universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato … · 2009-08-06 · de down do tipo mosaico...

33
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR PARA ALUNOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL, PORTADORAS DA SÍNDROME DE DOWN. Por: Juliana Alves Orientadora Profª Mestra Fabiane Muniz Niterói 2009

Upload: others

Post on 18-Mar-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR PARA ALUNOS DA EDUCAÇÃO

INFANTIL, PORTADORAS DA SÍNDROME DE DOWN.

Por: Juliana Alves

Orientadora

Profª Mestra Fabiane Muniz

Niterói 2009

Page 2: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO”LATO SENSU”

A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR PARA ALUNOS DA EDUCAÇÃO

INFANTIL, PORTADORAS DA SÍNDROME DE DOWN.

Apresentação de monografia à Universidade

Cândido Mendes como requisito para obtenção

do grau de especialista em Psicomotricidade.

Page 3: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

3

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por me dar força para conquistar mais essa

vitória em minha vida, a minha mãe Eliana da Silva Alves, por todo carinho e

dedicação, a minha tia Lucineia da Silva Alves e ao amigo Celso e familia por

acreditarem e investirem nos meus estudos me dando essa oportunidade de

evoluir profissionalmente.

A minha professora orientadora Fabiane Muniz.

A todos que me ajudaram de forma direta ou indiretamente com idéias e

incentivos para que eu não desistisse.

Page 4: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

4

DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a minha família, em especial a minha mãe Eliana

da Silva Alves e minha tia Lucinéia da Silva Alves, por sempre acreditar e me

incentivar na conquista dos meus ideais e por estarem presentes nos

momentos de dificuldade, me dando força com seu grande carinho e

compreensão. Aos meus amigos Adriana Soares, Celso e família, Fabiana

Ferreira, Fabrício Franco, Lailla Teixeira, Ronaldo Mariano e todos que me

ajudaram de alguma forma me fortalecendo a cada dia.

Page 5: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

5

RESUMO

Este trabalho consta de pesquisa bibliográfica sobre as características,

causas, cuidados e a importância do brincar para crianças portadoras da

síndrome de Down. O trabalho realizado pesquisou o brincar como uma

atividade indispensável ao desenvolvimento global da criança portadora da

síndrome de Down. Através do brincar, da brincadeira e do brinquedo ela

supõe relação e interação social e para isso a participação nessa atividade

contribui para a formação de atitudes sociais, respeitando o tempo e a forma de

aprender de cada criança. Sabendo-se que a psicomotricidade é a relação do

pensamento e da ação, presente na emoção. Podemos concluir que é

brincando que a criança exercita de forma global e equilibrada todas essas

áreas. As crianças portadoras da síndrome de Down, passam boa parte da sua

vida sendo consideradas incapazes, tendo sua auto estima rebaixada

apresentando dificuldades em se relacionar socialmente. Quando brincam

exercitam suas potencialidades, provocando o funcionamento do pensamento,

adquirindo conhecimento sem estresse e sem medo, desenvolvendo a

sociabilidade. O brincar pode funcionar como um espaço através do qual a

criança deixa sair sua angustia, aprende a lidar com a separação, o crescer, a

autonomia e os limites. Todo o aprendizado que o brincar permite é

fundamental para a formação da criança em toda a sua vida. Há ainda muita

desinformação sobre essa síndrome. Este desconhecimento acaba levando ao

preconceito, o qual acabam sofrendo por vários anos sem saber que a sua

situação pode ser (facilmente) tratada. Devido à série de problemas

psicológicos, sociais e educacionais é muito importante que os profissionais da

área de saúde, educação, além das famílias, estejam informados sobre a

síndrome de Down e seus principais sintomas. Por outro lado, é ainda comum

encontrar entre leigos, a noção de que a criança portadora da síndrome de

Down seja um“problema”. Acusação que, freqüentemente resulta em sensação

de fracasso pelos pais, por isso, torna-se de suma importância que os

profissionais estejam preparados para suportar e desfazer este mito. Através

do brincar, podemos levar a criança com Síndrome de Down a auto-suficiência,

ocasionando uma maior independência e participação na comunidade.

Page 6: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

6

METODOLOGIA

A pesquisa a seguir, foi elaborada com características de um trabalho

unicamente bibliográfico. Foram coletados dados das mais variadas fontes de

consulta sobre o tema proposto. A coleta de dados se deu através bibliografias

em geral, reportagens e matérias publicadas na internet e pesquisa em sites.

A metodologia escolhida para responder ao tema proposto nesta

pesquisa foi de grande valia, pois definiu o tema adequadamente e ainda

constatou que a problemática tem a solução desejada.

Os principais teóricos abordados neste trabalho foram Fátima Alves,

Jean Le Bouche ,Maria Alice Setúbal e Piaget.

Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

7

SUMÁRIO.

Introdução..........................................................................................................8

Capitulo I- Síndrome de Down.

1.1- O que é síndrome de Down.........................................................................9

1.2- Causas e genética.......................................................................................9

1.3- Características clínicas..............................................................................11

1.4- Cuidados especiais....................................................................................13

1.5- Crianças portadoras da síndrome de Down: seu desenvolvimento e suas

relações.............................................................................................................16

Capitulo II- A educação infantil para crianças com síndrome de Down.

2.1- Processo educativo....................................................................................17

2.2- Enfoques da intervenção psicomotora junto à criança portadora da

síndrome de down.............................................................................................18

Capítulo III- O brincar

3.1- O que é brincar...........................................................................................20

3.2- A importância do brincar.............................................................................21

Capítulo IV- A Psicomotricidade

4.1- Psicomotricidade........................................................................................23

4.2- Educação psicomotora para crianças portadoras da síndrome de Down..23

4.3- Os benefícios psicomotoras e sócio-afetivas através do brincar...............24

4.4- A avaliação psicomotora em criança portadora da síndrome de Down.....26

4.5- O papel do psicomotricista enquanto facilitador da melhoria da qualidade

de vida do portador da síndrome de Down........................................................27

4.6- Sugestões de materiais..............................................................................28

Conclusão.........................................................................................................31

Referência Bibliográfica..................................................................................32

Page 8: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

8

INTRODUÇÃO.

