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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
INSTITUTO DE QUÍMICA DE SÃO CARLOS
LABORATÓRIO DE QUÍMICA AMBIENTAL
QUEIMADAS URBANAS: DANOS AMBIENTAIS E SOCIAIS
ESTUDO DE CASO – A CIDADE DE SÃO CARLOS
Responsáveis: Marcelo Del Grande
Rossine Amorim Messias
Coordenação: Prof.a Dr.a Maria Olímpia de Oliveira Rezende
São Carlos
Julho/2004
Queimadas urbanas: danos ambientais e sociais estudo de caso – a cidade de São Carlos
Laboratório de Química Ambiental
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INTRODUÇÃO
Desde que o homem conheceu e dominou o fogo, este recurso passou a
ser utilizado com as mais diversas finalidades. No Brasil tem-se registros da época
do descobrimento de que os primeiros habitantes do nosso território utilizavam o
fogo para preparar seus alimentos, para facilitar a caça, para aquecimento e,
inclusive, para abertura de áreas de plantio.
Buscando o uso controlado dos recursos, em 1989, o governo federal criou
o Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios - PREVFOGO, e
atribuiu ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e de Recursos Naturais
Renováveis - IBAMA a competência de coordenar as ações necessárias à
organização, implementação e operacionalização das atividades relacionadas à
educação, pesquisa, prevenção, controle e combate aos incêndios florestais e
queimadas.
Assim, as áreas e a forma com que o PREVFOGO desenvolve suas ações
estão diretamente relacionadas a dois conceitos bastante distintos em função dos
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quais são estabelecidas as áreas em que as mesmas ocorrerão e as prioridades
com que serão executadas.
De acordo com o PREVFOGO e o IBAMA, incêndio florestal é todo fogo
sem controle que incide sobre qualquer forma de vegetação, podendo tanto ser
provocado pelo homem (intencional ou negligência) ou por fonte natural (raio),
enquanto queimadas são práticas agropastoris ou florestais, onde o fogo é
utilizado de forma controlada, atuando como um fator de produção.
A grande ameaça das queimadas para o ambiente está relacionada às suas
conseqüências para o solo da região. Após a queimada, esse solo não consegue
reter adequadamente a água da chuva, que escoa superficialmente em
enxurradas. Tal fato compromete a manutenção dos lençóis freáticos, resultando
no secamento de córregos e riachos. Além disso, as enxurradas promovem a
erosão do solo, acelerando a esterilização da terra. Os sedimentos carregados
acumulam-se no leito dos rios (assoreamento), diminuindo-lhes a capacidade de
escoamento, favorecendo inundações nas margens vizinhas.
De recente episódios dos incêndios florestais ocorridos no Centro-Norte do
estado de Roraima, e também da experiência de outros países, podem-se extrair
muitas lições, entre elas a necessidade de reagir prontamente às emergências.
“Aumentam índices de poluição, no interior, durante o inverno”
Uma pesquisa feita pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar)
mostra que São Carlos, no interior paulista, pode apresentar grandes aumentos
em seus índices de poluição, durante o inverno, superando as variações
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observadas no Parque Dom Pedro, no centro da capital, e em São Caetano do
Sul, cidade da região metropolitana. "Se medirmos o momento mais poluído e o de
menor concentração de poluentes, em cada uma destas cidades, e os
compararmos, perceberemos aumentos maiores no interior", afirma José Renato
Coury, professor do Departamento de Engenharia Química da UFSCar e
coordenador da pesquisa.
No centro de São Paulo e em São Caetano, os dias mais poluídos têm
150% a mais de material particulado na atmosfera do que os dias com menos
poluição. No caso de São Carlos, essa diferença sobe para 2,5 vezes (ou 250%)
durante o período medido, entre maio e outubro. "A flutuação nos índices de
poluição, aqui, é maior do que na capital", observa o pesquisador.
A coleta do material em São Carlos é feita no centro da cidade, em frente
ao mercado municipal. A principal hipótese é a de que a queimada de cana-de-
açúcar seja responsável pelo aumento de poluição na cidade. "Temos algum fator
sazonal influenciando esse evento e percebemos que o carbono é o responsável.
Agora precisamos descobrir se esse carbono é emitido pelas queimadas, o que
não é muito fácil de se determinar", explica. As queimadas em São Carlos
estendem-se de maio a novembro. "Nossa primeira recomendação seria evitar as
queimadas. Além do problema da poluição, pesquisas recentes apontam que a
queima da cana libera substâncias cancerígenas", destaca Mônica Lopes Aguiar,
que integra a pesquisa.
A análise química das substâncias coletadas é a segunda parte da
pesquisa desenvolvida pela UFSCar, cuja coleta de material começou há três
anos, no centro de São Carlos. "Na primeira fase, preocupamo-nos em estudar a
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concentração e o tamanho das partículas do material coletado", afirma Mônica.
Depois de descoberta a fonte emissora de carbono, os pesquisadores deverão
fazer simulações matemáticas para prever se há uma tendência de aumento da
poluição na região.
Além de Coury e Mônica, participam do estudo a pesquisadora Wanda
Maria Carvalho, um aluno de mestrado, 5 a 6 alunos de graduação e um técnico.
"A cada ano varia nossa equipe, mas em média temos de 12 a 15 pessoas
trabalhando na pesquisa", comenta Coury.
As análises químicas são feitas na Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz (Esalq), em Piracicaba, que pertence à Universidade de São Paulo (USP),
e no Departamento de Física da USP em São Carlos. A UFSCar está buscando
parceria também com o Departamento de Química da Universidade Estadual
Paulista (Unesp) em Araraquara. Para prosseguir com o trabalho de análise
química, a UFSCar conta com um financiamento de dois anos (até 2003) da
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), no valor de
R$ 70 mil. O Fundo Nacional de Meio Ambiente (FNMA) financiou a primeira parte,
com R$ 50 mil de verba. Em 1988, os pesquisadores receberam um auxílio da
própria Fapesp no valor de R$ 20 mil, em bolsa de pós doutorado e auxílio à
pesquisa. O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq) também contribuiu, com bolsas para alunos de iniciação científica e
mestrado, que integraram temporariamente a equipe de pesquisa.
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/08/2002.
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O fenômeno El Niño
Entre os fenômenos de escala global que favorecem a ocorrência de
incêndios florestais e o aumento das queimadas, destaca-se El Niño. Resultado da
interação entre o oceano e a atmosfera, El Niño caracteriza-se por um
aquecimento anormal das águas do Pacifico tropical centro-leste. Esse
aquecimento interfere na circulação atmosférica de grande escala e,
conseqüentemente, provoca mudanças nas condições climáticas de varias regiões
continentais ao redor do planeta, em virtude da grande quantidade de energia
envolvida nesse processo.
Grandes secas na Índia, no Nordeste do Brasil, na Austrália, indonésia e
África do Sul são decorrentes do fenômeno, assim como algumas enchentes no
Sul e Sudeste do Brasil. No Brasil seu efeito vem afetando desde de 1997. A eles
se atribuem as temperaturas mais amenas durante o ultimo inverno e altas
temperaturas em dezembro e inicio de janeiro no Sul e Sudeste, as chuvas
excessivas no Sul em outubro e novembro e a estiagem em partes da Amazônia a
partir do segundo semestre de 1997, que contribuíram para intensificar o impacto
e ampliar a extensão dos incêndios florestais no estado de Roraima. Com o
advento prematuro da época seca, surgiram os primeiros incêndios em áreas de
vegetação de savana, afetando a zona centro-norte do estado. A inversão da
corrente de ar provocada por El Niño, que passa de ascendente sobre a bacia do
Atlântico equatorial, incluídos o leste da Amazônia e o semi-árido nordestino, inibe
a formação de nuvens e assim as chuvas.
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As alterações climáticas provocadas pelo El Niño, especialmente severas
em sua atual manifestação, vem contribuindo para elevar o potencial de risco de
queimadas e incêndios acidentais na cobertura vegetal da Amazônia. A elas
somam-se os processos desencadeados pela degradação ambiental associados a
exploração inadequada dos recursos naturais na região, que potencializam a
inflamação das florestas.
Os efeitos de El Niño antecipam as queimadas agrícolas, provocando uma
ampliação do período tradicional e, conseqüentemente, um aumento da ocorrência
de focos de queimadas e incêndios florestais ao longo do ano. A partir de
junho/julho, iniciam-se especialmente no chamado arco do desflorestamento, as
grandes queimadas que, quando fora de controle, podem se transformar em
incêndios florestais, provocando enormes prejuízos econômicos, de saúde e
impactos ambientais.
“A nova Amazônia inflamável”
A Amazônia representa uma das mais importantes regiões fitogeográficas
do mundo. Em escala continental, ocupa 1/20 da superfície terrestre e constitui-se
na maior bacia hidrográfica do planeta, abrangendo cerca de 40% das florestas
tropicais remanescente no Globo (3.900.000 km2), razão pela qual é detentora de
imensurável patrimônio genético, estimado em torno de 30% do estoque mundial,
com elevado grau de endemia de espécies da fauna e flora; possui 20% das
reservas mundiais de água doce, dispõe de mais de 20 mil quilômetros de vias
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fluviais permanentemente navegáveis e de um potencial hidrelétrico estimado em
100 milhões de quilowatts.
A questão das queimadas e incêndios das florestas, especialmente da
floresta Amazônica brasileira, figura entre os principais problemas que tem origem
num histórico processo de utilização não adequada de seus recursos naturais e
que ameaça a sua sustentabilidade.
