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Lorena 2014 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA EEL/USP FELIPE DE OLIVEIRA FOGAÇA ESTUDO E AVALIAÇÃO DE DOIS AGENTES FLOCULANTES EM MICROALGA CHLORELLA VULGARIS PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL Declaro que esta monografia foi revisada e encontra-se apta para avaliação e apresentação perante a banca avaliadora. DATA:___/___/2014 _____________________________ ASSINATURA DO ORIENTADOR

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Lorena 2014

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA – EEL/USP

FELIPE DE OLIVEIRA FOGAÇA

ESTUDO E AVALIAÇÃO DE DOIS AGENTES FLOCULANTES EM MICROALGA CHLORELLA VULGARIS PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL

Declaro que esta monografia foi revisada e encontra-se apta para

avaliação e apresentação perante a banca avaliadora.

DATA:___/___/2014

_____________________________

ASSINATURA DO ORIENTADOR

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Lorena 2014

FELIPE DE OLIVEIRA FOGAÇA

ESTUDO E AVALIAÇÃO DE DOIS AGENTES FLOCULANTES EM MICROALGA CHLORELLA VULGARIS PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL

Monografia apresentada a Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo para obtenção do grau de Engenheiro Químico. Área de Concentração: Processos Biotecnológicos

Orientador: Prof. Gerônimo Virgínio Tagliaferro

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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIOCONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA AFONTE

Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Automatizadoda Escola de Engenharia de Lorena,

com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

DE OLIVEIRA FOGAÇA, FELIPE ESTUDO E AVALIAÇÃO DE DOIS AGENTES FLOCULANTESEM MICROALGA CHLORELLA VULGARIS PARA PRODUÇÃO DEBIODIESEL / FELIPE DE OLIVEIRA FOGAÇA; orientadorGERÔNIMO VIRGÍNIO TAGLIAFERRO. - Lorena, 2014. 37 p.

Monografia apresentada como requisito parcialpara a conclusão de Graduação do Curso de EngenhariaQuímica - Escola de Engenharia de Lorena daUniversidade de São Paulo. 2014Orientador: GERÔNIMO VIRGÍNIO TAGLIAFERRO

1. Biocombustíveis. 2. Microalgas. 3. Floculação.I. Título. II. VIRGÍNIO TAGLIAFERRO, GERÔNIMO , orient.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos aqueles

que me apoiaram e em especial aos

meus pais e minha noiva pelo apoio,

carinho e compreensão

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, pelo dom da vida.

Aos meus pais, Lelia e Delson pelo amor e pelo apoio e principalmente pelos

valores transmitidos, pela educação que me proporcionaram, por acreditar e me

ajudarem a lutar pelos sonhos.

À minha noiva Simone que me deu suporte nos momentos difíceis e me apoiou nas

horas que tive que me dedicar e me ausentar.

Aos meus irmãos pelo companheirismo e pelos momentos de apoio.

Aos professores integrantes da banca Messias Borges, Alexandre Visconti, por

aceitarem fazer parte deste momento,

Ao meu orientador, professor Gerônimo, por ter aceitado essa orientação e

contribuir neste último desafio para o passo de me tornar Engenheiro Químico.

À doutoranda Carla, pela oportunidade de participar da sua pesquisa e por todo

apoio no laboratório com discussões e explicações para realização dessa

monografia.

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“Se o dinheiro for a sua esperança de

independência, você jamais a terá. A

única segurança verdadeira consiste

numa reserva de sabedoria, de

experiência e de competência.”

Henry Ford

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RESUMO

Fogaça, F. O. ESTUDO E AVALIAÇÃO DE DOIS AGENTES FLOCULANTES

EM MICROALGA CHLORELLA VULGARIS PARA PRODUÇÃO DE BIODIESEL

2014. Monografia (Trabalho de Graduação em Engenharia Química) – Escola

de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2014.

A crescente preocupação com o meio ambiente vem sendo acompanhada e cada

vez mais o homem vem procurando novas fontes de energia renováveis para

consumo de combustíveis em todo o mundo. Diante disso, cresce o estudo de

biocombustíveis e estes têm sido vistos como promessa para a geração de energia

do futuro. Dentre as várias matérias-primas disponíveis, as microalgas aparecem

como uma alternativa sustentável devido às vantagens no que diz respeito à alta

produtividade, captura de CO2 devido à fotossíntese e à possibilidade de cultivo de

área não aráveis. Assim, as microalgas da espécie Chlorella vulgaris foram

estudadas e analisadas quanto ao processo de floculação, o qual está relacionado

à colheita, para identificar qual dos agentes coagulantes possui maior eficiência

quanto à floculação. Nesta etapa essencial, foram montados dois arranjos

ortogonais L4 de Taguchi com três variáveis influentes para o processo. O NaOH

proporcionou melhor floculação e as melhores condições foram com 5eq/L, 0,8 mL

e 600 rpm.

