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Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Estratégias de coleta, armazenamento e processamento de amostras de leite bovino para realização do teste de prenhez Helen Krystine da Silva Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestra em Ciências. Área de concentração: Ciência Animal e Pastagens Piracicaba 2016

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Universidade de São Paulo

Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”

Estratégias de coleta, armazenamento e processamento de amostras de leite

bovino para realização do teste de prenhez

Helen Krystine da Silva

Dissertação apresentada para obtenção do título de

Mestra em Ciências. Área de concentração: Ciência

Animal e Pastagens

Piracicaba

2016

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Helen Krystine da Silva

Zootecnista

Estratégias de coleta, armazenamento e processamento de amostras de leite bovino para

realização do teste de prenhez

Orientador:

Prof. Dr. PAULO FERNANDO MACHADO

Dissertação apresentada para obtenção do título de

Mestra em Ciências. Área de concentração: Ciência

Animal e Pastagens

Piracicaba

2016

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

DIVISÃO DE BIBLIOTECA - DIBD/ESALQ/USP

Silva, Helen Krystine da Estratégias de coleta, armazenamento e processamento de amostras de leite bovino

para realização do teste de prenhez / Helen Krystine da Silva. - - Piracicaba, 2016. 67 p. : il.

Dissertação (Mestrado) - - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”.

1. Amostras de leite 2. Bovinos 3. Diagnóstico de prenhez 4. ELISA 5. PAG 6. Reprodução I. Título

CDD 636.214 S586e

“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”

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Aos meus pais e avós pelo amor e apoio incondicional.

Dedico

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AGRADECIMENTOS

À Deus, por iluminar meu caminho e me guiar sempre onde quer que eu esteja.

À minha família, pelo amor incondicional e por acreditarem sempre nos meus sonhos,

não medindo esforços para que eu pudesse alcançá-los. Se hoje aqui estou devo tudo à vocês.

Amo muito vocês.

Ao meu namorado Horácio Luis de Lima, por fazer parte da minha vida, por apoiar e

incentivar todas as minhas escolhas e decisões, pela dedicação, carinho e cumplicidade. Que

assim seja sempre.

Ao Prof. Dr. Paulo Fernando Machado, pela orientação e pela confiança depositada no

meu trabalho ao longo destes dois anos.

Ao Dr. Laerte Dagher Cassoli, pelo auxílio indispensável em todas as etapas deste

projeto.

Ao Prof. Dr. José Pantoja e ao Dr. Pedro Cerqueira, pelo suporte estatístico.

Ao Prof. Antonio Bianchi, pelo auxílio com as traduções.

À toda a equipe da Clínica do Leite, tanto funcionários quanto aos alunos da pós, pelo

apoio e amizade durante este período.

À Andrea Carneiro e a Paula Fernandes, pelo treinamento indispensável para a

realização deste projeto.

À fazenda do Centro Técnico da Esalq e à Fazenda Santo Antônio, por permitir a

coleta das amostras, sem as quais não seria possível a execução deste trabalho.

À Capes, pelo auxílio financeiro.

À Tatiane B. Coitinho, João Pedro e Natália Milani, minha família de Piracicaba, é

sempre bom poder contar com vocês.

Meu muito obrigada.

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“Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar no

sonho que se tem...”

(Renato Russo)

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SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................................................. 11

ABSTRACT ............................................................................................................................. 13

LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. 15

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................. 17

LISTA DE QUADROS ............................................................................................................ 19

LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ........................................................................ 21

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 23

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................. 25

2.1 Glicoproteínas associadas à prenhez .................................................................................. 25

2.2 Coleta de amostras de leite para análise laboratorial .......................................................... 29

2.3 Variações na composição da amostra de leite .................................................................... 30

2.3.1 Influência do intervalo e do período no qual a ordenha é realizada ................................ 30

2.3.2 Influência da temperatura e do tempo de armazenamento .............................................. 32

2.3.3 “Efeito de arraste” no medidor de ordenha e no processamento laboratorial da amostra33

3 OBJETIVOS E HIPÓTESE .................................................................................................. 37

3.1 Objetivo geral ..................................................................................................................... 37

3.1.1 Objetivos específicos ....................................................................................................... 37

3.2 Hipótese .............................................................................................................................. 37

4 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................... 39

4.1 Experimento 1 .................................................................................................................... 39

4.1.1 Coleta das amostras de leite............................................................................................. 39

4.2 Experimento 2 .................................................................................................................... 40

4.2.1 Coleta das amostras de leite............................................................................................. 40

4.3 Experimento 3 .................................................................................................................... 41

4.3.1 Coleta das amostras de leite............................................................................................. 41

4.3.2 Temperatura de armazenamento ...................................................................................... 41

4.3.3 Tempo entre a coleta e a análise ...................................................................................... 41

4.4 Experimento 4 .................................................................................................................... 42

4.4.1 Coleta das amostras de leite............................................................................................. 42

4.4.2 Processamento das amostras de leite ............................................................................... 42

4.5 Experimento 5 .................................................................................................................... 43

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4.5.1 Coleta das amostras de leite ............................................................................................ 43

4.5.2 Processamento das amostras de leite .............................................................................. 43

4.6 Determinação de PAG ....................................................................................................... 44

4.7 Análise estatística ............................................................................................................... 48

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 51

5.1 Influência do período do dia no qual a coleta foi realizada ............................................... 51

5.2 Influência do “efeito de arraste” nos medidores de leite e nos equipamentos de análise

laboratorial ........................................................................................................................ 52

5.3 Influência do tempo e das condições de armazenamento .................................................. 56

5.4 Influência do pré-aquecimento........................................................................................... 58

5.5 Cosiderações finais ............................................................................................................ 58

6 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 61

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 63

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RESUMO

Estratégias de coleta, armazenamento e processamento de amostras de leite bovino para

realização do teste de prenhez

A utilização de amostras de leite para a realização do diagnóstico precoce de prenhez

em bovinos tem se tornado uma alternativa relevante para propriedades produtoras de leite,

principalmente nas quais o suporte técnico é limitado. Atualmente, muitas fazendas coletam

amostras de leite para avaliação da sanidade da glândula mamária e/ou para controle

nutricional. Eventualmente, a utilização desta mesma amostra para a realização do teste de

prenhez, viabilizaria o processo de coleta e diminuiria os custos com materiais e transporte

destas amostras. Porém, ainda não se tem conhecimento de como o processamento da amostra

de leite, desde a coleta até a análise laboratorial, pode afetar os resultados do teste de prenhez.

Desta forma, o objetivo do presente estudo foi avaliar os efeitos de estratégias de coleta,

armazenamento, conservação e processamento das amostras de leite sobre os resultados do

teste de prenhez. Para isso, foram realizados 5 experimentos. No experimento 1, que avaliou o

efeito do período do dia no qual a amostra foi coletada, foram utilizadas amostras de 51

animais (duas amostras por animal, uma obtida na ordenha da manhã e outra na ordenha da

tarde). No experimento 2, que avaliou a ocorrência do “efeito de arraste” no medidor de leite

do equipamento de ordenha, foram utilizadas amostras de leite de 94 animais pertencentes a

duas fazendas distintas. De cada animal foram obtidas duas amostras de leite, uma direto do

teto antes do início da ordenha e outra do medidor de leite ao término desta. No experimento

3, que avaliou o impacto das condições e do tempo de armazenamento das amostras de leite,

40 amostras foram coletadas e divididas em 4 idades (0, 3, 6 e 9 dias entre a coleta e a análise)

e 2 temperaturas de armazenamento (ambiente e refrigerado). No experimento 4, que avaliou

o efeito do pré-aquecimento das amostras de leite, o teste de prenhez foi realizado em 14

amostras que haviam sido submetidas ao banho-maria. Enquanto que, no experimento 5, que

avaliou a ocorrência do “efeito de arraste” nos equipamentos de análise laboratorial, amostras

de leite de 11 animais foram submetidas primeiro à análise de qualidade e depois ao teste de

prenhez. Para verificar a existência de impacto de todos estes fatores, o coeficiente kappa foi

calculado utilizando o software R. Como resultado, a coleta da amostra de leite na ordenha da

manhã ou na ordenha da tarde não afetou os resultados do teste de prenhez. As concentrações

de PAG das amostras coletadas na fazenda 2 sofreram maior influência do “efeito de arraste”

quando comparadas as amostras obtidas na fazenda 1. Os níveis de PAG não apresentaram

variação quando analisadas até 9 dias após a coleta, armazenadas tanto na temperatura

ambiente como na refrigerada. O pré-aquecimento das amostras no banho-maria e a

submissão aos equipamentos laboratoriais para análise de qualidade também não afetaram os

níveis de PAG e nem os resultados do teste de prenhez.

Palavras-chave: Amostras de leite; Bovinos; Diagnóstico de prenhez; ELISA; PAG,

Reprodução.

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ABSTRACT

Strategies for collection, storage and processing of cow milk samples for the pregnancy

test

The use of milk samples to perform the early pregnancy diagnosis in cattle has become

an important alternative for dairy farms, especially when the technical support is limited.

Currently, many farms use milk samples to evaluate the health of the mammary glands and

the nutritional status of dairy cows. Eventually, the use of the same sample to make the

pregnancy test could facilitate the collection process and decrease costs of materials and

transport of samples. However, there is not enough knowledge about how processing the

samples, from collection to laboratorial analysis, can affect the results of the pregnancy test.

Therefore, the objective of the present study was to evaluate the effects of strategies of

collecting, storing, conserving and processing milk samples on the results of the pregnancy

test. For that purpose, five experiments were carried out. In experiment 1, the effect of the

period of the day when the samples were collected is evaluated, samples of 51 animals were

used (two samples per animal, one from the morning milking and another from the afternoon

milking). In experiment 2, it was evaluated the carryover in the milk meter of the milking

equipment, milk samples of 94 animals belonging to two different farms were used. Two

samples were obtained from each animal, one collected directly from the tit before milking

and the other by the meter at the end of milking. In experiment 3, it was evaluated the impact

of different conditions: storage time and temperature of milk samples, 40 samples were

collected and divided into four ages (0, 3, 6 and 9 days between collection and analysis) and

two storage temperatures (ambient and refrigerated). In experiment 4, which evaluated the

effect of pre-heating the milk samples, the pregnancy test was performed on 14 samples that

had been subjected to water bath. In experiment 5, it was evaluated the occurrence of the

carryover in laboratory analysis equipment, samples from 11 animals were first submitted to

the milk quality analysis and after to the pregnancy test. To check the impact of all these

factors, the kappa was calculated using the software R. The results show that sampling the

milk in the morning or afternoon did not affect the results of the pregnancy test. PAG

concentrations of samples collected on farm 2 had a greater influence on carryover compared

to samples from farm 1. PAG levels did not show variation when analyzed until 9 days after

collection, storage in ambient temperature or refrigerated. Preheating the samples in water

bath and test in laboratory equipment of quality analysis also did not affect PAG levels or the

results of the pregnancy test.

