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1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE BIOLOGIA ROBERTO ALCÂNTARA GOMES DEPARTAMENTO DE ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA Uma análise qualitativa do ensino de física na 8ª série do ensino fundamental nas escolas da rede estadual em Volta Redonda Flávia Aparecida de Rezende Castro Candido Rio de Janeiro 2004

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE BIOLOGIA ROBERTO ALCÂNTARA GOMES

DEPARTAMENTO DE ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA

Uma análise qualitativa do ensino de física na 8ª série do ensino fundamental nas escolas da rede estadual em Volta Redonda

Flávia Aparecida de Rezende Castro Candido

Rio de Janeiro 2004

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE BIOLOGIA ROBERTO ALCÂNTARA GOMES

DEPARTAMENTO DE ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA

Uma análise qualitativa do ensino de física na 8ª série do ensino fundamental nas escolas da rede estadual em Volta Redonda

Flávia Aparecida de Rezende Castro Candido

Trabalho Final apresentado ao Departamento de Ensino de Ciências e Biologia, do Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista no Ensino de Ciências.

Rio de Janeiro

2004

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FICHA CATALOGRÁFICA

Candido, Flávia Aparecida de Rezende Castro

Uma análise qualitativa do ensino de física na 8ª série do ensino

fundamental nas escolas da rede estadual em Volta Redonda / Flávia

Aparecida Rezende Castro Candido - 2004

11,p. : il

Orientador: Waisenhowerk V. Melo

Monografia (Especialização) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro,

Instituto de Biologia Roberto Alcântara Gomes.

1. Física 2. Óptica 3. Ensino Médio 4. Volta Redonda I. Melo

Waisenhowerk V. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto

de Biologia Roberto Alcântara Gomes. III. Título

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE BIOLOGIA ROBERTO ALCÂNTARA GOMES

DEPARTAMENTO DE ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA

Uma análise qualitativa do ensino de física na 8ª série do ensino fundamental nas escolas da rede estadual em Volta Redonda

Flávia Aparecida de Rezende Castro Candido

Orientador: Orientador: Prof. Mte WAISENHOWERK V. MELO

Aprovada em ____ de _____________ de 2004.

.Prof: _________________________________

.Prof: _________________________________

Rio de Janeiro

2004

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“Todos que se envolvem numa ‘missão impossível’ têm de lidar com a urgência e a incerteza: educar e instruir os que não gostam da escola, que não a freqüentam com bom grado, que nela

não encontram sentido”.

Edgard Morin

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Ao meu orientador Werk, que um dia me disse que a física era algo fascinante e ao

Carlinhos da física que me convenceu disso.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu marido Alex pelo incentivo e ajuda na parte prática desta pesquisa, e a minha amiga Rhanica Evelise pela sua colaboração na produção das fotos. A todos que, direta ou indiretamente, colaboraram para a realização deste trabalho.

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LISTA DE GRÁFICOS

PáginaGRÁFICO 1 Tempo de serviço dos professores 10

GRÁFICO 2 Número de escolas que cada professor trabalha. 11

GRÁFICO 3 Número de aulas dadas pelos professores por semana. 11

GRÁFICO 4 Freqüências em que são feitos experimentos em física. 12

GRÁFICO 5 Os experimentos mais freqüentes em física. 13

GRÁFICO 6 Como os experimentos de física são realizados 15

GRÁFICO 7 Freqüência com que os professores chegam ao conteúdo de óptica. 15

GRÁFICO 8 Como é o ensino de óptica, no que diz respeito a aulas práticas. 16

GRÁFICO 9 Relação de experimentos mais comuns no ensino de óptica. 18

GRÁFICO 10 Tipo de material utilizado no ensino de óptica. 20

GRÁFICO 11 Número de escolas que possuem laboratório de ciências 21

GRÁFICO 12 Professores que utilizam sucatas na construção de experimentos em suas aulas de óptica ou apenas têm conhecimento desse tipo de trabalho

22

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SUMÁRIO

Página

LISTA DE GRÁFICOS

8

RESUMO

10

1-INTRODUÇÃO 111.1 – Objetivos 14

2-METODOLOGIA 15 2.1 – Instrumento de medida 15 2.2 – Entrada em campo 18 2.3 – População 18 2.4 – Coleta de dados 183-RESULTADO 20 3.1 – Tempo de serviço dos professores entrevistados 20

3.2 – Professores que trabalham em outra escola 213.3 – Carga horária semanal de cada professor 213.4 – Freqüência na utilização de experimentos em física 223.5 – Experiências mais viáveis no ensino de física 233.6 – Quem executa os experimentos de física? 253.7 – Professores que chegam ao conteúdo de óptica 253.8 – Professores que realizam experimentos quando ensina óptica 263.9 – Experimentos viáveis no ensino de óptica 283.10 – Material utilizado no ensino de óptica 293.11 – Escolas que apresentam laboratório 303.12 – Professores que conhecem ou utilizam sucatas em suas aulas e óptica 303.13 – Sugestões de experimentos de óptica feitos com material de baixo custo 32 3.13.1 – Caleidoscópio 32 3.13.2 – Caleidoscópio com água 33 3.13.3 – Periscópio 34 3.13.4 – Disco de Newton 35 3.13.5 – Câmara escura 36 3.13.6 – Imagem infinita 37 3.13.7 – Projetor de slides 38 3.13.8 – Persistência retiliana 40 3.13.9 – Cofre mágico 41 3.13.10 – Prisma 42

4 – DISCUSSÃO 435 – CONCLUSÕES 47BIBLIOGRÁFIA 49

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RESUMO

O objetivo principal deste trabalho é investigar como os professores de 8ª série das

escolas estaduais em Volta Redonda têm trabalhado a física, especificamente a óptica. Par tal,

houve a necessidade de se fazer uma entrevista com cada professor desta série, usando como

instrumento, um questionário composto de doze perguntas direcionadas não só a metodologia

aplicada pelo professor, como também os diferentes fatores que influenciam na sua prática

diária em sala de aula. Os resultados foram explicitados em forma de gráficos, para facilitar a

comparação entre as respostas dadas por diferentes professores. Após análise detalhada dos

resultados, conclui-se que o livro didático não é o único recurso utilizado pelos professores,

há aqueles que realizam aulas mais dinâmicas através da utilização de experimentos. Nota-se

que o fato de alguns professores não realizarem aulas práticas, não está relacionado

exclusivamente a falta de laboratório em sua escola, outras questões interferem neste

processo, dentre elas pode ser citado a falta de conhecimento por parte do professor, de

experimentos realizáveis com material de baixo custo ou sucata, o que poderia ser

intensamente aplicado nas escolas desta rede de ensino, que dispõem, em sua maioria, de

pouco recurso financeiro para investir num laboratório.

