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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DR. HEITOR VIEIRA DOURADO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL MESTRADO EM DOENÇAS TROPICAIS E INFECCIOSAS POTENCIAL BENEFÍCIO DO XPERT MTB/RIF ® NA PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO NOSOCOMIAL DA TUBERCULOSE MAURÍCIO LEANDRO FERNANDES GONÇALVES MANAUS 2014

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DR. HEITOR VIEIRA DOURADO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL MESTRADO EM DOENÇAS TROPICAIS E INFECCIOSAS

POTENCIAL BENEFÍCIO DO XPERT MTB/RIF® NA PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO NOSOCOMIAL DA TUBERCULOSE

MAURÍCIO LEANDRO FERNANDES GONÇALVES

MANAUS 2014

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MAURICIO LEANDRO FERNANDES GONÇALVES

POTENCIAL BENEFÍCIO DO XPERT MTB/RIF® NA PREVENÇÃO DA

TRANSMISSÃO NOSOCOMIAL DA TUBERCULOSE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas em Convênio com a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, para obtenção grau de Mestre em Doenças Tropicais e Infecciosas.

Orientador (a): Profª Prof. Dr. Marcelo Cordeiro dos Santos

Co-orientador (a): Profª Dra. Samira Bührer

MANAUS

2014

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Ficha Catalográfica

G635p Gonçalves, Maurício Leandro Fernandes. Potencial benefício do XPERT MTB/RIF na prevenção da

transmissão nosocomial da tuberculose /. -- Manaus : Universidade do Estado do Amazonas, Fundação de Medicina Tropical, 2014.

x. 45 f. : il.

Dissertação apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas – UEA/FMT, 2014.

Orientador: Profº. Dr. Marcelo Cordeiro dos Santos Co-orientadora: Prof.ª Dra. Samira Bührer

1. Tuberculoses. 2.Mycobacterium tuberculose 3. Infecção nosocomial 4.Transmissão de doença I. Título.

CDU: 614.4

Ficha Catalográfica elaborada pela Bibliotecária Maria Eliana do N. Silva lotada na Escola Superior de Ciências da Saúde - UEA

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FOLHA DE JULGAMENTO

TITULO DA DISSERTAÇÃO

POTENCIAL BENEFÍCIO DO XPERT MTB/RIF® NA PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO NOSOCOMIAL DA TUBERCULOSE

NOME COMPLETO DO ALUNO MAURÍCIO LEANDRO FERNANDES GONÇALVES

“Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre em Doenças

Tropicais e Infecciosas, aprovada em sua forma final pelo Programa de Pós-Graduação

em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas em convênio com a

Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado”.

Banca Julgadora:

______________________________________ Prof. Marcelo Cordeiro dos Santos, Dr.

Presidente

______________________________________ Prof.ª, Dra. Valéria Saraceni, Dra.

Membro

______________________________________ Prof. ª Marilu Barbieri Victoria, Dra.

Membro

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DEDICATÓRIA

DEUS, nosso senhor criador do céu e da Terra, nada seria possível sem a tua

intercessão, nosso organizador, o cérebro que tudo pensa e executa.

A Nossa Senhora Aparecida sempre me cobriu com seu manto de ternura nas horas

mais difíceis.

A todos os profissionais de saúde desta Fundação muita saúde e proteção.

Aos pacientes de tuberculoses e HIV/AIDS que a ciência continue evoluindo para

amenizar e curar todas suas enfermidades.

Ao meu orientador Dr. Marcelo Cordeiro, incentivo, força, determinação, pressão em

momentos de relaxamento, esclarecimento da importância do estudo em equipe, minha

eterna gratidão pela sua orientação.

À co-orientadora Dra. Samira Bührer pelos cascudos que mereci por algumas vezes

fazer corpo mole e você sempre ter me incentivado e orientado com muita paciência e

sabedoria.

Á Dr. Valéria Saraceni por ter estendido as mãos no momento de angústia e ansiedade,

ajudou-nos quando mais precisávamos muito obrigado.

A todos os Professores da PPGMT, especialmente à Dra. Maria das Graças Barbosa e o

Dr. Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda coordenadores por ter recebido no programa,

ensinado os caminhos da pesquisa cientifica.

A todos meus amigos da pós-graduação, Alex, Carol, Diego, Emily, Joelma, João, Lobo,

Luciana, Rafael, Renata, Rosa e Sara muito sucesso a todos os pesquisadores.

À MsC. Rossicléia Lins Monte e toda a equipe da Bacteriologia/Microbiologia da FMTAM,

pela colaboração na realização desse projeto.

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AGRADECIMENTOS A minha família especialmente a minha vovó Raimunda “Dona doca” in memoria que

sempre cuidou de mim com sabedoria, amor e guiando sempre no caminho da bondade,

amá-la-ei eternamente.

A minha mãe Maria Dulcirene por nunca ter desistido de investir tempo para cuidar de

mim, na minha educação, pelo amor e atenção que sempre tens me dado, sempre

estarei ao teu lado.

A minha irmã, Elianne Andrea e família. Eli você que sempre me orientou para seguir o

caminho que eu sempre quis área da saúde incentivou a procurar meu primeiro estágio

nesta Fundação, onde construí minha carreira, amo vocês.

A minha filha Maria Eduarda e a Thalita Rejanne, obrigado pelo carinho, amor e

compreensão, desculpe-me pelas vezes que não dei a atenção que vocês mereceram.

Ao toda minha família, o Tio Luzardo incentivador máster, os tios Val, Jorge e Zé

obrigado pela amizade.

Minhas tias especiais Marlene e Terezinha que sempre me incentivaram.

Meus primos e primas aquele abração de urso.

A todos meus amigos de faculdade incentivadores, especialmente Davis Queiroz, André

Borges, Ederson, Eduardo André, Kelly Ost, Samara Lindoso, Daniele Azevedo, Jorge

Júnior, José Ferreira e Telma Angela.

Os professores Dr.João Vicente Braga professor o bicho, Dra. Marli Maciel professora

casca grossa com quem aprendi muito Prof. Marcos Aurélio amigão, Prof. Alexandre

Targino e Prof.Fábio Markendofh, obrigado pelo incentivo, amizade e pela minha

formação acadêmica.

A todos meus alunos de farmácia da Uninorte que me receberam com muito carinho.

A minha amiga especial, Farm.Sara Eleny, pelo carinho, o companheirismo, a atenção e

por ter me ensinado a amar a farmácia clínica e atenção farmacêutica.

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DECLARAÇÃO DAS AGÊNCIAS FINANCIADORAS

Á Universidade do Estado do Amazonas – UEA. FAPEAM pelo incentivo financeiro sem o qual seria impossível a concretização desse projeto.

Fundação Bill e Melinda Gates (Bill & Melinda Gates Foundation - BMGF), Seattle, EUA Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT), Ministério da Saúde Brasilia

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EPÍGRAFE

“Bem-aventurado o que cuida sobre o necessitado e o pobre; o Senhor o livrará no

dia mau”

Salmo 40:1

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RESUMO

Até o momento, nenhum estudo avaliou o potencial benefício da utilização do teste

Xpert® MTB/RIF no controle da transmissão nosocomial da tuberculose. Utilizando

dados de laboratório referentes aos exames de baciloscopia direta de escarro e Xpert, o

tempo mediano entre a solicitação do exame e a liberação do resultado foi de 15 horas

(IIQ=4,2-26,5) para a baciloscopia, comparado a 6,8 horas (IIQ=6,2-10,0) para o Xpert

(p=0,117). Na análise de tempo para o evento (sobrevida), a diferença de tempo medida

pelos testes de log-rank e Peto foram estatisticamente significativas (p<0,001).

Palavra-chave: Tuberculose; Profissional de saúde; trabalhadores de saúde; controle de

infecção hospitalar; transmissão de doença

ABSTRACT

No study evaluated potential benefit of Xpert ®MTB/RIF in nosocomial tuberculosis

control. Using lab data comparing baciloscopy to Xpert, median time from request to

result were 15.0 (IQR=4.2-26.5) hours for baciloscopy compared to 6.8 (IQR=6.2-10.0)

hours for Xpert (p=0.117). The difference measured by log-rank and Peto tests were

significant (p<0.001).

