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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO – HABILITAÇÃO EM COMÉRCIO EXTERIOR ALINE HOLLWEG FLORES AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO HUMANO NAS ORGANIZAÇÕES: Elaboração e Implantação de um Instrumento na Clínica Odontológica Dr. Sérgio Roberto Müller São José 2007

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO – HABILITAÇÃO EM COMÉRCIO EXTERIOR

ALINE HOLLWEG FLORES

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO HUMANO NAS ORGANIZAÇÕES:

Elaboração e Implantação de um Instrumento na Clínica Odontológica

Dr. Sérgio Roberto Müller

São José

2007

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ALINE HOLLWEG FLORES

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO HUMANO NAS ORGANIZAÇÕES:

Elaboração e Implantação de um Instrumento na Clínica Odontológica

Dr. Sérgio Roberto Müller

Trabalho de Conclusão de Curso – projeto de aplicação – apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Administração da Universidade do Vale do Itajaí.

Orientadora: Márcia Longen Zindel

São José

2007

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ALINE HOLLWEG FLORES

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO HUMANO NAS ORGANIZAÇÕES:

Elaboração e Implantação de um Instrumento na Clínica Odontológica

Dr. Sérgio Roberto Müller

Este Trabalho de Conclusão de Estágio foi julgado adequado e aprovado em sua forma final

pela Coordenação do Curso de Administração da Universidade do Vale do Itajaí, em 21 de

novembro de 2007.

Prof(a) MSc. Luciana Merlin Bervian Univali – Campus São José

Coordenadora do Curso

Banca Examinadora:

Prof(a) MSc. Márcia Longen Zindel

Univali – Campus São José Professor Orientador

Prof(a) MSc. Luciana Merlin Bervian

Univali – Campus São José Membro

Prof(a) MSc. Kellen da Silva Coelho

Univali – Campus São José Membro

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Dedico este trabalho primeiramente a Deus, o

responsável maior por tudo; aos meus pais, Ivan

e Márcia, pelo incentivo constante desde o

início e ao meu marido, Sérgio, pelo apoio e

credibilidade.

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AGRADECIMENTOS

Quero agradecer à minha professora orientadora, Márcia Longen Zindel, pelo seu

empenho e dedicação que me incentivaram a realizar a pesquisa; aos funcionários e ao gestor

da Clínica Odontológica Dr. Sérgio Roberto Müller, que disponibilizaram cordialmente seu

tempo e informações referentes à empresa para o trabalho.

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A empresa (ou qualquer outra instituição) tem, na verdade, apenas um recurso: o homem. Ela funciona tornando os recursos humanos produtivos. Só há desempenho através do trabalho. Tornar o trabalho produtivo é, portanto, uma função essencial.

Peter F. Drucker

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RESUMO

Este trabalho de conclusão de estágio apresenta como objetivo principal a elaboração e implantação de um instrumento de avaliação de desempenho para a Clínica Odontológica Dr. Sérgio Roberto Müller. A abordagem utilizada foi a qualitativa, o posicionamento em relação às finalidades exploratório, o método de pesquisa bibliográfico, a amostra composta por todo a população da organização e em relação aos dados, foi realizada a análise de conteúdo. O método escolhido para ser implantado na organização foi a Avaliação Participativa por Objetivos (APPO). Após a definição do método, foi realizado um treinamento com o avaliador em duas etapas e a partir disto, foram estabelecidos os objetivos inerentes ao instrumento conjuntamente entre o avaliador e cada um dos avaliados. Na seqüência, foi aplicado um questionário ao avaliador e outro aos avaliados, onde foram coletadas impressões destes em relação à avaliação de desempenho implantada. A partir disto, foi possível verificar algumas sugestões de melhorias ao novo método. As sugestões estão relacionadas à primeira parte do instrumento de avaliação de desempenho (capa), que traz propósitos, premissas e sugestões de como fornecer e receber feedback. As principais são as seguintes: em relação às premissas deve estar ressaltado também que os funcionários devem ter uma atitude ativa em relação à organização no sentido de propor mudanças; em relação às sugestões de como fornecer feedback foi sugerido que em alguns casos deve-se fazer julgamentos; foi apresentado que às vezes há dificuldade em limitar o feedback ao que se em certeza e também que, em alguns casos, é necessário assumir posição defensiva ao receber um feedback quando há justificativas para o não atingimento de um objetivo. O avaliador defende que ele mesmo deva estabelecer os objetivos e posteriormente discutí-los com os funcionários, alterando-os se necessário. Uma das avaliadas sugere que a avaliação de desempenho apresente uma dimensão maior e não apenas individual e sim institucional, a partir de programas institucionais e conformidade com padrões de qualidade. Palavras-chave: avaliação de desempenho, gestão de pessoas, avaliação participativa.

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ABSTRACT

This trainee conclusion project presents as its main objective, the elaboration and implementation of an evaluation instrument of performance to Doctor’s Sérgio Roberto Müller Deontological Clinic. The approach used was the qualitative, the positioning in relation to the ends was exploratory, the research method was bibliographic, and the sample composed by all organization people to the data was conducted to content analysis. The method chosen to be implemented to the Organization was the participative evaluation for objective (PEFO). After the method definition, it was conducted a training with the evaluator in two stages, and from that, jointly inherent objectives to the instrument were established between the evaluator and each one of the evaluated employees. In sequence, it was applied a questionnaire to the evaluator and a different one to the evaluated employees, where impressions were collected from them in relation to the implemented performance evaluation. According to that, it was possible to verify some suggestions of improvement to the new method. The suggestions related to the first part of the instrument of performance evaluation, which brings purpose assumptions and suggestions of how to provide and receive feedback.

The main are: in relation to the assumptions it also should be highlighted that the employees should have an active attitude in relation to the organization in such way to propose changes; in relation to the suggestions of on how providing feedback it was suggested that in certain cases it should make judgments; it was presented that sometimes there is difficulty in limiting feedback, and in other cases it is necessary to assume a defensive position when receiving a feedback that has justifications why the goals were not achieved. The evaluator defends that he should establish the objectives and then discusses them with the employees himself, changing them if necessary. One of the evaluated employees suggests that the performance evaluation should present a bigger dimension and not only individual but yes, institutional, from institutional programs and conformity with standard quality.

Key Words: performance evaluation, people management, participatory evaluation.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 - Ficha de Escala Gráfica..........................................................................................23

Quadro 2 – Ficha de Escolha Forçada ......................................................................................25

Quadro 3 – Ficha de Comparação Binária................................................................................30

Quadro 4 – Ficha de Frases Descritivas ...................................................................................31

Quadro 5 – Ficha de Incidentes Críticos ..................................................................................32

Quadro 6 – Comparação entre julgamento e aconselhamento. ................................................40

Quadro 7 – Avaliação de Desempenho Participativa por Objetivos (APPO) ..........................56

Quadro 8 – Programa de Treinamento do Avaliador (Módulo I).............................................58

Quadro 9 – Programa de Treinamento do Avaliador (Módulo II) ...........................................58

Quadro 10 – Avaliação de Desempenho Participativa por Objetivos (APPO) ........................60

Quadro 11 – Avaliação de Desempenho Participativa por Objetivos (APPO) ........................62

Quadro 12 – Avaliação de Desempenho Participativa por Objetivos (APPO) ........................64

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................12

1.1 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA..................................................................13

1.2 OBJETIVOS......................................................................................................................13

1.2.1. Objetivo Geral ..............................................................................................................13

1.2.2. Objetivos Específicos ...................................................................................................14

1.3 JUSTIFICATIVA..............................................................................................................14

1.4 APRESENTAÇÃO GERAL DO TRABALHO................................................................15

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................................17

2.1 CONCEITOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ...................................................17

2.2 BREVE HISTÓRICO DA AVALIAÇÃO DE DEXSEMPENHO....................................18

2.3 BENEFÍCIOS DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ..................................................21

2.4 MÉTODOS TRADICIONAIS ..........................................................................................22

2.4.1. Escala Gráfica ...............................................................................................................22

2.4.2. Escolha Forçada............................................................................................................24

2.4.3. Pesquisa de Campo .......................................................................................................26

2.4.4. Avaliação por Objetivos ...............................................................................................28

2.4.5. Combinação Binária ou Por Pares ................................................................................29

2.4.6. Frases Descritivas .........................................................................................................30

2.4.7. Incidentes Críticos ........................................................................................................31

2.4.8. Distribuição Forçada.....................................................................................................33

2.5 MÉTODOS MODERNOS ................................................................................................34

2.5.1. Avaliação 360 Graus ou Feedback 360 Graus .............................................................34

2.5.2. Avaliação Participativa por Objetivos (APPO) ............................................................36

2.5.3. Avaliação de Desempenho por Competências .............................................................37

2.6 A ENTREVISTA DE AVALIAÇÃO ...............................................................................38

2.6.1. O Papel do Avaliador....................................................................................................40

2.6.2. Treinamento de Avaliadores.........................................................................................43

2.7 FEEDBACK.......................................................................................................................45

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3 DESCRIÇÃO DO MÉTODO ...........................................................................................47

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA............................................................................47

3.1.1. Forma de Abordagem ...................................................................................................47

3.1.2. Posicionamento em Relação às Finalidades .................................................................48

3.1.3. Posicionamento em Relação ao Método.......................................................................48

3.2 CONTEXTO E PARTICIPANTES ..................................................................................49

3.3 PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS..........................50

3.4 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS ..................................................................52

4 RESULTADOS DA APLICAÇÃO ..................................................................................53

4.1 INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO IMPLANTADO..................53

4.1.1. Descrição do Processo de Elaboração ..........................................................................54

4.1.2. Modelo de Instrumento.................................................................................................55

4.2 PROGRAMA DE TREINAMENTO DO AVALIADOR.................................................57

4.3 DESCRIÇÃO DA APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DE

DESEMPENHO .....................................................................................................59

4.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE IMPRESSÕES SOBRE O MÉTODO DE

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO PROPOSTO.................................................65

4.4.1. Questões ao Avaliador....................................................................................................65

4.4.2. Questões aos Avaliados ..................................................................................................65

4.5 DESCRIÇÃO DA APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO DE COLETA DE IMPRESSÕES

SOBRE O MÉTODO .............................................................................................66

4.6 ANÁLISE DAS RESPOSTAS AO QUESTIONÁRIO ....................................................74

4.7 DESCRIÇÃO DAS SUGESTÕES DE MELHORIAS AO MÉTODO ............................76

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................79

REFERÊNCIAS .....................................................................................................................81

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1 INTRODUÇÃO

No contexto atual, as organizações precisam constantemente acompanhar as

mudanças sociais, econômicas, políticas e tecnológicas. Tendo em vista que, as pessoas são os

principais agentes de mudanças, administrar o potencial humano buscando o máximo de

resultados representa um diferencial competitivo.

Desta forma, faz-se necessário que os administradores / gestores conheçam melhor

seus colaboradores. Não apenas seu perfil, aptidões, habilidades e comportamentos, mas

também deve-se regularmente realizar avaliações a fim de gerenciar da forma eficiente seu

desempenho, para que dessa forma consigam gerir melhor seus recursos humanos. Como

afirma Bergamini e Beraldo (1988, p. 34), “A Avaliação de Desempenho nas organizações

constitui-se, portanto, no veículo da estimativa de aproveitamento do potencial individual das

pessoas no trabalho e, por isso, do potencial humano de toda a empresa.” Através da aplicação

do instrumento de avaliação de desempenho é possível que os funcionários conheçam o que a

organização espera deles, quais seus objetivos e principalmente se estão correspondendo as

expectativas e necessidades da organização, entre outros aspectos.

Até o início do presente estágio, a empresa não possuía uma ferramenta para avaliar

o desempenho de funcionários, o que tornava o gerenciamento das pessoas sem parâmetros

definidos para o direcionamento das atividades diárias, realização de treinamentos e

capacitação individual, necessidades de contratação ou demissão e alterações na remuneração.

Assim, a gestão reconhece a necessidade de avaliar o desempenho dos funcionários da

organização de uma forma elaborada e formalizada, tanto para benefícios da empresa como

das pessoas que trabalham nela.

Sendo assim, o presente trabalho visa à elaboração e aplicação de uma ferramenta de

avaliação de desempenho, na Clínica Odontológica Dr. Sério Roberto Müller, com o objetivo

de tornar a administração da organização mais eficiente em direcionar tarefas, detectar

necessidades de capacitação e treinamento, conhecer as habilidades e aptidões dos

funcionários e adequar a remuneração.

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1.1 DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA

A pesquisa foi realizada a partir da necessidade encontrada em desenvolver um

instrumento de avaliação de desempenho para aplicação na Clínica Odontológica Dr. Sérgio

Roberto Müller. Na elaboração do instrumento diagnóstico foi detectado um dos problemas da

organização na área de Recursos Humanos: a carência de um instrumento de avaliação de

desempenho formalizado para a organização, pois atualmente o desempenho é avaliado

somente de acordo com a percepção da gestão em relação aos funcionários.

A necessidade de medir o desempenho dos empregados da clínica está relacionada

com a eficácia da tomada de decisões importantes na empresa, inerentes aos empregados,

como a mensuração de suas potencialidades e a verificação da necessidade de treinamento e

capacitação individuais.

1.2 OBJETIVOS

A seguir serão apresentados o objetivo geral e os objetivos específicos que devem

nortear o presente trabalho de pesquisa.

1.2.1. Objetivo Geral

Elaborar e implantar uma ferramenta de avaliação de desempenho para a clínica

odontológica, que esteja ligada aos objetivos da organização, seja de aplicação simplificada e

não envolva custos altos.

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1.2.2. Objetivos Específicos

a) Definir entre os métodos tradicionais e modernos de avaliação de desempenho,

qual o mais apropriado para a elaboração do instrumento a ser implantado na

clínica.

b) Elaborar instrumento de avaliação de desempenho;

c) Estruturar e realizar o treinamento com o avaliador;

d) Aplicar o instrumento de avaliação de desempenho na organização;

e) Elaborar um instrumento para coletar as impressões do avaliador e avaliado a

respeito da eficácia do método;

f) Descrever as sugestões de melhorias ao método.

1.3 JUSTIFICATIVA

Pode-se considerar que, avaliar o desempenho dos funcionários é muito relevante

para as organizações, tanto para fins administrativos (contratações, demissões e aumentos

salariais), quanto para os empregados tomarem conhecimento sobre como são vistos por seus

colegas, gestores e a empresa em geral. Pois é importante para o funcionário, saber como o

seu desempenho está sendo percebido. Assim como os gestores saberem também sobre a

opinião dos subordinados a respeito de suas atitudes.

É importante para uma organização manter um sistema de avaliação de desempenho tecnicamente elaborado. É uma maneira de evitar que a avaliação seja feita de forma superficial e unilateral, do chefe em relação ao subordinado. Dessa forma, a avaliação alcança maior nível de profundidade, ajuda a identificar causas do desempenho deficiente e possibilita estabelecer perspectivas com a participação do avaliado. Sem contar que a avaliação de desempenho elaborada a partir de princípios científicos possibilita uma abordagem mais racional do ser humano, livre das distorções próprias da avaliação feita com base apenas no senso comum. (GIL, 2001, p. 149).

A clínica onde está sendo realizado o estágio não possui ferramenta de avaliação de

desempenho alguma. Esta depende apenas da percepção de todos que estão ligados à empresa,

como proprietário, funcionários, clientes e prestadores de serviços. Não são elaboradas metas

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de desempenho e há poucas informações a respeito dos funcionários, suas aptidões, gostos e

habilidades profissionais.

A partir do problema levantado, foi observado que é imprescindível a implantação de

um sistema moderno de avaliação de desempenho, que esteja ligado aos objetivos da

organização, seja direcionado às tarefas e responsabilidades de cada indivíduo e compare os

desempenhos profissionais em diferentes períodos de tempo.

A adoção do novo método na clínica será facilitada por não envolver grandes custos,

nem provocar muitas alterações na rotina da empresa.

A originalidade do projeto é percebida de forma que, na maioria das clínicas,

principalmente aquelas de pequeno porte, não há aplicação avaliações de desempenho. Talvez

os proprietários ou gestores não reconheçam a importância de tal instrumento para a

administração das organizações, sendo profissionais da área de odontologia.

1.4 APRESENTAÇÃO GERAL DO TRABALHO

O presente trabalho de pesquisa está dividido em cinco capítulos: introdução,

fundamentação teórica, descrição do método, resultados da aplicação e considerações finais.