Keywords: Cattle; ELISA; Milk samples; PAG; Pregnancy diagnosis; Reproduction.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Distribuição de controles e amostras de leite na placa. Coluna 1: poços A e B,

controles negativos; C e D, controles positivos .................................................... 44

Figura 2 - Incubação da placa a 37° (120 min. e 450 rpm) ...................................................... 45

Figura 3 - Etapa de lavagem da placa ....................................................................................... 45

Figura 4 - Etapa de pipetagem da solução detectora ................................................................ 46

Figura 5 - Teste de ELISA mostrando a coloração azul das amostras reagentes a PAG na etapa

pós-incubação com substrato TMB ....................................................................... 46

Figura 6 – Resultado final do teste onde a coloração amarela das amostras indica a presença

de PAG .................................................................................................................. 47

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Resultados do teste de ELISA realizado em amostras de leite coletadas no período

da manhã e no período da tarde ............................................................................. 51

Tabela 2 - Resultados do teste de ELISA realizado em amostras de leite coletadas na Fazenda

1 ............................................................................................................................. 53

Tabela 3 - Resultados do teste de ELISA realizado em amostras de leite coletadas na Fazenda

2 ............................................................................................................................. 54

Tabela 4 - Resultados do teste de ELISA realizado em amostras de leite processadas pelo

equipamento 1 antes do teste de prenhez comparados aos das amostras controle 56

Tabela 5 - Resultados do teste de ELISA realizado em amostras de leite de 9 dias

armazenadas à temperatura ambiente comparados aos das amostras controle ...... 57

Tabela 6 - Resultados do teste de ELISA realizado em amostras de leite que sofreram pré-

aquecimento durante 30 minutos à 40°C comparados aos das amostras controle . 58

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Fórmulas utilizadas para o cálculo da validação do teste e interpretação dos

resultados ............................................................................................................ 47

Quadro 2 - Interpretação dos valores do coeficiente de kappa ................................................. 49

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LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

% - Porcentagem

ºC - Grau Celsius

CCS – Contagem de células somáticas

D0 – Dia zero

D3 – Dia três

D6 – Dia seis

D9 – Dia nove

ELISA – Ensaio imunoenzimático

EQ1 – Equipamento um

EQ2 – Equipamento dois

EQ3 – Equipamento três

FZ1 – Fazenda um

FZ2 – Fazenda dois

h – Hora

K – Coeficiente Kappa

L – Litros

µg – Micrograma

µL – Microlitro

mL – Mililitro

min – Minutos

ng – Nanograma

nm – Nanómetro

OD – Densidade óptica

PAG – Glicoproteínas associadas à prenhez

PSP60 – Proteína do soro prenhe

PSPB – Proteína-b específica da prenhez

RIA – Radioimunoensaio

rpm – Rotações por minuto

TMB – Substrato tetrametilbenzidina

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1 INTRODUÇÃO

A coleta, transporte, conservação e processamento de forma correta das amostras de

leite, são fatores indispensáveis para a realização de análises laboratoriais e consequente

obtenção de resultados representativos sobre o rebanho em questão. Além das análises de

controle de qualidade rotineiramente realizadas, as amostras de leite também podem ser

utilizadas em testes adicionais que trazem benefícios aos produtores, técnicos e laboratórios,

como é o caso do teste precoce de prenhez em bovinos.

A detecção do status reprodutivo de forma precoce e precisa, é uma ferramenta

indispensável na otimização dos processos produtivos e reprodutivos essenciais em rebanhos

leiteiros, visto que, a lucratividade desta atividade depende principalmente da produção de

leite e consequentemente dos índices reprodutivos destes animais (GREEN et al., 2009;

LAWSON et al., 2014; WHITLOCK; MAXWELL, 2008). Desta forma, biotécnicas

reprodutivas eficientes tornam-se imprescindíveis para que estes resultados possam ser

alcançados.

As técnicas comumente utilizadas para a detecção do status reprodutivo de bovinos

envolvem a palpação retal e a ultrassonografia transretal (LAWSON et al., 2014; SILVA et

al., 2007; WHITLOCK; MAXWELL, 2008). A aplicação destas, exige profissionais treinados

e capacitados para sua correta execução (HAN et al, 2012). Ensaios laboratoriais capazes de

detectar substâncias produzidas durante o período gestacional estão sendo cada vez mais

difundidos, exemplo disso é o teste de prenhez em amostras de leite que detecta e mensura

glicoproteínas associadas à prenhez (PAG) (FRIEDRICH; HOLTZ, 2010; GAJEWSKI et al.,

2008; LAWSON et al., 2014; LEBLANC, 2013) a partir do 28° dia pós-concepção (GREEN

et al., 2005). Estes ensaios apresentam alta sensibilidade, especificidade e precisão quando

utilizados como diagnóstico de prenhez (GAJEWSKI et al., 2008; LAWSON et al., 2014;

LEBLANC, 2013), tornando-se assim, uma boa alternativa para propriedades onde o suporte

técnico é limitado (HAN et al., 2012).

Em ruminantes as PAG são sintetizadas durante todo o período gestacional, nas

células mono e binucleadas do trofoblasto materno, a partir do momento da implantação

embrionária (KLISCH et al., 2006, SOUSA et al., 2006). Estas glicoproteínas migram em

direção ao epitélio uterino e são liberadas na corrente sanguínea materna, o que permite que

sejam mensuradas no sangue (soro ou plasma) e no leite através da utilização de ensaios

laboratoriais específicos, como o radioimunoensaio (RIA) e o ensaio imunoenzimático

(ELISA) (FRIEDRICH; HOLTZ, 2010; GAJEWSKI et al., 2008; GREEN et al., 2005; HAN

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et al., 2012; LAWSON et al., 2014; LEBLANC, 2013; MIALON et al., 1994; SASSER et al.,

1986; ZOLI et al., 1992).

A utilização de métodos laboratoriais enzimáticos de detecção e mensuração destas

PAG, como diagnóstico de prenhez bovino, traz benefícios ao produtor no que se refere à

minimização da mão-de-obra e do tempo gasto com o manejo dos animais para a realização

deste diagnóstico, quando este é comparado à realização da ultrassonografia ou da palpação

retal (HAN et al., 2012). A amostra de leite utilizada na realização do teste pode ser coletada

durante a rotina normal de ordenha, sem causar estresse, injúrias e aumento das chances de

perda embrionária ou fetal, pelo excesso de manipulação do trato reprodutivo (HAN et al.,

2012; LAWSON et al., 2014).

Com o recente desenvolvimento de um ensaio comercial em forma de kit, que utiliza a

metodologia de ELISA na detecção e mensuração das PAG, a utilização do teste de prenhez

em amostras de leite se tornou mais simples e aplicável (LAWSON et al., 2014; LEBLANC,

2013). O único empecilho na aplicação deste teste é que, por se tratar de uma metodologia

comercialmente nova, recomendações de coleta, transporte, armazenamento e processamento

das amostras de leite ainda não foram estabelecidas.

A qualidade das amostras de leite que são submetidas à análise laboratorial podem

sofrer influência da forma pela qual são coletadas, conservadas, transportadas, armazenadas,

processadas e de possíveis “efeitos de arraste” que causam contaminação e/ou diluição das

amostras (CASSOLI; MACHADO, 2006; LØVENDAHL; BJERRING, 2006; MEYER,

2003). Por esta razão, diversos manuais descrevem os procedimentos que devem ser seguidos

para garantir que as amostras submetidas as análises laboratoriais de qualidade sejam

realmente representativas (CASSOLI; MACHADO, 2006; DIAS; ANTES, 2012). Porém,

ainda não se tem conhecimento se estas mesmas recomendações, já estabelecidas para

análises de qualidade, podem também ser aplicadas às amostras que são utilizadas no teste de

prenhez.

Em função do exposto, o presente trabalho teve como objetivo verificar estratégias de

coleta, armazenamento e processamento de amostras de leite que são submetidas ao teste de

prenhez, e avaliar se estes métodos se assemelham aos aplicados às amostras utilizadas nas

análises de qualidade, o que permitiria a utilização de uma única amostra para a realização de

todos estes testes, facilitando o manejo de coleta e reduzindo os custos com material e

transporte.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Glicoproteínas associadas à prenhez

As glicoproteínas são descritas como proteínas conjugadas, ou seja, proteínas que

possuem componentes químicos associados permanentemente aos seus aminoácidos

(NELSON; COX, 2011). As glicoproteínas associadas à prenhez (PAG) são proteínas

pertencentes a grande família polimórfica das proteases aspárticas, expressas na placenta de

mamíferos ungulados da ordem Artiodactyla (FRIEDRICH; HOLTZ, 2010; GARBAYO;

SERRANO; LÓPEZ-GATIUS, 2008; XIE et al., 1997).

As PAG, também conhecidas como “proteína-B específica da prenhez” (PSPB)

(BUTLER et al., 1982) ou “proteína do soro prenhe” (PSP60) (MIALON et al., 1994) foram

descritas pela primeira vez em bovinos por Butler et al. (1982), como antígenos placentários

presentes nos extratos cotiledonares e no soro do sangue da mãe logo após a implantação

embrionária.

Em ruminantes as PAG são sintetizadas nas células coriônicas mono e binucleadas

trofoblásticas a partir da implantação embrionária e migram em direção ao epitélio uterino ao

longo de toda a gestação, sendo assim liberadas na circulação sanguínea materna (KLISH et

al., 2006, SOUSA et al., 2006).

Diferenças entre as PAG são detectadas quanto ao peso molecular, sequência de

aminoácidos, sequência genética e grau de glicosilação (KLISCH et al., 2006; XIE et

al.,1997). Estima-se que em ruminantes mais de 100 genes sejam expressos para PAG, porém,

sabe-se que alguns são e permanecem inativos (XIE et al., 1997).

Pelo menos 22 tipos de cDNA codificantes para diferentes PAG bovinas já foram

identificadas (GARBAYO et al., 2008; GREEN et al., 2000). Análises filogenéticas indicam

que as PAG podem ser classificadas em duas categorias, ambas com funções pouco

conhecidas (GREEN et al., 2000). A categoria de PAG tipo um (PAG-1), secretada no

organismo materno, pode ser encontrada no interior das carúnculas, podendo assim atuar

como barreira física e ou imunológica de proteção ao concepto, enquanto que, a categoria de

PAG tipo dois (PAG-2), é encontrada entre o trofoectoderma e o epitélio uterino, podendo

desempenhar papel na placentogênese (SOUSA et al., 2006; WOODING; ROBERTS;

GREEN, 2005).