Keywords: Tuberculosis; healthcare worker; nosocomial infection; infection control;

disease transmission.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Estimativa das taxas de incidência da TB no mundo para o ano 2010............02

Figura 2: Taxa de incidência de TB por unidades federais no Brasil em 2011................03

Figura 3: Kaplan-Meier curve with time for tests results by period, FMT-HVD,

2012…………………………………………………………………………………….………...26

Figura 4. Fluxo de coleta de dados e resultados dos exames das amostras de escarro

nos 2 períodos..................................................................................................................28

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Características dos pacientes que forneceram amostras de escarro para

diagnóstico de TB nos 2 períodos, FMT-HVD, 2012....................................................29

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Boxplot com a distribuição do tempo de liberação de resultados nos dois

períodos, FMT-HVD, 2012..........................................................................................29.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AIDS Síndrome da imunodeficiência adquirida BAAR FIND FMT-HVD HCW

Bacilo álcool-ácido resistente Fundação para novos diagnósticos inovadores Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado Health care workers

HIV IRR

Vírus da imunodeficiência humana Incidencerate ratios

ILTB INH

Infecção Latente tuberculosa Isoniazida

MDR-TB MS

Multidrug-Resistant Tuberculosis Ministério da Saúde

M. tb Mycobacterium tuberculosis NALC OMS

N-acetíl-L-cisteína Organização Mundial da Saúde

PCR Reação em cadeia de polimerase (polymerasechainreaction) PCTH Programa de controle de tuberculose hospitalar PPD Purified ProteinDerivative PRR Patternrecognition receptor PS RMP

Profissional de Saúde Rifampicina

SMF SSM

Sistema de filtração por membrana Sputumsmearmicroscopy

UPA Unidade de Pronto Atendimento TB Tuberculose TB-HIV Co-infecção Tuberculose/HIV TLR UNAIDS XPERT WHO

Toll-like receptor Joint United Nations Program on HIV/AIDS Xpert MTB/RIF World Health Organization

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO...................................................................................................01

1.1 A Doença.........................................................................................................01

1.2 Situação Epidemiológica.................................................................................01

1.3 Manifestações Clínicas...................................................................................03

1.4 Tuberculose co-infecção HIV/AIDS ................................................................04

1.5 Diagnóstico clínico..........................................................................................04

1.6 Diagnóstico laboratorial...................................................................................05

1.7 Tuberculose: doença nosocomial...................................................................10

1.8 Tuberculoses em profissionais de saúde.......................................................12

2. OBJETIVOS .....................................................................................................18

2.1 Geral............................................................................................................18

2.2. Específicos.................................................................................................18

3. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................19

3.1. Delineamento.................................................................................................19

3.2 Local do estudo...............................................................................................20

3.3 Populações de estudo ....................................................................................20

3.3.1Critérios de inclusão......................................................................................20

3.3.2 Estratégia de coleta de dados ....................................................................20

3.3.3 Lista de variáveis analisadas.......................................................................20

3.4 Processamento e análise dos dados...............................................................21

3.5 Aspectos Éticos ..............................................................................................22

4. RESULTADOS.................................................................................................23

4.1 – ParteI - Resultados apresentados em formato de ARTIGO que será

submetido Infection Control and Hospital Epidemiology A1..................................23

4.2 – Parte II – Resultados complementares.........................................................28

5. DISCUSSÃO.....................................................................................................30

6. CONCLUSÃO...................................................................................................32

7. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................33

ANEXO I – Normas da revista Infection Control and Hospital Epidemiology............37

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1. INTRODUÇÃO

1.1 A Doença

A Tuberculose (TB), doença infectocontagiosa, acometendo

preferencialmente os pulmões, é causada por um bacilo pertencente ao gênero

Mycobacterium, descoberto pelo médico alemão Robert Koch em 1882 e

denominado de Mycobacterium tuberculosis (M.tb.) com características tintoriais de

álcool-ácido-resistência (1, 2). A TB apesar de ser uma doença milenar, continua

sendo um grave problema de saúde pública mundial, atingindo principalmente

adultos jovens, na fase mais produtiva de suas vidas (3).

A situação mundial da TB está correlacionada ao aumento da pobreza e a má

distribuição de renda em decorrência da urbanização acelerada (3). Vários fatores

podem contribuir para a fragilidade do programa de controle da doença como baixa

renda familiar, baixo nível de escolaridade, condições precárias de habitação,

famílias numerosas, grandes adensamentos comunitários, desnutrição, alcoolismo,

doenças infecciosas associadas e dificuldade de acesso ao sistema de saúde,

contribuindo diretamente para o aumento da incidência da doença, agravada pela

imunossupressão produzida pelo HIV e Aids (3).

1.2 Situação Epidemiológica

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que um terço da população

mundial esteja infectado pelo M.tb. sendo este o principal causador da TB. A cada

ano são notificados cerca de 9 milhões de novos casoe perto de 2 milhões de

pessoas morrem como consequência da doença (5).

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Todos os países são afetados pela doença, mas a maioria dos casos (82%)

ocorre na África (30%) e Ásia (55%), com Índia e China, sozinhas, responsáveis por

35% de todos os casos. O Plano Global de controle da TB 2011-2015 está sendo

introduzido em todo mundo, com investimentos de 47 bilhões de dólares em

pesquisas para novos diagnósticos, novas vacinas e novos tratamentos com o

objetivo otimista de eliminar a TB até 2050. (4), figura1.

Figura 1. Estimativa das taxas de incidência da TB no mundo para o ano 2011

Fonte: OMS 2012.

Entre os 22 países responsáveis por 82% do total de casos de TB no mundo,

o Brasil está em 17º lugar em números de casos novos e 111º lugar em coeficiente

de incidência (5). O Brasil reduziu de 70.601 para 70.047 o número de casos novos

de TB de 2010 a 2012, apesar da redução não ter sido significativa de casos novos,

houve uma ampliação do acesso ao diagnóstico e tratamento de casos novos. A

OMS divulgou em 2012, que o Brasil já conseguiu reduzir pela metade a taxa de

mortalidade quando comparado a 1990. O percentual de cura para os casos novos

bacilíferos de TB nos últimos anos ficou em torno de 71,6%, resultado ainda aquém

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do recomendado pela OMS que é de 85%. As maiores taxas de incidência estão nos

estados do Amazonas (67,3/100.000 hab.) e do Rio de Janeiro (67,0/100.000 hab.)

Figura2 (5, 6)

Figura 2: Taxa de incidência de TB por unidades federais no Brasil em 2012.

Fonte:http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/apresentacaodiamundial.pdf

1.3 Manifestações Clínicas

A TB pode assumir uma forma subclínica, chamada de infecção latente por

TB (ILTB), na qual o indivíduo infectado não apresenta sinais nem sintomas, nem é

capaz de transmitir a doença (7). A doença ativa se manifesta em apenas 5-10% dos

indivíduos expostos ao bacilo, e nestes a resposta imune desencadeada não será

suficiente para conter a infecção, culminando no estabelecimento da doença (7, 8).

Nos demais indivíduos infectados (90-95%), uma parte dos bacilos consegue

persistir, caracterizando a ILTB (8).

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Após infecção primária, o risco de desenvolvimento de tuberculose ativa

durante a vida é cerca de 10%, e cerca da metade daqueles que desenvolverem a

doença irão fazê-lo nos primeiros cinco anos após a infecção (9). Os fatores que

influenciam no risco de desenvolvera doença a partir de infecção latente são mal

compreendidos (9, 10) assim como a causa específica de reativação da TB (9). Os

fatores de risco de reativação incluem: infecção por HIV, tratamento

imunossupressorcom glicocorticóides, tratamento com interferon alfa, anti-TNF,

terapia anti-câncer, desnutrição, tabagismo, alcoolismo, diabetes insulino

dependentee por insuficiência renal (9, 11-13).

1.4 Tuberculose co-infecção HIV/AIDS

Em 2011, 1,1 milhão (13%) dos 8,7 milhões de pessoas que desenvolveram

TB em todo o mundo eram HIV-positivos, 79% dos casos TB-HIV positivos

ocorreram na região Africana (14), o que representa cerca de 26% dos óbitos

relacionados a AIDS (15). A OMS, Programa Conjunto das Nações Unidas sobre

HIV/AIDS (UNAIDS) e da Parceria Stop TB estabeleceram metas de reduzir pela

metade as taxas de mortalidade de TB entre as pessoas que são HIV positivo em

2015 em comparação a 2004 (14).

