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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE Os grandes eventos esportivos no Rio de Janeiro e a capacidade de carga dos nossos atrativos turísticos Por: Ricardo Luiz Barbosa da Silva Orientadores: Prof.ª Esther Araujo Prof. Carlos Cereja Rio de Janeiro - 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

Os grandes eventos esportivos no Rio de Janeiro

e a capacidade de carga dos nossos atrativos

turísticos

Por: Ricardo Luiz Barbosa da Silva

Orientadores:

Prof.ª Esther Araujo

Prof. Carlos Cereja

Rio de Janeiro - 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

Os grandes eventos esportivos no Rio de Janeiro

e a capacidade de carga dos nossos atrativos

turísticos

Apresentação de monografia à

Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Gestão

Ambiental.

Por: Ricardo Luiz Barbosa da Silva

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais por terem

me mostrado desde cedo a

importância da dedicação aos

estudos. Dedico também a mim

mesmo pelo esforço na confecção

desta monografia.

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RESUMO

Este trabalho nasceu da preocupação pessoal com a atual situação

limite na capacidade de carga dos nossos principais atrativos

turísticos, o Pão de Açúcar e o Corcovado, situação observada em

repetidas visitas aos atrativos. O trabalho sugere um planejamento

que inclua o estudo da capacidade de carga dos nossos aparelhos

turísticos em face da proximidade de dois dos maiores eventos

esportivos do planeta, a Copa do Mundo de Futebol em 2014 e as

Olimpíadas em 2016.

Palavras chave: Planejamento turístico; capacidade de carga;

sustentabilidade; Olimpíadas

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METODOLOGIA

Esse trabalho foi calcado em pesquisa exploratória na qual foram

consultadas diversas fontes que direta e indiretamente fizeram

implicação ao assunto tais como: referências bibliográficas, artigos

publicados na internet e monografias. Trata-se de um estudo que

visa reunir o moderno pensamento de alguns dos mais influentes

estudiosos relacionados aos indicadores de planejamento,

sustentabilidade no turismo e capacidade de carga

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SUMARIO

INTRODUÇÃO 7 Capitulo I - As olimpíadas, a mídia e o turismo 12 Capitulo II - O turismo no Rio de Janeiro 18 Capítulo III - O desenvolvimento sustentável do turismo 21 Capitulo IV - Planejamento turístico 24 Capitulo V - Capacidade de carga 28 5.1 – Metodologias de estudo de capacidade de carga 31 Considerações finais 36 Bibliografia 38 Anexos 41

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INTRODUÇÃO

No dia 6 de outubro de 2009, o Rio de Janeiro foi premiado com o direito de

sediar os XXXI Jogos Olímpicos, a realizar se no ano de 2016. O anuncio foi

celebrado com grande festa em todo o Brasil e foi de especial significância para

a indústria do turismo receptivo do país.

.Somando-se as Olimpíadas, a realização de outros três megaeventos

esportivos dará grande visibilidade ao país no exterior: os Jogos Militares em

2011, a Copa das Confederações em 2013 e o Mundial de Futebol em 2014.

Segundo o Ministro do Turismo, Luiz Barreto, que comemora a destinação de

R$100 milhões em verbas para a pasta do turismo, a maior de todos os

tempos, “nos próximos anos, teremos uma oportunidade única de consolidar no

exterior a imagem do Brasil como destino turístico”. (O Globo, 10/02/2010,

anexo 6). Josep Chias, responsável pelo marketing da candidatura de

Barcelona para as Olimpíadas de 1992, vai além ao afirmar que:

“no momento em que se finalizarem os Jogos Olímpicos de

Londres, em 2012, se iniciam os quatro anos mais importantes

da história do Brasil na mídia. a hora do Brasil no mundo”.

(Anexo 1)

È indiscutível o ganho social e econômico que a preparação e o acolhimento de

grandes eventos podem representar à cidade e ao país, e a indústria do

turismo é uma das mais beneficiadas. A relação entre as olimpíadas e o

turismo tem ganhado importância nas ultimas edições do evento, pois, a

cobertura da mídia mundial se apresenta como uma oportunidade única de

divulgação de um destino turístico no mercado global, porém, atualmente é

muito freqüente a preocupação das cidades sedes de megaeventos esportivos

com o planejamento dos legados, pois, são cada vez mais vultosos os recursos

gastos nestes eventos e a legitimidade destes investimentos, em grande parte

públicos, depende de planejamento para que seja sustentável, e a busca por

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formas de se operacionalizar um turismo mais aderente ao conceito de

sustentabilidade tem sido tema debatido pela comunidade acadêmica no

mundo inteiro, que visa estabelecer normas e leis que tratem dos impactos da

atividade.

O Rio de Janeiro continua sendo a porta de entrada para a maioria dos turistas

estrangeiros que visitam o Brasil, e também um dos principais destinos dos

turistas domésticos. Porém, as longas filas para embarque no trem de acesso

ao Monumento ao Cristo Redentor e os longos engarrafamentos para os que

decidem visitar o atrativo em carro particular, acendem a luz de alerta para um

possível excesso da capacidade de carga no numero de visitantes deste

atrativo, como foi publicado no jornal O Globo (anexo 2), sob o titulo “Visitar o

Corcovado nos fins de semana de férias vira peregrinação”. A situação é

similar no Pão de Açúcar, que em dias de grande procura chega a registrar filas

de até duas horas de espera para o embarque nos bondinhos que dão acesso

ao atrativo.

A realização dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro deverá aumentar

o fluxo de turistas estrangeiros no Brasil em até 15% em relação ao ano

anterior ao da Olimpíada. A previsão é da presidente da EMBRATUR, Jeanine

Pires, com base na experiência australiana de Sidney, que recebeu os Jogos

Olímpicos em 2000.

“É um número muito expressivo, a média mundial é de

crescimento de 1% a 2% ao ano. Há também o aumento do

turismo de negócios nos anos anteriores, em que o número de

pessoas é menor, mas a economia é muito beneficiada, a

entrada de divisas é grande” (Anexo 3)

Em vista disso, o presente trabalho sugere um estudo de planejamento turístico

que inclua os conceitos de capacidade de carga, a fim de evitar se erros que

comprometam a marca “Rio de Janeiro” como destino internacional de

qualidade. Para tanto é preciso trazer à tona, os pilares que construíram o

conceito de turismo sustentável, que segundo a Organização Mundial do

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Turismo, com base no Relatório de Brundtland, em 1987, define turismo

sustentável como aquele que:

“[...] atende às necessidades dos turistas atuais e

das regiões receptoras e ao mesmo tempo protege e fomenta

as oportunidades para o turismo futuro. [...] respeitando ao

mesmo tempo a integridade cultural, os processos ecológicos

essenciais, a diversidade biológica e os sistemas que

sustentam a vida”. (OMT, apud Tavares e Araujo, p.5)

Alcançar esta sustentabilidade tem sido o objetivo de vários destinos turísticos,

porém, para chegar-se a um resultado positivo, de acordo com Nascimento &

Silva, um destino deve:

“adotar um conjunto de medidas sistêmicas,

realizáveis e de planejamento duradouro, que se estenda a

todas as fases do ciclo de vida de um destino turístico e

concatene seu desenvolvimento nos eixos do contexto

econômico, sociocultural e ambiental”. (NASCIMENTO &

SILVA, 2009. p. 106)

O planejamento turístico, segundo Gomes, quando utilizado de forma eficiente

pode maximizar os impactos positivos e minimizar os negativos, e completa:

“o correto planejamento turístico é uma

ferramenta que identifica o atual panorama em que um destino

ou atrativo se encontra, e metodologicamente possibilita guiar

o destino a um futuro desejado, garantindo qualidade na oferta

de serviços e sustentabilidade com eqüidade social, prudência

ecológica e dinamização da economia local” (anexo 4)

Ao defender a necessidade de um planejamento turístico que inclua um estudo

de capacidade de carga, este trabalho baseia-se no fato de que muitos lugares

turísticos que hoje recebem um grande fluxo de turistas podem apresentar

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dificuldades de gestão dos seus atrativos, e conseqüente deterioração da

experiência do visitante. De acordo com Ruschmann, o estudo de capacidade

de carga é:

“o número de turistas que uma área pode acomodar, antes

que a atividade turística crie condições indesejáveis e/ou

irreparáveis no ambiente natural, reduza a satisfação do turista

ou se verifiquem impactos adversos sobre a sociedade, a

economia e a cultura local”. (apud Melo 2008, p. 13)

Percebe-se, portanto, que a Gestão Ambiental entra como ferramenta

imprescindível dos profissionais do turismo para impedir que a relação deste

com o meio ambiente seja conflitante, devendo criar condições e proposições

para administrar situações que possam causar risco no futuro.

Em face ao exposto, o presente trabalho, tendo em vista os megaeventos

esportivos nos próximos seis anos no Rio de Janeiro, se propõe a realizar uma

avaliação dos efeitos e os riscos que a mega exposição na mídia mundial, o

conseqüente aumento na demanda turística e o turismo de massa podem

ocasionar, para então, explicitar o conceito e a necessidade de um

planejamento turístico que inclua estudo de capacidade de carga com diretrizes

sócio-ambientais.

