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DCMP / Projecto #1: A Realidade Não É O Que Parece / Setembro 2011 Universidade de Lisboa // Faculdade de Belas-Artes // Design de Comunicação I // 1º Ano // 2º Semestre 2011/2012 // TA + TB + TC SALA 4.15 PROF. AUX. VICTOR M ALMEIDA PROF. AUX. CÂNDIDA RUIVO ASSIST. SOFIA LEAL RODRIGUES livros exempla res — 01 — página_ fólio_ caderno_ livro_ livro de artista _ capa_ contra-capa_ colofon_ encadernação_ lombada_ título_ texto_ tipografia_ grelha_ prancha_ ilustração_ desenho_ fotografia_ foto-montagem_ colagem_ pop-up_ técnicas de representação_ técnicas de reprodução_ textura_ linha_ cor_ para uma biblioteca imaginária { }

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DCMP / Projecto #1: A Realidade Não É O Que Parece / Setembro 2011DCMP / Projecto #1: A Realidade Não É O Que Parece / Setembro 2011

Universidade de Lisboa // Faculdade de Belas-Artes // Design de Comunicação I //1º Ano // 2º Semestre 2011/2012 // TA + TB + TC Sala 4.15Prof. aux. Victor M alMeida

Prof. aux. cândida ruiVo

aSSiSt. Sofia leal rodrigueS

livros exempla res

— 01 —

página_

fólio_

caderno_

livro_

livro de artista _

capa_

contra-capa_

colofon_

encadernação_

lombada_

título_

texto_

tipografia_

grelha_

prancha_

ilustração_

desenho_

fotografia_

foto-montagem_

colagem_

pop-up_

técnicas de representação_

técnicas de reprodução_

textura_

linha_

cor_

para uma biblioteca imaginária{ }

DCMP / Projecto #1: A Realidade Não É O Que Parece / Setembro 2011DCMP / Projecto #1: A Realidade Não É O Que Parece / Setembro 2011

A ILUSTRAÇÃO

O termo ilustração é usualmente utilizado para designar a imagética que acompanha um determi-nado texto, subordinando-se à própria mensagem verbal ou transformando-a numa legendagem com um valor comunicativo essencial, mas secun-dário. A origem etimológica do vocábulo ilustra-ção deriva precisamente do verbo ilustrar, utiliza-do para designar algo que se clarifica, tornando-se mais óbvio e inteligível. A ilustração é o resultado de várias técnicas de re-presentação e, por vezes, da sua conjugação com elementos gráficos de todo o tipo. Pode ser baseada na fotografia, incorporada nela ou produto de uma intervenção sobre esse su-porte (as foto-montagens), ou conjugar-se com tipografia ou material tipografado, (as colagens); a ilustração é, na maioria dos casos, baseada no desenho.A sua interpretação, porque pessoal, é mais rica e, mesmo dependendo da capacidade de registo do ilustrador, transporta sempre as formas da sua sensibilidade e a sua compreensão do mundo.Na sua relação com a matéria editorial, e apesar de se poder encontrar uma tipologia muito di-versificada, que comporta em si igual número de funções e leituras, a ilustração de livros, jornais e revistas tem particularidades que excedem a mera apresentação, explicação ou compreensão dos te-mas abordados.A ilustração de um conto, ou de uma peça lite-rária, não pretende nem esmiuçar nem descrever com rigor um objecto, nem facilitar o seu entendi-mento, mas marcar um momento, condensando--o, sintetizando-o e oferecendo-lhe a leitura feita pelo ilustrador da passagem ou das passagens de-senhadas.Assim sendo, muitas vezes reproduções literais ou redundantes podem ser consideradas como for-mas paralelas do mesmo texto, escritas em lingua-gens diferentes.O objecto ilustrado adquire uma vivência própria, independente. É um todo completo, um meio e um fim em si mesmo, intermediária de um sis-tema de comunicação agenciado entre autor/criador e o público, a ilustração constitui-se como uma mensagem visual, com um índice de verdade próprio.

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O desenho, como forma de representação e no seu resultado final, sintetiza a observação e o re-conhecimento de cada objecto com a percepção única e a intencionalidade do desenhador.

A observação que remete para o desenho, é meti-culosa e feita no sentido de conhecer isoladamen-te cada um dos elementos e suas possíveis relações, de modo a que possam ser reorganizados, na sua presença ou ausência.O reconhecimento da realidade, feito com o ob-jectivo de captar as particularidades das coisas para além daquilo que é só uma abordagem visual mais abrangente, é normalmente enriquecedora e permite que, na sua escrita, se anulem pormeno-res, se destaquem outros, podendo, a partir deles, recompor-se a realidade, mantendo-a verosímil.

