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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
ESTUDO PATOLÓGICO, ETIOLÓGICO E IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DE NEFRITES EM SUÍNOS ABATIDOS NO
ESTADO DE MATO GROSSO
João Xavier de Oliveira Filho
Cuiabá-MT
2010
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS
ESTUDO PATOLÓGICO, ETIOLÓGICO E IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DE NEFRITES EM SUÍNOS ABATIDOS NO
ESTADO DE MATO GROSSO
Discente: João Xavier de Oliveira Filho
Orientador: Profº. Dr. Luciano Nakazato
Co-Orientadora: Profª. Dra. Valéria Dutra
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, área de concentração: Sanidade Animal, da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da Universidade Federal de Mato Grosso para a obtenção do título de Mestre em Ciências Veterinárias.
Cuiabá-MT
2010
AGRADECIMENTO
Primeiramente, gostaria de agradecer a Deus pela saúde, sabedoria e pela família que
sempre esteve ao meu lado, me apoiando em todos os momentos de necessidade. Em especial,
aos meus pais Elizabeth Maria da Glória Xavier e João Xavier de Oliveira (in memória), pelos
ensinamentos e dedicação sem medirem esforços para a criação de seus filhos. A minhas
irmãs Joelg e Joanne pela amizade e compreensão nos momentos difíceis e de nervosismo.
Agradeço o meu orientador Profº. Luciano Nakazato e a co-orientadora Profª. Valéria
Dutra pela oportunidade de realizar o curso e pela orientação e ensinamentos. À Profª.
Caroline Pescador, no qual teve uma importante participação na realização deste trabalho e
pela a oportunidade de aperfeiçoar meus conhecimentos. À Daphine, pela amizade,
aprendizagem e pela companhia.
Agradeço ao Pesquisador Nelson Mores pela idealização desse estudo com muita
orientação e ensinamentos dados na área de sanidade e produção de suínos. As minhas amigas
Kelem, Neide, Camila e Gisely pelo acolhimento com muita alegria e também pela ajuda na
realização de algumas técnicas laboratoriais, e aos ensinamentos. A Pesquisadora Janice Reis
Ciacci Zanella pela permissão de trabalhar no laboratório de virologia da Embrapa. Ao Arlei
Coldebella pelas analises estatísticas.
Agradeço aos Médicos Veterinários do Serviço de Inspeção Federal Dr. Samuel, Dra.
Camila Angerami, ao Dr. Felipe e seus auxiliares pelo grande apoio dado na realização das
coletas. Aos donos e gerentes dos frigoríficos deste estudo pela permissão de realizar a coleta
das amostras com o apoio necessário.
As técnicas do laboratório de microbiologia Suen e Ramirie e aos estagiários e
mestrandos pela ajuda e momentos de alegrias. Ao técnico do laboratório de patologia
veterinária Manoel, pela confecção das lâminas histológicas. Ao motorista da UFMT Valdir
Campos que me acompanhou em todas as coletas.
Aos meus amigos (as) que sempre estiveram ao meu lado dando apoio, conselhos,
confiança, momentos de descontração e pala paciência dada. Enfim, agradeço a todas as
pessoas que de alguma forma contribuíram para minha formação e realização desta
dissertação.
RESUMO
ESTUDO PATOLÓGICO, ETIOLÓGICO E IMPORTÂNCIA ECONÔMICA DE NEFRITES EM SUÍNOS ABATIDOS NO ESTADO DE MATO GROSSO
Nefrite intersticial em suínos é a principal causa de condenação de rins em frigoríficos com o
Serviço de Inspeção Federal (SIF). O objetivo deste trabalho é realizar o estudo patológico,
etiológico e avaliar a importância econômica na condenação de rins por nefrite pelo SIF em
dois frigoríficos do Estado de Mato Grosso. Realizou-se um estudo retrospectivo das causas
de condenação de rins pelo SIF entre o período de 2003 a 2008. Foram coletadas 400
amostras de rins condenados por nefrite pelo SIF e submetidos à histologia, Imunoistoquímica
(IHQ); Imunofluorescência Direta (IFD) e Reação em Cadeia pela Polimerase (PCR) para
detecção do Circovirus suíno Tipo 2 (PCV2), Parvovirus suíno (PPV) e Torque teno vírus
Tipo 1 e 2 (TTV1 e TTV2) e Leptospira sp.. Nefrite corresponde a 45,82% dos rins
condenados em 2008, totalizando uma perda de R$44.911,23 reais. Lesão histológica foi
observada em 81% das amostras, sendo a nefrite intersticial mononuclear a mais freqüente
(45,75%). Pela PCR, foram encontrados PCV2, PPV, TTV1 e TTV2 em 27,25%, 28,50%,
94% e 87,5% das amostras, respectivamente. Leptospira sp. não foi observada nas amostras
analisadas através da IFD. A análise estatistica revelou associação significativa da infeccção
do: PCV2 com presença de lesão histológica (P=0,008) e de células gigantes (P=0,0016);
TTV2 com o TTV1 (P<0,0001). Estes achados indicam que PCV2, PPV, TTV1 e TTV2
devem entrar no diagnóstico diferencial de rins com nefrite intersticial condenados pelo SIF
no Estado de Mato Grosso.
Palavras-Chaves: Suínos, Rins, Nefrites, PCV2.
ABSTRACT
PATHOLOGICAL, ETIOLOGIC STUDY AND ECONOMIC IMPORTANCE OF
NEPHRITIS IN PIGS SLAUGHTERED IN THE STATE OF MATO GROSSO
Interstitial nephritis in pigs is the major cause of condemnation of kidneys from
slaughterhouse with Federal Inspection Service (FIS). The objective of this study is
evaluating the pathological, etiological and economic significance of kidney’s that were
affected by nephritis from two slaughterhouses at Mato Grosso State. The study was
performed retrospectively and included causes of kidney damage submitted from 2003 to
2008 at Federal Inspection Service. A total of 400 kidneys samples with nephritis were
collected from FIS and submitted to histology, immunohistochemistry (IHC), direct
immunofluorescence (DIF) and Polymerase Chain Reaction (PCR) for detection of porcine
circovirus type 2 (PCV2), porcine parvovirus (PPV ) and Torque teno virus type 1 and
Torque teno virus type 2 (TTV1 and TTV2) and Leptospira sp.. Nephritis represents 45.82%
of kidneys discarded in 2008, totaling a loss of R$ 44,911.23. Histological lesions were
observed in 81% of kidney samples, and mononuclear interstitial nephritis (45.75%) was the
most frequent microscopic lesion visualized. PCV2, PPV, TTV1 and TTV2 were detected by
PCR in 27.25%, 28.50%, 94% and 87.5% of samples, respectively. Leptospira sp. was not
observed in the kidney samples analyzed by IFD. The statistical analysis indicated significant
association of infectious disease: the presence of PCV2 with histological lesions (P=0.008)
and giant cells (P=0.0016); TTV2 with the TTV1 (P <0.0001). These findings indicate that
PCV2, PPV, TTV1 and TTV2 should be considered in the differential diagnosis of kidney
with interstitial nephritis condemned by the FIS in the Mato Grosso State.
Keywords: Swines, Kidney, Nephritis, PCV2.
LISTA DE TABELAS
Pg. Tabela 01: Causas de condenações de rins suínos abatidos nos Frigrífico A e B no Estado de Mato Grosso pelo Serviço de Inspeção Federal, durante o ano de 2003 a 2008.............................................................................................................................. 28
Tabela 02: Perdas econômicas devido à condenação de rins de suínos pelo Serviço de Inspeção Federal em dois Frigoríficos no Estado de Mato Grosso durante o período de 2003 a 2008................................................................................................ 30
Tabela 03: Lesões histológicas de rins de suínos condenados por nefrite (n=400) pelo Serviço de Inspeção Federal em dois frigoríficos no Estado de Mato Grosso durante o período e março a abril de 2009................................................................... 31
Tabela 04: Agentes etiológicos encontrados em rins de suínos condenados por nefrites pelo Serviço de Inspeção Federal em dois frigoríficos no Estado de Mato Grosso durante o período de março a abril de 2009.............................................................................................................................. 33
Tabela 05: Distribuição geográfica do Circovirus suíno Tipo 2 (PCV2), Parvovirus suíno (PPV), Torque teno vírus Tipo 1 e 2 (TTV1 e TTV2) e Leptospira sp. (Lepto) em rins de suínos condenados por nefrite pelo Serviço de Inspeção Federal em dois frigoríficos do Estado de Mato Grosso, no período de março a abril de 2009................................................................................................... 34
Tabela 06: Resultados das analises individual das variáveis em relação à presença de PCV2 em rins de suínos condenados por nefrite pelo Serviço de Inspeção Federal em dois frigoríficos do Estado de Mato Grosso durante o período de março a abril de 2009.............................................................................................................. 35
Tabela 07: Resultado da análise estatística entre técnica de Imunoistoquímica (IHQ) e da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) para detecção de PCV2 em rins de suínos com lesão histológica e condenados por nefrite pelo Serviço de Inspeção Federal em dois frigoríficos do Estado de Mato Grosso durante o período de março a abril de 2009.............................................................................................. 35
Tabela 08: Resultados das analises individual significativa das variáveis em relação à presença de TTV1 em rins de suínos condenados por nefrite pelo Serviço de Inspeção Federal em dois frigoríficos do Estado de Mato Grosso durante o período de março a abril de 2009................................................................................. 37
Tabela 09: Resultados das analises individual significativa das variáveis em relação à presença de TTV2 em rins de suínos condenados por nefrite pelo Serviço de Inspeção Federal em dois frigoríficos do Estado de Mato Grosso durante o período de março a abril de 2009................................................................................. 37
LISTA DE FIGURAS
Pg. Figura 01: A: Rim, suíno. Pontos brancos variando de 1 mm a 5 mm de diâmetro distribuídos difusamente na superfície capsular . B: Rim, suíno, corte transversal. Pontos brancos na superfície cortical e medular................................................................. 31
Figura 02: Rim, suíno. Nefrite intersticial mononuclear focalmente extenso moderada na região medular. HE, obj. 40x......................................................................................... 32
Figura 03: : Rim, suíno. Nefrite intersticial mononuclear com padrão folicular focal moderada. HE, obj. 40x......................................................................................................
32
Figura 04: Rim, suíno: A – Nefrite intersticial mononuclear com presença de células gigantes (setas), HE, obj. 40x. B: Nefrite intersticial mononuclear com presença de células gigantes do tipo de langerhans, HE, obj. 80x.........................................................