Para alcançar tais objetivos, adotou-se como metodologia pesquisas em fontes

secundarias. Quanto à estrutura, o trabalho se divide em cinco capítulos, além

da apresentação e das considerações finais. No primeiro capitulo, traçaremos

um panorama da relação entre as Olimpíadas, a mídia e o aumento no número

de turistas, e para ilustrar este impacto, traremos dados e fatos ante e post

cidades olímpicas, ferramenta que poderá ser utilizada para posterior trabalho

de comparação e expectativas de demandas futuras. O capitulo dois faz um

breve balanço da historia do turismo no Rio de Janeiro, com enfoque na

característica urbano-natural de suas mais importantes atrações. O capitulo 3

traz alguns os conceitos de sustentabilidade aplicada ao turismo.

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O capitulo quatro elucida alguns conceitos de planejamento turístico, para

finalmente, no capitulo cinco apresentar alguns dos mais influentes estudos

sobre o uso do conceito de capacidade de carga.

Desta forma, esta dissertação propõe uma reflexão sobre a temática do

crescimento da demanda turística com planejamento de políticas publicas que

sejam sócio ambientalmente responsáveis.

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CAPÍTULO I

AS OLIMPÍADAS, A MÍDIA E O TURISMO

Desde a Grécia Antiga, o esporte teve sempre como premissa a congregação

dos povos e o culto ao corpo humano e suas formas. No entanto, fenômenos

pós-modernos, como o capitalismo e a globalização, promoveram uma

ampliação no conceito de esporte. A prática esportiva passou a estabelecer

conexões não só com o campo de jogo, mas, também, com diversas

ramificações da sociedade e do mundo contemporâneo. O jogo em si, muitas

vezes, sai de cena e dá lugar a relações complexas e dinâmicas instituídas

através do esporte.

Por possuir uma linguagem universal, especialmente por suas regras

padronizadas, o esporte apresenta uma estética que serve muito bem à mídia,

e a transmissão de eventos esportivos pela televisão é um fenômeno mundial,

portanto, os grandes eventos esportivos, entre eles as olimpíadas, já não

podem ser compreendidos sem considerar sua estreita relação e dependência

com os meios de comunicação.

Poucos fenômenos possuem tamanha dimensão mundial, como os Jogos

Olímpicos, os quais são capazes de colocar mais de dois bilhões de pessoas

numa platéia como espectadores de um mesmo evento. Durante a final do

Mundial de Futebol ou a abertura dos Jogos Olímpicos, o mundo inteiro se

coloca diante de suas televisões, independente da hora do dia ou noite, e neste

momento, deixam seus cotidianos para transportarem se a algo mais

espetacular e excitante. Obviamente este comportamento está associado ao

desenvolvimento das Olimpíadas como entretenimento, mas esta também, e

em uma extensão muito maior, relacionado com o desenvolvimento tecnológico

dos meios de comunicação e do relacionamento entre os esportes e a

televisão. O fato de a mídia ter um papel decisivo no processo de

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profissionalização e comercialização dos esportes se nota, entre outros

aspectos, no fato de que ate mesmo os horários das provas, os estádios e o

próprio planejamento esportivo se adéquam as novas condições de produção

audiovisual, e também ao fato de que a maioria das pessoas já não assiste aos

eventos esportivos nos estádios, mas sim pelos meios de comunicação,

sobretudo a televisão. De acordo com Pilatti e Vlastuin:

“Foram os satélites que possibilitaram

a apropriação do esporte pela indústria do entretenimento

quando ligaram os continentes pela imagem, há

aproximadamente 40 anos. O espetáculo esportivo, que

acontecia apenas para o deleite das arquibancadas, foi

globalizado. A televisão multiplicou a platéia de milhares para

criar a audiência e o mercado de milhões”. (apud Cavalli, 2008,

pag.295):

Sendo assim, os grandes eventos esportivos tem sido um dos mais eficientes

veículos de formação da imagem de um país, servindo ao desenvolvimento

econômico e social de cidades que os hospedam, e de acordo com Josep

Chias, que se notabilizou por orquestrar a realização das Olimpíadas de

Barcelona, “os Jogos Olímpicos figuram como uma das mais importantes

vitrines mundiais para mostrar um país ou uma cidade ao planeta” (anexo1)

Para Pere Duran, que estudou o impacto das olimpíadas de Barcelona na

indústria do turismo local, os jogos olímpicos alem de “colocar Barcelona no

mapa”, fez a cidade experimentar o mais impressionante crescimento turístico

da Europa no período de 10 anos (1992-2002), e completa:

“... os jogos olímpicos de Barcelona demonstraram que o bom

uso deste grande evento pode levar a uma profunda

transformação da percepção de uma cidade. Os jogos foram

um instrumento de marketing único e indispensável para

chegarmos à imagem que a cidade tem hoje em todo o

mundo”. (2005, p.3)

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Ainda segundo Duran, um dos mais importantes indicadores da mudança que

os Jogos representaram para a cidade de Barcelona, é a consolidação da

cidade como destino de turismo, indicado pelo acréscimo de pessoas que

buscam a cidade para lazer. A partir das olimpíadas, 60% das pessoas que

visitam Barcelona, o fazem de férias, e anteriormente ao evento, em 1992, os

turistas de lazer eram somente 23%, e mais de 70% era representado por

turismo de negócios. Segundo o mesmo autor “Barcelona se converteu de uma

cidade cinza como Manchester para um lugar colorido como Copacabana”.

(2005, p.7)

Alem da projeção mundial e seus efeitos multiplicadores a médio e longo prazo,

Mascarenhas (2008) lembra que a experiência de Barcelona foi paradigmática

na história do urbanismo olímpico, pois segundo este autor:

“...ali os Jogos Olímpicos atuaram como poderosa alavanca

para o desenvolvimento urbano. O governo local investiu

vultosas quantias e implementou projetos urbanísticos de

elevada envergadura, redefinindo centralidades e constituindo

verdadeiro marco na evolução urbana”. (Da Costa, p.189),

Um segundo exemplo de sucesso das olimpíadas como propulsora da indústria

do turismo é Sidnei, Austrália, que hospedou os Jogos Olímpicos em 2000.

Para Payne (2001, p.2), os Jogos Olímpicos de Sidnei foram o mais

significativo evento na historia do turismo daquele país, pois a exposição da

marca “Austrália” na mídia mundial acelerou o processo de divulgação do país

como destino turístico em 10 anos, atraindo 1.6 milhão a mais de turistas entre

os anos de 1997 e 2004, gerando receita extra de 6 bilhões de dólares

australianos. O evento também ajudou na geração de milhares de novos

empregos, além de renovar a confiança no país e aumentar a auto-estima

nacional. Foram criados entre 60 e 135 mil empregos durante o evento que

qualificou e treinou a população local.

As Olimpíadas de Atlanta em 1996 estimulou a economia local nos anos que

antecederam os Jogos, promoveu o turismo e atraiu negócios para a região. O

legado em termos de instalações também foi significativo, pois a cidade

adquiriu uma melhoria nos sistemas de transportes públicos, ampliação do

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aeroporto, um novo estádio e outras instalações esportivas. Os Jogos

representaram também um incentivo para melhorias urbanísticas e na infra-

estrutura. Por fim, a exposição continuada na mídia foi uma oportunidade de

marketing para a cidade. Atlanta melhorou substancialmente sua imagem com

os Jogos. (Matthewman, 2009, p.7),

O impacto na indústria do turismo também não foi diferente em Pequim, que

abrigou o evento no ano de 2008. O aumento no numero de turistas, desde o

anuncio da escolha da cidade como sede dos Jogos Olímpicos, em 2001, foi de

7% ao ano, e os gastos dos visitantes durante o evento foi de US$ 4,5 bilhões.

A China investiu cerca de US$ 40 bilhões em infra estrutura, transformando a

cidade de Pequim, que assistiu a impactos positivos no meio ambiente, no

aumento do mercado publicitário, na melhoria nos meios de comunicação,

aumento na oferta de energias limpas e avanços no esporte. (Matthewman,

2009, p.4),

Para a Copa de 2010 o objetivo da África do Sul é receber um extra de 3

milhões de turistas durante o evento, atingindo 10 milhões de turistas num

único ano. Em 2007 a África do Sul impulsionou o crescimento de turistas mais

rapidamente do que a média internacional, e o turismo chegou a crescer 7,6%,

nos primeiros meses do ano de 2008. Em comparação com a marca de menos

de 600 mil turistas estrangeiros em 1994, o crescimento em longo prazo que foi

registrado é realmente algo que a África do Sul precisa celebrar. (Anexo 4)

Diante do exposto, podemos afirmar que atrair um número cada vez maior de

turistas e firmar-se como um destino internacional de qualidade, tem sido um

dos objetivos das cidades sedes de grandes eventos esportivos. Porém, como

alerta Ruschmann (1997 p. 23), “o turismo de massa e a sazonalidade dos

seus fluxos, não têm trazido a rentabilidade esperada”, e a autora alerta para o

fato de que “o fluxo de grande número de pessoas tem contribuído para

agressões socioculturais e aos recursos naturais, algumas vezes irreversíveis”.

