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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco - FCAP Mestrado Profissional em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável MARGARETH DE CARVALHO SÁ PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO FERRAMENTA NA ELABORAÇÃO DE UMA POLÍTICA PÚBLICA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA POLÍCIA CIVIL DE PERNAMBUCO RECIFE 2014

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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO - UPE Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco - FCAP

Mestrado Profissional em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável

MARGARETH DE CARVALHO SÁ

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO FERRAMENTA NA ELABORAÇÃO DE UMA POLÍTICA PÚBLICA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA

POLÍCIA CIVIL DE PERNAMBUCO

RECIFE 2014

1

MARGARETH DE CARVALHO SÁ

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO FERRAMENTA NA ELABORAÇÃO DE UMA POLÍTICA PÚBLICA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA

POLÍCIA CIVIL DE PERNAMBUCO

Dissertação apresentada à banca examinadora do Mestrado da Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco como requisito para a obtenção do Grau de Mestre em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável. Área de concentração: Aspectos Ambientais e Políticas Públicas com Foco no Desenvolvimento Local Sustentável - DLS. Orientador: Prof. Dr. Ericê Bezerra Correia.

RECIFE 2014

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3

MARGARETH DE CARVALHO SÁ

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COMO FERRAMENTA NA ELABORAÇÃO DE UMA POLÍTICA PÚBLICA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA

POLÍCIA CIVIL DE PERNAMBUCO

Dissertação a ser apreciada pela Banca Examinadora do Mestrado Profissional em Gestão do Desenvolvimento Local Sustentável da Faculdade de Ciências da

Administração - FCAP.

Data de aprovação: ____/_____/______

Banca Examinadora:

1º Examinador_______________________________________________________

Andréa Karla Pereira da Silva 2º Examinador______________________________________________________ Múcio Luiz Banja Fernandes 3º Examinador______________________________________________________ Carlos Fernando Rodrigues Guaraná Nota Final: ___________

RECIFE 2014

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À minha mãe amada, mulher virtuosa e intensa, pela decisão inabalável de contrariar a medicina e dar-me a vida, mesmo diante da possibilidade concreta de perder a sua. Ao meu amado pai, homem corajoso, de inumeráveis virtudes, incansável na luta pelo bem de sua família. Aos dois pelo extremo amor, ternura e estímulo que sempre me dedicaram, fazendo-me a ser quem sou.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu Deus, o Deus do impossível, pelas bênçãos cumuladas em minha vida, pela graça divina de alcançar este objetivo tão sonhado.

Aos meus pais Tiburtino Alves de Carvalho Neto e Maria Fátima de Sá Carvalho, anjos da minha vida, desde sempre, para sempre e em todos os aspectos.

Aos meus irmãos Márcia de Sá Carvalho Machado, Márcio de Sá Carvalho e Marliete de Sá Carvalho Muniz Jardim, por tudo que vivemos e viveremos, juntos tivemos e teremos.

A minha irmã Márcia de Sá Carvalho Machado, pela contribuição dos recursos matemáticos e estatísticos, próprios da sua profissão, que me possibilitaram concluir este trabalho.

Ao meu cunhado Jenner Mendes Muniz Jardim, por uma vida inteira de amizade e força, e por ter colocado o Doutor Carlos Guaraná no meio caminho, assim concorrendo decisivamente em todas as etapas desta Dissertação.

Aos meus filhos muito amados do coração, Lucas Carvalho Machado, Matheus Carvalho Machado e Rafael Carvalho Machado pela alegria de tê-los tão meus.

Ao meu filho mais novo do coração, Joaquim Bedor Carvalho, Jardim, meu cristalzinho ponta de rama, luz na minha vida e paz do meu coração.

Ao meu ex-cunhado Rômulo Rodrigues Machado Filho, pela presença e apoio em tantos momentos da minha vida.

As minhas tias Maria Lina de Sá, Maria Trapiá de Sá e Judite de Sá Trapiá, a quem tanto amo.

As minhas Tias, Jovelina de Carvalho Sá e Magnólia de Carvalho Lustosa, por tantas influências benéficas e fundamentais para o meu desenvolvimento humano e profissional.

Ao meu filho irmão Jailton Carvalho e Sá, sua esposa Jessoneide Oliveira de Santana e suas pequeninas filhas, Maria Grabriela e Maria Rafaela, por nossa história e todo amor que vos tenho.

Aos Chefes de Polícia Civil de Pernambuco, contemporâneo e outrora, Dr. Osvaldo Almeida de Morais Júnior e Dr. Manoel Carneiro Soares Cardoso, pelo estímulo,credibilidade e cooperação em tantos momentos de minha vida, sobretudo aqueles relacionados à pesquisa ora apresentada.

Ao meu orientador Prof. Dr. Ericê Bezerra Correia, pela direção desse trabalho.

Ao Professor Doutor Carlos Fernando Guaraná, exemplo de humanidade e sensibilidade, mas, sobretudo, de humildade intelectual e compromisso com a causa do conhecimento.

A minha amiga e colega, Dasicleide Ramos de Macêdo, por todo bem que me fez e faz a cada dia, que se agiganta na contribuição decisiva para com esse trabalho.

À Mestra Ana Lúcia dos Santos, com carinho, respeito e admiração.

Aos meus amigos Laudjane Maria da Silva e Ivan Alves de Amorim, pela força e o apoio fundamentais para minha estabilidade e o alcance dos resultados deste trabalho.

Ao Dr. Francisco de Assis Leal Jardim, Coordenador de Procedimentos Policiais da PCPE, pela contribuição com a pesquisa deste trabalho, particularmente sobre produtividade da Instituição.

Ao colega Sérgio Ximenes da Silva, Coordenador de Planejamento Operacional da PCPE, pela contribuição com os dados sobre as Operações de Repressão Qualificada - ORQ´s.

Ao Gerente de Análise Criminal e Estatística - GACE/SDS - Gerard Viader Sauret, também pela contribuição com a pesquisa, especialmente sobre os resultados do Pacto pela Vida.

Ao Dr. Fernando Barros Lima, Subprocurador Geral em Assuntos Institucionais, Karine Almeida e Mauro Araújo,da Coordenadoria Ministerial de Tecnologia da Informação do Ministério Público de Pernambuco, pela colaboração com a pesquisa no âmbito deste órgão.

Ao Promotor de Justiça Westei C. M. Júnior, por me disponibilizar, junto à biblioteca do Ministério Público de Pernambuco, livros importantes e úteis na produção deste trabalho.

Ao Secretário Executivo Maurício Cruz, à Gerente Geral de Profissionalização da Gestão,Vânia Campos e a Analista de Planejamento Orçamento e Gestão, Elisandra Rodrigues,da Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado, pela boa vontade e contribuição com a pesquisa objeto deste trabalho.

A Chrystiane Araújo, Analista em Gestão Administrativa, Gerente de Controle de Movimentação de Pessoal da Secretaria de Administração do Estado, pela contribuição com a pesquisa relacionada ao incremento do efetivo da PCPE no septênio 2000 a 2006.

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RESUMO

A promoção da modernização gerencial das instituições públicas da administração do Estado, tornando-as eficientes, eficazes e efetivas através da adoção de modernas tecnologias de gestão, é imperativa ao Estado Democrático, que tem como objetivos construir uma sociedade livre, justa e solidária; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais, além de promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade ou quaisquer outras formas de discriminação como é o caso da República Federativa do Brasil. Nesse sentido o presente trabalho tem por fim evidenciar a eficácia do Planejamento Estratégico como Ferramenta de Gestão na Polícia Civil de Pernambuco, no septênio 2007-2013, considerando-se a inserção de metas ali contidas como projetos estruturadores do Plano Estadual de Segurança Pública - PESP/PE - 2007 - Pacto Pela Vida, a política pública de segurança do Governo de Pernambuco, determinada a restringir a violência, com ênfase na redução dos crimes contra a vida, denominados Crimes Violentos Letais Intencionais - CVLI, compreendidos pelo homicídio doloso, pelo roubo com resultado morte e pela lesão corporal seguida de morte; de cuja execução sistêmica resultou o alcance dos índices de produtividade, resolutividade, qualidade e relação com a força de trabalho disponível na Instituição, Revelados no total de 468.022 procedimentos administrativos produzidos no septênio 2007-2013, sendo 244.312 Inquéritos Policiais e 223.710 Termos Circunstanciados de Ocorrência, com uma média anual de 66.860 remessas, compreendida por 34.902 Inquéritos Policiais e 31.959 TCO´s, comparados todos os valores, e um crescimento de 145,82%, neste ano em relação aquele, diante da diferença a maior, de 55.682 procedimentos, em números absolutos, de 32.541 IP´s e 23.141 TCO´s, num crescimento de, respectivamente, 173,56%, e 119,06%. Na evolução da qualidade do Inquérito Policial, dimensionada em face do quantitativo de 160.898 denúncias oferecidas pelo Ministério Público do Estado, sob um total de 244.312 remessas do procedimento nos sete anos de 2007 a 2013, alcançando um índice de 65,86% de aproveitamento, que em termos proporcionais, no ano de 2013, revela-se superior em 25,55% ao ano de 2007, um acréscimo, em números absolutos, de 7.659 denúncias, além de uma média/ano de 34.902 envios, assim como da dinâmica de incremento de 22,13% no efetivo Policial da Instituição, que associada à sua relação com a produtividade institucional, apresenta um crescimento de 100% na média de procedimentos enviados por Policial, no ano de 2013 em relação ao de2007, dimensionados através da realização de pesquisa de natureza quantitativa na Diretoria de Recursos Humanos - DIRH e na Coordenação dos Procedimentos Policiais - COODPPOL, da Polícia Civil de Pernambuco; na Gerência de Análise Criminal e Estatística da Secretaria de Defesa Social - GACE/SDS, no Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça Criminal do Estado - CAOP, do Ministério Público de Pernambuco e nas Secretarias de Administração e de Planejamento e Gestão do Estado. Palavras-chave: Planejamento Estratégico. Política Pública. Desenvolvimento

Sustentável. Polícia Civil de Pernambuco.

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ABSTRACT

The promotion of managerial modernization of public institutions of state administration, making them efficient, effective and effective by adopting modern management technologies, it is imperative to democratic rule, which aims to build a free, just and caring society; guarantee national development; eradicate poverty and marginalization and reduce social and regional inequalities, and promote the good of all, irrespective of origin, race, sex, color, age or any other forms of discrimination such as the Federative Republic of Brazil. In this sense the present work aims to demonstrate the effectiveness of the Strategic Planning and Civil naPolícia Management Tool of Pernambuco, in septênio 2007-2013, considering the inclusion of goals contained therein as structuring projects of the State Plan for Public Safety - PESP / PE - 2007 - Pact for Life, the safety of public policy of the Government of Pernambuco, determined to restrict violence, with emphasis on reducing crimes against life, called violent Crimes Lethal intentional - CVLI, understood by the murder, stealing with result death and bodily injury followed by death; whose systemic implementation resulted in the achievement of productivity rates, resolution, quality and value with the workforce available in the institution, reveladosno total of 468,022 administrative procedures produced in septênio 2007 to 2013, with 244 312 and 223 710 Police Inquiries Terms Occurrence of detailed, with an annual average of 66,860 shipments, comprised of 34,902 and 31,959 Police Inquiries TCO's compared all values, and growth of 145.82% this year compared that, given the difference the greater of 55 682 procedures, in absolute numbers, 32,541 IP'se TCO's 23,141, an increase of respectively 173.56%, and 119 06%. In the evolution of quality of police investigation, sized in view of the quantity of 160,898 complaints offered by the State Prosecutor's Office, under a total of 244,312 shipments of the procedure in the seven years from 2007 to 2013, reaching a rate of 65.86% success, that in proportional terms, in 2013, proves to be higher than 25.55% for 2007, an increase in absolute numbers, 7,659 complaints, and an average / year 34,902 shipments, as well as the dynamics of increase of 22.13% in the Police effective the institution, which together with its relationship with the institutional productivity grew by 100% on average procedures sent by Police, in 2013 compared to 2007, it scaled by performing quantitative research in the Human Resources Department - DIRH and the Police Procedures Coordination - COODPPOL, the Civil Police of Pernambuco; in Criminal Analysis Management and Statistics of the Department of Social Protection - GACE / SDS at the Centre for Operational Support to Prosecutor's State Criminal Justice - CAOP, the public prosecutor of Pernambuco and the Departments of Administration and Planning and State Management.

Keywords: Strategic Planning. Public Policy. Sustainable Development. Civil Police of Pernambuco.

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LISTA DE ABREVIATURAS

Art. Artigo

BID Banco Interamericano de Desenvolvimento

CAOP Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça Criminal do Estado

CF Constituição Federal

COODPPOL Coordenação dos Procedimentos Policiais

CPP Código de Processo Penal

CVLI Crimes Violentos Letais Intencionais

DEPOMA Delegacia de Polícia do Meio Ambiente

DIRH Diretoria de Recursos Humanos

GACE/SDS Gerência de Análise Criminal e Estatística da Secretaria de Defesa Social

IP Inquérito Policial

MARE Ministério da Administração Federal e da Reforma do Estado

MP Ministério Público

NEPA National Environmental Policy Act ou Lei Nacional de Política Ambiental

ONU Organização das Nações Unidas

PCPE Polícia Civil de Pernambuco

PES Planejamento Estratégico Simplificado

PESP Plano Estadual de Segurança Pública

PPA Plano Plurianual

PROGESTÃO Programa Pernambucano de Modernização da Gestão Pública

QACP Quadro de Agentes da Polícia Civil

TCO Termo Circunstanciado de Ocorrência

UNPSA United Nations Public Administration Network ou Rede de Administração Pública das Nações Unidas

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Crescimento de produtividade na PCPE, ano a ano, de 2007 a 2013, e linha de tendência exponencial 50

Figura 2. Valores absolutos individuais de produtividade da PCPE, comparados com todos os outros valores, ano a ano de 2007 a 2013 50

Figura 3. Aumento do número de procedimentos administrativos remetidos à justiça comparando o ano de 2013 ao de 2007 51

Figura 4. Aumento do número de Inquéritos Policiais remetidos à justiça no ano de 2013 em relação ao ano de 2007 52

Figura 5. Acréscimo no número de Termos Circunstanciados de Ocorrência remetidos à justiça, no ano de 2013 em relação ao ano de 2007 52

Figura 6. Índice Denúncias sobre o total de Inquéritos Policiais remetidos à Justiça no período de 2007 a 2013 54

Figura 7. Aumento no número de Denúncias do Ministério Público em face de Inquéritos Policiais, no ano de 2013 em relação ao ano de 2007 55

Figura 8. Índice de posses por cargos da PCPE, no período de 2007 a 2013 56

Figura 9. Índice de posses, ano a ano, nos cargos da PCPE, no período de 2007 a 2013 57

Figura 10. Relação de entrada de policiais no efetivo da PCPE, entre septênios 2007 a 2013 e 2000 a 2006 57

Figura 11. Índice de saídas, por cargos da PCPE, no período de 2007 a 2013 58

Figura 12. Índice de saídas dos cargos da PCPE, no período de 2007 a 2013 59

Figura 13. Impacto das saídas sobre as entradas no efetivo da PCPE, no período de 2007 a 2013 60

Figura 14. Curva da média de Procedimentos Administrativos por Policial Civil 62

Figura 15. Evolução dos números de Operações de Repressão Qualificada - ORQ´s e de prisões efetuadas, nos 77 meses, de agosto de 2007 a dezembro de 2013 65

Figura 16. Relação entre as cifras de Operações de Repressão Qualificada -

ORQ´s realizadas pela PCPE, e de prisões efetuadas, nos triênios 2008 a 2010 e 2011 a 2013 66

