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9 UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL VANESSA SOUSA PINHEIRO MACHADO COMPARAÇÃO ENTRE OXIGENOTERAPIA VIA MÁSCARA DE NEBULIZAÇÃO E CATETER NASAL EM PACIENTES NO PÓS- OPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA SALVADOR - BAHIA 2011

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9

UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO

ATUALIZA ASSOCIAÇÃO CULTURAL

VANESSA SOUSA PINHEIRO MACHADO

COMPARAÇÃO ENTRE OXIGENOTERAPIA VIA MÁSCARA DE

NEBULIZAÇÃO E CATETER NASAL EM PACIENTES NO PÓS-

OPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA

SALVADOR - BAHIA

2011

10

VANESSA SOUSA PINHEIRO MACHADO

COMPARAÇÃO ENTRE OXIGENOTERAPIA VIA MÁSCARA DE

NEBULIZAÇÃO E CATETER NASAL EM PACIENTES NO PÓS-

OPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA

Monografia apresentada a Universidade Castelo

Branco e a Atualiza Associação Cultural, como

requisito parcial para obtenção do titulo de

Especialista em Fisioterapia em UTI, sob

orientação do Prof. Dr. Fernando Reis do Espírito

Santo.

SALVADOR - BAHIA

2011

11

VANESSA SOUSA PINHEIRO MACHADO

COMPARAÇÃO ENTRE OXIGENOTERAPIA VIA MÁSCARA DE

NEBULIZAÇÃO E CATETER NASAL EM PACIENTES NO PÓS-

OPERATÓRIO DE CIRURGIA CARDÍACA

Monografia apresentada a Universidade Castelo

Branco e a Atualiza Associação Cultural, como

requisito parcial para obtenção do titulo de

Especialista em Fisioterapia em UTI.

Salvador, ________ de _____________ de ________.

EXAMINADOR:

Nome: _________________________________________

Titulação: _________________________________________

PARECER FINAL:

____________________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

____________________________________________________________

12

Dedico esse trabalho aos meus pais que me possibilitaram a possibilidade do

aprendizado no sentido mais amplo. Aos quais propiciaram essa especialização e

a experiência de um aprendizado em fisioterapia cardiovascular em outro estado,

o qual deu origem ao presente estudo.

13

AGRADECIMENTOS

Aos pacientes que possibilitaram e compreenderam o estudo em questão.

As minhas amigas, Ana Lazzarini, Karine Marques e Cintia Camargo, que

colaboraram, após um período de treinamento, para coleta de dados e passaram

diversas noites na minha casa me ajudando a analisar os dados obtidos.

A minhas Professoras, Renata Remilhomen, Andrea Vila Boas e Erica

Suzumura, pela paciência e auxilio nos momentos difíceis.

Ao meu marido, que levantou essa duvida e me incentivou a realização dessa

pesquisa.

14

“O segredo é não correr atrás das borboletas, basta que cuide do seu jardim que

elas virão até você”

15

RESUMO

A suplementação de oxigênio para pacientes no pós-operatório de cirurgia

cardíaca visa tratar ou evitar hipoxemia e suas complicações visando à

manutenção da oxigenação tissular. Existem diversas formas de administração

de oxigênio, porém, não existem estudos comparando a efetividade de tais

modalidades. O Trabalho tem por objetivo identificar qual das duas formas,

cateter nasal ou mascara de nebulização, e mais eficaz em relação a PaO2 nos

pacientes no pós-operatório de cirurgia cardíaca. Foi realizado uma pesquisa

descritiva, de campo de cunho experimental, onde pacientes com idade > 18

anos foram alocados em dois grupos que receberam oxigenoterapia via cateter

nasal ou máscara de nebulização com fluxo de 5litros/minuto após extubação em

até 24 horas depois da admissão na UTI de recuperação operatória de cirurgia

cardíaca em um hospital terciário. Foram comparadas as medidas de pressão

arterial de oxigênio PaO2 pré-extubação (PaO2 pré), 30 minutos após extubação

(PaO2 30min), e 60 minutos após extubação (PaO2 60min) entre os grupos

independentes por intermédio de teste não paramétrico. Entre os grupos

dependentes foram comparadas as medidas nos diferentes tempos através do

teste de Wilcoxon. Foram comparadas as medianas da PaO2 entre os grupos e

não houve diferença estatisticamente significativa entre os mesmos. Entre os

indivíduos do mesmo grupo houve diferença significativa entre PaO2 pré e PaO2

60min; PaO2 30min e PaO2 60min

Palavras-chave: Oxigenoterapia, Cateter nasal, Nebulização e PaO2.

16

ABSTRACT

The supplemental oxygen to patients after cardiac surgery aims to treat or

prevent hypoxemia and its complications in order to maintain tissue

oxygenation. There are various forms of oxygen administration, however, no

studies comparing the effectiveness of such procedures. The work aims to

identify which of the two forms, a nasal cannula or mask fogging, and more

effective for the PaO2 of patients after cardiac surgery. A descriptive study was

conducted in the field of experimental nature, where patients aged> 18 years

were divided into two groups receiving oxygen via nasal cannula or mask with

nebulizer flow 5litros/minuto after extubation within 24 hours after admission

surgical ICU recovery of cardiac surgery in a tertiary hospital. We compared

blood pressure measurements of oxygen pre-extubation PaO2 (PaO2 pre), 30

minutes after extubation (PaO2 30min), and 60 minutes after extubation (PaO2

60min) between the independent groups through nonparametric test. Among the

groups were compared dependent measures at different times through the

Wilcoxon test. We compared the median PaO2 between the groups and no

statistically significant difference between them. Among individuals of the same

group had significant difference between pre PaO2 and PaO2 60min; PaO2 30

min and PaO2 60min.

Keywords: Oxygen, nasal catheter, Fogging and PaO2.

17

SUMÁRIO

1- Introdução ...............................................................................................09

2- Revisao da Literatura ............................................................................13

2.1- Oxigenoterapia ................................................................................13

2.2- Cateter Nasal ...................................................................................16

2.3- Máscara de Nebulização .................................................................17

2.4- Cirurgia Cardíaca ...........................................................................17

3- Metodologia .............................................................................................22

3.1- Tipo da Pesquisa .............................................................................22

3.2- Local da Pesquisa ............................................................................22

3.3- Sujeito da Pesquisa .........................................................................22

3.3- Instrumento de Coleta de Dados....................................................24

3.4- Apresentação e Discussão dos Resultados ....................................25

4- Considerações Finais ..............................................................................29

5- Referências ..............................................................................................31

6- Apêndices ................................................................................................34

18

1. INTRODUÇÃO

Apresentação do Objetivo do Estudo

O objetivo da oxigenoterapia é tratar e prevenir a hipoxemia, reduzindo os

sintomas associados à hipoxemia crônica e a carga de trabalho que ela impõe ao

sistema cardiovascular (1)

.

