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1 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Escola de Engenharia de Lorena Proposta de otimização do fluxograma de projeto desenvolvimento De um laboratório de desenvolvimento Nathalia Alves de Miranda

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U N I V E R S I D A D E D E S Ã O P A U L O

Esco la de Engenhar i a de Lo rena

Proposta de otimização do fluxograma de projeto

desenvolvimento

De um laboratório de desenvolvimento

Nathalia Alves de Miranda

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LORENA – SP

2013

Departamento de Engenharia Química

Proposta de otimização do fluxograma de projeto e desenvolvimento

de um laboratório de desenvolvimento

Nathalia Alves de Miranda

Orientador: Prof. MSc AntonioCarlos da Silva

Trabalho de Conclusão de Curso

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LORENA – SP

2013

Miranda, N. A.Proposta de otimização do fluxograma de projeto e desenvolvimento de um laboratório de desenvolvimento. Monografia (Trabalho de Graduação em Engenharia Química) – Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2013.

Resumo

Atualmente, em empresas que desejam conquistar mercados novos e manter os

já existentes é necessário manter a qualidade, para isso a certificação NBR ISO

9001 faz com que os caminhos fiquem mais curtos com relação ao sucesso. Em

um laboratório de desenvolvimento o principal requisito a ser atendido da norma é

o 7.3 que fala de projeto e desenvolvimento, onde é preciso registrar os estágios

do projeto, as análises críticas e as responsabilidades e autoridades do projeto.

Em um laboratório de suporte técnico de pigmentos, de uma indústria química,

(certificado pela NBR ISO 9001:2008) o fluxograma atual, apesar de atender as

necessidades da norma, é extremamente complexo, e com um número elevado

de análises críticas, o que prejudica a velocidade do desenvolvimento, além de

ser confuso com relação etapas do processo em si. Por isso foi feito um estudo de

metodologias que poderiam facilitar a construção de um possível novo fluxograma

de projeto e desenvolvimento. Foi realizado um estudo do fluxo atual e

posteriormente foi feita uma proposta de novo fluxograma baseado no Stage-Gate

e no Funil das decisões e também no funil das decisões. Com as etapas de

desenvolvimento definidas através das metodologias e com o número de análises

críticas coerente foi possível a criação de um fluxograma mais simples, atendendo

todas as exigências do Requisito 7.3 NBR ISO 9001:2008.

Palavras-chave: NBR ISO 9001:2008, Stage-Gate, Desenvolvimento.

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Sumário

RESUMO ....................................................................................................................................... 3

LISTA DE FIGURAS ......................................................................................................................... 5

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 6

2. OBJETIVO .......................................................................................................................... 8

2.1. OBJETIVOGERAL ................................................................................................................ 8

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................................... 8

3. JUSTIFICATIVA ................................................................................................................... 9

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................................11

4.1. PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO (PDP) ...................................................11

4.2. GESTÃO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO (GDP) ......................................................16

4.3. QUALIDADE ......................................................................................................................17

4.4. SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE ................................................................................... 19

4.5. NORMA NBR ISO 9001:2008 .............................................................................................20

4.6. REQUISITO 7.3 DA NBR ISO 9001:2008 .............................................................................24

4.7. METODOLOGIA STAGE-GATE ............................................................................................. 26

4.8. FUNIL DAS DECISÕES ........................................................................................................32

5. METODOLOGIA.................................................................................................................35

6. RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................................................................37

7. CONCLUSÃO .....................................................................................................................40

BIBLIOGRAFIA ..............................................................................................................................41

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Lista de Figuras

Figura 1 - Resumo das fases definidas em um APQP ....................................................................... 15

Figura 3 - Benefício da implementação da norma ISO 9001 ............................................................ 22

Figura 4 - Requisitos da NBR ISO 9001:2008 no ciclo PDCA ............................................................. 23

Figura 5 - Estrutua de um projeto e desenvolvimento baseado na NBR ISO 9001:2008 .................. 25

Figura 6 - Três modelos de Stage-Gate propostos por Robert Cooper ............................................. 27

Figura 7 - Stage-Gate ...................................................................................................................... 28

Figura 8 - Estrutura dos estágios do Stage-Gate resumido .............................................................. 29

Figura 9 - Estrutura dos Portões do Stage-Gate resumido ............................................................... 31

Figura 10 - Decisão - Stage-Gate ..................................................................................................... 31

Figura 11 - Funil das decisões. ........................................................................................................ 33

Figura 12 - Fluxograma criado a partir do Stage-Gate e Funil das Decisões ..................................... 38

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1. Introdução

Desde que o homem criou a primeira ferramenta, nos primórdios da

evolução e após essa criação houve a necessidade de melhoria para que a

ferramenta se tornasse mais ágil ou eficaz a história da qualidade se iniciou.

Pode-se definir qualidade como melhoria de um produto ou serviço de modo

que este atenda ou supere as necessidades do cliente, e para que isso ocorra se

faz necessário um processo de desenvolvimento e produção de alta qualidade, ou

seja, é necessário que se tenha um controle dos processos iniciais para que o

produto final alcance o sucesso.

Em um mundo globalizado e altamente competitivo, as empresas iniciaram

uma corrida em busca da melhoria da qualidade de produtos e serviços a fim de

conquistar e se manter no mercado.

A Norma NBR ISO 9001:2008 é atualmente o mais importante padrão de

qualidade, pois é um padrão mundial que pode ser aplicado a qualquer tipo de

produto, serviço e tamanho de organização. (KNOWER, 2012) A implementação

da norma oferece não somente a possibilidade de ampliar mercado, mas também

de organização dentro da empresa e controle de processos. (BOLTON, 2012)

No desenvolvimento de novos produtos é preciso que a empresa tenha

rapidez e ao mesmo tempo, que os produtos sejam tolerantes a falhas, duráveis e

de fácil manutenção, atendendo as exigências, cada vez maiores, dos clientes.

Um laboratório de desenvolvimento de novos produtos que precise ser

certificado pela ISO 9000 deve ter um fluxograma de projeto e desenvolvimento

de fácil entendimento, ou seja, as etapas do processo de desenvolvimento em si

precisam estar bem determinadas, ou seja, devem estar bem descritas, com os

papéis das pessoas participantes bem definidos.

Através da análise dos resultados das auditorias internas, é possível verificar

necessidade de otimização do fluxograma de projeto e desenvolvimento utilizado

atualmente na área a ser estuda.

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Atualmente existe uma série de metodologias possíveis de serem utilizadas

como ponto de partida para a melhoria do fluxograma atual, porém além de

atendar as necessidades da NBR ISSO 9001:2008 e da área, também é

necessário que se atendam as exigências da empresa, utilizando uma

metodologia reconhecida pela mesma.

