC/AHC.
6.1 ANÁLISE QUANTITATIVA
Tabela 1 - Distribuição profissional da equipe de saúde da DASC/AHC, enquanto sujeitos da pesquisa. Londrina, 2007.
PROFISSÃO DASC SEBEC ENTREVISTADOS % Médico 07 7 28%
Médico psiquiatra 1 1 4% Enfermeiro 3 3 12% Dentista 4 4 16%
Assistente Social 2 2 8% Psicologia 1 1 4% Nutrição 1 1 4%
Chefe de seção administrativa 1 1 4%
TOTAL 15 5 20 80%
A tabela 1 demonstra que os sujeitos da pesquisa são formados por 15
(60%) profissionais da equipe de saúde da DASC/AHC e 05 (20%) do SEBEC,
totalizando 20 (80%) sujeitos entrevistados.
Vale relembrar que 05 (20%) dos sujeitos da equipe de saúde da
DASC/AHC, que representam 20% da população médica, não responderam os
questionários.
Observamos dentre o universo pesquisado da DASC/AHC um quadro
de profissionais composto por 07 médicos, 03 enfermeiros, 04 dentistas, 01 técnico
administrativo que é chefe de seção e recepção, atendimento e apoio administrativo. Já
65
o quadro do SEBEC é composto por 02 assistentes sociais, 01 nutricionista, 01
psicólogo e 01 médico psiquiatra.
Tabela 2 - Distribuição da equipe de saúde, segundo as especialidades das áreas profissionais. Londrina, 2007.
Área Número Pós-graduação Lotação % 1 Clínica Médica DASC 5% 1 Ginecologia/Obst. , Política de Saúde Pública DASC 5% 1 Oftalmologia DASC 5% 1 Ginecologia/ob. DASC 5% 1 Cardiologia DASC 5% 1 Homeopatia DASC 5% 1 Urologia DASC 5%
Medicina
1 Psiquiatria SEBEC 5% 1 Prótese/Bioética /Mestrado DASC 5% 1 Mestrado DASC 5% 1 Prótese Dentária DASC 5%
Odontologia
1 Dentística DASC 5%
1
Enfermagem do Trabalho, Formação pedagógica em saúde e Metodologia da
assistência, ensino e pesquisa em enfermagem, mestranda
DASC 5%
1 Mestrado DASC 5% Enfermagem
1 Metodologia de assistência, metodologia
pesquisa, estomaterapia, mestrado e doutorado em curso
DASC 5%
Nutrição 1 Metabolismo e nutrição clínica SEBEC 5% 1 Psicologia organizacional SEBEC 5% Serviço
Social 1 Recursos Humanos SEBEC 5% Psicologia 1 Psicanálise SEBEC 5%
Seção Administrativa
1 Administração Hospitalar DASC 5%
TOTAL 20 31 20 100%
No que tange às especialidades da equipe de saúde podemos verificar
que 04 (20%) profissionais possuem mais de uma especialização. Em relação à área
médica existem 08 (DASC/SEBEC) médicos: 01 (5%) com especialidade em clínica
médica; 01 (5%) com ginecologia/obstetrícia e 01 (5%), além da especialidade em
66
ginecologia/obstetrícia possui a de política de saúde pública; 01 (5%) oftalmologista; 01
(5%) cardiologista; 01 (5%) homeopata; 01 (5%) urologista e 01 (5%) psiquiatra.
Na área odontológica temos 04 dentistas, sendo que 01 (5%) tem
especialidade em prótese, bioética e mestrado em curso; 01 (5%) com mestrado, 01
(5%) em prótese dentária e 01 (5%) em dentística.
Na área de enfermagem temos 03 enfermeiras: 01 (5%) com
especialidades em metodologia da assistência, metodologia de pesquisa,
estomaterapia, mestrado em saúde do adulto e doutorado em curso; 01 (5%) com
mestrado e 01 (5%) com especialidade em enfermagem do trabalho, formação
pedagógica em saúde e metodologia da assistência, ensino e pesquisa em
enfermagem e mestrado em curso.
Na área de nutrição, a profissional possui especialidade em
metabolismo/nutrição clínica.
Na área de serviço social, 01 (5%) assistente social possui o curso de
especialização em psicologia organizacional e 01 (5%) em recursos humanos.
Na área de psicologia 01 (5%) psicóloga possui especialidade em
psicanálise.
A chefia de seção da recepção, atendimento e apoio administrativo tem
especialidade em administração hospitalar.
67
15 (75%)
5 (25%)
conhecem não conhecem
Figura 1. Distribuição dos sujeitos da pesquisa segundo o conhecimento atribuído à Política de Saúde. Londrina, 2007.
Na figura 1 constatamos que 15 (75%) dos sujeitos conhecem o que é
política de saúde, sendo que 05 (25%) alegam desconhecer .
A quantidade expressa é significativa entre os profissionais que
cotidianamente atuam na DASC/AHC, pois revela que a maioria possui o conhecimento
sobre a política de saúde em sua prática não ficando deslocada de fundamentos
essenciais da política voltada para as ações de saúde.
68
10 (50%)
10 (50%)
conhecem não conhecem
Figura 2. Distribuição dos entrevistados de acordo com o conhecimento das diretrizes e princípios do SUS. Londrina, 2007.
Como podemos evidenciar na figura 2, empata o número de
entrevistados que possuem conhecimento das diretrizes e princípios do SUS e os que
não possuem , sendo que 10 (50%) conhecem e 10 (50%) não possuem conhecimento
a respeito.
O equilíbrio de conhecimento dos princípios revela uma mescla
eqüitativa de ações fundamentadas e direcionadas por princípios que enunciam e
regem a busca de serviços e ações de saúde pelos usuários.
69
14 (70%)
6 (30%)
conhecem não conhecem
Figura 3. Distribuição dos sujeitos da pesquisa de acordo com o conhecimento dos níveis de atenção à saúde do SUS. Londrina, 2007.
A figura 3 demonstra que 14 (70%) entrevistados evidenciam conhecer
os níveis de atenção básica dos SUS e 06 (30%) relatam não conhecer.
Torna-se significativa a quantidade de sujeitos que conhece os níveis
de atenção básica, o que indica o conhecimento da trajetória das ações do SUS que a
população usuária percorre, bem como a localização das profissões na referida
trajetória, o que corresponde a uma seqüência de ações e de conteúdos que permeiam
o cotidiano profissional da equipe de saúde da DASC/AHC.
70
18 (90%)
2 (10%)
conhecem não conhecem
Figura 4. Distribuição dos sujeitos segundo o conhecimento das leis e portarias que legislam sobre a política de saúde, editadas pelo Ministério da Saúde, ANVISA, incluindo sobre o seu conteúdo. Londrina 2007.
A figura 4 demonstra que 02 (10%) sujeitos da pesquisa conhecem as
leis e portarias mais importantes que legislam sobre a política de saúde, editadas pelo
Ministério da Saúde, incluindo o seu conteúdo.
No entanto, a maioria, ou seja, 18 (90%) dos sujeitos não conhecem
sobre a legislação que ampara as ações que desenvolvem no cotidiano profissional.
Esta questão deve ser focalizada com maior preocupação da equipe,
considerando que na legislação consta o que é permitido, dando maior lastro para as
ações dos profissionais, bem como maior amplitude de acesso ou critérios de exclusão
para os usuários dos serviços de saúde.
71
14 (70%)
6 (30%)
acham importante não acham importante
Figura 5. Distribuição dos sujeitos segundo a importância do conhecimento das Políticas de Saúde do SUS no desempenho cotidiano da função.
Londrina, 2007.
Constatamos que 14 (70%) dos entrevistados acreditam que é
importante o conhecimento das Políticas de Saúde do SUS no desempenho cotidiano
da função, enquanto 06 (30%) acham que esse conhecimento não é importante.
Focalizando a quantidade maior ela se torna expressiva na medida em
que os profissionais consideram que conhecer a política de saúde indica uma
importância na sustentação das ações cotidianas.
Percebemos que mesmo a equipe de profissionais reconhecendo que é
importante o conhecimento sobre as Políticas de Saúde eles não possuem e não
procuram se inteirar e atualizar conteúdo específico.
72
8 (40%)
9 (45%)
2 (10%)1 (5%)
interfere não interfere interfere parcialmente não sabem
Figura 6. Distribuição dos entrevistados segundo a interferência do conhecimento da política de saúde na qualidade do trabalho. Londrina, 2007.
A figura 6 mostra que 09 (45%) dos sujeitos reconhecem que o
conhecimento da política de saúde interfere na qualidade do trabalho cotidiano,
enquanto 08 (40%) dizem não interferir, 02 relatam que (10%) não sabem se interfere e
01 (5%) acha que interfere parcialmente.
A dosagem entre o reconhecimento e o não reconhecimento sobre a
política de saúde e a relação com a qualidade do que se exerce no cotidiano revela a
necessidade de uma discussão de equipe sobre a sustentação das ações que estão
sendo desenvolvidas, extremamente importante por indicar qual a direção das ações a
serem seguidas. Mesmo que quantitativamente o não conhecimento aparece como
menor, isto se torna preocupante e é indicativo do deslocamento da política na qual
direciona as ações dos profissionais.
73
6.2 ANÁLISE QUALITATIVA 6.2.1 Significados da Política de Saúde
O conhecimento, a importância da Política de Saúde, bem como a
interferência do referido conhecimento na qualidade do trabalho realizado, as
dificuldades que impedem conhecer a Política de Saúde e as legislações
correspondentes relacionadas com o cotidiano de trabalho profissional na DASC/AHC
são apresentadas pelos sujeitos da pesquisa.
Os sujeitos entendem sobre a política de saúde por meio dos seguintes
conteúdos:
[...] um conjunto de disposições, medidas e procedimentos que traduzem a orientação política do Estado e regulam as atividades governamentais relacionadas a tarefas de interesse público voltados para a saúde (S1). [...] um conjunto de ações governamentais que visam a estruturação, funcionamento e supervisão dos serviços de saúde pública (S2). [...] políticas públicas em saúde integram o campo de ação social do Estado orientado para a melhoria das condições de saúde da população e dos ambientes natural, social e do trabalho (S3). [...] diretrizes administrativas sócio-econômicas que determinado governo adota para uma população específica, no âmbito da saúde pública (S4). [...] tratar-se de um conjunto de leis, diretrizes e ações públicas que visam garantir o acesso de toda população de um Estado à saúde integral, sua proteção e tratamento aos problemas ocasionados quando a saúde falta (S5). [...] bases e diretrizes que orientam os programas de saúde sustentados em diagnósticos, dos quais são os nossos problemas de saúde (S7). [...] política desenvolvida principalmente pelo Estado para melhoria da saúde da população (S9). [...] política que objetiva estudar os mecanismos ideais para atender as necessidades básicas de saúde da população (S11). [...] caracterizada pelo interesse e preocupação de todas as áreas das políticas públicas em relação à saúde e a equidade pelo compromisso com o impacto de tais políticas sobre a saúde da população, bem como a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos e população (13). [...] medidas, estratégias, ações que são determinadas pelo Ministério de Saúde ou algum outro órgão governamental que visam garantir a saúde da população (S14). [...] ações e serviços de promoção, prevenção, reabilitação e tratamento de doenças (S15).
74
[...] políticas de saúde é o conjunto de ações destinadas a reduzir as enfermidades, controlar as endemias e melhorar a vigilância à saúde e condições de vida da população em geral (S16). [...] conjunto de medidas/ações que identificam os fatores determinantes ou colaboradores para manutenção da saúde, que embora a promoção, manutenção e a recuperação da saúde do indivíduo, somado à necessidade de viabilização de recursos (S18). [...] leis, disposições, procedimentos que orientam as atividades governamentais relacionadas ao interesse público (S19). [...] política para um bem comum da sociedade (S20).
