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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA SUSTENTABILIDADE NO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL Por: Dayse Carolina dos Santos Morateli Orientador Prof. Nelsom José Veiga de Magalhães Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

SUSTENTABILIDADE NO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Por: Dayse Carolina dos Santos Morateli

Orientador

Prof. Nelsom José Veiga de Magalhães

Rio de Janeiro

2012

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

SUSTENTABILIDADE NO SETOR DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Engenharia de Produção.

Por: Dayse Carolina dos Santos Morateli

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus, a

minha família e amigos que me

incentivaram e torceram por mim.

4

DEDICATÓRIA

Dedico o presente trabalho a minha

família, por mais esta realização em

minha vida.

5

RESUMO

O presente trabalho apresenta uma análise sobre o tema da

Sustentabilidade na área da Construção Civil, mostrando alguns impactos que

o ambiente pode sofrer durante a fase da construção.

Inicialmente é abordado um breve histórico onde a sustentabilidade foi

introduzida e desenvolvida no Brasil e no mundo. São levantados os principais

processos de certificação para um empreendimento sustentável, suas

definições e critérios de avaliação e sua expansão no mundo atual. Também

são demostradas algumas soluções que amenizam os impactos ambientais

causados devido aos resíduos de obras gerados.

Este estudo mostra como as características de uma construção

sustentável interferem diretamente na relação homem/meio ambiente com

questões que podem ser minimizadas no início do projeto e que serão

aplicadas desde a construção de um edifício até o final do seu ciclo de vida.

Apresenta também como a Construção Civil, uma das indústrias que possui

um dos maiores números de empregadores, de mão de obra do país e com

grande posição no desenvolvimento econômico, atualmente, tem tomado para

si a importante missão de buscar a conscientização da responsabilidade social,

visando que a sociedade tenha possibilidade e oportunidade de viver e

conviver de maneira digna, de forma responsável, sem comprometer as

gerações futuras.

6

METODOLOGIA

O tema em questão foi pesquisado através de livros, revistas, artigos

publicados e pesquisas na internet, relacionados ao tema e especificados na

bibliografia.

A motivação para realizar o trabalho explorando os impactos ambientais

gerados pela construção civil, surgiu após a experiência da autora nesta área e

pela consciência da importância do Desenvolvimento Sustentável nas

empresas da área, pois a construção civil é apontada como uma das indústrias

que mais impactam o meio ambiente, mas também é uma das áreas que mais

cresce e gera riqueza ao país.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 11

CAPÍTULO I - A História da Sustentabilidade 12

CAPÍTULO II - O Desenvolvimento Sustentável

e a Construção Civil 16

CAPÍTULO III – Certificações Ambientais 20

CAPÌTULO IV – Gestão de Resíduos 30

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA 38

WEBGRAFIA 39

ÍNDICE 41

FOLHA DE AVALIAÇÃO 43

8

LISTA DE SIGLAS E NOTAÇÔES

PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente;

ONU – Organizações das Nações Unidas;

ONGs – Organizações não Governamentais;

Limits to Growth - Limites do Crescimento;

Our Common Future - Nosso Futuro Comum;

EUA – Estados Unidos da América;

ECO-92 - Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento;

Green Building – Construções Verdes;

CBCS – Comitê Brasileiro de Construção Sustentável;

BREAAM – Building Research Establishment Environmental Assessment

Method;

LEED – Leadership in Energy and Environmental Design;

USGBC – United States Green Buiding Council;

GBG – Green Building Council;

HQE – Haute Qualité Environnentale;

SMO - Système de Management de l'Opération;

QEB - Qualité Environnementale du Bâtiment;

AQUA – Alta Qualidade Ambiental;

POLI-USP - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo;

CSTB - Centre Scientifique et Technique du Batiment;

9

GBTOOL – Green Buildind Tool;

CASBEE – Comprehensive Assessment System for Building

Environmental Efficiency;

BEE – Building Environmental Efficency;

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente;

PVC – Policloreto de Vinila.

10

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Mapa dos países que ratificaram o Protocolo de Kyoto;

Tabela 1 – Comparativa das estruturas das certificações;

Figura 2 – Critérios de Avaliação do LEED;

Figura 3 – Classificação do Selo LEED;

Tabela 2 - Categorias do selo LEED;

Figura 4 – Origem dos Resíduos;

Figura 5 – Símbolo Internacional da Reciclagem.

11

INTRODUÇÃO

Tendo em vista o panorama histórico de contínua degradação

ambiental provocadas por necessidades humanas, como a de fixar-se em um

território, e sua ambição em crescer e expandir, foram realizados estudos

sobre o tema. O homem pode ser qualificado diferencialmente dos demais

seres vivos por inúmeras características, entre elas o dinamismo de produzir e

transformar continuamente suas técnicas através de aperfeiçoamento e estudo

contínuo dos resultados. A constituição das cidades exigiu qualificação e

técnicas mais apropriadas e vantajosas para a área da construção. Até então

não havia avaliado as conseqüências da ação humana provocadas ao meio

ambiente.

Os debates sobre os riscos da degradação ambiental e soluções

propostas para amenizar esse problema começaram, a partir de 1960. Nos

anos que se sucederam ganharam certa força, possibilitando até mesmo

encontros internacionais apresentando assim, o conceito do desenvolvimento

sustentável. Cada vez mais a questão ambiental está se tornando assunto

obrigatório nas empresas de todas as áreas. A globalização dos negócios, a

internacionalização dos padrões de qualidade ambiental, a conscientização

crescente dos consumidores e disseminação da educação ambiental nas

escolas permitem prever que a exigência futura que farão os futuros

consumidores e clientes em relação à preservação do meio ambiente e a

qualidade de vida deverão intensificar-se. Diante disto, as empresas deverão

incorporar a questão ambiental em seus projetos, além de manter uma postura

responsável a respeito.