Uma forma eficaz de controlar os processos de desenvolvimento é através

da metodologia Stage-Gate, que é utilizada pela empresa em questão, em

diferentes áreas, essa metodologia criada em 1986 pelo Dr. Robert G. Cooper e

pelo Dr. Scott J. Edgett. O método consiste em dividir os processos de

desenvolvimento em portões (gates) e estágios pré-definidos, a cada etapa

concluída é necessária aprovação de um gerente ou um líder de projeto.

Em conjunto com a metodologia Stage-Gate, existem algumas propostas de

utilização conjunta com o Funil das Decisões, metodologia desenvolvida por Clark

e Wheelwright por volta de 1993 que é uma forma de manter o foco e eliminar ao

máximo os riscos e as incertezas, diminuindo assim as chances de insucesso do

projeto.

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2. Objetivo

2.1. ObjetivoGeral

O objetivo do trabalho em questão é avaliar e identificar os pontos que

podem ser melhorados em um fluxograma de projeto e desenvolvimento de um

laboratório de suporte técnico de uma empresa multinacional e fazer uma

proposta de novo fluxograma baseado em metodologias encontradas na literatura

para a criação do mesmo.

Na ISO 9001, requisito 7.3 está determinado quais documentos devem ser

arquivados e em que momento, bem como as fases pelo qual o projeto deve

passar, desta forma na elaboração da proposta de novo fluxograma deve-se

considerar os parâmetros obrigatórios.

E aliando-se a ISO 9001 será mostrado como a metodologia Stage-Gate e

Funil das decisões pode simplificar um fluxo de projeto e desenvolvimento

tornando-o funcional, intuitivo e principalmente efetivo para o fim ao qual foi

desenvolvido.

2.2. Objetivos Específicos

• Avaliar o fluxograma de projeto e desenvolvimento existente para verificar a

adequação à Norma NBR ISO 9001:2008.

• Identificar a necessidade de estabelecer novos procedimentos para

inclusão no fluxograma existente.

• Estudar metodologias de criação de um processo de desenvolvimento de

produto.

• Analisar as vantagens bem como os possíveis efeitos após implementação.

• Construir um novo fluxograma para as atividades de Projeto e

Desenvolvimento.

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3. Justificativa

Obter a certificação ISO 9001 é importante, mas sua manutenção é ainda

mais, o laboratório de suporte técnico de uma empresa multinacional passa por

auditorias anuais e atualmente a documentação dos desenvolvimentos de novos

produtos é um ponto crítico. Em um laboratório de desenvolvimento é

imprescindível um fluxograma de projeto e desenvolvimento claro, prático e

consistente. (JORDÃO, 2012)

O laboratório de desenvolvimento em questão desde sua origem na década

de 90 é focado em produtos para a indústria de tintas em geral e segmentado

entre pigmentos, resinas e aditivos;

Neste começo o escopo de todo o trabalho realizado destinava – se a

aplicação técnica dos produtos, desta forma ajudando o cliente na utilização dos

mesmos e colocando em prática um dos princípios da empresa, onde ajudar o

cliente a tingir o sucesso é primordial;

Em 2007 após uma auditoria externa foi constatado que além das aplicações

técnicas, algumas das atividades do laboratório também se destinavam ao

desenvolvimento de novos produtos, o que consequentemente gerou uma não

conformidade referente ao requisito 7.3 da ISO 90001:2008, sendo que não havia

um fluxo de projeto e desenvolvimento e documentações referentes aos já

realizados;

Desta forma para atender o requisito 7.3 desenvolveu–se um fluxo de projeto

e desenvolvimento de acordo com os parâmetros requisitados, que naquele

momento pareceu ser “perfeito” para o fim ao qual foi elaborado.

No fluxo de desenvolvimento elaborado optou–se por um gerenciamento de

documentação além daquele solicitado, fato que gerou muitos problemas para a

adequação dos projetos a estes fluxos.

Neste fluxo também toda a equipe estava envolvida (Vendas, Marketing e

Laboratório) o que corroborou para o funcionamento inadequado do mesmo.

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Como consequência a todas estas dificuldades geradas por um fluxo de

projeto e desenvolvimento complexo, é que estava – se de acordo com Requisito

7.3, mas a impossibilidade de segui-lo adequadamente gerou inúmeras

indicações de melhoramento para o mesmo nos anos que se seguiram com não

conformidades na eminência de acontecer. Resumindo toda a história, nunca

funcionou adequadamente.

Desta forma faz se necessário um melhoramento neste fluxo, ou por assim

dizer uma reconstrução baseando–se o minimalismo, sem deixar de atender aos

requisitos e torna o mesmo funcional;

Baseando-se em todo o contexto descrito, o modelo de gerenciamento de

projetos Stage-Gate em conjunto com os itens do requisito 7.3 da NBR ISO

9001:2008, forneceram um novo fluxo de projeto e desenvolvimento adequado

aos usuários bem como atenderá o padrão internacional utilizado para este fim.

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4. Revisão Bibliográfica

4.1. Processo de Desenvolvimento de Produto (PDP)

A criação de novos produtos não só valoriza a imagem perante os clientes já

conquistados como cria novas oportunidades de negócio, porém deve-se tomar

cuidado para que este desenvolvimento de novo produto seja feita de maneira

consistente.

A empresa que estiver na vanguarda dos novos negócios terá, ao menos por

um determinado tempo, alto valor de produto, ou seja, enquanto a empresa é

lidera num determinado seguimento, pode-se obter maior margem de lucros,

como por exemplo, a empresa Apple, cujos produtos têm o maior valor do

mercado de eletrônicos e mesmo assim possui um grande numero de clientes, já

que tratar de produtos de inovação.

Por essas razões, atualmente, o desenvolvimento de novos produtos

realizado de forma rápida e consistente tornou-se prioridade nos mais diversos

tipos de indústrias.

Hoje, o desenvolvimento de produto passou a ser considerado um processo,

e segundo Sanches da Silva (2001) pode ser definido de duas formas:

• Conceito tradicional de processo de desenvolvimento de produto – Onde o

fundamento principal é especialização funcional, ou seja, utiliza a especialização

como meio de obter eficiência. Quando se utiliza este conceito o processo de

desenvolvimento acontece de maneira fragmentada, separada por áreas

especificas, sendo que o próximo passo do desenvolvimento só ocorre quando o

primeiro passo já foi finalizado, gerando um excesso de burocracia e alta

complexidade, consequentemente comprometendo o prazo de entrega do

produto.

• Conceito moderno de processo de desenvolvimento de produto – Este tipo

de conceito tem como foco principal o resultado, incluindo a participação dos

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clientes e participação sinérgica de diversas áreas. As consequências desse tipo

de conceito são:

. Redução de custos – devido ao planejamento inicial do

desenvolvimento ser feito de maneira mais metódica evita-se que sejam

feitas muitas modificações no escopo do projeto durante o processo.

