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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS UNISANTOS MBA PORTOS E LOGÍSTICA EMPRESARIAL A LOGÍSTICA NACIONAL DE FERTILIZANTES Autor: Eduardo Germano Sicuro Orientador: Eduardo Martins Fernandes Paranaguá 2008

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Page 1: UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS · possibilidade de ocorrência de uma crise no setor logístico em geral. A relação entre a quantidade importada de insumos do fertilizante é

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SANTOS

UNISANTOS

MBA PORTOS E LOGÍSTICA EMPRESARIAL

A LOGÍSTICA NACIONAL DE FERTILIZANTES

Autor: Eduardo Germano Sicuro

Orientador: Eduardo Martins Fernandes

Paranaguá

2008

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A LOGÍSTICA NACIONAL DE FERTILIZANTES

Eduardo Germano Sicuro

Monografia submetida ao corpo docente da Universidade Católica de Santos -

UNISANTOS como requisito parcial para a conclusão do MBA PORTOS E

LOGÍSTICA EMPRESARIAL (curso de pós-graduação lato sensu).

Aprovada por:

_________________________________________ Prof. Eduardo Martins Fernandes - Orientador M.Sc. em Administração - COPPEAD/UFRJ

Paranaguá

2008

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FICHA CATALOGRÁFICA

Sicuro, Eduardo Germano. A Logística Nacional de Fertilizantes / Eduardo Germano Sicuro - Paranaguá, 2008. viii, 58f.: il. Monografia MBA Portos e Logística Empresarial – Universidade Católica de Santos – UNISANTOS, 2007. Orientador: Eduardo Martins Fernandes 1. Logística. 2. Fertilizantes 3. Comércio Exterior. I. Fernandes, Eduardo Martins (Orient.). II. Universidade Católica de Santos. III. A Logística Nacional de Fertilizantes.

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DEDICATÓRIA

Dedico ao amigo João Joaquim Martins que despertou meu interesse

pelo assunto.

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AGRADECIMENTOS

Aqueles que de alguma forma foram pacientes e compreensivos durante

a evolução deste estudo e que puderam contribuir, seja apenas silenciando ao

meu lado ou levantando críticas construtivas para a melhoria dos assuntos

abordados. Em especial a minha namorada Stephanie que participou em

grande parte das minhas idéias e dúvidas e que principalmente ficou do meu

lado. Dedico também a minha irmã que com sua calma e paciência soube me

orientar com sua experiência nos momentos de indecisão e que fizeram a

diferença ao expressar minhas idéias. Ao meu orientador Eduardo Fernandes

que soube no momento certo identificar as falhas e dar um rumo certo ao

trabalho com suas críticas e opiniões sempre coerentes e construtivas.

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RESUMO

A logística nacional é por si só um gargalo que pode ser estancado com

o passar do tempo e com a busca contínua da melhoria dos processos

existentes atualmente. A acelerada expansão econômica prevista para os

próximos anos e as deficiências técnica e financeira existente leva a prever a

possibilidade de ocorrência de uma crise no setor logístico em geral. A relação

entre a quantidade importada de insumos do fertilizante é diretamente

proporcional à quantidade produzida dos produtos agrícolas, o que faz reforçar

a idéia de que o setor logístico deve acompanhar o crescimento agrícola

nacional. No entanto, as empresas devem preocupar-se em acompanhar este

crescimento com capilaridade suficiente objetivando oferecer serviços

integrados a preços customizados. A prestação de serviço no setor de

movimentação de granéis é estratégica e pode proporcionar ganhos de escala

para aquele que tiver os processos mais enxutos, sincronizados e dedicados.

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ABSTRACT

Brazilian Logistic by itself is a problem that could be solved by passing the

time and developing the ongoing procedures. The fast growth estimated for the

next few years, technical and financial problems catch us to predict a general

black out on logistic sector. What remind us to think that logistic structure has to

walk side by side with agriculture development is the relation between quantities

of fertilizer imported is sternly proportional to quantity produced of agricultural

produce. Intending to offer singular and efficient products with low costs and

good prices, companies have to start following this growth. The logistic of bulk

cargos is strategic and can provide immense incomes for those with dedicated,

synchronized and line up procedures.

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LISTA DE FIGURA, GRÁFICOS E QUADRO

FIGURA I – EVOLUÇÃO DA IMPORTAÇÃO DE FERTILIZANTES ............... 23

FIGURA II – CICLO DA FERTILIDADE............................................................ 33

GRÁFICO I – MARKET-SHARE DAS EMPRESAS MISTURADORAS ..... 40

GRÁFICO II – CONSUMO APOS PRIVATIZAÇÃO ..................................... 45

GRÁFICO III – PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA vs CONSUMO DE FERTILIZANTES .................................................................. 46

GRÁFICO IV – VENDAS DE FERTILIZANTES 2000-2010 .......................... 50

QUADRO I – GRAU DE INTEGRAÇÃO .......................................................... 35

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 1

1. A LOGÍSTICA .............................................................................................. 4

1.1. OS CUSTOS LOGÍSTICOS ................................................................. 6

1.2. MODAIS DA LOGÍSTICA ................................................................... 12

1.2.1 MODAL FERROVIÁRIO ............................................................ 15

1.2.2 MODAL RODOVIÁRIO ............................................................ 17

1.2.3 MODAL AQUAVIÁRIO ............................................................. 18

1.3. MULTIMODALIDADE E LOCALIZAÇÃO ........................................... 22

1.4. MOVIMENTAÇÃO DE ESTOQUE ..................................................... 27

1.5. SISTEMAS DE IMFORMAÇÃO ......................................................... 29

2. O FERTILIZANTE ..................................................................................... 32

2.1. CARACTERÍSTICA DO SETOR ........................................................ 34

2.2. GRANDES GRUPOS ........................................................................ 37

2.3. HISTÓRICO DO SETOR .................................................................. 42

3. FATORES INFLUENTES NO CONSUMO ................................................ 44

4. PANORAMA DO CONSUMO ATUAL ....................................................... 49

CONCLUSÃO ................................................................................................. 52

BIBLIOGRAFIA .............................................................................................. 56

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INTRODUÇÃO

O Brasil é por formação geográfica e cultural um país voltado ao cultivo

da terra e à extração dos produtos por ela fornecidos e cultivados, pois desde

os tempos da colonização ele foi considerado como um fornecedor de produtos

agrícolas e seus derivados. Com as perspectivas de crescimento da população

mundial a fórmula é simples, o país que tiver a maior parte de terra produtiva

apresenta uma grande vantagem competitiva perante os demais na hora de

produzir e vender.

O que se pode perceber é um grande incentivo por parte das políticas

governamentais ao desenvolvimento agrário nacional que desenvolvidas e

divulgadas nos governos anteriores e no atual, pode-se afirmar que em

nenhum outro momento o país esteve tão voltado à competitividade

internacional.

Existe um outro lado que se refere a toda uma estrutura necessária para

fazer com que o país seja competitivo naquilo que se propõe a fazer de melhor.

Esta estrutura é a logística, que envolve todos os elos da malha complexa que

todo o processo está inserido, desde a logística de informações dos

processamentos de pedidos até a logística de materiais na entrega ao

consumidor final. O melhor aproveitamento do solo, através dos trabalhos de

pesquisa e extensão rural envolvendo técnicas de manejo e conservação do

solo, desenvolvimento de novas formas produtivas e a racionalidade no uso de

insumos agrícolas, também permitiu um avanço na competitividade nacional no

mercado de produção agrícola.

Este trabalho visa explorar e identificar aspectos da logística de

operações internacionais abrangendo a movimentação de fertilizantes,

apontando alguns conceitos fundamentais da logística e atividades da

movimentação de produtos em transito internacional como, por exemplo,

importância dos custos logísticos, a necessidade e definição do multimodalismo

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juntamente com o conceito de localização, necessidade de estoque e a

importância estratégica dos sistemas de informação na otimização do tempo de

tomada de decisões.

Será abordada a necessidade de melhorias no sistema logístico em

geral, apresentando dificuldades em que as matrizes envolvidas neste

processo se encontram e que investimentos devem ser feitos para que os

principais gargalos sejam eliminados em prol do desenvolvimento sustentável

do setor. Neste sentido o porto de Paranaguá é citado, pois se encontra em

localização estratégica porem devido à falta de investimentos, a nível nacional,

perde parcelas preciosas de mercado para portos concorrentes.

O seguinte tema a ser abordado é o conceito do Fertilizante e sua

relação com a atividade agrícola nacional. Serão citados os principais

produtores mundiais desse produto e como as empresas desse setor se

comportam quanto à detenção dos processos produtivos definindo o grau de

integração das atividades. Será apresentado um breve histórico do setor

produtivo nacional e as mudanças ocorridas com a abertura da economia

nacional ao mercado externo.

Serão citados alguns fatores que influenciam direta ou indiretamente o

consumo de fertilizantes, como, a relação entre a quantidade utilizada de

fertilizante e o tamanho da área utilizada para plantio e como as entidades de

pesquisa e divulgação de resultados são importantes nesse momento.

Por último será passado um panorama do consumo atual de fertilizantes

e uma previsão do potencial de consumo em território nacional.

Na intenção de unificar os temas da Logística de Operações

Internacionais com um produto específico no caso Fertilizante, este trabalho

busca facilitar o acesso de informações aos interessados no setor de

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Importação, Distribuição e Aplicação de Fertilizantes, limitando-se às

informações de mercado e revisões bibliográficas disponíveis para consulta.

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1 – A Logística

Um dos principais objetivos deste trabalho será tratado neste capitulo e

será procedido de estudos voltados para a movimentação de graneis,

especificamente o fertilizante. Basicamente a logística de fertilizantes está

ligada à mensuração dos custos envolvidos, movimentação portuária,

transporte terrestre, tramite internacional devido à carga ser proveniente de

outros países, administração de estoque e por final logística de informações

devido às distancias envolvidas e agilidade necessária.

Quando falamos em logística, muitas vezes a primeira imagem que nos

vem à mente é transporte de carga, o que passa um entendimento errado do

termo logístico. Apesar de estar extremamente presente, o transporte é apenas

um elo complexo deste conceito que pode ser definido segundo Bowersox e

Closs (2001) como a integração de informações, transporte, estoque,

armazenamento, manuseio de materiais e embalagem, objetivando tornar

disponíveis produtos e serviços no local onde são necessários, no momento

em que são desejados.