Segundo a autora, alguns dos principais danos ambientais provocados pelo

desenvolvimento descontrolado do turismo são:

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“... a poluição do ar, da água e sonora, destruição das

paisagens naturais, destruição da fauna e flora, degradação

da paisagem, de sítios históricos e de monumentos,

congestionamentos, conflitos causados pela alteração no ritmo

de vida das comunidades locais, sobretudo nos meses de alta

estação, competitividade com outras atividades tradicionais

que causa desemprego nas baixas estações”. (1997, p. 23)

Vale à pena ressaltar também os impactos sociais que o turismo de massa

desordenado pode trazer às comunidades receptoras, que de acordo com

Dosev, (apud Rushmann 1997 p. 46), podem ser categorizados em cinco

estágios que vão desde a inicial euforia da comunidade pela descoberta do

turismo como fonte de empregos e lucros abundantes, passando pela apatia,

quando a atividade se consolida e o turista é visto apenas como fonte de renda,

o que torna os contatos humanos mais formais, passa ainda pela saturação,

quando a localidade já não consegue atender as exigências da demanda,

chega à irritação dos moradores, que culpam os turistas pelas mazelas do

lugar, até atingir um estagio caracterizado pelo antagonismo, em que o turismo

de massa já não traz os lucros desejados pela população, que ainda tem que

conviver com novos hábitos adquiridos com os visitantes, como desejo de

consumo de produtos caros e inacessíveis ou mesmo o consumo de drogas e

bebidas. A prostituição, a criminalidade e o jogo organizado, apesar de não

poder ser responsabilizados ao turismo, são intensificados com o

desenvolvimento da atividade, sobretudo nos países do terceiro mundo, que

algumas vezes o utilizam como estratégia de marketing para atrair mais

turistas.

Nota-se, portanto, que é incontestável a inter-relação entre o turismo e o meio

ambiente, tendo como pressuposto o fato deste último ser a matéria-prima da

atividade. Daí, a evidente e clara consideração de que o “turismo também

depende intimamente da gestão do ambiente para que ele não destrua a base

que o faz existir”. (RUSCHMANN, 1997)

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Surge então a necessidade do desenvolvimento de uma forma de turismo que

não trate a atividade somente como um vetor econômico, mas vise também o

bem estar social e o uso racional dos seus atrativos. Nesses termos aparece a

sustentabilidade como diretriz de um turismo sócio-ambiental responsável, e

que a Organização Mundial do Turismo define como aquele que:

“[...] atende às necessidades dos turistas atuais e

das regiões receptoras e ao mesmo tempo protege e fomenta

as oportunidades para o turismo futuro. [...] respeitando ao

mesmo tempo a integridade cultural, os processos ecológicos

essenciais, a diversidade biológica e os sistemas que

sustentam a vida”. ( apud RUSCHMANN 1997)

Diante disso, a partir dos anos 80, o turismo sustentável aparece como forma

alternativa ao modelo de turismo até então adotado na grande maioria dos

países. Swarbrooke (apud Ruschmann, 1997)) aponta a expressão “turismo

sustentável” como conseqüência das considerações elencadas a partir de 1980

segundo as implicações apresentadas no Relatório de Brundtland, definindo

que por “sustentável” entende-se “desenvolvimento que satisfaz nossas

necessidades hoje, sem comprometer a capacidade das pessoas satisfazerem

as suas no futuro”.

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CAPÍTULO II

O TURISMO NO RIO DE JANEIRO

A cidade do Rio de Janeiro, conhecida mundialmente como a “cidade

maravilhosa” conjuga atributos naturais e culturais que a diferencia de outras

grandes metrópoles. Sua paisagem natural é o seu referencial principal, porém,

a cidade, tendo sido por dois séculos o palco político, econômico e cultural do

país, fornece uma combinação de atrativos turísticos urbanos e naturais

ímpares.

Por sua importância política e econômica, o Rio de Janeiro acabou por tomar

um lugar de destaque no imaginário da identidade nacional. Segundo Castro

(apud CUNHA, 2008, p. 43) “para o estrangeiro o Rio de Janeiro continua

sendo vista como o espelho do Brasil, e, de longe, a principal atração turística

do Brasil”.

O Rio de Janeiro foi inserido no cenário turístico mundial a partir dos anos 20

quando a infra-estrutura turística começou a se desenvolver. Em 1923,

ocorreram a inauguração do hotel Copacabana Palace e a fundação da

Sociedade Brasileira de Turismo, que se tornaria posteriormente o Touring

Club do Brasil, e no final dessa década, aconteceram as primeiras viagens

aéreas internacionais para o Brasil. No inicio da década de 30 ocorrem a

inauguração da estatua do Cristo Redentor e inicio dos desfiles de carnaval,

símbolos importantes do turismo carioca ate os dias atuais. Já o bondinho do

Pão de açúcar, inaugurado anteriormente, no ano de 1912, retratava a

modernidade da época.

Para Lessa (apud CUNHA, p.52) o espaço geográfico do Rio, considerando

sua natureza exuberante, é o fator que mais corrobora para a formação da

imagem turística da cidade, pois forma o cenário, que para o autor, abre a

possibilidade do mito da “cidade maravilhosa”.

Para Souza (CUNHA, p. 53) a paisagem carioca sempre esteve presente em

diversas representações artísticas, no intento de exaltar a beleza da cidade

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“instalada entre o mar e a montanha”. Com a construção do bondinho do Pão

de Açúcar e da estatua do Cristo Redentor, isso se solidificou, pois as

montanhas se tornaram locais de desejo que davam maior significação as

visitas dos turistas.

Para Castro as belezas cênicas de um lugar não são suficientes para que uma

cidade se torne um destino turístico de fama internacional, para o autor, a

condição turística de uma cidade, incluindo ai o Rio de Janeiro, é uma

construção:

Seria ingenuidade pensar que um local possa ser

naturalmente turístico. Seu reconhecimento como turístico é

uma construção cultural – isto é, envolve a criação de um

sistema integrado de significados através dos quais a

realidade turística é estabelecida, mantida, negociada. Este

processo tem como resultado o estabelecimento de narrativas

a respeito do interesse do atrativo a ser visitado. Essas

narrativas associam determinados adjetivos a pontos ou

eventos turísticos, antecipando o tipo de experiência que o

turista deve ter. A construção do caráter turístico de um local

também envolve necessariamente seleções, alguns elementos

são iluminados, enquanto outros permanecem na sombra.

(apud CUNHA, 2008, p. 44)

O Rio de Janeiro desperta o interesse de turistas do mundo inteiro por suas

belezas cênicas e atrativos culturais, mas também é conhecido por alguns

aspectos negativos como violência urbana e turismo sexual, e este momento

se apresenta como uma oportunidade de construirmos a identidade que

desejamos a partir de agora e para os próximos anos. Com a proximidade dos

grandes eventos esportivos que a cidade hospedará, faz-se premente a

discussão da formação da imagem que a cidade deseja imprimir no cenário

mundial, imagem que será instrumento de formação de novos turistas. Ainda

no período de preparação dos jogos, diversos atores da cidade sede,

coordenados pelo comitê organizador, devem iniciar a preparação da

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informação para a projeção internacional do Rio de Janeiro. È um trabalho de

semantização de valores, de definição da própria cultura e identidade para o

posterior tratamento nos meios de comunicação mundial. Esta promoção e

seleção de valores, que se realiza através de uma completa produção

comunicativa, signos, rituais, imagens, publicidade, informação, constitui

segundo Chias (anexo 1) “ a principal responsabilidade cultural e também

política, da organização dos jogos olímpicos na atualidade”

Será a nossa chance de quebra da imagem estereotipada ou a renovação

desta imagem. Para que isso de fato aconteça, de acordo com Chias, “... é

importante que sejam considerados os três aspectos que definem o marketing

de um país: Identidade, Personalidade e Comunicação”. (Anexo 1)

A Identidade pode ser simplificada como a soma da história e do presente, e

transmite informações e valores associados que permitem definir se estamos

falando de um país que já foi ou de um país que foi e agora é. O desafio será

mostrar um novo Brasil, o que desejamos ser a partir de agora e para os

próximos anos, tornando-o uma nação de referência mundial.

Já a Personalidade é a soma do que se faz e como se faz, que nos leva

também às informações sobre as realidades econômica, tecnológica, social e

também ao jeito brasileiro de viver a vida.

A Comunicação, terceiro e último aspecto, é o que vamos comunicar e como

estes elementos vão ser comunicados em relação ao Brasil.

Para a indústria do turismo, trata-se de uma oportunidade muito rara de

veicular a imagem da cidade em escala global numa perspectiva muito

favorável, uma vez que está associada ao maior evento esportivo do mundo,

no caso dos Jogos Olímpicos. O Brasil e o Rio de Janeiro têm uma grande

oportunidade de imprimir a imagem de destino que respeita as suas

características culturais e ambientais e promove um turismo responsável e de

qualidade, portanto, sustentável.

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CAPÍTULO III

O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DO

TURISMO

Se a segunda metade do século XX é considerada o período do

desenvolvimento do turismo como importante fonte econômica, assumindo o

seu caráter de atividade de massa, também é a da constatação dos problemas

ecológicos a nível global, aliada a uma forma diferenciada de percepção da

natureza. Portanto, trata-se de dois fenômenos que surgem com uma força

espantosa no cenário mundial, pois ambos representam de alguma forma a

expansão das ações humanas sobre o planeta.