O trabalho aqui apresentado teve como finalidade precípua desenvolver

uma abordagem, que obviamente não se esgota em si. Contudo propôs-se a

despertar aos interessados a discussão quanto às crianças portadoras da

Síndrome de Down e a importância do brincar, levando em conta uma única

questão: Qual a importância do brincar para alunos da educação infantil

portadoras da síndrome de Down?

A criança portadora dessa síndrome tem dificuldades de adaptação na

sociedade, sendo necessário considerar os limites e possibilidades individuais

de cada deficiente. Devemos considerar os promissores resultados; sempre

levando em conta às condições físicas, psicológicas e emocionais da criança

portadora dessa deficiência fazendo com que aumentemos, definitivamente as

possibilidades de êxito no trabalho.

A psicomotricidade existe nos menores gestos e em todas as atividades

que desenvolve a motricidade da criança, visando ao conhecimento e ao

domínio do seu próprio corpo.

A estrutura da educação psicomotora é a base fundamental para o

processo intelecto e de aprendizagem da criança. O desenvolvimento evolui do

geral para o especifico, quando uma criança apresenta dificuldades na

aprendizagem, o fundo do problema no geral, está o nível das bases do

desenvolvimento psicomotor. Durante o processo de aprendizagem, os

elementos básicos da psicomotricidade são utilizados com freqüência. O

desenvolvimento do esquema corporal, lateralidade, estruturação espacial,

orientação temporal e pré-escrita são fundamentais para o desenvolvimento da

criança.

Através do brincar a criança aprende, se socializa e se integra ao meio.

Assim sendo ao longo desse estudo foi desenvolvido uma analise da

síndrome de Down, da educação infantil para portadores da síndrome de

Down, a importância do brincar e a educação psicomotora.

Page 9: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

9

CAPÍTULO I- SÍNDROME DE DOWN.

1.1- O que é síndrome de Down?

A síndrome de Down (SD) é um distúrbio genético, e a primeira pessoa

a descrever sobre a doença foi o médico John Langdon Down, em 1862. É a

forma mais freqüente de retardo psicomotor causada por uma anomalia

cromossômica miscroscopicamente demonstrável. É causada pela ocorrência

de três (trissomia) cromossomos 21, na sua totalidade ou de uma porção

fundamental dele, diferente do que muitos pensam, a síndrome de Down é uma

alteração genética. (ABC da saúde, 2006). Geralmente pode ser diagnosticada

ao nascimento ou logo depois por suas características dismórficas. (ALVES,

2008).

1.2 -Causas e genética

A presença de três cromossomas 21 no cariótipo é o sinal da síndrome

de Down por trissomia 21. Este cariótipo mostra uma síndrome de Down

adquirida por não-disjunção.

A síndrome de Down poderá ter quatro origens possíveis. Das doenças

congênitas que afetam a capacidade intelectual, a síndrome de Down é a mais

prevalecente . Esta síndrome engloba várias alterações genéticas das quais a

trissomia do cromossoma 21 é a mais freqüente (95% dos casos). A trissomia

21 é a presença duma terceira cópia do cromossoma 21 nas células dos

indivíduos afetados. Outras desordens desta síndrome incluem a duplicação do

mesmo conjunto de genes ( translações do cromossoma 21). Dependendo da

efetiva etiologia, a dificuldade na aprendizagem pode variar de mediana para

grave.

Os efeitos da cópia extra variam muito de indivíduo para indivíduo,

dependendo da extensão da cópia extra, do background genético, de fatores

Page 10: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

10

ambientais, e de probabilidades. A síndrome de Down pode ocorrer em todas

as populações humanas, e efeitos análogos foram encontrados em outras

espécies como chimpanzés e ratos. (ABC da saúde, 2006).

A trissomia 21 poderá ser causada por um fenômeno de não-disjunção

meiótico. Neste caso, a criança terá três cópias de todos os genes presentes

no cromossomo 21. Esta é a causa apontada em 95% dos casos observados

de síndrome de Down.

O material extra poderá ser proveniente de uma translocação

Robertsoniana, isto é, o braço longo do Cromossoma 21 liga-se topo a topo

com outro cromossoma acrocêntrico (cromossomas 13, 14, 15, 21 ou 22),

podendo haver assim variabilidade na região extra. A mutação pode ser uma

mutação de novo e pode ser herdada de um dos progenitores que não

apresenta a doença pois tem uma translação Robertsoniana equilibrada. Por

disjunção normal na meiose os gametas são produzidos uma cópia extra do

braço longo do Cromossoma 21. Esta é a causa de 2 - 3% das síndromes de

Down observadas. É também conhecida como "síndrome de Down familiar".

O indivíduo pode ser um mosaico de células com arranjo genético normal e

células com trissomia 21. Esta é a causa apontada em 1-2% dos casos

analisados de síndrome de Down.

Isto pode acontecer de duas maneiras:

• uma não-disjunção numa divisão celular durante as primeiras divisões

do zigoto, ficando assim essa célula com uma trissomia 21, dando

origem a mais células iguais a si nas divisões seguintes e as restantes

células permanecendo normais;

• um zigoto ou embrião com síndrome de Down sofrer uma igual mutação,

revertendo assim as células para um estado de euploidia, isto é, correto

número de cromossomas, que não possuem trissomia 21.

