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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E O ADOLESCENTE Por: Hênio Brígido da Silva Junior Orientador Profª. Edla Trocoli Rio de Janeiro 2011

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  • UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

    PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

    AVM FACULDADE INTEGRADA

    A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E O ADOLESCENTE

    Por: Hênio Brígido da Silva Junior

    Orientador

    Profª. Edla Trocoli

    Rio de Janeiro

    2011

  • 2

    UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

    PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

    AVM FACULDADE INTEGRADA

    A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E O ADOLESCENTE

    Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada

    como requisito parcial para obtenção do grau de

    especialista em Orientação Educacional e Pedagógica.

    Por: . Hênio Brígido da Silva Junior

  • 3

    AGRADECIMENTOS

    Agradeço a Deus por estar sempre ao meu

    lado, a minha orientadora, a minha mãe

    por ter me apoiado financeiramente nos

    estudos e a minha esposa que tem uma

    presença importante na minha vida

    acadêmica e profissional.

  • 4

    DEDICATÓRIA

    Dedico essa monografia ao meu pai (in

    memorian), minha esposa, mãe, sobrinhos e

    sogros.

  • 5

    RESUMO

    O presente estudo, tratou da importância do trabalho do orientador educacional para com os jovens, buscando integrar-los a comunidade intra e

    extra escolar em atividades sócio-educativas. Com isso, esse pedagogo visa

    desenvolver no educando um trabalho coletivo onde os alunos aprenderão a

    criar e construir comportamentos e atitudes que possibilitarão vivenciarem

    situações que o levam a estimular seu senso crítico e analítico sobre o mundo

    em que vive. O referido tema também ressalta a importância do educando em

    articular suas concepções e idéias sobre o mundo, pela aprendizagem

    interdisciplinar e multidisciplinar. Portanto, a Orientação Educacional é um

    norteador que possibilitará uma transformação de comportamentos internos e

    externos dos alunos. Com esse trabalho, esse profissional assume um papel

    importante na educação quando se coloca a serviço da mesma.

  • 6

    METODOLOGIA

    Os métodos que levam ao problema proposto são de pesquisa

    exploratória e qualitativa de cunho bibliográfico e documental.

    A importância dessa pesquisa é analisar a problemática do trabalho do

    orientador educacional nas Instituições de Educação Pública, ora constituída

    na comunidade escolar e extra-escolar. Nessa relação entre comunidade

    escolar e extra-escolar, é de suma importância abordarmos os fatores internos

    e externos que interferem no aprendizado do educando. Para que o trabalho

    desse profissional desenvolva, é fundamental construir relacionamentos com o

    corpo docente e comunidade que permita o orientador educacional intervir e

    avaliar nas dificuldades de aprendizado na educação dos educandos.

  • 7

    SUMÁRIO

    INTRODUÇÃO 08

    CAPÍTULO I - A trajetória da orientação educacional no país 10

    CAPÍTULO II - A atuação do orientador educacional como o profissional de

    ajuda ao adolescente 16

    CAPÍTULO III – A função do orientador educacional nas instituições escolares

    públicas ou privadas 23

    CONCLUSÃO 30

    BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 31

    BIBLIOGRAFIA CITADA 32

    ANEXOS 37

    ÍNDICE 39

    FOLHA DE AVALIAÇÃO 41

  • 8

    INTRODUÇÃO.

    A sociedade atual ampliou o campo de atuação educacional para outros

    ambientes, como instituições escolares e empresas, onde a importância da O.E

    (Orientação Educacional) está no relacionamento interpessoal, possibilitando o

    orientador a trabalhar nas reflexões críticas dos indivíduos sobre o mundo,

    principalmente no mercado de trabalho. É de suma importância à inserção do

    Pedagogo, habilitado em Orientação Educacional, nas Instituições Escolares,

    atuando junto aos funcionários, comunidade e família. Essa inserção implicará em

    trabalhos de encaminhamentos que são inerentes em suas funções condizentes

    com seus conhecimentos.

    A função do Orientador Educacional vem sendo questionada ultimamente,

    como decorrência das transformações gradativas que ocorrem na sociedade. Com

    esses questionamentos, surgem os seguintes problemas: Quem é o profissional

    Orientador Educacional nas Instituições Escolares?

    A partir do problema, apresentado nessa pesquisa, podemos justificar, que: A

    ação desse profissional se dá diretamente sobre os alunos, ajustando-os em

    desenvolvimento pessoal, na atuação em parceria com a comunidade escolar e

    extra escolar , ter compromisso com a formação permanente no que diz respeito a

    valores, atitudes, emoções, sentimentos e lidar com assuntos pertinentes a

    escolhas, relacionamentos com colegas e vivências familiares. Com essas

    justificativas, fica claro que esse Pedagogo habilitado contribui para o

    desenvolvimento pessoal do aluno e ajuda a escola a organizar e realizar a proposta

    pedagógica.

    Este estudo apresenta como hipótese a atuação da Orientação Educacional no

    Ensino Médio e comunidade, visando a interação aluno/escola, aluno/professor,

    professor/professor, professor/família e comunidade/escola. Para Gadotti (1986)

    essas relações são chamadas de “cidades educativas”.

  • 9

    As relações do O.E. com a comunidade escolar e extra-escolar, objetiva um

    melhor desenvolvimento nas relações dos alunos com a sociedade, construindo nos

    educandos um aprendizado voltado para uma pedagogia democrática.

    Através desse estudo, foi observado que o foco de trabalho do Orientador

    Educacional não é mais trabalhar com os “alunos problemas” e sim dar ao educando

    uma formação mais completa. Segundo a autora (Grispun,1994,p.16), relata sobre

    essa formação completa: “O aluno necessita ter uma formação mais completa para

    que ele se torne um cidadão crítico e consciente e não alguém que simplesmente

    segue o outro”.

    O papel do Orientador Educacional é de conscientizar, refletir, clarear e fazer

    com que os alunos pensem sobre ás questões do seu cotidiano.

    A metodologia aplicada para o desenvolvimento desse estudo foi pesquisa

    exploratória e qualitativa de cunho bibliográfico e documental (GIL, 2002).

    Foram utilizados como referencial teórico, os autores: Mirian Grispun

    P.S.Zippin (1998) Maria Aparecida Sanches (1998) e Luiz Calos Osório (1989).

    Esse estudo foi apresentado em três capítulos. O primeiro capítulo retrata da

    trajetória da Orientação Educacional no país. O segundo capítulo, aborda a atuação

    do Orientador Educacional como o profissional de ajuda ao adolescente do ensino

    médio e o terceiro capítulo, trata da função do orientador educacional nas

    Instituições Escolares públicas ou privadas.