32
Figura 05: Rim suíno: Rim positivo para PCV2 na IHQ - DAB. B: Marcação positiva de células linfo-histiocitárias. Obj. 80x..............................................................................
36
Figura 06: Rim, suíno: Rim positivo para PCV2 na IHQ – DAB. Marcação de células no epitélio tubular. Obj. 80x...............................................................................................
36
LISTA DE ABREVIAÇÕES e SIGLAS
% por cento
°C grau Celsius
DNA ácido desoxirribonucléico
dNTP desoxirribonucleosídeo(s) trifosfato(s)
EDTA ácido etileno-diamino-tetra-acético
SDS Dodecil sulfato de sódio
g grama
mg miligrama
M molar
MgCl2 cloreto de magnésio
mM milimolar
ml mililitro
NaCl cloreto de sódio
pb pares de bases
PCR Reação em Cadeia pela Polimerase – polymerase chain reaction
pmol picomol
Tris 2-amino-2-hidroximetilpropano-1,3-diol
U unidade de atividade enzimática
µl microlitro
SUMÁRIO
Pg.
RESUMO.......................................................................................................................... 04
ABSTRACT...................................................................................................................... 05
LISTA DE TABELAS..................................................................................................... 06
LISTA DE FIGURAS...................................................................................................... 07
LISTA DE ABREVIAÇÕES e SIGLAS........................................................................ 08
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 11
2 REVISÃO DE LITERATURA...................................................................................... 13
2.1 Alterações Inflamatórias............................................................................................. 14
2.1.1 Glomerulonefrites.................................................................................................... 14
2.1.2 Nefrite Intersticial.................................................................................................... 15
2.1.3 Pielonefrites............................................................................................................. 17
2.2 Outras Alterações........................................................................................................ 18
3 MATERIAIS E MÉTODOS....................................................................................... 20
3.1 Coleta de dados de causas de condenações de rins pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF) .....................................................................................................................
20
3.2 Coletas das amostras de Rins...................................................................................... 21
3.3 Analise Laboratorial................................................................................................... 22
3.3.1 Análise Histologia. .................................................................................................. 22
3.3.2. Imunoistoquímica para PCV2................................................................................. 22
3.3.3 Imunofluorescência Direta (IFD) para Leptospira sp.............................................. 23
3.3.4 Métodos Moleculares............................................................................................... 24
3.3.4.1 Extração do DNA genômico................................................................................. 24
3.3.4.2 Reação em cadeia da polimerase (PCR). ............................................................. 25
3.3.4.1.1 Circovírus suíno Tipo 2 (PCV-2) ...................................................................... 25
3.3.4.1.2 Parvovirus suínos (PPV) .................................................................................. 25
3.3.4.1.3 Torque Teno Vírus 1 e 2 (TTV1 e TTV2). ....................................................... 26
3.4 Analise Estatística....................................................................................................... 27
4 RESULTADOS............................................................................................................ 28
4.1 Condenações de Rins pelo Serviço de InspeçãoFederal............................................. 28
4.2 Perdas Econômicas obtidas na Condenação de rins pelo SIF..................................... 29
4.3 Avaliação Patológica de Rins Condenados por Nefrites............................................ 30
4.4 Resultados de PCR, IHQ e IFD.................................................................................. 33
5 DISCUSSÃO................................................................................................................. 38
6 CONCLUSÃO.............................................................................................................. 43
7-Considerações Finais.................................................................................................... 44
REFERÊNCIAS............................................................................................................... 45
ANEXO A: Ficha de anotação das causas de condenação de rins pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF) ......................................................................................................
57
ANEXO B: Cronograma de coleta das amostras de rins em dois Frigoríficos (Frigorífico A e B) do Mato Grosso durante o período de março a abril de 2009...................................................................................................................................
58
11
1 Introdução
O Brasil é o quarto maior produtor de carne suína suíno no mundo, com estimativa de
terminar o ano de 2009 com 3.190 mil toneladas de carne e 34.686 mil cabeças de suínos
(ABIPECS e EMBRAPA, 2010). A região sul do Brasil concentra 68,3% da produção de
carne do país (IBGE, 2010), no qual o Estado de Santa Catarina é o maior produtor com
28,3% (752 mil toneladas) da produção nacional, seguido do Rio Grande do Sul (586 mil
toneladas) e Paraná (488 mil toneladas). O Estado de Mato Grosso ocupa a quinta posição
com 152 mil toneladas produzida no ano de 2009 (ABIPECS e EMBRAPA, 2010), com
previsão de crescimento no setor através de adequada prática de manejo nutricional,
reprodutivo e sanitário.
Entre os problemas sanitários enfrentados na suinocultura moderna, as afecções renais
ocupam um lugar de destaque, devido ao baixo desenvolvimento dos animais nas granjas,
aumento da permanência destes nas instalações, além de aumentar o número de condenações
de rins pelo órgão de fiscalização competente gerando significativas perdas econômicas
(MARTÍNEZ et al., 2006).
Doenças que ocasionam lesões renais podem acarretar desequilíbrio hidro-eletrolítico,
acidose metabólica, acúmulo intravascular de resíduos metabólicos de diversos produtos,
incluindo nitrogênio uréico sérico e também a creatinina (Azotemia) (DROLET e DEE,
1999). Tais lesões podem ser ocasionadas pela ação de diversos agentes tóxicos ou
infecciosos, respostas imunomediadas e outras causas desconhecidas (ALPERS e FOGO,
2008).
Cistos renais congênitos são causas comuns de condenação de rins de suínos abatidos
pelo Serviço de Inspeção, os quais são observados em abatedouros como achado incidental
(DROLET e DEE, 1999; MAXIE e NEWMAN, 2007; OLIVEIRA, 2007). Outra freqüente
causa de descarte de rins em frigoríficos de suínos são as alterações inflamatórias, conhecidas
sob o ponto de vista patológico/morfológico como Nefrite Intersticial Multifocal (MFIN),
usualmente observada macroscopicamente como “Manchas Brancas” ou “White Spotted”
(NEVES, 1985; DROLET et al., 2002) situada na superfície capsular e de corte dos rins.
Essas alterações podem ser devido a uma série de mecanismos patogênicos, entre eles,
imunológicos, trombóticos e tóxicos (DROLET e DEE, 1999).
Alguns agentes infecciosos têm sido apontados como possíveis causas dessas nefrites,
tais como: os bacterianos, como a Leptospira interrogans (MICHNA e CAMPBELL, 1969;
12
BAKER 1989), Escherichia coli, Staphylococcus sp., Streptococcus sp., Corynebacterium sp,
Erysipelothrix rhusiopathiae (HUNTER et al., 1987); os virais, como o Vírus da Síndrome
Respiratória e Reprodutiva dos Suínos (PRRSV), Circovírus suíno Tipo 2 (PCV-2),
Parvovírus suíno (PPV), Adenovírus suínos ( DROLET e DEE, 1999; ROSELL et al., 1999;
DROLET et al., 2002) e o Torque teno vírus (TTV) (USTA et al., 2001; KEKARAINEN et
al., 2006; KRAKOWKA et al., 2008; MARTIN-VALLS et al., 2008); as micotoxinas, como a
Ochratoxina A, também pode estar relacionada a ocorrência de nefrites (KROGH et al., 1974;
KROGH et al., 1988; GRESHAM et al., 2006a; GRESHAM et al., 2006b).
Tendo em vista o risco à saúde pública e a perdas econômicas na produção e indústria
de suínos, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a importância econômica, as lesões
histológicas e possíveis etiologias de rins condenados por apresentarem lesões macroscópicas
caracterizadas como nefrites pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF) em dois frigoríficos do
Estado de Mato Grosso.
13
2 Revisão de Literatura
O sistema urinário é constituído por bexiga, ureter, uretra e rins (ELLENPORT, 1986;
JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004). Os rins, dependendo da espécie, podem apresentar
diferentes formas. Em suínos encontra-se em forma de feijão, com a superfície lisa,
comprimento de quase o dobro da largura, coloração marrom e com peso variando de 100 a
250 gramas em animais adultos (SISSON, 1986).
Os rins são glândulas que participam na manutenção da homeostase corporal através
da secreção da urina, regulando assim a concentração hídrica e salina do corpo, além de atuar
na remoção de substâncias estranhas do sangue (ELLENPORT, 1986; REECE, 1996). Essas
funções se realizam por meio de um processo complexo que envolve filtração, absorção ativa,
absorção passiva e secreção (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004; VERLANDER, 2008).
Outras funções essenciais dos rins são a secreção de hormônios e hidrólise de
pequenos peptídeos (REECE, 1996). Quanto à secreção de hormônios, há a renina, que
participa da regulação da pressão sanguínea, e a eritropoetina, uma glicoproteína que estimula
a produção de eritrócitos (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 2004; MAXIE e NEWMAN, 2007).
A hidrólise dos pequenos peptídeos conserva aminoácidos, detoxifica peptídeos tóxicos e
regula níveis plasmáticos efetivos de alguns hormônios peptídeos (REECE, 1996).
Além dessas funções, os rins, juntamente com o fígado e pele, participam da ativação
da Vitamina D, um pró-hormônio esteróide, no hormônio ativo (JUNQUEIRA e CARNEIRO,
2004; MAXIE e NEWMAN, 2007). Em virtude dessas múltiplas funções, animais com
problemas renais podem apresentar uma série de sinais clínicos (REECE, 1996).
Lesões renais inflamatórias podem ser causadas por uma grande variedade de agentes
virais e bacterianos que na grande maioria das vezes se disseminam por via hematógena
(DROLET e DEE, 1999), como por ex. a Leptospira sp., um importante agente zoonótico
(JONES et al., 1987; RADOSTITS et al., 2002). Isto demonstra que essas lesões renais, além
dos prejuízos econômicos decorrente da baixa produtividade dos animais ou até mesmo das
condenações dos rins no setor industrial, representam um importante potencial de risco a
saúde dos trabalhadores da linha de produção (BAKER et al., 1989).
A LEI Nº 1.283, de Dezembro de 1950, do Regulamento de Inspeção Industrial e
Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA) estabelece a obrigatoriedade da prévia
fiscalização, sob o ponto de vista industrial e sanitário, de todos os produtos de origem
animal, comestíveis e não comestíveis (RIISPOA, 2007). Esta lei é importante para a saúde
14
pública, pois tem o objetivo de tornar seguro o consumo dos alimentos inspecionados, uma
vez que muitas alterações patológicas são devidas a zoonoses (HERENDA et al., 1994). A
análise realizada nos rins na linha de abate é de grande importância pelo fato de que certas
doenças de caráter tóxico-septicêmico comumente causam lesões nos rins (BORDIN, 1992),
classificadas pelo SIF como: cisto renal, congestão, contaminação, estefanurose/uronefrose,
infarto isquêmico e nefrite.