Na seqüência, serão apresentadas as referências, apêndices e anexos.

O primeiro capítulo apresenta a introdução, que traz na primeira parte a descrição

da situação problema; na segunda parte os objetivos (geral e específicos); na terceira parte a

justificativa e na quarta parte a apresentação geral do trabalho.

No segundo capítulo está a fundamentação teórica, que traz na primeira parte os

conceitos de avaliação de desempenho segundo autores relacionados; na segunda parte é

apresentado um breve histórico sobre as práticas de avaliação de desempenho ao longo dos

anos; a terceira parte reúne brevemente os benefícios da avaliação de desempenho para os

funcionários, gerente e para a organização como um todo; na quarta parte são apresentados os

métodos tradicionais de avaliação de desempenho (Escala Gráfica, Escolha Forçada, Pesquisa

de Campo, Avaliação por Objetivos, Combinação Binária ou por Pares, Frases Descritivas,

Incidentes Críticos e Distribuição Forçada); a quinta parte traz a apresentação dos métodos

modernos de se avaliar o desempenho de funcionários nas organizações (Avaliação 360 Graus

ou Feedback 360 Graus, Avaliação Participativa por Objetivos e Avaliação de Desempenho

por Competências); a sexta parte reúne contribuições sobre a entrevista de avaliação (o papel

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do avaliador e treinamento de avaliadores); e a sétima parte apresenta contribuições sobre

feedback.

O terceiro capítulo traz a descrição do método, que apresenta na primeira parte a

caracterização da pesquisa (forma de abordagem, posicionamento em relação às finalidades e

posicionamento em relação ao método); a segunda parte traz o contexto e participantes; a

terceira parte reúne a apresentação dos procedimentos e instrumentos de coleta de dados e a

quarta parte, o tratamento e análise dos dados inerentes ao trabalho de pesquisa.

O quarto capítulo mostra os resultados da aplicação, que traz na primeira parte a

apresentação do instrumento de avaliação de desempenho implantado (descrição do processo

de elaboração e modelo de instrumento); na segunda parte o programa de treinamento do

avaliador; na terceira parte a descrição da aplicação do instrumento de avaliação de

desempenho aos funcionários; na quarta parte o instrumento de coleta de impressões sobre o

método de avaliação de desempenho proposto (questões ao avaliador e questões aos

avaliados); na quinta parte a descrição da aplicação do instrumento de coleta de impressões

sobre o método; na sexta parte a análise das respostas ao questionário e na sétima parte a

descrição das sugestões de melhorias ao método.

O quinto capítulo traz as considerações finais do presente trabalho.

E ao final, são apresentadas as referências bibliográficas utilizadas para a

realização da pesquisa.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A seguir será abordada a fundamentação teórica do presente trabalho, onde serão

apresentadas contribuições de autores diferenciados sobre o assunto. Os itens a serem

apresentados são, na seqüência, conceitos de avaliação de desempenho, breve histórico,

benefícios, métodos tradicionais, métodos modernos e a entrevista de avaliação.

2.1 CONCEITOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

Avaliar o desempenho próprio ou de outras pessoas é uma prática comum na vida do

ser humano. A todo o momento avalia-se o desempenho ou comportamento de coisas ou

indivíduos, seja em organizações ou no cotidiano, a partir de sistemas formais ou por

observação.

Conforme Lucena (1995), todo ato humano é conseqüência do processo de avaliação.

Esta consiste na base para apreciação de um fato, idéia, objetivo ou resultado e, também, a

base para a tomada de decisão sobre qualquer situação que envolve uma escolha.

Segundo Bohlander et al. (2005), o desempenho dos funcionários em uma

organização se dá a partir da função Desempenho = f (C,M,A). Onde C é a capacidade

(habilidades técnicas, habilidades interpessoais, habilidades de solução de problemas,

habilidades analíticas, habilidades de comunicação e limitações físicas); M é a motivação

(ambiente de carreira, conflito do funcionário, frustração, justiça/satisfação e

metas/expectativas) e A é o ambiente (equipamentos/materiais, plano de cargo, condições

econômicas, sindicatos, regras e políticas, suporte ao gerenciamento e leis e normas.

Dessler (2003) apresenta três motivos pelos quais os chefes avaliam o desempenho

dos funcionários: para decidirem sobre promoções e aumentos, para a correção de deficiências

e reforço das qualidades, além de dar subsídios ao planejamento de carreira dos funcionários.

“Avaliar o desempenho das pessoas no trabalho implica, conseqüentemente,

conhecer a dinâmica comportamental própria de cada um, o trabalho a ser realizado e o

ambiente organizacional em que essas ações se passam”. (BERGAMINI; BERALDO, 1988,

p. 32).

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Segundo Vroom (1997, p. 166) faz-se necessário a gerência julgar seus empregados,

pois essas avaliações formam a base para políticas salariais e promocionais.

O processo de inspeção pode tornar-se mais objetivo ou mais apurado através de pesquisas sobre o instrumento de avaliação, do treinamento dos “inspetores” ou da introdução de avaliações em grupo; os subordinados podem ser “retrabalhados” pela instrução ou aconselhamento antes da decisão final de aceitá-los ou rejeitá-los [...].

De acordo com as afirmações dos autores anteriormente relacionados, pode-se

observar que não há como efetuar gerenciamento eficiente e eficaz de uma organização sem a

presença de um instrumento que avalie o desempenho das pessoas, que mostre se a empresa

está no caminho certo ou se é necessário mudar estratégias, adequar melhor os funcionários às

tarefas que executam, contratar, demitir, aumentar salários ou mantê-los, entre outras decisões

gerenciais.

Silva (2001) destaca que é muito comum nas organizações que se faça uma mistura

de técnicas de avaliação de desempenho na busca pelo seu próprio modelo, que se ajuste às

suas necessidades, utilizando-as como importantes instrumentos de gestão.

Na prática, a avaliação de desempenho é um desafio para as empresas, pois os

sistemas implantados têm produzido resultados insatisfatórios e decepcionantes. O despreparo

dos avaliadores, como responsáveis pelo sucesso ou fracasso do sistema de avaliação de

desempenho, é objeto de intensas críticas (SILVA, 2001).

Para Bergamini e Beraldo (1988) deve-se levar em consideração que as avaliações

são feitas por pessoas e como tal, podem cometer enganos. E também, ao avaliar outra pessoa,

uma série de variáveis pode interferir, comprometendo o retrato da realidade.

2.2 BREVE HISTÓRICO DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

As práticas de avaliação de desempenho não são novas na história da humanidade.

Conforme Bergamini e Beraldo (1988), desde o período 221-265 d.C. a dinastia WEI instituiu

a figura do “julgador imperial”, responsável pela avaliação do comportamento da família

imperial e posterior informação ao imperador. Anos depois, a Companhia de Jesus, Santo

Inácio de Loyola, utilizava-se de sistemas para julgamento de cada um de seus integrantes.

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O sistema consistia em autoclassificações feitas pelos membros da ordem, relatórios de cada superior a respeito das atividades de seus subordinados e relatórios especiais feitos por qualquer jesuíta que acreditasse possuir informações sobre seu próprio desempenho ou de seus colegas, às quais o superior poderia não ter acesso de outra maneira. (CHIAVENATO, 1998, p.321).

Bohlander et al. (2005) chamam a atenção para o fato de que programas formais de

avaliação de desempenho e classificações de mérito são antigos nas empresas. Em 1842, o

governo americano começou a avaliar os funcionários, pois o Congresso aprovou uma lei que

obrigava revisões de desempenho anuais. Na seqüência, os programas passaram a ser muito

utilizados por organizações públicas e privadas de grande e de pequeno porte.

Com o movimento da Administração Científica, que teve origem nas experiências de

Taylor (1856-1915), nos Estados Unidos e Fayol (1841-1925), na França, o objetivo passou a

ser a fundamentação científica das atividades administrativas, substituindo a improvisação e o

empirismo. Na seqüência, a Escola das Relações Humanas veio a proporcionar o refinamento

da ideologia da harmonização entre capital e trabalho definida pelos teóricos da

Administração Científica (GIL, 2001).

Assim, as empresas passaram a ver os funcionários de uma forma diferente,

vinculando os resultados à satisfação e bom aproveitamento do homem e não somente da

máquina. Com base nesse novo enfoque, passou-se a tratar os indivíduos de uma maneira

diferente, assim como realizar estudos sobre formas de conhecer e medir o potencial das

pessoas nas organizações.

Conforme Bergamini e Beraldo (1988), foi por volta de 1950, com a economia dos

EUA abalada pela Segunda Guerra Mundial, que criou-se um sistema de avaliação de

desempenho baseado na Administração por Objetivos, desenvolvido como resposta à crise e

pressão vivida pelos empresários na época, devido ao intenso controle governamental. A

Administração por Objetivos representou uma inovação na área da Administração e tornou-se

um modismo nas empresas, além de resolver o impasse da realidade americana no pós-guerra.

O modelo definiu a necessidade de estabelecer mais democraticamente objetivos e resultados

esperados entre indivíduo e organização. Entretanto, a técnica apresenta algumas dificuldades

com relação ao estabelecimento dos objetivos, sendo mais direcionada a cargos gerenciais e

técnicos.

Segundo Chiavenato (1998), a partir do século XX, com a Escola da Administração

Científica, houve uma preocupação em apurar a capacidade máxima da máquina em paralelo

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ao trabalho humano, para calcular o desempenho de ambos. Mesmo assim, não houve

progresso em relação ao homem, que era visto apenas como um “aperta botões”. Já com a

Escola das Relações Humanas o foco passou a ser o homem. Foram criadas diversas técnicas

administrativas com o objetivo de melhorar o desempenho dos funcionários dentro das

organizações.

“Toda a seqüência posterior de teorias administrativas e organizacionais que foram

aparecendo teve forte e definitivo impacto: a importância ao ser humano dentro das

organizações e seu papel dinamizador dos demais recursos organizacionais”.

(CHIAVENATO, 1998, p. 322).

Também é importante destacar que, conforme Lucena (1995, p. 36), “os métodos

mais utilizados são basicamente originários de experiências desenvolvidas por algumas

instituições que antecederam a organização econômica moderna”, como as Corporações

Militares e o Estado (Administração Pública). Estas estabeleceram seus requisitos próprios de

valores e qualidades, de acordo com a missão de cada uma. No serviço militar é exigido

coragem, bravura, solidariedade, disciplina e assiduidade, entre outros critérios. O serviço

público absorveu o mesmo modelo por cauda das semelhanças nas prerrogativas, como

missão permanente, organização hierarquizada, carreira estruturada e estabilidade.

As influências desses modelos na estruturação administrativa das empresas são evidentes. Do início do século até aproximadamente a Segunda Guerra, as empresas se organizaram de maneira bastante hierarquizada e centralizada (modelo ainda predominante na atualidade), tendo a fábrica como o centro de produção em massa, mas eliminaram o sistema rígido de carreira e a estabilidade, pois não combinavam com suas finalidades lucrativas. Predominando a utilização de mão-de-obra pouco qualificada, para operar uma tecnologia sem sofisticação, nem complexidade e o princípio taylorista da organização do trabalho, os métodos de avaliação existentes atendiam perfeitamente, pois o enfoque era totalmente comportamental e controlador de pessoas. (LUCENA, 1995, p. 37).

Assim, os métodos foram absorvidos pelas empresas e, ao longo dos anos, alterados

em alguns critérios, mas seus princípios básicos foram mantidos nos sistemas de avaliação de

desempenho, como será apresentado a seguir.

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2.3 BENEFÍCIOS DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

De acordo com o apresentado por Martins (2002), a avaliação de desempenho traz

benefícios para o funcionário, para o gerente, para a organização e para a comunidade em

geral:

a) Benefícios para o funcionário: permite que o funcionário conheça o que é

valorizado pela empresa, as expectativas da gestão em relação ao seu desempenho

e quais são seus pontos fortes e fracos na opinião do gestor. E ainda, toma

conhecimento sobre as providências da empresa a respeito de treinamento e do

que ele pode auto-desenvolver.

b) Benefícios para o gerente: a gestão pode avaliar o desempenho e o

comportamento dos funcionários, tento como base fatores de avaliação que

minimizem a subjetividade, para posteriormente propor providências no sentido

de melhorar os padrões de desempenho.

c) Benefícios para a organização: ao realizar a avaliação do desempenho, a

organização avalia o seu capital humano a curto, médio e longo prazos, além de

definir qual a contribuição de cada funcionário. Assim, é possível identificar

necessidades de investimentos em treinamento e possibilidades de promoções ou

transferências.

Para Chiavenato (1999), a avaliação de desempenho deve proporcionar benefícios

para a organização e para as pessoas. Para isso, a avaliação deve envolver o desempenho da

pessoa no cargo e o alcance de metas e objetivos traçados, fazendo com que desempenho e

objetivos sejam inseparáveis na avaliação; deve enfatizar o indivíduo no cargo e não a análise

subjetiva dos hábitos pessoais; deve ser aceita por ambas as partes, tanto pelo avaliador

quanto pelo avaliado, e estes estarem de acordo de que a avaliação deve trazer benefício para

a organização e funcionário; e deve melhorar a produtividade do indivíduo na organização,

para que este alcance a eficiência e eficácia na produção.

Os autores ressaltam a importância de a avaliação de desempenho trazer benefícios

também para o funcionário, além de cumprir o seu papel de trazer vantagens para a

organização. Isso ocorre porque o funcionário é parte integrante e ativa da organização. E se

este não concordar com a realização do processo, ou com os objetivos traçados, a qualidade

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da avaliação de desempenho ficará comprometida e o instrumento acabará não cumprindo o

seu objetivo final, que é o aumento da produtividade.

A seguir, serão apresentados os métodos tradicionais de se avaliar o desempenho de

funcionários em organizações, conforme alguns autores.

2.4 MÉTODOS TRADICIONAIS

Silva (2001) destaca quatro métodos tradicionais para se avaliar o desempenho dos

funcionários nas empresas, Escala Gráfica, Escolha Forçada, Pesquisa de Campo e Avaliação

por Objetivos.

2.4.1. Escala Gráfica

Método mais utilizado pelas organizações, a Escala Gráfica leva em consideração

fatores pessoais e profissionais do empregado. Os fatores de avaliação são definidos como

descrição sumária e objetiva e recebem graduação que retrata desde desempenho satisfatório

até ótimo. Este método traz uma representação gráfica do desempenho do funcionário em

cada um dos fatores do formulário de avaliação (SILVA, 2001).

Modelo de ficha de Escala Gráfica de avaliação de desempenho apresentada por

Chiavenato (1999):

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Fatores: Ótimo Bom Regular Sofrível Fraco

Produção (Quantidade de

trabalho realizado)

Sempre ultrapassa os

padrões

Às vezes ultrapassa os

padrões

Satisfaz os padrões

Às vezes abaixo dos padrões

Sempre abaixo dos padrões

Qualidade (Esmero no

trabalho)

Excepcional qualidade no

trabalho

Superior qualidade no

trabalho

Qualidade satisfatória

Qualidade insatisfatória

Péssima qualidade no

trabalho

Conhecimento do Trabalho (Perícia no

trabalho)

Conhece todo o trabalho

Conhece mais do que o necessário

Conhece o suficiente

Conhece parte do trabalho

Conhece pouco o trabalho

Cooperação (Relacionamento

interpessoal)

Excelente espírito de

colaboração

Bom espírito de colaboração

Colabora normalmente

Colabora pouco Não colabora

Compreensão de Situações

(Capacidade de resolver

problemas)

Excelente capacidade de

intuição

Boa capacidade de intuição

Capacidade satisfatória de

intuição

Pouca capacidade de

intuição

Nenhuma capacidade de

intuição

Criatividade (Capacidae de inovar)

Tem sempre excelentes

idéias

Quase sempre excelentes idéias

Algumas vezes apresenta idéias

Raramente apresenta idéias

Nunca apresenta

idéias

Realização (Capacidade

de fazer)

Excelente capacidade de

realizar

Boa Capacidade De realizar

Razoável capacidade de realizar

Dificuldade em realizar

Incapaz de realizar

Quadro 1 - Ficha de Escala Gráfica. Fonte: Chiavenato, 1999, p. 196.

Segundo Bergamini e Beraldo (1988) o método denominado de Gráficos Analíticos

(as Escalas Gráficas) são ineficientes, pois favorecem o “efeito de Halo” (contaminação

positiva ou negativa do julgamento pelo conceito geral do avaliado) e a “tendência central”

(preferência de utilização de valores médios dos avaliadores para julgamento do seu pessoal).