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Embora as PAG sejam expressas durante todo o período gestacional, existe uma

variação na taxa de expressão destas proteínas, tanto espacialmente quanto temporalmente, de

forma que, algumas delas são encontradas em apenas alguns estágios da gestação, enquanto

outras, podem ser encontradas durante todo o período gestacional (GREEN et al., 2000).

Infelizmente, a origem destas variações ainda é desconhecida (GARBAYO; SERRANO;

LÓPEZ-GATIUS, 2008; GREEN et al., 2000).

As concentrações de PAG podem ser detectadas e mensuradas no tecido placentário,

nos fluídos fetais, no leite e no soro ou plasma de vacas prenhes (BUTLER et al., 1982;

FRIEDRICH; HOLTZ, 2010; GREEN et al., 2000; LAWSON et al., 2014; LEBLANC, 2013;

SASSER et al., 1986; ZOLI et al., 1991). No soro materno, as PAG podem ser detectadas tão

cedo quanto 15 dias pós-concepção, através da utilização de ensaios imunológicos

(GARBAYO; SERRANO; LÓPEZ-GATIUS, 2008). Tal fato despertou interesse na aplicação

de metodologias que detectem PAG e utilizem a determinação de seus níveis como

diagnóstico precoce de prenhez.

Nos últimos 30 anos, a partir da purificação da primeira PAG (BUTLER et al., 1982),

testes imunológicos têm sido desenvolvidos com o objetivo de melhorar a precisão e

consequentemente a eficácia do diagnóstico de prenhez precoce em ruminantes

(FRIEDRICH; HOLTZ, 2010; GREEN et al., 2005; MIALON et al., 1994; SASSER et al.,

1986; ZOLI et al., 1992). Os primeiros métodos desenvolvidos para a detecção de PAG

utilizavam técnicas de radioimunoensaio (RIA) que permitiam a mensuração destas proteínas

no soro e no plasma de vacas prenhes (MIALON et al., 1994; SASSER et al., 1986; ZOLI et

al., 1992).

O primeiro RIA desenvolvido para detectar PAG bovina, foi descrito por Sasser et al.

(1986). Este foi capaz de mensurar os níveis da proteína-B específica da prenhez no soro de

vacas prenhes do 24° dia pós-concepção até o 21° dia após o parto. Este teste sorológico

mostrou-se preciso e específico para detectar prenhez em bovinos, além de trazer benefícios

quando comparado ao teste de progesterona no leite comumente utilizado na época, que se

mostrava preciso apenas na detecção de vacas vazias (MIALON et al., 1994; SASSER et al.,

1986). Estes achados estimularam o desenvolvimento de mais estudos para verificar a

eficiência e a precocidade de aplicação do teste (MIALON et al., 1994; SZENCI et al., 1998;

ZOLI et al., 1992).

Posteriormente, Zoli et al. (1992), desenvolveram um RIA sensível e específico para a

mensuração de PAG em extratos placentários, soro ou fluídos fetais, e soro ou plasma de

vacas prenhes. Com a utilização deste teste, foi possível detectar PAG a partir do 28° dia pós-

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concepção com uma precisão de 93% para vacas prenhes e de 98% para vacas vazias. Quando

realizado do 29° ao 30° dia pós-concepção, o teste apresentou uma sensibilidade que variou

de 95,2% à 100% (SZENCI et al., 1998). Quando a concordância entre os resultados do RIA e

da ultrassonografia foram comparados, o índice kappa foi igual a 0,85 (κ = 0,85) o que

corresponde a um alto grau de concordância entre os dois testes (SILVA et al., 2007).

Técnicas de ensaio imunoenzimático (ELISA) também podem ser utilizadas para a

detecção de PAG no soro e no plasma materno bovino (FRIEDRICH; HOLTZ, 2010; GREEN

et al., 2005; GREEN et al., 2009). Este método permitiu a detecção de PAG a partir do 25°

(GREEN et al., 2009), 27° (SILVA et al., 2007) e 28° dia pós concepção (GREEN et al.,

2005). A precisão do teste foi de 96% quando realizado a partir do 25° dia e próximo aos 98%

quando realizado a partir do 30° dia pós-concepção (GREEN et al., 2009). A sensibilidade e a

especificidade do teste em detectar a prenhez foi de 99,8% e 91,9% respectivamente (GREEN

et al., 2009).

Além dos testes de detecção no soro e no plasma materno bovino, os níveis de PAG

também podem ser mensurados em amostras de leite através da utilização de testes de RIA ou

ELISA e os resultados destes também podem ser empregados como diagnóstico de prenhez

(FRIEDRICH; HOLTZ, 2010; GAJEWSKI et al., 2008; GONZÁLEZ et al., 2001; LAWSON

et al., 2014; LEBLANC, 2013).

O primeiro RIA desenvolvido para a detecção de prenhez utilizando amostras de leite

foi descrito por González et al. (2001). As PAG puderam ser detectadas em amostras de leite

de cabra a partir do 21° dia pós-concepção, sendo que no 32° dia o teste já apresentava 100%

de precisão na detecção tanto das cabras prenhes como das vazias. No leite bovino, utilizando

RIA, as PAG puderam ser detectadas a partir do 28° dia pós-concepção (GAJEWSKI et al.,

2008).

Friedrich e Holtz (2010) estabeleceram um método de ELISA capaz de mensurar as

PAG no leite bovino. A utilização deste teste no diagnóstico precoce de prenhez apresentou

alta sensibilidade (99,2%), especificidade (100%) e precisão (99,5%) quando realizado a

partir do 30° dia pós-concepção (LAWSON et al., 2014). Quando comparado aos resultados

apresentados na ultrassonografia, o índice kappa foi igual a 0,98 (κ = 0,98), o que corresponde

a um alto grau de concordância entre os dois testes, quando estes foram realizados a partir do

33° dia pós-concepção (LAWSON et al., 2014).

A detecção das PAG, tanto no plasma quanto no leite, quando realizada em intervalos

semanais, também pode ser utilizada como indicador de morte embrionária ou

desenvolvimento fetal anormal em bovinos (CHAVATTE-PALMER et al., 2006;

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GAJEWSKI et al., 2008; HEYMAN et al., 2002; LAWSON et al., 2014; LÓPEZ-GATIUS et

al., 2007c). López-Gatius et al. (2007b), verificaram que se o nível de PAG plasmática for

alto aos 35 dias pós-concepção e sofrer uma queda por volta dos 60 dias, pode indicar que a

vaca sofreu perda fetal ou que sofrerá subsequentemente.

Os níveis de PAG aumentam durante todo o período gestacional, entre o 30° e 35° dia

as concentrações de PAG estão próximas aos 0,8 ng – mL e alcançam um pico nos dias que

antecedem o parto, podendo alcançar níveis próximos a 5 µg – mL (GREEN et al., 2005;

SOUSA et al., 2006; ZOLI et al., 1992). Após o parto os níveis de PAG diminuem de forma

constante (GREEN et al., 2005). Quando testes foram realizados no período pós-parto inicial,

para verificar a taxa de declínio e ausência de detecção das PAG, foi verificado que a partir do

60° dia as concentrações destas já não são capazes de ser mensuradas (HAUGEJORDEN et

al., 2006; SZENCI et al., 1998; ZOLI et al., 1992). Desta forma, para evitar que a amostra

submetida ao teste precoce de prenhez possua PAG residual da gestação anterior, as amostras

devem ser coletadas a partir do 60° dia em lactação (LEBLANC, 2013).

No entanto, as concentrações de PAG dependem não só do período gestacional, mas

da espécie, do nível de produção do animal, do número de fetos e do sexo destes, do pai do

feto e da técnica de mensuração utilizada (GARBAYO; SERRANO; LÓPEZ-GATIUS, 2008;

LÓPEZ-GATIUS et al., 2007a, 2007b; RANILLA et al., 2008).

A utilização do leite para determinar os níveis de proteínas, hormônios e demais

substâncias tem atraído a atenção de produtores, técnicos e laboratórios. A realização de testes

através de amostras de leite evita os efeitos estressantes da punção venosa e não requer

conhecimentos especiais no momento da coleta, o que simplifica o processo quando este é

comparado a coleta de amostras de sangue, além de permitir o diagnóstico precoce de prenhez

e a detecção de perda embrionária (FRIEDRICH; HOLTZ, 2010; GAJEWSKI et al., 2008;

GONZÁLEZ et al., 2001; LAWSON et al., 2014; LEBLANC, 2013).

Apesar do teste de prenhez em amostras de leite se mostrar preciso, específico e uma

boa opção para fazendas onde o suporte técnico é limitado, metodologias de coleta, transporte

e conservação destas amostras para posterior análise laboratorial ainda não foram descritas, o

que pode gerar dúvidas e dificultar a aplicação deste tipo de teste.

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2.2 Coleta de amostras de leite para análise laboratorial

Conhecer as possíveis variações nos níveis de constituintes do leite é relevante para o

estabelecimento de uma rotina de coleta de amostras representativas. A composição do leite

coletado pode variar de acordo com o intervalo entre ordenhas (AYADI et al., 2004; QUIST

et al., 2008) e com o período no qual a ordenha é realizada (PAVEL; GAVAN, 2011; QUIST

et al., 2008). Já a qualidade da amostra de leite pode ser afetada pelo procedimento incorreto

de coleta, pela conservação inadequada até a realização das análises e por possíveis “efeitos

de arraste”, tanto no medidor do equipamento de ordenha quanto entre as amostras durante a

análise laboratorial (BYREM; VOISINET, 2013; DIAS; ANTES, 2012).

Os procedimentos para coleta e transporte de amostras de leite devem ser

padronizados seguindo normas aceitas internacionalmente, para que os resultados obtidos por

diferentes laboratórios possam ser comparados entre si (DIAS; ANTES, 2012). Diversos

manuais descrevem os procedimentos que devem ser seguidos para coleta, transporte e

armazenamento de amostras de leite individual, para análises de qualidade, tanto em sistemas

de ordenha manual ou mecânica em balde, como em sistemas de ordenha mecânica com

medidor de leite (CASSOLI; MACHADO, 2006; DIAS; ANTES, 2012).

