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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS PÓS-GRADUAÇÃO (LATO-SENSU) EM GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PÚBLICA Bruno Alves Ferreira O PERFIL DOS ACIDENTES DE TRÂNSITO ATENDIDOS PELO CORPO DE BOMBEIROS MILITAR NA CIDADE DE CRISTALINA-GO NO ANO DE 2015 Goiânia (GO) 2016

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

PÓS-GRADUAÇÃO (LATO-SENSU) EM GERENCIAMENTO DE

SEGURANÇA PÚBLICA

Bruno Alves Ferreira

O PERFIL DOS ACIDENTES DE TRÂNSITO ATENDIDOS PELO CORPO DE

BOMBEIROS MILITAR NA CIDADE DE CRISTALINA-GO NO ANO DE 2015

Goiânia (GO)

2016

Bruno Alves Ferreira

O PERFIL DOS ACIDENTES DE TRÂNSITO ATENDIDOS PELO CORPO DE

BOMBEIROS MILITAR NA CIDADE DE CRISTALINA-GO NO ANO DE 2015

Artigo apresentado em cumprimento às

exigências para a obtenção do título de

Especialista em Gerenciamento em Segurança

Pública no Curso de Pós-Graduação Lato Sensu

em Gerenciamento em Segurança Pública sob

orientação do Major Bráulio Cançado Flores, M.

Sc.

Goiânia (GO)

2016

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

Bruno Alves Ferreira

O PERFIL DOS ACIDENTES DE TRÂNSITO ATENDIDOS PELO CORPO DE

BOMBEIROS MILITAR NA CIDADE DE CRISTALINA-GO NO ANO DE 2015

Artigo apresentado em cumprimento às exigências

para a obtenção do título de Especialista em

Gerenciamento em Segurança Pública no Curso de

Pós-Graduação Lato Sensu em Gerenciamento em

Segurança Pública sob orientação do Major Bráulio

Cançado Flores, M. Sc.

Avaliado em / /

Nota Final: ( )

__________________________________________________________________

Professor/Orientador: Major Bráulio Cançado Flores, M. Sc

Avaliador: Tenente-Coronel Mauro Gonçalves de Queiroz, M. Sc

Goiânia (GO)

2016

4

RESUMO Este estudo objetivou-se a caracterização do perfil dos acidentes de trânsito

assistidos pela Companhia Independente Bombeiro Militar (CIBM) de Cristalina, em

toda sua área de atuação, durante o ano de 2015. Foi realizado uma análise

quantitativa e qualitativa dos eventos supracitados, utilizando como banco de dados

as fichas de registro de atendimentos do Corpo de Bombeiros Militar, sediado em

Cristalina-GO, com enfoque no sexo e idade das vítimas, veículos envolvidos,

horário dos acidentes, veículos envolvidos, vias públicas com maior índice de

ocorrências. Constatou-se ao final dos trabalhos, uma alta incidência de veículos

automotores de pequeno e médio porte (carro – caminhonete – caminhão) nos

eventos registrados divergindo de estudos anteriores. Foi concluído que durante os

ocorridos foram constatados uma maior predominância do sexo masculino e de

adultos jovens em recorrentes vias do município de Cristalina. Portanto, a avaliação

dos inúmeros fatores relacionados ao atendimento pré-hospitalar no tocante aos

acidentes de trânsito evidenciaram a possibilidade de redução dos índices de

morbimortalidade através da viabilidade de implantação de pontos estratégicos de

permanência das equipes em determinados setores e vias urbanas a fim de propiciar

uma melhor eficiência e agilidade no atendimento.

Palavras-chave: Acidentes de Trânsito – Atendimento Pré–Hospitalar –

Corpo de Bombeiros Militar – Cristalina.

5

ABSTRACT This paper aimed to show the overview about traffic accidents which were

attended by Cristalina Fire Station, in 2015. Analyzing all databases and registers of

Military Fire Department of that city, we could obtain the profile of victims, type of car

envolved and time and places mostly occured. Finally, we could observe a high rate

of cars and trucks involved in those accidents, disagreeing of previous studies made

in other cities in same State. Adult men were more frequently involved also, and, in

the end, we could see the mortality can be dicreased if some teams of firefighters

and paramedics were placed in some strategic points.

Keywords: Traffic accidents, fire department, Cristalina, EMS.

6

INTRODUÇÃO

Bruno Alves Ferreira

Os acidentes de trânsito (AT) constituem um problema social, não apenas

por seus impactos nas taxas de mortalidade, mas também por ocasionarem custos

sociais e econômicos relevantes decorrentes de consequências não mensuradas,

como desestruturação de núcleos familiares e de aspectos emocionais como

sofrimento e dor, como pelos custos de cuidados em saúde associados aos

acidentes e a interrupção temporária ou permanente de atividades produtivas dos

vitimados (DENATRAN, 2006).

Entre os principais problemas de saúde pública em nosso país estão as

causas externas, por sua magnitude, pelos custos que representam para a

sociedade e pelos impactos sociais e psicológicos nas vidas dos indivíduos e das

famílias. Atualmente, esses agravos correspondem à terceira causa de óbito na

população brasileira, após as doenças do aparelho circulatório e neoplasias.