O estudo da logística torna-se um fator estratégico quando levado como

atividade que agrega valor ao produto final e quando bem administrada permite

oportunidades de negócio que fazem a diferença perante a concorrência. Um

outro conceito para a logística pode ser colocado como o conjunto de

atividades direcionadas para agregar valor ao fluxo de materiais do inicio ao fim

da atividade produtiva e ainda ao consumidor final, garantindo o suprimento na

quantidade certa, de maneira adequada, assegurando sua integridade a um

custo razoável, no tempo possível e atendendo a todas as necessidades do

cliente. (RODRIGUES, 2002)

A logística fica ainda mais complexa quando incluímos atividades

relacionadas ao comercio internacional. Neste caso, obviamente novos fatores

são inseridos na cadeia de suprimentos como variedade cambial, políticas

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econômico-tributárias dos países envolvidos, barreiras alfandegárias, restrições

e ou incentivos, meios de transporte e comunicação, infra-estrutura, além da

diversidade cultural. Pelo fato de novos elos serem inseridos na cadeia

logística, novos custos também são onerados e a administração racional

destas atividades torna-se ferramenta estratégica para uma boa colocação e

diferenciação no mercado. (RODRIGUES, 2002)

As operações internacionais tornam-se necessárias, pois as empresas

que querem expandir suas atividades na intenção de crescer e sobreviver

muitas vezes não encontra outra saída senão partirem para um mercado

globalizado. O fato da necessidade de novos mercados serem explorados faz

com que a complexidade aumente, aumentando as incertezas e diminuindo a

capacidade de controle. Isso tudo em virtude de distancias maiores, ciclos mais

longos e menor conhecimento do mercado. (BOWERSOX E CLOSS, 2001)

O comércio exterior ou as operações internacionais pode ser definido

como a compra, venda e troca de bens e serviços, bem como de circulação de

capitais e de mão-de-obra entre países. Pode ainda representar em maior ou

menor grau o diferencial entre países, pois quanto maior a integração entre os

povos maior pode ser o benefício na troca, produção e recebimento de

mercadorias. (KEEDI, 2004)

Segundo ainda S. Keedi (2004), através da exportação um determinado

país procura escoar o excedente da sua produção visando aumentar a sua

parcela de participação no mercado mundial. Na importação por sua vez o país

procura obter produtos que ele não tem condições ou não tem interesse em

produzir suprindo as necessidades e interesses da própria população.

Cabe ressaltar ainda que a determinação da competitividade de uma

mercadoria ocorre no destino final e quando comparados os preços finais ao

consumidor. A mais competitiva é a que apresenta o menor preço, ainda mais

com o fenômeno da globalização que reduziu as distancias em termos de

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qualidade e tempo de entrega, os custos logísticos devem ser cada vez mais

enxutos tornando assim as transações internacionais viáveis e lucrativas.

Quando falamos em administração de preços obviamente devemos

lembrar da administração de todos os custos envolvidos no processo. O

administrador que se mostrar mais eficiente e eficaz em toda a cadeia possuirá,

além do conhecimento minucioso do processo por ter estudado os custos

inerentes à atividade, uma probabilidade maior de sucesso perante os demais

players da atividade.

A administração de todos os fatores citados acima faz com que uma

empresa se destaque mais do que a outra em um mercado global. Assim,

oportunidades de crescimento aparecem e devem ser potencializadas com as

ferramentas de gerenciamento (Capital Intelectual, Estudo dos Ambientes

Interno e Externo, Conhecimento da Operação e Gerenciamento da

Informação) estudadas até os dias atuais e aproveitadas pelos interessados na

área de logística e comercio internacional, viabilizando oportunidades de

negócio e interligando cada vez mais as diferentes atividades do globo.

1.1 - Custos Logísticos

O estudo dos custos logísticos torna-se muito amplo quando tratado a

nível internacional, ou seja, para aquelas empresas que buscam um

levantamento de todos os custos envolvidos no processo de importação e

exportação devem estar preparados para uma temporada de estudos e, além

disso, estarem cientes de que ao final corre o risco de terem um valor elevado.

Com um processo de globalização cada vez mais acentuado e ainda

aliado ao desenvolvimento acelerado dos meios de comunicação não somente

a economia brasileira, mas outras economias emergentes passam a buscar

alternativas para sobreviver. Uma das alternativas encontradas é a mudança

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da utilização do conceito da visão da administração de custos um pouco

defasada e antiga para um modelo voltado para a visão gerencial e mais

competitiva.

A analise de custos é tradicionalmente conhecida e praticada como

sendo o processo de avaliação do impacto financeiro das decisões gerenciais

alternativas, ou seja, simplesmente analisam e aferem os gastos sem a

preocupação de melhorá-los ou reduzi-los. Uma visão mais atual da

abordagem inicial é a gestão estratégica de custos, onde um controle mais

efetivo deve ser realizado na intenção de nortear a empresa sobre seus

concorrentes. (PEREZ JR. OLIVEIRA E COSTA, 2003)

Empresas que procuram ser mais competitivas devem buscar a visão

mais atual conforme citado no parágrafo anterior, tornando-se assim

conhecedoras de todas as variáveis inerentes ao processo que estão inseridas.

Através de ferramentas de controle e sistemas de informação desenvolvidos

para sua própria atividade e necessidade, a busca pela melhoria dos processos

de redução de gastos fica cada vez mais presente em empresas com aquela

visão.

A coleta de dados deve ser relativa ao processo ao qual a empresa está

inserida, do contrário um levantamento equivocado poder levar o negócio à

inviabilidade. Algumas empresas vendem somente para uma determinada

região do mercado nacional e ainda por um único canal de distribuição,

enquanto outras exportam seus produtos e peças para vários países através de

diferentes canais. As situações são diversas e os níveis de serviços são

requeridos ao menor custo possível. Evidentemente que cada processo

logístico (abastecimento, processos alfandegários, distribuição etc.) deve ser

analisado individualmente na intenção de ser otimizado e saber qual é o seu

real impacto no custo final do produto entregue. (FARIA E COSTA, 2005)

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Como a intenção deste trabalho está voltada ao comércio internacional

no caso do fertilizante, uma gama enorme de custos estão inseridos no

processo. Os principais que podem ser citados são os custos ligados ao

transporte, tanto marítimo como terrestre. Fica evidente destacar que os custos

ao serem mensurados devem ser considerados em todas as etapas do

processo, na etapa de exportação ou País de origem, no transporte marítimo e

na fase de importação ou pais de destino.

Na etapa de exportação/País de origem e na importação/País de destino

os custos podem ser os mesmos, porém com valores extremamente distintos

devido ao ambiente econômico ser distinto. Os principais custos destas etapas

podem variar conforme a solução logística encontrada tanto pelo

exportador/vendedor como pelo importador/comprador como sendo aquela

menos onerosa ao processo.

A possibilidade de alternativas de serviços logísticos é relativamente

grande devido a diversas combinações de serviços possíveis. Os custos

logísticos estão diretamente ligados à combinação destes serviços e muitas

vezes algumas combinações sobressaem sobre outras devido a vantagens

tarifárias existentes, definindo assim os preços que um operador logístico

precisa pagar e cobrar pelo transporte ou processo em si. (BALLOU, 2006)

Dentre os custos relativos às etapas citadas nos parágrafos anteriores,

podemos citar os custos de transporte rodoviário e/ou ferroviário dependendo

da combinação logística praticada pelo exportador/importador. Estes custos

são compreendidos basicamente por variáveis como consumo de combustível,

desgaste do equipamento, mão-de-obra envolvida no processo, manutenção

de ferrovias por parte das concessionárias, custos de transbordo de uma modal

para outro, custos de armazenagem caso necessário, impostos a serem pagos

e outros custos logísticos inerentes a algum processo especifico.

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Seguindo ainda a mesma linha de raciocínio de que os custos logísticos

do comércio exterior podem proceder de uma variedade enorme de serviços de

diversas naturezas, a identificação do valor médio unitário para cada tipo de

despesa é extremamente difícil tendo em vista as diversas variáveis que

interferem em sua determinação, dentre as mais importantes, as características

de cada produto, seu valor médio por tonelada, acondicionamento e a forma de

negociação. O tempo é também uma variável fundamental para a definição dos

parâmetros de competitividade e custo total do processo, além de estar

diretamente ligado ao prazo de entrega ao cliente, apresenta uma forte

influencia nos custos de armazenagem que muitas vezes são cobrados por

períodos. (LOPEZ, 2000)

O que acontece com freqüência é uma falha na mensuração do tempo

que o processo num todo pode levar. Atualmente a necessidade de agregar

uma margem de tempo a mais se faz necessária devido à parte do processo de

importação e exportação ser informatizado, o que muitas vezes foge do

controle humano e pode acarretar em atrasos significativos. O contrario

também pode ocorrer através de manifestações do tipo, greves e paralisações

onde o setor público tem grande influencia e pode gerar prejuízos ao

exportador/importador.

Um outro componente do preço final do produto ou mercadoria que é tão

importante quanto os fatores de quantidade e características físicas do produto

é a negociação entre o importador e exportador que é formalizada através de

um contrato. Qualquer que seja o contrato realizado entre as partes o mais

importante é a definição clara das características da operação de acordo com

as qualificações do exportador e/ou importador, detalhamento das

características e identificação do produto, embalagem e acondicionamento

durante o transporte, modalidade de pagamento, prazo e documentos a serem

entregues, condição de compra e venda (Incoterm – International Comercial

Terms) e prazo de validade para as condições oferecidas.

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“Vamos entender os Incoterms como sendo condição de compra

e venda ou condição de “entrega” do bem, que compreende o preço da

mercadoria e o que nele se contém, bem como o local de “entrega”

(local onde o bem será colocado a disposição do comprador) e o

momento em que se dará a transferência da responsabilidade sobre a

carga (critical point)”. (LUNARDI, 2001)

Trata-se de um conjunto de definições que regulamentam e padronizam

algumas perguntas como, quem paga o frete? Quem paga o seguro? Onde

deverão ser entregues as mercadorias?

Em 1990, para facilidade de entendimento, os termos foram

agrupados em quatro categorias diferentes básicas: isto é, começando

com o termo pelo qual o vendedor somente coloca as mercadorias

disponíveis ao comprador na propriedade do vendedor (o termo “E” Na

Origem); seguido pelo segundo grupo com o qual o vendedor é

obrigado a entregar as mercadorias a um transportador indicado pelo

comprador (os termos “F” FCA, FAZ e FOB); continuando com os

termos “C” em que o vendedor tem que contratar o transporte, mas

sem assumir o risco de perda ou dano as mercadorias ou custos

adicionais devidos a eventos ocorridos após o embarque e despacho

(CFR, CIF, CPT e CIP); e finalmente os termos “D” por meio dos quais

o vendedor tem que arcar com todos os custos e riscos necessários

para levar as mercadorias ao local de destino (DAF, DES, DEQ, DDU e

DDP). (INCOTERMS 2000)

A definição das condições e responsabilidades do contrato de compra e

venda dos produtos uma vez estabelecidos pode facilitar e muito as futuras

negociações entre as partes, ficando apenas as exceções de cada caso a

serem tratadas futuramente de acordo com os acontecimentos e interpretações

de cada lado.