A oxigenoterapia é dividida em sistema de alto fluxo e baixo fluxo, onde

o sistema de baixo fluxo não pretende satisfazer as exigências inspiratórias totais

do paciente. No sistema de baixo fluxo temos o cateter nasal e a nebulização

(feita por máscara simples).

O cateter nasal é muito utilizado pelo baixo custo, além de oferecer ao

paciente mais conforto, pois podem comer, beber e falar sem nenhum problema.

A utilização deste tipo de material é freqüentemente preferida pelos pacientes,

causando menos claustrofobia do que a máscara (2)

.

Pode-se utilizar um fluxo de 1 a 5L, que correspondem a 24%-40% de O2,

que é a amplitude para o conforto do paciente, sendo que um fluxo mais alto

pode secar e irritar a mucosa nasal.

O cateter nasal tem que ser usado com cuidado em pacientes hipoxêmicos

e dispnéicos, pois é provável que eles respirem pela boca e não se beneficiem do

O2 nasal, desta forma, sendo necessária a substituição deste por uma máscara (2)

.

Um umidificador por borbulhamento é, com freqüência, conectado à

cânula nasal, mas não há benefícios objetivos nessa forma de umidificação (3)

.

19

Estudo realizado pela Universidade Federal da Paraíba foi observado que

em situações epidêmicas, a contaminação por Pseudomonas aeruginosa tem

sido demonstrada a partir de fonte comum como respiradores, umidificadores,

reservatórios de água, água de torneiras e assim como transmissão pessoa-

pessoa, através das mãos, especialmente em UTIs (4)

.

A máscara de nebulização utiliza a transformação da solução de

determinado líquido, com ou sem partículas sólidas em suspensão (vapor), desde

que se submetam a uma determinada pressão (5)

. Esta pode oferecer de 40% a

60% de O2, dependendo da taxa de fluxo e do padrão respiratório do paciente.

Um nebulímetro comum é formado por: depósito de vidro ou plástico

sistema tubo capilar perpendicular, fonte pneumática de O2, anteparo esférico

(que recebe e divide partícula e tubo de saída) (5)

.

A solução salina normal (0,9%) é uma solução isotônica e provavelmente,

a mais recomendável para pacientes inalarem com um nebulizador. A água

esterilizada pode ser usada se a solução salina não estiver disponível, mas

mostrou-se que ela causa broncoconstrição em pacientes com hiper reatividade

brônquica. Além disso, a inalação de uma névoa fria ou água pode também

causar broncoconstrição desses pacientes e o reservatório de água pode tornar-se

infectados por pseudomonas e outros organismos que se multiplicam

rapidamente a 45o C

(4).

Justificativa

Observa-se à relevância de um trabalho nessa área, haja vista a falta de

definição de qual método de oferta de oxigênio e mais eficaz em relação à

Pressão Arterial de Oxigênio (PaO2); e a escassez de bibliografia comparando

20

quais dos dois tipos de oxigenoterapia (cateter nasal e mascara de nebulização) é

mais adequada para pacientes em pós operatório imediato de cirurgia cardíaca.

Problema

Diante do texto anteriormente descrito fica a pergunta: será que o cateter

nasal que é tão utilizado em varias unidades de terapia intensiva do Nordeste e

realmente mais eficaz que a mascar de nebulização utilizado no Hospital Dante

Pazzanese em São Paulo?

Objetivo

Este trabalho teve o objetivo de identificar quais dos dois métodos

utilizados (cateter nasal e nebulização em máscara simples) são mais eficazes

em relação à melhora da oxigenação arterial, além de verificar quais as possíveis

causas de interrupção da pesquisa e desconforto para o paciente que utilizava o

instrumento a ele proposto. Vale ressaltar que esse estudo não proporcionou

nenhum risco a seus participantes e que a utilização oxigenoterapia nos

pacientes submetidos à cirurgia cardíaca é muito importante.

Estrutura do Trabalho

21

O presente estudo teve inicio com uma ampla revisão da literatura a

respeito de oxigenoterapia, cateter nasal, mascara de nebulização e cirurgia

cardíaca; seguido da construção do formulário e um estudo piloto com uma

população idêntica, porém não contida no trabalho, com o objetivo de avaliar a

necessidade de adaptações para o questionário final. Após esse procedimento se

deu inicio a coleta de dados e analise dos resultados obtidos.

22

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. OXIGENOTERAPIA

O oxigênio é um gás incolor, sem cheiro e sem gosto, que mantém a

combustão, e abaixo de sua temperatura crítica se apresenta no estado líquido.

Ele exerce uma pressão de 159mmHg ao nível do mar, compondo 21% do ar

atmosférico, e aproximadamente 97mmHg no sangue arterial, sendo considerado

normal à taxa de sangue arterial de 80mmmHg(5).

A oxigenoterapia tem como objetivo geral a manutenção da oxigenação

tecidual adequada, e minimizar o trabalho cardiopulmonar (1)

. Os objetivos

clínicos específicos da oxigenoterapia são: corrigir a hipoxemia aguda, suspeita

ou confirmada; diminuir sintomas associados à hipoxemia crônica; e reduzir a

carga de trabalho que a hipoxemia impõe ao sistema cardiovascular (1)

.

A oferta extra de oxigênio corrige a hipoxemia através da elevação de

níveis alveolares e sanguíneos de O2. Esse é o principal objetivo da

oxigenoterapia e o mais fácil de ser mensurado e comprovado (1)

.

Além de aliviar a hipoxemia, a oxigenoterapia também pode auxiliar no

alivio dos sintomas associados a certos distúrbios pulmonares como na doença

pulmonar crônica obstrutiva (DPOC).

O sistema cardiopulmonar compensa a hipoxemia aumentando a

ventilação e o debito cardíaco. Nos casos de hipoxemia aguda, o oxigênio

suplementar pode reduzir as demandas do coração e dos pulmões, minimizando

assim a carga de trabalho cardiopulmonar (1)

.

Logo, pacientes com hipoxemia arterial podem manter uma oxigenação

tecidual aceitável apenas com o aumento do debito cardíaco. Porem pacientes

23

cardiopatas necessitam do incremento da oferta de oxigênio, uma vez que ela

aumenta o conteúdo do oxigênio no sangue, não necessitando que o coração

bombeie tanto sangue por minuto para responder a demandas teciduais (1)

. Essa

redução de carga de trabalho é bastante importante quando o coração já se

encontra estressado por uma patologia (1)

.

