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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS Análise da concepção epistemológica de objetos de aprendizagem com o conteúdo de balanceamento de equações químicas para o ensino médio EDNOR DIAS Orientadora: Profa. Dr a . Carmem Lúcia Costa Amaral Dissertação apresentada ao Mestrado em Ensino de Ciências, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências. SÃO PAULO 2015

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UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

MESTRADO EM ENSINO DE CIÊNCIAS

Análise da concepção epistemológica de objetos de

aprendizagem com o conteúdo de balanceamento de

equações químicas para o ensino médio

EDNOR DIAS

Orientadora: Profa. Dra. Carmem Lúcia Costa Amaral

Dissertação apresentada ao Mestrado em Ensino de Ciências, da Universidade Cruzeiro do Sul, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ensino de Ciências.

SÃO PAULO

2015

AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

D716a

Dias, Ednor. Análise da concepção epistemológica de objetos de

aprendizagem com o conteúdo de balanceamento de equações químicas para o ensino médio / Ednor Dias. -- São Paulo; SP: [s.n], 2015.

99 p. : il. ; 30 cm. Orientadora: Carmem Lúcia Costa Amaral. Dissertação (mestrado) - Programa de Pós-Graduação em

Ensino de Ciências, Universidade Cruzeiro do Sul. 1. Políticas públicas - Educação especial 2. Aluno com

necessidades especiais 3. Educação inclusiva - Jundiaí (SP) 4. Educação especial - Legislação. I. Amaral. Carmem Lúcia Costa . II. Universidade Cruzeiro do Sul. Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências. III. Título.

CDU: 37.014:376(043.3)

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

Análise da concepção epistemológica de objetos de

aprendizagem com o conteúdo de balanceamento de

equações químicas para o ensino médio

EDNOR DIAS

Dissertação de mestrado defendida e aprovada

pela Banca Examinadora em 08/04/2015.

BANCA EXAMINADORA:

Profa. Dra. Carmem Lúcia Costa Amaral

Universidade Cruzeiro do Sul

Presidente

Prof. Dr. Marcio Eugen Klingenschmid Lopes dos Santos

Universidade Cruzeiro do Sul

Prof. Dr. Juliano Schimiguel

Universidade Nove de Julho

DEDICATÓRIA

À minha esposa Irene Vieira da Rocha Dias, pelo amor,

compreensão, incentivo e apoio a mim dado.

Em memória de meu amado pai Adnor Dias que sempre me

motivou e apoiou a estudar e que não teve oportunidade de vivenciar

este momento ao meu lado.

À minha mãe Luiza Comparini Dias que sempre esteve ao meu

lado me apoiando e incentivando.

A todos os meus Professores do Curso de Mestrado da

Universidade Cruzeiro do Sul.

À minha Orientadora Doutora Carmem Lúcia Costa Amaral pelas

suas intervenções e sugestões que foram muito significativas na

elaboração deste trabalho de pesquisa.

AGRADECIMENTOS

Ao Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências da

Universidade Cruzeiro do Sul, pela oportunidade de fazer parte do

programa.

A todos os Professores do Programa de Pós-graduação em

Ensino de Ciências da Universidade Cruzeiro do Sul.

À minha amada esposa Irene Vieira da Rocha Dias, minha grande

incentivadora e companheira.

Aos meus pais pela educação, amor, e valores morais a mim

ensinados.

À

Minha esposa Irene Vieira da Rocha Dias

Meus pais Adnor Dias (in. Memoriam) e Luiza

Comparini Dias

“HÁ UM TEMPO EM QUE É PRECISO ABANDONAR AS ROUPAS

USADAS....

QUE JÁ TÊM A FORMA DO NOSSO CORPO........

E ESQUECER OS NOSSOS CAMINHOS QUE NOS LEVAM SEMPRE

AOS MESMOS LUGARES..........

É O TEMPO DA TRAVESSIA.........

E SE NÃO OUSARMOS FAZÊ-LA.........

TEREMOS FICADO…. PARA SEMPRE........

A MARGEM DE NÓS MESMOS........”.

FERNANDO PESSOA

DIAS, E. Análise da concepção epistemológica de objetos de aprendizagem com o conteúdo de balanceamento de equações químicas para o ensino médio. 2015. 99 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências) –Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2015.

RESUMO

Conhecer a concepção epistemológica pelo qual um determinado Objeto de

Aprendizagem (OA) foi construído é muito importante, pois a partir desse

conhecimento o professor poderá realizar uma reflexão das concepções que

fundamentam suas práticas pedagógicas estabelecendo objetivos mais claros para

melhorar a aprendizagem de seus alunos. Nesse trabalho de pesquisa, foi realizado

uma análise em material didático no caso os OA utilizando-se um referencial teórico

de Santos (2013) que apresenta bases bem definidas. Nessa análise, cada OA

selecionado, foi analisado dentro das três concepções epistemológicas presentes no

referencial: a de abordagem comportamentalista, a de abordagem construtivista e a

de abordagem sócio- interacionista. No referencial o autor Santos (2013) estabelece

perguntas que vão caracterizar cada uma das concepções epistemológicas. A

análise se realizou acessando os OA selecionados, navegando entre as telas ou

interfaces dos mesmos e observando as perguntas que irão caracterizar cada

concepção epistemológica. O OA será dito pertencente a uma determinada

concepção, se responder positivamente (SIM) a maioria ou a totalidade das

perguntas que caracterizam uma determinada concepção epistemológica. No

primeiro momento da pesquisa, foram selecionados seis OA onde todos apresentam

o conteúdo de balanceamento de equações químicas. Entre esses OA três foram

selecionados em repositórios de OA na Web e três foram selecionados em Sites

gerais relacionados ao ensino. Em um segundo momento da pesquisa, os seis OA

selecionados foram analisados para se determinar a que concepção epistemológica

cada um deles foi construído, utilizando os critérios adotados por Santos (2013). O

resultado da análise demonstrou que os seis OA selecionados apresentam em suas

construções uma concepção epistemológica de abordagem comportamentalista,

onde o professor poderá utiliza-los ou não em suas práticas pedagógicas.

Palavras-chave: Concepção epistemológica, Objetos de aprendizagem,

Balanceamento de equações químicas.

DIAS, E. Analysis of epistemological conception of learning objects with the chemical equations balancing content for high school. 2015. 99 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências) –Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, 2015.

ABSTRACT

Knowing the epistemological conception by which a given object of learning (OA) was

built is very important because from that knowledge the teacher can perform a

reflection of conceptions that underlie their pedagogical practices establishing clearer

objectives to improve the learning of their students. In this research paper, an

analysis was carried out in teaching material in case the OA using a theoretical

framework of Santos (2013) which features well-defined bases. In this analysis, each

selected OA, was analyzed within the three epistemological concepts present in the

benchmark: the behaviour source approach, the constructivist approach and of socio-

interactionist approach. In the referential author Santos (2013) sets out questions

that will characterize each of the epistemological conceptions. The analysis,

performed by accessing the selected OA, navigating between screens or interfaces

and observing the questions that will characterize each epistemological conception.

The OA will be said in a particular design, if you answer positively (YES) most or all

of the questions that characterize a particular epistemological conception. In the first

moment of research, we selected six OA where all feature the chemical equations

balancing content. Between these three OA were selected in OA repositories on the

Web, and three were selected in general education related Sites. In a second

moment of the six selected OA research were analyzed to determine what

epistemological conception each was built, using the criteria adopted by Santos

(2013). The result of the analysis showed that the six selected OA presented in his

buildings a epistemological conception of behaviour source approach, where the

teacher will uses them or not in their pedagogical practices.

Keywords: Epistemological conception, Learning objects, Load-balancing chemical

equations.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Página inicial do BIOE.......................................................................41

Figura 2 - Página inicial do RIVED.....................................................................42

Figura 3 - Página inicial da LABVIRT.................................................................43

Figura 4 - Página inicial da PROATIVA..............................................................44

Figura 5 - Página inicial do CONEXÃO PROFESSOR.......................................45

Figura 6 - Página inicial da PhET........................................................................46

Figura 7 - Página inicial do OA1 “Balanceando a equação” ...........................60

Figura 8 - Exemplo de um exercício proposto no OA1.....................................61

Figura 9 - Página inicial do OA2 “A química dentro de um bolo “..................62

Figura 10 - Equação apresentada a mãe para balanceamento no OA2............63

Figura 11 - Exemplo de uma equação química a ser balanceada no OA2........63

Figura 12 - Página inicial do OA3 ........................................................................64

Figura 13 - Balança representando o balanceamento correto no OA3.............65

Figura 14 - Gráfico representando o balanceamento correto no OA3...............65

Figura 15- Representa o balanceamento de forma incorreta no OA3..............66

Figura 16- Representa o balanceamento incorreto no OA3 botão balanças...66

Figura 17- Configurações do Jogo no OA3........................................................67

Figura 18- Página inicial do OA4.........................................................................68

Figura 19- Página inicial OA5 para escolha de conteúdo ou

exercícios para o 10 ano do Ensino Médio......................................69

Figura 20- Página do OA5 mostrando os estágios para que ocorra

o balanceamento da equação...........................................................70

Figura 21- Exemplo de exercício mostrando o 2º estágio do

balanceamento de uma equação química, proposto no OA5.... ....71

Figura 22- Exemplo de exercício mostrando o 3º estágio do

Balanceamento de uma equação, química proposta no OA5

..............................................................................................................71

Figura 23- Exemplo do exercício mostrando o 4º e último estágio

do balanceamento de uma equação química proposta no

OA5.......................................................................................................72

Figura 24- Página inicial do OA6........................................................................73

LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Algumas definições de OA dadas por autores utilizados como

referencial teórico desta dissertação.................................................................... 30

Quadro 2- Apresenta os LOR utilizados na pesquisa de OA e seus respectivos

endereços................................................................................................................. 46

Quadro 3- Representa os OA selecionados nos LOR na Web, e seus

respectivos endereços............................................................................................ 56

Quadro 4- Representa os três OA localizados em sites na Web....................... 56

Quadro 5- Apresenta os resultados da pesquisa com os três OA selecionados

nos principais LOR.................................................................................................. 57

Quadro 6- Critérios para análise dos OA segundo uma abordagem

comportamentalista................................................................................................ 58

Quadro 7- Critérios para análise dos OA segundo uma abordagem

construtivista.......................................................................................................... 59

Quadro 8- Critérios para análise dos OA segundo uma abordagem sócio –

interacionista.......................................................................................................... 59

Quadro 9- Análise da concepção epistemológica comportamentalista,

construtivista e sócio- interacionista no OA1 “Balanceando a equação”......... 75

Quadro 10- Análise da concepção epistemológica comportamentalista,

construtivista e sócio - interacionista no OA2 “A química dentro de

um bolo” .................................................................................................................. 77

Quadro 11- Análise da concepção epistemológica comportamentalista,

construtivista e sócio - interacionista no OA3 “Simulation / Balancing-

chemical- equations” ............................................................................................. 79

Quadro 12- Análise da concepção epistemológica comportamentalista,

construtivista e sócio - interacionista no OA4 “Balanceamento de Equações

Químicas”................................................................................................................. 81

Quadro 13- Análise da concepção epistemológica comportamentalista,

construtivista e sócio - interacionista no OA5 “Química Avançada”.................83

Quadro14- Análise da concepção epistemológica comportamentalista,

construtivista e sócio - interacionista no OA6 “Chembalancer” ........................85

LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS

BIOE Banco Internacional de Objetos Educacionais

C Símbolo químico que representa o elemento químico carbono

CO Monóxido de carbono

GOOGLE Empresa multinacional americana de serviços online e software

IEEE Institute of Eletrictal and Electronics Engineers

LABVIRT Laboratório Virtual da Universidade de São Paulo - USP

LOR Learning Objects Repository

Mn Símbolo químico que representa o elemento químico manganês

MnO2 Óxido de manganês

Mol Expressa a quantidade de matéria

Nox Número de oxidação

OA Objeto de Aprendizagem

PROATIVA Grupo de pesquisa e produção de ambientes interativos e

objetos de aprendizagem

PhET Interactive Simulations University of Colorado

RIVED Rede Internacional Virtual de Educação

TDIC Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação

TIC Tecnologia de Informação e Comunicação

TI Tecnologia de Informação

WEB Rede que conecta computadores por todo mundo, também

conhecida como Word Wide Web e WWW.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................16

1.1 Objetivo...........................................................................................................20

1.2 Estrutura do trabalho....................................................................................20

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................21

2.1 Balanceamentos de Equações Químicas....................................................21

2.2 Utilizações das Tecnologias Digitais de Informação e

Comunicação (TDIC) na Educação..............................................................25

2.3 Objetos de Aprendizagem............................................................................29

2.4 Metadados......................................................................................................38

2.5 Repositórios de Objetos de Aprendizagem................................................39

2.6 Concepção Epistemológica..........................................................................47

2.6.1 Concepções de Abordagem Comportamentalista.....................................47

2.6.2 Concepções de Abordagem Construtivista................................................51

2.6.3 Concepções de Abordagem Sócio- Interacionista.....................................53

3 DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA...........................................................55

3.1 Abordagem Metodológica e Seleção dos OA.............................................55

3.2 Parâmetros de Avaliação dos OA................................................................58

4 RESULTADO E DISCUSSÃO.........................................................................60

4.1 Apresentações das características dos OA................................................60

4.2 Análises dos OA quanto à concepção epistemológica.............................73

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................90

REFERÊNCIAS.........................................................................................................93

16

1 - INTRODUÇÃO

Início essa dissertação refletindo sobre o porquê pesquisar objetos de

aprendizagem (OA). Como professor, tenho observado que as dificuldades dos alunos

do Ensino Médio no aprendizado dos conteúdos da química são frequentes e isso tem

me levado a refletir sobre o meu papel nesse processo. Tenho constatado que essas

dificuldades, em geral, são provenientes da falta de interesse dos alunos, que se

sentem desmotivados devido ao caráter abstrato dessa Ciência e, consequentemente,

são consideradas de difícil compreensão, pois seu conhecimento foge ao do senso

comum dos alunos.

Os recursos tradicionais de livro didático, caderno e lousa já não chamam a

atenção dos alunos, visto que estes são nativos digitais e utilizam as tecnologias em

todo momento, numa infinidade de aplicativos como postagem de fotos nas redes

sociais, aumentando suas relações de amizade, utilização de jogos online, criação de

sites pessoais e pesquisando inúmeros conteúdos.

Prensky (2001) aponta que os nativos digitais são exatamente aqueles

pertencentes à geração Y, que têm a tecnologia inserida em suas vidas

prematuramente e que convivem desde muito cedo com as mais variadas plataformas

digitais. Segundo o autor, há outro grupo conhecido como imigrantes digitais formado

por pessoas que antecedem as gerações tecnológicas e que, mesmo utilizando os

recursos digitais, não têm a mesma afinidade e habilidade dos nativos.

Através das diferenças entre as duas gerações digitais, podemos fazer uma

reflexão sobre a busca de sentido na questão da educação e da aprendizagem. Essa

reflexão nos leva à importância das tecnologias dentro do contexto educacional

brasileiro, visto que temos uma geração digital de pessoas que vivem conectadas às

tecnologias digitais, exigindo uma nova postura por parte dos nossos educadores.

Assim, acredito que se nossos educadores utilizarem recursos disponíveis na

internet, tais como os bancos de dados ou repositórios de materiais educativos onde

são encontrados vários recursos didáticos que o professor pode utilizar, entre eles, os

17

OA, podemos despertar o interesse dos alunos pelos conteúdos ditos de difícil

compreensão, além de tornarmos as aulas de química mais dinâmicas e interativas.

Entretanto, para isso, é necessário que os OA sejam dinâmicos, interessantes

para o aluno e o leve a construir seu conhecimento. Essas características dos OA

dependem da concepção epistemológica nas quais eles foram construídos.