Em sistemas de ordenha manual e/ou mecânica em balde, após o término da ordenha

do animal, deve-se realizar a homogeneização do leite utilizando o homogeneizador manual

(DIAS; ANTES, 2012). Logo após a homogeneização o leite deve ser coletado do balde com

o auxílio de uma concha e transferido para o frasco de coleta. Imediatamente após ser

transferido para o frasco, o leite deve ser homogeneizado novamente, virando levemente o

frasco várias vezes, de forma que, a pastilha de conservante seja completamente dissolvida. O

leite não deve ser coletado diretamente do úbere do animal e o frasco não deve ser cheio por

completo, pois irá dificultar a dissolução da pastilha e favorecer o acúmulo de gordura na

tampa (CASSOLI; MACHADO, 2006). O frasco deve ser identificado e em seguida enviado

ao laboratório (DIAS; ANTES, 2012).

Em sistemas de ordenha mecânica com medidores de leite, após o término da ordenha

de cada animal, o leite armazenado no medidor deve ser homogeneizado (permitindo a

entrada de ar durante 15 segundos) e após a realização desta, a amostra deve ser coletada

diretamente do medidor para o frasco de coleta (CASSOLI; MACHADO, 2006).

Imediatamente após a coleta o leite deve ser homogeneizado novamente, da mesma forma

descrita para as amostras coletadas na ordenha manual (DIAS; ANTES, 2012). Assim como

no caso anterior, o leite não deve ser coletado direto do úbere e o frasco deve ser identificado

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e enviado ao laboratório. O recomendado é que a coleta da amostra seja realizada durante

todas as ordenhas, para que a amostra represente todo o leite produzido pelo animal no

período de 24 horas. Caso o intervalo entre ordenhas seja regular e a produção de leite entre

estas ordenhas semelhante, a amostra poderá ser coletada em uma única ordenha (CASSOLI;

MACHADO, 2006).

As amostras de leite utilizadas para análises oficiais podem ser coletadas de 3 tipos de

medidores de leite: os portáteis, volumétricos e eletrônicos (FOUZ et al., 2009). Os diferentes

modelos de medidores apresentam sistemas de amostragem distintos, podendo estes

influenciar na representatividade da amostra a ser coletada (FOUZ et al., 2009). No

experimento conduzido por Fouz et al. (2009), foram encontradas diferenças significativas

entre os teores de gordura e proteína para os três sistemas de amostragem. Em valor absoluto

a variação de proteína entre os medidores foi mínima quando comparada aos teores de

gordura. A homogeneidade incorreta na hora da amostragem também pode afetar os teores de

gordura, proteína e CCS da amostra (FOUZ et al., 2009).

O tipo de amostragem, direto do teto ou do medidor do aparelho de ordenha, apresenta

influência nos teores de gordura no leite (REIS et al., 2007). Os percentuais de gordura são

menores no leite coletado direto do teto, quando comparado ao coletado do medidor do

aparelho de ordenha. Esta variação pode ser justificada pelo fato de que a amostra coletada

direto do teto representa o início da ordenha, e a do medidor a ordenha completa (REIS et al.,

2007). Os níveis de proteína são levemente maiores em amostras coletadas direto do teto

quando comparadas as coletadas do medidor de leite (REIS et al., 2007). Amostra coletada

direto do teto ou do medidor do aparelho de ordenha não influencia na CCS (REIS et al.,

2007).

2.3 Variações na composição da amostra de leite

2.3.1 Influência do intervalo e do período no qual a ordenha é realizada

A composição química do leite pode apresentar altas variações nas concentrações de

seus constituintes em função do intervalo de ordenhas praticado (AYADI et al., 2004,

LOLLIVIER, 2002) e do período do dia em que a ordenha é realizada (FAVA;

GUIMARÃES; PINTO, 2011; LOLLIVIER, 2002; PAVEL; GAVAN, 2011), como é o caso

dos teores de gordura, proteína, lactose e CCS no leite que podem variar em resposta a

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31

alterações nestes fatores. O conhecimento da fonte destas variações é indispensável para que a

amostra coletada possa refletir a real composição do leite amostrado.

A gordura é o componente mais variável no leite de ruminantes e seu teor sofre

influência direta do intervalo de ordenhas (AYADI et al., 2004). Ayadi et al. (2004),

avaliaram a influência de intervalos entre ordenhas de 4, 8, 12, 16, 20, e 24 horas na

composição do leite, e constataram que nos intervalos de 16 e 20 horas, o teor de gordura total

foi menor quando comparado aos intervalos extremos (4 e 24h), nos quais o teor de gordura

total foi maior. Løvendahl e Chagunda (2011) avaliaram a variação nos teores de gordura no

leite de vacas ordenhadas automaticamente e observaram que vacas com maiores níveis de

produção de leite são ordenhadas com maior frequência (> 3 ordenhas/dia) e apresentam

menor teor deste componente.

O período do dia em que a ordenha é realizada também tem efeito sobre as variações

nos níveis de gordura no leite, de forma que, esse teor mostra-se menor em ordenhas

realizadas no período da manhã quando comparado a ordenhas realizadas no período da tarde

(FORSBACK et al., 2010; PAVEL; GAVAN, 2011; QUIST et al., 2008; REIS et al., 2007).

Estas variações não são observadas em ordenhas com intervalos regulares de tempo e com

produção de leite semelhante entre as ordenhas (NETTO et al., 2009).

Os níveis de gordura também apresentam variação durante a ordenha, sendo que o

leite cisternal, ejetado no início da ordenha, é menos rico em gordura quando comparado ao

leite alveolar, ejetado no final da ordenha (LOLLIVIER, 2002). Por outro lado, níveis de

proteína e lactose não apresentam a mesma variação, sendo contínuos durante toda a ordenha

(LOLLIVIER, 2002).

Os níveis de proteína no leite sofrem influência menor do intervalo de tempo entre

ordenhas (AYADI et al., 2004; FRIGGENS; RASMUSSEN, 2001; LØVENDAHL;

CHAGUNDA, 2011) e do período do dia em que a ordenha é realizada (LØVENDAHL;

CHAGUNDA, 2011, PAVEL; GAVAN, 2011, QUIST et al., 2008), quando comparado aos

teores de gordura. Ayadi et al. (2004), observaram uma tendência a aumento na fração de

proteína no leite em resposta ao aumento do intervalo de tempo entre as ordenhas. O efeito do

período em que a ordenha é realizada não foi significativo nos teores de proteína do leite

(FAVA; GUIMARÃES; PINTO, 2011; PAVEL; GAVAN, 2011).

Os níveis de CCS sofrem influência do período no qual a ordenha é realizada, sendo a

variação diária, caracterizada com maiores níveis nas ordenhas realizadas no período da tarde

quando comparadas as realizadas no período da manhã (PAVEL; GAVAN, 2011, QUIST et

al., 2008, REIS et al., 2007).

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Além destes efeitos, vale lembrar que a composição do leite também pode sofrer

influência da raça, da genética, do manejo alimentar, do estágio de lactação, da idade, da

sazonalidade, da estação do ano, do sistema de criação empregado, do ambiente, do estresse,

entre muitos outros.

2.3.2 Influência da temperatura e do tempo de armazenamento

As condições e o tempo de transporte e armazenamento das amostras de leite até sua

análise laboratorial devem assegurar a integridade da composição do leite. Para a manutenção

da composição das amostras faz-se necessário o uso da refrigeração e adição de conservantes

logo após a coleta (MEYER, 2003). A recomendação é que seja realizada a adição do

conservante bronopol nas amostras destinadas ás análises de composição e células somáticas e

o conservante azidiol nas amostras destinadas a contagem bacteriana total (CASSOLI, 2005).

Recomenda-se também, que a amostra seja mantida em temperatura inferior a 10°C desde a

coleta até a análise laboratorial (CASSOLI; MACHADO, 2006).

Estudos mostram que amostras com conservantes e armazenadas sob refrigeração,

possuem vida útil de até 9 dias, sem apresentar alterações na composição do leite (CASSOLI,

2005; MEYER, 2003). Quando as amostras são armazenadas à 30°C e conservadas com

bronopol, elas podem ser analisadas para composição até o 4° dia pós-coleta (LEITE, 2006),

enquanto que, se armazenadas à 24°C, podem ser analisadas até 5 dias pós-coleta (CASSOLI,

2005). Se esta mesma amostra for armazenada sob refrigeração, o prazo para análise aumenta

para cerca de 10 dias (LEITE, 2006).

Meyer (2003) mostrou que amostras mantidas à temperatura ambiente apresentam

menor concentração de gordura quando comparadas as amostras refrigeradas, sendo que estas

diferenças se acentuam à medida que o tempo de armazenamento aumenta. Os teores de

proteína sofrem menos influência da temperatura e do tempo de armazenamento quando

comparados aos demais componentes (CASSOLI; MACHADO; COLDEBELLA, 2010;

MEYER, 2003). Cassoli, Machado e Coldebella (2010), não verificaram variação nos níveis

de proteínas quando as amostras foram analisadas até 7 dias após a coleta, desde que

estivessem conservadas com bronopol e mantidas tanto sob refrigeração como em temperatura

ambiente. Meyer (2003), relatou que os níveis de proteína não variaram até o 15º dia pós-

coleta, em amostras mantidas sob refrigeração.

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Quanto aos níveis de células somáticas, a temperatura de armazenamento causa efeito

significativo na representatividade da amostra. Desta forma, amostras submetidas a análise da

CCS devem ser mantidas sob refrigeração a uma temperatura máxima de 7°C (LEITE, 2006;

MEYER, 2003) e analisadas em até 7 dias pós-coleta (CASSOLI; MACHADO;

COLDEBELLA, 2010).

Amostras conservadas com azidiol e mantidas na temperatura ambiente apresentam

um aumento na contagem bacteriana total, quando comparadas às amostras refrigeradas,

independentemente do tempo de armazenamento destas (CASSOLI; MACHADO;

COLDEBELLA, 2010). Quando as amostras foram conservadas com azidiol e sob

refrigeração, verificou-se uma redução nos teores de gordura e lactose, em comparação as

amostras conservadas com bronopol, também sob refrigeração (CASSOLI; MACHADO;

COLDEBELLA, 2010).

Em países como os EUA, as amostras são conservadas refrigeradas, sem adição de

conservantes e analisadas em até 48 horas após a coleta, como recomendado pela

International Dairy Federation (INTERNATIONAL DAIRY FEDERATION, 1995). O que

torna isto possível é que a distância entre as fazendas e os laboratórios são curtas. No entanto,

como relatado por Cassoli (2005), no Brasil estas práticas tornam-se inviáveis, em função do

grande número de fazendas, da grande extensão territorial e do reduzido número de

laboratórios, o que faz com que a utilização de conservantes seja essencial no processo de

conservação das amostras.