Ao longo dos anos 80, os índices de desflorestamento da Amazônia
chegaram a consumir mais de 21 mil km2 de floresta por ano. Na esteira desses
desmatamentos, identificaram-se as maiores queimadas e incêndios na região.
A floresta primaria nos trópicos úmidos não é inflamável em condições
climáticas normais. O microclima úmido e elevada precipitação pluviométrica
desfavorecem a inflamação da biomassa. Assim, na floresta Amazônica pode se
observar que, mesmo após três ou quatro meses de seca, as árvores
permanecem verdes e exuberantes.
Essa alta tolerância à seca é explicada pela elevada capacidade que a
floresta tem em absorver a água armazenada no solo, pelas raízes das arvores e
dos cipós. Explica-se, também, pelo ambiente frio e úmido no interior da floresta,
propiciado pela cobertura de sombra oferecida pelas folhas das arvores.
Quando, porém, a seca prossegue, as reservas de água no solo tendem a
se esgotar. Assim, as árvores fazem uso de seu mecanismo de defesa, que é a
perda de folhas, para diminuir sua transpiração. Com as quedas das folhas abre-
se espaço no dossel da floresta para a penetração dos raios solares no seu
interior. Quando os raios solares atingem o solo, a camada de folhas, gravetos e
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galhos depositados na superfície começa a secar e se a seca for prolongada a
floresta torna-se inflamável.
A queda acentuada do nível de desmatamento, entretanto, não significa
necessariamente também uma redução dos focos de queimadas e incêndios na
região. Além dos riscos potencializados pelas alterações climáticas em escala
global e regional, continuam atuantes na região praticas agrícolas de conversão
do uso do solo e de exploração madereira que sujeitam a susceptibilidade da
floresta a ação do fogo a uma escalada exponencial.
A queda nos preços da terra, ao mesmo tempo em que propicia o
fortalecimento da expansão de áreas cultivadas, reduz a atratividade para uso de
métodos mais intensivos de exploração e proteção. Da mesma forma, o processo
de invasão e ocupação de grandes propriedades rurais leva proprietários a realizar
derrubadas em áreas de floresta primaria remanescente, pelo receio de serem
identificados como detentores de áreas improdutivas.
É da conjugação desses ingredientes, mais a pressão da exploração
madeireira sobre novas áreas florestais para atender à demanda da construção
civil, que surgem os maiores focos de queimadas e incêndios florestais na
Amazônia Legal.
Fogo acidental
Queimada acidental é a que foge ao controle, resultando em prejuízo,
ambiental e econômico para todos. Para o pequeno produtor que perde cercas e
plantações de subsistência; para o grande pecuarista, que perde o investimento
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na reforma da pastagem; para o madeireiro que tem de ir cada vez mais longe
buscar florestas intactas; e para a sociedade em geral, que perde com os serviços
ambientais de controle climáticos e hídrico propiciados pelas grandes extensões
de florestas não degradadas.
As atividades produtivas estão concentradas e distribuídas ao longo dos
168 municípios que compõem o Arco do Desflorestamento. Concentram
atualmente atividades como extração mineral e garimpo clandestinos, pecuária
extensiva, avanço de monoculturas e agricultura de subsistência baseada em mão
de obra familiar e descapitalizada e uma infinidade de assentamentos rurais e
invasões organizadas por trabalhadores rurais sem terras. Outras áreas de risco
fora do arco do desflorestamento localizam-se na região de Santarém no oeste do
Pará.
Entre os efeitos de riscos associados à derrubada de grandes áreas da
florestas, destaca-se a modificação do ciclo hidrólogico, como a redução da
evapotranspiração real e o aumento do escoamento superficial da água,
provocando enchentes durante as chuvas e períodos de estiagem mais longos
durante os meses secos.
Estudos feitos pela EMBRAPA mostraram que a biomassa combustível é
mais alta na floresta aberta (180 t/ha) se comparada com outros tipos de
vegetação (cerca de 30 a 60 t/ha), com exceção dos materiais de alta combustão
(capim, liteira e ervas), encontrados em maior volume nas pastagens.
Na floresta densa, quase todo o processo de radiação solar ocorre no topo
das árvores entre 25 e 30m acima do solo. Assim, as temperaturas da camada
combustível são relativamente baixas e a umidade é geralmente elevada. Por isso,
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a taxa de evapotranspiração é baixa, e os combustíveis potenciais permanecem
úmidos.
Clima
Uma das maiores preocupações atuais dos cientistas na área de estudos
climáticos e ambientalistas do mundo todo é a manutenção do equilíbrio térmico
da atmosfera terrestre, gradativamente comprometido pelas atividades industriais
e pela queima em grande escala da biomassa da terra.
Os efeitos danosos ao ambiente gerados pelo dejeto de resíduos do
processo industrial gerado pelo desenvolvimento atingem vários bens ambientais,
entre eles o ar, mais precisamente a atmosfera. Só para citar já um destes
problemas, podemos mencionar o problema com o ozônio que é um dos gases
que existem na atmosfera. O ozônio impede a penetração livre e em grande
escala dos raios ultravioleta que fazem mal à vida animal. Entretanto a camada de
ozônio vem sofrendo diminuição em pelo crescimento de gases como o CFC
(clorofluorcarbono) e o dióxido de carbono CO2, ambos produzidos pelo homem,
aquele em laboratório e este como resultado da queima de combustíveis fósseis,
principalmente, os quais acabam consumindo o ozônio, criando uma espécie de
“buraco na atmosfera” conhecido como “buraco de ozônio”, por onde os raios
ultravioleta passam com alto grau de perigo para os seres vivos.
Pela ordem decrescente de limpeza, podemos salientar a utilização do gás,
do petróleo e do carvão como produtores de poluição atmosférica.
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Todos eles, entretanto, colaboram para três grandes problemas: o
aquecimento global, a poluição urbano-industrial do ar e a acidificação do meio
ambiente.
Classificação, fontes e fatores de poluição do ar
A poluição do ar é classificada em: poluição pelos detritos industriais;
poluição pelos pesticidas; e poluição radioativa. As fontes de poluição atmosférica
são: fixas (indústrias, hotéis, lavanderias, etc.); móveis (veículos automotores,
aviões, navios, trens, etc.).
Fatores que causam a poluição do ar:
Fatores naturais: são aqueles que têm causas nas forças da natureza,
como tempestades de areia, queimadas provocadas por raios e as atividades
vulcânicas;
Fatores artificiais: são aqueles causados pela atividade do homem, como a
emissão de combustíveis de automóveis, queima de combustíveis fósseis em
geral, materiais radioativos, queimadas, etc.
Além destes poluentes, dezenas de produtos químicos tóxicos são
encontrados ao redor das regiões urbanas, principalmente nos grandes centros
urbanos, ou grandes cidades, pois quanto maior a cidade mais diversidade de
atividades existe.
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A emissão excessiva de poluentes tem provocado sérios danos à saúde
como problemas respiratórios (bronquite crônica e asma), alergias, lesões
degenerativas no sistema nervoso ou em órgãos vitais e até câncer. Esses
distúrbios agravam-se pela ausência de ventos e no inverno com o fenômeno da
inversão térmica (ocorre quando uma camada de ar frio forma uma parede na
atmosfera que impede a passagem do ar quente e a dispersão dos poluentes).
Morreram em decorrência desse fenômeno cerca de 4.000 pessoas em Londres
no ano de 1952.
Os danos não se restringem à espécie humana. Toda a natureza é afetada.
A toxicidade do ar ocasiona a destruição de florestas, fortes chuvas que provocam
a erosão do solo e o entupimento dos rios.
No Brasil, dois exemplos de cidades totalmente poluídas são Cubatão e
São Paulo.
Os principais impactos ao meio ambiente são a redução da camada de
ozônio, o efeito estufa e a precipitação de chuva ácida.
Chuva ácida
A chuva será considerada ácida quando tiver um pH inferior a 5,0,
ocorrendo não apenas sob a forma de chuva, mas também como neve, geada ou
neblina.
Decorre da queimada de combustíveis fósseis, produzindo gás carbônico,
formas oxidadas de carbono, nitrogênio e enxofre. Outro componente da chuva
ácida é o ácido nítrico gerado dos óxidos de nitrogênio nas emissões de
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combustão fóssil. A chuva ácida pode ser conduzida pelos ventos a centenas de
quilômetros atingindo florestas, cidades e campos longe de onde foi produzidos
seus agentes poluidores. Esses gases, quando liberados para a atmosfera, podem
ser tóxicos para os organismos. O dióxido de enxofre provoca a chuva ácida
quando se combina com a água presente na atmosfera, sob a forma de vapor. As
gotículas de ácido sulfúrico resultantes dessa combinação geram sérios danos às
áreas atingidas. Além dos sérios danos ao meio ambiente natural, as chuvas
ácidas também constituem séria ameaça ao patrimônio cultural da humanidade,
corroendo as obras talhadas em mármore, que por ser uma rocha calcária,
dissolve-se sob a ação de substâncias ácidas.
Efeito estufa
É o aumento da temperatura média da Terra, que ocorre pelo aumento
considerável na concentração de gás carbônico na atmosfera, provocado
principalmente pela queima de combustíveis fósseis e desmatamentos, formando
assim uma espécie de “coberta” sobre a Terra impedindo a expansão do calor. O
crescente aumento do teor do gás carbônico na atmosfera faz com que a
temperatura da Terra esteja em constante crescimento, o que pode ocasionar
grandes distúrbios climáticos. Os gases metano (CH4), clorofluorcarbonetos
(CFCs), ozônio e óxido nitroso (N2O) também contribuem para o aquecimento
global.