Reategui e Finco (2010) relatam que uma das características fundamentais de

um OA é conhecer a concepção epistemológica que pertencem ou foram construídos e

as autoras propõem que essas concepções sejam divididas em três categorias:

comportamentalista, construtivista e sócio - interacionista.

Mussoi, Behar e Flores (2010) afirmam que quando avaliamos um OA, devemos

levar em consideração suas características, objetivos e a concepção epistemológica

pela qual foram construídos, que segundo os autores geralmente apresentam uma

abordagem comportamentalista ou construtivista.

Acreditamos que, ao conhecer a concepção epistemológica que fundamentou a

construção de um determinado OA, o professor poderá realizar uma reflexão das

concepções epistemológicas que fundamentam suas práticas pedagógicas e, assim,

poderá traçar objetivos definidos para a organização de suas atividades, uma vez que,

mesmo inconscientemente, essas concepções influenciam na sua proposta pedagógica

e forma de ensinar.

Considerando que, em geral, os professores que hoje atuam no Ensino Médio da

rede pública pertencem a uma geração conhecida como imigrantes digitais, ou seja,

estão num processo de migração do mundo dito sem as tecnologias digitais para o

mundo das tecnologias, achamos importante investigar as concepções epistemológicas

de OA para auxiliar esses professores na escolha e na utilização desse recurso

didático.

Os OA estão disponíveis em Learning Objects Repository (LOR) ou repositórios

de objetos de aprendizagem na Web e os usuários podem acessá-los e realizarem o

download simultaneamente. Eles apresentam diversos tipos de recursos como

animações, simulações, vídeos, imagens, textos e exercícios e podem ser utilizados no

18

ambiente sala de aula de forma online ou off-line, facilitando assim o acesso por parte

do professor e do aluno.

Em geral, a escola não tem custo financeiro ao utilizá-los, pois não são

necessárias a instalação e a licença para uso. Esse é um fator muito importante,

principalmente nas escolas públicas brasileiras. Além disso, ao realizar uma busca por

eles na internet encontra-se OA para cada nível escolar e para cada disciplina com seu

respectivo conteúdo.

Com o objetivo de facilitar a busca na internet, os OA são catalogados nos

metadados que descrevem suas propriedades como: título, disciplina, assunto, autor,

nível de ensino, palavra-chave, tipo de recurso, componente curricular, e esses dados

podem ser solicitados em uma busca pelo usuário. Os metadados apresentam

propriedades que ajudam na localização e recuperação de OA dentro dos LOR.

Na literatura encontramos vários trabalhos cujos objetivos foram a análise de

OA, mas, em geral essas análises envolvem parâmetros como reusabilidade, qualidade

de conteúdo, motivação e acessibilidade. Um exemplo de trabalho encontrado na

literatura que trata da análise desses parâmetros é o de Gama (2007) que analisou a

metodologia LORI. Nessa análise esse autor divide a avaliação de softwares

educacionais em 9 níveis, cada uma com atributo de 5 pontos que varia do menor para

o maior. Nesses níveis são avaliados parâmetros como: Qualidade do conteúdo;

Alinhamento com as metas de aprendizagem; Feedback e adaptação; Motivação;

Designer, Usabilidade; Acessibilidade; Reusabilidade; e aderência aos padrões.

Entretanto, poucos se preocupam em analisar as concepções epistemológicas na qual

eles foram construídos.

A partir dessa constatação, surgiu a questão que motivou o desenvolvimento

dessa dissertação: Dentro de qual concepção epistemológica os OA relacionados com

o conteúdo de balanceamento de equações químicas foram construídos?

Para responder a essa questão, realizamos inicialmente uma busca na Web

utilizando os LOR do Laboratório Virtual da Universidade de São Paulo – USP (Labvirt)

e do Phet Interactive Simulation pertencente à Universidade do Colorado (EUA), o qual

apresenta versão traduzida para o português para download.

19

Entretanto, nessa busca encontramos pouquíssimos (somente três) OA com o

conteúdo de balanceamento de equações químicas. Assim, recorremos a sites de

busca na web e, neles, encontramos mais três OA e os analisamos de acordo com os

critérios adotados por Santos (2013).

Dentro dos conteúdos de química, escolhemos pesquisar os OA que tratam do

ensino de balanceamento de equações químicas, porque este é pré-requisito para

outros conteúdos da química como, por exemplo, estequiometria de reação, equilíbrio

químico, cinética, quantidades de mol que estão reagindo em uma reação química e

que, na indústria, leva à otimização do processo produtivo evitando perdas de material

por excesso, além de ser considerado pelos alunos de difícil compreensão.

A importância da aprendizagem de química, em especifico do conteúdo de

balanceamento de equações químicas, está relacionada com os Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCN+) e deve ser estruturado sobre o tripé: transformações

químicas, materiais e suas propriedades e modelos explicativos (BRASIL, 2009, p. 87).

Ainda de acordo com esse documento:

Para uma compreensão ampla das transformações químicas em diferentes níveis, é necessário que se saiba estabelecer relações entre as grandezas envolvidas, que se reconheça em que extensão a transformação ocorre, que se identifiquem, caracterizem e quantifiquem os seus reagentes e produtos, as formas de energia nela presentes e a rapidez do processo (BRASIL, 2009, p.94).

A fim de realizar a identificação e caracterização de reagentes e produtos, é

necessário que o aluno conheça a linguagem dessa transformação, que é a equação

química; e, para a quantificação desses reagentes e produtos, é necessário que o

aluno realize o balanceamento dessa equação.

Nessa dissertação, selecionamos seis OA todos com o conteúdo de

balanceamento de equações químicas. Essa seleção foi realizada tanto em LOR como

usando buscadores como o Google, devido à escassez de OA com este conteúdo

educacional encontrado nos mesmos. Esses OA estão apresentados na abordagem

metodológica dessa dissertação.

Assim, diante do exposto, descrevemos a seguir o objetivo da pesquisa que

levou ao desenvolvimento desta dissertação.

20

1.1 Objetivo

O objetivo deste trabalho de pesquisa foi investigar dentro de qual(is)

concepção(ções) epistemológicas (construtivista, comportamentalista e sócio–

interacionista) os OA relacionados com balanceamento de equações químicas foram

construídos.

1.2 Estrutura do Trabalho

Esta dissertação está estruturada em quatro capítulos.

No capítulo 1, discorreremos sobre o referencial teórico que nos auxiliou na

escolha do conteúdo de química a ser pesquisado, bem como para a compreensão do

conceito, classificação, locais de busca de OA no Site de busca (Google) ou nos LOR e

das concepções epistemológicas construtivista, comportamentalista e sócio –

interacionista.

No Capítulo 2, apresentamos o desenvolvimento da pesquisa, a abordagem

metodológica, como realizamos a seleção dos OA e os critérios de avaliação dos

mesmos.

No Capítulo 3, mostramos os resultados das análises dos OA quanto à

concepção epistemológica pela qual foram construídos.

No Capítulo 4, realizamos uma reflexão sobre as concepções epistemológicas

nas quais os OA foram construídos e sua importância na área de Ensino de Química.

21

2 - FUNDAMENTAÇÕES TEÓRICA

Nesse capítulo, abordamos os fundamentos teóricos que auxiliaram tanto na

escolha do conteúdo de química a ser analisado quanto na escolha e análise dos OA.

Inicialmente, descrevemos sobre o balanceamento de equação química mostrando a

sua importância no Ensino dessa Ciência e, em seguida, descrevemos sobre as

Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) e os OA, enfatizando sua

utilização na educação, suas características e potencialidades.

2.1 Balanceamentos de equações químicas

A compreensão das transformações químicas que ocorrem no mundo físico é o

objetivo do Ensino de Química, pois essa compreensão leva o aluno a julgar, com

fundamentos, as informações adquiridas na mídia, na escola e na sociedade, além de

contribuir para a tomada de decisões que envolvam esses conhecimentos,

contribuindo, assim, para sua interação com o mundo enquanto indivíduo e cidadão.

Os conteúdos trabalhados, especialmente com alunos do Ensino Médio, são

considerados pelos educandos como de difícil compreensão. Segundo Flick (2004),

essa dificuldade deve-se ao fato de alguns conceitos científicos serem complexos, em

razão de sua natureza abstrata ou contrária ao senso comum, o que dificulta o

entendimento por parte dos alunos.

Como forma de minimizar essa dificuldade, o professor deve mudar a forma com

que os conteúdos são apresentados aos alunos, ou seja, deve assumir o papel de

mediador, auxiliando o aluno na construção de seu conhecimento e no entendimento

da química como uma ciência social. O docente deve também discutir com seus alunos

os fenômenos naturais que ocorrem constantemente ao seu redor e explicá-los,

quando pertinente, utilizando os conceitos químicos envolvidos para que eles possam

entender a importância dessa ciência para manutenção da vida em nosso planeta.

Para que o aluno construa seu conhecimento químico, é necessário que ele

entenda a linguagem da química, a qual é representada por fórmulas e equações. Uma

22

equação química é a linguagem que expressa uma transformação química ou reação

química utilizando fórmulas para representar o rearranjo dos átomos que ocorre nessas

transformações.

As substâncias que participam da reação química são chamadas de reagentes e

produtos na equação química. Se considerar, por exemplo, uma reação química

genérica entre as substâncias A e B (reagentes) formando as substâncias C e D

(produtos), pode-se representá-la pela equação 1:

dDcCbBaA Equação 1

Para entender uma reação química, é imprescindível que essa contenha todas

as substâncias envolvidas e obedeça à Lei de conservação das massas: indica que a

soma das massas de todos os reagentes deve ser sempre igual à soma das massas de

todos os produtos; a Lei das proporções definidas (existe a relação proporcional de

massa dos produtos com os reagentes); e a Lei da Conservação da Matéria, enunciada

por Lavoisier, ou seja, todos os átomos presentes do lado esquerdo da equação

(reagentes) devem estar do lado direito (produtos). Mesmo que eles tenham mudado

de número de oxidação (nox), de estado físico ou tenham se espalhado para formar

mais de uma espécie diferente. A quantidade de matéria total deve permanecer a

mesma, já que nenhum átomo foi criado e nem consumido (USBERCO; SALVADOR,

2009). Quando isso acontece, diz-se que a equação química está balanceada.

Em uma equação balanceada, essa quantidade de matéria é expressa por

números inteiros denominados de coeficientes estequiométricos, os quais são

indicados por números inteiros escritos antes de cada substância química da equação

(SANTOS; MÓL, 2005). Na equação 1, esses coeficientes são representados pelas

letras minúsculas.

O balanceamento de uma equação química pode ser determinado a partir de

vários métodos, como o método das tentativas, algébrico, de oxirredução ou redox e o

método do íon-elétron. O primeiro, como o próprio nome sugere consiste em balancear

a equação por meio de tentativas. Segundo Usberco e Salvador (2009), esse método é

simples e eficiente na determinação dos coeficientes de um grande número de

equações químicas, desde que sejam seguidos alguns procedimentos básicos:

23

1. Atribui-se o coeficiente 1 à substância com maior número de átomos.

2. A partir desta substância determina-se os coeficientes das outras substâncias.

3. Como os coeficientes devem ser números inteiros, se algum coeficiente obtido for fracionário, devemos multiplicar todos os coeficientes por um número apropriado para eliminar as frações (USBERCO; SALVADOR, 2009, p.386).

No método algébrico, utiliza-se de um conjunto de equações, em que as

variáveis são os coeficientes estequiométricos. O método redox está baseado nas

variações dos números de oxidação dos átomos envolvidos de modo a igualar o

número de elétrons cedidos com o número de elétrons ganhos.

Esse método torna fácil o balanceamento de uma equação química se

considerarmos que a quantidade de elétrons ganha por átomos do elemento químico

reduzido deve ser igual à quantidade de elétrons cedida por átomos do elemento

químico oxidado e que baseado na lei de Lavoisier, numa reação química a quantidade

de átomos dos reagentes deve ser igual a quantidade de átomos dos produtos

formados na reação, pois na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma

(SANTOS; MÓL. 2005).

Analisando a reação de obtenção do metal manganês, de grande importância

para a sociedade por ser utilizado para produção de aços muito resistentes,

denominados de aço- manganês, podemos observar a transferência de elétrons num

processo de oxidação (aumento do número de oxidação Nox) e de redução (diminuição

do número de oxidação Nox) que ocorrem simultaneamente (SANTOS; MÓL, 2005).

Como demonstra a equação 2:

24

Nox diminuiu de 4 para 0 (redução)

( +4 ) ( 0 ) ( 0 ) ( +2 )

)()()()(2 22 gsss COMnCMnO Equação 2

Nox aumenta de 0 para +2 (oxidação)

Fonte: Pesquisador

O agente redutor é quem sofre a oxidação, então, no caso da equação 2 o

carbono (C) é o agente redutor que se oxida. O óxido de manganês IV (MnO2) é o

agente oxidante, ou seja, é quem se reduz. Os átomos dos elementos químicos C e Mn

mudam seus números de oxidação (Nox) na equação 2, onde o Mn sofre redução

ganhando 4 elétrons, passando de carga (+4) para carga zero e o C sofre oxidação

perdendo 2 elétrons, passando de carga (0) para carga (+2). Logo, para que cada

átomo de Mn seja reduzido é preciso que 2 átomos de C sejam oxidados.

Dessa forma, os coeficientes estequiométricos para balancear a equação 2

podem ser representados na equação 3 abaixo:

)()()()(2 21 gsss bCOaMnCMnO Equação 3

Os coeficientes estequiométricos de "a" e "b” podem ser determinados pelo

método de tentativas. Por esse método, os coeficientes são iguais a 1 e 2

respectivamente (SANTOS; MÓL, 2005).

Para os químicos, o balanceamento das equações químicas tem grande

importância, principalmente na indústria, pois permite prever o quanto ele deve utilizar

de um determinado reagente para obter um determinado produto. Portanto, seu ensino

é muito importante.

25

Entretanto, como citado anteriormente, alguns alunos apresentam dificuldades

em aprender esse conteúdo. Acreditamos que uma maneira de auxiliar o aluno na

aprendizagem desse conteúdo é o professor utilizar os recursos disponíveis nas TDIC,

entre elas os OA.

2.2. Utilização das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) na

Educação

Vivemos em um momento tecnológico em que há facilidade de comunicação e

acesso à informação por meio de instrumentos, como o telefone, a televisão, o

computador e a internet, os quais alteram a forma de viver e de aprender.

A tecnologia vem provocando alterações praticamente em todos os setores da

nossa sociedade, interferindo de forma significativa em diversas áreas do

conhecimento e produção.

Segundo Müller (2011), em nossa história, as tecnologias se apresentam como

um fator de modificação dos acontecimentos, trazendo influências com grande

intensidade e frequência.

Devido a esse avanço tecnológico, a educação brasileira vem passando por

modificações, em especial, com a utilização do computador e da internet como formas

de auxílio ao processo de ensino-aprendizagem. Isso tem levado o professor a superar

desafios, mudando sua postura de transmissor para mediador do conhecimento,

ajudando seus alunos na construção de seus conhecimentos, e rompendo com a forma

tradicional de ensinar.

Com a mudança no cenário educacional devido ao avanço tecnológico, o

professor necessita conhecer os novos recursos tecnológicos e adaptar-se a eles,

utilizá-los e compreendê-los em favor de um processo de aprendizagem mais dinâmico

e motivador para seus alunos (MORAN; MASETTO; BEHRENS, 2013, p.143).

Essa mudança no cenário educacional e na atuação dos professores veio com a

necessidade de educar para que o aluno possa atuar como cidadão na sua sociedade,

capaz de intervir de forma consciente e responsável no meio social em que vive.

26

Inserir-se na sociedade da informação não quer dizer apenas ter acesso à

Tecnologia Digital de Informação e Comunicação (TDIC), mas principalmente saber

utilizar essas tecnologias para a busca e a seleção de informações que permitam a

cada pessoa resolver os problemas do cotidiano, compreender o mundo e atuar na

transformação de seu contexto.