Daí que a sua utilização na ilustração possa acres-centar à representação da realidade uma percepção mais personalizada e rica do que a fotografia, mes-mo que ela possa reproduzir fielmente os objectos.O desenho, enquanto escrita figurativa, é de fá-cil entendimento. A leitura de um desenho não obriga ao conhecimento de um alfabeto e de uma gramática particulares para ser descodificado, nem tampouco ao domínio da sua escrita.

As diversas tipologias resultantes dessas utiliza-ções do desenho, podendo diferir em cada caso, têm como denominador comum a apresentação gráfica da realidade, partindo da observação, da compreensão dos factos ou da leitura que deles faz o seu autor.

O desenho é uma das bases da ilustração.

(...)

O desenho não é, como pode julgar-se, simplesmente um conjunto de linhas ou traços, um gráfico representando qualquer coisa existente.O desenho é o nosso entendimentoa fixar o instante.

(...)

Ao contrário do trabalho, da construçãoque exige tempo, a composição e o volume, o nosso entendimento é rápido, claro e simples.A perfeição do do entendimentoé momentânea e, por consequência, há que fixá-la.

Por isso o desenhoé o melhor amigo do entendimento.

É corrente, quando alguém não percebe o que se lhe diz, acrescentar: precisas que te faça um desenho?

E o facto é que este é o processo definitivo.

De uma boa descrição literária se costuma dizer: parece um desenho.

(...)

Tudo o que contém clareza de entendimento tem a função do desenho.

(...)

Perguntaram a alguém porque desenhava e este respondeu: para fixar a atenção.

José de Almada Negreiros, “O Desenho”, in Obras Completas: Ensaios I, vol. 5, Lisboa: Editorial Estampa, 1971, pp. 9-16

DCMP / Projecto #1: A Realidade Não É O Que Parece / Setembro 2011DCMP / Projecto #1: A Realidade Não É O Que Parece / Setembro 2011

PROJECTO

Pretende-se que os alunos definam e implemen-tem um conjunto de estratégias de comunicação visual no intuito de materializar uma BIBLIO-TECA IMAGINÁRIA. De acordo com a problematização conceptual re-sultante da revisão bibliográfica, propõe-se que dêem forma a uma biblioteca que devolva um imaginário potente à comunidade que serve, no-meadamente, aquela que resultará da rede de lei-tura criada pelos locais escolhidos no projecto “A Realidade Não É O Que Parece”, do 1º semestre de DCMP.

A BIBLIOTECA IMAGINÁRIA desenvolve--se no âmbito das estratégias dessa rede de lei-tura que, na 1ª Fase, assentam exclusivamente na concepção e apresentação de um livro de leitura especial. Esse livro pressupõe um projecto gráfico específico no que respeita à escolha do autor do texto e ao público a que se destina. De um rol de autores e livros indicados, cada aluno deverá es-colher aquele que melhor corresponda às caracte-rísticas da rede de leitura que pretende criar, bem como, das estratégias visuais que se prepara para conceber. O livro e autor escolhidos permitirão ao aluno criar um conjunto de ilustrações que ajudem o leitor a entendê-lo e, sobretudo, a criar empa-tia com os autores do texto e das imagens. Esta relação será fundamental para a consolidação da comunidade de leitores e de autores.

INTRODUÇÃO

Cada aluno deverá escolher uma das obras anexas e proceder à sua leitura. O texto total da obra, um conto, um capítulo ou um trecho identificável do seu conteúdo, servirá de base, num primeiro mo-mento, à materialização de um conjunto de ilus-trações que constituirão a narrativa visual do ori-ginal escolhido. Aqui a ilustração deve assumir-se como uma componente clarificadora do sentido da obra, apta a transmitir uma dada mensagem, sem descurar a criatividade do próprio ilustrador. O ilustrador é um leitor atento, que lê para além do que está escrito, convocando as suas memórias e o seu imaginário na criação de um corpo novo para e sobre a história que lê. Assim, a ilustração pode e deve apresentar-se como uma outra escri-ta, paralela, onde a história ganha uma perspectiva

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pessoal (afectiva), autoral, dependente da leitura que o ilustrador faz dela. As ilustrações produzidas devem deixar afectar-se pela dimensão sensível do Eu e incitar a imagina-ção do fruidor. As ilustrações darão azo à materialização de um LIVRO ILUSTRADO que deverá ser reconhe-cido pela sua criatividade e originalidade e, sobre-tudo, pela capacidade de se constituir como um objecto de referência da Biblioteca Imaginária.