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Crescimento de produtividade da PCPE, ano a ano, de 2007 a 2013 49

Tabela 2. Inquéritos policiais e termos circunstanciados de ocorrência encaminhados à Justiça nos anos de 2007 e 2013 51

Tabela 3. Produtividade acumulada da Polícia Civil de Pernambuco 2007-2013 52

Tabela 4. Evolução da qualidade do Inquérito Policial no período de 2007 a 2013 53

Tabela 5. Evolução da qualidade do Inquérito Policial no ano de 2013 em relação ao de 2007 54

Tabela 6. Entradas de policiais civis nos cargos dos segmentos Investigativo e Técnico-Científico da Polícia Civil de Pernambuco no septênio de 2007 a 2013 55

Tabela 7. Entradas nos cargos dos segmentos Investigativo e Técnico-Científico da Polícia Civil de Pernambuco nos septênios de 2000 a 2006 e de 2007 a 2013 56

Tabela 8. Total de saída de Policiais Civis no efetivo da PCPE, no período de 2007 a 2013 58

Tabela 9. Repercussão das saídas de Policiais Civis no efetivo da PCPE, no período de 2007 a 2013, sobre as entradas ocorridas no mesmo período 59

Tabela 10. Taxa de substituição de Policiais Civis do efetivo da PCPE, no ano de 2010 em relação efetivo da Instituição do último dia do ano anterior 60

Tabela 11. Relação entre a produtividade e a evolução do efetivo da PCPE, no septênio de 2007 a 2013 61

Tabela 12. Evolução das Operações de Repressão Qualificada - ORQ´s realizadas pela Polícia Civil de Pernambuco, nos 77 meses, compreendidos entre agosto de 2007 e dezembro de 2013 64

Tabela 13. Desenvolvimento das Operações de Repressão Qualificada -

ORQ´s e das prisões efetuadas nos triênios 2008 a 2010 e 2011 a

2013 65

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 12 2 JUSTIFICATIVA 17 3 OBJETIVOS 19 3.1 Objetivo geral 19 3.2 Objetivos específicos 19 4 METODOLOGIA 20 5 FUNDAMENTOS TEÓRICOS 21 5.1 Administração Pública, etimologia, conceito, princípios básicos, natureza e

fins 21 5.1.1Contexto e paradigmas de Administração Pública adotados no Brasil 24 5.2 Planejamento Estratégico como ferramenta de Gestão na Administração

Pública 29 5.3 Exercício da segurança pública no Brasil 32 5.3.1 Aspectos conceituais e funcionais da polícia como asseguradora da

segurança pública 33 5.3.2 Polícias Civis do Brasil - aspectos históricos e de atribuições, no país e no

Estado de Pernambuco 34 5.3.2.1 Do Instituto do Inquérito Policial, conceito, características e finalidade 41 5.3.2.2 Do Termo Circunstanciado de Ocorrência 44 6 RESULTADOS E DISCUSSÕES 46 6.1 Planejamento Estratégico como ferramenta de gestão da Polícia Civil de

Pernambuco 46 6.1.1 Formulação do Planejamento Estratégico da Polícia Civil de Pernambuco 46 6.2 Resultados da implantação e implementação do Planejamento

Estratégico na gestão administrativa da Polícia Civil de Pernambuco 49 6.2.1 Produtividade de Inquéritos Policiais - IP´s e Termos Circunstanciados

de Ocorrência - TCO´s 49 7 RESULTADOS E DISCUSSÕES 55 8 CONCLUSÕES 67 REFERÊNCIAS 70

12

1 INTRODUÇÃO

O processo de modernização gerencial conferido à Polícia Civil de

Pernambuco, no ano de 2003, por ocasião da reforma administrativa realizada no

Estado, levou a Instituição à adoção do modelo de administração estratégica baseado

na formatação compartilhada do seu Planejamento Estratégico Simplificado, na ocasião

para o Quadriênio 2004-2007, entre seus dirigentes e servidores, ali deliberando suas

metas institucionais, políticas e estratégias necessárias ao alcance dos objetivos.

Bem como da elaboração da política pública de segurança do governo do

Estado, denominado de Programa Pacto Pela Vida, objetivando reduzir a violência e

a criminalidade, com ênfase nos crimes contra a vida, denominados Crimes

Violentos Letais Intencionais - CVLI, compreendidos pelo homicídio, roubo com

resultado morte (latrocínio) e lesão corporal seguida de morte, foram constituídas

Câmaras Técnicas partícipes das Reuniões do Fórum Estadual de Segurança

Pública, ocorridas nos dias 24 e 25 de março de 2007, as quais produziram uma

Agenda pactuada com a sociedade e fruto da articulação do Poder Executivo

Estadual com os Poderes Legislativo e Judiciário, o Ministério Público, os municípios

e a União, bem como especialistas, acadêmicos, militantes de organizações da

sociedade civil com atuação em setores específicos da área de segurança pública e

gestores públicos dos níveis federal, estadual e municipal, dentre estes últimos

policiais civis e militares do Estado.

Tais debates concorreram para a composição do Plano Estadual de

Segurança Pública - PESP/PE 2007, integrado por mais de uma centena de

projetos, o estabelecimento de objetivos, metas, gestores, parceiros, prazos para

início da implementação e vigência das ações, metodologicamente adequados a 6

(seis) diferentes Linhas de Ação, quais sejam: 1) Repressão Qualificada da

Violência; 2) Aperfeiçoamento Institucional; 3) Informação e Gestão do

Conhecimento; 4) Formação e Capacitação; 5) Prevenção Social do Crime e da

Violência e 6) Gestão Democrática, conforme explicitado na sua apresentação.

Nesse processo de construção de diretrizes para o enfrentamento do

problema da Segurança Pública no Estado, a influência de atores estatais

específicos concorreu para tomada de decisão sobre a inserção de metas daquele

Planejamento Estratégico Simplificado na agenda política para a segurança pública

do Estado, na qualidade de projetos dentro do Programa Polícias, sobretudo do

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Subprograma Polícia Civil, assegurando-lhes espaço no programa de governo, com

a adequação dos reais objetivos da instituição aos projetos estruturadores e

permanentes de prevenção e controle da criminalidade violenta no Estado, os quais,

pela própria natureza, ganharam ritmo sistemático de execução, e assim

determinaram a evolução contínua da Instituição, em termos de produtividade,

qualidade dos serviços prestados, estrutura e servidores.

Como decorrência, Pernambuco passou a despontar no cenário nacional e

internacional como referência em matéria de Segurança Pública, por ser o único

Estado da federação a apresentar redução nos Crimes Violentos Letais Intencionais

- CVLI, em todos os anos da série entre 2007 e 2013, segundo dados

disponibilizados pelo Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde

(DATASUS 2013).

Entre 2000 e 2005, a média da taxa de homicídios foi de 54,13 enquanto que

entre 2006 e 2011 foi de 46,67e entre 2007 e 2011 verificou-se uma redução de

26,26%, com uma redução média de 5,25% ao ano (RATTON; GALVÃO;

FERNANDEZ, 2014), segundo o citado DATASUS, um Sistema de Informações

sobre Mortalidade - SIM, criado pelo Departamento de Informática do SUS, para a

obtenção regular de dados sobre mortalidade no país, equivalente a 8.347 vidas

salvas neste período, e de 1.490, no ano de 2013 em relação ao de 2007, uma

redução de 67,55% alcançando no ano de 2012 o 10º lugar no ranking nacional,

quando em 2007 estivera em 3º, assim como pelos avanços na apreensão de armas

de fogo, na realização de operações policiais de repressão qualificada, no crescente

número de Inquéritos Policiais e Termos Circunstanciados de Ocorrência

encaminhados ao Poder Judiciário, com expressivos índices de resolutividade, ou

seja, determinação da autoria das infrações penais investigadas.

E o Programa Pacto pela Vida, rendeu ao Governo do Estado, em junho de

2013,o Prêmio Nações Unidas de Serviço Público, na categoria “Melhoria na

Entrega de Serviços Públicos”, do United Nations Public Services Forum Day and

Awards, do Programa das Nações Unidas e de Premiações do Serviço Público -

UNPSA – ONU.

O mais prestigioso reconhecimento internacional para a excelência no

serviço público, dentro do Programa das Nações Unidas e de Premiações do

Serviço Público - UNPSA da ONU, o qual laureia anualmente as instituições públicas

que implementaram iniciativas alinhadas com os objetivos do milênio, e de forma

14

mais efetiva contribuíram para o desenvolvimento da administração pública e para a

qualidade na prestação de serviços à população nos cinco continentes, América,

Ásia, Europa, África e Oceania, recomendando-as como fonte de inspiração para

todos aqueles que militam no serviço público (JORNAL EXTRA, 2013).

E em 15 de janeiro de 2014, Pernambuco recebeu o prêmio Inovação na

Gestão Pública, na categoria denominada de “Governo Seguro: Boas práticas em

prevenção do crime e da violência”, da primeira edição do Concurso Governarte: a

arte do bom governo, realizado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento -

BID, em Washington, D.C, atendendo a melhoria dos serviços aos cidadãos e

empresas do Estado, além do impacto da inovação da gestão sobre a Vida dos

cidadãos e o desenvolvimento das atividades empresariais (PERNAMBUCO, 2013).

Condecorações conquistadas em face dos resultados alcançados mediante

concorrência da instituição, no âmbito das atribuições que lhe são próprias, que

igualmente transformaram a avaliação feita por Zaverucha, quando da analise do

seu funcionamento, “sem, todavia, perder de vista o contexto sócio-político-

econômico no qual ela funciona” (ZAVERUCHA, 2003, p. 42), no sentido de

representar o desafio da reforma, assim designando sua obra.

Relação de causa e efeito, desse acontecimento com a adoção do

Planejamento Estratégico como ferramenta na elaboração de uma política pública

para o Desenvolvimento Sustentável da Polícia Civil de Pernambuco, reveste-se do

tema principal e da motivação para este trabalho, o qual evolui distinguindo o direito

fundamental à vida, como valor supremo e estratégico ao exercício dos direitos

fundamentais, liberdade, igualdade, segurança e propriedade, que lhe vêm em

sucessivo no art. 5º da Constituição Federal brasileira1, não por acaso, mas pelo

caráter inerente de sua precedência frente aos demais, correlacionando-o à

existência digna que a ordem econômica brasileira, fundada na valorização do

trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos.

Tendo como um dos pilares de sustentação o princípio da defesa do meio

ambiente, inscrito no inciso VI do art. 170 da Constituição Federal2, no mesmo

1 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] (BRASIL, 1988).

2 Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e

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patamar da soberania nacional, da propriedade e da livre concorrência, conforme os

incisos I a V e de VII a IX deste mesmo artigo, que tal como regulado, foi erigido à

condição de bem jurídico a ser protegido pelo Direito Penal, e para eficácia dessa

proteção, indicada a incriminação de condutas lesivas ao equilíbrio ecológico,

considerando o dever imposto ao Poder Público e à coletividade de defendê-lo e

preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Conjuntura que suscita a intervenção administrativa do Estado mediante o

exercício da Segurança Pública, por dever, conectado aos aspectos conceituais e

funcionais da polícia como sua asseguradora, particularmente das polícias civis do

Brasil, em face da sua competência, no sentido de atribuição para o exercício das

funções de Polícia Judiciária e de apuração de infrações penais, exceto as militares,

cujos resultados das Investigações são formalizados em autos de Inquéritos Policiais

e Termos Circunstanciados de Ocorrência, dos quais foram tratados os aspectos

históricos, conceituais, procedimentais e característicos.

Tratou-se da mesma forma, dos aspectos conceituais e funcionais da polícia

lato sensu como garantidora da segurança pública, e mais particularmente das

Polícias Civis, seus aspectos históricos e de atribuições, no País e no Estado de

Pernambuco, assim como dos seus produtos, os institutos do Inquérito Policial e do

Termo Circunstanciado de Ocorrência, com os mesmos recursos dos aspectos

históricos, além dos conceituais e procedimentais.

Pode-se assim adentrar ao fundamento e à dinâmica de efetivação do direito

de punir do Estado, através da Persecução Penal, da qual também se trata do

conceito e da divisão em Investigação Criminal, incumbida às polícias civis, na forma

do caput e do § 4º do art. 144 da Constituição Federal brasileira3, do art. 4º do

Decreto nº 3.689, de 3 de outubro de 1941,do Código de Processo Penal4,dos

de seus processos de elaboração e prestação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003); VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995).

3Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: IV - polícias civis; § 4º - às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.

4Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá pôr fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. (Redação dada pela Lei nº 9.043, de 9 de maio de 1995).

16

artigos1º e 2º, caput e § 1º da Lei Federal nº 12.830, de 20 de junho de 20135, e de

normatividade estadual pertinente. Em ação penal, a cargo do Ministério Público,

conforme o art. 129 da Constituição Federal brasileira6,o art. 24 do supracitado

Código de Processo Penal7, o § 1º8 do art. 100 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de

dezembro de 1940, o Código Penal brasileiro, o art. 25, inciso III da Lei Federal nº

8.625, de 12 de fevereiro de 19939, e igualmente, normas estaduais pertinentes.

Por fim foi abordado o Planejamento Estratégico como ferramenta de gestão

da Polícia Civil de Pernambuco, cujos aspectos conceituais, finalidade e metodologia

de formulação são expostos e os resultados obtidos se encarregam de oferecer

resposta à sua correlação com o Desenvolvimento Sustentável da Instituição no

septênio 2007-2013.

5 Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a investigação criminal conduzida pelo delegado de polícia. Art. 2º As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado. § 1º Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade Policial, cabe a condução da investigação criminal por meio de inquérito Policial ou outro procedimento previsto em lei, que tem como objetivo a apuração das circunstâncias, da materialidade e da autoria das infrações penais.

6 Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei.

7 Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.

8 § 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça.

9 Art. 25. Além das funções previstas nas Constituições Federal e Estadual, na Lei Orgânica e em outras leis, incumbe, ainda, ao Ministério Público: III - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei.

17

2 JUSTIFICATIVA

A análise da eficácia do Planejamento Estratégico como ferramenta na

elaboração de uma política pública para o Desenvolvimento Sustentável da Polícia

Civil de Pernambuco destina-se a contribuir com a área de pesquisa sobre gestão da

Segurança Pública, particularmente aquela prestada através do exercício das

funções de Polícia Judiciária e de apuração de infrações penais, exceto as militares,

por meio de uma verificação inédita no âmbito desta Instituição, pela inexistência de

estudos institucionais sobre sua essência, relevância e papel social (ZAVERUCHA,

2003), demonstrando os seus resultados finalísticos no septênio 2007-2013, período

posterior à opção pelo modelo de administração estratégica, mediante sucessivos

ciclos de Planejamento Estratégico Situacional, aprimorados anualmente.

Com vistas a delinear a correlação da eficácia dessa ferramenta de gestão na

elaboração do Plano Estadual de Segurança Pública - PESP-PE 2007, vinculado ao

Programa Pacto Pela Vida, do Governo do Estado, alimentado pelas metas do seu

oportuno Planejamento Estratégico Simplificado - PES/PCPE2004-2007, qualificando-a

como suporte adequado à elaboração de Política Pública para o Desenvolvimento

stricto sensu da Polícia Civil de Pernambuco e lato sensu para suas congêneres nas

demais Unidades da Federação.