Chiavenato (1999) descreve vantagens e desvantagens do método acima:

a) Vantagens

- Facilidade de planejamento e construção do instrumento;

- Simplicidade e facilidade de compreensão e utilização;

- Visão gráfica e global dos fatores de avaliação envolvidos;

- Facilita a comparação dos resultados dos avaliados;

- Proporciona fácil retroação de dados ao avaliado.

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b) Desvantagens

- O método é superficial e subjetivo;

- Produz efeito de generalização (hallo effect);

- Peca pela categorização e homogeneização das características individuais;

- Apresenta limitação dos fatores de avaliação: funciona como um sistema

fechado;

- Rigidez e reducionismo no processo;

- Ausência de participação ativa do funcionário;

- Preocupa-se somente com o desempenho passado.

O método Escala Gráfica, apesar de ser de fácil construção, aplicação e compreensão

para os funcionários, também apresenta algumas limitações consideradas graves, como o

efeito de halo e a não participação ativa do funcionário, além de avaliar somente o

desempenho passado não estabelecendo metas e objetivos. As escalas gráficas podem ser úteis

para organizações com grande número de funcionários, nas quais não é possível aplicar uma

avaliação de desempenho mais detalhada com cada indivíduo.

2.4.2. Escolha Forçada

Traz muitas variações e tem o princípio de avaliação a partir de afirmações. O

responsável pela avaliação escolhe entre grupos de afirmações, aquelas que melhor se

adequam ao avaliado e aquelas que menos se aplicam a este. Este método traz resultados mais

isentos de influências do avaliador (SILVA, 2001).

Conforme Gil (2001), em cada bloco de frases, o avaliador deverá forçosamente

escolher uma ou duas que melhor refletem o desempenho do avaliado. A constituição dos

blocos pode ser feita de diversas maneiras. A mais comum traz duas frases positivas e duas

negativas, como no formulário abaixo:

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Funcionário: Cargo:

Departamento/Seção: Data: / /

Preencha cada um dos blocos, anotando com um “x” na coluna “+” a frase que melhor define o

desempenho do empregado e na coluna “-“ a frase que melhor define seu desempenho.

Nº + -

É rápido no desempenho de suas das tarefas

É descortês com os colegas

Conhece bem seu trabalho

Não merece muita confiança

1

2

3

4

Todos os colegas gostam dele

Costuma reclamar do serviço

Tem um bom potencial de trabalho

É dinâmico

5

6

7

8

Cuida bem de seu material de trabalho

É criterioso na tomada de decisões

Só faz o que lhe mandam

Seu comportamento é irrepreensível

9

10

11

12

Aceita de bom grado as sugestões

Não cuida de sua aparência

Tem facilidade de expressão

Não procura se atualizar

41

42

43

44

É simpático

Tem medo de pedir ajuda

Preocupa-se com a produtividade

Costuma agredir os colegas

45

46

47

48

Está bem integrado ao grupo

Costuma desperdiçar material

É disciplinado

Tem pouca iniciativa

49

50

51

52

Quadro 2 – Ficha de Escolha Forçada Fonte: Gil, 2001, p. 158

Bergamini e Beraldo (1988) chamam o tipo de avaliação de Lista de Verificação de

Escolha Forçada e citam pontos negativos e positivos do método. Os negativos são exigir

grande preparo dos avaliadores, assim como um trabalho prévio intenso de validação das

frases; poder não esgotar todas as possíveis formas de comportamento; não fornecer bases

seguras para orientação posterior do avaliado e poder gerar insegurança ao avaliador por não

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possuir conceito geral do avaliado. Os pontos positivos considerados são parecer neutralizar

avaliações tendenciosas e permitir maior controle da coerência do avaliador nos pareceres.

“O método de escolha forçada tem suas limitações, sendo a principal delas o custo de

estabelecer e manter sua validade”. (BOHLANDER; SNELL; SHERMAN, 2005, p. 228).

O método apresenta vantagens e desvantagens, conforme descrito por Chianevato

(1999):

a) Vantagens

- Evita o efeito de generalização (hallo effect);

- Tira a influência pessoal do avaliador (subjetividade);

- Não necessita treinamento para avaliadores.

b) Desvantagens

- Planejamento e construção do instrumento são complexos;

- Não proporciona visão global dos resultados;

- Não provoca retroação de dados nem permite comparações;

- Pouco conclusivo a respeito dos resultados;

- Avaliado não tem participação ativa.

A Escolha Forçada traz resultados mais isentos de opiniões pessoais do avaliador e

este não tem como se opor já que é obrigado a escolher entre uma das alternativas sobre o

desempenho do funcionário. Mas também, o método não inclui a participação ativa do

avaliado no processo de avaliação e a construção das frases é complexa, podendo não

demonstrar corretamente o comportamento de cada avaliado, o que o tornaria ineficaz.

2.4.3. Pesquisa de Campo

Considerado como um dos mais completos, o método é baseado em entrevistas com

o superior imediato para que avalie seus empregados. Busca as causas, origens e motivos de

tal desempenho (SILVA, 2001).

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É um sistema de avaliação fundamentado em entrevistas padronizadas mantidas com a gerência imediata do avaliado. Nesses contatos obtém-se o máximo de informações sobre o desempenho do empregado avaliado por meio de levantamento das causas, origens e dos motivos do citado desempenho. (CARVALHO; NASCIMENTO, 1997, p. 262).

Gil (2001) considera a Pesquisa de Campo completa e sistemática como forma de

avaliação, pois conduz a um entrosamento com treinamento, planos de carreira e outras áreas

de recursos humanos.

O método pesquisa de campo é especialmente indicado, segundo Carvalho e

Nascimento (1997), para avaliar o potencial de gerência e supervisionar equipes de trabalho,

permitindo melhor planejamento aplicado às características específicas da empresa em temos

de carreira.

Abaixo, as vantagens e desvantagens deste tipo de avaliação apresentadas por

Chianevato (1999):

a) Vantagens

- Envolve responsabilidade de linha (gerente/avaliador) e função de staff

(DRH/assessoria) no processo de avaliação;

- Permite planejamento de ações futuras, como treinamento;

- Dá ênfase à melhoria do desempenho e alcance de resultados;

- Proporciona profundidade na avaliação;

- Permite relação proveitosa entre gerente e especialista.

b) Desvantagens

- Custos elevados com assessoria de especialista;

- O processo é mais lento que os demais;

- O avaliado tem pouca participação na avaliação e providências.

Apesar de ser considerado um método bastante completo, comparado aos

anteriormente apresentados, por possibilitar o planejamento de ações futuras e o

desenvolvimento do funcionário, a Pesquisa de Campo exige custos elevados por precisar de

assessoria, consome muito tempo e a participação do avaliado é muito restrita.

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2.4.4. Avaliação por Objetivos

Está entre os métodos mais atuais. Na Avaliação por Objetivos, popularizada por

Peter Drucker em 1954, chefia e subordinados devem buscar, em conjunto, identificar

objetivos e período de tempo necessário para atingí-los. No final, é avaliado se os objetivos

fixados foram cumpridos pelos funcionários. O método é centrado nos resultados. (SILVA,

2001).

Os autores Dessler (2003) e Vroom (1997) apresentam opiniões semelhantes no que

diz respeito à seqüência de etapas do método por objetivos.

[...] o processo “ideal” deve evoluir em cinco etapas: (1) discussão individual com o superior da descrição feita pelo subordinado de seu próprio cargo, (2) fixação de metas de desempenho a curto prazo, (3) reuniões com o superior para discutir o progresso em direção às metas, (4) definição de pontos de verificação para avaliar o progresso e (5) discussão entre superior e subordinado ao final de um período definido para avaliar os resultados dos esforços do subordinado. (VROOM, 1997, p. 206-207).

De acordo com Dessler (2003), a avaliação por objetivos é composta por seis etapas:

1. Estabelecer as metas da organização.

2. Estabelecer as metas departamentais.

3. Discutir as metas departamentais.

4. Definir resultados esperados.

5. Conduzir revisões de desempenho e medir os resultados.

6. Dar feedback aos funcionários.

Devem-se considerar as vantagens e desvantagens deste tipo de avaliação de

desempenho:

a) Vantagens

- “Método prático que permite a identificação dos pontos fortes e fracos do

empregado, bem como as providências necessárias para o próximo período,

auxiliando no levantamento de necessidades de treinamento e desenvolvimento”.

(CHIAVENATO, 1998; PONTES, 1999; THOMAS, 1997 apud SILVA, 2001,

p.188);

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- Segundo Silva (2001), propicia ao funcionário conhecimento prévio das bases da

avaliação do seu desempenho, o que pode o motivar.

b) Desvantagens

- Uma das críticas ao método é este ser muitas vezes centrado somente nos

resultados, desprezando os processos, o que faz a qualidade do desempenho

perder importância diante da ênfase na aferição e quantificação (SILVA, 2001).

A Avaliação por Objetivos é voltada para o desempenho futuro, na qual os objetivos

são delineados conjuntamente entre o gestor e o subordinado, incluindo-o na execução da

avaliação desde o início. Mas no final, apresenta-se voltada somente para os resultados, o que

pode ocasionar a desvalorização do progresso do avaliado quando os objetivos não são

atingidos.

Outros métodos tradicionais de avaliação de desempenho, não mencionados por

Silva (2001), são a Comparação Binária ou Por Pares, Frases Descritivas, Incidentes Críticos

e Distribuição Forçada.

2.4.5. Combinação Binária ou Por Pares

A técnica é caracterizada por fazer a comparação de dois indivíduos do mesmo grupo

em cada traço ou característica. Para que os resultados sejam os mais fiéis à realidade

possíveis, deve-se comparar somente dois funcionários, quanto a uma característica de cada

vez. O método é a forma mais perfeita de avaliação relativa. (BERGAMINI; BERALDO,

1988).

Conforme Chiavenato (1998), a comparação aos pares é caracterizada por ser

simples e pouco eficiente e deve ser aplicada somente quando não há possibilidade de

utilização de métodos mais apurados. O autor apresenta um exemplo do método de avaliação:

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Comparação dos empregados quanto

à produtividade:

A B C D

A e B X

A e D X

C e D X

A e C X

B e C X

B e D X

Pontuação 2 3 1 0

Quadro 3 – Ficha de Comparação Binária Fonte: Chiavenato, 1998, p. 344

Bohlander et al. (2005) apresentam como vantagem do método de avaliação de

desempenho a crença de que fornecem informações mais exatas e válidas do que avaliações

feitas por superiores e por isso, mais realista em comparação às outras. Os motivos para que o

método não seja utilizado com freqüência são a disputa pela popularidade entre os colegas,

que acaba desviando do objetivo da aplicação do método, os gerentes relutarem em abrir mão

do controle sobre o processo, aqueles que receberem avaliações fracas podem impor

retaliações aos colegas e os colegas usarem estereótipos para fazerem as avaliações.

Como já visto, este tipo de avaliação de desempenho pode gerar grandes conflitos

entre colegas na organização onde é aplicado, pois faz comparações entre dois funcionários a

respeito de cada característica. A Combinação Binária ou Por Pares acaba não sendo uma

maneira construtiva de se avaliar os funcionários e não se preocupa com o desempenho

futuro.

2.4.6. Frases Descritivas

“Este método é diferente do método de escolha forçada apenas por não exigir

obrigatoriedade na escolha das frases” (CHIAVENATO, 1998, p. 344). O avaliador deve

assinalar positiva ou negativamente as frases que caracterizam ou não o desempenho do

subordinado. A seguir, um modelo de formulário de Frases Descritivas:

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Fatores de avaliação do desempenho

Sim

(+)

Não

(-)

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

etc.

Possui escolaridade suficiente para o desempenho do cargo?..............................................

Costuma estar alegre e sorridente?........................................................................................

Têm experiência no serviço que está executando?...............................................................

É contrário a modificações e não se interessa por novas idéias?..........................................

Conhece informações e processos de produção que não devem chegar a terceiros?............

Desenvolve um trabalho complexo, prestando muita atenção às instruções recebidas?.......

Demonstra atração pelo sexo oposto?...................................................................................

Tem interesse em aprender coisas novas?.............................................................................

Seu trabalho carece de mais escolaridade?...........................................................................

Pode planejar, executar e controlar suas tarefas sozinho?....................................................

Quadro 4 – Ficha de Frases Descritivas Fonte: Chiavenato, 1998, p. 345

O método é chamado por Bergamini e Beraldo (1988) de Listas de Verificação e

descrito como uma série de frases enumerando comportamentos característicos dos

funcionários e o avaliador irá assinalar aquelas que melhor demonstram o avaliado.

A dificuldade no uso deste tipo de avaliação é que as frases podem estar soltas e não

em categorias e o avaliador que não estiver muito bem treinado acabar cometendo o erro de

assinalar duas frases de uma mesma característica, que são mutuamente exclusivas em

situação de descrição de comportamento (BERGAMINI; BERALDO, 1988).

Assim como outros métodos anteriormente demonstrados, as Frases Descritivas não

incluem a participação ativa dos avaliados, o que pode afetar o comprometimento dos

funcionários e a eficácia do método. Também é importante destacar que, as frases podem não

demonstrar corretamente as características do funcionário e deixar o avaliador confuso na

hora de preencher o instrumento.

2.4.7. Incidentes Críticos

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Segundo Dessler (2003), o método caracteriza-se por registrar exemplos

excepcionalmente bons ou indesejáveis dos comportamentos de um funcionário no trabalho e

posterior revisão dos registros em tempos determinados.

Chiavenato (1999) apresenta um modelo de avaliação de desempenho por Incidente

Crítico:

Avaliação do Desempenho

Nome: Cargo: Departamento:

Aspectos Excepcionalmente Positivos Aspectos Excepcionalmente Negativos

Sabe lidar com pessoas

Facilidade de trabalhar em equipe

Apresenta idéias inovadoras

Tem características de liderança

Facilidade de argumentação

Espírito altamente empreendedor

Apresenta muitos erros

Falta de visão ampla do assunto

Demora a tomar decisões

Espírito conservador e limitado

Dificuldade de lidar com números

Comunicação deficiente

Quadro 5 – Ficha de Incidentes Críticos Fonte: Chiavenato, 1999, p. 199

“O método não se preocupa com características situadas dentro do campo da

normalidade, mas com aquelas características extremamente positivas ou negativas”.

(CHIAVENATO, 1998, p 343).

A avaliação de desempenho por incidentes críticos apresenta vantagens e

desvantagens, segundo Chiavenato (1999):

a) Vantagens

- Avalia o desempenho excepcionalmente bom e excepcionalmente ruim;

- Enfatiza os aspectos excepcionais. As exceções positivas devem ser realçadas e

mais bem aplicadas e as negativas, eliminadas ou corrigidas;

- Fácil montagem e utilização.

b) Desvantagens

- Os aspectos normais de desempenho não interessam;

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- Fixa-se em poucos aspectos de desempenho, gerando tendenciosidade e

parcialidade.

Apesar de apresentar aplicação bastante simplificada, este tipo de avaliação de

desempenho pode ser tendencioso em alguns momentos, por focalizar somente as exceções no

comportamento das pessoas. Além disso, o método Incidentes Críticos não estabelece

objetivos e não é participativa, somente a opinião do avaliador é levada em consideração.

2.4.8. Distribuição Forçada

Dessler (2003) caracteriza o método como uma classificação dos funcionários em

categorias de desempenho. É indicado em percentual o número de funcionários que possui

alto, médio ou baixo desempenho.

Exemplo dado por Bergamini e Beraldo (1988):

10% = Inferior

20% = Normal Inferior

40% = Normal Médio

20% = Normal Superior

10% = Superior

Todos os funcionários com características semelhantes em relação a determinado

aspecto de comportamento são colocados no mesmo grupo.

Bergamini e Beraldo (1988) consideram o sistema de avaliação grosseiro, pois não

descreve comportamentos e características individuais dos funcionários, partem de conceitos

gerais. Este tipo de avaliação relativa deve complementar as avaliações absolutas, mas não

seu utilizado como instrumento único nas organizações. Outra restrição do método é

verificada quando a amostragem for pequena (com menos de dez elementos).

Conforme já visto anteriormente, o método de avaliação de desempenho não observa

as características individuais dos empregados e sim, os separa em categorias de desempenho.

Assim, a Distribuição Forçada não é construtiva para os avaliados, pois estes não são

informados sobre os motivos da classificação do seu desempenho, ou quais das suas

características são consideradas boas ou más para o desenvolvimento de seu trabalho empresa.