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Diminuição da camada de ozônio
O ozônio está presente na troposfera, que é a camada da atmosfera em
que vivemos, e também em zonas mais altas da estratosfera, entre 12 e 50 km de
altitude, onde está em maior concentração, que é conhecida como “camada de
ozônio”, tendo como função proteger o planeta da incidência direta de grande
parte dos raios ultravioleta, que é um dos componentes da radiação solar.
Conseqüências principais: com a diminuição dessa camada de ozônio, os
raios ultravioleta atingem a Terra de forma mais brusca, provocando graves
doenças no ser humano, como câncer de pele, distúrbios cardíacos e pulmonares,
queimaduras, problemas de visão etc., gerados principalmente pela radiação
ultravioleta UV-B, a mais prejudicial ao homem. O ambiente também é diretamente
atingido pelas modificações na cadeia alimentar, visto que certas espécies de
animais e plantas são extremamente sensíveis a essa radiação, como os anfíbios
anuros (sapos, rãs e pererecas). Além disso, a destruição desta camada de ozônio
pode contribuir com o derretimento de parte do gelo da calota polar, causando o
superaquecimento do planeta.
Causas: uma das grandes causas da diminuição da camada de ozônio tem
sido a liberação de compostos químicos industriais na atmosfera, denominados de
CFCs (clorofluorcarbonos), que são gases não tóxicos, inodoros e quimicamente
inertes. São usados em grande escala como agente refrigerador de geladeiras e
aparelhos de ar condicionado, na manufatura de espumas de plástico e
principalmente como propelente de sprays enlatados, e sua inércia química torna-
os capazes de atingir grandes altitudes sem se modificar, até alcançar a
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estratosfera, onde a radiação ultravioleta provinda do Sol provoca a sua quebra. O
cloro é liberado, reagindo com o ozônio, e desmembrando-o em uma molécula e
um átomo de oxigênio. Curiosidade: a palavra ozônio vem do grego ozein que
quer dizer mau cheiro.
Névoa densa
A névoa densa é um fenômeno climático originado pela concentração de
uma variedade de produtos químicos, em especial o ozônio e o nitrato peroxiacetil
(NPA) e é formada quando a fonte de luz do Sol age sobre a mistura de óxidos
nitrogenados e compostos orgânicos voláteis. Este fenômeno, produzidos
principalmente pelos carros e caminhões, vem ocorrendo em cidades como
México e São Paulo.
Seqüestro de carbono
O sistema de diminuição de poluição atmosférica conhecido como
“seqüestro biológico” ou “sumidouros de carbono” está na pauta das discussões
planetárias sobre poluição climática, principalmente nos encontros sobre o
Protocolo de Kyoto.
Este sistema funciona da seguinte forma:
1 - A planta ao fazer a fotossíntese, que é o resultado da transformação da
energia solar em energia química, absorve dióxido de carbono (CO2).
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2 - O carbono fixa-se nas raízes, caule e folhas da planta - em sua biomassa - e
neste processo libera o oxigênio no ar.
3 - As florestas em fase de crescimento, como as florestas tropicais, acabam
absorvendo grandes quantidades de CO2 , formando assim “sumidouros” ou
“ralos” de carbono, contribuindo para absorver da atmosfera este gás poluidor
emitido pela queima de combustíveis fósseis (fábricas, veículos etc).
A questão climática tornou-se uma dos mais importantes e discutidos temas
na atualidade, trazendo à mesa de negociação planetária os mais iminentes
cientistas, autoridades e ambientalistas. Longe de se resolver toda a problemática
da poluição climática, estamos a caminho de conseguir encontrar meios de
diminuir os riscos que nós mesmos produzimos. São infindáveis estudos, projetos
e programas que visam encontrar saídas para evitar o caos que se anuncia.
Somente com o conhecimento científico dos processos de poluição, vontade
política de resolver o problema, educação ambiental, legislação forte e muitos
projetos e programas efetivamente colocados em prática é que poderemos ter a
esperança de conseguirmos ter um planeta com um meio ambiente sadio e
passível de manter a vida global equilibrada.
QUEIMADAS URBANAS: a grande ameaça malcheirosa
Às vezes pensamos que o ato de nos livrarmos de problemas cotidianos,
como o constante acúmulo de lixo em terrenos abandonados, o aumento do nível
do mato e até mesmo a indesejada presença de animais e insetos nestes mesmos
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locais, pode tornar-se algo simples e erroneamente "prático". A atitude que muitos
desavisados tomam geralmente, além de atrapalhar e desagradar sua
comunidade, ainda pode causar efeitos danosos e irreversíveis ao meio-ambiente,
como por exemplo as tão conhecidas queimadas que, nesta época do ano são
facilmente notadas ao cruzarmos as ruas de nossas amadas cidades.
Além do risco de haver materiais tóxicos depositados no local do incêndio
(restos de pilhas, produtos para a limpeza do lar, baterias etc.) que, quando
queimados eliminam substâncias prejudiciais tanto ao meio-ambiente quanto à
sua saúde - variando de intoxicações "comuns" até fatores que ajudam na
formação de diversos tipos de câncer -, as queimadas ainda influenciam muito
para a destruição da frágil camada de ozônio (a única defesa que possuímos
contra a poderosa radiação solar) de nosso planeta doente. Isso sem contar que
você estará sendo o responsável direto pelo desequilíbrio de toda uma cadeia
alimentar, que deve ter seu ciclo completo, com início, meio e fim. A terra fica
completamente improdutiva, o ar fica com um odor desagradável e você ainda
corre o risco de provocar um incedente mais grave (comece a pensar nas crianças
e nos animais de sua vizinhança, nos fios elétricos que o fogo pode alcançar, nas
casas vizinhas ao terreno, em pessoas que sofrem de problemas respiratórios).
Lembre-se: você é capaz de começar um incêndio, mas dificilmente poderá
controlá-lo.
Existem outras maneiras mais inteligentes e eficazes - digamos assim - de
acabarmos com o problema dos terrenos. Veja algumas opções que listamos para
você, possivelmente, seguir:
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1. Primeiramente, antes de você tomar qualquer decisão a respeito do que
executar na área indesejada, seja incendiar, limpar ou capinar, tente entrar em
contato com o proprietário do local (através de imobiliárias, corretoras etc.) e
discuta uma maneira permanente e, é claro, consciente de eliminar o incômodo.
2. É dever do Governo (no caso, o Município) assegurar a saúde e o bem-estar
dos cidadãos, isso inclui o zelo permanente pelo tratamento de locais
abandonados, como os terrenos. Busque seus direitos!
3. Porém se você preferir não entrar em contato nem com os órgão públicos nem
com o responsável pelo local e já começar a agir - o que não é recomendável -
pense em soluções criativas e saudáveis (tanto para você e sua família quanto
para o mundo). Use a imaginação! Comece a capinar o terreno e plante mudas de
árvores de pequeno porte, plante algum tipo de fruta ou hortaliça, ou então, se
você gosta de esportes capine um pouco, faça um gramado e monte um pequeno
campo para você jogar bola. Não importa o que faça, pense num modo de
coexistir pacificamente com a natureza. Basta a agressão, a violência, a poluição!
4. Depois de ter tomado uma atitude digna passe sua idéia para frente: não deixe-
a ser estagnada, esquecida. Não guarde as boas conquistas para você, acabe
com o medo de mostrar algo de novo e bom ao mundo! Ensine! Eduque!
Evite jogar qualquer tipo de lixo (inclui pontas de cigarro, latas vazias,
pneus, embalagens plásticas, vidro, materiais inflamáveis, produtos para limpeza
em geral, frascos de inseticidas etc.) em terrenos vazios, pois além de acumular
substâncias agressivas à saúde, você pode colaborar com a proliferação de
insetos que causam doenças graves (por exemplo o causador da dengue, o Aedes
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aegypt) e lugar de lixo é no lixo, ou melhor, você já deve saber disso. Seja
consciente e dê o exemplo.
O Mundo também depende muito de seus atos. Respeite a vida.
QUEIMADAS EM SÃO CARLOS
As queimadas na cidade de São Carlos apresentaram durante os meses de
abril a setembro de 2001 e de abril a agosto de 2002 números alarmantes de
ocorrências. No mês de agosto de 2001 esses números chegaram quase a 100,
com média de aproximadamente 3,16 casos diários; em 2002 chegaram a ser
registrados 92 ocorrências de incêndios na zona rural e no bairro Santa Felícia
foram detectados 16 ocorrências no mesmo período. As causas desses incêndios
são as mais variadas possíveis indo desde intencional (como limpeza de terrenos,
vândalos, propagação de outro incêndio, até mesmo "coisa de criança", etc) aos
acidentais (bitucas de cigarros jogadas em terrenos, raios, etc) e podem causar
estragos irreparáveis a longo prazo, como problemas respiratórios gerais e até
mesmo em alguns casos levando a morte pessoas expostas ao fogo.
As figuras 1 e 2 apresentam as ocorrências de chuvas na cidade de São
Carlos nos anos de 2001 e 2002. Nota-se claramente que os meses de abril a
setembro são os mais críticos e susceptíveis às queimadas pelo baixo volume de
águas nessa época, o que corresponde também aos meses com maior incidência
de incêndios urbanos e rurais.