. Maior qualidade – o envolvimento dos clientes no processo ajuda a

manter a qualidade, já que o processo é voltado para o cliente.

. Menor tempo global de desenvolvimento – as etapas posteriores ao

desenvolvimento propriamente dito se forem realizadas de maneira

sinérgica reduz os problemas de comunicação, já que várias áreas estão

envolvidas no processo.

Ainda, segundo Silva e Rozenfeld (2003), os processos de desenvolvimento

podem ser divididos em quatro dimensões inter-relacionadas e interdependentes.

• Dimensão estratégica – considerada como o planejamento do

desenvolvimento de produto, é dividida em quatro perspectivas sendo elas:

. Gestão de portfólio – está relacionada à administração da

quantidade, tipo e inovação dos produtos ou projetos num determinado

portfólio, tanto dos novos quanto dos já existentes ou em processo de

criação.

. Avaliação do desempenho – trata-se da avaliação de todo o projeto

de desenvolvimento de produto, partindo do início do projeto em si e

finalizando no produto já terminado. Os principais parâmetros avaliados

são lead time, ou seja, tempo total do desenvolvimento, culminando no

lançamento do produto no mercado, produtividade, ou seja, o cálculo da

relação entre quantidade produzida e recurso que foi utilizado nessa

produção, e qualidade de execução do projeto ou produto desenvolvido.

. Condução das alianças e parcerias – se resume no envolvimento

dos clientes e fornecedores no processo como um todo, em alguns casos

há também envolvimento das empresas concorrentes ou outro tipo de

organização, dependendo do tipo de projeto e de que tipo de produto se

deseja obter.

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. Condução das relações interfuncionais – é definido como a

integração entre diferentes áreas da empresa em um determinado

processo de desenvolvimento.

• Dimensão organização – trata-se dos aspectos da organização e dos

aspectos comportamentais no desenvolvimento de produto e também é dividida

em quatro perspectivas:

. Adoção e manutenção da estrutura organizacional – é definido como

a escolha de modos de organização do desenvolvimento de produto,

podendo ser uma estrutura funcional, ou seja, cada atividade do projeto é

realizada na área que possui conhecimento para sua realização; estrutura

autônoma, que nada mais é do que a formação de uma equipe

multidisciplinar independente da estrutura geral que possui um gerente de

projeto; estruturas peso-leve e peso-pesado que são estruturas que

possuem gerentes para conduzir o projeto, sendo que o gerente peso-

leve possui menos autoridade que os gerentes das áreas funcionais do

projeto, já o gerente peso-pesado possui posição equivalente ou até

mesmo acima dos gerentes funcionais. Estes tipos de estruturas foram

idealizados por Clark e Fujimoto em 1991 e Clark e Wheelwright em 1993.

. Execução do trabalho de liderança – trata de uma avaliação

comportamental e das características de liderança dos gerentes com

relação à equipe.

. Execução do trabalho em grupo – é uma perspectiva que analisa o

comportamento do grupo e tenta estimular a comunicação e a gestão dos

conflitos que vierem a existir durante o processo de desenvolvimento de

produto.

. Existência de programa de capacitação – que são os treinamentos e

a capacitação da equipe.

• Dimensão Atividades/ Informações – que trata de todas as atividades

realizadas no processo de desenvolvimento de produto, esta dimensão pode ser

explicada utilizando a APQP (advanced product quality planning). Thisse (1998)

resume em um artigo chamado Advanced Quality Planning: A Guide for Any

Organization a APQP em cinco fases, sendo elas:

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. Planejamento e definição do programa – nessa fase é definido o que

o cliente deseja e se todas as expectativas do mesmo foram bem

entendidas e então definir o design do produto e seu desenvolvimento.

. Processo de design e desenvolvimento do produto – fase em que o

principal objetivo é definir o tipo de processo que será utilizado na

produção do produto dentro das exigências e expectativas do cliente,

atendendo a qualidade e ao custo pré-determinados.

. Validação do processo e do produto – definição dos métodos e

técnicas que serão utilizados na produção em si, para que esta atenda

todos os requisitos determinados nas fases anteriores, é nesta fase

também que novas exigências e outras características que possam vir a

afetar o produto final devem ser identificadas e tratadas.

. Feedback, avaliação e ação corretiva – onde são avaliadas as

variações do processo por causas comuns, ou seja, aquelas variações

que são inerentes ao processo, e por causas especiais, que são as

variações que ocorrem por uma causa especifica (este tipo de variação

deve ser eliminada). Nesta fase é avaliada a efetividade do plano de

qualidade e são podem ser utilizados três tipos de plano de controle,

sendo eles, plano de controle do protótipo, plano de controle pré-

lançamento e plano de controle de produção.

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Figura 1 - Resumo das fases definidas em um APQP (Fonte: Thisse, 1998)

É nesta dimensão que se pode aplicar o modelo Stage-Gate para controlar o

andamento do projeto.

• Dimensão Recursos – dimensão que fala dos recursos ou ferramentas que

podem ser utilizados para ajudar na execução das outras dimensões, alguns

exemplos são:

. QFD ou quality function deployment – Segundo Akao (1988) QFD é

um método utilizado para assegurar a qualidade em todos os estágios do

processo de desenvolvimento de produto, ou seja, é um método cujo

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objetivo é traduzir as expectativas e exigências do cliente na fase de

design para garantir a qualidade na fase de produção.

. Sete ferramentas gerenciais da qualidade – São as sete

ferramentas criadas por Ishikawa, são elas: Mapas de processo (são

utilizados para medir o desempenho do processo e o quanto este está

atendendo as necessidades do cliente); Diagrama de Pareto; Diagrama

de causa e efeito; diagramas de dispersão; histogramas; cartas de

controle (servem para rastrear o desempenho do processo num

determinado tempo para detectar as variações e avaliar o progresso após

mudanças e melhorias do processo); folhas de verificação.

. FMEA (Failure mode and effect analysis) – o objetivo do FMEA é

prever e evitar falhas.

4.2. Gestão de Desenvolvimento de Produto (GDP)

A partir do momento em que o desenvolvimento de produto passa a ser

visto, pelas empresas, como um processo que exige controles através de

ferramentas estatísticas e uma equipe para executa-lo, então se torna necessário

o gerenciamento.

Cheng (1999) define a GPD como um viés da gestão da qualidade, partindo

da garantia da qualidade para um campo mais amplo. Cheng também divide a

GDP em duas dimensões:

• Eixo vertical – chamado de horizonte do planejamento, nesse eixo um

extremo é o estratégico e o outro é o operacional e no meio do eixo o contínuo.

• Eixo horizontal – que compreende o ciclo de desenvolvimento de produto e

partindo desde a geração de ideias de produtos, passando pela pesquisa de

mercado, determinação do conceito, planejamento do projeto e do processo, pré-

produção e enfim o lançamento do produto.