A partir dos anos 50 acontece o turismo de massa, conhecido pelo domínio

brutal do turismo sobre a natureza e as comunidades receptoras. Trata-se da

fase dos excessos, do predomínio do concreto, do crescimento desordenado,

da falta de controle dos efluentes e esgotos, um período catastrófico para a

proteção do meio ambiente.

O desenvolvimento sustentável é hoje amplamente aceito como um caminho

seguro para um futuro social, ambiental e humano mais responsável, e o

turismo tem um papel fundamental neste processo. Devemos considerar que

sustentabilidade no turismo não é somente a preservação dos fatores

ambientais naturais do destino, mas de acordo com a Organização Mundial do

Turismo, também os aspectos culturais e sociais.

De acordo com a Organização Mundial de Turismo a definição de turismo

sustentável é aquele que:

1-faz uso dos recursos naturais mantendo os processos ecológicos essenciais

ajudando na preservação da biodiversidade

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2-respeita a autenticidade sócio culturais das comunidades receptoras,

conservando suas heranças culturais e valores tradicionais, contribuindo para

um maior intercambio cultural e tolerância

3- garante viabilidade e lucratividade por longos períodos, distribuição justa dos

benefícios entre todos os atores do mercado turístico, incluindo emprego

estável, avanços sociais para toda a comunidade e diminuição da pobreza.

(In ETAG, 2008, Edinburgh)

A sustentabilidade de um destino turístico, que atenda ou supere as

expectativas dos futuros visitantes, deve ainda, de acordo com Rushmann “ser

pautada na racionalização da atividade turística baseada em princípios e

praticas que visem minimizar as praticas ambientais, econômicas e

socialmente insustentáveis”. (1997, p. 96)

Para Silva e Flores, o desafio da sustentabilidade aplicada ao turismo passa

por responsabilidade e compromisso com a comunidade em preservar os

recursos ambientais e culturais para as populações futuras, além do

envolvimento e cooperação das lideranças em todos os níveis, empresas,

comunidade e organismos públicos, com investimentos em educação e

formação das comunidades para o turismo. (2008, p. 4)

Entre os benefícios trazidos pelo turismo sustentável, Swarbrooke destaca o

estimulo da compreensão dos impactos do turismo nos ambientes natural,

cultural e humano;

“... as decisões tomadas por todos os segmentos da

sociedade, inclusive populações locais, de forma que o turismo

e outros usuários dos recursos possam coexistir; a

incorporação do planejamento e zoneamento a fim de

assegurar o desenvolvimento do turismo adequado à

capacidade de carga do ecossistema, monitorando,

assessorando e administrando os impactos do turismo”. (apud

Oliveira e Zoauin, p.7)

A sustentabilidade de destinos também é objeto de estudo e orientação por

parte da Organização Mundial do Turismo através de dois instrumentos: o

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Código Global de Ética para o Turismo e as recomendações a governos para o

estabelecimento ou adoção de sistemas nacionais de certificação do turismo

sustentável. Ambos os instrumentos consideram a abordagem do assunto

sustentabilidade através de um olhar amplo que trafega entre os conceitos de

crescimento econômico, preservação ecológica, diversidade cultural, redução

da pobreza e promoção da paz. Enquanto o código de ética preocupa-se em

estabelecer um conjunto de princípios consentidos entre os membros da OMT,

a recomendação do sistema nacional de certificação do turismo sustentável

prescreve um conjunto de itens a executar-se e observar-se quando da

avaliação da sustentabilidade do turismo.

Diante das definições de sustentabilidade observa-se a existência de um

componente comum a todas: a manutenção em certo nível, evitando o declínio,

a continuação de certo recurso, sistema, condição ou relacionamento.

Nesse contexto, em que o turismo sustentável se apresenta como meio de

promover a proteção dos recursos naturais e as características culturais dos

destinos, passamos então ao estudo do papel do planejamento turístico como

ferramenta de desenvolvimento responsável.

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CAPÍTULO IV

PLANEJAMENTO TURÍSTICO

Como vimos nos capítulos anteriores a realização de mega eventos esportivos,

como as Olimpíadas ou o Mundial de Futebol, tem como um dos seus objetivos

principais o desenvolvimento econômico e social de uma cidade em particular

ou um pais numa visão mais abrangente, e os legados que eles podem deixar

são foco de discussão durante a preparação de tais eventos.

Sendo o incremento do turismo um dos objetivos da captação e realização de

grandes eventos esportivos, é preciso destacar o papel fundamental que o

processo de planejamento vem adquirindo nesse contexto.

A partir deste capitulo, o presente trabalho apresentará a importância de um

planejamento turístico que inclua o estudo de capacidade de carga, para que

os legados esperados pela indústria do turismo sejam duradouros e

sustentáveis.

Turismo é um fenômeno que não cria apenas empregos, impostos e

desenvolvimento. Se mal planejado, é fator de poluição, exclusão social,

concentração de renda, aumento da prostituição, incremento da exploração

sexual infantil e comprometimento de investimentos em projetos mal

elaborados. A responsabilidade por essas questões não é exclusiva dos

governos, mas da sociedade organizada como um todo. Empresários,

profissionais, organizações não-governamentais, sindicatos e as comunidades

organizadas devem participar e se comprometer com os resultados decorrentes

dos projetos turísticos.

Muitas são as definições para o conceito de planejamento, tanto em razão do

seu caráter humano e dinâmico, como por sua amplitude e diversidade, que

tornam a atividade, segundo Ruschmann (apud Trigo, 2003, p.66), “difícil de

definir com exatidão, de forma precisa ou única”.

Assim, enquanto Batista (Ruschmann, 2001, p.66) define o planejamento como

“um processo permanente e metódico de abordagem racional e cientifica dos

problemas”, Newman (Ruschmann, 2001, p.66) afirma que planejar é “decidir

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antecipadamente o que deve ser feito” e que o “planejar é uma linha de ação

preestabelecida”.

De acordo com Estol e Albuquerque entende-se o planejamento como um

processo que consiste em:

“... determinar os objetivos do trabalho, ordenar os recursos

materiais e humanos disponíveis, determinar os métodos e as

técnicas aplicáveis, estabelecer as formas de organização e

expor com precisão todas as especificações necessárias para

que a conduta da pessoa ou do grupo de pessoas que atuarão

na execução dos trabalhos seja racionalmente direcionada

para alcançar os resultados pretendidos”. (apud Ruschmann,

2007, p.84)

O planejamento é, inegavelmente, uma importante ferramenta administrativa.

Sua principal função é a construção do caminho para alcançar o futuro

desejado. Segundo Rattner (1979):

“... no âmbito do poder público, o planejamento pode ser

definido como uma técnica de tomada de decisão que dá

importância para a escolha de objetivos bem determinados e

indica os meios mais apropriados para atingí-los e tendo o

Estado a função de construir o bem comum, torna-se implícito

que o bom planejamento tem como finalidade para o Estado

desempenhar a sua primordial função”. (in Wikipedia,

25.02.2010)

Para Gomes (2009) a implantação de um planejamento se tornou uma

ferramenta indispensável para o manejo sustentável do setor turístico;

“Através desta técnica será possível fazer um diagnóstico da

atual realidade que indicará ações que devem ser feitas para

buscar a sustentabilidade. Ainda vale ressaltar que este

planejamento deve ser revisado, pois a atividade é meramente

frágil, podendo ocorrer à necessidade de mudanças ao longo

dos acontecimentos”.

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De acordo com Bound e Bowy (Ruschmann, 2007, p. 84) o planejamento

turístico deve ainda incluir em seus objetivos a mitigação da degradação dos

locais e recursos sobre os quais o turismo se estrutura, e a proteção daqueles

que são únicos, alem de garantir que a imagem da destinação se relacione

com a proteção ambiental e a qualidade dos serviços prestados.

Ainda nesta linha de raciocínio, Ruschmann (1997 p.9) alerta que sem um

eficiente planejamento, corre-se o risco “de o turismo destruir o turismo”:

“o planejamento turístico consiste em ordenar as ações do

homem sobre o território e ocupa-se em direcionar a

construção de equipamentos e facilidades de forma adequada

evitando, dessa forma, os efeitos negativos nos recursos, que

o destroem ou reduzem sua atratividade que é a base que

fazem o turismo existir”

Um dos conflitos do planejamento no turismo atual, segundo Ruschamnn (1997

p. 87), é tornar o turismo acessível a um número cada vez maior de pessoas, e

ao mesmo tempo proteger e evitar a descaracterização dos locais privilegiados

pela natureza e do patrimônio cultural das comunidades, e segundo a autora

“somente por meio de um planejamento bem elaborado, consegue-se

solucionar com mais eficiência os problemas futuros e, muitas vezes, evitá-los”.

Importante é notar que todas as definições têm em comum duas idéias: a de

complexidade (quando se fala de processo, mecanismo, sistema) e a de ação

voltada para o futuro.

No que se refere as suas etapas, segundo Bissoli (Morales, 2006, p.8) “o

planejamento pode ser enfatizado por uma análise macro ambiental, que é

conhecer o entorno, o mercado e a situação interna da área a ser planejada”.