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Outro componente dos custos logísticos é a movimentação da carga na

zona portuária ou alfandegada. Agregado ao valor final da mercadoria, pode

muitas vezes inviabilizar uma oportunidade de mercado. As tarifas portuárias

constituem na remuneração pelas vantagens e serviços que o comércio e a

navegação usufruem no terminal portuário ou porto organizado. As estruturas

tarifárias devem ser adequadas e mensuradas aos sistemas dos diversos

portos, assim cabendo a administração de cada porto organizar e fixar tarifas

que devem ser homologadas pelos Conselhos de Autoridades Portuárias

(CAP). (LOPEZ, 2000)

A tarifa portuária pode ser composta de diversos custos que variam

conforme descrito acima de acordo com a análise do CAP de cada zona

portuária. O composto pode compreender os custos de estiva e capatazia,

serviços de movimentação com máquinas e equipamentos, pesagem da carga,

embalagem com diversos tipos de materiais de proteção e acabamento,

armazenagem em câmaras frigoríficas ou pátio aberto, movimentações

adicionais para conferencia física com a inspetoria federal, etc. Citando ainda

que o custo da tarifa portuária é diretamente ligado ao período de tempo que a

mercadoria permanece armazenada no porto. (KEEDI, 2004)

Antes de a mercadoria ser armazenada ou movimentada no seu destino

final em terra, a carga permaneceu sob a responsabilidade do transportador

internacional e obviamente teve que ser coberta por cláusulas de seguro bem

definidas. Essa é a intenção tanto do importador como do exportador, dar a

carga proteção contra danos e perdas enquanto esta permaneça sob a

responsabilidade do transportador ou terceiros. Não é uma atividade

obrigatória, mas de grande valia uma vez que algum dano sofrido pela carga

pode por em risco a continuidade do negócio. Considerando que a

responsabilidade sobre a carga é definida através da negociação e definição do

Incoterm, podemos dizer que se uma carga sofre avaria e não estiver coberta

pelo seguro a responsabilidade pode ser tanto do importador como do

exportador dependendo da negociação realizada previamente. (LOPEZ, 2000)

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Não somente os comerciantes (importador e exportador) realizam o

seguro de suas mercadorias, mas também o transportador opta por estar

coberto por clausulas de seguro. Nestes casos o transportador assegura seus

veículos transportadores das cargas e as próprias cargas contra perdas e

danos. Obviamente que estes custos de seguro estão incluídos na formação de

preço pelos transportadores como também outras variáveis inerentes ao

processo e custo de transporte (combustíveis, tripulação, motoristas,

depreciação, pedágios, documentação e etc.). (KEEDI e MENDONÇA, 2000)

1.2 – Modais da Logística

No setor de fertilizantes todos os modais podem fazer parte do processo

de movimentação de insumos deste produto ou, ainda, prestar suporte quando

for conveniente, proporcionando uma oportunidade de redução de custos. Uma

outra realidade, porém menos vantajosa, seria a dependência gerada pela falta

de alternativas de movimentação entre dois pólos da cadeia.

Segundo Bowersox e Closs (2001), para desenvolver uma estratégia

logística eficaz é necessário observar os fatores econômicos que envolvem o

transporte, dentre eles a distância, volumes, densidade, facilidade de

acondicionamento, facilidade de manuseio, responsabilidade e o mercado.

As atividades que envolvem a logística de fertilizantes devem ser

analisadas em larga escala uma vez que as características deste produto são

de grandes volumes e quantidades na intenção de otimizar custos de

transporte e armazenagem.

Para Chopra e Meindl (2003), ao tomar as decisões relacionadas ao

transporte, os fatores a serem considerados variam de acordo com a

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perspectiva do embarcador ou do transportador. O transportador toma decisões

de investimento ligadas à infra-estrutura do transporte e então toma decisões

operacionais para maximizar o retorno destes ativos. O embarcador por sua

vez, utiliza o transporte para minimizar o custo total, oferecendo ao mesmo

tempo um nível apropriado de responsabilidade ao cliente.

Considerando dois dos critérios adotados na hora da escolha do modal a

ser utilizado como preço/custo e desempenho pode-se dizer que a dimensão

desempenho é medida através do tempo médio de entrega, de sua

variabilidade absoluta e percentual, e do nível médio de perdas e danos que

ocorrem no transporte. O que nota-se é que algumas empresas estão

dispostas a assumir um nível de custo de frete compatível com certo

desempenho, ou seja, interessadas em pagar um pouco mais para ter um

melhor desempenho. (FIGUEIREDO, FLEURY E WANKE, 2003)

Com a intenção de adquirir uma melhor eficiência na atividade de

transporte uma combinação entre eles pode ser uma saída vantajosa. As

formas com que os vários modos de transporte se relacionam podem e devem

ser consideradas válidas. Podendo ser, unimodal (a unidade de carga é

transportada utilizando um único veículo), sucessivo (a unidade da carga

necessita ser transportada por um ou mais veículos da mesma modalidade),

segmentado (a unidade da carga necessita ser transportada por veículos

diferentes de uma ou mais modalidades de transporte com contratos

diferentes) e multimodal (a unidade da carga é transportada em todo o

percurso utilizando duas ou mais modalidades de transporte abrangidas por um

único contrato). (RODRIGUES, 2002)

A multimodalidade citada no parágrafo anterior pode ser considerada

uma atividade vantajosa, pois centraliza as informações em uma única

proposta comercial, gerando uniformidade nas informações e agilizando o

processo como um todo.

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Juntamente com o conceito de multimodalidade cabe ressaltar as

possibilidades que atualmente vem sendo estudadas na intenção de promover

os conceitos envolvidos na logística nacional e internacional visando o

desenvolvimento do setor.

O conceito que vem sendo estudado ao longo dos últimos anos com

base nos mais modernos centros logísticos internacionais é o conceito das

plataformas logísticas. Estas plataformas concentram diferentes atividades que

englobam desde conexões entre os modais de transporte até serviços mais

específicos como identificação e beneficiamento de cargas. No Brasil este

conceito pode ser aplicado a algumas atividades já realizadas em zonas

específicas com as Estações Aduaneiras de Interior – EADI’s, atualmente

conhecidas como Portos Secos. (DUBKE, FERREIRA e PIZZOLATO, 2004)

Porém este conceito ainda pode ser desenvolvido se quisermos

compará-lo aos moldes internacionais como o caso das plataformas logísticas

de Barcelona (ZAL – Zona de Atividades Logísticas) e França (Eurocentre –

Plataforma de Logística Multimodal) onde existem conexões entre o porto e a

malha ferroviária, rodoviária e até aeroviária. (DUBKE, FERREIRA e

PIZZOLATO, 2004)

Este conceito pode ser adaptado à movimentação de fertilizantes na

medida em que um centro logístico com estas características de

multimodalidade fosse adaptado à movimentação de graneis envolvendo os

modais ferroviários, aquaviário e rodoviário em centros estratégicos de

consumo destes produtos.

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1.2.1 - Modal Ferroviário

Realizado por veículos ferroviários agrupados por locomotiva e vagões,

podendo ser totalmente abertos ou totalmente fechados para os mais

diferentes tipos de carga. Transportando basicamente produtos agrícolas como

minérios, fertilizantes e carvão o transporte ferroviário representa uma parcela

pequena no transporte internacional de mercadorias no Brasil, porém uma

relativa importância no transporte interno com aproximadamente 20% da carga

física nacional. Este modal apresenta um contraste com o rodoviário e

assemelha-se ao marítimo devido as grandes quantidades transportadas.

Apresenta como desvantagem, dependendo da região, o tempo médio de

viagem elevado, mas que pode ser diluído se um bom estudo de programação

for elaborado com antecedência. (KEEDI, 2004)

Atualmente o modal ferroviário encontra-se em fase de investimentos e

possíveis melhorias na eficiência operacional. Marcado por problemas

estruturais, obsolescência e precariedade nas vias permanentes, falta de

regulamentação e fiscalização nas zonas urbanas, esta alternativa de

transporte torna-se custosa e obsoleta se investimentos pesados não forem

realizados.

Em contraste a desvantagem das diferentes bitolas entre os países da

América Latina, o transporte ferroviário apresenta como pontos fortes a

capacidade, flexibilidade combinada que no caso do subsistema água-ferrovia

os vagões são transportados em balsas e a velocidade considerada média alta

considerando-se que os trilhos são vias de alta velocidade para os trens.

(SILVA E PORTO, 2003)

O transporte ferroviário torna-se uma alternativa interessante quando um

determinado porto apresenta esta possibilidade. Muitos portos, como o de

Paranaguá, estão limitados na questão rodoviária e vêem como solução o

acesso ferroviário. Mesmo com limitações que podem ser solucionadas, se

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houverem investimentos maciços em tecnologia e infra-estrutura, este setor

tem potencial tornando-se uma vantagem competitiva para aquele que propor

soluções estratégicas.

O processo de privatização das ferrovias abriu boas portas para as

ferrovias brasileiras, o que refletiu em significativas oportunidades para

gerentes de logística em busca de novas soluções para seus problemas de

transporte e logística. Esta, afinal de contas, era uma das principais

justificativas para o processo de privatização. A falta de capacidade de

investimentos por parte do estado, somado a inexistência de incentivos

gerenciais para inovar e melhorar a qualidade de serviços resultou em uma

produtividade muito baixa, preços elevados e serviços fora dos padrões

desejáveis. A expectativa era de que, nas mãos da iniciativa privada, tais

problemas fossem eliminados ao longo do tempo. Passados mais de 10 anos

do início do processo de privatização, verifica-se que tais expectativas vêm se

confirmando apenas parcialmente. A velocidade e extensão das melhorias são

menores de que se imaginava. (ANUT, 2004)

As empresas que atualmente administram as concessões cedidas pelo

Governo apresentam programas de gestão modernos e arrojados, exigindo

assim que os profissionais integrantes do seu quadro de funcionários estejam

sempre atualizados com o que a de mais novo e moderno nas praticas de

gestão. Muitas vezes a própria empresa promove investimentos em capital

humano visando otimizar os recursos em prol da competitividade e

produtividade dos recursos disponíveis.

Sistemas de metas e programas de gestão desafiadores fazem-se

presentes nestas empresas que administram as ferrovias estatais. De certa

forma os programas de gestão estão permitindo que novos perfis de recursos

humanos venham à tona e destaquem-se como mão-de-obra competitiva e

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muitas vezes canibal perante as demais empresas do setor e ate mesmo

setores correlatos ao da logística.

1.2.2 - Modal Rodoviário

Apesar de o modal ferroviário estar apresentando um rápido crescimento

evolutivo nos últimos anos, o verdadeiro carro chefe no cenário nacional é o

transporte rodoviário. Uma das conseqüências deste quadro é que o modal

rodoviário, que deveria se concentrar no transporte de produtos

industrializados, de alto e médio valor agregado, com pequenos volumes e em

rotas de pequena distância, acaba sendo um importante player no transporte

de commodities como soja, fertilizantes e derivados de petróleo.

Existem estudos realizados por instituições internacionais e ratificados

pela Associação Brasileira de Logística que comprovam matematicamente que

em distancias superiores a um raio máximo de 500 km, o transporte rodoviário

torna-se economicamente inviável devido ao alto consumo energético e ainda

segundo o DNER o custo para restauração de 1 km de estrada é de R$ 100 mil

gerando uma demanda anual de despesas da ordem de R$ 530 milhões.