Desta forma, o recomendado para que a integridade da amostra seja mantida, é que o

conservante seja adicionado logo após a coleta do leite e que estas sejam armazenadas em

temperatura inferior à 10°C desde a coleta até a análise. Lembrando também que a submissão

das amostras ao laboratório deve ser feita o mais rápido possível, sendo de 4 dias o prazo

máximo recomendado para entrega (CASSOLI; MACHADO, 2006).

2.3.3 “Efeito de arraste” no medidor de ordenha e no processamento laboratorial da amostra

Os medidores de leite são responsáveis por registrar o rendimento da produção de cada

animal durante a ordenha (LØVENDAHL; BJERRING, 2006). Em sistemas de ordenha

mecânica, com medidores de leite, as amostras que serão submetidas à análise laboratorial

podem ser coletadas direto do medidor (CASSOLI; MACHADO, 2006). Medidas de

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produção e análise dos diferentes componentes do leite são ferramentas importantes na gestão

do rebanho leiteiro (FORSBACK et al., 2010).

Existem diferentes modelos de medidores com sistemas de amostragem distintos, estes

podem ser portáteis, volumétricos ou automáticos (FOUZ et al., 2009). É indispensável que a

manutenção e limpeza do equipamento de ordenha, das tubulações e do medidor sejam

periódicas para evitar medições errôneas de produção, contaminação das amostras de leite e

“efeito de arraste” entre estas amostras (FOUZ et al., 2009).

O “efeito de arraste” pode ocorrer tanto antes da amostra ser coletada, no equipamento

de ordenha, quanto durante o processamento laboratorial, nos equipamentos de análise

(BYREM; VOISINET, 2013). O termo “efeito de arraste" ou “carryover” (em inglês) indica

que a presente amostra de leite inclui um pouco de leite residual da amostra previamente

obtida (LØVENDAHL; BJERRING, 2006). Este leite residual pode ter permanecido

depositado em algum compartimento ou tubagem que não se esvaziou completamente, ou

ainda, quando os componentes do leite aderem às superfícies internas do equipamento de

ordenha e acabam sendo lavados com a amostra posterior (LØVENDAHL; BJERRING,

2006). A fração de leite residual é chamada de "fracção de transição" e o ideal é que este

efeito seja inexistente (LØVENDAHL; BJERRING, 2006).

A ocorrência do “efeito de arraste”, pode afetar os teores dos componentes do leite,

sendo os níveis de gordura os mais afetados quando comparados aos de proteína e lactose

(LØVENDAHL; BJERRING, 2006). Além disso, a ocorrência deste efeito também pode

causar efeito diluidor, mascarando os verdadeiros resultados individuais de produção e

afetando os efeitos experimentais, de gestão ou os fatores genéticos (LØVENDAHL;

BJERRING, 2006).

Løvendahl e Bjerring (2006), estimaram o “efeito de arraste” em diferentes sistemas

de ordenha e observaram que em sistemas de ordenha convencional, o efeito de arraste

estimado foi cerca de 2%. Este efeito também pode ser detectado em sistemas de ordenha

automática, o qual foi próximo aos 7,5% nos teores de gordura e aproximadamente 3% nos

demais componentes (LØVENDAHL; BJERRING, 2006).

Este efeito também pode ser observado durante o processamento laboratorial das

amostras de leite, nos equipamentos de análise. Da mesma forma que o efeito é descrito antes

da coleta da amostra, no equipamento de ordenha, no equipamento de análise laboratorial o

leite residual pode ficar armazenado na tubagem ou aderido ao agitador que homogeneíza a

amostra e suga o leite para dentro da máquina. O efeito também causa contaminação ou

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diluição da amostra, impactando diretamente nos resultados das análises e na

representatividade destas (BYREM; VOISINET, 2013).

A ocorrência deste efeito, tanto durante a ordenha quanto durante o processamento

laboratorial, pode ser minimizada através da aplicação de práticas de limpeza e higienização

rotineiras, somadas a realização de manutenção preventiva e periódica dos equipamentos

(FOUZ et al., 2009).

Como ainda não foram descritos na literatura procedimentos de coleta, conservação e

processamento específicos para amostras de leite que são utilizadas para a realização do teste

de prenhez, adota-se as mesmas recomendações aplicadas às amostras utilizadas nas análises

de qualidade. Acredita-se que por se tratar de um tipo de proteína, as glicoproteínas

associadas à prenhez respondam de forma semelhante aos níveis de proteína total do leite e

que desta forma, as variações entre as ordenhas, formas de conservação, armazenamento e

“efeito de arraste” causem impacto mínimo na representatividade da amostra.

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3 OBJETIVOS E HIPÓTESE

3.1 Objetivo geral

Verificar estratégias de coleta, armazenamento e processamento ideais para amostras

de leite bovino submetidas ao teste de prenhez.

3.1.1 Objetivos específicos

Verificar o impacto do período do dia em que a coleta é realizada sobre os

resultados do teste de prenhez;

Verificar o impacto do possível “efeito de arraste” antes da coleta e durante o

processamento laboratorial da amostra de leite sobre os resultados do teste de

prenhez;

Verificar o impacto das condições e do tempo de armazenamento sobre os níveis

de PAG nas amostras;

Verificar a influência do pré-aquecimento das amostras de leite sobre os

resultados do teste de prenhez;

Verificar a possibilidade de utilização de uma única amostra de leite tanto para

análises de qualidade como para o teste de prenhez.

3.2 Hipótese

As recomendações de coleta de amostras de leite para análises de qualidade, também

podem ser adotadas para as amostras de leite que serão submetidas ao teste de prenhez. O

teste de prenhez pode ser realizado utilizando amostras previamente analisadas para avaliação

da sanidade da glândula mamária e/ou para controle nutricional.

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4 MATERIAL E MÉTODOS

Para que os objetivos deste estudo fossem alcançados, 5 experimentos distintos e

independentes foram realizados. Os materiais e métodos destes, estão apresentados

separadamente para que o entendimento seja facilitado.

4.1 Experimento 1

O objetivo deste experimento foi verificar se o período do dia no qual a amostra de

leite é coletada (ordenha da manhã ou ordenha da tarde) pode influenciar nos resultados do

teste de prenhez.

4.1.1 Coleta das amostras de leite

As amostras de leite utilizadas neste experimento foram coletadas de 51 vacas

pertencentes ao rebanho leiteiro do Departamento de Zootecnia da Escola Superior de

Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo.

As amostras foram coletadas direto do medidor de leite do equipamento de ordenha.

Após o término da ordenha de cada animal, realizou-se a homogeneização do leite dentro do

medidor, durante 15 segundos, e ao término desta, 40 mL de leite foram transferidos para o

frasco de coleta, no qual previamente havia sido adicionada uma pastilha do conservante

bronopol (2-bromo-2-nitropopano-1,3-diol). Após a coleta, o leite foi levemente

homogeneizado dentro do frasco, até que a pastilha do conservante se diluísse por completo.

No total, foram coletadas 102 amostras de leite, 2 por animal, uma em cada ordenha

(uma no período da manhã e outra no período da tarde). Estas amostras foram encaminhadas

para o laboratório da Clínica do Leite do Departamento de Zootecnia da Escola Superior de

Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, para que o teste de prenhez fosse

realizado. As amostras foram analisadas no mesmo dia em que foram coletadas.

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4.2 Experimento 2

O objetivo deste experimento foi verificar a possível ocorrência do “efeito de arraste”

no medidor de leite do equipamento de ordenha.

4.2.1 Coleta das amostras de leite

As amostras de leite utilizadas neste experimento foram coletadas de 42 vacas

pertencentes à uma fazenda comercial localizada em Piracicaba, São Paulo (Fazenda 1 –

FZ1), e de 52 vacas pertencentes ao rebanho leiteiro do Departamento de Zootecnia da Escola

Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo (Fazenda 2 – FZ2).

No total, foram coletadas 84 amostras de leite na fazenda 1 e 104 amostras de leite na fazenda

2. Foram coletadas 2 amostras de leite por animal, uma direto do teto antes da realização da

ordenha e outra do medidor de leite após o término da ordenha.

A amostra coletada direto do teto antes da ordenha, foi obtida após realização do pré-

dipping. Para evitar a re-contaminação destes tetos no momento da coleta da amostra de leite,

luvas de látex foram utilizadas e substituídas por novas a cada animal.

Ambas fazendas possuíam equipamentos de ordenha mecânica. Na fazenda 1 a marca

deste era GEA®, com vaso medidor de leite Metatron. Já na fazenda 2, a marca do

equipamento era DeLaval® com medidor de leite Milk Meter. Imediatamente ao término da

ordenha, o leite de ambos os medidores foi homogeneizado por 15 segundos e depois

coletado.

Previamente à ocasião da coleta, pastilhas do conservante bronopol haviam sido

adicionadas aos frascos. Cada amostra possuía no mínimo 40 mL de leite e logo após a coleta

o leite foi levemente homogeneizado dentro do frasco, até que a pastilha do conservante se

diluísse por completo.

A ordem de ordenha dos animais foi registrada para que o “efeito de arraste” pudesse

ser analisado. Logo após a coleta, as amostras foram encaminhadas para o laboratório da

Clínica do Leite do Departamento de Zootecnia da Escola Superior de Agricultura “Luiz de

Queiroz”, Universidade de São Paulo, para que o teste de prenhez fosse realizado. As

amostras foram analisadas no mesmo dia em que foram coletadas.

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41

4.3 Experimento 3

O objetivo deste experimento foi verificar os efeitos da temperatura de

armazenamento e da idade da amostra de leite sobre os níveis de PAG e consequentemente,

sobre os resultados do teste de prenhez.

4.3.1 Coleta das amostras de leite

As amostras de leite utilizadas neste experimento foram coletadas de 40 vacas

pertencentes a uma fazenda comercial localizada em Piracicaba, São Paulo. Antes da coleta o

leite foi homogeneizado durante 15 segundos dentro do medidor de leite. No total, 40

amostras de 160 mL foram coletadas, uma por animal, direto do medidor de leite

imediatamente ao término da ordenha de cada animal.

Depois da coleta o leite foi levemente homogeneizado dentro do frasco, até a

dissolução completa das pastilhas de bronopol. Estas pastinhas haviam sido previamente

adicionadas a estes frascos. Neste caso, cada frasco continha 4 pastilhas de conservante (uma

a cada 40 mL de leite).

Logo após a coleta, as amostras foram encaminhadas para o laboratório da Clínica do

Leite do Departamento de Zootecnia da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”,

Universidade de São Paulo. Cada amostra (160 mL) foi dividida em 7 subamostras, com cerca

de 20 mL cada. Destas 7, uma foi submetida ao teste de prenhez no mesmo dia da coleta

(amostra controle) e as outras 6 foram submetidas à condições de armazenamento distintas.