Costa e Nascimento (2011) citam diversos autores e suas definições para

GDP, sendo um deles Kaminski (2000), define a gestão de desenvolvimento de

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produtos como um conjunto de atividades que envolvem quase todos os

departamentos da empresa e apresenta como objetivo a transformação de

necessidades de mercado em produtos ou serviços economicamente viáveis. Eles

ainda citam os autores Krishnan e Ulrich (2001) dividiram o GDP em etapas

decisórias:

• Desenvolvimento do conceito

• Projeto da cadeia de suprimentos – Sendo cadeia de suprimentos um

conjunto de atividades que envolvem as atividades de compra, armazenamento,

transformação embalagem, transporte, movimentação interna distribuição e todo o

suporte necessário para que tudo possa acontecer. (RAMOS, 2013)

• Desenvolvimento do produto

• Teste e validação do desempenho

• Ramp-up – Pode ser definido como o aumento rápido da produção de um

produto, acima do previsto.

• Lançamento do produto

4.3. Qualidade

A qualidade tem importância significativa desde muitas décadas atrás,

Oliveira (2003) divide a evolução da qualidade em três grandes fases: Era da

inspeção, época anterior à revolução industrial, em que os produtos eram

inspecionados pelo fabricante e pelos clientes sem nenhum tipo de metodologia,

apenas baseado no conhecimento empírico; Era do controle estatístico, nessa era

passou-se a inspecionar os produtos utilizando, principalmente, o método de

amostragem, ou seja, alguns produtos eram selecionados e avaliados e a

qualidade do lote era avaliada com base na representação; Era da qualidade total,

era que estamos vivendo atualmente, onde o cliente é o foco e a empresa

produtora passa a ser total responsável pela garantia da qualidade, hoje se faz o

controle do processo como um todo, e o objetivo da avaliação deixa de ser a

identificação do defeito e sim a prevenção dele.

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Do ponto de vista do cliente, qualidade pode ser definida como a melhor

relação possível entre custo e beneficio, ou seja, todas as características

desejadas estão no produto juntamente com preço justo.

Do ponto de vista da empresa, qualidade significa produzir de acordo com a

ótica do cliente, atender suas necessidades e exigências, além disso, significa

produzir dentro da conformidade da especificação, com o mínimo possível se

defeitos.

Juran (1986), considerado um dos maiores estudiosos da qualidade, fala de

gestão da qualidade, baseada nos processos de planejamento, controle e

melhoria da qualidade. Onde, planejamento da qualidade é o desenvolvimento do

produto de acordo com o que o cliente deseja.

O planejamento da qualidade possui seis passos universais, sendo eles:

estabelecer metas de qualidade, a partir das metas definidas é necessário que se

identifique quais clientes serão impactados por essas metas, determinar as

necessidades do cliente, desenvolver as características dos produtos,

desenvolver o processo e estabelecer quais parâmetros serão controlados no

processo.

Controle da qualidade, este processo possui três passos, sendo eles: avaliar

o desempenho da qualidade, comparar o desempenho com as metas definidas na

fase de desenvolvimento e agir quando houver diferença entre o desempenho e

as metas.

Melhoria da qualidade possui quatro passos universais, e eles são:

estabelecer a infraestrutura necessária para a melhoria da qualidade, identificar

as necessidades especificas de melhoras, estabelecer para cada projeto uma

equipe responsável pela execução e finalização do projeto, prover os recursos

necessários para motivar e treinar as equipes. (JURAN, 1992)

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4.4. Sistema de Gestão da Qualidade

É um sistema que visa padronizar e controlar o processo com relação à

qualidade, ou seja, é um conjunto de estratégias adotadas pela empresa com o

objetivo de integrar responsabilidade, planejamento, estruturação da organização,

utilização de métodos e processos para a melhor utilização dos recursos tanto

materiais quanto humanos, tendo como consequência a qualidade do produto.

(GRUPO DESTRA, 2013)

Além disso, quando uma empresa opta por implementar um sistema de

gestão da qualidade, ela acaba melhorando a imagem frente aos clientes, pois

este tipo de sistema garante que a empresa acompanha e controla através de

ações preventivas e corretivas suas não conformidades nos processos.

Os principais objetivos de se implementar um sistema de gestão da

qualidade são ter foco no cliente, colocar a empresa em situação de liderança de

mercado, fazer com que as pessoas se envolvam para que se adquira excelência,

controle dos processos, melhoria continua, criação de histórico das não

conformidade e relação mutua com fornecedores.

Os sistemas de gestão da qualidade se baseiam no ciclo PDCA para garantir

a melhoria contínua esse ciclo, conhecido também como ciclo de Deming é

dividido em quatro passos, sendo eles Plan (planejar), Do (fazer), Check

(verificar) e Act (agir corretivamente).

Plan é a fase em que se estabelecem os objetivos e processos que serão

necessarios para atingir os requisitos do cliente sem deixar de contemplar a

politica da empresa, esta fase de planejamento é importante para que sejam

evitadas falhas do decorrer do processo.

Do é a fase em que o plano é executado e que os dados são rigorosamente

coletados para que seja criado historico e para que seja feita a analise.

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Check é a fase de verificação e análise do plano, ou seja, é feita uma

comparação entre o que foi executado e o resultado esperado, além disso, é feito

o relato dos resultados obtidos.

Act é a fase em que ações são tomadas para eliminar as causas dos

possiveis desvios de processo visando à melhoria continua. (ABNT, 2001)

Figura 2 - Ciclo PDCA (fonte: http://diogodhido.blogspot.com/2012/07/o-que-e-o-ciclo-pdca-e-como-funciona.html)

4.5. Norma NBR ISO 9001:2008

Se tratando de sistemas de gestão da qualidade a ISO, ou International

Organization for Standardization, desenvolveu o mais utilizado e respeitado

sistema de gestão da atualidade, a ISO 9000.

A ISO é uma organização não governamental fundada em Genebra em 1947

que desenvolve normas internacionais a fim de promover uma padronização dos

produtos e serviços, ajudando as empresas a se tornarem mais eficientes e com

processos mais confiáveis. A organização possui mais de dezenove mil e

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quinhentas normatizações publicadas integrando praticamente todos os aspectos

de tecnologia e negócios em geral e atuação em cento e sessenta e três países

pelo mundo. (ISO, 2013)

A ISO 9000 é uma norma que define um sistema de gestão da qualidade, ou

seja, um sistema que visa padronização e controle dos processos e tomadas de

decisão que promovam não apenas melhoria contínua, mas também satisfação

dos clientes e pode se inserida em qualquer ramo ou atividade.

A implementação da ISO 9000 tem como maior vantagem não somente

maior organização e produtividade, como também maior credibilidade no

mercado, atraindo novos clientes e confiança sólida com os clientes já

conquistados, tornando então a empresa mais competitiva, nacional e

internacionalmente, visto que a norma é um padrão mundial.

