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Universidade Estadual de Feira de Santana Departamento de Tecnologia JÂNIO OLIVEIRA BISPO AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE TELHAS CERÂMICAS: ESTUDO DE CASO EM FEIRA DE SANTANA Feira de Santana 2009

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Universidade Estadual de Feira de Santana

Departamento de Tecnologia

JÂNIO OLIVEIRA BISPO

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE TELHAS CERÂMICAS: ESTUDO DE CASO EM

FEIRA DE SANTANA

Feira de Santana

2009

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JÂNIO OLIVEIRA BISPO

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE TELHAS CERÂMICAS: ESTUDO DE CASO EM

FEIRA DE SANTANA

Trabalho de Projeto Final II apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Feira de Santana como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientação: Profº. Eduardo Antônio Lima Costa

Co-Orientação: Profº. Antônio Freitas da Silva Filho

Feira de Santana

2009

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JÂNIO OLIVEIRA BISPO

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE TELHAS CERÂMICAS FABRICADAS NA

REGIÃO DE FEIRA DE SANTANA

A presente monografia foi analisada e aprovada pelos membros da banca no intuito da aprovação do graduando no Trabalho de Conclusão de Curso realizado pela disciplina Projeto Final II do curso de Engenharia Civil da Universidade Estadual de Feira de Santana.

______________________________________________ Prof. Mestre Eduardo Antônio Lima Costa

(Universidade Estadual de Feira de Santana/UEFS)

___________________________________________________ Prof. Mestre Antônio Freitas da Silva Filho

(Universidade Estadual de Feira de Santana/UEFS)

___________________________________________________ Prof. Mestre Elvio Antonino Guimarães

(Universidade Estadual de Feira de Santana/UEFS)

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RESUMO

Tendo em vista o crescimento atual da construção civil, faz-se necessário a

análise da qualidade dos produtos utilizados, pois o número de fornecedores vem

aumentando e é preciso avaliar os produtos e suas qualidades. Com o intuito de

avaliar a qualidade das telhas cerâmicas fabricadas em Feira de Santana – BA foi

feita uma pesquisa coletando as amostras, de acordo com a Norma Brasileira (NBR)

15310:2005, de uma Indústria Cerâmica produtora de telha colonial paulista. Após a

coleta realizou-se todas as inspeções normatizadas pela NBR 15310:2005,

identificação, características visuais, sonoridade, características dimensionais,

retilineidade e planaridade, absorção de água, impermeabilidade e carga de ruptura

a flexão. Esta avaliação indicou que as telhas cerâmicas fabricadas nesta Indústria

de Feira de Santana - BA não atendem os padrões exigidos pela NBR 15310:2005.

Palavras-chave: Telha cerâmica, produção de telhas, indústria cerâmica.

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ABSTRACT

In view of the current growth in civil construction, it is necessary to analyze the

quality of the products used, as the number of suppliers is increasing and it is

necessary to evaluate the products and their quality. In order to assess the quality of

ceramic tiles produced in Feira de Santana – BA it was prepared a research with

samples, according to Brazilian standard (NBR) 15310:2005, of a producer of

ceramic colonial tile from São Paulo. After the data compilation, it was carried out all

inspections normalized by NBR 15310:2005, identification, visual characteristics,

sound, dimensional characteristics, and rectilinear planarity, water absorption,

waterproof and tensile strength to bending. That evaluation indicated that the ceramic

tiles produced in this Industry of Feira de Santana - BA do not meet the standards

required by the NBR 15310:2005.

Keywords: Ceramic tile, production of tiles, ceramic industry.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Louças sanitárias 19

Figura 2 Piso cerâmico 20

Figura 3 Manilhas cerâmicas 21

Figura 4 Tijolo refratário 22

Figura 5 Bloco cerâmico de 8 furos 23

Figura 6 Telha cerâmica tipo romana 24

Figura 7 Pá carregadeira abastecendo o silo ou caixão alimentador 26

Figura 8 Equipamento para misturar argila e água 26

Figura 9 Material após laminação 27

Figura 10 Extrusão telha colonial 28

Figura 11 Extrusão dos bastes 28

Figura 12 Secagem das telhas na estufa 29

Figura 13 Alimentação dos fornos com madeira e pó de madeira 30

Figura 14 Telha francesa 31

Figura 15 Telha romana 32

Figura 16 Telha portuguesa 32

Figura 17 Telha colonial 33

Figura 18 Telha plan 33

Figura 19 Telha uruguaia 34

Figura 20 Vista esquemática da largura de fabricação e largura útil de telhas

cerâmicas 36

Figura 21 Vista esquemática da comprimento de fabricação e comprimento

útil de telhas cerâmicas 37

Figura 22 Representação esquemática da retilinearidade – telha composta

de encaixe 39

Figura 23 Representação esquemática da retilinearidade - telha simples de

sobreposição 39

Figura 24 Representação esquemática da planaridade 40

Figura 25 Dispositivo para aplicação de carga - exemplificação esquemática,

em telha simples de sobreposição 42

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Figura 26 Ensaio de percussão 46

Figura 27 Mensurações: A - comprimento efetivo, B – largura efetiva, C

posição do pino e D - altura do pino 48

Figura 28 Determinação do rendimento médio da telha (Rm) (exemplificação

com telha simples de sobreposição) 50

Figura 29 Mensuração do comprimento útil 50

Figura 30 Mensuração da largura útil 51

Figura 31 Mensuração da planaridade 52

Figura 32 Determinação da retilineidade 52

Figura 33 Pesagem da telha 54

Figura 34 Telhas submetidas a secagem em estufa 105,0 ± 5,0 ⁰C 54

Figura 35 Conjunto moldurada-telha com água até uma altura superior a 60

mm sobre espelho 58

Figura 36 Aplicação de carga para ensaio de ruptura a flexão simples 59

Figura 37 Corpo de prova rompido 60

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Tipos de telhas e cargas de ruptura 42

Tabela 2 Aceitação e rejeição por dupla amostragem na inspeção geral 44

Tabela 3 Resultados da inspeção da identificação 45

Tabela 4 Resultado da inspeção visual e sonoridade 46

Tabela 5 Aceitação e rejeição na inspeção por amostragem simples na

inspeção por ensaios 47

Tabela 6 Aceitação e rejeição na por dupla amostragem na inspeção por

ensaios 47

Tabela 7 Resultado das características dimensionais das telhas canal 49

Tabela 8 Resultado das características dimensionais das telhas capa 49

Tabela 9 Resultado do rendimento média das telhas 51

Tabela 10 Resultado da retilineidade e planaridade das telhas 53

Tabela 11 Pesagens das telhas submetidas a estufa 105,0 ± 5,0 ⁰C, em

intervalos de 1h, para o ensaio de absorção de água 55

Tabela 12 Massa seca (ms) e variação da massa das telhas 55

Tabela 13 Massa úmida (mu) e absorção de água (AA) 56

Tabela 14 Pesagens das telhas submetidas à estufa 105,0 ± 5,0 ⁰C, em

intervalos de 1h, para o ensaio de absorção de água 57

Tabela 15 Resultado do ensaio de impermabilidade 58

Tabela 16 Resultado do ensaio de carga de ruptura a flexão simples 60

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 10

1.1 JUSTIFICATIVA .................................................................................. 11

1.2 OBJETIVOS......................................................................................... 11

1.2.1 Objetivo Geral...................................................................................... 11

1.2.2 Objetivos Específicos .......................................................................... 12

1.3 METODOLOGIA.................................................................................. 12

1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA....................................................... 12

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................... 14

2.1 MATÉRIA-PRIMA DOS MATERIAIS CERÂMICOS............................ 14

2.1.1 Propriedades das Argilas..................................................................... 16

2.2 MATERIAIS CERÂMICOS................................................................... 17

2.2.1 Elementos de Desagregação das Cerâmicas...................................... 18

2.3 TIPOS DE MATERIAIS CERÂMICOS................................................. 19

2.3.1 Louças Sanitárias................................................................................ 19

2.3.2 Revestimentos Cerâmicos................................................................... 20

2.3.3 Manilhas Cerâmicas............................................................................ 21

2.3.4 Materiais Refratários............................................................................ 21

2.3.5 Blocos Cerâmicos................................................................................ 22

2.3.6 Telhas Cerâmicas................................................................................ 23

2.4 ESTUDO DAS TELHAS CERÂMICAS................................................ 24

2.4.1 Fabricação de Telha Cerâmica............................................................ 25

2.4.2 Tipos de Telha Cerâmica..................................................................... 31

2.4.3 Qualidade das Telhas Cerâmicas........................................................ 34

2.4.3.1 Identificação......................................................................................... 35

2.4.3.2 Características visuais......................................................................... 37

2.4.3.3 Sonoridade........................................................................................... 37

2.4.3.4 Características dimensionais............................................................... 38

2.4.3.5 Retilineidade e planaridade................................................................. 38

2.4.3.6 Absorção de água................................................................................ 40

2.4.3.7 Impermeabilidade................................................................................ 41

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2.4.3.8 Carga de ruptura a flexão.................................................................... 41

3 INSPEÇÕES E RESULTADOS........................................................... 43

3.1 INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE O FABRICANTE.......................... 43

3.2 INSPEÇÃO GERAL............................................................................. 43

3.2.1 Identificação......................................................................................... 44

3.2.2 Características Visuais e Sonoridade.................................................. 45

3.3 INSPEÇÃO POR ENSAIOS................................................................. 47

3.3.1 Características Dimensionais.............................................................. 48

3.3.2 Retilineidade e Planaridade................................................................. 51

3.3.3 Absorção de Água............................................................................... 53

3.3.4 Impermeabilidade................................................................................ 56

3.3.5 Carga de Ruptura a Flexão Simples................................................... 59

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................ 61

4.1 CONCLUSÃO...................................................................................... 62

4.2 SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS..................................... 63

REFERÊNCIAS................................................................................... 64

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1 INTRODUÇÃO

Na construção civil são utilizados diversos tipos de materiais e muitos deles

são materiais cerâmicos, como: telhas, louças sanitárias, azulejos, pisos, pastilhas,

manilhas, materiais refratários e bloco.

A indústria cerâmica tem uma linha de produção que pode ser resumida em

extração de matéria – prima (argila), moldagem, secagem e queima do produto

(BAUER, 1999). Com um processo de fabricação simples e uma falta de exigência

de qualidade dos produtos cerâmicos por parte dos consumidores ocorre um grande

número de fabricantes, principalmente indústrias de pequeno porte, levando a

fabricação de artefatos cerâmicos sem qualidade que acabam abastecendo o

mercado da construção civil, o que acarreta problemas futuros nas edificações.

Segundo Bustamante e Bressiani, (2000) “A indústria cerâmica tem um papel

cada vez maior na economia brasileira, o setor equivale a 1,0% do Produto Interno

Bruto (PIB), sendo que só a cerâmica vermelha estrutural representa cerca de 40 %

desse valor.” “O setor de cerâmica vermelha consume cerca de 70 milhões de

toneladas de matérias-primas por ano, através das 12 mil empresas distribuídas pelo

país, a maioria de pequeno porte, gerando centenas de milhares de empregos”

(MACEDO; MENEZES, 2008).

No presente trabalho foi desenvolvido um estudo para a avaliação da

qualidade de telhas cerâmicas fabricadas em uma Indústria Cerâmica de Feira de

Santana/Bahia através de ensaios tecnológicos, normatizados pela Associação

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) por meio da Norma Brasileira (NBR)

15310:2005 (Componentes cerâmicos – Telhas – Terminologia, requisitos, e

métodos de ensaios). Nesta monografia realizou-se um estudo teórico sobre o

assunto, uma pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo, cuja análise será um

fator que predominará ao longo da pesquisa.

Os resultados deste trabalho bem como as análises e comentários servirão

para engenheiros, estudantes de arquitetura, dentre outros estudantes interessados

pela temática em questão e indicam que as telhas cerâmicas da Indústria avaliada

não atendem aos requisitos da NBR 15310:2005.

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1.1 JUSTIFICATIVA

Apesar da grande importância econômica e social da cerâmica no país, “[...] a

grande maioria dos jazimentos de argilas não é devidamente estudada, não

havendo, em geral, dados técnico - científicos que orientem sua aplicação industrial

da maneira mais racional e otimizada possível.” (MACEDO; MENEZES, 2008). Isso

implica na produção e pode levar os produtos a terem nível de qualidade reduzido

“No Brasil convencionou-se conceituar o Setor Cerâmico em divisões que se

diferem pelos produtos que são obtidos e mais precisamente pelos Mercados que

estão inseridos” (CERÂMICA INDUSTRIAL, 2008). Estas divisões são cerâmica

estrutural (vermelha), revestimentos (pisos e azulejos), matérias primas naturais,

refratários, sanitários, louça de mesa, vidrados e muitos outros. Analisando essa

divisão observa–se que a cerâmica faz parte do dia-a-dia de todos e precisa ser

estudada constantemente.

É relevante estudar o tema visto que em todo o município de Feira de

Santana nas últimas duas décadas tem crescido consideravelmente a construção de

edificações unifamiliares e conseqüentemente a utilização de coberturas compostas

por telhas cerâmicas e não existe nenhum estudo atual sobre a situação da

qualidade das telhas cerâmicas fabricadas na região.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Avaliar a qualidade de telhas cerâmicas de uma Indústria Cerâmica de Feira

de Santana/Bahia.

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1.2.2 Objetivo Específico

Avaliar as telhas cerâmicas quanto às variações dimensionais, a absorção de

água, impermeabilidade e a carga de ruptura a flexão.

1.3 METODOLOGIA

Para atingir os objetivos deste trabalho foi traçada a seguinte metodologia:

Revisão bibliográfica sobre materiais cerâmicos dando ênfase as telhas

cerâmicas e aos ensaios tecnológicos;

Pesquisa, na telelista de Feira de Santana, por fabricantes de telhas

cerâmicas da região;

Coletar as amostras necessárias para formação dos lotes e realizar as

inspeções gerais, de identificação, característica visual e sonoridade e as

inspeções por ensaios, de características dimensionais, retilineidade e

planaridade, absorção de água, impermeabilidade e carga de ruptura a flexão

de acordo com a NBR 15310:2005 (Componentes cerâmicos – Telhas –

Terminologia, requisitos, e métodos de ensaio);

Analisar, apresentar os resultados e concluir sobre a qualidade das telhas

cerâmicas.

1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA

A estrutura do trabalho foi dividida em 4 capítulos.

O Capítulo 1 consiste na introdução, justificativa, objetivos (geral e

específicos), metodologia e estrutura da monografia.

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O Capítulo 2 trata da Revisão Bibliográfica abordando aspectos sobre

materiais cerâmicos dando ênfase às telhas cerâmicas e aos ensaios tecnológicos.

No Capítulo 3 foi feito o estudo de caso sobre a qualidade de telhas

cerâmicas fabricadas na região de Feira de Santana, através dos ensaios

tecnológicos e apresentação dos resultados conforme previstos na NBR

15310:2005.

O Capítulo 4 é a conclusão do trabalho, sugerindo assuntos para a

continuação do estudo.

Os anexos e as referências consultadas estarão logo em seguida

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 MATÉRIA-PRIMA DOS MATERIAIS CERÂMICOS

“A matéria-prima empregada na fabricação de produtos cerâmicos são as

argilas e os desengordurantes, sendo as primeiras a matéria ativa, e os segundos os

materiais inertes que diminuem a plasticidade.” (PETRUCCI, 2003, p. 2).

A argila pode ser definida de várias formas dependendo da área profissional

ou técnica em que esteja sendo tratada. Segundo Meira (2001, p. 1) a argila “[...]

para um petrologista é uma rocha, para um mineralogista é um mineral ou mistura

de minerais argilosos que apresentam estrutura essencialmente filitosa e

granulometria muito fina [...]”. Já a ABNT através da NBR 6502:1995 (Rochas e

solos – terminologia) diz que argila é “solo de granulação fina constituído por

partículas com dimensões menores que 0,002 mm, apresentando coesão e

plasticidade.”

Como o tema tratado neste trabalho esta na linha da produção cerâmica uma

definição que se encaixa muito bem é a de Silva (1991, p. 161) que conceitua argila

como “[...] material formado de minerais (principalmente compostos de silicatos e

alumina hidratados) que têm a propriedade de formarem, com água, uma pasta

suscetível de ser moldada, secar e endurecer, sob ação do calor.”

A argila é formada através das intempéries agindo sobre as rochas da crosta

terrestres, essas podem ser encontradas nos locais onde foram formadas (rocha

sendo decomposta), argilas residuais, ou podem ter sido transportadas pelo vento

ou chuva, argilas sedimentares. A consolidação dessas argilas ocorre com

constância alterações de temperatura e pressão e assim, junto com o transporte e

sedimentação, que misturam os minerais originais da rocha com outros minerais,

formam uma grande variedade de argilas com diversos tipos de cor, plasticidade e

composição química.

De acordo com Petrucci (2003, p. 4) “a análise química das argilas revela a

existência de sílica (SiO2), alumina (Al2O3), óxido férrico (Fe2O3), cal (CaO),

magnésia (MgO), álcalis (Na2O e K2O), anidrido carbônico (CO2) e anidrido sulfúrico

(SO3=).” Já suas proporções, em geral, são:

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Sílica, de 40 a 80%;

Alumina, de 10 a 40%;

Oxido férrico, até 7%;

Cal, até 10%;

Magnésio, até 1%;

Álcalis, até 10%.

Água também é integrante da argila e esta se encontra de três formas, água

de constituição, água adsorvida ou de plasticidade e água livre ou de capilaridade. A

água de constituição ou de inchamento é a água existente na estrutura da molécula.

A água adsorvida ou de plasticidade é a que se encontra na superfície da molécula,

atraída pelas atrações moleculares. A água livre ou de capilaridade é a água dos

vazios da argila, que são submetidas a ação de capilaridade.

São muitos os tipos de argilas, mas as mais importantes, se tratando de

produtos cerâmicos, são: caulinita, montmorilonita e micáceas.

As cauliníticas são as mais puras, e são usadas na indústria de porcelanas,

materiais refratários e cerâmicas sanitárias. As montmorilonitas são pouco usadas,

pois, absorvem muita água e tem um grande poder de inchamento, normalmente as

montmorilonitas são usadas misturadas com as cauliníticas para corrigir a

plasticidade, que é muito grande. As micáceas são encontradas em grande

quantidade para extração e também são as mais usadas na fabricação de tijolos,

blocos e telhas.

Quanto à composição as argilas podem ser puras ou impuras. Uma argila dita

propriamente pura seria composta por apenas um tipo de mineral, o que não existe.

São encontradas argilas compostas por um determinado mineral argiloso que

predomina que é o caso das cauliníticas. Já as impuras são as argilas com mais de

um tipo de mineral e com presença de desengordurantes. As impuras são

classificadas em gordas, quando rica em materiais argilosos e pobre em

desengordurantes, e magras, quando pobre em materiais argilosos e rica em

desengordurantes.

O uso das argilas permite a classificação dessas em infusíveis, fusíveis e

refratárias. As infusíveis são praticamente caulim puro, e apresentam depois de

cozidas cor branca, são infusíveis a altas temperaturas. As fusíveis são as mais

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importantes, são usadas na fabricação de tijolos, blocos e telhas, elas deforma-se e

entram em processo de vitrificação com temperaturas inferiores a 1200 oC. As

refratárias também são muito puras tem baixa condutibilidade e não se deformam a

temperaturas de 1500 oC. São utilizadas na fabricação de fornos, churrasqueiras,

etc.

2.1.1 Propriedades das Argilas.

Bauer (1999, p. 529) afirma que “as propriedades mais importantes das

argilas são a plasticidade, a retração e o efeito do calor.”

Ainda conforme Bauer (1999, p. 529) “um corpo plástico é definido como o

que pode ser continuamente deformado, sem que sobrevenha a ruptura. Não possui

limite de elasticidade e também não pode ser encruado a frio.” Isto ocorre com as

argilas misturadas com água, sendo o teor de água não superior ao limite de

plasticidade da argila. Esta propriedade é muito importante no processo de

fabricação cerâmica em vista que são inúmeras as formas dos produtos.

A plasticidade se dá devido à presença de água livre e água adsorvida entre

as moléculas de argila e a força de atração entre essas moléculas. O limite de

plasticidade se dá quando estas águas entre as moléculas anulam as forças de

atração.

A retração é a redução de volume de um determinado material devido a perda

de parte da água livre e água adsorvida. Esta perda de água forma vazios, e as

moléculas do material, devido às forças de atração molecular, se rearranjam

reduzindo desta forma o volume. Quanto maior a plasticidade (argilas mais puras)

maior a retração e por esta não ocorrer de forma absolutamente uniforme os

produtos podem vir a se deformar.

O efeito do calor pode-se dar de dois modos nas argilas conforme Silva

(1991, p. 162):

“a) natureza física: variação de densidade, porosidade, dureza, resistência, plasticidade, condutibilidade térmica e elétrica. b) natureza química – desidratação, decomposição, formação de novos compostos.”

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17

O calor elimina todos os tipos de água, sendo cada uma em uma faixa de

temperatura diferente. A água livre é eliminada desde a temperatura ambiente até

cerca de 110 oC, a água adsorvida é removida em temperaturas que variam de 300

a 400 oC e água de constituição em temperaturas acima de 400 oC. As duas

primeiras eliminações podem ser desfeitas, mas a terceira não, pois neste caso não

se conserva a estrutura da argila e a depender da temperatura atingida o material já

iniciou o processo de vitrificação. São essas variações de temperatura, eliminação

de águas, rearranjo de moléculas, reações químicas que causam os efeitos de

natureza física e química citados.

2.2 MATERIAIS CERÂMICOS

Petrucci (2003, p. 2), diz que “os produtos cerâmicos são materiais de

construção, obtidos pela secagem e cozimento de materiais argilosos.”

É ampla a variação das propriedades dos materiais cerâmicos que dependem

principalmente da argila utilizada na produção, do processo de moldagem, secagem

e cozimento. As principais propriedades são:

Peso específico aparente;

Resistência ao desgaste;

Absorção d’água ou porosidade;

Resistência mecânica.

O peso específico aparente é a relação entre o peso do material seco ao ar e

o seu volume aparente. O volume aparente é obtido através do volume do

deslocamento de água dentro de um recipiente após a imersão da peça cerâmica,

sendo esta peça cerâmica previamente saturada através de imersão em água por no

mínimo 24 horas.

A resistência ao desgaste é ligada diretamente com a quantidade de vidro que

foi formado durante a secagem e o cozimento e também dos materiais de

revestimentos ou acabamentos, no caso de materiais cerâmicos que as possuam.

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18

A porosidade é a relação entre o volume total dos vazios de um material, que

se denominam poros, e o volume total do material, ela é medida através da

absorção de água. A absorção de água é mensurada através do acréscimo de

massa obtido por uma peça cerâmica após sua imersão em água por no mínimo 24

horas, tomando com referência a massa seca da peça. A porosidade esta

diretamente ligada ao tipo de argila e o processo de fabricação

A resistência mecânica está diretamente ligada à homogeneização da massa,

por garantir uma cerâmica com material uniforme sem pontos frágeis, ao processo

de secagem e cozimento, que para permitir as reações químicas e os processos

físicos ideais de vitrificação, tem que ocorrer de forma controlada, e da quantidade

de água usada na moldagem, que não pode estar em excesso, pois carregam os

finos que possuem maior facilidade de vitrificação.

2.2.1 Elementos de Desagregação das Cerâmicas

As cerâmicas podem desagregar-se e isso é geralmente conseqüência de

agentes físicos externos, agentes químicos internos e agentes mecânicos.

De acordo com Bauer (1999, p. 531), os agentes físicos mais graves são a

umidade, a vegetação e fogo. Os dois primeiros agem através dos poros, e deduz-se

daí a relevância da porosidade, que é um índice da qualidade do produto e de sua

duração. O fogo é também altamente prejudicial para a cerâmica comum que reduz

a resistência à compressão à medida que a temperatura aumenta.

Os agentes químicos internos também podem ser altamente danosos. Assim,

por exemplo, uma cerâmica com sais solúveis. A umidade absorvida do ar pode vir a

diluir esses sais, os quais virão a se cristalizar na superfície, causando o que é

denominado eflorescência, que além de dar má aparência, pode até causar o

deslocamento e queda do revestimento.

Os agentes mecânicos, riscos, impactos, cargas compressivas, cargas

flexionais, por seus esforços, podem vir a arruinar as peças. Normalmente as

cerâmicas têm uma maior resistência à compressão do que à flexão e demais

solicitações. (VERÇOZA, 1975, p. 95)

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2.3 TIPOS DE MATERIAIS CERÂMICOS

São descritos a seguir os seis tipos de materiais cerâmicos mais utilizados na

construção civil, que são: louças sanitárias, revestimentos, manilhas cerâmicas,

materiais refratários, blocos cerâmicos e telhas cerâmicas.

2.3.1 Louças Sanitárias

Louças sanitárias podem ser encontradas de vários tipos como: sanitários,

lavatórios, bidês e mictórios. Podem também ser alguns elementos decorativos

como: saboneteiras, papeleiras e outros.

As louças são fabricadas com pó de argilas brancas, que são argilas quase

isentas de óxido de ferro (caulim com alto grau de pureza), dosadas com exatidão, o

que obtém produtos resistentes, com granulometria fina e baixa porosidade. Nesses

aparelhos o vidrado é obtido pela pintura com esmalte de bórax e feldspato ou

calcário (VERÇOZA, 1975, p. 94). As louças podem ser brancas ou coloridas, a

coloração é obtida através do uso de pigmentos. Na Figura 1 são apresentados

alguns exemplos de louças.

Figura 1. - Louças sanitárias Fonte: www.ceramicaelizabeth.com.br

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2.3.2 Revestimentos Cerâmicos

São classificados normalmente de três formas, azulejos, pisos e pastilhas. Os

azulejos e pisos se confundem, mas a diferença básica é a resistência a abrasão

(PEI) que nos primeiros são mais inferiores, entre 1 e 3, por serem usados nas

paredes, e nos segundos mais resistentes, 4 e 5, por serem usados no chão. As

pastilhas se diferenciam pelas dimensões, normalmente inferiores a 10 x 10 cm.

Os revestimentos cerâmicos conforme Petrucci (2003, p. 42) “normalmente

são constituídos de duas camadas: uma de argila selecionada, de espessura

grande, e outra fina, de um malte que recobre uma das faces e que lhe proporciona

impermeabilidade e alta durabilidade.” Podem levar corantes e possuir padrão liso

ou decorado. A face posterior e as arestas são porosas a fim de garantir melhor

aderência das placas ao paramento. A Figura 2 mostra o aspecto de revestimentos

cerâmicos.

Figura 2. - Piso cerâmico Fonte: www.apotiguar.com.br

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2.3.3 Manilhas Cerâmicas

São tubos cerâmicos de seção circular, destinados à condução de águas

residuais (despejos domésticos, industriais e águas pluviais). Segundo Santos

(1975, p. 394) para fabricação de manilhas são utilizadas “argilas plásticas, de fácil

extrusão, de elevada resistência mecânica à compressão no estado úmido para não

se deformarem sob o peso prórpio.” São encontrados de dois tipos, com vitrificação

interno e externo e com apenas vitrificação interno. Devem apresentar uma

resistência mínima à compressão diametral, a qual pode variar entre 1400 e 3500

kgf/m, além de apresentar absorção de 10% e resistir à pressão de 2 kgf/cm²

(COLÁCIO; SOUSA, 2008). Aspectos de manilhas cerâmicas são ilustrados na

Figura 3.

Figura 3. - Manilhas cerâmicas Fonte: ceramicakretz.sites.uol.com.br

2.3.4 Materiais Refratários

Caracterizam-se por não se deformar em quando exposto a altas

temperaturas. “A cerâmica refratária não funde, mesmo a altas temperaturas. Por

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convenção internacional, são aquelas que não se deformam abaixo de 1520 oC, são

ditas ainda altamente refratárias quando não se deformam abaixo de 1785 oC.”

(BAUER, 1999, p. 552) São feitos comum a argila mais pura, rica em silicatos de

alumínio e pobre em óxido de cálcio e óxido de ferro. Os materiais refratários mais

comuns são os tijolos maciços de 50 x 100 x 200 mm, amplamente utilizados na

execução de fornos, lareiras e chaminés (COLÁCIO; SOUSA, 2008). A Figura 4

mostra um exemplo de material refratário.

Figura 4. - Tijolo refratário Fonte: www.construg.com.br

2.3.5 Blocos Cerâmicos

Muito conhecido como tijolo baiano, o bloco cerâmico é um produto de grande

utilização na construção civil. As argilas, para o emprego em fabricação de blocos,

devem ser moldadas facilmente, ter valor médio ou elevado para a tensão ou

módulo de ruptura à flexão antes e após queimar, normalmente apresentam cor

vermelha (SANTOS, 1975, p. 393). É um produto que possui grande variedade

(diversifica-se quanto à textura, dimensões, espessura e quantidade de furos),

caracteriza-se por ter sua fabricação numa linha de produção bem definida

(preparação da matéria-prima, homogeneização, moldagem, corte, secagem e

cozimento). É fabricado em tamanhos modulares e podem ser de dois tipos: bloco

cerâmico de vedação (separação de ambientes) ou bloco cerâmico estrutural

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(função de resistir a cargas de compressão). Suas principais propriedades são:

porosidade, dimensões uniformes (90x140x190) mm para o bloco de vedação de

seis furos, possuem pouca tenacidade e ductibilidade, o que propicia as fraturas,

apresentam cor e cozedura uniforme, possuem baixa resistência à tração (em média

0,7 MPa) e boa resistência à compressão (valores superiores a 1,5 MPa para o

bloco de vedação com furos na horizontal e superiores a 3,0 MPa para os com furos

na vertical), são bons abrasivos e possuem baixa condutividade térmica e elétrica.

Não são translúcidos – são impermeáveis à luz, possuem baixa dilatação térmica e

não absorvem muita água (em média seu índice de absorção é entre 8 à 22 %).

Além disso, apresentam a conveniência de sua principal matéria prima (a argila)

estar em abundância na natureza. Na Figura 5 é apresentado aspecto do bloco

cerâmico.

Figura 5. – Bloco cerâmico de 8 furos. Fonte: www.ceramicakato.com.br

2.3.6 Telhas Cerâmicas

São produtos cerâmicos empregados como material de cobertura. É um

produto fabricado em grande diversidade, sobre formas modulares e

dimensionamentos distintos. O seu processo de fabricação é o mesmo do bloco

cerâmico e com a mesma matéria-prima, diferindo apenas na argila usada que deve

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ser fina e homogênea, a fim de conseguir características compatíveis com a

geometria e a utilização do produto, que seria uma peça menos permeável, devido

sua condição de uso e também que não provoque grandes deformações na peça

durante o cozimento. Há vários tipos de telhas, a exemplo: a telha Romana, a

Portuguesa, a Francesa, as Coloniais, etc. “As telhas também devem ser lisas, para

deixar a água escorrer facilmente e para diminuir a proliferação de musgo.”

(VERÇOZA, 1975, p. 91). As telhas cerâmicas são o tema central desta monografia

e foi estudada mais profundamente no item 2.4 e seus subitens. A Figura 6 ilustra o

aspecto de uma telha cerâmica.

Figura 6. - Telha cerâmica tipo romana. Fonte: www.inmetro.gov.br

2.4 ESTUDO DAS TELHAS CERÂMICAS

Neste item foi estudado a fabricação das telhas cerâmicas, os tipos de telhas

e a qualidade através das exigências da NBR 15310:2005.

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2.4.1 Fabricação de Telha Cerâmica

A fabricação de telhas cerâmicas obedece basicamente cinco etapas,

extração da matéria-prima, preparo da matéria-prima, moldagem, secagem e

cozimento que serão descritas a seguir.

A primeira etapa de fabricação das telhas cerâmicas é a extração e

estocagem da matéria-prima (argila). A remoção é feita com equipamentos pesados

como tratores de esteiras, escavadeiras hidráulicas e pá carregadeiras e o

transporte para o estoque através de caminhão caçamba.

A estocagem faz parte da segunda etapa, onde ocorre a preparação da

matéria-prima. No estoque segundo Bauer (1999, p. 532) a argila “[...] é revolvida

sumariamente e passa por um período de descanso. Tem por finalidade principal a

fermentação das partículas orgânicas, que também ficam coloidais, aumentando a

plasticidade.” Com a matéria-prima já descansada se faz uma pré-homogeneização

devido a grande quantidade de material no estoque advim de locais diferentes, no

intuito de que se possa sempre fabricar as telhas com uma matéria-prima de

características o mais parecido possível. Para se fazer a pré-homogeneização

utiliza-se usualmente uma pá carregadeira, por ser um movimento de material

relativamente grande e também por se utilizar este mesmo equipamento para

transportar a massa pré-homogeneizada do estoque para os silos ou caixões

alimentadores.

Após homogeneização da massa se abastece os silos ou caixões

alimentadores que, através de esteiras, que compõem o fundo desses, transporta o

material, passando pelo picador, que está agregado aos silos ou caixões na saída

do material. A função desse picador é diminuir o tamanho do material, que por ser

um material coeso se aglomera em grandes partes. A Figura 7 mostra uma pá

carregadeira abastecendo os silo ou caixões alimentadores com argila.

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Figura 7. - Pá carregadeira abastecendo o silo ou caixão alimentador.

Os torrões oriundos do picador são transportados através de esteiras até o

desagregador que tem a função de quebrar os torrões, na seqüência o material

desagregado é homogeneizado e umedecido dentro do equipamento que mistura

água e argila. A Figura ilustra o aspecto de um equipamento que mistura argila e

água.

Figura 8. – Equipamento para misturar argila e água.

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O material já desagregado e na umidade necessária sai do misturador e entra

no laminador, onde ocorre a quebra das pedras e laminação do material que se

encaminha para próxima etapa, a moldagem. A Figura 9 mostra o material argiloso

após a passagem pelo laminador.

Figura 9. - Material após laminação.

A moldagem é a terceira etapa do processo de fabricação das telhas

cerâmicas e pode ser executada essencialmente de três formas: manualmente,

extrudada e prensada.

A moldagem manual hoje em dia utilizada apenas nas olarias de menor porte,

normalmente situadas nos menores centros, é um processo utilizado apenas para

fabricação de telhas simples de sobreposição. Segundo Alves (1987, p. 160) a

moldagem manual é feita “preparando-se uma chapa de pasta com cerca de 2 cm

de espessura e assentando no molde de madeira que deve estar molhado ou

polvilhado com areia fina.”

A moldagem extrudada é feita através de uma extrusora onde a matéria-prima

é forçada, por meio de hélices ou parafuso sem fim, a passar por um molde com a

forma desejada. Na Figura 10 está ilustrada a extrusão de telha collonial. Saindo da

extrusora com a forma desejada essa massa é cortada através de dispositivos

automatizados que as deixam no comprimento projetado. Após o corte a telha é

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armazenada individualmente em prateleiras que iriam conduzi-las as próximas

etapas.

Figura 10. - Extrusão telha colonial.

Na moldagem prensada a matéria-prima também é extrudada, mas,

diferentemente da moldagem extrudada, a forma de saída é circular, que é cortada

em bastões no comprimento ideal para alimentar a fôrma da prensa, entre o corte e

a prensagem há uma lubrificação do bastão, com óleo ou gordura, que serve como

desmoldante. A extrusão dos bastões é ilustrada na Figura 11. Alimentando a fôrma

da prensa, essa inicia o processo onde o bastão é prensado, tomando a forma da

telha, e depois cortado para retirada do excesso de material. A partir daí as telhas,

da mesma forma que as moldadas por extrusão, vão para as prateleiras e seguem

para a próxima etapa.

Figura 11. - Extrusão dos bastões.

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A quarta etapa do processo é a secagem, que segundo Bauer (1999, p. 534)

“é tão importante como o cozimento, porque, após a moldagem, ainda permanecem

de 5 a 35% de água.” Sendo assim não se pode partir para o cozimento de imediato

porque a água interna fica retida pela crosta externa o que causará o fendilhamento

da telha. Na secagem a telha elimina a água livre e parte da água adsorvida.

A secagem é praticada na maioria das cerâmicas de duas formas: secagem

natural e secagem em estufa.

A secagem natural é feita em telheiros ao abrigo do sol e com a ventilação

controlada ou em depósitos em volta ou acima do forno para aproveitamento do

calor expelido por esse. Este tipo de secagem é muito demorado com duração de 3

a 6 semanas dependendo do tipo de argila.

A secagem em estufa traz a vantagem de secar a telha em tempos menores,

em geral de 36 a 48 horas. A estufa é aquecida através da inserção de ar quente,

proveniente da queima de lenha, que faz a temperatura graduar até 110 ⁰C. A pós a

secagem as telhas entram na última etapa do processo, o cozimento. A Figura 12

mostra telhas cerâmicas na estufa.

Figura 12. – Secagem das telhas na estufa.

O cozimento de acordo com Vlack (1973, p. 247) é uma etapa muito

importante na fabricação da maioria dos produtos cerâmicos, cuja finalidade é

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aglomerar as partículas formando uma massa coerente pela sinterização. Já Bauer

(1999, p. 534, grifo do autor) afirma

Cozimento. É talvez a parte mais importante da fabricação dos materiais cerâmicos. Durante o cozimento ocorrem reações químicas as mais diversas; algumas são rápidas, outras exigem tempo; algumas devem completar-se, outras devem ser evitadas; algumas devem ocorrer no início, outras no fim. Disso resulta que o problema é complexo, e influi não somente a temperatura alcançada, mas também a velocidade de aquecimento, de resfriamento, atmosfera ambiente, tipo de forno, combustível usado etc.

Então as telhas já secas, iniciam a quinta etapa sendo transportadas até o

forno. O forno é abastecido com queima de madeira e pó de madeira (ilustrado na

Figura 13) e gradua a temperatura do ambiente até 1000 ⁰C, nele as telhas

permanecem em média de 48 a 60 horas para que se obtenham todas as reações

necessárias ao seu total cozimento e se remova o restante da água adsorvida e a

água de constituição Atingindo o cozimento corta – se a alimentação dos fornos e

começa o resfriamento, jogando água nas cinzas e utilizando ventiladores nas portas

dos fornos, esse resfriamento dura em torno de 36 horas. Chegando a temperatura

ambiente as telhas são retiradas dos fornos e disponibilizadas em estoques para

serem comercializadas.

Figura 13. - Alimentação dos fornos com madeira e pó de madeira.

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2.4.2 Tipos de Telha Cerâmica

A norma NBR 15310:2005 classifica as telhas cerâmicas de acordo com sua

seção transversal, junção entre si e sua estrutura, essa classificação se dá em

quatro tipos:

Telhas planas de encaixe;

Telhas compostas de encaixe;

Telhas simples de sobreposição;

Telhas planas de sobreposição.

A NBR 15310:2005 define telhas planas de encaixe como: “Telhas cerâmicas

planas que se encaixam por meio de sulcos e saliências, apresentando pinos, ou

pinos e furos de amarração, para fixação na estrutura de apoio [...]”

O modelo mais conhecido deste tipo de telha é a telha francesa que é feita

com encaixe lateral e seu desenho de superfície muda de acordo com o fabricante.

Esta telha possui um rendimento médio de 18 peças/m². A Figura 14 mostra o

aspecto das telhas francesas.

Figura 14. - Telha francesa Fonte: www.colonialcenter.com.br

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A definição de telhas compostas de encaixe segundo a NBR 15310:2005 é:

“Telhas cerâmicas planas que possuem geometria formada por capa e canal no

mesmo componente, para permitir o encaixe entre si, possuem pinos, ou pinos e

furos de amarração, para fixação na estrutura de apoio [...]”

Os modelos mais utilizados destes tipos de telhas são as telhas romanas

(Figura 15), portuguesas (Figura 16) e americanas, esses modelos possuem a

sobreposição lateral como forma de encaixe.

Figura 15. - Telha romana Fonte: www.catep.com.br

Figura 16. - Telha portuguesa Fonte: www.ceramicauniao.com.br

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As telhas simples de sobreposição são definidas pela NBR 15310:2005 como:

Telhas cerâmicas formadas pelos componentes capa e canal independentes. A concavidade ou convexidade define a utilização como canal ou capa respectivamente. O canal deve apresentar pinos, furos ou pinos e furos de amarração, para fixação na estrutura de apoio; a capa está dispensada de apresentar furos ou pinos [...].

Popularmente mais conhecida como capa canal é mais encontrada em dois

estilos colonial e plan. Estes tipos de telhas possuem um rendimento médio de 26

peças/m². A telha colonial é ilustrada na Figura 17 e a telha plan na Figura 18.

Figura 17. - Telha colonial Fonte: www.ceramicauniao.com.br

Figura 18. - Telha plan Fonte: www.joseitatelhas.com.br

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Conforme a NBR 15310:2005 telhas planas de sobreposição são: “Telhas

cerâmicas planas que somente se sobrepõem e que podem ter pinos para encaixe

na estrutura de apoio ou pinos e furos de amarração para fixação [...]”

As telhas planas são utilizadas em países de invernos rigorosos, onde os

telhados são muito inclinados para permitir que a neve escorra. No Brasil, são

usadas para compor coberturas de estilo germânico e suíço. Os dois modelos mais

encontrados são: telha uruguaia e telha germânica. A Figura 19 mostra o aspecto de

uma telha uruguaia.

Figura 19. - Telha uruguaia. Fonte: www.hinkel.com.br

2.4.3 Qualidade das Telhas Cerâmicas

Helene (1992) define qualidade como a adequação de um processo ou

serviço a uma finalidade de forma a satisfazer as necessidades do usuário.

Observamos que este processo não vem acontecendo com muitos materiais de

construção ocasionando nas edificações uma freqüente deterioração precoce.

É conhecida a importância da qualidade, mas mesmo assim são poucos os

que a atingem o que vem a provocar uma insatisfação dos clientes e também

aumento do custo de manutenção.

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Assim, nas empresas e nos diversos setores, a qualidade se tornou uma das

principais estratégias de competição. Esse processo está ligado diretamente a

produtividade, a melhoria de resultados e ao aumento de lucros. Portanto, o

mercado busca intensamente a melhoria de seus produtos, otimizando

continuamente seus processos produtivos.

Não diferentemente, as telhas cerâmicas tem que manter o padrão de

qualidade, e para isso tem que obedecer aos requisitos estabelecidos pela NBR

15310:2005. Esses requisitos são separados a seguir por tipo de inspeção:

Inspeção geral:

Identificação;

Características visuais;

Sonoridade.

Inspeção por ensaios:

Características dimensionais;

Retilineidade e planaridade;

Absorção de água;

Impermeabilidade;

Carga de ruptura a flexão.

2.4.3.1 Identificação

Para a inspeção da identificação a NBR 15310:2005 requisita que a telha

cerâmica deve trazer, obrigatoriamente, em relevo ou reentrância, com caracteres de

no mínimo 5,0 mm de altura, sem que prejudique o seu uso, as seguintes

identificações:

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36

Identificação do fabricante, do município e do estado da federação;

Modelo da telha;

Rendimento médio da telha, expresso por metro quadrado, com uma casa

decimal, sendo obrigatório a gravação em Telhas/m²;

Dimensões na seqüência: largura de fabricação (L) x comprimento de

fabricação (C) x posição do pino ou furo de amarração (Lp) (quando houver

pino ou furo de amarração), expressos em centímetros (cm), podendo ser

eliminada a unidade de medida;

Galga média (Gm), expressa em centímetros, com uma casa decimal, sendo

obrigatório a gravação da grandeza Gm.

A NBR 15310:2005 traz as seguintes definições:

Rendimento médio da telha (Rm): “É a divisão entre 1 m² do telhado pela

área útil média de uma telha […]”

Área útil da telha (Au) : “Produto do comprimento útil pela largura útil,

expressa em m²”

Largura de fabricação (L): “Largura indicada pelo fabricante, correspondente à

maior largura da telha [...]” como mostra a Figura 20.

Comprimento de fabricação (C): “Valor do comprimento indicado pelo

fabricante, correspondente ao maior comprimento da telha [...]” exemplificada

na Figura 21

Furo de amarração (Lp): “Abertura que permite a fixação da telha nos apoios.”

Galga média (Gm): “Atributo da relação entre as telhas”

Figura 20. - Vista esquemática da largura de fabricação e largura útil de telhas cerâmicas

Fonte: NBR 15310:2005

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Figura 21. - Vista esquemática da comprimento de fabricação e comprimento útil de telhas cerâmicas

Fonte: NBR 15310:2005

2.4.3.2 Características visuais

A inspeção das características visuais é a simples observação nas telhas,

segundo a NBR 15310:2005, se essas apresentam ocorrências tais como

esfoliações, quebras, lascados e rebarbas que prejudiquem o seu desempenho

sendo assim se admite que eventuais riscos, escoriações, e raspagens causadas

por atrito feitas nas telhas durante o seu fabrico, embalagem, manutenção ou

transporte.

2.4.3.3 Sonoridade

É requisitado pela NBR 15310:2005 que as telhas apresentem um som

semelhante ao metálico quando suspensas por um lado e percutida. Esta exigência

é para garantir que a telha teve um cozimento uniforme.

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2.4.3.4 Características dimensionais

Este ensaio verifica se as dimensões das telhas estão de acordo com as

limitações exigidas pela norma. Esses limites são exigidos para que as telhas se

encaixe perfeitamente entre si, se apóiem perfeitamente sobre a estrutura e tenham

um consumo de unidades por m² praticamente invariável. A NBR 15310:2005

determina as seguintes características básicas para as telhas cerâmicas e suas

respectivas tolerâncias:

Largura de fabricação (L), admiti-se ± 2,0% de variação;

Comprimento de fabricação (C), admiti-se ± 2,0% de variação;

Posição do pino ou furo de amarração (Lp), admiti-se ± 2,0% de variação;

Altura do pino (Hp), altura mínima para telha prensada 7,0mm e para a

extrudada 3,0mm;

Rendimento médio (Rm), admiti-se ± 1,0% de variação.

2.4.3.5 Retilineidade e planaridade

A definição contida na NBR 15310:2005 de retilineidade é: “Flecha máxima

medida em um ponto determinado das bordas, ou no eixo central, no sentido

longitudinal ou no transversal, conforme indicado nas figuras [...]”. A Figura 22

mostra a representação esquemática da retilineidade em telha composta de encaixe

e a Figura 23 em telha simples de sobreposição.

Já a planaridade é definida pela NBR 15310:2005 como: “Flecha máxima

medida em um dos vértices de uma telha estando os outros três apoiados em um

mesmo plano horizontal, conforme indicado na figura [...]”. A palnaridade é

exemplificada na Figura 24.

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Figura 22 – Representação esquemática da retilinearidade – telha composta de encaixe

Fonte: NBR 15310:2005

Figura 23 – Representação esquemática da retilinearidade - telha simples de sobreposição

Fonte: NBR 15310:2005

A retilineidade e planaridade garantem as telhas o perfeito encaixe e um

melhor escoamento da água, que é essencial em dias de muita chuva, sendo que á

água pode prejudicar a estrutura, que são essencialmente de madeira, e a depender

do tipo de edificação os ambientes interiores.

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Figura 24 – Representação esquemática da planaridade Fonte: NBR 15310:2005

Tolerâncias:

O valor da retilineidade para telhas planas não deve ser superior a 1,0% do

comprimento efetivo bem como da largura efetiva.

O valor da retilineridade para telhas simples de sobreposição e telhas

compostas de encaixe não deve ser superior a 1,0% do comprimento efetivo.

O valor da planaridade não deve ser superior a 5,0 mm, independente do tipo

de telha.

2.4.3.6 Absorção de água

A absorção de água é definida pela NBR 15310:2005 como: “Quociente entre

a massa de água absorvida pelo corpo de prova saturado em água e a massa seca

da telha.” Esse ensaio simula o comportamento da telha cerâmica quando exposta

às variações climáticas, como elevações de temperatura e chuva.

A não conformidade nesse ensaio indica que a amostra de telha absorve

água acima do limite máximo permitido pela norma. A absorção ou infiltração de

água em excesso reduz a resistência mecânica da telha o que representa um risco

para a segurança do usuário, que pode sofrer algum acidente em caso de tentar

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41

fazer alguma manutenção ou por outro motivo subir no telhado e principalmente,

para os profissionais que trabalham com o conserto de telhados. Além disso, o

excesso de água aumenta a carga sobre a estrutura de madeira que suporta as

telhas, ocasionando, portanto, risco de desabamento.

A NBR 15310:2005 tolera como limite admissível o valor de 20% da massa

seca da telha como a quantidade de absorção de água.

2.4.3.7 Impermeabilidade

Se define, na NBR 15310:2005, impermeabilidade como: “Capacidade que a

telha possui de resistir à passagem da água durante um certo período de tempo.”

Esse ensaio simula o comportamento das telhas cerâmicas quando expostas à

condições críticas de intemperismo, com o objetivo de verificar se as amostras

apresentam vazamentos.

Após o ensaio previsto na Norma citada, em que o corpo de prova fica

submetido a uma pressão d’água por no mínimo 24 horas a telha não deve

apresentar vazamentos ou formação de gotas em sua face inferior, sendo, porém

tolerado o aparecimento de manchas de umidade. Atendendo a estes requisitos a

telha é considera um componente impermeável.

2.4.3.8 Carga de ruptura a flexão

A NBR 15310 define carga de ruptura a flexão como: “Carga que a telha

resiste no ensaio de flexão simples – flexão a 3 pontos - estando submetida a uma

carga parcialmente distribuída.”

Neste ensaio se aplica uma carga uniformemente no meio do vão,

longitudinal, para telhas planas de encaixe, planas de sobreposição e composta de

encaixe, e transversal, para telhas simples de sobreposição (Figura 25), com a telha

bi apoiada nas bordas até se obter a ruptura. A carga de ruptura mínima exigida pela

norma de acordo com a Tabela 1.

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42

Tabela 1 – Tipos de telhas e cargas de ruptura

Tipos de Telhas Exemplos Cagas (N)

Planas de encaixe telhas francesas 1000 (100 kgf)

Compostas de encaixe telhas romanas 1300 (130 kgf)

telhas capa e canal colonial

telhas plan

telhas paulista

telhas Piauí

Planas de sobreposição telhas alemã e outras

Simples de sobreposição1000 (100 kgf)

Fonte: NBR 15310:2005

Figura 25. - Dispositivo para aplicação de carga - exemplificação esquemática, em telha simples de sobreposição

Fonte: NBR 15310:2005

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43

3 INSPEÇÕES E RESULTADOS

Na pesquisa feita na tele-lista foi encontrada apenas uma fábrica de telhas

cerâmicas com sede em Feira de Santana – BA. Esta empresa é uma grande

fornecedora da região e os estudos foram feitos nela.

3.1 INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE O FABRICANTE

A empresa fornece há pelo menos 15 estabelecimentos em Feira de Santana

– BA, e 25 na Bahia além de alguns clientes em outros estados. A argila utilizada é

oriunda de Limoeiro em Feira de Santana – BA, Conceição do Jacuípe – BA, Oliveira

dos Campinhos – BA e Candeias – BA, todas distando em média 80 km da fábrica.

O preço médio de venda de um milheiro de telhas em julho de 2009 era de R$

410,00 (quatrocentos e dez reais) e esta fabrica produz em torno de 27000 unidades

por dia. Nesta fabrica é produzido dois tipos de telhas, colonial e plan, e a telha

utilizada nas inspeções foi a telha colonial paulista por ser a mais utilizada nas

construções regionais. Esta telha é produzida por extrusão de bastões que são

colocados nas formas e prensados. O fabricante não possui o projeto de modelo da

telha, mas informou todas as dimensões e características necessárias para a

realização dos ensaios.

3.2 INSPEÇÃO GERAL

Para a inspeção geral forma coletadas 60 telhas, de acordo com a NBR

15310:2005, para se fazer a análise da identificação, características visuais e

sonoridade. Essas inspeções obedecem aos critérios de aceitação e rejeição da

Norma apresentadas na Tabela 2, com as seguintes instruções de aplicação, o lote

é aceito na primeira amostragem quando o número de corpos de prova rejeitado é

menor ou igual ao número na coluna de aceitação e rejeitado na primeira

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44

amostragem quando o número de amostras rejeitadas for maior ou igual ao número

na coluna de rejeição. Se o número de telhas não conforme for maior que o número

na coluna de aceitação e menor que o número na coluna de rejeição deve ser feita a

inspeção da segunda amostragem. Para que o lote seja aceito na segunda

amostragem o número de corpos de prova rejeitado na segunda amostragem

somados ao número de rejeitados na primeira amostragem deve ser menor ou igual

ao número na coluna de aceitação e para o lote ser definitivamente rejeitado esse

número deve ser maior ou igual ao número na coluna de rejeição.

Tabela 2 – Aceitação e rejeição por dupla amostragem na inspeção geral.

Fonte: NBR 15310:2005

3.2.1 Identificação

De acordo com a Norma a primeira amostra é composta por 30 telhas, sendo

neste caso, 15 capas e 15 canais. As telhas foram analisadas uma a uma e fica

evidenciado na Tabela 3 que elas só possuem a identificação do fabricante apenas

nas telhas canais, sendo todas as outras identificações ausentes. É importe

observar que a posição do pino é exigida apenas nas telhas canais, pois as telhas

capas não as possuem, e que essa diferenciação junto com a exigência da

especificação de uso é apenas para este tipo de telhas, telha simples de

sobreposição.

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45

Tabela 3. Resultados da inspeção da identificação.

CORPO DE

PROVA

INDENTI-

FICAÇÃO

FABRICANTE S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N S N

MUNICÍPIO N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N

ESTADO N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N

MODELO DA

TELHAN N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N

RENDIMENTO

MEDION N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N

LARGURA DE

FABRICAÇÃON N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N

COMPRIMENTO

DE FABRICAÇÃON N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N

POSIÇÃO DO PINO N D N D N D N D N D N D N D N D N D N D N D N D N D N D N D

GALGA MEDIA N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N

ESPECIFICAÇÃO DE

USON N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N N

LEGENDA: S -

N -

D - DISPENSADO.

OBS:

SIM, POSSUI O DADO GRAVADO EM RELEVO OU REETRÂNCIA COM CARACTERE DE

ALTURA ≥ 5 MM.

NÃO, NÃO POSSUI O DADO GRAVADO EM RELEVO OU REETRÂNCIA COM CARACTERE DE

ALTURA ≥ 5 MM.

CORPO DE PROVA IMPAR, TELHA CANAL, PAR, TELHA CAPA

25 26 27 28 29 3019 20 21 22 23 2413 14 15 16 17 18121 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

A partir da Tabela 3 se chega ao resultado de rejeição dos 30 corpos de

prova, que aplicando a Tabela 2, e suas instruções de aplicação, resulta em rejeição

do lote na primeira amostragem.

3.2.2 Características Visuais e Sonoridade

Assim como na identificação os 30 corpos de prova são divididos em 15

capas e 15 canais. As telhas foram analisadas uma a uma na inspeção visual e

levantada e percutida uma a uma na sonoridade. A Figura 26 mostra o ensaio de

sonoridade. Analisando a Tabela 4 percebe-se que apenas o corpo de prova 26 foi

rejeitado na inspeção visual, ou seja, apresentou algum tipo de esfoliação, quebra,

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46

lascado ou rebarba que prejudica o seu desempenho, e que todas foram aceitas na

inspeção da sonoridade, ou seja, ao se percutir apresentou som metálico.

Figura 26 – Ensaio de percussão.

Tabela 4 – Resultado da inspeção visual e sonoridade

CORPO DE

PROVA

INSPEÇÃO

CARACTERÍSTICAS

VISUAISS S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S N S S S S

SONORIDADE S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S

LEGENDA: S - SIM, ATENDEU A EXIGÊNCIA DA NORMA

N - NÃO, NÃO ATENDEU A EXIGÊNCIA DA NORMA

OBS: CORPO DE PROVA IMPAR, TELHA CANAL, PAR, TELHA CAPA

3019 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29187 8 9 10 11 12 13 14 15 16 1761 2 3 4 5

Analisando os dados da Tabela 4 obtém-se o resultado de 1 corpo de prova

rejeitado na característica visual e nenhuma rejeição na inspeção da sonoridade. O

que nos leva ao resultado, segundo a Tabela 2, e suas instruções de aplicação, de

aceitação do lote em primeira amostragem.

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47

3.3 INSPEÇÃO POR ENSAIOS

Foram coletadas 42 amostras para a inspeção por ensaios, sendo 12 (6

capas e 6 canais) para as características dimensionais e análise da retilineidade e

planaridade, 12 (6 capas e 6 canais) para cálculo da absorção de água, 6 (capas)

para verificação da impermeabilidade e 12 (capas) para carga de ruptura a flexão.

Sendo os quatro primeiros através de amostragem simples e o último por

amostragem dupla. Os critérios de aceitação da amostragem simples são de acordo

com a Tabela 5 e as seguintes instruções, o lote é aceito quando o número de

corpos de prova rejeitado é menor ou igual ao número na coluna de aceitação e

rejeitado quando o número de corpos de prova rejeitados for maior ou igual ao

número na coluna de rejeição. Já os critérios de aceitação da amostragem dupla são

de acordo com a Tabela 6 e segue as mesmas instruções utilizadas na inspeção

geral com a Tabela 2. O rendimento médio que faz parte das características

dimensionais é rejeitado ou aceito através da limitação de ± 1,0%.

Tabela 5. – Aceitação e rejeição na inspeção por amostragem simples na inspeção por ensaios.

Fonte: NBR 15310:2005

Tabela 6. – Aceitação e rejeição na por dupla amostragem na inspeção por ensaios.

Fonte: NBR 15310:2005

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48

3.3.1 Características Dimensionais

As características dimensionais foram mensuradas com o auxílio de régua

metálica e paquímetro, e auxílio de uma superfície plana conforme Figura 27. Foram

medidos nas telhas canais o comprimento efetivo, largura efetiva, posição e altura

do pino e nas capas apenas o comprimento efetivo e largura efetiva, por essas não

possuírem pinos. Além dessas características foi mensurado o rendimento médio.

Essas medidas foram mensuradas de acordo com o anexo A da NBR 15310:2005.

Figura 27. Mensurações: A - comprimento efetivo, B – largura efetiva, C posição do pino e D - altura do pino.

Como informado anteriormente essas determinações foram efetuadas em 12

corpos de prova, 6 telhas capas e 6 telhas canais. A NBR 15310:2005 limita as

variações dimensionais a ± 2,0% e altura do pino, neste caso, que se trata de telha

extrudada, a uma altura mínima de 7,0 mm. Os resultados expressos nas Tabela 7 e

8 indicam que todas 6 telhas canais ficaram com a largura efetiva com variação

superior a ± 2,0% e altura do pino inferior a 7,0 mm e que 4 das 6 telhas capas

ultrapassaram o limite de variação dimensional.

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49

Tabela 7. – Resultado das características dimensionais das telhas canal.

CORPO DE

PROVA

COMPRIMENTO

EFETIVO (C)

(cm)

COMPRIMENTO

DE FABRICAÇÃO

(cm)

∆ (%)

LARGURA

EFETIVA

(L) (cm)

LARGURA DE

FABRICAÇÃO

(cm)

% ∆ (%)

POSIÇÃO

DO PINO

(Lp) (cm)

POSIÇÃO

DO PINO

FABRICAÇÃO

(cm)

∆ (%)

ALTURA

DO PINO

(Hp) (cm)

1 46,55 46,70 -0,3 18,500 18,90 -2,1 44,15 43,9 0,6 0,600

2 46,75 46,70 0,1 18,280 18,90 -3,3 44,10 43,9 0,5 0,595

3 46,65 46,70 -0,1 18,380 18,90 -2,8 43,95 43,9 0,1 0,545

4 46,65 46,70 -0,1 18,420 18,90 -2,5 43,95 43,9 0,1 0,560

5 46,55 46,70 -0,3 18,110 18,90 -4,2 44,10 43,9 0,5 0,635

6 46,75 46,70 0,1 18,495 18,90 -2,1 44,10 43,9 0,5 0,570

Tabela 8 – Resultado das características dimensionais das telhas capa.

CORPO DE

PROVA

COMPRIMENTO

EFETIVO (C)

(cm)

COMPRIMENTO

DE FABRICAÇÃO

(CM)

∆ (%)

LARGURA

EFETIVA (L)

(CM)

LARGURA DE

FABRICAÇÃO

(CM)

∆ (%)

1 46,70 46,70 0,0 15,925 16,30 -2,3

2 46,65 46,70 -0,1 14,910 16,30 -8,5

3 46,50 46,70 -0,4 16,170 16,30 -0,8

4 46,30 46,70 -0,9 15,905 16,30 -2,4

5 46,30 46,70 -0,9 16,020 16,30 -1,7

6 46,25 46,70 -1,0 15,970 16,30 -2,0

Utilizando os mesmos corpos de prova foi calculado o rendimento médio das

telhas de acordo com o anexo A da NBR 15310:2005, medindo as larguras útil e

comprimento útil mínimo e máximo com 5 conjuntos capa e canal, de acordo com a

Figura 28, mudando a telha central 4 vezes e fazendo uma média das medidas. As

Figuras 29 e 30 mostram a execução do ensaio. Calculando a área útil média se fez

a divisão de 1 m², esse valor foi multiplicado por 2, para encontrar o número de

unidades, capa e canal, e determinou-se assim o rendimento médio em telhas por

m². O resultado está expresso na Tabela 9, onde se verifica uma variação superior a

± 1 % que a Norma exigi.

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50

Figura 28 – Determinação do rendimento médio da telha (Rm) (exemplificação com telha simples de sobreposição)

Fonte NBR 15310:2005

Figura 29 – Mensuração do comprimento útil.

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51

Figura 30 – Mensuração da largura útil.

Tabela 9 – Resultado do rendimento média das telhas.

CONJUNTO

COMPRIMENTO

ÚLTIL

MÁXIMO (m)

COMPRIMENTO

ÚLTIL

MÍNIMO (m)

COMPRIMENTO

ÚLTIL

MEDIO (m)

LARGURA

ÚTIL

MÁXIMA

(m)

LARGURA

ÚTIL

MEDIA

(m)

RENDIMENTO

MEDIO

(TELHAS/m²)

RENDIMENTO

MEDIO

FABRICAÇÃO

(TELHAS/m²)

∆ (%)

1 0,404 0,393 0,179

2 0,407 0,395 0,180

3 0,405 0,395 0,180

4 0,403 0,393 0,178

5 0,397 0,388 0,182

0,398 0,180 27,900 27,500 1,5

A partir dos dados das Tabelas 7 e 8 observa-se que há uma rejeição dos

seis corpos de prova canal e 4 rejeições dos corpos de prova capa, o que nos

resulta, utilizando a Tabela 5 e suas instruções de aplicação, juntamente com a

rejeição na variação do rendimento médio, em rejeição do lote.

3.3.2 Retilineidade e Planaridade

A mensuração da planaridade foi feita utilizando-se uma superfície plana onde

se apoiou três dos quatro cantos das 12 telhas sobre esta e mediu o afastamento do

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quarto canto com um paquímetro como mostra a Figura 31. Em cada telha se mediu

o afastamento nos quatro cantos e registrou como afastamento o maior dos quatro

valores, de acordo com as instruções contidas no anexo A da NBR 15310:2005. Na

retilineidade, por falta do defletômetro, foi feita uma adaptação, utilizando – se dois

paquímetros, um apoiando seus dois bicos a 1/6 do comprimento da telha, em

ambas as extremidades, na longitudinal, formando um pórtico, e o outro medindo no

eixo a altura, que subtraindo da altura dos bicos se obtém a retilineidade, sendo com

sinal positivo quando côncavo e negativo quando convexo. Este ensaio é mostrado

na Figura 32. A retilineidade foi mensurada apenas nas telhas canais por opção

dada pelo anexo A da NBR 15310:2005, de onde também foram retiradas todas as

instruções deste ensaio.

Figura 31. – Mensuração da planaridade.

Figura 32. – Determinação da retilineidade.

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53

A NBR 15310:2005 limita a planaridade em no máximo 5,0 mm e a

retilineidade em no máximo 1,0% do comprimento efetivo, neste caso, telhas simples

de sobreposição. Os resultados expressos na Tabela 10 mostram que para

planaridade um corpo de prova canal e três corpos de prova capa foram maiores

que 5,0 mm, já na retilineidade os 6 corpos de prova tiveram resultados menores

que 1,0% do comprimento efetivo da telha.

Tabela 10 – Resultado da retilineidade e planaridade das telhas.

CORPO DE PROVA

PLANARIDADE

TELHA CANAL

(Dp ) (cm)

RETILINEIDADE

TELHA CANAL

(mm)

1,0 % DO

COMPRIMENTO

EFETIVO - CANAL

(mm)

PLANARIDADE

TELHA CAPA

(Dp ) (cm)

1 0,7 0,58 4,66 0,1

2 0,5 -0,10 4,68 0,4

3 0,2 -0,67 4,67 0,9

4 0,3 -0,35 4,67 0,6

5 0,1 -0,08 4,66 0,7

6 0,1 0,25 4,68 0,2

A partir da Tabela 10 se chega a 1 corpo de prova canal e 3 corpos de prova

capa rejeitados no ensaio de planaridade e aceitação dos 6 corpos de prova da

retilineidade, que nos dá um resultado, utilizando a Tabela 5 e suas instruções de

aplicação, de rejeição do lote.

3.3.3 Absorção de Água

No ensaio de absorção são necessários os seguintes instrumentos, balança

com sensibilidade de 10 g, estufa com temperatura ajustável a 105 ± 5 ⁰C e

recipiente com capacidade para acomodar os corpos de prova imersos. Na

execução deste ensaio foi utilizado 12 corpos de prova (6 capa e 6 canal), que foram

pesados e logo após submetidos a secagem em estufa a 105 ± 5 ⁰C (Figura 34)

averiguando o peso em intervalos de 1 hora até duas pesagens consecutivas

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diferirem no máximo 0,25%. As telhas capa estabilizaram a massa na terceira

pesagem enquanto as telhas canal na quarta, estes resultados estão registrados na

Tabela 11. Todos esses procedimentos estão de acordo com o Anexo D da NBR

15310:2005. A Figura 33 mostra a pesagem de uma telha.

Figura 33 – Pesagem da telha.

Figura 34. – Telhas submetidas a secagem em estufa 105,0 ± 5,0 oC.

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Tabela 11 – Pesagens das telhas submetidas a estufa 105,0 ± 5,0 ⁰C, em intervalos

de 1h, para o ensaio de absorção de água.

CORPO DE

PROVA

MASSA TELHA

CANAL (g)

∆ MASSA

(%)

MASSA TELHA

CAPA(g)

∆ MASSA

(%)

CORPO DE

PROVA

MASSA TELHA

CANAL (g)

∆ MASSA

(%)

MASSA TELHA

CAPA(g)

∆ MASSA

(%)

1 2.343,10 - 2.368,40 - 1 2.333,60 0,41 2.361,20 0,30

2 2.458,90 - 2.392,00 - 2 2.451,50 0,30 2.385,70 0,26

3 2.403,40 - 2.361,00 - 3 2.394,70 0,36 2.355,10 0,25

4 2.439,20 - 2.359,20 - 4 2.435,10 0,17 2.354,20 0,21

5 2.410,50 - 2.389,90 - 5 2.403,10 0,31 2.384,60 0,22

6 2.429,60 - 2.336,40 - 6 2.418,80 0,44 2.331,40 0,21

CORPO DE

PROVA

MASSA TELHA

CANAL (g)

∆ MASSA

(%)

MASSA TELHA

CAPA(g)

∆ MASSA

(%)

CORPO DE

PROVA

MASSA TELHA

CANAL (g)

∆ MASSA

(%)

MASSA TELHA

CAPA(g)

∆ MASSA

(%)

1 2.327,30 0,27 2.358,70 -0,11 1 2.326,70 0,03 - -

2 2.448,10 0,14 2.383,50 -0,09 2 2.447,60 0,02 - -

3 2.387,40 0,30 2.353,00 -0,09 3 2.387,10 0,01 - -

4 2.429,20 0,24 2.353,00 -0,05 4 2.428,80 0,02 - -

5 2.395,80 0,30 2.383,00 -0,07 5 2.395,00 0,03 - -

6 2.412,70 0,25 2.331,00 -0,02 6 2.412,30 0,02 - -

PESAGEM 1 PESAGEM 2

PESAGEM 3 PESAGEM 4

Após a estabilização da massa das telhas é determinada a massa seca (ms) e

a porcentagem de variação da massa seca em relação a massa informada pelo

fabricante, esses resultados estão expressos na Tabela 12, onde se observa que os

12 corpos de prova estão dentro das limitações exigidas pela NBR 15310:2005, que

é de 6%.

Tabela 12 – Massa seca (ms) e variação da massa das telhas.

CORPO DE

PROVA

MASSA SECA

(mS) TELHA

CANAL (g)

MASSA SECA

INFORMADA PELA

CERÂMICA(g)

∆ MASSA (%)

MASSA SECA

(mS) TELHA

CAPA(g)

MASSA SECA

INFORMADA PELA

CERÂMICA(g)

∆ MASSA (%)

1 2.326,70 3,86 2.358,70 0,37

2 2.447,60 1,14 2.383,50 1,43

3 2.387,10 1,36 2.353,00 0,13

4 2.428,80 0,36 2.353,00 0,13

5 2.395,00 1,03 2.383,00 1,40

6 2.412,30 0,32 2.331,00 0,81

2.420,00 2.350,00

Logo após a estabilização da massa os corpos de prova são submersos em

água a temperatura ambiente durante no mínimo 24 horas. Passadas às 24 horas a

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telha é retirada da água e com um pano limpo e úmido é retirado o excesso de água

ficando assim pronta para pesagem. A telha é pesada e registrada a massa úmida

(mu). Na Tabela 13 está expresso o resultado das pesagens e o cálculo do índice de

absorção de água (AA). Este índice é limitado pela NBR 15310:2005 em no máximo

20,0%, e pode se observar que todos os corpos de prova estão enquadrados na

Norma.

Tabela 13 – Massa úmida (mu) e absorção de água (AA).

CORPO DE

PROVA

MASSA

ÚMIDA (mu)

TELHA

CANAL (g)

MASSA SECA (mS)

TELHA CANAL (g)

AA CANAL

(%)

MASSA

ÚMIDA (mu)

TELHA

CAPA(g)

MASSA SECA (mS)

TELHA CAPA(g)AA CAPA (%)

1 2.586,30 2.326,70 11,16 2.600,80 2.358,70 10,26

2 2.706,80 2.447,60 10,59 2.638,30 2.383,50 10,69

3 2.656,50 2.387,10 11,29 2.599,00 2.353,00 10,45

4 2.688,60 2.428,80 10,70 2.593,20 2.353,00 10,21

5 2.660,40 2.395,00 11,08 2.623,70 2.383,00 10,10

6 2.684,40 2.412,30 11,28 2.564,60 2.331,00 10,02

Analisando-se as Tabelas 12 e 13 se chega a um resultado de 12 corpos de

prova aceitos (6 capa e 6 canal) e aplicando a Tabela 5, e suas instruções de

aplicação, chegamos a aceitação do lote.

3.3.4 Impermeabilidade.

O ensaio de impermeabilidade exigiu os seguintes instrumentos, recipiente

para acomodar os corpos de prova imersos em água, estufa com temperatura

ajustável de 105,0 ± 5,0 ⁰C, balança, moldura estanque à água com dimensões de

mínimas que cubra pelo menos 65,0% da área determinada pelo comprimento e

largura total da telha e espelho com área superior a da moldura. Neste ensaio foram

utilizados 6 amostras (capa) que primeiramente foram submergidos em água a

temperatura ambiente durante pelo menos 24 horas, após a submersão foi retirado o

excesso d’água com um pano limpo e úmido e submetido cada um dos corpos de

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prova a pesagem. Com as telhas pesadas estas foram levadas a secagem em

estufa com temperatura ajustável 105,0 ± 5,0 ⁰C (Figura 34) e feitas re-pesagens em

intervalos de 1 hora até se obter uma diferença entre pesagens de no máximo

0,25% (estabilização da massa). A estabilização só foi alcançada na 12a pesagem e

os resultados estão registrados na Tabela 14.

Tabela 14 - Pesagens das telhas submetidas à estufa 105,0 ± 5,0 oC, em intervalos de 1h, para o ensaio de absorção de água.

CORPO DE

PROVA

MASSA TELHA

CAPA (g)

∆ MASSA

(%)

CORPO DE

PROVA

MASSA TELHA

CAPA (g)

∆ MASSA

(%)

CORPO DE

PROVA

MASSA TELHA

CAPA (g)

∆ MASSA

(%)

1 2.560,00 - 1 2.518,10 1,64 1 2.475,60 1,69

2 2.646,50 - 2 2.604,70 1,58 2 2.569,30 1,36

3 2.584,50 - 3 2.537,00 1,84 3 2.495,50 1,64

4 2.559,90 - 4 2.495,00 2,54 4 2.447,90 1,89

5 2.573,90 - 5 2.503,30 2,74 5 2.447,80 2,22

6 2.611,80 - 6 2.532,80 3,02 6 2.477,90 2,17

CORPO DE

PROVA

MASSA TELHA

CAPA (g)

∆ MASSA

(%)

CORPO DE

PROVA

MASSA TELHA

CAPA (g)

∆ MASSA

(%)

CORPO DE

PROVA

MASSA TELHA

CAPA (g)

∆ MASSA

(%)

1 2.434,60 1,66 1 2.401,60 1,36 1 2.379,40 0,92

2 2.530,00 1,53 2 2.495,50 1,36 2 2.470,90 0,99

3 2.453,00 1,70 3 2.421,70 1,28 3 2.399,70 0,91

4 2.410,50 1,53 4 2.383,50 1,12 4 2.364,70 0,79

5 2.416,10 1,30 5 2.394,30 0,90 5 2.378,30 0,67

6 2.445,10 1,32 6 2.423,40 0,89 6 2.406,20 0,71

CORPO DE

PROVA

MASSA TELHA

CAPA (g)

∆ MASSA

(%)

CORPO DE

PROVA

MASSA TELHA

CAPA (g)

∆ MASSA

(%)

CORPO DE

PROVA

MASSA TELHA

CAPA (g)

∆ MASSA

(%)

1 2.363,30 0,68 1 2.350,40 0,55 1 2.338,70 0,50

2 2.454,30 0,67 2 2.441,30 0,53 2 2.429,50 0,48

3 2.385,00 0,61 3 2.372,60 0,52 3 2.363,10 0,40

4 2.351,00 0,58 4 2.339,60 0,48 4 2.332,40 0,31

5 2.366,00 0,52 5 2.355,70 0,44 5 2.347,50 0,35

6 2.393,30 0,54 6 2.382,80 0,44 6 2.374,10 0,37

CORPO DE

PROVA

MASSA TELHA

CAPA (g)

∆ MASSA

(%)

CORPO DE

PROVA

MASSA TELHA

CAPA (g)

∆ MASSA

(%)

CORPO DE

PROVA

MASSA TELHA

CAPA (g)

∆ MASSA

(%)

1 2.328,70 0,43 1 2.321,70 0,30 1 2.318,40 0,14

2 2.418,00 0,47 2 2.407,00 0,45 2 2.401,60 0,22

3 2.352,60 0,44 3 2.344,60 0,34 3 2.343,40 0,05

4 2.326,90 0,24 4 2.321,70 0,22 4 2.320,90 0,03

5 2.341,70 0,25 5 2.336,20 0,23 5 2.336,00 0,01

6 2.365,40 0,37 6 2.358,70 0,28 6 2.358,30 0,02

PESAGEM 7 PESAGEM 8 PESAGEM 9

PESAGEM 10 PESAGEM 11 PESAGEM 12

PESAGEM 1 PESAGEM 2 PESAGEM 3

PESAGEM 4 PESAGEM 5 PESAGEM 6

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Atingindo a estabilização da massa esperou-se um tempo para o resfriamento

natural dos corpos de prova e foram coladas com silicone as molduras nas telhas. A

Figura 35 mostra as telhas com as molduras. Após a formação de película do

silicone encheu-se a moldura com água até uma altura superior a 60 mm e

posicionou os corpos de prova acima dos espelhos, deixando-os por no mínimo 24

horas. Passadas as 24 horas foi observada a superfície dos seis espelhos e esses

não tinham nenhuma presença de marca d’água em suas superfícies, o que

caracteriza as telhas como impermeáveis. Esses procedimentos estão de acordo

com as instruções do Anexo B da NBR 15310:2005. Os resultados o ensaio estão

expressos na Tabela 15.

Figura 35. – Conjunto moldurada-telha com água até uma altura superior a 60 mm sobre espelho.

Tabela 15 – Resultado do ensaio de impermabilidade.

CORPO DE PROVAPRESENÇA DE MARCAS DE ÁGUA

NA SUPERFÍCIE DO ESPELHOSTATUS

1 Sem Presença Telha Impermeável

2 Sem Presença Telha Impermeável

3 Sem Presença Telha Impermeável

4 Sem Presença Telha Impermeável

5 Sem Presença Telha Impermeável

6 Sem Presença Telha Impermeável

A Tabela 15 mostra que os 6 corpos de prova foram aceitos e utilizando a

Tabela 5, e suas instruções de aplicação, se resulta em aceitação do lote.

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3.3.5 Carga de Ruptura a Flexão Simples.

O ensaio de carga a ruptura é o único da inspeção por ensaios feito com

dupla amostragem, forma coletadas 12 telhas (capa) para a realização deste ensaio,

6 para primeira amostragem e 6 para a segunda.

Para a realização desse ensaio, segundo a NBR 15310:2005, é preciso de um

dispositivo que permita aplicação contínua de carga. Além do dispositivo de

aplicação de carga a Norma exige uma barra de aço de secção circular ou

semicircular, com diâmetro de 20,0 ± 2,0 mm e comprimento mínimo superior à

largura total do corpo de prova, conectada, por meio de articulação, ao dispositivo de

aplicação de carga, apoios inferiores de comprimento igual ou maior que o

comprimento total do corpo de prova e com seção aproximada de 20 mm x 40 mm,

em madeira dura, argamassa ou gesso, revestidos na superfície de contato com

borracha ou feltro e cutelo de mesmo material, com seção aproximada de 20 mm x

20 mm e também revestido na superfície de contato com borracha ou feltro (Figura

25). Todos esses não eram disponíveis e tivemos que fabricar conforme mostra a

Figura 36.

Figura 36. - Aplicação de carga para ensaio de ruptura a flexão simples.

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O primeiro passo do ensaio foi submergir as telhas em água durante no

mínimo 24 horas, após as 24 horas retirou-se o excesso de água com auxílio de um

pano limpo e úmido e submeteu o corpo de prova a carga. A carga foi aplicada até a

ruptura da amostra sendo registrado o seu valor máximo. Os resultados deste

ensaio estão apresentados na Tabela 16 e observa-se que a carga de ruptura a

flexão simples dos copos de prova estão todas acima do mínimo exigido pela NBR

15310:2005, 1000 N para esse tipo de telha (Tabela 1). O observa-se também que

esta carga está muito acima do mínimo exigido pela Norma, em média 3,4 vezes

superior. Todas estas instruções e informações estão contidas no Anexo C da NBR

15310:2005. É mostrado na Figura 37 o corpo de prova após o ensaio.

Figura 37. – Corpo de prova rompido.

Tabela 16 – Resultado do ensaio de carga de ruptura a flexão simples.

CORPO DE PROVA

CARGA DE

RUPTURA TELHA

CANAL (N)

CORPO DE PROVA

CARGA DE

RUPTURA TELHA

CANAL (N)

1 3.340,00 4 3.870,00

2 2.820,00 5 3.760,00

3 3.450,00 6 3.370,00

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A partir da Tabela 16 chega-se ao número de 6 corpos de prova aceitos e

utilizando a Tabela 6 e suas instruções de aplicação temos o resultado de aceitação

do lote em primeira amostragem.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

4.1 CONCLUSÃO

De acordo com a análise dos resultados obtidos, nota-se que a tendência das

Telhas Cerâmicas, disponíveis no mercado, é de não estarem de acordo com os

parâmetros normativos. Os estudos feitos mostram que o fabricante de telhas

cerâmicas não cumpriu a Norma não possuindo o projeto do modelo da telha. Além

disso, nas inspeções realizadas, segundo a NBR 15310:2005, as telhas foram

rejeitadas em 3 de 8 requisitos. As inspeções em que as telhas foram rejeitadas são,

identificação, características dimensionais e retilineidade e planaridade. Com esses

números podemos dizer que as telhas não atenderam a 37,50 % das exigências da

Norma. Isso indica que o método de produção da indústria estudada não garante a

qualidade total das telhas.

Analisando mais criteriosamente observamos que na identificação há falta de

quase todas as informações exigidas, nas características dimensionais, as telhas

foram rejeitadas principalmente pela largura, mas também não foi aceita na altura do

pino e no rendimento médio, e que na retilineidade e planaridade, ouve rejeição

apenas na planaridade. Podemos destacar de positivo que a carga de ruptura a

flexão simples foi em média 3,4 vezes maior do que o exigido pela Norma.

Em geral a qualidade das telhas não atende as exigências da NBR

15310:2005, mas os resultados das inspeções mostram que são poucos os pontos a

melhorar e que com a inserção de um projeto, um pouco mais controle e inspeções

as telhas poderão atingir a todas as exigências da Norma. Todavia para

comprovação e maior precisão desses resultados negativos, aponta se a

necessidade de mais ensaios (os chamados ensaios de contra – prova),

considerando um universo amostral maior.

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63

4.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Fica como sugestão para futuros projetos a serem desenvolvidos, a

caracterização de revestimentos cerâmicos comercializadas em Feira de Santana,

seguindo os mesmos parâmetros deste trabalho aqui desenvolvido.

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REFERÊNCIAS

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SILVA, M. R. Materiais de Construção. 2ª edição. São Paulo: Pini, 1991. 267p. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS. TELHAS. Disponível em: http://www.arq.ufsc.br/arq5661/Ceramicos. Acesso em: 19 nov. 2008. VLACK, L. H. V. Propriedades dos materiais cerâmicos. Tradução, Cid Silveira e Shiroyuki Oniki. São Paulo, 1973. 318p. VERÇOZA, E. J. Materiais de construção. 2ª edição. Porto Alegre: Editora Meridional EMMA, 1975. 153p.