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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E O ADOLESCENTE
Por: Hênio Brígido da Silva Junior
Orientador
Profª. Edla Trocoli
Rio de Janeiro
2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL E O ADOLESCENTE
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada
como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Orientação Educacional e Pedagógica.
Por: . Hênio Brígido da Silva Junior
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por estar sempre ao meu
lado, a minha orientadora, a minha mãe
por ter me apoiado financeiramente nos
estudos e a minha esposa que tem uma
presença importante na minha vida
acadêmica e profissional.
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DEDICATÓRIA
Dedico essa monografia ao meu pai (in
memorian), minha esposa, mãe, sobrinhos e
sogros.
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RESUMO
O presente estudo, tratou da importância do trabalho do orientador educacional para com os jovens, buscando integrar-los a comunidade intra e
extra escolar em atividades sócio-educativas. Com isso, esse pedagogo visa
desenvolver no educando um trabalho coletivo onde os alunos aprenderão a
criar e construir comportamentos e atitudes que possibilitarão vivenciarem
situações que o levam a estimular seu senso crítico e analítico sobre o mundo
em que vive. O referido tema também ressalta a importância do educando em
articular suas concepções e idéias sobre o mundo, pela aprendizagem
interdisciplinar e multidisciplinar. Portanto, a Orientação Educacional é um
norteador que possibilitará uma transformação de comportamentos internos e
externos dos alunos. Com esse trabalho, esse profissional assume um papel
importante na educação quando se coloca a serviço da mesma.
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METODOLOGIA
Os métodos que levam ao problema proposto são de pesquisa
exploratória e qualitativa de cunho bibliográfico e documental.
A importância dessa pesquisa é analisar a problemática do trabalho do
orientador educacional nas Instituições de Educação Pública, ora constituída
na comunidade escolar e extra-escolar. Nessa relação entre comunidade
escolar e extra-escolar, é de suma importância abordarmos os fatores internos
e externos que interferem no aprendizado do educando. Para que o trabalho
desse profissional desenvolva, é fundamental construir relacionamentos com o
corpo docente e comunidade que permita o orientador educacional intervir e
avaliar nas dificuldades de aprendizado na educação dos educandos.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - A trajetória da orientação educacional no país 10
CAPÍTULO II - A atuação do orientador educacional como o profissional de
ajuda ao adolescente 16
CAPÍTULO III – A função do orientador educacional nas instituições escolares
públicas ou privadas 23
CONCLUSÃO 30
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 31
BIBLIOGRAFIA CITADA 32
ANEXOS 37
ÍNDICE 39
FOLHA DE AVALIAÇÃO 41
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INTRODUÇÃO.
A sociedade atual ampliou o campo de atuação educacional para outros
ambientes, como instituições escolares e empresas, onde a importância da O.E
(Orientação Educacional) está no relacionamento interpessoal, possibilitando o
orientador a trabalhar nas reflexões críticas dos indivíduos sobre o mundo,
principalmente no mercado de trabalho. É de suma importância à inserção do
Pedagogo, habilitado em Orientação Educacional, nas Instituições Escolares,
atuando junto aos funcionários, comunidade e família. Essa inserção implicará em
trabalhos de encaminhamentos que são inerentes em suas funções condizentes
com seus conhecimentos.
A função do Orientador Educacional vem sendo questionada ultimamente,
como decorrência das transformações gradativas que ocorrem na sociedade. Com
esses questionamentos, surgem os seguintes problemas: Quem é o profissional
Orientador Educacional nas Instituições Escolares?
A partir do problema, apresentado nessa pesquisa, podemos justificar, que: A
ação desse profissional se dá diretamente sobre os alunos, ajustando-os em
desenvolvimento pessoal, na atuação em parceria com a comunidade escolar e
extra escolar , ter compromisso com a formação permanente no que diz respeito a
valores, atitudes, emoções, sentimentos e lidar com assuntos pertinentes a
escolhas, relacionamentos com colegas e vivências familiares. Com essas
justificativas, fica claro que esse Pedagogo habilitado contribui para o
desenvolvimento pessoal do aluno e ajuda a escola a organizar e realizar a proposta
pedagógica.
Este estudo apresenta como hipótese a atuação da Orientação Educacional no
Ensino Médio e comunidade, visando a interação aluno/escola, aluno/professor,
professor/professor, professor/família e comunidade/escola. Para Gadotti (1986)
essas relações são chamadas de “cidades educativas”.
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As relações do O.E. com a comunidade escolar e extra-escolar, objetiva um
melhor desenvolvimento nas relações dos alunos com a sociedade, construindo nos
educandos um aprendizado voltado para uma pedagogia democrática.
Através desse estudo, foi observado que o foco de trabalho do Orientador
Educacional não é mais trabalhar com os “alunos problemas” e sim dar ao educando
uma formação mais completa. Segundo a autora (Grispun,1994,p.16), relata sobre
essa formação completa: “O aluno necessita ter uma formação mais completa para
que ele se torne um cidadão crítico e consciente e não alguém que simplesmente
segue o outro”.
O papel do Orientador Educacional é de conscientizar, refletir, clarear e fazer
com que os alunos pensem sobre ás questões do seu cotidiano.
A metodologia aplicada para o desenvolvimento desse estudo foi pesquisa
exploratória e qualitativa de cunho bibliográfico e documental (GIL, 2002).
Foram utilizados como referencial teórico, os autores: Mirian Grispun
P.S.Zippin (1998) Maria Aparecida Sanches (1998) e Luiz Calos Osório (1989).
Esse estudo foi apresentado em três capítulos. O primeiro capítulo retrata da
trajetória da Orientação Educacional no país. O segundo capítulo, aborda a atuação
do Orientador Educacional como o profissional de ajuda ao adolescente do ensino
médio e o terceiro capítulo, trata da função do orientador educacional nas
Instituições Escolares públicas ou privadas.