(RODRIGUES, 2002)

Estas características do setor afetam também a estrutura de custos das

empresas transportadoras, encarecendo ainda mais o custo logístico nacional.

Apesar do movimento recente de modernização das empresas de transporte

rodoviário no país, empurradas pelo movimento da logística e dos operadores

logísticos, o segmento esbarra com uma série de problemas estruturais, tais

como:

• Má conservação das estradas;

• Corrupção policial e roubo de cargas;

• Excesso de idade da frota e

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• Tempo excessivamente longo de espera para carregamento e

descarregamento de cargas.

O movimento de privatização das estradas está ajudando a diminuir

alguns destes problemas, mas ainda há muito que fazer. De qualquer maneira,

a expectativa é de que num futuro próximo o transporte rodoviário de carga

perca participação de mercado para outros modais mais adequados ao

transporte de cargas de baixo valor unitário a longas distâncias, como é o caso

do fertilizante. (ANUT, 2004)

Seria interessante que os recursos aplicados pelo governo nestas

estradas antes das privatizações fossem aplicados em outras atividades ainda

relacionadas ao transporte de cargas. Dessa maneira haveria um

melhoramento ainda maior das vias de acesso aos portos e por conseqüência

um melhor fluxo de cargas.

Apesar dos aspectos negativos do transporte terrestre atualmente, este

meio de transporte possui vantagens que podem fazer a diferença no final do

processo. Apresenta alta versatilidade, pois os veículos e caminhões podem

ser transportados em barcos ou em vagões com plataforma para serviços ferro

rodoviários, possui alta capacidade distributiva devido à facilidade de acesso às

regiões mais remotas, os horários podem ser organizados de maneira precisa e

pontual e ainda possui uma infinidade de combinações quanto ao tipo de

embalagem como cargas a granel líquidas e sólidas, paletizadas em grande ou

pequena quantidade. (SILVA E PORTO, 2003)

1.2.3 - Modal Aquaviário

Demorou a que o transporte fluvial ganhasse destaque perante os

demais meios de transporte existentes em território nacional. Formada pelas

bacias hidrográficas brasileiras a imensa riqueza das vias naturais sempre foi

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subutilizada para o transporte de cargas. Podemos comparar com relação à

mão-de-obra que enquanto são necessários 556 homens para movimentar

10.000 toneladas de carga numa frota de 278 caminhões de 36 toneladas de

carga cada um, um comboio fluvial com a mesma capacidade necessita de

apenas 12 homens em sua tripulação. Outro dado importante é que em média

os custos são 35% menores que no transporte rodoviário. (RODRIGUES, 2002)

Uma alternativa para as empresas que movimentam insumos de

fertilizantes e até mesmo o fertilizante é a cabotagem. Os armadores nacionais

apontam como causas fundamentais da baixa atratividade do “negócio

cabotagem” os seguintes aspectos:

• O elevado ônus dos tributos e encargos sociais;

• Os inaceitáveis custos salariais de tripulações visivelmente

inchadas;

• O excesso de burocracia para o despacho e transbordo;

• A baixa produtividade das operações no cais público;

• A retenção por parte do governo dos recursos para investimentos

arrecadados pelo AFRMM – Adicional de frete para Renovação

da Marinha Mercante e;

• A falta de oferta firme de carga para que possam arriscar-se no

afretamento a casco nu, de navios adequados e rentáveis.

Além disso, pode-se citar que os custos portuários na cabotagem são

superiores do que na exportação ou que o despacho rodoviário é muito mais

simples do que o despacho na cabotagem. (ANUT, 2004)

Com tudo isso, fica visível que a política governamental não identificou a

praticidade e a vantagem de custo deste modal aquaviário, ficando assim cada

vez mais distante o aumento da competitividade nacional perante o mercado

global. Esta situação fica visível quando levamos em consideração as

proporções continentais que o país apresenta.

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O Brasil dispõe de uma rede hidroviária potencialmente navegável de

40.000 km de vias interiores, além da extensão de 7.500 km da costa nacional

para navegação de cabotagem e longo curso, porém apenas 26.000 km de

hidrovias são efetivamente utilizados. Uma outra justificativa para o baixo

aproveitamento deste modal é a necessidade de estar sempre dependendo de

outro modal para o produto chegar ao seu consumidor final. (LACERDA, 2004)

A navegação de cabotagem atualmente contribui com 14% de

participação na matriz de transportes no Brasil e desta porcentagem 93% são

cargas de baixo valor agregado como minério de ferro e combustíveis, os

outros 7% são referentes a cargas industriais e agrícolas que possibilitam a

utilização dos modais rodoviário e ferroviário. Este mesmo setor de cabotagem

já apresentou parcelas muito mais significativas na década de 50 com 28% de

participação no setor. (LACERDA, 2004)

Fica evidente que maiores ações e esclarecimentos em conjunto do

Governo, judiciário e sociedade são necessários para mover ações e promover

o uso mais freqüente das hidrovias. Os ganhos em desenvolvimento, geração

de renda e aumento das exportações é de interesse da união e não

simplesmente de interesse privado. O que muitas vezes não fica claro é que o

governo não identificou o potencial destas atividades e os ganhos de escala

que estas podem trazer para o desenvolvimento nacional como um todo.

(ANUT, 2004)

Contudo, é necessário que algumas ações sejam tomadas para

promover o desenvolvimento do setor hidroviário no país e finalmente

possibilitar o desenvolvimento deste setor de transporte a nível nacional,

tornando-o competitivo e auto-sustentável em relação aos demais modais.

Se algumas ações não forem tomadas de caráter emergencial, é muito

provável ocorrer uma crise generalizada no setor logístico nacional. Se as

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rodovias continuarem sendo deterioradas e as hidrovias não forem legisladas,

o país estará fadado ao tão falado “Entrave Logístico”.

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1.3 – Multimodalidade e Localização

É fundamental para o sistema de transportes nacional que exista uma

parceria entre os modais. Com isso, todos os elos da cadeia logística estariam

interligados e focados em um único objetivo: a entrega de serviços ágeis,

customizados e confiáveis. Algumas empresas já pensam nisso e possuem

capilaridade suficiente em todos os modais, praticando o serviço “porta-a-porta”

a seus clientes.

Com a evolução do mercado e com a preocupação das empresas em

relação ao nível de serviço oferecido aos seus clientes, estas empresas

procuraram identificar e quantificar as premissas necessárias para o

desenvolvimento de novos níveis de serviço como: prazo de execução e nível

de confiabilidade; tempo de processamento de cada tarefa envolvida;

disponibilidade de mão-de-obra e equipamentos recomendados para cada

atividade; pró-atividade em sanar erros e falhas; agilidade em fornecer

informações pertinentes aos processos e serviços; agilidade no rastreamento

da carga e ainda atendimento das reclamações realizadas bem como um

posicionamento sobre estas. (CERETTA e GIACOBO, 2003)

A falta de integração entre os diferentes modais logísticos - ferroviário

rodoviário e aquaviário podem tornar-se um gargalo extremamente prejudicial

ao desenvolvimento nacional em relação ao comércio internacional, quanto ao

escoamento dos produtos aos canais de distribuição apropriados. O fato de o

Brasil apresentar características geográficas peculiares torna-o um país de

fronteira costeira muito extensa, exigindo uma estrutura diversificada e eficiente

para atender uma extensa malha portuária.

A importação de matéria-prima de fertilizantes, conforme mostra a figura

I, é movimentada principalmente através dos portos de Itaqui (MA), Recife

(PE), Maceió (AL), Aratu (BA), Vitória (ES), Santos (SP), Paranaguá (PR),

Imbituba (SC), Porto Alegre (RS) e Rio Grande (RS).

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FIGURA I – Evolução da Importação de Fertilizantes – por Portos

,

Fonte: Transporte – Desafio ao Crescimento do Agronegocio Brasileiro (2004)

Fonte: ANUT, 2004

Pela Figura I pode ser observado que a demanda por fertilizantes é uma

variável crescente nas importações nacionais e que o maior representante no

cenário nacional na movimentação deste produto é o porto de Paranaguá, com

aproximadamente 6,5 milhões de toneladas movimentadas em 2003, seguido

pelo porto de Santos com 4,5 milhões de toneladas.

Ainda se analisarmos o crescimento no período entre 92/03, o porto que

mais se destacou foi o de Itaqui com um crescimento de 1.459% seguido pelo

porto de Vitória que apresentou um crescimento de 1.396% neste período. Já o

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porto de Paranaguá, que conforme descrito acima é o porto que mais

movimenta insumos de fertilizantes, apresentou um crescimento menor, porém,

não menos significante, na ordem de 518%.

Este crescimento inferior do porto de Paranaguá pode ser justificado

pelas limitações inerentes à localização deste porto, bem como a falta de

investimento em tal segmento.

Uma alternativa para o direcionamento dos investimentos em melhorias

na comunicação entre os modais de transporte é a análise e dimensionamento

das quantidades movimentadas por região. Segundo Martins (1998),

"localização do empreendimento deve levar em consideração fatores que

podem ter seus custos medidos (quantificáveis) dos fatores para os quais essa

medida não é possível (não quantificáveis), e determinar os custos dos fatores

quantificáveis”.

Já para Moreira (1998), “Existe uma lista de fatores muito grande que

podem influenciar nas decisões sobre localização. As atividades de serviços,

sejam pública ou particular, orientar-se-ão mais para fatores como proximidade

do mercado (clientes), tráfego (facilidade de acesso) e localização dos

competidores”.

O cenário econômico atual é distinto ao cenário da época em que os

portos foram idealizados, portanto investimentos na estrutura rodoviária,

ferroviária e aquaviária para movimentação de graneis, principalmente o

fertilizante, fazem-se necessários para os portos do país voltar a ser

competitivos entre si.

O porto de Paranaguá está localizado estrategicamente próximo aos

mercados consumidores nacionais, sendo que o fertilizante movimentado no

porto tem como destino os mais diversos mercados agricultores nacionais

como Paraná e Mato Grosso do Sul. Esta localização torna-se estratégica, pois

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existe uma otimização do transporte utilizado na descarga de soja com o

retorno dos caminhões carregados com fertilizante destinados aos próprios

agricultores reduzindo o tempo de descarga e o custo de frete que existiria se

fosse necessária a contratação de novos caminhões para realizar a coleta dos

insumos de fertilizante.

No porto de Paranaguá, existe a carência de investimentos no acesso

aos mais diversos modais de transporte. Com isso o porto fica limitado ao

escoamento de produtos agrícolas, perdendo fatias de mercado significativas.

Até mesmo as filas acabam gerando custos indesejados e ainda inesperados

ao consumidor final.