Política pública no sentido do termo public policy que, segundo Secchi, trata-

se “do conteúdo concreto e do conteúdo simbólico de decisões políticas, e do

processo de construção e atuação dessas decisões” (SECCHI, 2010, p. 13), e, por

conseguinte, é a mais concreta e a que mais se relaciona com orientações para a

decisão e para a ação, cuja razão de ser é a resolução de um problema público, que

Sjoblom define como “a diferença entre a situação atual e uma situação ideal

possível” (SJOBLOM apud SECCHI, 2010, p. 13).

Problema que ser considerado público, deve ter implicações para uma

quantidade grande de pessoas, ou seja, só pode se tornar público quando os

representantes assim o consideram como problema (situação inadequada),

relevante para a coletividade (SECCHI, 2010).

Além disso, razões de ordem prática determinaram a realização desta

pesquisa, com vistas a evidenciar que o Desenvolvimento da Polícia Civil de

Pernambuco no septênio 2007-2013, relaciona-se diretamente com a adoção do

Planejamento Estratégico como ferramenta de gestão e suporte na elaboração da

18

Política Pública de Segurança do Estado, produzindo a mobilização das autoridades

competentes para categorizá-lo como apropriado à classificação das demandas

reais das instituições públicas, particularmente, precedente à elaboração da política

pública estatal, possibilitando-lhes a inserção na agenda governamental para

alocação de recursos suficientes à solução dos problemas diagnosticados.

19

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Evidenciar a contribuição do Planejamento Estratégico como Política Pública

para o Desenvolvimento da Polícia Civil de Pernambuco no septênio 2007-2013.

3.2 Objetivos específicos

- Avaliar os resultados da implantação e implementação do Planejamento

Estratégico Simplificado, no crescimento da taxa de Inquéritos Policiais e Termos

Circunstanciados de Ocorrência produzidos pela Polícia Civil de Pernambuco, no

septênio 2007-2013;

- Dimensionar a evolução da qualidade do Inquérito Policial, resultante do

Planejamento Estratégico Simplificado, através do quantitativo de denúncias

oferecidas pelo Ministério Público com base em autos de Inquéritos Policiais, no

período de 2007-2013;

- Analisar a dinâmica de crescimento do efetivo Policial da Polícia Civil de

Pernambuco no septênio 2007-2013, associada a sua relação com a produtividade

da Instituição, decorrentes do Planejamento Estratégico implementado.

20

4 METODOLOGIA

Para alcançar os objetivos geral e específicos traçados para esta pesquisa,

foram realizados levantamentos bibliográficos abordando os temas: Políticas

Públicas, Desenvolvimento Sustentável, Administração e Segurança Pública no

Brasil; Polícias Civis do Brasil e do Estado de Pernambuco, seus aspectos históricos

e funcionais; além de administração estratégica e da ferramenta de gestão,

Planejamento Estratégico, como processo de elaboração do modelo de gestão.

Da mesma forma, foi realizada pesquisa de natureza quantitativa,

desenvolvida originalmente nas ciências naturais, para estudar fenômenos

correspondentes, tendo como método a pesquisa empírica, bem aceito em ciências

sociais, e geralmente é realizada quando um pesquisador ou uma instituição

necessita realizar uma investigação envolvendo uma grande quantidade de dados

quantitativos (DIAS; SILVA, 2010).

Com análise dos dados estratísticos referentes aos números de Inquéritos

Policiais e de Termos Circunstanciados de Ocorrência, produzidos pela Polícia Civil

de Pernambuco, assim como o total de Denúncias oferecidas pelo Ministério Público

do Estado com base em autos de Inquéritos Policiais, ano a ano no septênio

compreendido entre 2007 e 2013, além da evolução do efetivo Policial da Instituição,

relacionada à média de procedimentos produzidos por servidor neste mesmo

período.

Foram eleitos para a pesquisa a Diretoria de Recursos Humanos - DIRH e a

Coordenação dos Procedimentos Policiais - COODPPOL, da Polícia Civil de

Pernambuco; a Gerência de Análise Criminal e Estatística da Secretaria de Defesa

Social - GACE/SDS, o Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça

Criminal do Estado -CAOP, do Ministério Público de Pernambuco e as Secretarias

de Administração e de Planejamento e Gestão do Estado.

21

5 FUNDAMENTOS TEÓRICOS

5.1 Administração Pública, etimologia, conceito, princípios básicos, natureza e fins

A fundamentação teórica para a instrumentalização desta pesquisa assentou

preliminarmente na etimologia da palavra Administração, e seus diversos

significados, dentre os quais, ação ou efeito de administrar, administrar que no

mesmo sentido, constitui governar, dirigir, também Gerir (negócios públicos ou

particulares) (FERREIRA, 2004). Por seu turno para Chiavenato declara que:

A palavra Administração significa a função que se desenvolve sob comando de outro, um serviço que se presta a outro ou ainda uma atividade que se recebe por delegação de outrem [...] é o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar a aplicação das competências e o uso dos recursos organizacionais para alcançar determinados objetivos de maneira eficiente e eficaz (CHIAVENATO, 2008, p. 11).

Necessária em todos os tipos de organização, reformulada e ampliada, a

palavra administrar passou a significar conduzir de forma total uma organização,

direcionando-a a objetivos previamente definidos, com vistas à obtenção de

resultados reais e ao alcance do sucesso e da sustentabilidade ao longo do tempo,

assim relacionando-se diretamente com a articulação de recursos e de

competências, com vistas a objetivos determinados (CHIAVENATO, 2008).

Na iniciativa privada o lucro da organização sobre ações, capital investido,

produção e comercialização de produtos, e na Administração Pública, o lucro social,

traduzido na satisfação do cidadão usuário dos serviços públicos, também como

contrapartida do tributo por si recolhido.

Administração pública é, pois, todo o aparelhamento do Estado, ordenado

previamente à realização de serviços, visando à satisfação das necessidades da

coletividade, e, em sentido formal é considerado o conjunto de órgãos instituídos

para se conseguir os objetivos do Governo e, em sentido material, é considerado o

conjunto das funções que são necessárias aos serviços públicos de forma

geral,também em acepção operacional, pode se dizer que é o desempenho perene e

sistemático, legal e técnico, dos serviços próprios do Estado ou por ele assumidos

em benefício da coletividade (MEIRELLES, 2013).

22

Segundo Chiavenato:

Representa o aparelhamento do Estado e funciona como o instrumento do governo para planejar, organizar, dirigir e controlar todas as ações administrativas, com o objetivo de dar plena e cabal satisfação das necessidades coletivas básicas (CHIAVENATO, 2012, p. 110).

E na América Latina teve seu crescimento associado aquele das ciências

administrativas, bem como a questão da administração para o desenvolvimento, sob

forte impacto da ciência jurídica na sua gênese, diferentemente do acontecido nos

Estados Unidos, até hoje impregnada por um grande “legalismo” nos seus estudos e

na prática administrativa pública (KEINERT, 2000).

Uma vez organizado o Estado soberano, constituídos os poderes políticos

Legislativo, Executivo e Judiciário, componentes do Governo, e realizada a divisão

política da jurisdição nacional, segue-se ao aparelhamento da administração,

geralmente por Lei e excepcionalmente por Decreto e outras normas, estruturando-

se os órgãos e entidades responsabilizadas pelo desempenho das suas funções

essenciais, por meio de pessoas físicas denominadas agentes públicos, regidos pelo

Direito Administrativo, que o clássico Laferriére, alarga o conceito para atribuir a

ordem dos serviços públicos e a como regular as relações entre a Administração e

os administrados (LAFERRIÉRE apud MEIRELLES, 2013).

Ordenação disciplinada pelo direito administrativo, ramo do Direito Público

Interno, que conforme Meirelles: “sintetiza-se no conjunto harmônico de princípios

jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a

realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado”

(MEIRELLES, 2013, p. 35).

Operacionalizados pela Administração Pública, através do intercâmbio dos

seus respectivos órgãos e entidades, em face da distribuição entre si, das três

funções estatais precípuas, respectivamente, de elaborar as leis, de administrar e de

julgar as lides, de regra organizada por Lei e de exceção por Decreto e outros

regulamentos, Meirelles afirma que:

[...] embora o ideal fosse à privatividade de cada função para cada Poder, na realidade isso não ocorre, uma vez que todos os Poderes têm necessidade de praticar atos administrativos, ainda que restritos à sua organização e ao seu funcionamento, e, em caráter excepcional admitido pela Constituição, desempenham funções e praticam atos que a rigor, seriam de outro Poder (MEIRELLES, 2013, p. 53).

23

Que tanto pode designar pessoas e órgãos governamentais como também a

atividade administrativa em si mesma, dessa forma se identificando tanto com os

instrumentos de governo, quanto com a gestão dos interesses da sociedade, cuja

atribuição única e primordial, é prestar serviços à coletividade (MEIRELLES, 2013).

Tais serviços também são conceituados como todo prestado pela

administração ou por seus encarregados, sob normas e controles estatais, visando

satisfazer as necessidades, sejam essas essenciais ou secundárias, da coletividade,

ou simples conveniências do Estado. São classificados pelos caracteres comuns do

gênero e formas distintas das espécies em que se diversificam públicos e de

utilidade pública; próprios e impróprios do Estado; que a Administração executa para

atender as suas necessidades internas ou aparelhar outros serviços públicos e os

produtores de renda para quem os presta mediante tarifação ou preço público;

universais ou gerais e singulares ou individuais, em face da essencialidade,

adequação, finalidade e dos seus destinatários (MEIRELLES, 2013).

De maneira especial são serviços públicos propriamente ditos, aqueles

próprios do Estado, ou privativos do poder público, compreendidos pró-comunidade

e prestados, direta e exclusivamente pela Administração Pública, sem delegação a

terceiros, por meio dos seus órgãos e entidades, objetivando atender às

necessidades gerais e essenciais à subsistência e ao desenvolvimento da sociedade

e do próprio Estado, a exemplo dos serviços de defesa nacional, de polícia, de

saúde pública.

E serviços de utilidade pública, pró-cidadão, aqueles que a Administração,

considerando a conveniência de facilitar a coexistência em sociedade, presta por si

própria ou por terceiros com sua aquiescência, sob suas condições e controle, por

conta e risco dos prestadores e remuneração dos usuários, a exemplo do transporte

coletivo, da energia elétrica, gás, telefone (MEIRELLES, 2013).

De acordo com a redação dada ao art. 37 da Constituição Federal vigente,

pela Emenda Constitucional nº 19/199810, os mesmos não se exaurem nesse rol,

acrescidos que são daqueles talhados no art. 2º da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de

199911, marco regulatório do processo administrativo no âmbito da administração

10

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

11Art. 2

o A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade,

motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.

24

pública federal, quais sejam, razoabilidade, proporcionalidade, ampla defesa,

contraditório, segurança jurídica, motivação e interesse público, aos quais, da

mesma forma supra, ela própria deve obediência.

Administração Pública, cuja natureza, conformada a Meirelles é de:

Múnus público para quem a exerce, isto é, a de um encargo de defesa, conservação e aprimoramento dos bens, serviços e interesses da coletividade, cujos fins consubstanciam-se na defesa do interesse público, assim entendidas aquelas aspirações ou vantagens licitamente almejadas por toda a comunidade administrada, ou por uma parte expressiva de seus membros (MEIRELLES, 2013, p. 86).

Assim, no desempenho de encargos o agente do poder público está

obrigado a cumprir com os deveres que lhe são impostos pela lei, sem renunciar aos

poderes e prerrogativas que lhe são conferidos para uso em benefício da

comunidade administrada, modificar o objetivo ou dar fim diverso do prescrito em lei

para a atividade.

A despeito da dificuldade de posicionar a Administração Pública no tempo,

quando se trata da sua gênese, pode-se inferir a coexistência com as civilizações

históricas, porquanto no aspecto da atividade governamental, segundo Heady:

Existe desde que os sistemas políticos funcionam e tentam alcançar objetivos programados estabelecidos pelos que tomam as decisões políticas, todavia Administração Pública como um campo de estudo sistemático é muito mais recente (HEADY, 1970, p. 13).

E apesar das várias décadas de desenvolvimento, inexiste consenso quanto

ao seu âmbito, entretanto sua essência foi assinalada por Fritz como “ação

determinada que visa à consecução de um propósito consciente” (FRITZ apud

HEADY, 1970, p. 13), qual seja, o da realização de objetivos mediante cooperação

humana, para o funcionamento do Estado, que em não ocorrendo como devido, gera

a insatisfação da população e ameaça a própria democracia, sentido em que

compete à Administração Pública operacionalizar as políticas públicas elaboradas

pelo Poder Executivo e as leis do próprio Estado, através da atuação permanente de

servidores públicos.

5.1.1Contexto e paradigmas de Administração Pública adotados no Brasil

A evolução da Administração Pública brasileira passou por três principais

modelos básicos, adotados em etapas distintas e sucessivas: patrimonialista,

25

burocrática e gerencial, estreando como patrimonialismo do Brasil Colônia, do

Império e da República Velha, no período de 1889 a uma parte de 1930; seguido da

burocracia profissional weberiana, baseada nas ideias do Alemão Max Weber,

implantada pelo presidente Getúlio Vargas em 1930 e que se estendeu até a década

de 1990, sucedida pelo paradigma de Administração Pública Gerencial, adotado em

1995, quando o governo brasileiro, em face da necessidade de revisão do padrão de

intervenção do Estado e da administração pública, formulou o que o mesmo

caracteriza como “uma ambiciosa política de reforma administrativa no Executivo

Federal” (REZENDE, 2004, p. 29).

Política de reforma da Administração Pública brasileira, composta com a

redefinição do próprio papel do Estado, presente na economia nacional e sem

condições de atender com eficiência às demandas recorrentes, sobretudo na área

social, e a condução pelo especialmente criado, Ministério da Administração Federal

e da Reforma do Estado - MARE, como agência responsável pela sua formulação e

implementação e o Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, como suporte

para seus objetivos e diretrizes, princípios e linhas de ação, na busca das condições

para a reconstrução da administração pública em bases modernas e racionais.

(PDRAE, 1995).

Orientada predominantemente pelos valores da eficiência e qualidade na

prestação de serviços públicos e pelo desenvolvimento de uma cultura gerencial nas

organizações, de igual modo à garantia do crescimento da economia, como única

possiblidade de se promover a correção das desigualdades sociais e regionais

cobradas pela cidadania.

É importante destacar que a locução aparelho do Estado identifica a

administração pública em sentido amplo, ou seja, a estrutura organizacional do

Estado, em seus três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e três níveis:

União, Estados-membros e Municípios.

São etapas distintas, que se relacionam entre si, na medida em que um

arquétipo reveste-se de princípios adotados no seu precursor ou mesmo

precursores; ou seja, da administração pública patrimonialista à administração

pública burocrática que no plano administrativo surgiu no Século XIX, em conjunto

com o Estado liberal, mais precisamente como forma de defender a coisa pública

contra o chamado patrimonialismo, e ancorando na administração pública gerencial,

que insurgiu na segunda metade do século XX, em resposta, de um lado, à

26

expansão das funções econômicas e sociais do Estado e, de outro, ao

desenvolvimento tecnológico e à globalização da economia mundial (CHIAVENATO,

2012, p. 119).

Três formas de administração pública que, segundo o PlanoDiretor da

Reforma do Aparelho do Estado, se sucedem no tempo, sem que, no entanto,

qualquer uma delas seja inteiramente abandonada, e aqui são representadas, quase

ipsis litteris, em parágrafos seus. Da Administração Pública Patrimonialista onde o

aparelho do Estado funcionava como uma extensão do poder do soberano, e os

seus auxiliares, servidores, possuem status de nobreza real. Os cargos eram

considerados prebendas. A respublica não era diferenciada das resprincipis, e em

consequência, a corrupção e o nepotismo eram inerentes.