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Chuvas em São Carlos em 2001
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150
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250
300
350
JAN
FEVMAR
ABRMAI
JUN
JUL
AGOSET
OUTNOV
DEZ
Meses
mm Total
Máxima
Figura 1: Incidência de chuvas em São Carlos no ano de 2001.
Chuvas em São Carlos em 2002
050
100150200250300350400450
JAN
FEVMAR
ABRMAI
JUN
JUL
AGOSET
OUTNOV
DEZ
Meses
mm Total
Máxima
Figura 2: Incidência de chuvas em São Carlos no ano de 2002.
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21
21
As figuras 3, 4 e 5 apresentam os números de ocorrências ao longo dos
meses citados nos anos de 2001 e 2002.
Figura 3: Número de ocorrências ao longo dos meses de abril a setembro de
2001.
Número de Ocorrências ao Longo do Tempo
020406080
100120140160
Abril Maio Junho Julho Agosto
Oco
rrên
cias
Figura 4: Número de ocorrências ao longo dos meses de abril a agosto de 2002.
Número de Ocorrências ao Longo do Tempo
0
20
40
60
80
100
Abril
MaioJu
nho
Julho
Agosto
Setembro
Oco
rrên
cias
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22
Número de Ocorrências ao Longo do Tempo
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro
Oco
rrên
cias
Figura 5: Número de ocorrências ao longo dos meses de abril a setembro de
2003.
Os locais onde ocorreram mais queimadas em 2001 foram a zona rural (70
casos) Santa Felícia (15 casos) e Jardim Paulistano (10 casos). No ano de 2002
as maiores incidências de ocorrências se repetiram para a zona rural e o Bairro
Santa Felícia, porém houve um aumento significativo de incêndios no Centro da
cidade.
As figuras 6, 7 e 8 apresentam os 12 locais da cidade de São Carlos com
os maiores números de ocorrências de queimadas nos anos de 2001, 2002 e
2003.
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23
0
10
20
30
40
50
60
70
Ocorrências
Queimadas nos Bairros de São Carlos
Rural
Centro
CidadeAracy
CidadeAracy IIJd. AzulvileJd.Botafogo
Jd.CardinaliJd.Paulistano
Jd.TangaráPq.FaberPlanaltoParaíso
Sta.Felícia
Figura 6: 12 bairros da cidade de São Carlos com as maiores incidências de
queimadas em 2001.
0102030405060708090
100
Queimadas nos Bairros de São Carlos
RuralCentroJd.TangaráSta.FelíciaVila NeryVila PradoJd.BotafogoJ.ClubeSta.MônicaJd.CentenárioJd.BandeirantesJd.Cardinali
Figura 7: 12 bairros da cidade de São Carlos com as maiores incidências de
queimadas em 2002.
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24
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Queimadas nos Bairros de São Carlos
Área Rural
Cidade Aracy
Vila Nery
Centro
Santa Felícia
Cidade Jardim
Jardim Botafogo
Jardim Tangará
Jardim Azulville
Jardim Maracanã
Nova Estância
Jardim Cardinalli
Jardim Itamarati
Figura 8: 13 bairros da cidade de São Carlos com as maiores incidências de
queimadas em 2003.
A tabela 1 apresenta a relação de efeitos na saúde com o aumento de
material particulado suspenso no ar. Pode ser observado que um acréscimo de
10µg/m3 de material particulado gera um aumento de cerca de 3% em distúrbios
respiratórios.
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Tabela 1: Relação de efeitos na saúde com o aumento de material particulado no
ar.
Efeito considerado % de aumento do efeito por acréscimo
de 10 µg/m³ de material particulado
Admissões hospitalares 0,8%
Visitas à emergências 1,0%
Internações de asmáticos 1,9%
Asmáticos – visitas à urgência 3,4%
Aumento nas crises 3%
Aumento no uso de broncodilatadores 3%
Aumento dos sintomas respiratórios baixos 3%
Aumento nas tosses 2,5%
TECNOLOGIAS PARA REDUZIR A PRÁTICA DAS QUEIMADAS
O fogo é amplamente utilizado na agricultura brasileira. Na história da
pecuária nacional, é prática comum, na região dos Cerrados e da Amazônia Legal,
a utilização de queimadas das áreas com pastagens, visando a renovação ou
recuperação da pastagem, a eliminação de plantas daninhas e adição de
nutrientes ao solo, oriundos do material vegetal queimado. À primeira vista, a
pastagem rebrotada surge com mais força e melhor aparência do que a
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inicialmente existente. Entretanto, ao longo dos anos, essa prática provoca
degradação físico-química e biológica do solo, e traz prejuízos ao meio ambiente.
A prática da queimada obriga o produtor a reduzir a lotação animal, pela
diminuição da capacidade produtiva das forrageiras, como conseqüência da
desnutrição vegetal e das más condições do solo (especialmente a compactação)
para o crescimento das raízes. A forrageira, neste tipo de exploração, além de
apresentar sistema radicular pouco desenvolvido e com baixas reservas de
carboidratos, perfilha pouco e fixa CO2 ineficientemente, prejudicado pelo reduzido
tamanho de sua folha e pela desnutrição.
Por outro lado, o superpastejo permanente pode reduzir o número de
plantas da pastagem, descobrindo o solo e contribuindo para a sua compactação
e para a redução da capacidade de infiltração de água, a qual passa a escorrer
pela superfície, arrastando os nutrientes e as partículas superficiais do solo. Isso
aumenta o estado de degradação da pastagem. Os solos dos Cerrados e da
Amazônia Legal, em sua maioria, são susceptíveis à erosão e com baixa
fertilidade.
Diante dessa situação, os produtores precisam usar sistemas de produção
adequados para manter a capacidade produtiva dos solos e sua competitividade,
dentro de um mercado globalizado.
Como se originam as queimadas? Tudo indica que suas causas são
essencialmente agrícolas e, em geral, as queimadas ocorrem em áreas já
desmatadas. Assim, perante a opinião pública e a imprensa, o produtor rural é o
vilão das queimadas. O controle do fogo e a diminuição das queimadas merecem
uma atenção especial, devido aos impactos negativos que provocam sobre o meio
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ambiente, como poluição, problemas na saúde, prejuízos em redes de eletrificação
e em cercas, e queima de áreas não previstas, devido ao fogo fora de controle,
causando enormes prejuízos a vizinhos e reservas ecológicas.
O fogo não deixa de ser um instrumento de manejo, mas o Ministério da
Agricultura e do Abastecimento engajou-se, de forma proativa, na redução das
queimadas no Brasil. A queima apresenta aspectos positivos, mas pode ser
substituída, com vantagens, pelo uso de tecnologias alternativas. A Embrapa
dispõe de várias tecnologias que, se devidamente usadas, e com apoio
governamental, podem reduzir de forma expressiva a prática das queimadas como
instrumento de manejo, trazendo benefícios ao meio ambiente e à sociedade.
1) Tecnologias para reduzir queimadas em sistemas de pastagens nativas e
cultivadas
As pastagens, tanto nativas como cultivadas, têm seu crescimento
influenciado pelas condições climáticas de calor, na Região Sul e de chuva, nas
demais regiões, especialmente Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Em ambas, as
queimadas visam à eliminação de macegas que se acumulam no campo, ao longo
dos anos, o que reduz o consumo e provoca o pastejo não uniforme pelos
animais. Nas áreas nativas, a queima estimula a remineralização da biomassa e a
transferência de nutrientes minerais para a superfície do solo, sob a forma de
cinzas, constituídas por óxidos de cálcio, potássio, magnésio e outros elementos
minerais. Como conseqüência, ocorre o aumento imediato da produção da
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forragem, mas ela decresce nos anos posteriores, principalmente quando a
queima é anual e realizada na mesma área.
Em pastagens cultivadas, a queima é uma prática indesejável, pois a sua
produção deve ser transformada em carne, leite e lã, e o fogo pode, inclusive,
eliminar as forrageiras leguminosas.
A melhor forma de utilizar a massa produzida pelas forrageiras é através do
manejo, com animais. Em geral, o manejo deve ser feito de forma a acumular
matéria seca nos períodos críticos do inverno, no Sul, e da seca, nas demais
regiões. É preciso planejar as sobras para utilização no período crítico, uma vez
que o consumo dos animais é menor e essas sobras têm menor valor nutricional.
Aqui estão algumas soluções que, além de evitar o fogo, podem aumentar o
desfrute do rebanho e a renda do produtor.
Uso da uréia pecuária
Para que essa tecnologia dê resultado, é fundamental dispor de pastagens
com boa disponibilidade de forragem, ou seja, bastante pasto seco. Ela é bastante
simples e de baixo custo, consistindo em misturar a uréia pecuária com o sal
mineral. Essa mistura tem por objetivo fornecer a proteína de que o animal precisa
e não encontra na pastagem seca, cujo teor protéico é baixo. O uso da uréia
pecuária no sal estimula o animal a aumentar o consumo de forragem.
Com esse manejo, os animais podem ter algum ganho de peso, mas
seguramente, se eles perderem peso, será muito menos do que sem o uso da
uréia pecuária. Além disso, se os animais consomem maior quantidade de
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forragem na estação seca, menos ficará de sobra, e o pasto não mais precisará
ser queimado para eliminar o excesso de material morto.
