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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU A CONTRIBUIÇÃO DA NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA E DA PSICOMOTRICIDADE NO DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN Por: Daiany da Silva Oliveira ORIENTADORA: Profª Marta Relvas Rio de Janeiro 2017 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

A CONTRIBUIÇÃO DA NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA E DA

PSICOMOTRICIDADE NO DESENVOLVIMENTO DE

CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN

Por: Daiany da Silva Oliveira

ORIENTADORA:

Profª Marta Relvas

Rio de Janeiro

2017

DOCUMENTO P

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EITO A

UTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM como requisito

parcial para obtenção do grau de especialista em Neurociência Pedagógica.

Por: Daiany da Silva Oliveira

A CONTRIBUIÇÃO DA NEUROCIÊNCIA PEDAGÓGICA E DA

PSICOMOTRICIDADE NO DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN

Rio de Janeiro

2017

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AGRADECIMENTOS

A mim mesmo, por não ter desistido de estudar,

procurando melhorar na minha área de atuação

em uma constante pesquisa de conhecimento.

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DEDICATÓRIA

...aos meus pais que são a minha base de vida,

sempre me incentivando a estudar e alcançar

vôos mais altos.

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RESUMO

O presente trabalho monográfico teve como objetivo: pesquisar,

identificar, pontuar as contribuições da psicomotricidade no desenvolvimento

de crianças com síndrome de down; minimizando as limitações apresentadas

durante seu crescimento. E também compreender os mecanismos neurológicos

que são essenciais no processo de aquisição do conhecimento,

contextualizando as informações literárias com as diversas estratégias de

estimulação psicomotora, adequando as propostas ao grau de

comprometimento e fase de desenvolvimento da criança com Síndrome de

Down.

Palavras-chave: Neurociência, estimulação psicomotora,

síndrome de down, desenvolvimento neurológico, habilidades.

.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste trabalho monográfico foi à pesquisa

bibliográfica em artigos científicos, livros e revistas referentes à Síndrome de

Down, psicomotricidade e neurociência. Onde se destacam os autores: Bear,

Connors, Paradiso (2008), Vitor da Fonseca (2009), Siegfried Pueschel (2006),

Fátima Alves, Roberto Lent, Rogério Drago, entre outros.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

ASPECTOS GERAIS DA SÍNDROME DE DOWN 9

CAPÍTULO II

A PSICOMOTRICIDADE E O DESENVOLVIMENTO NEUROLÓGICO DE

CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN 17

CAPÍTULO III

CONTRIBUIÇÕES DA NEUROPLASTICIDADE CEREBRAL E A SINDROME

DE DOWN 26

CONCLUSÃO 33

BIBLIOGRAFIA 35

ÍNDICE 37

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INTRODUÇÃO

A psicomotricidade tem por objetivos proporcionar um

desenvolvimento corporal, social e cognitivo da criança; através do corpo que a

mesma se comunica e aprende. A linguagem corporal é a primeira forma de

comunicação do ser humano, no entanto, crianças com Síndrome de Down

devido algumas limitações que surge durante o seu desenvolvimento, como:

hipotonia muscular, hipoplasia e deficiência mental (varia de criança para

criança) possuem este processo mais lento.

A estimulação psicomotora possibilita a ativação de áreas do cérebro

que apresentam déficit devido algumas modificações anatômicas que corre

ainda no período fetal, por isso a importância da estimulação precoce das

crianças com Síndrome de Down. Pesquisas apontam que o quanto antes as

crianças forem assistidas, desde os primeiros meses de vida, maior será o seu

ganho cognitivo, sensório-motor e social. Para obter desenvolvimento

satisfatório e minimizar as limitações destas crianças é necessário o

envolvimento e a intervenção de vários profissionais que utilizam diferentes

estratégias para o amadurecimento neurológico, físico e social, dentre estas

estratégias a estimulação psicomotora tem demonstrado ser um dos recursos

com maior eficiência no processo de aquisição das habilidades destas

crianças. É importante oferecê-las a possibilidade de progredir para o seu

potencial máximo, obtendo conhecimento significativo sobre o próprio corpo e o

mundo a sua volta.

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CAPÍTULO I

ASPECTOS GERAIS DA SÍNDROME DE DOWN

A síndrome de down é uma condição genética, que foi descrita pela

primeira vez em 1866 pelo médico John Langdon Down, que trabalhava em

uma clinica para crianças com atraso mental em Surrey, na Inglaterra. Down

descreve com riqueza de detalhes as características físicas que observou em

filhos de mãe acima de 35 anos de idade e estabelece associações aos

aspectos étnicos, seguindo a tendência da época. Influenciado pela teoria da

Evolução de Darwin, ele acreditava que a Síndrome de Down era um

retrocesso a comportamentos primitivos, seguindo a tendência da época

denominou “inadequadamente” esta condição de “Idiota Mongolóide”. Luciana

Gurgel (2002) relata em seu artigo um conjunto de alterações físicas, clinicas e

mentais especificas; baseado nos estudos realizados pelo médico John

Langdon Down.

A pessoa portadora da Síndrome apresenta, é a hipotonia corporal global, que é o excesso de relaxamento do tônus muscular. E acrescenta que a SD pode apresentar todas ou algumas das condições físicas. São elas: olhos amendoados prega palmar transversal única, dedos curtos, fissuras palpebrais obliquas, ponte nasal achatada, língua protusa, pescoço curto, pontos brancos na Iris, flexibilidade excessiva nas articulações; defeitos cardíacos congênitos, espaço excessivo entre o hálux e o segundo dedo do pé. (DOWN, 1886, apud GURGEL, 2012).

Em 1959 o geneticista françês Jerôme Lejeune e Patricia Jacobs, de

maneira independente, reconhecem a causa do então “mongolismo”, como

sendo a trissomia do cromossomo 21, que é resultado de um desequilíbrio na

constituição cromossômica, onde ocorre a desarmonia na função dos genes e

das células, durante a divisão celular do embrião ou na formação dos gametas

de seus pais.

A Síndrome de Down pode ser identificada em três situações, que são:

trissomia 21 ocorre em 95% dos casos e se apresenta por uma disfunção

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cromossômica total, onde todas as células estarão acrescidas de um

cromossomo 21 a mais. A translocação (3% dos casos) é quando o

cromossomo 21 está conectado a outro cromossomo, podendo ser nos 14, 21

ou 22. E o mosaicismo, nem todas as células terão o cromossomo 21 extra,

sendo encontradas células com 47 cromossomos e outras com a quantidade

correta de 46 cromossomos. Alguns estudos apontam que criança com

Síndrome de Down do tipo mosaico tem melhor capacidade cognitiva e seus

traços físicos são menos acentuados que os demais.

