universidade do estado de mato grosso unemat...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO – UNEMAT
CAMPUS UNIVERSITÁRIO JANE VANINI DE CÁCERES
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE ENFERMAGEM
DIEGO TERADA DE OLIVEIRA
ANÁLISE DO PROGRAMA DE TRIAGEM NEONATAL BIOLÓGICA EM
CÁCERES, MATO GROSSO, NO ANO DE 2017.
CÁCERES-MT
2018
DIEGO TERADA DE OLIVEIRA
ANÁLISE DO PROGRAMA DE TRIAGEM NEONATAL BIOLÓGICA EM
CÁCERES, MATO GROSSO, NO ANO DE 2017.
Monografia apresentada à disciplina
Trabalho de Conclusão de Curso III
do Curso de Enfermagem da
Universidade do Estado de Mato
Grosso como parte dos requisitos para
aprovação da disciplina.
Orientadora: Prof.ª Esp. Natália
Gentil Lima.
Coorientadora: Prof.ª. Me. Thaís
Martins dos Santos.
CÁCERES-MT
2018
OLIVEIRA, Diego Terada de.
Análise do programa de triagem neonatal biológica em Cáceres, Mato Grosso, no ano
de 2017. / Diego Terada de Oliveira – Cáceres/MT: UNEMAT, 2018. 51 f.
Orientadora: Natália Gentil Lima
Coorientadora: Thais Martins dos Santos
Monografia (Graduação) - apresentada como um dos requisitos para obtenção
do título de Enfermeiro da Universidade do Estado de Mato Grosso. UNEMAT.
1. Triagem neonatal, Teste do pezinho, Enfermagem, Neonato, Saúde
Pública.
“O conhecimento é como um jardim: Se não cultivado, não pode ser
colhido.”(Provérbio Africano)
RESUMO
OLIVEIRA, Diego Terada de. ANÁLISE DO PROGRAMA BIOLÓGICO DE
TRIAGEM NEONATAL EM CÁCERES, MATO GROSSO, NO ANO DE 2017.
2018, 51fls. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Curso de Enfermagem,
Universidade do Estado de Mato Grosso, Cáceres-MT, 2018.
A pesquisa descreve a análise do Programa de Triagem Neonatal Biológica do município
de Cáceres, MT, no ano de 2017. Foi realizada pesquisa documental, transversal
descritiva, quantitativa no Ambulatório da Criança. Para tanto, fez-se coleta de dados no
prontuário de registro dos testes do pezinho para o levantamento da taxa de cobertura da
triagem no ano de 2017, perfil dos recém-nascidos, número de reconvocação e sua
associação com o perfil dos recém-nascidos. Foi realizada regressão logística binomial
considerando p<0,05, Coeficiente de β e Intervalos de Confiança de 95%. Para a escolha
do modelo de análise foi utilizado o método Stepwise Forward, considerando o teste de
Wald, Verossimilhança de log-2 e de Nagelkerke R². Foi utilizado o programa estatístico
IBM SPSS Statistics Base versão 22.0 (2017). Aos principais resultados constatou-se que
a taxa de cobertura para a triagem neonatal foi de 77,74%. Ao perfil a maioria era do sexo
masculino (55,80%), cor parda (95,90%), nascidos de 6 à 15 dias (52,30%), com peso
adequado ao nascer (83,80%), e nascidos a termo (57,80%). Desses RN’s, 12,50% eram
prematuros, 1,90% gemelar e 5,60% fizeram transfusão de sangue anterior ao teste. A
média da idade gestacional foi de 38,4 semanas, e do peso de nascimento foi de 3.225g.
Dos RN’s triados, 24,30% fizeram o teste no tempo ideal entre o 3º e 5º dia de vida. Foram
reconvocados 11,71% (121) para a realização de nova coleta, e destes apenas 48 voltaram
para o teste. À análise de regressão logística binomial, as variáveis que influenciaram para
a reconvocação foram a idade gestacional (p=0,025; β=0,805), presença de
prematuridade (p=0,000; β=0,044) e presença de transfusão sanguínea (p=0,009;
β=0,834). Este modelo de análise foi capaz de explicar cerca de 46,2% das variações
registradas do número de reconvocações (Nagelkerke R² =0,462). O principal motivo de
reconvocação foi a prematuridade, 76 RN’s. Foram registrados um caso de anemia
falciforme e uma doença falciforme. A média para a retirada do resultado do teste foi de
53 dias. Por fim, conclui-se que há diversos fatores que influenciam na realização integral
no acompanhamento das crianças na fase neonatal, ocasionado principalmente pela falta
de orientação às mães e prontuários com falhas de preenchimento o que também, limita
uma análise mais consistente do percentual dos atendimentos realizados.
Palavras-chave: Triagem neonatal, teste do pezinho, enfermagem, neonato, saúde
pública.
ABSTRACT
Oliveira, Diego Terada de. ANALYSIS OF THE BIOLOGICAL PROGRAM OF
NEONATAL SCREENING IN CÁCERES, MATO GROSSO, IN THE YEAR OF
2017. 2018. 51 fls. Monograph (Course Completion Work) – Nursing Course, State
University of Mato Grosso, Cáceres-MT, 2018.
The research describes the analysis of the Biological Neonatal Screening Program of the
municipality of Cáceres, MT, in the year 2017. A descriptive, quantitative and descriptive
cross-sectional study was carried out in the Children's Outpatient Clinic. To do so, data
were collected in the registry of the tests of the foot to collect the rate of coverage of the
screening in the year 2017, profile of newborns, number of recall and its association with
the profile of newborns . Binomial logistic regression was performed considering p <0.05,
Coefficient of β and Confidence Intervals of 95%. For the choice of the analysis model,
the Stepwise Forward method was used, considering the Wald test, log-2 likelihood and
Nagelkerke R² test. The statistical software IBM SPSS Statistics Base version 22.0 (2017)
was used. The main results showed that the coverage rate for neonatal screening was
77.74%. Most of the patients were male (55.80%), brown (95.90%), born 6 to 15 days old
(52.30%), with adequate birth weight (83.80%), and term births (57.80%). Of these NBs,
12.50% were preterm, 1.90% twin and 5.60% had previous blood transfusion. The mean
gestational age was 38.4 weeks, and birth weight was 3,225 g. Of the NBs screened,
24.30% took the test in the ideal time between the 3rd and 5th day of life. 11.71% (121)
were recaptured to perform a new collection, of which only 48 returned to the test. To the
binomial logistic regression analysis, the variables that influenced recall were gestational
age (p = 0.025, β = 0.805), presence of prematurity (p = 0.000, β = 0.044) and presence
of blood transfusion (p = 0.009; β = 0.834). This model of analysis was able to explain
about 46.2% of the recorded variations in the number of recalls (Nagelkerke R² = 0.462).
The main reason for recall was prematurity, 76 newborns. One case of sickle cell anemia
and sickle cell disease was reported. The mean for the withdrawal of the test result was
53 days. Finally, it is concluded that there are several factors that influence the integral
accomplishment in the follow-up of children in the neonatal phase, caused mainly by the
lack of orientation to the mothers and medical charts with filling failures, which also
limits a more consistent analysis of the percentage of care performed.
Keywords: Neonatal screening, foot test, nursing, neonate, public health.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Projeção dos cenários de mudança gradual das fases de atuação do Programa
Nacional de Triagem Neonatal Biológica........................................................................16
Figura 2 - Formulário de coleta de dados para o teste do pezinho no Ambulatório da
Criança, Cáceres-MT, no ano de 2017..............................................................................18
Figura 3 - Realização do procedimento de coleta de amostra sanguínea do teste do
pezinho.............................................................................................................................19
Figura 4 - Exemplos de amostras de coletas mal coletadas............................................20
Figura 5 - Total de nascidos vivos, recém-nascidos confirmados para a triagem neonatal
e taxa de cobertura do PNTN no município de Cáceres, Mato Grosso, no ano de 2017....30
Figura 6 - Número de RN's triados em função do tempo de nascido em dias na coleta e,
presença ou ausência de prematuridade, Cáceres, MT, 2017............................................35
Figura 7 - Percentual de reconvocação dos RN’s triados no teste do pezinho no município
de Cáceres, MT, no ano de 2017.....................................................................................36
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Análise de regressão binomial entre as variáveis do perfil dos RN's e a
presença ou ausência de reconvocações, Cáceres, MT, 2017...........................................37
Tabela 2 – Motivos das reconvocações dos RN’s submetidos a triagem neonatal no
município de Cáceres, MT, no ano de 2017......................................................................39
Tabela 3 – Tempo para a retirada do resultado do exame do teste do pezinho no município
de Cáceres, MT, no ano de 2017.......................................................................................40
LISTA DE ABREVIATURAS
AC – Ambulatório da Criança
AF – Anemia Falciforme
BVS – Biblioteca Virtual em Saúde
FC – Fibrose Cística
HC – Hipotireoidismo Congênito
HAC – Hiperplasia Adrenal Congênita
HUJM – Hospital Universitário Júlio Muller
IDHM – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
MS – Ministério da Saúde
MT – Mato Grosso
NIRT – Tripsina Imunoreativa
NTSH - Hormônio Estimulante da Tireóide Neonatal
PKU – Fenilcetonúria
PTN – Programa de Triagem Neonatal
PNTN – Programa Nacional de Triagem Neonatal
RN – Recém-nascido
SINASC – Sistema de Informações de Nascidos Vivos
SES – Secretaria Estadual de Saúde
SMS – Secretaria Municipal de Saúde
SRTN – Serviço de Referência em Triagem Neonatal
SRTN/MT – Serviço de Referência em Triagem Neonatal do Estado de Mato Grosso
SUS – Sistema Único de Saúde
TN – Triagem Neonatal
TP – Teste do Pezinho
UBS– Unidade Básica de Saúde
UFMT – Universidade Federal de Mato Grosso
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
2. OBJETIVOS ............................................................................................................ 13
2.1 Objetivo Geral ...................................................................................................... 13
2.2 Objetivos Específicos ............................................................................................ 13
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................... 14
3.1 Percurso histórico do programa de triagem neonatal biológica ........................... 14
3.2 Procedimentos técnicos-operacionais para coleta do teste do pezinho ................ 16
3.3 Doenças detectadas pelo teste do pezinho ............................................................ 21
4. METODOLOGIA ................................................................................................... 24
4.1 Desenho do estudo ................................................................................................ 24
4.2 Local ...................................................................................................................... 24
4.3 População e amostra .............................................................................................. 24
4.4 Procedimento de coleta de dados .......................................................................... 25
4.5 Análise de dados ................................................................................................... 26
4.6 Considerações éticas ............................................................................................. 27
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 30
5.1 Taxa de cobertura do Teste do Pezinho em Cáceres ................................................ 30
5.2 Caracterização do perfil dos recém-nascidos triados ........................................... 32
5.3 Reconvocação dos RN’s triados: motivos e associação com o perfil dos RN’s... 36
5.4 Tempo para retirada do resultado do exame de triagem neonatal ........................ 40
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 43
APÊNDICES .................................................................................................................. 47
Apêndice I. Solicitação da dispensa do TCLE ........................................................... 47
ANEXOS ........................................................................................................................ 48
Anexo I. Solicitação de dados de nascidos vivos no município de Cáceres no ano de
2017. ........................................................................................................................... 48
Anexo II. Solicitação para coleta de dados em prontuários no Ambulatório da
Criança.........................................................................................................................49
Anexo III. Formulário para caracterização do perfil dos recém-nascidos que realizaram
teste do pezinho no ano de 2017. ................................................................................ 50
11
1. INTRODUÇÃO
A triagem neonatal (TN) é atualmente a prática de saúde pública e de pediatria
preventiva relacionada a genética mais conhecida e usada em todo o mundo (SILVA et
al., 2015). A palavra triagem para a saúde pública significa a execução primária de
exames que são realizados em uma população que apresenta alguma chance de
desenvolver alguma patologia (GARCIA; FERREIRA; OLIVEIRA, 2007 apud
OLIVEIRA; SOUZA, 2017).