Logo após, elabora-se o diagnóstico, que consiste num sumário refletindo os

levantamentos da análise macro ambiental. Em seguida, definem-se os

objetivos que se quer atingir. Após isso, determinam-se as prioridades,

colocando-as em ordem de execução. Na continuidade, identificam-se os

obstáculos e suas intensidades, criando-se, assim, meios que visam minimizá-

los, dimensionando os recursos necessários e sua ordem de necessidades.

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Depois destas etapas, definem-se prazos, custos de execução e, por fim,

estabelecem-se pontos de controles, na escolha da área chave. Ainda de

acordo com Bissoli, “todas estas etapas caracterizam o plano que abrange

também os programas e os projetos, e o conjunto destes materializada, forma o

planejamento”.

Lockorish e Jenkins (apud Neto p. 72) estabeleceram seis estágios para o

planejamento turístico:

1. estabelecimento de objetivos;

2. incorporação desses objetivos na declaração política;

3. formulação das diretrizes da política para estabelecer os parâmetros do

planejamento;

4. programa de implementação para atingir o que foi estabelecido no plano;

5. mecanismo de monitoração para avaliar se o plano de desenvolvimento

esta atingindo seus objetivos;

6. processo de revisão para reavaliar e aperfeiçoar os objetivos e as

políticas, conforme necessário.

No processo do planejamento turístico alguns instrumentos revelam-se

importantes, seja em ambientes naturais ou fora deles. Dentre eles, destaca-se

o estudo da capacidade de carga turística de um destino ou equipamento.

Segundo RUSCHMANN (1997, p.116):

”o planejamento turístico deve

necessariamente incluir estudo de capacidade de carga, que é

o número de turistas que uma área pode acomodar, antes que

a atividade turística crie condições indesejáveis e/ou

irreparáveis no ambiente natural, reduza a satisfação do turista

ou se verifiquem impactos adversos sobre a sociedade, a

economia e a cultura local. Controlar o crescimento

quantitativo dos fluxos turísticos em todo o mundo torna-se

premente, uma vez que os ecossistemas sensíveis ficam

irremediavelmente comprometidos quando se ultrapassam os

limites de capacidade de carga”.

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CAPÍTULO V

CAPACIDADE DE CARGA

A busca pela qualidade na indústria de viagens e turismo é parte da estratégia

e do dia a dia de cada empresa que compõe este setor, e entender as

expectativas do cliente/turista é o primeiro passo em direção à qualidade. Para

Neto e Fabbris (2009, p.5), se bem atendidas, “transformaram o turista/cliente

em pessoas satisfeitas, ou seja, que pagaram e receberam o que tinham em

suas mentes de uma forma muito subjetiva”.

Faria e Carneiro (Bezerra, 2005, p.7) indica uma estreita relação entre a

satisfação do cliente e sustentabilidade de destinações turísticas ao afirmar

que:

“... a satisfação do turista deve ser prioridade nos objetivos e

interesses da comunidade receptora, pois, a sustentabilidade

sócio econômica da comunidade que o recebe também

interessa ao próprio turista, pois assim garante bom

atendimento e perenidade ao local”.

Para a Organização Mundial do Turismo a qualidade no turismo é:

“(...) o resultado de um processo que inclui a satisfação de

todos os produtos e serviços necessários, exigências e

expectativas do consumidor, a um preço aceitável, em

conformidade às condições contratuais aceitas mutuamente e

os determinantes de qualidade como segurança, higiene,

acessibilidade, transparência, autenticidade e harmonia da

atividade turística no que se refere aos ambientes humanos e

naturais”.

Levando-se em conta que atualmente, segundo Ruschmann (1997 p. 16), a

qualidade de uma destinação turística vem sendo avaliada com base na

originalidade de suas atrações ambientais e no bem-estar que elas

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proporcionam aos visitantes, e ainda, que 47% dos turistas estão dispostos a

pagar mais por serviços ambientalmente responsáveis, o marketing ambiental

passou a constituir uma importante arma para os responsáveis pela oferta

turística das localidades receptoras, devendo ser incluído em quaisquer ações

de planejamento turístico.

È preciso que antes de cada planejamento turístico se considere que cada

destino possui seu próprio ciclo ou tempo de vida, que quer se queira ou não, o

homem tem grande poder de intervenção. Butler (apud Neto, 2008, p.76)

fazendo alusão ao ciclo de vida da atividade turística conclui que cada

destinação possui etapas similares a mencionar: investimentos,

desenvolvimento, exploração, consolidação, estagnação, declínio e

rejuvenescimento, onde o auge nem sempre significa desenvolvimento

satisfatório. Às vezes o auge pode significar decadência, pois atingir o limite do

desenvolvimento pode ser um sinal de que o ambiente excedeu o seu limite

diário e anual, e adverte “quando isso acontece é natural observar-se um

distanciamento dos turistas, sobretudo dos visitantes com consciência

ambientalista, que buscam outros destinos onde isso ainda não aconteceu”.

Os impactos sobre a cultura e paisagens de locais turísticos começaram a ser

estudados em nível cientifico nos anos 50 e tem sensibilizado a opinião publica

quanto à necessidade de consideração dos aspectos ambientais, e muitos

países já reconhecem como um dever do estado garantir as possibilidades de

recuperação das paisagens naturais e sua proteção contra as agressões dos

turistas. Essa sensibilização levou a criação de normas que passaram a

restringir o direito dos turistas ao consumo desmesurado dos valores culturais e

dos recursos naturais dos locais visitados, surgindo o conceito de capacidade

de carga. No turismo, são poucos os autores que arriscam a datar o surgimento

ou a adaptação da capacidade de carga como conceito turístico. Autores como

Boullón (2002) afirmam que “o uso deste conceito no turismo se deu a partir do

final da década de 60 quando países desenvolvidos começaram a tomar

consciência do fenômeno como a saturação física de ambientes turísticos”.

(apud Neto, 2008 p. 74)

A capacidade de carga é um instrumento de manejo aplicado em estratégias de

controle de fluxos turísticos em áreas naturais e, segundo Cifuentes (1992) “é

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resultado de uma apropriação do conceito utilizado na gestão de pastagens,

para determinar o número de animais que podem ser mantidos em

determinada área de pasto”. (apud Neto, 2008, p.90) No turismo, sua adoção

consiste no cálculo de um número máximo de visitas/dia que uma determinada

área natural pode suportar.

Ao defender a importância de capacidade de carga para atividade turística,

Williams e Gill (apud Neto 2008 p.73), a caracterizaram como elemento central

do desenvolvimento, pois segundo os autores:

”... envolve diferentes aspectos e juízos científicos com uma

gama de valores associados aos objetivos de manejo

específicos de dada área, que em caso de áreas naturais são

conseqüências de decisões antes tomadas, que fazem

referencia aos tipos de uso, atividades e tipos de turismo que

se pretende realizar”.

Para Santos e Pires (apud Neto, 2008, p.84) saber a capacidade de carga

turística é fundamental para o planejamento, visto “possibilitar aos seus

administradores o conhecimento maior do seu ambiente, para dessa forma

determinar o numero de visitantes/dia”. O objetivo na limitação da capacidade

de carga é aumentar a satisfação dos visitantes e reduzir os efeitos adversos

sobre o meio ambiente natural, e cultural, tendo em vista que a extrapolação na

quantidade de visitantes nestes ambientes implica em riscos como: saturação

dos equipamentos turísticos, degradação do meio ambiente e redução na

qualidade da experiência.

Para Boo (apud Neto, 2008, p.74) capacidade de carga turística corresponde a

quantidade de visitantes por dia/mês/ano que uma área pode suportar,

dependendo do tipo ou tamanho da área protegida ou natural, dependendo do

solo, da topografia, da conduta animal, e dos números e quantidades das

facilidades turísticas disponíveis.

Van Houts (1992) (apud Neto 2008, p.75) sintetizou os impactos negativos

causados pelo excesso da capacidade de carga turística em dois aspectos:

físicos, que é a deterioração do meio ambiente e dos recursos turísticos

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construídos pelo homem, e os psicológicos, que é a saturação psicológica e

desconforto.

Para efeito do planejamento turístico, capacidade de carga (ou capacidade de

suporte) segundo Ruschmann (1997) “é o número de turistas que uma área

pode acomodar, antes que ocorram impactos negativos no ambiente físico, nas

atitudes psicológicas dos turistas, no nível de aceitação social da comunidade

receptora e no nível de otimização econômica”.

Algumas metodologias de controle da visitação e de monitoramento de seu

impacto levam em consideração indicadores como a fragilidade dos ambientes

presentes na área, perfil e fluxo de visitantes, tempo de permanência,

sazonalidade da visitação, capacidade da infra-estrutura instalada, entre outros

parâmetros.

5.1 - Metodologias de estudo de capacidade de carga

Cada ambiente turístico é único e com características únicas, e talvez por isso

existam diversas metodologias de estudo da capacidade de carga propostas

por diversos autores com metas distintas umas das outras, que comprovam a

variedade de pontos de vista e dos objetivos estabelecidos nos planos do

estudo. No entanto é notável a preocupação de todos os pesquisadores no que

concerne a dimensão ecológica, e preocupação com a natureza ambiental,

suas características e conseqüências que poderão vir a surgir nos ambientes

turísticos.