12

CAPÍTULO I

A HISTÓRIA DA SUSTENTABILIDADE

Na década de 60, o Clube de Roma, debatia as questões

ambientalistas, e neste ínterim alguns estudiosos em várias partes do planeta

esboçavam os primeiros comentários sobre questões que envolviam o tema.

Em seu primeiro relatório, o Clube de Roma (Limits to Growth de 1972)

impactou a comunidade científica ao apresentar cenários bastante

catastróficos sobre o futuro do planeta se o padrão desenvolvimentista

permanecesse-se nos mesmos moldes vigentes da época.

A partir daí vários outros relatórios foram elaborados todos com o

mesmo fundamento: preservar o meio ambiente. Para isso havia a

necessidade de se alterar o padrão desenvolvimentista. Pode-se citar alguns

que são referência como Desenvolvimento Sustentável:

• Relatório do Clube de Roma: Limites do Crescimento (1972);

• Declaração de Estocolmo (1972);

• Relatório de Bruntland: Nosso Futuro Comum (1987);

• Declaração do Rio (1992);

• Agenda 21 (1992);

• Protocolo de Kioto (1997).

A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano,

reunida em Estocolmo de 5 a 16 de junho de 1972, teve como objetivo

conscientizar os países sobre a importância de se promover a limpeza do ar

nos grandes centros urbanos, a limpeza dos rios nas bacias hidrográficas mais

povoadas e o combate à poluição marinha. Neste mesmo ano, foi criado o

Programa as Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que ficou

responsável por promover a conservação do meio ambiente e o uso de

recursos no contexto do desenvolvimento, com sede em Nairóbi, Kenya.

13

Esta Conferência foi extremamente importante, pois foi o primeiro

grande encontro internacional, com representantes de diversas nações, para a

discussão dos problemas ambientais e nela se consolidou e discutiu a relação

entre desenvolvimento e meio ambiente. (GODOY, 2007).

A partir de 1980, a ONU (Organização das Nações Unidas) retomou o

debate das questões ambientais. A comissão foi composta por ONGs e

cientistas do mundo inteiro. O documento final desses estudos chamou-se

“Our Common Future” ou Relatório de Bruntland e apresentado em abril de

1987. Com a sua publicarão, disseminou-se o conceito de desenvolvimento

sustentável, o qual vinha, desde os anos 70, sendo um assunto constante.

Este relatório faz parte de uma série de iniciativas as quais reafirmavam uma

visão crítica do modelo de desenvolvimento adotado pelos países

industrializados e reproduzido pelas nações em desenvolvimento, e que

ressaltavam os riscos do uso excessivo dos recursos naturais sem considerar

a capacidade de suporte dos ecossistemas. O relatório apontou para a

incompatibilidade entre desenvolvimento sustentável e os padrões de

produção e consumo na época.

A cidade do Rio de Janeiro foi a sede do encontro que reuniu

representantes de 175 países e ONGs. Considerado o evento ambiental mais

importante do século XX, a ECO-92 foi a primeira grande reunião internacional

realizada após o fim da Guerra Fria.

Os compromissos específicos adotados pela ECO-92 incluem três

convenções: sobre Mudança do Clima, sobre Biodiversidade e uma Declaração

sobre Florestas. A Conferência também aprovou documentos com objetivos

mais abrangentes e de natureza mais política: a Declaração do Rio e a Agenda

21. Ambos endossam o conceito fundamental de desenvolvimento sustentável,

que combina o progresso econômico e material com a necessidade de uma

consciência ecológica.

14

Em 1997, na cidade de Kyoto, no Japão, foi aprovado um acordo

internacional que estabelece que os países desenvolvidos devem reduzir a

emissão de gases causadores do efeito estufa. O Protocolo de Kyoto foi aberto

para assinaturas em 11 de dezembro de 1997 e ratificado em 15 de março de

1999. Sendo que, para entrar em vigor precisou que 55 países que juntos,

produzem 55% das emissões, o ratificassem. Entrou em vigor em 16 de

fevereiro de 2005, depois que a Rússia o ratificou em novembro de 2004. Hoje

o Protocolo está ratificado por 184 países (Greenpeace, 2002).

O Protocolo estabelece a redução dos gases poluentes em pelo menos

5,2% em relação ao ano de 1990, até 2012. Países em desenvolvimento como

o Brasil, não tem compromissos em redução de emissão de gases. O governo

brasileiro ratificou o Protocolo em julho de 2002.

Os Estados Unidos, país que sozinho responde por quase 25% das

emissões de gases, negou-se a ratificar o Protocolo de Kioto de acordo com a

alegação do ex-presidente George W. Bush de que os compromissos

acarretados por tal protocolo interfeririam negativamente na economia dos

americanos. No ano de 2009 o presidente dos Estados Unidos, Barack

Obama, o Protocolo de Kyoto para ser ratificado pelo Senado.

Figura 1 – Mapa dos países que ratificaram o Protocolo de Kyoto.