De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2002) o lançamento do
Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), aconteceu em 6 de junho de 2001
(Portaria GM/MS n.º 822). O PNTN é executado pelos Serviços de Referência em
Triagem Neonatal (SRTN) em cada Estado e no Distrito Federal, sendo as instâncias
ordenadoras e orientadoras destinadas à operacionalização, à execução e ao controle do
PNTN em sua área de abrangência (STRANIERI; TAKANO, 2009). A rede de coleta é
definida pelos gestores de saúde dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Distritos
Especiais de Saúde Indígena (BRASIL, 2016).
Segundo Oliveira e Souza (2017) a TN é um exame de rastreamento feito nos
recém-nascidos (RN’s) popularmente chamado de “teste do pezinho”. Ao aplicarmos a
definição de TN, estamos realizando essa metodologia de rastreamento, especificamente
na população com idade de 0 a 28 dias de vida (BRASIL, 2016). Conforme Almeida et
al. (2006 apud OLIVEIRA; SOUZA, 2017) e Leite e Pontes (2009) o principal objetivo
do Teste do pezinho (TP) é identificar as doenças do metabolismo, antes mesmo que estas
comecem a manifestar os primeiros sinais e sintomas, proporcionando assim aos RN’s
uma melhor qualidade de vida.
O manual técnico do Serviço de Referência em Triagem Neonatal do Estado de
Mato Grosso – SRTN/MT (2012), reforça que o TP é um exame de "triagem". Triar quer
dizer "selecionar". Assim o objetivo da triagem neonatal é selecionar entre as crianças
"aparentemente" sem doença, um grupo de crianças que tem uma chance maior de ter
uma determinada doença, antes que ela provoque danos irreversíveis, para então, numa
segunda etapa, estudar mais a fundo este subgrupo de crianças, investigando-se, com
novos exames a possibilidade de confirmar o diagnóstico.
Dentre os principais objetivos do PNTN, destacam-se a ampliação da gama de
patologias triadas (PKU, HC, Doenças Falciformes e outras Hemoglobinopatias, FC e
Deficiência de Biotinidase), busca da cobertura de 100% dos nascidos vivos e a definição
12
de uma abordagem mais ampla da questão, determinando que o processo de Triagem
Neonatal envolva várias etapas como: a realização do exame laboratorial, a busca ativados
casos suspeitos, a confirmação diagnóstica, o tratamento e o acompanhamento
multidisciplinar especializado dos pacientes. Dessa forma, o PNTN cria o mecanismo
para que seja alcançada a meta principal, que é a prevenção e redução da
morbimortalidade provocada pelas patologias triadas (BRASIL, 2002).
Mediante este cenário, surgiram as seguintes perguntas norteadoras deste estudo:
Qual é a taxa de cobertura do Programa de Triagem Neonatal Biológica do município de
Cáceres, Mato Grosso, no ano de 2017? Quais são as variáveis relacionadas ao perfil do
recém-nascido que atuam como fatores de proteção e de risco para a reconvocação do
teste do pezinho?
Dessa forma, concordamos quando o Ministério da Saúde (BRASIL, 2016)
afirma que o TP é socialmente reconhecido como uma efetiva ferramenta de prevenção à
saúde e tem a Atenção Básica (AB) como porta de entrada no Sistema de Saúde. Nessa
perspectiva ressaltamos que são necessários estudos, pesquisas e resultados científicos
que promovam o fortalecimento de uma verdadeira "rede" de triagem neonatal, composta
pelos "postos de coleta", elo mais próximo das famílias das crianças triadas, e serviço de
referência, ponto de convergência e difusão de dados, entre Secretarias Municipais de
Saúde (SMS), Secretaria Estadual de Saúde (SES) e Ministério da Saúde.
13
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Analisar o Programa de Triagem Neonatal Biológica do município de Cáceres – MT,
no ano de 2017.
2.2 Objetivos Específicos
• Calcular a taxa de cobertura do teste do pezinho no município.
• Descrever o perfil do RN rastreado na coleta do teste do pezinho quanto a sexo;
cor/raça, prematuridade, peso ao nascer, transfusão de sangue, gemelaridade,
idade média dos RN’s na coleta.
• Identificar o número de RN’s reconvocados, os motivos dessas reconvocações,
bem como, o tempo para a retirada dos resultados dos exames pelos
pais/responsáveis.
• Analisar a associação existente entre a presença ou ausência de reconvocação
com as variáveis do perfil dos RN’s.
14
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 Percurso histórico do programa de triagem neonatal biológica
A história do Programa de Triagem Neonatal Biológica iniciou nos Estados
Unidos da América, através do médico pesquisador na área do câncer, Robert Guthrie.
Após o nascimento de seu filho, John, portador de deficiência mental, resolveu prestar-se
também ao estudo na prevenção desta deficiência. Juntamente com sua esposa, Margaret,
tornaram-se membros ativos de uma associação para deficientes mentais no Estado de
Nova York, onde como vice-presidente, numa das reuniões mensais, apresentou suas
ideias para pesquisa e prevenção do retardo mental (DOMINGOS, 1997 apud UNISERT,
2017).
Almeida et al. (2006 apud OLIVEIRA; SILVA, 2017) ressaltam também que os
estudos sobre o teste do pezinho tiveram início entre meados da década de 50, entretanto,
os Programas de Triagem Neonatal começaram a ser instalados em diversos países
somente na década de 60.
Na década de 80, houve o amparo legal para a realização dos Programas de
Triagem Neonatal em poucos estados brasileiros como São Paulo (Lei Estadual n.º
3.914/1983) e Paraná (Lei Estadual n.º 867/1987), porém com a Lei Federal n.º 8.069, de
13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) houve a tentativa inicial de
formalização da obrigatoriedade dos testes em todo o território nacional:
Art. 10º - Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de
gestantes públicos e particulares são obrigados a proceder a exames visando a
diagnóstico e terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém-nascido,
bem como prestar orientações aos pais (BRASIL, 2002a, p 10).
Considerando a necessidade de ampliar as medidas e os esforços para que se
criem os meios capazes de produzir a redução da morbimortalidade relacionadas às
patologias congênitas no Brasil, o MS de acordo com a Portaria nº 822/GM/MS, de 06 de
junho de 2001 instituiu, no âmbito do Sistema Único de Saúde, o Programa Nacional de
Triagem Neonatal / PNTN. Este programa resolve em seu art. 2º estabelecer as seguintes
Fases de Implantação do PNTN:
• Fase I - Fenilcetonúria e Hipotireoidismo Congênito: Compreende a realização de
triagem neonatal para fenilcetonúria e hipotireoidismo congênito, com a detecção
15
dos casos suspeitos, confirmação diagnóstica, acompanhamento e tratamento dos
casos identificados.
• Fase II - Fenilcetonúria e Hipotireoidismo Congênito + Doenças Falciformes e
outras Hemoglobinopatias.
• Fase III - Fenilcetonúria, Hipotireoidismo Congênito, Doenças Falciformes e
outras Hemoglobinopatias + Fibrose Cística.
Em seu art. 5º o PNTN determina às Secretarias de Saúde dos estados, Distrito Federal
e dos municípios, de acordo com seu nível de responsabilidade no Programa, que
organizem Redes Estaduais de Triagem Neonatal que serão integradas por: a) Postos de
Coleta; b) Serviços de Referência em Triagem Neonatal/ Acompanhamento e Tratamento
de Doenças Congênitas Tipo I, II ou III. Em seu inciso 1º afirma que, compete aos
municípios à organização/estruturação/ cadastramento de tantos postos de coleta quantos
forem necessários para a adequada cobertura e acesso de suas respectivas populações,
sendo obrigatória a implantação de pelo menos um Posto de Coleta por município
(municípios em que ocorram partos).
De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2016, p.5),
[...] o PNTN, é considerado um programa de grande importância nacional e de
sucesso no Sistema Único de Saúde por contemplar os princípios e diretrizes
fundamentais do SUS, uma vez que: é um programa de grande abrangência, e
está implantado em todos os estados brasileiros; privilegia os princípios da
universalidade, equidade, integralidade, preservação da autonomia e igualdade
da atenção à saúde; tem a Atenção Básica como porta de entrada preferencial
no sistema de saúde; está inserido nas Redes de Atenção à Saúde ‑ RAS, com
destaque para a Rede Cegonha e a Rede de Cuidado à Pessoa com Deficiência;
as pessoas com distúrbios e doenças detectadas são acompanhadas por equipes
multidisciplinares em serviços especializados, visando a sua saúde integral,
redução da morbimortalidade e melhoria da qualidade de vida. (BRASIL,
2016, p.5).
No ano de 2013, diante da necessidade de estender e aprimorar os benefícios da
TN utilizando os serviços instituídos pelo PNTN, o MS resolve ainda, conforme a Portaria
nº 2.829/GM/MS, instituir a Fase IV no PNTN, para inclusão da triagem neonatal para
hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase. Portanto, o PNTN passou a
compreender a realização de procedimentos em triagem neonatal para fenilcetonúria,
hipotireoidismo congênito, doença falciforme e outras hemoglobinopatias, fibrose cística,
hiperplasia adrenal congênita e deficiência de biotinidase, visando à detecção precoce dos
casos suspeitos, confirmação diagnóstica, acompanhamento e tratamento dos casos
identificados.
16
A figura 1, demonstra a projeção da transição e implantação das fases de atuação
do PNTN de 2011 a 2014 no Brasil. A fase III está restrita aos Estados que tiverem
cobertura superior a 70% dos nascidos vivos nas fases I e II (BRASIL, 2001 apud
GOLDBECK, 2006).
O Estado de Mato Grosso (MT) foi habilitado na Fase IV no ano de 2014 (Figura
1), através da Portaria nº 488, de 17 de junho, assim como, autorizado o gestor a
credenciar como Serviço de Referência em Triagem Neonatal (SRTN), o Hospital
Universitário Júlio Muller (HUJM), do município de Cuiabá, MT, tendo como razão
social a Fundação Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
Esta medida enfatiza um dos princípios básicos do Sistema Único de Saúde
(SUS) que é garantir acesso igualitário a todos os recém-nascidos brasileiros,
independentemente de idade, raça, classe social ou origem geográfica (SALLES;
SANTOS, 2009apud OLIVEIRA; SOUZA, 2017). Foi também em 2014 que o PTN
(Programa de Triagem Neonatal) foi expandido para todo o território nacional
(ALMEIDA et al., 2006 apud OLIVEIRA; SOUZA, 2017).
Figura 1 - Projeção dos cenários de mudança gradual das fases de atuação do Programa Nacional de
Triagem Neonatal Biológica.
Fonte: Seminário eletrônico “Triagem neonatal para doença falciforme em todo país”, Ministério da Saúde,
2012.
3.2 Procedimentos técnicos-operacionais para coleta do teste do pezinho
17
O PNTN lançou fundamentos para uma abordagem ampla da questão, que
envolveu detecção precoce, ampliação da cobertura populacional, busca ativa de
pacientes, confirmação diagnóstica, acompanhamento e tratamento adequados, além da
criação de um sistema de informações para cadastrar os doentes (SILVA et al., 2015).
Segundo Leão e Aguiar (2008 apud SILVA et al., 2015) o PNTN foi concebido
como um sistema de cinco etapas, habitualmente organizado e conduzido pelo sistema
público de saúde, que tem as condições e a autoridade necessárias para execução da
triagem universal, sendo elas:
• 1ª etapa: compreende o teste de triagem propriamente dito e objetiva a cobertura
universal do rastreio, ou seja, que todos os recém-nascidos sejam testados.