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A seguir, serão apresentados os métodos modernos de se avaliar o desempenho de

funcionários nas organizações.

2.5 MÉTODOS MODERNOS

Algumas tendências atuais observadas na avaliação de desempenho são: maior

flexibilidade e menos burocracia; estimulação da eficácia do desempenho e não apenas da sua

eficiência; utilização como conhecimento dos funcionários visando qualificação e utilização

produtiva dos recursos; fornecimento de informações aos funcionários sobre seu desempenho;

democratização do sistema com valorização da auto-avaliação e avaliação para cima; e

vinculação do desempenho à recompensas financeiras. (SILVA, 2001).

Nas organizações modernas, a avaliação de desempenho traz uma mistura de

técnicas/métodos ligados aos objetivos da organização, para que haja real demonstração da

realidade. Desta forma, fica mais fácil tomar as medidas administrativas acertadas com

relação aos funcionários, chefia e recursos da organização.

Segundo Chiavenato (1999), os métodos tradicionais de avaliação de desempenho

são limitados, dando lugar à novas forma de avaliar funcionários. As organizações estão

deixando de ser departamentalizadas e funcionais e organizando-se por processos ou equipes.

Também é importante ressaltar a maior participação dos trabalhadores nos resultados das

organizações, o que exige um sistema de medições e indicadores eficiente, que facilite as

negociações entre organizações e funcionários.

2.5.1. Avaliação 360 Graus ou Feedback 360 Graus

Conforme destacado por Silva (2001), um método de avaliação que vem sendo

implantado nas organizações é a Avaliação 360 Graus ou Feedback 360 Graus, no qual os

funcionários são avaliados por toda a organização (colegas, subordinados e superiores) e até

mesmo por influentes externos, como clientes e fornecedores. Também é possível que as

empresas incluam no processo uma auto-avaliação do funcionário.

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Dessler (2003) afirma que, em geral, a Avaliação 360 Graus é aplicada para

desenvolvimento de funcionários e não para aumentos salariais. E acrescenta que, este tipo de

avaliação pode se transformar em “pesadelos burocráticos”, caso haja muitos avaliados e

avaliadores no processo. Por isso, há programas de computador e sistemas de avaliação via

internet para coleta de informações, onde são utilizadas senhas para garantir o acesso somente

por pessoas autorizadas.

Bohlander et al. (2005) apresentam as vantagens e desvantagens da Avaliação 360

Graus:

a) Vantagens

- Sistema mais abrangente no sentido de que são reunidas respostas de várias

perspectivas;

- A qualidade das informações é melhor;

- Complementa as iniciativas de TQM enfatizando clientes e equipes

internos/externos;

- Pode suavizar noções tendenciosas e preconceituosas, visto que o feedback

abrange opiniões de várias pessoas;

- O feedback de colegas e outros pode contribuir para o autodesenvolvimento do

funcionário.

b) Desvantagens

- O sistema é complexo na combinação de todas as respostas;

- O feedback pode ser intimidante e causar ressentimento se o funcionário sentir

que os respondentes fizeram “complô” contra ele;

- Pode haver opiniões conflitantes, embora precisas, de cada ponto de vista

respectivo;

- O bom funcionamento do sistema requer treinamento;

- Os funcionários podem tramar ou “jogar” com o sistema, dando avaliações

inválidas uns sobre os outros;

- Os avaliadores podem não se responsabilizar por suas avaliações, se elas forem

anônimas.

A Avaliação 360 Graus é bastante abrangente e pode trazer bons resultados por levar

em consideração opiniões diversas, mas sua aplicação pode se tornar cansativa, devido a cada

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36

funcionário ter que avaliar todos os outros. Também em caso de não comprometimento de

alguns funcionários com o processo, este pode não atingir o objetivo final.

2.5.2. Avaliação Participativa por Objetivos (APPO)

Considerada por Chiavenato (1999) como democrática, envolvente e motivadora, a

Avaliação Participativa por Objetivos (APPO) é um método moderno de avaliação de

desempenho que segue seis etapas:

1. Formulação de objetivos consensuais entre o subordinado e o gerente. A superação

destes deve trazer benefícios para a organização e proporcionar participação direta

do avaliado como prêmio ou remuneração variável.

2. Comprometimento pessoal quanto ao alcance dos objetivos, através de contrato

formal ou psicológico.

3. Negociação com o gerente sobre a alocação dos recursos e meios (materiais,

humanos, investimentos) necessários para o alcance dos objetivos.

4. Desempenho como estratégia pessoal do indivíduo para o alcance dos objetivos,

meios que cada um deve escolher com liberdade e autonomia.

5. Constante monitoração dos resultados e comparação com os objetivos formulados,

feita pelo avaliado com ajuda do gerente, se necessário.

6. Retroação intensiva e contínua avaliação conjunta. O avaliado precisa estar sempre

informado sobre o seu desempenho para avaliar seu esforço/resultado e tirar as

próprias conclusões.

Os objetivos da Avaliação Participativa por Objetivos devem:

- ser claros;

- corresponder a um desafio para o avaliado e para a organização;

- ser mensuráveis;

- ter prazos determinados para o seu cumprimento.

Conforme cita Chiavenato (1999, p. 204), o método Avaliação de Desempenho

Participativa por Objetivos (APPO) consiste em uma reestruturação da antiga Administração

por Objetivos (APO), definida por Drucker em 1954. A definição do processo referia-se “à

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administração das empresas por objetivos e autocontrole, isto é, a autodireção não-

burocratizada.”

De acordo com o método Avaliação Participativa por Objetivos (APPO), cada

organização deve delinear suas metas e objetivos, que são diferenciados de uma para outra

conforme o tipo de produto ou serviço que oferece e a partir disto, estabelecer os padrões de

desempenho. Estes padrões podem estar ligados à lucratividade, posição no mercado,

produtividade, liderança e responsabilidade social, entre outros.

Se forem respeitadas as etapas e os objetivos do método durante a aplicação da

avaliação de desempenho, esta pode ser muito construtiva e eficaz tanto para os funcionários

como para a organização.

2.5.3. Avaliação de Desempenho por Competências

Conforme Lara e Silva (2004), a Avaliação de Desempenho por Competências

inicia-se pelo mapeamento, que permite colher dados relativos às competências necessárias

para o bom desempenho das atividades e perfil do funcionário quanto às competências. Essas

competências podem ser categorizadas em três blocos:

a) Competências Conceituais: que são os conhecimentos e o domínio de conceitos e

teorias que embasam as técnicas;

b) Competências Técnicas: é o domínio de métodos e ferramentas para o

desempenho do trabalho;

c) Competências Interpessoais: consiste na comunicação e interação eficaz entre as

pessoas.

Carvalho (2005) defende que o modelo de Avaliação de Desempenho por

Competências conduz, através de um caminho confiável, avaliar as pessoas na empresa

considerando o vínculo ente capital intelectual e estratégia empresarial e pretende:

a) definir critérios de medição do desempenho;

b) medir com precisão;

c) justificar as recompensas dadas às pessoas;

d) definir o desenvolvimento que o avaliado necessita para a melhora de seu

desempenho.

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Em 2001, desencadeou-se o sistema de Avaliação de Desempenho por Competências

no Sistema de Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), através do

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI-SC). A evolução do sistema enfrentou

algumas dificuldades culturais, como a resistência às novas idéias e a resistência tecnológica,

ou seja, uma certa tecnofobia em relação aos recursos tecnológicos. (CARVALHO, 2005).

Lara e Silva (2004) definem a Avaliação de Desempenho por Competências como

um importante meio para identificar os potenciais dos funcionários, melhorar o desempenho

da equipe e a qualidade das relações dos funcionários e superiores e estimular esforços

direcionados para o alcance dos resultados positivos e satisfatórios para indivíduo e

organização.

A aplicação do método Avaliação de Desempenho por Competências pode ser

bastante eficaz, já que identifica as habilidades necessárias a determinadas atividades e avalia

se o funcionário possui o perfil e a competência necessários às funções para as quais são

direcionados. O instrumento não tem enfoque voltado para o futuro, como o estabelecimento

de objetivos, apesar de demonstrar os resultados do desempenho de cada empregado e os

aspectos em que estão abaixo do esperado, para que futuramente possam corrigi-los.

2.6 A ENTREVISTA DE AVALIAÇÃO

A entrevista de avaliação deve ter um clima de cooperação e colaboração e não de

subordinação do avaliado em relação ao avaliador.

Uma boa entrevista de avaliação de desempenho, conforme Bergamini e Beraldo

(1988), inclui a preparação tanto do entrevistador quanto do entrevistado. O avaliado deve, no

período anterior à entrevista, pensar sobre seu desempenho nos últimos meses, anotar seus

sucessos e fracassos nos últimos tempos e considerar suas necessidades de treinamento. O

entrevistador, da mesma forma, deve preparar-se estudando as características do cargo do

entrevistado, assim como o desempenho previamente fixado, desta forma, terá um roteiro de

pontos a serem focalizados na entrevista.

Dessler (2003) concorda com os autores acima citados em relação à preparação da

avaliação de desempenho e complementa que, esta deve ser feita em local privado, para que

não seja interrompida, seja realizada em horário conveniente a ambos e tenha tempo

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suficiente disponível (meia hora para pessoal de nível operacional e uma hora para nível

gerencial).

O momento da entrevista é um passo muito importante na avaliação de desempenho,

por isso deve ser conduzida de forma muito cuidadosa para que o avaliador não tenha uma

impressão equivocada do entrevistado e este não se sinta pressionado pela organização para o

cumprimento de metas.

Os cinco propósitos da entrevista de avaliação de desempenho segundo Chiavenato

(1998) são:

1. Dar ao subordinado condições de melhorar seu trabalho a partir do conhecimento

de seus padrões de desempenho esperados;

2. Informar ao subordinado como está o desempenho de seu trabalho, seus pontos

fortes e fracos e fazer uma comparação com o desempenho esperado;

3. Discutir conjuntamente sobre a melhoria do desempenho e providências a serem

tomadas para este fim;

4. Desenvolver relações interpessoais fortes para que haja franqueza no diálogo e

5. Eliminar ou reduzir dissonâncias, ansiedade, tensões e incertezas que possam

existir.

De acordo com Carvalho e Nascimento (1997), as entrevistas de avaliação de

desempenho podem ser informais ou formais. A primeira acontece em qualquer momento sem

preparação prévia das questões formuladas ao avaliado. O avaliador deve certificar-se de que

o momento é adequado para proceder à entrevista e ao final, registrar os pontos principais,

assim como orientar o avaliado no que lhe parecer pertinente e urgente. Já a entrevista formal

é sistemática e realizada em intervalos previamente definidos e combinados entre avaliador e

avaliado.

Bohlander, et al. (2005) citam três métodos: Falar-e-Convencer, Falar-e-ouvir e

Solução de Problemas. O primeiro depende da capacidade do entrevistador de persuadir o

funcionário a mudar no sentido da maneira prescrita. Exige novos comportamentos por parte

do funcionário e habilidade em motivar por parte do entrevistador. O segundo tipo requer

capacidade de comunicar os pontos fortes e fracos do desempenho do funcionário e depois

ouvir opiniões e saber lidar com o comportamento defensivo, sem tentar refutar quaisquer

afirmações. E o terceiro método necessita que o entrevistador ouça, aceite e reaja aos

sentimentos do funcionário. Visa estimular o crescimento e desenvolvimento, discutindo

problemas, necessidades, inovações e insatisfações no emprego desde a avaliação anterior.

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A entrevista de avaliação pode ter abordagens diferenciadas conforme o tipo de

organização, assunto a ser discutido ou perfil do funcionário. De forma que, não há regras ou

normas explícitas no que diz respeito à avaliação de desempenho de funcionários.

2.6.1. O Papel do Avaliador

Durante a entrevista, deve-se ter em mente que o objetivo principal é reforçar o

desempenho satisfatório ou melhorar o insatisfatório do avaliado, por isso é importante que o

entrevistador seja direto e específico, falando em dados objetivos, como registros de

qualidade, faltas e atrasos. Em segundo lugar, é indicado fazer um acordo com o funcionário

sobre os prazos de melhoria. Pode-se até elaborar um plano de ação para facilitar a

visualização dos passos e resultados esperados pela organização. (DESSLER, 2003).

Carvalho (1997) apresenta um quadro que traz a diferenciação entre julgamento e

aconselhamento na avaliação de desempenho, que pode ser utilizado para orientar o avaliador:

Fatores

Papel do Julgamento na

Avaliação do Desempenho

Papel de Aconselhamento na

Avaliação de Desempenho

Focalização Objetivos

Métodos Papel do superior

Papel do Subordinado

- No desempenho passado

- Melhorar o desempenho mais eficaz do pessoal e das recompensas - Variedade de procedimentos de comparação e classificação - Julgar e avaliar - Passivo ou reativo, freqüentemente de autodefesa

- Na melhoria do desempenho futuro - Melhorar o desempenho através da auto-aprendizagem e do crescimento - Séries de passos de desenvolvimento, como na Administração por Objetivos - Aconselhar, ajudar e orientar - Envolvimento ativo na aprendizagem

Quadro 6 – Comparação entre julgamento e aconselhamento. Fonte: Carvalho, 1997, p. 282.

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Conforme citam Bergamini e Beraldo (1988), o entrevistador precisa fornecer ao

entrevistado condições básicas para que este se sinta atendido em suas expectativas durante a

entrevista. Estas condições são:

a) Físicas ou ambientas: favorecem conforto físico ao entrevistado, como local

adequado, particular, apresentação pessoal compatível com a situação e material à

mão como fichas e anotações;

b) Condições psicológicas: tem o objetivo de deixar o entrevistado à vontade

procurando neutralizar a ansiedade;

c) Condições técnicas: são aquelas que dão ao entrevistador controle da entrevista,

para que seja conduzida com produtividade. Desta forma, devem-se manipular no

momento oportuno as técnicas diretivas e não-diretivas.

Algumas recomendações de Gil (2001) podem ser úteis para os entrevistadores nas

avaliações de desempenho, como:

a) Conhecer bem cada um dos subordinados (aptidões, temperamento, habilidades).

b) Reconhecer que as pessoas são diferentes entre si e isso reflete no rendimento

diferenciado de cada indivíduo em uma mesma tarefa.

c) Conhecer a profundidade, natureza e conteúdo dos cargos ocupados pelos

funcionários.

d) Manter constante observação do desempenho dos subordinados.

e) Definir com clareza o que se deve observar tendo bem claro o significado de cada

fator de avaliação.

f) Não se deixar impressionar por acontecimentos recentes, por isso deve

providenciar os registros dos fatos relevantes ao longo de todo o período.

g) Tentar ser o mais imparcial possível, não fazendo da avaliação de desempenho um

ajuste de constas com o empregado.

h) Os empregados devem ser instruídos sobre o processo de avaliação demonstrando

sua utilidade tanto para a empresa quanto para os funcionários.

i) É necessário estar atento às mudanças de comportamento do empregados com o

passar do tempo, pois quando isso não acontece corre-se o risco de avaliar de

forma rotineira.

j) É preciso estar atento ao “efeito de halo” (tendência em atribuir notas conforme o

conceito geral do entrevistado mesmo em características em que ele mostra

desempenho inferior ou superior).

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k) Evitar a “tendência central” (preferência em utilizar os valores médios para julgar

os empregados).

Segundo Bergamini e Beraldo (1988), a técnica de uma boa entrevista deve observar

as seguintes fases, seqüencialmente:

a) Aquecimento Inicial

Inclui: Coleta de informações sobre o entrevistado; definição dos objetivos da

entrevista; verificar as condições físicas e psicológicas do entrevistado, assim como

certificar-se de que ele tem tempo suficiente para o processo; ter atenção às primeiras

reações do entrevistado e adequar as atitudes às expectativas deste e motivar o

entrevistado com relação aos objetivos da entrevista oferecendo máxima

colaboração.

b) Fornecimento de Informações

Inclui: Esperar que o entrevistado queira conhecer seu desempenho e tenha papel

ativo na entrevista; apresentar as boas qualidades do entrevistado explicando o que

elas têm de responsáveis pelo seu bom desempenho no trabalho; esperar que este

tenha uma reação; escutar com interesse os esclarecimentos; não deixar que as

responsabilidades pelo mau desempenho se diluam e o entrevistado perca a sua

parcela de culpa; estar atento aos detalhes das informações e ao final, dar um

apanhado do que foi exposto por ambos sendo o mais objetivo possível.

c) Encerramento da Entrevista

Inclui: Aguardar a iniciativa do entrevistado em resolver as dificuldades; analisar as

soluções com objetividade e em conjunto; colocar-se à disposição para ajudá-lo sem

ser superprotetor; renovar as normas de conduta a partir das sugestões do

entrevistado; deixar claro que a questão poderá ser reaberta quando houver

necessidade por parte do avaliado; informar que haverá outra entrevista e lembrar ao

avaliado que sua carreira na empresa depende dele, lembrando-o de suas

características positivas.