PALAVRAS CHAVE: Biocombustível, Microalgas, Floculação

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ABSTRACT

Fogaça, F. O. STUDY AND EVALUATION OF TWO AGENTS IN

FLOCCULANTS MICROALGAE CHLORELLA VULGARIS FOR BIODIESEL

PRODUCTION 2014. Monografia (Trabalho de Graduação em Engenharia

Química) – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo,

Lorena, 2014.

The growing concern for the environment has been monitored and increasing and

the human being comes looking for new renewable sources to fuel consumption

worldwide. Therefore, biofuels are being increasingly studied and seen as a promise

for the future power generation. Among the various materials available microalgae

appears as a sustainable alternative due to the advantages with respect to high

productivity due to CO2 capture photosynthesis and the possibility of non-arable

crop area. Thus, microalgae of the species Chlorella vulgaris was studied and

analyzed for flocculation process, which is related to crop, to identify which of

coagulants has higher efficiency and flocculation. This essential step were set in two

orthogonal L4 Taguchi arrays with three influential variables for the process. The

NaOH provided better flocculation and the best conditions was been 5EQ / L, 0.8

mL and 600 rpm.

KEYWORDS: Biofuel Microalgae, Flocculation.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Distribuição regional da produção mundial de biodiesel e uso e 2022

(OECD e FAO, 2013) ............................................................................................ 12

Figura 2 - Fluxograma do potencial da biomassa microalgal (Adaptado (COSTA e

MORAIS, 2011)) .................................................................................................... 13

Figura 3 - Exemplo de cultivo de microalgas em uma lagoa aberta (raceway pond).

(BARAK, BECHAR, et al.) ..................................................................................... 16

Figura 4 - Exemplo de cultivo de microalgas em um fotobiorreator (ZHU, RONG e

ZONG, 2013). ........................................................................................................ 17

Figura 5 - Colóide formado no processo de floculação. ........................................ 19

Figura 6 - Fotobiorreatores utilizados no cultivo das culturas de Chorella sp. ..... 21

Figura 7 - Meio de cultivo após 14 dias ................................................................. 24

Figura 8 - Comparação do flóculo formado entre o NaOH e o [Al (SO ) ]. NaOH na

esquerda e [Al (SO ) ] na direta da figura. .......................................................... 25

Figura 9 - Análise visual da eficiência da floculação com NaOH após 20 min ...... 25

Figura 10 - Análise visual da eficiência da floculação com [Al (SO ) ] após 20 min

.............................................................................................................................. 26

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Comparação do desempenho para produção de óleo a partir de

diferentes culturas (adaptado de DOE, 2010). (DOE, 2010) ................................. 11

Tabela 2 - Composição química (%) da biomassa algal com base na matéria seca

(DEMIRBAS, 2010). .............................................................................................. 15

Tabela 3 - Concentração - meio de cultivo (Adaptado, Lourenço,2006) ............... 20

Tabela 4 - Arranjo ortogonal L4 de Taguchi .......................................................... 22

Tabela 5- Arranjo Ortogonal L4 para o NaOH ....................................................... 23

Tabela 6 - Arranjo ortogonal L4 para o [Al (SO ) ] ............................................... 23

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LISTA DE ABREVIARUTAS E SIGLAS

μ – micro (10-6);

DOE – Design of Esperiments;

EIA – Energy Information Administration;

Eq – Equivalente;

GEE – Gases Efeito Estufa;

PA – Padrão Analítico;

sp – Espécie(s).

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 7

1.1 Justificativa ................................................................................................. 8

1.2 Objetivos .................................................................................................... 8

1.2.1 Objetivo Geral ........................................................................................... 8

1.2.2 Objetivos Específicos .............................................................................. 8

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 9

2.1 Biocombustíveis E Suas Abordadens Pelo Mundo .................................... 9

2.2 O Biodiesel ............................................................................................... 10

2.3 As Algas ................................................................................................... 12

2.3.1 Definição ................................................................................................. 12

2.3.2 Biomassa Microalgal .............................................................................. 14

2.3.3 Cultivo De Microalgas: Algacultura ...................................................... 15

2.4 Floculação ................................................................................................ 17

3 MATERIAS E MÉTODOS ........................................................................ 20

3.1 Materiais ................................................................................................... 20

3.1.1 Microalgas............................................................................................... 20

3.1.2 Meio de Cultura ...................................................................................... 20

3.1.3 Equipamentos ......................................................................................... 21

3.1.4 Agentes Floculantes .............................................................................. 22

3.2 Métodos .................................................................................................... 22

3.2.1 Arranjo Ortonogal de Taguchi ............................................................... 22

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................... 24

4.1 Análise do crescimento das microalgas ................................................... 24

4.2 Comparação do floculo formado .............................................................. 24

4.3 Análise da eficiência da floculação ........................................................... 25

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5 CONCLUSÃO .......................................................................................... 27

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 28

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1 INTRODUÇÃO

Os combustíveis fósseis têm se tornado fundamentais para a vida dos seres

humanos, seja como energia para utilização em meios de transporte, como para a

geração de eletricidade. No entanto, os combustíveis fósseis são considerados

como uma fonte não renovável, isto é, possuem um limite de fornecimento com o

passar dos anos. E, além disso, a utilização desde tipo de combustível aumenta a

cada vez mais as preocupações ambientais, em virtude da produção de gases

estufa que contribuem para o aquecimento global.