A hipoxemia também causa vasoconstricção pulmonar e hipertensão

pulmonar; ambas aumentam a carga de trabalho do coração direito. Em

pacientes com hipoxemia crônica, esse aumento de carga pode levar a

insuficiência ventricular direita. A oferta suplementar de O2 pode reverter a

vasoconstricção pulmonar e diminuir a carga de trabalho do ventrículo direito (1)

.

Quando a pressão arterial sangüínea encontra-se abaixo de 80 mmHg,

torna-se necessário instituir uma terapêutica com fornecimento de oxigênio

suplementar. Esta tem por finalidade normalizar o fornecimento de O2 para os

tecidos e evitar possíveis complicações (1)

.

Portanto, o tratamento com O2 suplementar reduz o trabalho respiratório e

miocárdico excessivo, sendo que sua forma de monitorização mais adequada é

através dos valores de PaO (pressão parcial de oxigênio no sangue arterial) e

monitorização da saturação de hemoglobina pela oximetria.

Pacientes com problemas cardiopulmonares freqüentemente precisam de

suplemento de oxigênio. Uma vez que o coração não consegue realizar sua

função de bomba adequadamente, podendo ocorrer uma alteração tanto na

captação (troca gasosa a nível pulmonar), quanto na oferta de oxigênio aos

tecidos (2)

. Devido a essa insuficiência torna-se necessário um aumento na fração

inspirada de oxigênio, a fim de garantir um aumento na pressão arterial de O2 e

consequentemente uma maior oferta, do mesmo, aos tecidos e ao próprio

miocárdio; evitando dessa forma que o organismo trabalhe em anaerobiose,

podendo gerar morte celular e novos episódios de infarto agudo do miocárdio.

24

A oferta do suplemento de oxigênio pode ser fornecida por dois sistemas

caracterizados como alto fluxo e baixo fluxo. A oxigenoterapia de alto fluxo é

fornecida através de mascaras de Venturi e mascara não re-inalantes, dentre

outras. Esse sistema promove uma oferta de oxigênio mais elevada, de até

100%; e exata, devido ao seu alto fluxo. Já o sistemas de baixo fluxo fornecem

uma menor fração inspirada de oxigênio (FiO2), em media 40%. Este percentual

descrito anteriormente não é considerado exato, uma vem que, com o fluxo lento

da oferta de O2 pode ocorrer perda para o meio ambiente. A oxigenoterapia de

baixo fluxo pode ser ofertada através de cateteres de O2, mascaras de

nebulização, dentre outros.

Segundo as orientações praticas da American Association Respiratore Care

após a instalação da oxigenoterapia faz-se necessário um monitoração rigorosa

em relação ao paciente. Deve-se avaliar a condição cardíaca, pulmonar e

neurológica do paciente; avaliar os parâmetros fisiológicos da Pressão Arterial

de Oxigênio, Saturação Arterial de Oxigênio e Saturação de Pulso em conjunção

com o inicio da terapia ou dentro das doze horas iniciais da terapia com FiO2

maior que 60% ou dentro das oito horas iniciais da terapia com FiO2 maior ou

igual a 40%; e checar pelo menos uma vez ao dia o sistema de liberação de

oxigênio (1)

.

Vale que ressaltar que tanto a falta quanto o excesso de oxigênio causam

prejuízo ao organismo.

Os efeitos do O2 (em excesso) no organismo são: aceleração do processo

da isquemia, alteração da perfusão, atuação sobre a angiotensina II (que esta

ligada aos receptores vasculares endoteliais, às células musculares lisas, e aos

mediadores inflamatórios de placas ateroscleróticas, leucócitos). O estresse

oxidativo agudo produz um alerta e mudança substancial na resistência e

25

diminuição do fluxo coronário no estado clínico em pacientes com isquemia

cardíaca (6)

.

Os mediadores “liberados” pela ação do O2 mudam a resistência

coronária e o fluxo sangüíneo levando a hipótese de que há um mecanismo

comum em que diversos estímulos conduzem a eventos clínicos adversos em

pacientes com isquemia miocárdica. Ao utilizar O2 a 100% observa-se uma

redução da velocidade do fluxo coronariano em 20% e um aumento da

resistência coronariana em 23% (6,7)

.

2.2. CATETER NASAL

Cateter Nasal é um dispositivo plástico, composto por duas pontas ou

dentes que tem aproximadamente 1cm de comprimento conectado a um tubo

longo de calibre pequeno para o suprimento de O2 (1)

. Deve se inserir as

pontas, ou dentes, no vestíbulo nasal, enquanto a outra ponta é fixada no

umidificador de bolhas.

O umidificador de bolhas é um frasco plástico ou de vidro que deve ser

acoplado a um fluxometro na saída da tubulação de oxigênio. Esse umidificador

contém água destilada ou soro fisiológico a 0,9% para evitar o ressecamento das

mucosas nasais. Embora haja estudos que comprovem a não eficácia desse

procedimento (umidificador), ainda é rotina nas unidades de terapia intensiva

utilizá-lo.

O cateter nasal pode ser utilizado com o fluxo de oxigênio estiver entre

1(hum) a 6 ( seis) litros por minuto. Fluxos superiores, entre 6( seis) e 8

26

(oito)l/min podem causar desconforto ao paciente, incluindo ressecamento e

sangramento nasal (1)

.

2.3. MÁSCARA DE NEBULIZAÇÃO

A mascara de nebulização é um tipo de nebulizador de arrastamento de

ar. Trata se de um mascara larga que pode conter apenas um ou mais orifícios,

conectada a uma traqueia, com diâmetro médio de 1cm2, a qual é ligada a um

frasco com água ou soro fisiológico a 0,9% (1)

.

As mascaras de arrastamentos podem apresentar variações tanto de jato

(da forca com que as partículas são lançadas) quanto de tamanho da porta de

arrastamento para obter determinada FiO2, os nebulizadores movidos a gás, que

é o tipo utilizado no presente estudo, possuem apenas um orifício fixo (1)

.

Esse tipo de dispositivo pode ter uma alteração entre o valor de oxigênio

ofertado e o recebido pelo paciente, uma vez que a mascara é aberta e poder

ocorrer uma perda de O2 para o ambiente, assim como pode ocorrer também um

aumento da re-inalação de gás carbônico, caso o fluxo de oxigênio esteja abaixo

do valor necessitado pelo paciente (8)

.