2.1 Alterações Inflamatórias
A revisão de literatura a seguir, abordará alterações observadas nos rins pela linha de
inspeção em abatedouros, principalmente alterações inflamatórias por serem as lesões mais
observadas em rins de suínos, clinicamente saudáveis, abatidos em frigorífico inspecionado
pelo SIF.
Os processos inflamatórios ocorridos em rins são classificados conforme o local
afetado, sendo nomeadas de glomerulonefrites, nefrites intersticiais e pielonefrites (SMITH et
al., 1972; MAXIE e NEWMAN, 2007; ALPERS e FOGO, 2008). Embora seja comum a
ocorrência de nefrites em suínos, principalmente nefrites intersticiais (SMITH et al., 1972;
NEVES, 1985; DROLET et al., 2002), ainda são desconhecidas as possíveis etiologias que
possam estar relacionadas a essas lesões inflamatórias
2.1.1 Glomerulonefrites
Alterações inflamatórias nos glomérulos são denominadas de glomerulonefrites que
geralmente acompanham lesões secundárias nos túbulos renais e de pielonefrites (JONES et
al., 2000), porém pode ser encontrada como única lesão em rins de suínos (SUGIYAMA et
al., 2005). As glomerulonefrites geralmente não cursam com doenças clínicas em animais de
produção, sendo relatada como um achado incidental em ovinos, bovinos, caprinos e suínos
clinicamente sadios (RADOSTITS et al., 2002). Porém, relato de doença clínica em bovinos e
em eqüinos tem sido observado (SCHOTT et al., 2006). Essa patologia representa uma
15
importante categoria de doenças renais em animais, que tem sido observada, recentemente,
um incremento na sua frequência em suínos (DROLET e DEE, 1999).
Na glomerulonefrite o rim pode estar aumentado de tamanho, pálido e com presença
de petéquias (JONES et al., 2000). Histologicamente, esta lesão podem ser classificadas
como: Glomerulonefrite Proliferativa (GP), com o predomínio da proliferação celular;
Glomerulonefrite Membranosa (GM), caracterizada pelo espessamento da membrana basal
glomerular e por Glomerulonefrite Membranoploriferativa (GMP), que apresenta tanto o
espessamento difuso da membrana glomerular basal, como observada na GM, quanto às
alterações no mesângio e proliferação de células glomerulares (GP) (SMITH et al., 1972;
MAXIE e NEWMAN, 2007; ALPERS e FOGO, 2008). A GMP pode ainda ser classificada
em Tipo I, II e III, no qual o primeiro é caracterizado pela presença predominante de
depósitos subendotelial, o Tipo II pelo depósito denso na membrana basal glomerular e o
terceiro tipo de GMP é caracterizado pela associação do tipo I e II (ZIPFEL et al., 2006).
Lesões glomerulares são observadas em sete dias após a inoculação do vírus da Peste
Suína Clássica em suínos, na qual já se observa a presença de infiltrados de macrófagos nos
glomérulos e mesângio, além da infecção viral em células circulantes (RUIZ-VILLAMOR et
al., 2001). Há relatos da presença de glomerulonefrites em leitegadas de porcas leucêmicas
(SHIROTA et al., 1984) e estudos que sugerem que a GMP do Tipo 1 pode ser decorrente da
infecção primária pelo Citomegalovirus (ANDRESDOTTIR et al., 2000). Outro agente
responsável pela ocorrência de glomerulonefrites em suínos e humanos é o TTV, pertencente
ao gênero Anellovirus da Família Circoviridae (USTA et al., 2001; KRAKOWKA e ELLIS,
2008).
2.1.2 Nefrite Intersticial
Lesão de nefrite intersticial é a principal causa de condenação de rins em suínos
clinicamente saudáveis abatidos sob inspeção que se caracteriza pela presença de pontos
brancos ou “white spotted” na superfície, edema e coloração pálida (castanho-claro)
(DROLET et al., 2002; NEWMAN et al., 2009). Há estudos, entretanto, que indicam
discordância entre a avaliação macroscópica realizada pelo serviço de inspeção e a avaliação
histológica, pois, rins sem alterações microscópicas são condenados por nefrite e rins com a
presença de lesões inflamatórias são considerados normais e assim liberados ao consumo
16
humano (DROLET et al., 2002; HINSCHING, 2003; MARTÍNEZ et al., 2006; MENDES et
al., 2009).
A nefrite intersticial pode se apresentar tanto da forma crônica como a aguda com
distribuição focal, multifocal ou generalizada, dependendo da intensidade do insulto sofrido e
da resposta do hospedeiro (JONES et al., 2000; MAXIE e NEWMAN, 2007). A forma aguda
é caracterizada histologicamente por edema intersticial, infiltração leucocitária e necrose
tubular focal. Já a nefrite intersticial crônica, tem presença de infiltrado de célula
mononuclear, fibrose intersticial, e atrofia tubular generalizada (MAXIE e NEWMAN, 2007).
Em relação ao agente etiológico envolvido, há variações de resultados obtidos em
diversos estudos, tornando assim desconhecido o principal agente que estaria envolvido na
ocorrência da nefrite intersticial em suínos (HUNTER et al., 1987; JONES et al., 1987;
BAKER et al., 1989; CHAPPEL et al., 1992; DROLET et al., 2002; BOQVIST et al., 2003;
VICENTE et al., 2004; MARTINEZ et al., 2006). No entanto, alguns vírus, como o Vírus da
Síndrome Respiratória e Reprodutiva dos Suínos (PRRSV); Circovírus suíno Tipo 2 (PCV-2);
Parvovirus suíno (PPV) e Adenovirus suínos apresentam uma ligação etiológica com casos de
nefrite intersticial multifocal (COOPER et al., 1997; ROSELL et al., 1999; DROLET et al.,
2002; CHAE, 2005; SARLI et al., 2008).
Há estudos que indicam a relação entre a carga viral de PCV2 e gravidade da lesão
encontrada (SARLI, Mandrioli et al., 2008), podendo assim estar associado em casos de
nefrites intersticial granulomatosas, com presença de células gigantes multinucleadas e
inclusões intracitoplasmáticas (ELLIS et al., 1998; ROSELL et al., 1999; CIACCI-
ZANELLA et al., 2006; DUPONT et al., 2008). O PCV2 também pode ser responsável pela
ocorrência de rim com aparência de ovo de peru ou “Turkey – egg”, caracterizado por difusas
hemorragias petequiais distribuídas na região cortical e medular dos rins, edemas e pela
presença de necrose tubular (IMAI et al., 2006).
Por muitos anos, a bactéria Leptospira interrogans tem sido associada a essas lesões
inflamatórias (MICHNA e CAMPBELL, 1969), a qual indica ser um potencial risco a saúde
dos trabalhadores na linha de produção de suínos (BAKER 1989). Porém, outros trabalhos
contradizem esta associação (BOQVIST et al., 2003). Há também, outras bactérias que têm
sido relacionadas como possível etiologia das nefrites intersticiais, tais como a Escherichia
coli, Staphylococcus sp., Streptococcus spp., Corynebacterium spp, Erysipelothrix
rhusiopathiae (HUNTER et al., 1987). Além dos agentes infecciosos, alguns agentes tóxicos,
como a Ochratoxina A produzida por fungos dos gêneros Aspergilus e Penicillium podem
17
provocar este tipo de lesão renal (KROGH et al., 1974; KROGH et al., 1988; GRESHAM et
al., 2006a; GRESHAM et al., 2006b).
2.1.3 Pielonefrites
Pielonefrite é a inflamação da pelve e do parênquima renal, comumente ocasionada
por infecções via ascendente e de forma mais rara por via hematógena (JONES et al., 2000).
É caracterizada por inflamação, necrose, e eventual deformidade dos cálices renais, em
associação com áreas de inflamação e necrose tubulointersticial (MAXIE e NEWMAN,
2007). Clinicamente, caracteriza-se por piúria, nefrite supurativa, cistite e ureterite
(RADOSTITS et al., 2002). Macroscopicamente, é identificada pela congestão, hemorragias,
esporádicos abscessos no córtex renal e pus na pelve, habitualmente envolvendo os ureteres e
possivelmente a mucosa uretral e da bexiga (JONES et al., 2000).
Sinais clínicos severos e até mesmo morte de fêmeas reprodutoras podem ser
ocasionadas pelas pielonefrites quando não tratado de forma adequada e rápida, podendo
resultar, na forma aguda da doença, em lesões renais irreversíveis com seqüelas de
hipertensão e insuficiência renal crônica. Em consequência disso, infecções do trato urinário
pode ocasionar uma interferência negativa no bem-estar animal e consideráveis perdas
econômicas devido à baixa produtividade (CHAGNON et al., 1991; CHRISTENSEN et al.,
1995).
Em suínos, a bactéria Actinobaculum suis, anteriormente conhecida como
Corynebacterium suis (PERCY et al., 1966; DROLET e DEE, 1999; ALMANJD e BILKEI,
2008) e a Escherichia coli são os principais agentes envolvidos (ALMANJD e BILKEI,
2008), porém, outros microorganismos endógenos e oportunistas têm sido isolados
unicamente ou em associação, tais como a Arcanobacterium pyogenes, Streptococcus spp.,
Staphylococcus spp., Clostridium spp., Erysipelothrix rhusiopathie e Klebsiella spp. (CARR e
WALTON, 1993; ALMANJD e BILKEI, 2008).
As pielonefrites e cistites têm maior ocorrência em fêmeas reprodutoras, porém, em
menor frequência pode ocorrer em machos adultos e leitões jovens. Isto é devido às diferenças
anatômicas e variações fisiológicas das fêmeas como o cio, gestação e o parto
(SOBESTIANSKY, 2007). Essas enfermidades são importantes responsáveis pela morte
18
súbita de fêmeas em gestação, e consequentemente a redução na taxa de parto (CARR e
WALTON, 1993).
2.2 Outras Alterações
Anormalidades nos rins de causas hereditárias ou de etiologia desconhecida têm sido
reportadas em humanos e em outras espécies (SMITH et al., 1972). Dentre as anomalias
observadas nos rins, o cisto renal tem ocorrência comum em suínos e cães, principalmente o
cisto renal simples observado com maior frequência no córtex renal (SMITH et al., 1972;
MAXIE e NEWMAN, 2007). Embora ocorra em porcentagem representativa em animais
inspecionados no frigorífico, a patologia parece não ter importância clínica (OLIVEIRA,
2007).