A presença dos dois agentes infecciosos M.tb. e HIV, um potencializando o

efeito do outro, acelera a deterioração das funções imunológicas resultando em

morte prematura se a co-infecção não for tratada (15).

1.5 Diagnóstico clínico

Todo individuo com tosse por mais de 2-3 semanas (sintomáticos respiratórios)

devem ser avaliados para TB, de acordo com as recomendações da OMS adotadas

pelo Ministério da Saúde (MS) (16, 17). A busca ativa de sintomáticos respiratórios é

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5

a principal estratégia para o controle da TB, uma vez que permite a detecção

precoce das formas pulmonares (30).

Para que ocorra um diagnóstico de TB satisfatório, é necessário que o

paciente apresente um quadro clínico compatível, associado a alterações nos

exames laboratoriais e/ou de imagem, que permitam a demonstração do bacilo ou

lesões causadas pelo mesmo. A apresentação clínica pode diferir de acordo com o

sítio de acometimento do bacilo, sendo pulmonar ou extra-pulmonar, o tipo de

infecção, se primária ou pós-primária, assim como, a associação com

imunossupressão (16).

Recentemente, Cain et.al. ao identificarem 267 casos de TB em 1748

pacientes HIV positivos suspeitos, observaram que a tosse com duração de 2 ou 3

semanas não auxiliava no diagnóstico (18). A presença de tosse e febre de qualquer

duração, sudorese com mais de 3 semanas apresentaram uma sensibilidade de

93% e especificidade de apenas 36% (18). Em artigo de revisão, Marais et.al.

propuseram a avaliação de novas medidas para identificar paciente com TB

pulmonar e uso de tecnologias diagnósticas associadas a escores clínicos, clínicos

radiológicos no diagnóstico de TB pulmonar em diferentes cenários epidemiológicos,

em adultos (19).

1.6 Diagnóstico laboratorial

O exame radiológico é auxiliar no diagnóstico da TB, justificando-se sua

utilização nos casos suspeitos (20). Nesses pacientes, o exame radiológico, com

resultados disponíveis em minutos ou horas dependendo do serviço, permite a

seleção de portadores de imagens sugestivas de TB ou de outra patologia, sendo

indispensável submetê-los a exame bacteriológico para confirmação de diagnóstico

(20). Este exame deverá ser indicado para pacientes quando sintomáticos

respiratórios; contatos de pacientes bacilíferos, de todas as idades, intradomiciliares

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ou institucionais, com ou sem sintomatologia respiratória; suspeitos de TB

extrapulmonar; pacientes infectados pelo HIV ou com AIDS (20).

A baciloscopia direta de escarro (BAAR) é um teste eficaz, barato, porém

possui sensibilidade baixa (50% a 60%), é um método fundamental porque permitem

descobrir as fontes mais importantes de infecção, os casos bacilíferos (21).

Recomenda-se para o diagnóstico a coleta de duas amostras de escarro. A

obtenção de espécime respiratório através da indução de escarro, com nebulização

ultrassônica com solução salina hipertônica a 3%, tem se revelado uma alternativa

de baixa morbidade, de baixo custo, de fácil execução e com resultados

disponibilizados no mesmo dia. A baciloscopia direta de uma única amostra de

escarro é realizada em 10 minutos, esse concentrada por centrifugação, aumenta

sensibilidade e o tempo para 30 minutos (21). No Brasil, em 2012, dos 59.972 casos

de TB pulmonar registrados no país, 85,8% realizaram baciloscopia no momento do

diagnóstico da TB, desses 37.907 (73,7%) tiveram o resultado positivo (22).

Quincó et. al. compararam a precisão de três métodos de processamento do

escarro para o processamento da baciloscopia (23). Verificaram que a sensibilidade

do método de sistema de filtração por membrana (SMF) foi significativamente

superior às outras técnicas microscópicas de centrifugação com ou sem N-acetíl-L-

cisteína (NALC) em pacientes com co-infecção TB/HIV (61,9%, 47,6% e 45,2%,

respectivamente), da mesma forma nos pacientes TB sem HIV (81,8%, 63,6% e

57,5%, respectivamente. Não foram observadas diferenças significativas entre as

especificidades dos três métodos. O SMF apresentou vantagens para detecção de

infecção TB em pacientes HIV (23).

A cultura de escarro é um teste com sensibilidade boa (90%) e custo

razoável, mas requer de 4-8 semanas para o resultado. É indicada para os suspeitos

de TB pulmonar persistentemente negativo ao BAAR e para o diagnóstico de formas

extrapulmonares como meningoencefálica, renal, pleural, óssea ou ganglionar (24).

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7

A cultura também está indicada nos casos de suspeita de resistência bacteriana às

drogas, seguida do teste de sensibilidade (22). Também é recomendada para os

pacientes portadores do HIV e em todos os casos de retratamento (24). Houve um

aumento na realização de cultura entre os casos de retratamento no país, em 2001,

12,5% realizaram exame de cultura, e em 2011 o percentual subiu para 36,5%. A

meta é realizar em 100% dos casos de retratamento (22).

Pode-se cultivar praticamente qualquer espécime clínico (escarro, urina,

espécimes de lesões abertas, etc.), os quais devem ser descontaminados com

álcalis ou ácidos antes da semeadura em meios de cultura a base de albumina

(Lowentein-Jensen - LJ, Ogawa-Kudoh), a base de ágar (Middlebrook 7H10 e 7H11)

ou em meios líquidos (Middlebrook 7H9 e modificados) (25).

Os meios contendo albumina propiciam o crescimento do M.tb. entre 21 e 60

dias enquanto os meios à base de ágar proporcionam o seu crescimento entre 14 e

21 dias (22). Os meios de cultura líquidos são em geral utilizados em sistemas

automatizados e semi-automatizados e têm como constituição básica o meio de

cultura Middlebrook 7H9 (22).

O teste de sensibilidade às drogas é um exame laboratorial para detectar a

resistência/sensibilidade dos isolados de M.tb. às drogas utilizadas no tratamento da

TB. O objetivo do teste é determinar se os microrganismos presentes no paciente

responderão ao tratamento com as drogas de primeira linha (35). Os critérios para

sua realização são; retratamento após falência bacteriológica ao esquema de

primeira linha, recidiva da doença, reinício após abandono, paciente com suspeita

de resistência primária, contatos de um caso de TB resistente e vigilância

epidemiológica (22).

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A sensibilidade do M.tb. às drogas pode ser avaliada pelo método das

concentrações absolutas, método da razão de resistência e o método das

proporções. Os métodos padronizados e validados para investigar a sensibilidade

M.tb. às drogas tuberculostáticas de primeira linha quantificam a proporção de

mutantes resistentes a cada uma das drogas contidas. Alcançam uma eficiência de

97% e 99% para determinar a atividade da isoniazida (INH) e Rifampicina (RMP).

Normalmente os resultados saem em torno de 60 dias.

O Xpert MTB/RIF (XPERT) é um teste molecular rápido que utiliza um

computador simples e cartuchos descartáveis para a detecção de M.tb. e a

resistência à Rifampicina. Foi desenvolvido com financiamento da Fundação para

Novos Diagnósticos Inovadores (FIND) Genebra, Suíça, uma tecnologia avançada

de fácil manuseio que pode ser usada na rede primária de saúde. O teste é baseado

na metodologia PCR (polimerase chain reaction – reação em cadeia de polimerase)

em tempo real, utilizando primers específicos de cada espécie e permitindo a

amplificação do rpoB na região central do M.tb.. Na primeira etapa ocorre um pré-

tratamento manual das amostras pelo profissional do laboratório, que acrescenta um

tampão às amostras de escarro, e dessa mistura são transferidos 2ml para o

cartucho que é inserido no XPERT que fornece o resultado de forma automatizada

(26).

Estudos multicêntricos para mostrar sua acurácia diagnóstica foram

realizados no Peru, Vietnam, Uganda, África do Sul e Índia com recrutamento de

mais de 1700 pacientes com suspeita de TB pulmonar. Os resultados mostraram

uma sensibilidade de 92,2%, o que representa um ganho expressivo em relação à

baciloscopia (27). Em amostras com baciloscopia negativa, a sensibilidade do para

uma amostra de escarro foi de 72,5% e de três amostras, de 90,2% sendo a

especificidade 99 (36). A resistência às drogas foi observada em instalações de

triagem nos países Azerbaijão, Filipinas e em sala de emergência na Uganda (27).