• 2ª etapa: a compreende a busca ativa, com acompanhamento do resultado e
localização do recém-nascido e sua família, principalmente se o resultado for
alterado.
• 3ª etapa: compreende a feitura de testes diagnósticos, que variam de acordo com
a doença e que, frequentemente, requerem laboratórios especializados.
• 4ª etapa: compreende o tratamento, quando necessário.
• 5ª etapa: avaliação periódica de todas as etapas anteriores e dos diferentes
componentes do sistema: validação dos testes usados, verificação da eficiência da
busca ativa e intervenção, verificação do benefício para o paciente, a família e a
sociedade
Conforme Brasil (2016) o profissional designado como responsável pela coleta
em cada Posto é a pessoa que será acionada pelo SRTN toda vez que o contato com a
família se fizer necessário. Geralmente é um profissional de enfermagem (enfermeiro,
técnico de enfermagem ou auxiliar de enfermagem), cuja atividade é regulamentada por
legislação específica e, no Posto de Coleta tem a responsabilidade de:
• Orientar os pais da criança a respeito do procedimento que irá ser executado,
assim como a finalidade do teste;
• Fazer a coleta e/ou orientar a equipe de coleta;
• Manter registro da realização da coleta e orientação para retirada dos resultados;
• Manter registro da orientação dada aos pais para levar a criança num posto de
coleta da rede, no caso da impossibilidade de realização da coleta (alta precoce)
no Hospital/Maternidade;
• Administrar o armazenamento e estoques de papel filtro, assim como solicitação
de reposição de material;
18
• Administrar as remessas de amostras colhidas ao Laboratório ao qual esteja
vinculado, assim como o recebimento de resultados (Controle de remessas
enviadas/ recebidas);
• Manter registro das ações de busca ativa dos reconvocados: localizar as crianças
reconvocadas cujo material tenha sido devolvido por estar inadequado, por
solicitação de nova coleta de repetição de exame ou para agendamento de consulta
no SRTN;
• Administrar e manter registro da entrega de resultados normais ou alterados às
famílias;
• Garantir a documentação e registro das informações solicitadas na Portaria GM/
MS n.º 822;
• Arquivar os comprovantes de coleta e entrega de resultados.
Nos postos de coleta, são preenchidos os formulários para cadastro e
identificação dos RN’s a serem rastreados (Figura 2), devem conter a identificação do
RN, mãe, motivo da coleta (1ª amostra, reconvocado ou controle), telefone, município,
condições de saúde, local de coleta, entre outros. É necessário que a mãe forneça todas as
informações de forma clara e objetiva, informando principalmente seu endereço, pois se
houver alguma alteração no resultado a família deve ser imediatamente comunicada
(AMORIM, 2005 apud OLIVEIRA; SOUZA, 2017).
Figura 2 - Formulário de coleta de dados para o teste do pezinho no Ambulatório da Criança, Cáceres-MT,
no ano de 2017.
Fonte: Serviço de Referência em Triagem Neonatal do Estado de Mato Grosso. Manual de Procedimentos
para Postos de Coleta do Teste do Pezinho. Hospital Universitário Júlio Müller, 2012.
A técnica correta de coleta das amostras de sangue para o TP (Figura 3) é um
procedimento de enfermagem. Com o auxílio de uma lanceta são obtidas algumas gotas
19
de sangue de uma das laterais do calcanhar do bebê e estas são depositadas em papel
filtro. O período para realizar o exame deve ser do 3º ao 7º dia de vida do RN,
preferencialmente no 5º dia, pois o mesmo já esteve em contado com o leite materno, que
é fonte de alimentação proteica (MARQUI, 2016).
Figura 3 - Realização do procedimento de coleta de amostra sanguínea do teste do pezinho.
Fonte: Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de São Paulo. Manual de instrução do teste do
pezinho, 2014.
De acordo com o SRNTN/MT, (2013) o ideal é colher entre o 3º e o 5º dia de
vida, e excepcionalmente com mais de 30 dias de vida, a não ser que haja uma indicação
específica feita pelo médico que examinou a criança e solicitou essa coleta tardia. No
caso de coleta tardia, a obtenção do sangue não poderá ser feita por punção de calcanhar
porque está se torna mais difícil com o crescimento da criança por características
anatômicas locais.
Em casos de RN’s prematuros deve realizar pelo menos três amostras em tempos
diferentes, podendo se estender, se necessário, porém é preciso lembrar que os mesmos
possuem quantidade de volume sanguíneo entre 80 mL/kg e 90 mL/kg de seu peso
corporal, portanto as coletas de sangue devem ser otimizadas evitando assim possíveis
danos a estes recém-nascidos, bem como, é necessário realizar a coleta na região do
sangue venoso periférico e não na região calcanhar. Não é recomendado utilizar nas linhas
venosas de infusão de medicamentos ou nutrição parenteral (BRASIL, 2016).
Os materiais necessários para o procedimento de coleta são: luvas de
procedimento, lanceta estéril descartável com ponta triangular de aproximadamente
2,0mm, recipiente com álcool a 70% para realização da assepsia do pé do recém-nascido,
algodão ou, até mesmo, gaze pequena estéril e papel filtro do Programa Nacional de
Triagem Neonatal (BRASIL, 2016).
Todas as informações solicitadas no papel filtro são importantes e necessárias
para que se alcance os resultados desejados do PNTN. Deve-se preencher todas as
informações conforme descrito no capítulo Laboratório Especializado/Dados mínimos de
Identificação; escrever com letra bem legível, de preferência de forma, e evitar o uso de
20
abreviaturas; usar apenas caneta esferográfica para garantir uma boa leitura; e para evitar
a contaminação dos círculos do papel filtro, deve-se manusear o papel com cuidado
evitando o contato com as mãos, assim como com qualquer tipo de substância (BRASIL,
2002).
Seguindo as orientações do Ministério da Saúde (BRASIL, 2016), é
recomendado que quando terminada a coleta e a verificação imediata, as amostras deverão
ser submetidas ao processo de secagem à temperatura ambiente (15° a 20°C por cerca de
3 horas), em dispositivo próprio ou superfície plana, isolada, e que a área contendo sangue
fique livre de qualquer contato. A posição horizontal permite a distribuição do sangue de
forma homogênea. São procedimentos de secagem que inutilizam a amostra (Fig. 4): a)
Temperaturas altas como exposição ao sol e secagem em cima de estufas; b) Ventilação
forçada; c) Local com manipulação de líquidos ou gases químicos; d) Empilhamento de
amostras que leva à mistura de sangue entre amostras diferentes; e) Contato com
superfícies que podem prejudicar o espalhamento uniforme do sangue ou absorver o
sangue coletado.
Figura 4 - Exemplos de amostras de coletas mal coletadas.
Fonte: Manual técnico de Triagem neonatal biológica, MS, 2016.
Por fim, conforme orientação do SRNTN/MT (2013), deve-se, depois de secas,
proteger a região dos círculos com sangue com pedaço de papel alumínio, empilhar os
papéis-filtro. As amostras podem ser empilhadas alternadamente, de modo que a aba com
sangue de um papel filtro não fique uma em contato direto com a de outro papel. Deve-
se colocar os formulários em saco plástico e armazenar em recipiente fechado, em local
fresco e protegido de luz. Pode ser utilizada uma caixinha plástica do tipo “tupaware”, de
preferência colocada em geladeira.
21
3.3 Doenças detectadas pelo teste do pezinho
As doenças alvo dos programas de triagem neonatal ganharam relevância com
as mudanças no perfil de morbimortalidade infantil, dentro da chamada "transição
demográfica e epidemiológica", em que a mortalidade infantil associada a doenças
infecciosas e à desnutrição foi gradativamente substituída por outras relacionadas a
complicações do período perinatal e genéticas. Em geral, doenças em que intervenções
precoces possam modificar o desfecho ruim e para as quais exista tratamento disponível
são as que compõem o teste do pezinho na saúde pública (LOPES, 2011).
Segundo o Manual de Normas Técnicas e Rotinas Operacionais do Programa
Nacional de Triagem Neonatal do Ministério da Saúde (2002), considera-se:
I) Fenilcetonúria: conhecida também pela sigla (PKU) é erro inato do
metabolismo, de origem genética, com herança autossômica recessiva, cujo defeito
metabólico na enzima fenilalanina hidroxilase leva ao acúmulo de fenilalanina no sangue
do recém-nascido, provocando odor característico na urina e efeitos tóxicos no sistema
nervoso central, levando a deficiência mental, comportamento agitado ou padrão autista
e convulsões. O tratamento precoce através de dieta especial, antes dos três meses de vida,
previne as 10 alterações e propicia desenvolvimento neuro-psicomotor dentro dos padrões
normais, devendo perdurar por toda a vida.
II) Hipotireoidismo Congênito: distúrbio decorrente da deficiência de
produção dos hormônios da tireoide, que ocorre por diferentes causas, sendo que 15%
dos casos são de herança autossômica recessiva. O recém-nascido com Hipotireoidismo
Congênito (HC) geralmente não apresenta sintomas ao nascer, mas com o tempo a
deficiência dos hormônios tireoidianos leva a atraso de desenvolvimento e retardo mental
grave. O tratamento precoce e contínuo com reposição de hormônio tireoidiano, antes da
quarta semana de vida, resulta em desenvolvimento normal da criança, devendo continuar
por toda a vida.
III) Doenças Falciformes e outras Hemoglobinopatias: a Anemia Falciforme
(AF) é a doença genética autossômica recessiva mais comum do Brasil pela sua alta
frequência entre afrodescendentes. A causa da doença é uma mutação no gene da
hemoglobina, originando uma hemoglobina anormal, denominada hemoglobina S (HbS),
diferente da hemoglobina normal, denominada hemoglobina A (HbA). Na Anemia
Falciforme os dois genes são anormais (HbSS), sendo utilizado o termo doença falciforme
para definir as hemoglobinopatias nas quais a hemoglobina S está associada à outras
22
variantes patológicas (HbC, HbD, etc.). O paciente afetado apresenta anemia hemolítica,
crises vaso-oclusivas, crises de dor, infartos teciduais, insuficiência renal progressiva,
acidente vascular cerebral e aumento da suscetibilidade a infecções. A triagem neonatal
para as hemoglobinopatias é de grande importância, uma vez que o diagnóstico e
tratamento precoces reduzem a morbimortalidade dos pacientes.
IV) Fibrose Cística (FC):também conhecida como Mucovicidose, é detectada
quando o exame é coletado do 3° ao 5° dia, é uma doença hereditária autossômica
recessiva e afeta especialmente os pulmões e o pâncreas, num processo obstrutivo
causado pelo aumento da viscosidade do muco. Quando nasce, a criança com Fibrose
Cística não apresenta sinais ou sintomas da doença, os quais poderão aparecer em
semanas, meses ou anos. Essas crianças evoluem com muitas complicações pulmonares
e frequentes internações hospitalares e o seu tratamento consiste de acompanhamento
médico regular, suporte dietético, utilização de enzimas pancreáticas, suplementação
vitamínica (A, D, E, K) e fisioterapia respiratória. A importância da triagem neonatal é a
redução da morbidade, porque apesar da doença não ser passível de cura, proporciona o
acompanhamento dos pacientes, aumentando a sobrevida pela 11 instituição precoce de
medidas de prevenção e tratamento das patologias secundárias (pneumonias de repetição,
por exemplo).
IV) Deficiência de Biotinidase: é uma doença metabólica hereditária, com
herança autossômica recessiva, na qual há um defeito no metabolismo da biotina.
Clinicamente, manifesta-se geralmente a partir da sétima semana de vida com distúrbios
neurológicos e cutâneos, como crises epilépticas, hipotonia, microcefalia, atraso do
desenvolvimento neuropsicomotor, alopecia e demartite eczematóide. Nos pacientes com
diagnóstico tardio observa-se frequentemente distúrbios visuais, auditivos, assim como
atraso motor e de linguagem. O diagnóstico precoce com o início do tratamento ainda nos
primeiros meses de vida assegura ao bebê uma vida normal sem qualquer sintoma da
doença.
