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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MATEUS DA COSTA LOCKS ELETROCOAGULAÇÃO-FLOTAÇÃO APLICADA AO TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUAIS DA INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS TUBARÃO 2018

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

MATEUS DA COSTA LOCKS

ELETROCOAGULAÇÃO-FLOTAÇÃO APLICADA AO TRATAMENTO DE ÁGUAS

RESIDUAIS DA INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

TUBARÃO

2018

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

MATEUS DA COSTA LOCKS

ELETROCOAGULAÇÃO-FLOTAÇÃO APLICADA AO TRATAMENTO DE ÁGUAS

RESIDUAIS DA INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

Relatório apresentado ao Curso de Química Industrial da

Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito

parcial à obtenção do título de Bacharel em Química

Industrial.

Prof. Dr. Jair Juarez João. (Orientador)

Tubarão

2018

3

Dedico este trabalho à minha família e amigos.

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, à minha esposa e família, aos professores, especialmente a meu

orientador professor Jair, e à equipe do CENTEC, por terem participado desta jornada de

construção deste trabalho juntamente a mim.

5

''A verdadeira motivação vem da realização, desenvolvimento pessoal, satisfação

no trabalho e reconhecimento.'' (Frederick Herzberg).

6

RESUMO

Diante de todos os problemas observados no planeta, a questão ambiental se apresenta como

uma preocupação para humanidade. Dentro deste paradigma de preservação do meio ambiente,

a conservação dos recursos hídricos é de extrema importância. Considerando a preservação

ambiental, sabe-se que uso da água no Brasil, 43% dos recursos são de uso domiciliar, 40% são

para agricultura e 17% são empregados na indústria. Destes 17% empregados na indústria,

grande parte é utilizada na agroindústria que é um dos principais motores da economia

brasileira. A indústria de laticínios faz parte da agroindústria, e é consumidora de grande

volume de água gerando um volume elevado de efluentes. Tendo em vista a precariedade no

tratamento do efluente proveniente do setor lácteo, novos métodos vem ganhando notoriedade.

A eletrocoagulação/flotação aparece como uma metodologia promissora para o tratamento

deste tipo de efluente. A versatilidade e a simplicidade do processo faz com que o tempo de

tratamento seja menor. No presente trabalho procurou-se estudar os parâmetros operacionais da

técnica de eletrocoagulação-flotação com objetivo de reduzir possíveis poluentes presentes no

efluente lácteo. Para realização dos estudos foram consideradas variáveis independentes e

dependentes, sendo que as variáveis independentes manipuladas foram os metais dos eletrodos

presentes nas células eletroquímicas (Fe, Al e Fe/Al), e as correntes elétrica utilizadas (1, 3 e 5

Amperes). Vários parâmetros relacionados ao grau de contaminação do efluente foram

analisados com objetivo de avaliar a eficiência no tratamento com as células eletroquímicas e

suas respectivas correntes. Ao final do trabalho concluiu-se que a faixa de corrente que

apresentou os melhores resultados para remoção da matéria orgânica foi 5 A. Nesta corrente

obteve-se eficiência de até: 98% e 99% na remoção de cor e turbidez; 93% e 99% na remoção

de DQO e DBO; e de 96,3% na remoção de óleos e graxas; indicando alta redução de poluentes

que compõem um grave problema no tratamento e descarte do efluente lácteo. Contudo, o

processo se mostrou eficiente, e todos parâmetros estudados apresentaram valores que atendem

a legislação vigente.

Palavras-chave: Eletrocoagulação-flotação; Tratamento de efluente; Indústria de laticínios.

7

ABSTRACT

Considering all problems observed on the planet, the environmental issue presents itself as a

concern for humanity. Within the evironment preservation paradigm, the conservation of water

resources is extremely important. Taking into consideration the environmental preservation, it

is known that the water use in Brazil is distributed in a way that, 43% of the resources are for

home use, 40% are for agriculture and 17% are employed in industry. From these 17%

employed in industry, a great deal of it is used in agribusiness, which is one of the main engines

of Brazil´s economy. The dairy industry is part of the agroindustry, and it consumes a large

volume of water, generating a high volume of effluents. Taking into account the precariousness

in the effluent treatment which comes from the dairy sector, new methods are gaining notoriety.

Electrocoagulation-flotation appears as a promising methodology for the treatment of this type

of effluent. The process versatility and simplicity makes the treatment time shorter. The present

work shows the electrocoagulation-flotation technique operational parameters studies in order

to reduce possible pollutants present in the dairy industry effluent. In order to perform the

studies, independent and dependent variables were considered. The independent variables

manipulated were the electrodes metals present in the electrochemical cells (Fe, Al and Fe/Al)

and the electric currents used (1, 3 and 5 Amperes). Several parameters related to the effluent

contamination degree were analyzed in order to evaluate the efficiency in the treatment with

the electrochemical cells and their respective currents. At the work´s end, it was concluded that

the current which presented the best results for organic matter removal was 5 A. In this current,

up to 98% and 99% efficiency was obtained in color and turbidity removal; 93% and 99% in

COD and BOD removal; and 96.3% in oils and grease removal; indicating high reduction of

pollutants that constitute a serious problem in dairy effluent treatment and disposal. However,

the process was efficient, and all parameters studied presented values that comply with the

present Brazil´s legislation.

Keywords: Eletrocoagulation/flotation; Wastewater treatment; Dairy industry.

8

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Fluxograma da geração de efluentes ao longo do processo na indústria de laticínios

.................................................................................................................................................. 19

Figura 2 - Fluxograma do processo das CIP ............................................................................ 20

Figura 3 - Fluxograma de um sistema de remoção de areia ..................................................... 27

Figura 4 - Modelo de caixa de gordura..................................................................................... 28

Figura 5 - Fluxograma das operações substituídas pelo processo de ECF ............................... 38

Figura 6 - Esquemática das reações que ocorrem nos eletrodos .............................................. 41

Figura 7 - Célula eletroquímica de alumínio ............................................................................ 48

Figura 8 - Célula eletroquímica de ferro e alumínio ................................................................ 49

Figura 9 - Processo de ECF em funcionamento ....................................................................... 49

Figura 10 - Tratamento do efluente finalizado com eletrodos de ferro à 5 A .......................... 54

Figura 11 - Tratamento do efluente finalizado com eletrodos de ferro à 3 A .......................... 55

Figura 12 - Tratamento do efluente finalizado com eletrodos de ferro à 1A ........................... 55

Figura 13 - Mudança do pH em função do tempo para os eletrodos de ferro a 5A.................. 56

Figura 14 - Tratamento do efluente finalizado com eletrodos de alumínio à 5 A .................... 58

Figura 15 - Tratamento do efluente finalizado com eletrodos de alumínio à 3 A .................... 59

Figura 16 - Tratamento do efluente finalizado com eletrodos de alumínio à 1 A .................... 59

Figura 17 - Avaliação cinética de Cor (A), Turbidez (B) e pH (C) em função do tempo utilizando

eletrodos de alumínio e corrente de 5 A. .................................................................................. 60

Figura 18 - Tratamento do efluente finalizado com eletrodos de ferro e alumínio à 5 A ........ 62

Figura 19 - Tratamento do efluente finalizado com eletrodos de ferro e alumínio à 3 A ........ 63

Figura 20 - Mudança de pH em função do tempo para os eletrodos de alumínio e ferro à 5 A

.................................................................................................................................................. 64

Figura 21- Precipitação do ferro em pH 8,5. Efluente ferroso (A); efluente com ferro precipitado

(B) e o efluente após filtração simples (C) ............................................................................... 65

Figura 22 - Alteração de Cor em função da corrente para cada metal ..................................... 67

Figura 23 - Alteração de turbidez em função da corrente para cada metal .............................. 68

Figura 24 - Alteração de pH em função da corrente para cada metal ...................................... 69

Figura 25 - Alteração de sólidos totais, dissolvidos e suspensos em função da corrente para cada

metal ......................................................................................................................................... 70

Figura 26 - Alteração de DQO (A) e DBO (B) em função da corrente para cada metal.......... 71

9

Figura 27 - Massa dos metais no efluente, e desgaste dos eletrodos em função da corrente ... 72

10

11

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Variação e média das taxas de consumo de água das indústrias de laticínios ......... 18

Tabela 2 - Taxas aproximadas de consumo de água (em L/L para fabricação de vários produtos

lácteos) ...................................................................................................................................... 18

Tabela 3 - Composição média do leite e subprodutos (em 100g) ............................................ 22

Tabela 4 - Valores citados em literatura para DBO de vários produtos de laticínios............... 22

Tabela 5 - Valores de DBO para vários constituintes do leite em seus despejos ..................... 23

Tabela 6 - Faixa de variação do despejo dos produtos produzidos para coeficientes de despejo

.................................................................................................................................................. 23

Tabela 7 - Valores de literatura para DBO, sólidos e pH de despejos ..................................... 24

Tabela 8 - Parâmetros do efluente bruto obtidos através das análises...................................... 52

Tabela 9 - Características do efluente após o tratamento com a célula eletrolítica de ferro .... 53

Tabela 10 - Cinética para avaliação da cor, turbidez e pH, utilizando eletrodos de ferro e

corrente de 5 A ......................................................................................................................... 56

Tabela 11 - Características do efluente após o tratamento com a célula eletrolítica de alumínio

.................................................................................................................................................. 57

Tabela 12 - Cinética de Cor, Turbidez e pH, para os eletrodos de alumínio à 5 A .................. 60

Tabela 13 - Parâmetros do efluente após o tratamento com a célula eletrolítica de ferro e

alumínio .................................................................................................................................... 61

Tabela 14 - Cinética de cor, turbidez e pH, utilizando eletrodos de ferro e alumínio com corrente

5A ............................................................................................................................................. 63

Tabela 15 - Avaliação do efluente com o ferro precipitado ..................................................... 66

12

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 14

1.1 OBJETIVOS .................................................................................................................... 15

1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................................. 15

1.1.1.1 Objetivos Específicos ................................................................................................. 15

2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 16

2.1 INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS ...................................................................................... 16

2.2 EFLUENTES DA INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS ........................................................ 16

2.2.1 Características do efluente lácteo .............................................................................. 21

2.3 TRATAMENTO DO EFLUENTE .................................................................................. 25

2.3.1 Tratamento primário .................................................................................................. 25

2.3.1.1 Gradeamento/peneiramento ........................................................................................ 25

2.3.1.2 Caixas de areia ............................................................................................................ 26

2.3.1.3 Caixas de gordura ....................................................................................................... 27

2.3.1.4 Sedimentação .............................................................................................................. 28

2.3.1.5 Equalização................................................................................................................. 29

2.3.1.6 Neutralização .............................................................................................................. 30

2.3.1.7 Coagulação/floculação ............................................................................................... 31

2.3.1.8 Flotação ...................................................................................................................... 33

2.3.2 Tratamento secundário ............................................................................................... 33

2.3.2.1 Sistemas biológicos aeróbios ...................................................................................... 34

2.3.2.2 Processo de lodo ativado ............................................................................................ 34

2.3.2.3 Filtros biológicos aeróbios ......................................................................................... 35

2.3.2.4 Contactores biológicos rotativos ................................................................................ 35

2.3.2.5 Reator de batelada ...................................................................................................... 36

2.3.2.6 Lagoas de estabilização .............................................................................................. 36

2.3.2.7 Sistemas biológicos anaeróbios .................................................................................. 37

2.3.2.8 Reator UASB .............................................................................................................. 37

2.3.3 Tratamento terciário ................................................................................................... 38

2.4 ELETROCOAGULAÇÃO-FLOTAÇÃO (ECF) ............................................................. 38

2.4.1 Reações nas células de eletrocoagulação ................................................................... 40

2.4.2 Lei de Faraday ............................................................................................................. 42

13

2.4.3 Influência do material dos eletrodos.......................................................................... 42

2.4.4 Influência da densidade de corrente .......................................................................... 43

2.4.5 Influência do pH .......................................................................................................... 44

2.4.6 Influência da tensão aplicada ..................................................................................... 44

2.4.7 Consumo de energia .................................................................................................... 45

2.4.8 Influência da distância dos eletrodos ......................................................................... 45

2.4.9 Influência da condutividade elétrica do efluente ...................................................... 46

3 METODOLOGIA ............................................................................................................. 47

3.1 TIPO DE PESQUISA ...................................................................................................... 47

3.2 DESCRIÇÃO DO PROCESSO ....................................................................................... 47

3.2.1 Coleta do efluente ........................................................................................................ 47

3.2.2 Montagem e características dos reatores .................................................................. 48

3.2.3 Procedimentos e controle de variáveis do processo de eletrocoagulação/flotação 49

3.2.4 Instrumentos de coleta de dados ................................................................................ 50

3.2.5 Princípio Chauvenet .................................................................................................... 50

3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................... 52

3.3.1 Características do efluente bruto ............................................................................... 52

3.3.2 Resultado da remoção de poluentes ou características indesejáveis pelos eletrodos

de ferro..................................................................................................................................... 53

3.3.3 Resultado da remoção de poluentes ou características indesejáveis pelos eletrodos

de alumínio .............................................................................................................................. 57

3.3.4 Resultado da remoção de poluentes ou características indesejáveis pelos eletrodos

de alumínio e ferro .................................................................................................................. 61

3.3.5 Parâmetros do efluente posterior a remoção do ferro por alcalinização do efluente

65

3.3.6 Alteração dos parâmetros avaliados com relação a cada metal.............................. 66

4 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 73

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 74

14

1 INTRODUÇÃO

Diante de todos os problemas observados no planeta, a questão ambiental se

apresenta como uma preocupação para humanidade. Dentro deste paradigma de preservação do

meio ambiente, a conservação dos recursos hídricos é de extrema importância. Sabendo-se que

com a diminuição da água potável, também ocorre a diminuição do bioma do planeta, assim

tornar sua utilização mais sustentável se faz necessário. Desta maneira, a efetivação da

legislação ambiental vem sendo cada vez mais eficaz em suas aplicações, o que previne que

substâncias nocivas sejam jogadas nos corpos hídricos sem passar por uma estação de

tratamento de efluentes (ETE) previamente. (FORNARI, 2008).

Sabe-se que a utilização percentual dos recursos hídricos está difundido da seguinte

maneira no Brasil: 43% dos recursos são qualificados como de uso domiciliar, 40% são

designados para agricultura e 17% são empregados na indústria. Ou seja, a indústria ocupa a

terceira posição no gasto de recursos, e é capaz de sérios impactos ambientais. (CRESPILHO;

REZENDE, 2004).

Por esta razão, empresas de todos os setores necessitam mostrar processos mais

sustentáveis, controlando os impactos de suas ações sobre o meio ambiente e procurando

obedecer as demandas da legislação vigente. (ABNT, 2004).

A agroindústria é um dos principais motores da economia brasileira, fazendo do

Brasil um dos principais produtores de derivados de animais do mundo. A indústria de laticínios

faz parte desta produção, sendo que esta começou a se desenvolver a partir da crise de 1929, no

momento em que as importações principiaram sua substituição, dando força para o mercado

interno e sua produção. (MAPA, 2017).

As empresas do setor lácteo, utilizam uma quantidade elevada de água para garantir

a higiene sanitária necessária e manter a qualidade dos produtos fabricados. Ainda que vários

corpos hídricos possuam pequena dimensão, numerosos estabelecimentos do setor lácteo

descartam seus efluentes diretamente nestes corpos receptores sem qualquer tratamento prévio,

o que pode se apresentar como um problema para o abastecimento hídrico da população, e

também para biota aquática. (EMBRAPA, 2017).