4.3.2 Temperatura de armazenamento

Foram testadas duas temperaturas de armazenamento: resfriamento à 7°C e

temperatura ambiente à 26°C.

4.3.3 Tempo entre a coleta e a análise

Foram testados quatro tempos entre a coleta e a análise (idade da amostra): zero (D0 –

correspondente a amostra controle, analisada no dia da coleta), três (D3), seis (D6) e nove

(D9) dias.

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42

4.4 Experimento 4

Este experimento teve como objetivo verificar a influência do pré-aquecimento das

amostras de leite no banho-maria sobre os resultados do teste de prenhez.

4.4.1 Coleta das amostras de leite

As amostras de leite utilizadas neste experimento foram coletadas de 14 vacas

pertencentes ao rebanho leiteiro do Departamento de Zootecnia da Escola Superior de

Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo.

As amostras foram coletadas direto do medidor de leite do equipamento de ordenha.

Após o término da ordenha de cada animal, realizou-se a homogeneização do leite dentro do

medidor durante 15 segundos e ao término desta, 40 mL de leite foram transferidos para o

frasco de coleta, no qual previamente havia sido adicionada uma pastilha do conservante

bronopol (2-bromo-2-nitropopano-1,3-diol). No total 14 amostras de leite foram coletadas.

Após a coleta, o leite foi levemente homogeneizado dentro do frasco, até que a pastilha do

conservante se diluísse por completo.

Estas amostras foram encaminhadas para o laboratório da Clínica do Leite do

Departamento de Zootecnia da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”,

Universidade de São Paulo, para que o teste de prenhez fosse realizado.

4.4.2 Processamento das amostras de leite

Cada amostra (40 mL) foi dividida em 2 subamostras. Para verificar se a permanência

das amostras durante 30 minutos a 40°C influenciaria no resultado do teste de prenhez, uma

das subamostras foi submetida ao banho-maria e a outra foi analisada sem sofrer este efeito

(amostra controle). As amostras foram analisadas no mesmo dia em que foram coletadas.

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43

4.5 Experimento 5

O objetivo deste experimento foi verificar a possível ocorrência do “efeito de arraste”

durante a análise laboratorial das amostras de leite.

4.5.1 Coleta das amostras de leite

As amostras de leite utilizadas neste experimento foram coletadas de 11 vacas

pertencentes ao rebanho leiteiro do Departamento de Zootecnia da Escola Superior de

Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo.

As amostras foram coletadas de 10 vacas vazias e de uma prenhe (status reprodutivo

informado pela fazenda). As amostras das vacas vazias foram coletadas direto do medidor de

leite do equipamento de ordenha. Após o término da ordenha de cada animal, realizou-se a

homogeneização do leite dentro do medidor durante 15 segundos e ao término desta, 80 mL

de leite foram transferidos para o frasco de coleta, no qual previamente 2 pastilhas do

conservante bronopol (2-bromo-2-nitropopano-1,3-diol) haviam sido adicionadas. Da vaca

prenhe, uma amostra de 1 L foi obtida. Esta vaca foi ordenhada separadamente e ao término

da ordenha o leite foi homogeneizado e coletado. No frasco de amostra desta vaca foram

adicionadas 25 pastilhas de conservante.

Após a coleta, o leite foi levemente homogeneizado dentro de ambos os frascos, até

que as pastilhas do conservante se diluíssem por completo. Estas amostras foram

encaminhadas para o laboratório da Clínica do Leite do Departamento de Zootecnia da Escola

Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, para que as análises

fossem realizadas.

4.5.2 Processamento das amostras de leite

Cada amostra de 80 mL das vacas vazias, foi dividida em 3 subamostras mais uma

amostra controle, ambas com cerca de 20 mL cada. Já a amostra de 1L da vaca prenhe foi

dividida em 30 subamostras mais uma amostra controle.

Cada animal teve sua amostra de leite submetida à análise nos 3 equipamentos que

realizam análises de qualidade do leite, sendo eles o Combifoss (EQ1), Combidelta (EQ2) e

Combibentley (EQ3).

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No total cada equipamento analisou 20 amostras, 10 com o leite da vaca prenhe e 10

com o leite das vacas vazias, sendo que a ordem seguida para a análise foi: 1° amostra de leite

da vaca prenhe, 2° amostra de leite da vaca vazia número 1, 3° amostra de leite da vaca

prenhe, 4° amostra de leite da vaca vazia número 2, e assim sucessivamente. Depois desta

etapa, as amostras foram submetidas ao teste de prenhez e seus resultados comparados aos das

amostras controle que não foram analisadas pelos equipamentos.

4.6 Determinação de PAG

As PAG foram determinadas através da utilização do kit ELISA “Milk Pregnancy

Test1”, que permite que a detecção e mensuração destas glicoproteínas no leite bovino sejam

utilizadas como diagnóstico de prenhez. Este kit comercial é composto por placas de

microtitulação impregnadas com anticorpos anti-PAG, concentrado de lavagem e seis

reagentes (controle positivo, controle negativo, solução detectora, conjugado, substrato

tetrametilbenzidina (TMB) e solução de interrupção).

Após as amostras de leite terem sido submetidas aos seus respectivos tratamentos, o

diagnóstico de prenhez foi realizado. Para este, foram adicionados a placa de microtitulação

150 µL de controle negativo nos 2 primeiros poços da coluna 1 e 150 µL de controle positivo

nos 2 poços subsequentes, sendo os demais poços preenchidos com 150 µL de cada amostra

de leite (Figura 1). Para garantir que erros de pipetagem não influenciassem o resultado do

teste, as amostras foram avaliadas em duplicatas.

Figura 1 - Distribuição de controles e amostras de leite na placa. Coluna 1: poços A e B,

controles negativos; C e D, controles positivos 1 IDEXX laboratories, USA

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Após a pipetagem dos controles e das amostras de leite, a placa foi coberta com um

adesivo para que a evaporação fosse evitada e incubada por 120 minutos (± 5 minutos) à 37°C

(± 2°C) na incubadora de microplacas com plataforma giratória2 à 450 rpm (± 50 rpm) (Figura

2).

Figura 2 - Incubação da placa a 37° (120 min. e 450 rpm)

Após a incubação, os poços da placa foram aspirados e lavados quatro vezes em uma

lavadora automática de microplacas3 (Figura 3). Posterior as lavagens, foram distribuídos 100

µL de solução detectora em cada poço da placa (Figura 4). A placa foi coberta com um novo

adesivo e incubada por 30 minutos (± 2 min.) à temperatura ambiente (18 – 26° C).

Figura 3 - Etapa de lavagem da placa

2 Thermo Shaker – PHMP - 4 3 Bio Tek – ELX508

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Figura 4 - Etapa de pipetagem da solução detectora

Após esta incubação, a etapa de aspiração e lavagem foi novamente realizada. Em

seguida, foram distribuídos 100 µL de conjugado em todos os poços da placa e esta foi

novamente coberta e incubada por 30 minutos (± 2 min.) à temperatura ambiente (18 – 26°C).

Após esta nova incubação, a etapa de aspiração e lavagem foi repetida. Posterior a esta, foram

distribuídos 100 µL de substrato TMB em cada poço da placa e esta foi coberta e incubada

por 20 minutos (± 1 min.) à temperatura ambiente (18 – 26°C). Passados os 20 minutos, as

amostras reagentes à PAG apresentaram coloração azul e as não reagentes ficaram

transparentes (Figura 5).

Figura 5 - Teste de ELISA mostrando a coloração azul das amostras reagentes a PAG na etapa

pós-incubação com substrato TMB

Em seguida, foram adicionadas às cavidades 100 µL de solução de interrupção, esta

foi responsável pelo estabelecimento da coloração final das amostras (Figura 6). O

desenvolvimento da coloração é proporcional à quantidade de PAG da amostra.

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Figura 6 – Resultado final do teste onde a coloração amarela das amostras indica a presença

de PAG

A leitura dos resultados do teste foi realizada através de um leitor de microplacas4,

com absorbância de 450 nm e comprimento de onda de 620 nm. Os resultados de densidade

óptica (OD), que correspondem ao nível relativo de PAG na amostra, fornecidos por este

leitor, foram organizados em planilhas do Microsoft Excel. Estes resultados foram utilizados

para o cálculo de validação do teste de acordo com as recomendações do fabricante do kit

(Quadro 1), enquanto que os resultados do status reprodutivo expressos por este leitor

(positiva, suspeita ou negativa) foram utilizados para definir os resultados do teste de prenhez.

Cálculo para validação do teste

Média do controle negativo NC�̅� = (NC1 + NC2)/2

Média do controle positivo PC�̅� = (PC1 + PC2)/2

Validação do teste PC�̅� - NC�̅� ≥ 0,500 e NC�̅� ≤ 0,200

Interpretação dos resultados

OD < 0,100 Negativa (vazia)

OD ≥ 0,100 e < 0,250 Suspeita (re-checagem)

OD ≥ 0,250 Positiva (prenhe)

Quadro 1 - Fórmulas utilizadas para o cálculo da validação do teste e interpretação dos

resultados

NC = negative control (controle negativo), PC = positive control (controle positivo), OD = optical density

(densidade óptica) e �̅� = média.

4 Bio Tek – ELX800GIDX

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A leitura visual da coloração final (Figura 6) também pode ser utilizada como

indicador de resultado, sendo as amostras com coloração amarela positivas (prenhe) e as

transparentes negativas (vazia). Porém, é preferível não utilizar este critério adicional, pois as

amostras classificadas como suspeitas apresentam coloração intermediária (entre amarelo e

transparente) e como a análise visual é subjetiva as amostras poderiam vir a ser classificadas

erroneamente.

4.7 Análise estatística

Os dados experimentais foram submetidos à análise de concordância utilizando o

software R (R CORE TEAM, 2015). Através deste foram realizados estudos para avaliar a

consistência dos resultados do teste de prenhez entre os diferentes tratamentos aos quais a

amostras de leite foram submetidas. Para isto, os dados experimentais obtidos foram

organizados em tabelas de duplas entradas, em que cada entrada representa uma das

avaliações realizadas. Para que a concordância entre os tratamentos fosse mensurada, foi

utilizado o cálculo do coeficiente kappa (𝑘), dado por:

𝑘 =𝑝0 − 𝑝𝑒1 − 𝑝𝑒

Onde:

𝑝0 = representa a proporção de valores concordados dado por ∑𝑝𝑖𝑖;

𝑖 = representa a avaliação observada;

𝑝𝑒 = representa as proporções de não concordância dada por ∑𝑝𝑖. ∗ 𝑝.𝑖;

As interpretações dos níveis de concordância podem ser vistas no Quadro 2.