  • 10

    CAPÍTULO I

    A TRAJETÓRIA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NO

    PAÍS

    No Brasil, a trajetória da Orientação Educacional inspira-se em dois modelos, o

    americano e francês que, embora divergentes em alguns aspectos, estão

    alicerçados em um mesmo conceito de sociedade. Conforme, Pimenta (1995,p.26)

    “Todos indivíduos se devem ajustar nas mesmas bases psicológicas”.

    Em solo brasileiro, a Orientação Educacional foi criada segundo experiências

    externas que se delinearam através das leis com base nas dimensões psicológicas e

    em consonância com os objetivos educacionais mais amplos.

    Lourenço Filho, educador e um dos responsáveis pelo movimento da Escola

    Nova, foi criador do Serviço de Orientação Profissional e Educacional no

    Departamento de Educação do Estado de São Paulo, em 1931. No Rio de Janeiro

    essa experiência foi datada em 1934, na Escola Comercial Amaro Cavalcanti.

    A legislação que norteou à Orientação Educacional data do início da década de

    40. Segundo Grispun (2001) pela Reforma Capanema, com a lei orgânica do ensino

    industrial em 1942 foi criado o SOE (Serviço de Orientação Educacional), visando a

    correção e encaminhamento dos alunos-problemas e a elevação das qualidades

    morais.

    A lei 4073/42, art. 50, inciso XII, institui em cada escola industrial ou escola

    técnica a Orientação Educacional, aplicando processos adequados para adaptação

    profissional e social do educando.

    A lei 5692/71, em seu art. 10, declara a obrigatoriedade a Orientação

    Educacional, incluindo o aconselhamento vocacional em cooperação com

    professores, a família e a comunidade. Com essa lei, pretendia-se prepara

    trabalhadores para atender os interesses e as necessidades empresariais, visando o

    interesse econômico.

  • 11

    O Decreto-Lei nº 72846/73, art. 1º, constitui o objeto da Orientação educacional

    a assistência ao educando. Portanto o orientador educacional prestava assistência

    ao aluno a partir do planejamento estabelecido no Decreto, em consonância com os

    interesses do Estado. Pelo Decreto, o indivíduo (aluno) teria que se conformar com

    sua situação perante a sociedade dominante, a qual destinava o ensino

    profissionalizante ao menos favorecidos para que pudessem ser inseridos no

    mercado de trabalho.

    Na década de 80 séc XX, houve mudanças, avanços e contradições na história

    da Orientação Educacional, esses profissionais assumiram um papel político e

    comprometido com a sociedade, defendendo uma escola pública de qualidade e

    filiando-se à Federação Nacional de Orientação Educacional (FENORE), à Central

    Única dos Trabalhadores (CUT) e mais tarde à Confederação Nacional dos

    Trabalhadores em Educação (CNTE)

    Na década de 90 a FENORE foi extinta, ocorrendo o enfraquecimento e a

    fragilização desses profissionais.

    Com a Lei nº 9394/95, LDBEN (Leis de Diretrizes e Bases da Educação

    Nacional), não há uma referência específica à Orientação Educacional. Contudo,

    não deixa de ser mencionada em vários artigos, principalmente no art. 39, segundo

    o qual a educação profissional, integradas a diferentes formas de educação, ao

    trabalho, à ciência e a tecnologia, conduz o educando ao permanente

    desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva.

    Segundo Placco (2001,p.115) cabe ao orientador educacional formar cidadão

    responsável e transformador.

    O papel básico do orientador educacional será de auxiliar o aluno a tornar-se consciente, autônomo e atuante auxiliando também, na identificação do seu processo de consciência nas esferas sócio-econômico-político-ideológico. Com isso, o educando torna-se um homem-coletivo, responsável e transformador.

    Parafraseando a autora, a Orientação Educacional passa a ter um papel mais

    efetivo na sociedade com o advento da Lei nº 9394/96.

    Nessa pesquisa, podemos observar os vários períodos que compreendem a

    trajetória e o trabalho do orientador educacional.

  • 12

    Período Implementador: Compreende o período de 1920 à 1941 e está

    associada a Orientação Profissional, orientando na seleção e escolha profissional.

    Período Institucional: Compreende o período de 1942 à 1961. Esse período

    exige-se a Orientação Educacional nos estabelecimentos de ensino e nos cursos de

    formação dos orientadores educacionais. Com a divisão funcional e institucional,

    surge a escola pública.

    Período Transformador: de 1961 a 1970. Pela Lei nº 4024/61, a Orientação

    Educacional é caracterizada como educativa, ressaltando a formação do orientador e

    fixando a LDBEN.

    Período Disciplinador: de 1971 a 1980. Conforme a Lei nº 5692/71, obriga-se

    essa profissão nas escolas, incluindo o aconselhamento educacional. O Decreto nº

    72846/73, regulamenta a Lei nº 5564/68, sobre o exercício da profissão de orientador

    educacional.

    Período Questionador: de 1980 a 1990. Há uma discussão sobre ás práticas do

    orientador, seus valores, a questão do aluno trabalhador, enfim, a sua realidade no

    meio social voltada para uma educação política.

    Período Orientador: a partir da década de 90, a Orientação Educacional volta-se

    para a “construção” do cidadão comprometido com seu tempo e sua gente,

    trabalhando a subjetividade e intersubjetividade obtidas através do diálogo.

    Para Grinspun (2008,p.11-33) atualmente a Orientação Educacional caracteriza-

    se por um trabalho abrangente, na dimensão pedagógica, possuindo caráter mediador

    junto aos demais educadores, buscando conhecer a realidade e transformá-la para

    que seja mais justa e humana.

    1.1- Análise crítica da Orientação Educacional com sua história.

    A obrigatoriedade da Orientação Educacional, nas escolas de 1º e 2º graus,

    conforme o art. 10 da Lei nº 5692/71, não garantiu a eficiência de seus resultados. Por

    longas décadas, a história da Orientação Educacional tecida de vários “bordados

    pedagógicos”, assimilou mais do que um “bordado terapêutico”. Em outras palavras,

  • 13

    encontramos alguns pontos diferenciados nas atribuições, funções,de acordo com as

    concepções e áreas do conhecimento desse profissional

    Há, portanto, necessidade de nos inserirmos em uma nova abordagem

    pedagógica, voltada para a “construção” de um cidadão e não na abordagem

    terapêutica e psicologizante.

    Ferreira (1993) afirma que:

    “É pelo dialogo que os homens,nas condições de indivíduos cidadãos, constroem

    a inteligibilidade das relações sociais, pois só através do diálogo se pode chegar a um

    mínimo de consenso” (pp.17-8).

    Para essa autora, partimos de uma orientação voltada para a individualização e

    chegamos a uma orientação coletiva e participativa.

    Sob a influência de novas abordagens educacionais podemos traçar um novo

    paradigma para a orientação educacional, não mais alicerçada no perfil

    psicologizante, mas sim no perfil de colaborar com o educando em sua formação

    cidadã. (PIMENTA,1985).