O teste detectou a resistência à rifampicina com 99,1% de sensibilidade e exclui a

resistência com 100% de especificidade, além de gastar em média 2 horas para o

diagnóstico (27-29).

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Banada et al. Compararam o risco de contaminação na manipulação do

material para baciloscopia e XPERT, os resultados sugerem que a manipulação do

material para o XPERT limita o risco de infecção (30). Foi avaliado em uma coorte o

impacto operacional da vantagem do XPERT demonstrando que o tempo médio de

realização foi de zero dia para os XPERT positivos, 14 dias para os diagnosticados

empiricamente, 14 dias para os diagnosticados radiológicos e 144 dias para a

cultura positiva. Os autores não observassem um impacto significativo sobre os

resultados do tratamento e a mortalidade, porém observaram uma clara vantagem

do XPERT em relação ao tempo para o início do tratamento da tuberculose (31). .

Numa revisão de estudos do XPERT foram avaliadas vantagens e desafios da

implementação do diagnóstico deste em áreas endêmicas para TB (32). Verificou

que recursos financeiros para a estrutura necessária é um desafio pelo seu relativo

alto custo (32). Chamam atenção para o fato que dados sobre investigação de

resultados clínicos sobre os pacientes de TB tratados após diagnóstico pelo XPERT

são escassos (32). A precisão no diagnóstico da TB pulmonar e TB extrapulmonar

apresentaram variação heterogênea nos estudos com sensibilidade variando de

77,3% a 80,4% (32). Apesar dos estudos apresentaram sensibilidade e

especificidade altas em pacientes de TB pulmonar HIV negativos, a sensibilidade do

teste em pacientes HIV positivos ainda é baixa, assim como baixa efetividade de

resultados em crianças (32).

As opiniões divergem entre autores, segundo Kirwan et.al o XPERT é preciso,

de relativo baixo custo e grande potencial de aplicabilidade generalizada (33). Não

obstante, também menciona que apesar da abundância de publicações do XPERT,

ainda é um teste muito recente, as provas existentes devem ser revistas de forma

ampla, controlada e tecnicamente avaliada antes de podermos dizer com certeza

que o XPERT é superior a todos os outros testes disponíveis (33).

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Segundo McNerney et. al. um teste ideal para a tuberculose deve possibilitar

realização durante a consulta clinica do paciente, com diagnóstico preciso

detectando resistência às drogas, e que possa ser implementado em todos os níveis

do sistema de saúde para adultos e crianças, com e sem HIV (34).

Para o período de 2011-2015, no Stop TB, a OMS propôs uma meta

abrangente de diagnosticar pelo menos 84% dos casos, especialmente os

bacilíferos, e curar 87% destes (35). Em dezembro de 2010, a OMS endossou o uso

do XPERT em países com altas taxas de TB, por considerar como sendo uma

tecnologia capaz de inovar o diagnóstico e o tratamento da doença (35). Acredita-se

que o teste XPERT tem potencial para revolucionar o processo de diagnóstico da

TB: com sua alta sensibilidade e especificidade, poderá fortalecer o diagnóstico

precoce dos casos suspeitos de TB pulmonar ou até substituir a baciloscopia e a

cultura (35).

1.7 Tuberculose: doença nosocomial

Virtualmente, todo M.tb é transmitido por via aérea (36). Em 1930, Wells

demonstrou que, pacientes com TB pulmonar ativas expelem gotículas contendo

bacilos (36). Estas partículas evaporam rapidamente e formam um núcleo com 1 a 5

de diâmetro que pode permanecer no ar e viável por muitos dias (36).

Há vários fatores associados ao elevado risco de transmissão nosocomial da

TB: o tipo de exposição, as características do caso-índice, a falta de suspeição da

doença e as deficiências das medidas de biossegurança (37). A duração da

exposição em geral refere-se à duração do contato direto com o paciente com TB. É

difícil estimar com precisão a infectividade de um caso-índice (37). Sabe-se,

entretanto, que a infectividade é alta nos pacientes que ainda não estão em

tratamento com terapia eficaz, com bacilo álcool-ácido resistente (BAAR) no exame

microscópico direto do escarro, com grande extensão da doença evidenciada no

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exame radiológico do tórax, com tosse frequente, com TB laríngea ou que tenham

sido submetidos a procedimentos para indução da tosse. Outro fator primordial é a

falta de suspeição da doença e, por consequência, a demora em se instituir a

terapêutica adequada (37).

Falhas relacionadas às medidas de biossegurança (administrativas,

ambientais ou de proteção individual) são fatores sabidamente associados à maior

transmissão nosocomial da TB (37, 38). Numa troca completa de ar de um

determinado local, a concentração de partículas infectantes é reduzida em 63%, e

em seis trocas, a redução é de 99% (39). Um ambiente de isolamento deve ter uma

pressão aérea negativa em relação ao corredor e, no mínimo, seis trocas aéreas por

hora (39). O uso de luz ultravioleta tem eficácia germicida equivalente a 17 trocas

aéreas por hora. A utilização de ventiladores e exaustores em pontos estratégicos é

uma alternativa para aumentar o número de trocas de ar por hora e criar uma

pressão negativa (39, 40).

A utilização inadequada de dispositivos de proteção respiratória é um fator

associado à transmissão do M. tb. (38). As máscaras cirúrgicas foram desenvolvidas

para prevenir a exalação das partículas, e sua eficácia na prevenção da inalação

das partículas com 1 a 5 de diâmetro é menor que 50% (41). O uso dessas

máscaras está restrito aos pacientes com TB pulmonar confirmada ou suspeita, e

que estejam fora dos locais de isolamento por curtos períodos de tempo (41). Os

profissionais de saúde devem usar respiradores capazes de filtrar partículas de 5

de diâmetro onde não houver ventilação adequada, quando atendem pacientes nos

quartos de isolamento, quando realizam procedimentos em pacientes com TB

pulmonar, confirmada ou suspeita, ou quando manipulam espécimes clínicos (41).

Nos EUA, o National Institute for Occupational Safety and Health atualiza

regularmente a relação de respiradores disponíveis. Nos locais de elevado risco de

transmissão como nas salas onde se realiza broncoscopia, indução do escarro

dentre outros, é recomendada a utilização de filtros HEPA (do inglês, high-efficiency

particulate air) capazes de remover 99,97% das partículas com 3 . Os profissionais

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de unidades de saúde que não têm contato direto com os pacientes com TB podem

ser expostos à infecção pelo M.tb como consequência da circulação ou da exaustão

do ar oriundo dos quartos e demais instalações (41).

A probabilidade (P) de transmissão da TB para profissionais de saúde pode

ser estimada através da seguinte equação: P= 1-e–Iqpt/Q onde e significa exponencial,

I o número de pacientes com TB ativa em contato com o profissional de saúde (PS),

q a infectividade do caso-índice, p a frequência respiratória do profissional, t a

duração da exposição e Q a taxa de troca aérea do ambiente (42). O risco de

exposição varia consideravelmente dentro e entre instituições, e pode ser definido

como baixo ou alto. O risco deve ser considerado baixo se a instituição admitir

menos do que seis pacientes com TB por ano ou se possuir mais de 100

profissionais de saúde por cada internação por TB por ano. Em contrapartida, o risco

deve ser considerado alto se houver menos do que 10 profissionais de saúde por

paciente com TB por ano (43).

A eliminação completa do risco de infecção pelo M.tb entre profissionais de

saúde não é um objetivo realista, porém, a sua redução a um nível semelhante ao

da população geral pode ser considerada uma meta.

1.8 Tuberculose em profissionais de saúde

Dentre os indivíduos considerados sob risco de infecção por TB, encontram-

se os profissionais de saúde. (Wenzeletal 1997) A preocupação com a transmissão

nosocomial da TB foi retratada há muito tempo (36, 41). Entretanto, em muitas

publicações desta época, esta ideia foi refutada. Um grande debate se estendeu por

cerca de 50 anos. A controvérsia envolveu nomes de destaque na Medicina do

século XVII. Valsalva, o renomado patologista italiano, evitou realizar autópsias em

pacientes com TB pelo medo da transmissão da doença. Por outro lado, Laennec, o

ilustre clínico francês, disse inicialmente que a TB era contagiosa apenas na opinião

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de alguns médicos e advogados. Mais tarde, quando ele próprio adoeceu, se

convenceu de que havia adquirido a TB ao realizar autópsias. Nos anos de 1920, os

resultados de vários estudos sugeriam a existência do risco entre enfermeiros e

médicos, e a partir de 1930, muitos estudos foram realizados entre profissionais de

saúde por todo o mundo (30, 33, 44).

