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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR PARA ALUNOS DA EDUCAÇÃO
INFANTIL, PORTADORAS DA SÍNDROME DE DOWN.
Por: Juliana Alves
Orientadora
Profª Mestra Fabiane Muniz
Niterói 2009
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO”LATO SENSU”
A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR PARA ALUNOS DA EDUCAÇÃO
INFANTIL, PORTADORAS DA SÍNDROME DE DOWN.
Apresentação de monografia à Universidade
Cândido Mendes como requisito para obtenção
do grau de especialista em Psicomotricidade.
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus por me dar força para conquistar mais essa
vitória em minha vida, a minha mãe Eliana da Silva Alves, por todo carinho e
dedicação, a minha tia Lucineia da Silva Alves e ao amigo Celso e familia por
acreditarem e investirem nos meus estudos me dando essa oportunidade de
evoluir profissionalmente.
A minha professora orientadora Fabiane Muniz.
A todos que me ajudaram de forma direta ou indiretamente com idéias e
incentivos para que eu não desistisse.
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DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a minha família, em especial a minha mãe Eliana
da Silva Alves e minha tia Lucinéia da Silva Alves, por sempre acreditar e me
incentivar na conquista dos meus ideais e por estarem presentes nos
momentos de dificuldade, me dando força com seu grande carinho e
compreensão. Aos meus amigos Adriana Soares, Celso e família, Fabiana
Ferreira, Fabrício Franco, Lailla Teixeira, Ronaldo Mariano e todos que me
ajudaram de alguma forma me fortalecendo a cada dia.
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RESUMO
Este trabalho consta de pesquisa bibliográfica sobre as características,
causas, cuidados e a importância do brincar para crianças portadoras da
síndrome de Down. O trabalho realizado pesquisou o brincar como uma
atividade indispensável ao desenvolvimento global da criança portadora da
síndrome de Down. Através do brincar, da brincadeira e do brinquedo ela
supõe relação e interação social e para isso a participação nessa atividade
contribui para a formação de atitudes sociais, respeitando o tempo e a forma de
aprender de cada criança. Sabendo-se que a psicomotricidade é a relação do
pensamento e da ação, presente na emoção. Podemos concluir que é
brincando que a criança exercita de forma global e equilibrada todas essas
áreas. As crianças portadoras da síndrome de Down, passam boa parte da sua
vida sendo consideradas incapazes, tendo sua auto estima rebaixada
apresentando dificuldades em se relacionar socialmente. Quando brincam
exercitam suas potencialidades, provocando o funcionamento do pensamento,
adquirindo conhecimento sem estresse e sem medo, desenvolvendo a
sociabilidade. O brincar pode funcionar como um espaço através do qual a
criança deixa sair sua angustia, aprende a lidar com a separação, o crescer, a
autonomia e os limites. Todo o aprendizado que o brincar permite é
fundamental para a formação da criança em toda a sua vida. Há ainda muita
desinformação sobre essa síndrome. Este desconhecimento acaba levando ao
preconceito, o qual acabam sofrendo por vários anos sem saber que a sua
situação pode ser (facilmente) tratada. Devido à série de problemas
psicológicos, sociais e educacionais é muito importante que os profissionais da
área de saúde, educação, além das famílias, estejam informados sobre a
síndrome de Down e seus principais sintomas. Por outro lado, é ainda comum
encontrar entre leigos, a noção de que a criança portadora da síndrome de
Down seja um“problema”. Acusação que, freqüentemente resulta em sensação
de fracasso pelos pais, por isso, torna-se de suma importância que os
profissionais estejam preparados para suportar e desfazer este mito. Através
do brincar, podemos levar a criança com Síndrome de Down a auto-suficiência,
ocasionando uma maior independência e participação na comunidade.
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METODOLOGIA
A pesquisa a seguir, foi elaborada com características de um trabalho
unicamente bibliográfico. Foram coletados dados das mais variadas fontes de
consulta sobre o tema proposto. A coleta de dados se deu através bibliografias
em geral, reportagens e matérias publicadas na internet e pesquisa em sites.
A metodologia escolhida para responder ao tema proposto nesta
pesquisa foi de grande valia, pois definiu o tema adequadamente e ainda
constatou que a problemática tem a solução desejada.
Os principais teóricos abordados neste trabalho foram Fátima Alves,
Jean Le Bouche ,Maria Alice Setúbal e Piaget.
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SUMÁRIO.
Introdução..........................................................................................................8
Capitulo I- Síndrome de Down.
1.1- O que é síndrome de Down.........................................................................9
1.2- Causas e genética.......................................................................................9
1.3- Características clínicas..............................................................................11
1.4- Cuidados especiais....................................................................................13
1.5- Crianças portadoras da síndrome de Down: seu desenvolvimento e suas
relações.............................................................................................................16
Capitulo II- A educação infantil para crianças com síndrome de Down.
2.1- Processo educativo....................................................................................17
2.2- Enfoques da intervenção psicomotora junto à criança portadora da
síndrome de down.............................................................................................18
Capítulo III- O brincar
3.1- O que é brincar...........................................................................................20
3.2- A importância do brincar.............................................................................21
Capítulo IV- A Psicomotricidade
4.1- Psicomotricidade........................................................................................23
4.2- Educação psicomotora para crianças portadoras da síndrome de Down..23
4.3- Os benefícios psicomotoras e sócio-afetivas através do brincar...............24
4.4- A avaliação psicomotora em criança portadora da síndrome de Down.....26
4.5- O papel do psicomotricista enquanto facilitador da melhoria da qualidade
de vida do portador da síndrome de Down........................................................27
4.6- Sugestões de materiais..............................................................................28
Conclusão.........................................................................................................31
Referência Bibliográfica..................................................................................32
8
INTRODUÇÃO.