[Fonte: http://jornaldotempo.uol.com.br/ambiental.html/artigo/kyoto/, 2010]

15

O Protocolo de Kyoto deixará de vigorar em 2013, dessa forma fez-se

necessário a reunião de uma nova conferência para elaboração de um novo

acordo para substituição deste. A Conferência de Copenhague, em 2009, foi

considerada pela imprensa mundial como uma conferência um tanto polêmica

e que não atingiu os planos de discussão almejados. Nesta convenção,

esperava-se metas mais definidas de corte das emissões dos gases de efeito-

estufa tanto para países industrializados quanto para países em

desenvolvimento, visto que o Protocolo de Kyoto colocou a carga maior de

compromissos contra o aquecimento sobre as nações desenvolvidas.

As negociações em Copenhague acabaram sendo, na realidade, de

natureza muito mais econômica e política do que de meio ambiente.

16

CAPÍTULO II

O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E

CONSTRUÇÃO CIVIL

A sustentabilidade deve ser buscada em todas as ações relacionadas

ao sistema da construção civil. A abordagem que se fará a seguir procura

aproximar o conceito amplo da sustentabilidade na construção civil.

2.1 – Gestão Sustentável

A viabilidade de um empreendimento precisa estar bem definida em

informações para as partes interessadas que darão suporte ao

empreendimento: comercial, residencial, misto, entre outros. Considerando o

conceito de Responsabilidade Social, entende-se que as partes interessadas

são todas as pessoas que são influenciadas pelo empreendimento: usuários,

gestores, investidores, trabalhadores e sociedade. É preciso entender as suas

necessidades e estabelecer estratégia viáveis de atendimento. Com o

estabelecimento das etapas de atividades, desde o projeto à execução do

empreendimento, pode-se definir quais grupos de pessoas serão atingidos.

A adequada inserção urbana do empreendimento é um requisito básico

no conjunto de informações que darão suporte à elaboração do projeto e sua

execução. Dentre estas informações está o conhecimento sobre a infra-

estrutura local, acessibilidade à malha de transporte, as fontes de recursos, as

redes de abastecimento e os serviços urbanos disponíveis.

A viabilidade do empreendimento também passa pelo atendimento à

legislação vigente pertinente ao empreendimento, no que tange as áreas

trabalhista, fiscal e ambiental, extensivas a fornecedores e parceiros. Em

conjunto com as normas técnicas, as normas legais precisam ser levantadas e

conhecidas por projetistas e executores.

17

A eleição de técnicas e conceitos que contemplam a sustentabilidade

sócio-ambiental a serem aplicadas na execução do projeto, inclusive na sua

elaboração, pode contribuir, simultaneamente, para a sustentabilidade

econômica do empreendimento. Reduzir, reutilizar e reciclar materiais de

construção, buscar alternativas que reduzam gastos com energia, água e

recursos naturais, priorizar a vida útil dos materiais utilizados, implantar

técnicas e disponibilizar equipamentos de medição e monitoramento do

desempenho ambiental da edificação durante seu ciclo de vida, são ações que

podem minimizar custos e melhorar a lucratividade dos processos ao longo da

cadeia produtiva da obra.

Outro aspecto econômico importante, dentro da sustentabilidade, é a

valorização da empresa no mercado.

A empresa sustentável realiza investimentos adequados aos desafios da

sustentabilidade, o que exige a inclusão da sustentabilidade como um aspecto

de sua estratégia. Para isso as empresas precisam estar atentas para medir

com o máximo de precisão o impacto de suas atividades, com a real intenção

de comunicar esses índices econômicos, sociais e ambientais a uma

sociedade cada vez mais atenta e exigente. Em outras palavras, um maior

engajamento com os princípios da sustentabilidade deve, quando bem

sucedido, apoiar a empresa a obter retornos econômicos reais e ampliar sua

fatia de mercado, gerando retornos sociais e ambientais positivos.

Partindo de requisitos da sociedade em geral com o passar dos anos, as

organizações perceberam que operar dentro de um sistema que permitisse sua

existência, crescimento e conseqüentemente lucro juntamente com a

preocupação e cuidado de afetar o mínimo possível o meio ambiente se tornou

essencial para sua sobrevivência no mercado.

18

2.2 - Condições para Empreendimentos Sustentáveis

O primeiro passo para a sustentabilidade na construção é o

compromisso das empresas a criarem as bases para o desenvolvimento de

projetos efetivamente sustentáveis. Existem condições fundamentais para a

construção dessa base como a gestão da qualidade, especialmente a busca

por melhoria contínua, pois está ligado ao consumo de recursos naturais,

produtividade, desperdício, durabilidade, entre outros e a busca constante pela

inovação. É importante que as empresas tenham relações estreitas com

agentes promotores de inovação na cadeia produtiva, tanto na oferta de novos

materiais e equipamentos, quanto na capacitação da mão de obra.

A base para a sustentabilidade na construção é alinhar ganhos

ambientais e sociais com os econômicos, por isso a necessidade e importância

da inovação.

De outro lado, o aumento no número de tecnologias e processos

construtivos, de produtos cada vez mais complexos, contribui para a crescente

complexidade dos projetos de sistemas prediais. Assim sendo, é esperado o

envolvimento de um maior número de projetistas e consultores no

planejamento dos empreendimentos, incluindo serviços relacionados à sua

gestão e coordenação de projetos, de modo a atenuar a parcelas das perdas

de eficiência na construção civil, causadas por problemas relacionados ao

projeto, tais como modificações na fase de construção, não cumprimento das

especificações ou detalhamento insuficiente, além de falhas que ocorrem na

coordenação dos diversos projetos envolvidos.