Apesar de inúmeras evidências, somente a partir de 1950 houve consenso

sobre o tema (45). Nesta ocasião, o risco anual de infecção por TB nos profissionais

de saúde era superior a 80%. Com a introdução de terapia eficaz contra a TB,

ocorreu uma redução significativa da mortalidade e da incidência de todas as formas

da TB, em especial, nos países desenvolvidos (45). Também nesta época, houve

um deslocamento do tratamento dos pacientes com TB dos sanatórios para os

hospitais gerais e outras unidades (45). Não obstante a identificação na década de

1960 do maior risco de ocorrência de TB nos profissionais expostos à doença, com o

passar dos anos a preocupação acerca do risco de transmissão nosocomial da

doença tornou-se escassa (45).

Um novo período se delineou a partir de 1980, influenciado, sobremaneira,

por alguns fatores: o ressurgimento da TB em países onde a doença parecia estar

sob controle e o recrudescimento nos demais países, a desestruturação dos

programas de controle da TB, a pandemia do HIV e a emergência da TB-MR (44). A

preocupação com relação à transmissão nosocomial da doença cresceu desde

então e muitos estudos foram conduzidos com o objetivo de avaliar não somente o

risco de infecção, mas também, o risco de adoecimento entre médicos e enfermeiros

(44). Nesta ocasião, vários surtos nosocomiais de TB foram descritos em todo o

mundo e os estudos realizados em países desenvolvidos e em países em

desenvolvimento confirmaram a existência de transmissão de TB nos ambientes

fechados de quaisquer tipos (37, 44).

Nos países desenvolvidos, como os Estados Unidos e outros países de alta

renda, observou-se um declínio significativo da TB entre os profissionais de saúde

(46). Com o objetivo de identificar o risco ocupacional de TB nos países de baixa

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incidência de TB e de alta renda, Seidler et al. publicaram em 2005, uma revisão

sistemática que analisou estudos epidemiológicos disponíveis na base de dados do

Medline, desde 1966 (44). Excetuando as inúmeras críticas metodológicas efetuadas

pelos autores, as evidências identificadas sugeriram um risco elevado de TB para os

profissionais de saúde destes países, sobretudo de alguns grupos ocupacionais:

profissionais de saúde de enfermarias com pacientes com TB e da patologia e do

laboratório; fisioterapeutas (incluindo os respiratórios); enfermeiros de hospitais ou

que atendam pacientes soropositivos para HIV ou usuários de drogas; médicos da

clínica médica, anestesistas, cirurgiões, psiquiatras além de profissionais da limpeza,

do transporte, de funeral e de presídios (41). A prevalência de ILTB variou de 5% a

55% nas diversas ocupações profissionais analisadas (41). O RAI por TB variou de

0,1% a 10%, e de 0,1% a 1,2% em estudos publicados, respectivamente, antes e

depois de 1995, ano que ocorreu uma grande difusão das medidas de controle de

infecção por TB nos países de alta renda (41). Os autores alertaram que a estimada

diminuição da incidência de TB na população geral destes países poderia reduzir a

exposição à TB nos profissionais de saúde, mas que a probabilidade de diagnóstico

tardio da TB e, por conseguinte, o risco de transmissão para os profissionais de

saúde poderiam crescer (41). Os autores recomendaram a realização de (colocar

por extenso na primeira vez) (PPD) periódica para todos os profissionais mesmo nos

países com baixa incidência de TB, aliada a estudos de biologia molecular com

fingerprinting e outros métodos para ampliar o conhecimento acerca da TB

nosocomial (41).

Nos países em desenvolvimento a realidade é bastante diferente: os recursos

escassos são aplicados, prioritariamente, na detecção e no tratamento de casos de

TB ativa. O diagnóstico e o tratamento da ILTB, inclusive no que se refere aos

profissionais de saúde, ainda é um grave problema negligenciado. Motivados por

esta realidade, em 2006, Joshi et al. efetuaram uma revisão sistemática sobre a TB

entre profissionais de saúde nos países de baixa e média renda, conforme

classificação do Banco Mundial (37). A busca incluiu bases eletrônicas de 1945 a

2005, além de outras fontes (busca manual de artigos, capítulos de livro e consulta a

experts). A prevalência da ILTB nos profissionais de saúde variou de 33% (IC 95%=

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23-45) a 79% (IC 95%= 75-82), com uma prevalência global estimada de 54% (IC

95%= 53-55). A idade crescente e o tempo mais longo de emprego nas unidades de

saúde (exposição cumulativa) estiveram associados à alta prevalência de ILTB na

maior parte destes estudos. Ademais, trabalhar em enfermaria clínica, participar de

procedimentos como a coleta de escarro e a realização de autópsias, assim como a

história de contato com pacientes com TB foram fatores de risco ocupacionais

independentemente associados à ILTB (37). O risco de TB atribuível à exposição

nosocomial, comparado à população geral, variou de 25 a 5.361/100.000 habitantes.

A elevada prevalência de ILTB assim como do risco atribuível de TB são evidências

de que a TB é um grave problema ocupacional entre os profissionais de saúde

destes países (37).

No Brasil, a transmissão nosocomial da TB tem sido avaliada através de

estudos transversais e longitudinais. Kritski et al. observaram que, entre 1988 e

1990, a TB ocorreu 11 a 14 vezes mais entre trabalhadores de cinco hospitais do

município do Rio de Janeiro que na população geral (47). A doença foi mais

frequente entre os profissionais de hospitais gerais com centro de referência para

AIDS (48). Num estudo realizado em 1994 no Hospital Universitário Clementino

Fraga Filho (HUCFF) da UFRJ onde eram notificados, a cada ano, cerca de 300

casos de TB, dos quais 80 com a forma pulmonar, dos 1253 profissionais

submetidos ao PPD, 601 (48%) foram consideradas não reatores (endurado de 0 a 4

mm) ou fracos reatores (endurado entre 5 e 9 mm) (49). Estes dados apontaram

para um elevado risco de infecção que estes profissionais teriam se expostos

fossem ao M.tb. (49). De fato, naquele ano ocorreram oito casos de TB entre os

profissionais de saúde daquela instituição, o que correspondeu a uma incidência

anual de 698/100.000 hab. Dentre os 368 indivíduos não reatores que realizaram

uma nova PPD após 12 meses, a conversão foi observada em 32 (8,7%) sugerindo

um alto índice de infecção nosocomial pelo M.tb entre os profissionais avaliados. O

risco de infecção foi maior entre enfermeiros e médicos, e entre indivíduos com

idade inferior a 30 anos (49). Os estudantes, não foram incluídos neste estudo. Os

autores enfatizaram a necessidade de instituição de rigorosas medidas de

biossegurança nos hospitais para melhorar o controle da transmissão da doença aos

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profissionais de saúde. Em 1998, foi criado o Programa de Controle da Tuberculose

Hospitalar (PCTH) do HUCFF da UFRJ (49).

Em estudo similar, incluído na meta-análise de Joshi et al. e realizado no

período de 1998 a 2000, foram avaliados 4419 profissionais de saúde de quatro

hospitais localizados em três Estados do Brasil: Rio de Janeiro, Minas Gerais e São

Paulo. A prevalência da 1ª PPD positiva (endurado ≥10 mm) foi de 49,4% e a

prevalência global da PPD considerando duas etapas de PPD (incluindo o booster)

na fase inicial foi de 63,1%. A conversão (PPD≥10 mm com incremento ≥ 10 mm)

ocorreu em 105/1209 [8,7% (7,2%;10,4%)], totalizando 10,7/1000 pessoas/mês, e foi

maior em profissionais de hospitais que não possuíam medidas de biossegurança

implantadas (16,0 versus 7,8/1000 pessoas/mês, p <0,001). Os autores concluíram

que estudos longitudinais com PPD são valiosos para avaliar o risco ocupacional

para a TB e que devem ser executados mesmo onde os recursos são escassos (37,

50).