No momento em que o capitalismo e a democracia se tornam dominantes, o

mercado e a sociedade civil passam a se distinguir do Estado, e a administração

patrimonialista torna-se uma excrescência inaceitável, surgindo a administração

pública burocrática, como forma de combater a corrupção e o nepotismo, tendo

como princípios orientadores do seu desenvolvimento a profissionalização, a ideia

de carreira, a hierarquia funcional, a impessoalidade, o formalismo, em síntese, o

poder racional-legal (CHIAVENATO, 2012).

Os controles administrativos visando evitar a corrupção e o nepotismo

partem de uma desconfiança prévia nos administradores públicos e nos cidadãos

que a eles dirigem demandas, servindo de justificativa para os controles rígidos dos

processos, a exemplo, da admissão de pessoal, das compras e do atendimento das

demandas.

Por outro lado, a garantia do poder do Estado transforma-se na própria

razão de ser do funcionário, e, por conseguinte, o Estado volta-se para si mesmo,

tornando a administração pública burocrática ineficiente, autorreferente e incapaz de

cumprir a sua missão básica, servir à sociedade, surgindo então a administração

pública gerencial como resposta, à expansão das funções econômicas e sociais do

Estado, ao desenvolvimento tecnológico e à globalização da economia mundial, que

evidenciavam os problemas associados à adoção do modelo anterior, onde a

eficiência da administração pública - a necessidade de reduzir custos e aumentar a

qualidade dos serviços, tendo o cidadão como beneficiário torna-se essencial

(BRASIL, 1995).

27

Administração gerencial que vem apoiada na burocrática, da qual conserva,

embora flexibilizando, alguns dos seus princípios fundamentais, como a admissão,

segundo rígidos critérios de mérito, a existência de um sistema estruturado e

universal de remuneração, as carreiras, a avaliação constante de desempenho, o

treinamento sistemático, cuja diferença fundamental está na forma de controle, que

deixa de basear-se nos processos para concentrar-se nos resultados, e não na

rigorosa profissionalização da administração pública, que continua um princípio

fundamental (BRASIL, 1995).

Em suma, propondo-se a criar condições para a reconstrução da

Administração Pública em bases modernas e racionais, o Estado substituiu o então

paradigma da administração pública burocrática pelo padrão da administração

pública gerencial, considerando inadiáveis alguns pontos, como o ajustamento fiscal

duradouro; reformas econômicas orientadas para o mercado, as quais,

acompanhadas de uma política industrial e tecnológica, garantissem a concorrência

interna e a criação das condições para o enfrentamento da competição internacional;

a reforma da previdência social; a inovação dos instrumentos de política social,

proporcionando maior abrangência e promovendo melhor qualidade para os serviços

sociais; e a reforma do aparelho do Estado, com vistas a aumentar sua governança,

ou seja, sua capacidade de implementar de forma eficiente as políticas públicas que,

depois de ampla discussão, foi aprovado pela Câmara da Reforma do Estado em

sua reunião de 21 de setembro de 1995, e em seguida aprovado pelo Presidente da

República, Fernando Henrique Cardoso (BRASIL, 1995).

Ainda este Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, na

administração pública gerencial a estratégia volta-se para a definição precisa dos

objetivos que o administrador público deverá atingir em sua unidade; volta-se

também para a garantia de autonomia do administrador na gestão dos recursos

humanos, materiais e financeiros que lhe forem colocados à disposição para que

possa atingir os objetivos contratados, e para o controle ou cobrança a posteriori dos

resultados (BRASIL, 1995).

Sobrevém a gestão por resultado, orientada predominantemente por valores

como a eficiência e qualidade na prestação de serviços, onde o cidadão usuário dos

serviços públicos é percebido como cliente, e pelo desenvolvimento de uma cultura

gerencial nas organizações, da avaliação sistemática, da capacitação permanente e

28

da adoção de política de reconhecimento e recompensa por herança da

administração pública burocrática (CHIAVENATO, 2012).

Tal reforma do Estado, preconizada no referido Plano Diretor, recomenda

que este deixe de ser o responsável direto pelo desenvolvimento econômico e

social, pela via da produção de bens e serviços, para fortalecer-se na função de seu

promotor e regulador, no plano econômico essencialmente como um instrumento de

transferências de renda, que se torna necessário, dado à existência de bens

públicos e de economias externas, que limitam a capacidade de alocação de

recursos do mercado.

Deste modo o Estado reduz seu papel de executor ou prestador direto de

serviços, mantendo-se, entretanto no papel de regulador e provedor ou promotor,

principalmente dos serviços sociais como educação e saúde, que são essenciais

para o desenvolvimento, na medida em que envolvem investimento em capital

humano; para a democracia, na medida em que promovem cidadãos; e para uma

distribuição de renda mais justa, que o mercado é incapaz de garantir, dada a oferta

muito superior à demanda de mão-de-obra não especializada. Como promotor

continua a subsidiá-los, buscando, ao mesmo tempo, o controle social direto e a

participação da sociedade (CHIAVENATO, 2012).

Com a adoção dessa nova concepção de administração pública com raízes

ideológicas firmadas na transposição de ideais do setor privado para o público, foram

introduzidas modificações substanciais nas formas de controle dos serviços públicos,

propiciando maior transparência nas decisões administrativas e prestando valiosa

contribuição para a superação de dificuldades de cunho administrativo e financeiro,

prejudiciais à gestão governamental, de um lado, e a satisfação dos anseios da

sociedade, do outro.

Outra questão valorada é a avaliação da efetividade dos serviços públicos,

motivada pela preocupação com a qualidade incorporada por este paradigma,

considerada como o grau em que se atingiu o resultado esperado, sem cunho

econômico, mas de estimativa qualitativa, em função da incorporação da noção de

que a missão primordial do Estado contemporâneo é prestar serviços de qualidade

com vista ao lucro social traduzido na satisfação do seu cliente, o cidadão de per si e

a sociedade como um todo, notadamente no âmbito dos serviços próprios do Estado,

e, por conseguinte prestados, direta e exclusivamente pela Administração Pública.

29

5.2 Planejamento Estratégico como ferramenta de Gestão na Administração Pública

A Emenda Constitucional nº 19, de 4 de junho de 1998, modifica o regime e

dispõe sobre princípios e normas da Administração Pública, servidores e agentes

políticos, controle de despesas e finanças públicas e custeio de atividades a cargo

do Distrito Federal, e dá outras providências, proporciona nova redação ao artigo 37

da Constituição Federal do Brasil, para inserção do Princípio da Eficiência, a ser

observado pela administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da

União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Princípio que segundo Meirelles “exige que a atividade administrativa seja

exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional” (MEIRELLES, 2013, p.

102), e conforme França trata-se do:

Mais moderno princípio da função administrativa, que já não se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo resultados positivos para o serviço público e satisfatório atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros (FRANÇA, apud MEIRELLES, 2013, p. 102).

E de acordo com Chiavenato “guarda relação com o modus operandi, “tem a

ver, portanto, com o consumo adequado de insumos utilizados em determinado

processo” (CHIAVENATO, 2012, p. 456).

Num contexto de consolidação de uma Administração Pública atuante,

baseada na expansão efetiva do Estado e na construção de instituições fortes, com

a institucionalização de um novo referencial voltado para a modernização do seu

aparelho administrativo com o emprego de técnicas de administração por resultados,

tendo como características, dentre outras, a utilização do contrato de gestão como

instrumento de controle e mais especificamente orientação técnica, focada no

controle dos resultados e na busca da eficiência, através de mecanismos mais

específicos com o estabelecimento de metas e de avaliação de desempenho.

Tomando-se o Planejamento Estratégico como ferramenta de gestão e

instrumento à criação de consciência das oportunidades e ameaças, dos pontos

fortes e fracos, para o cumprimento da missão e estabelecimento da direção a ser

seguida para aproveitar as oportunidades e evitar riscos, cujo objetivo.

Segundo Rezende “está relacionado com as múltiplas atividades de definição

e esclarecimento coletivo do que se almeja para a organização”, e tratando-se de

organizações públicas: “não obstante o seu objeto social público ou sua definição de

30

atividade pública, podem ter como objetivo final o atendimento adequado ao cidadão

e até mesmo o atendimento a questões sociais pertinentes” (REZENDE, 2011, p.

32).

Planejamento Estratégico cuja formulação demanda uma prática coletiva, de

maneira articulada e sistemática convergente para o alcance dos objetivos

pretendidos, através da compatibilização das possibilidades aos recursos

disponíveis, potencializando o seu emprego e dimensionando os resultados.

Oliveira, por sua vez, defende que:

Planejamento Estratégico é o processo administrativo que proporciona sustentação metodológica para se estabelecer a melhor direção a ser seguida pela empresa, visando ao otimizado grau de interação com os fatores externos - não controláveis - e atuando de forma inovadora e diferenciada (OLIVEIRA, 2011, p. 17).

Drucker, por sua vez, afirma que o Planejamento Estratégico:

É o processo contínuo de, sistematicamente e com maior conhecimento possível do futuro contido, tomar decisões atuais que envolvem riscos, organizar sistematicamente as atividades necessárias à execução dessas decisões e, por meio de uma retroalimentação organizada e sistemática, medir o resultado dessas decisões em confronto com as expectativas alimentadas (DRUCKER apud REZENDE, 2011, p. 18).

Ainda de acordo com Rezende é “um processo dinâmico, sistêmico, coletivo,

participativo e contínuo para determinação dos objetivos, estratégias e ações da

organização” (REZENDE, 2011, p. 18).

Segundo Oliveira, Planejamento Estratégico:

Corresponde ao estabelecimento de um conjunto de providências a serem tomadas pelo executivo para a situação em que o futuro tende a ser diferente do passado, entretanto a empresa tem condições e meios de agir sobre as variáveis e fatores, de modo que possa exercer alguma influência (OLIVEIRA, 2011, p. 42).

O Planejamento Estratégico, que teve seu ápice na década de 1960 e

declinou duas décadas depois por não se adaptar, na época, à competição em

recessivos mercados globais, voltando com força pouco tempo depois, não mais

como um processo periódico, mas como uma parte da tarefa diária do executivo,

envolvendo mais pessoas do que apenas os líderes, e contando com a participação

estreita dos stakeholders (atores), fundamentalmente por duas razões: a retomada

do crescimento pelas organizações e a Internet com as possibilidades de e-

commerce (comércio eletrônico) instando-as a refletirem sobre suas posturas nesse

novo ambiente (SERRA; TORRES, A.P.; TORRES, M.C., 2004).

31

Essa ferramenta, de acordo com Morais é de:

Extrema importância para as empresas, uma vez que reduz os riscos da incerteza, identifica oportunidades, prepara a organização para a mudança, permite ao empresário conhecer o ambiente interno de sua organização, fornece segurança na tomada de decisão e, por fim, garante vantagem competitiva (MORAIS, 2005, p. 11).

Por tratar-se de um projeto, o Planejamento Estratégico requer uma

metodologia coletiva para sua elaboração, gestão e implementação, que pode se

constituir em uma abordagem organizada para o alcance do sucesso por meio de

passos preestabelecidos, contudo antes da escolha, deve-se pesquisar conhecer e

discutir sobre múltiplos tipos, para então escolher a mais adequada para a

organização de maneira que todos os envolvidos entendam o empreendimento, as

necessidades da organização, possibilitando o relacionamento dos recursos

necessários e o destaque dos prazos ideais para cada uma de suas fases

(REZENDE, 2011).

Quanto às metodologias disponíveis, o processo do Planejamento

Estratégico com relação ao sistema de administração estratégica contempla as

seguintes fases: análise do ambiente organizacional (interno e externo); diretriz

organizacional (missão, objetivos); formulação das estratégias e implementação das

estratégias, e controle estratégico (CERTO apud REZENDE, 2011).

Nesse contexto, com vistas à modernização e eficientização da

administração pública do Estado de Pernambuco, foi instituído o Programa

Pernambucano de Modernização da Gestão Pública - Progestão - através do

Decreto nº 22.730, de 18 de outubro de 2000, (PERNAMBUCO, 2000), em

consonância com as novas diretrizes traçadas pela reforma do Estado em especial

no art. 66 da Lei Complementar nº 49, de 31 de janeiro de 2003, revestido do

objetivo geral da promoção da modernização gerencial das instituições públicas da

administração direta e indireta do Estado, com a adoção de modernas tecnologias

de gestão, contribuindo para a busca de organizações eficazes, eficientes e efetivas.

Cujo conselho consultivo teve por incumbência orientar as diretrizes

adotadas no seu desenvolvimento; sugerir a adoção de novas tecnologias de gestão

e acompanhar e avaliar os progressos efetuados pelas instituições públicas na sua

implementação.

32

Tal Programa teve, por meio do Decreto nº 25.346, de 02 de abril de 2003,

delineado como um dos seus objetivos específicos, aquele do art. 2 º, inciso I, que rege:

Desenvolver e apoiar o processo de formulação do Planejamento Estratégico das Secretarias de Estado, autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista, constando de identidade organizacional, diagnóstico de ambientes, estratégias de atuação, plano de ação com responsáveis e prazos e indicadores de desempenho, com horizonte de médio prazo.

O qual foi alcançando com a elaboração do Planejamento Estratégico

Simplificado da Polícia Civil de Pernambuco - PES/PCPE para o quadriênio 2004-2007,

cujo processo de elaboração foi norteado por uma metodologia participativa,

envolvendo representantes dos três níveis de gestão da instituição e compreendendo

desde o estabelecimento de objetivos, estratégias e metas, até a definição de

programas e projetos com vistas a atender aos novos desafios enfrentados pela

Instituição, na busca pelo reconhecimento nacional, advindo da excelência dos serviços

prestados e dos altos índices de prevenção e resolução de delitos.

5.3 Exercício da segurança pública no Brasil

Assegurar a coexistência de direitos humanos e fundamentais, a

inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à

propriedade, compreende o papel da segurança pública no Brasil, acertado no caput

do art. 144 da Constituição Federal brasileira de 1988, em sintonia com os artigos 3º

e 22º da Declaração Universal dos Direitos do Homem, os quais preveem,

respectivamente: “todas as pessoas têm direito à vida, à liberdade e à segurança

pessoal” (BRASIL, 1988).

Compreendido como dever do Estado, direito e responsabilidade de todos,

exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do

patrimônio, através das Polícias - Federal, Rodoviária Federal, Ferroviária Federal,

Civise Militares e do Corpo de Bombeiros Militares -, que, a despeito de não serem

órgãos policiais, também a exercitam lato sensu, além das atribuições definidas em

lei, e da execução de atividades de defesa civil, de acordo com o Art. 144, caput, e

Incisos I a V da Constituição Federal Pátria.

33

5.3.1 Aspectos conceituais e funcionais da polícia como asseguradora da segurança pública

Particularizada, a segurança pública como missão típica e privativa da

Administração Pública, compete a cada unidade da Federação, mais precisamente

das organizações policiais de cada ente, na forma prevista nos §§ 4º12, 5º13 e 6º14 do

art. 144 da Constituição Federal, o qual a estabelece como dever do Estado, direito

e responsabilidade de todos, exercida para preservação da ordem pública e da

incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos legitimados nos seus cinco

incisos, quais sejam: as polícias e os corpos de bombeiros militares.

Polícia, cuja gênese vem do grego polis e expressa o ordenamento político

do Estado, como instituição estatal destinada a manter a ordem pública, a segurança

pessoal, a propriedade e a assegurar os direitos individuais que, de forma análoga,

profere Silva: “correlaciona-se com a segurança, e se identifica com a atividade

administrativa tendente a assegurar a ordem, a paz interna, a harmonia e, mais

tarde o órgão do Estado que zela a segurança dos cidadãos” (SILVA, 1999, p. 755).