Devido às proporções continentais no território brasileiro, muitas vezes

faz-se necessária à composição de um ou mais meios de transporte para que a

carga atinja o seu destino final. Existem diversas operações que podem ser

feitas dando oportunidade ao surgimento de operadores multimodais e

intermodais. Cabe ressaltar que no contexto abrangido pelos transportadores

de carga atualmente existe a figura do OTM – Operador de Transporte

Multimodal regulamentada recentemente pelo Decreto No 3.411, em

12/11/2000. (KEEDI, 2004)

A intermodalidade sempre existiu e caracteriza-se pela responsabilidade

individualizada para cada transportador seja ele ferroviário, rodoviário ou

aquaviário. Cada transportador emite sua documentação e se relaciona com o

embarcador que neste caso se desgasta muito mais. (KEEDI, 2004)

Um dos principais benefícios que se pode observar na proposta do

operador OTM é o fato de simplificar a relação de cobrança entre os envolvidos

no processo. O que vem acontecendo com relação à logística de informações

dentro das empresas prestadoras de serviços multimodais é o fato de

simplificar a cobrança dos serviços prestados a um único cliente através de

uma simples emissão de nota fiscal pelo serviço prestado como um todo. Por

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exemplo, empresas que prestam serviços ferroviários seguidos por etapas no

setor rodoviário ou vice-versa podem efetuar a cobrança através de um único

documento ao invés de emitir dois conhecimentos de transporte. Além de

simplificar o processo de cobrança a seus clientes, a classificação como

Operador de Transporte Multimodal proporciona ainda benefícios fiscais

conforme Decreto N° 3.411.

A figura do OTM foi criada na intenção de centralizar as operações de

transporte de carga nas mãos de apenas um representante. Nestas condições

o embarcador da mercadoria centraliza todas as informações e

responsabilidades nas mãos do OTM que se responsabiliza por danos e perdas

enquanto a carga estiver sob sua responsabilidade. Não necessariamente o

OTM será o detentor de todos os meios de transporte e sim poderá também

estabelecer contratos com transportadores independentes caso não atue em tal

seguimento. (KEEDI, 2004)

A definição da composição dos meios de transporte a serem utilizados é

de fundamental importância para a atividade de suprimento, porém com a

figura do operador de transporte multimodal essa responsabilidade deixa de ser

do embarcador para ser do OTM caso este venha a ser contratado. Diversas

combinações de logística são possíveis de serem aplicadas e estudadas a

cada caso em particular, inclusive com relação a atividades fora do transporte

como os Incoterms, portos, aeroportos ou pontos de fronteira.

Um ponto negativo e que deve ser trabalhado com certa urgência é a

demora na conversão do conceito de simples operadores de logística em

operadores multimodais (OTM). Isso ocorre face à falta de conhecimento do

processo de conversão e/ou simplesmente pelo medo do desconhecido na

hora de montar o processo. Algumas empresas ainda não exploram a

possibilidade de obter os benefícios provenientes da legislação em vigor, no

caso de operadores multimodais, e continuam perdendo boas oportunidades de

alavancar ou buscar novas fatias de mercado.

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1.4 – Movimentação de Estoque

A sazonalidade da demanda afeta quase todos os produtos e serviços,

assim como também as atividades ligadas a suprimentos. Essas flutuações da

demanda podem ser razoavelmente previsíveis, mas algumas normalmente

também são afetadas por variações inesperadas no clima e por evolução das

condições econômicas. (SLACK, 1998)

Na atividade agrícola, o que mais influencia é a condição climática

vigente em determinada região. É este fator que irá definir se temos condições

de realizar uma colheita ou um plantio favorável em termos de alta

produtividade e qualidade do produto final.

Em segundo lugar, entram as condições econômicas que têm certa

relação de dependência com o fator climático. Isso ocorre devido ao fato do

valor dos produtos serem definidos de acordo com a lei de oferta e demanda

dos produtos no mercado, que mais uma vez depende da época da colheita e

plantio.

Ligado ainda ao fator econômico pode-se dizer também que quando

falamos em safras agrícolas ou qualquer outro produto de baixo valor agregado

como o fertilizante e seus componentes, o item que mais agrega valor ao

produto é o transporte. Considerando-se que o transporte passa a ser um item

de alto valor na composição do custo logístico, a programação de embarque

em lotes maiores torna-se necessária na intenção de otimizar o valor do

produto final. Em conseqüência, gera-se um lote maior de compra gerando um

estoque regulador que no decorrer do tempo vai diluindo-se em virtude do

consumo regular dos produtos. (RODRIGUES, 2002)

Nestas condições que se fazem necessárias no comércio agrícola

internacional, surge a figura do estoque que em determinados segmentos

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abrangidos pela logística tem um papel muitas vezes prejudicial em detrimento

aos custos gerados. Porém nestas situações o estoque possui algumas

funções básicas que podem ajudar e muito na insuficiência da oferta ou na

incerteza da demanda como garantir disponibilidade imediata de insumos para

produção ou consumo, atuar como amortecedor durante o período de

ressuprimento e reduzir o custo do transporte pela aquisição de maiores lotes

como dito anteriormente. (RODRIGUES, 2002)

Na visão globalizada do comércio exterior a manutenção do estoque

pode ocorrer nas instalações das aduanas, nas dependências do importador e

ainda ser considerada estoque em transito quando este estiver em uma das

fases de transporte. A administração deste recurso pode ser considerada

estratégica, pois se torna uma ferramenta complexa devido às diversas

variáveis que são de difícil controle dos importadores ou exportadores. Devido

às distancias geográficas, remanejar e movimentar estes estoques torna-se

uma atividade demorada e custosa, além de diferentes legislações e ambientes

econômicos, taxas de juros e de cambio também dificultam a administração de

estoques internacionais. (SILVA, 2004)

Como principal modal em destaque nas movimentações internacionais o

transporte marítimo apresenta uma grande dependência no quesito controle de

estoque internacional. Devido as grandes distancias e quantidades

transportadas o transporte marítimo é um fator de alto risco no composto custo

de estoque. (SILVA, 2004)

Se adaptado ao foco deste estudo o estoque mais adequado seria o

estoque mantido nas dependências da aduana, onde os impostos seriam

recolhidos no momento em que a carga fosse retirada gerando economias

financeiras e garantindo as quantidades desejadas pelos consumidores de

insumos e do próprio fertilizante.

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1.5 – Sistemas de Informação

Os custos logísticos nos processos de importação e exportação podem

ser diluídos de diversas e/ou complexas maneiras, seja por estudos detalhados

na previsão da demanda e controle de estoques, controle dos custos de

transporte através da otimização de embarques e multimodalidade. Como

falado anteriormente pode-se também agregar valor a cadeia logística através

da eficiência empregada ao longo da cadeia com a intenção de aperfeiçoar o

aproveitamento do tempo. Dessa maneira o controle e disponibilidade das

informações devem ser igualmente eficientes a todo o processo logístico.

Todos os envolvidos no processo têm o interesse e necessidade na obtenção

das informações para a tomada de decisão.

Com o advento da tecnologia e com a real e esperada evolução do

comercio exterior a informação passou a ser uma ferramenta importantíssima

quanto à clareza e qualidade no gerenciamento da estrutura logística. O anseio

pela informação por parte de exportadores, importadores e transportadores

através do rastreamento ou “traking” da mercadoria possibilitou o avanço da

tecnologia nos últimos anos. A troca on-line e em tempo real de dados é uma

importante ferramenta para o gerenciamento de informações a nível global e

ainda permite uma integração de toda a cadeia facilitando assim o controle

gerencial. (SILVA, 2004)

Para o controle gerencial é fundamental a definição de metas e padrões

de desempenho, a medida do desempenho e a tomada de ações na intenção

de corrigir e potencializar as falhas e qualidades respectivamente. Para tanto a

análise de relatórios e resultados de auditorias são fontes ricas e suficientes de

informações que quando processadas eletronicamente auxiliam o controle

gerencial na tomada de decisões. Através de ferramentas dos tipos espacial

ou geográfica e temporais ou dinâmicas a localização estratégica dos locais de

armazenagem, definição das rotas a serem seguidas pelas mercadorias,

melhorias nos métodos para controle de estoque, entrada e processamento de

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pedidos ficam melhores analisados e utilizados como ferramentas do sistema

logístico. (ROCHA, 2003)

A combinação de todos os dados e informações acima descritos pode

ser útil tanto para informações gerenciais internas como para a divulgação e

transparência das operações. Nesse ponto de transparência e consulta de

dados entra a ferramenta da internet que é conhecida por todos os elos da

malha logística. Através dela pode-se fazer consulta sobre posicionamento de

estoque, “traking” de veículos e navios, consulta sobre créditos e etc. Sendo

necessários ajustes quanto a configurações especificas de hardware utilizado e

esclarecimento do programa. (ROCHA, 2003)

Os sistemas de informação estão cada vez mais disponíveis e presentes

para as empresas de pequeno, médio e grande porte principalmente. Porém

cabe ressaltar que apenas um bom sistema ou software não basta para a

otimização de todo o processo, é importante que exista pessoal qualificado

com objetivos e metas definidas trabalhando em consonância no ambiente

organizacional. Trabalhando dessa forma, os interesses ficam únicos e coesos

gerando segurança e transparecendo motivação entre os envolvidos. (ROCHA,

2003)

Um dos grandes avanços na era da informação no transporte

internacional de carga a nível nacional e internacional foi o sistema

desenvolvido pelo Serpro (Serviço de Processamento de Dados), uma empresa

vinculada ao Ministério da Fazenda, chamado Siscomex. Este sistema

dedicado ao comercio exterior processa on-line toda a documentação relativa à

importação e exportação, interliga a Receita Federal e todas as unidades

aduaneiras do país ao Serpro, Banco Central, agencias bancárias que operam

com o cambio, exportadores, importadores, despachantes aduaneiros,

aeroportos, portos e terminais retro portuários alfandegados, emitindo

eletronicamente declarações de importação ou de exportação, registros de

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licenças de importação ou exportação e ainda declarações de transito

aduaneiro. (RODRIGUES, 2002)

As barreiras tecnológicas que enfrentamos atualmente devem ser

encaradas como desafio pelos usuários destas ferramentas se estes não

quiserem ficar para trás. A evolução dos sistemas de informática é tão intensa

que em qualquer momento de distração um profissional pode ficar

desatualizado perante as novas práticas do mercado.

A grande questão é que os sistemas de informação não estão somente

ligados à parte de desenvolvimento e programação, atualmente o nível de

usuário está requerendo certo conhecimento em ferramentas que possam

automatizar as funções do dia a dia dos funcionários. As análises gerenciais

estão cada vez mais desenvolvidas e requerem um perfil diferenciado das

pessoas que utilizam tais ferramentas.