(BRASIL, 2007).

Os acidentes de trânsito e os traumas deles resultantes constituem um

problema prioritário de saúde. Quanto à gravidade, não há dúvida em assegurar que

as lesões na região da cabeça, o traumatismo crânio-encefálico (TCE), ocupa o

primeiro lugar em gravidade de lesão. Muitas vezes são casos graves e fatais, ou

trazem sequelas como incapacidade e deficiência (Calil et al., 2009).

Este estudo objetivou analisar a epidemiologia dos acidentes de trânsito

atendidos pela Companhia Independente Bombeiro Militar de Cristalina, com a

finalidade de melhorar o serviço operacional, indo ao encontro da constante busca

pela excelência nos serviços prestados pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado

de Goiás.

REVISÃO DA LITERATURA

ACIDENTES DE TRÂNSITO E POLÍTICA DE PREVENÇÃO

No Brasil, os acidentes de trânsito (AT) são um dos principais fatores

impactantes nas taxas de mortalidade registradas, constituindo assim um problema

Oficial do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. Bacharel em Segurança Pública – Habilitação Bombeiro Militar. Email para contato:[email protected]

7

social e também ocasionando custos socioeconômicos relevantes decorrentes de

consequências não mensuradas, como desestruturação de núcleos familiares e de

aspectos emocionais como sofrimento e dor, como pelos custos de cuidados em

saúde associados aos acidentes e a interrupção temporária ou permanente de

atividades produtivas dos vitimados (DENATRAN, 2006).

O aspecto legal no tocante à prevenção de acidentes está contido

basicamente no artigo 78, da Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 (Código de

Trânsito Brasileiro), dispõe que por meio do Seguro Obrigatório de Danos Pessoais

Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres (DPVAT), os Ministérios da

Saúde, da Educação e do Desporto, do Trabalho, dos Transportes e da Justiça, por

intermédio do Conselho Nacional de Trânsito, deverão desenvolver e implementar

programas de prevenção de acidentes.

Por sua vez, o Ministério da Saúde/MS através da Secretaria de Assistência

à Saúde e também num segundo momento pela Secretaria de Vigilância em Saúde,

com o repasse dos recursos do DPVAT, criou a Política Nacional de Redução da

Morbimortalidade por Acidentes e Violências – Portaria MS/GM nº. 737 de 16 de

maio de 2001; O Projeto de Redução da Morbimortalidade por Acidentes de

Trânsito: Mobilizando a Sociedade e Promovendo a Saúde – Portaria MS nº. 344 de

19/02/2002 e a Política Nacional de Promoção da Saúde – Portaria MS/GM nº. 687

de 30/03/2006, publicada no DOU / Seção 1 nº. 63 de 31/03/2006.

Segundo Rozestraten (1988), a via, o veículo e o homem são os três fatores

primordiais de interação para que um sistema de trânsito funcione satisfatoriamente,

sendo este último o mais importante, pois é ele que adquire o comando do veículo e

da via. O comportamento humano é o principal responsável pelos acidentes de

trânsito, por isso é importante a preocupação em saber o que provoca o acidente e

em que condições acontecem.

Em 2001, foi definida a Política Nacional de Redução da Morbimortalidade

por Acidentes e Violências, através da Portaria MS/GM nº 737, de 16 de maio, que

pretendeu orientar a atuação do setor saúde no contexto desses eventos, aí

incluídos os ATs (BRASIL, 2004). Diversas iniciativas têm sido realizadas buscando

reduzir o número e impacto do AT no país nos últimos anos. Novas legislações mais

restritivas e com valores punitivos mais elevados, controle municipal do trânsito,

melhoria da segurança dos veículos e fiscalização eletrônica não conseguiram,

8

contudo, diminuir significativamente as mortes e incapacidades decorrentes desse

problema de saúde pública.

Dentre as causas de acidentes de trânsito, Vasconcellos (2005) relaciona

diversos fatores, tais como: o uso do álcool e de drogas, as condições da pista,

ambientes inadequados, estado de manutenção dos veículos, excesso de

velocidade, negligência dos motoristas. Outro ponto a ser considerado é a

precariedade no processo de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH),

através de métodos pedagógicos inapropriados. Por conta disso, o autor defende a

ideia de um treinamento ou um curso de reciclagem que vise a esclarecer ao

condutor sobre os graves impactos da velocidade na elevação da gravidade dos

acidentes.

Almeida et al (2013) realizou pesquisa que demonstra que veículos tipo

motocicleta apresentaram alto índice em envolvimentos em colisões de trânsito e

também apresentou maior percentual de óbito oriundo das fatalidades. Estudos de

WHO (2009) e Filho (2012) também coadunam com a constatação de considerável

índice de acidentes estarem relacionados com uso do veículo motocicleta,

principalmente nas cidades mais pobres. Martins, Boing e Peres (2013)

apresentaram estudos que comprovaram aumento de 800% de 1996 a 2009 na taxa

de acidentes envolvendo motocicleta.