O petróleo é a mais utilizada fonte de energia no mundo de hoje contando

com aproximadamente 35% de todo consumo mundial de energia primária em

2005, espera-se que ocorra uma pequena queda para 32% até 2030 (IEA, 2007).

No entanto, petróleo, gás natural e o carvão permanecerão como a principal fonte

de energia até pelo menos 2030 (EIA, 2011).

Diante de tal problemática, surge uma alternativa, os biocombustíveis. Estes

são derivados de biomassa, encontrados através de alguns processos físicos e

químicos. Dentre as várias matérias-primas disponíveis as microalgas surgem

como uma alternativa sustentável devido à elevada produtividade e à possibilidade

de cultivo em terrenos impróprios para culturas alimentares e de águas não

potáveis para a produção de biomassa algal. Baseado em sua composição química,

as algas podem produzir uma variedade de biocombustíveis como biogás,

bioetanol, biodiesel e bio-óleo. O objetivo deste trabalho a etapa da floculação,

utilizada para obter posteriormente o biodiesel.

Segundo S.NIGAM e A.SINGH (2010), na perspectiva das questões

relacionadas aos estudos dos biocombustíveis, as algas estão ganhando grande

atenção como alternativa de uma fonte renovável de biomassa para a produção de

bioetanol, no qual está sendo classificado como “terceira geração de

biocombustíveis".

Nesse contexto o trabalho visa estudar e avaliar as condições de produção

de biodiesel, no que diz respeito especificamente à etapa da floculação, o qual está

relacionado ao cultivo da microalga.

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1.1 Justificativa

A necessidade de encontrar novas formas de geração de energia limpa tem

se tornado um desafio para o ser humano. As algas têm sido estudadas e no que

diz respeito à produção de biocombustíveis. Assim sendo, o presente trabalho,

desenvolvido no laboratório de meio ambiente da Escola de Engenharia de Lorena-

USP, visa estudar e analisar a etapa de floculação das microalgas da espécie

Chlorella Vulgaris.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral deste trabalho é estudar e avaliar a etapa de floculação da

microalga Chlorella vulgaris para produção de biodiesel.

1.2.2 Objetivos Específicos

Como objetivos específicos o trabalho apresenta:

Determinar as condições ideais de cultura para o cultivo da biomassa

algal;

Determinar a relação de eficiência dos agentes coagulantes;

Realizar análise estatística.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Biocombustíveis E Suas Abordadens Pelo Mundo

Nos últimos anos, o uso de biocombustíveis no setor de transporte tem

mostrado um rápido crescimento global. Dirigidas principalmente por políticas

focadas em mitigar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) (IEA, 2007).

Um dos dilemas do mundo moderno é tentar suprir a demanda mundial com

o menor impacto ambiental possível. Algumas questões como custo, requerimento

de terra, água limpa, competição com o cultivo de alimentos e preocupações

ambientais, culminou na evolução de culturas de microalgas utilizadas para este

fim. As matérias primas para produção de biocombustíveis evoluíram da cana de

açúcar ou culturas à base de amido (matéria-prima de primeira geração) para

materiais lignocelulósicos (matéria-prima de segunda geração) e então para

microalgas (matéria-prima de terceira geração) (CHEN, ZHAO, et al., 2013).

O mundo consome mais de 20 milhões de barris de gasolina por dia, utilizados

principalmente como combustíveis de veículos leves. Os principais consumidores

de gasolina (EUA, Japão e União Europeia) e os países com rápido crescimento no

consumo desse combustível fóssil, China e Índia, estão buscando alternativas para

reduzir o consumo (CGEE, 2009).

Os biocombustíveis produzidos a partir do açúcar, grãos e culturas de

oleaginosas são conhecidos como biocombustíveis de primeira geração.

Atualmente, o etanol é o principal biocombustível, o qual é produzido da cana-de-

açúcar e de matérias-primas à base de amido. No entanto, a cana-de-açúcar requer

clima tropical ou temperado, e o Brasil se encontra como o único país com sucesso

para produção de etanol a partir da cana (GOLDENBERG, 2007).