Existe, obviamente, uma variabilidade na fração nº de células trissômicas,

nº de células euplóides, tanto no total como dentro de um próprio tecido. Note-

Page 11: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

11

se que é provável que muitas pessoas tenham uma pequena fração de células

aneuplóides, isto é, com número de cromossomas alterado.

Muito raramente, uma região do cromossoma 21 poderá sofrer uma

fenômeno de duplicação. Isto levaria a uma quantidade extra de genes deste

cromossoma, mas não de todos, podendo assim haver manifestações da

doença. (CANNING, 2003).

1.3- Características clínicas.

As três principais características da síndrome de Down são a hipotonia

(flacidez muscular, o bebê é mais "molinho"), o comprometimento intelectual (a

pessoa aprende mais devagar) e a aparência física. Uma pessoa com a

síndrome pode apresentar todas ou algumas das seguintes condições físicas:

olhos amendoados, uma prega palmar transversal única (também conhecida

como prega simiesca), dedos curtinhos, fissuras palpebrais oblíquas, ponte

nasal achatada, língua protrusa (devido à pequena cavidade oral), pescoço

curto, pontos brancos nas íris conhecidos como manchas de Brushfield, uma

flexibilidade excessiva nas articulações, defeitos cardíacos congênitos, espaço

excessivo entre o hálux e o segundo dedo do pé.

Apesar da aparência às vezes comum entre pessoas com síndrome de

Down, é preciso lembrar que o que caracteriza realmente o indivíduo é a sua

carga genética familiar, que faz com que ele seja parecido com seus pais e

irmãos.

As crianças com síndrome de Down encontram-se em desvantagem em

níveis variáveis face a crianças sem a síndrome, já que a maioria dos

indivíduos com síndrome de Down possuem retardo mental de leve (QI 50-70)

a moderado (QI 35-50), com os escores do QI de crianças possuindo síndrome

de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso,

indivíduos com síndrome de Down podem ter sérias anomalias afetando

qualquer sistema corporal.

Outra característica frequente é a microcefalia, um reduzido peso e

tamanho do cérebro. O progresso na aprendizagem é também tipicamente

Page 12: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

12

afetado por doenças e deficiências motoras, como doenças infecciosas

recorrentes, problemas no coração, problemas na visão (miopia, astigmatismo

ou estrabismo) e na audição.

• As cardiopatias congênitas afetam 40% (30-60%) destas crianças

(defeitos do septo e tetralogia de Fallot). São as principais causas de

morte das crianças com este síndrome. No entanto, se forem corrigidas,

a esperança de vida destas crianças é bastante elevada.

• A afecção do foro gastroenterológico mais frequente é a artéria

duodenal, mas também aparecem a estenose pilórica, a doença de

Hirschsprung e as fístulas traqueo-esofágicas. A incidência total de

malformações gastroenterológicas é de 12%.

• 3% destas crianças têm cataratas congênitas importantes que devem

ser extraídas precocemente. Também são mais frequentes os

glaucomas.

• A hipotonia é muito frequente no recém-nascido, o que pode interferir

com a alimentação ao peito. Normalmente a alimentação demora mais

tempo e apresenta mais problemas devidos à protrusão da língua. A

obstipação é mais frequente devido à hipotonia da musculatura

intestinal.

• O hipotireoidismo congénito é mais frequente nas crianças com

trissomia 21.

• A laxidão das articulações e a hipotonia combinadas podem aumentar a

incidência de luxação congênita da anca embora esta alteração seja

rara.

• As convulsões são mais frequentes, com incidência de 10%.

• A imunidade celular está diminuída, pelo que são mais frequentes

determinadas infecções, como as respiratórias. Habitualmente têm

hipertrofia dos adenóides e das amídalas. Há uma maior incidência de

leucemias.

• São muito frequentes as alterações auditivas nestas crianças devido a

otites serosas crônicas e os defeitos da condução neurosensorial.

Page 13: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

13

• Há uma grande controvérsia sobre a instabilidade atlantoaxial.

Radiologicamente, 15% ou mais dos casos apresentam evidência deste

fato, mas há muito poucas crianças com problemas neurológicos

associados.

• Há um atraso no crescimento com tendência para a obesidade.

• Os dentes tendem a ser pequenos e espaçados irregularmente.

• Existem evidências de menor incidência de cancro; isto tem levado a

pesquisas que sugerem que os genes que combatem o cancro estão no

cromossoma 21. (ABC DA SAÚDE)

1.4- Cuidados especiais.

Vários aspectos podem contribuir para um aumento do desenvolvimento

da criança com síndrome de Down: intervenção precoce na aprendizagem,

monitorização de problemas comuns como a tiróide, tratamento medicinal

sempre que relevante, um ambiente familiar estável e condutor, práticas

vocacionais, são alguns exemplos. Por um lado, a síndrome de Down salienta

as limitações genéticas e no pouco que se pode fazer para as sobrepor; por

outro, também salienta que a educação pode produzir excelentes resultados

independentemente do início. Assim, o empenho individual dos pais,

professores e terapeutas com estas crianças pode produzir resultados positivos

inesperados.

As crianças com Síndrome de Down frequentemente apresentam

redução do tônus dos órgãos fonoarticulatórios e, consequentemente, falta de

controle motor para articulação dos sons da fala, além de um atraso no

desenvolvimento da linguagem. O fonoaudiólogo será o terapeuta responsável

por adequar os órgãos responsáveis pela articulação dos sons da fala além de

contribuir no desenvolvimento da linguagem.