Oliveira et al (2008) apontam como principais causas desse aumento de

acidentes, a ampliação da frota de veículos (especialmente de motocicletas para uso

particular e transporte de passageiros), condições de sinalização e estado de

conservação das vias públicas e ainda o descumprimento das Leis de Trânsito

(direção sob efeito de álcool, excesso de velocidade, inexperiência e/ou imprudência

de motoristas, uso de equipamentos de segurança).

O Ministério da Saúde (Redução de Acidentes e Violências) problematiza o

tema expondo como em primeiro lugar no interior das chamadas a acidentes e

emergências as causas externas, de acordo com a Classificação Estatística

Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde – Décima Revisão

(CID-10, 1997), e o entende como um evento não intencional e, sobretudo, evitável,

causador de lesões físicas e emocionais.

Divididos em 05 níveis, os sobreviventes de acidentes de trânsito são

caracterizados quanto ao grau de exposição: Os primários são as vítimas

submetidas ao nível máximo de exposição; Os secundários são os familiares

9

próximos dos acidentados; As vítimas de 3º grau são os profissionais que atuam na

emergência e no socorro às vítimas; As vítimas de 4º grau são pessoas da

comunidade envolvidas com o acidente, repórteres, pessoas do poder público; E,

finalmente, as vítimas de 5º grau são aquelas que sofrem o estresse pelo que veem

ou pelo que tomam conhecimento por meio da comunicação social (Maia e Pires,

2006).

Muitas dessas vítimas de 3º grau que atuam em acidentes, direta ou

indiretamente, poderão necessitar de acompanhamento psicológico, visando

compreender o que a experiência traumática lhe causou pessoalmente, bem como

adquirir suporte social e oportunidade de aprender a lidar com a situação. Esses

profissionais (médicos, enfermeiros, integrantes do Corpo de Bombeiros Militar e

Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) muitas das vezes são acometidos por

problemas de saúda advindos pela atuação em acidentes de forma rotineira,

necessitando assim de ações no “cuidado dos cuidadores” (Zimmermann, 2008).

Pesquisas comprovaram a necessidade da realização de estudos

direcionados que visem desenvolver estratégias para minimizar os efeitos

psicológicos do trauma e formas de cuidar dos cuidadores; contextualizar o estudo

do Transtorno do Estresse Pós-Traumático em termos de diversidade cultural,

considerando as principais variáveis, público alvo, o modo como as pessoas relatam

suas doenças e situar diferenças socioculturais, étnicas, de raça, gênero e faixa

etária (Haddad, Morita e Gonçalves, 2007).

O Ministério da Saúde juntamente com o Instituto de Pesquisa Econômica

Aplicada (IPEA) e Secretaria de Planejamento de Longo Prazo da Presidência da

República realizou no ano de 2007 o Seminário “Sequelas Invisíveis dos Acidentes

de Trânsito”, realizado no contexto do projeto "Impactos Sociais e Econômicos dos

Acidentes de Trânsito nas Rodovias Brasileiras”. Foram apresentadas características

do Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) decorrente de acidentes de

trânsito e apresentado recomendações para políticas públicas voltadas para a

redução dos impactos psicossociais da violência dos acidentes de trânsito.

ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

Minayo e Deslandes (2008) caracterizam o Atendimento Pré-Hospitalar

(APH) como um conjunto de medidas e procedimentos técnicos, variando de um

simples esclarecimento ou orientação médica por telefone até o envio de uma

10

ambulância de suporte básico ou avançado ao local da ocorrência, com o objetivo de

manter os padrões vitais o mais próximo da normalidade tendo como conceito

supremo não agravar as lesões já existentes ou gerar novas lesões, realizando

ainda o transporte apropriado a unidade hospitalar.

Segundo Santos e Santos Júnior (2001) a primeira proposta de sistemas de

cuidados pré-hospitalares foi feita em 1969, sugerindo-se que poderia haver melhora

na sobrevida se normas de reanimação, disponíveis no local e durante o transporte,

fossem aplicadas para proteger as vias aéreas e fazer a manutenção da circulação.

O aumento dos índices de mortalidade por causas externas, sobretudo as

causas violentas foi o impulso que levou à criação dos sistemas de Atendimento

Pré-Hospitalar (APH) com métodos semelhantes aos criados nas guerras, nas

cidades europeias e norte americano. Tais preocupações fizeram surgir também no

Brasil os serviços de APH em várias cidades, com características próprias, mas,

fortemente influenciados pelos modelos norte americano e francês (Martins, Prado,

2003).

De acordo com Ribeiro (2001), o APH compreende o atendimento na cena

do acidente, o transporte e a chegada ao hospital sendo essa assistência qualificada

fundamental para que a vítima chegue ao hospital com vida.

Segundo Dantas e Seixas (1998), a habilidade pessoal do profissional e

recursos disponíveis, assim como o alcance dos meios de comunicação,

entrosamento da equipe e, principalmente, treinamento específico intervém de forma

decisiva no resultado dos trabalhos.

Durante o Atendimento Pré-Hospitalar, a perfeita integração entre a equipe

de regulação médica, profissionais envolvidos, seguimento afinco de protocolos de

atendimentos e uso de materiais adequados podem promover influência nas taxas

de morbidade e mortalidade (Gonçalves e Rodrigues; 2001).