O trabalho aqui apresentado teve como finalidade precípua desenvolver
uma abordagem, que obviamente não se esgota em si. Contudo propôs-se a
despertar aos interessados a discussão quanto às crianças portadoras da
Síndrome de Down e a importância do brincar, levando em conta uma única
questão: Qual a importância do brincar para alunos da educação infantil
portadoras da síndrome de Down?
A criança portadora dessa síndrome tem dificuldades de adaptação na
sociedade, sendo necessário considerar os limites e possibilidades individuais
de cada deficiente. Devemos considerar os promissores resultados; sempre
levando em conta às condições físicas, psicológicas e emocionais da criança
portadora dessa deficiência fazendo com que aumentemos, definitivamente as
possibilidades de êxito no trabalho.
A psicomotricidade existe nos menores gestos e em todas as atividades
que desenvolve a motricidade da criança, visando ao conhecimento e ao
domínio do seu próprio corpo.
A estrutura da educação psicomotora é a base fundamental para o
processo intelecto e de aprendizagem da criança. O desenvolvimento evolui do
geral para o especifico, quando uma criança apresenta dificuldades na
aprendizagem, o fundo do problema no geral, está o nível das bases do
desenvolvimento psicomotor. Durante o processo de aprendizagem, os
elementos básicos da psicomotricidade são utilizados com freqüência. O
desenvolvimento do esquema corporal, lateralidade, estruturação espacial,
orientação temporal e pré-escrita são fundamentais para o desenvolvimento da
criança.
Através do brincar a criança aprende, se socializa e se integra ao meio.
Assim sendo ao longo desse estudo foi desenvolvido uma analise da
síndrome de Down, da educação infantil para portadores da síndrome de
Down, a importância do brincar e a educação psicomotora.
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CAPÍTULO I- SÍNDROME DE DOWN.
1.1- O que é síndrome de Down?
A síndrome de Down (SD) é um distúrbio genético, e a primeira pessoa
a descrever sobre a doença foi o médico John Langdon Down, em 1862. É a
forma mais freqüente de retardo psicomotor causada por uma anomalia
cromossômica miscroscopicamente demonstrável. É causada pela ocorrência
de três (trissomia) cromossomos 21, na sua totalidade ou de uma porção
fundamental dele, diferente do que muitos pensam, a síndrome de Down é uma
alteração genética. (ABC da saúde, 2006). Geralmente pode ser diagnosticada
ao nascimento ou logo depois por suas características dismórficas. (ALVES,
2008).
1.2 -Causas e genética
A presença de três cromossomas 21 no cariótipo é o sinal da síndrome
de Down por trissomia 21. Este cariótipo mostra uma síndrome de Down
adquirida por não-disjunção.
A síndrome de Down poderá ter quatro origens possíveis. Das doenças
congênitas que afetam a capacidade intelectual, a síndrome de Down é a mais
prevalecente . Esta síndrome engloba várias alterações genéticas das quais a
trissomia do cromossoma 21 é a mais freqüente (95% dos casos). A trissomia
21 é a presença duma terceira cópia do cromossoma 21 nas células dos
indivíduos afetados. Outras desordens desta síndrome incluem a duplicação do
mesmo conjunto de genes ( translações do cromossoma 21). Dependendo da
efetiva etiologia, a dificuldade na aprendizagem pode variar de mediana para
grave.
Os efeitos da cópia extra variam muito de indivíduo para indivíduo,
dependendo da extensão da cópia extra, do background genético, de fatores
10
ambientais, e de probabilidades. A síndrome de Down pode ocorrer em todas
as populações humanas, e efeitos análogos foram encontrados em outras
espécies como chimpanzés e ratos. (ABC da saúde, 2006).
A trissomia 21 poderá ser causada por um fenômeno de não-disjunção
meiótico. Neste caso, a criança terá três cópias de todos os genes presentes
no cromossomo 21. Esta é a causa apontada em 95% dos casos observados
de síndrome de Down.
O material extra poderá ser proveniente de uma translocação
Robertsoniana, isto é, o braço longo do Cromossoma 21 liga-se topo a topo
com outro cromossoma acrocêntrico (cromossomas 13, 14, 15, 21 ou 22),
podendo haver assim variabilidade na região extra. A mutação pode ser uma
mutação de novo e pode ser herdada de um dos progenitores que não
apresenta a doença pois tem uma translação Robertsoniana equilibrada. Por
disjunção normal na meiose os gametas são produzidos uma cópia extra do
braço longo do Cromossoma 21. Esta é a causa de 2 - 3% das síndromes de
Down observadas. É também conhecida como "síndrome de Down familiar".
O indivíduo pode ser um mosaico de células com arranjo genético normal e
células com trissomia 21. Esta é a causa apontada em 1-2% dos casos
analisados de síndrome de Down.