Nieberle e Cohrs, (1970) citam três possíveis origens para a ocorrência de cistos
renais: causas de lesões obstrutivas por doença renal, alterações no crescimento do epitélio
tubular e alterações de causa desconhecida com a formação de saculações e cistos. Entretanto,
tem sido sugerida sua formação durante a organogenese (MAXIE e NEWMAN, 2007) e pode
estar relacionada a não-conexão de néfrons aos túbulos coletores (DUMM, 2006). Há indícios
ainda de ser uma doença de herança autossômica (WELLS et al., 1980; WIJERATNE e
WELLS, 1980), sendo assim, a ocorrência da patologia em sistema de produção de suínos
poderá ser evitada pela simples identificação e eliminação dos reprodutores que a transmitem
(OLIVEIRA, 2007).
Outras lesões observadas em rins de suínos são as alterações circulatórias, como a
hiperemia, hemorragia, infartos e necroses (MAXIE e NEWMAN, 2007). As hemorragias
estão comumente associadas a diversos casos de bacteremias e viremias, nas quais as
principais bactérias envolvidas em quadros septicêmicos são as Escherichia coli,
Corynebacterium sp., Leptospira sp., Shiguella sp. (ZIMMERMANN et al., 1979). Dentre os
agentes virais, destacam-se o Vírus da Peste Suína Clássica (gênero Pestivirus) (ROEHE et
al., 2007b) e Africana (ROEHE et al., 2007a).
Os infartos são áreas de isquemia pré-aguda que sofrem necrose coagulativa e nos rins
ocorrem frequentemente da consequência de infartos iniciados em outras regiões do
organismo (SMITH et al., 1972; MOSIER, 2009), devido à ocorrência de vasculites,
poliartrites, endocardites entre outros processos infecciosos capazes de formar êmbolos ou
19
trombos sépticos, que nos suínos estão comumente associados à infecção do Streptococcus
suis e da Erysipelothrix rhusiopathiae entre outras (JONES, 1968).
Tumores primários em rins são raros (RADOSTITS et al., 2002), e em suínos são
infreqüentes pelo baixo tempo de vida da população (DROLET e DEE, 1999). A neoplasia
renal mais comum em suínos é a Nefroblastoma (JONES et al., 2000) e é equivalente ao
tumor de Wilms das crianças (GRIECO et al., 2006). Outra lesão encontrada de forma
esporádica em suínos é a hidronefrose, caracterizada pela distensão da pelve e cálice renal,
associada à atrofia progressiva do parênquima renal. Essa patologia ocorre devido a uma
obstrução em algum local da pelve renal a região distal da uretra, predispondo o animal à
infecção urinária e até mesmo a morte por uremia, em casos de hidronefrose bilateral
(DROLET e DEE, 1999; JONES et al., 2000; MAXIE e NEWMAN, 2007).
20
3 Material e Métodos
3.1 Causas de condenações de rins pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF).
Foram realizadas coletas de informações referentes ao número de rins condenados e
suas causas em dois frigoríficos (A e B) sob o Serviço de Inspeção Federal (SIF), localizados
na mesorregião norte e sudeste do Estado de Mato Grosso, respectivamente, durante o período
de Junho/2003 a Dezembro/2008 no Frigorífico A (FA), e de Janeiro/2006 a Dezembro/2008
no Frigorífico B (FB). Para isto, foi utilizada uma ficha semelhante à utilizada pelo SIF,
contendo informações sobre o número de rins condenados por: cisto renal (C), congestão
(CG), contaminação (CT), uronefrose (UR), infarto isquêmico (IQ) e nefrite (N), e o número
de animais abatidos no dia. A partir desses dados foi realizada uma análise descritiva dos
valores obtidos através de tabelas de frequência.
A estimativa das perdas econômicas devido às condenações de rins com nefrite foi
obtida através do número de rins condenados pelo SIF. O valor de exportação do rim é de
R$1,00 / Kg (Um real) e o peso médio é 0,150Kg (Fonte: Frigorífico A, 22 de Dezembro de
2009).
O cálculo da perda econômica direta obtida pela condenação de rins pelo SIF foi
realizado através da fórmula abaixo:
0,15N(R$) Total ×= 0,15n(R$) Nefrite ×=
Em que: N é o número total de rins condenados pelo SIF em um determinado período;
n é o número de rins condenados por nefrites pelo SIF em um determinado período e 0,15 é o
valor em real (R$) pago por cada rim na comercialização (Fonte: Frigorífico A, 22 de
Dezembro de 2009).
21
3.2 Coletas das amostras de Rins
As coletas dos rins foram realizadas em dois frigoríficos (FA e FB) localizados na
mesorregião norte e sudeste do Estado de Mato Grosso, respectivamente, durante o período de
março a abril de 2009. As amostras coletadas foram rins condenados por nefrite a critério do
SIF, caracterizados pela presença de pontos brancos na superfície renal.
O número total de amostras coletadas foi de 400 rins. O método de amostragem
utilizado foi o da amostragem estratificada proporcional, sendo o tamanho da amostra total
calculado como segue (THRUSFIELD, 2004):
( )2
2
d
p1pzn
−⋅⋅=
Em que: z é o valor tabelado da distribuição normal padrão para um determinado grau
de confiança (no caso assumido igual a 2 para um grau de confiança de 95%); p é a
prevalência esperada (no caso, assumida igual 0,5 ou 50%, pelo fato de não se conhecer esse
valor e o valor 0,5 propiciar o maior tamanho de amostra) e d é o erro máximo desejado (no
caso, assumido igual 0,05 ou 5%).
As coletas das amostras dos rins foram realizadas por um período de quatro semanas,
dois dias por semana em cada frigorífico, totalizando 1/8 dos rins em cada dia de coleta. É
importante ressaltar que cada semana de coleta de amostras foi intercalada por uma semana
sem coletas. As coletas se concentraram nas segundas, terças, quintas e sextas – feiras,
demonstradas de forma esquematizada no Anexo B.
Os rins coletados foram graduados (0 – 3) de acordo aos pontos brancos que o SIF
classificava como nefrite, sendo: grau 0 (zero), rim normal, sem pontos brancos na superfície
renal; grau 1 (um), lesão leve, presença de até 5 pontos branco-acinzentados na superfície
renal; grau 2 (dois), lesão moderada, rim com a presença de seis a 10 pontos branco-
acinzentados na superfície, e finalmente o grau 3 (três), lesão grave, apresentando acima de 10
pontos branco-acinzentados na superfície renal e/ou hipertrofia renal e/ou fibrose difusa da
cápsula com superfície renal irregular.
O cálculo do número de amostras para cada abatedouro foi proporcional ao número de
animais abatidos em cada frigorífico. No qual, no Frigorífico A foram coletados 152 (19
rins/dia de coleta) e 248 rins no Frigorífico B (31 rins/dia de coleta).
22
3.3 Análise Laboratorial
3.3.1 Análise Histologia
De cada rim coletado foi retirado um fragmento da região caracterizada pela presença de
manchas brancas (supostamente nefrite) e fixado em solução formalina tamponada a 10% por
um período de 24 a 48 horas. Posteriormente, foi realizada a clivagem do material na região
onde se encontrava os pontos brancos, abrangendo a região cortical e medular. Os materiais
foram emblocados em parafina e processados de acordo com os métodos convencionais para
análise histopatológica e corados pela hematoxilina e eosina (ALLEN, 1992), sendo
posteriormente analisados em microscopia óptica.
3.3.2 Imunoistoquímica para PCV2
Amostras de tecidos de suínos com lesões microscópicas foram seccionadas em 4 µm e
colocadas sobre lâminas de vidros revestidas com poly-L-lisina (Sigma Aldrich®) para
coloração de imunoperoxidase segundo a técnica descrita por (CIACCI-ZANELLA et al.,
2006). Primeiramente, foi realizada a recuperação antigênica das amostras com tripsina 0,1%
durante 10 minutos e o bloqueio da peroxidase endógena foi realizado através da imersão das
lâminas em solução de peróxido de hidrogênio 3% durante cinco minutos. Para a realização
da técnica, utilizou-se o Kit LSAB ® + System – HRP da DakoCytomation ® e o anticorpo
primário policlonal anti- região da ORF2 do PCV2 na diluição de 1:1500, produzido em
coelho (elaborado pela Iowa State University e cedido gentilmente pelo professor David
Driemeier – UFRGS). O período de incubação do anticorpo primário foi de 2 horas à 37ºC, e
o anticorpo secundário (Biotinylated Link Universal) e o conjugado (Streptavidin-HRP)
foram incubados por 30 minutos cada à 37ºC. A revelação da reação foi realizada com o
substrato 3,3’ – Diaminobenzidine (DAB Kit LSAB – Dako®) por 5 minutos a 37ºC e a contra
coloração com hematoxilina Harris por 1 minuto.
23
Como controle positivo do teste utilizou-se cortes de linfonodos de animal positivo para
PCV2, confirmado por Nested-PCR. Para controle negativo foram utilizados cortes de
linfonodos de animais SPF (Specific Pathogen Free – livre de patógenos específicos),
provenientes da Embrapa Suínos e Aves, também testados por Nested-PCR.
A leitura das lâminas foi realizada em microscopia óptica observando a presença do
antígeno viral no tecido, classificados em escore de 0 a 3 em relação aos campos de leitura
observados, no qual: escore 0 é a ausência de antígeno no tecido; 1 – reação positiva fraca, no
qual há presença de escassos focos de antígeno (<25%); 2 – reação positiva moderada,
apresentando focos de marcação de antígenos de 25-50% do tecido e o escore 3 – reação
positiva forte com a marcação do antígeno viral acima de 50% do tecido analisado.
3.3.3 Imunofluorescência Direta (IFD) para Leptospira sp.
Durante a coleta dos rins, realizou-se um imprint em lâminas para microscopia de todos os
rins coletados, abrangendo a região medular e cortical. Posteriormente, realizou-se a sua
fixação em Acetona P.A e estocagem a -20ºC até a realização da técnica imunofluorescência
direta (IFD). Esta foi baseada na descrita por (ELLIS et al., 1982), no qual se utiliza
anticorpos multivalentes LEP-FAC (NVSL) preparados em coelhos e conjugado com
isocianato de fluoresceína.