    Para Grinspun (2008), a Orientação Educacional está cada vez mais

    comprometida com a educação:

    “É necessário que o orientador pedagógico, favoreça, promova os meios

    necessários para que se efetive uma educação de qualidade em todos os níveis e

    modalidade de ensino“.

    A autora se refere ao trabalho do orientador diretamente com os alunos,

    professores, instituição escolar que pertence a uma gama variada de características

    políticas, pedagógicas, administrativas.

    1.2- A Orientação Educacional e suas concepções.

    Na década de 70 do séc. XX, diziam que os especialistas em educação estavam

    interferindo no trabalho do professor, pois pensavam que o especialista (orientador

    educacional) é que tinha o “poder” dentro da escola. Esta concepção fez com que a

  • 14

    Orientação Educacional se desenvolvesse junto aos problemas, confrontos e conflitos

    dentro da escola.

    Para Brandão (1977), a Orientação Educacional teve uma trajetória relacionada

    com os esforços feitos pelos orientadores, no sentido de:

    Definir e redefinir a Orientação segundo variações ocorridas na teoria de

    educação e das ciências humanas diretamente ligadas a ela:

    Adequar a prática da Orientação Educacional às variações processadas na

    sociedade e na cultura brasileira com repercussão sobre os sistemas educacionais,

    sobretudo no ensino de primeiro e segundo graus (p.19).

    De 1977 a 1993, com o momento histórico que vivíamos, levaram os

    orientadores a exigirem uma Orientação que atendesse às reais necessidades sócio-

    educacionais.

    Para o referido autor, a Orientação Educacional era caracterizada como um

    processo, uma ação, um método, um trabalho cujos objetivos diretos eram

    apresentados como: o aluno e sua personalidade, o aluno e seus problemas, o aluno

    e suas opções conscientes.

    Parafraseando, Brandão (1977), a Orientação Educacional, hoje, assume uma

    posição mais crítica e analítica, visando seus objetivos no trabalho coletivo e

    participativo.

    Para Covre (1991):

    A Orientação Educacional continuará sendo uma caixa- preta, enquanto a própria educação assim for considerada, pois, sabe-se da importância de seu processo, mas não se configura uma vontade política para resolvê-la e enriquecê-la.

    A autora se refere à Orientação como uma “caixa-preta”, pela indefinição quanto

    ao que se pretende da Orientação, observável ao longo de sua história.

  • 15

    1.3- PROJETANDO PERSPECTIVAS.

    Para Ferreti (1981), A Orientação Educacional não integrará mais os

    planejamentos pedagógicos das escolas, de forma desvinculada ou reducionista.

    Para o referido autor, a Orientação Educacional trabalharia na mobilização para

    o conhecimento da articulação, realidade e objetivo trabalhando a questão da

    totalidade como uma tecelã que se compromete com todos os fios que ajudam a

    formar o homem para o tempo de amanhã.

    Segundo Grinspun (1988), “a prática do orientador deverá valorizar a

    criatividade, respeitar o simbólico, permitir o sonho e recuperar a poesia”.

    Para essa autora, a prática proposta pelo orientador, ao longo da história, não se

    fecha em técnicas objetivas e precisas. Faz parte do trabalho a interdisciplinaridade ,

    a intersubjetividade e o diálogo. O aluno é o centro das atenções do trabalho

    pedagógico e merece que tenhamos uma prática comprometida com sua formação

    cidadã.

    A realidade do trabalho do orientador educacional, será tratada a partir dos

    valores éticos que a constitui desde o significado histórico até os dias de hoje. O

    aluno precisa ser compreendido em uma visão maior, com todos os componentes do

    tecido social. Nós, orientadores, precisamos lembrar que estamos formando o aluno

    para um novo tempo, onde a ciência e a tecnologia trazem para esse aluno novos

    valores, novas leituras a serem apreendidas. (ibidem,1988).

    As perspectivas para uma realidade “pedagógica orientadora” é dar a voz aos

    nossos alunos, para que eles participem ativamente, como sujeitos e não como

    coisas, como diz Alves (1984):”Quando tudo isso acontecer, por certo outras histórias

    serão contadas. Deixemos o aluno falar, ouçamos suas histórias, procuremos, junto

    com eles, interpretá-las”.

    Parafraseando o referido autor,os orientadores educacionais, ao longo de sua

    história buscaram um caminho de construção de novas práticas pedagógicas,

    permitindo com que o aluno tenha seus sonhos pautados em uma realidade social,

    onde participem ativamente como sujeitos da sua própria ação no processo de

    formação.

  • 16

    CAPÍTULO II

    A ATUAÇÃO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL COMO

    O PROFISSIONAL DE AJUDA AO ADOLESCENTE.

    A prioridade para a educação há muito tempo faz parte da plataforma eleitoral e

    do programa de trabalho de políticos brasileiros.

    Para Gadotti e Gutierrez (1993), “no caminho do desenvolvimento a educação

    tem um papel preponderante, em especial no Brasil”.

    Os referidos autores, relatam os fatores que dificultam o progresso da educação

    no Brasil:

    O Brasil é um dos países mais miseráveis da América Latina. Segundo dados do estudo do Banco Mundial,o Brasil tem 44% dos pobres da América Latina. A pobreza e a distribuição de renda é um dos fatores que impedem o progresso educacional em nosso país.

    Diante desses relatos, os autores afirmam que os educadores e governantes tem

    seu empenho decisivo para a mudança desse quadro.

    Na resolução dessas questões ligadas à pobreza e a distribuição de renda, a

    escola assume o papel definitivo, mesmo desacreditada e elitizada. (ibidem,1993).

    Para Toscano (1969):

    O orientador educacional atuará nas questões sócio-econômicas, políticas e culturais nas escolas, conhecendo a comunidade e se entrosando no ambiente escolar e demais instituições educacionais para que a ação educativa se realize eficientemente.

    Para a referida autora, o orientador educacional, parte integrante da Orientação,

    observa, analisa, reflete e realimenta o processo educacional que ocorre na turma, na

    escola e na comunidade.

    A lei nº 5564/68, regulamentada pelo presidente da república através do Decreto

    nº 72846/73, e a Portaria nº 139/87/E-DGED (Departamento Geral de Educação) que

  • 17

    pertence a Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, garante a atuação do

    orientador educacional no processo de integração escola-familia-comunidade.

    Para Bonow (1959), a orientação do orientador educacional é enfatizada na

    projeção de projetos pedagógicos, planejamentos e na gestão escolar, onde sua

    tarefa é mostrar as possibilidades, os papéis e as influências dos seus trabalhos

    pedagógicos para com a comunidade intra e extra-escolar.