Em seu estudo de capacidade de carga para uma destinação de características

naturais, Neto (2008, p. 86), apresenta duas propostas metodológicas como as

mais discutidas nos meios acadêmicos e as mais utilizadas também. São as

metodologias apresentadas por Boullón (1985) e Cifuentes (1992).

De acordo com Boullón a capacidade de carga é determinada a partir de três

variáveis: capacidade de carga material, capacidade de carga psicológica e

capacidade de carga ecológica. (in Neto, 2008, p. 86)

A capacidade material esta relacionada às características geográficas,

geológicas, topográficas, da vegetação e das condições de segurança

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estabelecidas para os visitantes. Ao se buscar o nível ótimo de adequação da

capacidade material deve-se tomar o cuidado para que o excesso de pessoas

e instalações de segurança não afetem o atrativo, desfigurando-o.

Capacidade ecológica está relacionada à quantidade de dias por ano, ao

número de visitantes simultâneos e à rotatividade diária que um atrativo pode

receber sem que seu equilíbrio ecológico seja alterado.

A capacidade psicológica pode variar desde 10.000m² para o campista

solitário, até 100m² para o que se aloja em um acampamento com alta

concentração de pessoas ou não mais de 20m² por visitante em um mirante,

que fica reduzido a 1 m² na frente do parapeito. Diz respeito ao numero de

visitantes simultâneos que uma área pode receber, sem afetar a satisfação e o

sucesso da visita.

A metodologia desenvolvida por Cifuentes (Neto, p 90) para serem aplicadas à

áreas naturais protegidas da Costa Rica e Equador, determina a capacidade de

carga em níveis físico, real e permissível.

A capacidade de carga física se da a partir da “relação simples entre o espaço

disponível e a necessidade de espaço por visitantes, entendida como o limite

máximo de visitas que podem ocorrer em um espaço definido, em um tempo

determinado” para visitação.

A capacidade de carga real se determina submetendo a capacidade de carga

física a uma serie de fatores de correção – ou redução – que são particulares

de cada lugar, como acessibilidade, erodibilidade, temperatura, precipitação,

etc.

Após isso, determina-se a capacidade de carga permissível que é o limite

máximo de visitantes que um ambiente pode admitir, dada a capacidade para

ordená-los e manejá-los

Outra metodologia de calculo da capacidade de carga aceita pela comunidade

acadêmica para parques nacionais e áreas florestadas, é citada por Richez

(Ruschmann, 1997, p. 123) que diz ser necessário considerar quatro

importantes dimensões – que denominou de spaces-parks:

1. Capacidade de carga ecológica

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2. Capacidade de carga social e psicológica

3. Equipamentos instalados na área;

4. Compatibilidade entre os diversos usos do espaço natural.

A capacidade de carga ecológica diz respeito ao limite biológico e físico de

qualquer espaço aberto a atividades recreativas, e envolve o uso do

conhecimento de uma serie de disciplinas, como geologia, climatologia,

hidrografia, geomorfologia, botânica, zoologia, ecologia, etc.

Capacidade de carga social: “trata-se do impacto humano que, se

ultrapassado, causa a deterioração da qualidade do descansar”

Equipamentos instalados na área visam “estabelecer o número e tipos de

equipamentos apropriados para atender as necessidades e às expectativas dos

visitantes”

A compatibilidade entre os vários usos do espaço natural, embora seja o

menos observado, é de extrema importância para a implantação e o

desenvolvimento das atividades turísticas, pois é o elemento que harmoniza as

atividades praticadas e os equipamentos instalados, o que permite ao homem

inserir-se no ambiente como observador, possibilitando a experiência de

integração harmoniosa ao ambiente reduzindo as agressões.

Apesar do seu propósito claro e racional, Neto (p. 81), cita Williams e Gill sobre

o aspecto controverso que a capacidade de carga tem no âmbito

administrativo, pois, ao mesmo tempo em que é reconhecida como eficiente

forma de controlar formas de turismo que ameaçam o emprego sustentado de

recursos limitados, contrapõe-se aos planos de maximização das

oportunidades de crescimento, e os benefícios de aumento de utilização por

parte dos visitantes.

È comum estudos de capacidade de carga turística em áreas naturais

protegidas considerar quase que exclusivamente os fatores ecológicos,

enquanto outros consideram como importantes os fatores econômicos. Para

que o planejamento turístico obtenha sucesso, de acordo com Neto (2008, p.

81), “é necessário que o estudo de capacidade de carga deixe de priorizar um

e único objetivo”, ampliando e valorizando outros de igual modo, levando em

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consideração vários fatores, onde cada grupo interessado na atividade pode ter

seus interesses individuais atendidos.

Quadro 1: Fatores que limitam a capacidade de carga turística

Fonte: WILLIAMNS E GILL in NETO, 2008

Embora haja poucos registros de estudos de capacidade de carga que tenham

conseguido conciliar todos os fatores sugeridos por Williams e Gill, o Brasil já

dispõe de alguns desses estudos muito bem elaborados e implementados que

com certeza servem de referência para mostrar a importância de um estudo de

capacidade de carga turística no processo de planejamento e desenvolvimento

Experiência dos visitantes Volumes

Comportamento Níveis de serviços Receptividade local

Expectativas Experiência para os habitantes

Privacidade/acesso Envolvimento Beneficiários

Comportamento dos turistas

Econômicos Investimentos Tecnologia

Gastos dos turistas Custo da mão de

obra Custo de vida

Político-

administrativos Capacidade Jurisdições Prioridades Metas

Físicos Acomodações

Oferta de terrenos Suprimento de água Capac. de esgotos

Transportes Belezas visuais

Sistemas ecológicos Vida selvagem Vegetação Água Ar Terra

Fatores que limitam a

capacidade de carga no turismo

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da atividade. Dentre os bem sucedidos, merece destaque o plano

administrativo de com estudo de capacidade de carga implementado pelo

Parque Nacional Foz do Iguaçu, que tem como principal atração as Cataratas

do Iguaçu, com parte dela no país vizinho Argentina.

O controle é feito logo na entrada do parque onde os visitantes são

identificados, para depois, acompanhados de guias, serem levados em ônibus

para as proximidades das cataratas, “controlando o numero máximo de visitas

e de seus deslocamentos ao longo dos percursos e passarelas estreitas, cujo

traçado e desenho asseguram a proteção do ambiente natural e do equilíbrio

ecológico dos animais que ali vivem” (BOULLÓN, apud NETO p. 83).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O turismo é um grande negócio econômico global, mas é mais do que isso. É

um convite à convivência entre pessoas, etnias e culturas diferentes. É uma

possibilidade de conhecer o planeta com sua natureza e culturas variadas. A

viagem é uma preciosidade do imaginário das pessoas e sua realização

expressa sentimentos variados, turismo é acima de tudo prazer.

Com a realização dos dois maiores eventos esportivos no Rio de Janeiro, o

crescimento do turismo será uma realidade, assim é importante ressaltar a

necessidade de um planejamento que valorize a qualidade da experiência

turística.

O objetivo geral deste trabalho foi o de buscar dados que justifiquem a

preocupação com a qualidade dos serviços oferecidos pelos nossos maiores

atrativos turísticos, o Pão de açúcar e o Corcovado, além de alertar a

comunidade, o setor privado e a esfera pública do impacto que os grandes

eventos esportivos no Rio de Janeiro podem causar, e também sugerir uma

cautelosa preparação dos nossos atrativos para o esperado aumento da

demanda turística.

Foi também objetivo desta pesquisa indicar métodos e praticas amplamente

aceitas como formas de alcançar o desejado turismo sustentável. Com o

estudo da capacidade de carga, este trabalho não propõe a diminuição na

quantidade de turistas, mas sim ordenamento para que se evitem os

congestionamentos que causam estresse psicológico e acarretam uma

experiência desagradável.

A pesquisa constatou que grande parte dos trabalhos que identificaram

possível excesso na capacidade de carga e sugeriram um maior controle no

numero de turistas, foram feitos para atrativos em áreas naturais, porém, pelas

características urbano/naturais dos nossos atrativos, considera-se de extrema

valia a utilização destas metodologias para determinação de um limite máximo

no que concerne a entrada de visitantes no Pão de Açúcar e no Corcovado.

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37

A Gestão Ambiental tem como função administrar as práticas econômicas e

sociais, levando ao uso racional dos recursos naturais, através de práticas de

preservação e conservação que reduzam os impactos que o homem pode

gerar a biodiversidade, portanto, a Gestão Ambiental surge como ferramenta

que pode contribuir para a transformação de realidades e como alternativa para

criar um novo paradigma. Para tanto, vale a pena mencionar Castrogiovanni

(2003), pois ele defende que:

O turismo não nasceu de uma teoria, mas de práticas

espontâneas que foram se configurando por si mesmas, o que

parece justificar em parte, a leitura fluente, que insiste em

tratar o turismo empiricamente e como devorador de

paisagens e lugares. É hora de propor uma intervenção

inovadora do fazer-saber turístico [...] através da

desconstrução do saber-fazer (MOESCH, 2000). A

desconstrução é o instrumento mais adequado para romper

paradigmas tão sedimentados e criar leituras que forcem a

necessidade da questionabilidade contínua relativa aos

saberes e informações, transformando-os em verdades

provisórias e caminhos com opções diferenciadas.