A ISO 9000 é baseada em oito princípios de gestão da qualidade, sendo

eles:

• Foco no cliente – significa entender as necessidades do cliente e agregar

essas necessidades as necessidades da empresa, medir a satisfação do cliente e

agir perante os resultados.

• Liderança – os lideres são as pessoas que estabelecem as propostas e

direções da empresa e, portanto devem criar e manter um ambiente no qual as

pessoas são envolvida de maneira ativa nos objetivos da empresa.

• Envolvimento das pessoas – as pessoas, independente do nível

hierárquico, são a essência da organização e, portanto o total envolvimento delas

possibilita que a empresa utilize suas habilidades em beneficio próprio.

• Abordagem de processo – os resultados desejados são alcançados de

maneira mais eficiente quando as atividades e pesquisas são tratadas como

processos.

• Abordagem sistêmica para gestão – identificar, entender e gerenciar os

processos de maneira sistêmica contribui para aumentar a eficiência e efetividade

da empresa.

• Melhoria contínua – melhoria contínua deve ser um objetivo permanente da

empresa.

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• Abordagem dos fatos para tomada de decisão – decisões efetivas são

baseadas na analise de dados e informações.

• Benefícios mútuos nas relações com fornecedores – uma empresa e seus

fornecedores são interdependentes e uma relação que busca beneficiar

mutuamente aumenta a habilidade de cada um deles de criar valor. (ISO, 2005)

Figura 3 - Benefício da implementação da norma ISO 9001 (fonte: http://www.spicesolutions.com/iso_9001_2008.php)

A primeira versão dessa norma surgiu em 1987, com uma estrutura

semelhante à BS 5750 que é uma norma inglesa sobre sistemas da qualidade

publicada em 1979 pela BSI (British Standards Institution) (CICCO, 1997), porém,

mesclada com outras normas americanas, era subdivida em três versões, sendo a

primeira voltada a desenvolvimento de produto, a segunda apenas voltada para

produção, montagem e prestação de serviço e a terceira com foco na inspeção do

produto acabado. (WIKIPEDIA, 2013)

A segunda versão da ISO 9000 foi a ISO 9001:1994 que não se tratava de

uma norma certificadora e sim uma diretriz de como ter garantia da qualidade. Por

fim, vieram as versões de 2000, 2005 e a ultima versão em 2008. (WIKIPEDIA

2013)

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A ABNT NBR ISO 9001:2008 é a versão brasileira da norma internacional

ISO 9001.

Após implantar procedimentos de acordo com os preceitos da Norma NBR

ISO 9001:2008, a organização deve contratar os serviços de avaliação de um

órgão credenciado para realizar a Certificação do Sistema da Qualidade. Esse

órgão deverá realizar auditorias de certificação, buscando evidências de que o

sistema da qualidade implantado está de acordo com os requisitos da Norma. A

Certificação é acreditada no mercado, sendo reconhecida pelos clientes e

parceiros.

Mais importante do que ter a certificação é manter o sistema funcionando

num sistema de melhoria continua (baseada do PDCA). Para isso as empresas

devem promover auditorias internas para verificar se o sistema está funcionando

de acordo com a norma. (ISO, 2013)

Figura 4 - Requisitos da NBR ISO 9001:2008 no ciclo PDCA (fonte: http://www.tiespecialistas.com.br/2011/04/iso-90012008-como-base-para-gestao-de-ti/)

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4.6. Requisito 7.3 da NBR ISO 9001:2008

O requisito 7.3 da ISO 9001 trata de projeto e desenvolvimento, ou seja,

planejamento da empresa para lançar novos produtos e se manter atualizada no

mercado, para isso o requisito 7.3 da norma auxilia que esses desenvolvimentos

de novos produtos sejam feita de maneira sistemática através, principalmente do

planejamento, das analises criticas e registros para organização e criação de

histórico.

7.3.1 Planejamento do projeto e desenvolvimento – é nesta fase em que são

definidos os estágios do projeto e desenvolvimento para que se tenha total

controle das etapas é necessário que se faça analise critica a cada estagio, deve-

se também definir a equipe de atuação e os responsáveis pelo projeto e que esta

equipe contemple pessoas de diversas áreas, além disso. As validações e

verificações devem ser feitas a cada estagio para confirmar a viabilidade do

projeto.

As analises criticas, validações e verificações devem ser registradas de

maneira adequada.

7.3.2 e 7.3.3 Entradas e saídas do projeto e desenvolvimento – neste caso a

organização deve verificar as entradas e saídas, internas e externas, que afetem

o projeto e desenvolvimento de forma adequada para satisfazer as necessidades

do cliente. Todos os documentos relevantes ao projeto, como informações de

outros projetos no caso das entradas e informações de produção e detalhes de

serviços prestados devem ser incorporados a ele.

7.3.4 Análise crítica do projeto e desenvolvimento – é nesta fase que poderá

ser verificado se os objetivos dos projetos serão atingidos, podem ser realizadas

tanto ao longo do processo como no final. Devem ser mantidos registros de todas

as analises criticas realizadas no decorrer do projeto, para isso as etapas do

projeto devem ter sido bem definidas na fase de planejamento. Quando se tem

um projeto bem definido e analises criticas bem documentadas se diminui a

chance de insucesso do projeto, já que no decorrer de cada analise são corrigidos

os desvios.

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7.3.5 Verificação de projeto e desenvolvimento – A partir da definição das

saídas ou resultados obtidos durante o projeto e desenvolvimento deve-se

verificar o andamento do mesmo, as saídas devem estar definidas no

planejamento. Devem ser mantidos os registros da verificação e das possíveis

ações necessárias.

7.3.6 Validação do projeto e desenvolvimento - assegura que o produto final

é capaz de atender aos requisitos para a aplicação especificada, ou seja, validar

se o produto está dentro do que foi planejado e solicitado pelo cliente. É

necessário manter os registros da validação

7.3.7 Controle de alterações do projeto e desenvolvimento – as alterações

devem ser identificadas, registradas, analisadas criticamente, verificadas,

validadas e aprovadas. As oportunidades de melhorias tanto durante o projeto e

desenvolvimento quanto no final do mesmo podem ser feitas desde que sejam

devidamente registradas. Deve-se manter tanto os registros das analises criticas

quanto das alterações realizadas.