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2 – O FERTILIZANTE

Há muito se esgotaram as possibilidades do solo suprir os nutrientes

necessários para as produções exigidas para o sustento da humanidade. O

contrário pode ocorrer quando não há alimentos suficientes, com a maioria da

população sofrendo grave carência alimentar. Embora este fato se deva a

condições sócio-econômicas, o raciocínio inverso leva a uma conclusão

simples: para alimentar bem a população, e preciso produzir muito mais

alimentos e, para isso, é fundamental o correto manuseio e preparo do solo

através de adubos e fertilizantes. (BERNARDO, 1991)

Quando se cultiva um pedaço de terra anos após anos a parte de cima

do solo é praticamente removida junto com a colheita ou até mesmo pela

erosão, como conseqüência os alimentos vão escasseando, a planta começa a

sofrer fome e a produtividade diminui. A única maneira de corrigir este

problema é através da adubação bem feita, dando-se a planta o alimento que

ela necessita. (E. MALAVOLTA, 1989)

Segundo ainda E. Malavolta (1989, p.16), “Adubo, ou fertilizante nada

mais é, pois, do que o produto natural ou feito pela indústria que contém um ou

mais dos alimentos da planta”.

Para J. Quelhas dos Santos (1983), “O ciclo indicado na figura I,

habitualmente designado ciclo da Fertilidade, mostra como de fato, os adubos

podem garantir a continuidade de elevados níveis de produção”.

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FIGURA II – Ciclo da Fertilidade

Fonte: J. Quelhas dos Santos (Fertilizantes, 1983 p.198)

No caso da figura II o que ocorre é um aumento da produtividade em

virtude da aplicação de adubos ao processo produtivo, gerando uma melhor

produtividade na cadeia como um todo. Por exemplo, com uma aplicação inicial

de fertilizantes à cadeia de produção, todos os processos são potencializados e

ao final obteve-se também um aumento da matéria orgânica que será

reaplicada ao processo produtivo ocasionando um círculo vicioso.

Segundo estudo desenvolvido pela FIA/USP (2002),

“...formulação básica dos fertilizantes (NPK) é uma composição de três

elementos químicos: nitrogênio, fósforo e potássio. A variação das

quantidades destes elementos esta diretamente ligada ao fim a que

Novo Aumento

das Produções

Aumento

das

Produções

Aumento

de

Matéria

Orgânica

Aumento

de

Estrumes

Aumento

das Palhas

e

Ferragens

Aumento

dos

Detritos

Aumento

de Gado

ADUBOS

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34

esta se propõe e das condições fisico-químicas do solo a que se

destina. Regulamentada por legislação específica a fórmula NPK é

utilizada para indicar o percentual de nitrogênio em sua forma

elementar N, o conteúdo percentual de fósforo na forma de pentóxido

de fósforo (P2O5) e o conteúdo percentual de potássio na forma de

óxido de potássio (K2O)”.

Segundo ainda o relatório apresentado pela FIA/USP (2002), “...os

fertilizantes podem ser sólidos ou fluidos. Os primeiros são os mais comuns e

são comercializados na forma de grânulos ou pó. Do ponto de vista químico, os

fertilizantes podem ser orgânicos, organo-minerais ou minerais, sendo que

estes últimos são subdivididos em fertilizantes simples e mistos”.

Porém os mesmos resultados podem ser obtidos aplicando-se uma

mistura sólida ou uma mistura fluida variando-se apenas os custos do

fertilizante e da aplicação que tendem a ser menores no caso do fertilizante

fluido. (E. MALAVOLTA 1989).

2.1 – Característica do Setor

A produção de fertilizantes é composta principalmente por três etapas

distintas entre si. São elas, a extração das matérias primas básicas de super

fosfatados (produzidos a partir da rocha fosfática, do ácido sulfúrico e

fosfórico); granulação (onde são produzidos produtos intermediários simples e

adubos simples) e o processo de mistura onde são combinadas as bases

granuladas e outras matérias primas específicas para cada tipo de cultura e

solo. (PRICE WATERHOUSE COOPERS, 2004)

As empresas podem apresentar a detenção de todos os processos

produtivos citados acima ou apenas parte deles de acordo com seus interesses

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de participação no mercado. Essa é uma visão estratégica que pode possibilitar

uma grande oportunidade de negócio para os interessados.

O Quadro I – Grau de Integração apresenta o grau de integração das

principais empresas do setor.

QUADRO I – Grau de Integração

Fonte: PRICE WATERHOUSE COOPERS, 2004.

De acordo com o Quadro I, fica visível que a empresa que possui o

maior grau de integração é a Bunge Fertilizantes. Esta classificação é feita de

acordo com a abrangência dos processos produtivos compreendidos pela

empresa como produção da matéria-prima básica até a composição e

formulação dos fertilizantes mistos específicos para cada solo.

A decisão para o aumento da abrangência dos processos produtivos

compreendidos pela empresa pode ser classificada como uma medida

estratégica de crescimento interno horizontal. Neste caso as empresas de

fertilizantes procuram aumentar a sua participação de mercado, potencializar a

receita e ainda gerar poder de alavancagem para lidar com seus fornecedores

e clientes. O aumento da participação de mercado também ajuda na redução

de custos através de economias de escala. O maior porte permite que a

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empresa ofereça seus produtos e serviços com maior abrangência e

confiabilidade para um público alvo maior, bem como permite um maior acesso

aos canais de distribuição. (PETER WRIGHT, 2000)

Além da produção dos fertilizantes, as empresas detêm a tecnologia e

infra-estrutura para realizar a parte logística de movimentação destes produtos

como frotas de caminhões, armazéns, processadoras e terminais portuários. O

nível de integração destas empresas também pode ser medido pela

capilaridade que elas apresentam para realizar a logística de materiais do

produtor ao consumidor final.

Uma das formas de atender a necessidade dos consumidores de

maneira eficiente e eficaz é a capacidade que alguns grupos têm em identificar

a necessidade de terceirizar determinada atividade em prol do ganho de

produtividade e retorno do investimento. Uma das vantagens desta capacidade

de identificação é o foco no negócio, ou seja, a empresa propor a fazer aquilo

que realmente sabe e através de parcerias potencializarem aquilo que é o seu

ponto fraco. Nenhuma empresa pode iniciar qualquer atividade sem definir com

a maior clareza e precisão possível qual é seu foco. (MADIA, 1999)

Outra questão que deve ser levantada pelos gestores das empresas do

ramo de fertilizantes é o estudo do ambiente ao qual o setor está inserido no

agronegócio. Tal levantamento torna-se necessário e fundamental para o

desenvolvimento e avanço de todos os processos envolvidos não somente no

setor em questão mais também para que exista uma sinergia no ambiente

agroindustrial a nível nacional.

Este tema de identificação e estudo das relações entre as cadeias e

sistemas produtivos do agronegocio é desenvolvido e estudado através do

“Método Pensa”.

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Marcos F. Neves (2006) descreve o “Método Pensa” como a

identificação e estudo das relações entre os Sistemas Agroindustriais (SAGs),

identificando melhorias e sugestões para o aprimoramento e desenvolvimento

dos processos a nível global. O método foi desenvolvido pela união de

conhecimentos acadêmicos e contribuições de executivos sendo aprimorado

nos últimos anos.

Podemos relacionar este Método ao frete de retorno utilizado por

transportadoras de fertilizantes que otimizam o frete ao retornarem ao ponto de

origem carregadas com grãos produzidos na mesma região de distribuição do

fertilizante. Neste caso foi verificada uma oportunidade de negocio em conjunto

a redução de custos de frete, pois se verificou a relação entre os fretes de

descarga do fertilizante ao carregamento de grãos no ciclo de distribuição do

produto.

2.2 – Grandes Grupos

Na maioria dos casos, as empresas ou os grandes grupos atuantes no

Brasil que produzem o nitrogênio, fósforo e potássio estão localizados nos

grandes centros de pesquisa voltados para a área química como, por exemplo,

Alemanha, França e EUA, o que acaba dificultando o desenvolvimento desta

atividade em território nacional devido à alta tecnologia e mão-de-obra

especializada envolvida durante todo o processo produtivo.

Ainda assim estas empresas são capazes de abastecer o mercado

mundial, com base nos dados extraídos dos sites das próprias empresas são

elas:

AMEROPA AG, fundada em 1948 é uma empresa multinacional privada

que atua em mais de 20 países como Brasil, China, EUA, Reino Unido e

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Rússia. Com uma venda anual de 10 milhões de toneladas de fertilizantes esta

empresa possui também atividades na área petroquímica, metalúrgica e grãos.

Dentre seus produtos de fertilizantes exportados estão os compostos MAP,

DAP e NPK. (AMEROPA AG, 2007)

Já a empresa HELM, fundada em 1981, com matriz também em

Hamburgo na Alemanha, a Helm Dungemittel GMBH possui escritórios na

França e Inglaterra e é um importante fornecedor de nitrogênio para o

agronegócio brasileiro. Seu principal mercado de atuação é a América do

Norte, Central e Sul, além da China, Índia e Vietnam. (HELM, 2007)

Outra empresa que pode ser mencionada e a COMEXPORT, Fundada

em 1973 é uma trading privada que realiza todas as etapas, desde o processo

produtivo até o processo logístico voltado à movimentação, importação e

exportação de fosfato. Possui escritório em São Paulo e estruturas produtivas

próprias nos EUA, Europa Ocidental, Leste Europeu e Ásia. (COMEXPORT,

2007)

A empresa canadense PC SALES, produz os três nutrientes do

fertilizante em grande escala, sendo considerada um dos maiores produtores

do mundo destes nutrientes. Possui uma planta produtora de potássio no

Canadá e Chile, seis plantas de fosfato nos EUA e uma no Brasil, além de um

grande complexo em Trinidad Tobago. (POTASHCORP, 2007)

Poucas empresas são capazes de promover investimentos necessários

na extração dos recursos naturais como gás natural e rocha fosfática, tornando

assim a produção nacional concentrada em poucas empresas.

No segmento de matéria-prima podemos citar as seguintes empresas e

seus respectivos produtos produzidos: (PRICE WATERHOUSE COOPERS,

2004)

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• Bunge Fertilizantes – Rocha Fosfática, Acido Fosfórico, Acido Sulfúrico e

Sulfato de Amônia;

• Copebrás - Rocha Fosfática, Acido Fosfórico, Acido Sulfúrico e Sulfato

de Amônia;

• Fosfértil - Rocha Fosfática, Acido Fosfórico, Acido Sulfúrico, Sulfato de

Amônia e Fosfatos de Amônio (DAP + MAP);

• Petrobrás – Anidra, Acido Nítrico e Uréia;

• Ultrafértil – Anidra, Acido Fosfórico, Acido Nítrico, Uréia, Fosfatos de

Amônio (DAP + MAP) e Nitrato de Amônio.

Os principais grupos atuantes no Brasil que movimentam fertilizantes

apresentam um nível de verticalidade neste segmento que pode ser

considerado muito expressivo, o que dificulta a entrada de novos concorrentes

devido ao nível de investimento necessário para iniciar-se no processo

competitivo. Outro fator importante é a estrutura envolvida durante todo o

processo da cadeia logística, que além de maquinário pesado, espaço físico

necessário, rede de relacionamento abrangente e influente, tecnologia de

informação sempre atualizada, o novo entrante deve arriscar em um mercado

turbulento e com variáveis macroeconômicas suficientemente ameaçadoras

que colocam em risco o sucesso do negócio.