2.4. CIRURGIA CARDÍACA

O numero de pacientes que se submetem a cirurgia cardíaca, seja ela de

revascularização ou troca de válvula continua crescendo. Em 2000, estima-se

27

que cerca de 519.000 revascularização miocárdica foram realizadas em 336.000

pacientes nos EUA (9)

.

A cirurgia de revascularização miocárdica pode ser realizada de duas

formas: com o tórax aberto ou com novos procedimentos minimamente

invasivos que envolvem pequenas incisões (cirurgia via vídeo sem necessidade

de revascularização miocárdica ou Angioplastia com ou sem colocação de Stent)

(9).

Na cirurgia de revascularização tradicional é realizada uma esternotomia

mediana em que o esterno é literalmente cortado em dois e separado, permitindo

acesso ao coração (10)

. Dois cateteres especiais são utilizados, um inserido no

coração e outro na Artéria aorta ascendente para permitir a troca

gasosa,enquanto o coração esta parado, através da circulação extracorpórea. A

circulação extracorpórea (CEC) é utilizada para oxigenar o sangue durante a

revascularização, e essa complexa maquina também utiliza dispositivos

especializados para manter o fluxo sanguíneo para os tecidos do corpo,

principalmente o cérebro, durante todo o procedimento (3)

. Ao mesmo tempo em

que a CEC è iniciada, o coração é interrompido, para que a equipe cirúrgica

tenha melhor acesso as artérias coronarianas e um campo cirúrgico mais estável,

uma vez que as pontes são anastomosadas dentro das artérias coronarianas (10)

.

A quantidade de enxertos de pontes que o paciente recebe dependerá do

numero de artérias doentes que precisam ser revascularizadas. Há diversos

enxertos que podem ser utilizados na revascularização miocárdica, são eles: veia

safena, artéria mamaria interna e artéria radial.

A veia safena é colhida do membro inferior. Uma extremidade do

segmento da safena é anastomosado para a aorta ascendente e a outra é fixada,

após o local de estenose, na artéria coronária distal (10)

. Tais enxertos são

referidos como enxertos de veia safena.

28

Atualmente, o enxerto mais escolhido para a revascularização é a artéria

mamaria interna esquerda (AMIE); isso ocorre devido à maior permeabilidade a

longo prazo dessa artéria, quando comparado com a veia safena, e ao seu uso

está associado à maior incidência de sobrevida a longo prazo (10)

. A AMIE é

cuidadosamente dissecada da parede torácica e utilizada como ponte. Sua

extremidade distal é anastomosada na artéria descendente anterior esquerda e a

extremidade proximal fixada à artéria subclávia esquerda (10)

.

A arterial radial também pode ser utilizada como ponte, mas esta é apenas

escolhida quando as duas anteriormente descrita não se encontram em condições

inadequadas de uso, ou seja, quando se encontram pouco complacente ou com

lesões internas (placas de ateroma em face interna). A artéria radial é dissecada

da face interna do antebraço. Suas extremidade são fixadas uma na artéria aorta

ascendente e a outra abaixo o local estenosado. Esse enxerto é pouco utilizado

pois tem uma maior propensão a estenose que os outros enxertos (10)

.

Após o termino da inserção das pontes, o coração é reiniciado e o esterno

é fechado e mentido unido por fios metálicos.

Segundo a American Heart Association a doença cardíaca valvular

contribui para 18.520 mortes em 1998 e uma estimativa de 89.000 altas

hospitalares (9)

. Do total de mortos, aproximadamente 63%foram de doença

valvular aórtica e 14% de doença valvular mitral (9)

.

A doença valvular cardíaca pode envolver tanto estenose como

regurgitação, e pode afetar qualquer uma das quatro válvulas cardíacas (9)

.

A estenose valvular consiste em um estreitamento ou obstrução do

orifício da válvula que resulta na não abertura adequada da válvula. As causas

de estenose incluem calcificação degenerativa, doença reumática ou má

formação congênita valvular (9)

.

29

A regurgitação é o resultado de uma incompetência valvular que permite

o retorno, ou seja, o fluxo retrogrado através da válvula (9)

. Pode ser causado por

doença reumática, infecções ou doenças congênitas.Em relação à válvula mitral,

a regurgitação pode ser o resultado do prolapso da válvula mitral ou ruptura

córdea ou músculos papilares.

As intervenções para disfunção valvular são a anuloplastia ou a reposição

valvular. A anuloplastia aperta o anulo da válvula com um reforço para restaurar

a competência dessa válvula. Já as prótese valvares são divididas em duas

categorias principais: bioprótese e prótese mecânica. As válvulas bioprotéticas

são classificada em heteroenxertos, homoenxertos e heteroenxerto sem Stent. Os

tipos de válvulas cardíacas mecânicas são disco basculante e válvulas mecânicas

de folha dupla.

Pacientes que realizam um procedimento operatório podem apresentar

depressão respiratória significativa, devido principalmente ao uso de agentes

sedativos. Isso pode causar a hipoxemia que posteriormente poderá acarretar em

isquemia miocárdica em pacientes pós-operatório de cirurgia cardíaca (11).

As complicações cardíacas são comuns durante o período pós-operatório e

podem estar associadas com a hipoxemia e a taquicardia. Os estudos

preliminares em pacientes com alto risco pressórico, após a operação, mostraram

um efeito benéfico possível da oxigenoterapia na saturação do oxigênio e na

taxa da pressão arterial (11).

Em outro estudo, relacionado com a hipoxemia noturna, foi evidenciado

que tanto a hipoxemia transitória quanto a hipoxemia prolongada pode gerar

hipertensão arterial pulmonar, assim como, a disfunção de ventrículo direito e a

própria hipertensão arterial pulmonar pode gerar a hipoxemia (12).

30

Existem fatores significativamente associados à ocorrência de hipoxemia

pós-operatória, com, por exemplo, idade maior que 55 anos, SpO2 pré-

operatória menor que 95 por cento, anestesia geral com enflurano,

hipoventilação detectada clinicamente, que foi observado em um estudo onde

foram avaliados 204 pacientes no pós-operatório, admitidos à sala de

recuperação pós-anestésica respirando ar ambiente, visando identificar fatores

relacionados à ocorrência de hipoxemia no período pós-operatório imediato, que

é um evento respiratório crítico que aumenta a morbidade pós-operatória (13).

Foi realizado um estudo onde se analisou a incidência de hipoxemia

(SpO2- saturação periférica de oxigênio - < 90%) e a eficácia de O2 (oxigênio)

suplementar em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca, comparando a

saturação arterial contínua de O2 através do oxímetro de pulso. Este trabalho

teve como resultado, que 30% dos pacientes que não receberam O2 suplementar

apresentaram episódios de hipoxemia, enquanto que nenhum paciente que

recebeu O2 suplementar apresentou hipoxemia (14)

.