TRAUMA

Trauma pode ser definido como um evento lesivo que advém da liberação de

formas específicas de energia ou de barreiras físicas ao fluxo normal de energia. Os

traumas são responsáveis por elevadas estatísticas e custos em termos de

morbidade e mortalidade.

Segundo Trunkey (1983) ocorre uma categorização trimodal para óbitos em

trauma. A primeira fase de óbitos ocorre desde poucos minutos até uma hora após o

11

evento. Essas mortes ocorreriam mesmo com o pronto atendimento médico. A

melhor forma de combater esses óbitos é com a prevenção do trauma e estratégias

de segurança. A segunda fase de mortes ocorre nas primeiras horas após o

incidente. Esses óbitos podem ser prevenidos com um bom atendimento pré-

hospitalar e hospitalar. A terceira fase ocorre desde alguns dias até várias semanas

após o trauma, esses óbitos geralmente ocorrem por falência de múltiplos órgãos.

Estudos realizados nos municípios de Jataí-GO e Posse-GO, objetivados a

traçar um perfil epidemiológico dos acidentes de trânsito atendidas pelo Corpo de

Bombeiros Militar nessas respectivas localidades demonstraram que houve

consideráveis índices de registros de ocorrências nos finais de semana (sexta-feira,

sábado e domingo) e principalmente no período noturno (das 18h as 06h).

Correlacionados a estes índices também foram evidenciados altos números de

envolvimentos de cidadãos do sexo masculino, adultos jovens entre 21 a 40 anos

(Gonçalves, 2014; Xavier, 2015).

É recomendado que os dados de urgência e emergência sejam utilizados

para elaboração de uma linha de base descritiva dos serviços de saúde e dos perfis

epidemiológicos existentes. Por outro lado, a gestão do sistema de saúde tem

valorizado a análise de dados espaciais por apontar novos subsídios para o

planejamento e avaliação das ações, baseados na análise da distribuição espacial

das doenças, da localização dos serviços de saúde e dos riscos ambientais (Cabral,

Souza, 2008).

LEGALIDADE DO SERVIÇO EXECUTADO

Os Corpos de Bombeiros Militares são corporações cuja principal missão

consiste na execução de atividades de defesa civil, prevenção e combate a

incêndios, buscas, salvamentos e socorros públicos no âmbito de suas respectivas

Unidades Federativas, nos termos da Constituição Federal.

Assim, de acordo com a legislação pátria, é sabido que os Corpos de

Bombeiros Militares são órgãos estaduais, subordinados aos Governadores dos

Estados. É o que prescreve o art. 144, § 6°, da nossa Constituição Federal:

Art. 144 (...) § 6º - As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. (grifo nosso)

12

Neste sentido, a Lei de Organização Básica do CBMGO1 assim define as

esferas de atribuições da Corporação:

Art. 1º O Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás, instituição permanente e organizada com base na hierarquia e disciplina, destina-se a realizar serviços específicos de proteção e segurança pública no território do Estado de Goiás, nos termos desta Lei e conforme preceituam os arts. 42 e 144 da Constituição Federal e o art. 125 da Constituição do Estado de Goiás. (grifo nosso)

METODOLOGIA

No presente trabalho foi realizado uma avaliação quantitativa e qualitativa,

dentro da área de atuação operacional da Companhia Independente Bombeiro

Militar (CIBM), com sede no município de Cristalina, situado a 288 km da capital do

Estado de Goiás através, da coleta de dados das fichas de atendimento das

ocorrências registradas pela CIBM-Cristalina.

Os dados foram consolidados em planilhas e tabelas, analisados na forma

de números absolutos e porcentagem, segundo as variáveis: sexo, idade,

quantidade de vítimas, horário do evento, dia da semana, setor (local) do

atendimento, tipo do acidente (veículos envolvidos), local para onde foi transportada

a vítima e Estado em que aconteceu o acidente.

Com o intuito de se identificar as dificuldades gerais e também sugestões de

diversas, foi aplicado questionário para a tropa do CIBM-Cristalina, em período

específico do mês de outubro de 2016. Com base no estudo de Xavier (2015), este

questionário foi confeccionado seguindo estrutura semelhante ao questionário

especificado no estudo supracitado, porém com algumas modificações julgadas

necessárias a entender a realidade e rotina dos bombeiros militares dessa região.

Foram consideradas neste estudo todas as ocorrências envolvendo

acidentes de trânsito proveniente das fichas analisadas, no período de 1°de janeiro a

31 de dezembro de 2015.

No desenvolvimento da pesquisa serão garantidos os aspectos legais e

éticos de forma a cumprir as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa

envolvendo Seres Humanos, estabelecidas pela Resolução no466 de 12 de

dezembro de 2012 do Conselho Nacional de Saúde – CNS.

1 LEI Nº 18.305, DE 30 DE DEZEMBRO DE 2013. Dispõe sobre a estrutura organizacional do Corpo

de Bombeiros Militar do Estado de Goiás e dá outras providências.

