"peixes esportivos no aquário"

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»Por: Janaína Quitério|Fotos: Luiz Tavares [email protected] Pesca Brasil l 64 Qual pescador esportivo nunca sonhou em mimar um tucunaré ou pintado? A Revista Pesca Brasil dá continuidade à seção de Aquarismo e traz nesta edição dicas de como manter aquários com peixes carnívoros Aquarismo

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Qual pescador esportivo nunca sonhou em mimar um tucunaré ou pintado? A Revista Pesca Brasil dá continuidade à seção de Aquarismo e traz nesta edição dicas de como manter aquários com peixes carnívoros

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Page 1: "Peixes esportivos no aquário"

»Por: Janaína Quitério |Fotos: Luiz Tavares [email protected]

Pesca Brasil l 64

Qual pescador esportivo nunca sonhou em mimar um tucunaré ou pintado? A Revista Pesca Brasil dá continuidade à seção de

Aquarismo e traz nesta edição dicas de como manter aquários com peixes carnívoros

Aquarismo

Page 2: "Peixes esportivos no aquário"

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Na natureza, pintados, pirararas, aruanãs, pirarucus, tucunarés e matrinxãs — e muitos outros peixes carnívoros de água

doce — brindam o pescador com boa briga quando fisgados. No aquário, presenteiam-no com o relaxa-mento decorrente de seu cuidado. Para cada tipo de aquário há uma espécie de aquarista: “Pessoas mais detalhistas gostam de manter aquários marinhos ou plantados. Já pescadores esportivos — o público-alvo desta revista — certamente preferem povoar aquários com peixes carnívoros”, observa o biólogo e aquarista Jeferson Campoy Garcia. Os peixes carnívoros são considerados mais apropriados quando se trata de cuidado em aquário — especialmente para iniciantes — por serem mais re-sistentes e por não requererem do ‘hobbysta’ nenhum conhecimento específico. Além disso, não são peixes

briguentos, embora algumas espécies costumem lutar entre si, como a pirarara. “Quando há duas delas no aquário, elas brigarão quando estiverem maiores. Assim, não é indicado povoar esse tipo de habitat com mais de um peixe da mesma variedade. Peixes são como pessoas: temperamentais. Há pessoas com as quais a gente se dá; outras, não”, compara o aquarista. Outra causa de desentendimentos entre peixes carnívoros é a fome. Falta de comida faz um peixe beliscar a cauda do outro — não por selvageria, mas por necessidade de alimentação, explica Jeferson Garcia, que complementa: “Se o peixe ficar com muita fome, ele vai para uma espécie de ‘tudo ou nada’. As-sim, aconselha-se a não introduzir no mesmo habitat peixe de cujo tamanho caiba na boca do carnívoro. Pirararas, por exemplo, chegam a comer espécime com a metade do tamanho delas”.

Aquarismo

Oscar-tigre (Astronotus ocellatus)

Pintado (Pseudoplatystoma fasciatum)

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Um dos maiores erros na manutenção de aquários de água doce com peixes carnívoros é a temperatura estar muito alta. Quando isso acontece, o metabolismo do peixe se acelera, o que o faz se alimentar mais. Como consequência, o carnívoro faz mais fezes e a amônia no aquário sobe, o teor de oxi-genação da água diminui e o pH fica ácido — quando o ideal é ficar entre 6.6 e 7. “A temperatura ideal no aquário para espécies carnívoras é 26ºC. Muitos acham que 28ºC ainda é um bom parâmetro, mas com essa temperatura o peixe já perde muita ener-gia”, adverte Jeferson Garcia. Em compensação, se a temperatura da água cair para menos de 26ºC — chegando a 20 ºC —, o peixe para de comer e a sua resistência cai, o que pode propiciar o aparecimento de doenças, como ictio e bactéria. Já a segunda maior falta quando se mantém esse tipo de aquário é o excesso de alimentação — devido aos motivos já citados. Em geral, peixes car-

nívoros se alimentam de peixes vivos, como lambaris, lips, platis e barbos — peixes pequenos e baratos. A frequência ideal de alimentação é uma vez por semana. “A quantidade de peixes vivos oferecidos depende do número de habitantes no aquário. Se o ‘hobbysta’ tiver um pintado pequeno, ele vai colocar em torno de cinco lips por semana. À medida que o peixe for crescendo, o aquarista vai aumentando a quantidade”, sugere Jeferson Garcia. Uma dica é acostumar desde pequeno o car-nívoro a comer ração própria. Quando a alimentação é condicionada а base de peixes vivos, o aquarista fica regulado a ir uma vez por semana ao comércio de aquário para adquirir o alimento, tornando-se “um escravo da loja”, acautela o biólogo. Além de um pos-sível contratempo pela carência do peixe vivo ao qual o carnívoro está acostumado, alternar a alimentação para ração é evitar que uma vida se finde — com a predação dos pequenos peixes — para nutrir outra.

Aquarismo

Erros mais comuns

Pintado (Pseudoplatystoma fasciatum)

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• Não retirar o peixe da natureza. Ao fazer isso, a espécie pode trazer doenças do rio para o aquário. Mas, se o ‘hobbysta’ insistir nessa prática, é preciso colocar o peixe capturado em um aquário de quaren-tena para ficar em observação. Hoje em dia, os peixes carnívoros advêm da piscicultura e são fáceis de ser encontrados com preços acessíveis.

• Não soltar o peixe no rio. Os peixes carnívoros são adquiridos ainda pequenos em loja. Entretanto, eles crescem rapidamente e ficam grandes demais para o aquário. Quando o aquarista não puder adquirir um aquário maior, aconselha-se a doar o peixe para lojas. “Muitas pessoas não têm consciência de que descar-tar o peixe no rio é um crime ambiental, pois pode causar desequilíbrio ecológico”, lamenta Jeferson Garcia.

• Montar um aquário com tamanho apropriado. Para peixes carnívoros, o ideal é montar um aquário gran-de, com 3 metros de comprimento X 60 centímetros de largura X 60 centímetros de altura. Além de garan-tir a adaptabilidade do peixe, o espaço maior auxilia no crescimento dele.

Dicas

Aquarismo

Tilápia (Oriochromis niloticus)

Pirarara (Phractocephalus hemiolopterus)

Aruanã (Osteoglossum bicirrhosum)