Os cuidados com a criança com S.D. não variam muito dos que se dão

às crianças sem a síndrome. Os pais devem estar atentos a tudo o que a

criança comece a fazer sozinha, espontaneamente e devem estimular os seus

Page 14: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

14

esforços. Devem ajudar a criança a crescer, evitando que ela se torne

dependente; quanto mais a criança aprender a cuidar de si mesma, melhores

condições terá para enfrentar o futuro. A criança com S.D. precisa participar da

vida da família como as outras crianças. Deve ser tratada como as outras, com

carinho, respeito e naturalidade. A pessoa com S.D. quando adolescente e

adulta tem uma vida semi-independente. Embora possa não atingir níveis

avançados de escolaridade pode trabalhar em diversas outras funções, de

acordo com seu nível intelectual. Ela pode praticar esportes, viajar, frequentar

festas, etc.

Pessoas com síndrome de Down têm apresentado avanços

impressionantes e rompido muitas barreiras. Em todo o mundo, há pessoas

com síndrome de Down estudando, trabalhando, vivendo sozinhas, se casando

e chegando à universidade.

As crianças com síndrome de Down necessitam do mesmo tipo de

cuidado clínico que qualquer outra criança. Contudo, há situações que exigem

alguma atenção especial como:

• Oitenta a noventa por cento das crianças com síndrome de Down têm

deficiências de audição. Avaliações audiológicas precoces e exames de

seguimento são indicados.

• Trinta a quarenta por cento destas crianças têm alguma doença congênita

do coração. Muitas destas crianças terão que se submeter a uma cirurgia

cardíaca e, freqüentemente precisarão dos cuidados de um cardiologista

pediátrico por longo prazo.

• Anormalidades intestinais também acontecem com uma freqüência maior

em crianças com síndrome de Down. Por exemplo, estenose ou artéria do

duodeno, imperfuração anal e doença de Hirschsprung. Estas crianças

também podem necessitar de correção cirúrgica imediata destes problemas.

• Crianças com síndrome de Down freqüentemente têm mais problemas

oculares que outras crianças. Por exemplo, três por cento destas crianças

têm catarata. Elas precisam ser tratadas cirurgicamente. Problemas

oculares como estrabismo, miopia, e outras condições são freqüentemente

Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

15

observadas em crianças com síndrome de Down.

• Outra preocupação relaciona-se aos aspectos nutricionais. Algumas

crianças, especialmente as com doença cardíaca severa, têm dificuldade

constante em ganhar peso. Por outro lado, obesidade é freqüentemente

vista durante a adolescência. Estas condições podem ser prevenidas pelo

aconselhamento nutricional apropriado e orientação dietética preventiva.

• Deficiências de hormônios tireoideanos são mais comuns em crianças com

síndrome de Down do que em crianças normais. Entre 15 e 20 por cento

das crianças com a síndrome têm hipotireoidismo. É importante identificar

as crianças com síndrome de Down que têm problemas de tireóide, uma vez

que o hipotireoidismo pode comprometer o funcionamento normal do

sistema nervoso central.

• Problemas ortopédicos também são vistos com uma freqüência mais alta

em crianças com síndrome de Down. Entre eles incluem-se a subluxação da

rótula (deslocamento incompleto ou parcial), luxação de quadril e

instabilidade de atlanto-axial. Esta última condição acontece quando os dois

primeiros ossos do pescoço não são bem alinhados devido à presença de

frouxidão dos ligamentos. Aproximadamente 15% das pessoas com

síndrome de Down têm instabilidade atlanto-axial. Porém, a maioria destes

indivíduos não tem nenhum sintoma, e só 1 a 2 por cento de indivíduos com

esta síndrome têm um problema de pescoço sério o suficiente para requerer

intervenção cirúrgica.

• Outros aspectos médicos importantes na síndrome de Down incluem

problemas imunológicos, leucemia, doença de Alzheimer, convulsões,

apnéia do sono e problemas de pele. Todos estes podem requerer a

atenção de especialistas.

1.5- Crianças portadoras da síndrome de Down: seu

desenvolvimento e suas relações.

A pessoa portadora da síndrome de Down, sobre tudo, a criança, revela

predisposição demorada para a aprendizagem, já que nessas pessoas o

Page 16: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

16

estimulo e as respostas cerebrais são processos lentos. Diante de uma tarefa,

essa criança não se concentra. O educador não deve exigir sua atenção por

um longo tempo. Além disso, sempre deve ser verificado se o trabalho é

interessante para ela, pois o desinteresse acontece nas tarefas que são fáceis

demais ou, pelo contrário, muito difíceis.

Rosa (1993), nos lembra que a infância dessas crianças é marcada por

um temperamento amigável, solidário, responsável e cooperativo. Sendo

assim, facilitando o seu desenvolvimento no processo de socialização.

Page 17: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

17

CAPÍTULO II - A EDUCAÇÃO INFANTIL PARA

CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN.

2.1- O processo educativo.

A educação especial é uma modalidade de ensino, que visa promover o

desenvolvimento global a alunos portadores de deficiências, que necessitam de

atendimento especializado, respeitando as diferenças individuais, de modo a

lhes assegurar o pleno exercício dos direitos básicos de cidadão e efetiva

integração social. Proporcionar ao portador de deficiência a promoção de suas

capacidades envolve o desenvolvimento pleno e sua personalidade, a

participação ativa na vida social e no mundo do trabalho, são objetivos

principais da educação especial e assim como o desenvolvimento bio-psíquico-

social, proporcionando aprendizagem que conduzam a criança portadora de

necessidades especiais maior autonomia. A prática pedagógica adaptada as

diferenças individuais vêem sendo promovidas dentro das escolas do ensino

regular. No entanto, requerem metodologias, procedimentos pedagógicos,

materiais e equipamentos adaptados.

O professor especializado deve valorizar as reações afetivas de seus

alunos e estar atento a seu comportamento global, para solicitar recursos mais

sofisticados como a revisão médica e psicológica. E outro fato de estrema

importância na educação especial é o fato de que o professor deve considerar

o aluno como uma pessoa inteligente, que tem vontades e afetividades e estas

devem ser respeitada, pois o aluno não é apenas um ser que aprende.