Mesmo sendo o projeto um instrumento de decisão, que influi

diretamente nos resultados econômicos dos empreendimentos, na prática,

muitas vezes, é visto como ônus para o empreendedor. O fato do valor nele

investido ter que ser desembolsado antes do início da obra, induz a uma

preocupação maior com a minimização da “despesa”. Uma vez que, em muitos

19

casos, antes de aprovar o projeto nos órgãos competentes, os recursos

financeiros para execução do empreendimento ainda não estão disponíveis.

20

CAPÍTULO III

CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS

Segundo CREDÍDIO (2008), as vantagens de ser um empreendimento

sustentável são muitas. Os ocupantes de prédios verdes têm produtividade

adicional de 2% a 16%, assim divididos: 7% devido à iluminação adequada;

3% devido ao controle individual de temperatura; 2% pelo controle de da

ventilação; 1% em razão do controle térmico e, por fim, 15% a menos de

absenteísmo, termo usado para designar as ausências dos trabalhadores no

processo de trabalho, seja por falta ou atraso, devido a algum motivo

interveniente.

Para que se consiga efetivamente buscar uma grande redução nos

impactos negativos sociais e ambientais em todo o ciclo de vida das

edificações deve-se destacar a importância de uma visão ampla do

empreendimento. Deve ser considerada toda sua vida útil e todos os aspectos

que o envolvem, desde a sua concepção até o seu consumo.

Quando o projeto de um empreendimento possui estratégias

sustentáveis, de modo que todo o ciclo, desde a concepção a construção,

tenha sido planejado para provocar o menor impacto ambiental possível, existe

a possibilidade de se obter uma certificação ambiental, através de alguns

processos, para que este empreendimento seja reconhecido perante a

sociedade, fornecedores, profissionais e ao mercado.

Essas cerificações são normalmente conferidas por organizações

independentes que garantem que a empresa certificada mantém em

funcionamento ou completou um processo de acordo com um sistema de

garantia de qualidade ambiental.

21

As certificações Green Building (construções verdes), nos países

desenvolvidos, divergem e privilegiam aspectos diversos da construção. O

Brasil tem seguido os passos dos EUA, que valorizam a racionalização de

recursos com economia de água e energia. Nesse sentido, foi criado, o Comitê

Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS), uma associação sem fins

lucrativos que tem por objetivo social contribuir para a promoção do

desenvolvimento sustentável por meio da geração e disseminação de

conhecimento e da mobilização da cadeia produtiva da construção civil de seus

clientes e consumidores.

Existem alguns processos de certificação que já estão sendo aplicados

mundialmente, e alguns estão em processo de implantação no Brasil. As siglas

de cada um, em geral, transmitem os objetivos buscados por eles. Todos têm

uma meta em comum: aliar ferramentas da arquitetura e tecnologia para

projetar e construir sem gerar danos para a natureza, aos ocupantes do

edifício e à vizinhança. Dentre estes selos, os que mais se destacam estão

descritos na tabela abaixo.

22

Tabela 1 – Comparativa das estruturas das certificações

[Fonte: Revista Téchne, 2008]

3.1 – BREEAM

O BREEAM é o primeiro método de avaliação de desempenho

ambiental de edifícios, desenvolvido pelo Building Research Establishment

(BRE), no Reino Unido, já no início da década de 1990, contendo

eminentemente exigências de caráter prescritivo. Tais exigências enfocavam o

interior da edificação, o seu entorno próximo e o meio ambiente. Já nesse

momento ficava claro o conceito de se buscar boas condições de conforto e

salubridade para o ser humano com o menor impacto ambiental tanto em

termos de consumo de recursos como de emissões.

23

A avaliação contém itens com caráter de atendimento obrigatório e

outros classificatórios, abordando questões sobre os impactos do edifício no

meio ambiente, saúde e conforto do usuário e gestão de recursos. O

atendimento dos itens obrigatórios e um número mínimo de itens

classificatórios irá corresponder à classificação do edifício em um dos níveis de

desempenho possíveis. Destaca-se que a pontuação mínima exigida varia de

acordo com a versão do método, bem como os níveis de classificação.

Atualmente, dispõe-se de critérios para vários tipos de edifícios, como de

escritórios, shopping centers, habitações térreas e edifícios, multipavimentos,

fábricas, e até para prisões.

3.2 – LEED

O LEED é um sistema de certificação aplicado pelo USGBC (United

States Green Buiding Council), uma organização sem fins lucrativos, com sede

em Washington, que tem o objetivo de promover a sustentabilidade ambiental

de edifícios e adota o sistema Leadership in Energy and Environmental Design

(LEED). Foi visivelmente influenciado pelo BREEAM, tendo estrutura e

conceitos muito semelhantes, misturando aspectos prescritos e de

desempenho, onde também há versões para usos específicos de edifícios.

O LEED é um dos mais utilizados no Brasil, porém ainda é utilizada a

versão americana. O documento ainda está em fase de tradução e adaptação

para a realidade brasileira, pela GBC Brasil (Green Building Council Brasil),

representante da USGBC no Brasil. Atualmente, o Brasil é o sexto no ranking

mundial de construções verdes com 36 prédios certificados e 313 em processo

de certificação, atrás apenas dos Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos e

China (GBC, 2011).

Os aspectos avaliados pelo LEED referem-se ao impacto gerado ao

meio ambiente em consequência dos processos relacionados ao edifício

24

(projeto, construção e operação). O LEED é composto por cinco critérios de

avaliação, os quais estão destacados na figura 2.