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CAPÍTULO I
A TRAJETÓRIA DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL NO
PAÍS
No Brasil, a trajetória da Orientação Educacional inspira-se em dois modelos, o
americano e francês que, embora divergentes em alguns aspectos, estão
alicerçados em um mesmo conceito de sociedade. Conforme, Pimenta (1995,p.26)
“Todos indivíduos se devem ajustar nas mesmas bases psicológicas”.
Em solo brasileiro, a Orientação Educacional foi criada segundo experiências
externas que se delinearam através das leis com base nas dimensões psicológicas e
em consonância com os objetivos educacionais mais amplos.
Lourenço Filho, educador e um dos responsáveis pelo movimento da Escola
Nova, foi criador do Serviço de Orientação Profissional e Educacional no
Departamento de Educação do Estado de São Paulo, em 1931. No Rio de Janeiro
essa experiência foi datada em 1934, na Escola Comercial Amaro Cavalcanti.
A legislação que norteou à Orientação Educacional data do início da década de
40. Segundo Grispun (2001) pela Reforma Capanema, com a lei orgânica do ensino
industrial em 1942 foi criado o SOE (Serviço de Orientação Educacional), visando a
correção e encaminhamento dos alunos-problemas e a elevação das qualidades
morais.
A lei 4073/42, art. 50, inciso XII, institui em cada escola industrial ou escola
técnica a Orientação Educacional, aplicando processos adequados para adaptação
profissional e social do educando.
A lei 5692/71, em seu art. 10, declara a obrigatoriedade a Orientação
Educacional, incluindo o aconselhamento vocacional em cooperação com
professores, a família e a comunidade. Com essa lei, pretendia-se prepara
trabalhadores para atender os interesses e as necessidades empresariais, visando o
interesse econômico.
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O Decreto-Lei nº 72846/73, art. 1º, constitui o objeto da Orientação educacional
a assistência ao educando. Portanto o orientador educacional prestava assistência
ao aluno a partir do planejamento estabelecido no Decreto, em consonância com os
interesses do Estado. Pelo Decreto, o indivíduo (aluno) teria que se conformar com
sua situação perante a sociedade dominante, a qual destinava o ensino
profissionalizante ao menos favorecidos para que pudessem ser inseridos no
mercado de trabalho.
Na década de 80 séc XX, houve mudanças, avanços e contradições na história
da Orientação Educacional, esses profissionais assumiram um papel político e
comprometido com a sociedade, defendendo uma escola pública de qualidade e
filiando-se à Federação Nacional de Orientação Educacional (FENORE), à Central
Única dos Trabalhadores (CUT) e mais tarde à Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Educação (CNTE)
Na década de 90 a FENORE foi extinta, ocorrendo o enfraquecimento e a
fragilização desses profissionais.
Com a Lei nº 9394/95, LDBEN (Leis de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional), não há uma referência específica à Orientação Educacional. Contudo,
não deixa de ser mencionada em vários artigos, principalmente no art. 39, segundo
o qual a educação profissional, integradas a diferentes formas de educação, ao
trabalho, à ciência e a tecnologia, conduz o educando ao permanente
desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva.
Segundo Placco (2001,p.115) cabe ao orientador educacional formar cidadão
responsável e transformador.
O papel básico do orientador educacional será de auxiliar o aluno a tornar-se consciente, autônomo e atuante auxiliando também, na identificação do seu processo de consciência nas esferas sócio-econômico-político-ideológico. Com isso, o educando torna-se um homem-coletivo, responsável e transformador.
Parafraseando a autora, a Orientação Educacional passa a ter um papel mais
efetivo na sociedade com o advento da Lei nº 9394/96.
Nessa pesquisa, podemos observar os vários períodos que compreendem a
trajetória e o trabalho do orientador educacional.
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Período Implementador: Compreende o período de 1920 à 1941 e está
associada a Orientação Profissional, orientando na seleção e escolha profissional.
Período Institucional: Compreende o período de 1942 à 1961. Esse período
exige-se a Orientação Educacional nos estabelecimentos de ensino e nos cursos de
formação dos orientadores educacionais. Com a divisão funcional e institucional,
surge a escola pública.
Período Transformador: de 1961 a 1970. Pela Lei nº 4024/61, a Orientação
Educacional é caracterizada como educativa, ressaltando a formação do orientador e
fixando a LDBEN.
Período Disciplinador: de 1971 a 1980. Conforme a Lei nº 5692/71, obriga-se
essa profissão nas escolas, incluindo o aconselhamento educacional. O Decreto nº
72846/73, regulamenta a Lei nº 5564/68, sobre o exercício da profissão de orientador
educacional.
Período Questionador: de 1980 a 1990. Há uma discussão sobre ás práticas do
orientador, seus valores, a questão do aluno trabalhador, enfim, a sua realidade no
meio social voltada para uma educação política.
Período Orientador: a partir da década de 90, a Orientação Educacional volta-se
para a “construção” do cidadão comprometido com seu tempo e sua gente,
trabalhando a subjetividade e intersubjetividade obtidas através do diálogo.
Para Grinspun (2008,p.11-33) atualmente a Orientação Educacional caracteriza-
se por um trabalho abrangente, na dimensão pedagógica, possuindo caráter mediador
junto aos demais educadores, buscando conhecer a realidade e transformá-la para
que seja mais justa e humana.
1.1- Análise crítica da Orientação Educacional com sua história.