(NASCIMENTO E SILVA, 2008, p.105)

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ANSARAH, M. G. R. Turismo: como aprender, como ensinar (volume 2) SENAC, 2001 ISBN 8573591838 CUNHA, Erika Conceição Gelenske, Reflexões sobre o turismo cultural na “Cidade maravilhosa”. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 2008. 116 ETAG The Edinburgh Tourism Action Group http://www.etag.org.uk/home.asp http://www.linkbc.ca/torc/downs1/SUTS.pdf?PHPSESSID=ugcfjttizdv Sustainable Urban Tourism Strategy(SUTS) - Edinburgh Final Version - 2008 Consultada em 05/03/2010 DURAN, Pere The impact of the Olympic Games on tourism Barcelona: the legacy of the Games 1992-2002 Disponível em http://olympicstudies.uab.es/b92/pdf/WP083_eng.pdf Acessado em 15/12/2009 GOMES, Patrícia Garcia, 2009 Disponível em; http://patriciagarciagomes.blogspot.com/2009_07_01_archive.html Sustentabilidade: um modelo de desenvolvimento essencial para o turismo brasileiro Acessado em 10/12/2009 Greenpeace Olympic Environmental Guidelines, A guide to sustainable events, September 2000 Disponível em: www.greenpeace.org/raw/content/china/en/reports/guideline.pdf Acessado em: 15/12/2009

Manual on sports and environment, International Olympic Committee http://multimedia.olympic.org/pdf/en_report_963.pdf Lausanne – Switzerland 2005 ISBN: 92-9149-031-8 Consultada em 15/01/2010 MASCARENHAS, Gilmar, Legados de Megaeventos Esportivos, Editores: Lamartine DaCosta, Dirce Corrêa, Elaine Rizzuti, Bernardo Villano e Ana Miragaya, Brasília: Ministério do Esporte, 2008 608 p. ISBN. 978-85-61892-00-5 MATTHEWMAN, Richard, Economic Impacts of Olympic Games, 2009

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Disponível em: http://www.locateinkent.com/images/assets/Economic%20Impacts%20of%20Olympic%20Games%20-%2009.07.09.pdf Acessado em: 25/01/2010 MELO, Flávia Luana Souza de, Importância das políticas publicas no desenvolvimento do turismo sustentável no arquipélago de Fernando de Noronha, 2008 Disponível em: http://www.cdvhs.org.br/sispub/image-data/1893/sits/files/IMPORTANCIA%20DAS%20POLITICAS%20PUBLICAS.pdf Acessado em 20/01/2010 MORALES, Aracelis Góis e MORALES, Angélica Góis Müller, A importância do planejamento para o turismo em áreas naturais, 2006 Disponível em: http://www.amigosdanatureza.org.br/noticias/306/trabalhos/111.EA-8.pdf Acessado em 20/01/2010 NASCIMENTO, Hermógenes Henrique Oliveira, SILVA, Valdenildo Pedro da Turismo pós moderno: dilemas e perspectivas para uma gestão sustentável, 2009 Disponível em: http://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/viewFile/258/263 Acessado em 20/12/2010 NETO, Álvaro Ornelas de Souza e FABBRIS, Cristine A percepção da qualidade na prestação de serviços turísticos. Disponível em: http://www.ecatur.tur.br/docs/seminario/percepcao-de-qualidade.pdf Acessado em: 22/01/2010 NETO, Diderot Lineu Nascimento, 2008, Capacidade de carga turística como indicador do planejamento turístico, Universidade de Brasília, 128 p. OLIVEIRA, Carlyle Tadeu Falcão de ZOUAIN,Deborah Moraes, Gestão social e turismo: Ensaio sobre a gestão publica do turismo brasileiro, Fundação Getúlio Vargas – FGV Disponível em: http://www.aedb.br/seget/artigos07/1156_Artigo_SEGET-Turismo_e_Gestao_Social.pdf Acessado em: 15/12/2009 PAYNE, Michael Australian Tourist Commission Olympic Games Tourism Strategy, Summary, 2001 Disponível em: http://fulltext.ausport.gov.au/fulltext/2001/atc/olympicreview.pdf Acessado em: 20/01/2009 RUSCHMANN, Doris. Turismo e planejamento sustentável. Campinas: Papirus, 1997

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SAMPAIO, Rafael Santos, Estratégias para a superação de problemas locais à Vila do Abraão e sua relação com o desenvolvimento sustentável do turismo, FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS Rio de Janeiro 2005 93p. TAVARES, Gracimar Sousa Cunha, ARAUJO, José Luis Lopes O turismo como propulsor para o desenvolvimento sustentável de pequenas localidades, 2008 Disponível em: http://www.cdvhs.org.br/sispub/image-data/1893/sits/files/O%20TURISMO%20COMO%20PROPULSOR.PDF Acessado em: 20/01/2010 WTO - GLOBAL CODE OF ETHICS FOR TOURISM http://www.bmwi.de/BMWi/Redaktion/PDF/G/global-code-of-ethics-englisch,property=pdf,bereich=bmwi,sprache=de,rwb=true.pdf Resolution adopted by the General Assembly 2001 Acessado em 12/01/2010 WTO - WORLD TOURISM ORGANIZATION. Tourism and world economy. Disponível em: www.world-tourism.org/facts & figures Acessado em 15/01/2010 Ministério do Turismo http://www.turismo.gov.br/turismo/home.html Companhia de Turismo do Estado do Rio de Janeiro http://www.turisrio.rj.gov.br/ Empresa de turismo do município do Roi de Janeiro http://www.rioguiaoficial.com.br/ Centro de estudos olímpicos http://ceo.uab.cat/eng/obs_rec.asp?id_categoria=17&id_subcategoria=25 http://trendwatching.com/ http://www.hospitalidade.org.br/

http://pt.wikipedia.org

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 – Entrevista com Josep Chias, publicada pela EMBRATUR

Anexo 2 – Matéria publicada em O Globo, em 24/01/2010 sob o Titulo “Muita paciência, visitar o Corcovado nos fins de semana de férias vira peregrinação”.

Anexo 3 - Matéria extraída de: Jbonline.terra.com.br Outubro 03, 2009, sob o titulo: Número de turistas de fora deve crescer 15% ao ano.

Anexo 4 - O turismo e a Copa do Mundo, artigo publicado pela EMBRATUR

Anexo 5 – Entrevista com o Ministro do Turismo Sr. Luis Barreto, publicada em O Globo, em 10/02/2010

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ANEXO 1

Brasil 2014: uma visão a partir do marketing e do turismo Torcedor do Barça, Josep Chias é doutor em Ciências de Gestão, master em Administração e uma das principais referências mundiais em marketing turístico e público.Chias frisa a importância dos aspectos que definem o marketing de um país: Identidade, Personalidade e ComunicaçãoDesde os anos 80, quando tive a possibilidade de assistir à Copa do Mundo de 1982, na Espanha, e, posteriormente, de 1984 a 1986, quando atuei como responsável pelo marketing da candidatura de Barcelona aos Jogos Olímpicos de 92, descobri que estes dois grandes eventos esportivos são as mais importantes vitrines mundiais para mostrar um país ou uma cidade ao planeta.Para aqueles que, como eu, trabalham na área de marketing, ter esta ferramenta à disposição é um privilégio único. A Copa, por ocorrer em uma nação – diferentemente dos Jogos Olímpicos, que estão focados em uma cidade –, oferece maiores possibilidades de ser utilizada como apresentação da imagem de um país. Em 2014, para muitas pessoas será quase a quebra da imagem estereotipada e primária que se tem sobre o Brasil e, para outros, mais experientes, uma renovação desta imagem. Para que isso de fato aconteça é importante que, além dos aspectos técnicos (estádios, organização etc.), sejam também considerados os três aspectos que definem o marketing de um país: Identidade, Personalidade e Comunicação.

A Identidade pode ser simplificada como a soma da história e do presente e transmite informações e valores associados que permitem definir se estamos falando de um país que já foi ou de um país que foi e agora é. O desafio será mostrar um novo Brasil, o que desejamos ser a partir de agora e para os próximos anos, tornando-o uma nação de referência mundial.Já a Personalidade é a soma do que se faz e como se faz, e que nos leva também às informações sobre as realidades econômica, tecnológica, social, entre outras. E, sobretudo, ao jeito brasileiro de viver a vida, de assistir aos jogos e de fazer com que os turistas valorizem o diferencial que é hoje mais destacado nas pesquisas de satisfação após a viagem ao Brasil, o povo brasileiro.A Comunicação, terceiro e último aspecto, é o que vamos comunicar e como estes elementos vão ser comunicados em relação ao Brasil, à Copa e às cidades-sedes. Neste ponto, quero enfatizar a grande oportunidade que se apresenta para todo o mundo da comunicação brasileira. É a hora de mostrar que a criatividade, tantas vezes premiada em festivais de publicidade, pode também ser aplicada aos temas da Copa, ao turismo e ao esporte, como bem demonstrou a candidatura do Rio em sua apresentação na Dinamarca.