13

RESULTADOS E DISCUSSÃO

ACIDENTES

No ano de 2015, a Companhia Independente Bombeiro Militar de Cristalina

atendeu 1.368 ocorrências, 162 de acidente de trânsito, cujas fichas de ocorrências

revelaram os números de acidentes demonstrados no gráfico 1. Observamos certa

homogeneidade ao longo de todo ano, com certa elevação no período de janeiro,

novembro e dezembro, ressaltando a necessidade de atentar para estes períodos no

que diz respeito aos afastamentos legais das guarnições de serviço (férias, licenças,

etc).

Gráfico 1: Quantidade de acidentes de trânsito/por mês

VÍTIMAS POR IDADE

Ao longo de todo o ano de 2015, foram atendidas 209 vítimas de acidente de

trânsito, sendo que, 08 vítimas (3,82%) apresentavam idade entre 0 e 10 anos, 40

vítimas (19,13%) pertenciam a uma faixa etária entre 11 e 20 anos, 72 vítimas

(34,44%) tinham entre 21 a 30 anos, 48 vítimas (22,96%) apresentavam idade entre

31 a 40 anos e 41 vítimas (19,61%) tinham idade acima de 40 anos.

16 16

12

16

10

16

12 12 13

9

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0

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18

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

TOTAL DE ACIDENTES

14

Gráfico 2: Idade das vítimas – quantidade x mês

A análise das vítimas por faixa etária revela que jovens de 21 a 30 anos

constituem o grupo mais acometido, seguido do grupo com faixa etária entre 31 e 40

anos de idade (Gráfico 2). Vários estudos confirmam a predominância de vítimas

jovens nesses tipos de acidentes (Oliveira, 2008; Soares, 2003).

Inexperiência, falta de familiaridade com as leis do trânsito e de habilidade

no dirigir, dificuldade em perceber o perigo e resolver os problemas, maior tendência

em dirigir com excessiva velocidade e de ingestão de álcool e/ou drogas antes da

condução respondem pela elevada frequência de vítimas jovens neste tipo de

acidente (Soares, 2003).

VÍTIMAS POR SEXO

Do total de vítimas atendidas em 2015 houve uma predominância do sexo

masculino, 123 indivíduos (58,85%), sendo 86 indivíduos do sexo feminino (41,14%),

conforme gráfico 3. Os homens não apenas são mais frequentes como motociclistas,

como tendem a ser motoristas mais agressivos do que as mulheres, executando

manobras mais arriscadas, com maior tendência de direção em situação prévia de

consumo de álcool (Duarte, 2000; Figueiredo et al., 2005).

Quanto a este perfil apontado, o resultado é semelhante a diversos estudos

que indicam pessoas do sexo masculino e jovens como os tipos de vítimas mais

frequentes, devido a maior exposição masculina por comportamentos determinados

8

40

72

48

41

0

10

20

30

40

50

60

70

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0--10 11--20 21--30 31--40 >40

VÍTIMAS POR IDADE

15

social e culturalmente, que os fazem assumir maiores riscos na condução de

veículos (Koizumi,1991; OMS, 1993).

Em trabalho desenvolvido em Marília, interior do Estado de São Paulo,

Dellatorre (1997), constatou que adolescentes de classes sociais média e alta

aprenderam a dirigir precocemente, com idades variando de oito a treze anos, tendo

como instrutores membros da própria família. Esses dados indicam ser necessário o

estabelecimento de estratégias que coíbam esse tipo de comportamento no

cotidiano brasileiro, o qual, indubitavelmente, aumenta o risco de ocorrência de

acidentes (Andrade, 2000).

Gráfico 3: sexo das vítimas – quantidade x mês

ACIDENTES POR DIAS DA SEMANA

Com relação ao dias e horários em que aconteceram as ocorrências, em um

total de 162 acidentes, temos: 25 acidentes (15,43%) ocorridos na segunda, 15

(9,25%) terça-feira, 24 (14,81%) na quarta-feira, 15 (9,25%) na quinta-feira, 26

(16,04%) na sexta-feira, 31 (19,13%) no sábado e 26 (16,04%) no domingo.

Pela análise do gráfico acima é possível averiguar o substancial aumento

dos acontecimentos de acidentes de trânsito aos finais de semana. Esses resultados

mostraram-se semelhantes aos estudos de Gonçalves (2014) e Xavier (2015), pois

há concordância entre os autores quanto à maior ocorrência de acidentes de trânsito

e de vítimas nos finais de semana.

15

10

6

9 8

17

10

7

9

7

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11

8 9 9

8

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7

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5

0

2

4

6

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14

16

18

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

QUANTIDADE DE OCORRÊNCIAS POR SEXO

MASC FEM

16

Gráfico 4: Acidentes por dias da semana

ACIDENTES POR HORÁRIO

Neste trabalho, a variável turno foi categorizada a partir do horário do

acidente referido nas fichas de ocorrência: das 6 às 12 horas = manhã; das 12 às 18

horas = tarde; das 18 às 24 horas = noite; e da primeira hora às 6 horas =

madrugada.