Dentre o conteúdo das falas existe o desconhecimento do significado
da Política de Saúde que embasa as suas ações, legislações e finalidades, conforme é
relatado:
[...] não sei sobre Política de Saúde do SUS (S6); (S8); (S10); (S12); (S17).
Constatamos pelas expressões apontadas pelos sujeitos um
entendimento sobre o significado da política de saúde, enquanto ações que orientam a
política do Estado, que estruturam os serviços de saúde; são medidas, estratégias e
ações determinadas pelo Ministério de Saúde ou outro órgão governamental e visam
garantir a saúde da população; são as ações de promoção, prevenção, reabilitação e
tratamento de doenças, que realizam o controle de endemias e identificam os fatores
determinantes ou que colaboram na manutenção da saúde somados à necessidade de
viabilização de recursos.
Outra definição é dada enquanto um conjunto de disposições, medidas
e procedimentos que traduzem a orientação política do Estado e regulam as atividades
governamentais que dizem respeito às tarefas de interesse público dirigidos para a
saúde. É apontado, também, como uma política do Estado para melhoria da qualidade
de vida e de saúde da população em busca do bem comum da sociedade.
Evidenciamos conteúdos que desconhecem o significado da Política de
Saúde que embasa as suas ações, legislações e finalidades.
Sabemos que em conformidade com a Lei nº. 8.080 compete ao SUS
“prestar assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e
recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e das
75
atividades preventivas”. São incluídas também a saúde do trabalhador, as ações de
vigilância sanitária, epidemiológica, e assistência terapêutica integral, principalmente
farmacêutica (CARVALHO; MARTIN; CORDONI JUNIOR, 2001, p.41).
O Ministério da Saúde classifica o SUS como um novo sistema de
saúde em construção no País. O SUS possui a denominação de único porque traz
consigo uma formulação que segue a mesma doutrina e os mesmos princípios
organizativos em todo o território nacional sob a responsabilidade das esferas de
governo em nível federal, estadual e municipal (BRASIL, 2000).
Na compreensão de Santos (1992), as ações e os serviços passam a
ser sistematizados destinados à promoção, preservação e recuperação da saúde,
individual e coletiva.
A Constituição Federal passa a reger pontos básicos que se referem à
saúde, enquanto direito de todos e dever do Estado; relevância pública das ações e dos
serviços de saúde; universalidade da cobertura e do atendimento, como pressuposto da
equidade da assistência; caráter democrático e descentralizado da gestão
administrativa, com a participação do sistema público de saúde; rede pública de
serviços integrada num sistema único; setor privado de serviços que participa de forma
complementar do sistema público de saúde; financiamento pelo orçamento de
seguridade social e outros orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e
Municípios; equidade na forma de participação do custeio da seguridade social;
competência comum das várias esferas do governo para tratar a saúde e competência
concorrente para legislar sobre a saúde.
6.2.2 Princípios e Diretrizes do SUS
Nos conteúdos das reflexões dos sujeitos da pesquisa empata o
número de entrevistados que possuem e os que não possuem o conhecimento das
diretrizes e princípios do SUS.
As respostas dos profissionais que conhecem sobre as diretrizes e
princípios do SUS se vinculam:
76
[...] as principais são descentralização, controle e equidade (S1) [...] equidade, universalidade, descentralização, controle popular (S2) [...] as diretrizes são inúmeras e têm a função de dirigir a ação do Estado nas três esferas de governo (federal, estadual e municipal) seguindo princípios básicos do SUS: igualdade, equidade, integralidade na atenção à saúde de toda a população (S5) [...] universalidade de acesso aos serviços de saúde; integralidade da assistência; igualdade de assistência à saúde (equidade); descentralização. Garantir mediante políticas públicas que reduzam riscos e agravos à saúde e ao acesso universal e igualitário às ações de serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde (S13). [...] universalidade, igualdade, integralidade e intersetorialidade S13). [...] visa a integralidade, a universalidade e a equidade (S14). [...] os princípios do SUS é garantir a assistência integral e gratuita a toda população (S16) [...] universalidade, igualdade, autonomia, descentralização e integralidade (S18) [...] descentralização, controle, equidade e universalidade (S19) [...] descentralização, fortalecimento da rede primária (S20).
Obtivemos respostas negativas em relação ao conhecimento sobre as
diretrizes e princípios do SUS que revelam desconhecer sobre o assunto, enfatizando:
[...] não conheço (S3, S4, S6, S7, S8, S9, S10, S11, S12, S17). [...] conheço que as diretrizes e princípios que aprendemos na escola (UEL – na qual me formei) não acontecem na prática e até hoje (17anos de profissão) não pude presenciar (S4).
Como demonstrado nas respostas dos profissionais que conhecem
sobre as diretrizes e princípios do SUS eles estão vinculados aos princípios da
descentralização, controle popular, equidade, universalidade de acesso e igualdade nas
ações de serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde, integralidade na
atenção de saúde de toda a população e intersetorialidade.
Explicitamos no decorrer do referencial teórico sobre os princípios e
diretrizes do SUS que passam a ter seus princípios estabelecidos na Lei Orgânica da
Saúde (LOS), com base no artigo 198 da Constituição Federal de 1988.
Na discussão de Carvalho, Martin e Cordoni Junior (2001) os princípios
estão relacionados à universalidade de acesso aos serviços de saúde enquanto direito
de todo cidadão; à integralidade dos serviços de saúde enquanto forma de superação
77
da dicotomia entre serviços preventivos e curativos e atuação em nível individual e
coletivo, incluindo a área de prevenção de doenças e a promoção da saúde; o princípio
da hierarquização/regionalização e o princípio da equidade que estabelece a igualdade
de oportunidade em utilizar o sistema de saúde.
O princípio da participação popular dos usuários na gestão e no
controle do SUS No entanto, esse princípio ainda não está claro em relação a sua
classificação que foi regulada pela Lei nº. 8.142. Os usuários participam da gestão do
SUS através das Conferências de Saúde, que ocorrem a cada quatro anos em todos os
níveis, dos Conselhos de Saúde, dos órgãos colegiados em todos os níveis. Nos
Conselhos de Saúde ocorre a chamada paridade e os usuários têm metade das vagas,
o governo tem um quarto e os trabalhadores outro quarto.
O princípio de descentralização política e administrativa do SUS existe
nas esferas nacional, estadual e municipal com comando único e atribuições próprias.
Os municípios têm assumido papel cada vez mais importante na prestação e no
gerenciamento dos serviços de saúde. As transferências financeiras vão para os fundos
de saúde baseadas em sua população e no tipo de serviço oferecido, e não no número
de atendimentos.
Na reflexão de Mendes (1998, p.34) o SUS fundamenta-se na
descentralização com diversas vantagens. Existe uma [...] organização mais racional
dos serviços em bases geográficas e administrativas [...]. Com isso há um maior
envolvimento das comunidades locais com sua própria saúde; uma redução da
duplicação de serviços; possibilidades de contenção de custos; controle social sobre os
serviços e melhoria nas atividades intersetoriais.
A hierarquização e regionalização se referem aos serviços de saúde
divididos em níveis de complexidade.
O nível primário é oferecido diretamente à população. Os níveis
secundário e terciário são utilizados quando encaminhados pelo atendimento terciário.
Quanto mais bem estruturado for o fluxo de referência e contra-referência entre os
serviços de saúde, melhor a eficiência e eficácia dos mesmos. Cada serviço de saúde
tem uma área de abrangência, isto é, ele é responsável pela saúde de uma parte da
população.
78
A LOS estabelece também alguns princípios direcionados à
preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral;
direito às pessoas assistidas sobre informação a respeito de sua saúde; divulgação de
informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e sua utilização pelo usuário;
utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, de alocação de
recursos e de orientação programática; integração, em nível executivo, das ações de
saúde, meio ambiente e saneamento básico; conjugação dos recursos financeiros,
tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, na prestação de serviços de assistência à saúde da população; capacidade
de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência e organização dos serviços
públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos.
6.2.3 Níveis de Atenção da Política Indicada para o SUS e suas Finalidades
Na reflexão dos sujeitos da pesquisa evidencia-se o conhecimento dos níveis de atenção dos SUS através dos seguintes dizeres:
[...] nível básico (UBS, PSF) que visam atender casos leves que não necessitam de especialidade e a prevenção/educação em saúde. Nível médio/intermediário (ambulatórios especializados): casos de maior complexidade, necessitam de especialidades e Nível terciário (hospitais): casos de maior complexidade (S2). [...] os níveis de atenção do SUS são as unidades básicas, os pronto-atendimento, os projetos de vacinação, de saúde da família, os quais não atendem satisfatoriamente a população, nem pensar em nível terciário como UTI (adultos/neonatais) no país todo.(S4). [...] Atenção Básica – prevenção, acolhida das demandas pelo posto de saúde, tratamento de doenças que podem ser tratadas no posto de saúde e com programas de saúde da família, sem a necessidade de exames mais complexos. Atenção “tecnológica” intensiva – exames mais complexos, tratamentos com especialistas, internações, cirurgias. Tratamento de alta complexidade – tratamento integral de doenças mais complexas e crônicas. Ex: alcoolismo (S5).
[...] primário, secundário e terciário(S6). [...] mais ou menos. Básico – é porta de entrada do programa. Média complexidade. Alta complexidade(S7). [...] Atenção primária (Unidades Básicas de Saúde = problemas básicos). Atenção secundária (pequenos hospitais = média complexidade). Atenção terciária (grandes hospitais = problemas de alta complexidade (S8).
79
[...] níveis primário, secundário e terciário (S11). [...] Atenção primária (exemplo: Programa de Saúde da Família). Atenção secundária (serviços ambulatoriais e hospitalares especializados de média complexidade). Atenção terciária (serviços ambulatoriais e hospitalares de alta complexidade e alto custo (S13). [...] Atenção primária (baixa complexidade). Atenção secundária (média complexidade). Atenção terciária (alta complexidade) (S14). [...] Baixa complexidade – ações desenvolvidas para a prevenção de danos. Média complexidade e Alta Complexidade.(S15). [...] no SUS além do atendimento à saúde inclui-se suprimento nutricional, bolsa alimentação, farmácias básicas, vacinas, combate às endemias, além dos atendimentos de média e de alta complexidade (S16). [...] Primário – ações de prevenção e baixíssima complexidade; secundário – ações de baixa e média complexidade; terciário – ações de alta complexidade (S18). [...] a nível básico visam atender casos que não necessitam de especialistas (Unidades Básicas de Saúde e Programa de Saúde da Família); a nível médio visam atender casos de maior complexidade (especialidades); a nível terciário, casos de maior complexidade (hospitais) (S19). [...] primário, secundário e terciário (S20).
Para um grupo de sujeitos o desconhecimento dos níveis de atenção
do SUS é evidente, no momento que coloca:
[...] em profundidade não sei (S1). [...] não conheço (S3), (S9), (S10), S12), (S17). Na reflexão dos sujeitos da pesquisa as ações de nível básico ou
primário estão relacionadas às ações de prevenção e baixíssima complexidade; as de
nível secundário às ações de baixa e média complexidade e as de nível terciário que se
relaciona às ações de alta complexidade.
Enfocam que a atenção básica desenvolve ações para prevenção e
tratamento de doenças que são acolhidas pelo posto de saúde e que podem ser
solucionadas no próprio local, como nos programas de saúde da família, sem a
necessidade de exames mais complexos.
Enfatizam que o nível de atenção secundária ou de média complexidade
está voltado à aos serviços ambulatoriais e hospitalares especializados de média
complexidade. A atenção terciária está ligada aos serviços ambulatoriais e hospitalares
de alta complexidade e de alto custo, com tecnologia intensiva para atendimento de
doenças e exames mais complexos e especializados, internações e cirurgias.
80
Como podemos observar as definições englobam o conhecimento dos
três níveis de atenção que constam na política do SUS e a finalidade de cada um,
confirmando que a maioria possui um conhecimento a respeito sem, no entanto, definir
o seu conteúdo na integralidade.