    Paulo Freire (1985), afirma que:

    O Compromisso próprio da existência humana, só existe no engajamento com a realidade de cujas “águas” os homens verdadeiramente ficam “molhados”, ensopados. Somente assim o compromisso é verdadeiro. Ao experiência-lo, num ato que necessariamente é corajoso, decidido e consciente, os homens já não se dizem neutros.

    Para o autor, o compromisso e a responsabilidade estão intimamente

    relacionados com esse vinculo, certamente o profissional educador fortalecerá a

    relação escola, família e comunidade.

    Parafraseando o referido autor, Com essa responsabilidade e vinculo afetivo,

    esse profissional trabalhará na construção de um crescimento comunitário.

    2.1- A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL ATUANDO NO PROJETO

    MANGUEIRA.

    Os integrantes do Serviço de Orientação e Aconselhamento (SOA) da Faculdade

    de Educação da UERJ, desenvolveram e planejaram, em cinco períodos letivos, com

    a participação de alunos do curso de Pedagogia, o Projeto Mangueira.

    Esse projeto surgiu a partir de entrevistas entre os integrantes do Serviço de

    Orientação e Aconselhamento e a comunidade próxima ao Campus da Universidade.

    Com isso, os alunos e integrantes do SOA, vivenciaram a realidade das pessoas do

    Morro da Mangueira.

    O objetivo geral do Projeto Mangueira (1981), era contribuir para o

    desenvolvimento sociocultural do Morro da Mangueira.

  • 18

    Os objetivos específicos era integrar os alunos da Uerj na vida da comunidade,

    oportunizar aos alunos da UERJ informarem-se sobre a realidade social do Morro da

    Mangueira, favorecer a integração dos moradores do Morro da Mangueira na

    comunidade e envolver as Unidades da UERJ no programa de desenvolvimento

    social.

    A avaliação do projeto, realizada pelos alunos e orientadores, apontou as falhas

    e os pontos positivos de acordo com os relatórios apresentados.

    Com a atuação do orientador, junto com a comunidade escolar, a Orientação

    Educacional se liberta, pula o muro da escola, escapole dos serviços burocráticos e

    chega à comunidade, espaço aberto à sua atuação (BONOW,1959).

    Para Queluz (1984), O orientador educacional atua como um facilitador do

    processo de aprendizagem, cabendo a este profissional criar ferramentas

    pedagógicas, como: Projetos e Planos Educacionais.

    Para a referida autora, dessa forma será possível o orientador propiciar um clima

    favorável à aprendizagem e promover mudanças construtivas no individuo.

    Conforme a autora Duarte (1996):

    “A consideração positiva incondicional é a aceitação do outro como ele é em sua

    totalidade; como ele se sente no momento: é o apreço genuíno pela pessoa e por sua

    capacidade de atualização”.

    Para a autora, atuar como o profissional facilitador implica reconhecer que o

    aluno é uma pessoa em evolução, com direitos, experiências e sentimentos próprios.

    Para Papert (1986), Integrar a escola às atividades através de projetos é

    oferecer oportunidades ao aluno de exercitar sua capacidade de procurar e selecionar

    informações, resolver problemas e aprender de forma construtiva, contribuindo assim,

    para uma educação crítica, reflexiva e significativa, com foco no aluno e, sobretudo,

    transformadora.

    Através do desenvolvimento de projetos podemos estimular a construção de uma

    real aprendizagem compreensiva e holística no sentido dos objetivos propostos que é

  • 19

    desenvolver o senso crítico, reflexivo e construcionista dos educandos

    (BEHERENS,2002).

    2.2- O ORIENTADOR EDUCACIONAL ATUANDO NO AMBIENTE

    ESCOLAR.

    O orientador educacional deve ser um educador, seu trabalho deve estar voltado

    para o que é fundamental na escola – o currículo, o ensinar e o aprender e todas as

    relações decorrentes ao aprendizado dos adolescentes.

    A Orientação Educacional faz parte da proposta pedagógica da escola,

    contribuindo para que a equipe escolar explicite os eixos norteadores da ação desses

    profissionais.

    Para Argumedo (1985):

    “O objetivo da educação é promover a transformação dos sujeitos, interferindo

    no seu processo de aprendizagem”.

    Para o autor, essa transformação não se trata em manter a atitude autoritária ou

    paternalista que defenda a idéia de que alguém define e transmite os conhecimentos

    considerados convenientes para os jovens alunos.

    Segundo Freire (1986), é atuando na escola como um todo que o educador pode

    detectar as falhas dos processos educativos, suas contradições e identificar os

    aspectos da escola que precisa ser modificado.

    Para Penin (1989):

    A entrada dos especialistas nas escolas e a ênfase técnica com que seu trabalho foi orientado na escola pública ou privada, facilitou a fragmentação do processo educativo e á prática docente tornou-se burocraticamente organizada em todos os níveis.

    Para o referido autor, na entrada dos especialistas educacionais esperava-se

    que o aluno mudasse apenas seu comportamento manifesto. Com a postura

  • 20

    burocrática, nós especialistas da educação, deixávamos de considerar a influência

    que o ambiente social exerce sobre o comportamento e desenvolvimento do individuo.

    Parafraseando o autor, Atualmente o trabalho do orientador educacional não

    deve resumir-se ao trabalho burocrático e sim participativo. Esse profissional deve

    criar projetos junto à comunidade escolar que possa facilitar e mediar a construção e

    o desenvolvimento intelectual do educando.

    É importante dizer que o fato de o orientador educacional atuar na escola de

    uma forma coletiva, não exclui esse profissional ao atendimento individual aos alunos.

    (ibidem,1989).

    Conforme Ferreira (1993), a atuação do orientador educacional na escola, está

    vinculada ao pedagógico, conhecendo a escola e tudo que acontece dentro e fora

    dela, como: a avaliação, o currículo, os métodos de ensino e também o como se

    aprende; o trabalho em grupo com a comunidade e as questões relativas à produção

    do conhecimento e à pesquisa social.

    A atuação do orientador na escola é aquela que produz homens críticos,

    conscientes da realidade onde vivem e atuam, enfim, homens verdadeiramente

    autônomos, conscientes e analíticos. (ibidem, 1993).

    2.3- A PRÁTICA DOS ORIENTADORES NA ESCOLA, UMA VISÃO

    CONSTRUTIVISTA.

    A prática dos orientadores educacionais e suas atividades, estão determinadas

    em documentos legais (Decreto nº 72846/73) direcionando a sua prática para o

    exercício da profissão. Esse decreto nos apontam “fazeres” que efetivaram ou não as

    atribuições proclamadas do orientador.

    A orientação educacional na atualidade busca maior aproximação com o projeto

    pedagógico da escola e pretende contribuir, não mais para atender “alunos

    problemas”, mas para discutir, junto com alunos e professores, os problemas que

    vivenciamos e as soluções possíveis a serem atingidas.

  • 21

    Para Becker (1993), a atuação do orientador educacional nas escolas é mediar

    os dois lados da questão: sujeito e meio. Portanto, o sujeito por si só não se constitui

    sujeito, sem a mediação do meio, meio físico e social.

    As autoras Schmidt e Pereira (1963), afirmam que:

    “(...) propiciar ao jovem educando o esclarecimento interior (insight) que o capacite a tomar boas decisões, aproveitar ao máximo as oportunidades de

    desenvolvimento, encontrar soluções satisfatórias para seus problemas”.

    Para as referidas autoras, este é o primeiro momento da prática do orientador

    onde o conhecimento no campo profissional forma um clima educativo na escola, para

    que o educando possa ter um bom desempenho nesta instituição.

    Segundo Carvalho (1979), o fazer do orientador educacional colabora na relação

    professor-aluno no processo ensino-aprendizagem. O orientador conhece as técnicas

    que podem facilitar essas relações.

    A dimensão atual caminha para a construção de uma nova prática da Orientação

    para um novo fazer do orientador, que não está pronto e acabado na escola, e sim

    deverá ser gerado e iniciado nessa instituição com o aluno, a partir de suas reais

    necessidades. O eixo condutor do trabalho do orientador é construir, junto com o

    aluno, as condições facilitadoras e desejáveis ao seu desenvolvimento, o mais pleno

    possível (ibidem,1979).

    Para Fazenda (1979):

    “(...) somente na intersubjetividade, num regime de co-propiedade, de interação

    é possível o diálogo, única condição da interdisciplinaridade. Assim sendo, pressupõe

    uma atitude engajada, um comprometimento pessoal”.

    Para o referido autor, em um espaço interdisciplinar é necessário que o

    orientador esteja em uma situação de abertura permanente, de diálogo, não só com

    seus alunos, como com seus demais parceiros. O que caracteriza a

    interdisciplinaridade é a atitude para vivenciá-la.

    Trabalhando com a interdisciplinaridade, o orientador, junto com o corpo

    docente, poderá utilizar-se de inúmeros recursos disponíveis, como: jornais, vídeos,

  • 22

    entrevistas, fotografias etc...) para fornecer elementos iniciais que sirvam de fontes

    esclarecedoras e provocadoras ao objetivo desejado. O que se pretende na proposta

    é fazer com que o aluno seja o sujeito da construção do conhecimento é possibilitar-

    lhe a resolver seus próprios problemas, dúvidas e indagações, sendo capaz de

    caminhar para a solução dos mesmos com as reflexões necessárias (ibidem, 1979)

  • 23

    CAPÍTULO III

    A FUNÇÃO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NAS

    INSTITUIÇÕES ESCOLARES PÚBLICAS OU PRIVADAS.

    Pode-se observar que a função do orientador educacional nas escolas públicas

    ou privadas dar-se-á numa ação múltipla, multifacetada.

    A função do orientador cobre vários aspectos, incluindo àqueles à sua função

    como profissional de ajuda.

    As funções exercidas por esse profissional estão concentradas no atendimento

    ao aluno, fundamentalmente e, depois na orientação aos pais e professores, que na

    verdade atuam como apoio para o desenvolvimento de suas funções.

    Para Becker (1993):

    (...) a idéia de que nada, a rigor, está pronto, acabado, e de que, especificamente,o conhecimento não é dado, em nenhuma instância, como algo terminado. Ele se constitui pela interação do individuo com o meio físico e social,com o simbolismo humano, com o mundo das relações sociais.

    Para o referido autor, a função do orientador educacional é trabalhar o meio

    externo para atingir o nível individual do aluno. Também é a função do orientador

    auxiliar o educando na construção do seu conhecimento.

    O individuo deve construir seu conhecimento através da elaboração de relações.

    O orientador pode ajudar o aluno na interpretação das ações do meio e na construção

    da representação mental dessas ações (ibidem,1993).

    Segundo a autora Drozdek (1990), o fio condutor que liga a função do orientador

    é regido pela certeza de que esse profissional lida com pessoas. Desta forma, o

    orientador é um profissional que facilita a maturidade pessoal e social do aluno, por

    meio de um processo,em que o aluno vai se tornando mais consciente dos seus atos,

    de si mesmo e da sociedade da qual participa.

  • 24

    Conforme Valdez (1993), o orientador educacional promove atividades em que o

    objetivo é desenvolver no aluno uma atividade de reflexão sobre o seu lugar na

    sociedade da qual participa, com questões propostas para chamá-lo à realidade social

    e profissional.

    Parafraseando a referida autora, portanto o orientador, como facilitador no

    desenvolvimento do aluno adolescente, possibilitará o envolvimento do educando

    dentro da instituição, junto aos pais / família ou junto à comunidade.

    Para Canário (1992), a função do orientador é: trabalhar em caráter preventivo

    fazendo a ligação entre família e escola, auxiliar o aluno na sua formação individual,

    considerando o educando como um ser global que precisa desenvolver-se

    harmoniosa e equilibradamente em todos os aspectos intelectuais, físicos, morais,

    éticos, sociais, políticos, estéticos, educacionais e vocacionais. Portanto, o orientador

    deve mobilizar o aluno para investigação coletiva da realidade na qual todos estão

    inseridos.

    A Orientação Educacional tem como proposta básica de trabalho articular as

    diferentes vozes, dentro da escola, na construção de diálogos necessários ao aluno

    que se quer mais humano (ibidem,1992).

    A autora Candau (1999) afirma que a educação é um processo

    multidimensional,onde a prática educativa cotidiana, o trabalho em equipe traduzidas

    em comportamentos e atitudes pelos educadores, assume uma perspectiva político-

    social.

    A função do orientador educacional precisa ser de cunho multidimensional, pois

    é nesse contexto que a questão da relação teoria-prática deve ser situada (ibidem,

    1999).

    Para Bock (2002), ao partir para as relações interpessoais, fora da família, o

    adolescente busca averiguar seus valores adquiridos no seio familiar.

    Concomitantemente, novos valores vão sendo incorporados a partir das novas

    relações.

  • 25

    Bock afirma que:

    “(...) o jovem até agora avaliou o mundo através dos valores da sua família, mas,

    ao confrontá-lo com os valores familiares não são os únicos disponíveis e que, muitas

    vezes, não se adaptam a funções que são agora exigidas”.

    Para o referido autor, essa fase de manutenção de valores acrescenta mais

    conflitos à existência do aluno-adolescente. Cabe ao orientador fazer com que esse

    adolescente possa discernir o que deve ser abandonado e o que realmente tem

    significado pessoal, possibilitando ao seu meio, não mais relacionamento de “mão

    única”, mas sim de trocas.

    3.1- A FUNÇÃO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA ESCOLHA

    PROFISSIONAL DO ADOLESCENTE.