A análise da taxa de incidência de TB na forma ativa da doença também é

pertinente quando se trata de avaliar o risco nosocomial da TB. Joshi et al.

calcularam a razão da taxa de incidência (IRRs, do inglês, incidence rate ratios)

utilizando a estimativa da taxa de incidência na população geral para o total de

casos de TB no país do estudo como comparação (37). Os profissionais de saúde

de unidades hospitalares de TB (IRR de 14,6 a 99,0), de laboratórios (IRR = 78,6),

de enfermarias de clínica médica (IRR de 3,9 a 36,6), e de emergências (IRR de

26,6 a 31,9) têm um elevado risco para TB quando comparados à população geral

(37). Os profissionais de saúde de unidades ambulatórias de TB têm um

intermediário risco (IRR de 4,2 a 11,6), e os de cirurgia, obstetrícia/ginecologia, e da

administração um baixo risco. A incidência de TB ativa é maior entre os profissionais

de saúde de países de média e baixa renda (69-5780/100.000) do que entre

profissionais de saúde de países de alta renda (2-55/100.000) (37).

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Com base nas evidências do elevado risco de transmissão nosocomial da TB,

foram publicadas recomendações referentes às medidas preventivas necessárias

para o controle da TB nos diversos países no mundo e no Brasil. O MS incorporou

um novo capítulo sobre biossegurança no Guia de Vigilância Epidemiológica

publicado em 2002 e enfatizou que era uma prioridade criar, na esfera estadual e

municipal, uma comissão de controle da infecção por TB a fim de implantar medidas

de biossegurança na dependência do grau de complexidade da unidade de saúde.

Na “II Diretrizes Brasileiras para Tuberculose” afirmou-se ser imperioso realizar

inquéritos tuberculínicos seriados em profissionais de unidades de saúde, para

indicar, aos que apresentam conversão, a quimioprofilaxia (24).

Apesar da força das evidências e das recomendações publicadas, a

preocupação com a TB entre os profissionais de saúde ainda não tem o necessário

destaque entre as atividades de prevenção na maioria das unidades de saúde, e os

profissionais de saúde continuam expostos ao risco de adquirir a ILTB e de adoecer

com a TB.

O presente estudo foi desenvolvido a partir da hipótese que, apesar de uma

única baciloscopia de escarro ser realizada em menor tempo, mudanças no

processo de trabalho com a implementação do XPERT MTB/RIF reduziria o tempo

entre a solicitação de exame específico e o recebimento do resultado pelo PS, o que

subsidiaria medidas de controle de infecção mais oportunas, reduzindo

potencialmente a exposição ao M.tb. pelos PS e pacientes no ambiente hospitalar.

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2. OBJETIVOS

2.1-Geral

Estudar o potencial benefício da implementação do teste XPERT MTB/RIF

para o diagnóstico da TB em pacientes suspeitos de TB pulmonar, através de

possível diminuição do tempo de exposição ao M. tuberculosis no ambiente

hospitalar, quando comparado ao diagnóstico por baciloscopia direta (BAAR).

2.2. Específico

Descrever as características dos pacientes que forneceram amostras de

escarro para diagnóstico de TB nos dois períodos.

Comparar o tempo entre a solicitação de exame específico para diagnóstico

de TB e a liberação do resultado pelo laboratório nos períodos pré e pós-

implementação do XPERT MTB/RIF®.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Delineamento

Trata-se de um estudo descritivo e prospectivo realizado no Hospital Dr.

Nelson Antunes da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dr. Dourado

(FMT-HVD), Manaus, Amazonas, no período de janeiro a outubro de 2012. Realizou-

se a investigação do tempo entre a solicitação dos exames laboratoriais para

diagnóstico de TB e a liberação dos resultados dos mesmos em dois períodos:

- Período 1: realização de baciloscopia direta de escarro (BAAR), e

- Período 2: realização de PCR em tempo real (XPERT).

3.2 Local do estudo

A FMT-HVD é um centro de referência nacional e mundial para tratamento

exclusivamente de doenças tropicais e infectocontagiosas, incluindo portadores de

HIV/AIDS. Possui uma unidade de internação com 140 leitos; com uma unidade de

pronto atendimento (UPA), hospital-dia, enfermaria masculina, enfermaria feminina,

unidade de terapia intensiva (UTI), unidade de dermatologia, unidade de isolamento,

unidade de pesquisa clínica e enfermaria de pediatria.

A unidade hospitalar da FMT-HVD funciona com um quadro de

aproximadamente 180 servidores públicos diretos, divididos em escalas de plantões

diurnos e noturnos. Uma vez que a FMT-HVD atua como centro de ensino e

pesquisa, agrega mais uma parcela significativa de pesquisadores internos e

visitantes, residentes, internos e acadêmicos de várias áreas das ciências da saúde,

em convênio com as principais universidades do estado.

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3.3 População de estudo

A população do estudo foi constituída de amostras de escarro de pacientes

suspeitos de TB, atendidos na UPA ou internados no hospital Dr. Nelson Antunes

(FMT-HVD), submetidas à baciloscopia direta de escarro no período uma

posteriormente substituída pelo XPERT no período dois.

3.3.1 Critérios de inclusão

Foram incluídas todas as amostras de escarro de pacientes suspeitos de TB

atendidos na UPA ou internados no Hospital Dr. Nelson Antunes, encaminhada são

laboratório de bacteriologia da FMT-HVD para baciloscopia direta de escarro

(Período 1) e XPERT MTB/RIF (Período 2).

3.3.2 Estratégia de coleta de dados

A partir do sistema eletrônico de gerenciamento laboratorial, ligado ao

prontuário eletrônico da instituição (iDoctor), observou-se de cada amostra

processada a data e hora dos seguintes parâmetros: solicitação do exame de

escarro para BAAR ou XPERT, dependendo do período; resultado do exame e

liberação do mesmo.

3.3.3 Lista de variáveis analisadas

3.3.3.1 – Relativas aos pacientes que forneceram as amostras de escarro

- Sexo (feminino=0, masculino=1);

- Idade (em anos);

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- Clínica (pronto-atendimento=1, internação=0);

- HIV constando na solicitação (1=sim 0=não); e,

- Resultado do exame realizado (1=positivo 0=negativo).

3.3.3.2 – Relativa ao tempo entre a solicitação do exame e a liberação do resultado:

- Tempo em horas.

3.4 Processamento e análise dos dados:

Os dados foram coletados e digitados em planilha Excel (Microsoft Excel

versão 2007). Foi realizado controle de qualidade dos dados coletados buscando

inconsistências de datas, sexo e idade assim como nos resultados dos exames

realizados. Os dados foram analisados em Stata (versão 11.2). Para a comparação

dos períodos, utilizou-se frequência para variáveis discretas e medidas de tendência

central para variáveis contínuas. A homogeneidade de proporções foi verificada pelo

teste do qui-quadrado de Pearson.

As médias foram comparadas utilizando-se o teste t de Studente as

medianas pelo teste de Wilcoxon. Um gráfico do tipo boxplot foi construído por

período para visualização da distribuição do tempo em horas por quartis. O tempo

em horas foi também avaliado pela função de sobrevida utilizando-se o Kaplan-

Meier, e a significância estabelecida pelos testes de log-rank e Peto, o último para

avaliar a distribuição das horas nos extremos da curva de sobrevida. O nível de

significância foi estabelecido em 5%.

Nos casos onde as datas estavam disponíveis, mas não as horas, imputou-se

a média de horas correspondente à diferença em dias para cada período (35 no

Período 1 e 24 no Período 2).

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3.5Aspectos Éticos

O projeto é um desmembramento do projeto maior de implementação do

GeneXpert® no Brasil, aprovado pelo CONEP/CEP N◦ 630/2010 que dispensou a

aplicação do termo de consentimento livre e esclarecido por não identificar os

pacientes e realizar análise por grupos. Os pacientes não foram identificados, sendo

que para a coleta dos dados foi utilizado o número das amostras de escarro

enviadas ao laboratório de bacteriologia.