A produção de biocombustíveis de primeira geração tem gerado uma certa

controvérsia, devido principalmente ao impacto no mercado mundial de alimentos

e na segurança destes, especialmente nas regiões do mundo que possuem

economia mais vulnerável. Assim, estuda-se algumas questões relacionadas à

substituição de fontes fósseis e da sustentabilidade da produção. Um dos principais

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fatores que preocupam é o aumento no preço dos alimentos, que poderia causar

um sério problema econômico e social. Atualmente, 1%(14 milhões de hectares)

das terras aráveis do mundo estão sendo usadas para produção de biocombustível,

provendo apenas 1% da demanda global de combustíveis para transporte. (IEA,

2006). Portanto, a produção de biocombustíveis de primeira geração depende do

limite de terras aráveis tornando impossível suportar toda a demanda mundial.

Assim, as algas estão sendo estudadas como alternativa de matéria prima para a

produção de biocombustíveis com um grande potencial de suprir a demanda

mundial e proporcionar a substituição do combustível fóssil.

O Bioetanol e Biodiesel são os dois biocombustíveis mais amplamente

disponíveis e estudados em todas as partes do mundo. (BRENNAN e OWENDE,

2010).

2.2 O Biodiesel

As microalgas contêm óleo que pode ser convertido em biodiesel. A ideia de

usar as microalgas para a produção de combustível não é nova, mas tem recebido

atenção recente renovada na busca de energia sustentável. O biodiesel é

normalmente produzido a partir de óleos vegetais, mas há preocupações

amplamente sonoras sobre a sustentabilidade desta prática. Biodiesel produzido a

partir de microalgas está sendo investigado como uma alternativa à utilização de

culturas convencionais porque as microalgas normalmente produzem mais óleo,

consomem menos espaço e podem ser cultivadas em terras impróprias para a

agricultura.

O biodiesel atualmente é reconhecido como alternativa verde, ou seja,

renovável que vem atraindo um vasto interesse de pesquisadores, governos e de

comerciantes internacionais. Algumas das vantagens de usar o biodiesel ao invés

do diesel proveniente do combustível fóssil são que não é um combustível tóxico,

é biodegradável e possui menor taxa de emissão de gases estufas (DEMIRBAS,

2009).

O teor de óleo de algumas microalgas pode chegar a ser superior a 80% da

massa seca de biomassa de algas. Oleaginosas agrícolas, como soja e óleo de

palma, estão sendo amplamente utilizado para produzir biodiesel; no entanto, eles

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11

produzem óleos em quantidades que sejam muito pequenas (por exemplo, menos

do que 5% de base de biomassa total) (CRISTI, 2007).

Podemos ver o potencial que a biomassa algal apresenta quando comparado

com outros tipos de biomassa para produção de biodiesel na tabela 1.

Tabela 1 - Comparação do desempenho para produção de óleo a partir de diferentes culturas (adaptado de DOE, 2010). (DOE, 2010)

Biomassa Rendimento

(Galões/Acre/Ano)

Soja 48

Carmelina 62

Girassol 102

Jatobá 202

Óleo de palma 635

Algas 1000-6500

Muitos países têm incrementado o uso de bioetanol e biodiesel em sua

matriz energética. Destacam-se, especialmente, os programas de muitos países

que fixaram metas de participação de biocombustíveis em suas matrizes em prazos

inferiores a 20 anos.

Parafraseando (CGEE, 2009), muitos países começaram a demonstrar

interesse pela produção do biodiesel e bioetanol para uso como combustível

veicular, por meio de programas e políticas voltadas para os biocombustíveis, tais

como incentivos à produção e ao consumo interno, e acordos internacionais. O

mercado internacional do bioetanol ainda é incipiente e enfrenta dificuldades como

segurança no fornecimento, falta de infraestrutura e barreiras políticas e comerciais

em algumas regiões. Porém, o rápido aumento na demanda de gasolina e as

oscilações do preço do petróleo estão ajudando a incrementar o fluxo do comercio

internacional deste combustível renovável. Podemos ver uma comparação regional

quanto à produção e ao consumo de biodiesel no mundo, conforme a figura 1.

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12

2.3 As Algas

2.3.1 Definição

As algas são conhecidas como uma das mais antigas formas de vida

(FALKOWSKI, KATZ, et al., 2004). Elas são plantas primitivas (talófitas), sem

raízes, sem caules, não possuem cobertura estéril de células ao redor das células

reprodutivas e possuem clorofila como seu pigmento fotossintético. Baseado na

morfologia e tamanho, algas são tipicamente subdivididas em duas categorias:

macroalgas e microalgas. As macroalgas são compostas por múltiplas células na

quais organizam estruturas semelhantes a raízes, caules e folhas. Em contraste,

as microalgas são um grupo amplo de organismos fotossintéticos microscópicos,

muitas delas são unicelulares e encontradas em diferentes ambientes. (CHEN,

MIN, et al., 2009)

As microalgas são extremamente adaptáveis a diversos habitats ecológicos

como agua doce, salobra, ou agua do mar. Possuem resistência que possibilitam o

crescimento em diferentes temperaturas e condições extremas de pH. Assim, essas

peculiaridades fazem das microalgas o organismo mais abundante da Terra

(FALKOWSKI, KATZ, et al., 2004). As microalgas podem ainda ser divididas em

United States15%

Brasil8%

União Européia

45%

Indonesia6%

Argentina8%

Thailandia4%

Produção

United States15%

Brasil8%

União Européia

51%

Indonesia3%

Argentina4%

Thailandia4%

Outros15%

UsoFigura 1 - Distribuição regional da produção mundial de biodiesel e uso e

2022 (OECD e FAO, 2013)

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13

dois subgrupos: Cianobactérias procarióticas e microalgas procarióticas.