Verificou-se que 42 ocorrências (25,92%) ocorreram no período das 06:00

horas às 12:00 horas, 59 (36,41%) ocorreram no período das 12:00 horas às 18:00

horas, 53 (32,71%) ocorreram das 18:00 horas às 00:00 horas e apenas 08 (4,93%)

acidentes ocorreram das 00:00 horas às 06:00 horas. Desta forma temos 112

ocorrências que aconteceram entre 12:00 h e 00:00 h da madrugada, ou seja, em

parte do período diurno e início do período noturno.

O elevado índice de acidentes no período noturno associado aos fins de

semana deveria servir como indicador para a criação e implementação de

programas Inter setoriais de prevenção de acidentes de trânsito direcionados aos

jovens, que, apenas pela sua idade e inexperiência, já constituem um grupo de risco

para esse tipo de acidente.

Nota-se um elevado índice de acidentes no período vespertino onde

percebe-se um acentuado aumento do fluxo de veículos (carro / motocicleta)

transitando na zona urbana (setor centro e imediações) de Cristalina em função da

atividade comercial local.

26 25

15

24

15

26

31

0

5

10

15

20

25

30

35

DOMINGO SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO

ACIDENTES POR DIAS DA SEMANA

17

Gráfico 5: horário em que ocorrem os acidentes

ACIDENTES POR MUNICÍPIOS E RODOVIAS

Em relação às localidades de atendimento das ocorrências temos uma

predominância no município de Cristalina (zona urbana) com 136 acidentes

(83,95%) e um número considerável de atendimentos realizados nas rodovias BR-

040, BR-050, GO-436 que juntos somam 26 acidentes (16,049%).

Gráfico 6: quantitativo de acidentes por localidades e rodovias

Observamos desta forma que a grande maioria dos acidentes de trânsito

atendidos pela Companhia Independente Bombeiro Militar de Cristalina acontece na

zona urbana de Cristalina, onde em sua maior parte tratam-se de acidentes de

42

59

53

8 0

10

20

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40

50

60

70

06H-12H 12H-18H 18H-00H 00H-06H

HORÁRIO DOS ACIDENTES

26

136

0

20

40

60

80

100

120

140

160

RODOVIAS CRISTALINA

MUNICÍPIO X RODOVIAS

18

menor vulto e baixa e média monta. Porém, foi evidenciado durante a coleta de

dados que os acidentes de trânsito atendidos nas rodovias já citadas, demonstram-

se como ocorrências de um alto grau de vultuosidade e risco, envolvendo veículos

de grande porte e/ou veículos em alta velocidade, promovendo uma maior gravidade

dos riscos às vítimas, sendo desenvolvidos atendimentos mais trabalhosos

conjuntamente com um maior tempo de serviço.

ACIDENTES POR BAIRROS DE CRISTALINA-GO

Em relação somente ao município de Cristalina, podemos especificar os

quatro bairros onde aconteceram mais acidentes, sendo: Centro: 50 acidentes

(36,76%), Setor Oeste: 14 acidentes (10,29%), Setor Aeroporto: 12 acidentes

(8,82%), Setor Rio de Janeiro: 08 acidentes (5,88%); Na Zona Rural ocorreram 11

acidentes (8,08%).

Percebemos um grande número de acidentes no setor central da cidade,

mesmo esta parte sendo bem sinalizada, o que nos leva a crer que a imprudência é

o principal fator causador destes acidentes.

Gráfico 7: Quantitativo de acidentes por bairros de Cristalina

Em relação aos bairros citados acima, os acidentes poderiam ser

minimizados ou mitigados com a melhoria da sinalização de trânsito mais adequada

nos cruzamentos, haja vista que a sinalização é intensa somente no setor central da

cidade.

5

50

12 14 5 8 2 4 2 2 5 5 1 3 3 2 2 11

0

10

20

30

40

50

60

ACIDENTES POR BAIRROS

19

PRINCIPAIS PONTOS DE ACIDENTES NO MUNICÍPIO DE CRISTALINA

Considerando os pontos onde ocorrem mais acidentes de trânsito no

município de Cristalina, temos: Avenida Kaled Cozac: 12 acidentes (7,40%), Avenida

Antonino Camilo de Andrade: 08 acidentes (4,93%), Rua Goiás: 6 acidentes

(3,70%), Avenida Flamengo, Rua Inácio Jorge dos Santos, Rua da Saudade e Rua 7

de Setembro, todas com 5 acidentes por via (3,08% cada via), Rua 21 de Abril: 4

acidentes (2,46%) e Rua Otaviano de Paiva, Rua José de Alencar, Rua Padre José

Borsato e Rua Minas Gerais todas com 3 acidentes por via (2,20% cada via).

Gráfico 8: Avenidas de Cristalina com mais acidentes

No caso dos pontos onde ocorrem mais acidentes, notadamente nas

Avenidas Kaled Cozac e Antonino Camilo de Andrade verifica-se tratar de vias de

ligação entre setores comerciais e residenciais do município e também por serem via

de transito rápido que permite o desenvolvimento de velocidade considerável nos

deslocamentos dos veículos, onde por imprudência e alta velocidade, são

registrados alto índice de acidentes. Por sua vez, algumas vias como a Rua Goiás e

Rua 7 de Setembro apresentam substancial índice de registros devido ao fato de

apresentarem fluxo intenso de veículos tipo carro e moto, fato que reforça a

necessidade de solicitarmos, junto às autoridades competentes, uma melhoria da

sinalização destes pontos e soluções alternativas visando a redução da velocidade

de deslocamentos de veículos nas referidas vias.