VI) Hiperplasia Adrenal Congênita: A denominação hiperplasia adrenal
congênita (HAC) engloba um conjunto de síndromes transmitidas de forma autossômica
recessiva, que se caracterizam por diferentes deficiências enzimáticas na síntese dos
esteroides adrenais. As síndromes clínicas mais frequentes de HAC podem ser divididas
em três formas: forma clássica perdedora de sal, forma clássica não perdedora de sal e
forma não clássica. Forma clássica perdedora de sal: Nos recém-nascidos do sexo
feminino, há virilização da genitália externa (aumento de clitóris, fusão labial e formação
de seio urogenital), decorrente do excesso de andrógenos durante a vida intrauterina. Nos
23
recém-nascidos do sexo masculino e nos do sexo feminino nos quais a virilização da
genitália externa não foi identificada, como há deficiência mineralocorticoide, a
apresentação ocorre nos primeiros dias de vida com crise adrenal: depleção de volume,
desidratação, hipotensão, hiponatremia e hiperpotassemia. Forma clássica não perdedora
de sal (virilizante simples): Nos recém-nascidos do sexo feminino, há virilização da
genitália externa. Como nesta forma não há deficiência mineralocorticoide com
repercussão clínica, os recém-nascidos do sexo masculino são frequentemente
identificados em idade tardia por sinais de hiperandrogenismo: velocidade de crescimento
aumentada, maturação óssea acelerada ou pubarca precoce. Forma não clássica (de início
tardio): Os pacientes frequentemente são assintomáticos ou as manifestações se
apresentam tardiamente na infância ou adolescência. No sexo feminino, devido ao
hiperandrogenismo decorrente da deficiência enzimática, a apresentação pode ser por
aumento de clitóris, pubarca precoce, ciclos menstruais irregulares e hirsutismo. No sexo
masculino, o quadro costuma ser assintomático.
24
4. METODOLOGIA
4.1 Desenho do estudo
Foi realizado um estudo epidemiológico de base documental, de caráter
transversal e natureza quantitativa.
Conforme Bloch, Coutinho, 2009; Klein, Bloch, 2009 (apud BORGES, 2011)
os estudos transversais são tipo de desenho dos estudos epidemiológicos, também
chamado de seccional. Apresentam um prazo determinado e curto como se fosse um corte
transversal no processo de observação do fenômeno em análise. Com isso, a inferência
nos estudos transversais é de população definida em local e em tempo, bem desmarcados.
Esses estudos têm sido utilizados com propósitos de subsídio tecnológico aos
planejadores das ações em saúde.
A pesquisa quantitativa tem como pressuposto a separação entre o sujeito
investigador e o objeto investigado e faz uso da linguagem matemática na apresentação
dos resultados alcançados (LUDWIG, 2014).
4.2 Local
O estudo foi realizado no Posto de Coleta do teste do pezinho em Cáceres-MT,
localizado no Ambulatório da Criança - AC, uma unidade de saúde pública vinculada à
Secretaria Municipal de Saúde – SMS, administrada pela Prefeitura Municipal, e
referência no atendimento ambulatorial pediátrico e de imunização infantil.
De acordo com o Altas do Desenvolvimento Humano dos Municípios - IDHM
(2013), a cidade de Cáceres está situada a 215 km da capital do Estado (Cuiabá), a
sudoeste de Mato Grosso, integrando a microrregião do alto Pantanal e a mesorregião do
centro-sul mato-grossense, com uma área territorial de 24.351,408 km², população de
91.271 (IBGE, 2017).
Ainda segundo o IDHM do município, no que se refere a longevidade,
mortalidade e fecundidade, a mortalidade infantil (mortalidade de crianças com menos de
um ano) em Cáceres reduziu 31%, passando de 25,3 por mil nascidos vivos em 2000 para
17,4 por mil nascidos vivos em 2010.
4.3 População e amostra
25
A população deste estudo foi composta por todos os recém-nascidos (RN’s)
vivos que realizaram o TP pela rede pública.
Os critérios de inclusão definidos foram: todos os recém-nascidos vivos que
realizaram o teste do pezinho no município de Cáceres-MT no ano de 2017, bem como,
os RN’s de outros distritos, nos quais são pertencentes ao município de Cáceres.
Como critérios de exclusão: RN’s de outros municípios; dados incompletos ou
ignorados no prontuário de registro do teste do pezinho no ano de 2017; duplicidade de
dados, ou seja, para RN’s que realizaram mais de uma coleta no ano de 2017, manteve-
se apenas dos dados da primeira coleta para a análise; crianças que fazem o teste repetidas
vezes ao ano para controle de doenças.
O universo amostral inicial foi composto de 1.246 dados de RN’s registrados no
prontuário do teste do pezinho de 2017. Diante dos critérios estabelecidos a amostra final
foi estabelecida da seguinte forma:
a) para o cálculo da taxa de cobertura do teste do pezinho no ano de 2017, foram
excluídos da planilha de dados, 10 dados relacionados há uma criança que fazia controle
na unidade com diagnóstico de anemia falciforme; e 38 dados duplicados de RN’s que
fizeram de duas a três coletas no ano para confirmação do resultado, mantendo-se apenas
os dados do perfil relativos a primeira coleta, e mantido o motivo de reconvocação ou
doença confirmada que aparecerem nas coletas posteriores. Deste modo para o cálculo da
taxa de cobertura foram utilizados 1.198 dados de RN’s.
b) para as análises descritivas e estatísticas, foram excluídos da planilha, além
dos dados já citados acima, 165 dados de RN’s que no prontuário de registro tiveram
dados incompletos ou ignorados relacionados ao perfil. Deste modo para as análises foi
utilizada a amostragem de 1.033 dados de RN’s.
4.4 Procedimento de coleta de dados
O total de RN’s vivos em Cáceres no ano de 2017, foi de 1.541. Este dado foi
obtido na Vigilância em Saúde do município de Cáceres, mediante a entrega de uma
solicitação por escrito (ANEXO I) à coordenação da unidade, isto porque, dados de 2017
ainda não estavam disponibilizados no SINASC/DATASUS. Esse dado foi necessário
para o cálculo da taxa de cobertura do teste do pezinho em Cáceres.
Os dados relacionados aos RN’s e dos TP realizados foram coletados utilizando
a técnica de pesquisa documental, a partir dos resultados dos exames dos testes dos
26
pezinhos, da análise do livro de registro e controle dos resultados e das reconvocações
para nova realização do teste, referentes apenas ao ano de 2017.
Cabe ressaltar, que a coleta de dados foi realizada com a supervisão de um
profissional de saúde da unidade responsável pela realização do teste do pezinho, indicado
pelo Secretário de Saúde do município de Cáceres, mediante a solicitação para a coleta
de dados em prontuários por terceiros (ANEXO II). O profissional responsabilizado por
acompanhar a coleta de dados não recebeu nenhuma forma de pagamento por exercer tal
função, sendo este trabalho efetuado, portanto, de forma gratuita. Para tanto, foi elaborado
um roteiro estruturado com as variáveis pertinentes ao estudo para facilitar a coleta dos
dados (ANEXO III).
O pesquisador agendou uma reunião junto com o profissional destinado à
acompanhar a coleta dos dados para apresentar o roteiro estruturado e explicar quais
variáveis foram necessárias para a coleta dos dados. É importante reforçar que o
pesquisador teve acesso restrito aos dados, coletando apenas o que constava no roteiro
apresentado. Os dados foram coletados no período de dois meses.
4.5 Análise de dados
Os dados foram tabulados e categorizados utilizando a ferramenta Microsoft
Excel 2017 e apresentados em forma de tabelas e gráficos. Os dados foram transcritos em
banco de dados com dupla digitação e posterior validação, visando à correção de erros.
As variáveis do estudo, todas relativas aos RN’s triados, foram assim definidas:
a) variável desfecho ou dependente (y): reconvocados (sim/não), categórica e dicotômica;
b) variáveis independentes (x): sexo (categórica); cor/raça (categórica); prematuridade
(categórica dicotômica); gemelaridade (categórica dicotômica); transfusão sanguínea
(categórica dicotômica); peso em gramas (quantitativa contínua); idade em dias
(quantitativa discreta); idade gestacional em semanas (quantitativa discreta); e tempo para
retirada do resultado do exame em dias (quantitativa discreta).
A análise de dados foi dividida em três etapas: 1) cálculo da taxa de cobertura;
2) análise descritiva em números absolutos (FAS), frequência relativa (FR%), média, e
amplitude mínima e máxima; 3) e a análise estatística de regressão logística binomial.
O gráfico da taxa de cobertura foi elaborado utilizando o Software Excel 2017.
Para a análise descritiva, foi utilizado o programa estatístico IBM SPSS Statistics
Base versão 22.0 (2017), considerando nível de significância de 5%. Variáveis como o
peso e idade do RN, bem como, a idade gestacional no parto, definidas como quantitativas
27
para a análise de regressão, tiveram de ser categorizadas para a apresentação dos dados
na tabela descritiva do estudo com FAS e FR%. Os gráficos e tabelas foram elaborados
utilizando o Software Excel 2017.
Diante disso, para a categorização do peso foi seguida a classificação do
Ministério da Saúde (BRASIL, 2002b), em que recém-nascidos com menos de 2.500g
são classificados como de baixo peso ao nascer, e ≥ 2.500g até 3.999g considerado peso
adequado; e peso ao nascimento ≥ 4.000g definido como macrossomia (RIBEIRO et al.,
2017).
A idade dos RN’s foi categorizada de acordo com recomendação do período
adequado e ideal para a coleta de amostras sanguíneas para a realização da TN, que vai
do 3º ao 5º dia, sendo sua realização tolerável até o 28º dia de vida (FERREIRA et al.,
2017).
Para a categorização da idade gestacional, utilizou-se a classificação da
Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP, 2017), cujo, recém-nascidos com idade inferiores
de 37 semanas e 0 dias foram denominados pré-termos; RN’s classificados como termo
precoce aqueles com idade gestacional ao nascimento entre 37 e 38 semanas; RN’s termo
39-41 semanas e 6 dias; pós termo acima de 42 semanas completas. Os RN’s pré-termos
ainda foram subcategorizados em: pré-termos extremos aqueles < 28 semanas; muito
pré-termos ≥ 28 semanas a 31 semanas; pré-termos moderados ≥ 31 semanas até 33
semanas e 6 dias; pré-termos tardio ≥ 34 semanas até 36 semanas e 6 dias (SBP, 2017).
A análise estatística foi realizada utilizando o programa estatístico IBM SPSS
Statistics. Para o estudo das associações entre a variável desfecho (reconvocados) com as
variáveis independentes relacionadas ao perfil dos RN’s (sexo, idade, cor/raça, peso ao
nascer, idade gestacional de nascimento, prematuridade, gemelaridade, transfusão
sanguínea) foi realizada regressão logística binomial considerando o nível de
significância de 5% (p<0,05). Também foram calculados o Coeficiente de β e os
Intervalos de Confiança (IC 95%). Para a escolha do modelo de análise foi utilizado o
método Stepwise Forward, considerando o teste de Wald, Verossimilhança de log-2 e
avaliando o Pseudo R² pelo teste de Nagelkerke R².
4.6 Considerações éticas
O presente estudo foi submetido à avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade do Estado de Mato Grosso – CEP/UNEMAT, cumprindo os princípios
28
éticos estabelecidos na Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, aprovado
sob o Parecer nº. 045582/2018 de 25/04/2018.