Figura 2 – Critérios de Avaliação do LEED

[Fonte: http://www.novarquitetura.com/artigos/46-sustentabilidade-leed-e-

aqua.html, 2012]

Para um empreendimento ser elegível para a certificação LEED, ele

deve atender ao Programa Mínimo de Requisitos, que são as características

mínimas que um projeto deve possuir para poder entrar no processo de

certificação. Esses pré-requisitos são obrigatórios e não valem pontos, e em

conjunto servem para dar orientações claras aos clientes, proteger a

integridade do programa LEED, e para reduzir as complicações que ocorrem

durante o processo de certificação.

Ao atender esses requisitos mínimos, o LEED possui um sistema de

pontuação cumulativa, que permite às edificações obterem diferentes

classificações. Há possibilidade de se atingir os níveis de certificado prata,

ouro ou platina, sendo este último o nível máximo a ser alcançado. As faixas

de pontuação e os intervalos considerados para a classificação dos edifícios

variam de acordo com o uso e fase do ciclo de vida do edifício.

25

Figura 3 – Classificação do Selo LEED

[Fonte: http://www.gbcbrasil.org.br/?p=certificacao, 2011]

O selo LEED é flexível o suficiente para ser aplicado a todos os tipos de

edificações, tanto comerciais, quanto residenciais. Atualmente, o LEED se

divide nas categorias descritas na tabela 2.

LEED NC – Novas construções e grandes projetos de renovação

LEED ND – Desenvolvimento de bairro (localidades)

LEED CS – Projetos da envoltória e parte central do edifício

LEED Retail NC e CI – Lojas de varejo

LEED Healthcare – Unidades de saúde

LEED EB_OM – Operação de manutenção de edifícios existentes

LEED Schools – Escolas

LEED CI – Projetos de interiores e edifícios comerciais

Tabela 2 - Categorias do selo LEED

[Fonte: http://www.gbcbrasil.org.br/?p=certificacao, 2011]

3.3 – HQE

O HQE é uma base de avaliação francesa que consiste em dois

sistemas relacionados entre si, que aferem o desempenho ambiental de

edifícios. Sua estrutura subdivide-se em gestão do empreendimento – SMO

(Système de Management de l'Opération) – e qualidade ambiental – QEB

(Qualité Environnementale du Bâtiment) –, que avaliam as fases de projeto,

execução e uso, cada qual com uma certificação em separado.

26

O método Francês é diferenciado do BREEAM e LEED, apresentados

anteriormente. A avaliação não possui escala de pontuação, mas sim uma

estrutura baseada em um perfil ambiental determinado pelo empreendedor,

dentre os quatro blocos de avaliação, que possuem juntos 14 itens. Os blocos

são: impactos do empreendimento no meio ambiente, gestão de recursos,

conforto ambiental e saúde do usuário.

Na composição do perfil ambiental são escolhidos itens que deverão

atender aos níveis de desempenho definidos. Há três níveis de desempenho, o

máximo (Très Performant), que representa os melhores níveis de desempenho

que podem ser obtidos, o médio (Performant) e o mínimo (Base), que já

corresponde às boas práticas correntes. Para se obter a certificação, dos 14

itens quatro devem atender pelo menos ao nível médio, e pelo menos três, ao

nível máximo. As outras categorias devem se enquadrar no nível base. Não há

classificação do desempenho do edifício em níveis, obtendo-se ou não a

certificação. O sistema está todo baseado em exigências normativas e legais

de cada localidade (REVISTA TÉCHNE, 2008).

3.3.1 – AQUA

O processo AQUA (Alta Qualidade Ambiental), desenvolvido e adaptado

à realidade brasileira, foi criado em abril de 2008 e teve sua metodologia

baseada no HGE Francês.

Para elaborar a certificação adaptada ao Brasil, foi formada uma

parceria entre a Fundação Vanzolini, a Escola Politécnica da USP (POLI-USP)

e o Centre Scientifique et Technique du Batiment (CSTB), para adaptar a

certificação francesa, o HQE, AQUA em português. As principais adaptações

foram em relação aos materiais de construção, o nível de consumo de água,

de energia e a questão do conforto térmico também foi adaptada, pois o clima

do Brasil é bem diferente em relação a de outros países.

27

A certificação ocorre em três etapas. Ela se baseia em 14 critérios de

sustentabilidade divididos em quatro fases: eco-construção, eco-gestão,

conforto e saúde. A primeira etapa da certificação é realizada durante o

planejamento do empreendimento, antes mesmo do projeto, ou seja, quando é

decidido onde vai ser o empreendimento, o que vai ser, a funcionalidade e a

missão ambiental. Esta é a fase do programa. Após a conclusão dos projetos

que permitem avaliar o desempenho dos 14 critérios de avaliação, é avaliado

novamente, sendo esta a fase de concepção. Após a conclusão, é feita uma

terceira avaliação e certificação, que é a fase de realização, onde é verificada

que de fato a construção atingiu os critérios de desempenho (REVISTA

SUSTENTABILIDADE, 2009).

3.4 – GBTOOL

O GBTOOL é uma ferramenta internacional de avaliação ambiental de

edifícios, resultante de um consórcio que envolve vários países da Europa,

Ásia e América (Green Buildind Tool) na busca do desenvolvimento de

incentivos à execução de edifícios mais adequados do ponto de vista

ambiental. Desse modo, não possui um órgão certificador específico, sendo

uma ferramenta de discussão e aprimoramento de projetos podendo ser

adotada por qualquer entidade de avaliação que defina fatores de ponderação

para os elementos considerados.

Os assuntos abordados referem-se ao consumo de recursos, cargas

ambientais, qualidade do ambiente interno, qualidade do serviço, aspectos

econômicos e gestão antes da ocupação do edifício.