A obrigatoriedade da Orientação Educacional, nas escolas de 1º e 2º graus,
conforme o art. 10 da Lei nº 5692/71, não garantiu a eficiência de seus resultados. Por
longas décadas, a história da Orientação Educacional tecida de vários “bordados
pedagógicos”, assimilou mais do que um “bordado terapêutico”. Em outras palavras,
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encontramos alguns pontos diferenciados nas atribuições, funções,de acordo com as
concepções e áreas do conhecimento desse profissional
Há, portanto, necessidade de nos inserirmos em uma nova abordagem
pedagógica, voltada para a “construção” de um cidadão e não na abordagem
terapêutica e psicologizante.
Ferreira (1993) afirma que:
“É pelo dialogo que os homens,nas condições de indivíduos cidadãos, constroem
a inteligibilidade das relações sociais, pois só através do diálogo se pode chegar a um
mínimo de consenso” (pp.17-8).
Para essa autora, partimos de uma orientação voltada para a individualização e
chegamos a uma orientação coletiva e participativa.
Sob a influência de novas abordagens educacionais podemos traçar um novo
paradigma para a orientação educacional, não mais alicerçada no perfil
psicologizante, mas sim no perfil de colaborar com o educando em sua formação
cidadã. (PIMENTA,1985).
Para Grinspun (2008), a Orientação Educacional está cada vez mais
comprometida com a educação:
“É necessário que o orientador pedagógico, favoreça, promova os meios
necessários para que se efetive uma educação de qualidade em todos os níveis e
modalidade de ensino“.
A autora se refere ao trabalho do orientador diretamente com os alunos,
professores, instituição escolar que pertence a uma gama variada de características
políticas, pedagógicas, administrativas.
1.2- A Orientação Educacional e suas concepções.
Na década de 70 do séc. XX, diziam que os especialistas em educação estavam
interferindo no trabalho do professor, pois pensavam que o especialista (orientador
educacional) é que tinha o “poder” dentro da escola. Esta concepção fez com que a
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Orientação Educacional se desenvolvesse junto aos problemas, confrontos e conflitos
dentro da escola.
Para Brandão (1977), a Orientação Educacional teve uma trajetória relacionada
com os esforços feitos pelos orientadores, no sentido de:
Definir e redefinir a Orientação segundo variações ocorridas na teoria de
educação e das ciências humanas diretamente ligadas a ela:
Adequar a prática da Orientação Educacional às variações processadas na
sociedade e na cultura brasileira com repercussão sobre os sistemas educacionais,
sobretudo no ensino de primeiro e segundo graus (p.19).
De 1977 a 1993, com o momento histórico que vivíamos, levaram os
orientadores a exigirem uma Orientação que atendesse às reais necessidades sócio-
educacionais.
Para o referido autor, a Orientação Educacional era caracterizada como um
processo, uma ação, um método, um trabalho cujos objetivos diretos eram
apresentados como: o aluno e sua personalidade, o aluno e seus problemas, o aluno
e suas opções conscientes.
Parafraseando, Brandão (1977), a Orientação Educacional, hoje, assume uma
posição mais crítica e analítica, visando seus objetivos no trabalho coletivo e
participativo.
Para Covre (1991):
A Orientação Educacional continuará sendo uma caixa- preta, enquanto a própria educação assim for considerada, pois, sabe-se da importância de seu processo, mas não se configura uma vontade política para resolvê-la e enriquecê-la.
A autora se refere à Orientação como uma “caixa-preta”, pela indefinição quanto
ao que se pretende da Orientação, observável ao longo de sua história.
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1.3- PROJETANDO PERSPECTIVAS.
Para Ferreti (1981), A Orientação Educacional não integrará mais os
planejamentos pedagógicos das escolas, de forma desvinculada ou reducionista.
Para o referido autor, a Orientação Educacional trabalharia na mobilização para
o conhecimento da articulação, realidade e objetivo trabalhando a questão da
totalidade como uma tecelã que se compromete com todos os fios que ajudam a
formar o homem para o tempo de amanhã.
Segundo Grinspun (1988), “a prática do orientador deverá valorizar a
criatividade, respeitar o simbólico, permitir o sonho e recuperar a poesia”.
Para essa autora, a prática proposta pelo orientador, ao longo da história, não se
fecha em técnicas objetivas e precisas. Faz parte do trabalho a interdisciplinaridade ,
a intersubjetividade e o diálogo. O aluno é o centro das atenções do trabalho
pedagógico e merece que tenhamos uma prática comprometida com sua formação
cidadã.
A realidade do trabalho do orientador educacional, será tratada a partir dos
valores éticos que a constitui desde o significado histórico até os dias de hoje. O
aluno precisa ser compreendido em uma visão maior, com todos os componentes do
tecido social. Nós, orientadores, precisamos lembrar que estamos formando o aluno
para um novo tempo, onde a ciência e a tecnologia trazem para esse aluno novos
valores, novas leituras a serem apreendidas. (ibidem,1988).
As perspectivas para uma realidade “pedagógica orientadora” é dar a voz aos
nossos alunos, para que eles participem ativamente, como sujeitos e não como
coisas, como diz Alves (1984):”Quando tudo isso acontecer, por certo outras histórias
serão contadas. Deixemos o aluno falar, ouçamos suas histórias, procuremos, junto
com eles, interpretá-las”.
Parafraseando o referido autor,os orientadores educacionais, ao longo de sua
história buscaram um caminho de construção de novas práticas pedagógicas,
permitindo com que o aluno tenha seus sonhos pautados em uma realidade social,
onde participem ativamente como sujeitos da sua própria ação no processo de
formação.
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CAPÍTULO II
A ATUAÇÃO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL COMO
O PROFISSIONAL DE AJUDA AO ADOLESCENTE.
A prioridade para a educação há muito tempo faz parte da plataforma eleitoral e
do programa de trabalho de políticos brasileiros.
Para Gadotti e Gutierrez (1993), “no caminho do desenvolvimento a educação
tem um papel preponderante, em especial no Brasil”.
