historia de londrina

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estorias de londrina em fotos

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A exposição temporária que o Museu Histórico de Londrina “Pe. Carlos Weiss”,

em parceria com a Prefeitura Municipal e a Sociedade Amigos do Museu – SAM-

, apresenta à comunidade, por ocasião das comemorações do Setentenário, é

fruto da participação interativa dos diversos segmentos, nela, representados.

A intenção do Museu é criar um espaço onde as contribuições dos diversos

grupos formadores da cultura londrinense possam ser exibidas aos visitantes, de

modo que estes constatem as diferenças culturais entre os povos e, também, em

algum momento, encontrem sua própria identidade cultural, compreendida e

envolvida pela ação política. Queremos mostrar, também, como a construção

desta cidade foi o resultado do trabalho abnegado e contínuo de cada migrante e

imigrante que aqui se estabeleceu.

Mas você pode ser um visitante espacialmente distante de Londrina. Mesmo

assim, é nossa intenção que você possa compreender que, nesta cidade, ainda

que marcada pelas diferenças sociais, econômicas e culturais, seus integrantes

puderam construir uma comunidade caracterizada pela hospitalidade e pelo

trabalho.

Nesta Exposição “O Povo que Fez e Faz Londrina” você constata a intenção de

encurtar as diferenças, ficando assim, justificada nossa crença do quão

importante é viver em um país democrático.

PROF. JOSÉ CEZAR DOS REISDIRETOR DO MUSEU

A P R E S E N TA Ç Ã O

EXPOSIÇÃO COMEMORATIVA70 ANOS DE LONDRINA

NOVEMBRO 2004

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Quando em 1929/1930, começaram a chegar os primeiros de nós, já se sabia que a

“clareira”, no meio da mata, era uma “terra de oportunidades”, que cobrava trabalho e

oferecia-nos esperança. Japoneses, russos, ingleses, poloneses, italianos, portugueses,

paulistas, mineiros, gaúchos, nordestinos e outros foram convivendo na multiplicidade de

culturas e cooperando com o ambiente que toda construção exige.

O que parece mais estimulante nessa cidade, na altura de seus 70 anos, é que continuamos

a cultivar esse pensamento e sentimento de construção, de obra inacabada. Se a cidade

começou projetada para ter 30 mil habitantes, hoje temos 450 mil e, corajosamente, ainda

nos consideramos capazes de planejá-la. Continuamos a embelezar o cenário urbano, agora

fazendo os lagos na Região Norte; continuamos na vanguarda da geração de empregos, a

fomentar a idéia de pólo tecnológico e a iniciar um anel de empregos.

A efervescência, o vanguardismo e a sintetização cultural são nosso DNA. O poeta Paulo

Leminsky amava Londrina e chamava-a de “cidade mais inquieta do planeta”. A cidade

tornou-se pólo universitário e, da inquietação universitária, surgiram iniciativas como o

Festival Internacional de Teatro e o de Música. De Londrina, surgiram vanguardas, como os

músicos Arrigo Barnabé e Itamar Assunção; surgiram dramaturgos, como Mário Bortolloto e

Paulo de Moraes, destaques do novo teatro brasileiro; surgiram poetas, como Rodrigo Garcia

Lopes e Maurício Arruda Mendonça; surgiu o escritor Domingos Pellegrini; surgiu a

Academia...,com ilustres poetas, prosadores, cientistas e artistas.

Somos resolutos pioneiros em implantar no País uma política universalizadora do acesso à

cultura, cuja principal vocação é tornar a cidade um circuito expressivo. O Programa Rede

da Cidadania, da Prefeitura Municipal, levou a produção e circulação artísticas para todas

as regiões do Município. A efervescência criada mostra que a expressão pelas artes leva as

pessoas a se darem uma nova dimensão de valor, podendo entrar em contato com seus

sonhos, emoções e opiniões e expressá-las das mais diversas formas.

Hoje, os processos artísticos estão demandados no Município. Através do Programa

Municipal de Incentivo à Cultura – Promic-, geramos publicações, shows, festivais,

espetáculos artísticos para salas vocacionadas, locais públicos, escolas e áreas de lazer. E

geramos exposições como “O Povo que Fez e Faz Londrina”. A Prefeitura Municipal e a

Secretaria Municipal de Cultura são parceiras do Museu Histórico de Londrina “Pe. Carlos

Weiss” e da Sociedade Amigos do Museu – SAM – ao promover essa exposição. Somos

todos nós londrinenses, seus protagonistas. Ela é o que fomos, ainda ontem. Ela diz muito

sobre nosso espírito de hoje de amanhã. Bela exposição! Felicidades, Londrina!

VALDIR GRANDINI ALVARESSECRETÁRIO MUNICIPAL DE CULTURA

NOSSO ESPÍRITO EM EXPOSIÇÃO

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As pessoas chegavam à praça e deparavam-se com a banda a tocar dobrados queremetiam aos idos anos trinta.

Ao atravessarem o túnel de acesso ao Museu, eram interpeladas por pequenosjornaleiros que bradavam as últimas notícias: a inauguração da ponte sobre oTibagi, a chegada do trem a Londrina. E, no pátio, moçinhas trajando vestidos defesta e brancas meias de seda passeavam de braços- dados, olhando de longe osmoços elegantes em seus ternos bem-comportados, chapéus de feltro à cabeça...

...e os corretores da Companhia de Terras, a oferecer lotes à venda; e o baile doRedondo; e os colonos a colherem café; e a Catita, chegando com pioneiros, comseus longos guarda-pós que os protegiam da poeira vermelha, ...terra roxa...

...e, por fim, a chegada do trem!

Ouviu-se, ao longe, o apito, como grito, vindo do meio da mata, e o somresfolegante da máquina a vapor aproximando-se, num crescendo, crescendo, atése transformar numa explosiva emoção.