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49

Valores de kappa Interpretação

< 0 Sem concordância

0 – 0,19 Concordância fraca

0,20 – 0,39 Concordância razoável

0,40 – 0,59 Concordância moderada

0,60 – 0,79 Concordância substancial

0,80 – 1,00 Concordância quase perfeita

Quadro 2 - Interpretação dos valores do coeficiente de kappa

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51

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Influência do período do dia no qual a coleta foi realizada

O período do dia no qual a amostra de leite é coletada pode vir a afetar a

representatividade desta amostra (FAVA; GUIMARÃES; PINTO, 2011; PAVEL; GAVAN,

2011, LOLLIVIER, 2002). Sabe-se que os níveis de constituintes do leite podem apresentar

variações entre a ordenha realizada no período da manhã e a realizada no período da tarde

(PAVEL; GAVAN, 2011; QUIST et al., 2008). Este fator afeta com maior intensidade os

níveis de gordura no leite, quando comparados aos níveis de proteínas (LØVENDAHL;

CHAGUNDA, 2011, PAVEL; GAVAN, 2011, QUIST et al, 2008). Os teores de proteína no

leite não sofrem impacto significativo do período no qual a ordenha é realizada (FAVA;

GUIMARÃES; PINTO, 2011; PAVEL; GAVAN, 2011). Como era esperado, este efeito

também não causou impacto sobre os níveis de glicoproteínas associadas à prenhez, quando

estas foram detectadas e mensuradas através da metodologia de ELISA (Tabela 1).

O teste utilizado para mensuração das PAG, classifica a amostra como positiva

(prenhe), negativa (vazia) ou suspeita (exige re-checagem), de acordo com o nível de

glicoproteína presente na amostra de leite. Como pode ser visto na Tabela 1, a classificação

das amostras coletadas no período da manhã apresentaram concordância quase perfeita com

as amostras coletadas no período da tarde.

Tabela 1 - Resultados do teste de ELISA realizado em amostras de leite coletadas no período

da manhã e no período da tarde

Status reprodutivo período da tarde

Positiva Negativa Suspeita Total Status reprodutivo período manhã

Positiva 31 0 0 31

Negativa 0 16 0 16

Suspeita 0 1 3 4

Total 31 17 3 51 Kappa (teste de concordância entre os períodos testados) = 0,96

Os resultados mostraram que 61% das amostras obtiveram resultado positivo,

independente do período no qual a amostra foi coletada. As amostras negativas variaram de

31% quando coletadas no período da manhã, para 33% quando coletadas no período da tarde.

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No período da manhã 8% das amostras eram suspeitas, enquanto no período da tarde 6%

foram classificadas desta forma. O fato desta variação nos resultados das amostras negativas e

suspeitas é justificado pela mudança na classificação de uma das amostras, que no período da

manhã foi classificada como suspeita e no período da tarde como negativa (Tabela 1). Esta

pequena variação fez com que o índice kappa fosse igual a 0,96, o que significa que a

concordância entre os resultados do teste de prenhez em amostras coletadas em diferentes

períodos do dia foi quase perfeita.

Esta única amostra que apresentou variação dos níveis de PAG entre os períodos,

apresentava densidade óptica de 0,12 na amostra coletada no período da manhã, e 0,05 na

amostra obtida no período da tarde (resultados não apresentados). Este pequeno aumento no

teor de PAG no leite coletado na ordenha da manhã, difere dos resultados dos estudos que

analisaram os teores de proteínas totais em amostras de leite que constataram que, os níveis de

proteínas se mantiveram constantes e não diferiram entre os períodos do dia em que as

amostras foram coletadas (FAVA; GUIMARÃES; PINTO, 2011; PAVEL; GAVAN, 2011).

Como esta variaçõa se tratou de um evento isolado, ela não foi capaz de inviabilizar o teste.

5.2 Influência do “efeito de arraste” nos medidores de leite e nos equipamentos de

análise laboratorial

A ocorrência do “efeito de arraste” prejudica a representatividade da amostra e

consequentemente dos resultados obtidos a partir dela. Este efeito é capaz de causar diluição

e/ou contaminação da amostra de leite com o leite residual remanescente de outro animal,

tanto no equipamento de ordenha como no equipamento de análise laboratorial

(LØVENDAHL; BJERRING, 2006). A ocorrência deste efeito, afeta em maior escala os

níveis de gordura da amostra de leite, quando comparados aos níveis de proteína e lactose

(LØVENDAHL; BJERRING, 2006). Este efeito pode ser minimizado através da aplicação de

práticas de limpeza e higienização rotineiras, somadas a realização de manutenção preventiva

e periódica dos equipamentos (FOUZ et al., 2009).

Quando a ocorrência do “efeito de arraste”, antes da coleta da amostra (no medidor de

leite), sobre os níveis de PAG foi mensurada, pôde-se perceber uma variação de acordo com o

equipamento de ordenha e medidor empregado (Tabela 2 e Tabela 3).

Nas análises realizadas com o leite obtido na fazenda 1, a concordância entre os

resultados das amostras de leite coletadas direto do teto antes do início da ordenha, quando

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comparadas as amostras coletadas do medidor de leite ao término da ordenha, foi considerada

quase perfeita (Tabela 2).

Tabela 2 - Resultados do teste de ELISA realizado em amostras de leite coletadas na Fazenda

1

Status reprodutivo amostra medidor

Positiva Negativa Suspeita Total

Status rep. amostra teto

Positiva 21 0 0 21

Negativa 0 18 3 21

Suspeita 0 0 0 0

Total 21 18 3 42 Kappa (teste de concordância entre as formas de coleta testadas) = 0,86

Das amostras coletadas direto do teto, 50% foram classificadas como positivas e 50%

como negativas, enquanto que, quando as amostras foram coletadas do medidor de leite ao

término da ordenha, a percentagem de amostras negativas diminuiu para 43% pelo fato de 7%

destas terem se tornado suspeitas. Esta variação entre os resultados dos testes nas amostras

coletadas direto do teto ou do medidor, fez com que o índice kappa fosse igual à 0,86, o que

corresponde a concordância quase perfeita entre os resultados.

Esta variação entre os resultados do teste de prenhez não pode ser justificada pelo

momento em que a coleta foi realizada (início da ordenha ou medidor de leite), pois como

descrito por Lollivier (2002), os níveis de proteína e lactose não apresentam variação durante

a ordenha, diferentemente dos níveis de gordura. Desta forma, amostras coletadas no início da

ordenha ou no final devem apresentar teores semelhantes de proteínas e consequentemente de

PAG.

Portanto, o aparecimento destas variações foi caracterizada pelo “efeito de arraste”

entre estas amostras. Quando os resultados de densidade óptica destas amostras foram

analisados, verificou-se que as 3 vacas as quais o leite apresentou variação, foram ordenhas na

sequência de vacas prenhes com altos níveis de PAG (dados não apresentados). A provável

permanência de leite residual destes animais no medidor ou na tubulação possivelmente foi

responsável pela ocorrência destas variações.

Uma amostra de leite também sofreu influência deste efeito em estudos conduzidos

por LeBlanc (2013), no qual uma vaca havia sido diagnosticada vazia pela ultrassonografia

transretal e foi considerada prenhe pelo teste de prenhez através da mensuração das PAG. O

resultado da densidade óptica da amostra de leite deste animal foi de 0,28, enquanto que o

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ponto de corte para a amostra ser classificada como positiva é 0,25. O autor justificou a

ocorrência deste falso-positivo pela contaminação da amostra com o leite residual presente no

medidor do aparelho de ordenha de uma vaca positiva que havia sido ordenhada antes desta.

Quando os resultados do teste de prenhez no leite coletado na fazenda 2 são

analisados, observa-se influência ainda maior deste efeito. Como pode ser visto na Tabela 3, a

classificação das amostras coletadas direto do teto antes da realização da ordenha, e do

medidor de leite imediatamente ao término da ordenha, apresentaram apenas concordância

substancial.

Tabela 3 - Resultados do teste de ELISA realizado em amostras de leite coletadas na Fazenda

2

Status reprodutivo amostra medidor

Positiva Negativa Suspeita Total

Status rep. amostra teto

Positiva 34 1 1 36

Negativa 0 7 3 10

Suspeita 3 0 3 6

Total 37 8 7 52 Kappa (teste de concordância entre as formas de coleta testadas) = 0,66

Das amostras de leite coletadas direto do teto na fazenda 2, 69% obtiveram resultado

positivo, 19% resultado negativo e 12% foram classificadas como suspeitas enquanto que,

quando as amostras foram coletadas do medidor de leite ao término da ordenha, a

percentagem de amostras positivas aumentou para 71%, a de amostras negativas diminuiu

para 15%, e a de suspeitas aumentou para 14%. Esta variação entre os resultados dos testes

nas amostras coletadas direto do teto ou do medidor, fez com que o índice kappa fosse menor

(k = 0,66) do que o encontrado na fazenda 1 e a concordância entre os resultados do teste

diminuísse para substancial.

No total, 8 animais apresentaram classificações diferentes entre o resultado do teste da

amostra coletada direto do teto e da coletada do medidor de leite. As vacas que alteraram do

status negativo para o suspeito (n=3) e do suspeito para o positivo (n=3), foram ordenhadas na

sequência de vacas positivas, com altos níveis de PAG. Acredita-se que o leite residual destas

vacas influenciou o aumento dos níveis de PAG das amostras que apresentaram estas

variações. Uma amostra alterou do status positivo para suspeito e outra do positivo para o

negativo. Nestes casos, vacas com baixos níveis de PAG haviam sido previamente

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ordenhadas, e o leite residual destas, possivelmente causou efeito de diluição nas amostras

subsequentes, diminuindo os níveis de PAG e ocasionando a variação nos resultados.

Acredita-se que a causa principal da ocorrência destes “efeitos de arraste” tenha sido a

má regulagem e manutenção do equipamento de ordenha e dos medidores de leite, aliados a

práticas incorretas de higienização. Um fato importante a ser observado, foi que nos dias em

que foram realizadas as coletas na fazenda 2, funcionários relataram que a lavagem do

equipamento de ordenha estava sendo realizada apenas com água quente, sem adição de

detergente. Este fato pode explicar em grande parte, a variação observada nos resultados do

teste de prenhez utilizando amostras de leite desta fazenda.