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e) Acompanhamento

Inclui: Novo encontro onde o supervisor irá lembrar os propósitos feitos e constatar,

em conjunto com o orientado, se os objetivos inicialmente traçados estão sendo

cumpridos ou não. Algumas organizações, inclusive, fornecem um roteiro com os

principais tópicos a serem abordados na entrevista, que devem ser preenchidos

durante o processo e encaminhados à coordenação da avaliação de desempenho.

2.6.2. Treinamento de Avaliadores

Antes da aplicação do método de avaliação de desempenho é importante treinar o

avaliador como forma de orientá-lo e capacitá-lo para o procedimento e não apenas transmitir

uma série de normas, regras e procedimentos a serem seguidos. O processo de treinamento

está ligado ao desenvolvimento de atitudes e características ao avaliador que tornam a

avaliação construtiva tanto para o funcionário como para a empresa.

Provavelmente, o ponto que tem sido objeto das maiores e mais intensas críticas é o despreparo dos avaliadores, que são considerados por inúmeros autores os grandes responsáveis pelo sucesso ou fracasso dos sistemas de avaliação de desempenho. E, diante dessa preocupação, os autores têm concebido o treinamento para avaliadores como condição sine qua non para o sucesso da implantação de um sistema. (SILVA, 2001, p. 191).

Conforme Bergamini e Beraldo (1988), todo o programa de treinamento deve ter

bem claro como objetivos:

a) Interligar objetivos da organização aos da administração de recursos humanos e

estes, aos objetivos da avaliação de desempenho, relacionando uns aos outros.

b) Deixar claro o que se pretende com a avaliação a todos os níveis da empresa, seus

benefícios, assim como fazer novas propostas sobre o entendimento do

comportamento humano no trabalho.

c) Ao explicar a técnica detalhadamente, colocar os avaliadores diante dos erros que

podem cometer e situá-los frente à responsabilidade como principais agentes do

sistema.

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d) Manter um clima de tranqüilidade dentro da empresa, deixando claro que não se

trata de um ajuste de contas e sim, um programa no qual se pretende apontar os

pontos fortes dos funcionários com o objetivo de se fazer uma reflexão, análise e

orientação para desenvolvimento das potencialidades.

e) Preparar os supervisores para a entrevista de avaliação ou discussão do

desempenho com o avaliado, que é o ponto máximo da avaliação. A atitude nesse

momento pode comprometer o trabalho desenvolvido, se esta for inadequada.

Cabe ressaltar que é importante o avaliador ter habilidade em lidar com pessoas

diferenciadas e seja capaz de compreender as diferenças individuais de desempenho no

trabalho para a execução da tarefa de avaliar funcionários.

Os autores Bergamini e Beraldo (1988) apresentam quatro fases do treinamento de

avaliadores de desempenho. São elas:

1. Fase de esclarecimento: é o momento de apresentação do sistema, após realizar

estudos teóricos sólidos sobre a viabilidade de implantação da avaliação de

desempenho e colocar a cúpula empresarial a par de todo o processo. Esta fase é

de grande importância para o sucesso futuro. Deve-se diagnosticar se o clima está

propício para a aceitação do novo sistema, ou seja, quando outros assuntos na área

de recursos humanos não estiverem preocupando os dirigentes. A campanha deve

estimular toda a organização e o pessoal deve ser orientado sobre onde e com

quem buscar maiores informações sobre o tema.

2. Fase de sensibilização: o objetivo é estabelecer as bases comportamentais dos

avaliadores. É o momento de maior envolvimento e aprofundamento do avaliador

com o assunto, para que estejam preparados para lidarem com naturalidade em

relação à avaliação de pessoas. Nesta fase, podem ser utilizados exercícios

individuais, em grupo, jogos e dinâmicas de grupo, entre outras atividades.

3. Fase de colaboração prática: se aplica principalmente a organizações que utilizem

um instrumento ou ficha de avaliação para registro do desempenho do avaliado. O

objetivo desta fase é contar com a participação ativa dos supervisores na

confecção do instrumento de avaliação, após a definição de sua existência. Essa

fase acontece normalmente durante o programa do treinamento de avaliadores. É

onde são definidas as características importantes ao bom desempenho no trabalho

e a atribuição de coeficientes numéricos de acordo com a importância relativa de

cada prognosticador para o exercício deste. A partir daí, serão selecionadas as

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características que integrarão a ficha de avaliação e os supervisores devem

participar na definição ou conceituação das mesmas. Os avaliadores devem contar

com a assistência dos responsáveis nesta fase, mais do que nas anteriores, no

sentido de tirar dúvidas quanto aos objetivos ou pormenores.

4. Fase de execução propriamente dita: com o instrumento já confeccionado, deve

ser feito um ensaio geral para que possíveis inadequações possam ser reparadas.

As fichas de avaliação devem ser entregues aos supervisores junto com outras em

branco, caso haja dificuldades de ordem prática por parte dos avaliadores. É

importante também, garantir aos avaliadores que não serão tomadas medidas

administrativas de pessoal a partir da avaliação experimental. Após a correção

numérica da avaliação experimental, os avaliadores devem examinar

individualmente com o responsável, a curva de desempenho do seu pessoal

resultante da correção numérica e discutirem aspectos que possam enriquecer o

sistema a ser adotado pela organização.

2.7 FEEDBACK

Moscovici (1977, p. 54) postula que o feedback consiste em um processo de ajuda

para mudanças comportamentais. Segundo ele, “é a comunicação a uma pessoa, ou grupo, no

sentido de fornecer-lhe informações sobre como sua atuação está afetando outras pessoas.”

Afirma ainda que, quando o feedback é eficaz, reflete na melhora do desempenho e alcance

dos objetivos do indivíduo ou grupo ao qual é direcionado.

Conforme Bee (2002), pode-se observar algumas diferenças entre uma crítica

construtiva e uma crítica destrutiva. A primeira, segundo o mesmo, informa sobre o

comportamento e o desempenho com base em dados objetivos de forma que a pessoa

mantenha uma atitude positiva em relação a si própria e seu trabalho. E também, a estimula a

comprometer-se com o planejamento pessoal, buscando padrões estabelecidos de

comportamento e desempenho. E a crítica destrutiva geralmente acontece quando as coisas

saem erradas e não há padrões determinados pelos quais se possa avaliar o desempenho ou

comportamento.

O objetivo das críticas na avaliação de desempenho de funcionários é que elas

funcionem como uma fonte de mudança para melhor nas atitudes e desempenhos de quem as

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recebe. Por isso, deve-se tomar cuidado na hora de criticar, para não fazê-lo de uma forma

destrutiva.

“A crítica está intrinsecamente ligada ao processo de aprendizagem. Toda vez que

faz uma crítica, você está, em essência, ajudando uma pessoa a aprender, isto é, a adquirir

novos conhecimentos e técnicas, e a aprimorar seu comportamento e desempenho.” (BEE,

Roland e Frances, 2002, p. 11).

Na concepção de Moscovici (1977), para que o feedback se torne um processo útil

precisa ser: descritivo ao invés de avaliativo (sem julgamento); específico ao invés de geral

(indicar um comportamento numa determinada ocasião); compatível com as necessidades do

comunicador e receptor (pode ser altamente destrutivo quando satisfaz somente uma parte);

dirigido (para comportamentos a serem modificados); solicitado ao invés de imposto;

oportuno (mais próximo possível do comportamento em questão) e esclarecido para assegurar

comunicação precisa.

Para quem recebe, a crítica construtiva deve deixar claro: os padrões de

comportamento e desempenho desejados; como o trabalho é avaliado até o momento; o que

deve mudar para que se atinjam os padrões desejados; o tempo de que dispõe para a melhora e

apresentação dos resultados e o tipo de apoio que se pode esperar da pessoa que critica. (BEE,

2002).

Assim, é visto que o feedback é essencial para a avaliação de desempenho de

funcionários, pois estes precisam ter um retorno sobre como suas atitudes são percebidas pelo

superior, colegas, clientes e organização em geral. De forma que, sem a realização do

feedback, a avaliação ficaria incompleta, pois as pessoas não saberiam como ou em que

aspectos precisam melhorar ou não. A partir do reconhecimento dos pontos onde há

deficiências no desempenho, torna-se mais fácil desenvolver um planejamento ou tomar as

atitudes acertadas para superá-las.

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3 DESCRIÇÃO DO MÉTODO

Neste capítulo, são apresentados os métodos e técnicas utilizados na realização do

Trabalho de Conclusão de Estágio, na área de Recursos Humanos. Cujo principal objetivo é

elaborar e implantar um instrumento de avaliação de desempenho de funcionários na Clínica

Odontológica Dr. Sérgio Roberto Müller. A metodologia do trabalho foi subdividida em

caracterização da pesquisa, contexto e participantes, procedimentos e instrumentos de coleta

de dados e tratamento e análise dos dados.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Uma pesquisa pode ser caracterizada quanto à forma de abordagem, quanto ao

posicionamento em relação às finalidades da pesquisa e quanto ao posicionamento em relação

ao método de pesquisa, delineamentos ou procedimentos.

3.1.1. Forma de Abordagem

O tipo de problema a ser estudado é que irá definir qual metodologia é mais

adequada a ser utilizada. Alguns só podem ser investigados por uma metodologia quantitativa

e outros somente pelo ângulo qualitativo (OLIVEIRA, 1997).

Os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais, contribuir no processo de mudança de determinado grupo e possibilitar, em maior nível de profundidade, o entendimento das particularidades do comportamento dos indivíduos. (RICHARDSON, 1999, p. 80).

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Levando-se em conta que a trabalho será realizado na área de Recursos Humanos e

não se pretende medir unidades, quantificar informações ou utilizar métodos estatísticos, que

caracterizam a pesquisa quantitativa, a forma de abordagem de pesquisa considerada

adequada a ser utilizada na realização do trabalho na clínica odontológica será a qualitativa.

Richardson (1999) defende que a abordagem qualitativa é uma forma adequada para o

entendimento de um fenômeno social.

Segundo Oliveira (2000), foi graças ao desenvolvimento do método qualitativo nas

ciências sociais que foram criadas técnicas de pesquisa relacionadas ao método, como o

estudo de caso, a etnografia, a discussão em grupo, a entrevista em profundidade e a

observação.

3.1.2. Posicionamento em Relação às Finalidades

O posicionamento em relação às finalidades da pesquisa será exploratório. Gil (1999)

considera como finalidades da pesquisa exploratória o desenvolvimento, esclarecimento e

modificação de conceitos e idéias, a partir de formulação de problemas precisos ou hipóteses

pesquisáveis para estudos posteriores, com pouca rigidez no planejamento. Este tipo de

pesquisa envolve levantamento bibliográfico e documental, entrevistas não padronizadas e

estudos de caso. “O produto final deste processo passa a ser um problema mais esclarecido,

passível de investigação mediante procedimentos mais sistematizados”. (GIL, 1999, p. 43).

Os estudos exploratórios, conforme Richardson (1999, p. 66), devem ser utilizados

“quando não se tem informação sobre determinado tema e se deseja conhecer o fenômeno”.

3.1.3. Posicionamento em Relação ao Método

O método de pesquisa a ser utilizado será a bibliográfica, a partir de material já

elaborado sobre o assunto, como livros, revistas, artigos científicos, teses, dissertações e

monografias de autores diversos.

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Para Gil (1999), a pesquisa bibliográfica tem a vantagem de dar ao investigador

cobertura muito mais ampla sobre o assunto do que aquela que poderia pesquisar diretamente.

O que se torna ainda mais importante quando o problema de pesquisa requer dados muito

dispersos ou em estudos históricos, onde não há outra maneira de conhecer fatos passados.

Os autores Barros e Lehfeld (1986, p. 28) não diferenciam a pesquisa documental da

bibliográfica e a conceituam como “uma pesquisa exploratória que os alunos realizam para

obter conhecimentos, procurando encontrar informações publicadas em livros e documentos

(catálogos, folhetos, artigos etc.)”.

Desta forma, a pesquisa bibliográfica dá ao investigador a oportunidade de reunir as

diferentes contribuições científicas sobre determinado assunto ou fenômeno a ser estudado.

3.2 CONTEXTO E PARTICIPANTES

Gil (2001) apresenta conceitos sobre população e amostra. Segundo ele, universo ou

população é o conjunto definido de elementos que possuem características próprias e amostra

consiste no subconjunto do universo ou da população, por meio do qual se estabelecem ou se

estimam as características deste, representando-o como um todo.

“Cada unidade ou membro de uma população, ou universo, denomina-se elemento, e

quando se toma certo número de elementos para averiguar algo sobre a população a que

pertencem, fala-se de amostra”. (RICHARDSON, 1999, p. 158).

Existem dois tipos de amostras, conforme Barros e Lehfeld (1986), a probabilística e

a não-probabilística. A primeira permite que todos os elementos do universo da pesquisa

tenham a mesma chance de serem escolhidos de forma aleatória ou ao acaso; e a segunda, é

composta muitas vezes de forma acidental ou intencional, não sendo assim, representativa de

do universo e sim de um grupo específico ao qual o pesquisador busca elementos dos quais

deseja saber a opinião.

O trabalho de pesquisa contará com a participação de todos os funcionários da

empresa, sendo (2) duas secretárias/atendentes de consultório e (1) uma gerente, além do

dentista/proprietário. Os três dentistas que trabalham na clínica não participarão da pesquisa

por serem prestadores de serviços e não fazerem parte do quadro de funcionários da empresa.

Assim, a pesquisa será composta por toda a população de funcionários da

organização, o que é facilitado por ser um número reduzido.

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No próximo ano, a gestão tem como objetivo ampliar o tamanho da clínica, o que

implicará no aumento do número de funcionários. Desta forma, a avaliação de desempenho

implantada neste ano será aplicada futuramente aos novos funcionários da organização

também.

3.3 PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Após realizar pesquisa bibliográfica em material elaborado de autores relacionados

ao tema avaliação de desempenho, o método escolhido para ser implantado na clínica

odontológica está entre os métodos modernos. A escolha de um método moderno se deu

porque está mais adequado aos objetivos da organização.

Nenhum dos métodos tradicionais de avaliação de desempenho foi considerado

completo para satisfazer os interesses e objetivos da clínica, apesar de cada um apresentar

benefícios diferenciados. Já os métodos modernos são menos formalizados, mais flexíveis e

funcionam como uma forma de dar feedback aos funcionários sobre o seu desempenho, o que

torna-os mais engajados aos interesses da organização.

O método escolhido para ser implantado na clínica odontológica como instrumento

de avaliação de desempenho será a Avaliação Participativa por Objetivos (APPO). A escolha

do método se deu por este ter como foco o desempenho futuro do funcionário e também por

ser considerado o mais eficaz no estabelecimento dos objetivos, que são definidos entre o

avaliador e o avaliado, envolvendo-o no processo desde o início até a sua conclusão. Desta

forma, acredita-se que haja maior comprometimento por parte dos avaliados em relação à

melhora de seu desempenho.

A etapa posterior à elaboração do método foi o treinamento do avaliador, este foi

realizado diretamente com o gestor da organização, em duas etapas (dois dias), com duração

de 1 hora e 30 minutos cada uma. O procedimento não consiste em um conjunto de normas e

regras a serem seguidas e sim, em uma exposição das atitudes a serem tomadas pelo avaliador

consideradas construtivas para a eficiência e eficácia da avaliação de desempenho.

Assim, o treinamento envolve, no módulo 1, temas como o histórico da avaliação de

desempenho, conceitos segundo autores, benefícios da avaliação de desempenho e

demonstração dos métodos tradicionais e modernos de avaliação existentes. No módulo 2,

será apresentado o modelo a ser implantado na organização, os motivos pelos quais foi

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escolhido, como será a aplicação do método, o papel do avaliador no processo de avaliação de

desempenho e orientações ao avaliador com relação a sua postura e atitudes no momento da

entrevista e após os resultados da entrevista de avaliação de desempenho (feedback).