Na cultura grega, especialmente na espartana os indivíduos com deficiências não eram tolerados. A filosofia grega justificava tais atos cometidos contra os deficientes postulando que estas criaturas não eram humanas, mas um tipo de mostro pertencente a outras espécies. (...) Na Idade Média, os portadores de deficiências foram considerados como produtos da união entre uma mulher e o Demônio. (SCHWARTZMAN, 1999, p.3-4).

Ainda não foi esclarecida a causa da Síndrome de Down, porém alguns

aspectos são considerados de risco devido à incidência durante gestações de

fetos com está síndrome, que são: a idade materna que devido o

envelhecimento dos óvulos existe a possibilidade de alteração do gene, idade

paterna (45 a 50 anos), porém tem um efeito menor que a materna. Pueschel

(2006) destaca a probabilidade de outros fatores também influenciarem a

trissomia 21, sendo: “exposição ao raios-X, administração de certas drogas,

problemas hormonais ou imunológicos, espermatocidas e infecções virais

especificas poderia causar a Síndrome de Down”. É importante lembrar que

estes dados não descartam a possibilidade de mãe jovem dar à luz a criança

com SD.

Estudo realizado por MOREIRA (2000) analisou a estrutura do

cromossomo 21 e concluiu que este é o menor dos autossomos humano,

contendo cerca de 255 genes e que a região chamada de banda está

associada à produção de enzimas que estão ligadas a alterações neurológicas.

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Atualmente sabe-se que não é o cromossomo 21 extra inteiro e sim uma

pequena parte do braço longo deste que é responsável pelas alterações

apresentada por crianças com Síndrome de Down.

A criança com síndrome de down apresenta atraso no desenvolvimento

e também alterações clinicas identificadas através de exames, que são:

cardiopatias congênitas, hipotonia, problema de audição e visão, alteração na

coluna cervical, distúrbios na tireoide, obesidade e envelhecimento precoce.

Porém, não são todos os indivíduos que apresentam estas alterações citadas a

cima; apenas a deficiência intelectual, hipotonia e o comprometimento no

desenvolvimento da linguagem são característica presente em todos os casos.

Contribuindo com essa discussão, Muniz (2008) declara que a criança com

síndrome de Down, ainda que reconhecidamente apresente um déficit

intelectual, não se pode precisar até onde vai o limite do seu desenvolvimento

nessa área e acrescenta:

A área motora caracteriza-se como uma das primeiras que deve ser desenvolvida nessas crianças, nos dois primeiros anos de vida, envolvendo habilidades conhecidas como levantar a cabeça, rolar, sentar, arrastar-se, engatinhar, andar, entre outras. É uma das áreas em que, desde o nascimento, em decorrência de uma hipotonia muscular generalizada – uma das principais características da síndrome de Down – existe um certo atraso no desenvolvimento, gerando uma maior angústia nos pais. [...] Devemos ressaltar que o ambiente familiar dessas crianças é, em grande parte, responsável pelo seu desenvolvimento, satisfatório ou não. Torna-se, portanto, necessária uma constante interação entre os pais e a criança, permeada de estímulos que beneficiarão o seu desenvolvimento. (p. 60).

A hipotonia muscular está presente em 100% dos recém-nascidos

portadores de Síndrome de Down, tende a diminuir com a idade, sendo uma

condição individual, varia de uma criança para outra. Nos primeiros meses de

vida é comum o bebê apresentar dificuldade para sucção, deglutição, muita

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sonolência e atraso no desenvolvimento dos reflexos. As limitações motoras

são mais latentes nos primeiros anos de vida e as cognitivas começam a ser

perceptivas na fase escolar, quando os conteúdos pedagógicos se tornam mais

complexos e requer uma maior atenção.

A doença cardíaca é observada em aproximadamente 40% das crianças

com Síndrome de Down, apresentando má formação na parte central da

estrutura cardiovascular. É importante detectar problemas cardíacos na

primeira infância porque podem desenvolver doenças severas. Não existem

graus da trissomia 21 o que ocorre é uma variável no seu desenvolvimento

neuropsicológico de acordo com as características físicas da família, clinica,

social, educação e estímulos presentes no cotidiano do portador.

As crianças com esta síndrome, embora tenham uma variação bastante acentuada no nível de deficiência mental, podem adquirir um nível de habilidades motoras elevado, na mesma proporção ou muito próximo do que se espera em relação às crianças que não possuem essa patologia. Porém, esse processo pode levar até o dobro do tempo estimado para que as habilidades sejam adquiridas e aperfeiçoadas. (BONOMO, ROSSETTI, 2010 apud NASCIMENTO, TRINDADE, 2016, p. 80).

Embora estudos passados tenham apontado que o QI (quociente de

inteligência) desses indivíduos seja identificado como abaixo da media e com

retardo mental severo, subestimando a capacidade dos portadores de

Síndrome de Down. Atualmente, profissionais tem defendido a importância de

se analisar a competência destes em ações do cotidiano de maneira autônoma,

independente das limitações intelectuais. Atualmente se tem o registro de

pessoas com o trissomia 21 que concluíram a faculdade e que trabalham em

estabelecimentos exercendo diferentes funções. Comprovando que eles são

capazes de alcançar um desenvolvimento e o amadurecimento cognitivo e

social, condizente com os ditos “normais”.

A linguagem destes indivíduos é comprometida. Segundo Tristão e

Feitosa (1998), a dificuldade vivenciada por estas crianças pode ser mais

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complexa, uma vez que associado ao atraso do desenvolvimento da

linguagem, encontra-se também uma “instabilidade na produção vocal,

organização gramatical pobre, fala funcional quando adquirida na maioria dos

casos” (p. 135). Apesar das limitações verbais e da pouca expressão ao falar,

eles compreendem a fala.

Além de todas as complicações citadas anteriormente, é importante

destacar as alterações estruturais e funcionais do Sistema Nervoso. Estas

alterações estruturais e funcionais do Sistema Nervoso do portador da

trissomia determinam algumas das suas características mais marcantes como

o distúrbio de aprendizagem e desenvolvimento.