Figura 5 - Estrutua de um projeto e desenvolvimento seguindo os requisitos da norma NBR ISO 9001:2008(fonte: http://www.totalqualidade.com.br/2011/01/73-projeto-e-desenvolvimento-iso.html)

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4.7. Metodologia Stage-Gate

Cooper (1993) publicou um artigo que falava de um modelo de controle de

processo de desenvolvimento baseado em sete estágios e entre um estágio e

outro havia pontos de decisão do tipo, “continua” ou “não continua”, somente em

1988 esse modelo foi denominado como Stage-Gate. (ARLETH, 2011)

A metodologia stage-gate foi criada com a finalidade de direcionar os

processos, compreendendo tipicamente entre quatro e seis estágios fundamentais

e entre os estágios o modelo possui os portões, ou gates para a tomada de

decisão entre continuar para o próximo estagio ou não continuar. A equipe

responsável pelo desenvolvimento deve ser multifuncional, ou seja, não existe

mais estágio de pesquisa e desenvolvimento e posteriormente estagio do

marketing, as atividades são realizadas paralelamente e com pessoas de

diferentes áreas de atuação.

Para que o processo de desenvolvimento seja bem sucedido, este precisa

ser executado com qualidade e várias atividades ao mesmo tempo, priorizando as

atividades, possuindo uma equipe multifuncional, mantendo o foco e

entendimento das necessidades do cliente. (SALES, CANCIGLIERI, 2011)

A estruturação de um processo de desenvolvimento utilizando a metodologia

Stage-Gate aumenta o rigor científico dos processos, faz com que a equipe

permaneça focada na resolução dos problemas oriundos do desenvolvimento, por

exemplo, a má utilização de mão de obra, não aproveitamento dos recursos

financeiros e falta de expertise técnica. (DRUMMOND, 2005)

Nos dias atuais os produtos possuem um ciclo de vida cada vez mais curto,

fazendo-se necessário que o processo de desenvolvimento de novos produtos

seja feito de maneira rápida.

Cooper ainda menciona sete princípios para aumentar a produtividade do

processo de desenvolvimento de novos produtos, como por exemplo, foco no

cliente e melhoria continua porem, o mais importante neste contexto é o sétimo

principio que é o processo Stage-Gate, ele descreve que muitos processos de

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desenvolvimento são burocráticos e por isso tem muita perda de tempo por causa

da rigidez dos processos, demando um numero grande de reuniões. Como

proposta para uma empresa que visa otimizar seus processos de

desenvolvimento, Cooper propõe três modelos de Stage-Gate, o Stage-Gate Full

com cinco estágios e cinco portões de decisão, o Stage-Gate Xpress com três

estágios e três portões de decisão e o Stage-Gate Lite com dois estágios e dois

portões de decisão. (COOPER, 2011)

Figura 6 - Três modelos de Stage-Gate propostos por Robert Cooper (fonte: http://www.stage-gate.eu/article-maximise-productivity-in-new-product-development.asp)

O principal modelo de Stage-Gate utilizado pelas empresas é o Stage-Gate

Full, conhecido também como modelo tradicional, ele é composto pela fase da

geração da ideia de novo desenvolvimento, os cinco estágios (stages) e os cinco

portões (gates).

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Figura 7 - Stage-Gate (fonte: http://www.stage-gate.com)

Os cinco estágios multifuncionais são:

Estágio 0 – Ideias ou Discovery consiste no estágio em que se detecta a

oportunidade e ideias de novos produtos.

Estágio 1 – Definição do escopo ou Scoping neste estágio há uma avaliação

preliminar do tamanho, tipo e aceitação do mercado que o produto irá atingir, é

nesse estágio que também é feita uma breve analise da viabilidade técnica, ou

seja, quais as possibilidades de desenvolvimento e de produção do produto.

Estágio 2 – Planejamento da estratégia de negocio ou Build Business Case

é o estágio em que se faz um plano de negocio onde é definido o produto, quais

as preferencias e exigências dos clientes em potencial, em que tipo de mercado o

produto irá de encaixar. É feita análise técnica, ou seja, analisa-se a viabilidade

técnica de econômica de maneira aprofundada, além disso, se analisa a

viabilidade de manufatura, quais os custos de produção e se será necessário

algum tipo de investimento na planta para a produção do produto. Faz-se a

regulamentação do produto, quanto a patentes ou qualquer necessidade legal. E

por fim, faz-se uma detalhada analise financeira.

Estagio 3 – Desenvolvimento ou Development é o estágio em que ocorre o

desenvolvimento propriamente dito, são feitos testes em escala de laboratório e

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ao mesmo tempo as atividades de analise de mercado, contato com o cliente,

planejamento de lançamento do produto, analises financeiras, analises legais e

atividades com respeito à produção continuam ocorrendo.

Estágio 4 – Teste e validação ou Testing &Validation consiste nos testes e

na validação do projeto como um todo desde o processo de produção, as

características do produto, aceitação do cliente e toda analise econômica do

projeto.

Estágio 5 – Lançamento do produto ou Launch é neste estágio em que se

colocam os planos de lançamento e de produção em pratica.

Após entre seis e dezoito meses após o lançamento do produto o projeto é

finalizado, a equipe é liberada e o produto passa a ser um produto de linha da

empresa. (COPPER, KLEINSCHMIDT, 2001)

Os estágios podem ser resumidamente definidos com a seguinte estrutura:

• Atividades – atividades do projeto realizadas de acordo com o plano de

desenvolvimento.

• Análises – análise de todas as atividades realizadas

• Resultados – consiste no resultado da atividade + analise, este resultado é

o que será julgado no portão de decisão. (COOPER, 2008)

Figura 8 - Estrutura dos estágios do Stage-Gate resumido (fonte: http://www.prod-dev.com/stage-gate.php)

Os portões de decisão ou gates são:

Portão 1 – Avaliação da ideia ou Screen Ideia: no primeiro portão é avaliado

se o projeto será iniciado ou não, são avaliadas as estratégias do projeto,

viabilidade técnica, vantagens competitivas e oportunidades.

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Portão 2 – Segunda avaliação ou Second Screen: neste portão são

utilizados os mesmo critérios do primeiro portão, porém, a avaliação é feita de

maneira mais rigorosa.

Portão 3 – Decisão sobre o planejamento e estratégia de negocio ou

Descision on Business Case: este é o ultimo portão em que o projeto pode ser

cancelado, neste portão são feitas as mesmas avaliações dos portões 1 e 2

adicionadas a uma revisão do estágio 2 para verificar se todas as atividades

foram realizadas, bem como a qualidade de execução, nessa etapa é

fundamental uma avaliação financeira e definição das especificações do produto

Portão 4 – Revisão após etapa de desenvolvimento ou Post development

Review: é avaliado o progresso tanto do produto, quanto do projeto, também é

avaliada a qualidade com que as atividades estão sendo realizadas e se o

desenvolvimento do produto foi realizado conforme o planejado e se o produto

está dentro das especificações dadas pelo cliente.

Portão 5 – Analise antes do lançamento Pre commercialization Business

Analysis: o último portão é o último momento do projeto em que este pode ser

parado, nesta fase são avaliadas a qualidade de realização das atividades e os

resultados obtidos no estágio quatro, os planos operacionais e de marketing

também são revistos e avaliados, se aprovado, o projeto entra no último estágio.