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1 - INTRODUÇÃO

Ensinar ciências não é algo muito fácil, aliás, ensinar não é fácil, pois exige de

quem o faz, a visão de que o aluno não deve ser preparado apenas para decorar conceitos e

palavras difíceis, e sim que, o conhecimento adquirido deve servir para que ele desenvolva

uma capacidade de compreensão do mundo em que vive, e possa a partir daí agir de maneira

mais crítica e consciente diante das escolhas e decisões a serem tomadas (PCN, 1998). Esta

deveria ser a postura assumida pelas escolas quando se propõem ensinar ciências.

O perfil do professor meramente informador já esta superado, é importante que se

reconheça que transmitir os conhecimentos da ciência é diferente da disciplina escolar

ciências, pois os cientistas visam em suas pesquisas descobrir algo inédito que possa explicar

o desconhecido. Já a ciência trabalhada na sala de aula tem conhecimento prévio dos

resultados e a partir daí conduz o aluno a pensar nas diversas formas de chegar até estes

resultados (Carvalho, 1998; Bizzo, 2002).

Há cinco características básicas que podem direcionar o ensino de ciências para a

construção de cidadãos críticos:

1ª - É preciso levar mais realidade para a sala de aula ao tentarmos explicar

determinados conceitos, o ensino não deve ser direcionado apenas a mentes privilegiadas,

desvinculado da nossa vivência diária;

2ª - O professor deve se esforçar para levar o conhecimento ao aluno através de uma

linguagem mais clara, fugindo o abstrato e indo de encontro a uma realidade mais concreta;

3ª - O dogmatismo deve ser deixado de lado para que as discussões possam surgir, é

importante criar situações problemáticas interessantes para que os alunos se envolvam

intelectualmente com a situação e tire suas próprias conclusões;

4ª - Os conhecimentos não devem ser tratados de maneira a-histórica, é importante

manter relações com o passado; e

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5ª - A avaliação deve ser usada como uma ferramenta de aprendizagem para avançar

no conhecimento e não como instrumento de controle para adequar o que foi planejado com o

que foi aprendido (Chassot, 2001).

Um dos pré-requisitos exigidos do professor é o de que ele tenha um perfeito

domínio do conteúdo da disciplina a ser trabalhada por ele. Tal conhecimento propiciará ao

professor a condição de articular livremente os conteúdos selecionando aqueles que dêem

uma visão atual da ciência e os que despertem maior interesse dos alunos (Gil-Pérez, 2001).

Hoje, o professor não pode se prender a idéia de que o programa curricular exigido

pela Escola deva ser cumprido do início ao fim, deve existir também a preocupação de se

aprofundar mais, nos assuntos de maior interesse dos alunos, caso contrário o ensino voltará a

adquiri as mesmas características observadas no ensino tradicional, onde o professor

transmitia seus conhecimentos de acordo com um modelo já elaborado, limitando-se a

apresentações expositivas, sem se preocupar com a construção do conhecimento (Gil-Pérez,

2001).

Por outro lado, modificar o ensino tradicional exige muito conhecimento por parte

de quem o faz, pois para que ocorra uma substituição deve-se criar um modelo igual ou de

maior eficácia.

Segundo Driver e Oldham (1986, p.42) o objetivo do construtivismo talvez seja:

‘conceber o currículo não como um conjunto de conhecimentos e habilidades,

mas como o programa de atividades através dos quais esses conhecimentos e habilidades

possam ser construídos e adquiridos’.

Portanto, a eficácia docente de alguns professores vem-se reduzindo a cada dia. Os

que se mantém na profissão vivem diante de contradições como a de que os velhos modelos

não são mais válidos, mas ainda os usam, talvez por não saberem como modificá-los.

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Outro fato muito discutido, relacionado a atuação do professor, é o de que ele se vê

sobrecarregado de trabalho, pois deve ser o responsável por manter a disciplina e ao mesmo

tempo ser simpático; deve dar atenção a todos, sem deixar para trás os que não acompanham o

ritmo do restante da turma; é também o responsável por cuidar do ambiente da sala,

programar, avaliar, orientar, organizar as atividades... as obrigações são infinitas

(Zaragoza,1999).

A prática de ciências deve ser vista como algo primordial no ensino fundamental,

não mais numa visão de simplesmente reforçar os conhecimentos já adquiridos e sim para que

os alunos possam redescobrir conhecimentos já elaborados por eles (Coll et al., 1996).

O objetivo da utilização de trabalhos práticos não é o de que o aluno descubra novos

conceitos, mas que sirva de alicerce para que o professor possa a partir de hipóteses e

conhecimentos anteriores, levar o aluno a ver os fenômenos que ocorrem a sua volta de outra

maneira (Carvalho, 1998).

Os modelos podem ser usados para auxiliar no aprendizado quando a realidade é

complexa ou quando o aluno pouco conhece do conteúdo abordado, pois nada mais são do

que ferramentas simples, criadas para tratar certos conhecimentos (Chassot, 2001).

Para despertar no aluno o conhecimento científico, o professor deve criar um

problema. Pois só a partir de um problema ele será estimulado, o que gerará discussões e

desafios, promovendo a autoconfiança necessária para a descoberta de uma solução (PCN,

1998).

É importante que durante uma aula prática o aluno tenha um tempo para explicar como

fez seu experimento, caso contrário, terá sido um mero manuseio de objetos. As aulas de

ciências devem ser sempre direcionadas a fazer com que o aluno deixe de ser um agente

meramente observador e passe a ter um papel mais ativo.

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1.1 - OBJETIVOS

O objetivo deste trabalho é descobrir se os professores de Ciências da 8ª série do

município de Volta Redonda trabalham física de maneira prática.

Acredita-se que em função de diversos fatores como a ausência de um laboratório de

ciências, ou até mesmo de uma sala onde os professores possam guardar seus experimentos,

assim como a falta de tempo, devido ao fato de terem que trabalhar em diversas escolas, os

professores acabam ensinado física, através de aulas meramente expositivas com poucas

experiências práticas, pois afinal, mudar tal metodologia requer tempo para montar

experiências, e na maioria das vezes o transporte desses materiais se torna inviável.