Este estudo solicitou a dispensa do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE), conforme documento do Apêndice 1, isto porque, foi um estudo no qual os
pesquisadores fizeram a análise de material já coletado pela equipe da unidade de coleta
do TP no ano de 2017, que estava registrado em livros ata com as informações pertinentes
o objeto de estudo. Os pesquisadores tiveram acesso restrito à estas informações, bem
como, não tiveram contato direto com os RN’s e seus pais/responsáveis para a obtenção
de informação alguma. Os dados necessários para a realização deste estudo foram,
portanto, de posse da Secretaria de Saúde do Município, sendo assim solicitado ao
representante desta instituição a autorização para ter acesso indireto a estes dados.
Com relação aos possíveis riscos deste estudo, pode-se mencionar: interferência
na vida e na rotina da equipe de saúde em seu ambiente de trabalho, dúvidas e embaraço
ao interagir com o pesquisador; quebra de sigilo dos dados dos recém-nascidos.
Para minimizar estes possíveis riscos e desconfortos, foram adotadas as
seguintes medidas: 1) Para preservar o sigilo e anonimato dos dados dos RN’s cadastrados
na unidade, em todas as etapas da pesquisa, foram utilizados números de ordem, de acordo
com a sequência da coleta, representados por símbolo alfanumérico “C1, C2”,
sucessivamente. 2) Para garantir a qualidade das informações coletadas por outro
profissional que não seja o pesquisador, foi realizada a apresentação do instrumento de
coleta ao indivíduo que fez a coleta, para maiores esclarecimentos e informações sobre
quais os dados foram importantes para a pesquisa, e como os mesmos deveriam ser
coletados. 3) No que se refere a interferência na rotina de trabalho da equipe de saúde da
unidade, os pesquisadores tomaram todas as precauções possíveis para interferir
minimamente no cotidiano de trabalho dos mesmos, evitando conflito de interesses e
mantendo uma boa relação com a equipe.
Pode-se afirmar que os principais benefícios deste estudo foram: a produção de
indicadores em saúde pública relacionados a triagem neonatal realizada em Cáceres; a
construção de um banco de dados sistematizado referente ao TP, que poderá servir como
instrumento de consulta para avaliações posteriores desse posto de coleta ou de outros
que vierem a serem implantados no município, pelos gestores em saúde; identificar se o
posto de coleta da rede municipal funciona como previsto nas diretrizes do Ministério da
Saúde, e em caso negativo, sugerir a adoção de medidas mais efetivas, como a
organização do serviço e capacitação adequada da equipe responsável pela triagem
neonatal, para gerar indicadores de qualidade.
29
30
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Taxa de cobertura do Teste do Pezinho em Cáceres
Para calcular a Taxa de cobertura do teste do pezinho no município de Cáceres
foi utilizada a seguinte fórmula: total RN’s triados em Cáceres no ano de 2017/ Total de
RN’s vivos no município de Cáceres em 2017 x 100 hab. Sendo assim a fórmula para o
cálculo foi 1.198/1.541 x 100.
A taxa de cobertura da triagem neonatal do município no ano de 2017 foi de
77,74%. A taxa da cobertura referente a triagem neonatal, do Estado de Mato Grosso, de
acordo com Starnieri (2009), teve uma notável evolução, pois:
Segundo o Sistema de Informação de Nascidos Vivos, foram registrados, em
Mato Grosso, 48.539 nascimentos no ano de 2003, e 51.205 em 2004.
Calculou-se, a partir desses dados, uma cobertura populacional referente ao
teste de triagem de 65,3% em 2003 e de 67,6% em 2004, caracterizando-se um
discreto incremento desta dentre os anos avaliados. Em 2003, a cobertura da
rede de coleta do SRTNMT, nos 139 municípios do Estado, foi de
aproximadamente 90%. (STARNIERI, 2009, p. 448).
O estudo de Cintra (2011) que também fora realizado no município de Cáceres,
revela que no ano de 2008 a taxa de cobertura foi de 64,5%. Já, considerando a pesquisa
com levantamento de dados realizada no ambulatório da criança, em 2017 houve uma
evolução para 77,74%. Portanto, constata-se um aumento de 13,24% da cobertura da
triagem neonatal no município de Cáceres, ao longo dos últimos nove anos.
De acordo com Menezes (et al., 2014), a taxa de cobertura do teste do pezinho
do município de Sobral no Estado do Ceará, no ano de 2014 foi de 78%. Isto revela a
semelhança entre a taxa de cobertura de um Estado da região Nordeste do país, com o
município de Cáceres, situado na região Centro-Oeste, mesmo diante de fatores que
implicam na variação para a realização da triagem neonatal entre as regiões brasileira.
No estudo de Mendonça et al. (2009), no município de Marília (São Paulo) em
que realizou-se a triagem neonatal com 22.785 recém-nascidos no período de 2004 a
2006, foi encontrada uma taxa de cobertura do teste do pezinho de 96,97%. Isto destaca
o sucesso da triagem neonatal na região do Hemocentro de Marília. Quando comparada
à taxa de cobertura de Cáceres, o município de Marília apresentou 19,23% a mais de
cobertura.
Considerando que, o Ministério da Saúde (2016) destaca que o PNTN é um
programa de grande abrangência nacional, tendo atingido no ano de 2014 mais de 84%
31
de cobertura dos nascidos vivos brasileiros na rede pública, a taxa apresentada pelos
pesquisadores, bem como a verificada durante esta pesquisa ainda está abaixo do que é
preconizado.
No contexto da discussão supracitada, Garcia (2007) apontou que:
O PNTN tem como principais objetivos: ampliar a gama de patologias triadas,
cobertura de 100% dos nascidos vivos e a definição de uma abordagem mais
ampla da questão. Para tal, visa integrar as esferas municipal, estadual e
federal, para consolidar e uniformizar o atendimento oferecido pelos Serviços
de Referência em Triagem Neonatal (SRTN) credenciados. A intenção é a
criação de um banco de dados nacional sobre triagem neonatal, podendo ser
avaliado como está funcionando o programa no Brasil e por regiões (GARCIA
et al., 2007, p.02).
Neste mesmo sentido Reis e Partelli (2014), ressaltam também que o PNTN tem
como objetivo a busca da cobertura da triagem neonatal de 100% dos nascidos vivos, e
acrescenta que tais taxas visam cumprir os princípios básicos do SUS: equidade,
integralidade e universalidade. No entanto, com as pesquisas realizadas, compreende-se
que este objetivo ainda não foi alcançado em sua totalidade, o que atribui um desafio aos
profissionais da saúde, pois nota-se que para que isso seja possível, dentre outros desafios,
é necessário orientação adequada aos pais durante o pré-natal e o puerpério, esclarecendo
sobre as vantagens e importância da triagem neonatal.
Reichert e Pacheco (2003), em seu estudo realizado sobre o conhecimento das
mães a respeito da importância do teste do pezinho, afirmam que a falta de realização
destes, muitas vezes, surgem da falta de orientação, especialmente, em casos de
primigestas. Para tanto, destacam que parte a premissa de que:
[...] não há conhecimento suficiente das mães quanto à importância do teste do
pezinho para a prevenção de doenças na criança, sobre o tempo ideal para a
realização do teste, o local, o procedimento no momento do exame, enfim,
informações que são básicas, porém desconhecidas para elas (REICHERT;
PACHECO, 2003, p. 227).
Neste sentido, as mesmas autoras discorrem ainda que a falta de vivência de ser
mãe, faz com que as primigestas não compreendam a importância destes cuidados e/ou
precaução para o bem estar da criança. Destacam ainda que, a sensibilização não é uma
tarefa fácil como às vezes parece ser, especialmente, quando se prima por uma orientação
humanizada e individualizada. Portanto, é tarefa do enfermeiro “orientar as mães, seja em
um atendimento pré-natal ou após o parto, quanto à importância e finalidade do teste do
pezinho nos primeiros dias de vida da criança” (REICHERT; PACHECO, 2003, p.229).
32
5.2 Caracterização do perfil dos recém-nascidos triados
Dos 1.198 RN’s que fizeram a triagem neonatal no ano de 2017 no município de
Cáceres, 1.033 adequaram-se aos critérios de inclusão e exclusão mencionados no método
desta pesquisa.
Entre os 1.033 recém-nascidos incluídos neste estudo, foi possível observar que
eram majoritariamente do sexo masculino (55,80%), cor parda (95,90%), os recém-
nascidos que realizaram o teste pezinho foram entre 6º ao 15º dia (52,30%), com peso
adequado ao nascer (83,80%), e nascidos a termo (57,80%) (Tabela 1). Desses RN’s,
12,50% eram prematuros, 1,90% gemelar e 5,60% fizeram transfusão de sangue
anteriormente à realização do teste do pezinho (Tabela 1).
Quanto a idade gestacional, a média foi de 38,4 semanas de gestação, com
mínima de 29 e máxima de 42 semanas. A média do peso de nascimento foi de 3.225g,
com mínima de 1.120g e máxima de 4.965g. A média de idade dos RN’s triados pelo
teste do pezinho, foi de aproximadamente 14 dias, com amplitude mínima de 0 e máxima
de 264 dias de vida (aproximadamente 8 meses).
Constatou-se que 24,30% dos RN’s triados no ano de 2017 em Cáceres,
pertenciam ao tempo ideal de nascidos para a coleta do teste do pezinho que é entre o 3º
e 5º dia de vida (Tabela 1), conforme recomenda o Ministério da Saúde (2016), e ainda
que 1,3% dos RN’s tiveram amostras coletadas em tempo de nascido de 0 a 2 dias.
Portanto, o período da coleta ainda se constitui como um desafio para a saúde pública
atender na íntegra esta recomendação.
Tabela 1 – Caracterização do perfil dos recém-nascidos que realizaram o teste do pezinho no município de
Cáceres, Mato Grosso, no ano de 2017.
Variáveis Frequência Absoluta
(N)
Frequência Relativa
(%)
SEXO
Masculino
Feminino
576
457
55,80
44,20
COR/RAÇA
Parda
Branca
Negra
Amarela
991
39
2
1
95,90
3,80
0,20
0,10
IDADE NA COLETA (dias)
0 até 2 dias
3 até 5 dias
6 até 15 dias
16 até 28 dias
Maior que 28 dias
13
251
540
130
99
1,30
24,30
52,30
12,60
9,60
PESO AO NASCER
Baixo peso (<2.500g)
102
9,90
33
Adequado (2.500 até 3.999g)
Macrossomia (≥ 4.000g)
866
65
83,80
6,30
IDADE GESTACIONAL
Muito pré-termo (29-31 sem.)
Pré-termo moderado (32-33 sem.)
Pré-termo tardio (34-36 sem.)
Termo precoce (37-38 sem.)
Termo (39-41 sem.)
Pós-termo (>42 sem.)
7
22
100
298
597
9
0,70
2,10
9,70
28,80
57,80
0,90
PREMATURO
Não
Sim
904
129
87,50
12,50
TRANSF. DE SANGUE
Não
Sim
975
58
94,40
5,60
GEMELAR
Não
Sim
1013
20
98,10
1,90 Legenda: Sem. = SEMANAS; TRANSF. DE SANGUE = Transfusão de Sangue
Segundo Ferreira et al. (2017), o processo de triagem na saúde pública, de acordo
com o Ministério da Saúde, deve ser realizado nas idades de 0 a 28 dias, pois é neste
período que apresentam maior probabilidade de desenvolver determinadas patologias. Os
mesmos autores enfatizam ainda que, o teste do pezinho deve ser realizado em torno do
terceiro ao sétimo dia de vida, preferencialmente, no quinto dia, possibilitando observar
alguma alteração e podendo assim, interferir no curso da patologia, de forma a
proporcionar um tratamento específico que impeça possíveis complicações clínicas.
Um dado preocupante neste estudo, foi a realização do teste nas primeiras 48h
de vida (13 RN’s), pois para triagem de fenilcetonúria (PKU) é necessário que o neonato
já tenha recebido leite suficiente para que haja acúmulo de fenilalanina no sangue,
(BRASIL, 2004 apud RODRIGUES et al. 2016), caso contrário podem ser encontrados
falsos normais (GARCIA et al., 2017).