12

8

5 5 5 3 3

6 5

3 4

3 0

2

4

6

8

10

12

14

VIAS COM MAIS ACIDENTES

20

TIPOS DE VEÍCULOS ENVOLVIDOS NOS ACIDENTES

Observamos com relação ao gráfico 9 que os atendimentos envolvendo

veículos (considerando somente carros, ônibus, caminhões e similares) somam 107

acidentes (56,61%) e os acidentes envolvendo motos (motocicletas, motonetas,

triciclos e bicicletas) somam 82 acidentes (43,38%). O fato dos acidentes de trânsito

envolvendo carros, caminhões e ônibus atendidos serem quase 14% maior do que

os ocorridos com as motos/motocicletas, se deve ao número considerável de

atendimentos realizados em rodovias, que em sua maioria não envolvem

motocicletas.

Gráfico 9: tipos de veículos envolvidos no acidente

Neste cenário observamos um resultado diferente de outros estudos, (Filho,

2012; Almeida et al, 2013; Martins, Boing, Peres, 2013), que apontam a motocicleta

como o veículo com maior índice de envolvimento em acidentes de trânsito.

A divergência de resultados demonstrada acima, sugere-se que haja

correlação ás características da área de atuação da CIBM de Cristalina, que é

composta por distritos pouco populosos e ao mesmo tempo uma área de atuação

operacional com uma malha viária extremamente extensa e movimentada, devido

ser passagem obrigatória para diversos destinos brasileiros (Distrito Federal, Minas

Gerais, São Paulo), bem como, escoamento de grãos da alta produção do próprio

município.

42

5

68

21

10

32

11 0

10

20

30

40

50

60

70

80

CARRO XCARRO

MOTO XPEDESTRE

CARRO XMOTO

CARRO CARRO XPEDESTRE

MOTO MOTO XMOTO

VEÍCULOS ENVOLVIDOS NOS ACIDENTES

21

UNIDADES FEDERATIVAS ONDE OCORRERAM OS ACIDENTES

No gráfico acima especifica-se que a Companhia Independente Bombeiro

Militar de Cristalina realizou em sua totalidade somente atendimentos dentro do

perímetro do Estado de Goiás, no tocante à acidentes de trânsito.

Gráfico 10: Estados onde ocorreram os atendimentos

TOTAL DE ÓBITOS

Das 209 vítimas atendidas, decorrentes de acidentes de trânsito, 12 (5,74%)

vítimas vieram a falecer no local ou evoluíram a óbito durante o transporte até o

hospital. Obviamente que este número será bem maior se considerarmos os que

fatalmente perdem a vida dias após o acidente e em decorrência deste.

Analisando estes óbitos, verificamos que duas características dos acidentes

de trânsito os tornam especialmente importantes. Em primeiro lugar, esta causa

pode ser considerada, ao menos teoricamente, como 100% prevenível. Os acidentes

de trânsito não ocorrem “por acaso”, mas são decorrentes de deficiências das vias,

dos veículos e, principalmente, das falhas humanas, aspectos bem documentados

por Marín e Queiroz (2000).

Em segundo lugar, esta é uma causa de morte que atinge uma população

essencialmente jovem. Em trabalho realizado em Maringá, Paraná, 51% dos óbitos

observados ocorreram em indivíduos entre 20 e 49 anos de idade (Scalassara et al.,

1998). Em Londrina, 50% dos acidentados tinham entre 17 e 31 anos (Andrade,

2000; Mello Jorge, 2001).

162

0 0 0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

GOIAS DF MINAS

ESTADO DOS ACIDENTES

22

Gráfico 11: Total de óbitos

QUESTIONÁRIOS APLICADOS AOS INTEGRANTES DA CIBM -

CRISTALINA

Foi aplicado um questionário aos militares da Companhia Independente

Bombeiro Militar de Cristalina-GO, semelhantes ao questionário do Xavier (2015),

contendo algumas modificações pertinente a rotina e característica da área de

atuação da respectiva Unidade Militar, afim de se buscar junto àqueles que estão

diretamente voltados ao serviço operacional, quais as dificuldades encontradas na

realização do serviço e quais as sugestões de melhoria.

Desta forma, no gráfico 12, estão elencados os três principais pontos que

mais foram citados pelos militares: Equipar esta Unidade Militar com um

equipamento desencarcerador sobressalente para fins de uso em viatura de

Resgate Pré hospitalar e demais viaturas, uma melhor iluminação nas viaturas.