Outro fator que leva a crer na realização de aulas menos atrativas é o de os professores

desconhecerem a utilização de materiais de baixo custo capazes de lhes auxiliar na abordagem

de determinados conteúdos com pouco ou nenhum gasto.

Apesar de sabermos que ensinar não é tão fácil, principalmente quando se quer romper

com velhas e tradicionais formas adotadas, hoje, o professor que se detém a levar apenas

informações prontas para serem transmitidas na sala de aula, sem sequer se preocupar com a

produção do conhecimento pelo aluno, ou leva uma bagagem de conhecimentos e

informações totalmente desvinculada da realidade do dia-a-dia do aluno, já está superado

(Carvalho, 1998).

Partindo do pressuposto de que as escolas da rede estadual de ensino em Volta

Redonda atendem a uma clientela, em sua maioria, de baixa renda, fica aqui a disposição do

professor interessado em mudar sua forma de ensinar física, especificamente a óptica, uma

série de experimentos realizados com sucata ou com materiais de fácil obtenção, que com

certeza despertarão no aluno um interesse maior pela disciplina.

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2- METODOLOGIA

2.1 - INSTRUMENTO DE MEDIDA

Para avaliar o ensino de física, das escolas de ensino fundamental em Volta Redonda,

mais especificamente a óptica, se fez necessário uma sondagem dos professores,

elaboramos através de um questionário, doze perguntas que buscaram a identificar não só

como os professores têm realizado suas aulas, como também, os diferentes fatores que

interferem no seu desempenho enquanto educador.

A questão número 1 busca fazer um elo de ligação entre a experiência profissional do

educador e a qualidade de suas aulas, acredita-se que o professor com mais experiência no

magistério tenha uma “bagagem” acumulada, pois teve mais oportunidades de se reciclar,

para atender melhor as exigências atuais da educação.

Já as questões 2 e 3 estão relacionadas ao tempo em que o professor se encontra na

sala de aula, às vezes, tendo que atender a linhas de trabalho pedagógicos diferentes, como

é o caso daqueles que lecionam em duas ou mais redes de ensino. As respostas

apresentadas nestas questões vêm sugerir uma ligação entre a dinâmica do professor em

seu dia-a-dia com o tempo que ele tem disponível para uma cuidadosa elaboração dos

conteúdos que irá trabalhar, pois se o professor dispõe de pouco tempo, provavelmente

suas aulas serão embasadas em atividades que lhe exija menos, no que diz respeito a sua

elaboração e correção.

Outras questões como as de número 4, 5, 6, 8 e 12 estão voltadas a investigar se as

aulas de física são meramente expositivas ou se são realizadas com uma maior

participação dos alunos.

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A pergunta de número 7 revela se o professor sempre chega ao conteúdo de óptica, a

de número 9 e 10 avaliam se realmente o conteúdo é trabalhado com aulas práticas, e se

isso for positivo, indica quais os materiais são selecionados para estas aulas.

A pergunta número 11 avalia se a escola tem laboratório de ciências.

A última pergunta visa verificar se o professor tem conhecimento de experimentos

feitos com sucata ou material de baixo custo que podem ser usados em suas aulas, fugindo

do discurso de que há a necessidade nas escolas de um laboratório equipado para que os

alunos possam aprender física.

Abaixo está relacionado o questionário que foi aplicado aos professores.

1- Há quanto tempo você leciona?

2- Trabalha em outra escola?

( ) Não ( ) Sim. Do município ( ) Sim. Do próprio estado ( ) Sim. Particular

3- Qual a sua carga horária semanal?

4- Com qual freqüência você trabalha com utilização de experimentos no estudo da

física?

( ) Uma vez por semana ( ) No final de cada conteúdo

( ) Uma vez por bimestre ( ) Antes da aula teórica

( ) Nunca ( ) Outros

5- Que experiências são mais viáveis no ensino de física? Por quê?

6- Quando você faz um experimento, quem costuma executá-lo?

( ) Você mesmo ( ) O próprio aluno

( ) Os alunos executam sob a sua orientação ( ) O aluno observa o que você faz e

depois

( ) Outros executa o seu

7- Você sempre chega ao conteúdo de óptica?

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8- Você costuma realizar experimentos quanto ensina óptica? ( ) Sim ( ) Não

9- Que experimentos são mais viáveis de se fazer no ensino de óptica?

10- Que tipo de material você utiliza em suas aulas de óptica?

11- Na sua escola tem laboratório? ( ) Sim ( ) Não

12- Você conhece ou utiliza algum tipo de experimento em suas aulas de óptica construído

com sucatas?

( ) Sim ( ) Não

Quais?

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2.2 - ENTRADA EM CAMPO

Após receber encaminhamento oficializado da Coordenadoria Regional de Ensino do

Médio Paraíba II, indicando todas as escolas da rede estadual com ensino fundamental

completo em Volta Redonda, tem início a pesquisa de campo, com o prévio consentimento

das direções e dos professores participantes, aos quais foi comunicado que o objetivo da

pesquisa era fazer uma análise da qualidade do ensino de física na 8ª série.

Paralelamente à coleta de dados através do questionário, foi observado o

comportamento de cada professor durante o seu preenchimento, o que servia como indicativo

da autenticidade das respostas apresentadas por eles.

2.3 - POPULAÇÃO

Foram entrevistados dezessete professores de todas as escolas da rede estadual de

ensino em Volta Redonda, no estado do Rio de Janeiro. A escolha desta rede de ensino se deu

em função da mesma atender em sua maioria uma comunidade de baixa renda.

Foi escolhida a 8 ª série do ensino fundamental por ser a série responsável por embasar

o aluno para o ensino de física num estágio superior que é o ensino médio.

2.4 - COLETA DE DADOS

O principal enfoque deste trabalho é mostrar a forma como os professores de ciências

de 8ª série do ensino fundamental trabalham o conteúdo de óptica. Para tanto foram

entrevistados dezessete professores em suas respectivas escolas, todas da rede estadual

situadas na cidade de Volta Redonda no estado do Rio de Janeiro.