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GRÁFICO I – Market-Share das Empresas Misturadoras

Fonte: PRICE WATERHOUSE COOPERS, 2004

Existem empresas que atuam com gestão familiar e encontram-se perto

da zona de produção de grãos, porém entre as empresas de grande porte

podemos citar a Bunge Fertilizantes que foi criada a partir de um projeto de

agrupamento de vários setores assumidos pelo grupo Bunge ao longo dos

últimos anos. As raízes deste grupo são formadas pela empresa Serrana,

criada em 1938 para explorar as jazidas de rocha fosfática de Cajati (SP), e

diversas aquisições futuras. (PRICE WATERHOUSE COOPERS, 2004)

Operando mais de 30 centros produtivos a empresa trabalha com duas

áreas próprias de extração de rocha fosfática: Cajati (SP) e Araxá (MG). Devido

aos volumes movimentados uma decisão estratégica é a incorporação em sua

estrutura de instalações portuárias possibilitando corredores de exportação e

proximidade dos pólos agroindustriais. (PRICE WATERHOUSE COOPERS,

2004)

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Devido às proporções assumidas pelo Grupo Bunge Fertilizantes,

algumas ações para aproximar a empresa à comunidade faz-se necessária na

intenção de divulgar e comercializar a sua produção. Para isso, a empresa está

entregando o produto e posteriormente, geralmente após o período da colheita,

os agricultores irão fazer o acerto de contas. Com isso muitos produtores estão

diminuindo a sua dependência do capital de giro e a Bunge relaciona seus

valores a receber à variação cambial e não ao preço da cultura produzida.

(PRICE WATERHOUSE COOPERS, 2004)

Com esta manobra, as chances e a possibilidade de ganhos e perdas

são fatores de risco devido à dependência da variação cambial do período em

questão. Ao mesmo tempo em que se pode estar lucrando no início do dia, as

chances de perda ao final do mesmo período também é grande.

Outra empresa que aparece como grande participante é a Fertilizantes

Fosfatados S.A (Fosfértil). Prestando serviços de logística através de seu

terminal marítimo e rodo ferroviário a Fosfértil atua como fornecedora de

matéria prima para grupos de indústrias de fertilizantes e empresas químicas.

Presente em 4 Estados brasileiros e empregando aproximadamente 3 mil

pessoas possui minas próprias, usinas de beneficiamento e unidades de

beneficiamento industrial. Em sua carteira de clientes possui empresas como

Bunge Fertilizantes e Cargil Fertilizantes. (FOSFÉRTIL, 2007a)

A empresa tem sedes na região do Paraná, São Paulo, Minas Gerais e

Goiás. No estado de São Paulo a empresa possui um terminal portuário de uso

privativo misto, fora do porto organizado de Santos e alfandegado pela

Secretaria da Receita Federal com área total de 545.411 metros quadrados.

Esta decisão de investimento pode ser estratégica para uma maior fatia de

mercado uma vez que seus produtos apresentam uma maior disponibilidade no

mercado. (FOSFÉRTIL, 2007b)

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2.3 – Histórico do Setor

A produção de insumos do fertilizante iniciou suas atividades em

território nacional a partir da década de 40 quando utilizando principalmente

produtos importados e fosfatos derivados da apatita retirados de algumas

regiões de São Paulo, empresas como IAP, Copas, Manah e Elekeiroz

passaram a misturar e formular ingredientes para uso interno. Em 1947 a Cia.

Siderúrgica Nacional passou a produzir o sulfato de amônio. (FAIRBANKS,

2004)

Na década de 1960, incentivos governamentais foram concedidos e

vários empreendimentos foram iniciados ampliando a oferta de matéria-prima,

em meados de 1970 a substituição de importações intensificou-se e a atividade

tomou impulso. Em 1974, o governo lançou o Profertil 1, visando atingir a auto-

suficiência nas linhas N e P. (FAIRBANKS, 2004)

Os anos 80 foram marcados por ajustes e remodelações nos recursos

subsidiados do crédito rural, tendo que diminuir dramaticamente a produção e

operando com resultados financeiros péssimos a indústria viu-se obrigada a

diminuir a produção gerando uma capacidade ociosa na média de 40%. Outros

problemas como a sazonalidade do consumo, custos de distribuição, frete e

estocagem da matéria-prima fizeram com que novos horizontes na produção

de insumos de fertilizante fossem definidos e a importação fosse retomada.

(PINAZZA, ALIMANDRO e XAVIER, 1999)

Com a abertura da economia na década de 90, uma onda de fusões e

aquisições deu inicio a entrada de capital estrangeiro no país promovendo

ainda mais a verticalização do setor dificultando a entrada de novos grupos

interessados no segmento. Nesta mesma época houve uma queda nas

1 Programa do Governo lançado em 1974 visando à auto-suficiência a ser atingida em 1980. Porém

devido à construção de unidades de baixa escala produtiva não obteve sucesso.

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alíquotas de importação compensadas por uma mudança institucional referente

à cobrança do ICMS sobre a circulação de insumos minerais. (FIA/USP, 2002)

A indústria nacional de fertilizantes nos anos 90 foi o setor do

agronegócio brasileiro que mais concentrou investimentos do capital nacional.

Com a política de desestatização, reestruturação e ainda o fator de

globalização o setor de fertilizantes foi bastante afetado e as empresas que

antes pertenciam ao governo passam a ser de grupos internacionais.

(PINAZZA, ALIMANDRO e XAVIER, 1999)

Um exemplo é a alienação mediante leilão da maior parcela dos ativos

da Petrobrás na produção de nitrogenados para um consórcio formado por

onze empresas produtoras de insumos de fertilizantes e formuladores

chamados Fertifós. (FAIRBANKS, 2004)

Um ponto importante a ser lembrado é o fato da necessidade de

investimentos em tecnologia que há vários anos não são identificados no setor

de extração e elaboração de produtos intermediários. Esses investimentos

tornam-se muito importantes, pois é através deles que novas técnicas de

extração e novos produtos irão surgir na intenção de diversificar a oferta de

produtos e melhor aproveitamento das jazidas de extração. (FIA/USP, 2002)

A dificuldade de novos entrantes durante esta fase de estatização fez

com que as grandes empresas assumissem as estruturas da empresas

menores, como citado anteriormente o domínio de tecnologia, controle de

acesso aos recursos naturais pela propriedade das jazidas e fôlego financeiro

são fundamentais para o surgimento de novos “players”.

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3 – Fatores Influentes no Consumo

O mercado de fertilizantes está em franca expansão desde que a

abertura da economia fez-se presente em meados da década de 90. Foi nesta

época também que a agricultura nacional ganhou grande importância na

economia global permitindo que empresas multinacionais enxergassem o Brasil

como um grande potencial para investimentos. Com o surgimento destas

multinacionais e com os investimentos realizados pode-se dizer que houve um

avanço na tecnologia de extração e confecção de produtos intermediários no

setor de fertilizantes. (FIA/USP, 2002)

O fertilizante passou por diversas situações que fizeram aumentar ou

diminuir a sua demanda. Uma das situações é a variação de seu preço que

está diretamente ligada à cotação internacional do produto, taxa de cambio e

subsídios incidentes. Outra situação foi que entre os anos de 1972 e 1974

houve um aumento do preço dos componentes em virtude da primeira crise do

petróleo registrada nessa época. Isso se deve ao fato de alguns dos

componentes do fertilizante serem derivados deste produto. (NICOLELLA,

DRAGONE e BACHA, 2005)

A dependência de insumos provenientes do mercado externo faz com

que a economia do setor esteja susceptível a variações cambiais e ainda

prejudique a balança comercial do país. Um outro fator que pode influenciar

sobre o consumo é a dependência dos custos logísticos internacionais, em

especial dos armadores referente ao custo do frete marítimo em alta expansão,

onerando cada vez mais o valor final que deve ser repassado aos produtores.

(FAIRBANKS, 2004)

Se analisarmos o gráfico II, no período da década de 80 houve diversas

variações no consumo de fertilizantes. Isso pode ser explicado pela segunda

crise do petróleo registrada em 79, alta inflação, redução do imposto de

importação, extinção de subsídios e ainda a forte influencia do plano Collor.

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GRÁFICO II – Consumo após Privatização

Fonte: FAIRBANKS, 2004

Referindo-se ainda ao gráfico II podemos perceber que a partir da

década de 90 iniciaram-se as privatizações, as importações tiveram grandes

incentivos, o plano Real foi instaurado dando peso à moeda nacional junto ao

mercado internacional, houve também um aumento da produtividade agrícola,

isso tudo fez com que o consumo de fertilizante sofresse um aumento

significativo em conseqüência destes acontecimentos.

Além das variáveis citadas anteriormente não podemos deixar de citar

que o consumo de fertilizantes está diretamente ligado ao aumento da

produtividade por área plantada, através de estudos e técnicas de utilização do

solo, e também ao crescimento do agronegócio nacional como área disponível

para plantio etc.

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GRÁFICO III – Produtividade Agrícola Vs. Consumo de Fertilizante.

Fonte: FAIRBANKS, 2004

No Gráfico III pode ser observado que houve um aumento significativo

na produtividade por área plantada ao longo dos anos. Este fato ocorreu em

virtude do melhor aproveitamento por parte dos agricultores dos meios de

cultivo e corretivos agrícolas. As atividades e técnicas de plantio devem ser

sempre aprimoradas com a intenção de aumentar os ganhos de escala

proporcionados por esta atividade.

Segundo Marcelo Fairbanks (2004) “... o consumo nacional de

fertilizantes mantém forte ritmo de crescimento, desde 1991, de modo a

permitir a duplicação da produção de grão com aumento de apenas 20% da

área cultivada...”.

Com isso identifica-se que o mercado nacional apresenta um forte

potencial para o setor em termos de desenvolvimento e crescimento através de

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estudos voltados às técnicas de plantio e aproveitamento do solo. Para tanto

algumas entidades criadas com interesses privados chamadas OIP

(Organização de Interesse Privado) desempenham um papel fundamental na

área de pesquisa e divulgação de resultados, promovendo assim dados de

mercado que podem ser aproveitados por diversos setores da cadeia produtiva

de fertilizante. (FIA/USP, 2002)

Estas cooperativas estão atingindo um estágio avançado de

desenvolvimento e atuando em um mercado altamente competitivo perante as

multinacionais. Estas companhias aproveitaram as boas épocas de lucro entre

os anos de 2002 e 2003 e fizeram reservas para investir em pessoal,

tecnologia e infra-estrutura visando à integração vertical e assumir um papel

importante na cadeia produtiva agro-industrial como grandes centros de

tecnologia e prestação de serviços. (NEVES, ZYLBERSTAJN, NEVES, 2006)

Outro fator que influencia o consumo de fertilizante está relacionado ao

valor pago ao agricultor pelos produtos por ele produzidos. Quanto maior for

este valor, mais o produtor vai se sentir estimulado em investir em fertilizantes

na intenção de otimizar e maximizar a quantidade produzida por área plantada.