Variações entre os resultados e consequentes classificações errôneas dos status

reprodutivos (falsos positivos e falsos negativos), também foram relatados por Friedrich e

Holtz (2010), Green et al. (2009), Silva et al. (2007) e Szenci et al. (1998). Sendo que,

Friedrich e Holtz (2010), constataram 7% de falsos-negativos no resultado do diagnósticos de

prenhez utilizando mensuração de PAG.

O impacto de uma amostra ser erroneamente classificada, varia de acordo com o status

que lhe foi atribuído. Amostras negativas classificadas como suspeitas irão atrasar a re-

introdução destas vacas em programas reprodutivos, aumentando o período de intervalo entre

partos (quando a amostra é classificada como suspeita, recomenda-se a realização novamente

do teste algumas semanas depois). Caso a amostra seja suspeita e o teste classifique-a como

negativa, o animal será re-introduzido em programas reprodutivos, e a aplicação de

hormônios irá causar perda embrionária ou fetal (caso ela realmente fosse suspeita e seus

níveis de PAG ainda estivessem subindo). Por estas razões a manutenção periódica e a correta

higienização dos equipamentos de ordenha são indispensáveis para evitar estes tipos de erros

de classificação, ocasionados pela contaminação ou diluição das amostras com leite residual

de outros animais.

Os resultados dos testes de ELISA realizados com o objetivo de identificar o “efeito de

arraste” nos equipamentos laboratoriais, podem ser observados na Tabela 4, que mostra a

concordância entre os resultados das amostras controle com as que foram analisadas pelo

equipamento 1 e depois submetidas ao teste de prenhez. Como os resultados das amostras

submetidas aos 3 equipamentos não diferiu, optou-se por apresentar os dados de apenas um

dos equipamentos (EQ1).

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Tabela 4 - Resultados do teste de ELISA realizado em amostras de leite processadas pelo

equipamento 1 antes do teste de prenhez comparados aos das amostras controle

Status reprodutivo amostras pré-analisadas para

qualidade e composição (E1)

Positiva Negativa Suspeita Total

Status rep. amostras “controle”

Positiva 10 0 0 10

Negativa 0 9 0 9

Suspeita 0 0 1 1

Total 10 9 1 20 Kappa (teste de concordância entre os resultado) = 1

Os resultados mostram que 50% das amostras foram classificadas como positivas,

45% como negativas e 5% como suspeitas, tanto nas amostras controle como nas amostras

previamente analisadas pelos equipamentos laboratoriais. Estes resultados iguais fizeram com

que o índice kappa fosse igual a 1, o que significa que a concordância entre os resultados do

teste de prenhez realizado nas amostras controle e nas previamente analisadas para qualidade

foi alta. Ou seja, a análise prévia das amostras de leite não influenciou no resultado do teste de

prenhez e não foi verificada a ocorrência do “efeito de arraste” entre as amostras submetidas

às análises laboratoriais.

Uma das 10 vacas vazias (status pré-definido pelo exame veterinário), que foram

amostradas e utilizadas neste estudo, apresentou status diferente do informado pela fazenda.

Quando a amostra desta vaca foi analisada pelo teste de prenhez através da mensuração das

PAG, o resultado foi suspeita (tanto na amostra controle, como na amostra pré-analisada para

qualidade e composição).

5.3 Influência do tempo e das condições de armazenamento

As condições e o tempo de armazenamento das amostras até sua análise laboratorial

podem afetar a composição das amostras de leite e consequentemente, a representatividade

dos resultados destas análises (MEYER, 2003). Os teores de proteína sofrem menos

influência da temperatura e do tempo de armazenamento quando comparados aos teores dos

demais constituintes do leite (CASSOLI; MACHADO; COLDEBELLA, 2010; MEYER,

2003). Cassoli, Machado e Coldebella (2010), não verificaram variação nos níveis de

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57

proteínas quando as amostras foram analisadas até 7 dias após a coleta, desde que estivessem

conservadas com bronopol e mantidas tanto sob refrigeração como em temperatura ambiente.

Como era esperado, as idades (3, 6 e 9 dias) e as temperaturas de armazenamento testadas

(resfriada e temperatura ambiente) não causaram impacto sobre os níveis de PAG.

Como pode ser visto na Tabela 5, a classificação das amostras analisadas com o teste

de prenhez no dia 9 à temperatura ambiente, quando comparadas aos resultados obtidos nas

amostras controle, apresentaram alto grau de concordância. Como os resultados não diferiram

entre as demais idades e temperatura analisadas, optou-se por apresentar os resultados obtidos

na situação extrema (amostras analisadas 9 dias pós-coleta armazenadas em temperatura

ambiente).

Tabela 5 - Resultados do teste de ELISA realizado em amostras de leite de 9 dias

armazenadas à temperatura ambiente comparados aos das amostras controle

Status reprodutivo amostras de 9 dias

Positiva Negativa Suspeita Total

Status rep. amostras “controle”

Positiva 22 0 0 22

Negativa 0 18 0 18

Suspeita 0 0 0 0

Total 22 18 0 40 Kappa (teste de concordância entre os resultado) = 1

Os resultados mostram que 55% das amostras obtiveram resultado positivo e 45%

resultado negativo, independentemente da idade e da condição na qual foram armazenadas.

Estas observações idênticas entre as diferentes idades e temperaturas de armazenamento,

possibilitaram que o índice kappa fosse igual a 1, o que indica uma alta concordância nos

resultados do teste de prenhez.

Os níveis de PAG se mantiveram constantes quando as amostras foram conservadas

com bronopol, analisadas em até 9 dias após a coleta e armazenadas tanto na temperatura

ambiente como na refrigerada. O que mostra que assim como os teores de proteína total no

leite, os níveis de PAG não variam na mesma intensidade que os de gordura e demais

componentes (CASSOLI; MACHADO; COLDEBELLA, 2010; MEYER, 2003).

Estes resultados foram semelhantes aos encontrados por Cassoli, Machado e

Coldebella (2010) que analisaram os teores de proteína até o 7° dia e não detectaram variação,

e com os de Meyer (2003) que avaliou os níveis de proteínas de amostras de leite

armazenadas sob refrigeração e estas não variaram até o 15° dia pós coleta.

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5.4 Influência do pré-aquecimento

Quando análises laboratoriais de qualidade do leite são realizadas, as amostras são

submetidas a um pré-aquecimento de 30 minutos à 40° no banho-maria. Para verificar se este

pré-aquecimento, causa efeito nos níveis de PAG das amostras de leite, os resultados do teste

de prenhez das amostras que foram submetidas ao banho-maria foram comparados com os

resultados das amostras controles. Os resultados do teste podem ser visualizados na Tabela 6.

Tabela 6 - Resultados do teste de ELISA realizado em amostras de leite que sofreram pré-

aquecimento durante 30 minutos à 40°C comparados aos das amostras controle

Status reprodutivo amostras submetidas ao

banho-maria

Positiva Negativa Suspeita Total

Status rep. amostras “controle”

Positiva 7 0 0 7

Negativa 0 6 0 6

Suspeita 0 0 1 1

Total 7 6 1 14 Kappa (teste de concordância entre os resultado) = 1

Os resultados mostraram que 50% das amostras obtiveram resultado positivo, 43%

resultado negativo e 7% foram classificadas como suspeitas, independentemente se haviam ou

não sofrido o pré-aquecimento. Estas observações idênticas entre as amostras que sofreram

pré-aquecimento e as amostras controle, possibilitaram que o índice kappa fosse igual a 1, o

que indica uma alta concordância nos resultados do teste de prenhez.

Esta informação é importante para constatar se a mesma amostra utilizada para

análises de qualidade pode ou não ser utilizada subsequentemente para o teste de prenhez.

Nos resultados obtidos neste estudo, os níveis de PAG não sofreram influência do pré-

aquecimento no banho-maria e desta forma, a amostra que for previamente analisada para

qualidade pode também ser submetida ao teste de prenhez.

5.5 Cosiderações finais

A partir da análise de todos estes possíveis fatores de influência nos níveis de PAG das

amostras de leite, pode-se perceber que: o período do dia no qual a amostra de leite foi

coletada não causou efeito nos níveis de PAG e consequentemente nos resultados do teste de

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prenhez; que as amostras coletadas dos medidores de leite podem influenciar as concentrações

de PAG, quando estes equipamentos não estiverem limpos e regulados; que a análise

laboratorial prévia de qualidade do leite não causou efeito nos níveis de PAG das amostras; e

que os teores de PAG se mantiveram constates em amostras analisadas até 9 dias após a

coleta, quando conservadas com bronopol, independente da temperatura de armazenamento.

Desta forma, as mesmas recomendações de coleta, armazenamento e processamento

das amostras submetidas às análises de controle de qualidade podem ser empregadas para as

utilizadas no teste de prenhez. A ausência de influência destes efeitos sobre os níveis de PAG,

possibilita a utilização de uma única amostra de leite para a realização de ambos os testes.

A possibilidade da detecção das PAG em amostras de leite traz benefícios aos

produtores e técnicos por se tratar de uma ferramenta segura, eficiente e mais simples de ser

aplicada quando comparada à palpação, à ultrassonografia e ao exame de sangue. A utilização

de uma única amostra de leite para a realização das análises rotineiras de controle de

qualidade e do teste adicional de prenhez, viabiliza ainda mais a aplicação deste tipo de

diagnóstico reprodutivo.

Infelizmente, a detecção destas PAG no leite ainda não podem ser realizadas de forma

instantânea, como é o caso do teste de progesterona no leite. A exigência de envio de uma

amostra adicional ao laboratório seria o único empecilho. Entretanto, como relatado neste

trabalho, o teste de prenhez que detecta e mensura PAG pode ser realizado na mesma amostra

submetida à análise de controle de qualidade, diminuindo assim os gastos com coleta

transporte e armazenamento de um frasco adicional de amostra.

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6 CONCLUSÕES

Amostras de leite submetidas ao teste de prenhez podem ser coletadas tanto no período

da manhã como no da tarde. Quando a amostra for coletada do medidor de leite, deve-se

observar se a manutenção dos equipamentos é periódica e se a limpeza está sendo realizada da

maneira correta. As amostras submetidas a análise laboratorial de qualidade também podem

ser utilizadas para o teste de prenhez, visto que os níveis de PAG não sofreram influência do

pré-aquecimento no banho-maria e nem “efeito de arraste” nos equipamentos laboratoriais.

Amostras de leite conservadas com bronopol e mantidas tanto sob refrigeração como em

temperatura ambiente podem ser analisadas em até 9 dias após a coleta. Desta forma, uma

única amostras de leite pode ser utilizada tanto para análise de qualidade quanto para o teste

de prenhez.

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