Para evitar este despejo indevido de resíduos líquidos, faz-se necessário a

implantação das ETEs. Existem muitos tipos de tratamentos de efluentes industriais, como

físico-químico, tratamento biológico anaeróbio, com a utilização UASB (UPFLOW

ANAEROBIC SLUDGE BLANKET); filtros biológicos, lagoas de estabilização, lodo ativado,

etc. (FORNARI, 2008).

15

Mesmo com os inúmeros tipos de tratamento de efluentes aplicado, faz-se

necessário o desenvolvimento de novas tecnologias dentro deste setor, e a técnica de

eletrocoagulação-flotação (ECF) por exemplo, apresenta-se como uma alternativa atraente à ser

aplicada no tratamento de efluentes gerados na indústria de laticínios. Esta metodologia

apresenta algumas vantagens, tais como: ocupa áreas bem menores se com relação aos

tratamentos convencionais; substitui os tratamentos preliminares, primários e secundários do

efluente; possui facilidade e segurança de operação; requer menor tempo de retenção do

efluente no reator eletroquímico; gera menos lodo que os tratamentos convencionais, sendo que

o lodo gerado possui múltiplas aplicabilidades; não utiliza produtos químicos; e possui reações

rápidas (MOLLAH et al, 2004)(JOÃO et al., 2018).

Assim, no presente trabalho, propõe-se avaliar os parâmetros operacionais da

técnica de ECF, buscando o melhor ajuste e combinação entre as variáveis com o objetivo de

reduzir a contaminação presente no efluente lácteo.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Geral

Estudar os parâmetros operacionais da técnica de ECF, buscando o melhor ajuste e

combinação entre as variáveis desta, objetivando-se a maior redução possível de poluentes

presentes no efluente lácteo.

1.1.1.1 Objetivos Específicos

a) Projetar e construir os protótipos reatores para o tratamento de águas residuais

geradas na indústria de laticínios;

b) Realizar a coleta e a amostragem de efluentes líquidos de acordo com a NBR

9897 e NBR 9898 respectivamente;

c) Caracterizar o efluente bruto;

d) Ajustar as variáveis do reator para a melhor tratabilidade;

e) Caracterizar o efluente tratado;

f) Realizar o tratamento dos dados obtidos.

16

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

Mundialmente a produção estimada de leite em 2015 foi de 784,4 bilhões de litros,

sendo que deste montante, 34 bilhões de litros foram produzidos no Brasil, colocando desta

maneira o país em quarto lugar no ranking mundial dos países produtores. (MAPA, 2017).

Posteriormente a crise de 1929, o Brasil começou a se desenvolver neste setor em

função de que as importações passaram a ser substituídas pela produção interna, dando força

ao mercado. Junto a este aumento na produção, também ocorreu o aumento da produção de

leite, houve também melhoramento genético bovino visando uma maior produtividade de leite.

Novas expansões aconteceram no setor leiteiro nas décadas 50 a 90 por razões da construção

de estradas, evolução da tecnologia industrial e das embalagens, chegada de multinacionais,

abertura do mercado, estabilização da economia, entre outros fatores. (EMBRAPA, 2017).

O setor de laticínios brasileiro tem grande representação na agricultura e contribui

expressivamente para o Produto Interno Bruto (PIB) do país, sendo um dos maiores produtores

de leite do mundo. Existem empresas de todas as dimensões, e cooperativas, que procuram

garantir a qualidade do produto final para que possam garantir seus lucros e consequentemente

sua supervivência, e competição internacional. (MAPA, 2017)

Ao contrário de outros países da África, Ásia e China, a América Latina possui a

tendência de aumentar a produção de leite, por existir uma crescente demanda mundial, e por

possuir boas condições climáticas, disponibilidade de águas e território. (EMBRAPA, 2017).

2.2 EFLUENTES DA INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

Em meio aos setores industriais, a indústria de alimentos se sobressai com relação

ao dispêndio de água e alta formação de águas residuais por produto fabricado, e também pela

formação mássica de lodo no tratamento secundário em estação de tratamento de efluente.

(RAMJEAWON, 2000 apud BARBOSA et al, 2009).

A utilização de água pela indústria de laticínios pode ocorrer de diversas formas, tais

como: incorporação ao produto, lavagens de máquinas, tubulações e pisos, águas de

sistemas de resfriamento e geradores de vapor, águas utilizadas diretamente nas etapas

17

do processo industrial ou incorporadas aos produtos e esgotos sanitários gerados pela

empresa. Assim, as águas tornam-se contaminadas por resíduos do processo industrial

ou pelas perdas de energia térmica, originando com isso uma considerável quantidade

de efluentes líquidos. (BEGNINI & RIBEIRO, 2014, p.20).

O setor lácteo é consumidor ávido de recursos hídricos pelo fato de que o

processamento de seus produtos e a limpeza dos equipamentos requerem grande quantidade de

água, e por este motivo, também há a geração de águas residuais (efluentes líquidos) carregados

com cargas orgânicas e minerais com um potencial contaminante e infectante. Levando em

consideração as características do efluente gerado, é importante a implantação de ETEs

buscando a otimização, avaliando os pontos críticos visando tornar o ciclo do processo mais

sustentável.

A vazão dos efluentes líquidos das indústrias de laticínios está relacionada

diretamente com o volume de água consumido por ela. Segundo Strydom et al. (1997),

o valor da relação entre vazão dos efluentes líquidos e a vazão da água consumida

pelo laticínio situa-se entre 0,75 e 0,95 L/L. O fato de o último valor limite estar bem

próximo de 1, muitos projetistas por medida de segurança adotam este valor. Por essa

razão, é extremamente importante o conhecimento do volume de água consumido por

uma indústria de laticínios, pois de posse deste dado é possível avaliar a

correspondente vazão de efluentes líquidos produzidos por ela. (BARNOSA et al,

2009, p.12).

As águas residuais geradas variam ao longo do dia, conforme a limpeza dos

equipamentos e o tipo de produto processado. Além disso pode haver diferenças estacionais por

razões de alterações qualitativas ou quantitativas do processo. (MACHADO et al., 2002 apud

BARBOSA et al, 2009).

Danalewichet al. (1998) fizeram um levantamento em algumas indústrias de leite e

derivados situadas nos Estados Unidos cujos processos de fabricação e cuja escala

eram semelhantes e observaram grandes variações entre as vazões de efluentes

gerados diariamente por cada uma dessas indústrias. As vazões diárias médias,

mínimas e máximas se encontravam, respectivamente, entre 170 e 2081, 4 e 170, e

257 e 2650 m³/dia. Os autores também notaram elevada oscilação horária na produção

de efluentes, sendo quenos períodos em que eram realizadas operações de lavagem e

limpeza, maior volume de efluente era gerado. As fontes de geração desses efluentes

são função dos tipos de produtos produzidos e processos empregados em sua

fabricação. (ANDRADE, 2011, p.9).

Na Tabela 1, são mostrados uma correlação entre os tipos de empresas de laticínios,

recepção diária leite por dia (L/dia) e a taxa de consumo de água por litro de leite processado

(L/L).

18

Tabela 1 - Variação e média das taxas de consumo de água das indústrias de laticínios

Laticínios Recepção

diária de leite

(L/dia)

Número de

Laticínios

Taxa de

Consumo de

água por

consumo de leite

(L/L)

Variação Média

Laticínios de

cooperativas

10.000 a 20.000

> 20.000

3

25

0,9 a 2,0

0,4 a 7,1

1,5

2,3

Laticínios

Independentes

Até 10.000

10.001 a 20.000

>20.000

19

9

6

1,4 a 5,6

0,3 a 6,7

1,5 a 5,1

2,9

3,1

3,5 Fonte: Apropriado de BARBOSA et al, 2009, p. 11.

Na Tabela 2, evidencia-se a razão entre o consumo de água e a geração de efluente.

Também pode ser observado as taxas aproximadas de consumo de água (em L/L) para

fabricação de vários produtos lácteos em diferentes países.

Tabela 2 - Taxas aproximadas de consumo de água (em L/L para fabricação de vários produtos

lácteos)

Produto Austrália Bélgica Finlândia Japão Nova

Zelândia

Noruega

Manteiga

e leite em

(spray)

Valor

típico:

2,5 2,1

0,7 - 7,2

3,8

1,7 - 8,6

4,6 -7,03/

0,9 - 3,04/ Faixa:

Caseína

(ácida)

Valor

típico:

2,5

1,7 - 3,2

Faixa:

Caseína,

manteiga,

leite em

(spray)

Valor

típico:

2,5

1,4 - 6,9

Faixa:

Queijo Valor

típico:

3,5 - 5,01/

1,12/

0,6 - 1,5

1,7 1,6

1,0 - 3,0

27 - 37 Faixa: 1/ requeijão; 2/ manteiga; 3/ inclui condensado de vapor; e 4/ indústrias maiores.

Fonte: Apropriado de BARBOSA et al, 2009, p. 11.

A geração de efluentes líquidos na linha de produção de uma indústria de lacticínio

pode visualizado na Figura 1.

19

Figura 1 - Fluxograma da geração de efluentes ao longo do processo na indústria de laticínios

Fonte: Apropriado de ANDRADE, 2011, p. 10.

Conforme pode ser observado no fluxograma da Figura 1, nos processos de limpeza,

descarga, rejeitos, vazão e derramamentos é onde se tem maior geração de águas residuais,

sendo que as operações de lavagem e limpeza que visam a desinfecção de equipamentos e

instalações são responsáveis por 50 a 95% do volume de efluentes gerados. (MACHADO et

al.,2002; DAUFIN, 2001 apud ANDRADE, 2011).

Dentre os métodos e procedimentos gerais de limpeza na indústria de alimentos os

mais comuns são os Cleaning in Place (CIP), e o Open Plant Cleaning (OPC). Na indústria de

laticínios o mais comum dos métodos é o CIP, por sua rentabilidade.

O sistema de limpeza Clean in Place permite que se efetue uma limpeza e desinfecção

às superfícies internas dos equipamentos de processamento de alguns tipos de

alimentos, sem que se proceda à sua desmontagem ou exista intervenção manual

importante. O sistema consiste num conjunto de tubagens que unem diferentes

equipamentos de produção, ao qual está associada uma instalação de limpeza (unidade

CIP), que possui variável complexidade e cujo funcionamento dependerá de uma

maior ou menor intervenção dos operadores. Possui grandes vantagens relativamente

à limpeza manual que, apesar de válida para muitos equipamentos, tem elevado custo

de manutenção, altos riscos de recontaminação na montagem e rendimentos

produtivos mais baixos. O CIP permite ultrapassar muitos destes problemas.

(CORREIA, 2009, p. 42).

Segundo o Sistema Brasileiro de Respostas Técnicas (SBRT), as CIP se dão da

seguinte maneira:

20

Figura 2 - Fluxograma do processo das CIP

Fonte: do autor (2017).

Para fazer as CIPs é necessário utilizar soluções de NaOH e HNO3 à composição

de 30% e 50% respectivamente, que são diluídas a uma concentração que pode variar de 0,9 -

3% dependendo do setor, onde atuam automaticamente dentro dos equipamentos em períodos.

(DRUNKLER, 2009).

O processo de limpeza e funcionamento baseia-se em fazer passar soluções com

elevada capacidade de limpeza pelos locais onde circulam os ingredientes e todos

produtos provenientes do normal funcionamento da indústria. Neste sistema, as

variáveis como a pressão são ajustadas e controladas de modo a obter a máxima

eficácia de limpeza; a intervenção do operador pode ser reduzida ao controlo de todo

o sistema através de uma interface computacional, enquanto noutros casos será

necessário recorrer a intervenções pontuais, como seja o doseamento de um

detergente. Em todo o caso, não há necessidade de proceder à desmontagem de

grandes equipamentos nem à limpeza manual de grandes circuitos, à excepção de

alguma intervenção específica. O grau de automatização é geralmente elevado e

conseguido através da programação de sistemas de válvulas, condutivímetros, sondas

de pH e de temperatura, que em conjunto maximizam a autonomia deste sistema de

limpeza. (CORREIA, 2009, p. 43).

As soluções alcalinas e ácidas utilizadas nos enxágues dos CIPs são normalmente

bombeadas de volta para seus respectivos tanques, onde é adicionado hidróxido de sódio e ácido

nítrico até a obtenção da concentração desejada da solução. No entanto, se a solução é

descartada, esta deve ser conduzida até a ETE para o tratamento precedente ao descarte.

(MAGANHA, 2006).

PRÉ-ENXAGUE

CIRCULAÇÃO DE SODA

ENXAGUE

CIRCULAÇÃO ÁCIDA

ENXAGUE

SANITIZAÇÃO

ENXAGUE

21

2.2.1 Características do efluente lácteo

O tratamento do efluente proveniente do setor de laticínios depende dos produtos

que são fabricados, por razão de que estes influenciam nas características do efluente gerado.

(MAPA, 2017). Normalmente os efluentes provenientes do setor de laticínios possuem uma alta

demanda química de oxigênio (DQO), demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e conteúdo de

lipídeos, que possivelmente diferem com relação ao produto que gera efluentes em sua

fabricação, podendo este ser queijo, requeijão, manteiga leite UHT e etc (PERLE et al., 1995;

SALMINEN & RINTALA, 2002).

Geralmente este tipo de efluente pode ser tratado por processos biológicos

anaeróbios e aeróbios.

Os microrganismos que realizam a digestão anaeróbia, e microrganismos

metanogênicos, têm sua propagação prejudicada por causa do acumulo de lipídeos que gera a

formação de ácidos graxos não biodegrádaveis causando a diminuição de adenosina trifosfato

(ATP). O alto teor de matéria orgânica presente no efluente provoca uma alta taxa de DBO e

DQO que faz com que a quantidade de oxigênio dissolvido (O.D.) diminua possibilitando a

destruição de ecossistemas existentes nos corpos receptores. (PERLE et al., 1995; SALMINEN

& RINTALA, 2002). As águas residuais provenientes deste tipo de indústria pode possuir uma

DQO de 3000 a 80000 mg/L, e DBO de até 60000 mg/L.

Conforme visto anteriormente, a qualidade dos despejos têm relação com a espécie

de produto fabricado. A DQO e DBO dependem da concentração de oxigênio requerido para

oxidar diferentes componentes do leite, como carboidratos, proteínas e gorduras. Sendo assim,

é necessário analisar os dados nas tabelas 4 a 7, com objetivo de melhor compreender as

características do efluente lácteo. (FERREIRA, 2007).

Na Tabela 3, pode-se observar alguns resultados provenientes da análise nutricional

de alguns produtos. Sendo que na ordenada verifica-se o tipo do produto, e na abscissa os

parâmetros nutricionais analisados.

22

Tabela 3 - Composição média do leite e subprodutos (em 100g)

Produtos Gordura

(g)

Proteína

(g)

Lactose

(g)

Ácido

Láctico

Sólidos

orgânicos

totais

Ca

(mg)

P (mg) Cl

(mg)

Leite

desnatado

0,08 3,5 5,0 - 8,56 121 95 100

Leite

integral

3,0 3,5 4,9 - 13,1 118 93 102

Creme

grosso

40,0 2,2 3,1 - 45,3 75 59 38

Leite

com

chocolate

3,5 3,4 5,0 - 18,5 111 94 100

Manteiga 84,3 3,0 4,6 0,1 8,0 121 95 103

Iogurte 3,0 3,5 4,0 1,1 10,5 143 112 105

Soro

(fresco)

0,3 0,9 4,9 0,2 6,3 51 53 95

Soro

(ácido)

0,08 0,9 4,4 0,7 6,1 96 76 9

Sorvete 10,0 4,5 6,8 - 41,3 146 115 104 Fonte: apropriado de FERREIRA, 2011, p. 11.