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19

Os professores foram entrevistados um a um, em momentos diferentes, em sua própria

escola, através de um questionário constituído por perguntas abertas e fechadas relacionadas

não só a metodologia usada em suas aulas, como também, qual a carga horária semanal

realizada por ele, e qual o seu tempo de atuação no magistério. Estas perguntas foram

inseridas com a finalidade de verificar se a experiência adquirida pelo professor ao longo dos

anos se relaciona ou não com a busca de um maior dinamismo em suas aulas, principalmente

no que diz respeito a utilização de experimentos, e se a carga horária semanal cumprida por

ele, o permite reservar um período de tempo para a procura de experimentos, caso não os

conheça, a elaboração e a testagem dos mesmos para que possa administrá-los em suas aulas

com maior segurança.

A aplicação de um questionário, que o entrevistador acompanhou, permitiu ao

professor entrevistado a vantagem de contar com o aplicador para algum esclarecimento, além

de, gerar um resultado uniforme entre os entrevistados, onde as respostas puderam ser

comparadas mais claramente com as de outros questionários.

Para responder as perguntas, o professor teve o tempo que julgou necessário, o

questionário foi aplicado no horário que o professor estava livre, evitando assim que se

ausentasse da sua sala de aula, o que poderia ter gerado uma certa preocupação, fazendo com

que a entrevista fosse rápida, interferindo em seu resultado final.

Foram levadas em consideração algumas observações feitas durante a entrevista como

gestos, momentos de silêncio e entonação de voz do entrevistado, pois estes dados ajudaram

na conclusão sobre as questões respondidas.

A coleta de dados se deu nos meses de março e abril de 2003.

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3 - RESULTADOS

Em Volta Redonda existem dezoito escolas estaduais que oferecem a 8ª série

do ensino fundamental, sendo que só foi possível trabalhar com dados fornecidos por

dezessete delas, pois um professor se recusou a participar da entrevista.

3.1 - Tempo de serviço dos professores entrevistados:

Dos dezessete professores entrevistados, observa-se que quinze lecionam a mais de

seis anos, alguns chegam a vinte anos, sendo levado em consideração apenas o tempo de

exercício no magistério com o ensino fundamental. Esses dados podem ajudar a concluir se

o tempo de experiência do professor faz com que ele elabore aulas mais dinâmicas e

participativas.

GRAFICO 1 Tempo de serviço dos professores

2

56

3

10123456789

1011121314151617

0 a 5 6 a 10 11 a 15 16 a 20 21 a 32

Anos lecionados

Professores entrevistados

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3.2 - Professores que trabalham em outra escola:

Outro fator a ser levado em consideração quando se fala em qualidade da aula, é o

fato de que provavelmente em função de baixos salários, a maioria dos professores se vê

obrigados a trabalharem em mais de uma escola, o que acaba levando estes profissionais a

um esgotamento, comprometendo o seu desempenho no dia-a-dia.

GRAFICO 2 Número de escolas que cada professor trabalha

5 56

10123456789

1011121314151617

Em 1 únicaescola

Em 2 escolas 3 escolas Em 4 escolas

3.3 - Carga horária semanal de cada professor:

O número de escolas que o professor trabalha pode ou não estar relacionado com o

elevado número de aulas dadas por ele, nota-se portanto que grande maioria trabalha em

média 40 aulas semanais. Alguns chegando a 60 horas semanais.

Professores

i d

Nº de escolas

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22

GRAFICO 3 Número de aulas dadas pelos professores por semana

3

9

32

0123456789

1011121314151617

20 a 30aulas

31 a 40aulas

41 a 50aulas

51 a 60aulas

3.4 - Freqüência na utilização de experimentos em física:

Mesmo apresentando elevado número de aulas semanais, os professores afirmam

que trabalham com aulas práticas utilizando diversos experimentos. A freqüência, porém,

desse tipo de aula não é elevada, pois três professores dizem trabalhar com aulas práticas

no final de cada conteúdo, sendo que a maioria opta por explorar a prática com

experimentos só quando os alunos apresentam grande dificuldade em assimilar a teoria;

quando conhecem um experimento interessante que irá atrair a atenção dos alunos ou

quando há experimentos fáceis, normalmente sugeridos pelo próprio livro didático, onde os

alunos providenciam o material necessário e o executa, ou o professor o realiza (apenas um

demonstrativo) e o expõe a turma.

Professores entrevistados

Nº de aulas dadas por semana

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23

GRAFICO 4 Freqüência em que são feitos experimentos de física

02

53

1

6

0123456789

1011121314151617

1 vez porsemana

1 vez porbimestre

Nunca No final decada

conteúdo

Antes daaula teórica

Outros

Obs.: Se encaixam na opção “outros” do gráfico aqueles que não apresentam periodicidade

permanente na execução de experimentos, os faz quando julgam necessário, seja por facilitar

a compreensão de uma teoria complicada ou pela facilidade na obtenção de material ou ainda

pelo interesse demonstrado pelo aluno.

3.5 Experiências mais viáveis no ensino da física:

O conteúdo em que os experimentos são executados com maior freqüência é a

óptica. Seguido da eletricidade e da dinâmica. Professores afirmam que é o assunto que

apresenta experimentos mais fáceis de serem realizados, além do material ser de fácil

acesso.

Professores entrevistados

Freqüência de aulas práticas

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24

GRAFICO 5 Os experimentos mais freqüentes em física

56

7

13

2 2 21

42

Dinâmica Eletricidade Óptica Misturas ecombinações

Magnetismo Ondas Força Calor Máquinas Nenhuma As que omaterial é defácil acesso

Professores entrevistados

Conteúdos trabalhados na prática

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3.6 - Quem executa os experimentos de física?

Por acreditarem que o aluno é capaz de aprender com uma facilidade maior quando

executa um trabalho prático, a maioria dos professores prefere orientar seus alunos para

que eles mesmos façam seus experimentos em sala de aula.

GRAFICO 6 Como os experimentos de física são realizados

2

10

2 23

O próprioprofessor

O próprioaluno

Não fazexperimentos

Observação:

O mesmo professor pode optar por trabalhar com metodologias diferentes.

3.7 - Professores que chegam ao conteúdo de óptica:

Nove dos professores entrevistados disseram que apesar da extensão do conteúdo de

ciências na 8ª série conseguem chegar ao ensino de óptica, mesmo sendo através da forma

Professores entrevistados

Como os experimentos são feitos

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de apresentação de trabalhos pelos alunos. Outros nunca chegam, alegando que os alunos

têm dificuldade em compreender conteúdos anteriores como aqueles que exigem a

realização de cálculos, atrasando assim o programa. Há aqueles que nem sempre

conseguem abordar o assunto.