Este trabalho deve ser compartilhado entre os diferentes responsáveis dos setores público e privado, do País e das cidades. É absolutamente necessário um conteúdo em comum para se garantir a melhor comunicação possível.Segundo pesquisas feitas para a Copa 2014 e consideradas no Plano Aquarela, de Marketing Turístico Internacional do Brasil, estima-se em 500 mil o número de turistas internacionais que vão desembarcar para assistir ao evento. É uma quantidade importante, porém o mais essencial é reconhecer que o Brasil vai ser notícia de grande interesse para mais de 2 bilhões de pessoas ao redor do mundo.Se tivermos a capacidade de seduzir e informá-los sobre o Brasil, sobre a sua imensidade continental, sua diversidade natural, sua cultura viva, sua gente e, sobretudo, o profissionalismo e a qualidade da oferta turística, vamos colocá-lo em um novo patamar, para que seja um País ao qual sempre podem voltar, pois há muito o que conhecer e porque é onde o futuro acontece a cada dia.

O Plano Aquarela 2020, que inclui Copa Brasil 2014 e Jogos Olímpicos Rio 2016, considera que assim que for finalizado o evento na África do Sul, em 2010, o Ministério do Turismo, por meio da Embratur, deverá colocar em prática um conjunto de ações nos espaços e nos meios de turismo para superar todos os desafios técnicos já assinalados. A Copa será em 2014, mas as ações de comunicação e de promoção turística devem ser iniciadas assim que o Mundial deste ano acabar.Depois, deverá se manter uma atividade média durante dois anos. No momento em que se finalizarem os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, se iniciam os quatro anos mais importantes da história do Brasil na mídia. A hora do Brasil no mundo!

Disponível em: http://www.copa2014.turismo.gov.br/copa/copa_cabeca/detalhe/artigo_Josep-Chias_20100108.htm Consultado em 20/12/2009

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ANEXO 2 MUITA PACIÊNCIA Visitar o Corcovado nos fins de semana de férias vira peregrinação Publicada em 24/01/2010 às 23h49m

RIO - Quem planeja ir ao Cristo Redentor de carro, num fim de semana durante o período de férias, vai precisar de muita paciência para enfrentar o congestionamento que se forma na subida para o Corcovado, pela Estrada das Paineiras. No domingo, por exemplo, por volta das 11h, o engarrafamento começava a 500 metros da bilheteria da atração turística. Para percorrer o trecho, foram gastos mais de 30 minutos, mostra reportagem publicada pelo GLOBO nesta segunda-feira.

Ao meio-dia, a fila já chegava a um quilômetro. Apesar de a estrada ser estreita, é permitido estacionar ao longo de parte da via, por onde passa apertado o fluxo, em mão dupla. Além disso, passageiros dos veículos descem no meio do caminho e seguem a pé, disputando o pouco espaço com os motoristas. E não há calçada nem acostamento na via.

A peregrinação até a estátua do Cristo, que foi eleita uma das sete novas maravilhas do mundo moderno, não chega a desanimar os visitantes. Mas eles reclamam da falta de organização.

Para chegar ao Cristo, o visitante pode seguir no trenzinho, cuja passagem custa R$ 36. Quem vai de carro até as Paineiras paga R$ 24,20, para concluir o trajeto de van. No domingo, apesar de tumultuado, o estacionamento na estrada funcionava corretamente, no sistema Vaga Certa.

Na subida pelo Cosme Velho, flanelinhas foram flagrados pelo GLOBO abordando motoristas que seguiam para o Corcovado. Um dia antes, segundo a Guarda Municipal (GM), fora realizada uma operação Choque de Ordem no local, com a ajuda da Polícia Militar: 25 motoristas foram multados por estacionamento irregular. A prefeitura informou que a GM e a Secretaria da Ordem Pública (Seop) voltarão a fazer blitzes na região e intensificarão a fiscalização nos fins de semana.

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ANEXO 3

Número de turistas de fora deve crescer 15% ao ano Extraído de: Jbonline.terra.com.br Outubro 03, 2009

Notícias RSS Digg

Jornal do Brasil

RIO - A Olimpíada no Rio deverá aumentar o fluxo de turistas estrangeiros no Brasil em até 15% em relação ao ano anterior aos Jogos. A previsão é da presidente da Embratur, Jeanine Pires, com base na experiência australiana de Sydney, que recebeu os Jogos em 2000.

- É um número muito expressivo, a média mundial é de crescimento de 1% a 2% ao ano. Há também o aumento do turismo de negócios nos anos anteriores, em que o número de pessoas é menor, mas a economia é muito beneficiada, a entrada de divisas é grande - afirmou Jeanine.

Segundo ela, a candidatura do Rio teve grande repercussão internacional e já aumentou o interesse na cidade como destino turístico. De todos os estrangeiros que vêm ao Brasil, e que costumam visitar mais de uma cidade, 35% passam pelo Rio. A cidade é a que mais recebe turistas que vêm ao país a lazer. O Rio, segundo Jeanine, já é utilizado como âncora para atrair visitantes internacionais a cidades menos conhecidas do país e a Embratur deve explorar essa característica na promoção turística dos Jogos de 2016. Ela reconhece que os desafios de hospedagem, infraestrutura, transporte e mobilidade urbana serão grandes.

Autor: Vinculado ao Jbonline.terra.com.br Acessado em 15/12/2009

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Anexo 4

O turismo e a Copa do Mundo

Diante da disputa entre africanos pela Copa de 2010, a África do Sul sagrou-se vencedora com 14 votos contra 10 do Marrocos e 0 do Egito. Estima-se que, em junho de 2010, 2,7 milhões de espectadores assistirão aos 64 jogos da Copa do Mundo da África do Sul, que ocorrerá em 10 estádios situados em 8 das 9 províncias do país: Gauteng, Mpumalanga, Limpopo, Free State, Kwa-Zulu Natal, Western Cape, Northwest e Eastern Cape.

O orçamento para a Copa do Mundo de 2010 foi norteado por um protocolo de financiamento do Tesouro Nacional que prioriza o investimento em infraestrutura, logística, comunicação e segurança, itens necessários para garantir um legado duradouro. Assim, o investimento de US$ 2,24 bilhões direto do governo é parte de um programa de gastos muito maior entre 2006 e 2010. Durante este período, o governo investirá mais de US$ 57,14 bilhões na infraestrutura do país com transporte ferroviário de mercadorias, produção de energia, comunicações, aeroportos e portos de entrada.

Este orçamento também contempla a construção e a reforma de estádios, além de programas de esportes e recreação, artes e cultura, policiamento e serviços médicos de emergência. Financiamentos do governo nacional serão suplementados por contribuições dos governos provinciais, locais e outros parceiros.

A preocupação ambiental também faz parte da Copa do Mundo de 2010. Baseado na experiência da Alemanha, que foi o primeiro evento “Green Goal” realizado, Joanesburgo e a Cidade do Cabo têm aberto suas contas verdes. As cidades estão refletindo sobre o que se fez na Alemanha durante a Copa do Mundo de 2006 e como podem melhorar essa situação para fazer da Copa do Mundo sul-africana um evento realmente verde. Assim, a África do Sul tem usado energia solar extensivamente e, com a alta demanda de eletricidade, está se preparando para a energia alternativa.

Um desafio para todas as cidades-sedes é a mobilidade pública. Na Alemanha, que já possuía uma ligação de transporte público excelente, o transporte foi reforçado com ônibus Green Goal e a combinação de tíquetes com acesso a todas as modalidades de transporte público.

O primeiro grande legado das cidades será o Bus Rapid Transit (BRT) - ônibus de trânsito rápido - que será conhecido como Rea Vaya. O plano é provido de um serviço de alta velocidade em rotas de ônibus dedicadas a cruzar Joanesburgo, usando uma rede de ônibus de veículos articulados de 18 metros. Uma rede de rotas secundárias será então servida de trens e táxis. O Rea Vaya terá um total de 94 quilômetros de corredores de reboque, englobando um total de cerca de 148 quilômetros de comprimento. Projetos similares ao BRT estão sendo começados também nas municipalidades de eThekwini e Cidade do Cabo. Sete rotas foram selecionadas para dar ao usuário o máximo de flexibilidade com o mínimo de pesadas transferências.

Além disso, em corrente construção, o multibilionário Gautrain irá facilitar os congestionamentos de trânsito acerca das maiores rodovias ligando Joanesburgo com a Pretoria no norte ou ao OR Tambo Aeroporto Internacional no leste. O Gautrain tem cinco estações em Joanesburgo: Park Park Station; Rosebank; Sandton; Marlboro; e Midrand.

Disponível: http://www.copa2014.turismo.gov.br/copa/turismo_copas/

Acessado em: 28/02/2010

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ANEXO 5

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes / Instituto a Vez do Mestre

Titulo da monografia: Os grandes eventos esportivos no

Rio de Janeiro e a capacidade de carga dos nossos

atrativos turísticos

Autor: Ricardo Luiz Barbosa da Silva / Turma K 165

Data da entrega: 14/06/2010

Avaliado por: Conceito: