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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O LÚDICO E A PSICOMOTRICIDADE COMO ESTRATÉGIA DA
APRENDIZAGEM, AUXILIANDO AS CRIANÇAS NAS
INSTITUIÇÕES E NA PSICOPEDAGOGIA
Por: Por: Antônia Ívina de Souza Dantas
Orientador
Prof. Solange Monteiro
Rio de Janeiro
2015
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EITO AUTORAL
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O LÚDICO E A PSICOMOTRICIDADE COMO ESTRATÉGIA DA
APRENDIZAGEM, AUXILIANDO AS CRIANÇAS NAS
INSTITUIÇÕES E NA PSICOPEDAGOGIA
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Psicopedagogia Institucional
Por: Antônia Ívina de Souza Dantas
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AGRADECIMENTOS
A Deus, que fez com que este sonho
se realizasse. A minha mãe que me
incentivou, e a toda minha família.
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DEDICATÓRIA
.....dedica-se a minha mãe, filhos,
conjugue e aos meus alunos.
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METODOLOGIA
A metodologia para a realização dessa pesquisa é de caráter
monográfico utilizando bibliografias na forma de revisão do trabalho escrito.
É uma pesquisa qualitativa que pretende ressaltar a importância do
lúdico para a socialização e aprendizagem da criança.
Através dessa ferramenta os professores podem utilizar os jogos e
brincadeiras em sala de aula, oportunizar situações de livre expressão, gestos,
sentimentos aliadas ao lúdico.
É muito importante utilizar os jogos e brincadeiras como ferramentas
para o desenvolvimento cognitivo da criança. Através das regras constata-se
que o jogos também auxiliam nos limites das crianças.
A psicomotricidade constitui uma relação de corpo e mente, sendo
fundamental para o desenvolvimento da criança.
Nessa pesquisa observa-se a psicomotricidade no desenvolvimento
motor, cognitivo e na relação com ou outro, e com meio em que a criança está
inserida.
Fica explanada através desse trabalho, a proposta dos teóricos
utilizados nesta monografia sobre a contribuição do lúdico para o
desenvolvimento da aquisição do desenvolvimento da criança e suas
potencialidades.
Pressupõe então, que o lúdico e a psicomotricidade auxiliam na
educação, sendo meios facilitadores no ensino-aprendizagem
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SUMÁRIO
Introdução
Capítulo I
O brincar
Capítulo II
O jogo
Capítulo III
A Psicomotricidade focada no lúdico
Conclusão
Bibliografia
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INTRODUÇÃO
O interesse pelo lúdico surgiu no 4ª período de pedagogia, na disciplina
de conteúdo de matemática, a partir da prática com crianças nas séries iniciais.
Foi observado que as crianças aprendiam com maior facilidade através dos
jogos e brincadeiras, auxiliando na aprendizagem.
A partir daí começando o estágio Supervisionado de educação Infantil,
tornou-se fundamental desenvolver um projeto optando por trabalhar com
jogos pedagógicos na educação Infantil. Foi uma experiência muito rica, pois
foi observado que os professores não trabalhavam na prática com esse
material lúdico, e percebendo-se que na educação Infantil era dado o lúdico,
mas os professores não aproveitavam esse recurso como ferramenta de
aprendizagem. O tempo em sala de aula ficava restrito a “folhinhas”, e
brincadeiras com instrumentos lúdicos basicamente para socialização.
Essas constatações levam a entender como os professores agem e
pensam o trabalho com jogos na educação Infantil.
Ao começar o trabalho com as crianças foram vivenciados alguns jogos
que despertaram os seus interesses. Eles ficaram super entusiasmados, não
queriam parar de jogar, de brincar, não se cansavam, queriam mais e mais. O
resultado do projeto foi excelente, pois através da brincadeira tínhamos um
projeto pedagógico para que pudessem aprender de uma forma lúdica, fugindo
do padrão das folhinhas.
O trabalho foi iniciado utilizando-se materiais recicláveis, aproveitando
garrafas de refrigerante e algumas bolinhas, para que eles desenvolvessem as
primeiras contagens. Também foram utilizadas outras brincadeiras
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interessantes como caixas maiores e menores, em que puderam perceber a
noção de espaço.
Diante de todo esse desafio, observa-se que os professores não
aproveitam o lúdico e as atividades de psicomotricidade como ferramenta de
aprendizagem, para utilizar em sala de aula. Por que não utilizar também
essas riquíssimas ferramentas do lúdico e da psicomotricidade nas
instituições?
A escola ainda continua reproduzindo os mesmos exercícios para a
aprendizagem através de folhinha e livros didáticos.
Hoje trabalho com turma de 3º ano, e em 2014 tinha três crianças
especiais com autismo, problema na coordenação motora e cognição afetada,
e bipolaridade. A primeira atitude foi procurar um meio de não reproduzir, mas
fazer com que essas crianças interagissem, participassem da aula, se
interassem mais, e que tivessem ânimo, motivação para aprender. O resultado
desse primeiro contato foi excelente. Perceber que o lúdico também pode
auxiliar na aprendizagem dessas crianças.
O curso de psicopedagogia motiva, a entender e ajudar as crianças que
necessitam de mais auxílio.
Diante dessas percepções, desse primeiro contato dessa pesquisa de
campo surgiram várias indagações: por que não levar o lúdico para sala de
aula? Por que não utilizar jogos e brincadeiras como ferramentas na
aprendizagem?
A criança estimulada desde pequena faz conexões significativas
ajudando a auxiliar suas múltiplas inteligências e a propiciar a capacidade de
resolver problemas. O contato com experiências, contos, trava-línguas, quebra-
cabeça e outras brincadeiras, estimula o desenvolvimento das inteligências,
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tornando-os mais tarde a serem indivíduos críticos, mais participante e
independente, sendo assim capaz de superar os problemas do dia a dia,
dando-lhe condições de cada experiência vivida seja uma aprendizagem
significativa para a vida, e para a realização plena do ser humano.
A psicomotrocidade para o desenvolvimento infantil e para a
aprendizagem também é uma ferramenta muito importante, pois estimula as
etapas do corpo e da mente da criança. Para que essa evolução aconteça é
preciso atenção, disciplina e concentração.
A disciplina de psicomotricidade é fascinante, pois se percebe a
importância das atividades realizadas para trabalhar com as crianças em sala
de aula e para auxiliar as diferentes deficiências. A psicomotricidade é um
trabalho enriquecedor, torna-se mágico por tocar em nossas emoções e sentir
o nosso corpo.
Algumas escolas queimam etapas quando não prioriza as atividades
psicomotoras na educação infantil. Através dessas atividades o educador está
contribuindo para o processo de desenvolvimento psicomotor, ampliando o
meio social da criança.
CAPÍTULO I
O BRINCAR
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Já estamos no século XXI, e o ensino ainda mantém características
pedagógicas de, onde temos muita teoria e pouco ou quase nada de situações
problema envolvendo interesses e o cotidiano das crianças.
A escola ainda continua reproduzindo os mesmos exercícios para a
aprendizagem.
Como professora, às vezes, aparecem algumas inquietações e surgem
questões como do tipo:
Como as crianças pensam?
Será que ela pensa parecida com o adulto?
Como adquire o conhecimento?
Acredito que estas inquietações nos ajudam a direcionar a prática com
as crianças, no seu processo de desenvolvimento. E aí que o educador se
aproxima mais do pensamento infantil criando assim algo significante para
ambos.
Numa perspectiva de educação construtivista, a criança passa de sujeito
passivo para ativo do seu próprio desenvolvimento. Jean Piaget, através dos
seus estudos, e seu interesse pela criança e como pensam, traz muitas
contribuições para educação.