Sendo assim, as TDIC apresentam possibilidades de democratização ao acesso

à internet e a computadores com criação de grandes redes de conhecimento, onde se

possa ter a troca de experiências, informações e ideias, com uma compreensão crítica

da realidade em que vivemos. Assim, teremos um desenvolvimento social, cultural e

educacional que tanto desejamos para nossos alunos.

As TDIC são definidas como tecnologias que têm o computador e a Internet

como instrumentos principais e se diferenciam das Tecnologias de Informação e

Comunicação (TIC) pela presença do digital (MARINHO; LOBATO, 2008).

A utilização das TDIC em nossas atividades diárias faz com que as pessoas se

conectem cada vez mais, ocasionando uma melhora nas relações humanas; e, no

campo educacional, promove novas formas de comunicação e socialização dos

saberes (MALLMANN et al., 2012).

Dessa forma, as escolas como instituições socializadoras do saber devem estar

adequadas às necessidades das novas gerações que já fazem parte do sistema

educacional e das que ainda estão por vir, movendo esforços para que estas gerações

aprendam a lidar com o “universo oceânico de informações” proporcionado pelas

Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (SETTON, 2010).

Esse universo de informações proporcionado pelas TDIC gera no espaço escolar

inovações nas práticas pedagógicas, incorrendo na necessidade de melhorar a

capacitação de nossos professores para que os mesmos possam explorar o potencial

pedagógico das tecnologias em seu fazer pedagógico na sala de aula (SOMBRIO;

RODRIGUES, 2011).

27

Com base nas informações apresentadas anteriormente, Coelho Neto et al.

salientam que:

O uso dos recursos midiáticos, tais como sítios e softwares educacionais, como meio auxiliador no processo de ensino e de aprendizagem é bastante estimulante, tendo que ser planejado e direcionado para o seu bom uso. Entendê-los e dominá-los é o primeiro passo para utilizá-los com sucesso (COELHO NETO et al., 2011, p.989).

O uso das TDIC tem como objetivo auxiliar a aprendizagem, por esta razão,

essas tecnologias devem ser trabalhadas de modo que possa melhorar o ambiente

educacional no qual estão sendo utilizadas.

Gomes e Gandra discorrem que:

[...] no que diz respeito à aprendizagem por meio do computador, tal afirmativa justifica-se uma vez que as tecnologias utilizadas como suporte para a educação são amplamente valorizadas por favorecerem a interação entre os sujeitos, a elaboração de atividades colaborativas e, por conseguintes, a construção do conhecimento. (GOMES; GANDRA, 2010, p.1003).

O professor “pode utilizar vários recursos para trabalhar com os alunos, tais

como: softwares educacionais, simuladores, experimentos virtuais, jogos, todos

utilizados como objetos de aprendizagem” (SANTOS; KIOURANIS; SILVEIRA, 2011,

p.6).

Nesse sentido, fica evidente a necessidade de incentivo ao uso desses recursos

por parte dos professores, para que estes possam ter acesso a esses instrumentos que

estão inseridos em toda a sociedade, de forma que sua utilização se torne um

referencial para a educação.

Partindo desta realidade, Rabelo (2008) diz que é necessário que o professor

esteja capacitado para utilizar as TDIC na elaboração de suas atividades, as quais

devem ser significativas para os alunos, e deve entender que o processo de ensino

aprendizagem é contínuo e deve ser atualizado constantemente.

Ao utilizar as TDIC em seu fazer pedagógico, o professor deve estar ciente do

desafio, pois isso requer além de conhecimentos específicos de sua disciplina, a

fluência tecnológica e pedagógica, visto que não são as tecnologias que tornam as

28

ações inovadoras, mas sim os planejamentos de como será utilizada é que as

transformam em ações inovadoras.

Desta forma, Almeida e Valente, consideram que:

“O professor desenvolva não apenas o conhecimento teórico sobre as TDIC, mas que ele desenvolva um conhecimento prático que possibilite compreender os recursos existentes em um software educativo e saber como utilizá-lo de modo a integrar computador, currículo e prática pedagógica” (ALMEIDA; VALENTE, 2011, p.50).

Para os autores:

“A formação do professor, portanto, envolve muito mais do que provê-lo com conhecimento teórico sobre as TDIC. Ela deve criar condições para o professor construir conhecimento sobre os aspectos computacionais; compreender as perspectivas educacionais subjacentes aos softwares em uso, isto é, as noções de ensino, aprendizagem e conhecimento implícitas no software; e entender porque e como integrar o computador com o currículo e como concretizar esse processo na sua prática pedagógica. [...] Finalmente, deve criar condições para que o professor saiba recontextualizar o aprendizado e a experiência vivida durante a sua formação para sua realidade de sala de aula, compatibilizando as necessidades de seus alunos e os objetivos pedagógicos que se dispõe a atingir” (ALMEIDA; VALENTE, 2011, p. 50).

Essa integração computador, currículo e prática pedagógica, citada por esses

autores, traz novos desafios não só para os professores, mas também a outros

profissionais da área de ensino. Para isso, é necessário que esses profissionais

tenham acesso a materiais disponíveis gratuitamente na internet que sejam fáceis de

usar e tenham aspectos inovadores. Entre esses materiais temos os OA, os quais

serão descritos a seguir.

29

2.3 Objetos de Aprendizagem

Os OA surgiram por volta do ano de 1994 quando o pedagogo Wayne Hodgins,

que estudava novas estratégias de aprendizado, reparou que um de seus filhos que

estava brincando com Lego, ao montar vários blocos de formas diferentes, criava um

novo objeto.

A partir dessa observação, Hodgins pensou na possibilidade de transpor essa

montagem para o contexto digital. Ele imaginou construir blocos de aprendizagem

interoperáveis, ou seja, que pudessem operar em diferentes sistemas operacionais. A

esses blocos deu o nome de OA (RITZHAUPT, 2001).

Segundo Müller (2011), no começo dos anos 1990 com a estruturação da World

Wide Web (WWW), já se podia ter acesso remoto aos OA, criando uma base para a

incorporação destes recursos aos sistemas educacionais.

No Brasil, em 2007, conforme Müller (2011), o Ministério da Educação publicou

um edital que disponibiliza recursos financeiros para o desenvolvimento de materiais

educacionais multimídia para o ensino de biologia, física, língua portuguesa,

matemática e química.

Nos dias atuais os OA, além de apresentarem uma função de auxílio no

processo de ensino aprendizagem, também podem ser produzidos utilizando-se

recursos de Tecnologias de Informação (TI), gerando, assim, grande economia de

recursos em comparação com um OA material, pois não necessitam de licença e

manutenção para seu uso.

Desde a sua criação, vários OA foram produzidos e utilizados no processo de

ensino-aprendizagem, entretanto, hoje não temos um consenso sobre sua definição.

Existem inúmeras definições na literatura, algumas das quais serão apresentadas no

quadro 1.

30

O quadro 1. Apresenta algumas definições de OA, segundo autores que fazem

parte do referencial teórico desta dissertação.

DEFINIÇÕES AUTORES

Qualquer recurso digital que possa ser reutilizado para o suporte ao ensino.

DAVID WILEY (2000)

Todo material digital que fornece informações para a construção de conhecimento pode ser considerado um Objeto de Aprendizagem, seja essa informação em forma de uma imagem, uma página HTML, uma animação ou simulação.

SANTOS (2007)

Um recurso (ou ferramenta cognitiva) que não depende de outros objetos para fazer sentido no processo de ensino aprendizagem.

TAVARES (2007)

Quaisquer recursos digitais que possam ser usados, reutilizados ou referenciados para o suporte do processo de ensino e de aprendizagem.

SILVEIRA (2008)

Um objeto de aprendizagem é qualquer recurso digital com objetivo pedagógico que pode ser reutilizado, em diferentes contextos de aprendizagem.

ALHARBI, HENSKENS e HANNAFORD

(2011)

São definidos como uma entidade, digital ou não digital, que pode ser usada e reutilizada ou referenciada durante um processo de suporte tecnológico ao ensino e aprendizagem.

MÜLLER (2011)

É todo recurso estruturado para disponibilizar conteúdo para ensino-aprendizagem.

MONTEIRO (2013)

É qualquer entidade, digital ou não digital, que possa ser usada, reutilizada ou referenciada durante o uso de tecnologias que suportem ensino.

IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers)

Quadro 1 - Algumas definições de OA dadas por autores utilizados como referencial teórico desta dissertação.

31

O conceito de OA não apresenta um consenso comum entre os diversos autores

que os definem, visto que cada um apresenta a sua concepção que é baseada na

utilidade e importância do objeto para o processo de ensino aprendizagem e em

abordagens e aspectos que estão ligados ao seu uso na educação (TORRÃO, 2009).

Embora haja várias definições, observadas no quadro 1, a definição dada pelo

IEEE (Institute of Electrical and Eletronics Engineers), apresenta uma abrangência de

todas as definições dadas e define OA como: “Qualquer recurso, digital ou não digital,

que pode ser usado, reusado ou referenciado durante o processo mediado pela

tecnologia”.

Na minha concepção, outra definição aceita seria a fragmentação do conteúdo

educacional ou disciplinar em pequenos trechos que podem ser utilizados e

reaproveitados como auxílio à aprendizagem por um grande número de pessoas. Além

disso, esses conteúdos podem ser utilizados em diferentes ambientes e plataformas e

estão armazenados e catalogados em LOR.

Conforme o portal WebEduc do Ministério da Educação (MEC),

Objetos de Aprendizagem são recursos educacionais, que podem ser desenvolvidos em diversos formatos e linguagens, com o objetivo de mediar e qualificar o processo de ensino-aprendizagem, como por exemplo, uma animação, uma simulação, um texto, uma imagem, uma página html, vídeos, etc. (MEC, 2012).

Para Seleme e Munhoz, objetos de aprendizagem podem ser definidos como

entidades digitais ou não digitais com as seguintes características:

Estão disponíveis Just-in-time;

São reutilizáveis em contextos diferenciados;

Podem ser acessados simultaneamente por qualquer número de pessoas;

Podem ser alterados em características particulares, denominadas

propriedades, e salvos em novas versões;

Podem ser utilizados (ou cobrados) de acordo com a demanda de

utilização;

São adaptáveis a necessidades individuais dos estudantes ou dos objetivos

de aprendizagem estabelecidos (SELEME; MUNHOZ, 2011, p. 54).

32

Os OA são encontrados em vários tamanhos na literatura. Em geral, segundo

Hodgins e Conner (2001), os menores são mais fáceis de serem adaptados a novos

ambientes e podem ser projetados de forma a integrar-se com outros semelhantes,

possibilitando a criação de contextos maiores, formando módulos que vão auxiliar na

construção do conhecimento do aluno e no desenvolvimento de raciocínio lógico.

Os OA podem ser comparados a átomos, pois podem combinar-se para formar

estruturas maiores que apresentem um determinado objetivo, ou seja, são

combináveis, mas não com qualquer outro OA (WILEY, 2002).

Portanto, um OA pode ser reutilizado num contexto que foi desenvolvido

combinando-se com outros OA para formar um material de aprendizagem.

Além disso, segundo Silva et al. (2007), se esse material de aprendizagem

apresentar questões contextualizadas e envolvidas com o cotidiano do aluno, esses OA

despertam o interesse dos alunos pelos conteúdos educacionais, uma vez que eles

participam e se sentem motivados para realizar as atividades propostas, ao testarem

diferentes situações, arriscam, antecipam e compreendem a relação entre causa e

efeito de conceitos e fenômenos.

Os OA podem ser utilizados em diferentes ambientes de ensino, como o

ambiente de ensino presencial, o ambiente de ensino semipresencial e o ambiente de

ensino a distância (MUNHOZ, 2012).

Segundo Seleme e Munhoz, os OA podem ser acessados:

[...] em treinamentos apoiados por computador, ambientes de aprendizagem interativa, aprendizagem apoiada pelo computador, sistemas de educação a distância e ambientes colaborativos de aprendizagem (SELEME, MUNHOZ, 2011, p. 54).

González (2005) classifica os OA em:

Objetos de Instrução: são objetos destinados ao apoio da

aprendizagem e são divididos em seis tipos distintos.

1. Objetos de Lição: combinam textos, imagens, filmes,

vídeos, perguntas e exercícios para criar uma

aprendizagem interativa.

33

2. Objetos Workshop: são eventos de aprendizagem que

podem incluir apresentações, videoconferência e

ferramentas de colaboração em geral.

3. Objetos Seminários: são seminários com uma

comunicação síncrona com os aprendizes, com o uso de

áudio, vídeo, intercâmbios de mensagens, etc.

4. Objetos artigos: correspondem a material de estudo,

gráficos, tabelas, etc.

5. Objetos White Papers: são objetos baseados em textos

que detalham tópicos completos.

6. Objetos Caso de Estudo: são objetos baseados em

textos, que correspondem à análise em profundidade de

uma implementação de um produto de software,

experiências pedagógicas, etc.

Objetos de Colaboração: são objetos para a comunicação em

ambientes de aprendizagem colaborativa e se dividem em

quatro tipos:

1. Objetos Monitores de exercícios: são objetos onde

se produz intercâmbio entre aprendizes e um monitor

guia.

34

2. Objetos Chats: são objetos que permitem os

aprendizes a compartilhar experiências e conhecimentos.

São intercâmbios de mensagens síncronas.

3. Objetos Fórum: são objetos que permitem intercâmbio

de mensagens assíncronas.

4. Objetos de Reuniões On-line: são tipos de objetos que

se pode compartilhar desde documentos até computadores

para trabalhos em grupo.

Objetos de Prática: são destinados a autoaprendizagem, com

uma alta interação, em que se distinguem oito tipos:

1. Simulação Jogo de Roles: esse tipo de objeto permite

ao aprendiz a construir e provar seu próprio

conhecimento e habilidades interatuando com a

simulação de uma situação real.

2. Simulação de Software: permite aos estudantes

praticar tarefas completas com o uso de ambientes

gráficos.

3. Simulação de Hardware: permite aos aprendizes

obter conhecimentos de determinadas tarefas.

35

4. Simulação de Códigos: permite que o aprendiz

aprenda técnicas completas da codificação de

software.

5. Simulação Conceitual: ajudam os aprendizes a

relacionar conceitos através de exercícios práticos.

6. Simulação de Modelos de Negócios: permitem ao

aprendiz controlar e manipular um conjunto de

variáveis em uma companhia virtual para aprender a

administrar uma situação real.

7. Laboratórios On-line: Neste tipo de objeto de

aprendizagem, a aprendizagem é relativa a tópicos de

tecnologias de informação.

8. Projetos de Investigação: são objetos associados a

atividades completas que impulsionam os aprendizes

os comprometimentos através de exercícios com áreas

bem específicas.

Objetos de Avaliação: são aqueles que têm a função de

conhecer o nível de conhecimentos de um aprendiz. Divide-se

em quatro tipos:

1. Pré-avaliação: são objetos que têm a função de

verificar os conhecimentos dos aprendizes antes do

processo de aprendizagem.

36

2. Avaliação de Proficiência: são objetos que servem

para medir se o aprendiz assimilou determinados

conhecimentos específicos para poder seguir adiante.

3. Testes de Rendimentos: este tipo de objeto possibilita

medir a habilidade de um aprendiz em uma tarefa

específica; normalmente este tipo de objeto se usa com

objetos de simulação.

4. Pré-teste de Certificação: usado, geralmente, no final

de um programa orientado a certificação e são usados em

dois modos: estudo e certificação. Na modalidade de

estudo é maximizada a aprendizagem entregando ao

aprendiz uma lista dos erros cometidos, e na certificação é

similar a um exame final.