O desenvolvimento do encéfalo durante o pré-natal é similar ao do feto

sem síndrome, tendo apenas alteração de peso. Entre 3 e 6 mês de idade da

criança com Síndrome de Down , inicia uma desaceleração do crescimento e

alterações na estruturação das redes neurais, que se acentuam com o passar

do tempo. Devido à redução do cérebro é possível identificar, através de

exames de imagens, alterações na estrutura do encéfalo do portador da

trissomia 21, que são no: lobo frontal, lobo temporal, tronco cerebral, cerebelo

e hipocampo. Relvas (2009) descreve a função destas áreas da seguinte

maneira:

Lobo frontal - responsável pela elaboração de pensamento,

planejamento, programação de necessidades individuais e emoção.

Nessa área cerebral, as diferentes memórias se completam dando inicio

ao raciocínio.

Lobo temporal – é relacionado primeiramente com o sentido de audição,

possibilitando o reconhecimento de tons específicos e intensidade do

som. Esta área também exibe um papel no processamento da memória

e da emoção.

Tronco cerebral – responsável pela atenção, vigilância, integração

neurossensorial motora, integração vestibular, integração tônica.

Cerebelo – coordena os movimentos automáticos e voluntários,

segurança, regulação de padrões motores.

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Hipocampo – responsável pelos fenômenos da memória de longa

duração. Ele que filtra os dados, usa e joga fora informações de curto

prazo e se encarrega de enviar outras para diferentes partes do córtex

cerebral.

As diversas alterações do Sistema Nervoso da criança com Síndrome de

Down determinam algumas de suas características mais marcantes como o

distúrbio da aprendizagem e o desenvolvimento. Na aquisição das habilidades

cognitivas apresentam atraso ou retardo mental, que na verdade são derivados

da condição genética. A modificação que ocorre na comunicação entre os

neurônios, interfere nos circuitos neurais responsáveis por ações fundamentais

no cotidiano do ser humano.

Todos os neurônios formados são afetados na maneira como se organizam em diversas áreas do sistema nervoso e não só alteração na estrutura formada pelas redes neuronais, mais também nos processos funcionais da comunicação de um com o outro. (FLÓREZ e TRONCOSO, 1997 apud SILVA, M. F. M. C.; KLEINHANS. A.C. S.; 2006 p. 126)

Em estudos de imagem do cérebro do portador da Síndrome de Down

revelam também que áreas subcorticais, como a substancia cinzenta do córtex

parietal e occipital tem tamanho comum quando comparado ao de indivíduos

sem a síndrome. Segundo Schwartzman (1999), a justificativa para a idade

materna influenciar na ocorrência da síndrome é o fato da mulher já nascer

com todos os óvulos no ovário.

Sendo assim os óvulos de uma mulher de 40 anos são mais velhos

do que de uma mulher de 20 anos. Já os espermatozoides são produzidos

continuamente pelo homem a partir da adolescência à medida que são

utilizados. Por essa razão acredita-se que a idade materna tem uma relação

direta com a ocorrência da Síndrome de Down. Schwartzman (1999) ainda

afirma que 30% dos fetos com Síndrome de Down morrem antes do

nascimento. Já nos índices de mortalidade pós-natal 11 temos que 85% dos

bebês sobrevivem até um ano de idade e 50% vivem até mais de 50 anos.

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Segundo Pueschel (1995), os genes determinam as características

físicas de crianças com Síndrome de Down. Como todos herdam genes do pai

e da mãe, a criança apresentará aspectos até certo ponto característicos dos

pais como cor dos olhos, cor do cabelo, estrutura corporal entre outros, porém

crianças com Síndrome de Down apresentam algumas características

diferentes de indivíduos sem deficiência, características próprias de portadores

da síndrome.

De acordo MUNIZ (2007) a fertilidade geralmente é mais reduzida

nos homens com Síndrome de Down, apesar do desenvolvimento quase

normal das características sexuais secundárias. Já as meninas, a menstruação

acontece normalmente como nas outras adolescentes, mais da metade delas

têm ovulação normal, pode-se dizer que as meninas estão no padrão normal

da sociedade em relação ao sistema reprodutivo, na menstruação ocorre como

em outras jovens, exceto em casos de hipotireoidismo ou problemas crônicos

de saúde, em que pode ocorrer atraso na puberdade, percebe-se então que

meninos e meninas diferem entre si no que diz respeito à formação do próprio

comportamento sexual, onde é evidente o interesse por namoros tanto pelos

meninos quanto pelas meninas.

É necessário compreender quais as representações sociais que

permeiam o imaginário tanto das mães quanto Dos profissionais, sujeitos dessa

pesquisa, para que assim seja possível compreender a qualidade de suas

intervenções, principalmente em se tratando de representações a respeito das

pessoas com síndrome de Down que historicamente foram estigmatizadas

como incapazes de desenvolver sua autonomia intelectual, social, afetiva ou,

simplesmente, têm sido engessadas por suas limitações, sendo condenado ao

determinismo genético em que responsabiliza a deficiência primária pelo não

aprendizado das mesmas, Silva (2009).

BRASIL (1997) enfatiza em algumas situações é possível um

trabalho interdisciplinar e de equipe, mas em outras situações, a criança é

submetida a atendimentos variados e por parte de profissionais sem que haja

um trabalho integrado e comunicativo. É importante lembrar que as atividades

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desenvolvidas na sala de atendimento educacional especializado são

atividades que precisam de planejamento e ser diferentes daquelas que são

aplicadas na sala regular. Cabe ao professor elaborar e executar o plano de

atendimento educacional especializado que irá trabalhar com o aluno. Ele irá

focar nos interesses do aluno, organizar estratégias para a aula e elaborar

recursos acessíveis e que sejam relevantes na vida individual do educando. A

educação inclusiva necessita de profissionais com compromisso e que tenham

talento artístico para agir diante de singularidades e poder exercer sua função

com competência diante da práxis pedagógica.

Mantoan (2003) ressalta que sempre existe a possibilidade de as

pessoas se transformarem, mudarem suas práticas de vida, enxergar de outros

ângulos o mesmo as situações. Essa transformação move o mundo, modifica-

o, torna-o diferente, porque passamos a enxergá-lo diferente, porque

passamos a enxergá-lo e a vivê-lo de outro modo, que vai atingi-lo

concretamente e mudá-lo, ainda que aos poucos e parcialmente.