Outro estudo demonstrou que o oxigênio suplementar administrado

durante a cirurgia e por uma a duas horas no pós-operatório, com uma máscara

não reinalante, reduziu de forma eficaz o risco de infecção cirúrgica em mais de

50% (8)

.

31

3. METODOLOGIA

3.1. TIPO DE PESQUISA

A pesquisa em questão é definida como descritiva, que têm como

principal objetivo a descrição das características de determinação da população

ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis; de campo e de

cunho experimental, na qual consiste em determinar um objeto de estudo,

selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciar nestas variáveis e

definir as formas de como essas variáveis interferem no objeto (15)

.

3.2. LOCAL DA PESQUISA

A pesquisa foi realizada na Unidade de Terapia Intensiva do

terceiro andar, prédio III, do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. Hospital

referencia, no estado de São Paulo, em patologias relacionadas ao coração.

3.3. SUJEITOS DA PESQUISA

Foram incluídos duzentos pacientes adultos admitidos no pós-operatório

imediato cirurgias cardíacas, que foram extubados em até 24 horas após a

admissão na UTI do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia.

32

Os critérios de exclusão foram relacionados aos pacientes que não foram

extubados em até 24 horas e portadores de DPOC (doença pulmonar obstrutiva

crônica), eram menores de 18 anos ou não assinaram o termo de consentimento.

O trabalho teve início com a coleta da gasometria arterial, realizada pela

equipe de enfermagem, através do cateter de pressão arterial, que está presente

em todos os pacientes provenientes do centro cirúrgico. Este exame foi coletado

nos seguintes parâmetros da ventilação mecânica: modo pressão de suporte com

pressão de suporte 10 cmH2O, pressão positiva ao final da expiração de 5

cmH2O e fração inspirada de oxigênio de 40%, sendo esse procedimento,

realizado rotineiramente pela equipe da unidade de terapia intensiva, não

gerando dessa forma nenhum ônus a mais para a instituição.

Após extubação, estes pacientes receberam oxigenoterapia de uma forma

aleatória, onde os pacientes foram alocados em um dos dois grupos: nebulização

ou cateter de O2, por intermédio da tabela de randomização (16)

. Após 30 minutos

foi coletado um novo exame (gasometria) para saber a concentração de oxigênio

e a saturação no sangue arterial. Caso a PaO2 estivesse maior ou igual a

100mmHg e/ou a SatO2 maior ou igual a 95%, obrigatoriamente era diminuído o

fluxo de oxigênio para 3L/min.

Após 1 hora da extubação foi coletada outra amostra de gasometria

arterial para avaliar os mesmos parâmetros descritos acima.

Os critérios para interrupção do trabalho foram: desconforto respiratório,

queda da saturação periférica de oxigênio <90%, acidose metabólica ou

respiratória com ph < 7,30, broncoespasmo, rebaixamento do nível de

consciência, hipoxemia, hipercapnia ou qualquer alteração que comprometa a

parte reparatória ou física do indivíduo.

33

3.4. INSTRUMENTO DE COLETA DOS DADOS

A coleta de dados foi realizada através de um formulário semi-

estruturado contendo variáveis de caracterização: nome, peso, sexo e idade; e

variáveis diversas como diagnóstico, antecedentes, gasometria arterial e critérios

para a interrupção do estudo.

Um estudo piloto com uma população idêntica, porém não contida no

trabalho, foi realizado com o objetivo de avaliar a necessidade de adaptações

para o questionário final.

Foi utilizado um termo de consentimento livre e esclarecido, no qual

foram expostos os objetivos do estudo, demonstrado os materiais utilizados, que

não forneciam nenhum risco a integridade física de seus participantes, e

garantido a confidencia dos dados coletados de acordo com os aspectos éticos

presente na resolução 196/96 do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa

envolvendo seres humanos.

O programa estatístico utilizado foi o SPSS, versão 12.0. Para a

comparação dos dois grupos independentes (nebulização e cateter) foi realizado

o teste não paramétrico de Mann-Whitney, o qual não encontrou evidências de

diferenças estatisticamente significantes entre as médias quando comparadas no

tempo (30 minutos e 60 minutos).

Para comparar a PaO2 nos três momentos (pré extubação, 30 minutos e

60 minutos pós extubação) dentro do grupo de nebulização e cateter,

separadamente, foi utilizado o teste de Friedman onde foi obtido um nível de

significância de 0,016 para comparações múltiplas. E para comparar a PaO2 de

dois em dois tempos foi utilizado o teste de Wilcoxon.

34

A coleta de dados ocorreu no período de Julho a Novembro de 2007.

3.5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Foram estudados 200 pacientes sendo que destes 102(51%) utilizaram cateter

de oxigênio, 94 (47%) usaram máscara de nebulização simples e 4 tiveram o

estudo interrompido. Em relação ao grupo que participou do estudo haviam 116

(59,2) indivíduos do sexo masculino, com idade media 58,58 anos (desvio

padrão - 12,55).

Quanto ao diagnóstico clínico foi evidenciado que 113(57,7%) tinham

Insuficiência Coronariana, 30 (15,3%) tinham Insuficiência Mitral, 17 (8,7%)

Estenose de Aorta, 20 (10,2%) Insuficiência Aórtica, 16 (8,2%) Estenose Mitral,

14 (7,1%) Disfunção de Prótese Mitral, 10 (5,1%) Insuficiência Tricúspide, 9

(4,6%) Aneurisma de Aorta, 7 (3,6%) Disfunção de Prótese Aórtica e 11 (5,6%)

outros diagnósticos (tabela 1).

Em relação às comorbidades associadas: 145 (74%) apresentaram

Hipertensão Arterial Sistêmica, 87 (44,4%) dislipidemia, 57 (29,1%) Diabetes

Melitus, 10 (5,1%) possuíam Insuficiência Renal Crônica não Dialítica, 2 (1%)

eram portadores de Insuficiência Renal Crônica Dialítica e 157 (80%) possuíam

outras causas. Dos participantes do estudo 26 (13,3%) eram tabagistas e 51

(26%) ex-tabagistas (permanecem sem fumar há pelo menos três meses).