Os referidos autores, relatam os fatores que dificultam o progresso da educação
no Brasil:
O Brasil é um dos países mais miseráveis da América Latina. Segundo dados do estudo do Banco Mundial,o Brasil tem 44% dos pobres da América Latina. A pobreza e a distribuição de renda é um dos fatores que impedem o progresso educacional em nosso país.
Diante desses relatos, os autores afirmam que os educadores e governantes tem
seu empenho decisivo para a mudança desse quadro.
Na resolução dessas questões ligadas à pobreza e a distribuição de renda, a
escola assume o papel definitivo, mesmo desacreditada e elitizada. (ibidem,1993).
Para Toscano (1969):
O orientador educacional atuará nas questões sócio-econômicas, políticas e culturais nas escolas, conhecendo a comunidade e se entrosando no ambiente escolar e demais instituições educacionais para que a ação educativa se realize eficientemente.
Para a referida autora, o orientador educacional, parte integrante da Orientação,
observa, analisa, reflete e realimenta o processo educacional que ocorre na turma, na
escola e na comunidade.
A lei nº 5564/68, regulamentada pelo presidente da república através do Decreto
nº 72846/73, e a Portaria nº 139/87/E-DGED (Departamento Geral de Educação) que
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pertence a Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, garante a atuação do
orientador educacional no processo de integração escola-familia-comunidade.
Para Bonow (1959), a orientação do orientador educacional é enfatizada na
projeção de projetos pedagógicos, planejamentos e na gestão escolar, onde sua
tarefa é mostrar as possibilidades, os papéis e as influências dos seus trabalhos
pedagógicos para com a comunidade intra e extra-escolar.
Paulo Freire (1985), afirma que:
O Compromisso próprio da existência humana, só existe no engajamento com a realidade de cujas “águas” os homens verdadeiramente ficam “molhados”, ensopados. Somente assim o compromisso é verdadeiro. Ao experiência-lo, num ato que necessariamente é corajoso, decidido e consciente, os homens já não se dizem neutros.
Para o autor, o compromisso e a responsabilidade estão intimamente
relacionados com esse vinculo, certamente o profissional educador fortalecerá a
relação escola, família e comunidade.
Parafraseando o referido autor, Com essa responsabilidade e vinculo afetivo,
esse profissional trabalhará na construção de um crescimento comunitário.
2.1- A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL ATUANDO NO PROJETO
MANGUEIRA.
Os integrantes do Serviço de Orientação e Aconselhamento (SOA) da Faculdade
de Educação da UERJ, desenvolveram e planejaram, em cinco períodos letivos, com
a participação de alunos do curso de Pedagogia, o Projeto Mangueira.
Esse projeto surgiu a partir de entrevistas entre os integrantes do Serviço de
Orientação e Aconselhamento e a comunidade próxima ao Campus da Universidade.
Com isso, os alunos e integrantes do SOA, vivenciaram a realidade das pessoas do
Morro da Mangueira.
O objetivo geral do Projeto Mangueira (1981), era contribuir para o
desenvolvimento sociocultural do Morro da Mangueira.
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Os objetivos específicos era integrar os alunos da Uerj na vida da comunidade,
oportunizar aos alunos da UERJ informarem-se sobre a realidade social do Morro da
Mangueira, favorecer a integração dos moradores do Morro da Mangueira na
comunidade e envolver as Unidades da UERJ no programa de desenvolvimento
social.
A avaliação do projeto, realizada pelos alunos e orientadores, apontou as falhas
e os pontos positivos de acordo com os relatórios apresentados.
Com a atuação do orientador, junto com a comunidade escolar, a Orientação
Educacional se liberta, pula o muro da escola, escapole dos serviços burocráticos e
chega à comunidade, espaço aberto à sua atuação (BONOW,1959).
Para Queluz (1984), O orientador educacional atua como um facilitador do
processo de aprendizagem, cabendo a este profissional criar ferramentas
pedagógicas, como: Projetos e Planos Educacionais.
Para a referida autora, dessa forma será possível o orientador propiciar um clima
favorável à aprendizagem e promover mudanças construtivas no individuo.
Conforme a autora Duarte (1996):
“A consideração positiva incondicional é a aceitação do outro como ele é em sua
totalidade; como ele se sente no momento: é o apreço genuíno pela pessoa e por sua
capacidade de atualização”.
Para a autora, atuar como o profissional facilitador implica reconhecer que o
aluno é uma pessoa em evolução, com direitos, experiências e sentimentos próprios.
Para Papert (1986), Integrar a escola às atividades através de projetos é
oferecer oportunidades ao aluno de exercitar sua capacidade de procurar e selecionar
informações, resolver problemas e aprender de forma construtiva, contribuindo assim,
para uma educação crítica, reflexiva e significativa, com foco no aluno e, sobretudo,
transformadora.
Através do desenvolvimento de projetos podemos estimular a construção de uma
real aprendizagem compreensiva e holística no sentido dos objetivos propostos que é
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desenvolver o senso crítico, reflexivo e construcionista dos educandos
(BEHERENS,2002).
2.2- O ORIENTADOR EDUCACIONAL ATUANDO NO AMBIENTE
ESCOLAR.
O orientador educacional deve ser um educador, seu trabalho deve estar voltado
para o que é fundamental na escola – o currículo, o ensinar e o aprender e todas as
relações decorrentes ao aprendizado dos adolescentes.
A Orientação Educacional faz parte da proposta pedagógica da escola,
contribuindo para que a equipe escolar explicite os eixos norteadores da ação desses
profissionais.
Para Argumedo (1985):
“O objetivo da educação é promover a transformação dos sujeitos, interferindo
no seu processo de aprendizagem”.
Para o autor, essa transformação não se trata em manter a atitude autoritária ou
paternalista que defenda a idéia de que alguém define e transmite os conhecimentos
considerados convenientes para os jovens alunos.