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CAPÍTULO II

A PSICOMOTRICIDADE E O DESENVOLVIMENTO

NEUROLÓGICO DE CRIANÇAS COM SÍNDROME DE

DOWN

A Psicomotricidade pode ser considerada de uma ciência relativamente

nova que, por ter o ser humano como seu objeto de estudo, articulada de

várias outras áreas: educacionais, pedagógicas e saúde (BUENO 1998). As

raízes da educação psicomotora remontam as pesquisas realizadas com

crianças com Síndrome de Down que apresentavam dificuldades de

aprendizagem, mais especificamente, na escrita, na leitura, no contagem a

matemática.

Essas crianças muitas vezes, eram também, portadoras de outro

desvio que em consequência também apresentam outros comprometimentos

na aprendizagem, trabalhando com essas crianças, os franceses, passaram a

utilizar métodos pedagógicos denominados de reeducação psicomotora, cujo,

destaque era talhado no domínio corporal. E quando o submetida a programa

de reeducação psicomotora passavam a ter uma atuação o satisfatório. A

partir daí que o domínio cultural e as aprendizagens cognitivas incidiram por

caminharem juntas.

Segundo ANTUNES (2001), diz que:

“O ser humano, comparado com outras espécies animais, possui um desenvolvimento motor bastante lento e isso acontece porque o cérebro da criança está sendo programado para atividades mais complexas que envolvem a linguagem, o raciocínio lógico, poder de espacialização e amadurecimento das emoções” (ANTUNES, 2001, p. 153).

As raízes da educação psicomotora remontam as pesquisas

realizadas com crianças com Síndrome de Down que apresentavam

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dificuldades de aprendizagem, mais especificamente, na escrita, na leitura, no

contagem a matemática.

“Nos estudos dos pesquisadores recentes, são apontados três principais campos de atuação ou formas de abordagem da Psicomotricidade: 1. Reeducação Psicomotora; 2. Terapia Psicomotora; e três. Educação Psicomotora. Embora em certos trabalhos esses três níveis de atuação cheguem a confundir-se, existem características próprias em cada um deles.” (MELLO, 2002, p. 33).

A psicomotricidade tem por objetivo maior fazer do indivíduo:

Uma pessoa comunicativa

Uma pessoa criativa

Uma pessoa reflexiva, ou seja, a psicomotricidade leva em

conta o aspecto expansivo do indivíduo, do corpo e da gestualidade

(LAPIERRE 1984).

As raízes da educação psicomotora remontam as pesquisas realizadas

com crianças que apresentavam dificuldades de aprendizagem, mais

especificamente, na escrita, na leitura, no contagem a matemática. É

necessário compreender quais as representações sociais que permeiam o

imaginário tanto das mães quanto Dos profissionais, sujeitos dessa pesquisa,

para que assim seja possível compreender a qualidade de suas intervenções,

principalmente em se tratando de representações a respeito das pessoas com

síndrome de Down que historicamente foram estigmatizadas como incapazes

de desenvolver sua autonomia intelectual, social, afetiva ou, simplesmente, têm

sido engessadas por suas limitações, sendo condenado ao determinismo

genético em que responsabiliza a deficiência primária pelo não aprendizado

das mesmas, Silva (2009).

De acordo MUNIZ (2007) a fertilidade geralmente é mais reduzida

nos homens com Síndrome de Down, apesar do desenvolvimento quase

normal das características sexuais secundárias. Já as meninas, a menstruação

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acontece normalmente como nas outras adolescentes, mais da metade delas

têm ovulação normal, pode-se dizer que as meninas estão no padrão normal

da sociedade em relação ao sistema reprodutivo, na menstruação ocorre como

em outras jovens, exceto em casos de hipotireoidismo ou problemas crônicos

de saúde, em que pode ocorrer atraso na puberdade, percebe-se então que

meninos e meninas diferem entre si no que diz respeito à formação do próprio

comportamento sexual, onde é evidente o interesse por namoros tanto pelos

meninos quanto pelas meninas. Coelho (2000) destaca que:

As atividades motoras desempenham na vida da criança um papel importantíssimo, em muitas das suas primeiras iniciativas intelectuais. “Enquanto explora o mundo que a rodeia com todos os órgãos do sentido, ela percebe também os meios com os quais fará grande parte dos seus contatos sociais” (JOSÉ e COELHO, 2000, p. 109).

Segundo Schwartzman (1999), a justificativa para a idade materna

influenciar na ocorrência da síndrome é o fato da mulher já nascer com todos

os óvulos no ovário.

Sendo assim os óvulos de uma mulher de 40 anos são mais velhos

do que de uma mulher de 20 anos. Já os espermatozoides são produzidos

continuamente pelo homem a partir da adolescência à medida que são

utilizados. Por essa razão acredita-se que a idade materna tem uma relação

direta com a ocorrência da Síndrome de Down. Schwartzman (1999) ainda

afirma que 30% dos fetos com Síndrome de Down morrem antes do

nascimento. Já nos índices de mortalidade pós-natal 11 temos que 85% dos

bebês sobrevivem até um ano de idade e 50% vivem até mais de 50 anos.

Segundo Pueschel (1995), os genes determinam as características

físicas de crianças com Síndrome de Down. Como todos herdam genes do pai

e da mãe, a criança apresentará aspectos até certo ponto característicos dos

pais como cor dos olhos, cor do cabelo, estrutura corporal entre outros, porém

crianças com Síndrome de Down apresentam algumas características

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diferentes de indivíduos sem deficiência, características próprias de portadores

da síndrome.

BRASIL (1997) enfatiza em algumas situações é possível um

trabalho interdisciplinar e de equipe, mas em outras situações, a criança é

submetida a atendimentos variados e por parte de profissionais sem que haja

um trabalho integrado e comunicativo. É importante lembrar que as atividades

desenvolvidas na sala de atendimento educacional especializado são

atividades que precisam de planejamento e ser diferentes daquelas que são

aplicadas na sala regular.

Cabe ao professor elaborar e executar o plano de atendimento

educacional especializado que irá trabalhar com o aluno. Ele irá focar nos

interesses do aluno, organizar estratégias para a aula e elaborar recursos

acessíveis e que sejam relevantes na vida individual do educando. A educação

inclusiva necessita de profissionais com compromisso e que tenham talento

artístico para agir diante de singularidades e poder exercer sua função com

competência diante da práxis pedagógica.