O uso da uréia pecuária deve ser feito quando o pasto floresce e começa a
secar. Isso acontece a partir de maio/junho, nas Regiões Sul, Sudeste e Centro-
Oeste. Na Região Nordeste, a partir de julho e, na região Norte, a partir de
agosto/setembro. Nesse momento, e sem esperar que os animais comecem a
perder peso, inicia-se o fornecimento de uréia pecuária no sal mineral, da seguinte
forma:
♦ na primeira semana, deve-se misturar 9 kg de sal mineral com 1 kg de uréia
pecuária;
♦ na segunda semana, 8 kg de sal mineral e 2 kg de uréia pecuária;
♦ na terceira semana, 7 kg de sal mineral e 3 kg de uréia pecuária;
♦ na quarta semana, 6 kg de sal mineral e 4 kg de uréia pecuária.
Cuidados com a mistura: Consumida em quantidade excessiva, a uréia
pecuária é tóxica para os animais, daí a necessidade de misturar bem os dois
ingredientes. O composto de sal mineral e uréia pecuária deve ser fornecido de
forma contínua, sem interrupção, até o início das chuvas. É preciso evitar o
fornecimento da mistura com uréia pecuária a animais famintos e cuidar para que
a água não se acumule no cocho, pois a uréia pecuária molhada se transforma
rapidamente em compostos tóxicos aos animais. O sintoma da intoxicação é o
empanzinamento, que é tratado com vinagre ou suco de limão, fornecido goela
abaixo.
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Ao usar essa tecnologia, o produtor vai observar que, graças ao maior
apetite do gado, não é mais necessário usar o fogo para eliminar a macega das
pastagens nativas, ou a massa seca não consumida das pastagens cultivadas.
Assim, o produtor melhora a produção e contribui para conservar o meio ambiente,
tornando sua atividade sustentável.
Recuperação de pastagens degradadas
Nas últimas décadas, grande parte das florestas da Amazônia brasileira
destinou-se a implantação de pastagens para criação de gado de corte. Em
função de transformações ocorridas no solo, do uso de germoplasma inadequado,
de falhas no estabelecimento, da pressão biótica e de problemas de manejo da
pastagem, esses pastos dificilmente mantêm a sua produtividade inicial, depois de
oito anos.
As operações de recuperação podem incluir o uso de implementos
agrícolas no preparo do solo, adubação e plantio de forrageiras geneticamente
selecionadas. Na fase de estabelecimento são necessários o controle de
invasoras e pragas, além da cautela nos primeiros pastejos.
A integração da pastagem com cultivos anuais pode cobrir parte dos custos
de recuperação e, com plantio de espécies perenes, pode-se tornar a exploração
mais sustentável. Contudo, substanciais melhorias nos manejos da pastagem e do
rebanho são necessárias para maximizar os resultados da recuperação.
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2) Tecnologias para Reduzir Queimadas em Sistema de Lavoura/Pecuária
O desenvolvimento da agricultura e sua intensificação trouxe novos
conhecimentos que, aos poucos, foram sendo utilizados pelo produtor. Fazem
parte desse contexto a formação de pastagens, via agricultura, a utilização de
restos de lavoura e a necessidade da palhada para o plantio direto; em suma, a
integração das atividades de lavoura e pecuária, que, na realidade, são
complementares. Essa integração traz muitos benefícios, entre os quais, a
diminuição do uso do fogo para eliminar restos culturais e a melhoria do estado e
da capacidade das pastagens, substituindo outras degradadas e/ou infestadas por
invasoras.
Recuperação de pastagens pelo consórcio grão-pasto (Sistema Barreirão)
Para manter a capacidade produtiva dos solos e sua competitividade,
dentro de um mercado globalizado, os produtores precisam usar sistemas de
produção adequados. Para tanto, o plantio do pasto consorciado com grãos,
conhecido como "Sistema Barreirão", tem-se mostrado técnica e economicamente
eficiente, como método de reforma de pastagens. Ele oferece capacidade de
suporte animal superior e, simultaneamente, produz grãos com produtividade e
qualidade.
Os benefícios da pecuária para a agricultura prendem-se ao fato de que as
plantas forrageiras, utilizadas para as pastagens, produzem densa vegetação e
grande quantidade de massa seca que recobre o solo. Têm, ainda, a capacidade
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de melhorar as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, aumentando a
eficiência da adubação química, contribuindo positivamente para a
sustentabilidade agrícola. Essas plantas apresentam raízes profundas e absorvem
nutrientes que normalmente se perderiam por lixiviação e/ou percolação. Os
nutrientes absorvidos pelo sistema radicular são transferidos para os tecidos
vegetais, e consumidos pelos animais sob pastejo. Assim, eles retornam, em
parte, para o solo, por meio dos dejetos dos animais. É possível afirmar que se,
por um lado, a agricultura eleva os teores dos nutrientes na camada arável, pela
sua maior exigência em nutrientes, por sua vez, as pastagens proporcionam
melhoria nas propriedades físicas, diminuindo a densidade do solo, aumentando a
macroporosidade e a capacidade de infiltração de água. Por meio da agricultura,
torna-se mais fácil a recuperação ou a renovação da pastagem, pois ela possibilita
a produção de grãos, em curto espaço de tempo. Além disso, a formação da
pastagem após a agricultura é rápida e a custos menores, o que torna esta prática
sustentável, dos pontos de vista econômico e ambiental.
Nesse sistema, são fundamentais a correção da acidez do solo, a adubação
correta e a escolha das cultivares/variedades que melhor se adeqüem ao sistema
e sejam recomendadas para a região. As culturas mais utilizadas são o milho,
arroz, sorgo e milheto. Quando se usa arroz de sequeiro, é preciso diminuir o
espaçamento para 30 a 45 cm, e aumentar a densidade de sementes na linha. Isto
porque o arroz é menos competitivo do que as outras culturas mencionadas. O
milho, sorgo e milheto são plantados de acordo com as recomendações
convencionais.
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As forrageiras mais utilizadas são as braquiárias, o Andropogon e os
Panicum. Por ser mais econômica, a semeadura é feita simultaneamente. A
Braquiária é semeada na fileira da cultura, e o Andropogon e o Panicum
semeados a lanço. A densidade das forrageiras não deve ser alta, pois elas
competem com as culturas e diminuem a produção de grãos. A densidade ideal
deve ser de 4 a 6 plantas, por metro quadrado.
As braquiárias devem ser misturadas com o adubo, no momento em que se
vai plantar. A mistura não deve ser feita com antecedência, pois o adubo prejudica
a germinação. É preciso, também, evitar a guarda das misturas, por muitos dias.
As médias de rendimento, por hectare de arroz de sequeiro e milho, em
áreas onde o "Sistema Barreirão" foi testado, foram de 33,5 sacos de arroz e 61,5
sacos de milho. A relação custo/benefício para arroz varia de 0,83 a 1,27, ou seja,
para cada R$100,00 gastos no sistema, o produtor recupera de R$83,00 a
R$127,00. No caso do milho, a relação custo/benefício varia de R$0,80 a R$1,06.
Essa relação considera apenas a produção de grãos. Não está contado o
benefício ao solo, principalmente a adubação e o desfrute das pastagens
recuperadas, expresso em maior produção de carne.
Entre os benefícios ecológicos obtidos com o Sistema Barreirão, podem ser
citados: melhor cobertura, menor desgaste do solo e maior oferta de alimentos à
fauna herbívora; redução da necessidade de abertura de novas áreas,
particularmente na Amazônia, por questões eminentemente econômicas; redução
do assoreamento dos rios e das várzeas, devido à maior infiltração de água no
solo, menor erosão, maior estabilidade na altura da água dos rios e aos menores
riscos de enchentes, nos centros urbanos; aumento do volume de água de melhor
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qualidade, no lençol freático; redução no uso de defensivos, para o controle de
invasoras perenes e de cupinzeiros de monte.
Manejo da palhada
A integração do sistema lavoura/pecuária cresceu muito, nos últimos anos,
especialmente em regiões onde ocorre um período seco prolongado, durante o
ano. As vantagens acontecem nos dois sentidos, tanto para a lavoura como para a
pecuária. A exploração tecnificada da agricultura produz uma quantidade maior de
resíduos, o que, muitas vezes, se torna um problema para o plantio seguinte.
A integração com a pecuária vem resolver esse problema. O gado consome
os restos de várias culturas, especialmente, de milho, arroz, soja e sorgo. O
sistema é simples, e outras tecnologias podem ser agregadas ao uso das
palhadas, como o uso de cercas elétricas, em áreas não cercadas; o uso da uréia
pecuária ou da mistura múltipla, para tornar o consumo da palhada mais efetivo, e
o uso de categorias animais menos exigentes, como vacas secas.
Outra alternativa para quem possui equipamentos de fazer feno é enfardar
os restos culturais. Os fardos podem ser empilhados na própria lavoura, ou então
ser transportados e empilhados nos pastos onde serão consumidos pelos animais.
Esses procedimentos em relação aos restos culturais, além dos benefícios para o
gado, contribuem para diminuir o uso do fogo como instrumento de manejo,
proporcionando um sistema de exploração sustentável e benéfico ao meio
ambiente e à sociedade.
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Para o sistema plantio direto, a palha é fundamental. Quando esse sistema
é utilizado, a palhada não deve ser utilizada pelos animais, e os cuidados para que
não queime, no período seco, devem ser redobrados.