As pessoas na plataforma - tantos idosos pioneiros ali presentes..., envolvidas namagia daquele momento, confundiam ficção e realidade, passado e presente,quase que acreditando em que o trem estava, de fato, chegando.

Um mergulho no passado: assim, foi o feliz inaugurar desta exposição; ummergulho em gratas reminiscências de Londrina: assim, todo seu processo deplanejamento e montagem.

A comunidade participando ativamente, a oferecer objetos e móveis, inefáveislembranças de família, trabalhando ao lado do pessoal do Museu, na montagemdos cenários; o envolvimento e a colaboração de empresários, prestadores deserviço, profissionais liberais...

Comovidos, todos presenciamos o trabalho parceiro do público e do privado;demonstração inequívoca daquilo que nós, voluntários da SAM, consideramos sero objetivo maior e precípuo de nosso Museu: não apenas um guardião de objetose arquivos do passado; mas, também, uma parte da vida presente de cadacidadão londrinense.

MARIA LOPES KIREEFF PRESIDENTE DA SOCIEDADE AMIGOS DO MUSEU - SAM

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A proposta desta exposição não é simplesmente mostrar peças históricas, mas

sim, apresentar de forma lúdica e cenográfica, um pouco do cotidiano das etnias

do povo que fez Londrina. Através do mobiliário destas famílias, e com a

participação delas, mostramos parte da cultura que contribuiu para o

desenvolvimento da cidade.

arquiteta IGNES DEQUECH ALVARES

CURADORA DA EXPOSIÇÃO

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Objetivamente, a história é elaborada,

diuturnamente. Como fazer coletivo, é o resultado

da somatória de nossas ações, quando agimos

individualmente, ou, quando agimos coletivamente.

Como templo de

memória, o museu tem

procurado manter fora do

espaço temporal do

esquecimento, o resultado das

ações de cada homem e mulher que,

cotidianamente, dedicam suas vidas na

busca de resultados que envolvessem não só a

melhoria de suas condições; mas, também, o bem-

estar do outro.

Esta forma de agir tem inspirado todos nós.

Fundamentados nestes princípios, procuramos nos

imbuir da intransferível responsabilidade de, ao fim

de nossas existências, deixar às gerações futuras

um mundo cujas instituições possam tornar mais

tranqüilas a busca da história.

Aí, então, a expressão “O POVO QUE FAZ” terá

um sentido real.

PROF. JOSÉ CEZAR DOS REIS

DIRETOR DO MUSEU

o povo que faz

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o povo que fez

Acervo do Museu e empréstimos. Documentos fornecidos por pioneiros como: atestados, brevê

internacional, caderneta escolar, cardápio, carteira de identidade, carteira profissional, carteira social,

certidão, certificado de reservista, cessão de direito, convite, diploma, escritura, licença especial,

passaporte, recibo, registro de nascimento, título de eleitor e título de nomeação

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Atualmente, são 25 mil kaingangues, em São Paulo, no Paraná, Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.

O grupo sempre se localizou na Região Sul. Pertencentes ao tronco jê, pela linguagem, os kaingangues

“representam hoje uma família própria” e são conhecidos, em segmentos, por coroados, camés e xoclengs,

resume o Aurélio. Estudiosos recomendam a grafia com C, embora ainda seja freqüente com K, kaingang.

Coroados, porque “tonsuravam no alto da cabeça, deixando crescer os cabelos por detrás e os cortando

na testa, à altura das sobrancelhas”, descreveu-os Saint Hilaire. Ficavam com uma “coroa” –ou careca–

semelhante aos dos padres recém-ordenados, a prima tonsura.

Supõe-se que tenham sido minoria no território do Guairá e, por causa da ferocidade, os bandeirantes tê-

los-iam evitado.

Após o apresamento e o êxodo dos guaranis, espalharam-se os coroados ao longo dos rios paranaenses.

Combateram sistematicamente, defendendo seus espaços; mas, ante o poderio dos brancos, acabaram

submetidos, não raro massacrados, desde 1770. Na margem esquerda do Tibagi, atraídos para o

Aldeamento de São Pedro de Alcântara, a partir de 1855, convivem com brancos e são integrados à força

de trabalho, juntamente com escravos. Degradados física e culturalmente, muitos morrem de gripe,

malária e alcoolismo, até porque participavam diretamente da fabricação de cachaça.

TV Coroados, canal inaugurado, em 1963, pelos Diários e Emissoras Associados, enaltece os primitivos

habitantes da região de Londrina. Na reserva ao Sul do Município, criada em 1900, vivem atualmente

1.300 kaingangues.

Balaios, cestos, peneiras, chapéus entre outros objetos, constituem o acervo artístico e fonte de renda à

grande maioria. A feitura, com tiras de taquara entrelaçadas, obedece à técnica de trançado sarjado,

xadrezado, hexagonal e arquivado - categoria dos entrecruzados-.

Os desenhos nas cestarias são altamente simbólicos, relacionados ao quadro sócio-cultural e cosmológico

da tribo; outras vezes, são imagens de animais que compõem a mitologia kaingangue. Na atualidade,

utilizam a anilina para colorir.

Primitivos habitantes

Exemplar de cestaria executado pelas mulheresda Reserva Indígena de Tamarana. Observa-setoda uma disposição geométrica harmonicaconferindo-lhe grande valor artesanal.

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Kaigangues

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Eles preferiam que os chamassem de britânicos – british –, porque, em maioria, eram naturais da

Escócia, um dos países do Reino Unido da Grã-Bretanha.

A identificação mais notável para quem os visitasse era a cortesia com o melhor whisky de origem,

do qual mantinham estoques. Mas, na história, o escoceses que viveram, em Londrina, são “os

ingleses da Companhia de Terras”, tendo sido Arthur Thomas, gerente-geral da empresa, o mais

venerável, por sua dedicação à cidade, até morrer.