(JUNYING, JUNFENG e BAONING, 2013). Cianobactérias são chamadas também

de algas verde-azuladas Estas apresentam em geral alta concentração de proteína

na sua composição, cerca de 70% da massa seca e baixa concentração de lipídeos,

com aproximadamente 5% (YANG, CH, et al., 2006).

As microalgas podem ser autotróficas ou heterotróficas. Elas requerem

compostos inorgânicos como CO2, sais e fonte de luz. Algumas microalgas são

mixotróficas como, por exemplo, a espécie Chlorella, na qual apresenta ambas as

características, pois realizam fotossíntese e também necessitam de uma fonte

orgânica de nutrientes. A adição de uma fonte de carbono externa auxilia no

crescimento das microalgas e também na acumulação de lipídeos (JUNYING,

JUNFENG e BAONING, 2013).

Diante do que foi apresentado acima, as algas têm ampla aplicação como

demonstrado esquematicamente abaixo:

Figura 2 - Fluxograma do potencial da biomassa microalgal (Adaptado (COSTA e MORAIS, 2011))

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As microalgas oferecem uma série de vantagens:

Possuem potencial produtor de biocombustíveis significativamente maior

quando comparadas às outras culturas;

Não competem com agricultura tradicional pois não são plantadas em terras

aráveis e podem ser cultivadas em lagoas ou em fotobiorreatores;

Elas podem crescer em um ambiente com variedade de condições de clima;

Finalmente, elas podem ser transformadas em um amplo espectro de

produtos, incluindo biodiesel via transesterificação, diesel e gasolina

substituições verdes via catalítica direta conversão hidrotérmica, e

modernização catalítica, e bioetanol via fermentação, metano via digestão

anaeróbia, calor através da combustão, bio-óleo e biocarvão via conversão

termoquímica e alta proteína animal alimentar.

2.3.2 Biomassa Microalgal

A composição mássica celular das microalgas contém cerca de 60 – 80 %

de água, sendo em peso seco 98% composta de moléculas orgânicas e 2% de

inorgânica. As moléculas orgânicas presentes são predominantemente proteínas,

carboidratos e lipídeos, que constituem cerca de 90% do total (BUMBAK, COOK,

et al., 2011).

A composição da biomassa pode variar dependo da espécie algal a ser

trabalhada. Esta diferença da composição pode ser mostrada abaixo, na Tabela 2.

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Tabela 2 - Composição química (%) da biomassa algal com base na matéria seca (DEMIRBAS, 2010).

Espécie da amostra Proteínas Carboidratos Lipídeos Ácidos nucléicos

Scenedesmus obliquus 50-56 10-17 12-14 3-6 Scenedesmus quadricauda 47 - 1,9 -

Scenedesmus dimorphus 8-18 21-52 16-40 -

Chlamydomonas rheinhardii 48 17 21 -

Chlorella vulgaris 51-58 12-17 14-22 4-5

Chlorella pyrenoidosa 57 26 2 -

Spirogyra sp. 6-20 33-64 11-21 -

Dunaliella bioculata 49 4 8 -

Dunaliella salina 57 32 6 - Euglena gracilis 39-61 14-18 14-20 - Prymnesium parvum 28-45 25-33 22-38 1-2 Tetraselmis maculata 52 15 3 - Porphyridium cruentum 28-39 40-57 9-14 - Spirulina platensis 46-63 8-14 4-9 2-5 Spirulina maxima 60-71 13-16 6-7 3-4,5 Synechoccus sp. 63 15 11 5 Anabaena cylindrica 43-56 25-30 4-7 -

2.3.3 Cultivo De Microalgas: Algacultura

Para seu crescimento, as algas fototróficas absorvem luz, dióxido de carbono

e nutrientes dos ambientes aquáticos. Assim, a reprodução de forma artificial deve

replicar de forma semelhante a natural, para que as algas tenham o devido

crescimento em tal meio de cultivo criado. Um dos fatores limitantes para o meio

de cultivo é a fonte de luz. JASSEN, TRAMPER, et al. ( 2002) estudaram este

aspecto o qual de acordo com estudos concluíram que o cultivo de algas possui

vantagem quando realizado sob luz solar. No entanto, a disponibilidade de luz é

limitada, pois não há luz solar o dia inteiro. Vale salientar, que o presente trabalho

visa estudar com a iluminação artificial 24h por dia.