Mantoan (2003) ressalta que sempre existe a possibilidade de as

pessoas se transformarem, mudarem suas práticas de vida, enxergar de outros

ângulos o mesmo as situações. Essa transformação move o mundo, modifica-

o, torna-o diferente, porque passamos a enxergá-lo diferente, porque

passamos a enxergá-lo e a vivê-lo de outro modo, que vai atingi-lo

concretamente e mudá-lo, ainda que aos poucos e parcialmente.

A aprendizagem significativa exige um planejamento eficaz

considerando a diversidade dos alunos, isso consiste em desafio enorme para

o discente. O professor precisa se situar dentro da sala de aula como mediador

e facilitador da aprendizagem dos alunos, realizarem um planejamento flexível

que atenda a necessidade de cada aluno para isso a escola precisa se

modernizar e os professores continuar sua formação para atualizar suas

práticas. MANTOAN (2003) aponta que o professor precisa inserir em seu

planejamento estratégias variadas e atividades diferenciadas de acordo com as

limitações de cada um.

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Devido à Constituição Federal assegurar a todos os cidadãos, sem

distinção de raça, credo e cor, o direito à educação, inclusive às pessoas com

deficiências, neste caso, tratado neste trabalho a Síndrome de Down percebe-

se o quanto tem se incluído no ensino Regular um grande número de alunos

Downs. Mesmo assim, não significa que todos recebam a educação e o

atendimento adequados às suas necessidades, ou que sejam bem recebidos

nas instituições de ensino. Isto talvez ocorra pelo despreparo dos profissionais

da educação, ou mesmo da estrutura física dos estabelecimentos de ensino

sem as devidas acessibilidades e inclusive a falta uma equipe multidisciplinar

tais como: Psicólogos, Terapeuta Ocupacional, Psiquiatra, Fisioterapeuta,

Fonoaudiólogos e Psicopedagogos, que acompanhem esse aluno com

síndrome de Down e oriente os profissionais da educação.

A postura que o professor assume diante de uma criança Down é

muito importante podendo facilitar ou dificultar o processo de ensino-

aprendizagem. O educador deve integrar o portador da síndrome de Down na

sociedade, trabalhar sua aceitação e até mesmo a sua absorção no mercado

de trabalho. Portanto, é essencial, o professor trate o sujeito e não a síndrome,

respeitando suas limitações e estimulando suas possibilidades. É a educação

que irá propiciar ao indivíduo condições, e habilidades para se tornar uma

pessoa independente e com autonomia, capaz de superar os obstáculos

encontrados ao longo do caminho.

“Psicomotricidade como a posição global do sujeito, que pode ser entendido como a função de ser humano que sintetiza psiquismo e motricidade com o propósito de permitir ao indivíduo adaptar de maneira flexível e harmoniosa ao meio que o cerca” (DE LIÈVRE Y STAES 1992, p. 39).

A educação psicomotora, atualmente tem conquistado um grande

espaço em instituições de ensino e pré-escolares, ligas, ambientes de

recreação etc. Por meio das mais variadas táticas, promovendo uma revisão do

conhecimento da infância e da práxis educativa. De acordo com Le Boulch

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(1983), a Educação Psicomotora pode ser alcançada como um método de

ensino que instrumentaliza o movimento humano enquanto canal pedagógico

para beneficiar o desenvolvimento da criança. Para uma criança que possui

síndrome de Down ir à escola é exercer o direito da educação prevista na

constituição Brasileira. Na escola ela terá contato com outros colegas da

mesma idade e desenvolver suas habilidades e mais tarde poderá seguir uma

profissão. O desenvolvimento motor das crianças com Síndrome de Down

apresenta um atraso significativo que, segundo o autor, vai interferir no

desenvolvimento de outros aspectos, pois é por meio da exploração do

ambiente que a criança constrói seu conhecimento do mundo, assim seu

comportamento exploratório pode apresentar comportamentos repetitivos e

estereotipados, sendo impulsivos e desorganizados, dificultando um

conhecimento consistente do ambiente e durando menos tempo

(SCHWARTZMAN, 2003).

Forma concreta de relação do ser humano com o mundo e com seus semelhantes, relação esta caracterizada por intencionalidade e significado, fruta de um processo evolutivo, cuja especificidade encontra-se nos processos semióticos da consciência, os quais, por sua vez, decorrem das relações recíprocas entre natureza e cultura – portanto, entre as heranças biológica e sócio-histórica. A motricidade refere-se, portanto, a sensações conscientes do ser humano em movimento intencional e significativo no espaço-tempo objetivo e representado, envolvendo percepção, memória, projeção, afetividade, emoção, raciocínio. Evidencia-se em diferentes formas de expressão – gestual, verbal, cênica, plástica, etc.. A motricidade configura-se como processo, cuja constituição envolve a construção do movimento intencional a partir do reflexo, da reação mediada por representações a partir da reação imediata, das ações planejadas a partir das simples resposta a estímulos externos, da criação de novas formas de interação a partir da reprodução de padrões aprendidos, da ação contextualizada na história – portanto, relacionada ao passado vivido e ao futuro projetado – a partir da ação limitada às contingências presentes. Esse processo ocorre, de forma dialética, nos planos filogenéticos e ontogenético, expressando e compondo a totalidade das múltiplas e complexas determinações da contínua construção do homem. (KOLYNIAK FILHO, 2002, p. 31-2).

Toda a vertente comentada anteriormente utiliza-se de ferramentas

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para atuar sobre o corpo de forma mecânica, embora alguns autores

fundamentem suas teorias em relação à importância e a necessidade de

compreender o ser humano como totalidade. A psicomotricidade, além de

mexer com o corpo e ser saudável, de ser um meio contra o isolamento social,

a solidão, a rejeição, de reunir os mais velhos em grupos com igual objetivo,

age como incentivadora do autoconceito, influenciando a mudança de suas

atitudes, ao longo do tempo. Movimento abarca a totalidade do ser; ultrapassa

e vai além de melhorias aparentemente só motoras, associando-se aos

desenvolvimentos cognitivos, volitivos e sociais.

Por intermédio de todas essas mudanças históricas influenciadas por

diferentes áreas do saber que influenciaram e ainda entusiasmou a

psicomotricidade em relação ao seu objeto de estudo, o corpo, é que se faz

necessário e urgente compreender como este processo de estruturar e aplicar

dessas práticas inovadoras- operacional e vivenciada, as quais procuram um

entendimento individualizado sobre o crescimento corpóreo do ser humano.