De acordo com Pitombo, constitui-se de instrumento da administração como

“instituição de direito público, destinada a manter e a recobrar, junto à sociedade e

na medida dos recursos de que dispõe a paz pública e a segurança individual”

(PITOMBO apud MIRABETE, 2006, p. 56).

Quanto às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira,

incumbem, ressalvada a competência da União, desempenhada pela Polícia

Federal, o exercício das funções de polícia judiciária e de apuração de infrações

penais, exceto as militares, e às polícias militares, incumbe o policiamento ostensivo

e a preservação da ordem pública, por preceitos estatuídos nos §§ 4º e 5º do Art.

144 da Constituição Federal do Brasil, com estas últimas e o corpo de bombeiros

militares, também havidos como forças auxiliares e reservas do Exército, por força

dos § 6º deste mesmo artigo, subordinando-se juntamente com as primeiras aos

Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.

12

§ 4º - às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares.

13 § 5º - às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.

14 § 6º - As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.

34

Esse asseguramento, de fato se operacionaliza através da política,

desenvolvida ao lado das ciências jurídicas e sociais, propiciadoras dos seus

melhores campos de atuação e que, segundo Meirelles, “É forma de atuação do

homem público quando visa conduzir a administração a realizar o bem comum”

(MEIRELLES, 2013, p. 39).

Que se difunde pelos setores diretivos dos três Poderes de Estado, cujos

administradores, movidos pela conveniência e oportunidade do interesse público,

“traçam normas ou praticam atos tendentes a imprimir, por todos os meios lícitos e

morais, os rumos que conduzam a atividade governamental ao encontro das

aspirações médias da comunidade”, atos chamados Administrativos, Legislativos e

Judiciários, informados de fundamento político que os revestem de Políticas

Administrativas, Legislativas e Judiciárias de cuja interação resulta o Governo que

precisa da Administração Pública para fazer funcionar a máquina estatal executando

as atividades que lhe são próprias.

Tal governo, segundo Meirelles, “é expressão política de comando, de

iniciativa, de fixação de objetivos do Estado, e de manutenção da ordem jurídica

vigente” (MEIRELLES, 2013, p. 59), cujas opções políticas são postas em prática

pela administração pública, mediante a execução dos serviços públicos, com

responsabilidade legal e técnica, através da prática de atos jurídicos, denominados

administrativos.

Atos jurídicos que se distinguem entre si pela finalidade pública, de

competência, em regra, do poder executivo e em exceção, em face da

especificidade da matéria, dos demais poderes, para o desempenho de suas

funções de poder público, conforme o objeto social e jurídico do órgão e da

legitimidade dos seus agentes, com vistas ao atendimento da expectativa da

sociedade.

5.3.2 Polícias Civis do Brasil - aspectos históricos e de atribuições, no país e no Estado de Pernambuco

As Polícias Civis são instituições históricas brasileiras que no século XIX

foram concebidas como atividades de um dos três juízes de direito com jurisdição

cumulativa nas cidades mais populosas, denominado Chefe de Polícia, conforme o

35

art. 6º da Lei de 29 de novembro de 183215, que promulgou o Código de Processo

Criminal de 1832, desta forma influenciando a origem da expressão Polícia

Judiciária.

Mais adiante, com a reforma, operada pela Lei nº 261, de 3 de dezembro de

1841, passou a ser exercida, no Município da Corte, e em cada Província por chefes

de polícia escolhidos d’entre os desembargadores e juízes de direito, os quais

subordinavam os delegados e subdelegados escolhidos dentre quaisquer juízes e

cidadãos, todos nomeados pelo imperador, ou pelos presidentes, na condição de

amovíveis, e obrigados a aceitar.

Nesse contexto, o Regulamento nº 120, de 31 de janeiro de 1842, gerindo a

execução da parte Policial e criminal da Lei nº 261 de 3 de dezembro de 1841, com

a rubrica do Imperador, decreta a incumbência da polícia administrativa e judiciária,

na conformidade das Leis e Regulamentos:

Ao Ministro e Secretário de estado dos negócios da justiça, no exercício da suprema inspeção, que lhe pertence como primeiro chefe e centro de toda a administração Policial do Império. Aos Presidentes das Províncias, no exercício da suprema inspeção, que nelas tem pela Lei do seu Regimento, como seus primeiros administradores e encarregados de manter a segurança e tranquilidade publicas, e de fazer executar as leis. Aos Chefes de Polícia no município da Corte e nas Províncias; aos Delegados de Policia e Subdelegados dos distritos de sua jurisdição, assim como aos Juízes Municipais dos Termos respectivos, aos Juízes de Paz nos seus distritos, aos Inspetores de Quarteirão nos seus quarteirões e às Câmaras Municipais nos seus municípios e aos seus Fiscais (BRASIL, 1842).

E, ao tratar do acometimento de atribuições específicas à polícia

administrativa e à polícia judiciária, estabelece essa clássica dicotomia, nas Seções I

e II do Capítulo I do citado Regulamento nº 120/1842, particularmente nos seus

artigos 2º e 3º, remetendo à França de 1791, quando a Assembleia Nacional

Francesa distinguiu a polícia em dois ramos nomeados, quais sejam,polícia

administrativa e polícia judiciária, incumbindo àquela, prevenir e à esta investigar os

delitos cujos cometimentos, não puderam ser evitados (AZKOUL, 1998).

Porém os novos princípios da moderna legislação Policial foram instituídos

pela “Lei de 3 Brumário”, procedente da Revolução Francesa de 1789, abordando o

15

Art. 6º Feita a divisão haverá em cada Comarca um Juiz de Direito: nas Cidades populosas porém poderão haver até três Juízes de Direito com jurisdição cumulativa, sendo um deles o Chefe da Polícia.

36

papel social da polícia, separando-a de vez da Magistratura e por sua vez dando-lhe

aos contornos de preventiva e repressiva (PAULA apud AZKOUL, 1998).

Posteriormente, a Lei nº 2.033, de 20 de setembro de 1871, altera diferentes

disposições da citada Legislação Judiciária, e por regulamentação do Decreto nº

4.824, de 22 de novembro de 1871, institui às atribuições do chefe, delegados e

subdelegados de polícia na forma do seu art. 11, §§ 1º, 2º e 3º16, adequadas à

preparação dos processos dos crimes previstos no § 7º do art. 12 da Lei de 29 de

novembro de 183217, cuja pena não excedia a multa até cem mil réis, prisão,

degredo, ou desterro até seis meses, com multa correspondente à metade deste

tempo, ou sem ela, e três meses de casa de correção, ou oficinas públicas onde as

houvesse, procedendo ex-oficio quanto aos crimes policiais.

Ao procedimento do Inquérito Policial e todas as diligências para o

descobrimento dos fatos criminosos e suas circunstâncias, inclusive o corpo de

delito e a concessão de fiança provisória, permanecendo salva, ao chefe de polícia a

faculdade de proceder á formação da culpa, e pronunciar no caso do art. 60 do

Regulamento nº 120 de 31 de Janeiro de 184218, diante do grave comprometimento

da segurança e da tranquilidade pública, causado pelo cometimento de algum ou

alguns crimes de tal gravidade, e revestidos de circunstâncias tais, que

requisitassem uma investigação mais escrupulosa, ativa, imparcial o inteligente; ou

porque se achassem envolvidos nos acontecimentos, pessoas, cujo poderio e

prepotência tolhessem a marcha regular e livre das justiças do lugar.

Admitido recurso necessário para o presidente da relação do distrito, na

corte e nas províncias do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas, Bahia, Sergipe,

Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Maranhão; e nas outras, para os juízes de direito

16

Art. 11. Compete-lhes, porém: 1º Preparar os processos dos crimes do art. 12, § 7º do citado Código; procedendo ex-oficio quanto aos crimes policiaes. 2º Proceder ao inquérito Policial e a todas as diligencias para o descobrimento dos factos criminosos e suas circumstancias, inclusive o corpo de delicto. 3º Conceder fiança provisória.

17 § 7º Julgar: 1º as contravenções ás Posturas das Camaras Municipaes: 2º os crimes, a que não esteja imposta pena maior, que a multa até cem mil réis, prisão, degredo, ou desterro até seis mezes, com multa correspondente á metade deste tempo, ou sem ella, e tres mezes de Casa de Correcção, ou Officinas publicas onde as houver. (sic)

18Art. 60. O Governo, ou os Presidentes nas Provincias poderão ordenar que os Chefes de Policia se passem temporariamente para um ou outro Termo, ou Comarca da Provincia, quando seja alhi necessaria a sua presença, ou porque a segurança e tranquillidade publica se ache gravemente compromettida; ou porque se tenha alli commettido algum, ou alguns crimes de tal gravidade, e revestidos de circunstancias taes, que requeirão uma investigação mais escrupulosa, activa, imparcial o intelligente; ou finalmente porque se achem envolvidos nos acontecimentos, que occorrerem, pessoas, cujo poderio e prepotencia tolha a marcha regular e livre das Justiças do lugar.

37

das respectivas capitais, enquanto não se facilitassem as comunicações com as

sedes das relações, conforme o art. 12 do citado Decreto nº 4.824, de 22 de

novembro de 1871.

Tais atribuições, com a vigência, em 1º de janeiro de 1942, do Decreto-Lei nº

3.689, de 3 de outubro de 1941, o Código de Processo Penal vigente, passaram a

integrar, juntamente com a disciplina do exercício da respectiva função Policial, o

Título II do seu Livro I, intitulado “Do Inquérito Policial”.

Hodiernamente, o Título V da Constituição Federal pátria, ao tratar da defesa

do estado e das instituições democráticas, instituiu princípios sobre a temática da

segurança pública, individualmente tratando-a no art. 144 como dever do Estado,

direito e responsabilidade de todos, exercida para a preservação da ordem pública e

da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos órgãos relacionados nos

seus incisos I a V, correspondentes às polícias- federal, rodoviária federal, ferroviária

federal, civis e militares e ao corpo de bombeiros militares -, que no caso além das

atribuições definidas em lei, incumbe à execução de atividades de defesa

civil(BRASIL, 1988).

A segurança pública na acepção de manutenção da ordem pública interna

compreende no artigo 144, caput, parágrafos e incisos da Constituição Federal

Brasileira, que:

Consiste numa situação de preservação ou restabelecimento dessa convivência social que permite que todos gozem de seus direitos e exerçam suas atividades sem perturbações de outrem, salvo nos limites de gozo e reivindicação de seus próprios direitos e defesa de seus legítimos interesses (SILVA, 1999, p. 650).

Constitucionalizada sob a clássica dicotomia das polícias, distinguidas pela

natureza das atividades de segurança do poder executivo que exercem, em

preventiva ou ostensiva, às polícias militares e repressiva ou judiciária e de

apuração de infrações penais, exceto as militares, às civis, validando as primeiras e

os corpos de bombeiros militares, como forças auxiliares e reserva do exército, e

subordinando todos aos governadores dos estados, do distrito federal e dos

territórios, conforme seu § 6º.

Mesmo caminho tomado pela Constituição do Estado de Pernambuco, de 5

de outubro de 1989, (PERNAMBUCO, 1989), ao dedicar o seu Capítulo IV,

exclusivamente ao trato do Sistema de Segurança Pública compreendido pelos

artigos 101 a 105, e seus parágrafos, incisos e alíneas, da mesma forma tratando-a

38

como dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, exercida para

preservação da ordem pública, da incolumidade das pessoas e do patrimônio.

Além do asseguramento da liberdade e das garantias individuais através dos

órgãos permanentes: Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar, que

por outorga do seu art. 101, com a redação alterada pelo art. 1º da Emenda

Constitucional n˚ 4, de 22 de julho de 1994, integram a Secretaria de Estado

responsável pela defesa social e são regulados por estatutos próprios que lhes

estabelece a organização, garantias, direitos e deveres de seus integrantes,

estruturando-os em carreira, tendo por princípio a hierarquia e a disciplina.

De acordo com os §§ 4º e 5º do art. 144 da Constituição Federal vigente:

As polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares, e às polícias militares cabem à polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe à execução de atividades de defesa civil (BRASIL, 1988).

Sabe-se que não só se constitucionaliza as atribuições dessas instituições,

como expressamente as divide em funções de polícia judiciária e de apuração de

infrações penais, a exceção das militares e daquelas praticadas em detrimento de

bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas

públicas que, por força do inciso IV deste mesmo artigo, são de competência da

polícia federal.

Atribuições acometidas em sentido estrito e que se conjugam com aquelas

estabelecidas em sentido amplo no caput do supracitado art. 144, de exercer a

segurança pública como dever do Estado, por ser o seu legitimado ativo, na esfera

da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, e que consignam

o traço de competência até então contido no artigo 4º, caput do Decreto-Lei nº

3.689, de 3 de outubro de 1941, o Código de Processo Penal pátrio, estabelecendo

que: “a polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de

suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da

sua autoria” (BRASIL, 1941).

Nos incisos I a IV do art. 13 deste mesmo código, concernente ao exercício

das funções de polícia judiciária, determina o seguinte:

39

Incumbirá ainda à autoridade Policial:I - fornecer às autoridades judiciárias as informações necessárias à instrução e julgamento dos processos;II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público;III - cumprir os mandados de prisão expedidos pelas autoridades judiciárias; IV - representar acerca da prisão preventiva (BRASIL, 1941).

Particularmente, no exercício dessas atribuições que lhes são próprias, as

Polícias Civis pautam-se em fórmulas estabelecidas nos artigos 4º a 23 do Código

de Processo Penal e pela legislação extravagante, em especial e de maneira

peculiar, pelo art. 69 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, e instrumentalizam

procedimentos administrativos para registro formal e cronológico dos resultados da

Investigação Criminal que teve por objetivo a apuração da materialidade do crime e

sua autoria, respectivamente nos autos de Inquéritos Policiais e de Termos

Circunstanciados de Ocorrência.

Os autos de Termos Circunstanciados são usados para o caso das infrações

penais de menor potencial ofensivo, ou de menor relevância, assim entendidas as

contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2

(dois) anos, cumulada ou não com multa, cujas ações são processadas e julgadas

pela justiça especial, compreendida pelos juizados especiais criminais, e de

Inquéritos policiais, para aquelas em que a pena mínima abstratamente comunicada

é superior a dois anos e são ajuizadas na justiça comum, sob regência do CPP.

Inquérito Policial que acompanha a denúncia ou queixa, sempre que servir

de base a uma ou outra, conforme o art. 12 do CPP19

, constituído em instrumento

preliminar ou preparatório da ação penal, autenticador das provas materiais e

testemunhais coletadas pelas polícias civis e em cujos elementos se baseará o

processo penal, instaurado mediante denúncia do Ministério Público, nos casos de

ação pública incondicionada e condicionada à representação, diante da satisfação

dessa condição de procedibilidade, e de queixa crime do ofendido ou do seu

representante legal, nos casos de ação privada.

Assim como o Termo Circunstanciado, por analogia, segue o mesmo

caminho, à autoridade judiciária, em face da competência do juizado especial

criminal, prevista no art. 60 da Lei nº 9.099/1995, para a conciliação, o julgamento e

a execução das infrações penais de menor potencial ofensivo, respeitadas as

regras de conexão e continência, como adiante se minudencia.

19

Art. 12. O inquérito Policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra.