Na Tabela 4, observa-se a quantidade necessária de oxigênio para biodegradar

alguns produtos da indústria láctea. Desta maneira, pode ser visualizado a lista de produtos e a

porcentagem de sólidos orgânicos em cada produto e as respectivas faixa de variação da DBO5

e a DBO total (mg.L-1).

Tabela 4 - Valores citados em literatura para DBO de vários produtos de laticínios

Produtos Porcentagem de

sólidos orgânicos

DBO5 (ppm) faixa

de variação

DBO total (mg/L)

Leite desnatado 8,2 40000 - 73000 82000

Leite integral 11,2 84350 - 125000 117000

Creme - 40% 44,9 399000 449000

Leite concentrado

(2:1)

26,2 208000 262000

Sorvete 34 292000 340000

Manteiga 6,8 55000 - 72000 68000

Soro (fresco) 6,0 25000 - 120000 60000 Fonte: apropriado de FERREIRA, 2011, p. 11.

Na Tabela 5, tem-se a razão entre a DBO em Kg.L-1 e a concentração dos

componentes do leite e seus despejos em Kg.L-1.

23

Tabela 5 - Valores de DBO para vários constituintes do leite em seus despejos

Constituintes Kg DBO5/Kg do componentes (média)

Lactose 0,65

Glucose 0,66

Ácido lático 0,63

Gordura do leite 0,89

Caseína 1,04

Alginato de sódio 0,36

Proteína do leite 1,03

Sabão 1,43

Alquil-benzeno-sulfonato 0,02

Carboximetil-celulose 0,03 Fonte: apropriado de FERREIRA, 2011, p. 12.

A Tabela 6, são mostrados os produtos processados e a razão entre a massa de

produto fabricado e leite processado em Kg/Kg (coeficiente de despejo mássico) e a razão em

massa de DBO5 (Kg) por 1000 Kg de leite (coeficiente de DBO5).

Tabela 6 - Faixa de variação do despejo dos produtos produzidos para coeficientes de despejo

Produtos Coeficiente de despejo

mássico (Kg/Kg de leite

processado)

Coeficiente de DBO5 (kg

DBO5/1000kg de leite)

Recebimento do leite 4,6 - 12,5 0,2 - 4,8

Leite 1,5 - 18,6 1,1 - 22,0

Manteiga 1,4 - 8,3 0,8 - 2,1

Queijo 0,3 - 5,1 0,2 - 4,1

Leite condensado 1,2 - 2,3 1,0 -1,9

Leite em pó 0,8 - 11,5 0,6 - 12,3

Leite, requeijão, sorvete 0,8 - 1,2 0,6 - 0,9

Vários produtos 1,1 - 6,8 1,3 - 3,2

Variação 0,3 - 18,6 0,02 - 22 Fonte: apropriado de FERREIRA, 2011, p. 12.

Os dados da literatura mais importantes para elaboração de propostas (projetos)

para o tratamento de efluentes são apresentados na Tabela 7, pois esta possui os valores de

DBO, sólidos suspensos, sólidos suspensos voláteis, sólidos suspensos totais, e pH presentes

no efluente de cada produto a ser fabricado. Além destes dados, é importante também saber

''[...] a temperatura, os constituintes inorgânicos, e conhecer também os materiais (reagentes)

químicos utilizados durante o processo industrial.'' (CAVALCANTI, 1979 apud FERREIRA,

2011, p. 14).

24

Tabela 7 - Valores de literatura para DBO, sólidos e pH de despejos

Autor Produto DBO

(mg/L)

Sólidos

suspensos

(mg/L)

Sólidos

suspensos

voláteis

(mg/L)

Sólidos

voláteis

totais

(mg/L)

Sólidos

totais

(mg/L)

pH

Gauchmen

(1940)

Queijo 13.760 4.500 - - - 8,0

Hatch

(1940)

Queijo 775 - - - 1246 6,7

McKee

(1957)

Queijo 1.890 396 560 2.698 4.516 5,7

Schweizer Queijo 1000 -

2700

- - - 1500 -

8500

7,1 -

7,4

Sarka col. Queijo 1.045 306 - 1.391 2.192 8,4

Gauchmen

(1940)

Manteiga 3.760 - - - 5.300 7,6

Hatch

(1940)

Manteiga 1246 - - - 2.242 7,7

Morgan

(1957)

Manteiga 3.030 - 1360 1.740 - -

Sweiger

(1968)

Manteiga 250 -

1700

- - - 700 -

4000

7,6 -

8,3

Sarca e

col. (1970)

Manteiga 873 354 - 763 1.158 8,1

Hatch

(1940)

Leite

condensado

1.291 - - - 2.793 7,8

Morgan

(1957)

Leite em pó 2.150 - 500 1.199 - -

De Martin

(1946)

Secagem de

soro

15 24 17 57 156 7,7

Montagne

(1940)

Leite 545 - - - 797 7,3 -

8,1

Has

Further

(1949)

Leite 1.010 250 230 1.320 1.340 7,9

Anderson

(1968)

Manteiga,

Leite em pó

3.060 1.322 - - 3.182 4,4

Walgren

(1966)

Queijo,

Manteiga

780 - - 1.130 2.300 5,3 -

9,2

Bloodgood

(1947)

Produtos em

geral

548 - - - 863 8,0

Lawton

(1959)

Desconhecido 4.790 1.025 998 3.800 5.450 5,6

4.310 1.040 910 4.740 6.490 4,8

1.280 361 303 1.350 2.280 6,8

1.241 619 561 1.240 2.653 6.4 Fonte: apropriado de FERREIRA, 2011, p. 13.

25

2.3 TRATAMENTO DO EFLUENTE

Para o tratamento do efluente proveniente do setor de laticínios é necessário o

tratamento primário para retirada do material grosseiro e lipídeos do efluente, tratamento

biológico (secundário) para retirada de compostos orgânico, nitratos e fosfatos. O tratamento

terciário, que seria o polimento, dificilmente necessário para os efluentes lácteos. (ANDRADE,

2011).

2.3.1 Tratamento primário

O tratamento primário na indústria de laticínios tem como objetivo minimizar os

impactos nos despejos no tratamento secundário. Pode ser composto pelas operações de

gradeamento e peneiramento, também denominadas como tratamento preliminar, e em

sequencia caixas de gordura, sedimentação, equalização (em alguns casos), neutralização

(ajuste do pH), coagulação/floculação e flotação. (CAVALCANTI & BRAILE, 1979).

Como pré-tratamento dos efluentes de laticínios, geralmente é empregado

gradeamento para remoção de sólidos grosseiros, tais como resíduos de embalagens,

pequenos fragmentos de pedras e coágulos de leite. No caso de fábricas onde o período

de trabalho não é integral ou onde os efluentes são gerados apenas em alguns

momentos do dia, os tanques de equalização também são adotados. Nesses tanques

também pode ocorrer a correção de pH, que dependendo das estratégias de limpeza

aplicadas, pode variar de 1,6 a 14,0 (BRITZ et al., 2008). (ANDRADE, 2011, p. 15).

O gradeamento geralmente ocorre no interior da fábrica por meio de ralos que

encontram-se ao longo do perímetro. Na saída do efluente geralmente são empregados caixas

de gordura e subsequentemente um tanque de equalização. (CAVALCANTI & BRAILE,

1979).

2.3.1.1 Gradeamento/peneiramento

O gradeamento é normalmente a primeira parte do tratamento de efluentes, este

consiste em reter sólidos grosseiros maiores que a abertura das barras, que pode variar conforme

as características do efluente. Existem três tipos de grades, as grosseiras, e as médias e finas.

O principal objetivo do gradeamento é proteger as ferramentas de transporte do efluente, e

adequar o efluente para próxima etapa do tratamento.

26

Os dispositivos de remoção de sólidos grosseiros são constituídos de barras de ferro

ou aço paralelas, posicionadas transversalmente no canal de chegada dos esgotos nas

estações de tratamento , perpendiculares ou inclinadas, dependendo do dispositivo do

material de remoção do material retido. As grades devem permitir o escoamento dos

esgotos sem que ocorra perda de carga considerável. (DEZOTTI, 2008, p. 57).

Em alguns casos, podem ser usadas ferramentas que fazem a fragmentação dos

sólidos antes destes terem contado com as grades, no entanto este não é o caso da indústria de

laticínios.

As peneiras vêm em seguida das grades, também são aplicadas para remover sólidos

grosseiros. Existem peneiras estáticas e rotativas, que são fabricadas com aço inoxidável ou

algum outro material não ferroso, e podem possuir aberturas de 0,2mm a 6mm. (DEZOTTI,

2008).

As peneiras estáticas são feitas de pequenas barras de aço inoxidável, são colocadas

na estação de forma inclinada com sua parte plana tangenciando o fluxo, os sólidos retidos na

peneira são empurrados pelo próprio efluente, o efluente que atravessa a peneira é encaminhado

para próxima etapa.

Peneiras estáticas com abertura de 0,2mm a 1,2mm são projetadas para a aplicação

superficial e apresentam perda de carga de 1,2m a 2,1m. A tela consiste de pequenas

barras triangulares construídas em aço inoxidável com parte plana tangenciando o

fluxo. Desse modo, o efluente flui pela parte superior, passando pela peneira inclinada,

sendo posteriormente encaminhado para unidade seguinte. os sólidos fixados na

peneira estática pelo próprio efluente. [...] (DEZOTTI, 2008, p.59)

As peneiras rotativas são compostas por um cilindro que gira a medida que o fluxo

do efluente a atravessa, o efluente cai em um compartimento abaixo e os sólidos ficam presos

nas fissuras do cilindro e são raspado com um dispositivo próprio, ou lavados por um jato de

água continuo. As peneiras possuem diversos tamanhos. (METCALF & EDDY, 1991 apud

DEZOTTI, 2008).

2.3.1.2 Caixas de areia

O termo areia em tratamento de efluentes '' integra, alem de areia, cascalho, cinzas

e outros materiais solidos pesados que tem velocidades de sedimentacao ou gravidade

especifica substancialmente superiores aos solidos organicos [...]''. (METCALF & EDDY,

1991). A retirada da areia é importante para se evitar o acumulo excessivo de areia em

biodigestores, tanques de aeração, adutoras, canais, condutos, e desgaste dos equipamentos por

abrasão.

27

São destinadas a reter areia e outros detritos inertes e pesados de rápida deposição que

se encontram nas águas residuárias, os quais são oriundos, de lavagem, enxurradas e

infiltrações. Entre esses detritos se encontram a terra, partículas de metal, carvão,

cascalho, escórias e outros. A retenção desses materiais tem por finalidade proteger

bombas válvulas e outros acessórios contra abrasão, evitar obstruções de canalizações,

tanques, orifícios, sifões e impedir depósitos de material inerte em sedimentadores e

digestores. Desse modo, o transporte líquido sistema se torna facilitado,

principalmente a transferência de lodos, em suas diversas fases. (JORDÃO &

PESSOA, 1995 apud DEZOTTI 2008, p. 60).

Todo sistema de retirada de areia tem como finalidade fundamental a retirada de

toda areia possivelmente sedimentável, buscando a obtenção de um produto apropriado para

acondicionamento em aterros. Um processo de remoção de areia completo é composto por 3

partes, primeiro vem a separação da areia, depois a lavagem da areia, e por último a secagem

da areia. (METCALF & EDDY, 1991).

Figura 3 - Fluxograma de um sistema de remoção de areia

Fonte: adaptado de METCALF & EDDY, 1991.

Os sistemas de remoção de areia podem ser caixas de areia de escoamento

horizontal, caixas de areia retangulares de escoamento horizontal, caixas de areia quadradas de

escoamento horizontal e caixas de areia aeradas. (METCALF & EDDY, 1991).

2.3.1.3 Caixas de gordura

As caixas de gordura são tanques que servem para separar compostos que têm

densidade menor que a da água e que são imiscíveis nesta, e portanto se comportam como

material sobrenadante, como gorduras, óleos e graxas. (DEZOTTI, 2008).

As características de uma caixa de gordura dependem da localização da instalação, do

tipo de efluente e da quantidade de esgoto a ser tratado. Os principais sistemas

removedores de gordura são: caixa de gordura domiciliar, caixa de gordura coletiva,

28

tanques aerados ou flotadores e separadores de óleo. O dimensionamento das caixas

de gordura deve ser realizado levando-se em consideração a capacidade de

acumulação de gordura entre cada limpeza, pontos de entrada e saída projetados para

permitir o escoamento do efluente, condições de vedação para prevenir odores e

contato com insetos e roedores. (DEZOTTI, 2008, p.62).

O princípio de funcionamento da caixa de gordura é simples, as gorduras chegam

com o efluente que colidi com o septo perdendo velocidade, a gordura fica como sobrenadante

e se acumula anteriormente a este, e é removida através do tampão posteriormente. O efluente

saí livre de gordura pela extremidade de saída após o septo.

Figura 4 - Modelo de caixa de gordura

Fonte: adaptado de Dezotti, 2008.

Os efluentes normalmente possuem quantidades grandes de óleos, gorduras, graxas

e outros compostos imiscíveis e com densidade menor que a da água. Para evitar danos as

unidades subseqüentes, da mesma forma que as grades, peneiras, e caixa de areia, faz-se

necessário o uso de sistemas retentores de gordura. (DEZOTTI, 2008).

2.3.1.4 Sedimentação

O desígnio dos sistemas de sedimentação é basicamente a redução dos

sólidos suspensos, este processo é ''[...] tipicamente, o primeiro processo de tratamento apos a

remocao de solidos grosseiros e de areia. Quando eficientemente operados os tanques de

sedimentacao primaria podem remover de 50 a 70% de solidos suspensos e de 25 a 40% da

DBO.'' (METCALF & EDDY, 1991, p. 369).

Observa-se então, que na verdade o objetivo principal dos sedimentadores é a

remoção de um percentual de matéria orgânica suspensa presente no efluente. No entanto os

29

sedimentadores também são úteis para retenção de águas pluviais ao longo de um período de

10 a 30 min e estes períodos de detenção também servem para desinfecção destes

extravasamentos. (METCALF & EDDY, 1991).

É uma operação empregada para a remoção de sólidos em suspensão não retidos pelas

grades ou peneiras. A sedimentação é uma operação unitária convencional para

separação sólido líquido e se baseia na diferença de densidade entre as fases. Essa

etapa é geralmente realizada em decantadores, os quais podem ser construídos em

diversos formatos (circulares ou retangulares) e com diferentes formas de remoção de

lodo (com ou sem mecanização). Os decantadores (sedimentadores) circulares

apresentam custos menores de instalação e de manutenção quando comparados com

os decantadores retangulares. Tanto os sedimentadores circulares quanto os

retangulares podem apresentar limpeza de fundo por pressão hidrostática ou com

remoção de lodo mecanizada por raspagem ou sucção. Caso haja a presença de

escumas (materiais flutuantes), faz-se necessário um removedores de escuma.

(DEZOTTI, 2008, p. 63)

Os decantadores primários, tanto os retangulares quanto os circulares, normalmente

têm fundura que pode variar de 3 a 4 m, e período de detenção de 3 a 4 horas. Nos

sedimentadores o efluente entra e uma estrutura faz com sua velocidade diminua, ao passar por

esta estrutura este se direciona para um reservatório. A velocidade do fluxo é lenta dando tempo

para que aconteça a sedimentação, o efluente saí então por um ponto em outra dimensão do

decantador. O material sedimentado é raspado e direcionado para outro compartimento.

(METCALF & EDDY, 1991).

A sedimentação uma operação que ocorre também na caixa de areia, no

sedimentador primário o qual precede o reator biológico, e no sedimentador secundário que

vem posteriormente ao tratamento secundário. (DEZOTTI, 2008).