“Motricidade: por definição conceitual é a propriedade que têm certas células nervosas de determinar a contração muscular. Psico (Gr Psique): vem representar a alma, espírito, intelecto. Psicomotricidade: condição de um estado de coisas corpo / mente. Visão global de um indivíduo, onde a base de atuação está no conhecimento desta fusão.” (IBIDEM, 2004, p. 5).

NETO, afirma que na atualmente, temos um grande número de

profissionais de áreas diversas que utilizam a motricidade ou a

psicomotricidade em diferentes contextos e em diferentes faixas etárias, como

em escolas, clínicas de reabilitação, academias, hospitais e outros (NETO,

2002).

A clientela atendida pelo psicomotricista, como percorreremos é muito

diversificada. Nesse contexto a Educação psicomotora tem como objetivo

estimular o desenvolvimento psicomotor e, como princípio fundamental,

despertar a criatividade dos docentes, além de cooperar para a formação

integral do aluno, utilizando-se das atividades para o desenvolvimento de todas

suas potencialidades.

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Tendo ainda a objetivo de auxiliar no desenvolvimento mental, mental e

afetivo do ser, com o propósito de um desenvolvimento saudável. É importante

assegurar o desenvolvimento funcional da criança e amparar na expansão

equilíbrio de sua afetividade, por meio da interação com o ambiente. Visto que:

“Motricidade: Processo adaptativo, evolutivo e criativo de um ser prático, carente dos outros, do mundo e da transcendência Intencionalidade operante, segundo Maurice Merleau-Ponty. O físico, o biológico e o antropossociológico estão nela, como à dialética numa totalidade. Como ser carente, o homem é um ser práxico e onde, por isso, a motricidade se afirma na intencionalidade efetiva. Mas a motricidade humana e, consequentemente, cultura, acima do mais – cultura não ancilosada em erudição inerte, mas cultivada porque praticada. A motricidade não se confunde com a mobilidade. Esta não exerce a faculdade de execução de movimentos que resultam da contração de músculos lisos ou estriados. A motricidade está antes da mobilidade, porque tem a ver com os aspectos psicológico, organizativo, subjetivo do movimento. A motricidade é o virtual e a mobilidade, o atual, de todo o movimento. Afinal, a mobilidade é expressão da motricidade.” (CUNHA, 1994, p. 156).

A Psicomotricidade fornece de forma expressiva para a formação e

estruturação o do esquema corporal e tem como objetivo essencial incentivar a

prática do movimento em todas as fases da vida de uma criança.

Através de atividades as crianças, além de se brincar, criam, interpretam e se

interagem com o mundo em que habitam.

Há várias formas de se conceber o fenômeno educativo. Por sua própria natureza, não é uma realidade acabada que se dá a conhecer de forma única e precisa em seus múltiplos aspectos. É um fenômeno humano, histórico e multidimensional. Nele estão presentes tanto as dimensões humanas quanto a técnica, a cognitiva, a emocional, a sociopolítica e cultural. Não se trata de mera justaposição das referidas dimensões, mas, sim, da aceitação de suas múltiplas implicações e relações (MIZUKAMI, 1986. p. 1).

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Ou seja, o ser nesse processo, é definido pelas suas proporções

humanas, emocionais, cognitivas, sua experiência sócio-histórica e cultural a

qual produz e revigora seus saberes. Desta forma, o indivíduo está sempre em

contato com o novo, adquirindo e formando sempre novos conhecimentos, que

serão parte fundamental da sua formação. O tema do próximo capítulo

Estímulos psicomotores é motivo de muitas discussões e que o número

expressivo de crianças com síndrome de down no Brasil e no mundo acarreta a

pensar na prudência, dedicação e zelo adequados a essa faixa da população.

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CAPÍTULO III

CONTRIBUIÇÕES DA NEUROPLASTICIDADE

CEREBRAL E A SINDROME DE DOWN

Até metade do século passado, conjeturavam que os neurônios não

tinham competência de se dividirem, sendo impraticável de se fazer algo

quando as conexões e neurônios eram perdidos em consequência de lesões. A

carência de informações específicas com relação à maleabilidade cerebral

revogava beneficiando uma indolência terapêutica, em que se acreditava

apenas por uma recuperação voluntária das funções danificadas. Hoje, sabe-

se, porém, que ao suceder uma lesão cerebral, as áreas pertinentes podem

admitir em parte ou integralmente as funções daquela área lesada. Está

plasticidade envolve todos os planos do sistema nervoso, do córtex e também

da medula espinal (GAZZANIGA, HEATHERTON, 2005).

Para apreender mais essa questão, é necessário saber melhor o

neurônio, o universo das suas conexões sinápticas e do arranjo das áreas

cerebrais. Longe de singeleza quando discorrem sobre a organização cerebral,

visto que a estrutura de plasticidade abrange a estimulação de receptores na

superfície celular por neurotransmissores, provocando a ativação de cascatas

intracelulares implexas, a transcrição de genes e a síntese de proteínas novéis

que transformam a forma física e a estrutura das sinapses (VASCONCELOS,

2004).

A plasticidade cerebral é a qualificação empregada para referenciar o

poder adaptativo do sistema nervoso central; capacidade para transformar sua

organização estrutural e funcional. Propriedade do sistema nervoso que

consente o progresso de modificações estruturais em retorno à experiência e

como adaptação a níveis mutantes e a estímulos ecoados (KANDEL;

SCHAWARTZ, 2003; KOLB; WHISHAW, 2002).

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A reabilitação do cérebro lesado pode gerar reconexão em circuitos

neuronais lesados. Se tratando da área lesada, quanto menor for maior a

tendência de uma recuperação autônoma, mas quando se trata de uma grande

lesão poderá custar um dano inalterável da função. Além disso, existem lesões

potencialmente renováveis, mas, para tanto, precisam de desígnios

indispensáveis no tratamento, sustentando níveis correspondentes de

estímulos (KANDEL; SCHAWARTZ, 2003; KOLB; WHISHAW, 2002).

Essa reabilitação é bem maior em crianças do que em adultos

(GAZZANIGA, HEATHERTON, 2005). Os autores interpretam que as conexões

cerebrais, embora de entrelaçadas e inequívocas, são altamente flexíveis,

porém, podem ser danificadas por fatores ambientais, como lesões ou

carências sensoriais. Tal fato fortalece a seriedade da estimulação adequada

em crianças com Síndrome Down, permitindo, dessa maneira, a reorganização

e plasticidade cerebral.