Do total de pacientes avaliados foram interrompidos nos trinta minutos após

extubação 55 pacientes, sendo destes 34 do grupo de nebulização. Do grupo de

nebulização obteve-se 10 interrupções por hipoxemia, 19 por acidose

metabólica, 8 por acidose respiratória, 3 por hipercapinia, 1 retirou a máscara de

35

nebulização e 2 por outros fatores. Do grupo de cateter nasal teve-se 8

interrupções por hipoxemia, 7 por acidose metabólica, 7 por acidose respiratória,

1 por broncoespasmo e 2 por outros motivos (tabela 2).

Após uma hora de extubação houve mais 17 interrupções, 10 do grupo de

nebulização. O grupo de nebulização interrompeu o estudo para 5 pacientes por

hipoxemia, 2 por acidose metabólica, 2 por acidose respiratória, 1 por

hipercapnia e 1 por outros motivos. Em relação ao grupo de cateter foram

interrompidos 5 por hipoxemia, 1 por acidose metabólica e 1 por acidose

respiratória (tabela 3).

Quando analisada a PaO2 nos pacientes submetidos à máscara de

nebulização simples evidenciou-se que no momento pré extubação a média da

PaO2 foi de 124,3, a mediana de 124 com desvio padrão de 29,98 (máximo=217

e mínimo=81,2); 30 minutos após extubação foi observado uma media de PaO2

de 129,12, mediana de 115,5 com desvio padrão de 42,07 (máximo=270 e

mínimo=80); e 60 minutos pós extubação observou-se uma media de 108,9,

mediana 96,85 com desvio padrão de 30,18 (máximo=214 e mínimo=68). Todas

as médias acima descritas possuem um intervalo de confiança de 95%.

Na análise da PaO2 dos pacientes submetidos a cateter na gasometria pré

extubação a média obtida foi de 117,30, a mediana de 113 e o desvio padrão

25,35 (máximo=180 e mínimo=75,6); 30 minutos pós extubação foi observado a

média de 129,97, mediana 126, desvio padrão 33,26 (máximo=228 e

mínimo=81); e nos 60 minutos pós extubação a média encontrada foi de 107,43,

mediana de105, desvio padrão de 25,43 (máximo=199 e mínimo=69). Vale

ressaltar que todas as médias descritas acima encontram-se com um intervalo de

confiança de 95%.

Quando comparado à diferença das medias entre a nebulização e o cateter

evidenciou-se que não havia diferenças estatisticamente significantes nem nos

36

trinta minutos pós extubação (p valor = 0,342), nem nos sessenta minutos (p

valor = 0,904) (gráfico1).

Ao comparar a PaO2 no tempo pré extubação, no tempo de 30 minutos e no

tempo de 60 minutos dentro do grupo de nebulização e cateter, separadamente,

observou-se que houve diferença estatisticamente significante para nebulização

e para cateter com p valor <0,001 (que é menor que o nível de confiança

definido anteriormente por 0,016 no teste de Friedman).

Ao realizar o teste de Wilcoxon observou-se que essa diferença ocorre entre

o tempo de 30 minutos e de 60 minutos, tanto para nebulização (p valor , 0,001)

quanto para cateter (p valor = 0,001).

O estudo em questão evidenciou que não houve diferença estatisticamente

significante (p valor < 0,05) quando comparados os métodos: cateter nasal e

máscara de nebulização simples em relação a PaO2. Esse resultado não pode ser

confrontado com outros achados na literatura, uma vez que não foram

encontrados artigos comparando os dois métodos. Por esse motivo a escolha do

material a ser utilizado para a oferta de oxigênio deve ser realizada de acordo

com a aceitação do paciente, com o custo operacional para a instituição e com o

menor risco de contaminação (4)

.

Quando avaliados em relação aos critérios de interrupção observou-se que

os pacientes submetidos à nebulização tiveram um maior número de interrupção,

sendo que as principais causas foram respectivamente acidose metabólica,

hipoxemia e acidose respiratória. Esses dois últimos fatores se devem,

provavelmente, ao fato da máscara de nebulização ter uma abertura superior

possibilitando a perda de uma parte do oxigênio ofertado, e poder gerar uma re-

inalação de gás carbônico.

37

As comorbidades associadas obesidade e hipertensão arterial sistêmica

podem ter uma relação com o índice de hipoxemia dos pacientes excluídos. Haja

vista o individuo obeso possuir uma diminuição da carga elástica do tórax e ter

que gerar uma pressão intra-pleural maior que a esperada em relação ao

individuo normal proporcionando uma diminuição da ventilação alveolar e um

aumento do trabalho respiratório (7)

. A hipertensão arterial sistêmica pode ser

secundária ao aumento do estimulo simpático em decorrência de situações

como: dor, hipoxemia, hipoglicemia, hipercapnia e ansiedade, sendo que, a

hipoxemia pode ser um fator que desencadeia a vasoconstrição podendo gerar

hipertensão (17)

.

Em relação a este estudo, verificou-se um baixo custo para instituição,

com a possibilidade de associar hipoxemia a fatores de risco, tendo como

limitação a utilização de um questionário não validado.

38

4. CONSIDERACÕES FINAIS

É possível afirmar, a partir deste estudo, que a oxigenoterapia é uma

terapêutica segura, eficaz e extremamente necessária em pacientes submetidos à

cirurgia cardíaca, sejam eles submetidos à revascularização miocárdica ou troca

de válvulas. Porém, vale ressaltar que a correta prescrição da quantidade

necessária de O2 pelo paciente é de extrema importância, uma vez que esses

pacientes não devem ser submetidos a nenhum grau de hipoxemia. Esse perfil de

paciente, cardiopata, deve evitar situações de baixa concentração de oxigênio no

sangue arterial, pois, isso promover uma sobrecarga cardíaca gerando aumento

do sofrimento miocárdico.

Esta pesquisa constata que há diversas modalidades de ofertar oxigênio a

baixo fluxo, sendo que até o momento da realização do presente estudo, não

havia um consenso de qual equipamento utilizado era mais eficaz em relação a

pressão arterial de oxigênio. Diante disso, cada instituição instituía o

equipamento que fosse mais acessível e tivesse um custo beneficio mais

interessante para elas.

Concluímos que devido à escassez dessa definição na literatura, resolvi

iniciar uma pesquisa a fim de constatar se haveria alguma diferença entre os

benefícios gerados pelo cateter de O2 e a mascara de nebulização. Embora esses

métodos sejam freqüentemente utilizados na rotina de uma Unidade de Terapia

Intensiva, neste estudo não foi comprovado qual seria a melhor escolha, já que

não houve evidência estatisticamente significante em relação na PaO2

comparando ambos os métodos.

Diante deste estudo faz-se necessário a realização de mais estudos em

relação à comparação dos métodos de oxigenoterapia a fim de proporcionar não

39

apenas uma oxigenação adequada, mas promover um melhor conforto e

aceitação da terapia pelo paciente.