Isto pode acontecer de duas maneiras:
• uma não-disjunção numa divisão celular durante as primeiras divisões
do zigoto, ficando assim essa célula com uma trissomia 21, dando
origem a mais células iguais a si nas divisões seguintes e as restantes
células permanecendo normais;
• um zigoto ou embrião com síndrome de Down sofrer uma igual mutação,
revertendo assim as células para um estado de euploidia, isto é, correto
número de cromossomas, que não possuem trissomia 21.
Existe, obviamente, uma variabilidade na fração nº de células trissômicas,
nº de células euplóides, tanto no total como dentro de um próprio tecido. Note-
11
se que é provável que muitas pessoas tenham uma pequena fração de células
aneuplóides, isto é, com número de cromossomas alterado.
Muito raramente, uma região do cromossoma 21 poderá sofrer uma
fenômeno de duplicação. Isto levaria a uma quantidade extra de genes deste
cromossoma, mas não de todos, podendo assim haver manifestações da
doença. (CANNING, 2003).
1.3- Características clínicas.
As três principais características da síndrome de Down são a hipotonia
(flacidez muscular, o bebê é mais "molinho"), o comprometimento intelectual (a
pessoa aprende mais devagar) e a aparência física. Uma pessoa com a
síndrome pode apresentar todas ou algumas das seguintes condições físicas:
olhos amendoados, uma prega palmar transversal única (também conhecida
como prega simiesca), dedos curtinhos, fissuras palpebrais oblíquas, ponte
nasal achatada, língua protrusa (devido à pequena cavidade oral), pescoço
curto, pontos brancos nas íris conhecidos como manchas de Brushfield, uma
flexibilidade excessiva nas articulações, defeitos cardíacos congênitos, espaço
excessivo entre o hálux e o segundo dedo do pé.
Apesar da aparência às vezes comum entre pessoas com síndrome de
Down, é preciso lembrar que o que caracteriza realmente o indivíduo é a sua
carga genética familiar, que faz com que ele seja parecido com seus pais e
irmãos.
As crianças com síndrome de Down encontram-se em desvantagem em
níveis variáveis face a crianças sem a síndrome, já que a maioria dos
indivíduos com síndrome de Down possuem retardo mental de leve (QI 50-70)
a moderado (QI 35-50), com os escores do QI de crianças possuindo síndrome
de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso,
indivíduos com síndrome de Down podem ter sérias anomalias afetando
qualquer sistema corporal.
Outra característica frequente é a microcefalia, um reduzido peso e
tamanho do cérebro. O progresso na aprendizagem é também tipicamente
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afetado por doenças e deficiências motoras, como doenças infecciosas
recorrentes, problemas no coração, problemas na visão (miopia, astigmatismo
ou estrabismo) e na audição.
• As cardiopatias congênitas afetam 40% (30-60%) destas crianças
(defeitos do septo e tetralogia de Fallot). São as principais causas de
morte das crianças com este síndrome. No entanto, se forem corrigidas,
a esperança de vida destas crianças é bastante elevada.
• A afecção do foro gastroenterológico mais frequente é a artéria
duodenal, mas também aparecem a estenose pilórica, a doença de
Hirschsprung e as fístulas traqueo-esofágicas. A incidência total de
malformações gastroenterológicas é de 12%.
• 3% destas crianças têm cataratas congênitas importantes que devem
ser extraídas precocemente. Também são mais frequentes os
glaucomas.
• A hipotonia é muito frequente no recém-nascido, o que pode interferir
com a alimentação ao peito. Normalmente a alimentação demora mais
tempo e apresenta mais problemas devidos à protrusão da língua. A
obstipação é mais frequente devido à hipotonia da musculatura
intestinal.
• O hipotireoidismo congénito é mais frequente nas crianças com
trissomia 21.
• A laxidão das articulações e a hipotonia combinadas podem aumentar a
incidência de luxação congênita da anca embora esta alteração seja
rara.
• As convulsões são mais frequentes, com incidência de 10%.
• A imunidade celular está diminuída, pelo que são mais frequentes
determinadas infecções, como as respiratórias. Habitualmente têm
hipertrofia dos adenóides e das amídalas. Há uma maior incidência de
leucemias.
• São muito frequentes as alterações auditivas nestas crianças devido a
otites serosas crônicas e os defeitos da condução neurosensorial.
13
• Há uma grande controvérsia sobre a instabilidade atlantoaxial.
Radiologicamente, 15% ou mais dos casos apresentam evidência deste
fato, mas há muito poucas crianças com problemas neurológicos
associados.
• Há um atraso no crescimento com tendência para a obesidade.
• Os dentes tendem a ser pequenos e espaçados irregularmente.
• Existem evidências de menor incidência de cancro; isto tem levado a
pesquisas que sugerem que os genes que combatem o cancro estão no
cromossoma 21. (ABC DA SAÚDE)
1.4- Cuidados especiais.
Vários aspectos podem contribuir para um aumento do desenvolvimento
da criança com síndrome de Down: intervenção precoce na aprendizagem,
monitorização de problemas comuns como a tiróide, tratamento medicinal
sempre que relevante, um ambiente familiar estável e condutor, práticas
vocacionais, são alguns exemplos. Por um lado, a síndrome de Down salienta
as limitações genéticas e no pouco que se pode fazer para as sobrepor; por
outro, também salienta que a educação pode produzir excelentes resultados
independentemente do início. Assim, o empenho individual dos pais,
professores e terapeutas com estas crianças pode produzir resultados positivos
inesperados.
As crianças com Síndrome de Down frequentemente apresentam
redução do tônus dos órgãos fonoarticulatórios e, consequentemente, falta de
controle motor para articulação dos sons da fala, além de um atraso no
desenvolvimento da linguagem. O fonoaudiólogo será o terapeuta responsável
por adequar os órgãos responsáveis pela articulação dos sons da fala além de
contribuir no desenvolvimento da linguagem.
Os cuidados com a criança com S.D. não variam muito dos que se dão
às crianças sem a síndrome. Os pais devem estar atentos a tudo o que a
criança comece a fazer sozinha, espontaneamente e devem estimular os seus
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esforços. Devem ajudar a criança a crescer, evitando que ela se torne
dependente; quanto mais a criança aprender a cuidar de si mesma, melhores
condições terá para enfrentar o futuro. A criança com S.D. precisa participar da
vida da família como as outras crianças. Deve ser tratada como as outras, com
carinho, respeito e naturalidade. A pessoa com S.D. quando adolescente e
adulta tem uma vida semi-independente. Embora possa não atingir níveis
avançados de escolaridade pode trabalhar em diversas outras funções, de
acordo com seu nível intelectual. Ela pode praticar esportes, viajar, frequentar
festas, etc.
Pessoas com síndrome de Down têm apresentado avanços
impressionantes e rompido muitas barreiras. Em todo o mundo, há pessoas
com síndrome de Down estudando, trabalhando, vivendo sozinhas, se casando
e chegando à universidade.
As crianças com síndrome de Down necessitam do mesmo tipo de
cuidado clínico que qualquer outra criança. Contudo, há situações que exigem
alguma atenção especial como:
• Oitenta a noventa por cento das crianças com síndrome de Down têm
deficiências de audição. Avaliações audiológicas precoces e exames de
seguimento são indicados.
• Trinta a quarenta por cento destas crianças têm alguma doença congênita
do coração. Muitas destas crianças terão que se submeter a uma cirurgia
cardíaca e, freqüentemente precisarão dos cuidados de um cardiologista
pediátrico por longo prazo.
• Anormalidades intestinais também acontecem com uma freqüência maior
em crianças com síndrome de Down. Por exemplo, estenose ou artéria do
duodeno, imperfuração anal e doença de Hirschsprung. Estas crianças
também podem necessitar de correção cirúrgica imediata destes problemas.
• Crianças com síndrome de Down freqüentemente têm mais problemas
oculares que outras crianças. Por exemplo, três por cento destas crianças
têm catarata. Elas precisam ser tratadas cirurgicamente. Problemas
oculares como estrabismo, miopia, e outras condições são freqüentemente
15
observadas em crianças com síndrome de Down.
• Outra preocupação relaciona-se aos aspectos nutricionais. Algumas
crianças, especialmente as com doença cardíaca severa, têm dificuldade
constante em ganhar peso. Por outro lado, obesidade é freqüentemente
vista durante a adolescência. Estas condições podem ser prevenidas pelo
aconselhamento nutricional apropriado e orientação dietética preventiva.
• Deficiências de hormônios tireoideanos são mais comuns em crianças com
síndrome de Down do que em crianças normais. Entre 15 e 20 por cento
das crianças com a síndrome têm hipotireoidismo. É importante identificar
as crianças com síndrome de Down que têm problemas de tireóide, uma vez
que o hipotireoidismo pode comprometer o funcionamento normal do
sistema nervoso central.
• Problemas ortopédicos também são vistos com uma freqüência mais alta
em crianças com síndrome de Down. Entre eles incluem-se a subluxação da
rótula (deslocamento incompleto ou parcial), luxação de quadril e
instabilidade de atlanto-axial. Esta última condição acontece quando os dois
primeiros ossos do pescoço não são bem alinhados devido à presença de
frouxidão dos ligamentos. Aproximadamente 15% das pessoas com
síndrome de Down têm instabilidade atlanto-axial. Porém, a maioria destes
indivíduos não tem nenhum sintoma, e só 1 a 2 por cento de indivíduos com
esta síndrome têm um problema de pescoço sério o suficiente para requerer
intervenção cirúrgica.
• Outros aspectos médicos importantes na síndrome de Down incluem
problemas imunológicos, leucemia, doença de Alzheimer, convulsões,
apnéia do sono e problemas de pele. Todos estes podem requerer a
atenção de especialistas.
1.5- Crianças portadoras da síndrome de Down: seu
desenvolvimento e suas relações.
A pessoa portadora da síndrome de Down, sobre tudo, a criança, revela
predisposição demorada para a aprendizagem, já que nessas pessoas o
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estimulo e as respostas cerebrais são processos lentos. Diante de uma tarefa,
essa criança não se concentra. O educador não deve exigir sua atenção por
um longo tempo. Além disso, sempre deve ser verificado se o trabalho é
interessante para ela, pois o desinteresse acontece nas tarefas que são fáceis
demais ou, pelo contrário, muito difíceis.
Rosa (1993), nos lembra que a infância dessas crianças é marcada por
um temperamento amigável, solidário, responsável e cooperativo. Sendo
assim, facilitando o seu desenvolvimento no processo de socialização.
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CAPÍTULO II - A EDUCAÇÃO INFANTIL PARA
CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN.
2.1- O processo educativo.
A educação especial é uma modalidade de ensino, que visa promover o
desenvolvimento global a alunos portadores de deficiências, que necessitam de
atendimento especializado, respeitando as diferenças individuais, de modo a
lhes assegurar o pleno exercício dos direitos básicos de cidadão e efetiva
integração social. Proporcionar ao portador de deficiência a promoção de suas
capacidades envolve o desenvolvimento pleno e sua personalidade, a
participação ativa na vida social e no mundo do trabalho, são objetivos
principais da educação especial e assim como o desenvolvimento bio-psíquico-
social, proporcionando aprendizagem que conduzam a criança portadora de
necessidades especiais maior autonomia. A prática pedagógica adaptada as
diferenças individuais vêem sendo promovidas dentro das escolas do ensino
regular. No entanto, requerem metodologias, procedimentos pedagógicos,
materiais e equipamentos adaptados.
O professor especializado deve valorizar as reações afetivas de seus
alunos e estar atento a seu comportamento global, para solicitar recursos mais
sofisticados como a revisão médica e psicológica. E outro fato de estrema
importância na educação especial é o fato de que o professor deve considerar
o aluno como uma pessoa inteligente, que tem vontades e afetividades e estas
devem ser respeitada, pois o aluno não é apenas um ser que aprende.
A educação especial atualmente é prevista por lei e foi um direito
adquirido ao longo da conquista dos direitos humanos. A garantia de acesso a
educação e permanência da escola requerem a prática de uma política de
respeito às diferenças individuais.( VAYER, 1988).
18
2.2- Enfoques da intervenção psicomotora junto à criança
portadora da síndrome de Down.
A criança portadora da síndrome de Down apresenta muitas debilidades
e limitações, assim o trabalho da psicomotricidade deve primordialmente
respeitar o ritmo da criança e proporcionar-lhe estimulação adequada para
desenvolvimento de suas habilidades. Programas devem criados e
implementados de acordo com as necessidades especificas das crianças.
Segundo Piaget (1979), a educação da criança é uma atividade
complexa, pois exige adaptações de ordem curricular que requerem cuidadoso
acompanhamento dos educadores e pais.
Freqüentar a escola permitirá a criança especial adquirir, progressivamente,
conhecimentos, cada vez mais complexos que serão exigidos da sociedade e
cujas bases são indispensáveis para a formação de qualquer individuo.
O individuo é considerado como instrumento essencial à interação e
ação. E como descreve Piaget, o conhecimento não procede, em suas origens,
nem de um sujeito consciente de si mesmo, nem de objetos já constituídos e
que a ele se impunham. O conhecimento resulta de interação entre os dois.
Dessa forma consideramos, que a escola deve adotar uma proposta
curricular, que se baseie na interação sujeito objeto, envolvendo o
desenvolvimento desde o começo.
O ensino das crianças especiais deve ocorrer de forma agradável e que
desperte interesse na criança. Normalmente o lúdico atrai muito a criança, na
primeira infância, e é um recurso muito utilizado, pois permite o
desenvolvimento global da criança através da estimulação de diferentes áreas.
O atendimento a criança portadora da síndrome de Down deve ocorrer
de forma gradual, pois estas crianças não conseguem absorver grande número
de informações. também não devem ser apresentadas, as crianças Down
informações isoladas ou mecânicas, de forma que a aprendizagem deve
ocorrer de forma facilitada, através de movimentos prazerosos.
É importante que o profissional promova o desenvolvimento da
aprendizagem nas situações diárias da criança e a evolução gradativa da
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aprendizagem deve ser respeitada. Não é adequada pular etapas ou exigir da
criança atividades que ela não possa realizar, pois estas atitudes não trazem
benefícios a criança e ainda podem causar estresse.
Em crianças com síndrome de Down é comum observamos evolução
desarmônica e movimentos estereotipados. Esta defasagem pode ser
compensada através do planejamento psicomotor bem direcionada, que lhe
proporcionam experiências fundamentais para a sua adaptação. (ABC DA
SAÚDE 2003).
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CAPÍTULO III - O BRINCAR
3.1- O que é brincar .
Brincar sempre foi e sempre será uma atividade espontânea e muito
prazerosa, acessível a todo ser humano, de qualquer faixa etária, classe social
ou condição econômica. Brincar é:
- comunicação e expressão, associando pensamento e ação;
- um ato instintivo-voluntário;
- uma atividade exploratória;
- ajuda às crianças no seu desenvolvimento físico, mental, emocional e social;
- um meio de aprender a viver e não um mero passatempo.
Maria Alice Setúbal (1967), afirma que podemos identificar o brincar em
dois momentos: nas brincadeiras tradicionais, momento em que o indivíduo se
insere na memória coletiva e na história de vida própria do indivíduo, que
recorre às suas experiências no momento de brincar. Ao relacionar-se com
conteúdos do passado e do presente, através de sua participação no grupo de
brincadeiras, o indivíduo pode dar sentido ao seu mundo, ao seu existir neste
mundo.
Brincar é tão importante quanto estudar, ajuda a esquecer momentos
difíceis. Quando brincamos conseguimos, sem muito esforço, encontrar
respostas a várias indagações, podemos sanar dificuldades de aprendizagem,
bem como interagimos com nossos semelhantes.
O brincar é importante porque incentiva a utilização de brincadeiras e
jogos. Quando brincamos exercitamos nossas potencialidades, provocamos o
funcionamento do pensamento, adquirimos conhecimento sem estresse e sem
medo, desenvolvemos a sociabilidade, cultivamos a sensibilidade, nos
desenvolvemos intelectualmente, socialmente e emocionalmente. Todo
aprendizado que o brincar permite é fundamental para a formação da criança
em todas as etapas da sua vida.
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3.2- Qual a importância do brincar.
A brincadeira é uma atividade inerente ao ser humano. Durante a
infância ela desempenha um papel fundamental na formação e no
desenvolvimento físico, emocional e intelectual do futuro adulto.
As brincadeiras das crianças deveriam ser consideradas suas atividades
mais sérias. Ao observar uma criança brincando, o adulto pode compreender
como ela vê e constrói o mundo, como ela gostaria que ele fosse, o que a
preocupa e os problemas que a cercam.
Através do brincar, a criança pode desenvolver sua coordenação
motora, suas habilidades visuais e auditivas, seu raciocínio criativo e
inteligência. Está comprovado que a criança que não tem grandes
oportunidades de brincar e com quem os pais raramente brincam sofrem
bloqueios e rupturas em seus processos mentais.
Conta-se que Einstein, até os três anos, não conseguia falar e
usava blocos de construção e quebra-cabeças para se comunicar.
Brincando, ela começa a entender como as coisas funcionam, o que
pode e não pode ser feito, aprende que existem regras que devem ser
respeitadas, se quer ter amiguinhos para brincar e, principalmente, aprende a
perder e a ver que o mundo não acaba por causa disso. Descobre que, se ela
perde um jogo hoje, pode ganhar em outro amanhã.
Uma criança é criança porque brinca. Se não consegue brincar, não
está bem; se seus pais não a deixam brincar, eles também não estão bem. Se
o brincar é pobre de imaginação ou fixo em algum objeto, a criança não está
conseguindo fantasiar a partir de suas necessidades de elaboração e, ainda
nesse caso, não deve estar bem.
Por outro lado, como tudo que é extremo não funciona bem, quando
uma criança vive somente no seu mundo de fantasias ou seus pais só se
referem a ela “de brincadeira”, há algo errado com algum deles. ( SETÚBAL,
1967).
Finalmente, o brincar pode funcionar como um espaço através do
qual a criança deixa sair sua angústia, aprende a lidar com a separação, o
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crescer, a autonomia, os limites.
Lembrando as palavras de Winnicott:
"É no brincar, e talvez apenas no brincar, que a criança ou o adulto
fruem sua liberdade de criação."
23
CAPÍTULO IV – A PSICOMOTRICIDADE
4.1- Psicomotricidade.
A ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu
corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo.
Está relacionada ao processo de maturação onde o corpo é a origem das
aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. É sustentada por três
conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o afeto.
Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma concepção
de movimento organizado e integrado para uma concepção de movimento
organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja
ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização.
( ZAUSMER, 2003)
4.2- Educação psicomotora para crianças portadoras da
síndrome de Down.
A educação psicomotora visa desenvolver corretamente à aprendizagem
de caráter preventivo do desenvolvimento integral do individuo nas etapas do
crescimento. Ajuda a criança a adquirir o estagio de perfeição até o final da
infância( sete- onze anos), nos seus aspectos neurológicos de maturação , nos
planos rítmico e espacial, no plano de palavra e no corporal.
Os fatores psicomotores a serem trabalhados nas atividades na
educação psicomotora são:
1- Atividade tônica
Tonicidade;
Equilíbrio;
2- Atividade Psicofuncional
Lateralidade;
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Noção do corpo;
Estruturação espaço- corporal.
3- Atividade de relação
Memória corporal
Nas crianças portadoras da síndrome de Down, através de jogos e
brincadeiras, que parece passatempos, as crianças são preparadas para um
aprendizado posterior, mostrando-lhes os limites.
È importante que se leve em consideração os aspectos:
1- Socioafetivo - Favorecendo sua auto-imagem positiva, valorizando suas
possibilidades de ação e crescimento.
2- Cognitivo- Através das descobertas e resoluções de situações, ele constrói
as noções e conceitos. Enfrentando desafios e trocando experiências com os
colegas e adultos, ele desenvolve seu pensamento.
3- Psicomotor- Através de seus movimentos e exploração do corpo e do meio a
sua volta. Realizando atividades que envolvam esquema e imagem corporal,
lateralidade, relações temporo- espaciais.
4.3- Os benefícios psicomotores e sócio-afetivos através do
brincar.
O brincar proporciona vários benefícios nos domínios cognitivos,
psicomotor, afetivo, de acordo com Rosadas (1989), ele subdivide esses
domínios em várias áreas, aonde o brincar influencia diretamente.
Só que nem todos os portadores com síndrome de Down chega atingir
todas essas áreas e as vezes nem a metade delas, devido a deficiência. Mas
quando conseguem pelo menos uma dessas áreas de cada domínio torna-se
para eles uma grande vitória.
Juncken (1987) , refere que uma criança com síndrome de Down tem tendência
para melhorar, por que o seu sistema nervoso central continua a amadurecer
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com o correr do tempo, porém esse amadurecimento é mais lento do que o
observados nas crianças normais.
Para estimular o portador da síndrome de Down durante a pratica do
brincar, surge a figura da família e da sociedade bem informada. A família “é a
melhor auxiliar da reabilitação que conhecemos” conta Rosadas (1989). De
nada adianta também motiva - lo se não acreditamos em sua própria
capacidade e potencialidade.
MARANHÃO (2001), nos diz que o brincar pode proporcionar uma
melhora na participação social, pois pode leva -lo a uma condição física mais
satisfatória, um comportamento mais socializado, seguro e motivado.
A sociedade de hoje infelizmente está muito exigente, perfeccionista e
calculista, impedindo que essas pessoas participem no processo mais comum
de socialização.
O papel dos pais como agente socializador é fundamental, pois são eles
que as crianças se identificam, em forma geral eles procuram copiar sua
característica de personalidade, dessa forma é determinado o desenvolvimento
social deles.
O grande problema e que todos, tanto na família quanto a sociedade
sempre os acham (quando começam a perceber as suas diferenças),
incapazes de realizar tarefas e assumir responsabilidades, ou então, porque
seu organismo e deficiente e ele não pode se esforçar muito e que todas as
vontades devem ser realizadas para que ele não se decepcione. E é ai que o
brincar entra como agente socializador.
O desenvolvimento motor é um fenômeno que permeia a vida de todas
as pessoas, ele possibilita a realização de atos motores essenciais à vida diária
não só por sua excepicionalidade, mais também por sua ubiqüidade (ALVES,
2008).
O desenvolvimento de uma criança com síndrome de Down ocorre em
ritmo mais lento, podendo ter dificuldade em sustentação da cabeça e dos
membros pelo grau hipotonia onde ela é diminuída no decorrer do
desenvolvimento motor (UMPHRED, 2004).
O brincar é um grande agente socializador, pois quando a criança
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começa a brincar ela esquece dos próprios defeitos e se iguala ao amigo, e é
esse o sentindo da socialização.
Em suma, desenvolvimento motor enfoca o estudo das mudanças
qualitativas e quantitativas de ações motoras do ser humano ao longo da sua
vida.
4.4- A avaliação psicomotora em crianças portadoras da
síndrome de Down.
A avaliação de qualquer aspecto é de fundamental importância, pois
através dela é possível obter as informações necessárias para trabalhar com o
individuo que apresenta o problema detectado.
É através da avaliação que o profissional poderá observar o começo de
um tratamento, de onde começará e prever muitas vezes sua continuidade.
È muito importante sinalizar que, na maioria dos casos, uma única
avaliação não é o suficiente para detectar o distúrbio encontrado, sendo
necessário entender a avaliação como um processo continuo.
O tempo da avaliação, para ser mais precisa, é de 60 minutos no
mínimo. É importante sinalizar que, para obter boas e nítidas respostas, é
necessário que se façam no mínimo duas avaliações, informando ao
responsável que mesmo após o começo do tratamento, o individuo estará
sempre em observação e nisso estará sendo avaliado, já que muitas vezes, a
avaliação propriamente dita, o individuo não responde à mesma, ou por não
estar afim ou mesmo por não conseguir responde-la e até mesmo o avaliado
poderá mascar de alguma forma uma informação e essa poderá ser detectada
no meio do tratamento.
Durante a mesma é importante observar que:
não é necessário a presença do responsável no momento da avaliação,
• o avaliado deverá estar se sentindo à vontade e bem;
• o avaliado e seus familiares deverão sentir segurança no avaliador;
• o ambiente da avaliação deverá ser favorável e agradável;
• após o término da avaliação total, o avaliador deverá marcar um
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encontrão com os responsáveis do avaliado para que se dê um retorno da
mesma, e o avaliado deverá estar ciente.
• o ambiente tem que ser favorável, sendo arejado, limpo, claro,
mostrando muita harmonia.
4.5 O papel do psicomotricista enquanto facilitador da melhoria
da qualidade de vida do portador da síndrome de Down.
O psicomotricista é um profissional da área de saúde e educação que
pesquisa, avalia, previne e trata do homem na aquisição, no desenvolvimento e
nos transtornos da integração somato-psíquica e da retrôgenese. Este é um
especialista que busca oferecer meios para propiciar á pessoa a experiência do
prazer sensoriomotor através do movimento que ela realiza ligado ás
sensações proprioceptivas, como na marcha, corrida, n o salto, na perda de
equilíbrio num balanço, etc.
As suas áreas de atuação são educação, clínica, consultoria, supervisão
e pesquisa. A clientela atendida são crianças em fase de desenvolvimento;
bebês de alto risco; crianças com dificuldades / atrasos no desenvolvimento
global; pessoas portadoras de necessidades especiais; deficiências sensoriais,
motoras, mentais e psíquicas; família e a 3º idade.
O mercado de trabalho incluem creches, escolas, escolas especiais,
clinicas multidisciplinares , consultórios, clinicas geriátricas, postos de saúde,
hospitais e empresas.
O psicomotricista é um profissional que congrega conhecimentos na
área de saúde e educação a fim de intervir no processo de auto conhecimento
e potencializá-lo ou para sanar possíveis dificuldades. Portanto seu trabalho
pode acaba por assumir, na maioria dos casos, um caráter terapêutico.
A avaliação psicomotora envolve anamnese com os pais ou
responsáveis, entrevista com a criança ou o adolescente, contato com a escola
e principalmente com a professora, e a avaliação do material escolar produzida
pela criança ou pela adolescente necessita de tratamento.
Ao psicomotricista cabe observar toda e qualquer atitude da criança ou
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adolescente portadora da síndrome de Down, com o objetivo de constar se há
autonomia e espontaneidade na forma como o portador se organiza frente à
realidade, quando não há alguém que lhe diga o que fazer, como e quando
fazê-lo. Pois algumas crianças tornam-se inseguras diante de excesso de
críticas, principalmente por parte dos pais, e se acostumam a perguntar o que,
como e quando fazer algo ou confirmar depois de já ter feito algo.
A observação psicomotora é fundamental para avaliar como será feita a
abordagem cognitivo-comportamental, que possui diversas técnicas que
objetivam minimizar os sintomas da síndrome de Down, que é feita de acordo
com cada caso, e criar um ambiente com o nível de estimulação adequada,
estruturar atividades de modo e evitar pressões, excesso de tarefas, o meio
familiar e escolar às dificuldades do portador. E o psicomotricista nesse caso
entra como facilitador dessas situações.
4.6 Sugetões de materiais:
A marca da prática psicomotora é o desenvolvimento do prazer
psicomotor, e esta é uma importante via de mudança.
O material utilizado na pratica psicomotora deve ser facilitador de:
- Estimulações labirínticas favorecedoras do prazer sensoriomotor:
grandes bolas, material para embalar( balanço, corda)
- Deslizamentos em solo ou em plano inclinado, favorecedores de
estimulações labirínticas e de contato.
As experiências do balanceio, giração, queda, representam atividades
motoras, que favorecem o equilíbrio / desiquilibrio e atuam sobre o tônus
(tensão / repouso). Propiciam as experiências de peso, de força centrifuga, de
propiocepção e de contato com as emoções, favorecem o apuramento da
percepção cinestésica, a construção do esquema corporal, o prazer do
movimento e o prazer de existir.
A busca do prazer e do desejo pelo movimento / deslocamento, deve ser
despertada principalmente em crianças com deficiências motoras e
psicológicas. Não se trata de um trabalho fisioterápico dentro de uma
abordagem da manipulação mecânica. A intervenção psicomotora leva em
29
consideração a globalidade tônica da criança buscando a globalidade de seu
movimento. No trabalho com a criança com deficiência em seu movimento, o
trabalho se define a partir das possibilidades de movimento pela criança, uma
vez que só a partir do prazer que o movimento lhe dá é que a criança poderá
progredir na conquista de novos espaços. Trata-se de uma prática que possa
estimular o prazer pelo movimento.
Os materiais utilizados em psicomotricidade, de forma geral, são:
• Panos;
• Tecidos;
• Bolas;
• Instrumento de música;
• Bonecos;
• Fantoches;
• Roupas;
• Barbante;
• Sapatos;
• Serpentina.
Nas atividades em grupo, os materiais podem ter as características de
inclusão, de simbolização, de vinculação. Os materiais que favorecem a
inclusão são:
• Bolas;
• Cordas;
• Jogos e brinquedos;
• Colchão;
• Instrumento de musica;
• Bonecos;
• Fantoches.
Esses materiais são dinâmicos, favorecem mais o movimento do que o
contato.
Os materiais que favorecem a vinculação são:
• Panos;
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• Cordas de algodão;
• Cordas de alpinistas;
• Bolas;
• Bambolês;
Na intermediação entre a vinculação e a diferenciação está o jornal.
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CONCLUSÃO
Os dados obtidos levaram a conclusão de que o brincar é
primordial para o desenvolvimento físico, emocional e intelectual da criança. A criança portadora da síndrome de Down encontra-se em desvantagem
em níveis variáveis face a criança sem a síndrome, já que a maioria dos
indivíduos com síndrome de Down possuem retardo mental de leve (QI 50-70)
a moderado (QI 35-50). Além disso, indivíduos com síndrome de Down podem
ter várias anomalias afetando qualquer sistema corporal.
A estimulação do portador da síndrome de Down é extremamente
importante para o desenvolvimento normal da criança e minimizar as
ocorrências de déficits no desenvolvimento motor, já que ocorre de forma mais
lenta,
A educação especial é determinante no processo de estimulação inicial.
Cabe ao profissional trabalhar nas crianças suas capacidades para que
possam praticar atividades diárias. Para que isso ocorra é necessário
profissionais especializados e cuidados especiais devem ser tomados, a fim de
facilitar e possibilitar um maior rendimento e desenvolvimento educacional de
tal síndrome.
A psicomotricidade entre como uma concepção de movimento
organizado e integrado em função de experiências vividas pelo sujeito cuja
ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização.
O psicomotricista é um especialista que busca oferecer meios para
propiciar à pessoa a experiência do prazer sensório motor através do
movimento que ela realiza ligado as sensações proprioceptivas. E o brincar
entra como objeto facilitador desse trabalho, pois quando a criança brinca,
exercita suas potencialidades, provocando o funcionamento do pensamento
adquirindo conhecimento sem estresse e sem medo, desenvolvendo a
sociabilidade, se desenvolve intelectualmente socialmente e emocionalmente.
Todo o aprendizado que o brincar permite é fundamental para a formação da
criança em todas as etapas de sua vida.
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