No município de Cáceres no ano de 2017, obteve-se que 934 (90,4%) dos RN’s
triados que realizaram a coleta entre 0 a 28 dias de vida, e apenas 99 (9,6%) acima de 28
dias (Tabela 1), corroborando com o estudo de Mendonça et al. (2009) em que o tempo
médio de coleta para o teste foi de 27 dias após o nascimento. Pode-se afirmar que
Cáceres, apesar de não realizar o teste no período ideal recomendado pelo Ministério da
Saúde, tem conseguido se adequar em maior percentual ao período máximo de realização
do teste que é de 28 dias de nascido, mesmo apresentando 9,6% de falha.
De acordo com Silva e Lacerda (2003), os motivos pelos quais as mães não levam
os filhos à Unidade de Saúde ou ao Hospital decorre da falta de informação adequada,
bem como por medo ou dó dos recém-nascidos. As mesmas autoras afirmam ainda que,
34
existem casos de mães que não realizaram a coleta na alta hospitalar e que só procuraram
a Unidade para a primeira coleta quando o bebê já não estava na idade ideal preconizada
pelo Ministério da Saúde.
Destaca-se então, que o medo do teste associado a falta de informação sobre a sua
importância para o RN, são fatores que podem levar a não realização do teste, ou então,
faz com que a mãe procrastine a realização do mesmo, e isso leva a realização da triagem
em período tardio, ao que recomenda o Ministério da Saúde.
Diante desse contexto, a presente pesquisa levantou também como possível causa
para esta inadequação do período de coleta do teste do pezinho, além dos fatores já
mencionados pelas autoras acima, a prematuridade dos RN’s. Isto porque, é comum que
os pediatras façam a correção da idade dos RN’s prematuros, por exemplo, para a
realização das vacinas indicadas ao nascer (ex: BCG). Neste caso, se a mãe do RN
prematuro não é orientada de que o teste do pezinho deve ser realizado logo no 3º dia de
nascido, e ainda não for orientada sobre a importância da realização do exame nesse
período para a saúde do seu bebê, a mesma acreditará de que poderá realizar o teste com
os mesmos benefícios no período em que for levar a criança para a vacinação de rotina,
conforme a idade ajustada pelo seu pediatra.
Na figura 6, está apresentada a relação do número de RN’s triados em Cáceres no
ano de 2017, com o tempo de nascido em dias dos RN’s na coleta e a presença ou ausência
de prematuridade dos mesmos. A partir desta figura, pode-se constatar que de 129 RN’s
prematuros, 81 (7,84%) realizaram a coleta do teste do pezinho do 6º ao 30º dia de
nascido, e 28 (2,71%). acima de 30 dias Apenas 16 RN’s prematuros realizaram a coleta
no período ideal de 3 a 5 dias. No estudo de Garcia et al. (2007), dentre as 13 crianças
que realizaram a triagem neonatal após 30 dias de nascimento, 9 (70%) nasceram de parto
prematuro e 4 (30%) nasceram a termo.
35
Figura 6 - Percentual de RN's triados em função do tempo de nascido em dias na coleta e, presença ou
ausência de prematuridade, Cáceres, MT, 2017.
Em casos de prematuros, a primeira coleta deve ser realizada logo na admissão
do recém-nascido à Unidade de Terapia Intensiva Neonatal através da punção venosa,
antes do mesmo receber a nutrição parenteral, transfusão de hemoderivados ou ter
iniciado o tratamento intensivo de esteroides, drogas vasoativas, antibióticos e entre
outros. Quanto a segunda coleta, deverá obtida entre o período de 48 e 72 horas de tempo
de vida, devendo também realizada na punção venosa, independente do seu estado clínico.
Já a terceira coleta, deve realizar logo após a alta hospitalar ou 28 dias de vida retido no
hospital, esta coleta tem como objetivo principalmente nos RN’S prematuros com idade
gestacional menores de 34 semanas ou peso inferior à 2.000g ao nascimento devido a
maior imaturidade do eixo hipótalamo-hipófise-tireóide e o risco relacionado de perda
diagnóstica por resultado falso negativo. A mesma preocupação é pertinente para suspeita
de HAC (BRASIL, 2016).
De acordo com o manual do Laboratório de Triagem Neonatal do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (2011), a avaliação de possíveis
alterações de hemoglobinas é prejudicial em crianças maiores de 1 mês de vida. Se caso
o teste de triagem neonatal for colhido após os 30 dias de vida do RN, não poderá ser
realizada a triagem para hemoglobinopatias, sendo possível somente na realização do
exame de eletroforese de hemoglobina após o seu 40 mês de vida. Estas informações são
essenciais para que haja coleta eficaz que garanta a saúde da criança e, consequentemente,
abaixe as taxas de reconvocação.
0 a 2 dias 3 a 5 dias 6 a 30 dias acima de 30 dias
Prematuros SIM 0,38% 1,54% 7,84% 2,71%
Prematuros NÃO 0,87% 22,74% 58,27% 5,61%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
Per
cen
tual
de
RN
's t
riad
os
Tempo de nascimento dos RN's na coleta
36
A mesma recomendação utilizada referente ao tempo para a coleta dos RN’s
prematuros, serve para os que receberam transfusão sanguínea, devendo-se coletar as
amostras para o teste do pezinho no mesmo período para os que não fizeram a transfusão.
(Laboratório de Triagem Neonatal do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto, 2011).
5.3 Reconvocação dos RN’s triados: motivos e associação com o perfil dos RN’s
Em relação ao percentual de reconvocações para o teste do pezinho no ano de
2017, 11,71% (121) dos 1.033 RN’s foram reconvocados para a realização de um novo
teste (Figura 7). Dos 121 RN’s reconvocados, apenas 48 voltaram para a realização de
nova coleta.
Figura 7 – Percentual de reconvocação dos RN’s triados no teste do pezinho no município de Cáceres, MT,
no ano de 2017.
É possível perceber que o número de reconvocações para o teste do pezinho do
município de Cáceres, Mato Grosso, é inferior à de outras regiões. À exemplo disso, pode-
se citar o município de São Francisco do Conde, Estado da Bahia, onde a pesquisa
realizada por Ferreira (et al., 2017), revela que no ano de 2011 foram reconvocados 19%,
no ano seguinte foi cerca de 20,5% e no ano de 2014 totalizava em 19,7% de recém-
nascidos reconvocados. Diante disso, quando comparamos Cáceres com o município de
São Francisco do Conde temos uma diferença de aproximadamente 8% do número de
reconvocações.
11,71%
88,28%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
100,00%
Pe
rce
ntu
al d
e R
N's
tri
ado
s
NÃO
SIM
37
A partir da análise de regressão logística binomial, constatou-se que as variáveis
relativas ao perfil dos RN’s capazes de influenciar no resultado do exame e desencadear
na reconvocação, são a idade gestacional (p=0,025), presença de prematuridade
(p=0,000) e presença de transfusão sanguínea (p=0,009) (Tabela 1). Este modelo de
análise foi o mais ajustado, sendo que o mesmo é capaz de explicar cerca de 46,2% das
variações registradas do número de reconvocações (Nagelkerke R² = 0,462).
Diante do resultado da análise pode-se inferir que a tanto a idade gestacional
(Coeficiente β=-,217; Exp(β)=0,805) quanto a prematuridade (Coeficiente β=-,3,132;
Exp(β)=0,044) são inversamente proporcionais e atuam como fator de proteção à
reconvocação, sendo assim, quanto menor a idade gestacional, maior será o número de
reconvocados. Já a presença de transfusão sanguínea (Coeficiente β=1,042;
Exp(β)=2,834) é uma variável diretamente proporcional a reconvocação e atua como fator
de risco, uma vez que, um RN’s transfuso tem 2,8 vezes mais probabilidade de ser
reconvocado para novo teste (Tabela 1).
Tabela 1 - Análise de regressão binomial entre as variáveis do perfil dos RN's e a presença ou ausência de
reconvocações, Cáceres, MT, 2017.
Variáveis Coeficiente β Sig. (p < 0,05) Exp (β) 95% I.C para
Exp (β)
Idade (dias) - 0,723 - -
Peso (g) - 0,643 - -
Cor/Raça
Amarelo - 0,739 - -
Branco - 0,862 - -
Negro - 0,378 - -
Pardo - 0,508 - -
Sexo - 0,847 - -
Gemelar - 0,684 - -
Idade Gestacional -,217 0,025* 0,805 IC (0,666 - 0,973)
Prematuro (Sim) -3,132 0,000* 0,044 IC (0,017 - 0,110)
Transfusão sang. (Sim) 1,042 0,009* 2,834 IC (1,294 - 6,207)
Constante 7,264 0,030* 1427,849
*(g)= gramas; sang.= sanguínea; Sig.= significância; IC= intervalo de confiança
Verossimilhança de log -2 = 442,946; R quadrado Nagelkerke = ,462; Wald = 442,545
De acordo com Silva e Lacerda (2003), há casos confirmados positivos
realizados no exame da alta precoce (menos que 48h), nos quais a mãe necessita levar o
RN para refazer o teste, no entanto, a mesma não retornou à Unidade de Saúde para a
repetição. Segundo as autoras, isso pode implicar no risco de já haver instalado a sequela
do retardo mental ou outra complicação causada por alguma patologia triada pelo teste
do pezinho nos primeiros dias de vida, conforme já abordado.
38
Para que haja uma prevenção efetiva e como podem (embora não devam) ocorrer
altas precoces, ou seja, antes do bebê completar as 48 horas de vida, está determinado que
as coletas deverão ocorrer sempre na alta hospitalar, independentemente do tempo de vida
do recém-nascido e, a mãe deverá levar seu filho à Unidade Básica de Saúde mais próxima
de sua casa, para repetição do exame, uma semana após a primeira coleta. Esta
determinação, às vezes, gera desconforto às famílias e até aos profissionais da saúde, mas
é importante que se esclareça os motivos da repetição (SILVA; LACERDA, 2003).
É importante que o profissional de saúde informe aos pais que caso o teste dê
positivo deve-se fazer o exame diagnóstico, pois a TN não é confirmatória, assim pode
haver falsos-positivos e falsos-negativos (BRASIL, 2004 apud RODRIGUES et al. 2016).
No estudo de Garcia et al. (2007), resultados importantes foram obtidos em
relação ao conhecimento dos pais ou responsáveis pelo RN sobre o que aconteceria se o
resultado do teste indicasse alguma alteração, e somente 26% dos participantes souberam
dizer que, caso o resultado do teste indicasse a presença de alguma doença, o RN teria
um acompanhamento especializado ou receberia tratamento preventivo.
Condições específicas tais como idade inadequada para coleta, prematuridade,
dieta, transfusões e nutrição parenteral total podem influenciar os resultados do exame
(LEÃO; AGUIAR, 2008). Sobre os motivos das reconvocações dos RN’s triados em
Cáceres, 2017, destaca-se a prematuridade como principal motivo em 62,8% de RN’s (76
de 121) (Tabela 3). Isto segue a recomendação da literatura vista anteriormente de que
quando prematuro, o RN deve ser submetido à uma nova coleta e, portanto, à um novo
teste para confirmação do resultado.
Foram ainda identificados RN’s reconvocados para a realização de um novo teste
por apresentarem detecção de heterozigose (6), NIRTH alterado (4), alteração de TSH
(3), anemia falciforme (1) e doença falciforme (1) (Tabela 2). Ainda houveram RN’s
reconvocados, cujo motivo não constava no registro (6) (Tabela 2).
Tabela 2 – Motivos das reconvocações dos RN’s submetidos a triagem neonatal no município de Cáceres,
MT, no ano de 2017.