GRAFICO 7 Freqüência com que os professores chegam ao conteúdo de óptica

9

6

2

0123456789

1011121314151617

Sempre Nunca Ás vezes

3.8 - Professores que realizam experimentos quando ensina óptica:

Nove dos professores afirmam realizar experimentos em suas aulas de óptica, não

abrindo mão da utilização do livro didático, a única ferramenta que realmente possuem.

Durante suas aulas práticas realizam experimentos confeccionados com material de baixo

custo, geralmente fornecido pelos próprios alunos, como espelhos, copo d’água, colher,

motores velhos etc. Tais materiais são escolhidos por eles por serem comuns em casa.

Mesmo realizando aulas práticas não consideram isto uma tarefa fácil, pois suas aulas são

ministradas em turmas que o número de alunos variam de trinta e cinco a quarenta, mas

acreditam que aulas assim são mais atraentes e facilitam o aprendizado.

Professores entrevistados

Conclusão do conteúdo de óptica

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GRAFICO 8 Como é o ensino de óptica, no que diz respeito a aulas práticas

98

0123456789

1011121314151617

Realizam experimentos Não realizam experimentos

Professores entrevistados

Realização de experimentos

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3.9 - Experimentos viáveis no ensino de óptica:

Dentre todos os experimentos possíveis de serem realizados nas aulas de óptica o

mais citado pelos professores foi o Disco de Newton.

GRAFICO 9 Relação de experimentos mais comuns no ensino de óptica

13

1

4

12

1 13

Observaçãocom lupas

Refração Reflexão Disco deNewton

Câmaraescura

Imagem noespelho

Prisma Periscópio Colher"quebrada"num copo

d`água

Professores entrevistados

Experimentos de óptica

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3.10 - Material utilizado no ensino de óptica:

Dos professores entrevistados, seis afirmam realizar experimentos em suas aulas de

óptica, todos confeccionados com material de baixo custo.

GRAFICO 10 Tipo de material utilizado no ensino de óptica

6

17

0123456789

1011121314151617

Material de baixocusto

Livro didático

Obs.: De todos os professores entrevistados, apenas um não utiliza o livro didático

como apoio em suas aulas, usa apenas o quadro negro e às vezes fitas de vídeo.

Outros além do livro didático utilizam material de baixo custo levado pelos próprios

alunos para a construção de experimentos.

Professores entrevistados

Material utilizado

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3.11 - Escolas que apresentam laboratório:

Apenas duas escolas da rede estadual em Volta Redonda apresentam laboratório de

ciências. Os professores das escolas que não apresentam laboratório se queixam e alegam

que sem um espaço apropriado a realização de experimentos se torna inviável, por isso

realizam apenas alguns experimentos, mas sem uma periodicidade, os fazem apenas

quando julgam difícil o conteúdo que estão trabalhando ou quando conhecem algum que

irá atrair a atenção dos alunos.

GRAFICO 11 Número de escolas que possuem laboratório de ciências

15

2

0123456789

1011121314151617

Não Sim

3.12- Professores que conhecem ou utilizam sucatas em suas aulas de óptica:

É grande o número de professores que realizam experimentos em

suas aulas de óptica utilizando sucatas. Os próprios alunos são responsáveis

Professores entrevistados

Laboratório

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por providenciar o material, pois a medida que se envolvem na busca deste

material sua participação na construção do experimento em sala torna-se

mais intensa.

GRAFICO 12 Professores que utilizam sucatas na construção de experimentos em suas

aulas de óptica ou apenas têm conhecimento desse tipo de trabalho

12

4

10

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

Professores que conhecem ouutilizam sucatas em suas aulas de

óptica

Professores que não utilizam e nãoconhecem experimentos de óptica

feitos com sucata

Professores que apenas conhecemexperimentos de óptica feitos com

sucata e não os utilizam

Os experimentos de óptica feitos com sucata que os professores

conhecem e utilizam são: Câmara escura, prisma, caleidoscópio, disco de

Newton, periscópio e projetor.

Professores entrevistados

Utilização de sucata em óptica

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3.13– Sugestões de experimentos de óptica feitos com material de baixo custo

3.13.1 - Caleidoscópio

Caleidoscópio

Fixe as três réguas com fita adesiva de modo a formar um triângulo. Enrrole o triângulo nas folhas de papel jornal para que entre imprensadono tubo de papelão. Agora encaixe o tubo de papelão no PVC. Escolha uma das extremidades para colar com o silicone o bico da garrafa pet. Na outra extremidade faça duas fendas em sentido oposto para encaixar uma fita de papelde presente. Agora é só puxar a tira de papele v i s u a l i z a r o e f e i t o p e l o o r i f í c i o .

Arco de serra, papel de presente, tesoura, tinta plástica, cola de silicone, pincel, fita adesiva, 3 réguas de 30cm cada, 1 bico de garrafa pet tubo de PVC de 13 cm de circunferência

, 1 tubo de papelão usado na embalagem de papel alumínio.

com 33cm de comprimento, 3 folhas dejornal

Fig. 1 Fig. 2

Fig. 3

Fig. 6Fig. 5Fig. 4

Fig.7

Fig. 8 Fig. 9

Fig. 10

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3.13.2 - Caleidoscópio com água

Caleidoscópio

Fig. 3Fig. 2

Arco de serra, 2 canudos de refrigerante coloridos, faca, tesoura,1 tubo de ensaio de15cm de comprimento tinta plástica, cola de silicone, pincel, fita adesiva, 3 réguas de 30cm cada, 1 bico de garrafa pet,

, tubo de papelão usado na embalagem de papel alumínio .

com água,

, 3 folhas de jornaltubo de PVC de 13cm de circunferên-

cia e 33cm de comprimento

Fig. 5

Fig. 4

Fig. 9Fig. 8Fig. 7Fig. 6

Fig. 13Fig. 11

Fig. 12

Fig. 10

Fixe as três réguas com fita adesiva de modo a formar um triângulo. Enrrole o triângulo nas folhas de papeljornal para que entre imprensado no tubo de papelão, antes de encaixar corte as sobras de jornal. Agora en-caixe o tubo de papelão no PVC. Escolha uma das ex-tremidades para colar com o silicone o bico da garrafapet. Na outra extremidade faça uma abertura com a fa-ca para que o tubo de ensaio encaixe sem folga. Agora é só girar o caleidoscópio e observe o efeito pelo orifício. Fig. 14