Verificamos, no entanto, que existe parte dos profissionais que
desconhecem os níveis de atenção do SUS, uma vez que não possuem noção sobre a
rede de serviço no qual seu trabalho está inserido.
Sabemos que esse desconhecimento afeta a prática com quesitos de
qualidade, se analisados que essa rede faz parte do trabalho cotidiano e deve ser
utilizada para o encaminhamento e esclarecimento de usuários que procuram pelo
serviço. Salientam que não conhece em profundidade, no entanto não relevam o que
conhece e o que não conhece:
Entendemos que os serviços de saúde são divididos em nível primário,
secundário e terciário. A atenção básica do SUS caracteriza-se por um conjunto de
ações de saúde, no âmbito individual e coletivo que abrange a promoção e a proteção
da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a
manutenção da saúde.
Apresentamos no referencial teórico que os níveis de atenção básica
estão estabelecidos nos princípios e diretrizes da hierarquização e regionalização do
SUS.
O nível de atenção básica ou primária é oferecido diretamente à
população por meio de ações com atendimentos como: vacinação, controle de pressão,
curativos, pré-natal, inalações, pequenas cirurgias, planejamento familiar, pronto-
atendimento, orientação nutricional, alimentar, ambulatorial e comunitária, atendimento
odontológico básico e clínica médica básica (clínica geral, pediatria e ginecologia,
visitas e atendimentos ambulatoriais e domiciliares realizados pelas equipes do PSF e
do PACS.
Esse nível de atenção é apresentado como estratégia organizativa de
atenção à saúde definida pelos princípios e diretrizes que esses serviços devem
proporcionar, quais sejam: atenção generalizada, sem restrições a grupos de idade,
gênero ou problemas de saúde, atenção acessível, integrada e continuada, trabalho em
81
equipe, atenção acessível, integrada e continuada, atenção centrada na pessoa e não
na enfermidade, atenção orientada para a família e a comunidade, atenção
coordenada, incluindo o acompanhamento do usuário nos outros níveis de atenção e
apoio constante nos aspectos relacionados à saúde de bem-estar.
A atenção básica, também, é desenvolvida por meio do exercício de
práticas gerenciais e sanitárias democráticas e participativas, sob forma de trabalho em
equipe, dirigidas a populações de territórios bem delimitados, pelas quais assume a
responsabilidade sanitária, considerando a dinamicidade existente no território em que
vivem essas populações.
Os problemas de saúde de maior freqüência e relevância devem ser
resolvidos em seu próprio território. É o contato preferencial dos usuários com os
sistemas de saúde. Orienta-se pelos princípios da universalidade, acessibilidade e
coordenação do cuidado, do vínculo e continuidade, da integralidade, da
responsabilização, humanização, equidade e participação social.
Considera o sujeito em sua singularidade, na complexidade, na
integralidade e na inserção sócio-cultural. Busca a promoção da saúde da população, a
prevenção e o tratamento de doenças e a redução de danos ou de sofrimentos que
possam comprometer suas possibilidades de viver de modo saudável.
A atenção básica tem a saúde da família como estratégia prioritária
para sua organização, de acordo com os preceitos do SUS. As ações de atenção
básica baseiam-se ainda em estratégias mínimas de controle da tuberculose, da
hipertensão e da diabete e da eliminação da hanseníase.
A atenção básica está claramente definida como responsabilidade da
gestão municipal, ligada diretamente com os municípios que recebem recursos federais
através do piso de atenção básico, fixo e variável. Os repasses fixos estão instituídos
em alguns Estados para os PSF e para o PAC.
A responsabilidade da assistência de média e alta complexidade
depende do grau de descentralização presente no Estado. A gestão desse nível de
complexidade da assistência somente cabe ao município quando esse se encontra em
gestão plena do sistema municipal. Caso contrário, é de responsabilidade da gestão
Estadual.
82
É de responsabilidade da esfera gestora em atenção básica em nível
municipal definir e implantar o modelo de atenção básica em seu território,
contratualizar o trabalho em atenção básica, manter a rede de unidades básicas de
saúde em funcionamento (gestão e gerência), co-financiar as ações de atenção básica,
alimentar os sistemas de informação e avaliar o desempenho das equipes de atenção
básica sob sua supervisão.
A responsabilidade da esfera gestora em nível Estadual é de
acompanhar a implantação e execução das ações de atenção básica em seu território,
regular as relações intermunicipais, coordenar a execução das políticas de qualificação
de recursos humanos em seu território, co-financiar as ações de atenção básica e
auxiliar na execução das estratégias de avaliação da atenção básica em seu território.
É de responsabilidade da esfera gestora em atenção básica em nível
federal elaborar as diretrizes da política nacional de atenção básica, co-financiar o
sistema de atenção básica, ordenar a formação de recursos humanos, propor
mecanismos para a programação, controle, regulação e avaliação da atenção básica e
manter as bases de dados nacionais.
O nível secundário ou de atenção de média complexidade são os que
englobam os serviços ambulatoriais e hospitalares. Os serviços ambulatoriais oferecem
atendimentos em especialidades médicas, como: dermatologia, cardiologia,
oftalmologia, dentre outros.
Os serviços hospitalares realizam ações de baixa complexidade como
urgências e emergências, partos normais e cirurgias de pequeno e médio porte. Como
evidenciamos no referencial teórico o Ministério da Saúde definiu, por meio de diversas
portarias, o rol de procedimentos considerados de alta complexidade, tanto
ambulatoriais como hospitalares. Existem, também, os que não foram classificados nem
como atenção básica e nem de alta complexidade e estão incluídos como de atenção
de média complexidade.
O nível de atenção terciária ou de alta complexidade é definida como
um conjunto de procedimentos que envolve alta tecnologia e alto custo no contexto do
SUS, o qual propicia à população o acesso a serviços qualificados, integrando-os aos
demais níveis de atenção básica e de média complexidade à Saúde. São os serviços
83
ambulatoriais e hospitalares de grande complexidade e que, muitas vezes, necessitam
de equipamentos sofisticados e profissionais especializados para determinados
procedimentos. O elenco de alta complexidade ambulatorial é composto pelos
procedimentos listados no anexo da portaria SAS/MS nº. 968, de 11 de dezembro de
2002.
As principais áreas que compõem a alta complexidade do SUS, e que
estão organizadas em redes, são: assistência aos pacientes portadores de doença
renal crônica, através de procedimentos de diálise; assistência ao paciente oncológico;
cirurgia cardiovascular; vascular; cardiovascular pediátrica; procedimentos da
cardiologia intervencionalista; procedimentos endovasculares extra-cardíacos;
laboratório de eletrofisiologia; assistência em traumato-orotopedia; de neurocirurgias,
de assistência em otologia; cirurgia de implante coclear; cirurgia das vias aéreas
superiores e da região cervical; cirurgia da calota craniana, da face e do sistema
estomatognático; procedimentos em fissuras lábio palatais; reabilitação protética e
funcional das doenças da calota craniana, da face e do sistema estomatognático;
procedimentos para a avaliação e tratamento dos transtornos respiratórios do sono;
assistência aos pacientes portadores de queimaduras, aos portadores de obesidade
(cirurgia bariátrica); cirurgia reprodutiva; genética clínica; terapia nutricional; distrofia
muscular progressiva; osteogênese imperfecta; fibrose cística e reprodução assistida.
6.2.4 Leis, Resoluções e Portarias que Legislam a Política de Saúde
No que se refere às colocações dos sujeitos sobre o conhecimento de
leis e portarias mais importantes que legislam sobre a política de saúde, editadas pelo
Ministério da Saúde, ANVISA, incluindo sobre o seu conteúdo, as noções são:
[...] portaria 3.916/MS, de 30/10/98 - Política Nacional de Medicamentos; portaria 2.616/MS, de 12/05/98 - diretrizes e normas para prevenir e controlar infecção hospitalar; a Lei nº. 9.787/99 - utilização de nomes genéricos em produtos farmacêuticos; a LOS 8.080/90 e a 8.142/90; a portaria 344/98 - sobre medicamentos sujeitos ao controle especial e a portaria 687/06 - aprova a Política Nacional de Promoção da Saúde (S13).
84
[...] Constituição Federal de 1988 - saúde é direito de todos e dever do Estado; lei nº. 8.080 que estabelece as condições para promoção e recuperação da saúde, bem como, dispõe a “forma” de organização dos serviços de saúde; a lei nº. 8.142 - participação da comunidade no SUS; a NOB 1/96 que possui vários programas também (S18).
O conteúdo das falas indica que existe um conhecimento sobre a lei
principal que se relaciona com a CF de 1988, onde prevê que a saúde é direito de todos
e dever do Estado; a lei nº. 8.080 que estabelece as condições para promoção e
recuperação da saúde, bem como, dispõe sobre a forma de organização dos serviços
de saúde; a lei nº. 8.142 que dispõe sobre a participação da comunidade no SUS; a
NOB 1/96 que possui vários programas.
Na referência de um sujeito é acrescentada a portaria 3.916/MS, de
30/10/98 que trata sobre a Política Nacional de Medicamentos; a portaria 2.616/MS, de
12/05/98 que legisla sobre as diretrizes e normas para prevenir e controlar infecção
hospitalar; a Lei nº. 9.787/99 que fala da utilização de nomes genéricos em produtos
farmacêuticos; a LOS 8.080/90 e a 8.142/90; a portaria 344/98 que dispõe sobre
medicamentos sujeitos ao controle especial e a portaria 687/06 que aprova a Política
Nacional de Promoção da Saúde.
Sabemos que existem diversos Atos Normativos do Poder Executivo e
do Legislativo relacionados ao setor saúde e a assuntos correlatos, publicados em
Diário Oficial da União. As Normas Básicas do SUS estão referendadas na CF de 1988,
em seu Título da Saúde (artigos 196 a 200); Lei nº. 8080/90; Lei nº. 8142/90; Emenda
Constitucional nº. 29; Norma Operacional Básica - NOB SUS 01/96; Norma Operacional
da Assistência à Saúde – NOAS SUS 2002; Pacto pela Saúde 2006 – Consolidação do
SUS e suas Diretrizes Operacionais.
Entendemos que todas as leis, resoluções e portarias são importantes.
No entanto sabemos que a CF de 1988 é a lei principal que define sobre a saúde.
Avança e reconhece os direitos dos indivíduos nessa área, reconhece as
representações das organizações populares como interlocutor legítimo na sua
capacidade de reivindicar direitos.
85
É claro que no nosso entender não se trata de um reconhecimento
igualitário, mas de uma possibilidade de começar a reivindicar as atenções inerentes ao
que se poderá chamar de uma cidadania elementar.
Tal reconhecimento indica a possibilidade de poder controlar o exercício
da administração por parte de organismos públicos. A inclusão da saúde no texto
constitucional gerou um conjunto de leis voltadas à organização e implementação do
SUS, sendo uma delas a LOS, além de inúmeros decretos, portarias conjuntas e
portarias normativas do Ministério da Saúde.
A LOS brasileira é composta de duas Leis Complementares à
Constituição: a Lei 8.080/90 que disciplina a descentralização político-administrativa do
SUS, enfatizando seus aspectos de gestão e financiamento, regulamentando as
condições para sua promoção, proteção, recuperação e funcionamento e a Lei nº.
8.142/90 que regulamenta a participação da comunidade, bem como as transferências
inter-governamentais de recursos financeiros. Lei essa que trata da criação do novo
sistema de saúde, o SUS.
O art. 35 da Lei nº. 8080/90 estabelece critérios de repasse e
distribuição dos recursos de acordo com o perfil demográfico e epidemiológico da
região, das características quantitativas e qualitativas da rede de saúde na área; do
desempenho técnico, econômico e financeiro no período anterior; dos níveis de
participação do setor nos orçamentos estaduais e municipais e da previsão do plano
qüinqüenal de investimento na rede. Todos os recursos são depositados no Fundo
Municipal de Saúde (FMS) e só podem ser investidos em ações e serviços de saúde e o
Conselho Municipal de Saúde (CMS) deve fiscalizá-las mensalmente.
Portanto, a legislação “base” do SUS é a CF de 1988 que, além de
instituir a saúde como um direito de todos e dever do Estado, prevê esta garantia por
meio de políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de
outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação. Afirma que são de relevância pública as ações e
serviços de saúde, cabendo ao poder público dispor, nos termos da lei, sobre sua
regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente
ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.
86
A legislação define o SUS como ações e serviços públicos de saúde
que integram uma rede regionalizada e hierarquizada que constituem um sistema único,
organizado de acordo com as diretrizes principais de descentralização (com direção
única em cada esfera de governo); atendimento integral (com prioridade para as
atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais) e participação da
comunidade.
De acordo com a CF, o SUS deve ser financiado, nos termos do art.
195, com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes, descritas em Emenda
Constitucional nº. 29 (ECA), de 2000.
Verificamos, ainda, na CF normas sobre a participação de instituições
privadas que poderão participar de forma complementar do SUS, segundo diretrizes
estipuladas por ela mesma.
A LOS nº. 8.080, também, regulamenta os serviços privados de
assistência à saúde, sobre seu funcionamento e quando deve participar de forma
complementar e dá parâmetros como deve ser os recursos humanos, financiamento,
gestão financeira, planejamento e orçamento. Trata do controle social e da participação
direta da população no SUS.
Em 28 de dezembro de 1990 houve a promulgação da Lei nº. 8.142 que
dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e sobre as
transferências inter-governamentais de recursos financeiros na área da saúde.
Já no final de 1996, é aprovada a Norma Operacional Básica 1/96
(NOB), a qual estabelece duas modalidades de gestão: a plena de Atenção Básica e a
plena de Sistema Municipal.
Na gestão plena de atenção básica o município gerencia as ações e
serviços relacionados à assistência básica. Recebe recursos para o custeio destas
ações, planejando, executando ou acompanhando a execução e avaliando o impacto
das ações e remunerando os serviços realizados.
Na gestão plena do sistema municipal, o município é o gestor de todo o
sistema de saúde, planejando, acompanhando e avaliando os serviços de saúde.
Recebe a totalidade dos recursos no Fundo Municipal de Saúde e efetiva o pagamento
87
dos serviços realizados. Tem como instrumento de gestão a agenda de saúde, o plano
de saúde, o quadro de metas, relatórios de gestão e o plano diretor de regionalização.
A NOB 1/96 redefine, assim, o modelo de gestão do SUS, constituindo,
por conseguinte, instrumento imprescindível à viabilização da atenção integral à saúde
da população e à disciplina das relações entre as três esferas da gestão do sistema.
Institui que o SUS deve contar em cada esfera de governo, sem prejuízo das funções
do poder legislativo, com as instâncias colegiadas, ou seja, com a Conferência de
Saúde e com Conselho de Saúde.
Dentre as várias emendas, portarias e leis existentes no SUS, é
importante salientar a ECA 29, que se incumbiu de alterar os artigos 34, 35, 156, 160,
167 e 198 da CF e acrescentou o artigo ao Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias, para que se pudesse assegurar os recursos mínimos para o financiamento
das ações e serviços públicos de saúde.
Entendemos que esse conjunto de normas se aperfeiçoa cada vez mais
para garantir o acesso, a regulamentação, a fiscalização e o controle do SUS de forma
universal e igualitária e para que haja ações e serviços que promova, proteja e recupere
a sua operacionalidade.
6.2.5 Importância do Conhecimento da Política de Saúde e a Relação com a Qualidade do Trabalho Cotidiano
A maioria do conteúdo apontado pelos profissionais indica ser
importante possuir o conhecimento sobre a política de saúde, conforme salientado:
[...] são importantes conhecer as políticas de saúde do SUS na medida que nós utilizamos dela (S1). [...] visto que trabalho no ambulatório de psiquiatria do SUS é importante saber quais casos devem ser reenviados à rede básica ou encaminhados à internações (S2). [...] para que consigamos minimamente (pelo menos) orientar os pacientes e familiares (S5). [...] todos os profissionais de saúde deveria saber pelo menos o mínimo (S7).
88
[...] é importante porque o desenvolvimento de minha função é junto a unidade de Políticas de Saúde (S9). [...] para estarmos em comum acordo e conhecimento sobre elas (S10.) [...] sim (S12). [...] para melhor integração, reflexão e análise crítica e participativa nas propostas de mudanças (S13). [...] porque a partir desde conhecimento a gente tem uma visão ampliada do Sistema de Saúde e consequentemente isto nos instrumentaliza na resolução e encaminhamentos dos problemas (S14). [...] há casos que são atendidos nesta unidade que necessitam de cuidados com médicos especializados. Para encaminhá-los e orientá-los é preciso que eu conheça a política de saúde pública do SUS (S15). [...] é importante para que o profissional possa fazer uso de todos os seus serviços em benefício da saúde da população (S16). [...] é importante porque elas embasam as ações em saúde de qualquer serviço de saúde, independentemente da característica do mesmo (S18). [...] é importante para estarmos situados no contexto das políticas públicas de saúde (S20). Como também o conhecimento da política de saúde não é importante
por determinadas razões, com segue:
[...] não é importante [...] (S3) [...] não é importante o conhecimento, só seria se funcionasse. Não espero mais nada de política alguma (S4). [...] na minha função de médico na UEL não é importante o conhecimento das Políticas Públicas do SUS porque o atendimento médico é feito na UEL/DASC que é diferente da atenção primária de uma Unidade Básica de Saúde (S8). [...] sim, mas não necessariamente é importante ter este conhecimento. Só seria importante na medida que temos que utilizá-lo (S19). Importante ressaltar que sujeitos duvidam sobre a importância do
conhecimento sobre a política de saúde e revelam:
[...] talvez para saber para onde encaminhar o paciente após atendimentos (S11). [...] não sei se é importante (S17). [...] é importante para o pessoal da área de saúde pública, talvez não para nós
(S6).
89
Fica evidente nas colocações dos sujeitos o reconhecimento sobre a
importância do conhecimento das Políticas de Saúde do SUS no desempenho cotidiano
da função.
Salientam que serve para atuar na prática; para saber encaminhar os
casos à rede de atendimentos; para orientar os pacientes e familiares porque sua
atuação é junto a uma unidade de política de saúde; para estar em comum acordo e
conhecimento sobre elas para melhor integração, reflexão, análise crítica e participativa
nas propostas de mudanças; para ter uma visão ampliada do Sistema de Saúde e,
consequentemente, para instrumentalizar os profissionais na resolução e
encaminhamento dos problemas; por haver casos que são atendidos na unidade da
DASC que necessitam de cuidados com médicos especializados e, para encaminhá-los
e orientá-los, é preciso que se conheça a política de saúde pública do SUS; para que o
profissional possa fazer uso de todos os seus serviços em benefício da saúde da
população; para embasar a prática de qualquer serviço de saúde, independentemente
da característica do mesmo e, ainda, para que o profissional possa estar situado no
contexto das políticas públicas de saúde.
Para os sujeitos o conhecimento não se faz importante por
determinadas razões. Uma delas é de que a DASC não é uma unidade básica de
saúde, sendo que o atendimento médico é realizado de forma diferente, por isso o
conhecimento acaba não sendo importante. Outra colocação enfatiza que é importante,
mas não necessariamente, porque só seria na medida de sua utilização e, em seu
caso, não é utilizado nos atendimentos da DASC, o que revela o desconhecimento.
Outra ainda é de que o conhecimento seria importante se realmente funcionasse, no
entanto não se espera mais nada da política de saúde. Isso acaba revelando também
um desconhecimento, pois a DASC funciona com os atendimentos básicos, atendendo
servidores e estudantes.
Importante ressaltar que sujeitos duvidam sobre a importância do
conhecimento sobre a política de saúde, alegando que é importante somente para o
pessoal da área de saúde pública, não se identificando enquanto profissional que atua
com aspectos que envolvem a questão de saúde do SUS no momento em que atende
funcionários. Confunde sua própria atuação que é em órgão público da UEL, pois todo
90
servidor da instituição que é atendido pela DASC é um usuário do SUS, pois é o SUS
quem repassa as verbas para pagamento dos atendimentos via hospital público. A UEL
arca com as despesas de folha de pagamento dos profissionais que atuam na
DASC/AHC.
Verificamos que para um sujeito o conhecimento só é válido para
profissionais específicos de saúde, esquecendo-se que uma equipe de saúde envolve
técnicos de diversas categorias para atendimento integral do indivíduo e, que a DASC é
um órgão que está vinculado a uma rede de serviços da rede pública e não a uma rede
particular de atendimento.
As falas dos sujeitos se remetem ao ideário de Carvalho, Martin e
Cordoni Junior (2001), uma vez que vêm ocorrendo mudanças no SUS que devem ser
conhecidas e acompanhadas por profissionais que trabalham na saúde. Essas
mudanças são estabelecidas na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 196,
visualizando a saúde como um direito de toda população brasileira e dever do Estado,
sendo proporcionada mediante políticas sociais e econômicas que visem a redução do
risco de doença e de outros agravos. Também visa ao acesso universal e igualitário às
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
São mudanças significativas no conceito de saúde pública no Brasil e
na forma de pensar e manter a saúde dos cidadãos que precisam ser absorvidas por
profissionais da saúde.
É importante que a equipe de saúde da DASC/AHC perceba que a
Constituição Federal de 1988 tem a finalidade de cuidar e promover a saúde de toda a
população, melhorando a qualidade de vida dos cidadãos por meio da integração de
ações, atividades e serviços de saúde prestados por órgãos e instituições públicas,
federais, estaduais e municipais e, de forma complementar, as entidades de iniciativa
privada. Os serviços integram uma rede organizada por regiões com diferentes níveis
de complexidade.
Os serviços da rede pública ou conveniada integram, assim, o SUS. O
Hospital Universitário da UEL, unidade administrativa base do AHC, caracteriza-se
como nível de atenção terciário. É um hospital-escola público com 294 leitos, todos à
disposição do Sistema Único de Saúde (SUS).
91
Presta atendimento ambulatorial e de internamento a todas as
especialidades médicas e possui equipamentos de alta tecnologia, instalados em uma
construção antiga e com várias adaptações. É um Órgão suplementar da Universidade
Estadual de Londrina, autarquia vinculada à Secretaria de Estado da Ciência,
Tecnologia e Ensino Superior (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO REGIONAL DO NORTE
DO PARANÁ, 2005).
Da mesma forma o AHC, vinculado hierarquicamente ao HUL, segue os
mesmos princípios e diretrizes e encontra-se no contexto da Política de Saúde do SUS.
A DASC, por sua vez, encontra-se no espaço físico do AHC e, hierarquicamente está
vinculada administrativamente à superintendência do HUL, é uma unidade de
assistência à saúde com equipe multidisciplinar (médica, odontológica e de
enfermagem) que presta serviços de níveis primários ou básicos e secundários a
servidores e estudantes da UEL como parte da rede de serviços ligados às ações de
saúde do SUS. Entretanto é preciso frisar que a DASC é uma divisão que atua
essencialmente voltada para a comunidade universitária, não fazendo parte da rede de
assistência pública à saúde do SUS, ou seja, não atende pessoas fora do quadro
funcional da UEL.
Para reforçar essa discussão, nos embasamos no art. 196 da
Constituição Federal, o qual estabelece sobre o financiamento do SUS, indicando que o
SUS será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do orçamento da
seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de
outras fontes, sendo esta questão de importância fundamental, pois clarifica o
financiamento do SUS.
Sabemos que o conhecimento da LOS também é significativo porque
dispõe sobre as ações e serviços públicos de saúde, os quais devem ser executados
diretamente pelo Poder Público e que os serviços contratados ou conveniados devem
ser desenvolvidos de acordo com as diretrizes e princípios previstos no Artigo 198 da
Constituição.
Diante desse conceito, entendemos a necessidade de uma equipe que
trabalha nessa área possuir conhecimentos que são necessários para estabelecer a
relação do que se faz com os princípios e diretrizes norteadores da Política de Saúde.
92
6.2.6 Interferência do Conhecimento da Política de Saúde na Qualidade do Trabalho da Equipe de Saúde
Ao citar se o conhecimento da política de saúde interfere na qualidade
do trabalho, os sujeitos relatam que é importante e que dá sustentação e qualidade ao
trabalho:
[...] Sim, como toda política (S1). [...] sem tais conhecimentos é impossível aplicar o conhecimento profissional, e não estarei, portanto, bem conectado à rede de serviços de saúde (S2). [...] infelizmente preciso encaminhar pacientes do setor que atendo para serviço público (S4). [...] o conhecimento da política de saúde interfere na qualidade do meu trabalho, mais do que um conhecimento mínimo, o que interfere é quando além de não sabermos, esquecemos que existe uma Política e que devemos consultá-la sempre que necessário (S5). [...] sim, em recursos (S7). [...] sim (S12). [...] o profissional deve familiarizar-se com as questões e propostas relativas à saúde e educação, articulando de forma crítica, planejando e recriando novas bases para a sua práxis (S13). [...] o conhecimento interfere na qualidade do meu trabalho porque sem ele o profissional deixa de oferecer o serviço que desconhece (S16). [...] interfere porque os direitos dos pacientes não são garantidos conforme determina a lei (S18).
Os sujeitos entrevistados também revelam que não é importante
conhecer a política e que não está relacionada à qualidade do trabalho, conforme
segue:
[...] não é importante o conhecimento na minha esfera de atuação porque não dependo de postos de saúde. Por exemplo: aqui na UEL contamos com o atendimento especializado em diversas áreas, como realização de exames e temos uma política pautada nas normas reguladoras da saúde ocupacional. Não tenha dúvida de que, se fosse uma prerrogativa, eu estaria absolutamente interada das políticas de saúde, suas leis e portarias. Até porque, com toda certeza eu encontraria o que preciso em sites oficiais do Ministério da Saúde (S3). [...] não interfere (S6).
93
[...] não porque o SUS, na teoria, é o melhor plano de saúde do mundo, mas na prática, não funciona (S8). [...] não interfere na qualidade do meu trabalho (S9). [...] não interfere (S11). [...] o conhecimento da Política de Saúde não interfere na qualidade do meu trabalho porque a DASC não está inserida no contexto do SUS (S15). [...] não (S19). [...] não porque não tem poder decisório, o conhecimento é próprio(S20).
Constatamos que os entrevistados não sabem se o conhecimento sobre
a política de saúde interfere na qualidade do trabalho, como explanado abaixo:
[...] imagino que sim, pois atualmente não conheço (S10). [...] não sei (S17)
Na visão de um sujeito verificamos que o conhecimento sobre a política
de saúde interfere da seguinte maneira:
[...] se pensar apenas no meu trabalho, acho que interfere parcialmente, uma vez que não estamos inseridos na rede de atenção à saúde do SUS (S14).
Como percebemos nas respostas fica evidente o reconhecimento da
interferência do conhecimento da política de saúde como toda e qualquer política. Sem
o respectivo conhecimento a aplicação prática fica desconectada à rede de serviços
necessária para esclarecer e encaminhar os pacientes.
Um sujeito diz que é preciso pelo menos um conhecimento mínimo,
pois o que mais interfere na qualidade do trabalho é quando além de não saber, o
profissional acaba esquecendo que existe uma Política que deve ser consultada
sempre que necessário. Outro entrevistado diz que o conhecimento da política de
saúde interfere na qualidade do trabalho em termos de recursos. Outro, ainda, coloca
que o conhecimento interfere na qualidade do trabalho porque sem ele o profissional
deixa de oferecer o serviço por desconhecê-lo. Um outro entrevistado fala que interfere
porque os direitos dos pacientes não são garantidos conforme determina a lei.
Na percepção de outros sujeitos o conhecimento da política de saúde
não interfere na qualidade do trabalho, que não é importante na esfera de sua atuação
porque não depende de postos de saúde, pois a UEL conta com o atendimento
94
especializado em diversas áreas e com exames. A política de atendimento está
pautada nas normas reguladoras da saúde ocupacional e se realmente fosse uma
prerrogativa o profissional estaria inteiramente interado sobre as políticas de saúde, leis
e portarias. E, se realmente fosse importante ele encontraria o que precisa em sites
oficiais do MS.
Um sujeito cita que o conhecimento não é importante porque o SUS, na
teoria, é o melhor plano de saúde do mundo, mas na prática, não funciona. Um outro
entrevistado coloca que o conhecimento da Política de Saúde não interfere na
qualidade do trabalho, porque a DASC não está inserida no contexto do SUS. Um outro
ainda revela que não é imprescindível porque o profissional não tem poder decisório, o
conhecimento acaba sendo para uso próprio.
Constatamos que dois sujeitos não sabem se o conhecimento sobre a
política de saúde interfere na qualidade do trabalho. Um deles imagina que interfere,
mas não conhece; outro diz que não sabe se interfere.
Na resposta de um sujeito verificamos que o conhecimento sobre a
política de saúde interfere parcialmente na qualidade do trabalho, reforçando que o seu
trabalho não está inserido na rede de atenção básica do SUS.
Entendemos que a política de saúde implantada atualmente interfere na
qualidade de trabalho dos profissionais de saúde da DASC/AHC, pois ela encontra-se
pautada numa CF e tem sua base no movimento da reforma sanitária brasileira e,
consequentemente, na implantação do Sistema Único de Saúde (SUS).
Na 8ª. Conferência Nacional de Saúde a participação efetiva de
instituições do setor de saúde, de entidades da sociedade civil, grupos profissionais e
partidos políticos evidenciam-se modificações necessárias ao setor saúde que
ultrapassam os limites de uma reforma administrativa e financeira, devendo haver
reformulação profunda, ampliando-se o próprio conceito de saúde e sua
correspondente ação institucional, constituindo-se o que se denominou de Reforma
Sanitária que fortaleceu e expandiu o setor público.
De acordo com a visão Braga e Paula (1981), no Sistema Único, a
gestão da saúde passa a ser descentralizada, regionalizada e hierarquizada, além de
95
ser uma unidade na condução das políticas, na integração das ações e na participação
dos usuários dos serviços.
6.2.7 Diretrizes da Politica de Saúde Aplicadas no Desenvolvimento das Atividades Cotidianas da Equipe de Saúde
Identificamos nos dizeres de sujeitos que aplicam as diretrizes no
desenvolvimento das ações cotidianas de trabalho que elas estão relacionadas à:
[...] hierarquização quando reenvio casos de pacientes à rede básica ou encaminhado à internação; equidade, quando procuro que todos os pacientes tenham acesso ao seu tratamento, não importando sua condição financeira e as ações necessárias a isso (S2). [...] formação de rede de serviços integrada; acesso à medicamentos necessários para tratamento; direito igualitário ao acesso a serviços de saúde e respeito à qualquer singularidade do paciente. Atendimento a pacientes dependentes em CAPS e internação para desintoxicação em hospital geral. Promover atenção integral a pessoas com sofrimento psíquico (S5). S13 - [...] descentralização (municipalização); integralidade; equidade e ações de promoção, proteção e recuperação da saúde (S13). [...] as que mais usamos são: atendimento gratuito à população, vacinas, farmácia básica (S16). S18 – [...] igualdade, integralidade e universalidade (S18). Os sujeitos que não aplicam as diretrizes do SUS por falta de
conhecimento revelam:
[...] deixou em branco (S3). [...] procuro me inteirar dos programas, dos protocolos, mas só a parte científica; prefiro encaminhar a burocrática para outros profissionais mais competentes nessa área (S4). [...] não respondeu (S6). [...] não sei (S8). [...] não sei (S9). [...] não respondeu (S10.) [...] desconheço (S11). [...] deixou em branco (S12). [...] não respondeu (S17). [...] não lembro (S20).
96
Os sujeitos entrevistados acabam aplicando de maneira confusa,
achando que estão pautados nas diretrizes do SUS:
[...] saúde ocupacional e mental (S1). [...] importante ressaltar que esta unidade de atendimento não está inserida na rede de atendimento do SUS, logo as políticas de saúde SUS são referência para encaminhamentos dos usuários (alunos) (S14). [...] uma vez que não estamos inseridos no Sistema SUS, não há como aplicar as diretrizes da Política de Saúde do SUS nas rotinas de trabalho. Somente as orientações de encaminhamentos à especialidades de como o usuário dever proceder (S15). [...] saúde mental e ocupacional (S19).
Ainda dentre os sujeitos um diz não utilizar as diretrizes do SUS porque
não está ligado de forma direta, ou seja, acredita que seu trabalho na equipe de saúde
só está vinculado de forma indireta quando atende o servidor que utiliza os serviços
pagos pelo SUS na DASC/AHC:
[...] não estou ligado de forma direta (S7).
Como podemos perceber fica constatado a aplicação das diretrizes no
desenvolvimento das ações cotidianas de trabalho.
As diretrizes mais aplicadas pela equipe são: a hierarquização quando
no encaminhamento de pacientes à rede básica ou para internação; a equidade quando
procuram proporcionar o acesso de tratamento aos pacientes, não se importando com
sua condição financeira e às ações necessárias para esse atendimento; a rede
integrada de acesso a medicamentos; o direito igualitário ao acesso de serviços de
saúde e a promoção de atenção integral aos pacientes. Um outro sujeito acrescenta
que utiliza a descentralização, integralidade, ações de promoção, proteção e
recuperação da saúde. Outro sujeito diz que utiliza os princípios da igualdade,
universalidade e integralidade.
Entendemos que o texto constitucional definiu como diretrizes do SUS a
universalização, equidade e a integralidade, tendo como princípios a descentralização,
hierarquização, regionalização, resolutividade, complementariedade do setor privado e
a participação popular. No momento que o art. 196 da Constituição Federal conceitua
97
que a “saúde é direito de todos e dever do Estado“, se define de maneira clara a
universalidade da cobertura do SUS.
Na concepção de Carvalho, Martin e Cordoni Junior (2001) o SUS
passa a ter seus princípios estabelecidos na Lei Orgânica da Saúde (LOS), com base
no artigo 198 da Constituição Federal de 1988. Os princípios dizem respeito à
universalidade, integralidade e equidade, os quais, às vezes, são chamados de
princípios ideológicos ou doutrinários. Os princípios da descentralização, da
regionalização e da hierarquização são denominados de princípios organizacionais. O
princípio da participação popular, no entanto, ainda não está claro em relação a sua
classificação. Os princípios se resumem nas seguintes definições:
O princípio da universalização diz respeito à igualdade de acesso aos
serviços de saúde, enquanto direito de todos. A integralidade se reporta à superação da
dicotomia entre serviços preventivos e curativos e atuação em nível individual e
coletivo, incluindo a área de prevenção de doenças e a promoção da saúde. A
equidade é a igualdade de oportunidade em utilizar o sistema de saúde.
A participação dos usuários se dá na gestão e no controle do SUS. Eles
participam das Conferências de Saúde, que ocorrem a cada quatro anos, dos
Conselhos de Saúde, dos órgãos colegiados em todos os níveis.
A descentralização política e administrativa do SUS existe nas esferas
nacional, estadual e municipal. Cada uma tem seu comando único e as atribuições
próprias. Os municípios têm assumido papel cada vez mais importante na prestação e
no gerenciamento dos serviços de saúde. As transferências financeiras são passadas
para os fundos de saúde de acordo com o número de atendimentos.
Lembramos que Mendes (1998, p.34) comenta que o SUS fundamenta-
se na descentralização com diversas vantagens, pois existe uma “[...] organização mais
racional dos serviços em bases geográficas e administrativas”. Com isso há um maior
envolvimento das comunidades locais com sua própria saúde; uma redução da
duplicação de serviços; possibilidades de contenção de custos; controle social sobre os
serviços e melhoria nas atividades intersetoriais.
Na hierarquização e regionalização os serviços de saúde são divididos
em níveis de complexidade, ou seja, nível primário, secundário e terciário que são
98
oferecidos à população. Quanto mais bem estruturado for o fluxo de referência e contra-
referência entre os serviços de saúde, melhor a eficiência e eficácia dos mesmos. Cada
serviço de saúde tem uma área de abrangência, isto é, ele é responsável pela saúde de
uma parte da população.
A LOS estabelece, ainda, princípios de: preservação da autonomia das
pessoas na defesa de sua integridade física e moral; direito às pessoas assistidas
sobre informação a respeito de sua saúde; divulgação de informações quanto ao
potencial dos serviços de saúde e sua utilização pelo usuário; utilização da
epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, de alocação de recursos e de
orientação programática; integração, em nível executivo, das ações de saúde, meio
ambiente e saneamento básico; conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos,
materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na
prestação de serviços de assistência à saúde da população; capacidade de resolução
dos serviços em todos os níveis de assistência; organização dos serviços públicos de
modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos.
6.2.8 Dificuldades que Impedem o Conhecimento da Política de Saúde no Cotidiano do Trabalho da Equipe de Saúde
As colocações dos sujeitos do estudo evidenciam dificuldades que
impedem o conhecimento da política de saúde no cotidiano profissional, enfatizam:
[...] sim, mas procuro conhecê-las na medida que utilizo (S1). [...] falta acesso a informações, acesso aos responsáveis e acesso aos serviços (S4). [...] não tenho tempo e nem interesse (S6). [...] não se discute sobre política de saúde (S7). [...] desconhecimento das políticas de saúde (S9).
[...] falta de tempo falta (10.) [...] acesso aos materiais (S11). [...] falta de informação e esclarecimentos (S12). [...] falta de participação ativa nas propostas e formulação das políticas públicas de saúde e eventos (S13). [...] não recebo informação alguma (S17).
99
Dentre os entrevistados, um afirma que tudo que se relaciona ao SUS é
mal visto e que acaba não despertando interesse:
[...] tudo o que se relaciona ao SUS é mal visto e desperta pouco interesse (S8).
Dentre os sujeitos um diz que não possui dificuldades que impedem o
conhecimento da política de saúde no cotidiano do trabalho:
[...] o governo mostra com clareza e detalhes todas as técnicas disponíveis no SUS. Mostrar com clareza é uma coisa e acessar ao serviço é outra (S16).
Obtivemos na pesquisa 08 (40%) sujeitos que não responderam a
questão solicitada:
[...] não responderam (S2), (S3), (S5), (S14), (S15), (S18), (S19), (S20).
Como fica evidenciado nas reflexões, existem dificuldades apresentadas
pelos sujeitos da pesquisa que se referem em grande parte pela falta de tempo, de
interesse, de acesso a informações e a esclarecimentos, por ausência de acesso aos
responsáveis e aos recursos materiais e aos serviços; por não haver uma discussão
sobre o assunto; por não se acreditar nas políticas de saúde, pela falta de participação
ativa nas propostas e formulação das políticas públicas de saúde e eventos; por não
receber nenhum tipo de informação. Um deles diz ainda que tudo o que se relaciona ao
SUS é mal visto e desperta pouco interesse. Outro, também, revela que o governo
mostra com clareza e detalhes todas as técnicas disponíveis no SUS, no entanto,
mostrar com clareza é uma coisa e fazer o sistema funcionar e a população ter acesso
aos serviços é outra.
100
6.2.9 Sugestões para Aquisição de Conhecimentos sobre Políticas de Saúde
No que se refere às sugestões da equipe de saúde para aquisição de
conhecimentos que envolvem a política de saúde, identificamos nas falas dos sujeitos
algumas propostas que se referem:
[...] mesas redondas, curso através dos recursos humanos (sem ser especialização), eventos e outros (S5) [...] informática, interesse das pessoas que dirigem em repassar tais conhecimentos, princípios, conceitos, programas, etc (S7). [...] acredito que por estar há anos exercendo a profissão, e em constante procura por conhecimento, tenho percebido que os profissionais de maneira geral não conhecem bem as políticas de saúde, ou pelo menos às quais estão relacionadas com seu cotidiano de trabalho. Logo, uma conscientização realizada por meio de alguma estratégia pedagógica poderia ser realizada. Com discussão sobre ela e o papel de cada profissional diante deste contexto (S14). [...] é necessário ter visão ampla para saber orientar a população, porém hoje já não estamos inseridos e a política de saúde pouco se aplica à unidade. Quanto à aquisição de conhecimento hoje a internet disponibilizam materiais e informações para toda a sociedade, além de manuais escritos. Acredito que o acesso a esses meios ajudaria (S15). [...] acho que os profissionais da área da saúde deveriam receber informações através de seus Conselhos Regionais específicos (S17). [...] políticas de saúde, ou pelo menos às quais estão relacionadas com seu cotidiano de trabalho [...] discussão sobre ela e o papel de cada profissional diante deste contexto (S14).
Um número de sujeitos sugere que o conhecimento sobre políticas de
saúde deve ser obtido, através de:
[...] literatura de fácil acesso à população, cartazes explicativos (S2).
[...] simplificando basta acessar a internet (S3). [...] desinformação pessoal (S11).
[...] integração com a legislação, busca ativa e contínua, participação nos eventos de políticas públicas de saúde (S13).
101
[...] os profissionais procurem se interessar mais pelos conhecimentos e informações das políticas do SUS e lancem mão em benefício da população (S16). [...] estudar mais para conhecer as políticas que norteiam as ações do SUS
(S18). [...] ter boa vontade de se inteirar (S20).
Encontramos um sujeito que perdeu a esperança na política de saúde que envolve o governo e os serviços públicos de um modo geral e um que não tem interesse em conhecer sobre o assunto:
[...] não tenho mais esperança alguma em políticas de saúde que envolve governos e serviços públicos. A situação do país está ruim e vai piorar, na saúde pública, vertiginosamente (S4).
[...] não é de meu interesse (S6).
Ainda, constatamos um sujeito que sugestiona em acabar com o SUS em prazo pré-determinado:
[...] tenho outra sugestão: acabar com o SUS num prazo de 10 a 15 anos (S8). Como podemos constatar as respostas dos sujeitos revelam sugestões
importantes, como: realização de mesas redondas, eventos, cursos de pequena
duração promovidos pelo setor recursos humanos da instituição e pelos responsáveis
que dirigem o trabalho, conscientização aos profissionais com estratégias pedagógicas,
informações através dos Conselhos Regionais específicos.
Em conformidade, ainda, com as falas dos sujeitos coletamos algumas
sugestões de conteúdos teóricos e práticos que podem ser acopladas ao conhecimento
sobre a política de saúde, como: princípios, conceitos, programas, políticas que
embasam o cotidiano do trabalho, formas e sites por meio da informática, discussão
sobre a política de saúde do SUS e a própria política específica da DASC no AHC e o
papel de cada profissional diante desse contexto.
Podemos constatar no conteúdo das falas dos sujeitos que existem
sugestões em que o conhecimento sobre políticas de saúde deve ser obtido pelos
próprios profissionais. Isto quer dizer que eles mesmos devem se interessar na busca
do conhecimento por meio de literatura de fácil acesso, cartazes explicativos, acesso à
internet, integração com a legislação, uma busca ativa e contínua dos conhecimentos,
participação em eventos de políticas públicas de saúde, maior interesse pelos
conhecimentos e informações das políticas do SUS para melhor beneficiar a população
102
atendida, procurar estudar mais para conhecer as políticas que norteiam as ações do
SUS, enfim, ter boa vontade de se inteirar mais sobre os assuntos relacionados direta
ou indiretamente com a profissão.
103
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Afinal, qual a reflexão que a equipe de saúde da DASC/AHC possui
sobre a política de saúde e as ações cotidianas para subsidiar a ação profissional em
busca de uma melhor qualidade de trabalho dedicada aos usuários?
É com esse objetivo que construímos esse estudo, pois entendemos
que uma equipe de saúde deve se pautar e reconhecer a importância do conteúdo
teórico que embasa sua prática no serviço de saúde vinculado à estrutura do SUS,
enquanto componentes da Política de Saúde, podendo desempenhar com melhor
eficiência e eficácia a ação profissional.
Essa inquietação esteve presente no decorrer deste trabalho.
Acreditamos que esse tema por si só foi instigante e necessário para desvelar os
determinantes do conceito de política de saúde atual, dos princípios, diretrizes, redes
de serviços, medicamentos, qualificação de recursos humanos, leis vinculadas à política
de saúde pública do SUS e a reflexão que a equipe de saúde da DASC/AHC possui
sobre esses conceitos desvelando a relação teórico-prática no cotidiano de trabalho.
Deduzimos que esse estudo contribuirá para a equipe de saúde como
também para os estudantes e servidores da UEL que utilizam os serviços da DASC, os
quais compõem o universo de usuários do SUS, pois esperamos estimular o
desenvolvimento de campanhas esclarecedoras e informativas, novas maneiras de
planejar, programar e executar ações de capacitação dirigidas à equipe de saúde na
função de médicos, assistentes sociais, dentistas, enfermeiros, psicólogos,
nutricionistas, com intuito de reduzir ou eliminar as dúvidas sobre as Políticas de Saúde.
As referências bibliográficas que levantamos para elucidar o conceito
de política de saúde sinalizaram que a Política de Saúde do SUS é uma nova forma
política e de organização dos serviços e ações de saúde no Brasil, estabelecida a partir
da Constituição Federal de 1988, pois a saúde passa a ser um “direito de todos e dever
do Estado” garantida mediante políticas sociais e econômicas que visem reduzir o risco
de doenças e de outros agravos.
Constatamos que com as mudanças ocorridas na saúde a população
passa a ter acesso universal e igualitário mediante as ações e serviços para promoção,
104
proteção e recuperação da saúde. Isso foi importante para a população, a partir do
momento que a saúde passa a constituir-se em uma das políticas públicas do Governo
e não mais enquanto assistência médico-hospitalar, curativa ou preventiva.
Como determinante a saúde passa a ser resultante de políticas sociais
e econômicas e de fatores que determinam e condicionam o estado de bem-estar físico,
mental e social do indivíduo, incluindo alimentação, moradia, saneamento básico, meio
ambiente, transporte, trabalho, renda e lazer.
Passa, assim, a prestar assistência às pessoas por meio de ações de
promoção, proteção e recuperação da saúde, com ações assistenciais e preventivas
integradas. Ele abrange as ações de vigilância epidemiológica, saúde do trabalhador e
assistência terapêutica e farmacêutica integral.
A partir dessa premissa o desenvolvimento do SUS teve alguns
avanços, desafios e reafirmação dos seus princípios, a partir do momento que foram
incluídas nas ações e serviços públicos de saúde as ações de vigilância sanitária;
vigilância epidemiológica e controle de doenças; vigilância nutricional, controle de
deficiências nutricionais, orientação alimentar e segurança alimentar, promovida no
âmbito do SUS; educação para a saúde; saúde do trabalhador; assistência à saúde em
todos os níveis de complexidade; assistência farmacêutica; atenção à saúde dos povos
indígenas; capacitação de recursos humanos do SUS; pesquisa e desenvolvimento
científico e tecnológico em saúde promovido por entidades do SUS; produção,
aquisição e distribuição de insumos setoriais, como: medicamentos, imunobiológicos,
sangue e hemoderivados e equipamentos; saneamento básico e do meio ambiente
associado ao controle de vetores; serviços de saúde penitenciários, desde que firmado
Termo de Cooperação entre os órgãos de saúde e órgãos responsáveis pela prestação
dos referidos serviços; atenção do controle de deficiências e ações administrativas
realizadas por órgãos de saúde no âmbito do SUS.
Outro aspecto interessante ocorreu na 10ª. CNS que ficou estabelecida
a inclusão da saúde do trabalhador nas UBS como ações diferenciadas na atenção
integral à saúde, incluindo-a no rol de despesas relativas à promoção, proteção,
recuperação e reabilitação da saúde, em que o MS e as Secretarias Estaduais e
Municipais de Saúde devem desenvolver uma política de atenção integral à saúde do
105
trabalhador por meio de ações nas unidades e serviços de saúde e através de uma
rede de referência técnica.
A vigilância em saúde do trabalhador encontra-se integrada ao SUS e
tem a incumbência de prestar assistência aos trabalhadores nos procedimentos de
diagnóstico, tratamento e reabilitação de doenças.
Visualizamos que a legislação a respeito da saúde do trabalhador vem
percorrendo uma trajetória importante e gradativa, haja vista a promulgação da portaria
nº. 34 do MT, em 1987, que estabeleceu a obrigatoriedade do Serviço Especializado
em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) nas empresas públicas
e privadas regidas pela CLT, de acordo com a NR4 que tem como objetivo reconhecer,
avaliar e controlar as causas de acidentes e doenças. Essa legislação vem sendo
cumprida na UEL, por meio do SESMT que se encontra vinculado ao SEBEC.
Diante do exposto que embasa a reflexão da equipe de saúde da
DASC/AHC no que se refere à política de saúde, concluirmos existir conhecimento
sobre o significado atribuído à Política de Saúde que embasa suas ações, legislações e
finalidades. Mesmo esse conceito não sendo claramente explicitado em todo seu
conteúdo, que acaba repercutindo positivamente na qualidade do trabalho cotidiano,
fica evidenciado a importância do conhecimento da Política de Saúde no desempenho
da função e a interferência do conhecimento da Política de Saúde na qualidade do
trabalho por parte dos sujeitos da pesquisa.
Ficou também revelado pouco conhecimento sobre as leis e portarias
que legislam a política de saúde. Isso evidencia que os profissionais necessitam de
maiores esclarecimentos sobre a questão, pois todas as mudanças sobre a política de
saúde são pautadas por meio de legislações, portarias, decretos, resoluções, dentre
outros. Uma das sugestões é elaborar uma proposta de curso de capacitação à Escola
de Governo do Estado do Paraná.
Interessante é que a maioria dos sujeitos reconhece a importância do
conhecimento das Políticas de Saúde no desempenho cotidiano da função e que ela
interfere na qualidade do trabalho cotidiano. Isso realmente é um determinador
importante no momento da implantação de uma política de capacitação e qualificação
de recursos humanos.
106
É necessário enfatizar que as reflexões apontadas indicaram
claramente que os sujeitos desvinculam o trabalho que desempenham com uma política
de saúde do SUS. Os sujeitos desvinculam o trabalho cotidiano embasado na política
de saúde do SUS porque não há o entendimento de que a unidade de saúde na
Universidade compõe o SUS. É evidente que o trabalho está vinculado a uma política
de saúde do SUS, pois a DASC encontra-se vinculado à estrutura do Hospital
Universitário pautado nas diretrizes e princípios do SUS, o qual repassa parte da verba
do SUS para sua manutenção. A UEL só fica responsável pela folha de pagamento dos
profissionais. A DASC atende uma população específica de estudantes e servidores da
UEL, não servindo como porta de entrada para a população de Londrina em geral.
Sabemos que a Lei nº. 8.080 atribui ao SUS a prestação da assistência
às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde,
com a realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas,
incluindo a saúde do trabalhador, as ações de vigilância sanitária, epidemiológica, e
assistência terapêutica integral, principalmente farmacêutica. Cabe, assim, uma revisão
de conteúdo à equipe de saúde da DASC/AHC para sanar dúvidas a respeito.
Outra questão importante é sobre conhecimento teórico sobre os
princípios e diretrizes do SUS que passam a ser estabelecidos na Lei Orgânica da
Saúde (LOS), com base no artigo 198 da Constituição Federal de 1988. Empata o
conteúdo expresso pelos sujeitos que possuem e os que não possuem esse
conhecimento. Isso requer uma revisão desses conceitos, uma vez que eles embasam
a prática da equipe de saúde.
Entendemos a necessidade de uma equipe que trabalha nessa área
possuir conhecimentos que são necessários para estabelecer a relação do que se faz
com os princípios e diretrizes norteadores da Política de Saúde. Os sujeitos não
conseguem relacionar que os princípios são estabelecidos pela LOS. Metade desses
profissionais não tem o conhecimento sobre o princípio da universalidade de acesso
aos serviços de saúde enquanto direito de todo cidadão; à integralidade dos serviços de
saúde enquanto forma de superação da dicotomia entre serviços preventivos e
curativos e atuação em nível individual e coletivo, incluindo a área de prevenção de
doenças e a promoção da saúde; o conhecimento sobre o princípio da hierarquização e
107
regionalização e o princípio da equidade que estabelece a igualdade de oportunidade
em utilizar o sistema de saúde. Não têm claro sobre o princípio da participação popular
dos usuários na gestão e no controle do SUS e que esse princípio ainda não está claro
em relação a sua classificação que foi regulada pela Lei nº. 8.142.
Fica evidente, também, que metade dos profissionais de saúde não tem
total conhecimento sobre o princípio de descentralização política e administrativa do
SUS que existe nas esferas nacional, estadual e municipal com comando único e
atribuições próprias e que os municípios têm assumido papel cada vez mais importante
na prestação e no gerenciamento dos serviços de saúde, sendo que as transferências
financeiras vão para os fundos de saúde baseadas em sua população e no tipo de
serviço oferecido, e não no número de atendimentos e na qualidade do serviço
prestado.
Sabemos que é importante ter claro essa questão porque o SUS
fundamenta-se na descentralização com diversas vantagens, ou seja, ocorre uma
organização mais racional dos serviços em bases geográficas e administrativas, o que
poderá concorrer para um maior envolvimento das comunidades locais com sua própria
saúde; uma redução da duplicação de serviços; possibilidades de contenção de custos;
controle social sobre os serviços e melhoria nas atividades entre os setores.
Outra questão importante revelada na pesquisa é sobre a
hierarquização e regionalização. Elas se referem aos serviços de saúde divididos em
níveis de complexidade. Mesmo não sabendo teorizar claramente os níveis de atenção
do SUS percebemos que a maioria da equipe de saúde acaba dominando esse
conteúdo na parte prática.
Ficou identificado, no entanto, que a aplicação das diretrizes do SUS no
desenvolvimento das ações cotidianas não é realizada pela maioria dos profissionais.
As diretrizes mais aplicadas são: hierarquização quando no encaminhamento de
pacientes à rede básica ou para internação; equidade quando procuram proporcionar o
acesso de tratamento aos pacientes, não se importando com sua condição financeira e
às ações necessárias para esse atendimento; a rede integrada de acesso a
medicamentos; direito igualitário ao acesso de serviços de saúde e a promoção de
atenção integral aos pacientes; a descentralização, integralidade, ações de promoção,
108
proteção e recuperação da saúde, além dos princípios da igualdade, universalidade e
integralidade.
Verificamos que apesar do conhecimento da equipe de saúde sobre as
leis e portarias que legislam sobre a política de saúde, editadas, principalmente, pelo
MS não ser representativo, este fato não implica diretamente no desenvolvimento das
atividades cotidianas de trabalho dos profissionais, pois os serviços realizados
Podemos constatar que realmente essas leis, portaria e resoluções são
diversas e estão em constantes mudanças, o que dificulta muito o conhecimento a
respeito.
Em relação ao posicionamento acerca da importância do conhecimento
das Políticas de Saúde do SUS no desempenho cotidiano da função, constatamos que
os sujeitos revelam ser necessário, uma vez que vêm ocorrendo mudanças no SUS que
devem ser conhecidas e acompanhadas por esses mesmos profissionais, mesmo sem
vinculação direta ao SUS.
No que se refere à Política de Saúde implantada atualmente podemos
concluir que ela vem sendo exercida pelos profissionais da saúde com base no
movimento da reforma sanitária brasileira, o que ocasionou na implantação do SUS. É
necessário, assim, que a equipe de saúde se aproprie das discussões e resultados das
Conferências de Saúde, que ocorrem a cada quatro anos, com a participação efetiva de
instituições do setor de saúde, de entidades da sociedade civil, grupos profissionais e
partidos políticos que evidenciam modificações necessárias ao setor saúde.
E, que no Sistema Único, a gestão da saúde passa a ser
descentralizada, regionalizada e hierarquizada, além de ser uma unidade na condução
das políticas, na integração das ações e na participação dos usuários dos serviços.
Esse conhecimento é essencial para uma equipe de saúde tornar-se um sujeito
participativo no processo como para esclarecer os servidores e estudantes da
instituição sobre a importância de sua participação.
Em termos sobre o conhecimento da política de saúde na interferência
da qualidade do trabalho podemos concluir que menos da metade reconhece que ele
acaba interferindo.
109
Entendemos que os conhecimentos sobre as políticas de saúde devem
subsidiar a prática assistencial, a fim de proporcionar uma melhor condução nas ações
de saúde.
Acreditamos que, pelo menos, um conhecimento mínimo se faz
necessário, pois o que mais interfere na qualidade do trabalho é quando, além do
desconhecimento, o profissional acaba esquecendo que existe uma Política que deve
ser consultada sempre que necessário, conforme relatada por um dos entrevistados.
Sem o conhecimento teórico a qualidade do trabalho fica prejudicada.
As dificuldades apresentadas quanto à aquisição de conhecimento
sobre a política de saúde se referem em grande parte pela falta de tempo, de interesse,
de acesso a informações e esclarecimentos, por ausência de acesso aos responsáveis,
aos recursos materiais e aos serviços; por não haver uma discussão sobre o assunto;
por não se acreditar nas políticas de saúde, pela falta de participação ativa nas
propostas e formulação das políticas públicas de saúde e eventos ou por não receber
nenhum tipo de informação. Ainda é revelado que tudo que se relaciona ao SUS é mal
visto e que acaba não despertando interesse.
Sugestões são apontadas pelos sujeitos para aquisição de
conhecimentos que envolvem a política de saúde. São apresentadas algumas
propostas que poderiam ser implantadas, como mesas redondas, eventos, cursos de
pequena duração promovidos pelo setor recursos humanos da instituição, pela Escola
de Governo e pelos responsáveis que dirigem o trabalho, por meio de elaboração de
propostas e projetos de capacitação, uma maior conscientização aos profissionais com
estratégias pedagógicas e informações dos Conselhos Regionais específicos. Podemos
acrescentar, ainda, sugestões de conteúdos teóricos e práticos que podem ser
acopladas ao conhecimento sobre a política de saúde, como: princípios, conceitos,
programas, políticas que embasam o cotidiano do trabalho, formas e sites existentes
sobre o assunto, discussão sobre a política de saúde do SUS e a própria política
específica da DASC no AHC, a política e o trabalho desenvolvido pelo SESMT
vinculado ao SEBEC da UEL em relação à saúde do trabalhador e o papel de cada
órgão e de cada profissional diante desse contexto.
110
Algumas sugestões se voltam para que o conhecimento sobre políticas
de saúde seja obtido pelos próprios profissionais, pois eles mesmos devem se
interessar e buscar o conhecimento por meio de literatura de fácil acesso, cartazes
explicativos, acesso à internet, integração com a legislação, uma busca ativa e contínua
dos conhecimentos, através da participação em eventos de políticas públicas de saúde,
de maior interesse pelos conhecimentos e informações das políticas do SUS para
melhor beneficiar a população atendida, procurar estudar mais para conhecer as
políticas que norteiam as ações do SUS, enfim, ter boa vontade de se inteirar mais
sobre os assuntos relacionados direta ou indiretamente com a profissão.