O C02 requerido pelas algas é proveniente do ar, mas para aprimorar o

desempenho e absorção de CO2 são necessários aeradores submergidos nas

lagoas (TERRY e RAYMONDS, 1985). As lagoas abertas é o método mais barato

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para produção em larga escala. Estas, não competem por terra com outras culturas

agrícolas. Elas também não necessitam de muita energia para operação e a

limpeza é fácil (BRENNAN e OWENDE, 2010).

Os meios de produção mais comuns empregados para o cultivo de algas são

lagoas abertas e fotobiorreatores. O sistema de produção varia em termos de

controle de crescimento, evaporação de água, características de fluxo e custos

(BRENNAN e OWENDE, 2010).

O cultivo de algas para produção em lagoas abertas tem sido estudado

desde 1950 (BOROWITZKA, 1999). Este sistema se caracteriza dentro de águas

naturais (lagos e lagoas) ou em containers artificiais. O sistema mais empregado

são as chamadas “raceway ponds”, mostrada na figura 3. Estas são caracterizadas

por lagoas artificiais rasas construídas de concreto, mas também podem ser usadas

lagoas alinhadas com plástico branco em sua extensão. (BRENNAN e OWENDE,

2010).

Sistemas de lagoas abertas requerem uma alta seletividade de ambiente

devido à contaminação que pode ocorrer por outras espécies de algas ou por

protozoários (PULZ e SHEINBERBOGAN, 1998).

Figura 3 - Exemplo de cultivo de microalgas em uma lagoa aberta (raceway pond). (BARAK, BECHAR, et al.)

Segundo (CRISTI, 2007), no que diz respeito à produção de biomassa, as

lagoas abertas apresentam uma menor eficiência quando comparadas com os

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fotobiorreatores (figura 4). Alguns fatores estão relacionados à evaporação da

água, quantidade de CO2 dissolvido, fonte de luz, dentre outros.

Em contrapartida, os fotobiorreatores começaram a ser estudados nos

últimos 50 anos. Os tipos de fotobiorreatores mais estudados são os tubulares e o

de pratos (BRENNAN e OWENDE, 2010). Devido a uma estrutura fechada e um

controle do ambiente, os fotobiorreatores podem alcançar células de alta densidade

e conseguem manter um sistema de monocultura facilmente. (LEE, 2001).

Tais reatores citados anteriormente são construídos com uma estrutura de

vidro ou plástico transparente, de forma que a luz consiga incidir para o interior do

fotobiorreator. Eles podem ser também dimensionados de tal maneira para que

consigam operar nas posições vertical, horizontal e também inclinada, o que torna

um aproveitamento melhor da área a ser trabalhada, podendo ser produzidos em

lugares com limitações de área.

2.4 Floculação

A coleta de microalgas consiste em uma operação com certa dificuldade

tecnológica devido ao pequeno tamanho das células. O processo de coleta pode

Figura 4 - Exemplo de cultivo de microalgas em um fotobiorreator (ZHU, RONG e ZONG, 2013).

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ser muito caro, em especial quando envolve processos de secagem. O processo

de secagem térmica é muito mais oneroso do que os processos mecânicos de

remoção de água. A coleta de microalgas em escala comercial geralmente requer

a floculação para redução do tempo necessário à separação das células de

microalgas a partir do meio de cultivo. A floculação é um processo em que ocorre

a agregação das células e a sua separação do meio. O processo inicia-se com a

adição de materiais (floculantes) que promovem distúrbios na estabilidade das

partículas suspensas e promove agregação.

A colheita ou “harvesting” de microalgas é uma chave na conversão da

biomassa microalga para biocombustíveis Para ser fonte de combustível viável, as

células devem ser recuperadas de uma alta concentração da cultura. (SCHENK,

THOMAS-HALL, et al., 2008).

A floculação é um processo complexo e muitos parâmetros podem afetar a

eficiência, incluindo propriedades de superfície celular, número de células por

unidade de volume, o pH do meio de crescimento, tipo de coagulante e de

dosagem, a força iónica da solução de cultura, e tempo floculação (PAPAZI,

MAKRIDIS e DIVANACH, 2010).

A Floculação química é um método bastante viável. As microalgas têm cargas

negativas em suas superfícies que mantêm as células individuais separados em

suspensão. Quando a adição de coagulantes (por exemplo, ferro, alumínio,

polímeros de cal, de celulose, sais, poliacrilamida, surfactantes, quitosana, e outras

fibras sintéticas ou artificiais), as cargas superficiais negativas são interrompidas,

causando uma suspensão das microalgas. Pesquisadores da Universidade de

Minnesota tem desenvolvido um método que emprega coagulantes, equipamento,

e procedimentos operacionais de uso corrente de águas .Este método permite uma

recuperação de 95% a partir de algas os meios de cultura. (CHEN, MIN, et al., 2009)

O processo de floculação pode no entando prover uma alta recuperação da

biomassa microalgal a custos razoáveis. A floculação é utilizada para aumentar a

eficiência devido ao tamanho das partículas e assim, facilitar a sedimentação. Esse

processo tem sido realizado com sucesso e testada em produção de

biocombustível (DANQUAH, L. ANG, et al., 2008).