Plantio Direto
O plantio direto é a tecnologia que mais está crescendo no País (mais de 8
milhões de hectares em 1999), e consiste em plantar as lavouras, sem fazer o
revolvimento ou preparo do solo, como tradicionalmente se faz, e com a presença
de cobertura morta ou palha.
Os requisitos básicos para fazer plantio direto são: 1 - solo devidamente
corrigido; 2 - presença de palha ou plantas que servem de cobertura morta; 3 -
máquinas apropriadas para esse sistema, as quais podem ser manuais (matraca),
de tração animal, ou de tração mecânica.
Por que os solos devem estar corrigidos? A maioria dos solos brasileiros é
ácida, com baixos teores de cálcio e magnésio, e com presença de alumínio
tóxico. Esses fatores impedem ou limitam que a cultura expresse o seu potencial
de produção, por isso, é importante corrigir a acidez do solo usando calcário, que
deve ser espalhado e incorporado, pelo menos nos primeiros 20 cm do solo.
Em seguida, vem a correção da fertilidade do solo, que pode ser feita ao
longo dos anos. A correção da acidez e da fertilidade favorece o desenvolvimento
das raízes, e as culturas têm condições de produzir mais e com maior segurança.
Por isso, o plantio direto, em solos já trabalhados na forma convencional, tem
apresentado produtividades superiores aos cultivos convencionais.
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Por que é preciso ter palha para o plantio direto? A palha, ou palhada,
representa a essência do plantio direto e contribui para: diminuir a erosão do solo;
aumentar a infiltração da água no solo, com menos escorrimento superficial,
amenizando as enchentes; manter a umidade do solo, reduzindo a evaporação;
proteger o solo da ação direta dos raios do sol; estabilizar a temperatura do solo;
reciclar a matéria orgânica; ajudar no controle de plantas invasoras, fator decisivo
para o sucesso do plantio direto.
As culturas que mais produzem palha são as gramíneas: milho, sorgo,
milheto, arroz, aveia, trigo, centeio e as forrageiras. Algumas são plantadas com
esse fim específico, como a aveia e o milheto. Outras espécies também são
usadas com a finalidade de produzir palha ou cobertura morta, como os adubos
verdes (crotalária, nabo-forrageiro, mucuna, guandu).
Atendidas essas duas condições, é preciso ter as máquinas que foram
desenvolvidas para fazer plantio direto. Muito progresso já foi feito na fabricação
dessas máquinas, quer de tração animal, quer de tração mecânica.
O plantio direto também pode ser usado na integração lavoura/pecuária.
Um exemplo é a rotação de soja com pastagens, como o capim Tanzânia. Antes
do período das chuvas, faz-se a roçagem do pasto. Após quatro semanas, aplica-
se o dessecante (herbicida). Após três semanas, é feito o plantio direto da soja.
Depois da colheita da soja, planta-se, como cultura de safrinha, o sorgo ou
milheto. Plantar a soja por dois, três ou quatro anos, de acordo com a rotação das
glebas da propriedade. No último ano da lavoura, faz-se a sobressemeadura do
capim, sem revolvimento do solo.
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O plantio direto é uma tecnologia simples, de custo menor, mas envolve
uma série de componentes, entre os quais o principal fator é a mudança de
comportamento do produtor, tanto na forma de pensar, como na forma de agir. O
produtor passa a ter maior preocupação com o meio ambiente e a sua
propriedade, desenvolvendo uma agricultura sustentável, ou seja, com alta
produtividade, economicamente viável, e melhorando sua qualidade de vida, num
meio ambiente ecologicamente equilibrado.
O plantio direto apresenta muitas vantagens:
♦ maior efetividade no controle à erosão e à poluição dos rios e das represas;
♦ maior infiltração da água no solo, recarregando o lençol freático;
♦ controle de enchentes;
♦ reduz a poluição dos cursos de água;
♦ favorece a estabilidade da produção, em condições de clima irregular, devido à
maior resistência das culturas aos períodos de deficiência hídrica;
♦ favorece a retomada do plantio, após a chuva, e sua continuação por mais
dias, após a interrupção da chuva;
♦ reduz a queima das palhadas, pois a palha é fundamental para o sistema
plantio direto;
♦ reduz os custos de produção da agricultura, em até 13,8% menos do que a do
sistema convencional;
♦ reduz a migração da população rural, especialmente dos agricultores
familiares, para as cidades.
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Ao tornar a agricultura sustentável, o plantio direto traz benefícios ao meio
ambiente como um todo, tanto o rural como o urbano.
3) Tecnologias para Reduzir Queimadas em Sistemas de Agricultura Familiar
A agricultura familiar brasileira, de maneira geral, depende mais da solução
de problemas estruturais do que de novas tecnologias. Entre esses múltiplos
problemas, três são cardeais: educação, organização e energia elétrica. Não há
nenhuma comunidade rural, que tenha tido algum tipo de sucesso agro-sócio-
econômico e ambiental, que não tenha, antes, resolvido a questão educacional
dos filhos e dos adultos. Como o tamanho do negócio de cada produtor é
relativamente pequeno, torna-se difícil competir com os grandes, em que
predominam escalas econômicas de produção viáveis. A organização econômica
da produção é o único caminho para a sobrevivência produtiva, seguida da
energia elétrica, através da qual é possível entrar em contato com o mundo
globalizado, processar produtos primários, armazenar excedentes, receber
informações tecnológicas do ambiente externo, auferir mais conforto e uma
qualidade de vida mais próxima da dos urbanos.
A prática da queimada na agricultura é de responsabilidade do pequeno e
do grande agricultor. Como os pequenos são mais numerosos, recai sobre eles a
culpa pelo maior número de focos de incêndio.
O agricultor familiar, objeto dessa campanha, é tido como um produtor
familiar de transição e periférico, responsável pela prática intensa das queimadas.
Ele se caracteriza por ter pouca terra, praticar agricultura e pecuária, cultivar de 5
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a 20 produtos, ter como fator de produção principal a mão-de-obra da família, usar
pouca assistência técnica, usar tecnologia tradicional e defasada, ter baixa
produtividade e praticar uma agricultura de pousio.
Para esse segmento, que na região amazônica engloba 600 mil
estabelecimentos agropecuários, as recomendações básicas são diversificar e
intensificar a produção. Como os agricultores familiares têm sistemas de cultivo
multivariados, fazendo as mais diversas combinações de produtos, em consórcios
os mais variados, que mudam de agricultor para agricultor, e de região para
região, torna-se impraticável falar de cada uma das tecnologias a serem aplicadas
por todos eles. A partir de orientações básicas, os técnicos multiplicadores,
orientarão os produtores sobre cada sistema de produção, em particular. Caso
necessitem de informações técnicas específicas, poderão buscá-las nos diversos
centros da Embrapa, na Emater local e em instituições outras, privadas ou não,
afins nesse negócio.
Aliados a essas orientações básicas, dois instrumentos tecnológicos,
desenvolvidos pela Embrapa, são de extrema utilidade no desenvolvimento da
pequena agricultura: os Zoneamentos Agroecológicos e o Plano de
Desenvolvimento Agrícola Municipal (PDAM).
Diversificação da produção
Para minimizar os riscos e garantir a sustentabilidade do seu agronegócio,
o produtor familiar tem dois caminhos a seguir: 1) especializar-se com um produto
muito tecnificado, com alto valor agregado e garantia de mercado; 2) diversificar
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sua produção, procurando aproveitar as oportunidades de mercado, com as
possibilidades da oferta ambiental dos recursos naturais disponíveis em sua
propriedade.
Em ambas as situações, produzir é fácil. Produzir com qualidade é difícil.
Produzir com qualidade e comercializar é complicado. Produzir com qualidade,
comercializar e ganhar dinheiro é profissionalismo. Produzir com qualidade,
comercializar, ser competitivo, ganhar dinheiro e melhorar a qualidade de vida, é
um privilégio de poucos.
Por isso, é difícil ser um agricultor sustentável. Além das questões
estruturais da educação, organização e energia elétrica, duas outras são
determinantes para o sucesso do empreendimento: capacidade gerencial do
negócio e conhecimento do mercado. Gerência, entendida no sentido mais amplo:
organização do empreendimento, controle de qualidade, custo de produção e
preço competitivo. Já o mercado pode determinar o fracasso ou sucesso de um
empreendimento. Aqueles que iniciam o negócio pelo mercado, e não pela
produção, têm mais chance de sobreviver.
Sistemas agroflorestais
O que é um sistema agroflorestal? O uso de sistemas agroflorestais - ou
seja, plantios envolvendo culturas alimentares e madeireiras - é uma importante
alternativa de produção para pequenos e médios produtores. Pode melhorar a
capitalização do produtor devido à própria diversidade de culturas envolvidas. Na
Amazônia, a Embrapa desenvolveu diversos modelos agroflorestais para os
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pequenos produtores. Sua principal vantagem é definir uma programação de
plantio e colheita de forma a permitir ao agricultor manter um fluxo constante de
renda, durante todo o ano e, ainda, preservar boa parte da mata natural que cobre
seu terreno.