A educação especial atualmente é prevista por lei e foi um direito

adquirido ao longo da conquista dos direitos humanos. A garantia de acesso a

educação e permanência da escola requerem a prática de uma política de

respeito às diferenças individuais.( VAYER, 1988).

Page 18: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

18

2.2- Enfoques da intervenção psicomotora junto à criança

portadora da síndrome de Down.

A criança portadora da síndrome de Down apresenta muitas debilidades

e limitações, assim o trabalho da psicomotricidade deve primordialmente

respeitar o ritmo da criança e proporcionar-lhe estimulação adequada para

desenvolvimento de suas habilidades. Programas devem criados e

implementados de acordo com as necessidades especificas das crianças.

Segundo Piaget (1979), a educação da criança é uma atividade

complexa, pois exige adaptações de ordem curricular que requerem cuidadoso

acompanhamento dos educadores e pais.

Freqüentar a escola permitirá a criança especial adquirir, progressivamente,

conhecimentos, cada vez mais complexos que serão exigidos da sociedade e

cujas bases são indispensáveis para a formação de qualquer individuo.

O individuo é considerado como instrumento essencial à interação e

ação. E como descreve Piaget, o conhecimento não procede, em suas origens,

nem de um sujeito consciente de si mesmo, nem de objetos já constituídos e

que a ele se impunham. O conhecimento resulta de interação entre os dois.

Dessa forma consideramos, que a escola deve adotar uma proposta

curricular, que se baseie na interação sujeito objeto, envolvendo o

desenvolvimento desde o começo.

O ensino das crianças especiais deve ocorrer de forma agradável e que

desperte interesse na criança. Normalmente o lúdico atrai muito a criança, na

primeira infância, e é um recurso muito utilizado, pois permite o

desenvolvimento global da criança através da estimulação de diferentes áreas.

O atendimento a criança portadora da síndrome de Down deve ocorrer

de forma gradual, pois estas crianças não conseguem absorver grande número

de informações. também não devem ser apresentadas, as crianças Down

informações isoladas ou mecânicas, de forma que a aprendizagem deve

ocorrer de forma facilitada, através de movimentos prazerosos.

É importante que o profissional promova o desenvolvimento da

aprendizagem nas situações diárias da criança e a evolução gradativa da

Page 19: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

19

aprendizagem deve ser respeitada. Não é adequada pular etapas ou exigir da

criança atividades que ela não possa realizar, pois estas atitudes não trazem

benefícios a criança e ainda podem causar estresse.

Em crianças com síndrome de Down é comum observamos evolução

desarmônica e movimentos estereotipados. Esta defasagem pode ser

compensada através do planejamento psicomotor bem direcionada, que lhe

proporcionam experiências fundamentais para a sua adaptação. (ABC DA

SAÚDE 2003).

Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

20

CAPÍTULO III - O BRINCAR

3.1- O que é brincar .

Brincar sempre foi e sempre será uma atividade espontânea e muito

prazerosa, acessível a todo ser humano, de qualquer faixa etária, classe social

ou condição econômica. Brincar é:

- comunicação e expressão, associando pensamento e ação;

- um ato instintivo-voluntário;

- uma atividade exploratória;

- ajuda às crianças no seu desenvolvimento físico, mental, emocional e social;

- um meio de aprender a viver e não um mero passatempo.

Maria Alice Setúbal (1967), afirma que podemos identificar o brincar em

dois momentos: nas brincadeiras tradicionais, momento em que o indivíduo se

insere na memória coletiva e na história de vida própria do indivíduo, que

recorre às suas experiências no momento de brincar. Ao relacionar-se com

conteúdos do passado e do presente, através de sua participação no grupo de

brincadeiras, o indivíduo pode dar sentido ao seu mundo, ao seu existir neste

mundo.

Brincar é tão importante quanto estudar, ajuda a esquecer momentos

difíceis. Quando brincamos conseguimos, sem muito esforço, encontrar

respostas a várias indagações, podemos sanar dificuldades de aprendizagem,

bem como interagimos com nossos semelhantes.

O brincar é importante porque incentiva a utilização de brincadeiras e

jogos. Quando brincamos exercitamos nossas potencialidades, provocamos o

funcionamento do pensamento, adquirimos conhecimento sem estresse e sem

medo, desenvolvemos a sociabilidade, cultivamos a sensibilidade, nos

desenvolvemos intelectualmente, socialmente e emocionalmente. Todo

aprendizado que o brincar permite é fundamental para a formação da criança

em todas as etapas da sua vida.

Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

21

3.2- Qual a importância do brincar.

A brincadeira é uma atividade inerente ao ser humano. Durante a

infância ela desempenha um papel fundamental na formação e no

desenvolvimento físico, emocional e intelectual do futuro adulto.

As brincadeiras das crianças deveriam ser consideradas suas atividades

mais sérias. Ao observar uma criança brincando, o adulto pode compreender

como ela vê e constrói o mundo, como ela gostaria que ele fosse, o que a

preocupa e os problemas que a cercam.

Através do brincar, a criança pode desenvolver sua coordenação

motora, suas habilidades visuais e auditivas, seu raciocínio criativo e

inteligência. Está comprovado que a criança que não tem grandes

oportunidades de brincar e com quem os pais raramente brincam sofrem

bloqueios e rupturas em seus processos mentais.

Conta-se que Einstein, até os três anos, não conseguia falar e

usava blocos de construção e quebra-cabeças para se comunicar.

Brincando, ela começa a entender como as coisas funcionam, o que

pode e não pode ser feito, aprende que existem regras que devem ser

respeitadas, se quer ter amiguinhos para brincar e, principalmente, aprende a

perder e a ver que o mundo não acaba por causa disso. Descobre que, se ela

perde um jogo hoje, pode ganhar em outro amanhã.