40

5. REFERÊNCIAS

1. SCANLAN CL.; WILKINS R.; STOLLR JK. Gasoterapia

Medicinal. IN: Fundamentos da Terapia Respiratória de Egan.

São Paulo, Manole, 2000.p.761-796.

2. FROWNFELTER D.; DEAN E. Fisioterapia cardiopulmonar:

princípios e prática. Rio de Janeiro, Revinter, 2004

3. PRYOR J.A.; WEBBER B.A. Fisioterapia para problemas

respiratórios e cardíacos. São Paulo,Guanabara Koogan, 2002.

4. BRAGA KAM., et al. Microorganismos mais freqüentes em

unidades de terapia intensiva. Universidade Federal da Paraíba

– UFPB, 2004.

5. CARVALHO M. Fisioterapia Respiratória: Fundamentos e

Contribuições. Revinter. Rio de Janeiro, Revinter, 2001.p.355.

6. PARICK H., et al. Effect of Hyperoxia and vitamin C on coronary

blood flow in pacients with ischemic heart disease. Journal Appl

Phisiology, v. 102, p.2040-2045, 2007.

7. LEVITZKY MG. Fisiologia Pulmonar. São Paulo, Manole,

2004.p.277.

8. GREIF R., et al. Supplemental Perioperative Oxygen to Reduce the

Incidence of Surgical-Wound Infection. The New England

Journal of Medicine, v.342, p.161-167, 2000.

41

9. AACVPR. Considerações Especiais. Diretrizes para Reabilitação

Cardíaca e Programas de Prevenção Secundaria. São Paulo,

Roca, 2007.p.141-143.

10. AACVPR. Procedimentos Contemporâneo de Revascularização.

Compendio de Programa de Reabilitação Cardíaca. São Paulo,

Roca, 2007.p.31-16.

11. ROSENBERG A. S., et al. Effect of Oxygen Treatment on Heart

Rate after Abdominal Surgery. Anesthesiology, v 90, p.380-384,

1999.

12. OMAR A., et al. Predictors of Noturnal Oxygen Desaturation in

Pulmonary Arterial Hypertension. American College of Chest

Physicans, v. 131, p.109-117, 2007.

13. OLIVEIRA F., et al. Fatores associados com a ocorrência de

hipoxemia no período pós-anestésico imediato. Rev. bras.

Anestesiol, v. 51(3), p.185-195, 2001.

14. ROYSE C.F., et al. The effect of supplemental oxygen on the

incidence of hypoxaemia after premedication in patients

undergoing cardiac surgery. Anaesth Intensive Care,v. 25, p.

347-349, 1997.

15. GIL A.C. Como classificar as Pesquisas? In: Como Elaborar

Projetos de Pesquisa. São Paulo, Atlas, 2010.p.41-56.

16. FISHER RA.; YATES F. Tabelas Estatísticas para Pesquisa em

Biologia, Medicina e Agricultura. Polígono-Edusp, São Paulo,

1971.

42

17. KNOBEL E. Terapia Intensiva Cardiologia. São Paulo, Atheneu,

2002. p. 477.

43

APÊNDICE I

Oxigenoterapia – Cateter Nasal - tipo óculos a 5LO2/min

Nome:__________________________________________________

RG:__________

Peso:_____ Sexo: ____ Idade:____ Leito:____

Diagnóstico:______________________________________________________

________________________________________________________________

____________

1. Antecedentes:

0 - ( ) HAS 1 - ( ) dislipidemia 2 - ( ) diabetes 3 - ( ) tabagista

4- ( ) FAC 5 - ( ) IRC ñ/dial. 6 - ( ) IRC dial. 7 - ( ) outros

__________________

2.

Cirurgia:_________________________________________________________

________________________________________________________

3. Gasometria arterial pré

extubação:_________________________________________

7 . Interrupção do protocolo pós-extubação até próxima gasometria arterial.

Causas:

0 - ( ) hipoxemia, 1 - ( ) hipercapnia 2 - ( ) DR 3 - ( ) BE

4 - ( ) SpO2 < 90% 5 - ( )acidose metabólica ph < 7,30 6 - ( ) acidose

respiratória

7 - ( ) outros

__________________________________________________________

Imediatamente Pós extubação

4. Extubação: ___ PO___ Horário: _____________

5. Tipo de respiração: 0 - ( ) nasal 1 - ( ) oral

6. Saturação periférica com oxigenoterapia: _______

44

8. Gasometria arterial após 30

min:__________________________________________

9.Diminuição de fluxo? 0 - ( ) sim 1 - ( ) não

SatO2>=95; PaO2>=100.

10. Interrupção do protocolo.

Causas:

0 - ( ) hipoxemia, 1 - ( ) hipercapnia 2 - ( ) DR 3 - ( ) BE

4 - ( ) SpO2 < 90% 5 - ( )acidose metabólica ph < 7,30 6 - ( ) acidose

respiratória

7 - ( ) outros

__________________________________________________________

11. Gasometria arterial após

1hora:__________________________________________

12. Diminuição de fluxo? 0 - ( ) sim 1 - ( ) não

45

APÊNDICE II

Oxigenoterapia – Nebulização a 5LO2/min

Nome:__________________________________________________

RG:__________

Peso:_____ Sexo: ____ Idade:____ Leito:____

Diagnóstico:______________________________________________________

________________________________________________________________

____________

1. Antecedentes:

0 - ( ) HAS 1 - ( ) dislipidemia 2 - ( ) diabetes 3 - ( ) tabagista 4 - ( )

DPOC

5 - ( ) FAC 6 - ( ) IRC ñ/dial. 7 - ( ) IRC dial. 8 - ( ) outros

__________________

2. Cirurgia:_____________________________________________________

____________________________________________________________

3. Gasometria arterial pré

extubação:_________________________________________

7 . Interrupção do protocolo pós-extubação até próxima gasometria arterial.

Causas:

0 - ( ) hipoxemia, 1 - ( ) hipercapnia 2 - ( ) DR 3 - ( ) BE

4 - ( ) SpO2 < 90% 5 - ( )acidose metabólica ph < 7,30 6 - ( ) acidose

respiratória

7 - ( ) outros

__________________________________________________________

Imediatamente Pós extubação

4. Extubação: ___ PO___ Horário: _____________

5. Tipo de respiração: 0 - ( ) nasal 1 - ( ) oral

6. Saturação periférica com oxigenoterapia: _______

46

8. Gasometria arterial após 30

min:__________________________________________

9.Diminuição de fluxo? 0 - ( ) sim 1 - ( ) não

SatO2>=95; PaO2>=100.