    O dilema vocacional, pelo qual passa os adolescentes, é multideterminado pela

    sociedade ou pela família. Neste momento o trabalho do orientador educacional é o aconselhamento da escolha da profissão que se coloca em questão (ibidem, 2002).

    De acordo com Muller (1988):

    “(...) existe uma insuficiente atenção pedagógica durante etapas especialmente

    complexas, tais como a puberdade, a adolescência e o ingresso ao mundo do

    trabalho adulto”.

    Para o autor, é notória a questão do dilema vocacional no Brasil. A escolha

    profissional está ligada à instabilidade da nossa economia, criando assim uma

    defasagem entre as aspirações profissionais do adolescente e a realidade do

    mercado de trabalho.

    De acordo com Forghieri (2007):

    ((......)) oo hhoommeemm nnããoo éé aallggoo pprroonnttoo,, ee ssiimm uumm ccoonnjjuunnttoo ddee ppoossssiibbiilliiddaaddeess qquuee vvaaii ssee aattuuaalliizzaannddoo nnoo ddeeccoorrrreerr ddee ssuuaa eexxiissttêênncciiaa.. EEllee éé lliivvrree ppaarraa eessccoollhheerr eennttrree aass mmuuiittaass ppoossssiibbiilliiddaaddeess,, mmaass aa ssuuaa eessccoollhhaa éé vviivveenncciiaaddaa ccoomm iinnqquuiieettuuddee,, ppooiiss aa mmaattuurriiddaaddee ddee sseeuu eexxiissttiirr nnããoo llhhee ppeerrmmiittee eessccoollhheerr ttuuddoo,, ccaaddaa eessccoollhhaa iimmpplliiccaa aa rreennuunncciiaa ddee mmuuiittaass ppoossssiibbiilliiddaaddeess..

  • 26

    Para a autora, a crescente diversidade de profissões num mercado cada vez

    mais exigente culmina com a intensificação do dilema vocacional. É nessa realidade

    que os orientadores educacionais pode enriquecer com sua contribuição no seu papel

    de estabelecer recursos necessários na escolha da profissão do adolescente.

    3.2- O ORIENTADOR EDUCACIONAL E O ADOLESCENTE: A

    PARTICIPAÇÃO NOS MOMENTOS COLETIVOS.

    Para Giroux (1987), como membro do corpo gestor da escola, cabe ao orientador

    educacional participar na construção coletiva dos alunos no caminho para a criação

    de condições facilitadoras e desejáveis ao bom desenvolvimento do trabalho

    pedagógico.

    A função do orientador, além de atender alunos,professores e comunidade, è

    também elaborar, avaliar as propostas pedagógicas e participar das reuniões do

    conselho de classe, oferecendo subsídios para uma melhor avaliação do processo

    educacional (ibidem, 1987).

    Para Penteado (1980):

    “(...) participando do planejamento e da caracterização da escola e da

    comunidade,o orientador educacional poderá contribuir significativamente,para

    decisões que se referem ao processo educativo como um todo”.

    Para os referidos autores, cabe ao orientador integrar todos os segmentos que

    compõem a comunidade escolar: direção, equipe técnica, professores,alunos,

    funcionários e famílias visando à construção de um espaço educativo, ético e

    solidário.

    Para poder exercer a sua função,orientador precisa compreender o

    desenvolvimento cognitivo do adolescente, sua afetividade, emoções, sentimentos,

    valores e atitudes. Além disso, cabe ao mesmo promover, entre os educandos,

    atividades de discussão e informação sobre o mundo do trabalho, assessorando-lhes

    nas suas escolhas profissionais (ibidem, 1980).

  • 27

    Giroux (1986), afirma que:

    “(...) todas as relações que se estabelecem no cotidiano escolar, em especial o

    relacionamento com os colegas adolescentes, podem receber inúmeras contribuições

    do profissional orientador educacional”.

    Parafraseando o referido autor, a integração entre colegas no cotidiano escolar

    enriquece o trabalho do orientador educacional, pois essa integração oferece, ao

    profissional, meios de observar e analisar o comportamento dos educandos

    contribuído, assim, para um melhor trabalho pedagógico.

    3.3- O ORIENTADOR EDUCACIONAL E O ADOLESCENTE: A

    CRIAÇÃO DE AMBIENTES SÓCIO-EDUCATIVOS.

    O orientador educacional é o encarregado da articulação entre escola e família.

    Cabe ao orientador educacional contribuir para a aproximação entre as duas,

    planejando momentos culturais em que a família e o adolescente possam estar juntos.

    Cabe também ao orientador a tarefa de servir de elo entre a situação escolar do aluno

    e a família, sempre visando uma melhor contribuição sócio-educativa.

    A função do orientador não é apontar desajustes ou procurar os pais apenas

    para tecer longas reclamações sobre o comportamento do seu filho, e, sim, procurar

    caminhos, junto à família, para que o espaço escolar seja favorável ao aluno. Não

    cabe ao orientador a tarefa de diagnosticar problemas e / ou dificuldades emocionais

    e psicológicas, e, sim, que volte seu trabalho para os aspectos saudáveis dos alunos.

    Segundo Azevedo (1996), A escola é um espaço vivo e democrático privilegiado

    da ação educativa voltada para o trabalho com as classes populares. A função do

    orientador educacional na ação educativa é garantir a participação de toda a

    comunidade escolar e oportunizar o acesso do adolescente ao conhecimento pautado

    nas suas experiências, saberes e culturas, estabelecendo uma constante relação

    entre teoria e prática.

    A necessidade de desenvolver capacidades no sujeito “aprendiz” é um dos mais

    importantes objetivos do PCN (Parâmetro Curricular Nacional). O desenvolvimento

  • 28

    dessas capacidades pode gerar atitudes como autonomia, análise e reflexão

    essenciais à formação integral do cidadão (AZEVEDO, 1996).

    Jokl (1964), relata que:

    (...) existem sólidas convicções, devido ás experiências pedagógicas e as

    sucessivas reflexões culturais e filosóficas sobre a conveniência e utilidade da prática

    pedagógica. Por essa razão, os educadores não duvidaram nunca, de que a prática

    pedagógica ensina a superar dificuldade.

    Para o autor, a prática pedagógica como as oficinas sócio-educativas, podem ser

    desenvolvidas pelo orientador educacional e o corpo docente durante as aulas. O

    importante desse trabalho é poder contribuir para o crescimento humano do

    adolescente.

    Conforme Telema (1986), o educador deve ter em mente que a atividade

    pedagógica por si só não educa: seus efeitos educativos dependem da situação

    criada especialmente em relação aos aspectos de integração social e ao clima

    afetivo-emocional e motivacional existente. Essas condições dependem da intenção

    do educador de proporcionar as atividades certas para cada segmento de ensino.