Após a estocagem das lâminas contendo os imprints dos rins devidamente fixados,
realizou-se então a técnica de IFD, conforme abaixo:
1. Aplicação de cerca de 25µl de conjugado anti-Leptospira sp em uma diluição de
1:2500, deixando-o em câmara úmida a 37ºC por 30 minutos;
2. Lavagem das lâminas com água destilada rapidamente;
3. Segunda lavagem em Tampão Fosfato-salino (PBS) por 15 minutos em agitador
orbital;
4. Contra coloração com Preto de Eriocromo (1grama de preto de eriocromo em 59 ml de
água destilada - 1:60) por 10 a 20 minutos;
5. Lavagem em água destilada;
6. Montagem de lâmina-lamínula com solução de glicerina tamponada;
7. Leitura das lâminas em Microscopia de Fluorescência, onde se observa a Leptospira
com fluorescência forte e de formas típicas.
24
Como controle positivo da reação, foi utilizado esfregaço de culturas puras de L.
interrogans sorovar Pomona fixado em calor e Acetona P.A. (cedida gentilmente pelo Centro
de Diagnóstico de Sanidade Animal (CEDISA) de Concórdia – SC). O controle negativo
utilizado foi esfregaço de cultura pura de Escherichia coli, fixado igualmente ao controle
positivo, cultivada no laboratório de bacteriologia do Centro de Sanidade Animal da Embrapa
suínos e Aves (Concórdia – SC).
3.3.4 Métodos Moleculares.
Foram realizadas as técnicas de Reação em Cadeia pela Polimerase (PCR) para a
detecção de antígenos virais de PCV2 nos rins estudados e de PCR interno (Nested PCR) para
a detecção de PPV, TTV1 e TTV2.
3.3.4.1 Extração do DNA genômico
A extração do DNA genômico foi feita a partir de 100 mg do rim através de Tampão
de Lise (100mM de NaCl, 10mM Tris – pH 8,0, 25 mM EDTA, 0,5% SDS e 0,1 mg/ml
Proteinase K) a 55ºC de 16 a 18 horas. O DNA extraído foi tratado duas vezes com Fenol :
Clorofórmio (2:1:1), precipitado com 0,3M de Acetato de Sódio e etanol (100%) refrigerado
(dois volumes). O DNA precipitado foi lavado duas vezes com etanol 70% e ressuspendido
em água ultrapura (50µl). A integridade do DNA foi verificada por eletroforese em gel de
agarose 1%. O DNA extraído foi armazenado a -20ºC (SAMBROOK e RUSSELL, 2001).
25
3.3.4.1 Reação em cadeia da polimerase (PCR)
3.3.4.1.1 Circovírus suíno Tipo 2 (PCV-2)
A amplificação do DNA do PCV2 foi baseada na técnica descrita por (FENAUX et
al., 2000) com iniciadores específicos para amplificar uma região da ORF 2 (fase aberta de
leitura 2) do PCV-2. Os pares de oligonucleotídeos utilizados foram: PCV2 For 5’ – CAC
GGA TAT TGT AGT CCT GGT – 3’ e PCV2 Rev 5’ – CCG TAC CTT CGG ATA TAC
TGT – 3’, no qual resulta em um produto de amplificação de 494pb, que foram fracionados
através de eletroforese em gel de agarose (1,0%) corados com brometo de etídeo e analisados
em transluminador.
A reação da PCR foi realizada em volume final de 20µl com 20 pmol de cada primer,
0,84 mM de MgCl2 , 10% de Tampão PCR, 0,2 mM de DNTP, 2,5U de Taq DNA polimerase
e 0,4 µl do DNA a ser testado. A reação foi realizada em termociclador nas seguintes
condições: desnaturação inicial a 94ºC por 1 minuto, 35 ciclos de 1 minuto a 94ºC
(desnaturação do DNA); anelamento dos oligonucleotídeos a 56ºC por 1 minuto a 72ºC de
extensão por 1 minuto; e uma extensão final de 5 minutos a 72ºC.
Para o controle positivo da reação, foi utilizada amostra de linfonodo mesentérico de
um animal com Circovirose comprovada através de exames clínicos, patológicos e da PCR,
com identidade comprovada através do sequenciamento do genoma viral pelo Laboratório de
Biotecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O controle negativo das
reações foi realizado com água ultra pura.
3.3.4.1.2 Parvovirus suínos (PPV)
A detecção do PPV foi baseada na técnica de Nested PCR descrita por (KIM e CHAE,
2004). Para a reação de PCR externo foram utilizadas as sequências de oligonucleotídeos: For
5’ – AAA TGA ATC TGG GGG TGG GG - 3’ (posição dos nucleotídeos: 2849 – 2868), e o
Rev 5’ – CCA GTC CGC TGG ATT GAA CC – 3’, amplificando uma região de 316 pb. Os
oligonucleotídeos utilizados na Nested PCR foram: For 5’ – TAC TTG GGG GAG GGC
26
TTG GT – 3’ (posição dos nucleotídeos é 2946 – 2965). A sequência de oligonucleotídeos
reverso utilizado na reação de Nested PCR é a mesma utilizada no PCR convencional e a
região amplificada na Nested PCR é de 219pb. Este foi fracionado através de eletroforese em
gel de agarose (2,0%) corados com brometo de etídeo e analisados em transluminador.
A amplificação do DNA foi realizada em uma reação final de 20µl contendo 1,25 mM
MgCl2, 10% de Tampão PCR, 0,2 mM de cada DNTP, 1 mM de cada oligonucleotídeos
iniciador, 2,5 U de Taq DNA polimerase e 0,3 µl do DNA a ser testado. Ambas as reações
foram feitas em um termociclador nas seguintes condições: desnaturação inicial de 1 minuto a
95ºC; 30 ciclos de desnaturação a 95ºC por 30 segundos, anelamento dos oligonucleotídeos
iniciadores a 69,5ºC por 30 segundos e extensão a 72ºC por 30 segundos. O PCR foi
finalizado com uma extensão final de 72ºC por 5 minutos.
Para o controle positivo da reação, foi utilizada amostra de pulmão de um feto
infectado pelo PPV confirmada pela técnica de IFD e por Nested-PCR (cedida gentilmente
pelo Laboratório de Patologia da University of Nebraska Lincon - UNL). Para o controle
negativo das reações, foi utilizada água ultra pura.
3.3.4.1.3 Torque Teno Vírus 1 e 2 (TTV1 e TTV2)
Para a detecção do TTV genogrupo 1 (TTV1) e genogrupo 2 (TTV2) foram utilizadas
as técnicas da PCR e Nested PCR descrita por (KEKARAINEN et al., 2006). Para o PCR, as
sequências de oligonucleotídeos utilizadas para o TTV1 serão FOR 5’ – TAC ACT TCC
GGG TTC AGG AGG CT - 3’, e o oligonucleotídeos REV 5’ – ACT CAG CCA TTC GGA
ACC TCA C – 3’. Para realização do Nested PCR utilizou-se a sequência de
oligonucleotídeos FOR 5’ – CAA TTT GGC TCG CTT CGC TCG C – 3’ e REV 5’ – TAC
TTA TAT TCG CTT TCG TGG GAA C – 3’, gerando um produto final de 260pb.
A detecção do genogrupo 2 foi realizada com a utilização das seguintes sequências de
oligonucleotídeos: FOR 5’ – AGT TAC ACA TAA CCA CCA AAC C - 3’ e REV 5’ – ATT
ACC GCC TGC CCG ATA GGC - 3’. Para o Nested PCR foram utilizadas as sequências
FOR 5 – CCA AAC CAC AGG AAA CTG TGC - 3’ e REV 5’ – CTT GAC TCC GCT CTC
AGG AG - 3’, resultando em um produto final de 230pb. Os produtos de amplificação do
TTV1 e TTV2 foram fracionados através de eletroforese em de gel agarose (1,0%) corados
com brometo de etídeo e analisados em transluminador.
27
A amplificação do TTV1 e TTV2 foi realizada individualmente, em uma reação final
de 15 µl contendo: 4mM de DNTP, 2mM de MgCl2, 20pmol de cada primer, 2,5 U de Taq
DNA polimerase e 0,6 µl de DNA a ser testado. Ambas as reações foram feitas em
termociclador com as seguintes condições: desnaturação inicial de 2 minutos a 94ºC; 35 ciclos
de desnaturação a 94ºC por 30 segundos, anelamento dos oligonucleotídeos iniciadores a
54ºC por 20 segundos, e extensão a 72ºC por 30 segundos. O PCR foi finalizado com uma
extensão final de 72ºC por 10 minutos.
Como controle positivo da reação, utilizou-se clones de TTV1 e TTV2 (cedidos pelo
pesquisador Christian Niel, do Departamento de Virologia do Laboratório Fiocruz, Rio de
Janeiro), os quais tiveram a identidade comprovada através de sequenciamento do genoma.
Para o controle negativo utilizou-se água ultra pura.
3.4 Analise Estatística
Dados relacionados com a presença de PCV2, PPV, TTV1, TTV2 e Leptospira sp.,
incluindo lesões histológicas observadas nos rins condenados por nefrite pelo SIF foram
utilizados para a realização da análise estatística.
Inicialmente foi realizada análise descritiva dos dados através de tabelas de frequência.
Calculou-se a medida de associação entre as variáveis com o teste de Chi-Quadrado (χ2),
corrigido por yate’s, e exato de Fisher. Assumiu-se como associação significativa para níveis
descritivos de probabilidade 5% (P≤0,05). Foram calculadas também a razão de chance ou
odds ratios (OR) e o seu respectivo intervalo de confiança (IC) de 95% das associações que se
mostraram significativas. Foi utilizado o programa estatístico GraphPad InStat para Windows.
28
4 Resultados
4.1 Condenações de Rins pelo Serviço de Inspeção Federal
Informações referentes às causas de condenações de rins pelo SIF foram obtidas a
partir do mês de junho de 2003 a dezembro de 2008 no FA e de janeiro de 2006 a dezembro
de 2008 no FB (Tabela 1). Durante esse período a média de abate diária foi de 927 e 2.341
suínos nos FA e FB, respectivamente.
Tabela 1: Causas de condenações de rins suínos abatidos nos Frigrífico A e B no Estado de Mato
Grosso pelo Serviço de Inspeção Federal, durante o ano de 2003 a 2008.
Ano Frigorífico
Animais
Abatidos
(Média diária)
Rins
Condenados
(%)
Causas (%)
C CG CT UR IQ N
2003*
A 602 6,95 2,35 0,80 0,92 0,79 0,18 1,92
B X x X X X x X X
2004 A 618 5,92 2,32 0,53 0,79 0,52 0,11 1,65
B X x X X X x X X
2005 A 689 9,83 2,70 0,65 2,53 0,29 0,25 3,42
B X x X X X x X X
2006 A 1009 11,85 4,18 0,52 1,77 0,19 0,40 4,79
B 2250 13,23 4,35 0,22 2,09 0,09 0,06 6,42
2007 A 1219 12,25 4,34 0,38 1,09 0,29 0,41 5,74
B 2366 8,10 3,17 0,15 0,69 0,05 0,03 4,00
2008 A 1261 19,31 7,78 0,60 2,05 0,34 0,55 7,98
B 2412 13,00 4,86 0,35 1,24 0,02 0,03 6,49
Legenda: C=Cisto Urinário; CG=Congestão; CT=Contaminação; UR=Uronefrose; IQ=Infarto Isquêmico e N=Nefrite. X – Ausência de dados. *Dados obtidos a partir do mês de junho.