3.5 – CASBEE

O CASBEE possui quatro instrumentos de avaliação: voltados ao projeto

(em desenvolvimento), construções novas, edifícios existentes e reformas. Os

28

critérios de avaliação abordam a qualidade ambiental e desempenho do

edifício (Q – Building environmental quality and performance) e diminuição de

cargas ambientais (LR – Reduction of building environmental loadings).

O "Q" considera questões relativas à qualidade do ambiente interno

(conforto e saúde do usuário), qualidade do serviço (funcionalidade,

durabilidade) e meio ambiente local (preservação vegetal e animal, e

características paisagísticas, culturais locais, entre outros). Já o "LR" aborda

eficiência energética (desempenho da envoltória, uso de energia renovável,

eficiência dos sistemas e sua operação), gestão de recursos (como economia

e reuso de água, reuso e reciclagem de materiais) e impactos na vizinhança

(como poluição do ar, sonora, vibrações)

A pontuação dos dois sistemas é ponderada e resulta em uma nota final

(BEE – Building Environmental Efficency) que corresponde à classificação do

edifício em um dos cinco níveis possíveis.

3.6 – Método IPT

O método desenvolvido pelo IPT visa oferecer uma avaliação ambiental

de edifícios adequada às condições brasileiras e, caso o resultado seja

satisfatório, conceder uma Referencia Ambiental-IPT, nos mesmos moldes da

Referência Técnica-RT/IPT que vigora para produtos. Sua estrutura é

semelhante à do LEED e BREEAM, com itens com caráter de atendimento

obrigatório e outros classificatórios.

A sistemática do IPT enfatiza os aspectos ambientais tradicionais como

características do terreno, de água, energia, materiais, resíduos e conforto

ambiental.

Considera também aspectos mais abrangentes como de acessibilidade

e relação do edifício com o meio urbano. Sua grande diferença está na

29

importância dada a cada aspecto e na inserção de preocupações relativas à

realidade brasileira.

30

CAPÍTULO IV

GESTÃO DE RESÍDUOS

Ao longo da história o homem vem explorando de forma inadequada, os

recursos naturais para produzir os mais diversos tipos de materiais.

A exploração aumenta cada vez mais devido ao grande crescimento

populacional urbano, a intensa industrialização e o aumento do poder

aquisitivo da população em geral. Devido a estes fatores, estão ocorrendo

grandes alterações no meio ambiente, as quais vêm comprometendo

negativamente a qualidade do solo, ar e água.

A indústria da construção civil promove diferentes alterações ou

impactos no sistema ambiental, dentre os quais pode-se destacar a utilização

de grandes quantidades de recursos naturais, a poluição atmosférica, o

consumo de energia e a geração de resíduos.

4.1 – Princípios da Reciclagem

A reciclagem de resíduos da construção civil é um tema muito amplo e

relaciona-se tema deste trabalho. A reciclagem visa à redução do uso de

recursos naturais e permanência da matéria-prima no processo de produção.

Segundo a Resolução 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA), resíduos da construção civil são aqueles provenientes de

construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil e os

resultantes da preparação e escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos

cerâmicos, concreto em geral, solo, rocha, madeira, forro, argamassa, gesso,

telha, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica, etc.,

comumente chamados de entulho de obra, caliça ou metralha.

31

Figura 4 – Origem dos Resíduos

[Fonte: Cartilha de Resíduos – CREA PR, 2009]

Uma proposta de gestão sustentável de resíduos sólidos urbanos deve

priorizar sempre a redução da geração de resíduos na fonte. No entanto,

quando existir a geração dos resíduos, deve-se buscar a reutilização ou a

reciclagem. Somente quando não existir possibilidade de reciclá-los é que os

resíduos devem ser incinerados (com recuperação de energia) ou aterrados.

Um processo de reciclagem de qualidade requer um resíduo de qualidade, o

que implica segregar os resíduos junto à fonte geradora, ou seja, nos próprios

canteiros de obra. Para que o ciclo da reciclagem se estabeleça, é

fundamental que a empresa tenha consciência da importância do seu papel

neste processo.

Primeiro, com relação à adoção de uma postura racional e criativa, que

facilite a evolução das técnicas construtivas e de gestão de recursos humanos,

viabilizando assim a redução de diferentes formas de desperdício.

Segundo, com relação à segregação dos resíduos nos canteiros de

obra, o que permite assegurar uma maior qualidade dos resíduos e reduzir

custos de beneficiamento, fortalecendo o processo de produção de materiais

reciclados.

A viabilização da coleta seletiva envolve o desenvolvimento de um Plano

de Gerenciamento de Resíduos em cada obra, incluindo a conscientização e

sensibilização da mão-de-obra e a introdução segregação e armazenamento

dos resíduos e a organização dos seus fluxos.

32

A reciclagem de resíduos industriais, ou co-processamento, é o segundo

método mais utilizado na destinação final de resíduos industriais no Brasil,

atrás apenas do aterro industrial (ver Resolução CONAMA Nº. 264). Dentre os

problemas que dificultam as práticas de reciclagem o maior obstáculo a ser

vencido talvez seja a falta da cultura da reciclagem. Para torná-la viável todos

os envolvidos deveriam cumprir seus papéis, os clientes, que devem avaliar a

real necessidade de construir, diante da possibilidade de adequar um edifício

existente às suas necessidades; empresas construtoras, que devem buscar

reduzir as perdas e a geração de resíduos por meio da adoção de métodos

construtivos mais racionais e governo local, fiscalizando geradores e

transportadores, visando coibir as disposições irregulares dos resíduos em

áreas públicas e/ou privadas que não tenham licença ambiental e estimulando

o uso de materiais reciclados nas obras públicas, em especial as de

habitações populares.