Um exemplo de sistema agroflorestal foi descrito no Guia Rural Embrapa,
da Editora Abril (1991): "Ele funciona da seguinte maneira: logo após a derrubada
planta-se melancia, abóbora, mandioca, hortaliças, milho, banana e feijão. No
primeiro ano, colhe-se feijão e milho. Também já são comercializadas,
imediatamente após a colheita, a melancia, abóbora, mandioca e hortaliças. No
início do segundo ano, com a banana já crescida e prestes a produzir, plantam-se
mudas de espécies florestais, como o mogno, a castanheira, o freijó, o taxi-branco,
a tatajuba, a quaruba. São plantadas, também, espécies frutíferas, como o
cupuaçu e a manga. Nas entrelinhas, ainda se produz milho, feijão e abóbora. No
segundo ano, a receita vem da banana, das hortaliças e dos cereais. No terceiro
ano, já é tempo de pensar em nova derrubada, enquanto a área antiga, que seria
mesmo abandonada, ainda continua produzindo algum cereal, mandioca e
banana. Na nova derrubada o sistema se repete. Quando ao cabo de oito anos o
produtor volta para a primeira área, ele já terá disponível uma boa quantidade de
madeira para vender".
Dois importantes projetos de exploração agroflorestal foram testados nos
Municípios de Irituia, no Pará e Nova Califórnia, no Acre (Projeto Reca), com
resultados econômicos e ambientais satisfatórios.
Antes de se fazer a introdução dessas culturas, é preciso estudar
detalhadamente o mercado consumidor, o local e o regional.
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Manejo florestal
No Pará, o comércio madeireiro se constitui a segunda fonte geradora de
divisas para o Estado, perdendo apenas para a mineração. Na microrregião de
Paragominas, a indústria da madeira gera duas vezes mais empregos do que a
pecuária. Para cada 200 hectares de floresta, um emprego é gerado. Em grande
parte da Amazônia, a exploração da floresta é feita de maneira predatória, sem
reposição, fora da lei e ainda gera focos de incêndio.
Organizar a cadeia produtiva desse segmento resolveria quatro problemas:
1 - gerar divisas para o Estado e o País; 2 - gerar empregos na região; 3 -
controlar o uso e o desmatamento da floresta; e 4 - diminuir focos de incêndio.
O princípio básico do manejo florestal resume-se em retirar e repor.
Abrange as seguintes etapas:
a) Como fazer o manejo florestal.
b) Fazer o inventário florestal e mapear o estoque de árvores, demarcando os
seus diversos estágios de desenvolvimento e aquelas prontas para a derruba, de
acordo com a lei, classificando-as nos tipos: branca, vermelha e nobre.
c) Conhecer a legislação vigente (Código Florestal – Lei 4.771/65; Dec. 1282 de
1994; Portaria do Ibama 48 de 1995; e autorizar-se, perante o Ibama, mediante
um Plano de Manejo Florestal Sustentável.
d) Conhecer o mercado para as madeiras existentes. No Pará, as madeiras mais
procuradas pelas serrarias são: maçaranduba, pequiá, tauari, angelim-vermelho,
angelim-pedra, pau-amarelo, ipê, jatobá e goiabão. Já as indústrias laminadoras
preferem: estopeiro, faveiro, amesclão e sumaúma. Os mercados consumidores,
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em ordem decrescente: Nordeste com 43%; Sudeste com 39%; Sul com 9%;
Norte e Centro-Oeste juntas com 2%; Exterior com 7%.
e) Replantar as árvores retiradas. Consultar a Emater, Embrapa, cooperativa ou
empresa especializada, sobre como produzir a muda, ou comprá-la e informar-se
sobre como plantá-la.
f) Fazer os tratos silviculturais para favorecer a regeneração e aumentar a
produtividade, tais como, corte dos cipós, anelamento, desbaste, retirada dos
galhos secos e até pragas, a cada dois anos.
g) Planejar as trilhas para transporte, a fim de que a derrubada de uma árvore não
acarrete prejuízo para muitas outras.
h) Quanto menos a mata for agredida, tanto melhor será a regeneração das
árvores.
i) Aproveitar todas as partes das árvores retiradas.
j) Fazer o controle contábil da exploração econômica e ambiental.
k) Manter vigilância e tomar precauções para evitar incêndios na área da
exploração.
Reflorestamento social
A Amazônia brasileira tem cerca de 55 milhões de hectares de áreas
alteradas, onde podem ser plantadas espécies madeireiras de crescimento rápido
para produção de celulose, madeira, laminados e carvão vegetal. Para o
reflorestamento dessas áreas, em condições de pleno sol, algumas espécies são
mais indicadas como parapará (Jacaranda copaia), morototó (Didymopanax
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morototoni), taxi-branco (Sclerolobium paniculatum), castanha-do-pará
(Bertholletia excelsa), paricá (Schyzolobium amazonicum) e araracanga
(Aspidosperma desmanthum).
Espécies fruteiras também podem ser utilizadas como banana, cupuaçu,
manga, caju, taperebá, como ainda palmáceas tais como pupunha, dendê, açaí e
coco, café, plantas medicinais e pequenos animais, entre outras, com objetivo de
atender ao consumo familiar e evitar a aquisição de itens passíveis de serem
produzidos na propriedade.
O enriquecimento de florestas secundárias ou capoeiras pode ser feito
usando as espécies freijó (Cordia goeldiana), tatajuba (Bagassa guianensis),
mogno (Swietenia macrophylla), quaruba (Vochysia maxima), andiroba (Carapa
guianensis) e morototó (Didymopanax morototoni).
Intensificação da exploração
Os pequenos proprietários queimam intencionalmente, tanto as áreas de
pastagem degradada, para limpeza e reforma da pastagem, quanto as de capoeira
(floresta secundária), onde fazem a agricultura para sua sobrevivência.
No entanto, é possível reduzir, nas pequenas propriedades, as taxas anuais
de desmatamento e a prática da queimada na Amazônia Legal. Para isso, são
necessárias opções tecnológicas adaptadas às condições sócio-econômicas dos
produtores rurais. Como políticas públicas, poderiam ser consideradas as
facilidades para aquisição de máquinas e implementos adequados à região, as
sementes e sobretudo os corretivos e fertilizantes, os quais provocariam o
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aumento da produção, permitindo a exploração continuada da mesma área e,
como conseqüência, maior controle das queimadas. Por exemplo, um pequeno
produtor, que derruba e queima dois hectares (floresta densa ou capoeira) para
plantar sua roça, e os cultiva por dois anos, deixando-os depois em descanso por
dez anos, precisa de 12 hectares de novas áreas derrubadas, até que ele volte à
primeira área. Se ao invés de cultivar a área por dois anos, novas recomendações
tecnológicas permitissem o cultivo da área por três anos, a área total necessária
para completar o ciclo seria de oito hectares, o que representa uma redução de
30% na área derrubada e queimada anualmente. Considerando que existem 600
mil pequenos produtores na Amazônia, se todos queimarem dois hectares apenas,
serão queimados anualmente 1.200.000 hectares. É extremamente promissor
investir nesse grupo de agricultores, para diminuir a taxa de queimadas.
O estudo de técnicas de manejo da vegetação secundária, a chamada
capoeira, no contexto da agricultura familiar, vem sendo realizado na Amazônia
como forma de aumentar a sustentabilidade desse sistema de produção.
Duas tecnologias já foram geradas. Uma trata do enriquecimento da
capoeira com árvores leguminosas, visando a aumentar a produção de biomassa
durante o período de pousio entre os ciclos agrícolas, com espécies como Acacia
mangium, Inga edulis e Sclerolobium paniculatum. Enriquecendo a capoeira, a
partir da fase agrícola, é possível produzir em três anos uma biomassa igual a
uma capoeira tradicional de cinco anos de idade.
A outra tecnologia alternativa à agricultura de derruba e queima, diz
respeito ao preparo de área sem o uso do fogo, por meio da trituração da
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biomassa da capoeira com a utilização de uma máquina (Tritucap), que permite
incorporar essa biomassa como cobertura da terra.
As vantagens desse método sem uso do fogo podem ser traduzidas de
diferentes maneiras: diminui a emissão de carbono para atmosfera, com redução
na contribuição do efeito estufa; permite ao agricultor o plantio em outras épocas
do ano, diferentes das atuais; e melhora as propriedades físicas, químicas e
biológicas do solo, entre outras. Mais ainda, a incorporação da capoeira como
biomassa vegetal no solo, além de ser mais adequado ao uso da terra, diminui a
pressão para a expansão agrícola sobre novas áreas de florestas.
Cobertura verde ou morta e compostos orgânicos
A introdução de cobertura verde (especialmente leguminosas, tipo
crotalária) ou cobertura morta (resíduos de culturas não queimadas) e fabricação
de compostos orgânicos são tecnologias de baixo custo, que abreviam o tempo de
recuperação da capoeira, aumentando o volume de biomassa.
Maior uso de corretivos e fertilizantes
Há uma enorme vantagem no uso das tecnologias intensivas, como
adubação e correção do solo, permitindo o cultivo na mesma área por vários anos.
Elas também são imprescindíveis para o sucesso da exploração de vários
produtos recomendados e cultivados na região, desde as culturas tradicionais de
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arroz, feijão, milho e pimenta, até culturas nativas, como as frutas amazônicas, a
pimenta longa e o guaraná, entre outras.
Maior produtividade das pastagens
A intensificação da agricultura traz como conseqüência a melhoria das
pastagens dos pequenos produtores. Ao fazerem a rotação das áreas utilizadas
com agricultura intensiva com pastagens, cujo solo teve sua fertilidade melhorada,
usando fertilizantes e corretivo, o produtor terá pastagens mais produtivas e
duradouras. O aumento da produtividade das pastagens vai contribuir
decisivamente para evitar a tradicional prática do uso do fogo, para limpeza das
pastagens. Com os anos, os ganhos para o ambiente e o solo serão expressivos,
além de fixar o homem no campo.