10. Interrupção do protocolo.

Causas:

0 - ( ) hipoxemia, 1 - ( ) hipercapnia 2 - ( ) DR 3 - ( ) BE

4 - ( ) SpO2 < 90% 5 - ( )acidose metabólica ph < 7,30 6 - ( ) acidose

respiratória

7 - ( ) outros

__________________________________________________________

11. Gasometria arterial após

1hora:__________________________________________

12. Diminuição de fluxo? 0 - ( ) sim 1 - ( ) não

47

APÊNDICE III

INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DANTE PAZZANESE

FUNDAÇÃO ADIB JATENE

CONSENTIMENTO INFORMADO DO PACIENTE

Você está sendo convidado a participar de um trabalho que avalia qual

material utilizado, cateter nasal ou nebulização simples, é mais eficaz em

relação à quantidade de oxigênio no sangue arterial.

Se você concordar em participar deste estudo, após a retirada do tubo da

boca, será colocado de forma aleatória em cateter nasal de O2 ou em nebulização

simples, ambos com fluxo de 5l/min; após trinta minutos será coletada uma

amostra de sangue arterial, através de um cateter de pressão arterial que virá

colocado desde o centro cirúrgico, sem necessidade de perfurar o seu braço. O

sangue será avaliado em uma máquina específica o qual irá verificar a

quantidade de oxigênio presente no seu sangue. Caso haja uma concentração de

oxigênio no sangue superior a 100 ou uma saturação de oxigênio superior a 95%

será reduzido o fluxo de O2 para 3L/min o que não ocasionara nenhum risco a

sua saúde, e após uma hora, desta última coleta de sangue, será efetuada outra

gasometria para um melhor monitoramento.

O exame de sangue será realizado utilizando-se material único, estéril e

descartável, sendo que será colhida uma amostra de sangue do cateter de pressão

arterial média, aproximadamente 5 ml, quantidade esta equivalente a uma colher

de sobremesa.

Caso você apresente algum desconforto durante o estudo como falta de ar

ou diminuição dos níveis de oxigenação, o estudo será interrompido e você

receberá o melhor tratamento para sentir-se bem novamente, ainda durante a

internação.

Seu nome não será revelado, se o material de seu registro médico for

utilizado para propósitos de publicação ou educativos.

Este estudo não implicará em nenhum custo adicional.

Você não esta abrindo mão de nenhum direito legal ao participar desse

estudo clínico. Sua participação é voluntária. Esta participação não haverá

nenhum tipo de remuneração. Caso decida não participar, em nada mudará o seu

tratamento.

Em caso de alguma dúvida você pode entrar em contato com Vanessa

Pinheiro, Ana Maria, Karine Marques e Cíntia Camargo, fisioterapeutas da UTI.

Uma copia desse termo será entregue a você. Qualquer dúvida em relação

aos seus direitos como participante desse estudo você poderá entrar em contato

com o Comitê de Ética e Pesquisa do Instituto Dante Pazzanese, Tel:5085-3802.

Li e compreendi todos os termos citados no estudo. Todas as minhas

duvidas foram esclarecidas quanto aos riscos e desconfortos, benefícios e foram

48

mostrados os materiais utilizados para o estudo que não oferecem nenhum risco

a minha integridade física. Portanto concordo voluntariamente em participar

desse estudo clinico.

São Paulo, de 2007

Nome Assinatura

Paciente

Pesquisador

Testemunha

49

APÊNDICE IV

Tabela 1. Característica geral da população estudada (freqüência absoluta e

relativa). N=196

Características da população n %

Sexo Masculino 116 59,2

Feminino 80 40,8

Diagnóstico Ico 113 57,7

Imi 30 15,3

Emi 16 8,2

Iao 20 10,2

Eao 17 8,7

Itri 10 5,1

Aneu Ao 9 4,6

Disf prot Mi 14 7,1

Disf prot Ao 7 3,6

Outros 11 5,6

Antecedentes pessoais HAS 145 74,0

Dislipidemia 87 44,4

DM 57 29,1

Tabagismo 26 13,3

Ex-tabagista 51 26,0

FAC 17 8,7

IRC n 10 5,1

IRC 2 1,0

Outros 157 80,1

Tipo de cirurgia RM 113 57,7

TVMi 49 25,0

TVAo 31 15,8

Plast Tri 5 2,6

Plast Ao 2 1,0

Cor Aneu 8 4,1

Outros 24 12,2

Fonte: Próprio autor

50

APÊNDICE V

Tabela 2. Causas de interrupção do estudo após 30 minutos

Causas de

interrupção

Cateter Nasal (21) Nebulização com máscara

(34)

Nº pacientes % pacientes Nº pacientes % pacientes

Hipoxemia 8 38.1 10 29.41

Hipercapnia 0 0 3 8.82

DR 0 0 0 0

BE 1 4.76 0 0

SpO2<90 0 0 0 0

ac.met<7,3 7 33.33 19 55.88

ac.resp 7 33.33 8 23.53

reb. NC 0 0 0 0

Outros 2 9.52 2 5.88

sem O2 0 0 1 2.9

Fonte: próprio autor

51

APÊNDICE VI

Tabela 3. Causas de interrupção do estudo após 30 minutos

Causas de

interrupção

Cateter Nasal (7) Nebulização com máscara

(10)

Nº pacientes % pacientes Nº pacientes % pacientes

Hipoxemia 5 38.1 5 29.41

Hipercapnia 0 0 1 8.82

DR 0 0 0 0

BE 0 4.76 0 0

SpO2<90 0 0 0 0

ac.met<7,3 1 33.33 2 55.88

ac.resp 1 33.33 2 23.53

reb. NC 0 0 0 0

outros 0 9.52 1 5.88

sem O2 0 0 0 2.9

Fonte: próprio autor

Tabela 3. Causas de interrupção do estudo após 1 hora

Causas de

interrupção

Cateter Nasal (7) Nebulização com

máscara (10)

Nº pacientes %

pacientes

pacientes

%

pacientes

Hipoxemia 5 71,4 5 50

Hipercapnia 0 0 1 10

DR 0 0 0 0

BE 0 0 0 0

SpO2<90 0 0 0 0

ac.met<7,3 1 14,2 2 20

ac.resp 1 14,2 2 20

Reb NC 0 0 0 0

outros 0 0 1 10

sem O2 0 0 0 0

52

APÊNDICE VII

Comparação da média de PaO2

0

50

100

150

1 2 3

tempo

méd

ia

PaO

2

Nebulização

Cateter