Estudos de Berger e Sweeney (2003) buscaram constatar a extensão

dos neurônios colinérgicos nos processos cognitivos. A acetilcolina é uma

molécula simples, compendiada a partir de colina e acetil-CoA, por canal da

ação da colina acetiltransferase. Os neurônios que sintetizam e desprendem

acetilcolina que são nomeados de neurônios colinérgicos. Como um potencial

de ação obtém o botão terminal de um neurônio pré-sináptico, por via de cálcio

ponderado pela voltagem é aberto.

As decorrências dessa análise mostraram que o mau funcionamento

no sistema de neurônios colinérgicos pode ser apontado pelos problemas

cognitivos na Síndrome Down, originando uma significativa limitação do

funcionamento intelectual e restrições expressivas no desempenho adaptativo.

Lejeune (1990) já havia levantado à hipótese de que a base química da

deficiência mental na Síndrome de Down pode estar na desorganização de um

sistema que mantém o equilíbrio da função mental, envolvendo a síntese de

mediadores químicos; a manutenção do DNA e RNA e os mediadores dessa

organização. Esse sistema pode ser modificado na interação com o meio

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ambiente, o que pode levar a processos de superação e adaptação.

De acordo com esse mesmo autor, os pontos de toque entre os

axônios e os dendritos intercedem à plasticidade sináptica que baseia o

aprendizado, a memória e a cognição. Além disso, as organizações de

neurônios são rearranjadas a toda nova experiência, enquanto diversas tantas

sinapses são reforçadas, submergindo múltiplas probabilidades de respostas.

Em decorrência disso, o potencial para a recuperação funcional após uma

lesão depende de inúmeros fatores, como idade do indivíduo, local e o período

da lesão e a natureza dela (KANDEL; SCHAWARTZ, 2003; RATEY, 2002).

A multiplicidade de lesões que incidem os sujeitos com Síndrome de

Down influência na formação e na aprendizagem. Há diferenças significativas

no desenvolvimento ao desempenho educacional e do meio a que estão

sujeitadas essas crianças desde os anos iniciais de vida. As generalizações

como à sua capacidade de aprendizagem podem ser errôneas.

Apesar disso, pode-se permanecer de conformidade com a

respectiva persistência que se proporciona nas crianças com Síndrome de

Down quanto a pouca inatividade, dificuldade em manter a atenção, propensão

à distração, insuficiente exploração, como demonstram as pesquisas de vários

autores já citados (FLÓREZ; TRONCOSO, 1997; ESCAMILLA, 1998;

TRONCOSO; CERRO 1999, FIDLER, 2005; MOELLER, 2006).

É admirável considerar que as qualidades do ambiente e dos

familiares estão relacionadas com a formação global do sujeito e as interações

vivenciadas podem promover a capacidade de interações do sistema nervoso

em funções das vivências e dos pleitos sociais (FERRARI, 2001). Isso pode ser

verificado na pesquisa relacionada sobre a motivação e competência em

crianças com Síndrome de Down na idade escolar. Esse estudo verificou uma

alta competência das crianças em resolver problemas cotidianos quando o

ambiente familiar e escolar se mostrava acolhedor e promovia estimulação

adequada das funções cognitivas (NICCOLS; ATKINSON; PEPLER, 2003).

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Lebeer e Rijke (2003) apresentam uma ligação do meio e seu poder

na plasticidade de indivíduos com rígidos déficits cognitivos, dentre elas a

Síndrome Down, ponderando que mesmo existindo fatores de temeridade e

maus prognósticos, muitos progridem bem. O estudo faz um exame qualitativo,

apresentando ênfases de eficiência dos benefícios da fisioterapia e estimulação

no geral. Os efeitos indicam que não existiu qualquer associação expressiva

com relação a algum modo singular da reabilitação, mas, sim, uma demanda

complexa de influência mútua entre a criança e o meio.

O tipo de mediação, a maneira com que as pessoas (sujeito que

pode ser profissional ou familiar) percebem as dificuldades e estabelecem

recursos, além da qualidade e quantidade das experiências de aprendizagem

ofertadas.

Lebeer e Rijke (2003) corroboram que o desenvolvimento de

crianças com degradação do cérebro não advém naturalmente. O processo

não é um linear e inexecutável de predizer. Lançam que ambos: aspectos

exteriores (um ambiente instigante, com muitas atividades), como bem

perspectivas internas (motivação e processos interativos) estabelecem uma

reabilitação ecológica. Os notados igualmente são reminiscentes para uma

plasticidade de cérebro por influência da ecologia.

As discernidas em coerência ao fenótipo na Síndrome de Down são

categóricas no preparo do trabalho a ser desenvolvido. Por exemplo, Fidler

(2005) cunha que apenas com a captação do fenótipo podem ser situadas

intervenções que consintam focalizar áreas de potencial que minimizem áreas

em discrepância, enquanto que, na grande pluralidade das intervenções, é feito

o antagônico, pois são trabalhados os déficits típicos do fenótipo.

Seria importante considerar a apreensão do fenótipo como uma ideia

de forças, um protótipo compensatório que deve se compor de áreas de maior

competência, que promovem adaptação. Dessa forma, a organização de um

trabalho de intervenção precisaria estar direcionada às aptidões e preocupes

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da mesma maneira como precisam trabalhar os problemas, favorecendo que a

pessoa distinga suas capacidades.

Analisando a rapidez e a dimensão que a inclusão vem sucedendo,

notamos a precisão de que diversos programas de intervenções não se

atenham a acolher somente a criança pequena. Mas sim, adolescentes, jovens,

adultos e idosos com a Síndrome Down carecem de programas de

acompanhamento e trabalhos competentes de maneira longitudinal.

Por isso, o comprometimento para que pesquisas e as descobertas

possam favorecer aqueles que mais necessitam deve suplantar obstáculos

teóricos e metodológicos, beneficiando aos sujeitos com a Síndrome, seus

familiares e profissionais, alcançando todos os domínios ecológicos envolvidos.

O empenho da comunidade científica em expandir as pesquisas só terá sentido

se chegarem a promover modificações nos diferentes sistemas em que o

sujeito com Síndrome Down esteja inserida, proporcionando a esses cidadãos

uma otimização sua condição de vida, viabilizando a edificação de sua

autonomia.