Segundo Freire (1986), é atuando na escola como um todo que o educador pode
detectar as falhas dos processos educativos, suas contradições e identificar os
aspectos da escola que precisa ser modificado.
Para Penin (1989):
A entrada dos especialistas nas escolas e a ênfase técnica com que seu trabalho foi orientado na escola pública ou privada, facilitou a fragmentação do processo educativo e á prática docente tornou-se burocraticamente organizada em todos os níveis.
Para o referido autor, na entrada dos especialistas educacionais esperava-se
que o aluno mudasse apenas seu comportamento manifesto. Com a postura
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burocrática, nós especialistas da educação, deixávamos de considerar a influência
que o ambiente social exerce sobre o comportamento e desenvolvimento do individuo.
Parafraseando o autor, Atualmente o trabalho do orientador educacional não
deve resumir-se ao trabalho burocrático e sim participativo. Esse profissional deve
criar projetos junto à comunidade escolar que possa facilitar e mediar a construção e
o desenvolvimento intelectual do educando.
É importante dizer que o fato de o orientador educacional atuar na escola de
uma forma coletiva, não exclui esse profissional ao atendimento individual aos alunos.
(ibidem,1989).
Conforme Ferreira (1993), a atuação do orientador educacional na escola, está
vinculada ao pedagógico, conhecendo a escola e tudo que acontece dentro e fora
dela, como: a avaliação, o currículo, os métodos de ensino e também o como se
aprende; o trabalho em grupo com a comunidade e as questões relativas à produção
do conhecimento e à pesquisa social.
A atuação do orientador na escola é aquela que produz homens críticos,
conscientes da realidade onde vivem e atuam, enfim, homens verdadeiramente
autônomos, conscientes e analíticos. (ibidem, 1993).
2.3- A PRÁTICA DOS ORIENTADORES NA ESCOLA, UMA VISÃO
CONSTRUTIVISTA.
A prática dos orientadores educacionais e suas atividades, estão determinadas
em documentos legais (Decreto nº 72846/73) direcionando a sua prática para o
exercício da profissão. Esse decreto nos apontam “fazeres” que efetivaram ou não as
atribuições proclamadas do orientador.
A orientação educacional na atualidade busca maior aproximação com o projeto
pedagógico da escola e pretende contribuir, não mais para atender “alunos
problemas”, mas para discutir, junto com alunos e professores, os problemas que
vivenciamos e as soluções possíveis a serem atingidas.
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Para Becker (1993), a atuação do orientador educacional nas escolas é mediar
os dois lados da questão: sujeito e meio. Portanto, o sujeito por si só não se constitui
sujeito, sem a mediação do meio, meio físico e social.
As autoras Schmidt e Pereira (1963), afirmam que:
“(...) propiciar ao jovem educando o esclarecimento interior (insight) que o capacite a tomar boas decisões, aproveitar ao máximo as oportunidades de
desenvolvimento, encontrar soluções satisfatórias para seus problemas”.
Para as referidas autoras, este é o primeiro momento da prática do orientador
onde o conhecimento no campo profissional forma um clima educativo na escola, para
que o educando possa ter um bom desempenho nesta instituição.
Segundo Carvalho (1979), o fazer do orientador educacional colabora na relação
professor-aluno no processo ensino-aprendizagem. O orientador conhece as técnicas
que podem facilitar essas relações.
A dimensão atual caminha para a construção de uma nova prática da Orientação
para um novo fazer do orientador, que não está pronto e acabado na escola, e sim
deverá ser gerado e iniciado nessa instituição com o aluno, a partir de suas reais
necessidades. O eixo condutor do trabalho do orientador é construir, junto com o
aluno, as condições facilitadoras e desejáveis ao seu desenvolvimento, o mais pleno
possível (ibidem,1979).
Para Fazenda (1979):
“(...) somente na intersubjetividade, num regime de co-propiedade, de interação
é possível o diálogo, única condição da interdisciplinaridade. Assim sendo, pressupõe
uma atitude engajada, um comprometimento pessoal”.
Para o referido autor, em um espaço interdisciplinar é necessário que o
orientador esteja em uma situação de abertura permanente, de diálogo, não só com
seus alunos, como com seus demais parceiros. O que caracteriza a
interdisciplinaridade é a atitude para vivenciá-la.
Trabalhando com a interdisciplinaridade, o orientador, junto com o corpo
docente, poderá utilizar-se de inúmeros recursos disponíveis, como: jornais, vídeos,
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entrevistas, fotografias etc...) para fornecer elementos iniciais que sirvam de fontes
esclarecedoras e provocadoras ao objetivo desejado. O que se pretende na proposta
é fazer com que o aluno seja o sujeito da construção do conhecimento é possibilitar-
lhe a resolver seus próprios problemas, dúvidas e indagações, sendo capaz de
caminhar para a solução dos mesmos com as reflexões necessárias (ibidem, 1979)
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CAPÍTULO III
A FUNÇÃO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NAS
INSTITUIÇÕES ESCOLARES PÚBLICAS OU PRIVADAS.
Pode-se observar que a função do orientador educacional nas escolas públicas
ou privadas dar-se-á numa ação múltipla, multifacetada.
A função do orientador cobre vários aspectos, incluindo àqueles à sua função
como profissional de ajuda.
As funções exercidas por esse profissional estão concentradas no atendimento
ao aluno, fundamentalmente e, depois na orientação aos pais e professores, que na
verdade atuam como apoio para o desenvolvimento de suas funções.
Para Becker (1993):
(...) a idéia de que nada, a rigor, está pronto, acabado, e de que, especificamente,o conhecimento não é dado, em nenhuma instância, como algo terminado. Ele se constitui pela interação do individuo com o meio físico e social,com o simbolismo humano, com o mundo das relações sociais.