2.3.1.5 Equalização

Com tanques de equalização objetiva-se o controle da concentração e da vazão do

efluente. Os tanques fazem com que a alimentação nos processos seguintes seja contínua,

homogênea, e com carga de compostos indesejáveis bem distribuída, permitindo que se controle

o pH, e se possa dosar com mais precisão agentes químicos necessários no processo.

O Objetivo principal da etapa de equalização é minimizar ou controlar as variações

nas características do efluente, como fluxo e concentração, visando criar melhores

condições para os processos de tratamento seguintes. O processo de mistura pode ser

auxiliado por ar comprimido. Em suma, a equalização propicia evitar carga excessiva

nos sistemas de tratamento, garantindo a alimentação contínua dos mesmo e

quantidade de poluentes bem distribuída, evitando também picos de concentração de

compostos tóxicos. Além disso, permite minimizar as oscilações de vazão e pH

30

durante os tratamentos físico-químicos, garantindo melhores condições para a

aplicação dos diferentes reagentes químicos. (DEZOTTI, 2008, p. 67).

A operação de equalização pode servir para homogeneização da vazão ou da

concentração do efluente, ou ambos.

2.3.1.6 Neutralização

A retirada do excesso de acidez ou alcalinidade com um composto químico de

composição contrária é determinada como neutralização. Se o efluente a ser tratado difere muito

em sua neutralidade, este necessita de uma correção antes de, por exemplo, ser despejado no

corpo receptor, ou seguir adiante no tratamento secundário, levando em consideração o prejuízo

que pode causar a fauna e flora local, e o prejuízo que pode causar no tratamento secundário

respectivamente. A correção do pH pode ser realizada por vários reagentes químicos.

(METCALF & EDDY, 1991; DEZOTTI, 2008).

Existe uma disposição de vários compostos que podem ser usados com a finalidade

neutralizar, o que define o composto a ser utilizado é sua compatibilidade com o sistema ou

com o efluente a ser tratado. Por exemplo, se o efluente é ácido, há muitos compostos que

podem ser empregados para neutralizar-lo, como carbonato e cálcio, hidróxido de cálcio,

hidróxido de sódio, óxido de cálcio, cal hidratada dolomítica, etc. Para neutralizar o efluente

alcalino, que geralmente é menos problemático, são aplicados ácido carbônico, ácido clorídrico,

ácido sulfúrico. A escolha do agente químico a ser usado depende principalmente das

características do efluente e fluxo deste, do tamanho da estação, da disponibilidade financeira.

Em diversas operacoes e processos de tratamento de esgoto, ha, freqüentemente, a

necessidade de ajuste do pH. Como existem muitos produtos quimicos utilizados para

uma aplicacao especifica, a escolha depende da adequabilidade de um determinado

produto e do custo correspondente.[...]Esgoto acido pode ser neutralizado com

diversos produtos quimicos basicos,[...]. Hidroxido de sodio (NaOH, tambem

conhecido como soda caustica) e carbonato de sodio, embora um pouco caros, sao

adequados e largamente utilizados em pequenas estacoes ou quando quantidades

pequenas sao suficientes para tratamento. Cal hidratada, que e barata, mas um pouco

menos conveniente, e o composto quimico mais amplamente utilizado. Ela pode ser

adquirida como oxido de calcio ou cal hidratada dolomitica com alta concentracao de

cal e em diferentes formas fisicas. Calcario e calcario dolomitico sao mais baratos,

mas mais dificil de ser utilizados e tem taxas de reacao mais lentas. Como eles podem

ser revestidos em determinadas aplicacoes de tratamento de esgoto tem uso limitado.

Compostos quimicos de calcio e de magnesio geralmente formam lodos que requerem

disposicao. (METCALF & EDDY, 1991, p. 512).

31

A operação de neutralização do efluente aparece nas etapas de equalização, antes

do tratamento químico ou biológico, antes do descarte no corpo receptor e antes do descarte no

esgoto municipal no caso de indústrias que descartam neste. (DEZOTTI, 2008).

2.3.1.7 Coagulação/floculação

A principal finalidade da coagulação é fazer com que as suspensões no estado

coloidal se juntem formando partículas maiores, possibilitando a decantação. A aglomeração

dos sistemas coloidais se dá pelo fato de que os produtos químicos adicionados, conhecidos

também como eletrólitos, desestabilizam as cargas superficiais dos colóides por ligação e

adsorção a superfície deste, levando a neutralização da repulsão.

Segundo Di Bernardo (1993), a coagulação resulta de dois fenômenos: o primeiro,

essencialmente químico se refere às reações do coagulante com a água e a formação

de espécies hidrolisadas com carga positiva, e depende da concentração do cátion e

do pH final da mistura; o segundo, fundamentalmente físico, consiste no transporte

das espécies hidrolisadas para que ocorra o contato com as impurezas presentes na

água. (DEZOTTI, 2008, p. 69).

Existem duas possibilidades de câmara de floculação, as com agitação mecânica e

as não mecânicas, nestas câmaras é levado em consideração além velocidade da água, e o tempo

de retenção, também o gradiente de velocidade. Nas câmaras com agitação mecânica é

empregado um dispositivo que é responsável por agitar o efluente fazendo com a solução de

eletrólitos se misture apropriadamente, neste caso o gradiente de velocidade é bem expressivo.

Para que as câmaras sem agitação mecânica tenham o mesmo efeito, é necessário que ocorra

perda de carga do efluente. Para que isso aconteça é necessário a utilização de chicanas e

ressaltos na parte interna da câmara que controlam a velocidade da água. (METCALF & EDDY,

1991).

A floculação é a etapa subseqüente do processo de coagulação que consiste na

aglomeração dos colóides que formam flocos maiores. Neste ponto a movimentação suave da

água ajuda a manter os flocos grandes sem quebrar-los em flocos menores. Nas câmaras de

floculação é levado em consideração, o gradiente de velocidade que deve ser bem menor que

na coagulação, e o período de retenção do efluente. Existem as câmaras de floculação com

agitação mecânica e as não mecânicas, ambas funcionam de forma similar as câmaras de

coagulação. (DEZOTTI, 2008).

32

Após a câmara de floculação, o efluente é direcionado para os sedimentadores ''[...]

onde a velocidade de escoamento é bastante reduzida, fazendo com que os flocos sedimentem.

Durante este trajeto os flocos vão arrastando as partículas que vêm ao seu encontro, até

atingirem o fundo do decantador, formando o lodo de fundo.'' (DEZOTTI, 2008, p. 71).

Posteriormente ao processo de coagulação, parte química do procedimento, as

partículas possuem dimensão de 0,5 a 5 µm, já na etapa de floculação, parte física do processo,

as partículas podem ter até 5.000 µm.

Após a coagulação, que consiste na etapa química do processo, as partículas

apresentam tamanho variando predominantemente entre 0,5 e 5 µm. Essas partículas

são normalmente referenciadas como partículas primárias. Na etapa de floculação,

etapa física do processo, os flocos maiores formados como resultado da colisão entre

as partículas sedimentam e apresentam tamanho entre 100 e 5000 µm. (DEZOTTI,

2008, p. 71).

Para realizar a coagulação/floculação, são usados coagulantes, alcalinizantes e

coadjuvantes. Os agentes utilizados na coagulação são normalmente sais inorgânicos, como por

exemplo sulfato de alumínio, e cloreto de ferro. No entanto também podem ser empregados

coagulantes naturais tanto de natureza inorgânica como a sílica, quanto orgânica como amido

ou alginatos. Também podem ser usados coagulantes de natureza sintética como polímeros,

conhecidos como polieletrólitros. (METCALF & EDDY, 1991).

Em meio aos fatores que influenciam na coagulação destacam-se a espécie de

coagulante, quantidade deste mesmo, a agitação, a temperatura do meio e o pH. Com relação a

espécie do coagulante utilizado, temos que a valência do íon gerado na diluição influencia no

efeito coagulante que este possui, quanto mais alta é a valência, maior é o efeito de neutralização

das cargas de repulsão entre os colóides, e conseqüentemente maior é o efeito de coagulação.

A quantidade de coagulante aumenta até certo ponto o efeito de neutralização das cargas entre

os colóides, mas após certa quantidade o oposto passa a acontecer. Com relação a temperatura,

sabe-se que em maiores temperaturas o efeito dos coagulantes é mais pronunciado, diminuindo

o gasto deste. Quando há adição de coagulante ao meio acontecem alterações de pH e

condutividade na água, sendo que o pH geralmente diminui. Devido ao fato de que para uma

boa coagulação acontecer é necessário um pH ideal para cada agente coagulante, faz-se

necessário o uso de agentes alcalinizantes, como cal, cal hidratada, hidróxido de sódio,

carbonato de sódio, etc. (DEZOTTI, 2008).

Os coadjuvantes, também vistos como auxiliares da coagulação, além de serem

coagulantes também promovem a floculação, aumentando a velocidade desta reação, a

33

densidade dos flocos, e o quão rígidos estes são, evitando com que estes se decomponham ao

longo da trajetória para os decantadores criando colóides suspensos novamente. Como exemplo

de coadjuvantes temos argila, sílica ativa, adsorventes, oxidantes e polieletrólitos. (METCALF

& EDDY, 1991).

2.3.1.8 Flotação

A flotação ''[...] e uma operacao unitaria utilizada para separar particulas solidas ou

liquidas de uma fase liquida.'' (METCALF & EDDY, 1991, p. 390). A operação de flotação se

da em quatro etapas, ''[...] a formação de bolhas de tamanho adequado, ligação das bolhas ao

material a ser flotado, separação sólido/líquido ou líquido/líquido e remoção de sobrenadante.''

(DEZOTTI, 2008, p. 78).

As vantagens principais da flotacao sobre a sedimentacao sao que particulas leves ou

muito pequenas, que sedimentam lentamente, podem ser removidas mais

completamente em um menor periodo de tempo. Uma vez que as particulas tenham

sido flotadas para a superficie, elas podem ser coletadas por uma operacao de

raspagem. (METCALF & EDDY, 1991, p. 390).

O processo de flotação acontece pelo fato de que os flocos formados possuem

cavidades onde as bolhas geradas se aderem, fazendo com que o empuxo sobre estas partículas

aumentem em razão da redução da densidade aparente do contíguo partícula e bolha. Após a

flotação, ocorre a raspagem do sobrenadante que é destinado a um tanque onde ocorre a

separação sólido, líquido e ar. Dentro deste tanque também ocorre o adensamento do lodo

através de compactação. (DEZOTTI, 2008).

2.3.2 Tratamento secundário

A degradação biológica é uma das opções mais promissoras na remoção de matéria

orgânica do efluente de laticínios. No tratamento biológico destacam-se os sistemas biológicos

aeróbios, processo de lodo ativado, filtros aeróbicos, contactores biológicos rotativos, reator de

bateladas, lagoas de estabilização, sistemas biológicos anaeróbios, reator UASB, entre outros.

(CAVALCANTI & BRAILE, 1979; BRITZ et al, 2006).

34

2.3.2.1 Sistemas biológicos aeróbios

Os métodos de tratamento biológico dependem do crescimento de microorganismos

em um ambiente rico em oxigênio para oxidar a matéria orgânica em dióxido de carbono, água

e material celular. Informações provenientes de pesquisas em laboratório, e em escalas maiores,

têm mostrado que o tratamento aeróbio do efluente é confiável e possui bom custo benefício na

produção de um efluente de alta qualidade. No começo, é necessário um período de

aclimatização para permitir o desenvolvimento de uma comunidade microbiana competitiva.

Amônia-nitrogênio pode ser removido com eficiência, prevenindo desta maneira problemas no

descarte. Problemas com os processos aeróbios estão normalmente associados a alta formação

de espumas, e baixa separação sólido-líquido. (BRITZ et al, 2006).

2.3.2.2 Processo de lodo ativado

O processo convencional de lodo ativado é definido como um tratamento contínuo

que utiliza um consórcio de microorganismos suspensos no efluente no tanque de aeração para

absorver/adsorver, e biodegradar os poluentes orgânicos. Parte da matéria orgânica se oxida em

um produto final inofensivo e outras substâncias inorgânicas que geram energia para sustentar

o crescimento de microorganismos e a formação de biomassa (flocos). Os flocos são mantidos

em suspensão tanto por ar bombeado no fundo do tanque como por aeração mecânica. O nível

de oxigênio dissolvido no tanque de aeração é essencial é deve manter-se na faixa de 1-2 mg/L,

e o tanque deve sempre ser projetado em termos de período de aeração e tempo de residência

celular. A mistura flui do tanque de aeração para o tanque de sedimentação onde os flocos de

lodo ativado formam partículas maiores e decantam como lodo. A forma do metabolismo

aeróbio biológico é extremamente eficiente em termos de recuperação de energia, mas resulta

em grandes quantidades de lodo produzido. Uma parte do lodo retorna ao tanque de aeração,

mas o resto deve ser processado e descartado de forma aceitável, esta etapa constitui o maior

gasto operacional. (CAVALCANTI & BRAILE, 1979).

Existem muitas variações do processo de lodo ativado, mas em todos os casos, o

oxigênio provido durante a aeração constitui o maior gasto de energia do processo. Nos

processos de lodo ativado, os problemas geralmente estão relacionados ao aumento do volume,

35

produção de espuma, precipitação do ferro e carbonatos, produção excessiva de lodo, e

decréscimo da eficiência em períodos de inverno.

O sucesso no tratamento de despejos da indústria de laticínios através do processo

de lodo ativado tem sido evidenciado. Autores relatam uma remoção de DQO de 90%, e uma

remoção de 65% de nitrogênio, a remoção de fósforo não foi tão boa e parece ser sensível a

mudança climática. (BRITZ et al, 2006).

2.3.2.3 Filtros biológicos aeróbios

Os filtros biológicos são um dos métodos de tratamento biológico mais antigos para

produzir efluentes de alta qualidade. A carga de suporte pode ser de pedras-pomes, cascalho,

rochas, pedaços de plástico, serragem, entre outros, que são populadas por uma diversidade de

consórcios de microorganismos. O efluente do tanque de estocagem é normalmente bombeado

e gotejado por cima da carga de suporte, que deve conter uma espessura de 2 m. A massa

microbiana absorve os componentes orgânicos do efluente e os decompõe de forma aeróbia. O

lodo que se forma na carga de suporte deve ser removido de tempos em tempos. As condições

aeróbias são facilitadas pelo gotejamento e convecção natural de correntes resultantes da

diferença de temperatura do ar e do efluente adicionado. A ventilação forçada pode ser

empregada para intensificar a decomposição, mas o ar precisa ser desinfetado através da

passagem em tanques de clarificação. Filtros biológicos convencionais possuem espessura de

carga suporte em torno de 2 m, filtros com maior profundidade geram iniciam a decomposição

anaeróbia acarretando em problemas com odor. No entanto filtros com carga suporte sintética

podem conter até 8 m de profundidade e promover somente a digestão aeróbia. O efluente final

flui para sedimentação ou tanque de clarificação, para remover os sólidos e o lodo da carga

suporte. (CAVALCANTI & BRAILE, 1979; BRITZ et al, 2006).

2.3.2.4 Contactores biológicos rotativos

O projeto dos contactores biológicos rotativos contêm discos circulares feitos de

polímeros de alta densidade ou outro material de baixo peso. Os discos, que rodam de 1 a 3

rpm, são colocados em um eixo horizontal deixando com que sua superfície fique de 40 a 60%

para fora do tanque. Isto faz com que o oxigênio seja transferido da atmosfera para a membrana

36

exposta do disco. Um biofilme se desenvolve nas superfícies do disco facilitando a oxidação

dos componentes orgânicos presentes nas águas residuárias. Quando o lodo do biofilme se torna

muito grosso, este se despedaça e posteriormente vai para um tanque de sedimentação. A

eficiência da operação se baseia em grama de DBO por m2 da superfície do disco por dia.

Autores relataram que há 85% de eficiência na remoção da DQO com alcance de 500g DQO.m-

3.h-1 durante o tratamento do efluente. (CAVALCANTI & BRAILE, 1979; BRITZ et al, 2006).

2.3.2.5 Reator de batelada

O reator de batelada é um único tanque que é utilizado para aerar, estabilizar,

remover efluente, e reciclar os sólidos. Depois que o tanque é preenchido, o efluente é misturado

sem aeração para promover o metabolismo de compostos fermentáveis. Em seguida inicia-se a

etapa de aeração, que visa a promoção da oxidação e formação de biomassa. O lodo se estabiliza

e o efluente tratado é removido para completar o ciclo. O reator de batelada depende muito do

local de operação para ajustar a duração de cada fase que reflete a flutuação na composição do

efluente. Autores relataram que este processo é eficiente para o tratamento primário e

secundário do efluente de laticínios, promovendo uma remoção de até 97% de DQO. (BRITZ

et al, 2006).

2.3.2.6 Lagoas de estabilização

Em áreas onde existem terras disponíveis, as lagoas de estabilização constituem um

dos métodos de tratamento secundário mais baratos existentes. Com exceção de lagoas aeradas,

nenhum dispositivo mecânico é utilizado, o fluxo de água acontece por gravidade. Como

resultado de sua simplicidade e ausência de local necessário para fazer a reciclagem do lodo, as

lagoas são tidas como um ótimo método em termos de custo benefício para o tratamento de

águas residuárias.

No entanto, a falta de um ambiente controlado pode causar um retardamento do

processo, resultando em um aumento no tempo de retenção. Em locais onde o clima é mais

quente, e há disposição de terras, este método é visto como conveniente, mas existe a

possibilidade de poluição de lençóis freáticos, odores fortes, e insetos que podem se tornar um

incômodo. (CAVALCANTI & BRAILE, 1979).

37

2.3.2.7 Sistemas biológicos anaeróbios

A digestão anaeróbia é um processo promovido por um consórcio de

microorganismos que possuem os receptores de elétrons exógenos ausentes. Até 95% do

conteúdo orgânico no efluente pode ser convertido em biogás, como metano e dióxido de

carbono, e o restante é utilizado para manutenção do crescimento celular. Os sistemas

anaeróbicos geralmente são vistos como econômicos para tratar águas residuárias provenientes

da indústria de laticínios, pois não requerem toda energia empenhada no processos aeróbios. A

digestão anaeróbia gera metano, que pode ser utilizado como uma fonte de energia, além disto,

menos lodo é gerado e consequentemente menos problemas com o descarte deste acontecem.

Menos nutrientes são necessários na digestão aeróbia, e também microorganismos patogênicos

normalmente não se proliferam, se a concentração de metais pesadas é baixa no lodo final este

possui boa aplicação para o solo. A possibilidade de remoção de DQO é alta sem a necessidade

de diluir o efluente lácteo como no caso da digestão aeróbia, este fato reduz a necessidade de

espaço e seu custo conseqüente. Odores ruins são em geral ausentes em sistemas operados com

eficiência.

As desvantagens associadas aos sistemas anaeróbios, são o alto custo capital, longo

período de começo, controle rígido das condições de operação, grande sensibilidade a mudança

de substâncias no efluente e choques orgânicos, assim como compostos tóxicos. (BRITZ at al,

2006).

2.3.2.8 Reator UASB

O reator UASB se baseia em uma propriedade superior de estabilização de um lodo

granular. O crescimento e desenvolvimento dos grânulos é a chave do sucesso na operação do

reator UASB, sendo que a presença de grânulos no sistema UASB serve para separar o tempo

de retenção hidráulica do tempo de retenção dos sólidos, no entanto, uma boa granulação é

requerida para que se atinja menores tempos de retenção hidráulica sem que seja necessário

fazer a lavagem da biomassa. O efluente é alimentado por baixo do digestor e saí por cima

através de um sistema defletor onde ocorre a separação das fases gasosa, líquida, e do lodo

causando desta maneira a separação do lodo granular e a biomassa.

38

Sob condições ótimas, uma carga de 30 kg/m3 de DQO pode ser tratada com uma

eficiência de remoção de 85% à 95%. O conteúdo do biogás é de 80% à 90% de metano com

relação ao volume. Um tempo de retenção hidráulica de 4 horas pode ser satisfatório, com

excelente estabilização do lodo e sólidos totais retidos por mais do que 100 dias. A temperatura

de operação pode variar de 7o à 400, sendo que a temperatura ideal é de 350C. (BRITZ et al,

2006).

2.3.3 Tratamento terciário

O tratamento terciário ou polimento do efluente dificilmente é aplicado ao efluente

de laticínios. No entanto quando objetiva-se a obtenção de um efluente de alta qualidade,

métodos como oxidação química com sais e ferro ou alumínio, adsorção com carvão ativo,

osmose inversa, eletrodiálise, troca iônica, e filtros de areia, podem ser aplicados. (FERREIRA,

2003; CAVALCANTI & BRAILE, 1979).

2.4 ELETROCOAGULAÇÃO-FLOTAÇÃO (ECF)

O tratamento de efluente através da ECF chama atenção por sua

multifuncionalidade, tendo em vista que este processo substitui uma série de operações,

conforme pode ser observada na Figura 5.

Figura 5 - Fluxograma das operações substituídas pelo processo de ECF

39

Fonte: apropriado de MOLLAH, 2004, p. 200.

Na Figura 5 pode-se observar que as operações de peneiramento, caixa de areia,

decantadores primários, tratamento biológico e tratamento do lodo pode ser substituído pelo

tratamento de ECF.

Outros fatores que também destacam este processo, são a adequação ambiental,

''[...] simplicidade de equipamento, facilidade de operação, menor tempo de retenção, ausência

de adição de produtos químicos, rápida sedimentação dos flocos eletrogerados e menor

produção de lodo.'' (MENESES, 2012, p. 235).

A ECF é complicada e envolve muitos fenômenos físicos, e químicos que usam

eletrodos para fornecer íons a corrente de efluente. No processo de ECF íons

coagulantes são produzidos 'in situ' em estágios sucessivos: (i) formação de

coagulantes através de oxidação eletrolítica dos eletrodos de sacrifício, (ii)

desestabilização de contaminantes, partículas suspensas e quebra de emulsões, (iii)

agregação de fases desestabilizadas para formar flocos. (MOLLAH et al, 2004, p. 200

- Traduzido pelo autor).

De acordo com Mollah et al (2004), o mecanismo de desestabilização dos

contaminantes, partículas em suspensão, e quebra de emulsões pode ser descrito da seguinte

maneira:

Compressão da camada dupla difusa ao redor das espécies carregadas pelas interações

dos íons gerados através da oxidação do ânodo de sacrifício;

Neutralização das cargas das espécies iônicas presentes no efluente produzidas pela

dissolução eletroquímica do ânodo de sacrifício;

Os contra íons reduzem a repulsão eletrostática interparticular fazendo com que as

forças de van der Waals predominem e gerem a coagulação. O processo da origem a um

líquido de carga neutra;

Os flocos formados como resultado da coagulação formam uma camada de lodo

sobrenadante que atrai partículas coloidais que ainda estão na fase aquosa.

Os óxidos sólidos, hidróxidos, e oxihidroxidos promovem uma superfície ativa para

adsorção das espécies poluentes. A eletrocoagulação foi empregada com sucesso na remoção

de metais, partículas suspensas, minerais de argila, corantes orgânicos, óleos e graxas de uma

variedade de efluentes industriais. Neste processo, como visto anteriormente, o potencial é

40

aplicado nos anodos do metal que são normalmente fabricados de ferro ou alumínio, causando

duas reações diferentes.

Primeiro Fe/Al se dissolvem do ânodo gerando os íons metálicos correspondentes,

que quase imediatamente se hidrolisam para um ferro polimérico ou hidróxido de alumínio.

Estes hidróxidos poliméricos são excelentes agentes coagulantes. Os ânodos geram

continuamente hidróxidos poliméricos em sua vizinhança. A coagulação ocorre quando os

cátions destes metais se combinam com as partículas negativas carregadas em direção em

direção ao ânodo pela migração de elétrons. Contaminantes presentes no efluente são tratados

tanto por reações químicas como por precipitação ou ligação física e química a materiais

coloidais que são gerados pela erosão do eletrodo. Estes contaminantes são removidos por

eletroflotação, ou sedimentação e filtração. Diferentemente do processo de coagulação

convencional, onde agentes químicos são adicionados para promover-la, a coagulação no

processo de eletrocoagulação é gerada in situ.

Em segundo, água é hidrolisada em uma reação paralela, produzindo bolhas de

oxigênio no ânodo, e hidrogênio no cátodo. Estas bolhas se juntam com as partículas floculadas

influenciando em sua densidade aparente e causando o empuxo que resulta em sua flotação.

Algumas reações físico-químicas também podem acontecer na célula

eletroquímica. Como redução catódica das impurezas presentes no efluente, descarga e

coagulação de partículas coloidais, migração de elétrons na solução, eletroflotação de partículas

coaguladas por bolhas de O2 e H2 produzidas no eletrodo, redução de íons metálicos no cátodo,

entre outros processos eletroquímicos e químicos.

2.4.1 Reações nas células de eletrocoagulação

De acordo com Crespilho & Rezende (2004), um reator de eletrocoagulação

simples é composto por um ânodo e um cátodo. Quando o potencial é aplicado por uma fonte

externa, o ânodo começa a se oxidar, enquanto o cátodo sofre a redução. As reações

eletroquímicas no ânodo, podem ser resumidas genericamente da seguinte maneira:

No ânodo:

M(𝑠) → 𝑀(𝑎𝑞)𝑛+ + 𝑛e−

41

2H2O(l) → 4H(aq)+ + O2(g) + 4e−

No cátodo:

M(aq)n+ + ne− → M(s)

2H2O(l) + 2e− → H2(g) + 2OH(𝑎𝑞)−

Figura 6 - Esquemática das reações que ocorrem nos eletrodos

Fonte: apropriado de AN, 2017, p.6.

Se eletrodos de ferro e alumínio são usados, íons Fe(aq)3+ ou Al(aq)

3+ são gerados, e

em seguida desencadeiam reações que produzem seus hidróxidos e polihidróxidos

correspondentes. Por exemplo, íons Al3+ em hidrólise podem gerar Al(H2O)63+, Al(H2O)5OH2+,

Al(H2O)4(OH)2+ e os produtos da hidrólise podem formar muitas espécies monoméricas e

poliméricas como Al(OH)2+, Al(OH)2+, Al2(OH)2

4+, Al(OH)4-, Al6(OH)15

3+, Al7(OH)174+,

Al8(OH)204+, Al13O4(OH)24

7+, Al13(OH)345+, ao longo de uma ampla faixa de pH. Similarmente,

os íons férricos gerados pela oxidação eletroquímica do eletrodo de ferro, podem formar íons

monoméricos, Fe(OH)3 e complexos hidróxido poliméricos como Fe(H2O)63+,

Fe(H2O)5(OH)2+, Fe(H2O)4(OH)2+, Fe2(H2O)8(OH)2

4+, e Fe2(H2O)6(OH)44+, dependendo do pH

do meio aquoso. Estes compostos, assim como os contra íons, possuem uma forte afinidade

com as partículas dispersas, realizando a coagulação. Os gases gerados nos eletrodos, causam

a flotação dos materiais coagulados. (MOLLAH et al, 2004).

42

Bolhas de hidrogênio e oxigênio são formadas no cátodo e no ânodo

respectivamente, o sucesso da ECF depende do tamanho das bolhas formadas, como também

de sua mistura com a água. Acredita-se que bolhas menores possuem uma maior superfície de

contato para produzir ligações com as partículas coaguladas, resultando numa melhor separação

das fases. (id ibid).

2.4.2 Lei de Faraday

Temos na equação gerada pela Lei de Faraday, a relação entre o desgaste dos

eletrodos com a corrente aplicada, o nox do metal, e a massa de metal utilizada nos eletrodos.

A partir desta, equação que pode ser vista a seguir, pode-se controlar em teoria a quantidade

em massa do metal liberada na solução.

mel =i × t × M

F × n

Nesta equação temos que i é a corrente (A), t é o tempo em que realiza-se o processo

(s), M é a massa molar do elemento que predomina no eletrodo (g/mol), n é o nox do elemento

principal que compõe o ânodo (nAl = 3), e por último F que seria a constante de Faraday (9,65

x 104 C/mol). (MENESES et al, 2012).

2.4.3 Influência do material dos eletrodos

Os eletrodos do qual o reator eletroquímico é feito, devem ser compostos de

materiais sem toxicidade para saúde ou meio ambiente, geralmente utilizam-se ferro e alumínio,

por esta razão e por sua disponibilidade.

Para o caso do ânodo, o material determina os íons e as espécies liberadas na solução,

algumas delas agindo como coagulantes e outras como floculantes. Por isso, Al e Fe

são os materiais mais utilizados, pois apresentam baixo custo são facilmente

disponíveis. O material usado para o cátodo pode ser o mesmo que o usado para o

ânodo, mas podendo ser afetado pela oxidação química, que causa um excesso na

liberação dos íons na solução. Por tal motivo é que geralmente se usa um catodo inerte

como aço inox, também recomendado quando a solução tem alto conteúdo de íons

Ca2+ e Mg2+. (MERMA, 2008, p. 71).

Com eletrodo de alumínio, o produto final do tratamento de ECF não possui

coloração residual, ao contrário do efluente tratado por eletrodos de ferro que pode possuir ''[...]

43

uma cor residual verde ou amarela bastante forte. Esta coloração é proveniente dos íons Fe2+

(cor verde) e Fe3+ (cor amarela) gerados no tratamento eletrolítico. [...]'' (MERMA, 2008, p.

71).

O que influencia na geração de micro bolhas é o material utilizado nos eletrodos,

que pode ser insolúvel ou solúvel. Sabe-se que os eletrodos solúveis apresentam melhores

resultados na formação de bolhas, e este é o caso do alumínio e do ferro.

(MURUGANANTHAN et al, 2004).

Verifica-se que quando ferro e alumínio são utilizados nas mesmas condições, a

remoção de DQO, turbidez, sólidos suspensos, fenóis, e hidrocarbonetos/graxas, são maiores

para o alumínio do que para o ferro. (MERMA, 2008).

2.4.4 Influência da densidade de corrente

A equação que estipula a densidade de corrente é:

δ =I

Aânodo

Onde δ e a densidade de corrente (A/m2), I é a corrente elétrica (A), Aânodo é a área

total dos ânodos (m2).

Um aumento na densidade de corrente acarreta em uma maior formação de íons

metálicos, geração de gases hidrogênio e oxigênio, pH, e por consequencia coagulação das

partículas coloidais. Com o aumento da densidade de corrente o tamanho das bolhas diminui

até certo ponto, sendo que bolhas pequenas possuem uma eficiência maior na flotação dos

sólidos coagulados.

Após o aumento de uma certa densidade de corrente, a eficiência da flotação cai,

por causa do fenômeno de coalescência, que consiste em ser a incorporação de bolhas menores

a bolhas maiores. O uso de altas densidades de corrente acarreta em um desgaste maior dos

eletrodos, por esta razão, deve-se procurar uma densidade de corrente ideal para se conduzir a

ECF. (MERMA, 2008).