Fig. 1

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3.13.3 – Periscópio

Periscópio

Utilize dois pedaços com 30 cm de comprimento e 5 cm de diâmetro cada, una-os com outropedaço de mesmo diâmetro porém, com 8 cm de comprimento, completamente cortado na horizontal.Escolha uma das extremidades de um dos tubos maiores para fazer um orifício de aproximadamentede 1 cm de diâmentro onde poderá ser observado a imagem de um objeto qualquer. Na mesmaextremidade faça um corte nadiagonal para colar com silicone um espelho oval. No outrotubo faça uma abertura com um ângulo de 45º em uma das extremidades e cole também um espelho como feito no outro tubo. Decore o periscópio com tinta plástica ou spray.

de PVC

Fig. 1

Fig. 2

Fig. 4

Fig. 3

Fig. 7Fig. 6

Fig. 8

Fig. 11

Fig. 9Fig. 10

Serra, pincel, faca, cola de silicone, tintaplástica, dois espelhos ovais um tubo de PVC.

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3.13.4 – Disco de Newton

Disco de Newton

Utilize um motor elétrico (de exaustor de cozinha), no seu eixo central encaixe um disco de cartolina

core svermelho, v erde , roxo, ama re lo, azul escuro, laranja e azul claro. Ligue o motor e observe quea cor branca é resultante da mistura de todas estas cores.

com tamanho aproximado ao de um CD. Dividao disco em sete partes e pinte-as nas

Fig. 6

Fig. 1

Fig. 2

Fig. 4

Fig. 5

Fig. 3

Tesoura, cola de silicone, lápis de cor, cartolina e motor elétrico (de exaustor de cozinha).

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3.13.5 - Câmara Escura

Câmara Escura

Faça uma abertura circular de mais ou menos 2,5 cm diâmentro em uma das extremidadesda caixa. No canto esquerdo com a ponta de uma faca faça um pequeno orifício pelo qual deverá passar o arame que sustenta o papel vegeta com moldura de papelão no interiorda caixa. Na outra extremidade faça um outro furo centralizado, que servirá para entrada deluz. Com o alicate de bico envergue a pontado arame que ficará na parte externa da caixa para que facilite ajuste do foco dado pelopapel vegetal. N ole a lente com f i t a a d e s i v a e e n c a p e a c a i x a .

o círculo c

1caixa de sapato, alicate, estilete, cola alicatede bico, 1 lente de óculos de alto grau, 40cm de arame, papel vegetal e um pedaço de papelãona altura e largura da menor parte da caixa desapato, uma folha decorada para encapar.

Fig. 1

Fig. 2 Fig. 3 Fig. 4

Fig. 5 Fig. 6 Fig. 7

Fig. 8

Fig. 10

Fig. 9

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3.13.6 – Imagem Infinita

Imagem Infinita

Corte um pedaço de papelão com cerca de 0,5 cm a maisde largura que a medida de dois espelhos iguais juntos.Encape-o com papel decorado utilizando fita adesiva.Agora cole os dois espelhos com cola de silicone nopapelão encapado deixando um espaço de mais ou menos0,5 cm entre eles. A montagem ficará semelhante a uma capa de livro aberta, que deverá ficar em pé sobre um transferidor. Coloque entre os dois espelhos um objetoqualquer e os articule de modo a formar várias imagens a medida que o ângulo de abertura se modifica.

Fig. 6

Fig. 1

Fig. 2

Fig. 5

Fig. 4

Fig. 3

Tesoura, cola de silicone, f ita adesiva larga e estreita, transferidor, papel decorado, dois espelhos de 15X21 cm papelão e um objeto pequeno.

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3.13.7 – Projetor de Slides

Numa base de madeira na peça 2 de 13X30X1cm de espessura pregue a madeira de fundo na peça 3que deve medir peça

24cm. Na parte superior pregue duas madeiras de 10X10X1cm deixando um espaço de 10cm entreelas, como na peça 6. Conecte um interuptor e uma tomada em um metro de fio que deverá passarpor um orifício feito na peça 3com aproximadamente 20cm de altura e ligue-o na outra extremidade à um soquete com lâmpada de 60W. Prenda-o numa base de madeira e una a um anel de PVC de 4,5cmde diâmetro. Em seguida encaixe este conjunto no tubo de PVC de 4,5cm de diâmetro 40cm de comprimento com 4,5 cm de diâmetro, prenda-o com um parafuso nas bases de 10X10cm que ficam naparte superior. Encaixe a peça número 5de forma que o PVC seja encaixado no furo superior (ver figura 8).

30X10X1 cm. Fixe duas folhas de compensado na 1 nas medida de 30X30cmnas peças 2 e 3. Pregue duas madeiras na medida de 30X1X1cm para unir a base na peça 4 às laterais,dando assim uma melhor sustentação. Faça dois furos de aproximadamente 4,5cm de diâmetro numa madeira de 30X10X1cm, sendo que um dos furos deverá ser feito à 10cm de altura da base e o outroà

Fig. 1

30cm

10cm(3)

Fig. 3

30c m

10cm

4,5c m de diâmetro

(5)

Fig. 4

10cm

10cm

Fig. 7

8

Fig. 10

10cm

Fig. 6

Fig. 9

Fig. 5

Fig. 8

Folhas de compensado e madeira de espessura maior nas medidasindicadas abaixo, serra, duas lâmpadas, papelão, isopor, alicate de bico, faca, estilete, chave de fenda, prego, parafuso de aproximadamente10cm de comprimento martelo, fita adesiva larga, soquete paralâmp ad a, f io p ara le lo , in te rrup tor , to mada e u m s lid e.

Fig. 2

30cm

30cm(1)

30X1X1cm (4)13X30X1cm (2)

10cm

10cm

(6)

1cm

(3)

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Utilizando uma faca e um alicate de bico, retire o lacre de uma lâmpada e com uma chave de fenda quebre seu filamento. Coloque água na lâmpada e vede-a com um tampão feito de isopor e cola de silicone. Prenda a lâmpada num soquete ligado a uma madeira de 4X5X1 cme um anel de PVC de 4,5 cm de diâmetro. Este conjunto será encaixado no PVC que ficarána parte externa da caixa, servindo para ajustar o foco da imagme a ser projetada . Na abertura inferior da peça 5 fixe um quadrado de papelão que irá firmar o slide a ser projetado. Ligue na tomada, apague a luz do ambiente, coloque um slide no suporte e projete a imagem numa parede branca, se necessário ajuste o foco afastando ou aproximando a lâmpada com água.