Os portões de decisão ou gates possuem estruturas similares, são

constituídos de basicamente três componentes:

• Resultado – os resultados obtidos nos estágios.

• Critério de avaliação – consiste na avaliação do estágio contra os critérios

de cada etapa.

• Saída – é a decisão se o projeto vai ou não para o próximo estagio.

(COOPER, 2008)

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Figura 9 - Estrutura dos Portões do Stage-Gate resumido (fonte: http://www.prod-dev.com/stage-gate.php)

Como o modelo Stage-Gate tem como principal objetivo organizar o

processo de desenvolvimento através de uma definição clara das etapas, e as

principais vantagens da implementação do modelo são, aumentar a

competitividade da empresa, já que os processo são realizados de maneira

otimizada, aumenta a probabilidade de sucesso do produto porque os produtos

são desenvolvidos com foco no que o cliente deseja, o modelo tende a disciplinar

a equipe a realizar os desenvolvimentos de maneira organizada, redução do

índice de retrabalha e outros tipos de desperdício já que cada estágio foi bem

planejado, aumenta o foco já que os projetos com grandes chances de insucesso

são finalizados antes do lançamento, os recursos são usados de maneira efetiva

e eficiente, garante o processo por inteiro, desde o planejamento até o

lançamento do produto. Como principal resultado disso tudo a empresa passa a

ter um processo rápido, efetivo, eficiente e alto índice de produtos inovadores e

de sucesso no portfolio. (COOPER, EDGETT, 2013)

Figura 10 - Decisão - Stage-Gate (Fonte: http://www.flashxml.net)

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4.8. Funil das decisões

Clark e Wheelwright (1993) criaram o funil das decisões ou funil de

desenvolvimento, esse modelo atrelado ao Stage-Gate proporciona além da

organização do ciclo de desenvolvimento de novos produtos, também

manutenção do foco.

O funil tem início na captação e seleção das melhores ideias para o

desenvolvimento de novos produtos, que é convertida em um conceito de produto

focado e um plano detalhado, através de um conjunto de tomada de decisão,

revisão e controle dos processos durante a execução do projeto.

Essa combinação diminui a chance de problemas do processo de

desenvolvimento. Resumindo, o funil de decisões transforma uma ideia subjetiva

em produto, atendendo a necessidade dos clientes em algumas etapas, como

geração e revisão das alternativas além de análises críticas. (GOMES, FUSCO,

DE OLIVEIRA e SCATAMACCHIA, 2010)

Assim como o Stage-Gate, o funil tem como objetivo a diminuição dos erros

dos processos e melhor aproveitamento de tempo.

Canciglieri e Sales (2011) apresentam o funil das decisões como um método

que diminui as incertezas nas etapas iniciais de lançamento do produto para

evitar grandes mudanças no projeto já nas etapas finais. Citam três principais

perguntas cujas respostas devem ser as principais decisões durante a utilização

do método, são elas:

• Deve-se atuar no segmento de mercado que o novo produto exige?

• A margem de lucro neste segmento é interessante para empresa ou ela

deve desistir do projeto?

• Qual metodologia de desenvolvimento deve ser utilizada?

Os autores ainda chamam atenção que a fase de tomada de decisão leva o

funil a um afunilamento iniciando a etapa de decisões detalhadas.

O funil é, normalmente, dividido em três fases, sendo elas:

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• Fase 1 – Possíveis fontes de inovação: Esta etapa pode ser denominada

como a etapa das ideias e o ideal é que todos participem, tanto a equipe de

desenvolvimento, como os clientes e fornecedores. Aqui também cabe a técnica

de brainstorming, ou seja, um grupo de pessoas juntas com o objetivo de criar

novas ideias e conceitos de produto em um ambiente criado para estimular a

criatividade através de um numero grande de geração de ideias e do não

julgamento das mesmas.

• Fase 2 – Identificação do conceito: Aqui são levantados todos os custos do

projeto, viabilidade e disponibilidade de recursos

• Fase 3 – Desenvolvimento: fase do desenvolvimento do produto

propriamente dito. (MORILHAS, BARROS, 2013)

Cada uma das fases do funil possui uma decisão do tipo seguir com o

projeto ou não seguir ao final.

Figura 11 - Funil das decisões. (fonte: http://www.cits.br/Inovacao.do)

Alves, Bianchini e Dias (2004) fazem um estudo de três empresas

produtoras de balas, bolachas e chocolates, com relação ao projeto e

desenvolvimento de cada uma delas. Todas as três empresas apresentam um

departamento especifico para projeto e desenvolvimento.

As empresas são denominadas pelos autores como “A”, “B” e “C” e eles

apresentam o seguinte caso: a empresa A possui o portfólio voltado ao mercado

popular, onde o principal é a relação preço/custo, mesmo assim é uma empresa

que busca inovação e possui um modelo de projeto de desenvolvimento de

produtos baseado no Funil das Decisões além de contar com a participação dos

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fornecedores e fazer benchmarking de produto. A empresa B possui um portfólio

voltado tanto ao mercado popular quanto aos mercados não populares e

específicos, porém não possui um processo de desenvolvimento de produto bem

definido e estruturado e os fornecedores participam ativamente dos

desenvolvimentos. A empresa C tem o portfólio voltado apenas ao mercado não

popular e não é adepta a inovações, também não possui um processo de

desenvolvimento de produto bem definido, nem conta com a participação dos

fornecedores.

Ainda, segundo os autores, a taxa de conversão de ideias em produtos é:

20% na empresa A e 40% nas empresas B e C.

A taxa de sucesso dos projetos desses produtos lançados é: 80% na

empresa A e 60% nas empresas B e C. (ALVES, BIANCHINI, DIAS, 2004)

O que se pode concluir é que a empresa que possui um processo de

desenvolvimento de produtos bem definido faz uma maior seleção de todas as

ideias lançadas tanto através de uma equipe de desenvolvimento quanto através

de fornecedores e clientes e que essas ideias tem maiores chances de resultarem

em produtos de sucesso, pois contam com uma organização maior dos passos a

serem seguidos.

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5. Metodologia

O trabalho foi qualitativo e trata-se de um estudo de caso, ou seja, deseja-se

observar, entender, analisar e descrever um processo de desenvolvimento, neste

caso, de um laboratório de suporte técnico de pigmentos e preparações

pigmentárias. Um estudo de caso consiste em um trabalho de investigação em

que as etapas são a coleta de informações, e posteriormente a análise dos dados

e determinação de soluções, através de uma avaliação minuciosa do caso

estudado. (GALDEANO, ROSSI, ZAGO, 2003)

Yin (2013) propõe que se faça um plano de pesquisa, que contenha

informações como quais questões estudar, ou seja, a definição do problema e que

tipo de pergunta será respondido (é comum em estudos de caso perguntas como

“como” e “porque”), quais dados são relevantes para a pesquisa, quais dados

coletar, ou seja, que tipo de dados serão utilizados no estudo, a fonte de dados

pode ser através de documentos, registros e arquivos, entrevista, observação do

tipo direta ou participativa e artefatos físicos e como analisar os resultados, esta

análise pode ser feita de diversas formas, mas neste trabalho o principal é a

adequação ao padrão que consiste em uma comparação do real com o teórico.