Uma criança é criança porque brinca. Se não consegue brincar, não

está bem; se seus pais não a deixam brincar, eles também não estão bem. Se

o brincar é pobre de imaginação ou fixo em algum objeto, a criança não está

conseguindo fantasiar a partir de suas necessidades de elaboração e, ainda

nesse caso, não deve estar bem.

Por outro lado, como tudo que é extremo não funciona bem, quando

uma criança vive somente no seu mundo de fantasias ou seus pais só se

referem a ela “de brincadeira”, há algo errado com algum deles. ( SETÚBAL,

1967).

Finalmente, o brincar pode funcionar como um espaço através do

qual a criança deixa sair sua angústia, aprende a lidar com a separação, o

Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

22

crescer, a autonomia, os limites.

Lembrando as palavras de Winnicott:

"É no brincar, e talvez apenas no brincar, que a criança ou o adulto

fruem sua liberdade de criação."

Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

23

CAPÍTULO IV – A PSICOMOTRICIDADE

4.1- Psicomotricidade.

A ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu

corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo.

Está relacionada ao processo de maturação onde o corpo é a origem das

aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. É sustentada por três

conhecimentos básicos: o movimento, o intelecto e o afeto.

Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma concepção

de movimento organizado e integrado para uma concepção de movimento

organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja

ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização.

( ZAUSMER, 2003)

4.2- Educação psicomotora para crianças portadoras da

síndrome de Down.

A educação psicomotora visa desenvolver corretamente à aprendizagem

de caráter preventivo do desenvolvimento integral do individuo nas etapas do

crescimento. Ajuda a criança a adquirir o estagio de perfeição até o final da

infância( sete- onze anos), nos seus aspectos neurológicos de maturação , nos

planos rítmico e espacial, no plano de palavra e no corporal.

Os fatores psicomotores a serem trabalhados nas atividades na

educação psicomotora são:

1- Atividade tônica

Tonicidade;

Equilíbrio;

2- Atividade Psicofuncional

Lateralidade;

Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

24

Noção do corpo;

Estruturação espaço- corporal.

3- Atividade de relação

Memória corporal

Nas crianças portadoras da síndrome de Down, através de jogos e

brincadeiras, que parece passatempos, as crianças são preparadas para um

aprendizado posterior, mostrando-lhes os limites.

È importante que se leve em consideração os aspectos:

1- Socioafetivo - Favorecendo sua auto-imagem positiva, valorizando suas

possibilidades de ação e crescimento.

2- Cognitivo- Através das descobertas e resoluções de situações, ele constrói

as noções e conceitos. Enfrentando desafios e trocando experiências com os

colegas e adultos, ele desenvolve seu pensamento.

3- Psicomotor- Através de seus movimentos e exploração do corpo e do meio a

sua volta. Realizando atividades que envolvam esquema e imagem corporal,

lateralidade, relações temporo- espaciais.

4.3- Os benefícios psicomotores e sócio-afetivos através do

brincar.

O brincar proporciona vários benefícios nos domínios cognitivos,

psicomotor, afetivo, de acordo com Rosadas (1989), ele subdivide esses

domínios em várias áreas, aonde o brincar influencia diretamente.

Só que nem todos os portadores com síndrome de Down chega atingir

todas essas áreas e as vezes nem a metade delas, devido a deficiência. Mas

quando conseguem pelo menos uma dessas áreas de cada domínio torna-se

para eles uma grande vitória.

Juncken (1987) , refere que uma criança com síndrome de Down tem tendência

para melhorar, por que o seu sistema nervoso central continua a amadurecer

Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

25

com o correr do tempo, porém esse amadurecimento é mais lento do que o

observados nas crianças normais.

Para estimular o portador da síndrome de Down durante a pratica do

brincar, surge a figura da família e da sociedade bem informada. A família “é a

melhor auxiliar da reabilitação que conhecemos” conta Rosadas (1989). De

nada adianta também motiva - lo se não acreditamos em sua própria

capacidade e potencialidade.

MARANHÃO (2001), nos diz que o brincar pode proporcionar uma

melhora na participação social, pois pode leva -lo a uma condição física mais

satisfatória, um comportamento mais socializado, seguro e motivado.

A sociedade de hoje infelizmente está muito exigente, perfeccionista e

calculista, impedindo que essas pessoas participem no processo mais comum

de socialização.

O papel dos pais como agente socializador é fundamental, pois são eles

que as crianças se identificam, em forma geral eles procuram copiar sua

característica de personalidade, dessa forma é determinado o desenvolvimento

social deles.

O grande problema e que todos, tanto na família quanto a sociedade

sempre os acham (quando começam a perceber as suas diferenças),

incapazes de realizar tarefas e assumir responsabilidades, ou então, porque

seu organismo e deficiente e ele não pode se esforçar muito e que todas as

vontades devem ser realizadas para que ele não se decepcione. E é ai que o

brincar entra como agente socializador.

O desenvolvimento motor é um fenômeno que permeia a vida de todas

as pessoas, ele possibilita a realização de atos motores essenciais à vida diária

não só por sua excepicionalidade, mais também por sua ubiqüidade (ALVES,

2008).

O desenvolvimento de uma criança com síndrome de Down ocorre em

ritmo mais lento, podendo ter dificuldade em sustentação da cabeça e dos

membros pelo grau hipotonia onde ela é diminuída no decorrer do

desenvolvimento motor (UMPHRED, 2004).

O brincar é um grande agente socializador, pois quando a criança

Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

26

começa a brincar ela esquece dos próprios defeitos e se iguala ao amigo, e é

esse o sentindo da socialização.

Em suma, desenvolvimento motor enfoca o estudo das mudanças

qualitativas e quantitativas de ações motoras do ser humano ao longo da sua

vida.

4.4- A avaliação psicomotora em crianças portadoras da

síndrome de Down.