    Freire (1998), afirma que:

    Qualquer que seja o nível em que se dá a ação do homem sobre o mundo, esta ação subentende uma teoria, quer saibamos ou não. Se a teoria e a prática são algo indicotimizavel, a reflexão sobre a ação ressalta a teoria, sem a qual a ação (ou prática) não é verdadeira.

    Para o autor, a ação sócio-educativa não está apoiada em uma única concepção

    totalitária. Múltiplas concepções produz um processo rico em criações, elaborações e

    reelaborações.

    As oficinas sócio-educativas insere os adolescentes em atividades extra classe,

    que estimula sua participação e desenvolve suas habilidades e conhecimentos

    (FREIRE, 1998).

    Para Mello (1987), o termo ambiente sócio-educativo implica o individuo instituir-

    se, isto é, estabelecer conexões entre certos estímulos e determinadas respostas,

    cujo resultado é alimentar a adaptação do adolescente ao seu ambiente.

  • 29

    As oficinas sócio-educativas buscam viabilizar em horários alternativos o

    desenvolvimento de diferentes habilidades que intensifique a aprendizagem, bem

    como, a intencionalidade de trabalho e o desenvolvimento integral do ser humano

    (ibidem, 1987).

  • 30

    CONCLUSÃO

    Esse estudo teve como objetivo analisar e investigar o trabalho do orientador

    educacional nas instituições escolares, onde esse educador busca desenvolver e

    construir uma integração entre escola e comunidade, dessa forma esse profissional

    é um elo importante entre educando e o meio social no qual o aluno está inserido.

    A abordagem da trajetória da Orientação Educacional teve como principal

    objetivo de nortear o trabalho do orientador educacional. Para que esse trabalho

    fosse regulamentado, foram criados decretos e leis que possibilitaram a esse

    profissional assumir um papel político e social dentro da escola.

    As análises da atuação e função dos orientadores nas instituições de ensino,

    deveu-se ao trabalho no processo de integração entre escola-familia-comunidade.

    Portanto, esse trabalho mostrou as possibilidades, os papéis e as influências dos

    seus conhecimentos pedagógicos para com a comunidade escolar e extra-escolar.

    Essa pesquisa foi apresentada em três capítulos, onde conclui-se que o papel

    do orientador educacional constitui-se na teoria e prática educacional. Esse

    profissional habilitado exercerá seu trabalho na construção e desenvolvimento

    intelectual, físico, moral, ético, social, político, estético, educacional e vocacional do

    educando.

    O trabalho em equipe, com o corpo docente e gestores, é à base da construção

    de mudanças organizacionais na gestão escolar.

  • 31

    BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

    GRISPUN, MIRIAN P.S.ZIPPIN. A prática dos Orientadores Educacionais. São

    Paulo: Cortez, 1998. 6ª ed.

    OSÓRIO, LUIZ CARLOS. Adolescente Hoje. Porto Alegre: Artes Médicas,

    1989.

    SANCHES, CIDA. Orientação Educacional dirigida a adolescentes. São Paulo:

    Arte & Ciências, 1998.

  • 32

    BIBLIOGRAFIA CITADA

    1- ALVES, Kleide M. Barbosa. O Orientador Educacional: formação,

    compromisso e perspectiva de ação. Prospectiva. Porto Alegre, AOERGS,

    1984.

    2- ARGUMEDO, M. Elaboração Curricular na Educação Participativa, In:

    WERTHEJN, J. & ARGUMEDO, M. (orgs.). Educação Participante. Rio de

    Janeiro, Philobiblion, Brasilia, SEPs / MEC, 1985.

    3- AZEVEDO, José Clovis. Proposta Político Pedagógica da Escola Cidadã.

    Cadernos Pedagógicos nº 9. Porto Alegre: SMED, 1996.

    4- BECKER, Fernando. A epistemologia do Profesor – O Cotidiano da Escola.

    Petrópolis, Vozes, 1993.

    5- BEHERENS, Maria Aparecida. Novas Tecnologías e Mediação Pedagógica,

    5ª edição. Campinas, SP: Campus, 2002.

    6- BOCK, Silvio Duarte. Orientação Professional – A Abordagem Sócio-

    Histórica. Editora Cortez, São Paulo, 2002.

    7- BONOW, Iva Waisberg. Introdução à Sociología Educacional. Rio de

    Janeiro, Mariana Editora, 1959.

    8- BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Valores Sócio-Culturais e Orientação

    Educacional. IV encontro nacional de orientadores educacionais. Goiania,

    n.2, 1977.

    9- CANÁRIO, Rui. Inovação e Projeto Educativo da Escola. Lisboa, Educa,

    1992.

  • 33

    10- CANDAU, Vera Maria. Rumo a uma nova didática: ed. vozes. Petrópolis,

    1999.

    11- CARVALHO, Maria de Lourdes Ramos da Silva. A função do Orientador

    Educacional, São Paulo, Cortez, 1979.

    12- COVRE, Maria de Lourdes Manzini. Cidadania. São Paulo, Brailiense,

    1991.

    13- DROZDEK, Suely. Percepção das Atitudes Facilitadotas do Profesor:

    elaboração e validação de um instrumento. São Paulo. 1990. Dissertação

    (Mestrado em Psicología Escolar) – USP.

    14- DUARTE, Vera Lucia C. Aprendendo a Aprender: experenciar, refletir e

    transformar, um processo sem fim. São Paulo, 1996. Tese (Doutorado) –

    PUC.

    15- Educação em Revista. Rev. Nº 47. Belo Horizonte Jun.2008. Editorial

    16- FERREIRA, Nilda Tevez, Cidadania – uma questão para a educação. Rio

    de Janeiro, Nova Fronteira, 1993.

    17- FERRETI, Celso João. Considerações Críticas a respeito da orientação

    educacional. Educação & Sociedade. São Paulo, Cortez, 1981.

    18- FORGHIERI, Yolanda Citrão. Aconselhamento Terapêutico – Origens,

    Fundamentos e Prática. Ed. Pioneira Thompson Learning. São Paulo,

    2007.

    19- FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1985.

    ____________. Extensão ou Comunicação? São Paulo, Paz e Terra, 1988.

  • 34

    ____________. Medo e Ousadia: o cotidiano do profesor. Rio de Janeiro,

    Paz e Terra, 1986.

    20- GADOTTI, Moacir. Educação e Poder: introdução a pedagogía do conflito.

    São paulo, Cortez, 1980.

    ______________. GADOTTI, Moacir & GUTIERREZ, Francisco (orgs).

    Educação Comunitária e Economia Popular. São Paulo: Cortez, 1993.

    (coleção Quesotes de nossa Época, v. 25).

    21- GIROUX, Henri. Escola Crítica e Política Cultural. São paulo, Cortez, 1987.