Cultivo intensivo de produtos recomendados
Todas as atividades a serem exploradas precisam de uma boa análise e de
estudo do mercado, assistência técnica qualificada, controle de qualidade,
constância na oferta, e, por fim, crédito garantido.
Para a região Amazônica, o leque de produtos que podem ser cultivados é
grande, destacando-se os seguintes: produção de essências florestais nativas e
exóticas; produção de plantas medicinais; produção de frutas nativas e exóticas
(cupuaçu, acerola, mangostão, laranja, banana); produção de mudas; seringueira
em áreas de escape; apicultura; produção de pupunha, para palmito; produção de
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pimenta-do-reino; produção de castanha do brasil; produção de pimenta longa
para extração de óleo de safrol; produção de abacaxi; produção de caju; produção
de açaí para sucos e palmito; produção de cacau; produção de guaraná; produção
de café; produção de dendê; produção de castanha-do-brasil; produção de
urucum; produção de peixe; criação de pequenos animais.
Para cada um desses produtos, as Unidades da Embrapa na Amazônia
Legal dispõem de informações tecnológicas. Ajustes deverão ser feitos, de acordo
com as regiões e os sistemas de cultivos adotados por cada produtor.
Zoneamento agroecológico
O zoneamento agroecológico é um dos instrumentos mais úteis para
orientar os agricultores sobre como utilizar bem os recursos naturais de sua
propriedade e minimizar os riscos econômicos e ambientais. O zoneamento
orienta sobre o melhor período de plantar, o local mais adequado para a
agricultura e a pecuária, a localização da reserva ambiental, a proteção de fontes
e dos mananciais de água e orienta sobre como diminuir os riscos de degradação
de solos.
A disponibilidade de mapas, em escalas adequadas, ainda não é de fácil
acesso para todos os municípios do país. Entretanto, é uma metodologia
completamente dominada pela Embrapa e por outras instituições de pesquisas,
que usam instrumental de alta tecnologia para elaboração de mapas, com relativa
rapidez.
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Programa de Desenvolvimento Agrícola Municipal (PDAM)
O Programa de Desenvolvimento Agrícola Municipal (PDAM) é um software
desenvolvido pela Embrapa Informática, que, aliado ao zoneamento
agroecológico, permite o planejamento agrícola do município, ou parte dele,
considerando sua diversidade agroambiental e sócio-econômica, e acompanhando
o desempenho agropecuário e ambiental do município.
Trata-se de um instrumento estratégico de fácil acesso e manuseio,
necessitando apenas de um computador simples e um técnico treinado. O sistema
permite e orienta a coleta de dados, o armazenamento, tratamento, a análise e
sintetização de informações, para ajudar os tomadores de decisão da agricultura
local. Pode ser usado por prefeituras, sindicatos rurais, cooperativas ou
associações de produtores.
4) Como Queimar: A Queimada Controlada
A produção agrícola na Amazônia exige a remoção da floresta ou da
vegetação secundária, o que significa desmatar e queimar. Queimar é o sistema
mais barato para limpar uma área, por isso, é a solução mais adotada. Mas
queimar não significa incêndio. Incêndio é a queimada sem controle. Na
impossibilidade de se evitar o fogo completamente, há que se orientar
tecnicamente as queimadas necessárias.
A queimada controlada é uma técnica mundialmente utilizada para a
prevenção de incêndios, só realizada com autorização do órgão competente. Além
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de eliminar a matéria seca dos desmatamentos, ou o excesso de forragem seca,
ou macega, das pastagens nativas e cultivadas, a queimada orientada tem a
grande função de servir como barreira para os incêndios naturais ou provocados
pelo homem.
A queima controlada só deve ser realizada em áreas definidas, com
isolamento prévio através de aceiros, onde o fogo orientado é utilizado como
ferramenta para consumir a macega ou o excesso de material combustível.
Funciona como um método barato de limpeza das pastagens nativas, favorecendo
a rebrota e a germinação de sementes e melhorando o valor nutritivo e o consumo
de forragem pelos animais domésticos e silvestres.
Aceiros
Aceiros são faixas, ao longo das cercas ou divisas, cuja vegetação foi
completamente removida da superfície do solo, com grade ou lâmina acoplada ao
trator, ou com ferramentas manuais, com a finalidade de prevenir a passagem do
fogo e a ocorrência de incêndios indesejáveis.
Os aceiros são feitos manual ou mecanicamente, dependendo do tamanho
da área ou propriedade a ser protegida, e da disponibilidade de máquinas e/ou
mão-de-obra. Ao longo das cercas, é recomendável que se limpe uma faixa de,
pelo menos, 2 metros de largura, em ambos os lados, para proteger o arame,
evitar a queima de estacas e balancins e reduzir ao mínimo a chance de perder o
controle do fogo.
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Em áreas de capoeira ou mato e, também, em pastagens, são feitas 2
faixas limpas, de 2 metros de largura cada, entremeadas por uma faixa com
vegetação de 4 metros. Primeiro, queima-se esta faixa com vegetação e depois
queima-se o restante da área. Essa técnica evita que o fogo ultrapasse o aceiro,
provocando incêndios. Como na confecção desse tipo de aceiro se utiliza a
queima controlada, é necessária a licença do órgão competente, para o uso do
fogo.
Os aceiros devem ser feitos no início do período seco, quando a vegetação
começa a secar. É a época recomendada para prevenir a entrada do fogo em
pastagens e nas matas. Recomenda-se fazer os aceiros ao longo de cercas
divisórias com outras fazendas, cercas divisórias de pastos ou invernadas, dentro
da fazenda e ao longo das cercas, junto a estradas rodoviárias.
Dez Mandamentos da Queimada Controlada
Para se queimar com racionalidade, é preciso seguir os Dez Mandamentos
da Queimada Controlada:
1. Obter autorização do Ibama para queima controlada. Documentos necessários:
a) Comprovante de propriedade ou de justa posse do imóvel onde se realizará a
queima; b) Cópia da autorização de desmatamento quando legalmente exigida; c)
Comunicação de queima controlada.
2. Reunir e mobilizar os vizinhos, para fazer queimada controlada e em mutirão,
de maneira que um possa ajudar o outro. Assim, o calor será menor e o solo será
menos impactado com a temperatura.
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3. Evitar queimar grandes áreas de uma só vez, pois as distâncias dificultam o
controle do fogo.
4. Fazer aceiros, observando as características do terreno e altura da vegetação.
Em terreno inclinado, o fogo se alastra mais rapidamente, devendo-se construir
valas na parte mais baixa, para evitar que o material em brasa saia da área
queimada. A largura dos aceiros deve ser 2,5 vezes a altura da vegetação em
regiões de pastagens e/ou Cerrado ou, no mínimo, 3 metros, para o caso de
queima controlada.
5. Limpar completamente o aceiro, sem deixar restos de folhas ou paus, de
qualquer natureza, no meio da faixa.
6. Prestar atenção à força e direção do vento, à umidade e às chuvas. Só queimar
quando o vento estiver fraco. Nunca comece um fogo na direção contrária dos
ventos. Inicie no sentido dos ventos. Se a queima for realizada após as primeiras
chuvas, é possível evitar o risco de o fogo escapar e evitar os danos causados
pelo acúmulo de fumaça no ar.
7. Queimar em hora fria. De manhã cedo, no final da tarde, ou à noitinha, é mais
seguro, pois a temperatura é mais baixa e a vegetação está mais úmida.
8. Nunca deixe árvores altas, sem serem cortadas, no meio da área a ser
queimada. Elas demorarão a queimar, permitindo que o vento jogue fagulhas à
distância, provocando incêndios em áreas vizinhas, sobretudo, se forem
pastagens.
9. Permaneça na área da queimada, após o fogo, pelo menos, por duas horas, a
fim de verificar se não haverá pequenos focos de incêndio, na vizinhança,
provocados pelos ventos.
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10. Tenha sempre disponível, para ser utilizado, em caso de ter de controlar o
fogo, o seguinte material: a) enxada; b) abafador; c) foice; d) bomba costal; e)
baldes com água.
Fontes: http://www.agricultura.gov.br; www.embrapa.br; www.planalto.gov.br –
agosto de 2002.
O PAPEL DO QUÍMICO EM RELAÇÃO ÀS QUEIMADAS
Atualmente as modernas técnicas de análises de várias classes de
compostos em diversas matrizes ambientais possibilitam aos químicos a
determinação de substâncias tóxicas aos níveis de traços inclusive no ar. Esses
análises são de extrema importância na avaliação da qualidade de determinada
região, possibilitando a tomada de medidas tanto de controle quanto de melhoria
da qualidade de vida da população.
Neste contexto, o químico é responsável pela constatação, investigação,
determinação e análises de compostos altamente nocivos (como hidrocarbonetos)
liberados ao meio-ambiente pelas queimadas urbanas ou mesmo rurais. Uma vez
constatado o problema, cabe aos órgãos competentes a aplicação de advertências
ou multas no intuito de minimizar os efeitos ou acabar com os mesmos.
Infelizmente, no Brasil, sabemos que processos ambientais andam
atrelados a vontades pessoais de pessoas responsáveis pelos órgãos
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teoricamente incumbidos da fiscalização, o que dificulta e, às vezes, impede que
danos ambientais e sociais sejam sanados.