Esse valor pago gera por conseqüência um maior lucro ao produtor que tende

a investir cada vez mais na produção gerando um ciclo de investimentos e

produtividade cada vez maior. (NICOLELLA, DRAGONE e BACHA, 2005)

Podemos dizer ainda que os produtores estão sujeitos à variáveis

econômicas como sobrevalorização do câmbio e aos elevados preços do

petróleo, podendo contribuir para sua descapitalização deixando de investir no

uso de tecnologias, técnicas de plantio e aplicação de fertilizantes.

Dessa maneira, a produtividade no campo será afetada e o consumo de

fertilizante diretamente impactado em virtude de algumas matérias-primas do

fertilizante serem derivadas do petróleo e as safras serem consideradas

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commodities tendo seus preços definidos de acordo com a paridade das

moedas internacionais especificamente o dólar. (FERREIRA, VEGRO, 2006)

O que fica evidente é a figura do produtor ter a capacidade de investir na

lavoura com a intenção maximizar a produção com o uso do fertilizante,

lembrando que este também está sujeito á variações econômicas.

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4- Panorama do Consumo Atual

Em previsões de consumo de fertilizante registradas para o ano de 2006

identificou-se uma queda comparando-se ao ano de 2005 que já registrava

quedas de consumo na ordem de 11,3% comparadas a 2004. Essa queda

pode ser justificada pela diminuição da área plantada na safra de 2005/2006 de

soja, algodão, arroz e trigo e principalmente na diminuição do uso de

tecnologias e técnicas de aproveitamento do solo. (FERREIRA, VEGRO, 2006)

Segundo Marcio Kawassaki (2007), “os fatores que afetaram

negativamente o setor nos dois últimos anos foram os seguintes: (1) alto nível

de endividamento dos produtores; (2) a valorização do real que afeta as

receitas dos produtores; (3) queda do preço médio da soja em reais nos

primeiros nove meses de 2006; e (4) elevação do preço do petróleo, que

aumenta o preço da amônia, componente básico do fertilizante e custo de

transporte”.

Em contrapartida verificaram-se uma maior aplicação de fertilizantes em

culturas como cana-de-açúcar, laranja e café devido à melhora na cotação

destes produtos no mercado externo. Além destas culturas, a soja foi à cultura

que mais consumiu fertilizantes no ano de 2005 com um total de 37,1% do total

consumido, em segundo lugar aparece o milho com 15,8%. Mesmo assim a

aplicação de fertilizantes nas culturas de soja e milho decresceu em 2005 se

comparadas a 2004 em 16,9% e 12,7% respectivamente sendo compensadas

por aplicações nas culturas de cana-de-açúcar e reflorestamento com 5,2% e

17,7% respectivamente. (FERREIRA, VEGRO, 2006)

Um fator que cabe ser citado é a oscilação no consumo de fertilizante

em função das diferentes culturas produzidas como soja, café, milho, cana-de-

açúcar, trigo, feijão, laranja dentre outras. Cada cultura e o tipo de solo ao qual

será plantada apresentam necessidades diferentes com relação aos nutrientes

que devem ser adicionados mudando a formulação do fertilizante. Essa

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diferença na quantidade aplicada de fertilizante por cultura/solo faz manter uma

relação direta na quantidade demandada de fertilizantes. (FERREIRA, VEGRO,

2006)

Apesar de os números não serem otimistas, ou seja, as quantidades

consumidas nos anos 2004, 2005 e 2006 serem bastante similares entre si e

ainda inferiores aos registrados em 2003, as previsões para os próximos anos

dizem o contrário. A valorização do preço dos grãos no mercado internacional,

a expansão da cultura de cana-de-açúcar, estimulada pelo bom preço do

açúcar e maior consumo de etanol, e ainda perspectivas de diminuição do

preço do petróleo favorecem a construção de um cenário otimista para o

aumento do consumo de fertilizante. (KAWASSAKI, 2007)

GRÁFICO lV - Vendas de Fertilizantes 2000 - 2010

16,4 17

,1 19,1

22,8

22,8

20,2

19 19,8 20

,6 21,4 22

,2

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Milh

õe

s d

e T

on

s

As previsões para a venda de fertilizantes conforme mostra o Gráfico IV

apresentam um aumento no ano de 2007 para o ano de 2006. Mesmo assim as

quantidades são inferiores ao valor identificado no ano de 2003 na casa de

22,8 milhões de toneladas que devem ser ultrapassadas a partir do ano de

2010 com a continuação do crescimento mostrado.

Fonte: KAWASSAKI, 2007 (Adaptação)

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51

As previsões mostradas no Gráfico IV são possíveis de serem atingidas

se analisarmos que o Brasil é o país que apresenta a maior área possível de

cultivo ainda presente no mundo. Dos 845 milhões de hectares existentes no

Brasil cerca de apenas 50 milhões são utilizados. Outros 42 milhões não

podem ser utilizados porque são cidades, estradas, lagos etc. Outros 444

milhões são florestas e devem ser utilizados sustentavelmente explorando-se a

biodiversidade. Restando ainda aproximadamente 350 milhões que podem ser

distribuídos entre pastagens e áreas de cultivo. Fazendo-se uma comparação

com os Estados Unidos que é o segundo país com área agricultável não

utilizada no mundo, o Brasil possui 350 milhões contra apenas 90 milhões de

hectares dos americanos. (NEVES, ZYLBERSTAJN, NEVES, 2006)

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52

CONCLUSÃO

A administração da logística deve ser considerada um fator estratégico

na intenção de redução de custos globais dentro e fora de uma organização. O

tema da logística pode ser expandido e tornar-se mais complexo quando

tratamos de movimentações internacionais, passando a ser assim, uma

ferramenta crucial quando realizada com eficiência.

O fato das empresas baseadas em um mercado interno buscarem cada

vez mais o mercado internacional como alternativa de expansão para seus

negócios faz com que as empresas atuantes na economia que irá acolher este

novo entrante estejam preparadas para não perder mercado e simplesmente

manter, ou ainda acentuar, a curva de crescimento praticada até aquele

momento. Através de ferramentas de gestão e profissionais cada vez mais

qualificados esse risco pode ser diminuído ou simplesmente inexistir para

aquelas empresas que praticam tais investimentos em políticas de expansão.

Através da aplicação e desenvolvimento de conceitos e modelos

financeiros, comerciais, humanísticos e muitas vezes culturais as empresas de

logística devem buscar sair de seu status quo para assumir novos desafios e

vencer barreiras nunca vistas antes. Assim como as empresas dos setores

produtivos buscam novos horizontes, as de prestação de serviços também

devem acompanhar este crescimento dando suporte ao setor produtivo e

realizando avanços e estudos naquilo que sabem fazer melhor.

Alguns fatores citados neste trabalho como custos logísticos, modais de

transporte e estoque devem ser identificados e mensurados para auxiliar na

tomada de decisão. Sendo administrados por profissionais que visam tornar

suas empresas competitivas no setor, estes mesmos fatores auxiliam a prever

um cenário econômico particular, uma vez que o setor apresentado neste

trabalho possui variáveis macro-econômicas.

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53

Uma análise profunda do setor de prestação de serviços e

movimentação de cargas deve ser realizada na intenção de identificar as

principais oportunidades e ameaças do setor ao qual a empresa irá participar,

sendo claro que isso não exime a companhia de sofrer abalos com o ambiente

macroeconômico globalizado existente.

Atualmente, as crises econômicas particulares estão apresentando um

impacto cada vez mais marcante perante as demais economias, em virtude da

relação de dependência cada vez mais forte entre as mesmas. Tal fato pode

ser administrado e justificado quando a empresa possui além de gestores e

profissionais sedentos pelo risco, uma competitividade acentuada como

ferramenta, que permitam enfrentar tal ambiente competitivo.

A necessidade de investimentos é inevitável e deve ser feito em conjunto

das necessidades do mercado. A atual situação dos modais de transporte a

nível nacional é um ponto que deve ser priorizado com ênfase na

multimodalidade nos meios de transporte. Situações como a do porto de

Paranaguá, que foi concebido em situações econômicas atualmente

ultrapassadas, devem ser revistas e priorizadas na intenção de tornar o porto

como uma alternativa de multimodalidade.

O alerta não se restringe unicamente ao porto de Paranaguá e sim a

todos os portos na esfera nacional. Atualmente os portos brasileiros

apresentam uma séria dificuldade no quesito produtividade devido à falta de

controle por parte dos órgãos competentes e muitas vezes pela falta de

investimentos em tecnologia buscando o aumento da produtividade. O Brasil

possui um grande potencial na atividade portuária, principalmente pela extensa

zona costeira, permitindo assim o surgimento de portos cada vez mais

modernos e competitivos entre si.

Além da atividade portuária, Investimentos visando o aumento da

produtividade no setor ferroviário também são necessários na medida em que o

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setor ganha maior representatividade no setor logístico. Ferramentas como

sistemas de controle de tráfego, computadores de bordo e sistemas de

comunicação são exemplos de ferramentas que deve estar presentes nesta

atividade visando o ganho da produtividade e posicionando de maneira mais

competitivas os produtos nacionais frente aos internacionais.

Atualmente, o setor de fertilizantes apresenta grande participação no

modal ferroviário devido à otimização do frete de retorno praticado pelas

principais operadoras de transporte ferroviário nacional. Isso faz com que

grandes volumes possam ser transportados a um custo mais baixo. Nestas

condições, o setor agrário nacional encontra uma grande vantagem na hora de

reduzir os custos de produção de uma maneira geral conseguindo assim

ampliar a competitividade no cenário internacional.

Como característica, o setor de fertilizantes apresenta uma estrutura

diversificada quanto aos processos envolvidos, obrigando as empresas

atuantes a focar em cada atividade que realiza, ou seja, apesar de estar

presente em atividades de extração, processamento e movimentação as

empresas deste setor mantêm o foco em todas estas atividades mesmo sendo

distintas entre si.

Entrar no ramo de fertilizantes significa lidar com variáveis imprevisíveis

como o clima e variações das taxas cambiais. Como se não bastasse, às

empresas existentes colocam barreiras quando detêm grande parte dos elos de

produção e entregam o produto final ao agricultor dificultando a entrada de

novos grupos.

O que vem sendo praticado é uma parceria entre as empresas do setor

de transporte e as empresas do setor produtivo no âmbito de infra-estrutura.

Desta forma, os interesses particulares são mantidos e ambos os lado são

beneficiados. Em estruturas societárias bem definidas, uma sociedade com

propósitos específicos é formada entre estas e outras empresas na intenção de

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avançar naquilo que cada uma sabe fazer de melhor e promover o ganho de

produtividade para ambos os lados.

A oportunidade de mercado existe e deve ser aproveitada e suprida ao

longo dos próximos anos pelas empresas existentes ou por aquelas que

desejam entrar neste ramo de atividade. Cabe ressaltar que as variáveis

inerentes ao processo de movimentação internacional de graneis/fertilizantes

são muitas e que aliadas a um excelente sistema de informação gerencial

permitem que a concorrência seja cada vez mais acirrada possibilitando a

evolução do mercado.

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