A aprendizagem ordena retorno que podem ser motor, oral ou

gráfica. A resposta explanada pela criança com Síndrome Down poderá ser

carente devido os entraves que oferece. Contudo, a probabilidade de ampliar e

deliberar certa resposta ficará relacionada ao apoio do meio. Quanto mais se

proporcionar um ambiente solicitador, que fomente autonomia e diferentes

possibilidades de patenteadas de seu potencial, melhor será o seu

desenvolvimento. Reconhecendo as peculiares do fenótipo de pessoas com

Síndrome Down, necessitaríamos centralizar nas atividades das áreas em que

há maior potencial.

Concluir que o caso de risco quando se trata de vulnerabilidade às

quais o indivíduo está sujeitado e que apresentar influência negativamente em

seu desenvolvimento. Graminha e Martins (1997) avaliam como fatores de

risco situações ambientais ou sociais, além das características do próprio

indivíduo ou das camadas sociais que apreçam admiravelmente os detrimentos

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ao desenvolvimento, salientando três tipos de condição de risco para atrasar no

desenvolvimento:

1. Risco Biológico: referidos aos eventos pré, Peri e pós-natais.

2. Risco Estabelecido: desordens médicas, sobretudo de origem genética. 3. Risco Ambiental: situações arriscadas de saúde, precários recursos

sociais.

Portanto, os resultados negativos no desenvolvimento são produzidos,

muitas vezes, não só por um, mas pela combinação de mais de um fator. Os

diferentes fatores que determinam os problemas que a criança apresenta ao

longo de seu desenvolvimento são mais dependentes da quantidade do que da

natureza dos fatores de risco, reforçando a importância de constatarmos os

riscos diversos, que por sua vez têm implicação cumulativo, gerando um

conflito maior sobre o desenvolvimento (HALPERN; FIGUEIRAS, 2004).

Kandel e Schawartz (2003) legitimam Gazzaniga e Heatherton (2005)

porque proferem que o sistema nervoso em desenvolvimento é também

plástico que o sistema nervoso do adulto, porquanto um dano causado em uma

criança é de regra distinta por uma benévola recuperação de função; logo um

dano em um ancião pode ser mais devastadora. Do mesmo modo, que é certo

que quanto menor a lesão, maior a possibilidade que aconteça uma

recuperação mais expressiva. Embora um agravo em vias motoras ou

sensoriais primárias é mais razoável de recuperação do que uma lesão em

outras áreas, de acordo com Kandel e Schawartz (2003).

Silva e Bolsanello (2000) averiguaram crianças com Síndrome Down

dentre quatro meses e quatro anos de idade, que realizavam atividades de

estimulação, buscando avaliar as estruturas cognitivas no período sensório

motor. Eles enfatizam um declínio de aproximadamente um ano a um ano e

meio nas crianças, mesmo com estimulação. Contudo, apontam um caso de

uma criança que até os quatro anos de idade não havia estimulo, essa criança

ainda não andava e tinha idade cognitiva de cinco meses.

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As conclusões enfatizam que uma estimulação bem aplicada pode

provocar o desenvolvimento da criança com Síndrome de Down, minimizando

seus empecilhos e corroborando a possibilidade de plasticidade.

Desta forma, na medida em que o indivíduo percebe que pode

desempenhar atividades com êxito, haverá satisfação e maior motivação para

enfrentar aquelas que ele tem maior dificuldade, contribuindo para que, dessa

maneira, seu desenvolvimento físico e mental tende o avanço passo a passo. A

educação exige paciência, dedicação e firmeza, principalmente amor e carinho

dos responsáveis e profissionais. Todos têm habilidades e dificuldades, apenas

temos que conhecê-las e aprender a justar com elas.

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CONCLUSÃO

As conclusões dessa pesquisa encerram marcando uma abordagem

na ecologia familiar e na relação pais-filhos como fator crucial para uma

intervenção ditosa na Síndrome de Down. O sujeito precisa estar sendo

animado desde cedo a buscar atividades que cativem seus suas capacidades e

gostos, bem como o potencial na associação das relações sociais.

Terapias especiais e tratamentos multiprofissionais mostram uma

evidente ajuda para melhor desenvolvimento e desempenho social do portador

de Síndrome de Down. Os estudos têm confirmado a expectativa da

plasticidade mediante a estimulação do meio. O Comitê da Organização

Mundial da Saúde destaca o crédito dos procedimentos de intervenção precoce

no desenvolvimento da criança com Síndrome de Down e outras questões.

(MOREIRA; EL-HANI; GUSMÃO, 2000).

A inclusão da família como parte intensifica no tratamento ficou

manifesto. Hoje, não se imagina um atendimento fragmentado. Para que se

possam diminuir os fatores de risco, a família, a escola e os profissionais

(médicos, educadores, fisioterapeutas, psicólogos, fonoaudiólogos, entre

outros) necessitam atrelar ações num trabalho integrado. Avaliando as

diversidades sociais e culturais num país tão amplo quanto o Brasil, com

certeza muitas pessoas com a Síndrome Down podem estar expostas a fatores

de risco cumulativos e apenas um trabalho elaborado poderá ser fator de

defesa ao desenvolvimento.

Analisar e admitir as alterações inerentes à Síndrome Down, intuir que

a propensão espetaculosa do organismo do ser humano em se amoldar ao

meio e a plasticidade cerebral estão arroladas à qualidade, constância e

maneira de estimulação que asila o indivíduo com a síndrome. Ou seja, falar

em plasticidade na Síndrome Down implica diretamente em considerar o

ecossistema em que a pessoa está incluída.

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Os conceitos de plasticidade indicam que podemos suprir uma função

exercida por uma área lesada do cérebro por outra não lesada ou menos

lesada. Compreender ao longo do trabalho apresentado, na Síndrome Down,

muitas áreas, se não todas, manifestar algum tipo de alteração. Mas muitos

estudos aparecem diferenças entre um indivíduo e outro, tanto na intensidade

como na área lesada, o que nos conduz a entender que se um trabalho de

estimulação dos processos cognitivos for efetivado de maneira adaptada, nos

primeiros anos de vida, poderá promover expressivas transformações

qualitativas no desenvolvimento.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTOS 3 DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

ASPECTOS GERAIS DA SÍNDROME DE DOWN 9

CAPÍTULO II

A PSICOMOTRICIDADE E O DESENVOLVIMENTO NEUROLÓGICO DE

CRIANÇAS COM SÍNDROME DE DOWN 17

CAPÍTULO III

CONTRIBUIÇÕES DA NEUROPLASTICIDADE CEREBRAL E A SINDROME

DE DOWN 26

CONCLUSÃO 33

BIBLIOGRAFIA 35

ÍNDICE 37