40

No formato presente, o Instituto do Inquérito Policial é criação do Direito

brasileiro, resolvida no Decreto Imperial nº 4.824, de 22 de novembro de 1871,

regulador da execução da Lei nº 2.033 de 20 de setembro de 1871, como

competência do chefe de polícia, dos delegados e dos subdelegados, prevista no §

2º do seu art. 11 e 42:

Art. 11. Proceder ao Inquérito Policial e a todas as diligencias para o descobrimento dos factos criminosos e suas circumstancias, inclusive o corpo de delicto. [...]. Art. 42. O Inquérito Policial consiste em todas as diligências necessárias para o descobrimento dos factos criminosos, de suas circumstancias e de seus autores e complices, devendo ser reduzido a instrumento escrito (Brasil, 1871). (sic)

Não obstante a determinação da competência do art. 4º da Lei nº 261 de 03

de dezembro de 1841, dos Chefes de Polícia em toda província e dos Delegados,

nos seus respectivos distritos, no entanto sem essa denominação:

Art. 4º Aos Chefes de Polícia, em toda a Província e na sua Corte, e aos Delegados, nos seus respectivos distritos, compete: § 9º remeter, quando julgarem conveniente, todos os dados, provas e esclarecimentos que houverem obtido sobre um delito, com uma exposição do caso e das circunstâncias, aos Juízes competentes, a fim de formarem a culpa (BRASIL, 1841).

Por seu turno a Lei nº 9.099/95, fundamentada no art. 98, inciso I da

Constituição Federal pátria, instituiu os juizados especiais cíveis e criminais,

institucionalizando um novo paradigma de justiça criminal em que seus operadores

desempenham o papel de conciliadores no âmbito penal, cujo processo orienta-se

pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e

celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação, conforme

seus artigos 2º e 62, projetando seus efeitos na esfera investigativa substituindo o

Inquérito Policial pelo Termo Circunstanciado de Ocorrência , para formalização do

resultado das investigações realizadas pela polícia civil objetivando provar a

existência e determinar a autoria de infrações penais de menor potencial ofensivo,

assim entendidas as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena

máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.

A Autoridade Policial, ao tomar conhecimento da ocorrência, lavrará um

Termo Circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao juizado, com o autor do

fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários,

de acordo com o seu art. 69 e também § 1º do art. 77, produzindo um procedimento

administrativo alternativo ao instituto do Inquérito Policial, como suporte para

41

materialização dos resultados das investigações realizadas, com objetivo de

conduzir para o Ministério Público e para o próprio ofendido, conforme o caso, os

elementos mínimos para a propositura da respectiva ação.

5.3.2.1 Do Instituto do Inquérito Policial, conceito, características e finalidade

Conjugando as palavras Inquérito e Policial, compreende-se que o conceito

gramático ao incorporar as locuções “da, ou próprio da Polícia” e “útil a seus fins”, na

prática demonstra relacionar-se à função Policial de garantia da ordem pública e da

incolumidade das pessoas e do patrimônio, assim como particularmente,

considerada a natureza da intervenção, ao exercício das funções de polícia judiciária

e de apuração das infrações penais, exceto as militares, por disposições

constitucional e processual penal, incumbidas às polícias civis, sob o suporte do

instituto do Inquérito Policial que, na visão do filósofo Foucault, trata-se do:

Sujeito de conhecimento tomado como um conjunto de estratégias que fazem parte das práticas sociais, dentre as quais as práticas jurídicas, ou mais precisamente, as práticas judiciárias, situam-se em proeminência, como as mais importantes (FOUCAULT, 1973, p. 540).

Compreende-se a investigação realizada pela Polícia Civil, sobre fatos

penalmente relevantes, ou seja, incriminados pela Lei Penal através da tipificação de

determinadas condutas, objetivando provar a materialidade e determinar a autoria

delitiva, para viabilizar o exercício do direito subjetivo processual de ação surgido,

tendo em vista aplicar a lei mediante processo regular, para cuja ação o mesmo

serve de suporte probatório.

A ideia do que seja Inquérito Policial, formulada através da articulação de

palavras de Reis e Gonçalves, é de: “procedimento investigatório prévio, constituído

por uma série de diligências, cuja finalidade é a obtenção de indícios para que o

titular da ação possa propô-la contra o autor da infração penal” (REIS;

GONÇALVES, 2012, p. 5).

Mirabete conceitua Inquérito Policial como sendo “todo procedimento Policial

destinado a reunir os elementos necessários à apuração da prática de uma infração

penal e de sua autoria” (MIRABETE, 2006, p. 60).

No sentido amplo, o Inquérito Policial pode ser visto como o conjunto das

pesquisas e indagações que a autoridade Policial e seus auxiliares empreendem, a

partir da primeira hora, para provar a existência da infração penal, apurar sua autoria

42

e desvendar suas circunstâncias. No sentido prático-formal, significa o conjunto

ordenado cronologicamente e autuado das peças que registram as investigações

feitas em torno de cada caso, ou seja, o instrumento que concretiza e autentica as

investigações efetuadas (GOMES, 1990).

O Inquérito Policial foi definido por Tourinho Filho como sendo:

O procedimento administrativo de caráter inquisitivo, que formaliza a Investigação Policial, contendo apenas os elementos necessários para instruir a denúncia do Ministério Público, nos crimes de ação penal pública ou a Queixa Crime do ofendido, ou do seu representante legal, feita por meio de advogado nos crimes de ação privada. O Inquérito, pois, nada mais é que um conjunto de informações sobre a prática da infração, isto é, sobre o fato infringente da norma e da respectiva autoria (TOURINHO FILHO, 1986, p. 83).

Nucci, por sua vez, trata o Inquérito Policial como: “procedimento

preparatório da ação penal, de caráter administrativo, conduzido pela polícia

judiciária e voltado à colheita preliminar de provas para apurar a prática de uma

infração penal e sua autoria” (NUCCI, 2012, p. 60).

Na prática, é o instrumento utilizado pelas polícias civis do Brasil para

documentação formal e cronológica dos resultados das investigações por si

realizadas objetivando elucidar as infrações penais, comprovando sua existência e a

autoria, com vistas a embasar o exercício ulterior da jurisdição penal por meio de

processo dessa natureza, tendo como principais características:

a) As atribuições concedidas à polícia são de caráter discricionário,

possibilitando-lhe, no contexto, agir ou deixar de fazê-lo, nos limites da legalidade,

estando a mesma, submetida ao controle jurisdicional posterior exercido através de

remédios constitucionais como o Habeas Corpus, o Mandado de Segurança;

b) Não é processo, mas procedimento administrativo escrito, em que todas

as peças serão num só processado, reduzidas a termo conforme o art. 9º do Código

de Processo Penal;

c) Obrigatório, vez que, nos crimes de ação pública, perante a regular notitia

criminis, a autoridade Policial terá que instaurar o Inquérito Policial com a finalidade

de apurar o fato em todas as suas circunstâncias e a autoria (MIRABETE, 2006),

ainda que diante da existência de elementos indicadores do amparo legal do infrator

por qualquer das excludentes de ilicitude previstas nos incisos I, II e III do art. 23 do

43

Código Penal brasileiro20, respectivamente, estado de necessidade, legítima defesa,

estrito cumprimento de dever legal e exercício regular de direito; assim como no

caso de crime de ação penal pública condicionada a representação desde que

satisfeita essa condição de procedibilidade;

d) Caráter sigiloso, qualidade necessária à elucidação do fato ou exigido

pelo interesse da sociedade;

e) Inquisitorial, pois é dado à autoridade Policial devido à inexistência de

contraditório;

f) Indisponível, vez que, quando instaurado regularmente, em qualquer

hipótese, não poderá a autoridade Policial mandar arquivar os autos, por vedação do

art. 17 do Código de Processo Penal21.

Ressaltando-se que nos crimes de ação privada, em que a autoridade

Policial somente poderá proceder a Inquérito, a requerimento de quem tenha

qualidade para intentá-la, mesmo atendida esta condição de procedibilidade, a

mesma pode despachar indeferindo sua abertura, cabendo então recurso para o

chefe de polícia, por outorga do § 2º do art. 5º do Código de Processo Penal.

Como instrução provisória, o Inquérito Policial tem a finalidade técnica de

servir de base para a ação penal a ser promovida pelo Ministério Público, nos crimes

de ação penal pública ou pelo particular nos crimes de ação penal privada, e qual

segundo o art. 12 do Código de Processo Penal acompanhará a denúncia ou

queixa-crime, sempre que servir de base a uma ou outra.

Assim como atender à exigência do art. 41 também do Código de Processo

Penal de que “a denúncia ou a queixa contenha a exposição do fato criminoso, a

qualificação do acusado, a classificação do crime e o rol de testemunhas” (Brasil,

1941), possível através da investigação prévia, assim como fornecer elementos

probatórios ao Juiz de maneira a permitir a decretação da prisão preventiva, quais

sejam: a prova da existência do crime e dos indícios suficientes de autoria, de que

trata o Art. 312 do Código de Processo Penal, obtidos através do Inquérito Policial.

20

Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

21 Art. 17. A autoridade Policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.

44

5.3.2.2 Do Termo Circunstanciado de Ocorrência

Tratando-se de infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos

da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, as contravenções penais e os crimes a

que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com

multa, a autoridade Policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo

circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a

vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários, de

acordo com o seu art. 6922e também § 1º do art. 7723.

De regra, prescindindo do Inquérito Policial como procedimento

administrativo, formalizador dos resultados da respectiva investigação Policial, em

face da necessidade de adequação da fase administrativa da persecução penal, às

nuances das infrações penais de menor potencial ofensivo, o qual voltará a ser

utilizado, em face de requerimento do Ministério Público ao juiz, se a complexidade

ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação da denúncia, conforme

exceção prevista no§ 2º daquele art. 77 da Lei nº 9.099/9524 (BRASIL, 1995).

O Termo Circunstanciado, complementado para Termo Circunstanciado de

Ocorrência - TCO pela Instrução Normativa nº 01, de 04 de dezembro de 1995,

editada pela então Secretaria de Segurança Pública do Estado de Pernambuco,

para regular os procedimentos da sua Polícia Civil, em face da instituição dos

juizados especiais criminais e dar outras providências, desde então e doravante,

utilizado na instituição como suporte para o registro dos fatos tipificados como

infrações de menor potencial ofensivo.

Nesse contexto, tanto o Inquérito Policial quanto o Termo Circunstanciado,

são procedimentos administrativos, levados a termo na investigação criminal,

primeira fase da persecução penal, guardadas suas peculiaridades, objetivando

22

Art. 69. A autoridade Policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.

23 § 1º Para o oferecimento da denúncia, que será elaborada com base no termo de ocorrência referido no art. 69 desta Lei, com dispensa do Inquérito Policial, prescindir-se-á do exame do corpo de delito quando a materialidade do crime estiver aferida por boletim médico ou prova equivalente.

24 § 2º Se a complexidade ou circunstâncias do caso não permitirem a formulação da denúncia, o Ministério Público poderá requerer ao Juiz o encaminhamento das peças existentes, na forma do parágrafo único do art. 66 desta Lei.

45

promover o exercício do direito de punir, ou jus puniendi, exclusivo do Estado,

através de um processo onde este, na pessoa do Juiz, tenha condições de aplicar a

punição justa ou mesmo deixar de aplicá-la se for o caso, conforme dinâmica na

delineada no próximo capítulo.

46

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES

6.1 Planejamento Estratégico como ferramenta de gestão da Polícia Civil de Pernambuco

Para cumprir a sua missão constitucional de exercer a segurança pública em

razão de ser órgão constitucionalmente eleito, consoante norma objeto do art. 144

caput e inciso IV da Constituição Federal e do art. 103 da Constituição do Estado de

Pernambuco25, a Polícia Civil de Pernambuco valeu-se de planejamento para definir

suas pretensões de futuro e como realizá-las, porquanto, de acordo com

Chiavenato: “constitui a primeira função administrativa e define os objetivos para o

futuro desempenho organizacional, bem como decide sobre os recursos e tarefas

necessários para alcança-los adequadamente” (CHIAVENATO, 2008, p. 18).

Conforme define Chiavenato, administrar é “conduzir toda uma organização

em direção a objetivos previamente definidos, para obter resultados concretos e

alcançar sucesso e sustentabilidade ao longo do tempo” (CHIAVENATO, 2008, p. 19).

A Instituição adotou a ferramenta de gestão planejamento do tipo estratégico

situacional, para dar tratamento sistemático a aspectos considerados importantes,

credenciando sua utilização como modelo para o alcance da sua Visão de futuro,

reflexo do raciocínio estratégico e mais além, lhe servindo de complemento, ao

traduzir as orientações em ações concretas para o horizonte de 4 (quatro) anos,

coincidente com o quadriênio do Plano Plurianual do Estado - PPA, por conseguinte,

classificado de longo prazo, segundo sua amplitude no tempo (SERRA; TORRES,

TORRES, 2004).

6.1.1 Formulação do Planejamento Estratégico da Polícia Civil de Pernambuco

O Planejamento Estratégico da Polícia Civil de Pernambuco para o

quadriênio 2004-2007 foi formulado de forma compartilhada, ou seja, com a

participação de todos os segmentos da Instituição, quando e onde foram explicitados

à sua identidade, objetivos, estratégias, metas e indicadores, refletidos no Mapa

Estratégico, e, por fim, foram definidos os caminhos para a excelência na prestação

25

Art. 103. À Polícia Civil, dirigida por Delegado de Polícia, ocupante do último nível da carreira, incumbem, privativamente, ressalvada a competência da União:

47

dos serviços de Polícia Judiciária e de Apuração das Infrações Penais que lhe são

próprias, de modo a torna-la eficiente, eficaz e efetiva, com o aumento da

flexibilidade nas relações e no nível de resposta à sociedade pernambucana,

requisitos críticos de toda organização moderna.

Foi seguido o entendimento e vivência da administração estratégica lato

sensu, como processo contínuo e interativo, cujas etapas são repetidas ciclicamente,

voltado a mantê-la como um conjunto apropriadamente integrado ao seu ambiente, onde

todos os administradores são encorajados a pensar estrategicamente e a focalizar tanto

questões externas em longo prazo quanto questões táticas e operacionais em curto

prazo.

Com foco na integração isonômica das 6 (seis) Funções Organizacionais

Públicas ou Privadas para o Planejamento, quais sejam: Produção ou serviços;

Comercial ou marketing; Materiais ou logística; Financeira; Recursos Humanos; e

Jurídico legal, conduziu-se o processo passando, em ordem cronológica, pelas 5

(cinco) etapas do sistema de administração estratégica:

1) Análise dos ambientes interno e externo da PCPE, sob Matriz de

Priorização Personalizada para identificação dos pontos fortes, avaliados

considerando sua importância, e dos pontos fracos sob três aspectos: Urgência,

Viabilidade e Importância; Oportunidades sob dois aspectos: ganhos que podem

proporcionar e probabilidade da ocorrência e ameaças também sob dois aspectos:

perdas que podem causar e probabilidade da ocorrência;

2) Estabelecimento da diretriz organizacional, com a determinação da Meta

da Instituição juntamente com a sua Missão e objetivos;

3) Formulação de estratégias, ações organizacionais para alcance dos seus

objetivos;

4) Demarcação da prática das estratégias formuladas, colocando-as em ação;

5) Elaboração do controle estratégico, monitorando todo o processo para

melhorá-lo e assegurar um funcionamento adequado.

Para a formalização de cenários de macroestratégias, vistos como modelo

para análises estratégicas, foram focadas as funções organizacionais com

abordagem direcionada para funções serviços públicos e comunicação pública nas

organizações públicas, e além da relação com os seus objetivos do ponto de vista

interno, considera suas Missão e Visão e as políticas públicas atuais e futuras.