A avaliação de qualquer aspecto é de fundamental importância, pois

através dela é possível obter as informações necessárias para trabalhar com o

individuo que apresenta o problema detectado.

É através da avaliação que o profissional poderá observar o começo de

um tratamento, de onde começará e prever muitas vezes sua continuidade.

È muito importante sinalizar que, na maioria dos casos, uma única

avaliação não é o suficiente para detectar o distúrbio encontrado, sendo

necessário entender a avaliação como um processo continuo.

O tempo da avaliação, para ser mais precisa, é de 60 minutos no

mínimo. É importante sinalizar que, para obter boas e nítidas respostas, é

necessário que se façam no mínimo duas avaliações, informando ao

responsável que mesmo após o começo do tratamento, o individuo estará

sempre em observação e nisso estará sendo avaliado, já que muitas vezes, a

avaliação propriamente dita, o individuo não responde à mesma, ou por não

estar afim ou mesmo por não conseguir responde-la e até mesmo o avaliado

poderá mascar de alguma forma uma informação e essa poderá ser detectada

no meio do tratamento.

Durante a mesma é importante observar que:

não é necessário a presença do responsável no momento da avaliação,

• o avaliado deverá estar se sentindo à vontade e bem;

• o avaliado e seus familiares deverão sentir segurança no avaliador;

• o ambiente da avaliação deverá ser favorável e agradável;

• após o término da avaliação total, o avaliador deverá marcar um

Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

27

encontrão com os responsáveis do avaliado para que se dê um retorno da

mesma, e o avaliado deverá estar ciente.

• o ambiente tem que ser favorável, sendo arejado, limpo, claro,

mostrando muita harmonia.

4.5 O papel do psicomotricista enquanto facilitador da melhoria

da qualidade de vida do portador da síndrome de Down.

O psicomotricista é um profissional da área de saúde e educação que

pesquisa, avalia, previne e trata do homem na aquisição, no desenvolvimento e

nos transtornos da integração somato-psíquica e da retrôgenese. Este é um

especialista que busca oferecer meios para propiciar á pessoa a experiência do

prazer sensoriomotor através do movimento que ela realiza ligado ás

sensações proprioceptivas, como na marcha, corrida, n o salto, na perda de

equilíbrio num balanço, etc.

As suas áreas de atuação são educação, clínica, consultoria, supervisão

e pesquisa. A clientela atendida são crianças em fase de desenvolvimento;

bebês de alto risco; crianças com dificuldades / atrasos no desenvolvimento

global; pessoas portadoras de necessidades especiais; deficiências sensoriais,

motoras, mentais e psíquicas; família e a 3º idade.

O mercado de trabalho incluem creches, escolas, escolas especiais,

clinicas multidisciplinares , consultórios, clinicas geriátricas, postos de saúde,

hospitais e empresas.

O psicomotricista é um profissional que congrega conhecimentos na

área de saúde e educação a fim de intervir no processo de auto conhecimento

e potencializá-lo ou para sanar possíveis dificuldades. Portanto seu trabalho

pode acaba por assumir, na maioria dos casos, um caráter terapêutico.

A avaliação psicomotora envolve anamnese com os pais ou

responsáveis, entrevista com a criança ou o adolescente, contato com a escola

e principalmente com a professora, e a avaliação do material escolar produzida

pela criança ou pela adolescente necessita de tratamento.

Ao psicomotricista cabe observar toda e qualquer atitude da criança ou

Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

28

adolescente portadora da síndrome de Down, com o objetivo de constar se há

autonomia e espontaneidade na forma como o portador se organiza frente à

realidade, quando não há alguém que lhe diga o que fazer, como e quando

fazê-lo. Pois algumas crianças tornam-se inseguras diante de excesso de

críticas, principalmente por parte dos pais, e se acostumam a perguntar o que,

como e quando fazer algo ou confirmar depois de já ter feito algo.

A observação psicomotora é fundamental para avaliar como será feita a

abordagem cognitivo-comportamental, que possui diversas técnicas que

objetivam minimizar os sintomas da síndrome de Down, que é feita de acordo

com cada caso, e criar um ambiente com o nível de estimulação adequada,

estruturar atividades de modo e evitar pressões, excesso de tarefas, o meio

familiar e escolar às dificuldades do portador. E o psicomotricista nesse caso

entra como facilitador dessas situações.

4.6 Sugetões de materiais:

A marca da prática psicomotora é o desenvolvimento do prazer

psicomotor, e esta é uma importante via de mudança.

O material utilizado na pratica psicomotora deve ser facilitador de:

- Estimulações labirínticas favorecedoras do prazer sensoriomotor:

grandes bolas, material para embalar( balanço, corda)

- Deslizamentos em solo ou em plano inclinado, favorecedores de

estimulações labirínticas e de contato.

As experiências do balanceio, giração, queda, representam atividades

motoras, que favorecem o equilíbrio / desiquilibrio e atuam sobre o tônus

(tensão / repouso). Propiciam as experiências de peso, de força centrifuga, de

propiocepção e de contato com as emoções, favorecem o apuramento da

percepção cinestésica, a construção do esquema corporal, o prazer do

movimento e o prazer de existir.

A busca do prazer e do desejo pelo movimento / deslocamento, deve ser

despertada principalmente em crianças com deficiências motoras e

psicológicas. Não se trata de um trabalho fisioterápico dentro de uma

abordagem da manipulação mecânica. A intervenção psicomotora leva em

Page 29: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

29

consideração a globalidade tônica da criança buscando a globalidade de seu

movimento. No trabalho com a criança com deficiência em seu movimento, o

trabalho se define a partir das possibilidades de movimento pela criança, uma

vez que só a partir do prazer que o movimento lhe dá é que a criança poderá

progredir na conquista de novos espaços. Trata-se de uma prática que possa

estimular o prazer pelo movimento.