Para o referido autor, a função do orientador educacional é trabalhar o meio
externo para atingir o nível individual do aluno. Também é a função do orientador
auxiliar o educando na construção do seu conhecimento.
O individuo deve construir seu conhecimento através da elaboração de relações.
O orientador pode ajudar o aluno na interpretação das ações do meio e na construção
da representação mental dessas ações (ibidem,1993).
Segundo a autora Drozdek (1990), o fio condutor que liga a função do orientador
é regido pela certeza de que esse profissional lida com pessoas. Desta forma, o
orientador é um profissional que facilita a maturidade pessoal e social do aluno, por
meio de um processo,em que o aluno vai se tornando mais consciente dos seus atos,
de si mesmo e da sociedade da qual participa.
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Conforme Valdez (1993), o orientador educacional promove atividades em que o
objetivo é desenvolver no aluno uma atividade de reflexão sobre o seu lugar na
sociedade da qual participa, com questões propostas para chamá-lo à realidade social
e profissional.
Parafraseando a referida autora, portanto o orientador, como facilitador no
desenvolvimento do aluno adolescente, possibilitará o envolvimento do educando
dentro da instituição, junto aos pais / família ou junto à comunidade.
Para Canário (1992), a função do orientador é: trabalhar em caráter preventivo
fazendo a ligação entre família e escola, auxiliar o aluno na sua formação individual,
considerando o educando como um ser global que precisa desenvolver-se
harmoniosa e equilibradamente em todos os aspectos intelectuais, físicos, morais,
éticos, sociais, políticos, estéticos, educacionais e vocacionais. Portanto, o orientador
deve mobilizar o aluno para investigação coletiva da realidade na qual todos estão
inseridos.
A Orientação Educacional tem como proposta básica de trabalho articular as
diferentes vozes, dentro da escola, na construção de diálogos necessários ao aluno
que se quer mais humano (ibidem,1992).
A autora Candau (1999) afirma que a educação é um processo
multidimensional,onde a prática educativa cotidiana, o trabalho em equipe traduzidas
em comportamentos e atitudes pelos educadores, assume uma perspectiva político-
social.
A função do orientador educacional precisa ser de cunho multidimensional, pois
é nesse contexto que a questão da relação teoria-prática deve ser situada (ibidem,
1999).
Para Bock (2002), ao partir para as relações interpessoais, fora da família, o
adolescente busca averiguar seus valores adquiridos no seio familiar.
Concomitantemente, novos valores vão sendo incorporados a partir das novas
relações.
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25
Bock afirma que:
“(...) o jovem até agora avaliou o mundo através dos valores da sua família, mas,
ao confrontá-lo com os valores familiares não são os únicos disponíveis e que, muitas
vezes, não se adaptam a funções que são agora exigidas”.
Para o referido autor, essa fase de manutenção de valores acrescenta mais
conflitos à existência do aluno-adolescente. Cabe ao orientador fazer com que esse
adolescente possa discernir o que deve ser abandonado e o que realmente tem
significado pessoal, possibilitando ao seu meio, não mais relacionamento de “mão
única”, mas sim de trocas.
3.1- A FUNÇÃO DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA ESCOLHA
PROFISSIONAL DO ADOLESCENTE.
O dilema vocacional, pelo qual passa os adolescentes, é multideterminado pela
sociedade ou pela família. Neste momento o trabalho do orientador educacional é o aconselhamento da escolha da profissão que se coloca em questão (ibidem, 2002).
De acordo com Muller (1988):
“(...) existe uma insuficiente atenção pedagógica durante etapas especialmente
complexas, tais como a puberdade, a adolescência e o ingresso ao mundo do
trabalho adulto”.
Para o autor, é notória a questão do dilema vocacional no Brasil. A escolha
profissional está ligada à instabilidade da nossa economia, criando assim uma
defasagem entre as aspirações profissionais do adolescente e a realidade do
mercado de trabalho.
De acordo com Forghieri (2007):
((......)) oo hhoommeemm nnããoo éé aallggoo pprroonnttoo,, ee ssiimm uumm ccoonnjjuunnttoo ddee ppoossssiibbiilliiddaaddeess qquuee vvaaii ssee aattuuaalliizzaannddoo nnoo ddeeccoorrrreerr ddee ssuuaa eexxiissttêênncciiaa.. EEllee éé lliivvrree ppaarraa eessccoollhheerr eennttrree aass mmuuiittaass ppoossssiibbiilliiddaaddeess,, mmaass aa ssuuaa eessccoollhhaa éé vviivveenncciiaaddaa ccoomm iinnqquuiieettuuddee,, ppooiiss aa mmaattuurriiddaaddee ddee sseeuu eexxiissttiirr nnããoo llhhee ppeerrmmiittee eessccoollhheerr ttuuddoo,, ccaaddaa eessccoollhhaa iimmpplliiccaa aa rreennuunncciiaa ddee mmuuiittaass ppoossssiibbiilliiddaaddeess..
-
26
Para a autora, a crescente diversidade de profissões num mercado cada vez
mais exigente culmina com a intensificação do dilema vocacional. É nessa realidade
que os orientadores educacionais pode enriquecer com sua contribuição no seu papel
de estabelecer recursos necessários na escolha da profissão do adolescente.
3.2- O ORIENTADOR EDUCACIONAL E O ADOLESCENTE: A
PARTICIPAÇÃO NOS MOMENTOS COLETIVOS.
Para Giroux (1987), como membro do corpo gestor da escola, cabe ao orientador
educacional participar na construção coletiva dos alunos no caminho para a criação
de condições facilitadoras e desejáveis ao bom desenvolvimento do trabalho
pedagógico.