Sem eles, provavelmente, a ocupação do Norte Novo do Paraná não se efetivasse, em apenas 75

anos, talvez nem existiria Londrina.

Quando chegaram, grande parte das glebas estavam concedidas pelo Governo do Estado a outras

empresas ou pessoas físicas que se propunham a colonizar; mas que, com o passar dos anos, se

revelaram inertes, supostamente sem capital para fazer a infra-estrutura, incluindo uma ferrovia.

O grupo de investidores liderados pelo lorde escocês, Simon Joseph Fraser, o 16º Lord Lovat,

membro de uma família, há 600 anos na Grã-Bretanha, adquiriu aquelas áreas, pagando aos

antigos concessionários –mencionam-se também posseiros–, depois de prévia consulta ao Governo

do Estado, que desejava apressar a ocupação do Norte Novo, na década de 20.

No período 1925-28, são adquiridos 517 mil alqueires pelo grupo inglês que recebe do Governo

do Estado títulos definitivos. E, do valor que deveria receber pela nova concessão, o Estado abre

mão, oferecendo-o em subsídio à construção da ferrovia.

Por causa da 2ª Guerra Mundial, os ingleses retiram-se, em 1943, e um grupo paulista adquire o

patrimônio da Companhia de Terras. Os ingleses tinham vendido apenas 23,43% das terras.

A colonização prosseguiu com sucesso e, estimulando outras iniciativas, fez o Paraná “saltar” de

1,350 milhão de habitantes, em 1940, para 6,9 milhões, em 1970. Em apenas 30 anos, a

população estadual havia crescido cinco vezes; 51,3%, cerca de 3,5 milhões de habitantes,

encontravam-se ao Norte.

Whisky no sertão

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Ingleses

Documento: acervo do Museu Histórico de Londrina

Recibo de compra de lotes de terra pelo sr. José Comussi. Londrina 14/03/1934

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O Aldeamento de São Pedro de Alcântara, margem esquerda do Tibagi, atualmente Município de Ibiporã,

não era restrito a índios, abrigava uma “mescla de nacionalidades”. Em 1880, lá estavam identificados

134 da “raça portuguesa ou mistos”, 1 italiano, 210 coroados (kaingangues), 191 caiguás, 185 guaranis

e 43 africanos.

Não se tem notícia da presença de africanos de origem, na fundação de Londrina, 50 anos após aquele

“censo”, embora o Aldeamento tenha durado, ainda que precariamente, até 1909, e distante apenas 25

quilômetros; mas a crônica de uma família pioneira indica que em 1930, o casal Lina Tecla e Oduvaldo

Silveira, descendentes de ex-escravos no Estado de S. Paulo compraram dez alqueires na margem direita

do Ribeirão Cambé, área hoje com a frente para a Avenida Higienópolis. E, de avós que foram escravos,

é o elegante contabilista (”guarda-livros”) José Benedicto Silveira, que se estabelece em 1935.

Os negros chegam a Londrina para as mais diferentes atividades: o desbravador, o formador de lavouras,

o médico, o advogado, o professor, o político.

Em 1938, entre os médicos, lutando contra a febre amarela silvestre, o tifo, a malária e outros males do

sertão, encontra-se o baiano Justiniano Clímaco da Silva, que a comunidade aprenderá a chamar,

carinhosamente, de “Doutor Preto”. Na década seguinte, ele é o professor de matemática e de latim, no

primeiro ginásio aberto da cidade. Em 1947, torna-se o primeiro deputado estadual, eleito por Londrina.

O lavrador, Manoel Cypriano, que deixou o Estado de S. Paulo, para ser tratorista da Companhia de

Terras, em 1938, converte-se em agente social e cultural, quando se aposenta. Ele funda, em 1957,

juntamente com o advogado Oscar do Nascimento, filho de pioneiro, a Associação Recreativa Operária,

o “clube dos negros”, embora não fizessem distinção de cor ao inscrever sócios, que chegaram a 1.200.

Na Associação, nasceu a primeira escola de samba da cidade, e funcionaram um curso noturno de

alfabetização, uma pré-escola e um parque infantil, com pessoal da Prefeitura.

A comunidade negra mantém a representatividade nas profissões, nos esportes, nas artes e nos

movimentos pela cidadania.

Em todas as frentes

Panela de ferro fundido, utilizada na cozinha pioneira para grandes porções de comida

nos ranchos dos trabalhadores, conhecidos por “peões” abridores de estradas e sítios

na região

Urucungo, puíta ou quijenge, também conhecido por “berimbau”. Palavra do

vocabulário dos antigos escravos procedentes de Angola, Moçambique, Congo,

idealizadores desse instrumento musical de percussão. Introduzido no Brasil, a partir do

século 16.

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negros

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Com menos de 10 anos de fundação, Londrina é uma autêntica Colônia Internacional, os 4.746 compradores de

lotes da Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP) representam 31 nacionalidades; entre eles, 533 japoneses,

já experientes no trabalho com o café no Estado de São Paulo.

Os japoneses realizavam o sonho de serem donos de um pedaço de chão, acalentado, desde que os primeiros

imigrantes desembarcaram no Porto de Santos, em junho de 1908. Vinte anos depois, a Companhia Inglesa iniciou

a colonização, e o agenciador japonês, Hikoma Udihara, transmitia confiança aos patrícios.

No livro de vendas da CTNPR, página 1, os primeiros compradores de lotes rurais registrados são seis japoneses:

Massaharu Ohara, Massahiko Tomita, Toshio Tan, Mitsugi Ohara, Toshikazu Yamate, Moshim Yamazaki, procedentes

de Santo Anastácio (SP), conduzidos por um funcionário da empresa, o agenciador e o motorista japonês de um

Ford, em dezembro de 1929; apenas três meses, após a abertura da clareira que deu origem à cidade.