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4 – RESULTADOS

4.1 – Parte I – resultados apresentados em formato de ARTIGO que será

submetido à Infection Control and Hospital Epidemiology – A1

TUBERCULOSIS INFECTION CONTROL: POTENTIAL BENEFIT OF XPERT

MTB/RIF®IN AN HIV/AIDS REFERENCE HOSPITAL IN BRAZILIAN AMAZON

Mauricio L. F. Gonçalves, Universidade do Estado do Amazonas/Pós-Graduação

em Medicina Tropical, Manaus, Amazonas, Brazil;

Samira Bührer-Sékula, Universidade Federal de Goiás, Instituto de Patologia

Tropical e Saúde Pública, Goiânia, Goiás, Brazil; Fundação de Medicina Tropical

Heitor Vieira Dourado, Manaus, Amazonas, Brazil

Valéria Saraceni, Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, RJ, Brazil;

Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado, Manaus, Amazonas, Brazil

Marcelo Cordeiro-Santos, Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado,

Manaus, Amazonas, Brazil and Universidade do Estado do Amazonas/Pós-

Graduação em Medicina Tropical, Manaus, Amazonas, Brazil

Keywords: Tuberculosis, healthcare worker, infection control

Running title: TUBERCULOSIS INFECTION CONTROL XPERTMTB/RIF

Corresponding author: Marcelo Cordeiro dos Santos.

Alternate corresponding author: Valeria Saraceni, Rua Cupertino Durão, 219,

Bloco B, apto 404, Rio de Janeiro, RJ, CEP 22441-030, Brazil, phone: +5521

22498235; [email protected].

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Abstract

No study evaluated potential benefit of Xpert ®MTB/RIF in nosocomial tuberculosis

control. Using lab data comparing baciloscopy to Xpert, median time from request to

result were 15.0 (IQR=4.2-26.5) hours for baciloscopy compared to 6.8 (IQR=6.2-

10.0) hours for Xpert (p=0.117). The difference measured by log-rank and Peto tests

were significant (p<0.001).

The risk of nosocomial transmission of tuberculosis (TB) to health care workers

(HCWs) is a well-known one (1) and is a major challenge in developing countries (2).

The risk to HCWs is related to the number of known smear-positive TB cases

admitted to the hospital (3), and effective infection control measures should then be

out in place (4). Brazil has clear guidelines to TB infection control (5) In high-income

countries, the prevalence of latent TB infection (LTBI) dropped from 0.1 – 10.0%

before 1995 to 0.1 – 1.2% after infection control measures were implemented (6). In

low- and middle-income countries, a systematic review showed a prevalence of LTBI

of 54%, and a attributable TB risk among HCW, compared to the general population,

ranging from 25 – 5,361/100,000 (2). The World Health Organization (WHO)

recommends the implementation of new technologies for earlier diagnosis of TB (7),

aiming to reduce transmission, including in health-care settings. Although Xpert

MTB/RIF is approved for diagnosis of tuberculosis (7), no study evaluated its

potential benefit in reducing nosocomial transmission.

We aimed to evaluate the time to sputum results in routine conditions of an infectious

disease reference hospital in Manaus, Brazil, a city with a 67,3/100,000 inhabitants

TB incidence rate in 2011 (8). Patients whose sputum samples were sent to smear

microscopy (SSM) examination from January 1st to May 16rd 2012 or Xpert from May

31th to October 29st 2012, during a stepped-wedge roll-out study to implement Xpert

in Brazil (9) were included. Patients’ demographics (sex and age), hospital location

when first suspected of TB, HIV status, time in hours from lab request to lab result

availability and tests’ results were extracted from electronic records. When dates, but

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not hours, were available at the electronic lab registry, the mean time to lab result in

the group was imputed. Analysis was performed using Stata 11.2 (StataCorp,

College Station, Texas, USA). Pearson chi-square test was used to compare

proportions and a Kaplan-Meier curve, with log-rank and Peto tests were performed

to compare time differences. Statistical significance was established at 5%. When

dates, but not hours, were available at the eletronic lab register, the mean number of

hours, per period and number of days’ difference, were then imputed. The parent

rollout study was approved by the National Ethical Board (CONEP 630/2010) and by

the Institutional Review Board (FMT-HVD dated 11/24/2011).

We collected information from 270 patients: 142 SSM and 128 Xpert tests. Eighteen

SSM (12.7%, 95% CI: 7.7 – 19.3%) and 19 (14.8%, 95%CI: 9.2 – 22.2%) Xpert were

positive. Among the latter, 2 had a positive signaling for rifampin resistance (10.5%).

Comparing Xpert patients to SSM, most participants were male (67.2% vs 54.9%,

p=0.039), the median age was similar (37 vs. 35, p=0.663) and most of the patients

were suspected of TB at the emergency room (56.3% vs. 43.4%, p=0.094).

The median time in hours favored Xpert [6.8 (IQR=6.2-10.0)] versus SSM [15.0

(IQR=4.2-26.5], p=0.117. Moreover, the Kaplan-Meier curve with time from request to

tests results by period, showed a better performance of Xpert. Both the log-rank and

the Peto tests were significant (p<0.001) (Figure 1).

We conclude that this new technology allows for faster release of TB diagnosis,

which would prompt for an earlier institution of TB therapy, therefore potentially

reducing the odds of TB transmission to HCWs. Implementation of TB infection

control measures in healthcare facilities has been in the agenda for a long while, but

delays in TB therapy initiation is a major contributor to HCWs’ increased risk (10).

Furthermore, a positive signal for rifampin resistance status is a good marker of

multidrug-resistant (MDR)-TB and should prompt a thorough search for secondary

cases and LTBI, including in HCW. However, technology alone does not change

health policies and practices, including those of HCWs, on the same pace (11). In

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summary, our findings suggest a potential benefit of Xpert for tuberculosis infection

control in the hospital setting. However, implementation of infection control measures

remains a priority for HCW protection.

Figure 3 – Kaplan-Meier curve with time for tests results by period, FMT-HVD, 2012.

Source: Lab electronic data registry, FMT-HVD, 2012

Funding

This work was supported by the Bill and Melinda Gates Foundation.

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4.2 – Parte II – Resultados complementares

Foram obtidas informações de 270 amostras para diagnóstico de TB, sendo

142 amostras do Período 1 (BAAR) e 128 amostras do Período 2 (XPERT). Dezoito

amostras (12,7%) foram positivas no Período 1e 19 (14,8%) no Período 2, sendo

que no segundo período, duas (10,5%) amostras apresentaram sinal positivo para

resistência à rifampicina (Figura 2).

Figura 4 – Fluxo de coleta de dados e resultados dos exames das amostras de

escarro nos dois períodos.

Fonte: Dados coletados do laboratório de bacteriologia da FMT-HVD, 2012.

Na Tabela 2 encontram-se as características dos pacientes suspeitos de TB

que forneceram amostras de escarro utilizadas no estudo. O sexo masculino

predominou, não houve diferença na mediana de idade, a maioria dos pacientes era

oriunda da unidade de pronto-atendimento, a proporção de informação sobre

positividade do teste anti-HIV foi semelhante, e a proporção de resultados positivos

também.

Total de amostras participantes

n=270

Período 1 - BAAR n=142

Período 2 - XPERT n=128

Resultados positivos

n=18 (12,7%)

Resultados positivos

n=19 (14,8%)

Resultados negativos

n=109

Sinal positivo RIF - resistência

n=2 (10,5%)

Resultados negativos

n=124

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Tabela 1 – Características dos pacientes que forneceram amostras de escarro para

diagnóstico de TB nos dois períodos, FMT-HVD, 2012.

Características Período 1

BAAR(n=142)

Período 2

XPERT (n=128)

p-valor

Sexo masculino 54,9% 67,2% 0,039

Idade (mediana) 35 37 0,663

Clínica (UPA) 66,2% 56,3% 0,094

HIV na solicitação 31,7% 39,8% 0,162

Resultado positivo 12,7% 14,8% 0,605

Fonte: Dados coletados do laboratório de bacteriologia da FMT-HVD, 2012.

Gráfico 1 - Boxplot com a distribuição do tempo de liberação de resultados nos dois

períodos, FMT-HVD, 2012.

Fonte: Dados coletados do laboratório de bacteriologia da FMT-HVD, 2012.

O gráfico 2 demostra a maior variação no tempo em horas entre a realização da

baciloscopia direta em relação ao Xpert.