Essas contribuições enfatizam que a criança é sujeito ativo do seu
próprio desenvolvimento cognitivo. O educador tem então o papel de propiciar
esse desenvolvimento. Motivar e criar várias atividades concretas e sociais
para serem vivenciadas pelas crianças.
A criança desde que nasce interage com os meios físicos e as relações
sociais. A partir dessas interações ela elabora formas de adaptação da sua
inteligência e as relações externas que as rodeiam.
As crianças desde que nascem passam a maior parte do tempo
brincando. Se o adulto entendesse, e utilizasse as brincadeiras como
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ferramenta de aprendizagem na escola, entendendo que os jogos e as
brincadeiras fazem parte do mundo das crianças, ficaria mais fácil essa relação
com o lúdico, poderia beneficiar “a criança e à escola”.
Quando as crianças brincam, percebemos que os jogos desencadeiam
situações desafiadoras onde são estimuladas a resolver problemas.
A brincadeira estimula o desenvolvimento social e cognitivo. segundo
Piaget, nos aspectos cognitivo e social, o lúdico proporciona uma situação
imaginária, e o jogo pode ser considerado um meio para o desenvolvimento do
pensamento abstrato.
Por isso é importante que a criança esteja nesse ambiente de liberdade,
criatividade e desafiador que é o jogo. Ao brincar, a criança é levada a
imaginar e colocar em prática a sua criatividade.
A imaginação da criança, ao jogar e brincar ajuda a desenvolver a
própria capacidade de resolução de problemas em várias e diferentes
situações.
Através do seu imaginário, ela inventa no jogo regras que vão favorecer
o desenvolvimento de atitudes matemáticas. A partir do brinquedo, do jogo, e
da imaginação, as crianças ampliam suas habilidades conceituais. Ao brincar
elas estão sempre acima de sua idade e de seu comportamento diário.
Quando a criança brinca de imitar os mais velhos, ela está gerando
oportunidades para seu desenvolvimento intelectual.
Assim, o jogo e a instrução escolar representam o mesmo papel no que
se diz respeito ao desenvolvimento das habilidades e conhecimentos.
A importância desse assunto é ressaltar o “lúdico” como ferramenta de
ensino aprendizagem pela criança. E, através deste instrumento pedagógico
estimular a capacidade das crianças de resolverem problemas, já que o jogo
desafia e motiva a pensar, agir e cooperar.
As crianças quando brincam o fazem com prazer e alegria, e sem
perceber desenvolvem outras habilidades, além da socialização a criança no
momento lúdico passa a ter total autonomia do que faz. Neste sentido, o jogo
pode ser considerado um meio para o desenvolvimento de habilidades.
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Nessa perspectiva, o jogo torna-se fundamental, já que a criança
envolvida num ambiente de brincar e jogar, é capaz, ao mesmo tempo, de
fazer reflexões, analisar e criar, porque ao usar a imaginação em um jogo ela
está sendo criativa também.
Assim, através do lúdico a criança desenvolve a sua capacidade não só
de resolver problemas, mas de encontrar várias maneiras pessoais de resolvê-
las.
Podemos relacionar o brincar à aprendizagem, já que este recurso
possibilita a caracterização de situações reais, onde a criança desenvolve sua
cognição. O brincar, portanto amplia as habilidades conceituais.
O tema estudado mostra-se que, durante o brincar, a criança abandona
seu egocentrismo, desenvolve a cooperação e a socialização. Ao resolver
situações-problema no jogo, a criança conjectura e analisa o seu próprio
raciocínio. O jogo sendo explorado nas aulas propicia o dinamismo, e através
da competição favorece a criança, a elaboração de estratégias, e com o tempo
aprimorando essas estratégias, passa a superar deficiências existentes.
Através do jogo, podemos levar a criança à conceituação do número. O
professor deve estimular o pensamento da criança ativamente para que ela
desenvolva o raciocínio lógico-matemático. É necessário que o professor crie
situações favoráveis para que a criança construa o número através da
abstração reflexiva.
“Em conclusão, o objetivo para ensinar o número é o da construção que a criança faz da estrutura mental de número. Uma vez que esta não pode ser ensinada diretamente, o professor deve priorizar o ato de encorajar a criança a pensar ativa e autonomamente em todos os tipos de situações. Uma criança que pensa ativamente, à sua maneira, incluindo quantidade, inevitavelmente constrói o número. A tarefa do professor é a de encorajar o pensamento espontâneo da criança, o que é muito difícil porque a maioria de nós foi reinada para obter das crianças a produção de respostas “certas”. (KAMII, 1990, p. 41)
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Percebemos desse modo que a criança aprende enquanto brinca com
muito mais prazer, destacando que o brinquedo faz parte do mundo em que
vivem. É oportuno o desenvolvimento, pois brincando a criança experimenta,
descobre, inventa, reinventa e exercita, vivendo assim uma experiência que
enriquece a sua socialização e a criatividade.
As crianças formam estruturas mentais pelo uso de instrumentos e sinais. A brincadeira, a criança de situações imaginárias surge da tensão do indivíduo e a sociedade. O lúdico liberta a criança das amarras da realidade. (VIGOTSKY, 1989, P. 127)
Assim, vemos que o lúdico proporciona a criança à possibilidade de
conviver com vários sentimentos os quais fazem parte do seu interior, a criança
através da brincadeira demonstra como ela vê o mundo que a cerca e constrói
o mundo que gostaria que ele fosse. Na brincadeira a criança expressa os
seus sentimentos, preocupações, problemas, ou seja, ela expressa no brincar
o que com palavras têm dificuldades de expressar.
A atividade lúdica aliada ao processo de ensino e aprendizagem pode
ser de grande valia para o desenvolvimento da criança, uma ferramenta
interessante e desafiadora é o jogo.
Kishimoto (1994) , nos diz que, o jogo como promotor da aprendizagem
e do desenvolvimento, passa a ser considerado nas práticas escolares como
importante aliado para o ensino, já que colocar o aluno diante de situações
lúdicas como jogo pode ser uma boa estratégia para aproximá-lo dos
conteúdos culturais a serem veiculados na escola.
Dessa maneira percebemos que o lúdico facilita a aquisição de
conceitos quando os professores utilizam a prática de materiais concretos nas
tarefas com as crianças.
O jogo e a brincadeira propiciam partilhas, confrontos, negociações e
trocas favorecendo conquistas cognitivas, emocionais e sociais.
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Segundo Ronca (1989), o lúdico permite que a criança explore a relação
do corpo com o espaço, provoca possibilidades de deslocamento e
velocidades, ou cria condições mentais para sair de enrascadas, e ela vai
então, assimilando e gastando tanto, que tal movimento a faz buscar e viver
diferentes atividades fundamentais, não só no processo de desenvolvimento
de sua personalidade e de seu caráter como também ao longo da construção
de seu organismo cognitivo.
Assim, a criança na brincadeira expressa seus sentimentos e a
curiosidade, pois viver é brincar.
Ao brincar a criança conhece a si própria, aos outros, os seus limites e
possibilidades de inserir-se no grupo. Aí, aprende a internalizar regras sociais
de comportamentos e os hábitos internalizados pela cultura, pela ética e moral.
De acordo com o Referencial Curricular Nacional Para Educação Infantil
(l998), as brincadeiras de faz-de-conta, os jogos de construção e aqueles que
possuem regras, como os jogos de sociedade (também chamados de jogos de
tabuleiro) jogos tradicionais, didáticos, corporais, etc., propiciam a ampliação
dos conhecimentos da criança por meio da atividade lúdica.
E sobre esse ponto de vista o lúdico torna-se de suma importância para
a educação.
Pois de acordo com Ronca (1989), o lúdico torna-se válido para todas as
séries, porque é comum pensar na brincadeira, no jogo e na fantasia, como
atividades relacionadas apenas infância. Na realidade, embora predominante
neste período, não se restringe somente ao mundo infantil.
Nessa perspectiva, o lúdico é muito importante na escola, pois pelo
lúdico a criança aprende com prazer, pois trabalha a imaginação, a fantasia e a
compreensão do cotidiano. Combinando essas informações e percepções da
realidade, a criança problematiza, tornando-se criadora e construtora de novos
conhecimentos.
Os brinquedos e os jogos propiciam a criança momentos lúdicos, de
livre exploração, que prevalece a incerteza do ato de não se buscar resultados,
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a não ser o próprio prazer, livre de ordens dos adultos. “Quando a criança
brinca, sua atenção está concentrada na atividade em si, e não em seus
resultados.” (KISHIMOTO, 1994, p.6)
Esses mesmos objetos, apesar da liberdade de não se buscar
resultados, servem como auxiliar da ação docente, buscando resultados na
aprendizagem de conceitos e no desenvolvimento cognitivo.
Os brinquedos e os jogos, neste caso, não realizam a função lúdica,
mas torna-se recurso pedagógico, destinados a criar situações de brincadeiras
em sala de aula. Mas, nem sempre foi aceito como recurso da aprendizagem.
A criança é vista pela a escola como um ser que deve ser disciplinado para a
aquisição de conhecimentos, não aceitando o jogo.
A escola tem o objetivo de atingir resultados e a criança a aprendizagem
e seu desenvolvimento. Qualquer atividade na escola orientada pelo professor
visa alcançar finalidades pedagógicas. O jogo é um recurso em sala de aula
que se transforma em um meio para atingir esses objetivos.
O jogo como ação livre, tendo finalidades em si mesmo, iniciadas pela criança
de “jogar por jogar”, não encontraria lugar na escola.
Cada vez mais reconhecidos como fonte de benefícios para as crianças
os jogos vêm recebendo a valorização dos educadores, recreadores e pais.
O brincar, não deve ser reduzido a um mero momento de descanso para o
professor, ao contrário, devemos aliar o lado prazeroso do jogo, ao momento
motivador do conhecimento.
O uso do lúdico na educação prevê, principalmente a utilização de
metodologias agradáveis e adequados às crianças que façam com que o
aprendizado aconteça dentro do “seu mundo”, das coisas que lhe são
importantes e naturais de se fazer, que respeitem as características próprias
das crianças, seus interesses e esquemas de raciocínio próprio. E haveria
outras coisas que as interessassem mais do que a brincadeira? Assim, quando
falamos em lúdico e no brincar não estamos falando em algo fútil de forma
autônoma e espontânea. Entendemos que utilizar metodologia lúdica com
recursos em jogos, incentiva a criança a participar. Esta participação
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espontânea faz com que ela se torne “pesquisadora” consciente do objeto de
ensino, objeto que nós educadores colocamos ao seu alcance.
A postura do professor frente a esse trabalho é fundamental. O
professor precisa adquirir o prazer de brincar e se envolver nesta atividade,
para que o aluno aprenda a curtir esse momento.
Através dos jogos, o professor irá trabalhar conteúdos proporcionando
uma aprendizagem agradável, como por exemplo, ao brincar com jogos como
o Bingo, quinze, a amarelinha, o tique-taque 15 e muitos outros.
O movimento lúdico, simultaneamente, torna-se fonte prazerosa de conhecimento, pois nele a criança constrói classificações, elabora sequências lógicas, desenvolve o psicomotor e a afetividade e amplia conceitos das várias áreas da ciência. (RONCA, 1989, p.27).
Percebemos assim, que a criança aprende enquanto brinca. Com a
brincadeira a criança aprende com muito mais prazer, é o caminho pelos quais
a criança compreende o mundo em que vivem e são chamados a mudar. É
oportuno então, o desenvolvimento da criança, pois nesse momento ela
vivência, experimenta e reinventa, enriquecendo assim sua socialização e
aprendizagem.
Segundo o Referencial Curricular Nacional Para Educação Infantil
(1998, v1. p.27) “as atividades lúdicas, através das brincadeiras favorecem a
autoestima das crianças ajudando-as a superar progressivamente suas
aquisições de forma criativa”.
Sendo assim, entendemos que o lúdico contribui para o
desenvolvimento da autoestima que favorece autofirmação e valorização
pessoal.
Os jogos e brincadeiras podem ser ferramentas de crescimento, possibilitando
a criança a exploração do mundo, descobrir-se, entender-se, e posicionar-se
em relação à sociedade de forma lúdica, exercitando habilidade para a
socialização e psicomotora.
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As situações lúdicas competitivas ou não, são contextos favoráveis de aprendizagem, pois permitem o exercício de uma ampla gama de movimentos, que solicitam a atenção do aluno na tentativa de executá-la de forma satisfatória. (PCNs de Educação Física (1997, v.7, p.36)
Constatamos então, que o lúdico está relacionado a tudo que possa nos
proporcionar alegria, desenvolvimento, criatividade, imaginação, desafiando a
criança a buscar solução de problemas com toda sua motivação.
Segundo Aurélio (2000), brincar é: "divertir-se, recrear-se, entreter-se,
distrair-se, folgar", também pode ser "entreter-se com jogos infantis", ou seja,
brincar é algo muito presente nas nossas vidas, ou pelo menos deveria ser.
Segundo Oliveira (2000) o brincar não significa apenas recrear, é muito
mais, caracterizando-se como uma das formas mais complexas que a criança
tem de comunicar-se consigo mesma e com o mundo, ou seja, o
desenvolvimento acontece através de trocas recíprocas que se estabelecem
durante toda sua vida.Assim, através do brincar a criança pode desenvolver
capacidades importantes como a atenção, a memória, a imitação, a
imaginação, ainda propiciando à criança o desenvolvimento de áreas da
personalidade como afetividade, motricidade, inteligência, sociabilidade e
criatividade.
Vygotsky (1998), um dos representantes mais importantes da psicologia
histórico-cultural, partiu do princípio que o sujeito se constitui nas relações com
os outros, por meio de atividades caracteristicamente humanas, que são
mediadas por ferramentas técnicas e semióticas. Nesta perspectiva, a
brincadeira infantil assume uma posição privilegiada para a análise do
processo de constituição do sujeito, rompendo com a visão tradicional de que
ela é uma atividade natural de satisfação de instintos infantis. Ainda, o autor
refere-se à brincadeira como uma maneira de expressão e apropriação do
mundo das relações, das atividades e dos papéis dos adultos. A capacidade
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para imaginar, fazer planos, apropriar-se de novos conhecimentos surge, nas
crianças, através do brincar. A criança por intermédio da brincadeira, das
atividades lúdicas, atua, mesmo que simbolicamente, nas diferentes situações
vividas pelo ser humano, reelaborando sentimentos, conhecimentos,
significados e atitudes.
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Capítulo II
O JOGO
2.1 – Um pouco de História dos jogos
O aparecimento dos jogos educativos se deu no século XVI, em Roma
e Grécia Antiga.
Platão (1948), apud Kishimoto (1994), comenta a importância do
“aprender brincando”, em oposição à violência e a repressão. Aristóteles
também sugere a utilização de jogos para crianças pequenas, através da
imitação dos adultos, como forma de preparo para o futuro. Mesmo assim
nesta época não se discute a utilização do jogo como recurso para a leitura e
cálculo. (p. 15).
Os Romanos voltam-se para a formação de soldados, a cultura física,
espiritual e estética.
Nos escritos de Horácio e Quintiliano, aparecem à presença de
guloseimas em formas de letras, feitas pelas doceiras romanas para a
aprendizagem das letras, mostrando o interesse pelo jogo.
Mas com o Cristianismo o interesse pelos jogos decai, e impõe uma
educação disciplinadora. Escolas Episcopais impõem dogmas distanciando
assim, do desenvolvimento da inteligência. A educação nesta época, baseava-
se em memorização do aluno, cópias, obediência e lições. Neste ambiente não
há condições para a expansão dos jogos. Este para eles eram considerados
“delituosos.”
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É no Renascimento que aparecem novos ideais, e reabilitam o jogo,
fazendo parte assim do cotidiano dos jovens. Segundo Heller (1989),
... o homem participa da vida cotidiana com todos os aspectos de sua individualidade, De sua personalidade. Nele, colocam-se em funcionamento Todos os seus sentidos, todas as suas capacidades intelectuais, suas habilidades manipulativas, seus sentimentos, paixões, idéias, ideologias. (HELLER, 1989, p. 16-17)
Mas, é na Companhia de Jesus e por Ignácio de Loyola, que colocam
em destaque o jogo educativo. Loyola coloca a importância dos jogos de
exercícios para a formação e desenvolvimentos do ser humano e como recurso
para o ensino.
No Ratio Studiorum, o ensino escolástico é substituído pelas tábuas
murais, para ensino da gramática.
Nesta época os jogos de bola, o golfe, corridas, exercícios com barras
são reabilitados. E o jogo de baralho como recurso educativo por alguns
padres franciscano, como ferramenta para auxiliar nas aulas de espanhol.
Através de estudos de alguns filósofos no século XVII, preconizam a
importância da imagem e dos sentidos para expansão do conhecimento.
Locke, o pai do empirismo, reforça a tese, explicando que tudo que está na inteligência passa pelos sentidos. Multiplicam-se, assim jogos de leitura bem como diversos Jogos destinados à tarefa didática nas áreas de História, Geografia, Moral, Religião, Matemática, entre outros. (KISHIMOTO, 2003, p. 16)
Após a Revolução Francesa surgem diversas inovações pedagógicas,
mas é com Froebel que o jogo caracteriza a ação livre da criança, a liberdade
de brincar que começa a fazer parte da educação Infantil. Através das
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brincadeiras manipuladas com bolas, cilindros e cubos, montando e
desmontando, a criança aprende relações matemáticas e conhecimentos.
Surgem então, os jogos magnéticos (para ensinar História, Geografia e
Gramática), brinquedos de cubos, bazar alfabético e o poliglota.
Conforme Kshimoto, (2003) o jogo educativo aparece no século XVI,
como ferramenta para auxiliar nas atividades didáticas, visando à aquisição de
conhecimentos e conquista um espaço definitivo na educação infantil. (P.17)
Como vimos em discussões, os jogos como recurso na aprendizagem, já
existiam há muito tempo. Mas predominava com a ideia do jogo relacionado à
recreação escolar, conforme orientações de asilos franceses. Segundo a
inspetora Pape-Carpantier, em 1849, na França, o jogo não ocupa o tempo nas
aulas, predomina a ideia de jogos a recreação.
o jogo não pode ocupar o lugar de lições morais e não deve absorver o tempo de estudo, embora ninguém no mundo possa ficar sempre estudando. É preciso, nesta idade, sobretudo, dançar, correr, saltar, mover-se por seu Próprio elâ (...) Se o jogo não forma diretamente o espírito, ele o recreia. (PAPE-CARPANTIER apud KISHIMOTO, 1994, p.17).
Para a Inspetora o jogo não serve como recurso da aprendizagem, e do
desenvolvimento cognitivo da criança, mas como recreação, distração das
crianças, e para o descanso.
Kergomard, influenciado pelas idéias de Froebel, apoia-se na liberdade
da criança, jogos livres, espontâneo, escolhidos por elas mesmas. Mas, esta
ideia choca-se com a que começa a predominar no maternal das escolas
francesas. Jogos educativos auxiliando como recurso de aprendizagem para
as crianças, como ferramenta ao professor e ao mesmo tempo, um fim para a
criança que só quer brincar. Como pode ser observado por Girard apud
Kishimoto, (1994, p.18) “ O jogo é para a criança um fim em si mesmo, ele
deve ser para nós um meio (de educar), de onde seu nome jogo educativo que
toma cada vez mais lugar na linguagem da pedagogia maternal.”
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2.2– Paralelo de Entendimento do Jogo como Estratégia na
Educação.
Educação Tradicional Educação Atual
O Jogo visto com lazer, recreação. Não
como auxilia na aprendizagem
Na maioria das escolas a educação
ainda é feita por meios de quadro-
negro, livros de didáticos e exercícios
de fixação.
Espontaneidade da criança na escolha
dos jogos, sem orientação do professor.
Interação da criança no grupo social
através dos jogos.
Expansão dos jogos Froebel e
Kergomord no jardim de infância, com a
idéia do jogo livre.
O jogo é usado como ferramenta no
desenvolvimento cognitivo, na
aprendizagem das crianças e através
da prática das regras do jogo, ela
adquire cooperação, solidariedade e
socialização.
Uso dos jogos quem emitem os adultos
como forma de preparo para o futuro,
isto é, para o trabalho.
Não há incentivo por parte de políticos
para uma educação voltada para
prática e, consequentemente do
desenvolvimento da aquisição de
resolução de problemas.
Jogos eram utilizados a tempo
passados somente, para os nobres.
Os jogos, apesar de haver discussões
que pleiteiam sua utilização, o seu uso
como recurso na aprendizagem, ainda
continuam sendo para poucos. Para
escola de classe média alta.
2.3 - O caráter não-sério
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Vários autores discutem a natureza do jogo, ou seja, as suas
características.
De acordo com Huizinga (1951), apud Kishimoto (1994), descreve o jogo
como elemento de cultura, relacionado aos aspectos sociais. O prazer que o
jogo nos traz, o caráter não-sério da ação, a liberdade do jogo, a separação do
cotidiano, a existência de regras, o imaginário e a limitação do jogo no tempo e
no espaço.(p. 3).Apesar da maioria das situações, o jogo proporcionar prazer,
há casos em que o desprazer é o elemento, que caracteriza a situação lúdica.
Conforme Vygotski (1982), é um dos que afirmam que nem sempre o
jogo possui essa característica, pois em certos casos há esforço e desprazer
para atingir o objetivo pretendido da brincadeira.
Para Huizinga (1967), apud Kishimoto (2003), o caráter “não-sério”, não
quer dizer que a brincadeira, o jogo deixe de ser uma atividade séria. Quando
a criança o faz de modo compenetrado. A pouca seriedade a que se refere
está relacionado ao cômico, que na maioria das vezes acompanha o ato
lúdico. (p.21).
Quando a criança brinca toma distância da vida cotidiana, estando no
mundo imaginário.
A liberdade do jogo coloca como atividade voluntária da criança.
Quando surgem as regras, deixa de ser jogo. De acordo com Huizinga (1967),
apud Kishimoto (1994, p. 4), “a liberdade de ação do jogador, a separação do
jogo em limites de espaço e tempo, a incerteza que predomina, o caráter
improdutivo e não criar bens nem riqueza e suas regras.”
Quando a criança brinca não está preocupada com a aquisição de
conhecimento, o jogo por ser uma ação voluntária da criança, não visa a um
resultado final. O que importa para ela é brincar.
Vários pesquisadores colocam a importância do jogo infantil como
recurso para educar e desenvolver a criança, e para que ocorra é preciso
respeitar as características da atividade lúdica.
Ao atribuir o ato lúdico, estamos propiciando a criança a criar situações
exploratórias e solução de problemas.
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2.4 - A evolução do jogo no desenvolvimento da criança
O estudo mais completo sobre a evolução do jogo na criança é de
autoria de Jean Piaget que verificou este impulso lúdico já nos primeiros meses
de vida do bebê, na forma do chamado jogo do exercício sensório-motor; do
segundo ao sexto ano de vida predomina sob a forma do jogo simbólico, para
se manifestar, a partir da etapa seguinte, através da prática do jogo de regras.
Existem, portanto, três formas básicas de atividade lúdica que
caracterizam a evolução do jogo na criança, de acordo com a fase do
desenvolvimento em que aparecem. Mas é preciso salientar que estas três
modalidades de atividade lúdica podem coexistir de forma paralela no adulto.
2.4.1- – Jogo de exercício sensório-motor
A atividade lúdica surge, primeiramente, sob a forma de simples
exercícios motores, dependendo para sua realização da maturação do
aparelho motor. Sua finalidade é tão somente o próprio prazer do
funcionamento. Daí dizer-se que o que caracteriza este tipo de jogo é o prazer
funcional. Jean Piaget (1978, p.145) retrata que “quase todos os esquemas
sensório-motores dão lugar a um exercício lúdico.”
Esses exercícios motores consistem na repetição de gestos e
movimentos simples, com o valor exploratório: nos primeiros meses de vida, o
bebê estica, e recolhe os braços e pernas, agita as mãos e os dedos, toca os
objetos e os sacode, produzindo ruídos ou sons. Esses exercícios têm valor
exploratório porque a criança os realiza para explorar e exercitar os
movimentos do próprio corpo, seu ritmo, cadência e desembaraço, ou então
para ver o efeito que sua ação vai produzir. É o caso das atividades em que a
criança manipula objetos, tocando, deslocando, superpondo, montando e
desmontando. Movimentando-se a criança descobre os próprios gestos e os
repete em busca de efeitos.
25
Embora os exercícios sensório-motores constituam a forma inicial do
jogo na criança, eles não são específicos dos dois primeiros anos ou da fase
de condutas pré-verbais. Eles reaparecem durante toda a infância e mesmo no
adulto. Piaget (1978, p.149) nos diz que isso acontece “sempre que um novo
poder ou nova capacidade são adquiridos.”
Por exemplo, aos 5 anos ou seis anos, a criança realiza este tipo de
jogo ao pular com um pé só ou tentando saltar dois ou mais degraus da
escada, aos dez ou doze anos tenta andar de bicicleta sem segurar no guidão.
2.4.2– Jogo Simbólico
No período compreendido entre os dois e os seis anos, a tendência
lúdica se manifesta predominantemente sob o jogo simbólico, isto é, jogo de
ficção ou imaginação, e de imitação. Nesta categoria estão incluídos a
metamorfose de objetos (por exemplo, um cabo de vassoura se transforma
num cavalo, uma caixa de fósforo num sofá e um caixote passa a ser um
trem), e o desempenho de papéis (brincar de mãe e filho, de professor e aluno
etc).
O jogo simbólico se desenvolve a partir dos esquemas sensório-motores
que, a medida que são interiorizados, dão origem a imitação, e posteriormente,
à representação.
De acordo com Piaget (1978, p.149), a função desse tipo de atividade
lúdica “consiste em satisfazer o eu por meio de uma transformação do real em
função dos desejos: a criança que brinca de boneca refaz sua própria vida,
corrigindo-a a sua maneira, e revive todos os prazeres ou conflitos, resolvendo-
os, compensando-os, ou seja, completando a realidade através da ficção.”
Portanto o jogo simbólico, de imaginação ou imitação, tem como função
assimilar a realidade, seja através da liquidação de conflitos, da compensação
de necessidades não satisfeitas, ou da simples inversão de papéis. É o
transporte a um mundo de faz-de-conta, que possibilita à criança a realização
dos sonhos e fantasias, revela conflitos interiores, medos e angústias,
aliviando a tensão e as frustrações.
26
O jogo simbólico é, simultaneamente, uma forma de assimilação do real
e um meio de auto-expressão, pois à medida que a criança brinca de casinha,
representando os papéis de mãe, pai e filho, ou brinca de escola, reproduzindo
os papéis do professor e aluno, ela está, ao mesmo tempo, criando novas
cenas e também imitando situações reais por elas vivenciadaas.
A criança tende a reproduzir nesses jogos as atitudes e as relações
predominantes no seu meio ambiente, ela será autoritária ou liberal, carinhosa
ou agressiva conforme o tratamento que recebe dos adultos com os quais
convive.
Por exemplo, a criança que vive numa atmosfera de repressão, onde
predominam os castigos físicos e as ordens, tende a reproduzir nas suas
brincadeiras, o comportamento dos adultos que a cercam. É o caso da menina
que, brincando de casinha grita com a boneca, dá-lhe ordens e castigos. Assim
sendo, é através do lúdico que a criança expressa e integra as experiências já
vividas.
2.4.3 – Jogos de Regras
A terceira forma de atividade lúdica a surgir é o jogo de regras, que
começa a se manifestar por volta dos cinco anos, mas se desenvolve
principalmente na fase que vai dos sete aos doze anos, predominando durante
toda a vida do indivíduo (nos esportes, no xadrez, nos jogos de cartas, etc).
Os jogos de regras são jogos de combinações sensório-motoras
(corridas, jogos de bola , de gude e etc), ou intelectuais (cartas, xadrez, etc),
segundo Piaget (1978), onde há competição, existe também as regras
regulamentadas transmitidas de geração em geração. (p.185).
O que caracteriza o jogo de regras, como o próprio nome diz, é o fato de
ser regulamentado por meio de um conjunto sistemático de leis (as regras) que
asseguram a reciprocidade dos meios empregados. É uma conduta lúdica que
supõe relações sociais ou interidividuais, pois a regra, é uma ordenação, uma
regularidade imposta pelo grupo, sendo que sua violação é considerada uma
falta.
27
Portanto, esta forma de jogo pressupõe a existência de parceiros, bem
como de certas obrigações comuns (as regras), o que lhe confere um caráter
eminentemente social.
Piaget (1978), diz que o jogo de regras é a atividade lúdica do ser
socializado e começa a ser praticado pela criança, por volta dos sete anos,
quando ela abandona o jogo egocêntrico das crianças menores, em proveito
de uma aplicação efetiva de regras e do espírito de cooperação entre os
jogadores. ( p. 190).
Como vemos, o jogo na criança, inicialmente egocêntrico e espontâneo,
vai se tornando cada vez mais uma atividade social, na qual as relações
interindividuais são fundamentais.
2.5- Os jogos e o conhecimento matemático
Observa-se que os jogos são usados em sala de aula como um
presente se a turma comportou-se bem. Nesse entendimento do jogo, o
professor não faz uma associação com a vida escolar da criança. Alguns
professores lembram dos jogos quando percebem que a turma está agitada,
ou então no finalzinho das aulas, para acalmá-las. Utilizam a estratégia do
lúdico, porém sem explorar todo o potencial de aprendizagem que o jogo
contém.
Segundo Constance Kamii (1990), os jogos em grupo, fornece as
crianças situações problemas envolvendo o número, ajudando-as no raciocínio
do número e a quantidade. (p.85).
A aritmética deve ser construída pela criança, não é algo que pode ser
transmitido. As crianças nesse processo irão descobrir e aprimorar outros
conhecimentos existentes, chegando com facilidade à adição e subtração.
O ambiente social é muito importante para que as crianças desenvolvam
o conhecimento lógico-matemático. Através da reflexão, a criança vai
construindo o conhecimento. A interação com os colegas e os vários pontos de
vista serve para aumentar a capacidade de raciocínio das crianças.
28
O jogo é uma atividade, um recurso riquíssimo e que deve ser mais
explorado pelo professor.
Muitos professores têm a preocupação que o jogo possa tumultuar as
aulas, achando que alunos em silêncio, sentados todos em fileiras possam ter
mais rendimento no processo da aprendizagem. Mas, temos constatado em
leituras e observações o quanto essa concepção e errônea.
É importante criar espaços favoráveis para essa estratégia e também
saber utilizá-la, como recurso de aprendizagem de atitudes e procedimentos.
Com isso a criança desenvolve hábitos de ouvir e falar, ser ouvida e ouvir o
grupo.
2.6- Jogos x autonomia
As crianças podem internalizar o conhecimento ensinado por um
momento, mas elas não são recipientes que meramente retêm o que é
entornado em suas cabeças.
A autonomia significa autogoverno, temos que encorajar as crianças nas
primeiras séries. Um exemplo de autonomia é o de thomaz Edson que nunca
perdeu a coragem, mesmo diante das suas primeiras invenções não dando
certo, teve paresia e encorajou o seu assistente que já queria desistir. E ele
disse: porque desistir agora que já sabemos o que não funciona? Isto é um
exemplo puro de desafio, ousadia e coragem. E assim devemos encorajar
nossas crianças a ter autonomia, a confiar nelas mesmo.
As crianças desde as séries iniciais precisam ter autonomia, para
quando chegar a 1ª série possa confiar em si próprio e não achar que seu
exercício está errado cada vez que a professora pare diante delas e pergunte
como conseguiu aquele resultado. A reação típica da criança sem autonomia é
de apagar correndo o que ele fez, mas as crianças autônomas são
encorajadas a pensar, a construir, a desconfiar.
Quando uma criança diz uma resposta errada de aritmética, a melhor
forma não é a de corrigi-la, mas perguntar-lhe como conseguiu o resultado.
Assim o professor está corrigindo de um modo autônomo. Dão a chance das
29
crianças mostrarem o seu raciocínio, até chegar ao determinado resultado.
Nesse processo a criança se dá conta do seu próprio erro.
Um modo mais prazeroso de ensinar aritmética nas séries iniciais é
utilizar brincadeiras, jogos como a batalha dupla, batalha de 10, batalha,
percurso e enfim muitos outros na conceituação do nº pela criança.
Capítulo III
A psicomotricidade
3.1- Conceito da psicomotricidade
30
A psicomotricidade é a ciência que tem como objetivo o estudo do
homem através do seu corpo em movimento em relação ao seu mundo interno
e externo, assim como a relação de observar, atuar, agir com o outro. Está
relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das
aquisições: cognitivas, afetivas e orgânicas.
A Psicomotricidade tem o objetivo de trabalhar o indivíduo com toda sua história de vida: social, política e econômica. Essa história se retrata no seu corpo. Trabalha também o afeto e o desafeto do corpo, desenvolve o seu aspecto comunicativo, dando-lhe a possibilidade de dominá-lo, economizar sua energia, de pensar seus gestos, a fim de trabalhar a estética, de aperfeiçoar o seu equilíbrio. Psicomotricidade é o corpo em movimento, considerando o ser em sua totalidade. Engloba várias outras áreas: educacionais, pedagógicas e da saúde, por ter o homem como objeto de estudo. (ALVES, 2011, p. 20)
A educação da criança deve evidenciar a relação do seu próprio corpo
através do movimento, levando em consideração a sua idade, a gordura
corporal e seus interesses.
Segundo Alves (2003), ”Psicomotricidade é CORPO, AÇÃO e
EMOÇÃO.”
A função psicomotora para ser trabalhada necessita que sejam
estimuladas as funções motoras, perceptivas, afetivas e sociomotoras, pois
assim a criança explora o ambiente, passa por explorações concretas
indispensáveis ao seu desenvolvimento intelectual e é capaz de tomar
consciência de si mesma e do mundo que a cerca, por isso é importante que
essa atividade seja bem explorada.
A criança é corpo e mente, não está dissociado uma da outra, com isso
o trabalho da psicomotricidade complementa o projeto em sala de aula. Desde
a alfabetização, introdução de sílabas e as regras, a psicomotricidade vem
31
contribuindo na formação do equilíbrio da escrita, a letra, noção de espaço e
organização aos materiais didáticos e espaciais.
a fala, a leitura e a escrita, podem ser consideradas como funções autônomas e isoladas, mas sim como manifestações de um mesmo sistema, que é o sistema funcional de linguagem. A fala, a leitura e a escrita resultam de harmônico desenvolvimento e da integração das várias funções que servem de base ao sistema funcional da linguagem desde o início de sua organização. (POPPOVIC apud ALVES, 2011, p. 109).
Os benefícios da psicomotricidade são enormes na educação e
aprendizagem da criança.
A psicomotricidade deve ser trabalhada desde a infância, mas não
significa que ela não deve ser desenvolvida ao longo da vida.
Não existe uma idade limite, o importante é que o indivíduo esteja em
movimento, pois o ser humano tem a necessidade de se movimentar.
A inteligência para Piaget é o mecanismo de adaptação do organismo a uma situação nova e, como tal, implica a construção contínua de novas estruturas . Esta adaptação refere-se ao mundo exterior , como toda adaptação biológica. Desta forma, os indivíduos se desenvolvem intelectualmente a partir de exercícios e estímulos oferecidos pelo meio que os cercam. O que vale também dizer que a inteligência humana pode ser exercitada, buscando um aperfeiçoamento de potencialidades... (RAMOZZI-CHIAROTTINO apud ALVES, 2011, p. 38).
A psicomotricidade também ajuda a criança a superar limites, medos e
frustrações através das relações. Utiliza-se da ação do brincar como elemento
motivador para provocar a exteriorização corporal da criança, pois o brincar
impulsiona o processo de aquisição de desenvolvimento e aprendizagem da
criança.
32
Segundo Montaigne apud Alves (2011, p. 23), “Os brinquedos das
crianças não são brinquedos, é necessário considerá-los como ações sérias.”
Alves (2011) relata que nessas interações entre a liberdade, brincadeira
e submissão às crianças são levadas a conhecer as regras, determinando os
limites entre a realidade e os seus próprios desejos. (p.160).
Através dos jogos a criança expressa a inibição, os medos, as fantasias
e tudo aquilo que está internalizado.
Alves (2011), diz que a brincadeira é um meio em que a criança
expressa suas primeiras grandes realizações, por meio do prazer, ela expressa
a si própria, e também suas emoções e fantasias. (p.159).
A psicomotricidade relacional favorece a aprendizagem e trabalha todas
as formas da criança de um modo lúdico e corporal. Ajuda, faz a mediação,
provoca, escuta, interage com a criança como seu parceiro no jogo simbólico.
Hoje há unanimidade em que brincar tem função essencial no processo de desenvolvimento da criança, principalmente nos primeiros anos de vida, nos quais ela tem de realizar a grande tarefa de compreender e de inserir em seu grupo, constituir a função simbólica, desenvolver a linguagem, explorar e conhecer o mundo físico. (LIMA apud ALVES, 2011, p.161).
É importante que a criança se desenvolva no aspecto cognitivo e o
motor, buscando assim o equilíbrio corpo e mente.
Desde cedo, pode-se estimular a criança no desenvolvimento
psicomotor simples como engatinhar, colar, balançar, dar cambalhotas, se
equilibrar num pé só, equilibrar-se com uma linha no chão... Passeios ao ar
livre também é oportuno trabalhar a psicomotricidade da criança.
O desenvolvimento psicomotor estimula à maturação que integra o
movimento, o ritmo, a construção espacial etc.
Pode se afirmar então, que a recreação através de atividades afetivas e
psicomotoras constitui num fator de equilíbrio na vida das pessoas, expresso
na interação entre o espírito e o corpo, a afetividade e a energia, o indivíduo e
o grupo promovendo a totalidade do ser humano.
33
3.2- Breve história sobre a psicomotricidade
A psicomotricidade iniciou seus estudos na década de 60, mas teve o
ápice científico nos anos 70 e 80.
O estudo dessa ciência estava relacionado ao seu aspecto físico e
motor. Atualmente esse estudo está relacionado ao aspecto físico e motor
levando em conta os fatores emocionais e sociais.
O estudo da psicomotricidade é recente; ainda no início deste século abordava-se o assunto apenas excepcionalmente. Afirmou-se pouco a pouco e evoluiu em diversos aspectos que atualmente voltam a se agrupar. Em uma primeira fase, a pesquisa teórica fixou-se sobretudo no desenvolvimento motor da criança. Depois estudou a relação entre o atraso no desenvolvimento motor e o atraso intelectual da criança. (DE MEUR; STAES, 1991, p. 6).
Observa-se então, que a psicomotricidade tinha um campo de estudo
restrito, mas através da evolução humana e das pesquisas, a área de
conhecimento relacionado a psicomotricidade foi ampliado.
A psicomotricidade tem sua influência nas escolas europeias,
principalmente na França, que instituiu o primeiro curso universitário em 1963.
Algumas influências contribuíram para a psicomotricidade como a
médica Montessori, Freinet e Decroly que procuravam utilizar a sensório-
motricidade e a psicomotricidade como base de sua pedagogia, facilitando
assim o campo educativo da criança.
34
Foram usados por eles desenhos, jogos, expressões plásticas,
enfatizando a criatividade e espontaneidade da criança, dando-lhes assim a
oportunidade para o desenvolvimento.
O pedagogo Guilman, estudou a psicomotriciade acreditando que
poderia melhorar as crianças das classes de aperfeiçoamento através de
exercícios físicos, motores ou psicomotores adaptados às crianças especiais.
Assim, Guilman pôde fazer uma ligação entre os dados observados da
medicina, os da pedagogia e também a educação física com a
psicomotricidade.
Não podemos esquecer que a Educação Física tradicional está na base do interesse pela Psicomotricidade, tornando-se científica no início do século XIX, pelo método sueco de Ling e outros métodos, integrando conhecimentos anatômicos, fisiológicos, psicológicos e sociológicos, aperfeiçoando-se nos séculos XIX e XX. A busca do equilíbrio de um corpo e espírito sadio, por intermédio de atividades físicas ao ar livre, mostrou a importância de sua utilização. (ALVES, 2011, p.16).
Segundo Alves (2011, p. 17), “as filosofias extremo orientais e as
concepções unitárias, aos quais se baseiam, integraram-se à nossa civilização
cartesiana, influenciado a Educação Física atual.”
A dança que era uma atividade utilizada unicamente teatral, tem sua
transformação no século XX, influenciada por Isadora Duncan e de Dalcroze, a
partir daí entra para o campo da pedagogia integrando-os nos programas
escolares.
Sintetizando, todas as técnicas de dança, de ginástica e de esporte surgiram aos olhos dos pedagogos com um interesse para que as pessoas se conhecessem por seus corpos, aperfeiçoando-os e atingindo-os para melhorar seu desenvolvimento, sem a preocupação de conseguir ou não realizar melhor uma técnica ou outra. (ALVES, 2011, p.17).
35
Alves (2011), relata que na psicomotricidade temos o objetivo principal
trabalhar para educar e reeducar o indivíduo que apresente distúrbios por meio
de perturbação psicomotoras, debilidades motoras, a inabilidade, atrasos
psicomotores, a instabilidade psicomotora, a inibição psicomotora, a
diminuição, o hipercontrole e a retenção. (p.17).
Alves (2011), diz que outros filósofos se interessaram pelo
desenvolvimento psicomotor da criança, como Wallon, Piaget, Zazzo. (p.17).
3.3- A psicomotricidade Infantil
Observa-se que o comportamento de uma criança de determinada
idade, parece consistir mais do que a soma das coisas que ela é capaz de
fazer. O comportamento em qualquer idade tem uma individualidade própria,
refletindo a fase de desenvolvimento que a criança estar.
O feto desde sua concepção evolui amplamente e o movimento da
criança sendo gerada no útero de sua mãe é notório.
Alves (2011) nos diz que “nos relatos bíblicos percebemos os
movimentos psicomotores no útero materno. Ora, apenas Isabel ouviu a
saudação de sua prima Maria, a criança estremeceu no seu seio.” (Evangelho
de São Lucas, capítulo I, versículo 41).
Segundo Alves (2011), o desenvolvimento da criança tanto físico e
intelectual é crescente.
As fases do desenvolvimento são comuns a todas as crianças, mas o
que diferencia uma da outra é o seu contexto familiar e o meio em que está
inserida. Essas diferenças é que irão definir o seu comportamento.
É importante que a criança esteja sem perturbações para que haja o
desenvolvimento psicomotor infantil.
36
Se quisermos que haja uma maturação normal na criança e que sua inteligência seja desenvolvida, é necessário que exista um ambiente favorável. Por isso, é preciso que os responsáveis sejam orientados e tomem consciência de sua importância como primeiros educadores. Desde o nascimento até por volta dos cinco ou seis anos, os teóricos da educação psicomotora concluíram, por observações e pesquisas, que a ligação entre mãe e filho – pai e filho – aluno e professor servirá de base para o desenvolvimento social, afetivo e motor da criança, que irá favorecê-la na aprendizagem futura. (ALVES, 2011, P. 21).
Fases do desenvolvimento da criança: Fase oral- 0 aos 18 meses.
Criança totalmente dependente da mãe ou de quem cuida. É importante
tocar na criança, pois fortalece o vínculo e contribui para o desenvolvimento
físico do bebê.
Nessa fase, brincar, beijar, rolar e se arrastar contribuem para a
motivação afetiva e motora.
A criança precisa ser estimulada para não queimar as etapas de
desenvolvimento.
Fase anal- 18 meses a 3 anos.
Nessa fase, a maturação orgânica dará condições a criança de
expressar através dos movimentos. Já impera a sua vontade.
Os músculos se desenvolvem e a percepção de espaço e forma vai se
definindo. A coordenação motora fina se aprimora.
Nessa fase a criança precisa de muito espaço para se movimentar e
desenvolver-se.
É a fase da imitação e também de colocar limites.
Fase fálica- 4 a 6 anos
Muita energia nessa fase. A criança procura fazer o que pode e imagina
o que pode fazer para sua superação.
Nessa fase inicia-se a socialização, partilhando as brincadeiras
explorando o mundo e a alegria de estar em companhia de outras crianças.
37
A fantasia deve ser trabalhada nessa fase, para que se tornem pessoas
críticas.
A criança precisa brincar de boneca, jogar bola, pular amarelinha, pular
corda, subir em árvores e etc. É preciso se movimentar com outras crianças
para ativar a capacidade de criar.
A psicomotricidade é atualmente concebida como a integração superior da motricidade, produto de uma relação inteligível entre a criança e o meio. É um instrumento privilegiado através do qual a consciência se forma e se materializa. (MOLINARI e SENS, 1998, p. 2).
3.4- A pré-escrita da criança
Segundo Alves (2012), aprender a ler e escrever é como um jogo, a
criança precisa sentir-se motivada para ter vontade, treinar a leitura e escrever.
A criança descobre que aprendendo o jogo da escrita, serão possíveis a partir
daí escrever histórias, cartas, bilhetes, reportagens, pesquisas para chegar ao
ponto crucial do mundo e suas coisas. (p.90).
O desenvolvimento da escrita não se deve simplesmente a um fazer de exercícios. A escrita é constituída de uma atividade psicomotora extremamente complexa, na qual participam os aspectos da maturação do sistema nervoso, expressado pelo conjunto de atividades motoras, pelo desenvolvimento psicomotor geral, especialmente no que se refere à tonicidade e à coordenação dos movimentos, e pelo desenvolvimento da motricidade fina, ao nível dos dedos e da mão. (ALVES, 2012, p.90).
De acordo com Ajuriaguerra (1988), a escrita é resultado de um
desenvolvimento psicomotor extremamente complexo, no qual contribui
38
diversos fatores, como a maturação do sistema nervoso, sustentado pelos
exercícios motores, principalmente a tonicidade, a coordenação dos
movimentos, coordenação motora fina, pois os exercícios contribuem para a
habilidade da escrita. (p.32).
[..].o desenvolvimento motor é um fator essencial, durante toda a duração da escolaridade primária, do desenvolvimento da escrita; este desenvolvimento reflete a organização progressiva de uma atividade motora extramente complexa e diferenciada, e também frágil. (AJURIAGUERRA, 1988, p. 32)
A escrita para a criança é uma reformulação da sua linguagem falada,
com sua finalidade de ser lida.
Pode acontecer que a aprendizagem da escrita, como modalidade da
linguagem, pode ver-se afetada por alguns fatores como as funções motoras,
verbais, perceptivas entre outras.
Alves (2012), nos diz que uma criança pode ter dificuldade no traçado,
números e palavras, mas ser um ótimo leitor e ter um bom nível de linguagem.
(p.90).
A criança para escrever necessita da sua mão, da orientação espacial,
lateralidade, relaxamente e contração dos músculos, postura e da sua vontade
de fazer.
Se faz necessário várias atividade envolvendo a coordenação motora
global, o equilíbrio, o relaxamento, coordenação motora fina e a lateralização e
a organização espacial.
Na Educação Infantil, todos os aspectos da percepção devem ser trabalhados: o visual, o auditivo, o tátil, olfativo e o gustativo. A imagem corporal, que a impressão que a criança tem de seu corpo, pode ser medida a partir de desenhos da figura humana que ele realiza. (ALVES, 2012, p.91).
39
A lateralidade se faz a partir da preferência neurológica que se tem de
um lado do corpo. Este é um fator importante para desenvolver habilidades.
É importante orientar-se no espaço, ver as coisas no espaço e entender
a relação de si próprio.
O tempo é próprio de cada criança para adaptação ao mundo externo,
fazendo com que se organize a partir do seu próprio tempo.
A coordenação motora global coloca em ação vários grupos musculares amplos, enquanto a coordenação fina envolve habilidades manuais, como a apreensão, que são essenciais para o desenvolvimento do grafismo e da escrita. A falta de habilidade rítmica pode causar uma leitura lenta, silabada, com pontuação e entonação inadequadas. (ALVES, 2012, p. 92).
Para acontecer a escrita é necessário o desenvolvimento das
habilidades motoras. A coordenação motora fina entra em ação para auxiliar
no traçado, na preensão correta do lápis, no esquema corporal e boa
coordenação óculo-manual.
Oliveira (2002, p.114), “A escrita é um ato motor que mobiliza diferentes
segmentos do corpo.”
Além da psicomotricidade ser importante na coordenação motora, na
afetividade e socialização, também é relevante no aspecto cognitivo, como na
aprendizagem da escrita.
A aquisição da escrita, por exemplo, começa quando a criança tem suficiente domínio motor para segurar o lápis, coordenar relação viso-motora entre lápis, o papel e as linhas e controlar as relações de força e velocidade. Ou seja, a escrita é também um aprendizado motor. A percepção espacial e a representação mental necessária à escrita e leitura estão associadas às psicomotricidade. (HAETINGER, 2005, P. 118).
40
Assim, o desenvolvimento psicomotor deve ser motivado desde a pré-
escola, propiciando às habilidades motoras, afetivas, sociais e cognitivas para
o processo ensino aprendizagem, facilitando a aquisição da escrita.
Vários estudiosos verificam que muitas crianças com dificuldades de
escrita são derivadas da disfunção psicomotora, já que a escrita pressupõe
habilidades motoras adequadas para a aprendizagem da linguagem escrita
como, a coordenação motora fina, a lateralidade, e a organização espaço-
temporal.
O grafismo e a pré-escrita são necessários para a aprendizagem das
letras e dos números, com a finalidade de fazer com que a criança tenha o
domínio da percepção, da compreensão da imagem ao reproduzir. Essas
atividades são desenvolvidas através das habilidades motoras e do grafismo
em exercícios no quadro e no papel.
A evolução do grafismo se faz em ritmo pessoal, com um sentido que lhe é próprio. Entretanto, características comuns aprecem nas representações gráficas de todas as crianças, dando origem a diversas classificações, por diferentes autores, dos estágios de desenvolvimento gráfico. (ALVES, 2012, P. 92).
Desenvolvimento do grafismo por Ajuriaguerra
Estágio Faixa etária Características
• A criança não
possui domínio
motor para os
traçados gráficos
com perfeição;
• Não tem controle
na inclinação e na
dimensão de
41
Caligráfico De 5 - 6
a 8 – 9
anos
letras;
• Não faz margens
ou as apresenta
de forma
desordenada;
• Tem postura
errada do tronco,
cabeça e braços
ao escrever;
• Copia as palavras
letra por letra.
Pré-Caligráfico
De 10
a 12 anos
• A criança já
domina as
dificuldades em
pegar e manejar
os instrumentos
gráficos;
• Apresenta escrita
mais rápida e
regular;
• Distribui
corretamente as
margens;
• Sua escrita imita
o modelo: é ainda
pouco pessoal;
• Tem melhor
postura de
cabeça e de
tronco (mais
longe do papel).
42
Pós-Caligráfico
De 11 anos
Em diante
• Modifica a escrita,
dada a
necessidade de
maior rapidez
para acompanhar
o pensamento e
as atividades
escolares;
• Tem postua
correta.
CONCLUSÃO
O lúdico contribui para criança um momento prazeroso, propício para a
aprendizagem.
O educador deve aproveitar esta ferramenta proporcionando uma
aprendizagem agradável, pois quando a criança brinca, ela aprende com muito
mais facilidade. Nesse momento oportuno, a criança aprende enquanto brinca,
além da interação com o outro, com o mundo em que vive, experimentando
outras vivências, enriquecendo para um indivíduo criativo e crítico.
Os jogos e brincadeiras são ferramentas importantes que contribuem na
aquisição do desenvolvimento da criança, e essas atividades devem ser dadas
sempre com algum objetivo, não para passar o tempo.
A psicomotricidade tem o objetivo de ajudar as crianças no processo
psicomotor, socialização, como também na aprendizagem. Quando a criança
apresenta dificuldades psicomotoras, ela tem problemas na hora de ler e
escrever, diferenciar letras e formar palavras. Através de atividades de
psicomotricidade, a criança é levada a vencer seu potencial motor para sanar
dificuldades apresentadas.
43
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RONCA, P.A.C. A aula operatória e a construção do conhecimento. São
Paulo : Edisplan, 1989.
VYGOTSKY, LÚRIA; LEONTIEV. Linguagem, desenvolvimento e
aprendizagem. São Paulo: Íone, 1988.
45
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO
2
AGRADECIMENTO
3
DEDICATÓRIA 4
METODOLOGIA 5
SUMÁRIO 6
INTRODUÇÃO 7
CAPÍTULO I
O brincar 10
CAPÍTULO I
2.1 – Um pouco de história dos jogos 19
2.2 – Paralelo de Entendimento do jogo como estratégia da Educação 22
2.3 – O caráter não-sério 22
2.4 – A evolução no jogo no desenvolvimento da criança 24
2.4.1 – Jogo de exercício sensório motor 24
2.4.2 – Jogo simbólico 25
2.4.3 – Jogos de regras 26
2.5 – Os jogos e o conhecimento matemático 27
2.6 – Jogos X autonomia
CAPÍTULO III
A psicomotricidade
3.1 – Conceito da psicomotricidade 30
3.2 – Breve história sobre a psicomotricidade 33
3.3 – A psicomotricidade Infantil 35
46
3.4 – A pré-escrita da criança 37
CONCLUSÃO 42
BIBLIOGRAFIA 43
ÍNDICE 45