Encantados com perobas, figueiras, cedros e pau d’alhos gigantescos, a evidenciar o solo fértil, apropriado ao café,

em 1930, eles compram 80 alqueires, na gleba atualmente ocupada pelo aeroporto.

Mas os primeiros japoneses, a morarem em lotes adquiridos, em Londrina, são de duas famílias: Yoshimi Kazahaya,

Kootaro Hayassaka e Kunijiro Hara, de Monte Alto (SP) e Duartina (SP), com suas respectivas família, estabelem-

se no patrimônio em outubro de 1931.

“Onde três japoneses se reúnem, nasce uma associação e, nela, a escola.” Em terreno doado, na Rua São Jerônimo,

constróem a sede da Associação Japonesa e inauguram a primeira escola da zona urbana, em 18 de junho de 1933.

O associativismo prossegue na Colônia Central, atualmente, Jardim Shangri-lá, Seção Palhano, Colônia Dai-Ikku/Dai-

Nikku, Seção Fraser. Preservando os princípios mais caros, disciplina, respeito à hierarquia, as tradições, os

japoneses praticam a solidariedade, ante as diferenças de língua, costumes, alimentação; e a liberdade, cerceada no

período da 2ª Guerra Mundial.

Assimilam costumes, mas também influenciam. Na culinária (sukiyaki, sushi, sashimi), no esporte (judô, beisebol,

karatê, kendô, gateball) música, teatro e outras artes como ikebana, cerimônia do chá, poesia – tanka, haiku,

haikai....

Grande parte da comunidade tornou-se urbana e, desde 1980, há os que vão trabalhar no Japão (os dekasseguis),

enquanto outros continuam “fazendo Londrina”, atuando em todos os setores.

Com a finalidade de intensificar as relações comerciais, culturais e científicas, Londrina é “cidade irmã” de

Nishinomiya, na Província de Hyogo; e de Nago, na Província de Okinawa.

Donos da terra de trabalho

Daifuku, estátua em madeira. Uma das sete divindades japonesas àsquais se acredita trazer a sorte e fortuna à casa.

Gueta, tamanco em base de madeirautilizado pelas mulheres japonesas em seudia a dia.

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japoneses

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Com menos de cinco anos de existência, Londrina é lugar para o encontro de alemães, austríacos esuíços. Alemães, o abridor de picadas a serviço da Companhia de Terras, Carlos Strass; a família doagricultor Guilherme Kernkamp, no Heimtal, em 1929, e o único comerciante no Patrimônio Três Bocas-futura cidade-, em 1930, Alberto Koch.

Quem chegasse com a pretensão de comprar lote, era apresentado ao tropeiro da Companhia, o austríacoJosé Licha, de quem recebia um burro arreado, para ir conhecer as glebas, já demarcadas. SpartacoBambi, austríaco, era o tropeiro, “gerenciador” do meio de transporte.

Intérprete na recepção a alemães foi o suíço Ernst Caspar, que, procedente de São Paulo, chegou em1933. Talvez tenha sido o primeiro de sua nacionalidade a “baixar” naquela boca-de-sertão onde instalouuma fábrica de gelo, antes do fim da década.

Os alemães Alberto Fleuringer e Frida Spenner Rohde, gerenciam o primeiro hotel; Frederico Schultheissé o segundo comerciante e Oto Gärtner, o primeiro dono de padaria Alemães também se fazem representarem outras atividades: agrimensores, agrônomos, engenheiros o primeiro médico, a permanecer, em 1933,Kurt Müller; o primeiro vigário da paróquia, instalada no ano seguinte, Carlos Dietz.

Ainda em 1933, a Companhia de Terras terceiriza o transporte de passageiros, entregando as jardineirasa uma firma, com dois sócios, um deles austríaco e mecânico-chefe Mathias Heim. Assim, nasceu umadas maiores empresas do ramo no país.

Austríacos trabalham na demarcação de glebas e tornam-se agentes de vendas da colonizadora; instalammatadouro e frigorífico; e, nas décadas seguintes, dedicam-se a refrigeração, eletricidade e eletrônica.

Na metade da década de 1930, enquanto os alemães expandiam o comércio, o suíço José Ebneraparece, associado à primeira revendedora de automotores – Agência Chevrolet-, e seu irmão Amadeu,estabelece-se com torrefação e moagem de café.

À prosperidade nos anos 30, segue-se um período difícil para os alemães, durante a Segunda GuerraMundial: bens indisponíveis, líderes comunitários presos e após a geada de 1947, muitos vão embora.

A colônia remanescente entretanto, preserva, até hoje, as marcas culturais, a eficiência com técnicasmodernas e a criatividade.

Unidos pela vontade de vencer

Tirolerhut, chápeu esverdeado, utilizado pelos

moradores do Tirol Baviera e Áustria. Integra o traje

dieario e em dias de festas recebe um enfeite de pluma

no lado esquerdo.

Schaukelstuhl, cadeira de balanço, sempre presente nas salas das casas alemãs,

utilizada pelos membros mais velhos da família, avô ou pai.

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Alemães, austríacos e suíços

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São presenças assinaladas, ser fundada Londrina, na tarde de 21 de agosto de 1929. Anotou o chefe da

expedição: “Logo depois foi contratado um grupo de carpinteiros portugueses, que serraram todo o

madeiramento para a construção do primeiro Hotel Campestre e o armazém da Companhia de Terras, dentro

da primeira derrubada (clareira) de dez alqueires”.

Os exímios serradores “tiravam” as tábuas dos troncos, nos lugares onde derrubavam as árvores, agilizando as

primeiras construções no meio da floresta. No patrimônio que ganha características urbanas, as primeiras

casas refletem também o trabalho dos portugueses.

Personagem do ciclo da madeira, nos primórdios de Londrina, o português, Manoel Henrique Catarino, deixa

de ser lavrador, no Estado de S. Paulo, e alcança a ferrovia em Jataí. Doravante, estará sempre correndo à

frente, produzindo os dormentes que vão suportar os trilhos que, em 1935, chegarão à estação de Londrina.

E a cidade ganha mais uma família portuguesa, cuja renda será proveniente da madeira ainda pelas próximas

duas décadas.

Mas a colônia começou também com, Antônio Augusto de Farias, em 1931, proprietário de uma das primeiras

pensões, na então Rua Heimtal, atualmente Avenida Duque de Caxias, e expandiu-se com o comerciante

Antônio dos Santos Noivo, e outros comerciantes de café, suínos, cereais e madeiras em 1934.

Espanhóis, também, seguiram a ferrovia. Celso Garcia Cid, proprietário de um “caminhãozinho” que,

em fins de 1932, puxa pedra, areia e cimento para a construção da ponte no Rio Tibagi, está fadado a ser

grande empresário do transporte de passageiros associa-se a um austríaco Mathias Heim, e posteriormente

ao conterrâneo e pecuarista de renome José Garcia Villar. A contribuição de Celso à melhoria genética do

rabanho bovino será notável, ao trazer da Índia animais das melhores linhagens. E Villar destaca-se também,

na cafeicultura e comércio de cereais.

Tomás Gonzalez Calderon figura entre os fundadores da Associação Comercial, em 1937, e suas filhas

Sebastiana e Maria Gonzalez Vicente, estão entre as primeiras professoras do Grupo Escolar, atual “Hugo

Simas”.

No fim da década de 1.950, José Lopes e filhos consolidam o transporte coletivo urbano, com a Viação Urbana

Londrinense.

A comunidade, que tanto contribuiu para o Município, em 1964 fez um gesto de agradecimento à terra. Numa

homenagem póstuma a José Garcia Villar, seu filho José Garcia Molina, entrega uma enxada, fabricada com

2.145 gramas de ouro 24 quilates, à campanha “Dê ouro para o bem do Brasil”.

A madeira, o trem, o ônibus

Modelo popular de vaso português que evidencia em sua

decoração e feitio a influência da dominação árabe na península

ibérica, até séc. 15.

Peineta ou pente de adorno, utilizada pelas mulheres espanholas

da região de Sevilha em ocasiões especiais como um

complemento da mantilla. Originalmente eram feitos de conchas

de tartaruga.

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Portugueses

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A expressão corresponde à fundação do Patrimônio Três Bocas, depois Londrina e a presença do primeiro russo.

“Chegamos!” – disse o engenheiro e agrimensor russo, Alexandre Razgulaeff, que fincou o primeiro marco, na tarde

de 21 de agosto de 1929, e, depois, projetou a cidade.

Acentua-se a presença russa e, entre os corretores da Companhia de Terras, encontra-se o Barão Von Drachenfels.

É ele que sugere o nome Heimtal – “casa do vale” –, lembrando a terra de origem, porque o núcleo também

acolheria russos, embora com a predominância de alemães.

O clima ameno influi para a Liga das Nações comprar da Companhia de Terras uma área margeando o Ribeirão

Três Bocas, dividida em lotes de cinco alqueires para 13 famílias russas que, fugindo da revolução comunista,

estão refugiadas, na Índia, há quatro anos. Entre os refugiados, havia naturais da Sibéria que quase não

suportavam o calor indiano, acima de 40 graus.

Chegam a Londrina, em julho de 1935, e passam ao frescor da mata virgem, com palmito e animais silvestres,

em abundância, perobas e gurucaias gigantes, cujos troncos necessitavam de quatro homens para abraçar a cada

um.

Parecia aquele mundo verde um prêmio à determinação de buscar a liberdade, de não se deixar escravizar na

Rússia comunista.

“Russos, onde vocês estiverem, amem a Rússia presente, passada e futura e sempre sejam filhos e filhas fiéis a

Ela.” É provável que esta sentença, de autor desconhecido, tenha confortado os imigrantes que, sabendo só

algumas palavras, em Português, tinham de ser auxiliados por conterrâneos, há mais tempo, na região.

Em 1941, a colônia é deslocada para um lote contíguo, cedendo espaço à Usina Três Bocas que os imigrantes

ajudam a construí-la. Segue-se um surto de malária que os obriga a se retirar temporariamente.

Os russos não puderam ser cafeicultores, porque a Região Sul do Município estava sujeita a geadas rigorosas, e o

núcleo dissolveu-se, nas décadas de 50 e 60, quando a maioria das famílias se decidiu por atividades urbanas e

para facilitar os estudos às novas gerações

UcranianosEnquanto a Europa, destruída pela Primeira Guerra Mundial, tentava se reerguer das ruínas, a América surgia como

uma fonte de futuro seguro. Vindo da distante Ucrânia, o jovem chegou a Londrina em 1933. A terra hospitaleira

recebeu-o de braços abertos e, aqui, encontrou seu destino, casando-se com uma alemã.

Outro jovem de 30 anos chegava neste mesmo ano, como almoxarife da estrada de ferro. Deixara em sua pátria a

noiva querida, e, só alguns anos depois, mandou chamá-la, e, então, casaram-se. Londrina recebeu-o tão bem

que na década de 40 foi responsável pela vinda de várias outras famílias de ucranianos.

Os ucranianos mantiveram seus costumes e tradições. A Páscoa era festejada com as pessancas, ovos pintados à

mão, que eram trocados entre amigos. Nos lares, os ícones ocupavam sempre o lugar de honra.

“Chegamos!”

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Russos

Prato em madeira com formato de cogumelo estalhado e pintado à mão.

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Um milhão e meio de italianos, aproximadamente, chegaram ao Brasil entre 1878 e 1902. O Estado

de São Paulo absorveu mais de 70% desses imigrantes, destinando-os às fazendas de café, para

substituírem escravos, enquanto a minoria aderiu a projetos oficiais de colonização, em outros Estados.

Todos, porém, desejavam ser proprietários, e a oportunidade surgiu em 1930. Fundava-se Londrina

onde era possível comprar o melhor solo agricultável do mundo por apenas 500 mil réis o alqueire

paulista.

Entre os pioneiros, aparecem os italianos que se tornam agentes ou corretores da Companhia de Terras,

e estimulam mais patrícios, acenando-lhes com a solidariedade de grupo.

Na expansão do café, em 1940, os italianos e seus descendentes já se colocam em terceiro lugar no

Município de Londrina: 236 proprietários e 1,9 milhão de cafeeiros, sendo 3.404 trabalhadores.

Não se limitam, entretanto, à produção rural e passam a desempenhar atividades urbanas: a primeira

pensão, alternativa ao hotel campestre da Companhia de Terras atribui-se a Eugênio Brugin; o primeiro

alfaiate, Lupércio Luppi; o primeiro empresário de cinema (exibição de filmes), Antônio Caminhoto.

Figuram, entre os construtores de casas de madeira, expressando uma arquitetura local Ângelo Ferraris,

José Spoladore, Mário Romagnolli. Fabricantes de carroças, charretes, carrocerias de caminhões, rodas

d’água e de instrumentos agrícolas são os Tosetti, Minatti e Francovig. Os Francovig destacam-se

também, no transporte de passageiros entre a sede do Município e o Distrito de Tamarana, origem de

tradicional empresa de ônibus; fundam os primeiros bairros: a Vila Casoni e Vila Nova.

Os primeiros, a chegarem, encontraram apenas um vilarejo no meio da mata, sem conforto e sem

escola. Por iniciativa dos Brugin e dos Vicentinis, ergueu-se a primeira igreja católica. No período de

guerra foram maltratados, tiveram suspensos os direitos de propriedade e de expressão.

Mas a alegria de viver e o “espírito de italianidade” permanecem no cotidiano londrinense. Os italianos

contribuíram para Londrina crescer no plano urbanístico, em civismo e em cultura.

Força e alegria na terrado café

Madonna del Cuore, imagem em gesso de Maria,

destacando a grandeza de seu coração materno. Com culto

muito popular em Nápole. Trazida para Londrina pelos

pioneiros de origem na Itália

Acordeon ou sanfona, instrumento desenvolvido na Áustria

em princípio do séc. 19. Tornou-se popular no Brasil com

a chegada dos imigrantes italianos. Já foi moda utilizá-lo

em saraus.

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Italianos

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Cavaleiro e boiadeiro é o libanês, José Jorge Chedid, contratado para fornecer carne bovina aos

acampamentos de cinco mil pessoas que constróem o trecho ferroviário Cornélio Procópio-Jataí-Londrina.

A cavalo, ele busca os animais no Estado de S. Paulo e em São Jerônimo, e abate 1.800, em apenas um

ano.

Após dois anos de fornecedor, Chedid fixa-se em Londrina, em 1933, com açougue numa dependência

do armazém que pertence a um patrício, David Dequêch, o terceiro comerciante a se estabelecer no,

então, Patrimônio Três Bocas.

Começo de uma das mais consistentes contribuições culturais à cidade, a dos libaneses que, ainda na

década de 1930, influem para o comércio local ter força até para defender interesses gerais da

comunidade, perante os poderes públicos, pois não havia Câmara de Vereadores.

Refletindo o pensamento de seu Presidente, David Dequêch, a Associação Comercial de Londrina

inaugura, em 31 de janeiro de 1942, “o prédio mais alto e bonito do sertão paranaense”.

A primeira criança a ser registrada no cartório distrital de Londrina é Negila Aiub Hauli, em 1º de janeiro

de 1935. Antes os registros eram em Jataí.

Além do comércio, eles se dedicam à agricultura, ao comércio e beneficiamento de café e algodão, na

década de 1940. Nos anos 50, uma dessas empresas tem o maior capital social subscrito e realizado no

Paraná.

Um dos marcos da ousadia libanesa é inaugurado em 1952, provavelmente o terceiro melhor hotel do

país, o São Jorge, considerado “uma loucura” de Salim Sahão, ao ter início a construção, por não haver,

na cidade, rede de esgoto, nem energia elétrica suficiente para movimentar elevadores.

As gerações mais recentes de libaneses, em Londrina, preservam o espírito voltado para o debate e a

busca de soluções que harmonizem os interesses comunitários.

Com ousadia

Narguile, caximbo oriental composto de tubo e vaso cheio de

água perfumada que o fumo atravessa antes de chegar à boca.

Muito usada pelos turcos, hindus e persas. Fuma-se em grupo.

Serviço de café, bule em metal e xícaras para servir o café turco

(sem coar).

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Libaneses

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O Paraná é o Estado do Sul que mais atraiu imigrantes poloneses; a colônia é um marco de desenvolvimento

e não se pode pensar o Paraná, sem os poloneses.

A Londrina, começaram a chegar em 1931, procedentes do Sul paranaense e de outros estados. Ao Sul

do Município, estabelecem-se à margem do Ribeirão Três Bocas e serão, também, operários na construção

da hidrelétrica. E o primeiro maquinista da usina, Mieczyslaw Thomal.

Na cidade, os irmãos José e Leon Ziober constroem a primeira carroceria de ônibus, com madeira e metal.

Ao Norte, a colônia mais identificada é a Warta, referência a um afluente na margem direita do Rio Óder,

na Polônia. O nome para a colônia é sugerido por um pioneiro, Eduardo Cebulski, que integrou a equipe

de topografia da Companhia de Terras.

Filhos dos pioneiros, na Warta, estudam com professores particulares e, só em 1937, freqüentam escola

comunitária, numa casa de madeira construída por mutirão, em terreno doado pela colonizadora. Com a

interferência do Consulado, chegam duas professoras, de Português e Polonês. Só em 3 de novembro de

1945, a Prefeitura responsabiliza-se pela Escola, denominada Barão do Rio Branco.

- Louvado seja Nosso Senhor Jesus!

- Assim seja. Amém.

Esta saudação, em polonês, abre as portas das casas com seus jardins floridos, suas varandas com

lambrequins e salas repletas de santos e fotos.

Entre outras tradições, a cerimônia do “Oplatek”, no Natal, com a divisão do pão ázimo, representando o

espírito da fraternidade.

Para a Páscoa, pintam-se os ovos (“pisanka”), no Sábado de Aleluia, a bênção dos alimentos, consumidos

na Páscoa, maior festa do ano. A pintura das casas, durante a quaresma, precedendo a Páscoa, simboliza

o desejo de renovação.

Escolaridade é a preocupação constante dos poloneses. O 1º grau completo na Warta, instala-se em 1974.

Muitos concluem no distrito os estudos básicos e procuram novos cursos em outros lugares, até no exterior.

Formaram-se professores, advogados, farmacêuticos, enfermeiros, bioquímicos, artistas, geólogos,

jornalistas ...

Fortalecidos pelas tradições

Pessankas, ovos cozidos de galinha,

pintados artesanalmente e dados como

presente por ocasião da páscoa.

Simbolizam a renovação da vida.

Costume existente entre os povos eslavos

(russos, ucranianos e poloneses) de

origem muito remota.

Nossa Senhora de Estochowa, obra de artista plástico de origem polonesa radicada em Londrina.

Acentuados traços de exaltação mística da maternidade. mantém tradição religiosa do povo polonês.

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Poloneses

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Após um começo difícil no Município de Irati, em 1908, holandeses, no Sul do Paraná, deram origem

à Colônia Carambeí (1911), então no Município de Castro. Voltados principalmente para o gado

leiteiro e produzindo trigo, nos próximos anos, trabalham também na construção do trecho ferroviário

Ponta Grossa-Castro da “Brazil Railway Company”, que instala o primeiro laticínio na Colônia, em

1916.

Foi, por iniciativa dos próprios holandeses, que, em 1928, um queijo começou a ganhar mercado,

em São Paulo. A marca torna-se sinônimo de alta qualidade e dá origem, em 1935, à cooperativa.

Mais holandeses chegam ao Paraná, após 1945, e nasce uma das maiores indústrias do setor.

Um holandês de Carambeí, Pieter Zekveld, chega a Londrina, em 1949, e sua oficina de rádio oferece

uma novidade: a bateria que permite ouvir-se rádio, a superbateria, com dezenas de pilhas pequenas,

que permite ouvi-se rádio, por mais tempo que o normal.

Na década 1950, junto com a esposa Ana, filha de outra família de holandeses, os De Geus, passa

a representar, em Londrina, os produtos com a marca famosa de Carambeí. Então, introduziram na

cidade o iogurte industrializado, uma novidade.

No centro da cidade, o estabelecimento, a ostentar a marca, vendia os produtos e oferecia ambientes

muito agradáveis, e sendo um só para mulheres.

Numa das primeiras exposições, no Jardim Shangri-lá, os londrinenses puderam apreciar a réplica de

um moinho holandês.

Imagem holandesa

Os tradicionais “tamancos holandeses” com sua sola

dura proporciona força nos pés, aquece no inverno e os

refresca no verão. São feitos de madeira leve e dureavel,

extraída de uma árvore conhecida por “populus’.

Réplica em madeira de moinho holandes. Hoje, presta-

se apenas para atração turística. Era residência de

camponeses e ao mesmo tempo importante

implemento agrícola na moagem de grãos utilizando a

força dos ventos.

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Holandeses

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No início da década de 1920, os paranaenses Evaristo Camargo, Francisco Soares, Olímpio Moraes, Arlindo

Pereira Araújo, Euzébio Barbosa de Menezes e o paulista Avelino Gustavo Corrêia adiantaram-se na Vila de São

Roque, depois Tamarana, na parte da Gleba Fazenda Três Bocas que pertencia a Tibagi, antes de ser anexada a

Londrina, em 1938. Anteciparam-se, assim, à colonização inglesa, abrangendo outras glebas.

Os ingleses foram antecedidos, também, por um maranhense, Mábio Golçalves Palhano, proprietário da Gleba

Palhano, comissário de terras, agrimensor designado pelo governo para demarcar e arbitrar, no Norte do Paraná,

já em 1927.

No ano da fundação de Londrina, 1929, o mineiro Bertholdo Durães, de Montes Claros, administra o plantio de

60 mil cafeeiros, na Fazenda Quati, atualmente Jardim Shangri-lá, então propriedade do Governador do Paraná.

Desenvolvendo-se a colonização inglesa, o paulista, Belmiro Corrêa de Oliveira, de São Sebastião da Grama, traz

a primeira tipografia para Londrina, e seus filhos Izolírio e João Corrêa de Oliveira, são os primeiros gráficos da

cidade. Imprimem, em outubro de 1934, o primeiro jornal, Paraná-Norte, cujo editor é o paulista de Iguape,

Humberto Puiggari Coutinho.

Ainda em 1934, chega o primeiro advogado, paulista, Antônio de Camargo C. Ferraz. É nomeado o primeiro oficial

do cartório distrital paranaense, o curitibano Guilherme Braga de Abreu Pires.

O ponta-grossense, Joaquim Vicente de Castro, é o primeiro prefeito nomeado, que assume, no dia 10 de

dezembro de 1934. Neste ano, o hospital da Companhia de Terras é dirigido por um médico nordestino.

O primeiro prefeito eleito, em 1935, Willie Davids, paulista de Campinas, filho de inglês e brasileira.

Procedente de Carangola (MG), porém natural de Pernambuco, Jonas de Faria Castro, abre o primeiro hospital

sem vínculo com a Companhia de Terras, em 1937; e o primeiro estabelecimento de ensino secundário, o Ginásio

Londrinense, em 1939.

É curitibana a primeira mulher do ensino público, Mercedes Camargo Martins (que ainda assinará Madureira),

nomeada em janeiro de 1936. Professora normalista de 1ª classe na “Escola da Vila de Londrina”, embora a

cidade já fosse sede municipal.

Cearense da serra da Ibiapaba, Meton Araújo de Souza, abre banca de jornais e engraxataria na rodoviária, em

1937. Primeiro distribuidor de jornais e revistas na cidade, ele ainda se estabelecerá com farmácia homeopática.

Desembarca, em 1937, já com emprego de ferroviário, o sergipano Manoel Joaquim da Silva, com a mulher e seis

filhos. Havia saído de Sergipe, para não ser assassinado pelo cangaceiro Corisco.

Em 1938, chegam um advogado mineiro de Cambuí, Milton Ribeiro Menezes, futuro vereador e prefeito; o médico

baiano, Justiniano Clímaco da Silva, que será o primeiro Deputado Estadual eleito por Londrina; e um paulista de

Santana do Parnaíba, Nelson Maculan, mais tarde vereador, senador e primeiro candidato londrinense a

governador do Estado.

Em 1944, paulistas adquirem a Companhia de Terras Norte do Paraná e todo o seu patrimônio. A empresa terá

outro nome: Companhia Melhoramentos Norte do Paraná.

Ponto de convergênciapara todos

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Brasileiros

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eventos culturaisUma exposição deve ser sempre acompanhada de eventos culturais que a complementem, dando-lhe mais

plasticidade, dinamização e clareza, auxiliando na compreensão do contexto dos objetos expostos. Assim, nesta

exposição comemorativa dos 70 anos de Londrina, "O Povo que Fez e Faz Londrina", os cenários que

representam flagrantes do cotidiano das várias etnias que participaram da fundação de nossa cidade, foram

enriquecidos com manifestações culturais de dança, folclore, música e teatro. Desta forma, o público teve a

aportunidade de conhecer de perto e muitas vezes interagir com esses grupos étnicos, costumes culturais

cultivados até os dias de hoje por esse Povo que Fez e Faz Londrina.

HYLEA FERRAZCOORDENADORA DOS EVENTOS CULTURAIS

Dança Árabe - Renata Lobo - 21/junho Projeto Tem Criança no Museu - Núcleo Cometa Alegria - 5/out. Festival de Natal e convidados - 1/Dez.

Coral Infanto Juvenil Mãe de Deus - 1/dez. Grupo Folclórico Os Lusíadas - 15/agosto Maracatu Nação Vermelha - 22/junho

Festa para o Pioneiro - 21/agosto Participantes da Abertura de Exposição 70 anos Bon Odori - Grupo Sansey - 04/nov

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Realização Prefeitura Municipal de Londrina Prefeito Nedson Luiz MicheletiSecretaria Municipal de CulturaSecretário Bernardo PellegriniUniversidade Estadual de LondrinaReitora Lygia Lumina PupattoMuseu Histórico de Londrina “Pe. Carlos Weiss”Diretor José Cezar dos ReisSociedade Amigos do Museu –SAMMaria Lopes Kireeff

Ficha Técnica Curadora – arq. Ignes Dequech AlvaresAssessora no projeto museológico – Dra. Maria Cristina Oliveira Bruno –USPColaboradora – museóloga Marina Zuleika ScalassaraCoordenadora de eventos culturais – Hylea Regina Ferraz

Equipe Técnica do Museu Amauri Ramos da Silva, Áurea Keiko YamaneCélia Rodrigues de Oliveira, Glauco Marcelo AntunesMaria Darci Moura Lombardi, Miriam Hiroe UedaRosangela Ricieri Haddad, Rui CabralRuth Hiromi Shigaki Ueda

Equipe de Apoio do Museu Cesar Augusto de Poli, Clarindo PiantavinhaDejanir da Silva Pinheiro, Jovina Oliveira do NascimentoMaria Fungachi Botelho , Mauro Carvalho de Oliveira

Assessoria de Imprensa e divulgação – jornalista Barbara Daher Belinati

EXPOSIÇÃO: Texto - jornalista Widson Schwartz

Programação visual e arte final: prof. Rogério Gomes

Equipe: Alexandre Gomes, Bernadete, Caroline Correa, Guilherme Baracat

Lucas Rampazzo, Luciano Oikawa, maria Lucia Aquino

Maikon Bernardino, Paula Uapo, Priscila Kemmer, Renata Abelin

Renata Bergonse Pereira, Samuel Esteves, Sergio Scolari

Tatiane Brezam Silva, Vanessa Kita, Vinícuis Quadros, Yan Sorgi

Estagiários: Alexandre Fracasso Gomes, Maria Lúcia B. de Aquino

Tatiane Brenzam Silva, Renata Bergonse Pereira

Luciano Ivanagava Oikawa, Bernadete Sabris Araujo

CATÁLOGO: Texto - jornalista Widson Schwartz

Revisão - prof. Donato Parizotto

Projeto gráfico – Visualitá Programação Visual

VÍDEO: História de Londrina “70 anos”

Produção: Barbara Daher Belinati

Supervisão: Antonio Costa

Edição: Equipe do Laboratório de Tecnologia Educacional - LABTED/UEL

Edna Marques, Adriano Silva, Waldecyr da Silva

Sonorização: Amarildo Lopes / Readio CBN

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