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No processo de floculação o colóide apresenta cargas negativas na sua área isso

significa que os íons positivos ou cargas positivas na água serão atraídas para a

área de superfície do coloide formando uma camada de força (figura 5) fazendo

com que a massa seja superior para ocorrer o processo de decantação no fundo.

Figura 5 - Colóide formado no processo de floculação.

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3 MATERIAS E MÉTODOS

3.1 Materiais

3.1.1 Microalgas

Para estudo da etapa de floculação foi utilizada microalga da espécie

Chorella vulgaris, adquirida pelo departamento de Oceanografia Biológica do Instituto

Oceanográfico da Universidade de São Paulo.

3.1.2 Meio de Cultura

A etapa de inoculação das microalgas foi realizada em ambiente climatizado

com temperatura controlada de 20 o C e pH de 7,2.

Dentre os nutrientes usados para alimentar as microalgas destacamos os

macros nutrientes, que são; carbono, hidrogênio, oxigênio, silício, nitrogênio,

fosforo, enxofre, potássio, magnésio, e ferro, e os micronutrientes manganês, boro,

vanádio, selênio, cobalto, molibdênio, zinco e cobre, algumas dessas espécies são

citadas na tabela 3 em sua molécula usual de adição ao meio de cultura. Esses

nutrientes irão compor a estrutura de biomoléculas, membranas, meio celular,

participar de processos de troca de energia, regular atividades enzimáticas, dentre

outros (LOURENÇO, 2006). A tabela 3 apresenta as concentrações baseadas no

meio de cultivo Guillard:

Tabela 3 - Concentração - meio de cultivo (Adaptado, Lourenço,2006)

Espécie química dos reagentes

Concentração (mg/L)

NaNO3 75000 NaH2PO4. H2O 5000

FeCl3.6H2O 3150

Na2EDTA 4300 MnCl2. 4H2O 180

Na2MoO4. 2H2O 6,3 CoCl2. 6H2O 10 CuSO4.5H2O 9,8 ZnSO4. 7H2O 22,2

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Outros nutrientes relevantes são vitaminas como a Tiamina (B1), que age

principalmente como coenzima, Biotina (B7) que atua no transporte de CO2 e a

Cianocobalamina (B12) cuja função não está claramente fundamentada

(LOURENÇO,2006).

Antes de ser utilizado o meio foi esterilizado com Hipoclorito de Sódio durante

1 hora e meia sob aeração durante todo o período para homogeneizar.

3.1.3 Equipamentos

Foram utilizados fotobiorreatores de 4 L, mostrados na figura 6, com um

tempo total de cultivo de 14 dias em meio mixotrófico, empregando iluminação

artificial com lâmpadas fluorescentes de 40 W 24 horas por dia, temperatura

ambiente climatizada a 20oC e aeração com compressor de 2.5 W e pedra porosa

24 horas por dia. Após os 14 dias, os meios de cultivo (reator 1,2,3 e 4) foram

misturados em um único recipiente para realização dos experimentos.

Figura 6 - Fotobiorreatores utilizados no cultivo das culturas de Chorella sp.

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3.1.4 Agentes Floculantes

Foram utilizados os Agentes Floculantes: NaOH com concentração de

2,5eq/L e 5 eq/L; e [Al (SO ) ] com concentração 1eq/L e 2eq/L. Os reagentes para

realizar o preparo da solução foram Padrão Analítico (PA).

3.2 Métodos

Segundo GIL (2002), nesta etapa os dados são levantados e podem ser

agrupados em tabelas, possibilitando sua análise. Assim pode estudar as variáveis

envolvidas e quantificá-las.

Assim, no presente trabalho os dados foram tabelados com três variáveis de

forma que será mais fácil a interpretação dos dados. Foi realizado um estudo para

realizar duas matrizes L4 para a execução dos experimentos. Assim sendo, foram

estudadas e avaliadas algumas variáveis do processo como:

Efeito da quantidade de floculante;

Efeito da concentração do floculante;

Efeito da taxa de agitação;

3.2.1 Arranjo Ortonogal de Taguchi

Foi utilizada a metodologia de Taguchi fazendo duas matrizes com arranjo

ortogonal L4. Esta matriz consiste em um arranjo composto por quatro

experimentos atreladas a três fatores (A, B e C) variáveis em dois níveis (1 e 2). A

tabela 4 mostra como é composto o arranjo ortogonal L4 de Taguchi.