4.1.1 – Reciclar

A reciclagem consiste na reintrodução, no processo produtivo, dos

resíduos, quer esses sejam sólidos, líquidos ou gasosos para que possam ser

elaborados, dentro de um processo produtivo que envolva gasto de energia,

gerando assim um novo produto idêntico ou não ao que lhe deu origem. Por

ser um processo que consome energia e até gera resíduos, a reciclagem é

considerada o último recurso no reaproveitamento de materiais.

Figura 5 – Símbolo Internacional da Reciclagem

[Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Reciclagem, 2012]

33

4.2 - O Reaproveitamento dos Materiais

O entulho da construção civil, uma montanha diária de resíduos formada

por argamassa, areia, cerâmicas, concretos, madeira, metais, papéis,

problema nas grandes cidades brasileiras. Praticamente todas as atividades

desenvolvidas no setor da construção civil são geradoras de entulho. No

processo construtivo, o alto índice de perdas do setor é a sua principal causa.

Já nas obras de reformas, a falta de uma cultura de redução, reutilização e

reciclagem são as principais causas do entulho gerado pelas demolições

durante o processo.

Em alguns países europeus, no Japão e nos EUA, o reaproveitamento

de entulho para reciclagem já faz parte do processo construtivo, atestando

totalmente a sua viabilidade tanto técnica como econômica. No Brasil,

entretanto, o seu reaproveitamento é restrito praticamente à sua utilização

como material para aterro e, em muito menor escala, à conservação de

estradas de terra.

Os principais resultados produzidos pela reciclagem do entulho são os

benefícios ambientais. A equação da qualidade de vida e da utilização não

predatória dos recursos naturais é mais importante que a equação econômica.

Os benefícios são conseguidos não só por se diminuir a deposição em locais

impróprios como também por minimizar a necessidade de extração de matéria-

prima em jazidas, o que nem sempre é adequadamente fiscalizado. Reduz-se,

ainda, a necessidade de destinação de áreas públicas para a deposição dos

resíduos.

O emprego de material reciclado em programas de habitação popular

também traz bons resultados. Os custos de produção da infra-estrutura das

unidades podem ser reduzidos. Porém, como o princípio econômico que

viabiliza a produção de componentes originários do entulho é o emprego de

34

maquinaria e não o emprego de mão-de-obra intensiva, nem sempre se pode

afirmar que a sua reciclagem seja geradora de empregos.

4.3 – Reduzir

Quando não é possível recusar um produto ou material, há a

possibilidade de reduzir o consumo do mesmo. A melhor forma de resolver um

problema constante, como é o caso dos resíduos, é a de evitar o seu

aparecimento. Reduzindo sua quantidade, reduz também o lixo gerado por ele,

seja pelas embalagens ou pelo descarte em si. Na construção civil pode-se,

por exemplo, reduzir a quebra de tijolos solicitando ao fornecedor de blocos

cerâmicos o envio de blocos previamente cortados (meio bloco).

4.4 – Reutilizar

Consiste no aproveitamento de produtos sem que estes sofram

quaisquer tipos de alterações ou processamento complexos. Antes de um

produto ser jogado fora, ele ainda tem muitos usos sem ter que passar por um

processo de restauração ou reciclagem. Muitas vezes é preciso ser criativo,

inovador, usar um produto de várias maneiras.

O reuso dos materiais na construção civil é normalmente muito simples,

trata-se da execução de um desmonte. Para isso seria necessário um

programa para organizar a demolição seletiva ou desconstrução para que os

materiais não sejam danificados e que não sejam misturados a ponto de não

poderem ser separados. Os elementos estruturais, caixilhos, porta, piso,

painéis, podem ser reutilizados simplesmente retirando-os e recolocando-os.

Se o material estiver em bom estado, basta removê-lo com cuidado para não

danificá-lo e reinstalá-lo em seu novo lugar de uso. Os caixilhos de madeira ou

PVC são bons exemplos disso, pois é possível retirá-los por inteiro, junto com

o vidro.

35

Seria ideal que o projeto para o qual a peça se destina seja previamente

desenhado para recebê-la sem que haja a necessidade de corte, ou seja, é

preciso que haja uma idéia prévia sobre o reuso. No entanto, é recomendado o

corte para a adequação da peça ao novo uso quando não houver alternativa

ou quando parte da peça encontra-se danificada.

No caso de construções que utilizam a madeira e o aço em elementos

estruturais estas já deveriam ser pensadas para o desmonte desde sua

concepção no projeto, utilizando peças que encaixam entre si ao invés de

utilizar colas (no caso da madeira), soldas (no caso do aço) ou qualquer outro

tipo de junta que possam ser tóxicas ou impossibilitarem a separação.

36

CONCLUSÃO

Um sólido e crescente movimento pró-sustentabilidade está

rapidamente se espalhando por todo o mundo. No Brasil, já se tem reflexos

claros dessa evolução e cada vez mais vem adotando diretrizes de

sustentabilidade com mudanças de conceitos, paradigmas e costumes, não só

nos meios produtivos, de serviços, comerciais ou industriais, mas também nas

residências da população. Dessa forma, demonstra que a tendência no

mercado brasileiro é buscar empresas socialmente responsáveis e

sustentáveis, pois este será um novo requisito. Este mercado considera que

estas empresas geram valor para o acionista em longo prazo por estarem mais

preparadas para enfrentar riscos econômicos, sociais e ambientais.