44

2.4.5 Influência do pH

O pH influencia diretamente na densidade de corrente, pois quanto mais íons estão

presentes no meio aquoso, maior será o fluxo de elétrons neste. Ainda que o consumo de energia

seja maior quando o pH está próximo ao neutro, há uma maior eficiência na remoção de

poluentes para eletrodos de alumínio. Já os eletrodos de ferro, possuem maior eficiência quando

o pH é alcalino. No entanto, alguns poluentes possuem suas faixas específicas de pH para serem

removidos.

Com relação a eletroflotação, o tamanho das bolhas também se modifica conforme

o pH, que são menores no caso do hidrogênio, e maiores no caso do oxigênio, quando o pH está

próximo a 7. (CHEN, 2004).

Segundo o que foi observado por vários autores o pH final da solução depende do

pH inicial da solução, e do material utilizado nos eletrodos. Se o material componente do

eletrodo for alumínio, e o pH inicial for inferior a 8, este tenderá a aumentar. Se o pH for maior

que 8 a tendência será uma diminuição neste. Já se os eletrodos forem de ferro, o pH final será

sempre maior que o inicial, exceto quando o pH inicial for maior que 8, a diferença entre os

dois será menor. (MERMA, 2008).

2.4.6 Influência da tensão aplicada

A tensão aplicada tem relação com a densidade de corrente, o espaçamento entre os

eletrodos, e o estado em que estes se encontram, levando em consideração sua passivação que

diz respeito a superfície de suas placas, e também da condutividade do efluente.

Segundo Gohua Chen, quando corrente passa através de um reator eletroquímico,

deve-se superar a diferença de potencial de equilíbrio, sobrepotencial anódico,

sobrepotencial catódico e queda de potencial ôhmico da solução. Enquanto o

sobrepotencial anódico considera o sobrepotencial de ativação, o sobrepotencial de

concentração e o possível de passivação - resultado da camada passivante presente na

superfície anódica -, o sobrepotencial catódico considera principalmente do

sobrepotencial de ativação, e do sobrepontencial de concentração. (MERMA, 2008,

p. 82).

Quando aumenta-se a tensão no reator tem-se uma maior geração de gases nos

eletrodos e uma maior interação das bolhas com os colóides coagulados, e portanto uma melhor

remoção de poluentes, no entanto um aumento da tensão acima do valor ótimo pode acarretar

45

em um excedente de bolhas. Além disto, altas tensões acarretam em um desgaste mais rápido

dos eletrodos. A corrente influencia diretamente no aumento da tensão, e é importante para

eficiência do processo, por esta razão deve-se visar a diminuição da tensão e o mantimento da

corrente. (MERMA, 2008).

O potencial varia com o tempo, sendo que inicialmente este aumenta até atingir seu

valor máximo e depois diminui até encontrar seu valor estacionário. ''[...] O máximo valor da

tensão e o tempo requerido para alcançar esse plateu de estado estacionário são maiores com

menores concentrações de NaCl (condutividade).'' (MERMA, 2008, p. 84).

A tensão necessária para que um corrente atravesse o efluente pode ser expresso

pela equação a seguir:

U =δ × d

k

Onde U e a tensao (V), δ e a densidade de corrente em A.m-2, d é a distância entre

os eletrodos (m), e k é a condutividade do eletrólito (S.m-1). (MERMA, 2008).

2.4.7 Consumo de energia

Em um reator eletroquímico que trabalha em um regime de batelada, o gasto de

energia pode ser medido pela seguinte equação:

Cenergia =Uit

V

Na qual Cenergia é consumo elétrico em kW.h.m-3, U é a tensão em V, i é a corrente

elétrica em A, t é o tempo do processo em h, e V é o volume total do efluente tratado em m3.

(KOBYA et al, 2005).

2.4.8 Influência da distância dos eletrodos

A distância entre os eletrodos tem um papel importante quando se trata da questão

financeira do processo, sabendo que a distância dos eletrodos não altera a eficiência do

tratamento e sim o consumo de energia.

46

No entanto, com o aumento do espaçamento, a corrente terá que ser mantida para

que se mantenha a eficiência do tratamento, e por esta razão, a tensão acabará por aumentar e

consequentemente o consumo. Com o aumento da distância entre os eletrodos, o consumo de

energia se mantém somente quando a condutividade deste é grande. Uma alta condutividade e

um menor espaçamento entre as placas gera uma economia em termos de energia.

(CAÑIZARES et al, 2007; CRESPILHO REZENDE, 2004).

2.4.9 Influência da condutividade elétrica do efluente

A condutividade ''É uma variável que afeta a eficiência de corrente, a tensão da

célula e o consumo de energia elétrica, já que a tensão da célula diminui com o incremento da

condutividade, causando uma diminuição da queda ôhmica. [...]'' (MERMA, 2008, pg. 87).

Como visto anteriormente, quanto maior for a condutividade menor será a tensão com a qual se

tem a densidade de corrente almejada, causando desta maneira, uma economia de energia.

(CAÑIZARES et al, 2007; CRESPILHO & REZENDE, 2004).

Quando a condutividade do efluente é baixa, é possível adicionar-se NaCl à solução,

fazendo que a condutividade aumente. A adição, além de promover uma melhora na

condutividade do efluente, também possui atividade desinfetante através da oxidação dos íons

cloreto em gás cloro e íons OCl-, que oxidam com eficiência moléculas orgânicas. (CHEN,

2004).

2Cl(aq)− → Cl2(g) + 2e−

Cl2(g) + H20(l) → HOCl(l) + H(aq)+ + Cl(aq)

HOCl(l) → H(aq)+ + OCl(aq)

A adição de NaCl e as reações subsequentes, resultam também em uma redução do

diâmetro das bolhas formadas nos eletrodos, sendo que estas sobem a superfície mais

lentamente do que as bolhas de diâmetro maior, possibilitando uma maior interação com as

partículas colidais. O aumento da concentração de NaCl possui eficiência na diminuição do

potencial da célula até um valor limite, que foi encontrado por alguns autores como sendo 100

ppm. (MOUEDHEN et al, 2008).

47

3 METODOLOGIA

3.1 TIPO DE PESQUISA

A investigação realizada foi de abordagem quantitativa pois a pesquisa é

considerada quantitativa quando está ''[...] dentro de análises quantitativas e qualitativas, quando

há um levantamento de dados e o porquê destes dados; [...]'' (DALFOVO, 2018, p. 4). Teve como

método de procedimento o estudo experimental por razão de que ''[...] envolve algum tipo de

experimento que deve seguir um método a rigor científico para que a estrutura se faça eficiente;[...]

(id ibid, p. 5). O nível do estudo foi caracterizado como descritivo pois tratou da manipulação

de variáveis sendo que houve ''[...] um levantamento de dados e o porquê destes dados [...]'' (id

ibid, p. 4).

Portanto a pesquisa foi de cunho experimental e quantitativo porque o objeto de

estudo foi isolado de elementos externos e estudado em sua essência. Das análises resultaram

dados quantitativos resultantes da observação das variáveis manipuladas.

3.2 DESCRIÇÃO DO PROCESSO

3.2.1 Coleta do efluente

O efluente utilizado no trabalho foi coletado na estação de tratamento de efluentes

de uma indústria de laticínios localizada no município de Armazém, Santa Catarina cuja as

principais atividades são a fabricação de queijo, requeijão e nata. O efluente foi coletado

posteriormente a passagem nas operações de gradeamento e peneiramento em sua entrada na

caixa de gordura.

Realizou-se 7 coletas do efluente, sendo que em cada uma destas recolheram-se 20

litros de efluente, que foi armazenado em frascos de polietileno sob refrigeração. As coletas e

processo de amostragem foram realizadas de acordo com as normas NBR 9897 e NBR 9898

(ABNT).

48

3.2.2 Montagem e características dos reatores

As células eletroquímicas utilizadas no reator foram compostas por 8 placas de

ferro, ou alumínio, ou ferro/alumínio. Cada placa possuía dois orifícios, e uma parte quadrada

recortada para que o sistema funcionasse em paralelo e não em série. Estas foram roscadas a

duas barras de inox, cada barra possuía 4 placas que foram intercaladas. Pelo menos duas hastes

de polímero também foram utilizadas para manter unido o par de 4 placas.

O reator eletroquímico utilizado para realizar a ECF foi de acrílico com dimensões

de 300 mm de comprimento, 150 mm de largura, e 200 mm de altura. Cada placa componente

da célula eletroquímica possuía dimensões de 95 mm de altura, 70 mm de largura, e 1mm de

espessura observando que o espaçamento entre as placas foi de 10 mm. Estas características

podem ser observadas na Figura 7 e Figura 8.

Na Figura 7, pode ser observado a célula eletroquímica composta por eletrodos de

alumínio conforme as característica especificadas anteriormente.

Figura 7 - Célula eletroquímica de alumínio

Fonte: do autor , 2018.

Na Figura 8 são mostrados o reator eletroquímico com placas de ferro e alumínio.

49

Figura 8 - Célula eletroquímica de ferro e alumínio

Fonte: do autor , 2018.

As células eletroquímicas foram conectadas a uma fonte onde era controlado a

diferença de potencial aplicado, fazendo com que as placas em paralelo possuíssem cargas

opostas. Sistema que pode ser melhor visualizado na Figura 10.

Figura 9 - Processo de ECF em funcionamento

Fonte: do autor , 2018.

3.2.3 Procedimentos e controle de variáveis do processo de eletrocoagulação/flotação

As variáveis independentes que se mantiveram constantes foram a distância entre

as placas, a área de contato dos eletrodos com o efluente, o volume do efluente utilizado no

reator. Sendo que estas foram de 10 mm, 13474,82 mm2, e 3,5 L, respectivamente. Não foi

adicionado sal ao meio para promover o aumento da condutividade, e nem ajustou-se o pH da

água residual, estas variáveis se mantiveram dependentes do efluente.

50

As variáveis independentes que foram manipuladas foram o tipo de metal dos

eletrodos, a corrente e a tensão. Os metais utilizados nos eletrodos foram ferro, alumínio e

ferro/alumínio. As correntes utilizadas para cada célula eletroquímica produzida com seu

respectivo metal foram 5, 3, e 1 ampere (A), sendo que a cada 5 minutos os pólos dos eletrodos

foram invertidos para evitar passivação dos mesmos. A tensão variava conforme a corrente

alterava. Entretanto, deve-se ressaltar que a corrente também sofria variações conforme a

condutividade e o pH do efluente.

As variáveis dependentes foram os parâmetros das águas residuais coletadas

(poluentes), águas residuais tratadas, desgaste dos eletrodos. Os parâmetros avaliados dos

efluentes foram: cor, turbidez, pH, sólidos totais, sólidos dissolvidos, sólidos suspensos, DQO,

DBO, óleos e graxas, nitratos, ferro e alumínio, e dureza em cálcio e magnésio.

Durante a execução do experimento de ECF à 5 A, para cada metal, foi feita uma

análise em triplicata, da cinética em termos de cor turbidez e pH, utilizando aproximadamente

10 mL de amostra, coletados de pontos diferentes do reator eletroquímico.

Para o caso do tratamento das águas residuais com eletrodos de ferro, foi realizada

a precipitação do ferro com objetivo de comparar a diferença dos parâmetros do efluente tratado

com ferro sem precipitação, e com precipitação em termos das características cor, turbidez,

DQO e DBO.

Para analisar a quantidade dos metais liberados para meio, foi realizada a aferição

da massa dos eletrodos antes, e subsequentemente ao tratamento.

3.2.4 Instrumentos de coleta de dados

As análises dos parâmetros Cor, Turbidez, Sólidos totais, Sólidos Dissolvidos,

Sólidos Suspensos, DQO, DBO, Óleos e Graxas, Ferro, Alumínio, Dureza em Cálcio e

Magnésio, e Nitrogênio total para água residual bruta e tratada foram realizadas de acordo com

os procedimentos do Standard Methods for Examination of Water and Wastewater, 22 Edition.

Para aferição das massas dos eletrodos utilizou-se uma balança com até três casas

após a vírgula.

3.2.5 Princípio Chauvenet

Para fazer a análise dos dados utilizou-se o princípio de Chauvenet por ser preciso

e de fácil aplicabilidade. A fórmula pode ser vista a seguir:

51

Xmédia ± (p × m)

Onde:

Xmédia = (X1+X2+X3…Xn

n)

p = erro provável = ±S

√n

m = valor tabelado

S = desvido padrão = ±√∑(Xn − Xmédia)2

n − 1

52

3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.3.1 Características do efluente bruto

Após as coletas foram realizadas as análises para o efluente bruto. Os resultados

das análise físico-químicas para efluente bruto, bem como os valores máximos e mínimos

obtidos para as diferentes amostragens são mostrados na Tabela 8.

Tabela 8 - Parâmetros do efluente bruto obtidos através das análises

Parâmetros Efluente Bruto Valores Máximos Valores Mínimos

pH 4,78 ± 0,32 5,5 4,33

Cor (Hz) 1515 ± 336,20 3310 746

Turbidez (FAU) 1500 ± 215,87 3300 650

Sólidos totais (mg.L-1) 4055,2 ± 830,21 5240 2560

Sólidos dissolvidos

(mg.L-1) 2672,05 ± 386,56

3096 1864

Sólidos suspensos

(mg.L-1) 1420,75 ± 485,59

2440 512

DQO (mg.L-1) 7462 ± 2147,14 10720 3990

DBO (mg.L-1) 4071,25 ± 129,24 2211 6036

Nitrogênio total (mg.L-1) 67,67 ± 29,67 90 34

Óleos e Graxas (mg.L-1) 2835 ± 678,82 6045 750

Cálcio (mg.L-1) 181,59 ± 37,84 224,56 124,03

Magnésio (mg.L-1) 56,06 ± 1,50 128,89 54,56

Alumínio (mg.L-1) 0,44 ± 0,24 0,78 0,1

Ferro (mg.L-1) 0,35 ± 0,20 0,3 0,05 Fonte: do autor , 2018.

Através dos valores mostrados na Tabela 8, observa-se valores elevados para

concentrações de matéria orgânica e gordura, fato este já observado por Ferreira (2011) e

Cavalcanti (1979). Observa-se também que o pH é levemente ácido, este fato pode estar

relacionado com a fermentação do efluente posterior às operações de gradeamento e

peneiramento. Do mesmo modo contata-se altos valores de dureza em cálcio e magnésio, isto

certamente está relacionado à concentração destes metais no leite conforme mostrado por

Ferreira (2011) na Tabela 3.

Além disso, apresenta elevadas variação em todos parâmetros analisados. Esta

oscilação pode estar relacionado ao fato de que o processo de fabricação dos produtos na

indústria em que o efluente foi coletado acontece por batelada, de acordo com demanda do

53

mercado. Desta maneira, como a quantidade de produto fabricado se modifica ao longo do dia,

a concentração dos contaminantes dos efluentes gerados também se alteram, apresentando

oscilações significativas nas concentrações dos poluentes.

3.3.2 Resultado da remoção de poluentes ou características indesejáveis pelos eletrodos

de ferro

Na Tabela 9, são mostrados os parâmetros analisados para efluente em diferentes

correntes, utilizando eletrodos de ferro, onde pode ser observado o percentual de remoção de

cada parâmetro analisado.