Fig. 14

Fig. 17

Fig. 15

Fig. 18

Fig. 16

Fig. 19

Fig. 12

Fig. 13

Fig. 11

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3.13.8 – Persistência Retiliana

Persistência Retiliana

Pegue uma garrafa de refrigerante de 600ml marque aproximadamente 3cm dealtura do fundo e corte-o com estilete. Com uma chave Philips faça um furo nocentro da tampa da garrafa. Crie dois desenhos onde um de sequência de animação ao outro, recorte e cole num círculo de papelão de mais ou menos 5cm de diâmetro, cole este círculo no meio do arame com cola quente, encaixandodentro da garrafa, de modo que o arame passe pelo furo da tampa. Passetambém o arame pelo furo que deverá ser feito no fundo da garrafa e cole comuma fita adesiva. Com alicate de bico entorte a ponta superior do arame para que este não saia da garrafa, em seguida faça o mesmo com a ponta da outra extremidadepara que o arame não ofereça nenhum perigo. Depois de pronto é só girar o arame para que uma imagem se sobreponha à outra dando idéia de animação.

Fig. 1 Fig. 2

Fig. 9Fig. 10 Fig. 11

Fig. 8

Fig. 5

Fig. 7Fig. 6

Fig. 4Fig. 3

Garrafa de refrigerante de 600ml, fita adesiva cola, alicate, tesoura, papelão, dois desenhos, arame, alicate de bico, estilete, chavephilips e pistola de cola quente .

Fig. 12

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3.13.9 – Cofre Mágico

Cofre Mágico

Desmonte uma caixa de giz escolar e encape-ainternamente com papel decorado. No centro da parte frontal recorte um quadrado de 5X5 cm e parte central da tampa faça um corte para a entrada de uma moeda. Monte a caixa novamente e em seguida cole um pedaço acetato transparentena abertura da parte frontal. Coloque um espelhodentro da caixa na posição diagonal de forma que sua base fique posicionada no canto inferiorda parte traseira da caixa. Feche acaixa e decore-a.Coloque uma moeda no cofre e observe onde ela cairá.

Fig. 2Fig. 3

Fig. 5 Fig. 6Fig. 4

Fig. 7

Fig. 8

Fig. 9

Pincel, tesoura, régua, tinta plástica, cola, estilete, moeda, papel decorado, caixa de giz escolar e espelho de 11X9 cm.

Fig. 1

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3.13.10 – Prisma

Prisma

Separe os três vidros iguais e comcola de silicone una cada um deles pela parte maior, se preferir,use fitaadesiva para facilitar a união entre os vidros. Após ter unido os vidros de forma a obter um triângulo, una-os a outro vidro, que serviráde base, também com cola desilicone, espere até que cole e encha o prisma com água, agora coloque-ona luz do sol e observe o efeito.

Fig. 2

Fig. 1

3 vidros de 10X15 cm, 1 vidro de 10X12 cm, cola de silicone e água.

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4 - DISCUSSÃO

A primeira pergunta feita aos professores estava relacionada ao tempo que ele leciona,

esperava-se que o tempo de experiência do professor em sala de aula estivesse relacionada

com o tipo de aula dada por ele, ou seja, quanto maior o tempo de serviço do professor mais

dinâmicas e mais práticas seriam suas aulas, porém isto não foi confirmado, pois dos

dezessete professores, quatorze têm tempo de serviço que varia de seis a trinta e dois anos, e

apenas dois que têm de zero a cinco, então esperava-se que o número de aulas práticas e a

freqüência dessas aulas fosse elevada em função da grande experiência do professor, que já

tem uma carreira longa no magistério e uma prática docente muito grande, no entanto na

questão quatro, onde a pergunta é qual a freqüência na utilização de experimentos, observa-

se que dos dezessete professores, cinco nunca fazem nenhum tipo de experimento, não dão

nenhum tipo de aula prática, enquanto seis dos dezessete entrevistados, optaram pela resposta

“outros”, sugerindo que os experimentos são feitos sem nenhum critério, ou seja, sem

planejamento.

Podemos supor a partir destes dados que o tempo de experiência no magistério implica

em professores que foram formados em um período onde não se fazia prática nas escolas.

A questão número cinco, que visava avaliar que experimentos são mais viáveis no

ensino de física e porquê, teve como resposta a óptica, apontada por sete professores, em

função da facilidade de obtenção de material, pois são objetos simples como colher, espelhos,

copos e até mesmo a água, o que deixa claro que com qualquer tipo de material se faz um

experimento de óptica na sala de aula. Alguns professores consideram que simplesmente levar

lentes para a sala de aula para que os alunos possam observar as imagens, é um tipo de

experimento.

A questão número seis “Quem executa os experimentos de física?” vai de encontro a

questão número quatro, que pergunta qual a freqüência na utilização de experimentos, então

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observa-se que na questão seis, três professores responderam que não executam nenhum tipo

de experimento, enquanto que na questão quatro, temos cinco professores que disseram que

nunca realizam experimentos, o que mostra que os resultados são contraditórios, pois se o

professor realmente não faz experimentos em momento algum, os dados deveriam ter se

mantido nas duas questões, no entanto, isso não aconteceu.

Mais da metade dos professores entrevistados conseguem chegar ao conteúdo de

óptica, mesmo que seja através de trabalhos, porque muitos alegam que o grande problema do

ensino de ciências na 8ª série é a extensão do conteúdo, principalmente porque ele é dividido

em química e física, assuntos mais complexos do que aqueles que os alunos estavam

acostumados a verem de 5ª a 7ª série, enfim, dentre todos os professores que chegam ao

conteúdo de óptica, inclui-se também aqueles que abordam o assunto através de trabalhos, ou

de maneira bem resumida, para que o aluno consiga ter pelo menos uma noção do que se trata,

não deixando de ter conhecimento do conteúdo.

Foi perguntado aos professores se eles realizam experimentos quando ensinam óptica,

nove dos dezessete, responderam que realizam experimentos, e oito disseram que não, nos

quais estão incluso os cinco que não fazem experimento algum citados na questão quatro,

porém, devemos considerar que três professores realizam outros experimentos.