Segundo Silva et al. os OA apresentam várias características específicas, que

são:

Reusabilidade: reutilizável diversas vezes em vários

ambientes de aprendizagem;

Adaptabilidade: adaptável a qualquer ambiente de ensino;

Granularidade: conteúdo em pedaços, para facilitar sua

reusabilidade;

37

Acessibilidade: acessível facilmente via Internet para ser

usado em diversos locais;

Durabilidade: possibilidade de continuar a ser usado,

independente da mudança de tecnologia;

Interoperabilidade: habilidade de operar através de uma

variedade de hardware, sistemas operacionais e browsers,

intercâmbio efetivo entre diferentes sistemas (SILVA et. al.

2010).

Behar et al. listam também as seguintes características de um OA:

Flexibilidade: possui início, meio e fim, podendo ser

reutilizados sem nenhuma manutenção;

Customização: diminuição do custo com o aumento de

seu uso;

Acessibilidade: possibilidade de acessar os OA em um

local remoto e usá-los em muitos outros locais;

Durabilidade: continuidade no acesso dos OA quando a

base tecnológica é alterada, sem que seja necessário

reprojeto ou recodificação (BEHAR et al., 2010).

38

Para Silva (2011):

“Os objetos de aprendizagem guardam estreita ligação com a internet. Assim, à medida que essa tecnologia se aprimora, esses recursos digitais se apresentam com maiores possibilidades de finalmente ocuparem seus lugares nos diferentes tipos de programas e projetos educacionais” (SILVA, 2011, p.27).

Os OA, após serem construídos e avaliados tecnicamente, são catalogados com

informações importantes para sua pesquisa e recuperação. Essas informações são

conhecidas como metadados, assunto que será tratado no próximo item.

2.4 Metadados

Sendo o reuso o maior objetivo dos OA, é necessário que eles possam ser

pesquisados e recuperados, neste sentido, os OA precisam conter informações

descritivas de si mesmos, as quais são chamadas de metadados.

Após os OA serem construídos e avaliados tecnicamente e antes de serem

dispostos nos Repositórios de Objetos de Aprendizagem LOR, são catalogados, ou

seja, são registrados. Esse registro contém informações importantes que ajudam na

busca e recuperação de um determinado OA dentro dos LOR.

Os metadados devem conter título, descrição resumida, palavras-chave, autor,

nível de ensino, área do conhecimento e conteúdo educacional. Com o uso dos

metadados, os usuários conseguem, com facilidade, encontrar os OA que precisam.

Como descreve Silva (2011):

“os metadados são considerados os dados sobre um conjunto de outros dados, ou seja, identificam e descrevem a forma como os dados devem ser organizados para que seja possível a compreensão total sobre sua natureza, facilitando assim sua busca em bibliotecas e repositórios” (SILVA, 2011, p.30).

Conforme Tarouco et al. (2003), os OA são catalogados por meio de metadados,

que permitem a sua usabilidade em diferentes ambientes de aprendizagem, trazendo

benefícios como acessibilidade, interoperabilidade e durabilidade. Esses catálogos

estão disponíveis na rede em diferentes LOR.

39

Os metadados de OA são considerados estruturas externas de informação que

descrevem a unidade de aprendizagem relacionada ao conteúdo do OA, o propósito e

o objetivo e quais plataformas o OA pode ser utilizado (LOPEZ et al., 2012).

O metadado além de descrever o OA, proporciona interoperabilidade,

identificação, compartilhamento, integração, utilização, reutilização, gerenciamento e

recuperação (VICARI et al., 2010).

Os OA após serem catalogados nos metadados, são dispostos em LOR para um

grande número de pessoas acessarem e utilizarem. No item a seguir, discorreremos

sobre os LOR.

2.5 Repositórios de Objetos de Aprendizagem LOR (Learning Objects Repository)

Para tornar fácil o acesso aos OA e, assim, viabilizar sua reutilização, é

importante que se faça uma organização dos mesmos em repositórios que funcionam

como uma espécie de biblioteca, que apresenta títulos variados em seu catálogo.

Nesse sentido, os LOR surgiram devido à necessidade de mudanças na

formalização do ensino e ideias vinculadas às novas formas de aprendizagem

baseadas no uso das tecnologias (SILVA; CAFÉ, 2010).

Portanto, para se fazer uma busca por determinado OA, podemos utilizar os

LOR, no qual temos um grande número de catálogos disponíveis nas mais variadas

disciplinas e conteúdos, além de tornar a busca mais rápida e eficiente.

Silva (2011) descreve os repositórios como:

“Serviços online que disponibilizam objetos de aprendizagem e recursos digitais. No Brasil, a maior parte do acervo existente é mantida por universidades e instituições governamentais. Assim, se considerada a demanda existente, a oferta ainda é pequena, mas, gradativamente, esse tipo de serviço se amplia, possibilitando ao educador o acesso a muitos recursos interessantes” (SILVA, 2011, p.127).

Para Müller (2011), existem grupos em diferentes países que colocam a

disposição seus OA em repositórios mantidos por órgãos governamentais ou pela

iniciativa privada, mantendo o empenho em tornar definitivamente os OA recursos

40

fundamentais nos processos educacionais modernos. Nesse caso, temos uma iniciativa

que visa tornar os OA facilmente acessíveis de forma que professores, coordenadores

pedagógicos e outros envolvidos nos processos educacionais possam facilmente

encontrar os recursos certos para apoiar suas atividades em sala de aula.

Na Web, existe um grande número de LOR, que apresentam OA nos mais

variados assuntos, os quais podem ser acessados pelo usuário gratuitamente.

A seguir, será apresentado um breve histórico dos principais LOR nacionais e

internacionais, utilizados na pesquisa dos OA, os quais apresentam disciplinas e

conteúdos diversos. Dentre esses, maior ênfase foi dada à disciplina de química no

ensino médio com foco no conteúdo educacional de balanceamento de equações

químicas, por ser de interesse nesse trabalho de pesquisa.

Os LOR escolhidos para esta pesquisa foram:

BIOE (Banco Internacional de Objetos Educacionais) – Esse LOR

iniciou suas atividades em 2007, mas só foi lançado no Brasil no ano

de 2008 pelo Ministério da Educação, em parceria com o Ministério da

Ciência e Tecnologia, Rede Latino-americana de Portais

Educacionais, Organização dos Estados Ibero-americanos e outros.

Ele conta com o apoio de algumas universidades brasileiras como a

Universidade de Brasília (UNB), responsáveis pela localização,

avaliação e catalogação dos recursos educacionais digitais de livre

acesso. Os recursos educacionais digitais são disponibilizados de

acordo com os níveis de ensino previstos na Lei de Diretrizes e Bases

da Educação brasileira. De acordo com a estatística apresentada em

seu site1, no período de 2009 a 2011, esse repositório teve 2.623.320

visualizações e 892.019 downloads. A área de química do Ensino

Médio possui 1723 OA envolvendo todos os conteúdos. Desses

somente 3 OA tratam do balanceamento de equações químicas, que

são: O Balanceamento de equações, que tem como objetivo discutir o

conceito de estequiometria e a lei das proporções definidas;

balanceando a equação, que tem como objetivo aprimorar o conceito

1http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/stats?level=general&type=access&page=downviews-series. Acesso: 11/12/2014.

41

de balanceamento químico e equações químicas; e o Balancing

chemical equations, o qual tem como objetivo explicar a natureza das

reações química e como acontece o seu balanceamento.

A figura 1 mostra a página inicial desse repositório.

Figura 1 – Página inicial do BIOE

Fonte:http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/stats?level=general&type=access&page=downviews-series.

O RIVED (Rede Interativa Virtual de Educação) - É um programa

da Secretaria de Educação a Distância (SEED) para a produção de

conteúdos pedagógicos digitais, na forma de OA. A meta da secretaria

ao disponibilizar esses OA é melhorar a aprendizagem das disciplinas da

educação básica e a formação cidadã do aluno. O projeto de sua

construção teve início em 1997 quando o Brasil, o Peru, a Venezuela e

os Estados Unidos decidiram utilizar a tecnologia para uso pedagógico.

Entretanto, somente dois anos depois, o Brasil consolidou sua

participação por meio da parceria entre Secretaria de Ensino Médio e

Tecnológica (hoje SEB) e a SEED. Atualmente, dentro desse repositório

há 18 OA envolvendo os conhecimentos de química para o Ensino

42

Médio, mas, nenhum trata do conteúdo de balanceamento de equação

química2.

A figura 2 mostra a página inicial desse repositório.

Figura 2 – Página inicial do RIVED Fonte: http://rived.mec.gov.br/site_objeto_lis.php.

O LabVirt (Laboratório Didático Virtual) - É uma iniciativa da Escola

do Futuro da Universidade de São Paulo com coordenação da

Faculdade de Educação. Tem como principal objetivo construir uma

infraestrutura pedagógica e tecnológica que facilite o desenvolvimento

de projetos de física nas escolas que incentive o aluno a ter o

pensamento crítico, a usar método científico, a gostar de ciência e,

principalmente, que o leve a reflexão e compreensão do mundo em

seu entorno3. Apesar de ter sido construído para projetos de física,

nele também encontramos 135 OA para a disciplina de Química,

entretanto, somente 2 desses OA envolvem conhecimentos de

balanceamento de equações químicas. Nesse LOR são encontradas

2http://rived.mec.gov.br/site_objeto_lis.php. Acesso: 11/12/2014. 3http://www.nupic.fe.usp.br/Projetos%20e%20Materiais/labvirtpp.Acesso: 11/12/2014

43

simulações produzidas a partir de roteiros de alunos de Ensino Médio

das escolas da rede pública; links para simulações e sites; exemplos

de projetos e respostas de especialistas para questões enviadas

através do site.

A figura 3 mostra a página inicial desse LOR.

Figura 3 – Página inicial da LabVirt Fonte: http://www.nupic.fe.usp.br/Projetos%20e%20Materiais/labvirtpp.

PROATIVA (Grupo de Pesquisa e Produção de Ambientes Interativos

e Objetos de Aprendizagem)4 – Esse LOR foi desenvolvido por um

grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Ceará e teve

início em 2001. Atualmente, o grupo conta com a participação de

alunos das mais diversas áreas e tem por objetivo desenvolver OA e

recursos digitais (vídeo, animação, simulação, etc.) voltados para o

Ensino Médio e Fundamental. Esse grupo tem como objetivos, além

da produção de OA, formar professores para a sua utilização e

realizar pesquisas sobre o uso de OA por alunos e professores.

Nesse LOR encontramos somente 1 OA envolvendo conhecimentos 4 http://www.proativa.vdl.ufc.br. Acesso: 11/12/2014

44

de química e esse OA tem como objetivo discutir as leis ponderais na

química e no dia a dia.

A figura 4 mostra a página inicial desse LOR.

Figura 4 – Página inicial da PROATIVA Fonte: http://www.proativa.vdl.ufc.br

Conexão Professor5 - Esse é um portal da Secretaria de Educação do

estado do Rio de Janeiro voltado para professores e diretores

escolares da rede estadual carioca. Nele, além de OA, são

disponíveis, de acordo com seus criadores, informações para

melhorar a qualidade de ensino das escolas cariocas e notícias da

rede estadual. Nesse LOR, os professores trocam experiências com

profissionais de outras escolas, consultam informações sobre eventos

e compartilham seus projetos e ideias. Quanto aos OA, encontramos

3 referentes a conteúdos de química, sendo um deles sobre

balanceamento de equação química. Entretanto, ao clicar no link

referente a esse OA, este nos remeteu para o LOR labvirt.

5http://www.conexaoprofessor.rj.gov.br/objetos.asp. Acesso: 11/12/2014

45

A figura 5 mostra a página inicial desse LOR.

Figura 5 – Página inicial do CONEXÃO PROFESSOR Fonte: http://www.conexaoprofessor.rj.gov.br/objetos.asp.

PhET Interactive Simulation6 – Esse LOR é mantido pela Universidade

do Colorado (EUA) e dispõe de simulações baseadas em pesquisa de

ciências e matemática. Para auxiliar o aluno a se envolver em

ciências e matemática, as simulações do PhET foram desenvolvidas

usando os seguintes princípios: incentivar a pesquisa científica;

fornecer interatividade; tornar visível o invisível; mostrar modelos

mentais visuais; criar uma simulação que podem ser utilizados de

forma flexível em muitas situações educacionais. Nesse LOR, estão

disponíveis 38 OA envolvendo os conteúdos de química, mas

somente 1 envolve o balanceamento de equação química.

6 http://phet.colorado.edu/en/about Acesso: 11/12/2014

46

A figura 6 mostra a página inicial desse LOR.

Figura 6 – Página inicial da PhET Fonte: http://phet.colorado.edu

O quadro 2. apresenta os principais LOR mencionados anteriormente e seus

respectivos endereços.

LOR Endereço

LABVIRT http://www.labvirt.fe.usp.br/

RIVED http://rived.mec.gov.br/

BIOE http://objetoseducacionais2.mec.gov.br/há ndle/mec/45/browse?type=title

Phet http://phet.colorado.edu/

PROATIVA http://www.proativa.vdl.ufc.br

CONEXÃO PROFESSOR http://www.conexaoprofessor.rj.gov.br/objetos.asp

Quadro 2 - Apresenta os LOR utilizados na pesquisa de OA e seus respectivos endereços.

47

Os OA encontrados nesses repositórios foram construídos dentro de

determinadas concepções epistemológicas que serão descritas a seguir.

2.6 Concepções epistemológicas

Atualmente, existem muitos estudos sobre as concepções epistemológicas, as

quais estão inseridas nas denominadas correntes epistemológicas ou correntes do

conhecimento. Essas concepções trazem características distintas sobre como o

conhecimento é adquirido e construído pelo aluno, bem como fatores que contribuem

para a sua aprendizagem.

As concepções epistemológicas fazem parte das práticas pedagógicas do

professor. Nesse sentido, cada docente tem sua própria concepção que influenciará

na sua forma de ensinar e de compreender como o aluno adquire e constrói seu

conhecimento.

As concepções epistemológicas que iremos estudar são de abordagem

comportamentalista, construtivista e sócio – interacionista.

2.6.1 Concepções de Abordagem Comportamentalista

O fundador do movimento comportamentalista foi o psicólogo John Broadus

Watson. Segundo Santiago (1994), a concepção comportamentalista, também

conhecida como concepção behaviorista, admite a construção do conhecimento como

um fenômeno exterior ao organismo e que é assimilado a partir das experiências e,

assim, o desenvolvimento de habilidades por parte do indivíduo está relacionada com

as relações com o meio físico em que ele vive.

Para os estudiosos dessa concepção, o comportamento do homem pode ser

estudado a partir dos mesmos princípios do comportamento animal, embora se

reconheça que o do homem apresente uma maior complexidade. Esses estudiosos

foram Pavlov, Skinner, Thorndike, além de Watson.

Pavlov desenvolveu a teoria do condicionamento, a qual foi baseada em

experimentos realizada em cachorros, nos quais se investigou o comportamento destes

48

animais que produziram reflexos provenientes de determinados estímulos, ou seja, um

processo de estímulo-resposta.

Em seus experimentos, Pavlov tocava uma campainha e, em seguida, colocava

um pedaço de carne (estímulo) para o animal. Ele observava que toda vez que repetia

esse experimento o animal salivava. Com o decorrer do tempo, o estímulo (pedaço de

carne) foi retirado do animal e foi observado que o animal conseguia salivar somente

com o toque da campainha.

A partir dessa observação, Pavlov chegou à conclusão que se fizesse isso

repetidamente, depois de certo tempo, o simples tocar da campainha provoca salivação

no animal, preparando o seu aparelho digestivo para receber a carne, ou seja, a

campainha torna-se um sinal da carne que viria depois. Um estímulo que nada tem a

ver com a alimentação, meramente sonoro, passa a ser capaz de provocar

modificações digestivas (ATKINSON et al., 2002).

Pavlov postulou que o reflexo condicionado teria um papel importante no

comportamento humano e, consequentemente, na educação. Assim, seu trabalho

forneceu bases para que Watson fundasse o comportamentalismo (ou behaviorismo)

no mundo ocidental (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2010).