29
Na tabela 1, observou-se que houve um aumento gradativo de condenações de rins
pelo SIF no FA de 6,95% no ano de 2003 para 19,31% em 2008, fato este não observado no
FB. A principal causa de condenação de rins observada foi nefrite, que apresentou o maior
porcentual no ano de 2008 com 7,98% (58.951 / 738.734) no FA e 6,49% (78.259 /
1.205.836) no FB. A segunda maior causa de condenações foi presença de cisto renal com
7,78% (57.474 / 738.734) no FA e 4,86% (58.604 / 1.205.836) no FB também no ano de
2008. Outras lesões observadas durante a coleta de dados apresentavam valores inferiores aos
por nefrites e cisto renal, com resultados variando durante o período observado.
4.2 Perdas Econômicas obtidas pela Condenação de rins pelo SIF
A média de abate diária durante o período de Junho/2003 a Dezembro/2008 no FA e
entre Janeiro/2006 a Dezembro/2008 no FB foi de 927 e 2341 suínos nos FA e FB,
respectivamente. Durante esse mesmo período, o FA obteve uma perda de R$52.246,5 reais
nas condenações de rins pelo SIF e de R$59.921,16 no FB. O maior número de rins
condenados foi observado no ano de 2008, totalizando 142.650 e 156.759 rins condenados
nos FA e FB, respectivamente. Isto levou a perda total de R$21.397,43 reais no FA e
R$23.513,80 totalizando um valor de R$44.911,23 reais.
Na Tabela 2, observa-se também que quase 50% das condenações foram por nefrites,
no qual totalizou um valor de R$8.842,65 reais no FA e de R$11.738,81 reais no FB. Estes
valores, em relações as perdas totais, corresponde a 41,33% (R$8.842,65/R$21.397,43) no FA
e de 49,92% (R$11.738,81/ R$23.513,80) no FB.
30
Tabela 2: Perdas econômicas devido à condenação de rins de suínos pelo
Serviço de Inspeção Federal em dois Frigoríficos no Estado de
Mato Grosso durante o período de 2003 a 2008†.
Ano
Frigorífico
Total de Rins
Rins Condenados Perdas econômicas
(R$1,00 real/Kg)
Total Nefrite Total Nefrite
2003*
A 227402 15.804 4.366 2.370,67 654,92
B X X x X X
2004 A 320454 18.971 5.287 2.845,63 793,12
B X X x X X
2005 A 304.228 29.906 10.405 4.485,84 1.560,69
B X X x X X
2006 A 466.252 55.251 22.333 8.287,63 3.350,02
B 1.156.604 153.019 74.254 22.952,81 11.138,10
2007 A 699.826 85.729 40.170 12.859,30 6.025,50
B 1.107.370 89.697 44.295 13.454,55 6.644,22
2008
A 738.734 142.650 58.951 21.397,43 8.842,65
B 1.205.836 156.759 78.259 23.513,80 11.738,81
†- Considerou-se o valor de um real por quilograma de rim e o peso de 0,150kg por rim; X
– Ausência de dados; * - Dados obtidos a partir do mês de Junho.
4.3 Avaliação Patológica de Rins Condenados por Nefrites
Na avaliação macroscópica, de acordo com a gravidade das lesões sugestivas de
nefrite pelo SIF, observou-se a maior freqüência do grau 3 de nefrite com 47,50% (190/400)
rins (Figura 01), seguido pelo grau 1 com 32% (128/400) rins e grau 2 com 20,50% (82/400)
rins.
No estudo histológico dos rins, observou que 19% (76/400) das amostras não
apresentavam alteração microscópica, portanto estavam normais (Tabela 3). Como haviam
31
mais de uma lesão descrita por rim, dos 400 rins analisados, totalizaram 797 diagnósticos. As
lesões mais frequentes no estudo foram nefrite intersticial mononuclear (Figura 02) com
45,75% (183/400) e nefrite intersticial mononuclear com padrão folicular (Figura 03) com
31,75% (127/400) das amostras coletadas. Outras alterações inflamatórias foram observadas
em menor frequência, tais como a presença de células gigantes 13/400 (3,25%) (Figura 04),
Glomerulite 7/400 (1,75%) e Glomerulonefrite Membrano-Proliferativa 5/400 (1,25%)
(Tabela 3).
Tabela 3: Lesões histológicas de rins de suínos condenados por nefrite
(n=400) pelo Serviço de Inspeção Federal em dois frigoríficos no
Estado de Mato Grosso durante o período e março a abril de 2009.
Alteração Histológica Presença
(n) (%)
Sem Alteração 76 19,00%
Com Alteração 324 81,00
Nefrite Intersticial Mononuclear 183 45,75
Nefrite Intersticial Mononuclear com Padrão Folicular 127 31,75
Fibrose Intersticial 27 6,75
Presença de proteína no interior dos túbulos renais 22 5,50
Presença de células gigantes 13 3,25
Degeneração tubular 9 2,25
Glomerulite 7 1,75
Gromerulonefrite Membrano Proliferativa 5 1,25
Infiltrado eosinofílico 3 0,75
Infarto 1 0,25
Figura 01: A: Rim, suíno. Pontos brancos variando de 1 mm a 5 mm de diâmetro distribuídos
difusamente na superfície capsular . B: Rim, suíno, corte transversal. Pontos brancos na
superfície cortical e medular.
32
Figura 02: Rim, suíno. Nefrite intersticial mononuclear
focalmente extenso moderada na região medular. HE, obj. 40x.
Figura 03: Rim, suíno. Nefrite intersticial mononuclear com
padrão folicular focal moderada. HE, obj. 40x.
Figura 04: Rim, suíno: A – Nefrite intersticial mononuclear com presença de células
gigantes (setas), HE, obj. 40x. B: Nefrite intersticial mononuclear com presença de células
gigantes do tipo de langerhans, HE, obj. 80x.
33
Em relação à região de ocorrência das lesões histológicas, observou-se uma maior
frequência na região cortical com 78% (312/400) das amostras, seguidas da região medular
com 2,25% (9/400) e da pelve renal com 0,75% (3/400). Quanto à distribuição das lesões, a
forma multifocal foi superior com 61,75% (247/400).
4.4 Resultados de PCR, IHQ e IFD
Os resultados dos agentes pesquisados (Leptospira sp., PCV2, PPV, TTV1 e TTV2)
em rins com nefrite encontra-se na Tabela 4. Pela PCR, foram encontrados PCV2, PPV,
TTV1 e TTV2 em 27,25% (109/400), 28,50% (114/400), 94% (376/400) e 87,5% (350/400)
dos rins analisados, respectivamente. Não foi encontrada amostra positiva para a bactéria
Leptospira sp. pela técnica de IFD.
Tabela 4: Agentes etiológicos encontrados em rins de
suínos condenados por nefrites pelo Serviço de Inspeção
Federal em dois frigoríficos no Estado de Mato Grosso
durante o período de março a abril de 2009.
Agentes Etiológicos Técnica Utilizada
Amostras (n)
Presença
(n) (%)
Circovirus suíno Tipo 2 IHQ 324* 41 12,65
Circovirus suíno Tipo 2 PCR 400 109 27,25
Parvovirus suíno Nested-PCR 400 114 28,50
Teno torque virus Tipo 1 Nested-PCR 400 376 94,00
Teno torque virus Tipo 2 Nested-PCR 400 350 87,50
Leptospira sp. IFD 400 0 0,00 *Amostras com alterações microscópicas.
As amostras coletadas eram provenientes de 33 propriedades distribuídas em 13
municípios localizados nas Mesorregiões Norte e Sudeste do Estado de Mato Grosso (Tabela
5). Observou-se que 66,67% (23/33) e 81,82% (27/33) das propriedades foram positivas para
PCV2 e PPV, respectivamente. O TTV1 e TTV2 foram observados em 100% (33/33) das
propriedades e municípios.
34
Tabela 5: Distribuição geográfica do Circovirus suíno Tipo 2 (PCV2), Parvovirus suíno
(PPV), Torque teno vírus Tipo 1 e 2 (TTV1 e TTV2) e Leptospira sp. (Lepto) em rins de
suínos condenados por nefrite pelo Serviço de Inspeção Federal em dois frigoríficos do
Estado de Mato Grosso, no período de março a abril de 2009.
Mesorregião Municípios Propriedades Número de Propriedades Positivas
PCV2 PPV TTV1 TTV2 Lepto
NO
RT
E
Diamantino 01 1 1 1 1 0
Lucas do Rio Verde 04 3 4 4 4 0
Nova Mutum 04 1 3 4 4 0
Novo Horizonte 01 0 1 1 1 0
Santa Rita do Trivelato 01 1 1 1 1 0
Sorriso 05 4 3 5 5 0
Tapurah 09 6 7 9 9 0
Vera 01 1 1 1 1 0
SU
DE
ST
E
Campo Verde 02 2 2 2 2 0
Itiquira 01 1 1 1 1 0
Pedra Preta 01 1 1 1 1 0
Poxoréu 02 2 2 2 2 0
Rondonópolis 01 0 0 1 1 0
Total n 33 23 27 33 33 0
% 100 66,67 81,82 100 100 0
O PCV2, através da técnica de PCR, foi observado em 27,25% (109/400) dos rins
estudados e em 30,25% (98/324) das amostras que apresentaram alterações histológicas. Pela
técnica de IHQ, esse agente foi observado em 12,65% (41/324) dos rins com alteração
histológica e foram todas classificadas como grau 1 (reação positiva fraca) (Figura 5 e 6). A
marcação do antígeno viral foi observada no interstício e túbulos renais das regiões cortico-
medulares, em glomérulos, células gigantes, e no citoplasma dos histiócitos.
Foi encontrada associação significativa entre a presença de PCV2 pela PCR com lesão
microscópica (P=0,008), células gigantes (P=0,0016) (Tabela 6) e com a técnica de IHQ (P<
0,0001) para detecção do PCV2 em amostras com lesão histológicas (Tabela 7), em que
68,29% (28/41) das amostras positivas na IHQ (Figura 03) eram positivas na PCR. As
35
chances de amostras de rins apresentarem lesões histológicas, células gigantes e de serem
positivas na IHQ para PCV2 são de 2,57, 6,45 e 6,5 vezes maior quando foram positivas para
PCV2 pela técnica de PCR, respectivamente.