Quando foi perguntado “Que experimentos são mais viáveis de se fazer quando se

ensina óptica?” O que apareceu com maior freqüência foi o Disco de Newton, de uma forma

ou de outra, os experimentos que apareceram foram àqueles propostos pelo livro didático

utilizado.

Em alguns casos, durante a entrevista foi observado que quando o professor se

deparou com esta pergunta, ele começou a procurar algo que lhe desse base, no livro que

utilizava, para respondê-la, então os experimentos que foram citados, em sua maioria foram

retirados do livro, ou seja, são trabalhos simples, comuns que normalmente os livros de

ciências trazem, até mesmo porque fica difícil para o professor buscar outras fontes de

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pesquisa, o que provavelmente está relacionado ao fato dele ter uma carga horária semanal

grande, e de estar trabalhado em escolas diferentes, o que acaba lhe tomando muito tempo.

Os poucos que realizam aulas práticas buscam um material de mais fácil acesso para

pesquisa, que é o livro didático que ele está usando, afinal, o livro é o recurso que o professor

hoje pode contar em suas aulas.

Dos dezessete professores entrevistados, dezesseis utilizam o livro didático como

apoio, apenas seis lançam mão de outro tipo de recurso, que é o material de baixo custo para

dinamizar sua aula. Um professor disse não utilizar o livro em momento algum, usa apenas o

quadro de giz e fita de vídeo.

É interessante observar que durante a entrevista, dois fatores chamaram a atenção

quando a pergunta relacionada ao tipo de aula era lançada ao professor, ele argumentava que

sua aula era praticamente teórica porque o conteúdo era muito extenso, e não havia tempo

para a prática com os alunos, pois isso requer tempo, então acreditava que na teoria

resolvendo exercícios propostos pelo próprio livro ele economizaria tempo, e o aluno mesmo

assim aprenderia, apesar de concordar que realmente há a necessidade da visualização e de

um contato maior do aluno com o experimento para que ele consiga assimilar melhor o

conteúdo , além disso, outro fator que chamou muito a atenção foi a falta de laboratório na

escola, os professores argumentavam que era impraticável realizar experimentos sem um local

apropriado, ou até mesmo um lugar que ele pudesse guardar seus experimentos para utilizá-

los em sala.

Dezessete professores foram entrevistados, desse total quinze não possuíam

laboratório em sua escola, os outros dois que possuíam não o utilizava, alegando que não

tinham tempo, em função da extensão do conteúdo a ser trabalhado, sugerindo que não é a

falta do laboratório que impede que o professor trabalhe com aulas práticas, e sim outros

motivos, dentre eles foi citado o número de alunos elevado na sala, o que pode chegar até

quarenta, o que dificulta muito essa metodologia e apenas um professor disse que não trabalha

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a parte prática porque realmente não se sente seguro para mudar sua forma tradicional de dar

aula, que é a mesma que foi usada com ele quando cursou a sua 8ª série, e que por sua vez é

idêntica a que lhe foi ensinada no curso superior, então ele simplesmente transmite a

metodologia que foi aplicada a ele, não se sentindo seguro suficiente para poder fazer uma

mudança.

Um outro dado interessante foi observado na questão número doze, sobre os

professores que conheciam e utilizavam sucatas em suas aulas de óptica, é que as informações

apresentadas vão de encontro aos dados da questão número quatro que avalia a freqüência da

utilização de experimentos em física. Dos dezessete entrevistados, doze afirmavam que

conheciam experimentos feitos com sucata ou material de baixo custo, e os utilizam em suas

aulas de óptica, restando apenas cinco que conheciam mas não faziam uso desse tipo de

material, e um professor que conhecia experimentos de óptica feitos com sucata mas não os

utilizava e quatro professores que não utilizavam e nem conheciam nenhum trabalho feito

com esse tipo de material, então, cinco professores confirmam a questão quatro, que

realmente não fazem nenhum tipo de experimento, é exatamente o número que disse não ter

conhecimento de nada que tenha sido feito nesta área.

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5- CONCLUSÃO

Das três hipóteses levantadas, a primeira que está relacionada ao fato dos professores

trabalharem física, especificamente a óptica de maneira meramente teórica em sala de aula,

usando apenas o livro didático como recurso, não foi confirmada, isso porque um número

razoável de professores utiliza material alternativo para que os alunos consigam visualizar na

prática o que o livro sugere, apesar de quase todos os professores utilizarem o livro didático

também como apoio.

A segunda hipótese, de que os professores não realizam aulas práticas porque não tem

laboratório foi confirmada, das dezessete escolas, apenas duas tem laboratório, mas foi

observado que este não é o único fator que impede que o professor dinamize mais suas aulas,

porque das duas escolas que têm laboratório, os professores raramente vão com os seus alunos

até lá para terem aulas práticas, daí acredita-se que essa resistência na mudança da

metodologia voltada para a teoria, seja em função de uma insegurança por parte do professor,

pois aquela metodologia antiga que existe desde quando ele cursou sua 8ª série, e também

seu curso superior, foi a forma como tudo foi passado para ele e é a forma como ele consegue

ensinar. Mudar isso exige uma certeza muito grande de que o novo vai dar certo, de que o

novo é igual, ou melhor, que os velhos modelos.

Confirma-se a terceira hipótese de que os professores não conhecem experimentos

feitos com material de baixo custo para utilizarem em suas aulas, porque durante a entrevista

observou-se que muitos buscavam em livro didático a resposta para a questão que perguntava

qual o tipo de experimento que ele utiliza, ou seja, a única fonte de pesquisa que ele realmente

tem é o livro didático, portanto as experiências são sempre as mesmas, as mais simples, nada

inovador, sempre o que o próprio autor sugere.

Pensando em contribuir para a melhoria do trabalho pedagógico, é sugerido neste

trabalho uma listagem de experimentos utilizando sucata ou material de baixo custo, em sua

maioria diferentes dos que são sugeridos hoje nos livros didáticos utilizados pelos professores

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envolvidos nesta pesquisa. Esses experimentos são direcionados para o conteúdo da óptica,

com a utilização destes, com certeza os alunos terão condições de vivenciar a física de uma

maneira mais dinâmica.

Este trabalho também aponta para a necessidade de cursos ou oficinas de atualização

para os professores que sejam ministradas próximas ao local de trabalho.

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