Fato é que os estudos de casos aumentam o conhecimento e envolvimento

daquele que está estudando perante um determinado assunto e situação real. O

objetivo final é determinar os fatores casuais de uma determinada situação e

propor ações efetivas.

Partindo dessas diretrizes, traçou-se o seguinte plano: observar o

fluxograma de projeto e desenvolvimento do laboratório de suporte técnico em

questão, definindo em que pontos se identificam alta complexidade e geração de

registros além dos exigidos pela norma NBR ISO 9001, requisito 7.3, verificar

todas as etapas e análises críticas que o compõe, posteriormente construir um

método mais simples, porém que atenda a norma e que seja estruturado, para

que os técnicos e todas as pessoas envolvidas entendam quais seus papeis nos

casos de desenvolvimento de novos produtos. Após planejamento iniciou-se o

processo de observação e análise do fluxograma atual. No anexo 1 foram

identificados os pontos essenciais ao fluxograma, ou seja, em quais pontos se

atende a norma NBR ISO 9001:2008, requisito 7.3.

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Posteriormente identificaram-se os pontos de alta complexidade, ou seja,

questionou-se o fato do fluxograma apresentar sete análises críticas e se

realmente são necessárias tantas etapas para que todo o processo esteja

coberto. Para responder tais perguntas recorreu-se então para uma pesquisa de

métodos possíveis para criar uma proposta de fluxograma. Encontraram-se duas

metodologias que quando combinadas fornecem a robustez necessária, sendo o

funil das decisões utilizado mais na fase da geração de ideias para que sejam

validadas apenas as que sejam convenientes ao momento da empresa e a

tendência do mercado e o Stage-Gate para o fluxograma em si, após a escolha

das metodologias foi verificado se estas têm condições de atender à norma e se

são reconhecidas pela empresa, na qual o laboratório pertence. Por fim, propôs-

se um novo fluxograma de projeto e desenvolvimento, apenas para conclusão do

trabalho, o fluxograma proposto não foi implementado.

Foram mantidas as funções no desenvolvimento de novos produtos, ou

seja, já existia atuação entre diversas áreas como área comercial, marketing, área

técnica, supply chain, produção e também liderança e incluiu-se participação dos

clientes e fornecedores. Ao final do novo fluxograma também se estabeleceu uma

fase de fedeeback do cliente após lançamento do produto.

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6. Resultados e Discussões

A proposta de otimização do fluxograma atual, foi cumprida utilizando duas

ferramentas de estratégia de negócio, assim, chegando-se ao objetivo principal

que era a simplificação de um modelo complexo e com pouca funcionalidade,

para um modelo de fácil utilização, maior clareza das funções e atividades.

Constatou-se que não eram necessárias sete análises críticas, no

fluxograma proposto foram utilizadas apenas cinco análises críticas, identificadas

na forma de gates para manter a estrutura do Stage-Gate. Essas análises críticas

foram quanto a abertura do projeto, a decisão de iniciar ou não, de alocar

recursos, como recurso financeiro e recurso técnico, no novo desenvolvimento. O

fluxograma proposto ainda atende todos os requisitos da norma. Foi feita também

uma verificação interna quanto a validade da metodologia e foi constatado que

esta é reconhecida pela empresa utilizando uma nomenclatura própria, porem

utilizando o mesmo conceito. Foram mantidas as formas de registro de entrada e

de planejamento do processo de desenvolvimento para atender as exigências da

empresa que utiliza um sistema próprio para este tipo de registro.

O modelo de Funil foi utilizado na fase de ideias, para que seja feita uma

priorização das melhores ideias após estreitamento delas através de uma analise

bem feita pela equipe juntamente com o cliente.

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Figura 12 - Fluxograma criado a partir do Stage-Gate e Funil das Decisões

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A utilização do modelo Stage-Gate associado ao Funil das decisões traz

uma série de vantagens e benefícios ao processo de desenvolvimento, pois

organiza e ajuda a priorizar as tarefas, aumentando a velocidade do processo

como um todo, o que aumenta a probabilidade de sucesso dos produtos, e além

de obrigar a corrigir ou até mesmo finalizar desenvolvimentos com forte chance

de insucesso.

Deixando a complexidade e partindo-se para um modelo que tem mais

clareza e foco, com possibilidades de uma visão geral do processo, torna a área

de negócio mais competitiva, pois os desenvolvimentos tendem a se tornar mais

rápidos e concisos.

Seguindo os seis princípios de Cooper, que são:

• Execução com Qualidade, ou seja, primeira tentativa assertiva, garante

redução do custo do projeto por conta da maior rapidez e menor retrabalho.

• Direcionamento do foco, uma forma de garantir o foco é a utilização do funil

de decisões, assim se diminui muito a chance de insucesso do projeto.

• Execução de várias atividades ao mesmo tempo, se é garantido o foco,

executar várias atividades ao mesmo tempo diminui o tempo de desenvolvimento.

• Equipes multifuncionais, participação de várias áreas, se possível.

• Orientação ao mercado, ou seja, desenvolvimento de produtos que

atendam as necessidades do mercado atual, e dos clientes.

• Foco nas atividades iniciais do desenvolvimento garante que não se terá

surpresas no decorrer do processo, evitando assim gastos com erros.

Garante-se um controle total do processo, sempre na tentativa de se obter

sucesso no lançamento do produto. (SALES, CANCIGLIERI, 2011).

Apenas o requisito 7.3.7 não está indicado no fluxograma, pois trata de

mudanças feitas ao longo do processo de desenvolvimento, pois se tenta a partir

de um bom planejamento evitar mudanças no projeto. Porém caso sejam

necessárias, podem ser feitas a partir das análises críticas e retornar ao estágio

anterior.

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7. Conclusão

A partir deste trabalho, foi possível a otimização do fluxograma antigo

para uma versão baseada na metodologia Stage-Gate associado ao Funil das

decisões, a partir da qual foi possível um fluxograma de projeto e

desenvolvimento mais simples.

A principal vantagem do novo fluxograma é a facilidade de utilização, pois

as etapas estão bem definidas, explicadas de maneira clara, além dos portões

(gates) que conferem apenas as análises-críticas necessárias em uma ordem

mais coerente que a anterior.

O principal conceito levado em conta na elaboração do novo fluxograma

foi a NBR ISO 9001:2008, principalmente o requisito 7.3.

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