Tabela 6: Associação entre a presença de PCV2 e alterações histológicas em rins de
suínos condenados por nefrite pelo Serviço de Inspeção Federal em dois frigoríficos do
Estado de Mato Grosso durante o período de março a abril de 2009.
Variável PCV2 – PCR P χ2 OR IC 95%
Amostras Positivo (%)
Lesão Histológica
Negativo 76 11 (14,5%) 0,008 6,95 2,56 1,29 – 5,0
Positivo 324 98 (30,35%)
Presença de Células Gigantes
Negativo 387 100 (25,84%) 0,0016 10,38* 6,45 1,94 – 21,43
Positivo 13 9 (69,23%)
* Teste de Fisher; OR = Razão de chance; IC 95% = Intervalo de confiança de 95%.
Tabela 7: Associação entre a técnica de Imunoistoquímica (IHQ) e a PCR para
detecção de PCV2 em rins de suínos com lesão histológica e condenados por nefrite
pelo Serviço de Inspeção Federal em dois frigoríficos do Estado de Mato Grosso
durante o período de março a abril de 2009.
Variável PCV2 – IHQ P χ2 OR IC 95%
Amostras Positivo (%)
PCV2– PCR
Negativo 226 13 (5,75%) < 0,0001 30,17 6,5 3,2 – 13,3
Positivo 98 28 (28,57%)
OR = Razão de chance; IC 95% = Intervalo de confiança de 95%.
36
Figura 05: Rim suíno: Rim positivo para PCV2 na IHQ - DAB. B: Marcação positiva de células linfo-histiocitárias. Obj. 80X.
Figura 06: Rim, suíno: Rim positivo para PCV2 na IHQ – DAB.
Marcação de células no epitélio tubular. Obj. 80x.
O TTV1 apresentou associação significativa com a presença de glomerulite e
degeneração tubular (Tabela 8). Em relação ao TTV2, as variáveis significativas foram a
presença de proteínas nos túbulos renais e degeneração tubular (Tabela 9). No entanto, ao
realizar o a analise de razão de chances (OR), observou-se um papel de fator confundidor
desses agentes na ocorrência dessas lesões, isso possivelmente pelo fato da alta prevalência do
TTV1 e TTV2. Foi encontrado também associação significativa na co-infecção de TTV1 e
TTV2, no qual a chance de um animal ser positivo para TTV2 é 7,31 vezes maior quando for
positivo para TTV1 pela PCR.
37
Tabela 8: Associação entre a presença do TTV1 e a de alterações em rins de suínos
condenados por nefrite pelo Serviço de Inspeção Federal em dois frigoríficos do Estado de
Mato Grosso durante o período de março a abril de 2009.
Variável TTV1 - PCR P χ2 OR IC 95%
Amostras Positivo (%)
Glomerulite
0,0265 4,925* 0,14 0,027 – 0,80 Negativo 393 371 (94,40%)
Positivo 7 5 (71,43%)
Degeneração Tubular
0,0053 *7,7 0,11 0,026 – 0,48 Negativo 391 370 (94,63%)
Positivo 9 6 (66,67%)
* Teste de Fisher; OR = Razão de chance; IC 95% = Intervalo de confiança de 95%.
Tabela 9: Associação entre a presença do TTV2 e a de TTV1 e alterações em rins de suínos
condenados por nefrite pelo Serviço de Inspeção Federal em dois frigoríficos do Estado de
Mato Grosso durante o período de março a abril de 2009.
Variável TTV2 - PCR P χ2 OR IC 95%
Amostras Positivo (%)
Presença de proteína nos túbulos renais
Negativo 378 335 (88,62%) 0,012 6,18 0,27 0,10 – 0,71
Positivo 22 15 (68,18%)
Degeneração tubular
Negativo 391 347 (88,75%) 0,0002 15,5* 0,06 0,015 – 0,26
Positivo 9 3 (33,33%)
Torque teno vírus Tipo 1
Negativo 24 13 (54,17%) < 0,0001 22,7 7,31 3,0 – 17,4
Positivo 376 337 (89,63%)
* Teste de Fisher; OR = Razão de chance; IC 95% = Intervalo de confiança de 95%.
38
5. Discussão
Os resultados referentes ao número de rins condenados nos dois frigoríficos
inspecionados pelo SIF indicam um aumento porcentual considerável no FA (177,84%). Este
fato não observado no FB, pode ser explicado pela troca constante de funcionários,
treinamento inadequado e origem dos animais. Estudos de causas de condenação de rins em
bovinos com valores inferiores ao presente estudo foram encontrados por (AMATREDJO et
al., 1976; MONAGHAN e HANNAN, 1983) com 3,8% e 4,2%, respectivamente.
A principal causa de condenação de rins pelo SIF nos frigoríficos analisados foi nefrite
com 7,98% FA e 6,49% no FB, sendo que no FA ocorreu um aumento de 315,63% do ano de
2003 a 2008. A presença de nefrite é também considerada a principal lesão observada em rins
condenados de bovinos abatidos sobre o serviço de inspeção, com resultados variando de
2,5% a 3,8% (AMATREDJO et al., 1976; MONAGHAN e HANNAN, 1983). Nefrites
intersticiais em suínos podem ser ocasionadas pela infecção por PCV2 em casos de
circovirose (SEGALÉS et al., 2004), podendo assim ser responsável pelo aumento da
condenação de rins por nefrite, desde que essa doença se tornou endêmica após o primeiro
diagnóstico confirmado no Brasil em 1999 (CIACCI-ZANELLA e MORES, 2003).
Cisto renal foi a segunda maior causa de condenações de rins observadas no ano de
2008. As outras lesões foram observadas em valores inferiores, fato este também observado
por (TIONG e BIN, 1989; HINSCHING, 2003), que constatou a nefrite como a principal
causa de condenação de rins de suínos abatidos, seguido de cisto renal.
O Brasil é o quarto maior exportador de carne suína do mundo com 607.489 toneladas
exportadas, seguido da União Européia, dos Estados Unidos e do Canadá (Abipecs e
Embrapa, 2010). Para que o Brasil mantenha o crescimento e que abra espaço no mercado
internacional, é de grande importância investigar, monitorar e controlar as enfermidades
responsáveis por lesões que levam a condenação dos órgãos ou até mesmo do animal.
As perdas econômicas relacionadas às condenações de rins pelo SIF nos dois
frigoríficos analisados totalizaram R$112.167,66 de reais no período de Junho/2003 a
Dezembro/2008 (FA) e de Janeiro/2006 a Dezembro/2008 (FB). A condenação por nefrite,
nesse mesmo período, totalizou-se 45,24% (FA + FB) do total condenado com um valor de
R$50.748,03 reais. É importante ressaltar que essa contabilidade de prejuízo econômico é
referente apenas às perdas pelo não aproveitamento dos rins nos frigoríficos para a
39
exportação. Porém, quando se considera a cadeia produtiva de suínos, o prejuízo é ainda
maior, pois os animais com lesões renais apresentam redução no desempenho e, portanto,
permanecem por mais tempo nas unidades de produção, aumentando assim o custo de
produção (MARTÍNEZ et al., 2006), fato este não avaliado no presente trabalho.
No estudo histológico realizado 19% das amostras não apresentavam lesões
histológicas e foram consideradas normais. Este resultado é superior ao encontrado por
(MARTÍNEZ et al., 2006), que observou 10,34% (3/29) em suínos abatidos em frigoríficos
localizados no leste da Espanha. Isto indica que a avaliação macroscópica apresenta
divergência com a avaliação histológica dos rins, no qual indica dificuldade em distinguir a
verdadeira nefrite de alterações vasculares que podem provocar alterações na cor da superfície
do órgão e confundir o avaliador na linha de abate. Esta dificuldade pode ser agravada por não
haver relação significativa entre o grau de lesões macroscópicas e a presença de lesões
microscópicas (P=0,1175) observada no presente estudo. Resultado este que vem de encontro
ao encontrado por (MARTÍNEZ et al., 1992), que observou associação significativa
(p<0,005) entre lesões macroscópicas e a presença de lesões microscópicas em rins de suínos
com nefrites. Tais fatos sugerem a necessidade de aprimorar os critérios técnicos de
julgamento na avaliação macroscópica do órgão, como exemplo o treinamento e
acompanhamento constante dos profissionais responsáveis pela inspeção desses órgãos na
industria.
As lesões mais observadas foram nefrite intersticial mononuclear com 45,75%
(183/400) e nefrite intersticial mononuclear com padrão folicular com 31,37% (127/400),
totalizando 77,50% (310/400) de rins com presença de nefrite intersticial (Tabela 3).
Resultados similares foram também observados por outros autores, relatando uma prevalência
de nefrites variando de 61,87 a 100% dos rins coletados (NEVES, 1985; DROLET et al.,
2002; MARTÍNEZ et al., 2006). Um estudo realizado em abate de bovinos, verificou-se que
cistos renais (41,02%) foram os achados mais frequentes neste espécie seguido de fibrose
(26,51%) e nefrite intersticial (20,51%) (MENDES et al., 2009). Este dado difere do
apresentado no presente estudo.
A presença de células gigantes apresentou relação significativa com infecção pelo
PCV2 (P=0,0016). Na análise estatística, as chances de se obter um resultado positivo para
PCV2 na PCR foram 2,56 vezes maior em rins com lesão histológica e 6,45 vezes maior com
a presença de células gigantes. Este resultado já era esperando tendo em vista que a presença
de células gigantes é indicativa de uma resposta imunológica do suíno frente à infecção por
40
PCV2 e o infiltrado linfohistiocitário é um padrão histológico frequentemente observado
nesta infecção (SEGALÉS e DOMINGO, 2002).
Ao estudar a presença de PCV2, PPV, TTV1 e TTV2 nos rins amostrados, observou-
se uma ampla distribuição destes agentes nos municípios e propriedades estudadas (Tabela 5).
Já à Leptospira sp. não foi encontrada no presente estudo, isto indica um possível controle da
infecção através de vacinações em massa, melhor condição de higiene das instalações e
tratamento com antibióticos (RIBOTTA et al., 1999), fato este também observado por Drolet
et al., (2002). Em estudo semelhante, Martínez et al., (2006) encontrou duas amostras
positivas para Leptospira sp., através da IFD, reforçando a importância de se estudar
constantemente a presença deste agente nos sistemas de produção de animais, por se tratar de
uma zoonose e com isso colocar em risco a saúde humana.