Motivos das reconvocações Frequência Absoluta
(N)
Frequência Relativa
(%)
Prematuro 76 62,80
Baixo peso 7 5,78
Prematuro + Baixo peso 6 4,95
Heterozigose 6 4,95
Sem motivos 6 4,95
NIRTH Alterado 4 3,30
Prematuro + Transfuso 4 3,30
39
TSH Alterado 3 2,47
FA e terzo talessêmico alfa 2 1,65
FA indeterminado 2 1,65
NSTH Alterado 2 1,65
Anemia falciforme 1 0,82
Doença falciforme 1 0,82
Transfuso + NIRTH Alterado 1 0,82
Total 121 100
* FA – Criança não tem nenhum traço de doença; FA indeterminado – Criança heterozigota; TSH Alterado
– Hormônio Estimulante da Tireóide dos pais; NTSH - Hormônio Estimulante da Tireóide Neonatal; NIRT
– Tripsina Imunoreativa Neonatal.
Segundo Mendonça (et al., 2009) a prevalência da homozigose para a HbS,
clinicamente chamada de anemia falciforme, encontrada em nascidos vivos na região de
Marília, é de 0,017%, o que está abaixo dos dados existentes na literatura, que é de 0,1%
a 0,3%. o diagnóstico precoce da anemia falciforme se realiza por meio da triagem
neonatal e permite o acompanhamento antes mesmo de manifestar ou apresentar sintomas
da patologia, possibilitando a prevenção de possíveis complicações e sequelas futuras. A
anemia falciforme é prevalente na cor/raça negra. Sua incidência na população
afrodescendente varia de 1:400 a 1:1.000. No Brasil, estima-se que, em determinadas
regiões, a anemia falciforme tenha incidência de 3 casos para cada 1.000 nascidos vivos,
e cerca de 7 a 10% desses casos são de heterozigotos (REIS; PARTELLI, 2014).
Segundo Damasceno (2010), a metodologia usada para a triagem neonatal da
fibrose cística se baseia na dosagem do tripsinogênio imunorreativo (NIRT).
Considerando que os valores da IRT diminuem após a primeira semana de vida, o tempo
da segunda coleta tem que ser levado em conta para não prejudicar na interpretação do
resultado. Optou-se para adotar como valores de referência normais, os níveis abaixo de
70ng/ml em sangue total até 30 dias de vida, pois após este período o IRT tende a baixar
a concentração e normalizar a referência no sangue, portanto, não deve mais ser utilizado
como exame para triagem, mesmo que a criança seja suspeita de ser portadora de fibrose
cística.
O autor ressalta ainda que, se o resultado da dosagem de imunorreativo for
positivo, deverá ser realizada nova uma dosagem em papel filtro após duas semanas e até,
no máximo, o trigésimo dia. Porém, se ainda se mostrar elevada, um teste de eletrólitos
no suor/ou análise de DNA deve ser realizado para tentativa de confirmação diagnóstica.
Cuidados essenciais para que não ocorra erro no acompanhamento e orientação adequada.
A estimativa de fibrose cística no Brasil, é de 1 em cada 7.358 nascidos vivos, o
que significa, aproximadamente, que em uma a cada 30 pessoas é portadora recessiva.
40
Quando os pais são recessivos, a chance de seu filho ser portador da patologia é cerca de
25% (REIS; PARTELLI, 2014).
5.4 Tempo para retirada do resultado do exame de triagem neonatal
A média estimada do tempo para a retirada do resultado do teste do pezinho no
munícipio de Cáceres, foi de 53 dias, com amplitude máxima de até 388 dias. A maioria
dos pais ou responsáveis retiraram os resultados entre 31 a 60 dias (34%) e 61 a 120 dias
(30,4%). Os que nunca retiraram os exames somam em 27,8% (Tabela 3).
Tabela 3 – Tempo para a retirada do resultado do exame do teste do pezinho no município de Cáceres, MT,
no ano de 2017.
Variáveis Frequência Absoluta
(N)
Frequência Relativa
(%)
Nunca retirou 287 27,80
1 a 30 dias 16 1,50
31 a 60 dias 351 34,00
61 a 120 dias 314 30,40
Acima de 121 dias 65 6,30
Garcia et al. (2007), encontraram em seu estudo que em relação à intenção de
buscar o resultado do teste, 8% dos participantes responderam que não sabiam se iriam
buscar o resultado do teste; entretanto, destes, somente 2% ainda não haviam buscado o
resultado do teste após dois meses da realização do mesmo.
No mesmo estudo, entre os que disseram que iriam buscar (184) e os que disseram
que não sabiam se iriam buscar o resultado (56), totalizando em 240 pais ou responsáveis
que não foram buscar o resultado do teste no período de um mês após a data prevista para
o último dia de coleta de dados. Este dado se assemelha ao encontrado no presente estudo,
em que constatou-se que 287 pais/responsáveis, nunca foram retirar o resultado do exame.
Segundo informações do laboratório da criança no município de Cáceres, a data
prevista para a entrega do resultado é de 30 dias após a realização do exame, porém
depende da liberação do laboratório no sistema, sendo que quando a criança é
reconvocada para realizar nova coleta, os responsáveis são informados 15 dias após a
coleta da primeira amostra.
Ressalta-se que, os resultados são emitidos diariamente pela FEPE/Fundação
Ecumênica de Proteção Excepcional e enviados via correio para as unidades coletoras.
No entanto, também é disponibilizado no site: www.fepe.org.br, por aproximadamente
41
90 dias. Neste site há uma pequena divergência de informação com o que pontua o
ambulatório da Criança do município, pois informa que o resultado do teste está
disponível no local de coleta após 15 dias de sua realização.
Enfatizar a importância do exame, bem como ratificar a necessidade de buscar o
resultado, como preconiza o Manual de Normas Técnicas e Rotinas Operacionais do
Programa de Triagem Neonatal, deveria ser realizada no momento da realização do teste.
Por mais que a unidade de referência realize busca ativa aos pacientes diagnosticados com
alguma das patologias triadas, a dificuldade de acesso a essa população pode ocorrer
devido à distância de seu local de moradia, problemas com os meios de comunicação etc,
dificultando o início do tratamento preventivo.
É preciso orientar os pais/responsáveis de que apenas a realização do teste não
garante uma melhor qualidade de vida à criança, é imprescindível a busca e leitura do
resultado por um profissional qualificado, a fim de tomar as medidas e orientações
adequadas, caso seja necessário.
42
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho realizado permitiu ampliar o conhecimento a respeito da triagem
neonatal biológica, bem como, das patologias triadas e conhecer a taxa de cobertura do
programa de triagem neonatal do município de Cáceres, Mato Grosso. Além disso,
possibilitou observar que nem sempre as recomendações dos manuais do Ministério da
Saúde são devidamente cumpridos na prática, sendo portanto um fator de limitação para
a análise de dados da pesquisa e reprodução mais fidedigna da realidade.
A análise do material proporcionou aos pesquisadores compreender que todos
os procedimentos são importantes para que não haja falhas no processo de orientações
aos pais/responsáveis sobre a necessidade da realização do teste do pezinho no período
adequado, a fim de evitar complicações e até sequelas maiores à criança. As teorias
apresentadas nos alertam que o PNTN não é uma simples rotina de atendimento ao RN,
e que deve ser adotado nas Unidades de Saúde de Referência e também nos Hospitais,
sendo realizado com mais profissionalismo e de forma eficiente, já que tem como função
rastrear e tratar precocemente problemas de saúde graves.
Observou-se ainda que, mesmo com os manuais e indicação sobre a importância
da realização da triagem neonatal, parte da população ainda é negligente ou então
ignorante sobre o assunto. Esta afirmação decorre da taxa de cobertura encontrada no
município em estudo, que está abaixo do que preconiza o Ministério da Saúde. Assim,
acredita-se ser indispensável um trabalho direto com os pais/responsáveis, de forma que
possam receber orientação adequada. E mais do que isso, alertá-los dos riscos e
complicações ao RN que podem surgir caso o teste não seja realizado dentro dos prazos
adequados, conforme exposto nas análises.
Espera-se que todas as regiões possam trabalhar no sentido de contribuir na
eficácia da tomada de decisões, com planos de ações eficientes para a melhoria das
condições de saúde dos RN, pois desta forma pode-se propiciar uma vida mais saudável
e, consequentemente, contribuir para que no futuro não haja tantas pessoas com
problemas de saúde. A falta de acompanhamento e planejamento de ações, é um fator que
prejudica gravemente o ser humano e aumenta o investimento e gastos do governo na área
para tratamento mais prolongados, e nem sempre eficazes, como poderiam ser se fossem
tomados os devidos cuidados precocemente.
43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS DE SÃO PAULO
(APAE-SP). Manual de instruções do teste do pezinho. Laboratório do APAE de São
Paulo, 2014. Disponível em: http://www.apaesp.org.br/pt-br/teste-do-
pezinho/profissionais-de-saude/Documents/manual%20instrucoes-
eletr%C3%B4nico_novembro2014.pdf Acessado em: 20/11/2017.
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à saúde. Departamento de atenção
especializada e temática. Triagem neonatal biológica: manual técnico / Ministério da
Saúde, secretaria de atenção à Saúde, departamento de atenção especializada e
Temática. – Brasília: Ministério da Saúde, 2016. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/triagem_neonatal_biologica_manual_tecnico
.pdf Acessado em: 28/10/2017.
BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 488, de 17 de junho
de 2014. Habilita o estado do Mato Grosso na Fase IV de implantação do Programa
Nacional de Triagem Neonatal. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 de junho de
2014.
http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?jornal=1&pagina=41&data=
18/06/2014 Acessado em: 16/01/2018.
BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 2.829, de 14 de
dezembro de 2012. Inclui a Fase IV no Programa Nacional de Triagem Neonatal
(PNTN), instituído pela Portaria nº 822/GM/MS, de 6 de junho de 2001. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, 17 de dezembro de 2012. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2012/prt2829_14_12_2012.html Acessado
em: 16/01/2018.
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Coordenação-Geral
de Atenção Especializada. Manual de Normas Técnicas e Rotinas Operacionais do
Programa Nacional de Triagem Neonatal / Ministério da Saúde, Secretaria de
Assistência à Saúde, Coordenação Geral de Atenção Especializada. – Brasília:
Ministério da Saúde, 2002. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/triagem_neonatal.pdf Acessado em:
28/10/2017.
BRASIL, Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 822, de 06 de junho
de 2001. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 07 de junho de 2001.
http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?jornal=1&pagina=35&data=
07/06/2001 Acessado em: 16/01/2018.
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Manual de
Assistência ao recém-nascido. Coordenação Materno-Infantil. Brasília, 1994.
Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/0104manual_assistencia.pdf
Acessado em: 28/10/2018.
BORGES, C. F. R. Situação de Saúde em Áreas Cobertas pela Saúde da Família em
Município do Triangulo Mineiro. Minas Gerais, 2011. Disponível em:
https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/2984.pdf Acessado em:
18/11/2018.
44
CINTRA, E. A. P. Avaliação do programa de triagem neonatal para
hipotireoidismo congênito e Fenilcetonúria na rede pública de saúde em Cáceres –
Mato Grosso, no período de 2006 a 2008. Dissertação (Mestrado em Ciências da
Saúde). Universidade de Brasília, Brasília - Distrito Federal, 2011. Disponível em:
http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/9984/1/2011_ElainneArrudaPiresCintra.pdf
Acessado em: 07/11/2018.
DAMASCENO, N. Triagem Neonatal para Fibrose Cística. Sociedade Paulista de
Pediatria. Março, 2010. Disponível em:
http://www.spsp.org.br/2010/03/15/triagem_neonatal_para_fibrose_cistica/ Acessado
em: 15.11.2018.