    _____________. Teoria Crítica e Resistencia em Educação. Rio de janeiro,

    Vozes, 1986.

    22- GRINSPUN, Mirian P. S. Zippin. A Prática dos Orientadores Educacionais,

    6ª edição. São Paulo: Cortez, 2008.

    _________________________. O Currículo e a Orientação Educacional.

    Rio de Janeiro, 1994. Mimeografado.

    ________________________. O Espaço Filosófico da Orientação

    Educacional na Realidade Brasileira. Rio de janeiro, Rio Fundo, 2001.

    ________________________. Do Cotidiano do Orientador Educacional:

    relação teoria e prática. Relatórios de pesquisas (final). Rio de Janeiro,

    IESAE/FGV, INEP/MEC,1988.

    23- JOKL, E. “Deporte Y Cultura”. Madrid: Instituto Nacional de Educación

    Física Y Deporte, 1964.

    24- MELLO, Alexandre Moraes. Psicomotricidade, Educação Física e Jogos

    Infantis. 2. ed. São Paulo: IBRASA, 1987.

  • 35

    25- MULLER, P. Airbus. Du Referentiel de Arsenal ou Referentiel de Marché.

    Cerat, Genoble; Revista Técnico Científica, 1988.

    26- PAPERT, S. Computadores e Educação, São Paulo: Brasiliense, 1986.

    27- PENIN, Sonia. Cotidiano e Escola: a obra em construção. São Paulo,

    Cortez, 1989.

    28- PENTEADO, Wilma M. A. Orientação Educacional: fundamentos legais:

    São Paulo: Edicon, 1980.

    29- PIMENTA, Selma Garrido. A Orientação Educacional e o Planejamento. In:

    NEVES, Maria Aparecida M. A Orientação Educacional: permanência ou

    mudanças? Rio de Janeiro, Vozes, 1995.

    ____________________. Uma Proposta de Atuação do Orientador

    Educacional na Escola Pública. Tese de doutorado. Pontifícia

    Universidade Católica de São Paulo, 1985.

    31- Projeto Mangueira – Rio de Janeiro: Faculdade de Educação da

    UERJ,1981 (mimeo).

    32- QUELUZ, Ana Gracinda. A pré-escola centrada na criança: uma influência

    de Carl. R. Rogers. São Paulo: Pioneira, 1984.

    33- SCHMIDT, Maria Junqueira & PEREIRA, Maria de Lourdes de Souza.

    Orientação Educacional. Rio de Janeiro, Agir, 1963.

    34- TELEMA, R. Consideraciones Sócio educativas del Deporte: aspectos

    pedagógicos para la juventud. V. 28, p. 26, 1986.

  • 36

    35- VALDEZ, Dorotéa B. De como a Orientação Educacional vai encontrando

    na história sua identidade. São Carlos: 1993. Dissertação (Mestrado em

    Educação e Ciências Humanas) – UFSC.

  • 37

    ANEXOS

    Índice de anexos

    Anexo 1 >> Documentos pesquisados: Relatórios avaliativos dos alunos no

    Projeto Mangueira.

  • 38

    ANEXO 1 RELATÓRIOS AVALIATIVOS DOS ALUNOS NO PROJETO MANGUEIRA

    PROJETO MANGUEIRA – 1981

    Mimeografado.

    A avaliação dos alunos da Uerj apontou as falhas e os pontos positivos, e

    sugeriram providências. Os textos que se seguem são trechos de

    relatórios dos alunos.

    Uma das coisas fundamentais que deve ser comentada no projeto: o comportamento das crianças, do começo ao fim. No começo as crianças não escutavam o que falávamos, não respeitavam o outro. No fim do período pude notar que a integração melhorou razoavelmente. É claro que não havia a intenção de transformá-los durante este período, mas a leve mudança foi sinal de vitória (Ivany Martins Delgado). As estórias foram bem aceitas, mas as crianças se tornam inquietas quando se fala muito tempo seguido (Eliane Cristina Arnosti Santos). Enquanto subíamos o morro notei uma certa desconfiança quanto a nossa presença. Nota-se também, que há uma falta muito grande de união e cooperação entre eles (Ana Paula Olivieri). O primeiro passo foi a subida do morro, algo que nunca fiz antes e me abriu os olhos para essa nova realidade. Observei a criatividade das crianças perante seus brinquedos e situações, usando materiais de sucatas para seu próprio uso e, até, parede de uma casa serviu como mesa de ping-pongue. Gostam de sambar e cantar, como também correr, comer e brincar (Therezinha Barbosa Vieira). Em todas as atividades cada criança se mostrou em constante evolução e crescimento individual e, também, na sua relação com o grupo de seu ambiente (Sonia Queiroz da Silva). Todas as atividades que envolveram o corpo (a dança, a percepção do espaço, as brincadeiras de roda) foram apreciadas pelas crianças. As colagens realizadas durante o período deram melhores possibilidades de criação e organização de idéias (Célia Socorro Guimarães dos Santos).

  • 39

    ÍNDICE

    FOLHA DE ROSTO 2

    AGRADECIMENTO 3

    DEDICATÓRIA 4

    RESUMO 5

    METODOLOGIA 6

    SUMÁRIO 7

    INTRODUÇÃO 8

    CAPÍTULO I

    A trajetória da orientação educacional no país 10

    1.1 - Análise crítica da Orientação Educacional com sua história 12

    1.2 - A Orientação Educacional e suas concepções 13

    1.3- projetando perspectivas 15

    CAPÍTULO II

    A atuação do orientador educacional como o profissional de ajuda ao

    adolescente 16

    2.1- A Orientação Educacional atuando no Projeto Mangueira 17

    2.2- O orientador educacional atuando no ambienta escolar 19

    2.3- A prática dos orientadores na escola, uma visão construtivista 20

    CAPÍTULO III

    A função do orientador educacionais nas instituições escolares públicas ou

    privadas. 23

    3.1- A função do orientador educacional na escolha profissional do

    adolescente 25

    3.2- O orientador educacional e o adolescente: a participação nos momentos

    coletivos 26

  • 40

    3.3- O orientador educacional e o adolescente: a criação de ambientes sócio-

    educativos 27

    CONCLUSÃO 30

    BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 31

    BIBLIOGRAFIA CITADA 32

    ANEXOS 37

    ÍNDICE 39

    AGRADECIMENTOSCAPÍTULO I- A trajetória da orientação educacional no país 10CAPÍTULO II - A atuação do orientador educacional como o profissional de ajuda ao adolescente CAPÍTULO III – A função do orientador educacional nas instituições escolares públicas ou privadas

    CONCLUSÃO 30BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 31BIBLIOGRAFIA CITADA 32ANEXOS 37ÍNDICE 39FOLHA DE AVALIAÇÃO 41ANEXO 1

    FOLHA DE ROSTO 2AGRADECIMENTO 3