A função do orientador, além de atender alunos,professores e comunidade, è
também elaborar, avaliar as propostas pedagógicas e participar das reuniões do
conselho de classe, oferecendo subsídios para uma melhor avaliação do processo
educacional (ibidem, 1987).
Para Penteado (1980):
“(...) participando do planejamento e da caracterização da escola e da
comunidade,o orientador educacional poderá contribuir significativamente,para
decisões que se referem ao processo educativo como um todo”.
Para os referidos autores, cabe ao orientador integrar todos os segmentos que
compõem a comunidade escolar: direção, equipe técnica, professores,alunos,
funcionários e famílias visando à construção de um espaço educativo, ético e
solidário.
Para poder exercer a sua função,orientador precisa compreender o
desenvolvimento cognitivo do adolescente, sua afetividade, emoções, sentimentos,
valores e atitudes. Além disso, cabe ao mesmo promover, entre os educandos,
atividades de discussão e informação sobre o mundo do trabalho, assessorando-lhes
nas suas escolhas profissionais (ibidem, 1980).
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27
Giroux (1986), afirma que:
“(...) todas as relações que se estabelecem no cotidiano escolar, em especial o
relacionamento com os colegas adolescentes, podem receber inúmeras contribuições
do profissional orientador educacional”.
Parafraseando o referido autor, a integração entre colegas no cotidiano escolar
enriquece o trabalho do orientador educacional, pois essa integração oferece, ao
profissional, meios de observar e analisar o comportamento dos educandos
contribuído, assim, para um melhor trabalho pedagógico.
3.3- O ORIENTADOR EDUCACIONAL E O ADOLESCENTE: A
CRIAÇÃO DE AMBIENTES SÓCIO-EDUCATIVOS.
O orientador educacional é o encarregado da articulação entre escola e família.
Cabe ao orientador educacional contribuir para a aproximação entre as duas,
planejando momentos culturais em que a família e o adolescente possam estar juntos.
Cabe também ao orientador a tarefa de servir de elo entre a situação escolar do aluno
e a família, sempre visando uma melhor contribuição sócio-educativa.
A função do orientador não é apontar desajustes ou procurar os pais apenas
para tecer longas reclamações sobre o comportamento do seu filho, e, sim, procurar
caminhos, junto à família, para que o espaço escolar seja favorável ao aluno. Não
cabe ao orientador a tarefa de diagnosticar problemas e / ou dificuldades emocionais
e psicológicas, e, sim, que volte seu trabalho para os aspectos saudáveis dos alunos.
Segundo Azevedo (1996), A escola é um espaço vivo e democrático privilegiado
da ação educativa voltada para o trabalho com as classes populares. A função do
orientador educacional na ação educativa é garantir a participação de toda a
comunidade escolar e oportunizar o acesso do adolescente ao conhecimento pautado
nas suas experiências, saberes e culturas, estabelecendo uma constante relação
entre teoria e prática.
A necessidade de desenvolver capacidades no sujeito “aprendiz” é um dos mais
importantes objetivos do PCN (Parâmetro Curricular Nacional). O desenvolvimento
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28
dessas capacidades pode gerar atitudes como autonomia, análise e reflexão
essenciais à formação integral do cidadão (AZEVEDO, 1996).
Jokl (1964), relata que:
(...) existem sólidas convicções, devido ás experiências pedagógicas e as
sucessivas reflexões culturais e filosóficas sobre a conveniência e utilidade da prática
pedagógica. Por essa razão, os educadores não duvidaram nunca, de que a prática
pedagógica ensina a superar dificuldade.
Para o autor, a prática pedagógica como as oficinas sócio-educativas, podem ser
desenvolvidas pelo orientador educacional e o corpo docente durante as aulas. O
importante desse trabalho é poder contribuir para o crescimento humano do
adolescente.
Conforme Telema (1986), o educador deve ter em mente que a atividade
pedagógica por si só não educa: seus efeitos educativos dependem da situação
criada especialmente em relação aos aspectos de integração social e ao clima
afetivo-emocional e motivacional existente. Essas condições dependem da intenção
do educador de proporcionar as atividades certas para cada segmento de ensino.
Freire (1998), afirma que:
Qualquer que seja o nível em que se dá a ação do homem sobre o mundo, esta ação subentende uma teoria, quer saibamos ou não. Se a teoria e a prática são algo indicotimizavel, a reflexão sobre a ação ressalta a teoria, sem a qual a ação (ou prática) não é verdadeira.
Para o autor, a ação sócio-educativa não está apoiada em uma única concepção
totalitária. Múltiplas concepções produz um processo rico em criações, elaborações e
reelaborações.
As oficinas sócio-educativas insere os adolescentes em atividades extra classe,
que estimula sua participação e desenvolve suas habilidades e conhecimentos
(FREIRE, 1998).
Para Mello (1987), o termo ambiente sócio-educativo implica o individuo instituir-
se, isto é, estabelecer conexões entre certos estímulos e determinadas respostas,
cujo resultado é alimentar a adaptação do adolescente ao seu ambiente.
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29
As oficinas sócio-educativas buscam viabilizar em horários alternativos o
desenvolvimento de diferentes habilidades que intensifique a aprendizagem, bem
como, a intencionalidade de trabalho e o desenvolvimento integral do ser humano
(ibidem, 1987).
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30
CONCLUSÃO
Esse estudo teve como objetivo analisar e investigar o trabalho do orientador
educacional nas instituições escolares, onde esse educador busca desenvolver e
construir uma integração entre escola e comunidade, dessa forma esse profissional
é um elo importante entre educando e o meio social no qual o aluno está inserido.
A abordagem da trajetória da Orientação Educacional teve como principal
objetivo de nortear o trabalho do orientador educacional. Para que esse trabalho
fosse regulamentado, foram criados decretos e leis que possibilitaram a esse
profissional assumir um papel político e social dentro da escola.