Watson chegou ao conceito de "reflexo condicionado" que consiste também em

interações estímulo-resposta (ambiente-sujeito) nas quais o organismo é levado a

responder a estímulos que antes não respondia. Isso se dá em função de um

pareamento de estímulos, como por exemplo: imergir a mão na água gelada e ouvir o

som de uma campainha repetidas vezes. Depois de um tempo, a mudança de

temperatura nas mãos poderá ser eliciada apenas pelo som da campainha, isto é, sem

a necessidade de imersão das mãos. A formulação do behaviorismo de Watson é

representada pela relação S-R, em que S é o estímulo do ambiente e R a resposta do

organismo (FURTADO; TEIXEIRA; BOCK,1999).

Para ele, a aprendizagem se dava como o condicionamento de Pavlov, ou seja,

tudo que se aprende é explicado através do modo em que os estímulos (ambientais

e internos) produzem as respostas.

49

De acordo com Davidoff (2001), Skinner desenvolveu o conceito de

comportamento operante, que pode ser entendido como um processo no qual se

pretende condicionar uma resposta de um indivíduo, seja para aumentar a sua

probabilidade de ocorrência ou para extingui-la.

Um exemplo prático do comportamento operante estudado por Skinner foi o

treinamento de pequenos grupos de pombos ou ratos privados de comida para bicar

uma chave ou pressionar uma barra. Sempre que o animal emitia a resposta desejada

ele recebia a bola de alimento (reforço ou estímulo) (DAVIDOFF, 2001).

Segundo Schunk (2008), na abordagem comportamentalista fundamentada na

teoria de Skinner, a aprendizagem é uma reorganização de respostas que são dadas

por determinados estímulos em situações complexas. Desta forma, quando um

estímulo gera uma resposta positiva, as relações entre o comportamento e as variáveis

que influenciam sua ativação são reforçadas. Por outro lado, quando a resposta se

apresenta de forma negativa as relações entre o comportamento e as variáveis que

influenciam sua ativação são enfraquecidas.

Essa reorganização de respostas foi descrita por Thorndike como a lei do efeito,

ou seja, de acordo com sua lei, aquelas ações que têm resultados agradáveis para o

animal (incluindo o homem) tendem a se repetir, enquanto que as que têm resultados

desagradáveis tendem a desaparecer.

O trabalho de Thorndike, do ponto de vista do método, revolucionou os estudos

da psicologia animal. A partir de seus experimentos com animais, ele comprovou que

esses eram capazes de aprender por meio da formação de imagens mentais, pela

observação e pela imitação, ou pelo processo indutivo dirigido para generalização de

regras e princípios (SANTOS, 2006).

Um de seus experimentos mais conhecidos foi a caixa problema. Nessa caixa,

Thorndike colocou um gato preso em uma gaiola, a partir da qual o animal só poderia

sair mediante algumas ações (resposta) tais como puxar cordas. Para garantir a

"motivação" do animal, ele colocava uma porção de alimento (estímulo) do lado de fora

da gaiola, de maneira que o gato não pudesse alcançá-lo do lado de dentro do

dispositivo. À medida que o gato era reintroduzido na caixa, o número de tentativas

para obter êxito diminuía.

50

Na concepção epistemológica de abordagem comportamentalista temos um

processo de estimulo (S) e resposta (R) e, o lema é a frase de inspiração aristotélica,

“nada está no intelecto que não tenha passado antes pelos sentidos” (MARCONDES,

2004, p. 176). Essa concepção destaca a importância dos fatores externos do ambiente

e as experiências vividas nos processos de aprendizagem dos indivíduos.

Becker (1994, p.90) discorre que o professor que adota uma concepção

comportamentalista entende que:

[...] o sujeito é totalmente determinado pelo mundo do objeto ou meio físico e

social. Quem representa este mundo, na sala de aula, é, por excelência, o professor. No seu imaginário, ele, e somente ele, pode produzir algum novo conhecimento no aluno. O aluno aprende se, e somente se, o professor ensina. O professor acredita no mito da transferência do conhecimento: o que ele sabe, não importa o nível de abstração ou de formalização, pode ser transferido ou transmitido para o aluno. Tudo o que o aluno tem a fazer é submeter-se à fala do professor: ficar em silêncio, prestar atenção, ficar quieto e repetir tantas vezes quantas forem necessárias, escrevendo, lendo, etc, até aderir em sua mente, o que o professor deu. (Grifo do autor).

Na concepção comportamentalista, o professor transmite o conhecimento e o

aluno é considerado um mero receptor de informações, não tendo participação ativa no

processo de aprendizagem, esta concepção vem ainda predominando na história de

nossa educação, sendo, portanto, tão marcante e difícil de ser modificado (BECKER,

1996).

No comportamentalismo, o professor é o centro do processo de aprendizagem

de seus alunos. Desta forma, o professor que trabalha dentro desta concepção

epistemológica, deve indicar o que deve ser observado ou adquirido na experiência, de

modo que o aluno possa exercitar os comportamentos que deverão ser ensinados. O

conhecimento está ligado a uma base empírica, de percepções ou impressões

sensíveis sobre o real, sendo elaborado e desenvolvido a partir desses dados. Um

exemplo dessa relação pode ser representado pela constatação de Becker (1993,

p.12): “conheço uma cidade porque vi, conheço uma música porque a ouvi”.

51

Portanto, é necessário que, após a aquisição de um determinado

comportamento por parte do aluno, se façam exercícios para incentivar a repetição e

memorização, permitindo, assim, uma fixação para situações similares, de forma que o

aluno possa resgatar de sua memória um determinado conteúdo educacional

aprendido quando necessário.

A seguir, serão apresentadas informações importantes sobre a concepção

epistemológica de abordagem construtivista.

2.6.2 Concepções de Abordagem Construtivista

A concepção epistemológica de abordagem construtivista parte do princípio de

que o conhecimento não é algo que está concluído, ou seja, terminado, e sim um

processo que está em constante construção e criação. O conhecimento é produto da

interação do indivíduo com o meio material e social onde ele está inserido.

Conforme Coll et al. (1998), na concepção construtivista o processo de

aprendizagem é fruto de uma construção pessoal, que leva em consideração não

somente o sujeito que aprende, mas também os agentes culturais imprescindíveis para

essa construção pessoal que o aluno realiza com a ajuda que recebe de outras

pessoas. Nessa concepção, aprender não é copiar ou reproduzir a realidade, mas sim,

sermos capazes de elaborar uma representação pessoal sobre um objeto da realidade

ou conteúdo que aprendemos, ou seja, a aprendizagem se dá a partir de experiências,

interesses e conhecimentos prévios que abrangem tanto as informações sobre o

próprio conteúdo como conhecimentos que, de maneira direta ou indireta, estão

relacionados ou podem relacionar-se com ele.

De acordo com a concepção construtivista, antes de iniciar um processo de

aprendizagem, o aluno já possui conhecimentos prévios advindos da sua experiência

pessoal e, a partir desses conhecimentos, ele constrói novos conhecimentos.

Na concepção epistemológica construtivista, o aluno é o centro do processo

educativo, é considerado como um ser ativo que aprende a aprender e o professor

assume o papel de auxiliar na construção do conhecimento do aluno.

52

As experiências da teoria construtivista surgiram no século XX, a partir de

experiências do biólogo e filosofo suíço Jean Piaget, que observou a evolução de

crianças desde o seu nascimento até a sua adolescência e percebeu que o

conhecimento se constrói na interação do indivíduo como o meio em que ele vive. Para

Piaget:

O conhecimento não pode ser concebido como algo predeterminado nem nas estruturas internas do sujeito, porquanto estas resultam de uma construção efetiva e contínua, nem nas características pré-existentes do objeto, uma vez que elas só são conhecidas graças à mediação necessária dessas estruturas, e que essas, ao enquadrá-las, enriquecem-nas (PIAGET, 2007, p.1).

Charnay cita Piaget e afirma que:

Os conhecimentos não se empilham, não se acumulam, mas passam de estados de equilíbrio a estados de desequilíbrio, no transcurso dos quais os conhecimentos anteriores são questionados. Uma nova fase de equilíbrio corresponde então a uma fase de reorganização dos conhecimentos, em que os novos saberes são integrados ao saber antigo, às vezes modificado (CHARNAY,1996, p. 43).

A teoria epistemológica de Jean Piaget admite que o indivíduo é capaz de

construir seu conhecimento através da sua interação com o meio físico e social em que

vive. Assim, a concepção de inteligência é:

“[...] como o desenvolvimento de uma atividade assimiladora cujas leis funcionais são dadas a partir da vida orgânica e cujas sucessivas estruturas que lhe servem de órgãos são elaboradas por interação dela própria com o meio exterior” (PIAGET, 1987, p. 336), fundamenta teoricamente muitas investigações no campo educacional em busca de novas práticas pedagógicas embasadas no construtivismo.

Segundo Becker, na concepção construtivista, a educação nasce de “um

processo de construção de conhecimento ao qual acorrem, em condição de

complementaridade, por um lado, os alunos e professores e, por outro, os problemas

sociais atuais e o conhecimento já construído (“acervo cultural da Humanidade”) ”

(BECKER,1994, p.89).

53

Portanto, conclui-se que a concepção epistemológica de abordagem

construtivista propõe que o aluno participe ativamente de seu aprendizado. E, para que

esse aprendizado seja efetivo, deve haver por parte do aluno o compromisso com a

pesquisa em grupo, a experimentação, o desenvolvimento do raciocínio, ou seja,

através de suas ações o aluno vai construindo o seu conhecimento e o professor vai

auxiliando o aluno nesse processo de construção do saber.

No próximo item, iremos comentar sobre a concepção epistemológica sócio –

interacionista.

2.6.3 Concepções de Abordagem Sócio - Interacionista

A concepção epistemológica de abordagem sócio- interacionista surgiu de

pensamentos de teóricos da psicologia como Piaget, Vygotsky e Wallon, os quais

criaram essa teoria de aprendizagem baseada nas interações do homem com o meio.

(OLIVEIRA, 1993).

Esses teóricos partiram do pressuposto de que o conhecimento é uma

construção social, ou seja, ocorre com o passar dos anos por meio de trocas dialéticas

entre o homem e o meio em que vive. Nessa perspectiva, o professor exerce um papel

de orientador, auxiliando o aluno na construção de seu conhecimento.

Na pedagogia derivada da epistemologia sócio-interacionista (Pedagogia

Relacional), segundo Becker (1993 apud NEVES; DAMIANI, 2006), o professor

acredita que o aluno só aprenderá alguma coisa, isto é, construirá algum conhecimento

novo, se ele agir e problematizar a sua ação, assim esse processo far-se-á por

“reflexionamento” e reflexão. Aprendizagem é, por excelência, construção: ação e

tomada de consciência da coordenação das ações. Assim, não se pode exagerar a

importância da bagagem hereditária nem a importância do meio social.

Dessa maneira, chega-se à conclusão de que as práticas pedagógicas que se

fundamentam na concepção sócio-interacionista devem apoiar-se em duas verdades

fundamentais: a de que todo conhecimento provém da prática social e a ela retorna e a

de que o conhecimento é um empreendimento coletivo, não podendo ser produzido na

solidão do sujeito, mesmo porque essa solidão é impossível (GIUSTA, 1985 apud

NEVES; DAMIANI, 2006).

54

Vygotsky é o grande defensor da abordagem sócio - interacionista, ele afirma

que todo indivíduo é interativo, e que adquire conhecimentos a partir de suas relações

intrapessoais e interpessoais de trocas com o meio, a partir de um processo

denominado “mediação”. As interações sociais entre os alunos e os mesmos com o

professor no contexto escolar, passam a ser entendidas como condição necessária

para a produção de conhecimentos por parte dos alunos (REGO, 2010).

Para Vygotski (2005), o ensino deve antecipar o que o aluno ainda não sabe e

nem é capaz de aprender sozinho, porque na relação entre aprendizado e

desenvolvimento, o aprendizado deve vir antes. Um dos principais conceitos

desenvolvido por Vygotski foi a zona de desenvolvimento proximal, que é definida por

ele como o caminho entre o que o aluno consegue aprender sozinho e o que ele está

perto de conseguir fazer sozinho.

Visando desenvolver uma psicologia materialista, Vygotsky e seus

colaboradores se empenham em recuperar o estudo da consciência, inserindo as

contribuições de Pavlov (que era empirista/comportamentalista) numa perspectiva mais

ampla de investigações e contrapondo-se às ideias vigentes no período de seus

estudos (REGO, 2010 apud NEVES; DAMIANI, 2006).

55

3 - DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA

No presente capítulo, apresentam-se a abordagem metodológica que

fundamentou a pesquisa realizada, a seleção dos objetos de aprendizagem disponíveis

na rede e os critérios de avaliação dos mesmos.

3.1 Abordagem Metodológica e Seleção dos OA

A abordagem metodológica utilizada nessa pesquisa foi a qualitativa do tipo

exploratória, uma vez que foi realizado o diagnóstico das concepções epistemológicas

na construção de OA para o ensino de balanceamento de equações químicas.

De acordo com Andrade (2001), a pesquisa qualitativa exploratória é realizada

quando há pouco ou nenhum estudo anterior. No caso deste trabalho de pesquisa, os

OA estão relacionados com o balanceamento de equações químicas. Ainda para esse

autor, o objetivo desse tipo de estudo é o de procurar padrões, ideias ou hipóteses, em

vez de testar hipóteses ou confirmar uma hipótese.

Segundo Gil (2008), a pesquisa qualitativa exploratória tem como objetivo

proporcionar uma maior familiaridade com o problema (explicitá-lo), apresenta uma

visão geral que se aproxime de determinado fato. Vergara (2004) descreve que a

pesquisa exploratória ocorre em áreas onde se tem pouco conhecimento acumulado e

sistematizado. Sua natureza de sondagem não comporta hipóteses que, todavia,

poderão surgir durante ou ao final da pesquisa.

Para desenvolver essa pesquisa exploratória, realizou-se a seleção de seis OA

em sites e repositórios na Web, todos com o conteúdo de balanceamento de equações

químicas.

Entre os OA selecionados temos três localizados em LOR na Web, que serão

apresentados no quadro 3 a seguir.

56

O Quadro 3. Apresenta os três OA localizados em LOR na Web.

OA Nome Endereço LOR

OA1

Balanceando a

Equação

http://www.labvirtq.fe.usp.br/simulacoes/quimica/sim_qui_balanceando.htm

Labvirt - USP

OA2

A Química

dentro de um bolo

http://www.labvirtq.fe.usp.br/simulacoes/quimica/sim_qui_bolo.htm

Labvirt - USP

OA3

Simulation / Balancing- chemical- equations

http://phet.colorado.edu/en/simulation/balancing-chemical-equations

Phet Interactive Simulation.

Quadro 3 – Representa os OA selecionados nos LOR na Web, e seus respectivos endereços.

No quadro 4. Temos os três OA localizados em sites na Web e seus respectivos

endereços.

OA Nome Endereço Site

OA4

Balanceamento de Equações

Químicas

http://www.cdcc.usp.br/quimica/vamosexercitar/lacunbal.html

Web

OA5

Química Avançada

http://www.cjtmidia.com/quimicaavancada/index.php?option=com_wrapper&view=wrapper&Itemid=144

Web

OA6

Chembalancer

http://funbasedlearning.com/chemistry/chemBalancer2/default.htm

Web

Quadro 4 - Representa os três OA localizados em sites na Web.

Foi realizada uma pesquisa nos LOR apresentados no quadro 5, com o objetivo

de se saber quantos OA para o ensino de química no Ensino Médio estão disponíveis

para cada repositório e, desses, quantos podem ser utilizados para o ensino do

conteúdo de balanceamento de equações químicas. O resultado da pesquisa está

demonstrado no quadro abaixo.

57

O quadro 5. Apresenta o resultado da pesquisa realizada nos LOR.