CONDICIONANTES PROJECTUAIS

1ª Fase /Ilustração do textoApós a leitura de um dos textos sugeridos, o aluno deverá conceber no mínimo 8 ilustrações do mes-mo. As ilustrações devem fazer uso obrigatório do desenho que poderá conviver com outras técnicas de registo gráfico (desenho com recurso a tinta da China, a aguarelas, a guaches, a lápis de cor, a pas-tel, etc.) e outros materiais. A fotografia, a foto-montagem e a inclusão da terceira dimensão — em colagens, assemblagens, pop-ups, etc. — são igualmente permitidas na construção de cada ilustração. As ilustrações poderão incorporar na sua maté-ria a expressividade da palavra escrita e de todos os atributos que lhe são característicos (variações do corpo e estilo — inclinação e peso, alterações do espacejamento entre os caracteres, repetição, omissão, dissolução, corte, acumulação, etc.). Cada ilustração deverá ser apresentada num pla-no de formato A3.

2ª Fase /A ilustração e o texto: o livroO livro não poderá ter dimensões inferiores a 38,2 x 30,5 cm. Deve ser apresentado em maquete fi-nal, perfeitamente encadernado, com o texto ini-cial e imagens adaptadas ao formato final do livro e ao layout da página de texto.

AVALIAÇÃO

As datas de avaliação periódicas serão:_1ª Fase, na semana de 27 de Fevereiro a 2 de Março;_2ª Fase, na semana de 26 a 30 de Março.Cada professor estabelecerá um calendário especí-fico de avaliações para cada turma.As avaliações são obrigatórias pelo que a ausência injustificada significa a atribuição de 0 (zero).

LIVROS

AL BERTO, O Medo, Assírio e Alvim, Lisboa, 2009.ALMADA NEGREIROS, José de, Ficções, Lisboa, Assírio e Alvim, 2001.ANDRESSEN, Sophia de Mello Breyner, Contos Exemplares, Porto, Figueirinhas, 2010. BESSA-LUIS, Agustina, Dentes de Rato, Lisboa, Guimarães Editores, 1991.CAMPOS, Álvaro de, “A Tabacaria”, in Poesias, Lisboa, Edições Ática, 1980.CARDOSO PIRES, José, Dinossauro Excelentíssimo, Lisboa, Bertrand, 1973.ESPANCA, Florbela, “O Inventor”, in As máscaras do destino, Livraria Bertrand, Lisboa, 1979.FERREIRA, Vergílio, Manhã Submersa, Lisboa, Livros Quetzal, 2011.GARRETT, Almeida, As Viagens na Minha Terra, Lisboa, Seara Nova: Editorial Comunicação, 1979.GOMES FERREIRA, José, As Aventuras de João Sem Medo, Lisboa, Diabril, 1975.HELDER, Herberto, Passos em Volta, Lisboa, Assírio e Alvim, 1980.

HERCULANO, Alexandre, “A Dama Pé de Cabra”, in Lendas e Narrativas, Porto, Lello & Irmão, 1981.PESSOA, Fernando, “O Menino de sua Mãe”, in Poesias, Lisboa, Edições Ática, 1980.RIBEIRO, Aquilino, O Romance da Raposa, Amadora, Bertrand, 1979.TORGA, Miguel, Os Bichos, Lisboa, Dom Quixote, 2007.YOURCENAR, Marguerite, “A libertação de Wang-Fu”, in Contos Orientais, Lisboa, Dom Quixote, 1996.QUEIRÓS, Eça de, “Singularidades de uma rapariga Loura”, in Contos Escolhidos, Lisboa, Ulisseia, 1990.ONDJAKI, Quantas Madrugadas tem a Noite, Lisboa, Editorial Caminho, 2004.RUI, Manuel, Quem me dera ser Onda, Lisboa, Cotovia, 1991.AGUALUSA, Eduardo, O Vendedor de Passados, Lisboa, Dom Quixote, 2004.COUTO, Mia, Cada Homem é uma Raça, Lisboa, Editorial Caminho, 1992.AMADO, Jorge, O Milagre dos Pássaros, São Paulo, Companhia das Letras, 1979.