As análises da atuação e função dos orientadores nas instituições de ensino,
deveu-se ao trabalho no processo de integração entre escola-familia-comunidade.
Portanto, esse trabalho mostrou as possibilidades, os papéis e as influências dos
seus conhecimentos pedagógicos para com a comunidade escolar e extra-escolar.
Essa pesquisa foi apresentada em três capítulos, onde conclui-se que o papel
do orientador educacional constitui-se na teoria e prática educacional. Esse
profissional habilitado exercerá seu trabalho na construção e desenvolvimento
intelectual, físico, moral, ético, social, político, estético, educacional e vocacional do
educando.
O trabalho em equipe, com o corpo docente e gestores, é à base da construção
de mudanças organizacionais na gestão escolar.
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31
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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Paulo: Cortez, 1998. 6ª ed.
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Educacional. IV encontro nacional de orientadores educacionais. Goiania,
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26- PAPERT, S. Computadores e Educação, São Paulo: Brasiliense, 1986.
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28- PENTEADO, Wilma M. A. Orientação Educacional: fundamentos legais:
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29- PIMENTA, Selma Garrido. A Orientação Educacional e o Planejamento. In:
NEVES, Maria Aparecida M. A Orientação Educacional: permanência ou
mudanças? Rio de Janeiro, Vozes, 1995.
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Educacional na Escola Pública. Tese de doutorado. Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, 1985.
31- Projeto Mangueira – Rio de Janeiro: Faculdade de Educação da
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32- QUELUZ, Ana Gracinda. A pré-escola centrada na criança: uma influência
de Carl. R. Rogers. São Paulo: Pioneira, 1984.
33- SCHMIDT, Maria Junqueira & PEREIRA, Maria de Lourdes de Souza.
Orientação Educacional. Rio de Janeiro, Agir, 1963.
34- TELEMA, R. Consideraciones Sócio educativas del Deporte: aspectos
pedagógicos para la juventud. V. 28, p. 26, 1986.
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36
35- VALDEZ, Dorotéa B. De como a Orientação Educacional vai encontrando
na história sua identidade. São Carlos: 1993. Dissertação (Mestrado em
Educação e Ciências Humanas) – UFSC.
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37
ANEXOS
Índice de anexos
Anexo 1 >> Documentos pesquisados: Relatórios avaliativos dos alunos no
Projeto Mangueira.
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ANEXO 1 RELATÓRIOS AVALIATIVOS DOS ALUNOS NO PROJETO MANGUEIRA
PROJETO MANGUEIRA – 1981
Mimeografado.
A avaliação dos alunos da Uerj apontou as falhas e os pontos positivos, e
sugeriram providências. Os textos que se seguem são trechos de
relatórios dos alunos.
Uma das coisas fundamentais que deve ser comentada no projeto: o comportamento das crianças, do começo ao fim. No começo as crianças não escutavam o que falávamos, não respeitavam o outro. No fim do período pude notar que a integração melhorou razoavelmente. É claro que não havia a intenção de transformá-los durante este período, mas a leve mudança foi sinal de vitória (Ivany Martins Delgado). As estórias foram bem aceitas, mas as crianças se tornam inquietas quando se fala muito tempo seguido (Eliane Cristina Arnosti Santos). Enquanto subíamos o morro notei uma certa desconfiança quanto a nossa presença. Nota-se também, que há uma falta muito grande de união e cooperação entre eles (Ana Paula Olivieri). O primeiro passo foi a subida do morro, algo que nunca fiz antes e me abriu os olhos para essa nova realidade. Observei a criatividade das crianças perante seus brinquedos e situações, usando materiais de sucatas para seu próprio uso e, até, parede de uma casa serviu como mesa de ping-pongue. Gostam de sambar e cantar, como também correr, comer e brincar (Therezinha Barbosa Vieira). Em todas as atividades cada criança se mostrou em constante evolução e crescimento individual e, também, na sua relação com o grupo de seu ambiente (Sonia Queiroz da Silva). Todas as atividades que envolveram o corpo (a dança, a percepção do espaço, as brincadeiras de roda) foram apreciadas pelas crianças. As colagens realizadas durante o período deram melhores possibilidades de criação e organização de idéias (Célia Socorro Guimarães dos Santos).
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
A trajetória da orientação educacional no país 10
1.1 - Análise crítica da Orientação Educacional com sua história 12
1.2 - A Orientação Educacional e suas concepções 13
1.3- projetando perspectivas 15
CAPÍTULO II
A atuação do orientador educacional como o profissional de ajuda ao
adolescente 16
2.1- A Orientação Educacional atuando no Projeto Mangueira 17
2.2- O orientador educacional atuando no ambienta escolar 19
2.3- A prática dos orientadores na escola, uma visão construtivista 20
CAPÍTULO III
A função do orientador educacionais nas instituições escolares públicas ou
privadas. 23
3.1- A função do orientador educacional na escolha profissional do
adolescente 25
3.2- O orientador educacional e o adolescente: a participação nos momentos
coletivos 26
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40
3.3- O orientador educacional e o adolescente: a criação de ambientes sócio-
educativos 27
CONCLUSÃO 30
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 31
BIBLIOGRAFIA CITADA 32
ANEXOS 37
ÍNDICE 39
AGRADECIMENTOSCAPÍTULO I- A trajetória da orientação educacional no país 10CAPÍTULO II - A atuação do orientador educacional como o profissional de ajuda ao adolescente CAPÍTULO III – A função do orientador educacional nas instituições escolares públicas ou privadas
CONCLUSÃO 30BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 31BIBLIOGRAFIA CITADA 32ANEXOS 37ÍNDICE 39FOLHA DE AVALIAÇÃO 41ANEXO 1
FOLHA DE ROSTO 2AGRADECIMENTO 3