Tabela 4 - Arranjo ortogonal L4 de Taguchi

EXP A B C 1 1 1 1 2 2 1 2 3 1 2 2 4 2 2 1

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Os fatores analisados foram:

Quantidade de agente floculante: Esta variável foi disposta em dois níveis

(alto e baixo) medidos em mililitro (mL).

Concentração de agente floculante: Esta variável foi disposta em dois níveis

(alto e baixo) medidos em Eq/L.

Taxa de agitação: Esta variável foi disposta em dois níveis (alto e baixo)

medidos em rpm.

O fator resposta é a eficiência da floculação, sendo realizada por meio do meio

menos turvo.

Assim foram montados os arranjos ortogonais para o experimento, mostrado nas

tabelas 5 e 6.

Tabela 5- Arranjo Ortogonal L4 para o NaOH

EXP Quantidade de floculante

[NaOH] Taxa de agitação

1 0,4 mL 2.5Eq/L 600 2 0,8mL 2.5Eq/L 650 3 0,4mL 5Eq/L 650 4 0,8mL 5Eq/L 600

De acordo com a literatura, os dados da tabela 5 foram os melhores e expressivos

para utilizar o NaOH como agente floculante para microalgas.

Tabela 6 - Arranjo ortogonal L4 para o [Al (SO ) ]

EXP Quantidade de

floculante [Al (SO ) ] Taxa de agitação

1 0,75ml 1Eq/L 500 2 1,5 ml 1Eq/L 700 3 0,75ml 2Eq/L 700 4 1,5 ml 2Eq/L 500

A tabela 6 foi montada para o agente floculante [Al (SO ) ] de acordo com a

literatura, na qual mostrou resultados mais expressivos com tais valores.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados observados foram colocados e discutidos nessa seção, Foi feita uma

análise visual dos experimentos pode-se obter uma conclusão.

4.1 Análise do crescimento das microalgas

Figura 7 - Meio de cultivo após 14 dias

De acordo com a figura 7, observa-se que o reator 4 (contando da esquerda

para direita) apresenta uma maior coloração esverdeada, pelo qual apresentou a

maior absorbância entre os demais reatores. Isso é consequência do maior

crescimento das microalgas no período de 14 dias.

4.2 Comparação do floculo formado

Quando comparado os dois agentes floculantes, o floculo formado no

momento em que começa a decantar, o floculo formado pelo agente floculante

NaOH (Fig 8a) apresentou-se ser mais denso e maior quando comparado com o

floculo formado pelo [Al (SO ) ] (Fig. 8b). É possível observar esta diferença ao

analisar Figura 8.

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Figura 8 - Comparação do flóculo formado entre o NaOH e o [Al (SO ) ]. NaOH na esquerda e [Al (SO ) ] na direta da figura.

4.3 Análise da eficiência da floculação

Após a realização dos experimentos, foi tirada fotografia após 20 minutos de

cada experimento para uma análise visual da eficiência da floculação com os

diferentes modelos. Assim pode-se obter um resultado visual a respeito de qual

seria o melhor conjunto de variáveis para obter uma melhor floculação.

Analisando as figuras 9 e 10, pode-se verificar que os erlenmeyers, os quais

foram utilizados o agente precipitante NaOH, apresentaram maior eficiência de

precipitação devido ao sobrenadante ter demostrado mais transparente (Fig. 9), já

com para Al2(SO4)3 o sobrenadante mostrou certa turbidez para o mesmo tempo de

20 minutos (Fig. 10).

Calculou-se o pH nos dois casos, e obteve um pH de 10,3 para o experimento

floculado com NaOH e um pH igual 5,6 para o Al2(SO4)3.

Figura 9 - Análise visual da eficiência da floculação com NaOH após 20 min

a b

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Figura 10 - Análise visual da eficiência da floculação com [Al (SO ) ] após 20 min

A eficiência da floculação está relacionada ao modo de como o agente

floculante se liga nas partículas de microalgas. Isto é, eles formam um colóide com

ligação de cargas negativas e positivas entre o agente floculante e a célula da

microalga fazendo com que seja possível o processo de decantação. Isso vem a

ser um processo físico, não há reação química nessa etapa.

Observando os resultados, o NaOH demonstrou uma maior eficiência para

recuperar a biomassa algal. O experimento utilizando 0,8 mL, 5 eq/L e 600 rpm foi

o que obteve uma melhor floculação da microalga.

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5 CONCLUSÃO

Diante do que foi proposto no trabalho, conclui-se, que foi possível obter um

resultado visual e se tratando de comparação entre dois reagentes que serviriam

para realizar uma das etapas para produção de biodiesel, o NaOH obteve uma

melhor floculação e apresentou-se mais eficiente quando comparado com o

[Al (SO ) ], pode-se ainda ressaltar que o experimento que utilizou 5 eq/L, 0,8 mL

e 600 rpm obteve melhor rendimento quando comparado com os demais.

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