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5 – DISCUSSÃO

O objetivo deste trabalho foi o de avaliar o potencial benefício da

implementação do XPERT para diagnóstico da TB, quando comparado ao

diagnóstico por baciloscopia direta (BAAR), em amostras de escarro de pacientes

suspeitos de TB pulmonar, através da diminuição do tempo de exposição ao M.tb.

em ambiente hospitalar, de pacientes atendidos na unidade de internação ou na

Unidade de Pronto-Atendimento da FMT-HVD.

Do ponto de vista operacional, a baciloscopia (realizada em 30minutos),

proporcionaria um resultado mais rápido que o XPERT (realizado em120 minutos)

porém, a mediana do tempo em horas favoreceu o Xpert com 6,8 horas contra 15,0

horas do BAAR, com diferença estatística significativa para os testes de log-rank e

Peto (p<0.001). Com um ganho médio de 8 horas entre a solicitação do exame o

diagnóstico pelo XPERT e a entrega do resultado do exame em relação à

baciloscopia, já se desenha uma primeira evidência de benefício da implementação

dessa nova tecnologia.

Importante destacar que o estudo foi realizado em um ambiente de rotina do

laboratório de bacteriologia da FMT-HVD, que sofreu modificações em seu processo

de trabalho durante a implantação do XPERT, resultando em benefício pelo

encurtamento da exposição ao M.tb. no ambiente hospitalar, tanto para profissionais

de saúde como para pacientes. Além disso, a agilidade resulta em resposta mais

rápida à situação clínica do paciente o que pode significar uma melhora na

sobrevida e qualidade de vida destes pacientes.

Segundo Buntin et al., o benefício do uso amplo de novas tecnologias destaca

o elemento humano como fundamental para implentação de tecnologias de

informação em saúde (51). A implemetação de novas tecnologias é uma pespectiva

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desafiadora para qualquer ambiente, que requer um planejamento cuidadoso com

formação/realocação de recursos humanos e apropriada distribuição física

garantindo o interesse de todas as partes interessadas (51, 52); Uma

operacionalização mais alinhada do processo de implantação poderia ter resultado

em mais benefícios na prestação de serviços de saúde pela FMT-HVD.

A implementação do XPERT levou a detecção de 10,5% (2/19) de M.tb.

resistentes à Rifampicina. Utilizando a cultura de escarro e testes de sensibilidade

levar-se-iam de 40 a 60 dias para a obtenção desses resultados. Garrido et al.

encontraram 3,4% (6/175) de resistência à Rifampicina em estudo realizado no

Centro de Referência Cardoso Fontes de Manaus, realizado de novembro de 2009 a

dezembro de 2010 (53). A diferença encontrada pode ser resultado do tipo de

população que procura os serviços da FMT-HVD, com grande participação de

indivíduos portadores de HIV quando comparada à população que utiliza a unidade

do estudo anterior. O fato de encontrarmos pacientes com sinal de resistência à

rifampicina contribui para elevar o nível de alerta dos PS para o cumprimento das

medidas de precaução para doenças com transmissão aérea, como a TB.

O Brasil, apesar de ser um país emergente, vem mostrando seu potencial de

crescimento politico e econômico. As decisões tomadas pelo Ministério da Saúde,

administradores de hospitais são fortemente influenciadas pelas indústrias de venda

de dispositivos médicos, que investem milhões em pesquisas. Essas tecnologias

chamam atenção dos médicos e profissionais de saúde, por auxiliarem no

diagnóstico e tratamento de doenças. A forma como o sistema de saúde está agindo

em combate as altas taxas nacionais e estaduais da TB é de extrema importância.

Este estudo reforça a importância social da aquisição desta tecnologia para auxiliar

no diagnóstico com resolução rápida e eficiente dos casos novos de TB.

Nosso estudo apresentou algumas limitações. Em primeiro lugar, apesar de a

instituição contar com prontuário eletrônico (iDoctor) ligado a um sistema eletrônico

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de gerenciamento laboratorial, várias solicitações de exames e resultados do

diagnóstico não estavam acompanhadas da hora de solicitação e/ou da hora de

liberação do resultado. Outra limitação foi o fato de que o presente estudo não foi

desenhado para responder a pergunta de pesquisa a priori. Entretanto, a

oportunidade de contar com os resultados de pesquisa operacional que permitiam

inferir alguma luz na transmissão nosocomial da TB não poderia ser desperdiçada.

Acreditamos que os resultados encontrados possam contribuir para o melhor

planejamento da biossegurança relativa à TB em ambiente hospitalar.

Nosso estudo chama a atenção para a necessidade da elaboração de um

plano de ação e de priorização pelos gestores da saúde, de envolvimento dos

profissionais de saúde e dos pacientes em colaboração para as ações de controle

de infecção nosocomial para TB na FMT-HVD. Somado a isso, como observamos

que várias solicitações de exames e resultados do diagnóstico não estavam

acompanhadas da hora de solicitação e/ou da hora de liberação do resultado no

prontuário eletrônico seria de grande importância à introdução no sistema desses

dados antes da solicitação do exame, pois além de agilizar o recebimento dos

exames medidas mais oportunas de controle de infecção nosocomial poderiam ser

tomadas.

6 - CONCLUSÃO

Verifica-se que a implementação do XPERT levou a um ganho médio de 8

horas para a liberação dos resultados de exames para diagnóstico de TB,

potencializada pelo fato de ser também conhecida a sensibilidade à Rifampicina,

possibilitando um diagnóstico mais rápido, diminuindo o tempo de exposição ao

M.tb. no ambiente hospitalar.

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Checklist for Submissions

Please make sure your manuscript conforms to the following guidelines, which

summarize key points from theInformation for Authors. Manuscripts that do not

conform to these requirements will be returned to you for adjustment, without review.

• Provide a cover letter.

• Format: prepare your manuscript as a Microsoft Word file, use a standard font

sized at 12 points, double-space all text, and use one-inch margins.

• Length: be sure your manuscript meets the relevant length requirements. Count all

words in the manuscript file, excluding only the title page, the abstract, and the

references. Original article: structured abstract of no more than 250 words, text of

no more than 3,000 words, no more than 7 tables and figures, and no more than 40

references. Concise communication: narrative abstract of no more than 50 words,

text of no more than 1,200 words, no more than 2 tables or figures, and no more

than 10 references. Research Brief or Letter to the Editor: no more than 900 words,

no more than 1 table or figure, and no more than 10 references. Other article

types: see Information for Authors.

• Order of parts: in the text file, provide a title page, abstract, text,

acknowledgments, references, tables, and legends for figures. Include tables in the

MS Word file, but submit each figure as a separate file (see below).

• Title page: give the title, authors and their full institutional affiliations, a short title,

and contact information for the corresponding author. Include any relevant

footnotes regarding previous publication, present affiliations, etc. State the word

count for the main body of the text.

• Acknowledgments: state any sources of financial support, and also state potential

conflicts of interest for each author; if an author has no relevant conflicts or

financial support, that too should be stated. The Acknowledgments section should

be consistent with disclosures that would be stated in the ICMJE Form for

Disclosure of Potential Conflicts of Interest.

• Diclosure Forms: all authors of Original Articles, Concise Communications, and

Research Briefs are required to complete and upload the ICMJE Disclosure

Form when and if they are asked to submit a revision of their manuscript. All

authors of Letters and invited manuscripts (Letters in Reply, Commentaries,

Reviews, and Guidelines) are required to complete and upload the ICMJE

Disclosure Form when they initially submit their manuscript.

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• References: format them according to the Uniform Requirements for Manuscripts

Submitted to Biomedical Journals (which is followed by MEDLINE). Number them

in the order in which they are cited in the text; references cited only in tables or

figure legends should be numbered as though cited at the point where the table or

figure is first mentioned.

• Tables: prepare them with the Microsoft Word table editor only. Do not use any

tabs or hard returns in the table. State all units explicitly and define all

abbreviations.

• Figures (graphs, photographs, and illustrations): submit figures as digital files.

The file format must be TIFF or EPS (although MS Word format is acceptable for

graphs only). Resolution should be 1,200 dpi for graphs, 600 dpi for grayscale

photographs, and 300 dpi for color figures. Each figure or illustration must be a

separate file named to match its number in the text (eg, fig1.eps). Place titles and

legends in the text file, not in the figure file. Label the axes, state all units explicitly,

and define all abbreviations.