Os materiais utilizados em psicomotricidade, de forma geral, são:

• Panos;

• Tecidos;

• Bolas;

• Instrumento de música;

• Bonecos;

• Fantoches;

• Roupas;

• Barbante;

• Sapatos;

• Serpentina.

Nas atividades em grupo, os materiais podem ter as características de

inclusão, de simbolização, de vinculação. Os materiais que favorecem a

inclusão são:

• Bolas;

• Cordas;

• Jogos e brinquedos;

• Colchão;

• Instrumento de musica;

• Bonecos;

• Fantoches.

Esses materiais são dinâmicos, favorecem mais o movimento do que o

contato.

Os materiais que favorecem a vinculação são:

• Panos;

Page 30: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

30

• Cordas de algodão;

• Cordas de alpinistas;

• Bolas;

• Bambolês;

Na intermediação entre a vinculação e a diferenciação está o jornal.

Page 31: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

31

CONCLUSÃO

Os dados obtidos levaram a conclusão de que o brincar é

primordial para o desenvolvimento físico, emocional e intelectual da criança. A criança portadora da síndrome de Down encontra-se em desvantagem

em níveis variáveis face a criança sem a síndrome, já que a maioria dos

indivíduos com síndrome de Down possuem retardo mental de leve (QI 50-70)

a moderado (QI 35-50). Além disso, indivíduos com síndrome de Down podem

ter várias anomalias afetando qualquer sistema corporal.

A estimulação do portador da síndrome de Down é extremamente

importante para o desenvolvimento normal da criança e minimizar as

ocorrências de déficits no desenvolvimento motor, já que ocorre de forma mais

lenta,

A educação especial é determinante no processo de estimulação inicial.

Cabe ao profissional trabalhar nas crianças suas capacidades para que

possam praticar atividades diárias. Para que isso ocorra é necessário

profissionais especializados e cuidados especiais devem ser tomados, a fim de

facilitar e possibilitar um maior rendimento e desenvolvimento educacional de

tal síndrome.

A psicomotricidade entre como uma concepção de movimento

organizado e integrado em função de experiências vividas pelo sujeito cuja

ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização.

O psicomotricista é um especialista que busca oferecer meios para

propiciar à pessoa a experiência do prazer sensório motor através do

movimento que ela realiza ligado as sensações proprioceptivas. E o brincar

entra como objeto facilitador desse trabalho, pois quando a criança brinca,

exercita suas potencialidades, provocando o funcionamento do pensamento

adquirindo conhecimento sem estresse e sem medo, desenvolvendo a

sociabilidade, se desenvolve intelectualmente socialmente e emocionalmente.

Todo o aprendizado que o brincar permite é fundamental para a formação da

criança em todas as etapas de sua vida.

Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

32

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ALVES, Fatima. Para entender a síndrome de Down , WAK- 2008

_____________ Psicomotricidade : Corpo, ação e movimento. Rio de Janeiro:

Wak 2003.

BENJAMIN, Walter. Reflexão: a criança, o brinquedo, a educação. São Paulo:

Summus, 1984

BOUCH Le. O desenvolvimento psicomotor. Porto Alegre: Artes médicas, 1990

BROUGERE, Gills. Brinquedo e Cultura: São Paulo: Cortez,1995

CANNING, CD. Os anos pré-escolares. In: PUESCHEL, S.M (org.) Síndrome

de Down – Guia para pais e educadores. 8ª edição, Campinas, SP: Papirus,

2003

DAMASCENO, José. Desenvolvimento psico-motor. SP.1988

ESTATUTO da criança e do adolescente

GUERRA, Marlene. Recreação e lazer. Porto Alegre: Sagra- 1988

LAKATOS, Eva Maria; Marconi Marina de Andrade. Metodologia do trabalho

cientifico. São Paulo: Atlas, 2001

LAPIERRE, André e B Auconturier. A simbologia do movimento:

psicomotricidade e educação. Porto Alegre: Artes médicas, 1986

LE BOULCH, J. A educação pelo movimento. Porto Alegre, Artes médicas,

1987

________. Educação psicomotora, Porto Alegre, Artes Médicas, 1987

Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO … · 2009-08-06 · de Down do tipo mosaico tipicamente 10-30 pontos maiores. Além disso, indivíduos com síndrome de Down

33

MARANHÃO, Diva Nereide Marques Machado. Ensinar brincando: a

aprendizagem pode ser uma grande brincadeira. Rio de Janeiro: Wak, 2001

MEYER, Ivanise Corrêa Rezende. Brincar e viver: projetos em educação

infantil. Rio de Janeiro: Wak, 2003

PEREIRA, Mary Sue Carvalho. A descoberta da criança: Introdução à

educação infantil: Rio de Janeiro. Wak, 2002

PIAGET, J. A construção do real na criança. Rio de Janeiro, Zahar, 1979

ROSA, Eliza Santa. Quando o brincar é dizer: a experiência psicanalista na

infância. Rio de Janeiro: Relurme Dumaré, 1993.

ROSADAS. O esporte adaptado: fatores históricos, inclusão e qualidade de

vida, 1989

SETÚBAL, Maria Alice. O que é brincadeira – São Paulo. 1967

UMPHARED – Reabilitação neurológica – 4ª edição, 2004

VAYER, P. A criança diante do mundo: a idade escolar. Porto Alegre, Artes

médicas, 1978

_________. VAYER, P e L. Pico. Educação psicomotora e retardo mental. São

Paulo, Manole, 1988

WWW.abcsaude.com.br ( pesquisa dia 13-01-09, ás 15h)

WEAVER, S. e CANNING, C. D. IN: PUESCHEL, S. M. (org) Sindrome de

Down – Guia para pais e educadores, 8ª edição, Campinas, SP: Papirus, 2003.