Tabela 9 - Características do efluente após o tratamento com a célula eletrolítica de ferro

Parâmetros 1 A (%)

Remoção

3 A (%)

Remoção

5 A (%)

Remoção

pH 4,36 ± 0,15 ---- 5,40 ± 0,19 ---- 5,40 ± 0,30 ----

Cor (Hz) 1482 ± 52,39 2,18 731 ± 25,84 51,75 1460 ± 51,62 3,63

Turbidez

(FAU) 480 ± 16,97

68 24 ± 0,85 98,4 60 ± 2,12 96

Sólidos totais

(mg.L-1) 2880 ± 101,82

28,98 3488 ± 123 13,98 3520 ± 124 13,2

Sólidos

dissolvidos

(mg.L-1)

2440 ± 86,27 8,68 3356 ± 119 - 25,5 3400 ± 120 - 27,24

Sólidos

suspensos

(mg.L-1)

440 ± 15,56 69,03 132 ± 4,67 90,71 120 ± 4,24 91,55

DQO (mg.L-1) 4100 ± 144,95 45,05 3540 ± 125 52,56 3230 ± 114 56,71

DBO (mg.L-1) 2664 ± 94,2 34,56 1784 ± 63,1 56,19 303 ± 10,7 92,54

Óleos e graxas

(mg.L-1) ----

---- ---- ---- 226,8 ± 8,02 92

Desgaste dos

Eletrodos (g) 1,23 ± 0,02

0,21 3,48 ± 0,05 0,59 4,86 ± 0,13 0,81

Fonte: do autor , 2018.

De acordo com os dados apresentados na Tabela 9, observa-se uma alta remoção de

DBO após o tratamento, sendo que o mesmo não foi observado na remoção de DQO. Entretanto,

analisando os valores de cor, sólidos totais, sólidos dissolvidos e o desgaste dos eletrodos,

verifica-se que há uma grande concentração de íons ferro no meio o que pode influenciar nos

ensaios de DQO, pois o ferro é um interferente neste tipo de análise.

A verificação de que havia muitos íons ferro solubilizados no efluente tratado, se

deve ao desgaste dos eletrodos. A baixa remoção de cor também é um resultado que mostra a

presença de íons ferro no efluente tratado, pois estes promovem coloração amarelada e ou

esverdeada no efluente. Da mesma forma, foi observado nas correntes de 3 e 5 A, que a maior

54

parte dos sólidos totais são sólidos dissolvidos, o que indica que ocorreu um maior desgaste do

ânodo,provocando uma elevada liberação de íons ferro para efluente.

Foi observado também uma elevada remoção na turbidez e sólidos suspensos,

demonstrando que ocorreu uma redução significativa de matéria orgânica, e que os íons ferro

foram os grandes causadores das distorções dos valores dos parâmetros de DQO.

Nas Figuras 10, 11 e 12, pode-se observar o aspecto final do efluente in situ tratado

à 5 A, 3 A e 1 A.

Figura 10 - Tratamento do efluente finalizado com eletrodos de ferro à 5 A

Fonte: do autor , 2018.

Através dos resultados apresentados, observa-se que com a corrente de 5 A ocorreu

maior formação de lodo sobrenadante (Figura 10), quando comparado com as correntes de 3 e

1 A (Figuras 11 e 12), justificando dessa forma, a redução de matéria orgânica, de sólidos

suspensos e da turbidez. Todavia, ficou evidente também que à corrente de 5 A, houve uma

maior liberação de íons ferro para o meio, que pode ser observado através dos resultados obtidos

para o desgaste dos eletrodos, sólidos dissolvidos e cor.

Na Figura 11, são mostrados o tratamento do efluente com eletrodos de ferro a 3 A.

De acordo com os resultados, observa-se uma menor formação de lodo

sobrenadante quando comparado ao tratamento com corrente de 5 A. Este fato se deve a menor

remoção de matéria orgânica, que pode ser constatada através dos valores obtidos para DBO.

Entretanto, ocorreu maior diminuição de cor, pois nesta corrente verificou-se um equilíbrio

entre liberação de íons ferro no efluente e remoção de matéria orgânica.

55

Figura 11 - Tratamento do efluente finalizado com eletrodos de ferro à 3 A

Fonte: do autor , 2018.

Para corrente 1 A, foi observado que a redução de matéria orgânica foi muito

pequena e, consequentemente, ocorreu pouca remoção de cor, turbidez, sólidos totais e

suspensos. De maneira semelhante para corrente de 3 A, o desgaste dos eletrodos foi baixo,

fazendo com que a concentração de sólidos dissolvidos não aumentasse por excesso de íons de

ferro fazendo com que a cor sofresse pouca interferência analítica (Figura 12).

A razão pela qual não obteve-se maior remoção de matéria orgânica está

relacionado com o fato de que não houve grande liberação de íons ferro para o efluente, sendo

que os íons ferro são os responsáveis pela formação dos complexos de polióxidos e

polihidróxidos que fazem a coagulação dos colóides.

Figura 12 - Tratamento do efluente finalizado com eletrodos de ferro à 1A

Fonte: do autor , 2018.

56

Devido ao fato que a melhor eficiência para remoção de matéria orgânica ocorreu

na corrente de 5 A, realizou-se uma cinética para cor, turbidez e pH, onde os dados são

mostrados na Tabela 10.

Tabela 10 - Cinética para avaliação da cor, turbidez e pH, utilizando eletrodos de ferro e corrente

de 5 A

Tempo até a coleta

da alíquota (min)

Cor (Hz) Turbidez (FAU) pH

5 660 290 4,16

10 >1000 430 4,40

15 >1000 580 5,14

20 >1000 960 5,64

25 >1000 670 5,83

30 >1000 >1000 5,96

35 >1000 1000 5,91

40 >1000 560 5,58

45 >1000 107 5,55

50 965 54 5,39

55 >1000 45 5,39

60 >1000 73 5,40 Cor, Turbidez e pH em função do tempo.

Fonte: do autor , 2018.

Como pode ser observado na Tabela 10, ocorreu uma distorção nos valores de cor

e turbidez, devido ao fato de que o ferro interfere nas análises destes parâmetros, fazendo com

que haja um aumento dos valores. No entanto, a cinética do pH foi determinada e pode ser

melhor visualizada na Figura 13.

Figura 13 - Mudança do pH em função do tempo para os eletrodos de ferro a 5A

pH em função do tempo.

Fonte: do autor , 2018.

57

Como pode ser visto na Figura 13 o pH aumenta, no entanto este aumento não é tão

expressivo por razão de que segundo Mollah et al (2004) os íons ferro tendem a formar mais

polióxidos do que polihidróxidos.

3.3.3 Resultado da remoção de poluentes ou características indesejáveis pelos eletrodos

de alumínio

A seguir na Tabela 11, evidencia-se os parâmetros do efluente após o tratamento

com a célula eletrolítica composta por eletrodos de alumínio. Na Tabela 11, observa-se na

abscissa as faixas de corrente de 5 A, 3 A e 1 A, e também o percentual de remoção de cada

parâmetro com relação a média dos parâmetros do efluente bruto. Na ordenada, visualiza-se os

parâmetros do efluente após o tratamento.

Tabela 11 - Características do efluente após o tratamento com a célula eletrolítica de alumínio

Parâmetros 1 A Remoção

(%)

3 A Remoção

(%)

5 A Remoção

(%)

pH 5,8 ± 0,20 ---- 8,25 ± 0,29 ---- 9,05 ± 0,32 -----

Cor (Hz) 464 ± 16,40 69,37 20,8 ± 0,74 98,63 82,2 ± 2,91 94,57

Turbidez (FAU) 101 ± 3,57 93,27 9 ± 0,32 99,4 45 ± 1,59 97

Sólidos totais

(mg.L-1) 2880 ± 101,8

28,98 1988 ± 70,28 50,98 2280 ± 80,61 43,78

Sólidos

dissolvidos

(mg.L-1)

2660 ± 94,04 0,45 1876 ± 66,33 29,79 2200 ± 77,78 17,67

Sólidos

suspensos

(mg.L-1)

220 ± 7,78 84,52 112 ± 3,96 92,12 80 ± 2,83 94,37

DQO (mg.L-1) 4240 ± 149,9 43,18 3704 ± 130,9 58,77 630 ± 22,3 91,55

DBO (mg.L-1) 2494 ± 88,2 38,74 1695 ± 59,9 58,36 256,49 ± 6,7 93,7

Óleos e Graxas ---- ---- ---- ---- 104,9 ± 80,6 96,3

Desgaste dos

eletrodos (g) 0,59 ± 0,02

0,2 1,75 ± 0,04 0,58 2,56 ± 0,04 0,85

Fonte: do autor , 2018.

De acordo com os resultados obtidos, ocorreu uma redução significativa de óleos e

graxas, e matéria orgânica em termos de DBO e DQO, principalmente com a corrente de 5 A.

Nesta corrente foi observado uma redução de 91,5% para DQO; 93,7% para DBO e 96,3% para

óleos e graxas. Resultados semelhantes foram observados por Mollah et al (2004), Merma

(2008), Moudhen (2008), Kobya et al (2006), entre outros.

Também foi observado uma redução expressiva na cor (94,5%), que segundo

Moudhen (2008) e Murugananthan (2004) se deve ao fato de que os íons alumínio não geram

cor residual no efluente após o tratamento por ECF. Os sólidos suspensos e turbidez também

58

tiveram elevada remoção, indicando mais uma vez a redução de matéria orgânica. Observa-se

que a maior parte dos sólidos totais são sólidos dissolvidos, indicando desta forma que a maior

parte do conteúdo de sólidos são íons alumínio dissolvidos no efluente tratado.

O pH, conforme Chen (2004) e Merma (2008), tende à aumentar, pois segundo

Mollah et al (2004) existe uma maior tendência que ocorra formação de polihidróxidos estáveis

quando são utilizados eletrodos de alumínio.

Na Figura 14, pode ser visualizado o tratamento do efluente com a célula

eletroquímica de alumínio à 5 A. Observa-se através da Figura 14, que ocorreu uma grande

formação de lodo sobrenadante, indicando desta maneira uma elevada remoção de matéria

orgânica, óleos e graxas, cor, turbidez e sólidos suspensos. Para DQO ocorreu redução de

94,5%; DBO 91,5% e para cor 93,7%.

Figura 14 - Tratamento do efluente finalizado com eletrodos de alumínio à 5 A

Fonte: do autor , 2018.

Na Figura 15, observa-se o tratamento do efluente com eletrodos de alumínio à

corrente de 3 A. Conforme pode ser constatado ocorreu uma menor formação de lodo

sobrenadante quando comparado com a corrente de 5 A. Entretanto, com a corrente de 3 A

observou-se os melhores resultados para cor (98,6%) e turbidez (99,4%), que pode ser atribuído

ao menor desgaste dos eletrodos e, consequentemente, menor liberação de íons alumínio para

o meio (efluente). Além disso, ocorreu redução de 58,7% para DQO e 58,3% DBO.

59

Figura 15 - Tratamento do efluente finalizado com eletrodos de alumínio à 3 A

Fonte: do autor , 2018.

Na Figura 16, pode ser visualizado o tratamento do efluente com a célula

eletroquímica de alumínio com corrente de 1 A. Observa-se uma pequena redução da matéria

orgânica e, consequentemente, da cor, turbidez, sólidos totais, dissolvidos e suspensos. Além

disso, observa-se também um baixo desgaste dos eletrodos, indicando que a liberação de íons

do metal foi pequeno, criando desta maneira menor possibilidade de formação de complexos

do metal e, portanto, justificando baixa remoção de matéria orgânica, com redução 43,1% para

DQO e 38,7% para DBO.

Figura 16 - Tratamento do efluente finalizado com eletrodos de alumínio à 1 A

Fonte: do autor , 2018.

Também foram realizadas cinética de cor, turbidez e pH, na corrente de 5 A com

eletrodo de alumínio, conforme mostrado na Tabela 12.

60

Tabela 12 - Cinética de Cor, Turbidez e pH, para os eletrodos de alumínio à 5 A

Tempo até a coleta

da alíquota (min)

Cor (Hz) Turbidez (FAU) pH

5 726 440 4,82

10 648 360 5,46

15 570 280 5,71

20 539 250 5,73

25 509 220 5,89

30 411 150 5,86

35 239 80 6,30

40 68,1 26 6,59

45 53,1 9 7,33

50 21,5 9 7,05

55 20,1 9 8,30

60 18,7 9 9,05 Fonte: do autor, 2018.

Diferentemente do ferro, o alumínio não gera coloração no efluente após o

tratamento, por esta razão pôde-se determinar as cinéticas de cor e turbidez.

Figura 17 - Avaliação cinética de Cor (A), Turbidez (B) e pH (C) em função do tempo utilizando

eletrodos de alumínio e corrente de 5 A.

Figura 17 A - Cor em função do tempo; Figura 17 B - Turbidez em função do tempo; Figura 17 C - pH em

função do tempo.

Fonte: do autor , 2018.

Como pode ser visualizado na Figura 17 A e B, e como já relatado por Fornari

(2008), Chen (2004), Merma (2008), entre outros autores, a cor e a turbidez decaem

A B

C

61

rapidamente em razão da remoção da matéria orgânica em forma de lodo sobrenadante. Ainda

que o tempo tenha sido mantido como uma variável fixa (60 minutos), observa-se que entre 45

e 50 minutos o tratamento apresentou sua eficiência máxima, não sendo necessário continuar o

tratamento após este período de tempo.

De acordo com Crespilho & Rezende (2004) e Mollah et al (2004), o pH tem uma

tendência a aumentar quando são utilizados eletrodos de alumínio , tal fato pode ser constatado

na Figura 17 C. O pH aumentou em função de que o eletrodo de alumínio apresenta maior

propensão à formação de hidróxidos e complexos de polihidróxidos.

3.3.4 Resultado da remoção de poluentes ou características indesejáveis pelos eletrodos

de alumínio e ferro

Na Tabela 13 pode ser visualizado a taxa de remoção dos poluentes após o

tratamento com a célula eletroquímica de ferro e alumínio.

Tabela 13 - Parâmetros do efluente após o tratamento com a célula eletrolítica de ferro e

alumínio

Parâmetros 1 A Remoção

(%)

3 A Remoção

(%)

5 A Remoção

(%)

pH 6,26 ±

0,22 ---- 6,30 ± 0,22 ---- 5,82 ± 0,21 ----

Cor (Hz) 380 ±

13,44 74,92 455 ± 16,09 69,97 116 ± 4,10 92,34

Turbidez

(FAU) 240 ± 8,48

84 130 ± 4,59 91,33 59 ± 2,09 96,07

Sólidos

totais

(mg.L-1)

2972 ±

105,1

26,71 2252 ±

79,62 44,47 2020 ± 71,42 50,19

Sólidos

dissolvidos

(mg.L-1)

2820 ±

99,70

- 5,54 2184 ±

77,22 18,26 2012 ± 71,14 24,70

Sólidos

suspensos

(mg.L-1)

152 ± 5,37 89,30 68 ± 2,40 95,21 8 ± 0,28 99,44

DQO

(mg.L-1)

4171 ±

147,5 44,1 3305 ±

116,8 55,7 1930 ± 68,23 74,13

DBO

(mg.L-1)

2579 ±

91,18 36,65 1759 ± 62,2 56,79 280 ± 19,8 93,12

Óleos e

Graxas

(mg.L-1)

---- ---- ---- ---- 255,15 ± 9,1 91

Desgaste

dos

eletrodos

(g)

1,65 ±

0,06

0,38 2,28 ± 0,08 0,52 3,55 ± 0,12 0,80

Fonte: do autor , 2018.

62

De acordo com os resultados apresentados na Tabela 13, observa-se que os

melhores resultados obtidos com eletrodos de ferro/alumínio foram com a corrente de 5 A.

Nesta corrente ocorreu redução de 93,1% para DBO; 74,1% para DQO e 91% para óleos e

graxas. Além disso, redução acima de 90% para cor, turbidez e sólidos suspensos. Resultados

inferiores foram observados para corrente de 1 e 3 A.

Os resultados de remoção de matéria orgânica, cor e sólidos dissolvidos foram

intermediários aos resultados obtidos quando foram utilizados apenas eletrodos de ferro ou

alumínio. Levando-se em consideração o fato de que quando foi utilizado somente eletrodo de

ferro, houve interferência nas análises de DQO, cor e sólidos dissolvidos, como já citado por

Merma (2008). Os resultados mostram que a utilização de eletrodos ferro/alumínio melhoram

significativamente o processo de tratabilidade.