48

Com o assentamento das macroestratégias, seguiu-se a concepção e

definição das Estratégias da Instituição a partir dos seus ambientes interno e

externo, fundamentalmente com base nas fases: análises e diretrizes

organizacionais, diapasão em que os temas a seguir foram tratados por grupos de

trabalho integrados por gestores e servidores outros da Instituição, assim como

representantes das suas entidades de classe, o que lhes imprime legitimidade e

aderência:

a) Nivelamento conceitual relativo aos assuntos abordados no processo;

b) Definição da situação atual (diagnóstico), com a identificação das forças,

fraquezas, ameaças e oportunidades da Instituição;

c) Identidade organizacional compreendendo a revisitação da Missão e

Valores;

d) Estabelecimento da situação desejada explicitada na visão de futuro da

Instituição;

e) Fixação das macroestratégias;

f) Definição das estratégias para o alcance da visão;

g) Apresentação do Mapa Estratégico, (com base na metodologia do

Balanced Scorecard - BSC);

h) Desdobramento das Estratégias para os níveis táticos e operativos;

i) Validação do produto do processo com a direção e representação das

entidades classistas da Instituição;

j) Definição de calendário de avaliação e resultados do Planejamento

Estratégico da PCPE.

Nessa matiz o Planejamento Estratégico atende ao conceito de instrumento

através do qual a Polícia Civil de Pernambuco cria consciência das suas

oportunidades e ameaças, dos seus pontos fortes e fracos, posicionados no

caminho representado pelo cumprimento da sua Missão de “Investigar as infrações

penais e desenvolver as atividades de Polícia Judiciária e Administrativa com

eficiência, eficácia e efetividade, garantindo segurança à sociedade e preservando a

paz social” (PERNAMBUCO, 2013) .

Estabelecendo também a direção que deverá seguir para aproveitar as

ocasiões e evitar os riscos, dessa forma concretizando a sua Visão, de “Até 2015 ser

reconhecida nacionalmente pela excelência dos serviços prestados, resolução de

delitos e valorização profissional” (PERNAMBUCO, 2013).

49

6.2 Resultados da implantação e implementação do Planejamento Estratégico na gestão administrativa da Polícia Civil de Pernambuco

6.2.1 Produtividade de Inquéritos Policiais - IP´s e Termos Circunstanciados de Ocorrência - TCO´s

Nos anos de 2007 a 2013, a Polícia Civil de Pernambuco remeteu à Justiça

Pública do Estado um total de 468.022 procedimentos administrativos, sendo

244.312 Inquéritos Policiais e 223.710 Termos Circunstanciados de Ocorrência, com

uma média anual de 66.860 remessas e um crescimento contínuo de produtividade,

que particularizada, a relação, dispõe de uma média anual de remessa de IP´s de

34.902 e de 31.959de TCO´s, comparados todos os valores.

Tomando por base o triênio 2008 a 2010, houve uma média/ano de 55.940

remessas de procedimentos administrativos, IP´s e TCO´s, à Justiça, enquanto que,

no Triênio 2011 a 2013 essa média foi de 87.339envios, representando um aumento,

em termos de procedimentos administrativos enviados, na ordem de 56,13% entre

os dois triênios, conforme tabela 1 e figuras 1 e 2:

Tabela 1. Crescimento de produtividade da PCPE, ano a ano, de 2007 a 2013

Remessa à Justiça 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 TOTAL

Inquéritos Policiais 18.749 22.388 32.215 35.158 41.751 42.761 51.290 244.312

Termos Circunstanciados de Ocorrência

19.437 23.003 25.828 29.228 41.645 41.991 42.578 223.710

TOTAL 38.186 45.391 58.043 64.386 83.396 84.752 93.868 468.022

Fonte: Coordenação de Procedimentos Policiais da Polícia Civil de Pernambuco.

50

Figura 1. Crescimento de produtividade na PCPE, ano a ano, de 2007 a 2013, e linha de tendência exponencial.

Fonte: Coordenação de Procedimentos Policiais da Polícia Civil de Pernambuco.

Figura 2. Valores absolutos individuais de produtividade da PCPE, comparados com todos

os outros valores, ano a ano de 2007 a 2013 Fonte: Coordenação de Procedimentos Policiais da Polícia Civil de Pernambuco.

No ano de 2013, a Polícia Civil de Pernambuco registrou um total de 93.868

procedimentos administrativos remetidos à Justiça, dos quais 51.290 foram

Inquéritos Policiais e 42.578 Termos Circunstanciados de Ocorrência, que

comparado ao ano de 2007, quando foram enviados 38.186 deles, divididos em

18.749 Inquéritos e 19.437 TCO´s, constou-se uma diferença a maior, de 55.682

procedimentos e um índice percentual de crescimento de 145,82% naquele ano em

relação a este, conforme tabela 2 e figura 3.

51

Tabela 2. Inquéritos Policiais e Termos Circunstanciados de Ocorrência encaminhados à Justiça nos anos de 2007 e 2013

ESPECIFICAÇÃO 2007 2013 DIFERENÇA VARIAÇÃO (%)

Total de Procedimentos Administrativos remetidos à justiça

38.186 93.868 55.682 145,82%

Fonte: Coordenação de Procedimentos Policiais da Polícia Civil de Pernambuco

Figura 3. Aumento do número de Procedimentos Administrativos remetidos à justiça comparando o ano de 2013 ao de 2007

Fonte: Coordenação de Procedimentos Policiais da Polícia Civil de Pernambuco

No ano de 2013, foram remetidos à Justiça 93.868 Procedimentos

Administrativos, que em relação ao ano de 2007, onde foram remetidos 38.186

deles, ocorreu um aumento global de remessa na ordem de 145,82% desses

procedimentos.

Consistindo em 51.290 Inquéritos Policiais e 42.578 Termos

Circunstanciados de Ocorrência, que, em relação ao ano de 2007, cuja remessa

global alcançou o índice de 38.186 procedimentos, respectivamente 18.749 e

19.437, representa uma diferença a maior, em números absolutos, de 32.541 IP´s e

23.141 TCO´s, com um índice de crescimento de, respectivamente, 173,56%, e

119,06%, conforme tabela 3 e figuras 4 e 5.

52

Tabela 3. Produtividade acumulada da Polícia Civil de Pernambuco 2007- 2013

ITEM ESPECIFICAÇÃO 2007 2013 DIFERENÇA VARIAÇÃO

(%)

1 Inquérito s remetidos à justiça 18.749 51.290 32.541 173,56%

2 TCO's remetidos 19.437 42.578 23.141 119,06%

Total geral de procedimentos remetidos à justiça

38.186 93.868 55.682 145,82%

Fonte: Coordenação de Procedimentos Policiais da Polícia Civil de Pernambuco.

Figura 4. Aumento do número de Inquérito s Policiais remetidos à justiça no ano de 2013

em relação ao ano de 2007 Fonte: Coordenação de Procedimentos Policiais da Polícia Civil de Pernambuco.

Figura 5. Acréscimo no número de Termos Circunstanciados de Ocorrência remetidos à justiça, no ano de 2013 em relação ao ano de 2007

Fonte: Coordenação de Procedimentos Policiais da Polícia Civil de Pernambuco.

53

No septênio 2007-2013, foram remetidos pela Polícia Civil de Pernambuco, à

Justiça Pública do Estado, 244.312 Inquéritos policiais, dentre os quais 160.898

serviram de base para denúncia do Ministério Público de Pernambuco, alcançando

além de uma média/ano de 34.902 remessas, um índice de 65,86% de

aproveitamento, considerada a principal finalidade do Instituto.

Por sua vez, no triênio 2008 a 2010, para uma média/ano de 29.920

Inquéritos policiais remetidos à Justiça, houve a retribuição de uma média/ano de

19.549 denúncias oferecidas pelo MP, representativa do percentual de 65,34% da

média das remessas; enquanto que no triênio 2011 a 2013, que a média foi de 45.267

Inquéritos remetidos para 30.432 denúncias oferecidas, compreendendo 67,23% da

média das remessas nesse segundo período, levando em consideração o que foi

enviado e denunciado entre os dois períodos, houve um aumento de 1,89%

(aproximadamente 2%), em termos percentuais de Denúncias entre um triênio e outro,

conforme tabela 4 e figura 6.

Tabela 4. Evolução da qualidade do Inquérito Policial no período de 2007 a 2013

Fonte: Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça Criminal do Estado - CAOP,

do Ministério Público de Pernambuco.

PRODUTIVIDADE/

QUALIDADE

PERÍODO/TOTAL

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 TOTAL

Inquéritos remetidos à Justiça

18.749 22.388 32.215 35.158 41.751 42.761 51.290 244.312

Denúncias oferecidas pelo MP

10.955 13.499 21.314 23.834 26.682 26.986 37.628 160.898

% 58,43% 60,30% 66,16% 67,79% 63,91% 63,11% 73,36% 65,86%

54

Figura 6. Índice Denúncias sobre o total de Inquéritos Policiais remetidos à Justiça no período de 2007 a 2013

Fonte: Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça Criminal do Estado - CAOP,

do Ministério Público de Pernambuco.

Em termos proporcionais, no ano de 2013, o número de 37.628 denúncias

oferecidas pelo MP para um total de 51.290 Inquéritos remetidos, revela-se superior

em 25,55% àquela de 10.955 Denúncias para um total de 18.749 Inquéritos

enviados no ano de 2007, um acréscimo, em números absolutos, de 7.659

Denúncias em relação ao ideal, de 29.969 delas a serem realizadas, para que se

mantivesse o mesmo patamar de 2007, conforme tabela 5 e figura 7.

Tabela 5. Evolução da qualidade do Inquérito Policial no ano de 2013 em relação ao de 2007

PRODUTIVIDADE/QUALIDADE

PERÍODO/TOTAL

2007 2013 DIFERENÇA VARIAÇÃO (%)

Inquéritos remetidos à justiça 18.749 51.290 32.541 173,56%

Denúncias oferecidas pelo MP 10.955 37.628 26.673 243,48%

% 58,43% 73,36% 81,97% 25,55%

Fonte: Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça Criminal do Estado - CAOP,

do Ministério Público de Pernambuco.

55

Figura 7. Aumento no número de Denúncias do Ministério Público em face de Inquérito s Policiais, no ano de 2013 em relação ao ano de 2007

Fonte: Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça Criminal do Estado - CAOP,

do Ministério Público de Pernambuco.

No período de 2007 a 2013, ocorreu um total de 3.217 entradas de

servidores nos 8 cargos públicos efetivos integrantes do quadro de pessoal

permanente da Polícia Civil de Pernambuco, como Delegado de Polícia, Perito

Criminal, Médico Legista, Agente de Polícia, Escrivão de Polícia, Perito

Papiloscopista, Auxiliar de Perito e Auxiliar de Legista, com um aumento de

174,49%, em relação ao septênio de 2000 a 2006, conforme tabelas 6 e 7 e figuras

8 e 9.

Tabela 6. Entradas de policiais civis nos cargos dos segmentos Investigativo e Técnico-Científico da Polícia Civil de Pernambuco no septênio de 2007 a 2013

ITEM CARGO ANO TOTAL

POR CARGO 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

1 DELEGADO DE POLÍCIA 0 158 38 8 0 1 0 205

2 PERITO CRIMINAL 0 0 13 0 0 0 0 13

3 MÉDICO LEGISTA 0 0 0 1 0 43 1 45

4 AGENTE DE POLÍCIA 0 769 228 4 451 0 411 1.863

5 ESCRIVÃO DE POLÍCIA 0 423 48 0 168 1 195 835

6 PERITO PAPILOSCOPISTA 0 0 127 46 0 1 0 174

7 AUXILIAR DE PERITO 0 0 16 0 0 0 0 16

8 AUXILIAR DE LEGISTA 0 0 65 1 0 0 0 66

TOTAL GERAL 0 1.350 535 60 619 46 607 3.217

Fonte: Diretoria de Recursos Humanos da Polícia Civil de Pernambuco.

56

Tabela 7. Entradas nos cargos dos segmentos Investigativo e Técnico-Científico da Polícia Civil de Pernambuco nos septênios de 2000 a 2006 e de 2007 a 2013

ANO TOTAL ANO TOTAL

2000 291 2007 0

2001 86 2008 1.350

2002 40 2009 535

2003 729 2010 60

2004 17 2011 619

2005 0 2012 46

2006 9 2013 607

TOTAL GERAL 1.172

3.217

Fonte: Diretoria de Recursos Humanos da Polícia Civil e Secretaria de Administração do Estado de Pernambuco - SAD/PE.

Figura 8. Índice de posses por cargos da PCPE, no período de 2007 a 2013

Fonte: Diretoria de Recursos Humanos da Polícia Civil de Pernambuco.

57

Figura 9. Índice de posses, ano a ano, nos cargos da PCPE, no período de 2007 a 2013 Fonte: Diretoria de Recursos Humanos da Polícia Civil de Pernambuco.

Figura 10. Relação de entrada de policiais no efetivo da PCPE, entre septênios 2007 a 2013 e 2000 a 2006

Fonte: Diretoria de Recursos Humanos da Polícia Civil de Pernambuco e Secretaria de Administração do Estado - SAD.

Nesse mesmo período de 2007 a 2013, adveio um total de 2.222 saídas no

efetivo dos cargos da PCPE, por aposentadoria, exoneração, demissão e

falecimento, sendo 2.215 dentre os 8 cargos integrados por: Delegado de Polícia,

Perito Criminal, Médico Legista, Agente de Polícia, Escrivão de Polícia, Perito

Papiloscopista, Auxiliar de Perito e Auxiliar de Legista e 7 nos cargos de Operador

58

de Telecomunicação e Motorista, em extinção e extintos, respectivamente, pela Lei

nº 10.466, de 7 de agosto de 1990, conforme tabela 7 figuras 10 e 11.

Tabela 8. Total de saída de Policiais Civis no efetivo da PCPE, no período de 2007 a 2013

Item CARGO ANO

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 TOTAL

1 Delegado de polícia 9 12 14 24 11 47 24 141

2 Perito criminal 0 3 7 6 8 3 12 39

3 Médico legista 1 1 1 0 11 9 12 35

4 Comissário/Agente de polícia 72 207 288 348 214 238 260 1.627

5 Escrivão de polícia 7 17 68 57 52 27 41 269

6 Perito papiloscopista 3 9 13 31 13 8 5 82

7 Auxiliar de perito 0 2 2 0 2 3 2 11

8 Auxiliar de legista 0 0 0 4 4 0 3 11

9 Operador de telecomunicação 0 2 0 0 1 1 1 5

10 Motorista Policial 2 0 0 0 0 0 0 2

TOTAL GERAL 94 253 393 470 316 336 360 2.222

Fonte: Diretoria de Recursos Humanos da Polícia Civil de Pernambuco.

Figura 11. Índice de saídas, por cargos da PCPE, no período de 2007 a 2013 Fonte: Diretoria de Recursos Humanos da Polícia Civil de Pernambuco.

59

Figura 12. Índice de saídas dos cargos da PCPE, no período de 2007 a 2013 Fonte: Diretoria de Recursos Humanos da Polícia Civil de Pernambuco.

Considerando as entradas e saídas no efetivo da Polícia Civil de

Pernambuco, no septênio 2007-2013, a saída dos 2.222 servidores policiais civis,

novos e veteranos, representou uma redução de 69.07% nas 3.217 entradas do

mesmo período, conforme tabela 9 e figura 13.

Tabela 9. Repercussão das saídas de Policiais Civis no efetivo da PCPE, no período de 2007 a 2013, sobre as entradas ocorridas no mesmo período

EFETIVO PCPE

2007-2013 ENTRADA SAÍDA RESÍDUO REDUÇÃO %

TOTAL GERAL 3.217 2.222 995 69,07%

Fonte: Diretoria de Recursos Humanos da Polícia Civil de Pernambuco.