Desta forma, a importância sobre o conhecimento de política de saúde
para uma equipe que trabalha na área é primordial e indispensável e deve ser
interpretada subjetivamente, nas particularidades de cada situação, diante do
comprometimento com a qualidade dos serviços prestados aos usuários.
A busca de conhecimento é um desafio para qualquer profissional e
deve ser atingida com metas nos resultados de maior eficiência e eficácia. Resta,
assim, à equipe de profissionais de saúde da DASC construir estratégias de ação para
atingir esse objetivo. É preciso lançar propostas e projetos à Pró-Reitoria de Recursos
Humanos da UEL e à Escola de Governo do Estado do Paraná, a qual se encontra com
uma excelente política de capacitação aos servidores estaduais.
Verificamos diferentes aspectos que interferem no conhecimento sobre
a política de saúde, seus princípios, diretrizes, leis, portarias, etc. Dentre ele é a falta de
interesse e reflexões sobre ela por parte da equipe. É o que dá para perceber ao
elaborar o presente estudo, pois encontramos boa parte dos entrevistados que
respondeu às questões com certa brevidade, sem dar muita importância ao assunto,
não dedicando tempo suficiente para dar uma resposta completa.
No entanto, nunca é tarde para se buscar o conhecimento necessário
para a atuação profissional. Fica com esse estudo, a certeza de que a população de um
modo geral, incluindo a equipe de saúde da DASC/AHC, poderá transformar qualquer
realidade, pois somente com o aprofundamento do conhecimento poderemos nos
conscientizar, questionar, refletir e se mobilizar diante das insatisfações vivenciadas.
111
Nessa perspectiva, o papel de cada profissional e de cada gestor é
determinante na superação dos desafios e na consolidação de um sistema de saúde
comprometido com as necessidades específicas de cada localidade e setor. A gestão
pública, como instrumento de ação política, deve buscar sempre a construção de uma
sociedade mais eqüitativa e democrática.
É importante que iniciativas voltadas para avaliação e reflexão do
conhecimento prático sejam desenvolvidas constantemente para melhoria da
capacitação profissional, incluindo a equipe de saúde na construção e disseminação do
conhecimento sobre o seu processo de trabalho.
É fundamental que realmente empenhemos esforços na qualificação de
recursos humanos, no conhecimento das políticas de saúde, visando melhorar o
rendimento e a efetividade da administração pública, de forma a conseguir a
implementação de políticas que impactem positivamente o perfil da saúde e a qualidade
de vida dos usuários dos serviços, pois como os autores Gil, Martín e Gutierrez (2001)
evidenciam é importante que se busque a formação de profissionais de saúde mais
engajados e sensibilizados com as necessidades da comunidade e mais sujeitos
sociais dos processos de mudanças do que meros receptores das conseqüências
postas.
112
REFERÊNCIAS
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117
APÊNDICE A
Roteiro de Pesquisa
QUESTÕES:
1) Sabe o que é Política de Saúde?
1.a. ( ) SIM 1.b. ( )NÂO
1.c. Se sim, o que é?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
2) Cite as leis e portarias que legislam sobre a política de saúde editadas pelo Ministério
da
Saúde, ANVISA, e do que cada uma trata na sua essência.
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
3) Conhece quais são as diretrizes e princípios do Sistema Único de Saúde (SUS)?
3.a. ( ) SIM 3.b. ( )NÂO
3.c. Se sim, quais são?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
118
4) Conhece os níveis de atenção que constam na Política de Saúde indicada para o SUS?
4.a. ( ) SIM 4.b. ( )NÂO
4.c. Se sim, descreva os níveis de atenção do SUS e a finalidade de cada um:
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
5) É importante o conhecimento das Políticas de Saúde Pública do SUS no desempenho
de sua função?
5.a. ( ) SIM 5.b. ( )NÂO
5.c. Justifique:__________________________________________________________
________________________________________________________________________
6) Você acredita que o conhecimento da Política de Saúde interfere na qualidade de seu
trabalho?
6.a. ( ) SIM 6.b. ( )NÂO
6.c. Justifique: _________________________________________________________
________________________________________________________________________
7) Das Diretrizes da Política de Saúde do SUS, quais são as que você aplica no
desenvolvimento de suas atividades cotidianas?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
119
________________________________________________________________________
8) Tem algum curso de pós-graduação na área da saúde?
8.a ( ) SIM 8.b ( ) NÃO
8.c. Se sim, qual?
________________________________________________________________________
9) Existem dificuldades para o conhecimento da Política de Saúde no cotidiano de seu
trabalho?
1.a ( ) SIM 9.b ( )NÂO
9.c.Se sim, quais são as principais?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
Quais as sugestões para a aquisição de conhecimentos em relação às Políticas de
Saúde?__________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
120
APÊNDICE B
Ofício enviado ao Superintendente do HUL para autorização da pesquisa pela
instituição
Londrina, 25 de julho de 2007
PREZADO SUPERINTENDENTE:
Solicitamos de V.Sa. autorização para a realização da pesquisa com a
equipe de trabalho da Divisão de Saúde à Comunidade intitulada: Conhecimento da
Equipe de Saúde da Divisão de Atendimento à Saúde da Comunidade do Ambulatório
do Hospital de Clínicas, da Universidade Estadual de Londrina, sobre a Política de
Saúde e a Relação com as ações cotidianas, a qual poderá contribuir com dados para
subsidiar propostas de trabalho no que se refere à assistência prestada aos servidores
e estudantes da Universidade Estadual de Londrina.
A pesquisa faz parte de crédito obrigatório para a conclusão do Curso
de Especialização em Formulação e Gestão de Políticas Públicas, coordenado pelo
Centro de Estudos Sociais Aplicados, da Universidade Estadual de Londrina, oferecido
pela Escola de Governo do Estado do Paraná.
Esperando contar com a colaboração de V.Sa., nos colocamos à
disposição para quaisquer esclarecimentos, pelos telefones: 9942-5649/3327-8910 e
3371-4347.
Atenciosamente,
Edna Ricci
Discente do Curso de Especialização
Ilmo. Sr.
DR. Ms. Francisco Eugênio
SUPERINTENDENTE DO HU
121
APÊNDICE C
Ofício enviado à Chefia da DASC para autorização da pesquisa pela instituição
PREZADA SENHORA:
Solicitamos de V.Sa. autorização para a realização da pesquisa
com a equipe de trabalho da Divisão de Saúde à Comunidade intitulada: Conhecimento
da Equipe de Saúde da Divisão de Atendimento à Saúde da Comunidade do
Ambulatório do Hospital de Clínicas, da Universidade Estadual de Londrina, sobre a
Política de Saúde e a Relação com as ações cotidianas, a qual poderá contribuir com
dados para subsidiar propostas de trabalho no que se refere à assistência prestada aos
servidores e estudantes da Universidade Estadual de Londrina.
A pesquisa faz parte de crédito obrigatório para a conclusão do
Curso de Especialização em Formulação e Gestão de Políticas Públicas, coordenado
pelo Centro de Estudos Sociais Aplicados, da Universidade Estadual de Londrina,
oferecido pela Escola de Governo do Estado do Paraná.
Esperando contar com a colaboração de V.Sa., nos colocamos à
disposição para quaisquer esclarecimentos, pelos telefones: 9942-5649/3327-8910 e
3371-4347.
Atenciosamente,
Edna Ricci
Discente do Curso de Especialização
Ilma. Sra.
Andreza Daher
CHEFE DE DIVISÃO DA DASC/AHC/HU
122
APÊNDICE D
Ofício enviado ao Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos para
autorização da pesquisa
Londrina, 25 de agosto de 2006.
Prezados Senhores:
Encaminhamos, em anexo, o Projeto de Pesquisa intitulado:
Conhecimento da Equipe de Saúde da Divisão de Atendimento à Saúde da
Comunidade do Ambulatório do Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de
Londrina sobre a Política de Saúde e a Relação com as ações cotidianas para
apreciação e aprovação desse Comitê de Ética, a qual poderá contribuir com dados
para subsidiar propostas de trabalho no que se refere à assistência prestada aos
servidores e estudantes da Universidade Estadual de Londrina.
A pesquisa faz parte de crédito obrigatório para a conclusão do
Curso de Especialização em Formulação e Gestão de Políticas Públicas, coordenado
pelo Centro de Estudos Sociais Aplicados, da Universidade Estadual de Londrina,
oferecido pela Escola de Governo do Estado do Paraná.
Esperando contar com o apoio desse Comitê de Ética, nos
colocamos à disposição para quaisquer esclarecimentos necessários, pelos telefones:
9942-5649/3327-8910/3371-4347.
Atenciosamente,
Edna Ricci
Discente do Curso de Especialização
Ao
COMITÊ DE ÉTICA
Universidade Estadual de Londrina
Hospital Universitário de Londrina
123
APÊNDICE E
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido apresentado aos sujeitos da pesquisa
Eu, Edna Ricci, portadora do RG 2.121.903-SSP-PR, estabelecido à Rua
Charles Robert Darwin, 60 – Jardim Maringá – Londrina - Paraná, cujo telefone de contato
é 9942-5649, desenvolverei uma pesquisa cujo título é “Conhecimento da Equipe de
Saúde da Divisão de Atendimento à Saúde da Comunidade do Ambulatório do Hospital de
Clínicas da Universidade Estadual de Londrina sobre a Política de Saúde e a Relação com
as ações cotidianas”, sob orientação da Professora Mestre Lúcia Helena M. do Carmo,
RG 1062089 telefone 43 – 3371-4245 – Centro de Estudos Sociais
Aplicados/Departamento de Serviço Social/UEL.
Esta pesquisa faz parte de crédito obrigatório para a conclusão do Curso de
Especialização em Formulação e Gestão de Políticas Públicas, coordenado pelo Centro
de Estudos Sociais Aplicados, da Universidade Estadual de Londrina, oferecido pela
Escola de Governo do Estado do Paraná.
O objetivo deste estudo é analisar o conhecimento da equipe de saúde da
Divisão de Atendimento à Saúde da Comunidade (DASC) do Ambulatório do Hospital
de Clínicas (AHC) da Universidade Estadual de Londrina (UEL) em relação a Política
Pública de Saúde e a relação com as ações desenvolvidas, o que contribuirá para
levantamento de dados para subsidiar propostas de trabalho no que se refere à
assistência prestada aos servidores e estudantes da Universidade Estadual de
Londrina.
Para tanto solicito sua colaboração respondendo o instrumento de coleta de
dados.
A sua participação nesta pesquisa é voluntária e informo que tem a garantia de
acesso em qualquer etapa do estudo, sobre toda informação que for do seu interesse. Em
qualquer momento, se for da sua vontade, pode deixar de participar do estudo, sem
qualquer prejuízo, punição ou atitude preconceituosa.
As informações obtidas serão analisadas em conjunto com outras, não sendo
divulgada a identificação de nenhum dos participantes. Será garantido o sigilo absoluto
124
das informações. Não existirá despesas ou compensações pessoais para o participante
em qualquer fase do estudo.
Eu me comprometo a utilizar os dados coletados somente para pesquisa e os
resultados serão veiculados através de artigos científicos em revistas especializadas e/ou
em encontros científicos e congressos, sem nunca tornar possível a sua identificação.
Eu, ____________________________________acredito ter sido suficientemente
informado a respeito da pesquisa e decidi participar voluntariamente deste estudo. Foram
esclarecidos quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, às
garantias confidenciais e de esclarecimentos permanentes.
Ficou claro também que tenho garantia do acesso aos resultados e de esclarecer
minhas dúvidas a qualquer tempo.
Autorização:
Assinatura do participante: ....................................................................................................
Assinatura do pesquisador: ...................................................................................................
Londrina, ____/____/_____