Com relação aos sólidos totais, pode ser visto que a maior parte destes são sólidos

dissolvidos, demonstrando que a maior parte do conteúdo sólido são íons do metálicos

dissolvidos no efluente tratado.

O comportamento de alguns parâmetros quando utilizado a célula eletroquímica

composta por eletrodos de ferro e alumínio, foi intermediário às células eletroquímicas somente

com eletrodos de ferro ou alumínio.

Na Figura 18 pode ser visualizado o reator com a célula eletroquímica composta

por eletrodos de ferro e alumínio de forma alternada.

Figura 18 - Tratamento do efluente finalizado com eletrodos de ferro e alumínio à 5 A

Fonte: do autor , 2018.

Com a corrente 5 A ocorreu uma maior formação de lodo sobrenadante, indicando

alta remoção de DQO (74,1%), DBO (93,1), e Óleos e Graxas (91%). Nesta mesma faixa de

63

corrente obteve-se o maior desgaste dos eletrodos e, consequentemente, maior liberação de íons

alumínio e ferro para o meio, justificando a alta remoção de matéria orgânica. Conforme Mollah

et al (2004), Chen (2004), Merma (2008), esta remoção ocorre porque formam complexos de

polióxidos e polihidróxidos do metal liberado.

A Figura 19, mostra o tratamento do efluente utilizando célula eletrolítica de

ferro/alumínio com corrente de 3 A.

Figura 19 - Tratamento do efluente finalizado com eletrodos de ferro e alumínio à 3 A

Fonte: do autor , 2018.

Com a corrente de 3 A ocorreu menor formação de lodo sobrenadante,

demonstrando uma menor remoção de matéria orgânica no efluente tratado. Para DQO ocorreu

redução de 55,7%, DBO 56,7% e para cor 69,7%.

Na Tabela 14 são mostrado os resultados obtidos para cinética de cor, turbidez e

pH, utilizando eletrodo de ferro/alumínio com corrente de 5 A.

Tabela 14 - Cinética de cor, turbidez e pH, utilizando eletrodos de ferro e alumínio com corrente

5 A

Tempo até a coleta

da alíquota (min)

Cor (Hz) Turbidez (FAU) pH

5 >1000 >1000 4,32

10 >1000 570 4,80

15 >1000 470 5,40

20 >1000 710 5,92

25 >1000 880 5,89

30 >1000 >1000 5,88

35 >1000 710 5,79

40 >1000 530 6,02

45 >1000 440 5,70

50 >1000 61 5,80

55 948 100 5,82

64

60 >1000 79 5,82

A cinética de cor e turbidez, mostrou uma distorção significativa nos valores

obtidos pois íons ferro causam distorções em vários parâmetros como já citado por Merma

(2008), especialmente cor e turbidez.

Na Figura 20, são mostrado a cinética do pH com corrente de 5 A utilizando a célula

eletroquímica de ferro e alumínio.

Figura 20 - Mudança de pH em função do tempo para os eletrodos de alumínio e ferro à 5 A

Fonte: do autor , 2018.

Como pode ser observado na Figura 20, o pH do sistema aumentou bruscamente no

início, e subsequentemente manteve-se estável em torno de 6. Este fato mostra que a cinética

do pH apresentou um comportamento intermediário quando comparado com a cinética do pH

com eletrodos somente de alumínio ou de ferro. Todavia, observa-se que o comportamento do

aumento do pH visto quando utilizou-se eletrodos de ferro/alumínio tem maior semelhança com

o perfil do pH quando utilizou-se somente eletrodos de ferro.

Cor, Turbidez e pH em função do tempo.

Fonte: do autor, 2018.

65

3.3.5 Parâmetros do efluente posterior a remoção do ferro por alcalinização do efluente

De acordo com Merma (2008), o ferro causa uma coloração amarelada ou

esverdeada no efluente após o tratamento, e também causa distorções nas análises de DQO, cor,

e turbidez. Por esta razão, buscou-se realizar a eliminação do ferro do efluente tratado com

eletrodo de ferro. Entretanto, no efluente tratado com a célula eletroquímica de ferro e alumínio

não foi possível a eliminação do ferro por meio da alcalinização do efluente, por razão de que

as hidroxilas reagem com íons alumínio presentes no efluente não acarretando na oxidação do

ferro.

Na Figura 21, são mostrados o efluente ferroso (A), o efluente com ferro precipitado

(B) e o efluente após filtração simples (C).

Figura 21- Precipitação do ferro em pH 8,5. Efluente ferroso (A); efluente com ferro precipitado

(B) e o efluente após filtração simples (C)

Fonte: do autor , 2018.

Como pode ser observado na Figura 21 - C, os resultados visuais foram excelentes.

Sendo assim, realizou-se ensaios de alguns parâmetros. Os resultados obtidos a partir das

análises podem ser visualizados na Tabela 15 a seguir.

A

B C

66

Tabela 15 - Avaliação do efluente com o ferro precipitado

Parâmetros 1 A (%)

Remoção

3 A (%)

Remoção

5 A (%)

Remoção

pH 8,52 ±

0,03 ---- 8,56 ±

0,18 ---- 8,59 ± 0,02 ----

Cor (Hz) 29,7 ±

1,05 98,04 20,1 ±

0,71 98,67 23,9 ± 0,84 98,42

Turbidez

(FAU) 3 ± 0,11

99,8 2 ± 0,07 99,87 2 ± 0,11 99,87

DQO

(mg.L-1)

3480 ±

123 53,36 3040 ±

107,5 59,26 507 ± 17,9 93,2

DBO

(mg.L-1)

2326 ±

82,2 42,85 1264 ±

44,7 68,93 40,2 ± 1,42 99,01

Cálcio 63,23 ±

2,24 65,18 63,23 ±

0,89 65,18 29,68 ± 1,05 83,65

Magnésio 4,86 ±

0,06 91,33 16,21 ±

0,57 71,08 7,61 ± 0,27 86,42

Fonte: do autor , 2018.

De acordo com resultados apresentados na Tabela 15, observa-se uma boa remoção

em todos os parâmetros analisados. Os melhores resultados foram observados com a corrente

de 5 A, com remoção de 98,4% para cor, 99,8% para turbidez, 93,2% para DQO e 99% para

DBO.

Também foi analisado a dureza presente no efluente cujo ferro foi removido. Os

ensaios de titulação utilizando EDTA não eram possíveis anteriormente por razão de que a

presença de íons de alumínio e ferro causavam distorções nas análises. Sendo assim, com a

remoção do ferro, efetuaram-se os ensaios e as análises das titulações com EDTA, e constatou-

se uma grande redução na dureza do efluente, acima de 90%.

3.3.6 Alteração dos parâmetros avaliados com relação a cada metal

Nas figuras a seguir as células eletrolíticas com eletrodos de ferro, alumínio,

ferro/alumínio, são representadas respectivamente pelas cores vermelho, azul, e amarelo. Os

parâmetros obtidos do efluente cujo ferro foi removido são expressos pela cor preta.

A alteração dos parâmetros foi analisada ao final de cada tratamento a 5, 3 e 1

ampere.

A seguir na Figura 22 observa-se a alteração de cor para cada metal em função da

corrente.

67

Figura 22 - Alteração de Cor em função da corrente para cada metal

Vermelho - Eletrodos de ferro; Amarelo - eletrodos Fe/Al; Azul - Eletrodos de alumínio;

Preto - Efluente cujo os íons ferro foram removidos.

Fonte: do autor , 2018.

Na Figura 22, observa-se que os maiores valores para cor são provenientes do

efluente cujo os eletrodos de ferro foram utilizados no tratamento. Este fato se deve, segundo

Merma (2008) à interferência que os íons ferro nas análises de Cor.

Também observa-se que o resultado do tratamento com a célula eletroquímica de

ferro e alumínio é intermediário ao resultado obtido quando o tratamento foi realizado somente

com eletrodos de ferro ou alumínio.

A Figura 22 demonstra que quando utilizou-se eletrodos de alumínio, obteve-se os

melhores resultados visuais após o tratamento. Entretanto, os melhores resultados visuais

obtidos foram a partir do efluente cujo os íons ferro foram removidos.

Na Figura 23 a seguir, observa-se a variação da turbidez em função da corrente para

cada metal estudado.

68

Figura 23 - Alteração de turbidez em função da corrente para cada metal

Vermelho - Eletrodos de ferro; Amarelo - eletrodos Fe/Al; Azul - Eletrodos de alumínio;

Preto - Efluente cujo os íons ferro foram removidos.

Fonte: do autor , 2018.

Na Figura 23, pode-se visualizar que a remoção da turbidez, está relacionada aos

sólidos suspensos, foi similar para todos os metais. Sendo que os piores valores para remoção

ficaram com o efluente cujos eletrodos de ferro foram utilizados no tratamento, e os melhores

ficaram com o efluente cujo ferro foi removido.

69

Figura 24 - Alteração de pH em função da corrente para cada metal

Vermelho - Eletrodos de ferro; Amarelo - eletrodos Fe/Al; Azul - Eletrodos de alumínio;

Preto - Efluente cujo os íons ferro foram removidos.

Fonte: do autor , 2018.

Conforme Chen (2004) e Merma (2008), o pH no caso do efluente tratado somente

com ferro ou alumínio, em geral tende a aumentar. No entanto, a diferença entre o aumento do

pH do efluente tratado com eletrodos de alumínio para o efluente tratado com eletrodos de ferro

é grande, pois segundo Mollah et al (2004) e Merma (2008), os íons alumínio têm maior

propensão a formar polihidróxidos do metal, enquanto os íons ferro têm maior propensão a

formar polióxidos do metal.

70

Na Figura 25, observa-se as alterações de sólidos totais, dissolvidos e suspensos em

função da corrente para cada metal estudado. Pode-se visualizar nas linhas contínuas os sólidos

totais, nas tracejadas os sólidos dissolvidos, e nas pontilhadas os sólido suspensos.

Figura 25 - Alteração de sólidos totais, dissolvidos e suspensos em função da corrente para cada

metal

Vermelho - Eletrodos de ferro; Amarelo - eletrodos Fe/Al; Azul - Eletrodos de alumínio;

Preto - Efluente cujo os íons ferro foram removidos.

Linhas contínuas - Sólidos totais; Linhas tracejadas - Sólidos Dissolvidos;

Linhas pontilhadas - Sólidos suspensos.

Fonte: do autor , 2018.

Na Figura 25 são mostrados as relações entre sólidos totais, dissolvidos, e

suspensos. Observa-se que a remoção de sólidos suspensos foi maior independentemente do

metal utilizado. A máxima eficiência constatada na remoção de sólidos suspensos foi à 5 A.

Em geral houve remoção de sólidos totais, entretanto, observa-se uma baixa

eficiência na sua remoção. Além disso, observa-se que a maior parte dos sólidos totais são

sólidos dissolvidos, constatando que ocorreu uma grande liberação de íons dos metais para o

meio, fazendo com que a quantidade de sólidos dissolvidos se mantivesse alta.

Na Figura 26 são mostrados os valores de DQO e DBO em função da corrente

aplicada para cada metal estudado.

71

Figura 26 - Alteração de DQO (A) e DBO (B) em função da corrente para cada metal

Vermelho - Eletrodos de ferro; Amarelo - eletrodos Fe/Al; Azul - Eletrodos de alumínio; Preto - Efluente cujo os íons

ferro foram removidos.

Fonte: do autor , 2018.

De acordo com a Figura 26, observa-se que os resultados para remoção de DQO

são próximos, para cada metal, nas faixas de corrente de 1 A e 3 A, sendo distante somente

quando o tratamento foi realizado com a corrente de 5 A.

Com a corrente de 5 A, os piores resultados de remoção na DQO foram para o

efluente cujo os eletrodos de ferro foram utilizados no tratamento. Isto se deve ao fato de que o

ferro causa interferência nas análises da DQO. Da mesma maneira, as análises efetuadas no

efluente tratado com a célula eletroquímica de ferro e alumínio mostraram distorção nos

resultados. Portanto, por razão que o ferro é um forte interferente em vários parâmetros

analisados, realizou-se sua remoção e obteve-se os valores reais dos parâmetros, mostrando que

a remoção de DQO foi mais alta do que a remoção efetuada quando foi utilizado somente

eletrodos de alumínio.

A Figura 26 - B, mostra os valores da remoção de DBO são próximos para todos os

metais em todas as correntes. Entretanto, o efluente em que efetuou-se a remoção do ferro, foi

o que apresentou maior redução na DBO.

Na Figura 27 - A, pode ser visualizado a massa do metal liberada para o efluente

em função da corrente; e na Figura 27 - B, observa-se o desgaste dos eletrodos em função da

corrente.

A B

72

Figura 27 - Massa dos metais no efluente, e desgaste dos eletrodos em função da corrente

Vermelho - Eletrodos de ferro; Amarelo - eletrodos Fe/Al; Azul - Eletrodos de alumínio; Preto - Efluente cujo

os íons ferro foram removidos.

Fonte: do autor , 2018.

Na Figura 27 - A, observa-se que o metal que mais liberou massa para o efluente

foi o ferro, no entanto, sabe-se que o ferro é mais denso que o alumínio. Sendo assim,

relacionando-se as Figuras 27 - A e 27 - B, observa-se que os eletrodos que mais liberaram íons

para o efluente são os de alumínio, pois apesar de que sua massa liberada no efluente é menor,

sua massa atômica é menor que a do ferro, e seus eletrodos são os que mais sofrem desgaste,

principalmente à 5 A.

À 5 A, na faixa de corrente em que o tratamento teve sua eficiência máxima, a

quantidade de mols de alumínio e de ferro foi de 2,71 × 10−2 𝑚𝑜𝑙

𝐿 e 2,48 × 10−2 𝑚𝑜𝑙

𝐿

respectivamente, mostrando desta maneira, que a quantidade de alumínio liberada para o

efluente é ligeiramente maior que a de ferro.

A quantidade molar dos metais liberada pela célula eletrolítica feita com eletrodos

de ferro e alumínio à 5 A foi de 1,15 × 10−2 𝑚𝑜𝑙

𝐿 e 1,36 × 10−2 𝑚𝑜𝑙

𝐿 respectivamente, exibindo

novamente uma maior liberação de alumínio para o meio.

A B

73

4 CONCLUSÃO

As principais conclusões obtidas com realização deste trabalho foram:

1. Os melhores resultados visuais (cor) de tratabilidade para o efluente bruto foram

obtidos com a célula eletrolítica composta por eletrodos de alumínio.

2. Com eletrodos de ferro houve interferência na cor, entretanto, os resultados

foram bons quando realizou-se a precipitação ferro em pH alcalino.

3. Os melhores resultados obtidos para remoção de matéria orgânica foram à 5

amperes (A).

4. Posteriormente a precipitação do ferro, independente da célula eletrolítica

utilizada, a remoção dos contaminantes em termos de DQO e DBO foram sempre acima de

90% à 5 A.

5. A quantidade de íons alumínio liberados no efluente foi maior e sua remoção é

mais difícil do que a remoção dos íons ferro.

6. Sendo assim, por fim conclui-se que para a reutilização da água, o melhor

tratamento seria a utilização dos eletrodos de ferro, por razão de que a remoção do ferro pode

ser associada ao polimento do efluente através de cloração ou ozonólise (entre outros), e uma

posterior filtração. Os eletrodos de alumínio seriam mais indicados quando o objetivo for o

descarte do efluente, levando-se em consideração o fato de que a legislação Brasileira não

estipula valores máximos de alumínio em efluentes.

74

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