FERREIRA, C. R., et al., Registros de triagens neonatais realizadas na APAE em uma
cidade do estado da Bahia, Brasil. Lecturas: Educación Física y Deportes, Revista
digital, Buenos Aires, nº 224, janeiro, 2017. Disponível em:
http://www.efdeportes.com/efd224/perfil-de-registros-de-triagens-neonatais-na-
apae.htm Acessado em: 28/102/2018.
FONSECA, J. J. S. da. Metodologia da pesquisa científica, Universidade Estadual do
Ceará, março, abril e maio, 2002. Disponível em:
http://leg.ufpi.br/subsiteFiles/lapnex/arquivos/files/Apostila_-
_METODOLOGIA_DA_PESQUISA(1).pdf Disponível em: 09/01/2018.
GARCIA, M. G., et al. Análise da compreensão de pais acerca do teste do pezinho.
Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano, vol. 17, n. 1, p. 01-
12, 2007. Disponível em:
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
12822007000100002 Acessado em: 06/11/2018.
HAIR JR., J. F.; ANDERSON, R. E.; TATHAM, R. L.; BLACK, W. C. Análise
multivariada de dados. 5ª. edição. Porto Alegre: Bookman, 2005.
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Mato
Grosso/Cáceres. 2016. Disponível em:
LABORATÓRIO DE TRIAGEM NEONATAL DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA
FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO – USP (LTN / HC / FMRP)
(2011). Manual de Normas Técnicas e rotinas do Teste de Triagem Neonatal.
Disponível em:
http://www.hcrp.fmrp.usp.br/sitehc/upload%5CMANUAL%20DE%20INSTRU%C3%
87%C3%95ES%20DO%20TESTE%20DO%20PEZINHO%202011.pdf Acessado:
03/112/2018.
LEÃO, L. L.; AGUIAR, M. J. B. de. Triagem neonatal: o que os pediatras deveriam
saber. Jornal de Pediatria. vol. 84, n.4, pS80-S90, 2008. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0021-
75572008000500012&lng=en&nrm=iso Acessado em: 24/11/2018.
LUDWIG, A. C. Métodos de pesquisa em educação. Educação em Revista, Marília,
vol.14, n.2, p7-32, julho-dezembro, 2014. Disponível em:
45
http://www.periodicos.ufpb.br/index.php/rteo/article/view/18881Acessado em:
30/10/2018.
LOPES, M. E. M. O exitoso "teste do pezinho" faz dez anos no Brasil! Ciência &
Saúde Coletiva, vol. 16, n. 1, pp. 716-717, mar, 2011. Disponível em:
http://www.redalyc.org/pdf/630/63018473001.pdf Acessado em: 10/01/2018.
MARCONI, M. A; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa: planejamento e
execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração e
interpretação de dados. 3ª. edição. São Paulo: Atlas, 1996.
MARTON DA SILVA, M. B. G.; LACERDA, M. R. “Teste do pezinho”: Por que
coletar na alta hospitalar? Revista Eletrônica de Enfermagem. vol. 5, n. 2, p. 60-64,
2003. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fen/article/view/781/874 Acessado
em: 02/11/2018.
MARQUI, A. B. T. de., Teste do pezinho e o papel da enfermagem: uma reflexão.
Revista de Enfermagem e Atenção à Saúde. vol. 5, n. 2, p. 1-9, agosto-dezembro,
2016. Disponível em:
http://seer.uftm.edu.br/revistaeletronica/index.php/enfer/article/view/1605/pdf Acessado
em: 05/11/2017.
MENDONÇA, A. C. et al., Muito além do “teste do pezinho” Revista Brasileira
Hematologia e Hemoterapia, vol. 31, n. 2, p. 88-93, 2009. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516-
84842009000200010&script=sci_abstract&tlng=pt Acessado em: 01/11/2018.
OLIVEIRA, E. V.; SOUZA, A. P. A importância da realização precoce do teste do
pezinho: o papel do enfermeiro na orientação da triagem neonatal. Id online Revista
de Psicologia, Jabotão dos Guararapes, vol.11, n. 35, p. 1-18, maio, 2017. Disponível
em: https://idonline.emnuvens.com.br/id/article/view/742 Acessado em: 07/12/2017.
REICHERT, A. P. S.; PACÍFICO, A. C. Conhecimento de mães quanto a importância
do teste do pezinho. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, vol. 56, n.3, p. 226-
229, maio/junho, 2003. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672003000300003
Acessado em: 02/11/2018.
RIBEIRO, S. P., et al. Macrossomia Neonatal: Fatores de Risco e Complicações Pós-
parto. Nascer e Crescer. vol. 26, n.1, p. 21-30, 2017. Disponível em:
http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0872-
07542017000100003&lng=pt&nrm=iso Acessado em: 08/11/2017.
RODRIGUES, L. P., et al. Triagem neonatal: conhecimento dos alunos da graduação
em enfermagem sobre o teste do pezinho. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde,
Londrina, vol. 37, n.2, p71-80, julho/dezembro, 2016. Disponível em:
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/seminabio/article/view/26017 Acessado em:
24/11/2018.
SILVA, C. de A., et al. Triagem neonatal de hemoglobinopatias no município de São
Carlos, São Paulo, Brasil: análise de uma série de casos. Revista Paulista de Pediatria,
São Paulo, vol. 33, n. 1, p.19-27, 2015. Disponível em:
46
http://www.scielo.br/pdf/rpp/v33n1/pt_0103-0582-rpp-33-01-00019.pdf Acessado em:
16/01/2018.
SILVA, M. B. G. M. da. et al.. Cuidados de enfermagem e o teste do pezinho [Nursing
care and Neonatal Screening]. Cogitare Enfermagem, Curitiba, vol.7, n.1, p.43-47,
janeiro-junho, 2002. Disponível em:
revistas.ufpr.br/cogitare/article/download/32555/20660 Acessado em: 15/01/2018.
SRNTN/MT, Manual de procedimentos para postos de coleta do teste do pezinho,
Hospital Universitário Júlio Muller, Cuiabá, 2013.
http://www.ufmt.br/hujm/arquivos/7685b0fc36cce808510c65ad455264e4.pdf Acessado
em: 10/01/2018.
STRANIERI, I.; TAKANO, O. A. Avaliação do serviço de referência em triagem
neonatal para hipotireoidismo congênito e fenilcetonúria no Estado de Mato Grosso,
Brasil. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, São Paulo, vol.
53, n. 4, p. 446-452, junho, 2009. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-
27302009000400010&lng=en&nrm=iso Acessado em: 10/11/2017.
UNIÃO NACIONAL DOS SERVIÇOS DE REFERÊNCIA EM TRIAGEM
NEONATAL (UNISERT). Programa de Triagem Neonatal no Mundo. Disponível
em: http://www.unisert.org.br/triagem-neonatal.html. Acessado em: 26/10/2017.
47
APÊNDICES
Apêndice I. Solicitação da dispensa do TCLE
ESTADO DE MATO GROSSO
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO – UNEMAT
SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA
CAMPUS UNIVERSITÁRIO “JANE VANINI”
CURSO DE ENFERMAGEM
SOLICITAÇÃO DE DISPENSA DO TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E
ESCLARECIDO – TCLE
Eu, Natália Gentil Lima, portadora do CPF n° 024-759-331-19, pesquisadora
responsável pelo projeto “Análise do Programa de Triagem Neonatal Biológica em
Cáceres-MT, no ano de 2017”, solicito perante este Comitê de Ética em Pesquisa dispensa
a utilização do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE para coleta de
dados, tendo em vista que o mesmo utilizará somente dados secundário de material já
coletado e registrado em livro ata de registro com informações referentes ao objeto de
estudo.
Neste termo, me comprometo a cumprir todas as diretrizes e normas reguladoras descritas
na Resolução CNS, nº 466/12 e suas complementares.
Cáceres-MT, ________de _________________ de 2018.
__________________________________
Profª Esp. Natália Gentil Lima
Responsável pela pesquisa
CPF: 024-759-331-19
48
ANEXOS
Anexo I. Solicitação de dados de nascidos vivos no município de Cáceres no ano de
2017.
SOCILITAÇÃO DE DADOS
Prezada, Benice Benedita de Oliveira – Coordenadora da Vigilância em Saúde de
Cáceres.
A equipe de pesquisadores formada por Profª Esp. Natália Gentil Lima, Profª Me.
Thais Martins dos Santos e discente Diego Terada de Oliveira, que estamos realizando a
pesquisa intitulada “ANÁLISE DO PROGRAMA DE TRIAGEM NEONATAL
BIOLÓGICA EM CÁCERES - MT, NO ANO DE 2017.”, cujo projeto terá como
objetivo geral: analisar o Programa de Triagem Neonatal Biológica, do município de
Cáceres – MT, no ano de 2017, vimos através desta solicitar sua autorização para a coleta
de dados nos prontuários no Ambulatório da Criança para o alcança-se do objetivo
proposto contamos com a vossa colaboração em fornecer dados que serão pertinentes a
esta pesquisa. Portanto, venho por este meio solicitar dados referentes a quantidades de
nascidos vivos em Cáceres, Mato Grosso no ano de 2017 especificando residentes de
Cáceres e provenientes de outros municípios.
Agradecemos antecipadamente seu apoio e compreensão, certos de sua
colaboração para desenvolvimento da pesquisa científica.
____________________________
Natália Gentil Lima
Responsável pela a pesquisa
CPF: 024-759-331-19
49
Anexo II. Solicitação para coleta de dados em prontuários no Ambulatório da
Criança
SOCILITAÇÃO PARA COLETA DE DADOS EM PRONTUÁRIOS
Prezado, Antônio Carlos de J. Mendes – Secretário de Saúde do município de
Cáceres/Ambulatório da Criança.
A equipe de pesquisadores formada por Profª Esp. Natália Gentil Lima, Profª
Me. Thais Martins dos Santos e discente Diego Terada de Oliveira, que estamos
realizando a pesquisa intitulada “ANÁLISE DO PROGRAMA DE TRIAGEM
NEONATAL BIOLÓGICA EM CÁCERES - MT, NO ANO DE 2017.”, cujo projeto terá
como objetivo geral: analisar o Programa de Triagem Neonatal Biológica, do município
de Cáceres – MT, no ano de 2017, vimos através desta solicitar sua autorização para a
coleta de dados nos prontuários no Ambulatório da Criança.
Informamos que não haverá custos para instituição e, na medida do possível, não
iremos interferir na operacionalização e/ou nas atividades cotidianas da mesma.
Esclarecemos que tal autorização é uma pré-condição bioética para execução de
qualquer estudo envolvendo seres humanos, sob qualquer forma ou dimensão, em
consonância com a resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde e dessa forma nos
comprometemos a preservar a privacidade dos sujeitos da pesquisa, cujos dados serão
coletados.
Solicitamos, se possível, informar a pessoa que irá nos conceder as informações
obtidas nos prontuários e que serão necessárias para a execução da pesquisa.
Agradecemos antecipadamente seu apoio e compreensão, certos de sua
colaboração para desenvolvimento da pesquisa científica.
Atenciosamente,
Cáceres, _____ de Abril de 2018.
_____________________________
Profª Natália Lima Gentil
(Orientadora)
_____________________________
Antônio Carlos de J. Mendes
(Secretário Municipal de Saúde)
50
Anexo III. Formulário para caracterização do perfil dos recém-nascidos que realizaram teste do pezinho no ano de 2017.
Dat
a d
a C
ole
ta
Tip
o d
e C
ole
ta
Inic
iais
do
No
me
do
RN
’s
Inic
ias
do
no
me
das
mãe
s d
os
RN
’s
Idad
e m
édia
(dia
s)
Pes
o (
kg
)
Co
r/ra
ça
Sex
o
Idad
e
ges
taci
on
al
Pre
mat
uro
Tra
nsf
usã
o d
e
San
gu
e
Gem
elar
Rec
on
vo
cad
o
Mo
tiv
o d
a
reco
nvo
caçã
o
Ret
irag
em d
a
Co
leta