No entanto, ainda existem desafios para o desenvolvimento de um

mercado para a construção sustentável, entre os quais, a discussão e a

implantação de políticas públicas, a falta de incentivos às construtoras para

que promovam a implementação de novas práticas construtivas mais

sustentáveis, a avaliação da legislação ambiental e o desenvolvimento de

tecnologias, materiais e normas técnicas mais adequadas. Embora muitos

sejam os desafios para que haja sustentabilidade na construção civil, esta

tendência está estabelecida. A apropriação dos novos paradigmas nas

empresas agregará valor econômico a seus produtos para atender um novo

mercado.

Dessa forma, novas posturas deverão ser tomadas. Avaliar todo o ciclo

de vida das edificações, desde o estudo preliminar, passando pela concepção,

construção, operação e manutenção, até o reuso ou renovação do

empreendimento. Projetar incorporando os princípios da construção

sustentável, agir com responsabilidade social, divulgar a imagem da empresa e

de seus produtos associadas à sustentabilidade, entre outras ações, deverão

passar a estar presentes na rotina da empresa.

37

Com isso, resultando na agregação de valor econômico para o

empreendimento, a empresa se solidificará, incorporando-se a uma nova

sociedade que necessita, quer e faz opção por organizações que demonstrem

lhe trazer benefícios econômicos e sócio-ambientais.

38

BIBLIOGRAFIA

1 - JUNIOR, Luiz Priori. Construção Sustentável. Recife, Sindicato da Indústria

da Construção Civil no Estado de Pernambuco, 2008.

2 - LIMA, Rosimeire Suzuki; LIMA, Ruy Reynaldo Rosa. Guia para Elaboração

de Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil. Paraná,

CREA – PR, 2009.

3 - REVISTA TECHNE, Avaliação Ambiental. Revista Techne – Artigos, São

Paulo. Ed. 133 – abril 2008.

39

WEBGRAFIA

1 - CREDÍDIO, Fernando. Construções Sustentáveis: conforto e respeito ao

meio ambiente – Parte 1, 2008. Disponível em: <

http://www.ifk.org.br/construcoes_sustentaveis:_conforto_e_respeito_ao_m

eio_ambiente__parte_1__344.html>. Acessado em 20/01/2012.

2 - GODOY, Amália. A Conferência de Estocolmo – Evolução histórica 2, 2007.

Disponível em:

<http://amaliagodoy.blogspot.com/2007/09/desenvolvimento-sustentvel-

evoluo_16.html>. Acessado em 20/01/2012.

3 - GBC Brasil, Certificação LEED, 2012. Disponível em: <

http://www.gbcbrasil.org.br/?p=certificacao.> Acessado em 20/01/2012.

4 - GREENPEACE, União Européia decide ratificar protocolo de Kyoto, 2002.

Disponível em: <http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/uni-o-

europeia-decide-ratifica/>. Acessado em 20/01/2012.

5 - NOVarquitetura e Sustentabilidade, Sustentabilidade, LEED e Aqua, 2012.

Disponível em: <http://www.novarquitetura.com/artigos/46-sustentabilidade-

leed-e-aqua.html.> Acessado em 20/01/2012.

6 - Protocolo de Kyoto. Disponível em:

<http://jornaldotempo.uol.com.br/ambiental.html/artigo/kyoto/>. Acessado

em 20/01/2012.

7 - Resolução 264 CONAMA, Disponível em:

<http://www.ibama.gov.br/documentos/legislacao>. Acessado em

22/01/2012.

40

8 - Resolução 307 CONAMA, Disponível em:

<http://www.ibama.gov.br/documentos/legislacao>. Acessado em

22/01/2012.

9 – Resolução 348 CONAMA, Disponível em:

<http://www.ibama.gov.br/documentos/legislacao>. Acessado em

22/01/2012.

10 - REVISTA SUSTENTABILIDADE, Fundação Vanzolini apresenta

certificação ambiental AQUA. Revista Sustentabilidade, 2009. Disponível

em: < http://www.revistasustentabilidade.com.br/noticias/certificacao-aqua-

para-empreendimentos-sustentaveis-e-a-primeira-nacional>. Acessado em

20/01/2012.

11 – Wikipédia, Reciclagem. Disponível em:

<http://pt.wikipedia.org/wiki/Reciclagem>. Acessado em 22/01/2012.

41

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÀRIO 7

LISTA DE SIGLAS E NOTAÇÕES 8

LISTA DE FIGURAS E TABELAS 10

INTRODUÇÃO 11

CAPÍTULO I

A HISTÓRIA DA SUSTENTABILIDADE 12

CAPÍTULO II - O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

E A CONSTRUÇÃO CIVIL 16

2.1 – Gestão Sustentável 16

2.2 – Condições para um Empreendimento Sustentável 18

CAPÍTULO III – CERTIFICAÇÕES AMBIENTAIS 20

3.1 – BREEAM 22

3.2 – LEED 23

3.3 – HQE 25

3.3.1 – AQUA 26

42

3.4 – GBTOOL 27

3.5 – CASBEE 27

3.6 – Método IPT 28

CAPÌTULO IV – GESTÃO DE RESÍDUOS 30

4.1 – Princípios da Reciclagem 30

4.1.1 - Reciclar 32

4.2 – O Reaproveitamento dos Materiais 33

4.3 – Reduzir 34

4.4 – Reutilizar 34

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA 38

WEBGRAFIA 39

ÍNDICE 41

FOLHA DE AVALIAÇÃO 43