Após o treinamento do avaliador, pretende-se fazer a aplicação do modelo de

avaliação de desempenho escolhido, a Avaliação Participativa por Objetivos (APPO). E

posteriormente, aplicar um instrumento com intuito de coletar impressões sobre como este é

avaliado por parte do avaliador e do avaliado. A técnica de coleta de dados primários utilizada

para reunir informações a respeito da eficácia do método será o questionário com perguntas

abertas.

Pode-se definir questionário como a técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc. (GIL, 1999, p. 128).

O questionário foi aplicado ao avaliador e a todos os avaliados, com o objetivo de

medir a importância percebida do instrumento a ser aplicado e o comprometimento da gestão

e dos funcionários em relação à nova metodologia. E também, descrever as melhorias que se

julgarem necessárias à eficácia do método. As perguntas serão abertas, com número reduzido

e diferenciadas para avaliados e avaliadores.

Gil (1999) apresenta como vantagem das questões abertas não forçar o respondente a

enquadrar a sua percepção em alternativas já estabelecidas, mas em contrapartida,

questionários com muitas questões abertas freqüentemente retornam com muitas delas não

respondidas. E também, a tabulação das respostas torna-se mais complexa. A recomendação é

que este tipo de questionário apresente número reduzido de perguntas.

Da mesma forma, Barros e Lehfeld (1986) recomendam que o questionário não seja

muito exaustivo, o que desanimaria o pesquisado. E o pesquisador deve preocupar-se em

determinar o tamanho, o conteúdo, a organização e a clareza de apresentação das questões a

fim de estimular o pesquisado a respondê-las.

Richardson (1999) traz também algumas vantagens e desvantagens do questionário

com perguntas abertas. A principal vantagem é a possibilidade de o entrevistado responder

com liberdade, o que ajuda muito o pesquisador quando este tem pouca informação ou quer

saber um assunto. As desvantagens são a dificuldade de classificação e codificação das

respostas, comprometendo a análise; as diferenças nas classes sociais dos entrevistados, o que

reflete no vocabulário diferenciado entre estes e pode dificultar a interpretação do pesquisador

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e por último, a demanda de tempo para as perguntas serem respondidas, por isso não deve-se

exagerar no uso deste tipo de perguntas para que o entrevistado não fique cansado.

3.4 TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS

Como o objetivo do presente trabalho é a elaboração de um método de avaliação de

desempenho para a organização e a verificação de sua eficácia, será desenvolvida a análise de

conteúdo em relação aos dados relacionados à pesquisa. Estes serão coletados através de

questionário com os avaliados e o avaliador, após a aplicação do método de avaliação de

desempenho. A técnica foi considerada a mais adequada à realização do presente trabalho,

que possui uma abordagem qualitativa.

Richardson (1999, p. 224) defende que a análise de conteúdo é indicada para o

estudo de material qualitativo e cita:

A análise de conteúdo é, particularmente, utilizada para estudar material de tipo qualitativo (aos quais não se podem aplicar técnicas aritméticas). Portanto, deve-se fazer uma primeira leitura para organizar as idéias incluídas para, posteriormente, analisar os elementos e as regras que as determinam.

Assim, pode-se dizer que a análise de conteúdo envolve a compreensão aprofundada

e interpretação do material de estudo, a partir da leitura e análise detalhada e rigorosa das

teorias relacionadas à pesquisa.

Conforme citado por Barros e Lehfeld (1986, p. 113): “A interpretação é uma

atividade que conduz o pesquisador a dar significado mais amplo às respostas.”

Como técnica de pesquisa, a análise de conteúdo tem determinadas características

metodológicas como: objetividade (implica que as descrições se baseiem em um conjunto de

normas, minimizando a subjetividade do pesquisador); sistematização (análise de todo o

material disponível, tanto o que apóia suas hipóteses quanto o que não as apóia) e inferência

(operação pela qual se aceita uma nova proposição em virtude da relação com outras

proposições já aceitas como verdadeiras) (RICHARDSON, 1999).

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4 RESULTADOS DA APLICAÇÃO

Conforme os objetivos estabelecidos anteriormente no capítulo um, a seguir serão

apresentados os resultados da aplicação do método na Clínica Odontológica Dr. Sérgio

Roberto Müller. A organização, localizada na região central de Florianópolis, oferece serviço

especializado em implantes, próteses odontológicas e enxertos ósseos, entre outros tipos de

cirurgias avançadas. A clínica conta com três funcionárias, sendo uma Técnica em Higiene

Dental, uma gerente e uma auxiliar de consultório dentário, três dentistas prestadores de

serviços, além do dentista proprietário. O gestor (proprietário) atua há doze anos no mercado,

sendo desde 1995 em consultório (pessoa física) e a partir de 2002 em clínica (pessoa

jurídica). No próximo ano, o objetivo da gestão é ampliar o tamanho da clínica, o que

implicará no aumento do número de funcionários e prestadores de serviços.

O presente capítulo está dividido em instrumento de avaliação de desempenho

implantado (descrição do processo de elaboração e modelo de instrumento); programa de

treinamento do avaliador; descrição da aplicação do instrumento de avaliação de desempenho;

instrumento de coleta de impressões sobre o método de avaliação de desempenho proposto

(questões ao avaliador e questões aos avaliados); descrição da aplicação do instrumento de

coleta de impressões sobre o método; análise das respostas ao questionário e descrição das

sugestões de melhorias ao método.

4.1 INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO IMPLANTADO

Como visto no primeiro capítulo, o principal objetivo do presente trabalho foi a

elaboração e implantação do instrumento de avaliação de desempenho na organização. O

método escolhido foi a Avaliação Participativa por Objetivos (APPO). Na seqüência, será

descrito o processo de elaboração do instrumento e apresentado o modelo implantado na

clínica.

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4.1.1. Descrição do Processo de Elaboração

A capa do modelo do instrumento de avaliação de desempenho elaborado apresenta

os propósitos: estabelecer o plano de ação individual em sintonia com as prioridades e metas

de sua organização, avaliar o estágio de desenvolvimento da pessoa em relação ao perfil de

competência e estabelecer um compromisso entre o líder e liderado visando o

desenvolvimento da competência pessoal e profissional; as premissas: as pessoas são

responsáveis pelo seu próprio desenvolvimento e desempenho, o líder é co-responsável pelo

desenvolvimento e desempenho de seus liderados e o perfil de competência é expresso por um

conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias ao bom desempenho da função;

como fornecer feedback: ser descritivo, não usar rótulos, não exagerar, não fazer

julgamentos, falar em seu próprio nome, falar primeiramente sobre você e não sobre outra

pessoa, limitar seu feedback ao que você tem certeza, expressar-se com declarações não com

perguntas e ajudar as pessoas a ouvir e aceitar suas considerações sobre ela; e como receber

feedback: ouvir cuidadosamente sem interromper, fazer perguntas para melhor entendimento,

reconhecer feedback, evitar assumir posição defensiva e organizar com calma o que ouviu.

As explicações acima têm o objetivo de orientar e tornar claro para os avaliados e

avaliadores o procedimento de avaliação de desempenho a ser aplicado na organização.

A segunda página do modelo apresenta três quadros horizontais. No primeiro quadro

devem ser estabelecidos os objetivos (quatro). Cabe ressaltar que estes devem ser

estabelecidos conjuntamente entre cada avaliado e o avaliador. Deve-se ter cuidado para que

os objetivos sejam claros, mensuráveis, devem corresponder a um desafio tanto para o

avaliado como para a organização, assim como ter prazos determinados para o seu

cumprimento. O segundo quadro deve trazer os pesos (em porcentagem) dos objetivos,

conforme a sua importância para o desempenho de cada avaliado e ao final, deve somar

100%. No terceiro quadro, será registrado o conceito do funcionário conforme cada objetivo

traçado. A classificação dos conceitos de acordo com o desempenho de cada avaliado será A

(o objetivo foi atingido totalmente), B (o objetivo foi atingido parcialmente) ou C (o objetivo

não foi atingido).

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4.1.2. Modelo de Instrumento

A seguir, é apresentado o modelo do instrumento de avaliação de desempenho

implantado na clínica odontológica.

AVALIAÇÃO PARTICIPATIVA POR OBJETIVOS (APPO)

Nome do funcionário:

Área: Função:

Nome do Avaliador:

Propósitos

Estabelecer o plano de ação individual em sintonia

com as prioridades e metas de sua organização.

Avaliar o estágio de desenvolvimento da pessoa em

relação ao perfil de competência.

Estabelecer um compromisso entre o líder e liderado

visando o desenvolvimento da competência pessoal e

profissional.

Premissas

As pessoas são responsáveis pelo seu próprio

desenvolvimento e desempenho.

O líder é co-responsável pelo desenvolvimento e

desempenho de seus liderados.

O perfil de competência é expresso por um conjunto

de conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias

ao bom desempenho da função.

Como fornecer feedback

Seja descritivo.

Não use rótulos.

Não exagere.

Não faça julgamentos.

Fale em seu próprio nome.

Fale primeiramente sobre você e não sobre outra

pessoa.

Limite seu feedback ao que você tem certeza.

Expresse-se com declarações não com perguntas.

Ajude as pessoas a ouvir e aceitar suas considerações

sobre ela.

Como receber feedback

Ouça cuidadosamente sem interromper.

Faça perguntas para melhor entendimento.

Reconheça feedback.

Evite assumir posição defensiva.

Organize com calma o que você ouviu.

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56

Escreva neste campo os objetivos individuais

alinhados com as prioridades e metas de sua

organização.

Dê um percentual

para cada objetivo de

forma que o total seja

100%

Utilize este campo no

momento de entrevista

de análise de

desempenho

OBJETIVOS PESOS CONCEITO

Quadro 7 – Avaliação de Desempenho Participativa por Objetivos (APPO) Fonte: A partir da pesquisa

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4.2 PROGRAMA DE TREINAMENTO DO AVALIADOR

Conforme especificado no item 1.2.2, após a elaboração do instrumento de avaliação

de desempenho foi estruturado e realizado um treinamento ao avaliador, com o objetivo de

torná-lo apto a aplicar a avaliação de desempenho na organização. O programa está dividido

em dois módulos e foi realizado em duas etapas, de 1 hora e 30 minutos cada uma. A seguir,

será apresentado o programa de treinamento elaborado com base nas contribuições dos

autores relacionados na fundamentação teórica do presente trabalho:

PROGRAMA DE TREINAMENTO DO AVALIADOR

Treinando: Gestor da organização

Instrutor: Aline Hollweg Flores

MÓDULO I

Objetivo geral: Demonstrar e explicar o tema avaliação de desempenho.

Objetivos específicos:

• Apresentar a história da avaliação de desempenho ao avaliador

• Esclarecer alguns conceitos, segundo autores, a respeito do tema

• Explicar os benefícios da avaliação de desempenho nas organizações

• Demonstrar os métodos tradicionais e modernos de avaliação existentes

Conteúdo do programa

• Evolução histórica da avaliação de desempenho

• Conceitos

• Benefícios

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• Métodos tradicionais e modernos

Metodologia

• Aula expositiva

• Discussão de textos

Data / Local: 4 de outubro de 2007 / Clínica Odontológica Dr. Sérgio Roberto Müller

Carga horária: 1h30min

Quadro 8 – Programa de Treinamento do Avaliador (Módulo I) Fonte: A partir da pesquisa

MÓDULO II

Objetivo geral: Capacitar o avaliador para a realização do processo de avaliação de desempenho na

organização.

Objetivos específicos:

• Apresentar o modelo que será implantado na organização e os motivos pelos quais este foi escolhido

• Explicar detalhadamente como será a aplicação do novo método

• Esclarecer qual o papel do avaliador no processo de avaliação de desempenho

• Orientar o avaliador com relação a sua postura e suas atitudes no momento da entrevista e também após os

resultados da entrevista de avaliação de desempenho

Conteúdo do programa

• Avaliação Participativa por Objetivos

• A entrevista de avaliação

• A atitude do avaliador no momento da entrevista de avaliação

• A atitude do avaliador após os resultados da avaliação (feedback)

Metodologia

• Aula expositiva

• Discussão de textos

Data / Local: 5 de outubro de 2007 / Clínica Odontológica Dr. Sérgio Roberto Müller

Carga horária: 1h30min

Quadro 9 – Programa de Treinamento do Avaliador (Módulo II) Fonte: A partir da pesquisa

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4.3 DESCRIÇÃO DA APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DE

DESEMPENHO

Após a realização do treinamento do avaliador, será apresentada a aplicação prática

do instrumento de avaliação de desempenho às três funcionárias da clínica, conforme objetivo

específico d, item 1.2.2.

AVALIAÇÃO PARTICIPATIVA POR OBJETIVOS (APPO)

Avaliada n° 1

Área: Administrativa Função: Gerente

Propósitos

Estabelecer o plano de ação individual em sintonia com as prioridades e metas de sua organização.

Avaliar o estágio de desenvolvimento da pessoa em relação ao perfil de competência.

Estabelecer um compromisso entre o líder e liderado visando o desenvolvimento da competência pessoal e profissional.

Premissas

As pessoas são responsáveis pelo seu próprio desenvolvimento e desempenho.

O líder é co-responsável pelo desenvolvimento e desempenho de seus liderados.

O perfil de competência é expresso por um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias ao bom desempenho da função.

Como fornecer feedback

Seja descritivo. Não use rótulos. Não exagere. Não faça julgamentos. Fale em seu próprio nome. Fale primeiramente sobre você e não sobre outra pessoa. Limite seu feedback ao que você tem certeza. Expresse-se com declarações não com perguntas. Ajude as pessoas a ouvir e aceitar suas considerações sobre ela.

Como receber feedback

Ouça cuidadosamente sem interromper. Faça perguntas para melhor entendimento. Reconheça feedback.

Evite assumir posição defensiva. Organize com calma o que você ouviu.

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Escreva neste campo os objetivos individuais

alinhados com as prioridades e metas de sua

organização

Dê um percentual

para cada objetivo de

forma que o total seja

100%

Utilize este campo no

momento de entrevista de

análise de desempenho

OBJETIVOS PESOS CONCEITO

Agendar no mínimo oito cirurgias de

implantes por semana.

30%

Passar no mínimo um paciente

(ou tratamento) por semana para

outros profissionais da clínica.

30%

Usar uma hora por semana para

verificar e ligar para os clientes

que estão com algum tipo de

pendência financeira.

30%

Fazer um relatório da situação de

cada paciente que fez orçamento no

mês seguinte ao que foi agendado (se

está em tratamento, se retornou ou

não, se está em fase de realização de

exames, entre outros).

10%

Quadro 10 – Avaliação de Desempenho Participativa por Objetivos (APPO) Fonte: A partir da pesquisa

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AVALIAÇÃO PARTICIPATIVA POR OBJETIVOS (APPO)

Avaliada n° 2

Área: Auxiliar Função: Auxiliar de Consultório Dentário

Propósitos

Estabelecer o plano de ação individual em sintonia com as prioridades e metas de sua organização.

Avaliar o estágio de desenvolvimento da pessoa em relação ao perfil de competência.

Estabelecer um compromisso entre o líder e liderado visando o desenvolvimento da competência pessoal e profissional.

Premissas

As pessoas são responsáveis pelo seu próprio desenvolvimento e desempenho.

O líder é co-responsável pelo desenvolvimento e desempenho de seus liderados.

O perfil de competência é expresso por um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias ao bom desempenho da função.

Como fornecer feedback

Seja descritivo. Não use rótulos. Não exagere. Não faça julgamentos. Fale em seu próprio nome. Fale primeiramente sobre você e não sobre outra pessoa. Limite seu feedback ao que você tem certeza. Expresse-se com declarações não com perguntas. Ajude as pessoas a ouvir e aceitar suas considerações sobre ela.

Como receber feedback

Ouça cuidadosamente sem interromper. Faça perguntas para melhor entendimento. Reconheça feedback.

Evite assumir posição defensiva. Organize com calma o que você ouviu.

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Escreva neste campo os objetivos individuais

alinhados com as prioridades e metas de sua

organização

Dê um percentual

para cada objetivo de

forma que o total seja

100%

Utilize este campo no

momento de entrevista de

análise de desempenho

OBJETIVOS PESOS CONCEITO

Deixar os materiais esterilizados trinta

minutos antes de cada procedimento

cirúrgico.

30%

Verificar com antecedência a cada

cirurgia quais os materiais

necessários e se há todo material

disponível.

20%

Fazer limpeza dos filtros dos

sugadores pelo menos duas vezes

por semana (quartas e sextas-feiras).

25%

Fazer um curso de no mínimo

quatro horas.

25%

Quadro 11 – Avaliação de Desempenho Participativa por Objetivos (APPO) Fonte: A partir da pesquisa

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AVALIAÇÃO PARTICIPATIVA POR OBJETIVOS (APPO)

Avaliada n° 3

Área: Auxiliar Função: Técnica em Higiene Dental (THD)

Propósitos

Estabelecer o plano de ação individual em sintonia com as prioridades e metas de sua organização.

Avaliar o estágio de desenvolvimento da pessoa em relação ao perfil de competência.

Estabelecer um compromisso entre o líder e liderado visando o desenvolvimento da competência pessoal e profissional.

Premissas

As pessoas são responsáveis pelo seu próprio desenvolvimento e desempenho.

O líder é co-responsável pelo desenvolvimento e desempenho de seus liderados.

O perfil de competência é expresso por um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias ao bom desempenho da função.

Como fornecer feedback

Seja descritivo. Não use rótulos. Não exagere. Não faça julgamentos. Fale em seu próprio nome. Fale primeiramente sobre você e não sobre outra pessoa. Limite seu feedback ao que você tem certeza. Expresse-se com declarações não com perguntas. Ajude as pessoas a ouvir e aceitar suas considerações sobre ela.

Como receber feedback

Ouça cuidadosamente sem interromper. Faça perguntas para melhor entendimento. Reconheça feedback.

Evite assumir posição defensiva. Organize com calma o que você ouviu.

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Escreva neste campo os objetivos individuais

alinhados com as prioridades e metas de sua

organização

Dê um percentual

para cada objetivo de

forma que o total seja

100%

Utilize este campo no

momento de entrevista de

análise de desempenho

OBJETIVOS PESOS CONCEITO

Ligar a todos os pacientes no dia

seguinte ao procedimento cirúrgico

para ver como está.

20%

Conferir se recebemos o trabalho

do laboratório antes de confirmar

o horário com o paciente (se já

esta no consultório ou se com

certeza iremos receber até a sua

hora marcada).

35%

Fazer um relatório detalhado com

materiais e métodos por semana

sobre um caso cirúrgico ou um

caso protético.

25%

Lubrificar os equipamentos de

rolamento (canetas, micro motores)

duas vezes por semana (segundas e

quartas-feiras).

20%

Quadro 12 – Avaliação de Desempenho Participativa por Objetivos (APPO) Fonte: A partir da pesquisa

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4.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE IMPRESSÕES SOBRE O MÉTODO DE

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO PROPOSTO

Após a aplicação do instrumento de avaliação de desempenho, foi realizado um

questionário com o objetivo de coletar as impressões do avaliador e dos avaliados a respeito

da eficácia do método, como proposto no objetivo específico letra e, item 1.2.2. Os

questionários (instrumento de coleta de dados) contêm perguntas abertas, subjetivas e

diferenciadas para avaliador e avaliados. Foram formuladas nove questões ao avaliador e dez

questões aos avaliados, que serão apresentadas a seguir:

4.4.1. Questões ao Avaliador

1. Como você avalia o instrumento de avaliação de desempenho? Justifique cada uma

de suas colocações.

2. Em sua opinião o que precisa ser melhorado em relação aos propósitos do método?

3. Em sua opinião o que precisa ser melhorado em relação às premissas?

4. Em sua opinião o que precisa ser melhorado em relação as instruções de como

fornecer e receber feedback ?

5. Você acha que o modelo de avaliação de desempenho está adequado à organização?

Justifique.

6. Qual a sua opinião sobre a aplicação periódica do método?

7. Como o avaliado comportou-se durante à aplicação do instrumento?

8. Quais foram as dificuldades encontradas na aplicação do instrumento?

9. Quais as suas sugestões ou críticas ao instrumento de avaliação de desempenho a

ser implantado?

4.4.2. Questões aos Avaliados

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1. Qual a sua opinião sobre o método de avaliação de desempenho? Justifique.

2. Em sua opinião o que precisa ser melhorado em relação aos propósitos do método?

3. Em sua opinião o que precisa ser melhorado em relação às premissas?

4. Em sua opinião o que precisa ser melhorado em relação às instruções de como

fornecer e receber feedback ?

5. Quais as dificuldades que você encontrou para estabelecer os objetivos?

6. Como você avalia o método em relação aos objetivos da organização?

7. O que você acha de realizar a avaliação de desempenho periodicamente?

8. Qual a sua opinião sobre o estabelecimento dos objetivos em consenso com sua

chefia?

9. Como você se sentiu durante a entrevista de avaliação?

10. Quais as suas sugestões de melhoria para o método?

4.5 DESCRIÇÃO DA APLICAÇÃO DO INSTRUMENTO DE COLETA DE

IMPRESSÕES SOBRE O MÉTODO

A seguir, será apresentada a descrição da aplicação do instrumento de coleta de

impressões sobre o método de avaliação de desempenho implantado na organização. Os

questionários foram respondidos pelo gestor (avaliador) e pelas três funcionárias da clínica

(avaliadas).

As respostas fornecidas pelo avaliador são as seguintes:

1. Como você avalia o instrumento de avaliação de desempenho? Justifique cada

uma de suas colocações.

R: Achei interessante, pois conseguimos estabelecer alguns objetivos bem definidos,

desta forma acredito ficar mais fácil fazer o funcionário saber exatamente o que a empresa

quer. Também colocamos alguns objetivos novos, que no fundo sabemos que precisam ser

realizados, mas nunca foi definido claramente.

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2. Em sua opinião o que precisa ser melhorado em relação aos propósitos do

método?

R: Como nunca havíamos aplicado nenhum método antes, não consigo ver o que

pode ser melhorado, talvez após a aplicação prática no dia-dia irá surgir esta resposta. No

momento só vejo pontos positivos.

3. Em sua opinião o que precisa ser melhorado em relação às premissas?

R: Em relação às premissas, deveria ser ressaltado também, que além de as pessoas

serem responsáveis pelo seu próprio desenvolvimento e desempenho devem ter “visão” para

coisas novas que possam surgir e serem feitas para melhorar e evoluir a empresa (não ficar

limitadas o que foi pedido ou combinado e sim, ir além com sugestões e atitudes).

4. Em sua opinião o que precisa ser melhorado em relação as instruções de como

fornecer e receber feedback ?

R: Acho que alguns itens das instruções de receber e fornecer o feedback,

dependendo da situação, podem ser um pouco diferentes. Por exemplo, não fazer julgamentos

ao fornecer o feedback. Acredito que, se for em particular com a pessoa avaliada e colocando

de uma maneira adequada, pode ser feito sim. Outra situação é o item, limite o seu feedback

ao que você tem certeza. Nem sempre temos certeza e acho que às vezes, temos que arriscar a

passar o que não temos certeza ao fornecer o feedback e se estivermos errados corrigimos a

situação posteriormente.

5. Você acha que o modelo de avaliação de desempenho está adequado à

organização? Justifique.

R: Dentre os modelos apresentados no trabalho, acredito que este é realmente o mais

conveniente para a empresa, por ser um método não autoritário, onde todos participam tanto

na formação do instrumento, como nos resultados e principalmente, as pessoas se sentem

valorizadas. Notei boa receptividade e prazer, tanto meu com dos funcionários em aplicar o

método, achei que além de me trazer bons resultados, trouxeram também para os

funcionários, pois eles conseguiram observar melhor que possuem boa capacidade e

competência.

6. Qual a sua opinião sobre a aplicação periódica do método?

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R: Acho ótimo e pretendo realizar periodicamente. É claro que podem surgir

necessidades de pequenas alterações, como acrescentar alguma coisa ou excluir para melhor

adaptação à empresa em questão. Também com o envolvimento com este método (nunca

tivemos antes) observei como pode ser útil a presença de um administrador para orientar e

trazer novas idéias.

7. Como o avaliado comportou-se durante à aplicação do instrumento?

R: Até o momento, mostrou-se bem receptivo. Inclusive, fiquei surpreso com

algumas sugestões que os avaliados trouxeram e tive a sensação nítida de que realmente eles

sentem vontade de realizar os objetivos e até trazer algo mais para mostrar seu valor e isto,

sem dúvida, é muito bom para todos.

8. Quais foram as dificuldades encontradas na aplicação do instrumento?

R: A maior dificuldade sem dúvida é o tempo. Todos estão com seu tempo tomado

por atividades rotineiras, tanto dentro do trabalho como em sua vida particular. E é necessário

encontrar um tempo para estudar, planejar e aplicar o método, mas sem dúvida com o tempo

as coisas se organizam melhor e encontraremos melhores resultados.

9. Quais as suas sugestões ou críticas ao instrumento de avaliação de

desempenho a ser implantado?

R: Na verdade neste método de avaliação participativa por objetivos senti um pouco

de dificuldade no que se refere à visão dos funcionários para a participação na formação dos

objetivos. Talvez fosse melhor o avaliador formar os objetivos e depois discutir junto com os

funcionários abertamente o que acham e agregar o que for interessante. Também, por outro

lado, tiveram alguns objetivos que eu achava interessantes e no momento de aplicar

observamos que estes já estavam sendo atingidos em sua plenitude, não fazendo sentido

utilizá-los. Outro fato que uma funcionária me trouxe e achei interessante foi no item “como

receber o feedback”, que diz que deve-se evitar assumir posição defensiva. Ela considera que

em alguns casos é necessário assumir tal posição e eu concordei, pois as vezes existe uma

justificativa para uma dificuldade em atingir um objetivo.

As respostas fornecidas pela avaliada n° 1 são as seguintes:

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1. Qual a sua opinião sobre o método de avaliação de desempenho? Justifique.

R: Indubitavelmente o método de avaliação de desempenho traz em seu bojo valiosa

contribuição e inúmeros benefícios tanto para os avaliados quanto para o avaliador:

Colaboradores, gestores (diretores, gerentes, chefes, coordenadores, supervisores e líderes) e

organização.

Destarte são várias as contribuições que o método de avaliação pode auferir ao

avaliado, como a compreensão dos requisitos de desempenho e o que leva a melhorá-los:

autoconhecimento, autodesenvolvimento pessoal e profissional, como também uma possível

identificação de necessidades de treinamento e reciclagem. Para o avaliador resta de maneira

satisfatória uma visão geral do perfil dos profissionais avaliados e dos aspectos que afetam

diretamente a vitalidade da organização, e ainda, informações sobre o desempenho humano e

sua contribuição para o desempenho empresarial e para o alcance dos objetivos

organizacionais. Proporciona também a aplicabilidade e dinamização de políticas de recursos

humanos de forma a oferecer oportunidades de crescimento profissional, estimular a

produtividade e melhorar o relacionamento interpessoal.

2. Em sua opinião o que precisa ser melhorado em relação aos propósitos do

método?

R: O método em questão poderia apresentar, não somente uma dimensão individual,

como também uma dimensão institucional, retratando características que agregam valor e

contribuem para o desenvolvimento da instituição como engajamento institucional, ou seja, a

responsabilidade e cuidado no tratamento do patrimônio da instituição e comprometimento

com programas Institucionais. Ou ainda, focando uma dimensão funcional, compostas por

características que geram impacto nos processos e formas de trabalho como, por exemplo, a

habilidade técnica, ou seja, nível de conhecimento sobre os procedimentos, normas e padrões

internos necessários para exercer suas atividades, ou, a qualidade e produtividade, baseada na

realização das atividades de forma completa, precisa e criteriosa, atendendo aos padrões de

qualidade esperados.

3. Em sua opinião o que precisa ser melhorado em relação às premissas?

R: Tarefa não menos difícil e árdua é apontar com objetividade pontos subjetivos do

comportamento humano, no desenvolvimento das atividades profissionais emanadas no dia-a-

dia, ainda mais quando trata-se da própria pessoa. Levando-se em consideração a atualização

do profissional, pode-se dizer que na medida da possibilidade essa atualização ocorre, porém

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esbarra, no cotidiano da instituição, ou seja, a rotina imperiosa da jornada de trabalho, ou

ainda a falta de oportunidade para o próprio treinamento pessoal.

Da mesma forma ocorre com as outras premissas, no qual os avaliados poderiam

participar de cursos especializados da área, bem como de atendimento ao público e

relacionamentos, que possibilitassem o aperfeiçoamento pessoal do avaliado.

4. Em sua opinião o que precisa ser melhorado em relação às instruções de como

fornecer e receber feedback ?

R: O feedback é o processo de fornecer dado a uma pessoa ou grupo ajudando-o a

melhorar seu desempenho no sentido de atingir seus objetivos. Para que haja êxito na

comunicação do feedback as barreiras devem ser rompidas e estabelecida uma relação de

confiança e segurança. Certas pessoas acham difícil dar feedback. Várias são os motivos que

contribuem para tal feito. Nossa cultura tem certas normas contrárias à expressão de

sentimentos pessoais aos outros, ou ainda, têm medo de que, se derem feedback, a pessoa

fique chocada e com isso perca um amigo. Também temem que seu feedback seja mal

interpretado ou não sabem como lidar com o assunto. Para tanto, ao fornecer o feedback, deve

ser relatado um evento, sem julgamentos, reduzindo as possibilidades de reações defensivas.

Quem ouve, usa o dado e a informação como julgar conveniente. Deve ser ainda, compatível

com as motivações e objetivos de ambos (emissor e receptor): quando atende apenas ao

interesse de desabafo do emissor pode ser muito destrutivo, de acordo com a agressividade

presente, irritação ou raiva. E mais, o feedback deve referir-se à pessoa presente: falar no

próprio nome e não fazer referências a terceiros - "muita gente já falou sobre isso de você". O

feedback serve para aperfeiçoar o comportamento de alguém em relação a nós e nosso grupo.

Já ao receber o feedback, deve-se ouvir cuidadosamente e evitar a interrupção. Saber

que é incômodo e, às vezes, até doloroso. Proceder em questionamentos se precisarem

esclarecer alguns aspectos. Ainda, reconhecer o que é correto e adequado no feedback.

Concordar que seus relatórios estão atrasados é bem diferente de concordar que você é

irresponsável. Assimilar, com calma o tempo, o que ouviu. Pedir tempo para pensar, se

necessário.

5. Quais as dificuldades que você encontrou para estabelecer os objetivos?

R: Uma das maiores dificuldades encontradas para estabelecer os objetivos foi

justamente estabelecer pontos no qual em tese apresenta-se para o avaliado em perfeito

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funcionamento na atualidade, e que não necessitariam no ponto de vista do avaliado melhorias

no processo de desenvolvimento.

6. Como você avalia o método em relação aos objetivos da organização?

R: Como comentado já na segunda questão, o método de avaliação deveria

contemplar não somente a dimensão individual do avaliado, mas também dimensionar

institucionalmente, retratando características que agregam valor e contribuem para o

desenvolvimento da instituição e funcionalmente, agregando características que geram

impacto nos processos e formas de trabalho.

7. O que você acha de realizar a avaliação de desempenho periodicamente?

R: A avaliação de desempenho constitui uma ferramenta poderosa na manutenção e

revitalização dos processos produtivos aplicados pela empresas e desenvolvidos por seus

funcionários. A periodicidade na aplicação desse método de avaliação possibilita

indubitavelmente a correção de inúmeros problemas e aperfeiçoamento do quadro de

funcionários, refletindo o resultado final na satisfação do cliente.

8. Qual a sua opinião sobre o estabelecimento dos objetivos em consenso com

sua chefia?

R: O estabelecimento dos objetivos em consenso com a chefia institucional

possibilita a interação entre o avaliador e avaliado, resultando na implantação de objetivos

comuns, proporcionando a eficiência a do próprio método utilizado.

9. Como você se sentiu durante a entrevista de avaliação?

R: Qualquer pessoa que é consultada a respeito de algum procedimento, método, de

como funciona ou como deveria funcionar, parte o totalidade de um setor da empresa onde

desenvolver suas atividades sente-se de certa maneira responsável por tudo àquilo que

acontece ao seu redor, ou mais, têm-se sentimento de valorização atribuído à sua pessoa.

Destarte, neste método não foi diverso.

10. Quais as suas sugestões de melhoria para o método?

R: Contemplar de forma mais abrangente critérios que venham a dimensionar

institucionalmente, retratando características que agregam valor e contribuem para o

desenvolvimento da instituição e funcionalmente, agregando características que geram

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impacto nos processos e formas de trabalho, possibilitando a análise destes como foi

procedido em dimensão individual características que aparecem nas atitudes, comportamentos

e são um diferencial do funcionário.