LOR (Learning

Objects

Repository)

Número total de OA de

química para o Ensino

Médio

Número de OA com o conteúdo

de balanceamento de equações

químicas para o Ensino Médio

LABVIRT 136 02

RIVED 18 00

BIOE 345 02

Phet 39 01

PROATIVA 01 00

CONEXÃO

PROFESSOR

03 01

Quadro 5 - Apresenta os resultados da pesquisa com os três OA selecionados nos principais LOR.

Observando-se o quadro 5 temos:

No LOR da LABVIRT, temos 02 OA sendo o OA1 “Balanceando a equação” e

o OA2 “A química dentro de um bolo”;

No LOR da BIOE, temos 02 OA sendo o OA1” Balanceando a equação” e o

OA3 “Simulation / Balancing- chemical- equations”;

No LOR da Phet, temos 01 OA sendo o OA3” Simulation / Balancing-

chemical- equations”;

No LOR da CONEXÃO PROFESSOR, temos 01 OA sendo o OA1”

Balanceando a equação”.

Fazendo uma análise dos resultados obtidos na pesquisa do quadro 5,

percebemos que temos uma carência muito grande na produção de OA que abordem o

conteúdo de balanceamento de equações químicas para o ensino médio. Sendo que

do total de 542 OA de química existentes nos LOR pesquisados no quadro 5, temos

somente 03 OA com o conteúdo de balanceamento de equações químicas que se

repetem nos LOR acessados.

58

Podemos, então, justificar a baixa quantidade de trabalhos de pesquisa que

realizam uma análise no âmbito educacional, ou seja, na determinação da concepção

epistemológica na qual os OA com o conteúdo de balanceamento de equações

químicas foram construídos.

Após essa pesquisa, foi realizada a avaliação dos OA quanto às concepções

epistemológicas nas quais eles foram construídos. Para isso, utilizaram-se os critérios

citados a seguir.

3.2 Parâmetros de Avaliação dos OA

A análise dos OA ocorreu de acordo com os parâmetros elaborados por Santos

(2013). Quanto à concepção epistemológica, esse autor construiu questões que vão

caracterizar cada uma das concepções epistemológicas, as quais serão apresentadas

nos quadros a seguir.

O Quadro 6. Apresenta os critérios de análise dos OA para a concepção

epistemológica comportamentalista segundo o referencial de Santos (2013).

Concepção Epistemológica Comportamentalista

O Objeto apresenta o conteúdo em pequenas seções?

Existe algum tipo de avaliação ao final de cada seção?

Quando a resposta é correta, existe algum tipo de reforço positivo?

É possível avançar mesmo se a resposta estiver errada?

O Objeto favorece a memorização?

Quando erra, o aprendiz é obrigado a retroceder?

Quadro 6 – Critérios para análise dos OA segundo uma abordagem comportamentalista. Fonte: SANTOS (2013, p.111).

59

O Quadro 7. Apresenta os critérios de análise dos OA para a concepção

epistemológica construtivista segundo o referencial de Santos (2013).

Concepção Epistemológica Construtivista

O objeto promove a reflexão, como fazer comparações, levantar hipóteses?

Existem exercícios propostos no objeto que favoreçam a reflexão?

O objeto possibilita que o aprendiz navegue por mais de um caminho?

Possibilita que o aluno retorne a atividades já feitas para que reveja situações anteriores?

Estimula o aprendiz a buscar mais informações, fornecendo links ou indicações de outros materiais?

Quadro 7 - Critérios para análise dos OA segundo uma abordagem construtivista

Fonte: SANTOS (2013, p.111).

O Quadro 8. Apresenta os critérios de análise dos OA para a concepção

epistemológica sócio - interacionista segundo o referencial de Santos (2013).

Concepção Epistemológica Sócio- Interacionista

O Objeto conduz o aprendiz a debates com os colegas ou professor sobre os conteúdos abordados?

Existem ferramentas de comunicação que promovam a interação?

Quadro 8 - Critérios para análise dos OA segundo uma abordagem sócio – interacionista. Fonte: SANTOS (2013, p.111).

A partir desses critérios, os endereços dos LOR e sites de cada OA citado no

quadro 3 e 4 foram acessados; em seguida, navegou-se pelas suas interfaces (telas de

cada OA) e observaram-se as perguntas que caracterizam cada uma das concepções

epistemológicas. Para caracterizar em que concepção epistemológica um determinado

OA foi construído, ele deve responder positivamente (SIM) a maioria ou a totalidade

das perguntas que caracterizam uma determinada concepção (comportamentalista,

construtivista ou sócio – interacionista).

60

4 - RESULTADO E DISCUSSÃO

No presente capítulo, são apresentadas as características de cada OA e a

análise das concepções epistemológicas que fundamentaram suas construções. Para

fundamentar esses resultados, propomos uma análise por meio de perguntas

norteadoras que foram estabelecidas pelo referencial teórico de Santos (2013), já

mencionadas anteriormente.

A seguir, iremos apresentar as características de cada OA e, posteriormente, a

avaliação da concepção epistemológica a que cada um pertence.

4.1 Apresentações das características dos OA

O OA1 (Balanceando a Equação), disponível no LOR Laboratório Virtual

(Labvirt) da Universidade de São Paulo -USP, exibe na sua página inicial um professor

virtual (Figura 7) que inicialmente apresenta informações breves sobre equações

químicas e seu balanceamento dando exemplos e, em seguida, convida o aluno a

iniciar uma série de exercícios envolvendo o balanceamento pelo método de tentativas.

Figura 7- Página inicial do OA1 “Balanceando a equação”.

61

Ao observar esses exercícios, nota-se que, para sua resolução, o aluno deve ter

conhecimentos prévios sobre funções inorgânicas (ácidos, bases, sais e óxidos) e

nomenclatura de alguns compostos inorgânicos.

A figura 8 apresenta o balanceamento de uma equação química proposta nesse

OA1, em que o aluno deve fazer uma associação entre a fórmula das substâncias

envolvidas na equação com a sua respectiva nomenclatura.

Figura 8 - Exemplo de um exercício proposto no OA1.

Nesse exercício, o aluno clica e arrasta as fórmulas químicas das substâncias

para o local contendo suas respectivas nomenclaturas e, em seguida, faz o

balanceamento da equação colocando os coeficientes estequiométricos para cada

substância nos quadrados localizados a frente de cada uma delas. Se o aluno não

souber relacionar o nome com a nomenclatura, não conseguirá ir para o próximo nível

e retornará ao nível anterior. Como pode ser observado nesse exemplo, esse tipo de

exercício incentiva a memorização do aluno.

62

A figura 9 mostra a página inicial do OA2 (A Química dentro de um bolo)

Figura 9 - Página inicial do OA2 “A química dentro de um bolo “.

Esse OA2 inicia apresentando uma garota separando a quantidade de

ingredientes na preparação de um bolo. Em seguida, simula qual seria a quantidade de

ingredientes se ela quisesse preparar quatro bolos. A partir daí, inicia um diálogo com a

mãe dela (que lhe pergunta se não vai estudar química) explicando que já tinha

entendido o assunto que deveria estudar, ou seja, as proporções entre reagentes e

produtos em uma reação química.

Essa proporção é conhecida na química como Lei das Proporções Definidas, a

qual determina que para formar um composto, seus elementos constituintes combinam-

se sempre nas mesmas proporções em peso, independentemente da origem ou do

modo de sua preparação (USBERCO; SALVADOR, 2009), ou seja, a quantidade de

matéria dos reagentes e a quantidade de matéria dos produtos que participam de uma

reação obedecem sempre a uma proporção fixa e definida. Em seguida, ela coloca

uma equação simples para a mãe balancear (Figura 10).

63

Figura 10 - Equação apresentada a mãe para balanceamento no OA2.

A partir desse balanceamento realizado pela mãe, a garota solicita que o aluno

faça o balanceamento de outras equações químicas. Nos exercícios propostos, o único

conhecimento prévio exigido do aluno é quanto à lei das proporções definidas e, após

colocar os coeficientes estequiométricos da equação, o aluno clica no botão confirmar

(Figura 11) para verificar se a equação está devidamente balanceada.

Figura 11 - Exemplo de uma equação química a ser balanceada no OA2.

Em caso positivo recebe um elogio ou incentivo e em caso negativo é obrigado a

retornar do início, fazendo novamente o balanceamento. Como pode ser observado

nesse exemplo, esse tipo de exercício também incentiva a memorização do aluno.

64

O OA3 (Simulation/Balancing-chemical-equations) é de autoria da Universidade

do Colorado (EUA) e, apesar de ser em inglês, apresenta uma versão traduzida para o

português. Para se obter esse recurso, basta clicar no link tradutor.

Para iniciar o balanceamento, o aluno deverá clicar no link “balanceamento de

equações”; em seguida, em “Download” para baixar a versão em português. A figura 12

mostra a página inicial na versão em português.

Figura 12 - Página inicial do OA3.

Esse Objeto de Aprendizagem de autoria da Universidade do Colorado –

Estados Unidos versão traduzida para o português, apresenta três (3) exemplos de

equações químicas para balanceamento: Síntese da Amônia, Hidrólise da água e

Queima do gás Metano. Ao selecionar um desses exemplos, aparecerá a equação

química a ser balanceada. Os coeficientes deverão ser colocados à frente de cada

substância dentro do quadrado.

Conforme a equação vai sendo balanceada, vão aparecendo no quadro negro

situado abaixo da equação, a representação das moléculas na forma de diagramas.

Na parte inferior da tela, existe a possibilidade de selecionar por meio do botão

“Balanças” o aparecimento de uma ilustração (desenho) de uma balança com número

de átomos de cada elemento químico nos dois membros da equação (Figura 13).

65

Figura 13 - Balança representando o balanceamento correto no OA3.

Ainda há a possibilidade na parte esquerda inferior da tela de selecionar o botão

gráfico de barras, onde pode ser observado o número de átomos de cada elemento

químico nos dois membros da equação na forma de gráfico de barras (figura 14).

Figura 14 - Gráfico representando o balanceamento correto no OA3.

Na parte inferior direita da tela, por meio do botão “Reiniciar tudo”, o aluno, em

caso de erro no balanceamento, pode apagar todos os coeficientes estequiométricos e

reiniciar o balanceamento da equação.

66

A figura 15 apresenta o balanceamento de forma incorreta de uma equação

química referente à síntese da amônia. Observa-se, nesta figura, um sinal de ≠

indicando o erro no balanceamento. Nesse caso, pode-se reiniciar o balanceamento.

Figura 15 - Representa o balanceamento de forma incorreta no OA3.

A figura 16 apresenta o balanceamento de forma incorreta de uma equação

química referente à síntese da amônia, onde é demonstrada a diferença entre o

número de elementos químicos nos dois membros da equação quando se aciona o

botão “Balanças”.

Figura 16 - Representa o balanceamento incorreto no OA3 botão balanças.

67

O OA3 apresenta ainda como referencial um jogo na forma de atividade

contendo cinco equações químicas que são propostas para balanceamento com tempo

programado, som e três níveis adaptáveis ao nível de conhecimento. Essa atividade

favorece a memorização por parte do aluno, já que, ao jogar por algumas vezes, as

equações se repetem, fazendo com que haja o resgate, por parte do aluno, de

conteúdos já estudados em sua memória.

Esta atividade pode ser iniciada clicando na parte superior esquerda da tela no

menu “Jogo do Balanceamento ", onde é possível escolher o nível de conhecimento, a

opção de tempo programado e a opção de som (Figura 17).

Figura 17 - Configurações do Jogo no OA3.

Após o término do jogo do balanceamento, a página monstra o nível escolhido, a

pontuação e o tempo gasto para realização do balanceamento das cinco equações

químicas propostas.

68

O OA4 é uma produção do Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC)

da USP. A figura 18 mostra a página inicial desse OA.

Figura 18 - Página inicial do OA4.

Esse OA apresenta diversos exercícios de Balanceamento de Equações

Químicas, além de exercícios sobre tipos de reações químicas (síntese ou adição,

decomposição ou análise, simples troca ou deslocamento e dupla troca).

O diferencial desse OA com os outros já apresentados anteriormente é que este

apresenta uma série de exercícios de balanceamento de equações químicas na forma

de uma atividade, onde o aluno pode exercitar seus conhecimentos sobre o assunto e,

após executar cada exercício proposto, ele consegue conferir através do botão “Confira

a Resposta “se acertou o exercício ou não”. Caso a resposta esteja correta o aluno

recebe um elogio e, em caso de erro, ele é convidado a realizar o balanceamento da

equação novamente, o que promove a memorização.

O OA5 denominado de Química avançada foi construído pelo sistema positivo e

pelo sistema objetivo e dentro dele são encontrados muitos materiais com áudio, vídeo

e interatividade. Na página inicial, os seus construtores descrevem que os usuários

terão no site da Química Avançada:

69

Conteúdos escolares – Ensino Fundamental, Ensino Médio, Ensino Superior, Informações sobre conteúdo avançado.

Aulas em vídeos - Ensino Fundamental, Ensino Médio, Ensino Superior, Informações sobre conteúdo avançado.

Documentários em vídeos sobre os diversos assuntos da área de química.

Material para estudos dos alunos e materiais para uso dos professores.

Exercícios para estudos e uso dos alunos e professores das diversas escolas do Brasil.

O OA5 é destinado a todos os níveis de ensino, na página inicial, o conteúdo é

escolhido de acordo com o nível (fundamental, médio ou superior) e ano escolar (1º, 2º

e 3º anos). Por exemplo, ao clicar em conteúdo do 1º ano aparece a página mostrada

na figura 19.

Figura 19 - Página inicial OA5 para escolha de conteúdo ou exercícios para o 10 ano do Ensino Médio.

No lado esquerdo da página, há alguns links para a escolha do conteúdo

correspondente a esse ano e, à direita, há links para escolha de exercícios

correspondente a cada conteúdo.

70

Ao escolher o conteúdo balanceamento de equações químicas, encontra-se a

página apresentada na figura 20.

Figura 20 - Página do OA5 mostrando os estágios para que ocorra o balanceamento da equação.

Nessa página, um tutor convida o aluno a realizar o balanceamento e explica

que, para isso, ele deve levar em consideração a escolha do elemento químico ou íon

que aparece apenas uma vez no primeiro ou no segundo membro da equação.

Para a explicação de como se faz um balanceamento, o aluno deve clicar nos

estágios que estão mostrados no lado esquerdo da página. Em cada estágio, há uma

explicação dos passos que devem ser seguidos para o balanceamento. Por exemplo,

no 1º estágio, é explicado que o aluno deve dar preferência ao elemento químico ou íon

presentes na equação química com maior índice ou número de átomos.

71

Figura 21 - Exemplo de exercício mostrando o 2º estágio do balanceamento de uma equação química, proposto no OA5.

No 2º estágio, o aluno deve escolher o elemento ou íon que apresente o maior

índice. Nesse caso, Ca. O 3º estágio (Figura 22) explica que o aluno deve transpor os

índices de um elemento de um membro para outro da equação de modo que os índices

dos elementos químicos passam a ser os coeficientes estequiométricos da equação.

Figura 22 - Exemplo de exercício mostrando o 3º estágio do balanceamento de uma equação química proposta no OA5.

72

No último estágio, o tutor explica que o aluno deve dispensar ou desconsiderar

todos os coeficientes estequiométricos da equação que apresentarem valor igual a 1

(Figura 23).

Figura 23 - Exemplo do exercício mostrando o 4º e último estágio do balanceamento de uma equação química proposta no OA5.

Após essa explicação, o aluno volta à página inicial (Figura 19) e clica no link

“exercícios do 1º ano”; em seguida, clica no link “exercícios” e resolve cinco atividades

propostas. Após o balanceamento de cada uma, o aluno certifica-se se acertou ou não,

ou seja, o aluno não precisa retornar ao início se sua resposta estiver errada. Ele

também pode resolver todos os cinco exercícios e, somente depois, conferir se acertou

ou não.