Ainda conforme gráfico 12, nota-se a necessidade de oficializar solicitação junto a

prefeitura local através de Secretária Municipal de Trânsito no sentido de realizar

estudo e aplicação de serviço de melhoria na sinalização da vias urbanas do

município em estudo tendo em vista a considerável quantidade de acidentes de

trânsito ocorrido no meio urbano de Cristalina conforme comprovado no gráfico 6 e

evidenciado em pesquisa junto aos bombeiros militares lotados na Unidade do

Corpo de Bombeiros de Cristalina.

1

4

1

3

2

1

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

TOTAL DE ÓBITOS

23

Gráfico 12: principais apontamentos feitos pelos militares da CIBM - Cristalina visando a

melhoria do serviço operacional

CONCLUSÃO

O presente estudo proporcionou o desenvolvimento de uma análise

sistêmica dos acidentes de trânsito atendidos pelo Corpo de Bombeiros Militar no

município de Cristalina-GO. Diante disto, foi possível especificar e correlacionar

algumas particularidades incomuns a estes eventos com o objetivo de mensurar e

apontar as principais ações preventivas a serem implementadas visando reduzir os

incidentes dessa natureza.

As análises e pesquisas das ocorrências atendidas pela CIBM de Cristalina

no ano de 2015 conseguiram evidenciar que:

- Houve uma predominância de vítimas do sexo masculino, com idade entre

21 e 40 anos;

- Constatou-se que os acidentes ocorrem em sua maioria aos finais de

semana (sexta, sábado e domingo), com maior incidência nos períodos vespertino e

noturno e ainda com maior envolvimento de veículos tipo 1 (carro, caminhonete,

caminhão).

Portanto, o estudo ainda possibilitou a especificação das ruas, avenidas,

vias e bairros que apresentaram uma maior estatística de acidentes ao ponto que

juntamente com a avaliação dos inúmeros fatores relacionados ao atendimento pré-

23

12

17

0

5

10

15

20

25

FOCO NA MELHORIA DO SERVIÇO OPERACIONAL

24

hospitalar, citados acima, evidenciam a possibilidade de redução dos índices de

morbimortalidade neste tipo de evento, através de uma melhor compreensão da

rotina e do modo de operação dos acidentes e sua frequência. Tal estudo

comparativo propiciará a realização treinamentos direcionados e a implementação

de pontos estratégicos de permanência das equipes em determinados setores e

horários, campanhas educativas, dentre outras melhorias, a fim de propiciar uma

melhor eficiência e agilidade no atendimento do Corpo de Bombeiros Militar no

município de Cristalina.

25

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29

APÊNDICE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PÚBLICA

INSTRUMENTO 1 COLETA DE DADOS COM BASE NOS ARQUIVOS DE

OCORRÊNCIAS REGISTRADAS PELO COMPANHIA INDEPENDENTE BOMBEIRO

MILITAR DE CRISTALINA-GO

1. Numero do Instrumento de Coleta: _________

2. Nome do auxiliar de pesquisa: ____________

3. N° da Ficha de Ocorrência:____________

4. Idade das vítimas: _____________________

5. Número de vítimas do acidente:______________ 6. Horário do acionamento:__________

7. Horário que chegou no local:___________________

7. Número de óbitos no local ou que evoluíram a óbito durante o transporte:__________

8. Sexo da(s) vitima(s): ( ) FEM quantos?________ ( ) MASC quantos?________

9 . Ano do Acidente: ( )2014 ( )2015

10. Mês do acidente:

( )Jan ( )Fev ( )Mar ( )Abr ( )Mai ( )Jun ( )Jul ( )Ago ( )Set ( )Out ( )Nov ( )Dez

11.Dia do Acidente: ( ) 2ª ( ) 3ª ( ) 4 ª ( ) 5 ª ( ) 6 ª ( ) Sábado ( ) Domingo

12. Tipo de acidente:

( ) Carro¹ X Carro ( ) Moto² X Pedestre

( ) Carro X Moto ( ) Carro X somente

( ) Carro X Pedestre ( ) Moto X somente

13. Endereço do acidente ( rua, setor, cidade):

_____________________________________________________________________________

14. Atendimento realizado em outros estados: ( )Distrito Federal ( )Minas Gerais ( )Goiás

15. O atendimento ao acidente obteve apoio de outros órgãos:

( )SAMU ( ) Concessionária da Rodovia BR-040/050 ( )Outros_________________

1 Serão considerados neste item os carros, ônibus, caminhões e similares

2. Serão considerados neste item as motocicletas, motonetas, triciclos e bicicletas

30

APÊNDICE

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERENCIAMENTO DE SEGURANÇA PÚBLICA

INSTRUMENTO 2 COLETA DE DADOS ATRAVÉS DA APLICAÇÃO DE

QUESTIONÁRIO AOS INTEGRANTES DA COMPANHIA INDEPENDENTE BOMBEIRO

MILITAR DE CRISTALINA-GO

1. Quais as dificuldades encontradas para o atendimento a ocorrências de trânsito na

Companhia Independente Bombeiro Militar de Cristalina? (Epi, Equipamentos,

viaturas, etc)?

( ) EPI ( ) Equipamentos ( ) Viaturas ( ) Iluminação das vias e rodovias

Outros:____________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

2. Quais as sugestões para melhoria neste serviço?

_______________________________________________________________________

______________________________________________________________________