As respostas fornecidas pela avaliada n° 2 são as seguintes:

1. Qual a sua opinião sobre o método de avaliação de desempenho? Justifique.

R: Esse método é interessante, pois têm coisas em que falhamos. Pelo menos me

ajuda a lembrar com freqüência.

2. Em sua opinião o que precisa ser melhorado em relação aos propósitos do

método?

R: Esse relatório para mim foi suficiente para avaliar tudo em meu trabalho.

3. Em sua opinião o que precisa ser melhorado em relação às premissas?

R: Sobre as premissas acho verdadeiro. Nada a comentar.

4. Em sua opinião o que precisa ser melhorado em relação às instruções de como

fornecer e receber feedback ?

R: No caso de como fornecer feedback acho que está bem completo. No item, como

receber feedback nem sempre acontece como está descrito no método. Não tenho sugestões.

5. Quais as dificuldades que você encontrou para estabelecer os objetivos?

R: A única dificuldade minha é o esquecimento.

6. Como você avalia o método em relação aos objetivos da organização?

R: Em relação aos objetivos da organização, o método ajuda na questão da

organização. É bom para percebermos o que fizemos certo ou não.

7. O que você acha de realizar a avaliação de desempenho periodicamente?

R: Acho muito importante. Pois assim, temos algo que nos faça lembrar dos nossos

deveres.

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8. Qual a sua opinião sobre o estabelecimento dos objetivos em consenso com

sua chefia?

R: Acho bom, é uma melhoria em nosso desenvolvimento.

9. Como você se sentiu durante a entrevista de avaliação?

R: Senti-me capaz para desenvolver meus deveres.

10. Quais as suas sugestões de melhoria para o método?

R: O método é algo novo para mim. Não tenho sugestões.

As respostas fornecidas pela avaliada n° 3 são as seguintes:

1. Qual a sua opinião sobre o método de avaliação de desempenho? Justifique.

R: O método de Avaliação Participativa por Objetivos é bom por permitir ao

avaliador e ao avaliado a troca de idéias e opiniões em relação aos objetivos a serem atingidos

pelos funcionários.

2. Em sua opinião o que precisa ser melhorado em relação aos propósitos do

método?

R: Os propósitos estão todos muito bem colocados e até o momento, não há nada a

ser melhorado.

3. Em sua opinião o que precisa ser melhorado em relação às premissas?

R: Não há nada a ser mudado até o momento.

4. Em sua opinião o que precisa ser melhorado em relação às instruções de como

fornecer e receber feedback ?

R: As instruções fornecidas para a realização do feedback estão claras e de fácil

entendimento.

5. Quais as dificuldades que você encontrou para estabelecer os objetivos?

R: Não encontrei dificuldades, sendo que os objetivos foram estabelecidos de forma

conjunta com o avaliador.

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6. Como você avalia o método em relação aos objetivos da organização?

R: Acho um método de fácil aplicação e entendimento, com resultados a curto prazo.

7. O que você acha de realizar a avaliação de desempenho periodicamente?

R: A realização periódica facilita ao avaliador e ao avaliado perceberem onde e quais

são as coisas que podem ser melhoradas.

8. Qual a sua opinião sobre o estabelecimento dos objetivos em consenso com

sua chefia?

R: Os objetivos foram bem elaborados, tendo em vista as necessidades da clínica.

9. Como você se sentiu durante a entrevista de avaliação?

R: Me senti capaz e com responsabilidade o suficiente para exercer os objetivos que

foram colocados no método.

10. Quais as suas sugestões de melhoria para o método?

R: Como o método está sendo aplicado há pouco tempo, não tenho nenhuma idéia de

mudança para ser feita no momento.

4.6 ANÁLISE DAS RESPOSTAS AO QUESTIONÁRIO

Após a aplicação do questionário ao avaliador e às três avaliadas, com perguntas

relacionadas ao instrumento de avaliação de desempenho implantado na organização, é

possível fazer uma análise a partir das respostas destes.

O avaliador considera o método importante para a organização devido à formalização

dos objetivos, tornando-os mais claros tanto para a gestão quanto para os funcionários. Em

relação aos propósitos do método, o avaliador não faz sugestões de melhorias. Na resposta

relacionada às premissas, o avaliador aconselha que os funcionários devam ter uma postura

ativa em relação à organização no sentido de fazerem sugestões e trazerem idéias novas à

empresa. Sobre as instruções de como fornecer e receber feedback o avaliador comenta que

são difíceis de se realizarem na prática algumas vezes. A respeito do modelo de avaliação de

desempenho, o avaliador julga a Avaliação Participativa por Objetivos (APPO), o mais

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adequado à organização dentre os apresentados, comenta que percebeu boa receptividade por

parte dos funcionários e expressa que pretende realizar a avaliação de desempenho

periodicamente. Como dificuldades encontradas para a aplicação do método, o avaliador

ressalta o tempo gasto com a aplicação do instrumento, mas pretende empenhar-se em realizar

a avaliação, pois reconhece a sua importância. A sugestão do avaliador em relação ao método

é que ele mesmo estabeleça os objetivos e posteriormente discuta-os com os funcionários. E

após isso, se necessário, altere-os.

A avaliada n° 1 considera o método benéfico tanto para o avaliador como para os

avaliados, como forma de levar ao autodesenvolvimento pessoal e profissional para os

funcionários e dar uma visão geral ao avaliador a respeito dos avaliados contribuindo para o

desempenho organizacional. Em relação às sugestões de melhorias aos propósitos do método,

a avaliada n°1 ressalta que este poderia apresentar também uma dimensão institucional, além

da individual, através do comprometimento com programas institucionais e conformidade

com padrões preestabelecidos de qualidade. A respeito das sugestões de melhorias às

premissas, a avaliada n°1 comenta que a atualização do profissional, muitas vezes, esbarra no

cotidiano do trabalho ou na falta de oportunidade para o treinamento pessoal. A avaliada n°1

faz alguns comentários interessantes sobre as instruções de como fornecer e receber feedback.

Entre eles, ressalta que deve ser estabelecida uma relação de confiança e segurança para que o

feedback seja eficaz; pontua que o feedback deve referir-se à pessoa presente, não fazendo

referência a terceiros e aconselha que o receptor deve saber reconhecer o que é correto e

adequado no feedback. A avaliada n° 1 relata que encontrou dificuldades em estabelecer

objetivos nos pontos onde se encontram em perfeito funcionamento em sua opinião. Ela

concorda em realizar a avaliação de desempenho periodicamente e reconhece que o método

possibilita a correção de problemas e induz ao aperfeiçoamento constante dos funcionários,

resultando na satisfação dos clientes. O estabelecimento dos objetivos do avaliado em

consenso com a chefia, na opinião da avaliada n° 1, possibilita a interação entre ambos e

propicia a eficiência do método. Durante a entrevista de avaliação de desempenho, a avaliada

n° 1 relata que sentiu-se valorizada e responsável também pelo processo por ser consultada a

respeito do procedimento. Como sugestão, a avaliada n° 1 aconselha que o método deva

contemplar de forma mais abrangente a dimensão institucional, além de preocupar-se com o

desempenho individual do funcionário, de forma a agregar valor e contribuir para o

desenvolvimento da instituição e funcionalmente.

A avaliada n° 2 considera o método interessante, principalmente no sentido de

incentivá-la a recordar continuamente os seus deveres e objetivos de desempenho. A respeito

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das sugestões de melhorias em relação aos propósitos, às premissas e às instruções de como

fornecer e receber feedback, a avaliada n° 2 preferiu não fazer comentários pelo fato de nunca

ter participado de um processo de avaliação de desempenho. Como dificuldades, a avaliada n°

2 citou o seu esquecimento no momento do estabelecimento dos objetivos em conjunto com o

avaliador. Relacionando o método aos objetivos da organização, a avaliada n° 2 comenta que

este ajuda na questão da organização e da percepção dos erros e acertos nas atividades diárias.

Ela também considera muito importante a realização da avaliação de desempenho

periodicamente. O estabelecimento dos objetivos em consenso com a chefia traz melhorias

para o desenvolvimento, na opinião da avaliada n° 2 e durante a realização da avaliação de

desempenho, ela sentiu-se capaz de desenvolver os seus deveres. Como o método é novidade

para a avaliada n° 2, ela prefere não emitir sugestões e opiniões de melhorias.

A avaliada n° 3 considera o método adequado por permitir a troca de idéias e

opiniões entre avaliado e avaliador em relação aos objetivos. Sobre as sugestões de melhorias

em relação aos propósitos, premissas e instruções de como fornecer e receber feedback, a

avaliada n° 3 não observa nada a ser mudado no método. Ela relata que não encontrou

dificuldades no estabelecimento dos objetivos, por este ser realizado em conjunto com o

avaliador. Relacionando o método aos objetivos da organização, a avaliada n° 3 comenta que

este é de fácil aplicação e entendimento, além de os resultados aparecerem em curto prazo.

Ela concorda em realizar periodicamente a avaliação e chama a atenção para o fato de que

isso facilita ao avaliador e aos avaliados perceberem onde e o que pode ser melhorado. Ela

pontua que os objetivos traçados foram bem elaborados e estão de acordo com as

necessidades da clínica. Durante a entrevista de avaliação de desempenho, a avaliada n° 3

comenta que sentiu-se capaz e com responsabilidade para exercer os objetivos traçados.

Tendo em vista que o método é algo novo para a avaliada n° 3, ela não emite opinião alguma

de modificação até o momento.

4.7 DESCRIÇÃO DAS SUGESTÕES DE MELHORIAS AO MÉTODO

O estabelecimento das sugestões de melhoria necessárias ao método, conforme o

estipulado no objetivo específico apresentado no capítulo 1, item 1.2.2 do presente trabalho,

foram elaborados de acordo com as respostas do avaliador e dos avaliados ao questionário

aplicado como instrumento de coleta de impressões sobre o método (item 4.5). As perguntas

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dos questionários referem-se ao instrumento de avaliação de desempenho implantado na

organização, Avaliação Participativa por Objetivos (APPO).

O avaliador apresentou como sugestão em relação às premissas presentes na capa do

modelo de instrumento de avaliação de desempenho implantado na organização (item 4.1.2),

que deveria ser ressaltado que os funcionários, além de serem responsáveis pelo seu próprio

desenvolvimento e desempenho, também devem ter uma atitude ativa, como sugerir

mudanças e não somente ficarem limitados ao trabalho cotidiano ou ao que foi solicitado pelo

gestor da organização. Em relação às sugestões inseridas no instrumento de como fornecer

feedback, o avaliador considera que, em alguns casos específicos, deve-se fazer julgamentos e

também ressalta que às vezes há dificuldades em limitar o feedback ao que se tem certeza em

uma organização. Ainda sobre as sugestões de como fornecer e receber feedback, o avaliador

defende que às vezes é necessário assumir uma posição defensiva, pois há justificativas para

algumas dificuldades em atingir os objetivos. O avaliador sugere também, que ele mesmo

estabeleça os objetivos aos funcionários e posteriormente discuta abertamente se estes

concordam com tais objetivos ou desejam agregar, excluir ou modificar algum item.

Na opinião da avaliada n° 1, o método poderia apresentar além da dimensão

individual, também uma dimensão institucional, através de engajamento e comprometimento

com programas institucionais e conformidade com padrões de qualidade.

A avaliada n° 2 ressalta que encontrou dificuldades em emitir críticas ou sugestões

ao método por ser algo novo na organização. Somente chama a atenção para o fato que, nem

sempre acontece na prática conforme estão descritas as instruções presentes no método de

como receber feedback.

A avaliada n° 3 não traz sugestões ao método até o momento, por considerar que este

já apresenta-se bem completo e está sendo aplicado pela primeira vez, sendo difícil formar

uma opinião.

Sendo assim, acredita-se que deve-se melhorar os seguintes aspectos no método de

avaliação de desempenho Avaliação Participativa por Objetivos (APPO) implantado na

organização:

- Incluir na parte que relaciona as premissas do método um item descrevendo que

os funcionários devem ter uma atitude ativa, no sentido trazerem idéias novas

para a organização e não ficarem limitados ao trabalho cotidiano ou às

solicitações da gestão;

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- Realizar um treinamento também com os avaliados, além do avaliador, de como

receber feedback, através de material bibliográfico, para que estes fiquem mais

interados com o assunto e isso resulte na maior eficácia do método;

- Ressaltar a dimensão institucional, incluindo nos objetivos a serem traçados

entre o avaliador e aos avaliados, alguns relacionados ao comprometimento da

organização com programas institucionais e conformidade com padrões de

qualidade pré-existentes.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final deste trabalho pode-se afirmar que o objetivo geral 1.2.1, apresentado no

trabalho, foi atingido completamente. Pois foi elaborada e implantada uma ferramenta de

avaliação de desempenho para a clínica odontológica, a Avaliação Participativa por Objetivos

(APPO), ligada aos objetivos da organização, de aplicação simplificada e não envolvendo

custos.

Os objetivos específicos apresentados no item 1.2.2 foram da mesma forma atingidos

em sua totalidade. Assim, foi definido entre os métodos tradicionais e modernos de avaliação

de desempenho, qual o mais apropriado para a elaboração do instrumento a ser implantado na

clínica; posteriormente foi elaborado o instrumento de avaliação de desempenho; depois foi

estruturado e realizado o treinamento com o avaliador; na seqüência foi aplicado o

instrumento de avaliação de desempenho na organização; depois foi elaborado um

instrumento para coletar as impressões do avaliador e avaliado a respeito da eficácia do

método e por último, foram descritas as sugestões de melhorias ao método.

Ao implantar o instrumento elaborado durante a realização do estágio na Clínica

Odontológica Dr. Sérgio Roberto Müller e aplicar aos avaliados, pôde-se observar que tanto a

gestão como os funcionários consideraram o instrumento de grande valia para o seu

crescimento profissional e para a organização. Pois, a formalização dos objetivos na avaliação

de desempenho tornou mais claro e fácil a divisão do trabalho entre os funcionários e os fez

refletir sobre o seu desempenho passado e estabelecer planos para o futuro.

Com o estabelecimento de objetivos de desempenho em conjunto com o gestor, os

funcionários sentiram-se importantes para a organização e parte do processo de criação da

nova ferramenta, resultando assim em maior responsabilidade em relação aos objetivos

descritos no método e ao o seu desempenho na realização das atividades profissionais.

Cabe ressaltar que, não houve resistência à aplicação do instrumento de avaliação de

desempenho, tanto por parte do avaliador como por parte dos avaliados. O único obstáculo

encontrado foi a falta de disponibilidade de tempo para a aplicação da avaliação, pois a rotina

de trabalho da clínica é bastante acelerada. O avaliador percebeu uma atitude bastante positiva

por parte dos funcionários no sentido de querer participar do processo de avaliação e fazer

comentários positivos sobre o novo método.

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Outro aspecto importante resultante do estágio foi que a gestão comprometeu-se a

realizar a avaliação de desempenho a cada seis meses na organização e a revisar os objetivos

continuamente em conjunto com os funcionários. Como no ano seguinte pretende-se ampliar

o tamanho da clínica, o que implicará na contratação de novos funcionários, estes irão

participar também do mesmo processo de avaliação de desempenho.

Sendo assim, torna-se claro, a partir da elaboração conjunta dos objetivos, que os

resultados da organização estão completamente ligados ao comprometimento dos funcionários

e à satisfação destes. Quando sentem-se parte importante do processo de desenvolvimento da

empresa, conseqüentemente acabam comprometendo-se mais com os objetivos e sentem-se

mais satisfeitos ao realizarem o seu trabalho.

Recomenda-se que a organização, além de comprometer-se com a aplicação da

Avaliação Participativa por Objetivos (APPO) periodicamente (a cada seis meses), esteja

continuamente atenta aos objetivos traçados no instrumento de avaliação de desempenho e se

estes estão sendo cumpridos pelos funcionários. Pois é necessário a retroalimentação contínua

do método para que este cumpra o seu objetivo na empresa.

Sugere-se para futuros trabalhos na área de Recursos Humanos, que seja implantado

um departamento de recursos humanos na empresa com o objetivo de tornar mais eficaz a

gestão de pessoas, buscando o desenvolvimento dos funcionários e o maior aproveitamento de

seu potencial através de atividades contínuas, como a promoção e incentivo à participação em

cursos, treinamentos e aconselhamentos.

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