Como se observa, esse OA5 apresenta informações breves do assunto tratado

que poderá ou não ser estudado pelo aluno, não leva em consideração os

conhecimentos prévios dos alunos.

O OA6 denominado Chembalancer (figura 24) é de autoria de Sulan Dun, que é

professor e engenheiro de Design de Web e gosta de fazer vídeos de música e jogos

de vídeo educacionais para o seu site.

O OA6 apresenta várias equações químicas para exercitar o aprendizado dos

alunos. Sua acessibilidade é simples. Por meio de um botão “Start Game”, o aluno

73

navega facilmente entre as telas que apresentam uma equação química a ser

balanceada em cada uma delas, além de demonstrar para os alunos o balanço do

número de elementos químicos participantes nos dois membros da equação (reagentes

e produtos).

Apesar de estar na língua inglesa, pode ser utilizado pelos alunos do Ensino

Médio, visto que a química apresenta uma linguagem universal.

Figura 24 - Página inicial do OA6.

Esse OA6 também explica como se realiza o balanceamento de uma reação

química e apresenta esse balanceamento mostrando os números de átomos dos

elementos químicos participantes da equação. Para isso, o aluno deve clicar no botão

“Directions”. A figura 24 mostra a equação química a ser balanceada.

4.2 Análises dos OA quanto à concepção epistemológica

A avaliação de um OA tem início antes mesmo de sua criação, quando se

escolhe a equipe que irá construí-lo e se estabelece em seguida o público-alvo ou

usuário para o qual será destinado (alunos, professores e equipe mantenedora do

software ou OA), que julgarão como aceitável ou não sua utilização no espaço escolar

(OLIVEIRA; COSTA; MOREIRA, 2001).

74

No espaço escolar o professor escolhe o OA de acordo com seus objetivos de

ensino, muitas vezes sem se preocupar com as concepções epistemológicas que

fundamentam a construção desses objetos. Entretanto, Silva e Fernandez (2007)

chamam a atenção para a importância de o professor realizar uma análise das

concepções epistemológicas em OA, pois segundo esses autores:

[...] muitas vezes tais recursos tecnológicos podem ter presentes concepções epistemológicas nas quais se fundamentam ideias de ensino e aprendizagem tradicionais e concepções de ciências distorcidas, como, por exemplo, uma ciência vista como produtora de verdades que devem ser aceitas sem questionamento. Em princípio, os modelos de ensino apresentados nos Objetos de Aprendizagem deveriam acompanhar as propostas educativas mais atuais, assim como as tendências de ensino mais recentes e abrangentes sobre o processo de ensino aprendizagem. Todavia, muitas vezes, esse fato não ocorre. Desse modo, consideramos essencial uma análise dos objetos com critérios e categorias bem definidos (SILVA; FERNANDEZ, 2007, p.28)

Nesse trabalho, os critérios de análise que utilizamos foram os definidos por

Santos (2013) para cada concepção epistemológica. Os Quadros 9, 10, 11, 12, 13 e 14

apresentam essa análise para os OA1, OA2, OA3, OA4, OA5 e OA6, respectivamente.

75

O Quadro 9 Apresenta a análise da concepção epistemológica de abordagem

comportamentalista, construtivista e sócio - interacionista do OA1 “Balanceando a

Equação” disposto no LOR da Labvirt – USP.

Comportamentalista (SIM) (NÃO)

O Objeto apresenta o conteúdo em pequenas seções? X

Existe algum tipo de Avaliação ao final de cada seção? X

Quando a resposta é correta, existe algum tipo de reforço positivo? X

É possível avançar mesmo se a resposta estiver errada? X

O Objeto favorece a memorização? X

Quando erra, o aprendiz é obrigado a retroceder? X

Construtivista (SIM) (NÃO)

O objeto promove a reflexão, como fazer comparações, levantar hipóteses?

X

Existem exercícios propostos no objeto que favoreçam a reflexão? X

O objeto possibilita que o aprendiz navegue por mais de um caminho?

X

Possibilita que o aluno retorne a atividades já feitas para que reveja situações anteriores?

X

Estimula o aprendiz a buscar mais informações, fornecendo links ou indicações de outros materiais?

X

Sócio Interacionista (SIM) (NÃO)

O Objeto conduz o aprendiz a debates com os colegas ou professor sobre os conteúdos abordados?

X

Existem ferramentas de comunicação que promovam a interação? X

Quadro 9- Análise da concepção epistemológica comportamentalista, construtivista e sócio- interacionista no OA1 ”Balanceando a equação “. Fonte: pesquisador

76

O OA1 “Balanceando a equação”, pertencente ao Laboratório Virtual da USP

(Labvirt), que foi analisado no quadro 9, respondeu positivamente (SIM) à maioria das

questões que caracterizam a concepção epistemológica de abordagem

comportamentalista. Portanto, de acordo com o referencial teórico de Santos (2013),

este OA foi construído dentro desta abordagem, apresentando informações em seções

breves, ou seja, de forma resumida e direta, conceitos de reagentes e produtos em

uma equação química.

Ao utilizar o OA1, o aluno é avaliado e julgado após cada seção, através de um

botão que confirma se o balanceamento foi realizado de forma correta ou incorreta. Em

caso de erro no balanceamento, o aluno deverá repetir a operação, pois só conseguirá

avançar para o próximo nível ou exercício se a sua resposta estiver correta.

Pressupõem-se no caso de erro do aluno, que o mesmo é incapaz de seguir

adiante, sendo obrigado a retroceder, não havendo preocupação com o processo de

aprendizagem apenas com a resposta dada pelo aluno que deve ser correta.

Em caso de acerto, o aluno recebe um elogio, um estímulo positivo, por ter

acertado ao exercício e como recompensa ganha o direito de avançar para o próximo

nível.

Favorece a memorização do aluno, uma vez que os exercícios propostos são do

tipo certo ou errado, não apresentando caminhos alternativos de resolução dos

exercícios e não despertando a curiosidade e disposição do aluno para a pesquisa.

Temos que o objeto pode ou não conduzir o aluno a um debate com seus

colegas e com o professor sobre o conteúdo de balanceamento de equações químicas,

visto que a tabela proposta no OA1 que convida o aluno a associar a fórmula molecular

com a nomenclatura da substância apresenta, por exemplo, substâncias com a mesma

função inorgânica (óxidos) e que apresentam valências ou cargas elétricas diferentes,

como é o caso do óxido de ferro II ou ferroso (FeO) e do óxido de ferro III ou férrico

(Fe2O3), podendo estabelecer (SIM) ou (NÃO) uma dúvida por parte do aluno quanto

ao porquê das valências diferentes e, a partir disso, promover ou não um debate com

seus colegas e com o professor. Não apresenta ferramentas de comunicação que

permitam a interação entre os alunos, não incentivando a formação de grupos.

77

O quadro 10. Apresenta a análise da concepção epistemológica de abordagem

comportamentalista, construtivista e sócio - interacionista do OA2 “A química dentro de

um bolo “disposto no LOR da Labvirt – USP.

Comportamentalista (SIM) (NÃO)

O Objeto apresenta o conteúdo em pequenas seções? X

Existe algum tipo de avaliação ao final de cada seção? X

Quando a resposta é correta, existe algum tipo de reforço positivo? X

É possível avançar mesmo se a resposta estiver errada? X

O Objeto favorece a memorização? X

Quando erra, o aprendiz é obrigado a retroceder? X

Construtivista (SIM) (NÃO)

O objeto promove a reflexão, como fazer comparações, levantar hipóteses?

X

Existem exercícios propostos no objeto que favoreçam a reflexão? X

O objeto possibilita que o aprendiz navegue por mais de um caminho?

X

Possibilita que o aluno retorne a atividades já feitas para que reveja situações anteriores?

X

Estimula o aprendiz a buscar mais informações, fornecendo links ou indicações de outros materiais?

X

Sócio- Interacionista (SIM) (NÃO)

O Objeto conduz o aprendiz a debates com os colegas ou professor sobre os conteúdos abordados?

X

Existem ferramentas de comunicação que promovam a interação? X

Quadro 10 - Análise da concepção epistemológica comportamentalista, construtivista e sócio - interacionista no OA2” A química dentro de um bolo “. Fonte: pesquisador

78

O OA2 “A química dentro de um bolo”, pertencente à Labvirt, apresentou em sua

análise (quadro 10), todas as evidências que o credenciam a uma concepção de

abordagem comportamentalista segundo critérios adotados por Santos (2013).

Apresenta o conteúdo da Lei das Proporções Definidas de Proust de forma breve na

forma de seções resumidas. Após executar o exercício proposto para o balanceamento

da equação, o aluno é avaliado através de um botão que confirma o acerto ou erro por

parte do aluno. Em caso de acerto do balanço da equação, o aluno recebe um

incentivo ou elogio positivo e ganha o direito de avançar para o próximo nível ou

exercício. Se ocorrer um erro no balanço da equação, ele será obrigado a retroceder e

refazer o balanço da equação proposta.

Favorece a memorização do aluno, uma vez que os exercícios propostos são do

tipo certo ou errado e não despertam a curiosidade e disposição para pesquisa. Há

somente uma exceção no exemplo de um exercício sobre proporções, no qual o aluno

é levado à reflexão para resolvê-lo, que é o caso da proporção estabelecida entre os

ingredientes para a produção de bolos. Nele, o aluno deve aplicar seu conhecimento

sobre a Lei das Proporções Definidas de Proust, segundo a qual deve haver uma

proporção constante e definida entre os reagentes e produtos de uma equação.

Não favorece o desenvolvimento do raciocínio lógico e reflexão por parte do

aluno em praticamente nenhum dos exercícios propostos, exceto no exemplo citado

anteriormente. Contrapõe-se à concepção construtivista, que valoriza múltiplos

caminhos para se chegar à resolução de um determinado problema. No caso do

exemplo de exercício citado anteriormente, que favorece a reflexão por parte do aluno,

poderá (SIM) ou (NÃO) ocorrer um debate com seus colegas e com o professor sobre o

conteúdo, ou seja, se o aluno apresentar dúvidas sobre a Lei de Proust, poderá ou não

levar esse fato a um debate com seus colegas e com a participação do professor.

O OA2 não apresenta ferramentas de comunicação como chats e fóruns que

permitam a interação entre os alunos, com maior participação dos mesmos no

processo de aprendizagem. Por não apresentar ferramentas de interatividade, não

incentiva a formação de grupos.

79

O Quadro 11. Apresenta a análise da concepção epistemológica de abordagem

comportamentalista, construtivista e sócio - interacionista do OA3 “Simulation /

Balancing- chemical- equations” disposto no LOR da Phet Interactive Simulation.

Comportamentalista (SIM) (NÃO)

O Objeto apresenta o conteúdo em pequenas seções? X

Existe algum tipo de avaliação ao final de cada seção? X

Quando a resposta é correta, existe algum tipo de reforço positivo? X

É possível avançar mesmo se a resposta estiver errada? X

O Objeto favorece a memorização? X

Quando erra, o aprendiz é obrigado a retroceder? X

Construtivista (SIM) (NÃO)

O objeto promove a reflexão, como fazer comparações, levantar hipóteses?

X

Existem exercícios propostos no objeto que favoreçam a reflexão? X

O objeto possibilita que o aprendiz navegue por mais de um caminho?

X

Possibilita que o aluno retorne a atividades já feitas para que reveja situações anteriores?

X

Estimula o aprendiz a buscar mais informações, fornecendo links ou indicações de outros materiais?

X

Sócio- Interacionista (SIM) (NÃO)

O Objeto conduz o aprendiz a debates com os colegas ou professor sobre os conteúdos abordados?

X

Existem ferramentas de comunicação que promovam a interação? X

Quadro 11 - Análise da concepção epistemológica comportamentalista, construtivista e sócio - interacionista no OA3 “Simulation / Balancing- chemical- equations” . Fonte: pesquisador

80

O OA3 analisado é pertencente ao repositório da Phet, que é mantido pela

Universidade do Colorado (EUA) e apresenta versão para o português. O quadro 11

demonstra a análise realizada utilizando-se como referencial teórico Santos (2013). O

OA3 não apresenta nenhum tipo de informação sobre o conteúdo de balanceamento de

equações químicas.

O aluno é avaliado após a execução de cada balanceamento através de um

botão, por meio do qual se determina o acerto ou erro do exercício. Em caso de acerto

do balanceamento, o aluno recebe um elogio positivo e parte para o balanceamento do

exercício seguinte, não sendo necessário retroceder em caso de erro. Favorece a

memorização do aluno, pois os exercícios propostos são de forma objetiva (certo ou

errado) e não possibilitam uma abertura para a discussão e pesquisa.

Não favorece o debate entre os colegas ou entre os mesmos e o professor, uma

vez que os exercícios propostos no objeto apresentam respostas objetivas, não abrindo

espaço para que haja um debate e, consequentemente, a promoção de uma

aprendizagem colaborativa, com construção do conhecimento coletivo. Não apresenta

ferramentas de comunicação que permitam a interação entre os alunos, não

incentivando a formação de grupos. O OA3 não apresenta caminhos alternativos para

resolução dos exercícios, desta forma, não favorece o desenvolvimento do raciocínio

lógico.

Portanto, através do exposto acima fica evidenciado que o OA3 foi construído

dentro de uma concepção epistemológica de abordagem comportamentalista, conforme

referencial teórico explicitado em Santos (2013).

81

O Quadro 12. Apresenta a análise da concepção epistemológica de abordagem

comportamentalista, construtivista e sócio - interacionista do OA4 “Balanceamento de

Equações Químicas” disposto no site do Centro de Divulgação Cientifica e Cultural)

CDCC – USP.

Comportamentalista (SIM) (NÃO)

O Objeto apresenta o conteúdo em pequenas seções? X

Existe algum tipo de avaliação ao final de cada seção? X

Quando a resposta é correta, existe algum tipo de reforço positivo? X

É possível avançar mesmo se a resposta estiver errada? X

O Objeto favorece a memorização? X

Quando erra, o aprendiz é obrigado a retroceder? X

Construtivista (SIM) (NÃO)

O objeto promove a reflexão, como fazer comparações, levantar hipóteses?

X

Existem exercícios propostos no objeto que favoreçam a reflexão? X

O objeto possibilita que o aprendiz navegue por mais de um caminho?

X

Possibilita que o aluno retorne a atividades já feitas para que reveja situações anteriores?

X

Estimula o aprendiz a buscar mais informações, fornecendo links ou indicações de outros materiais?

X

Sócio- Interacionista (SIM) (NÃO)

O Objeto conduz o aprendiz a debates com os colegas ou professor sobre os conteúdos abordados?

X

Existem ferramentas de comunicação que promovam a interação? X

Quadro 12 - Análise da concepção epistemológica comportamentalista, construtivista e sócio - interacionista no OA4 “Balanceamento de Equações Químicas”. Fonte: pesquisador

82

O OA4 “Balanceamento de Equações Químicas”, pertencente ao site do Centro

de Divulgação Cientifica e Cultural (CDCC) da USP e analisado no quadro 12, foi

construído dentro de uma concepção epistemológica de abordagem

comportamentalista, utilizando o referencial teórico proposto por Santos (2013).

Apresenta informações em seções breves e resumidas sobre as etapas para o

balanceamento de uma equação química, podendo ou não ser acessadas pelo aluno.

O aluno é avaliado e julgado após cada seção ou exercício através de um botão que

confirma se o balanceamento foi realizado de forma correta ou incorreta. Em caso de

acerto, o aluno recebe um elogio um estimulo positivo. O aluno consegue avançar para

o próximo exercício mesmo se sua avaliação apresentar resultado incorreto, não

havendo a necessidade de o aluno retroceder quando erra. Favorece a memorização

do aluno, uma vez que os exercícios propostos são do tipo certo ou errado e não

despertam a curiosidade e disposição para pesquisa. Não favorece o debate e a

pesquisa, e não apresenta interatividade com uso de chats e fóruns de discussão.