Em estudos anteriores, realizados por outros pesquisadores apontavam uma associação
significativa entre a presença de Leptospira sp. e a ocorrência de nefrite intersticial através da
técnica de sorologia, imunofluorescência e cultura em amostras de suínos (BAKER et al.,
1989; GRÉGOIRE et al., 1987). Estas observações diferem do resultado obtido no presente
estudo onde Leptospira sp. não foi encontrada nas amostras analisadas. Laboratórios de
diagnóstico relatam dificuldades no isolamento da Leptospira, tanto pela fragilidade da
natureza do agente, como pelos custos e a complexidade do isolamento, além do prolongado
período de incubação necessário (DONAHUE et al., 1991). Tais aspectos justificam, em
parte, porque a enfermidade ainda não é totalmente conhecida e da dificuldade em estabelecer
um diagnóstico (BOLIN e PRESCOTT, 1999). Tecidos de animais que morreram dentro de
um período de 24 horas e que são refrigerados, bem como tecidos que são submetidos ao
congelamento não são adequados para o isolamento da Leptospira (DONAHUE et al., 1991).
A técnica de imunofluorescência direta utilizada neste caso, demonstrou ser um teste bastante
útil, rápido e eficaz na tentativa de estabelecer o diagnóstico desta doença sendo utilizado
por vários laboratórios com resultados satisfatórios (DONAHUE et al., 1991).
O PCV2 foi encontrado em 27% (109/400) dos rins, amplamente distribuídos em
diferentes produtores (68,75%) e municípios (84,62%). Em um trabalho recente realizado por
(OLIVEIRA FILHO et al., 2009) no Estado de Mato Grosso, foi encontrado um resultado
semelhante ao presente estudo, pela técnica de PCR, em que 58,21% (156/268) dos animais
estavam infectados pelo PCV-2 distribuídos em 12/13 (92,31%) municípios. Resultados
superiores são observados em estudos sorológicos, que indicam apenas que houve contato
com o agente, variando de 72,7% a 96,6% de animais positivos (RODRIGUEZ-ARRIOJA et
41
al., 2003; BARBOSA, 2005a; BARBOSA et al., 2005b). Este fato demonstra a importância
de estudos do PCV2 para a adoção de medidas eficazes no intuito de controlar a infecção e
assim evitar a ocorrência da Circovirose e de outras enfermidades que possam estar
associadas ao PCV2.
O número de amostras positivas para PCV2 pode estar sendo subestimado, pois a lesão
observada nos rins indica um processo inflamatório crônico (MAXIE e NEWMAN, 2007)
podendo o agente não estar mais presente na lesão observada e o órgão estudado, no caso o
rim, não é considerado o órgão alvo de infecção pelo agente (SEGALÉS e DOMINGO,
2002), com exceção dos casos de Síndrome da Dermatite e Nefropatia dos suínos (CHOI et
al., 2002).
Como observado nos resultados do PCV2, o PPV também se apresentou amplamente
distribuído entre os municípios (92,31%) e propriedades (81,82%), totalizando 28,50%
(114/400) de amostras positivas. No entanto, não foi observada associação com a presença de
outros agentes e lesões histológicas estudados neste trabalho. Este resultado vem de encontro
ao estudo realizando por (DROLET et al., 2002) que demonstra a associação significativa
entre lesão de nefrite intersticial e a presença de PCV2 (P=0,0074) e PPV (P<0,0001), com
odds ratio de 3,4 e 7,5, respectivamente. Neste estudo observou que a odds ratio aumentou
para 22,7 (P<0,0001) quando ambos vírus são identificados no mesmo rim com nefrite.
Outros trabalhos demonstram a associação existente entre PCV2 e PPV em desenvolver
doenças, inclusive lesões renais, circovirose e falhas reprodutivas (ALLAN et al., 1999;
ALLAN et al., 2000; KENNEDY et al., 2000; KRAKOWKA et al., 2000; ALLAN et al.,
2004; KIM e CHAE, 2004; FERNANDES et al, 2006; PESCADOR et al., 2007)
Na análise estatística, foi observada uma associação significativa entre as técnicas de
PCR e de IHQ para detecção do PCV2 e a chance de rins com lesões histológicas serem
positivas para PCV2 na IHQ é de 6,5 vezes maior em rins positivos para PCV2 pela PCR do
que os negativos. A técnica de IHQ é de grande importância por permitir identificar antígeno
viral em tecidos parafinados, permitindo assim realizar estudos retrospectivos, localizar a
posição do agente pesquisado na lesão tecidual, além de ser um importante teste no
diagnóstico da circovirose (MORI et al., 2000; GRIERSON et al., 2004; KIM e CHAE, 2004;
STAEBLER et al., 2005; CIACCI-ZANELLA et al., 2006).
Os únicos agentes que foram encontrados em 100% das propriedades e municípios
foram o TTV1 e o TTV2 com 94% (376/400) e 87,50% (350/400) de amostras positivas,
respectivamente. A múltipla infecção por diferentes genogrupos de TTV em um único
42
indivíduo é possível (TAKAYAMA et al., 1999; NIEL et al., 2000) e, o presente trabalho
apresentou uma associação significativa (P<0,0001) entre a co-infecção de TTV1 e TTV2
com 84,25% (337/400) de amostras positivas para os dois agentes. No qual a chance de um
animal ser positivo pela PCR para TTV1 são 7,31 vezes maior quando for positivo para TTV2
pela mesma técnica. Alta ocorrência de TTV foi também observada em outros estudos em
humanos, variando de 52%-80,6% (HSIEH et al., 1999; DAS et al., 2004) e em suínos, com
variação de 20%-100% (LEARY et al., 1999; MCKEOWN et al., 2004; BIGARRÉ et al.,
2005; KEKARAINEN et al., 2006; MARTELLI et al., 2006). Essa alta ocorrência encontrada
neste trabalho e na literatura pode ser justificada pela condição de confinamentos em que
esses animais são submetidos, facilitando assim a transmissão horizontal e vertical (DENG et
al., 2000; GERNER, et al., 2000; MARTÍNEZ-GUINÓ et al., 2009).
Foi também observada associação significativa entre a presença de TTV com algumas
alterações microscópicas, como: TTV1 com glomerulite (P=0,02565) e degeneração tubular
(P=0,0053); TTV2 com presença de proteínas nos túbulos renais (P=0,012), degeneração
tubular (P=0,0002). No entanto, a odds ratios apresentou um valor menor que 1 (um), ou seja,
apresentou um efeito protetor. Isto pode ser devido a uma alta prevalência do TTV1 e TTV2
nas amostras estudadas, e com isso não se pode considerar essa associação.
Neste estudo não foi encontrada associação entre infecção de PCV2 e TTV, porém há
estudos que observaram essa associação na ocorrência de circovirose, que por sua vez pode
gerar lesões renais (KEKARAINEN et al., 2006; KRAKOWKA et al., 2008; MARTIN-
VALLS et al., 2008). A carga viral do TTV nos indivíduos pode ser outro fator relacionado
com a ocorrência de lesões, pois há pesquisas que demonstram a associação positiva entre a
alta carga viral de TTV e a severidade de doenças respiratórias (broncopneumonia,
pneumonia intersticial e asma (MAGGI et al., 2003).
43
6 Conclusões
As condenações de rins e, conseqüentemente, os prejuízos associados ao
descarte pelo SIF vem aumentando no Estado de Mato Grosso nos últimos anos,
sendo a nefrite intersticial o principal tipo de lesão encontrada com a possível
participação de agentes virais como o PCV2, PPV, TTV1 e TTV2. Mesmo que
não tenha sido encontrada amostras positivas para Leptospira sp., é de grande
importância o seu constante monitoramento, tendo em vista seu potencial
zoonótico e também aos problemas sanitários acarretados aos animais.
44
7 Considerações Finais
Com a tendência da tecnificação da suinocultura no Brasil e no mundo, o desafio sanitário
aumenta e, com isso, pesquisas se fazem necessárias com o intuito de se conhecer melhor o
comportamento das doenças e seus de possíveis agentes etiológicos no meio de produção atual.
Como observado no presente trabalho, a ocorrência de nefrite em rins de suínos abatidos vem
aumentando, possivelmente devido a ocorrência de enfermidades emergentes, tais como a
circovirose.
Mesmo sendo freqüente a prevalência de nefrite em suínos, pouco se sabe qual o principal
agente envolvido. Tendo em vista a cronicidade das lesões de nefrite intersticial encontrada na
avaliação histológica nos rins do presente estudo, é relevante a ocorrência de PCV2 e de PPV. Isto
indica um possível envolvimento desses agentes na patogenia da nefrite em suínos. Já o Torque teno
vírus (TTV1 e TTV2) se mostrou altamente prevalente, porém não se sabe ainda como esse agente
possa estar envolvido em doenças, sendo de maneira isolada ou em associação com outros
patógenos, tais como o PCV2.
Tendo em vista a ampla distribuição de agentes virais na criação de suíno e a alta prevalência
de nefrites, é de grande importância a realização de estudos para se confirmar o verdadeiro papel
patológico desses agentes e como isso adotar medidas de controle com mais precisão.
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ANEXO A - Ficha de anotação das causas de condenação de rins pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF).
Rins Condenados pelo Serviço de Inpeção Federal em Mato Grosso
Data C.R Cong. Cont. Uronef. Inf. Isq. Nef. Anim.
Abat.
Legendas:
C. R. = Cisto Renal
CONG = Congestão
URONEF. = Uronefrose
Inf. ISQ. = Infarto Isquêmico;
NEF. = Nefrite
ANIM. ABAT = Número total de animais abatidos no dia.
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ANEXO B - Cronograma de coleta das amostras de rins em dois Frigoríficos (Frigorífico A e
B) do Mato Grosso durante o período de março a abril de 2009.
Semana Dia Dia de Semana Local Frigorífico
1 2/Março Segunda Rondonópolis A
1 3/Março Terça Rondonópolis A
1 5/Março Quinta Nova Mutum B
1 6/Março Sexta Nova Mutum B
2 16/Março Segunda Nova Mutum B
2 17/Março Terça Nova Mutum B
2 19/Março Quinta Rondonópolis A
2 20/Março Sexta Rondonópolis A
3 30/Março Segunda Rondonópolis A
3 31/Maço Terça Rondonópolis A
3 2/Abril Quinta Nova Mutum B
3 3/Abril Sexta Nova Mutum B
4 13/Abril Segunda Nova Mutum B
4 14/Abril Terça Nova Mutum B
4 16/Abril Quinta Rondonópolis A
4 17/Abril Sexta Rondonópolis A
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