60

Figura 13. Impacto das saídas sobre as entradas no efetivo da PCPE, no período de 2007 a 2013

Fonte: Diretoria de Recursos Humanos da Polícia Civil de Pernambuco.

Particularmente, em 2010, ano em que ocorreu a maior quantidade de

saídas do efetivo da PCPE, a taxa de substituição de policiais, referente à média das

entradas e saídas na Instituição naquele ano, equivaleu a 4,30% do efetivo de 6.160

policiais existentes em 31 de dezembro de 2009, conforme tabela 10.

Tabela 10. Taxa de substituição de Policiais Civis do efetivo da PCPE, no ano de 2010 em relação efetivo da Instituição do último dia do ano anterior

ESPECIFICAÇÃO ANO

2010

Entrada 60

Saída 470

Média 265

Efetivo ano anterior 6.160

Taxa de substituição 4,30%

Fonte: Diretoria de Recursos Humanos da Polícia Civil de Pernambuco.

61

Analisando o ano de 2013 em relação ao de 2007, houve um crescimento de

145,08% no total da remessa de Procedimentos Administrativos, IP´s e TCO´s, à

Justiça, enquanto o crescimento do efetivo foi de 22,13%. Em termos proporcionais,

nesses mesmos anos, para que se mantivesse no ano de 2013 a mesma

equivalência do ano de 2007, entre remessa e efetivo, seria necessário um total de

12.097 policiais quando, de fato, se dispunha de 6.010.

Nesse comparativo de anos, 2013 em relação a 2007, a média de

procedimentos enviados por Policial cresceu em 100%, mantendo-se ascendente

ano a ano enquanto o efetivo teve um crescimento de, tão-somente, 22,13%,

conforme tabela 11 e figura 14.

Tabela 11. Relação entre a produtividade e a evolução do efetivo da PCPE, no septênio de 2007 a 2013

ESPECIFICAÇÃO 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 TOTAL

TOTAL DE IP'S REMETIDOS À JUSTIÇA

18.749 22.388 32.215 35.158 41.751 42.761 51.290 244.312

TOTAL DE TCO'S REMETIDOS À JUSTIÇA

19.437 23.003 25.828 29.228 41.645 41.991 42.578 223.710

TOTAL GERAL 38.186 45.391 58.043 64.386 83.396 84.752 93.868 468.022

QUADRO DE PESSOAL POLICIAL

4.921 6.018 6.160 5.750 6.053 5.763 6.010 XXX

MÉDIA DE PROCEDIMENTO POR POLICIAL

8 8 9 11 14 15 16 XXX

Fonte: Diretoria de Recursos Humanos e Coordenação de Procedimentos Policiais da Polícia Civil de Pernambuco.

62

Figura 14. Curva da média de Procedimentos Administrativos por Policial Civil Fonte: Diretoria de Recursos Humanos e Coordenação de Procedimentos Policiais da Polícia Civil de Pernambuco.

Desenvolvendo a pesquisa, constatou-se que no aspecto estrutural, houve a

criação de 79 (setenta e nove) novos órgãos policiais, iniciada no ano de 2007, com

as Delegacias de Polícia do Idoso e de Crimes contra a Propriedade Imaterial,

através do Decreto nº 30.538, de 14 de junho de 2007.

Ainda neste mesmo ano, através da Lei nº 13.241, de 29 de maio de 2007,

foi criado o Sistema Estadual de Inteligência de Segurança Pública do Estado de

Pernambuco - SEINSP, e autorizada a criação, mediante Decreto do Poder

Executivo, dos Núcleos de Inteligência - NI das Delegacias Especializadas e

Seccionais da Instituição, de acordo com a necessidade avaliada pela Chefia Geral

de Polícia Civil, ouvido o Secretário de Defesa Social, tendo por finalidade o

assessoramento à atividade de Segurança Pública e Defesa Social e a formulação

das respectivas políticas, dando maior efetividade às suas ações estratégicas, tático-

operacionais e de proteção do conhecimento, dentro do princípio da legalidade,

respeitando as atribuições e limites constitucionais de cada órgão e a Doutrina

Nacional de Inteligência de Segurança Pública - DNISP.

63

Tal como criado e regulamentado pelo Decreto Nº 30.847, de 01 de outubro

de 2007, o SEINSP é constituído por um conjunto de agências de inteligência

voltadas para o exercício permanente e sistemático de ações especializadas na

produção e salvaguarda de conhecimentos necessários para prever, prevenir e

reprimir atos delituosos de qualquer natureza ou relativos a outros temas de

interesse da segurança pública e da defesa social no Estado de Pernambuco, tendo

como órgão de coordenação, planejamento e execução o Centro Integrado de

Inteligência de Defesa Social - CIIDS, integrado também pelo Subsistema de

Inteligência de Segurança Pública da Polícia Civil do Estado de Pernambuco -

SISPPOC, tendo como Agência Central de Inteligência a sua Diretoria de

Inteligência - DINTEL (PC/PE).

Ainda, através do art. 14 do Decreto nº 30.847/2007, foram criados os

Núcleos de Inteligência - NI, previstos pelo art. 3º da citada Lei nº 13.241/2007, nas

Delegacias Especializadas e Seccionais da Polícia Civil, posteriormente transferidos

na forma do art. 11 da Lei nº 15.212, de 19 de dezembro de 2013.

Posteriormente foi criado o serviço especializado na prevenção e repressão

às infrações penais praticadas contra o Meio Ambiente e/ou o Equilíbrio Ecológico,

previstas em leis especiais, no Código Penal ou na Lei das Contravenções Penais,

mediante adição àqueles prestados pela Delegacia de Infrações Penais de Menor

Potencial Ofensivo, redenominada Delegacia de Meio Ambiente e de Infrações de

Menor Potencial Ofensivo, pelo Decreto nº 32.004, de 26 de junho de 2008.

Que no ano de 2010 foi transformada em Delegacia de Polícia do Meio

Ambiente - DEPOMA, através do Decreto nº 35.291, de 07 de julho de 2010, o qual

no seu art. 9º, lhe incumbe:

Prevenir e reprimir, com exclusividade, na Região Metropolitana do Recife, e quando sua apuração exigir uniformidade de ação ou maior especialização, concorrentemente com a Delegacia de Polícia de base territorial, em todo o Estado, as infrações penais praticadas contra o meio ambiente e/ ou o equilíbrio ecológico, previstas em leis específicas, no Código Penal ou na Lei das Contravenções Penais (BRASIL, 2010).

Por desígnio da reforma institucional realizada, foram criadas 3 (três)

Divisões de Homicídios, órgãos de nível Tático de gestão sediados na Região

Metropolitana do Recife, Norte e Sul e no Agreste do Estado, desconcentrando a

Gestão do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa - DHPP, agora

integrado por um total de 25 (vinte e cinco) Delegacias de Homicídios em todo

64

Estado, somadas as existentes as 19 (dezenove) criadas pela Lei nº 15.026, de 20

de junho de 2013, assim interiorizando a repressão qualificada dos citados crimes

contra a vida.

Da mesma forma, na área de recursos humanos foram criados 421 cargos

de Delegados de Polícia Civil, Peritos Criminais e Médicos Legistas pela Lei nº

13.213, de 30 de março de 2007 e de 4.500 (quatro mil e quinhentos) cargos no

Quadro de Agentes da Polícia Civil, de simbologia QAPC-I a QAPC-E, nos diversos

grupos ocupacionais da Instituição através da Lei nº 13.231, de 23 de maio de 2007,

proporcionando a realização de Promoções e Enquadramentos funcionais dos quais

resultaram 15.390 elevações de policiais, em sucessivo no período, assim

entendidas ascensões aos níveis imediatamente superiores aos que se

encontravam, fruto das políticas de Cargos, Carreiras e Vencimentos implementadas

pelas Leis Complementares nº 137, de 31 de dezembro de 2008, nº 177, de 07 de

julho de 2011 e nº 181, de 22 de setembro de 2011.

Nos 77 meses compreendidos entre agosto de 2007 e dezembro de 2013, a

Polícia Civil de Pernambuco, otimizando os recursos da Investigação Criminal,

realizou 125 Operações de Repressão Qualificada - ORQ´s, das quais 2.198

pessoas resultaram presas, com uma média mês de aproximadamente 2 Operações

e 18 prisões em cada uma delas, conforme tabela 12 e figura 15.

Tabela 12. Evolução das Operações de Repressão Qualificada - ORQ´s realizadas pela Polícia Civil de Pernambuco, nos 77 meses, compreendidos entre agosto de 2007 e dezembro de 2013

ESP.

PERÍODO

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 TOTAL

ORQ 3 8 16 25 22 21 30 125

PRESOS 83 141 258 423 460 325 508 2.198

Fonte: Coordenação de Planejamento Operacional - CPO/PCPE.

65

Figura 15. Evolução dos números de Operações de Repressão Qualificada - ORQ´s e de

prisões efetuadas, nos 77 meses, de agosto de 2007 a dezembro de 2013 Fonte: Coordenação de Planejamento Operacional - CPO/PCPE.

No triênio 2008 a 2010, houve uma média/ano de aproximadamente 16

ORQ´s, e 274 prisões realizadas, enquanto que no triênio de 2011 a 2013, essa

média foi de 24 Operações e 1.293 prisões realizadas, o que importou num aumento

de 48,98% no número de Operações e 57,30% no número de pessoas presas, entre

os dois triênios, conforme Tabela 13 e Figura 16.

Tabela 13. Desenvolvimento das Operações de Repressão Qualificada - ORQ´s e das

prisões efetuadas nos triênios 2008 a 2010 e 2011 a 2013

ESP. PERÍODO

2008 2009 2010 TOTAL 2011 2012 2013 TOTAL %

ORQ 8 16 25 49 22 21 30 73 48,98%

PRESOS 141 258 423 822 460 325 508 1.293 57,30%

Fonte: Coordenação de Planejamento Operacional da Polícia Civil de Pernambuco - CPO/PCPE.

66

Figura 16. Relação entre as cifras de Operações de Repressão Qualificada - ORQ´s realizadas pela PCPE, e de prisões efetuadas, nos triênios 2008 a 2010 e 2011 a 2013

Fonte: Coordenação de Planejamento Operacional da Polícia Civil de Pernambuco - CPO/PCPE.

67

13 CONCLUSÃO

A pesquisa demonstrou a eficácia do Planejamento Estratégico como

ferramenta de gestão da Polícia Civil de Pernambuco, no septênio 2007-2013,

através dos resultados obtidos pela Instituição nesse período, baseados na evolução

da taxa de Procedimentos Administrativos remetidos à Justiça Pública do Estado,

ano a ano, e em 2013 relacionado a 2007, quais sejam: Inquéritos Policiais - IP´S e

Termos Circunstanciado de Ocorrência - TCO´S.

Igualmente, no dimensionamento da evolução da qualidade do Inquérito

Policial, por meio do quantitativo de Denúncias oferecidas pelo Ministério Público

tendo-o com base, assim como na análise da dinâmica de crescimento do efetivo da

Instituição nesse septênio, associada à sua relação com a produtividade, os quais

contribuíram substancialmente para que o Programa Pacto pela Vidase tornasse

uma política pública exitosa.

Constatou-se que no período de 2007 a 2013, a Instituição remeteu à Justiça

Pública do Estado um total de 468.022 Procedimentos Administrativos, dos quais

244.312 foram Inquéritos Policiais e 223.710 foram Termos Circunstanciados de

Ocorrência, obtendo uma média anual de 66.860 remessas, e considerada a relação

entre os anos 2013 e 2007, apresenta um crescimento de 145,08% no total das

remessas.

Dos 244.312 Inquéritos Policiais remetidos, um total de 160.898 serviu de

base para Denúncia do Ministério Público de Pernambuco, alcançando além de uma

média anual de 34.902 remessas no período, um índice de 65,86% de

aproveitamento, considerada a principal finalidade do Instituto.

Por seu turno, no triênio 2008 a 2010, para uma média/ano de 29.920

Inquéritos Policiais remetidos à Justiça, houve a retribuição de uma média/ano de

19.549 denúncias oferecidas pelo MP, representativa do percentual de 65,34% de

aproveitamento, considerada a média das remessas no triênio; enquanto que no

triênio 2011 a 2013, que a média foi de 45.267 Inquéritos remetidos para 30.432

Denúncias oferecidas, compreendendo 67,23% de aproveitamento, considerada a

média das remessas nesse segundo período, levando em consideração o que foi

enviado e denunciado entre nos dois períodos, houve um aumento de 1,89%

(aproximadamente 2%), em termos percentuais de Denúncias entre um triênio e outro.

68

Da mesma forma, no ano de 2013, o número de 37.628 Denúncias

oferecidas pelo MP para um total de 51.290 Inquéritos remetidos, mostra-se maior

em 25,55% àquela de 10.955 Denúncias para um total de 18.749 Inquéritos

enviados no ano de 2007, um acréscimo, em números absolutos, de 7.659

Denúncias em relação ao ideal, de 29.969 delas a serem realizadas, para que se

mantivesse o mesmo patamar de 2007.

No período de 2007 a 2013, houve um total de 3.217 entradas de

servidores nos 8 cargos públicos efetivos do quadro de pessoal permanente da

Polícia Civil de Pernambuco, quais sejam: Delegado de Polícia, Perito Criminal,

Médico Legista, Agente de Polícia, Escrivão de Polícia, Perito Papiloscopista,

Auxiliar de Perito e Auxiliar de Legista, com um aumento de 174,49%, em relação

ao septênio de 2000 a 2006.

Ainda nesse período de 2007 a 2013, incidiu um total de 2.222 saídas no

efetivo dos cargos da PCPE, por aposentadoria, exoneração, demissão e

falecimento, sendo 2.215 dentre os 8 cargos relacionados no parágrafo anterior, e 7

nos cargos de Operador de Telecomunicação e Motorista, em extinção e extintos,

respectivamente, pela Lei nº 10.466, de 7 de agosto de 1990.

Igualmente, analisando as entradas e saídas no efetivo da Polícia Civil de

Pernambuco, no septênio 2007-2013, a saída dos 2.222 servidores Policiais Civis,

novos e veteranos, representou uma redução de 69.07% nas 3.217 entradas

ocorridas naquele mesmo período, tendo em 2010, ocorrido a maior quantidade de

saídas, importando numa taxa de substituição de Policiais, atinente à média das

entradas e saídas na instituição naquele ano, equivalente a 4,30% do efetivo de

6.160 Policiais Civis existentes em 31 de dezembro de 2009, contudo, a despeito da

redução imposta à força de trabalho da Instituição, esta não impactou negativamente

sobre sua produtividade, o que caracteriza o Desenvolvimento como Sustentável.

Considerando o ano de 2013 em relação ao de 2007, verifica-se um

crescimento de 145,08% no total da remessa de Procedimentos Administrativos,

IP´s e TCO´s, à Justiça e de 100%, na média de Procedimentos enviados por

Policial, além de manter-se crescente ano a ano, em contrapartida a um

crescimento de tão-somente 22,12% no efetivo da Polícia Civil, ressaltando-se que,

para se manter, no ano de 2013, a mesma equivalência entre remessa e efetivo,

alcançada no ano de 2007, seria necessário um total de 12.097 policiais, quando

se dispôs de 6.010 deles.

69

Assim sendo, os resultados falam por si e produzem prova da profícua

contribuição do Planejamento Estratégico como Política Pública para o

Desenvolvimento Sustentável da Polícia Civil de Pernambuco no septênio 2007-

2013.

70

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