Apresenta a possibilidade de retornar a questões já resolvidas e rever o

balanceamento das equações. Não favorece o desenvolvimento do raciocínio lógico e

reflexão por parte do aluno em nenhum dos os exercícios propostos.

83

O Quadro 13. Apresenta a análise da concepção epistemológica de abordagem

comportamentalista, construtivista e sócio - interacionista do OA5 “Química Avançada”

disposto no site Química Avançada.

Comportamentalista (SIM) (NÃO)

O Objeto apresenta o conteúdo em pequenas seções? X

Existe algum tipo de avaliação ao final de cada seção? X

Quando a resposta é correta, existe algum tipo de reforço positivo? X

É possível avançar mesmo se a resposta estiver errada? X

O Objeto favorece a memorização? X

Quando erra, o aprendiz é obrigado a retroceder? X

Construtivista (SIM) (NÃO)

O objeto promove a reflexão, como fazer comparações, levantar hipóteses?

X

Existem exercícios propostos no objeto que favoreçam a reflexão? X

O objeto possibilita que o aprendiz navegue por mais de um caminho?

X

Possibilita que o aluno retorne a atividades já feitas para que reveja situações anteriores?

X

Estimula o aprendiz a buscar mais informações, fornecendo links ou indicações de outros materiais?

X

Sócio- Interacionista (SIM) (NÃO)

O Objeto conduz o aprendiz a debates com os colegas ou professor sobre os conteúdos abordados?

X

Existem ferramentas de comunicação que promovam a interação? X

Quadro 13 - Análise da concepção epistemológica comportamentalista, construtivista e sócio - interacionista no OA5 “Química Avançada”. Fonte: pesquisador

84

O OA5 “Química Avançada”, disposto no site que leva seu nome, respondeu

positivamente a maioria das questões (quadro 13), que segundo o referencial teórico

de Santos (2013) o caracterizam como pertencente à concepção epistemológica de

abordagem comportamentalista, que fundamentou sua construção. Apresenta em seu

site, o conteúdo de balanceamento de equações químicas de forma breve e resumida,

sendo o acesso ao conteúdo opcional. O aluno é avaliado e julgado, após realizar

cada exercício proposto através de um botão que confirma se a resposta está certa ou

errada. Em caso de acerto, o aluno recebe um elogio um estimulo positivo por ter

acertado ao exercício. Os exercícios propostos apresentam respostas objetivas como

correta ou incorreta, desta forma, não despertam o interesse do aluno em buscar novas

informações e de pesquisar, favorecendo então, o processo de memorização por parte

do aluno. O aluno consegue avançar para o próximo exercício, mesmo se sua resposta

estiver incorreta, desta forma, não precisa retroceder caso erre. Não apresenta chats e

fóruns de discussão que promovam a interatividade e maior participação do aluno,

portanto não incentiva a formação de grupos e debates com o professor.

Apresenta a possibilidade de retornar a questões já resolvidas e rever o

balanceamento das equações.

Não favorece a reflexão por parte do aluno, visto que os exercícios apresentam

um único caminho para sua resolução e, desta forma, não promove o desenvolvimento

do raciocínio lógico.

85

O Quadro 14. Apresenta a análise da concepção epistemológica de abordagem

comportamentalista, construtivista e sócio - interacionista do OA6 “Chembalancer”

disposto em site e de autoria de Sulan Dun.

Comportamentalista (SIM) (NÃO)

O Objeto apresenta o conteúdo em pequenas seções? X

Existe algum tipo de avaliação ao final de cada seção? X

Quando a resposta é correta, existe algum tipo de reforço positivo? X

É possível avançar mesmo se a resposta estiver errada? X

O Objeto favorece a memorização? X

Quando erra, o aprendiz é obrigado a retroceder? X

Construtivista (SIM) (NÃO)

O objeto promove a reflexão, como fazer comparações, levantar hipóteses?

X

Existem exercícios propostos no objeto que favoreçam a reflexão? X

O objeto possibilita que o aprendiz navegue por mais de um caminho?

X

Possibilita que o aluno retorne a atividades já feitas para que reveja situações anteriores?

X

Estimula o aprendiz a buscar mais informações, fornecendo links ou indicações de outros materiais?

X

Sócio- Interacionista (SIM) (NÃO)

O Objeto conduz o aprendiz a debates com os colegas ou professor sobre os conteúdos abordados?

X

Existem ferramentas de comunicação que promovam a interação? X

Quadro 14 - Análise da concepção epistemológica comportamentalista, construtivista e sócio - interacionista no OA6 “Chembalancer”. Fonte: pesquisador

86

O OA6 “Chembalancer”, que foi analisado no quadro 14, apresenta concepção

epistemológica de abordagem comportamentalista que fundamentou sua construção.

Apresenta as etapas do balanceamento de uma equação química de forma resumida e

breve, que poderão ou não ser acessadas pelo aluno. Após resolver cada exercício, o

conhecimento do aluno é avaliado e testado através de um botão que verifica se a

resposta está correta ou não. Em caso de acerto, o aluno recebe um elogio. O

processo de memorização do aluno é valorizado, uma vez que os exercícios propostos

são objetivos com respostas fechadas como certo ou errado e não despertam a

curiosidade e o interesse pela pesquisa, os exercícios propostos apresentam um único

caminho para sua resolução, não promovendo o desenvolvimento do raciocínio lógico.

Em caso de erro, o aluno fica impossibilitado de seguir para o próximo exercício

sendo obrigado a retroceder, desta forma, não consegue voltar a exercícios anteriores

e rever o que foi realizado.

Não apresenta interatividade e incentivo à formação de grupos com

comunicação entre alunos e os mesmos com o professor, desta maneira, não

apresenta ferramentas que promovam a discussão, o debate e a troca de informações

como chats e fóruns por exemplo.

Como podemos observar nesses quadros, os OA analisados foram

construídos, de acordo com a nossa análise a partir dos critérios descritos por Santos

(2013), dentro de uma concepção epistemológica de abordagem comportamentalista,

pois responderam (SIM) a praticamente todas as perguntas que caracterizam esta

concepção.

Como descrito anteriormente, nessa concepção a aprendizagem ocorre a partir

da relação estímulo/resposta. Para nós, quando trabalhamos com OA, o estímulo é a

TDIC, especificamente o computador e suas animações.

Como vimos nesses quadros as questões descritas por Santos (2013) essa

concepção apresenta um conteúdo fragmentado. Essa fragmentação é descrita por

Skinner como favorável à aprendizagem. Para ele, os conteúdos devem ser

organizados por pequenos tópicos ensinados passo a passo. Após o término de um

tópico, deve-se apresentar uma avaliação com informações corretas e incorretas. Se o

aluno não responder corretamente, deve voltar ao tópico anterior.

87

Em geral, esses tópicos obedecem a uma sequência de pré-requisitos; cada

uma é condição para a próxima e são programadas de modo que o aprendiz as supere

sem grandes dificuldades (MOREIRA, 2009).

Entretanto, na teoria construtivista, essa fragmentação poderá levar a uma

aprendizagem se este fizer sentido para o aluno, ou seja, se trouxer situações vividas

no seu cotidiano, pois assim ele poderá relacionar esse novo conhecimento com

aquele já existente na sua estrutura cognitiva. Caso contrário, favorecerá a uma

aprendizagem memorística, a qual, segundo Moreira e Masini (2006), ocorre quando o

material utilizado pelo aluno apresenta novas informações com pouca ou nenhuma

associação de conceitos relevantes a sua estrutura cognitiva pré-existente. Nesse

sentido, não agrega novas informações, novos conhecimentos, se tornando uma

aprendizagem repetitiva e que valoriza a memorização do conteúdo.

Desta forma, para que o processo de aprendizagem se consolide de forma

satisfatória, é importante que se faça um levantamento prévio dos conhecimentos

adquiridos pelos alunos. No caso dos OA envolvendo o conteúdo de balanceamento de

equações químicas, devemos levar em consideração que, para a resolução das

questões propostas nos mesmos, o aluno deverá apresentar conhecimentos prévios

sobre funções inorgânicas (ácidos, sais, bases e óxidos), das leis da conservação das

massas de Lavoisier e das proporções definidas de Proust já mencionadas

anteriormente. Nesse sentido, o conhecimento prévio que o aluno tem sobre esses

conteúdos será condição imprescindível para a construção do saber e, portanto, é

fundamental que o aluno tenha espaço e liberdade para explicitá-los.

Como descrevem Lara e Souza (2009), uma intervenção didática que valorize o

discurso dos alunos, a interação entre os mesmos e também entre eles e o professor,

pode facilitar esse processo de relacionar a nova informação com aquela já existente, a

qual é definida por Ausubel (apud MOREIRA, 1982), como subsunçor.

O subsunçor é, portanto, um conhecimento estabelecido na estrutura cognitiva

do indivíduo que aprende e que permite, por interação, dar significado a outros

conhecimentos. Neste caso, diz-se que houve uma aprendizagem significativa. De

acordo com Ausubel (apud MOREIRA, 1982), esse tipo de aprendizagem é um

88

processo por meio do qual uma nova informação se torna relevante para o indivíduo,

sendo incorporada a sua estrutura do conhecimento.

Moreira (2013) relata que deve haver três condições que são básicas para que a

aprendizagem seja significativa para o aluno uma delas é a sua vontade de aprender

determinado conteúdo; outra é a existência de conhecimentos prévios como citado

acima; e a terceira é quanto à apresentação do material a ser estudado, ou seja, esse

deve ser potencialmente significativo e deve ser construído levando em consideração a

diferenciação progressiva e a reconciliação integrativa.

Na diferenciação progressiva os conceitos vão passando por um processo

evolutivo e crescente, fazendo com que cada um possa gerar novos significados ligado

a um ou vários conceitos, ou seja, a organização sequencial dos conteúdos deve ser

desenvolvida partindo dos conceitos mais gerais até chegar às questões mais

específicas e a reconciliação integrativa consiste no delineamento das relações entre

as diferenças e semelhanças dos conceitos dentro de um conteúdo (PINTO; AMARAL,

2014). Nos OA analisados essa diferenciação progressiva e a reconciliação integrativa

não foram observadas, evidenciando que o material não é potencialmente significativo,

ou seja, não leva a uma aprendizagem significativa, mas, a uma aprendizagem

mecânica e consequentemente memorística.

A aprendizagem mecânica ou memorística é favorecida por questões objetivas,

como aquelas observadas nos OA analisados, onde o aluno tem uma única resposta,

certa ou errada. Se a resposta for errada, o aluno é impedido de avançar para o

próximo nível. Em caso contrário, receberá um elogio, motivando-o a prosseguir.

Na teoria epistemológica construtivista, o erro é uma importante fonte de

aprendizagem e não deve ser utilizado apenas para verificar o quanto do conteúdo foi

realmente assimilado pelo aluno, como é comum nas práticas comportamentalistas.

Quando o aluno erra, ele deve, a partir desse erro, refletir e ir construindo conceitos.

Portanto, um material educativo que se propõe a ser construtivista deve propiciar ao

aluno a chance de aprender com seus próprios erros (SANTOS, s/d).

Quanto à motivação, o material instrucional, no caso o OA, não deve levar em

consideração somente o acerto da questão. Ele deve trazer explicitamente a

possibilidade do diálogo e de interação. Isto é feito por meio de propostas de exercícios

89

que levem à reflexão, ou seja, que proponha tarefas que levem o aluno a observar

criticamente sua prática e seu contexto.

Como descreve Moreira (2009), aparentemente, não há nada de errado no

enfoque comportamentalista, pois definir objetivos, organizar o ensino, ensinar e avaliar

o alcance dos objetivos parece ser o cotidiano da escola. No entanto, o que se observa

na prática escolar é que esse tipo de comportamento promove o treinamento e não a

aprendizagem; a aprendizagem mecânica ao invés da aprendizagem significativa.

90

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa realizada demonstrou que os seis OA selecionados em repositórios e

sites na Web foram construídos dentro de uma concepção epistemológica de

abordagem comportamentalista, na qual se valoriza a memorização por parte dos

alunos, com a desvalorização de um aprendizado colaborativo.

Verificamos a importância da realização de análises para se determinar a que

concepção epistemológica os OA com o conteúdo de balanceamento de equações

químicas foram construídos. Isto porque, muitas vezes, os modelos de aprendizagem

que são apresentados nos OA, derivam de propostas educativas tradicionais, que

ainda são muito marcantes em nosso ensino. Com uma visão equivocada de ciências,

em específico de química, essas propostas tradicionais apresentam a química como

uma ciência de verdades absolutas sem questionamento e sem levar em consideração

sua contextualização e entendimento da química como uma ciência social, essencial

para a manutenção da vida em nosso planeta.

Chegamos à conclusão de que os OA deveriam ser construídos mediante uma

proposta educativa, levando-se em consideração tendências de ensino mais recentes e

abrangentes sobre o processo de ensino aprendizagem de nossos alunos. Porém,

muitas vezes isto não ocorre, portanto, torna-se importante que se faça uma análise de

âmbito educacional com critérios bem definidos, nos OA construídos, antes mesmo de

sua avaliação de âmbito técnico e sua catalogação em nossos LOR.

Esta análise é muito importante para que o professor conheça a concepção

epistemológica que fundamentou a construção de um determinado OA e, a partir disso,

possa fazer uma reflexão de suas práticas pedagógicas, pois, a concepção

epistemológica é que irá fundamentar a mesma. Dessa forma, o professor poderá

traçar objetivos mais concretos para melhorar a aprendizagem de seus alunos.

91

Este trabalho de pesquisa demonstrou haver uma carência muito grande na

produção de OA com o conteúdo de balanceamento de equações químicas em nossos

LOR, visto que o levantamento feito em seis de nossos principais repositórios

demonstrou que temos apenas três OA que tratam deste conteúdo em específico.

Dessa forma, podemos justificar a carência de trabalhos de pesquisa que realizam

análise nesses OA para se determinar a concepção pela qual foram construídos.

Desta maneira surge outra pergunta a ser respondida que é Por que todos os

OA analisados com o conteúdo de balanceamento de equações químicas foram

construídos dentro de uma concepção epistemológica de abordagem

comportamentalista?

Não temos a resposta ainda para essa pergunta, porém, surge uma hipótese:

Será que os OA com o conteúdo de balanceamento de equações químicas foram

construídos por indivíduos (Professores de química ou químicos) de uma geração

formada pelas concepções epistemológicas de abordagem comportamentalista/

empirista?

Essas perguntas e hipótese poderão ser respondidas em trabalhos de pesquisa

futuros.

Escolhemos pesquisar sobre o conteúdo de balanceamento de equações

químicas devido ao mesmo ser pré-requisito para outros conteúdos da química como,

por exemplo: estequiometria de reação, equilíbrio químico e cálculo da velocidade de

uma reação em cinética química, além deste conteúdo educacional ser de grande

importância no âmbito industrial, onde podemos determinar as quantidades de

reagentes necessárias para a produção de determinada quantidade de produto,

evitando, assim, o desperdício em processos industriais.

Analisamos a pesquisa realizada e chegamos à conclusão de que a contribuição

da mesma seria a própria análise da concepção epistemológica pela qual os OA foram

construídos. Neste trabalho de pesquisa foi realizada a análise das concepções

epistemológicas de material didático (OA), utilizando-se para isso, um referencial

teórico com bases bem organizadas.

92

E para encerrar esta pesquisa, gostaria de deixar algumas sugestões para

futuras pesquisas como pesquisar, junto aos alunos do Ensino Médio, quais os

conteúdos educacionais de química eles apresentam maior dificuldade na

aprendizagem e qual a disponibilidade de objetos de aprendizagem OA nos

repositórios com esses conteúdos educacionais. E pesquisar, junto aos professores de

química no Ensino Médio, quais os conteúdos educacionais de química a serem

trabalhados com os alunos e quais OA eles classificariam como primordiais para cada

tópico em questão.

93

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