universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo “lato … · a minha mãe e a minha sogra, pelo...

33
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Por: Leidja Lira Orientadora Prof. Mary Sue Rio de Janeiro 2009

Upload: others

Post on 11-Jul-2020

4 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Por: Leidja Lira

Orientadora

Prof. Mary Sue

Rio de Janeiro

2009

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Educação

Infantil e Desenvolvimento.

Por: . Leidja Lira dos Santos Costa.

3

AGRADECIMENTOS

A minha mãe e a minha sogra, pelo ajuda durante o curso,

principalmente, pela amizade demonstrada através de palavras de incentivo e

gestos de carinho.

Ao meu esposo, que sempre compreendeu a minha ausência nos

momentos em que estive ocupada com algum trabalho acadêmico.

A professora Mary Sue, pelo apoio, paciência e por todos os

ensinamentos.

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho de pesquisa a professora Mary Sue e a

todos os meus amigos de trabalho que procuraram fazer da educação o

melhor caminho para formar pessoas mais conscientes, humanas e

críticas.

5

RESUMO

Esta monografia constitui-se em uma proposta de análise sobre a

importância do trabalho com a música na Educação Infantil.

Som, ritmo e melodia são elementos básicos, essenciais da música e que

podem, na plenitude da expressão musical, despertar e reforçar a sensibilidade

da criança, provocar nela reações de cordialidade e entusiasmo, prender sua

atenção e estimular sua vontade.

Ao se envolverem em atividades musicais, as crianças melhoram sua

acuidade auditiva, aprimoram e ampliam a coordenação motora, suas

capacidades de compreensão, interpretação e raciocínio, descobrem sua

relação com o meio em que vivem, desenvolvem a expressão corporal e a

linguagem oral. Quanto mais elas têm oportunidade de comparar as ações

executadas e as sensações obtidas através da música, mais a sua inteligência,

o seu conhecimento vai se desenvolvendo.

6

METODOLOGIA

A metodologia utilizada para a realização desta pesquisa foi descritiva

bibliográfica de abordagem qualitativa.

O estudo encontra-se dividido em três capítulos, a saber: o primeiro

capítulo fala sobre a música na educação infantil; o segundo capítulo analisa o

papel da música na educação infantil; o terceiro e último capítulo discute a

importância das cantigas de roda na Educação Infantil.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Música na Educação Infantil 10

1.1 Elementos que constituem a música 12

1.2 O que musicalização 12

CAPÍTULO II - Qual o papel da Música 16

na Educação Infantil

2.1 A música e o desenvolvimento cognitivo 18

da criança

2.2 A música e o desenvolvimento afetivo 19

da criança

2.3 A música e o desenvolvimento social 20

da criança

CAPÍTULO III – A importância das cantigas de roda 22

na Educação Infantil

CONCLUSÃO 29

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 31

ÍNDICE 32

FOLHA DE AVALIAÇÃO 33

8

INTRODUÇÃO

O presente estudo procura abordar a importância da música na pré-

escola. Explica como a musicalização pode contribuir com a aprendizagem,

favorecendo o desenvolvimento cognitivo, psicomotor e sócio-afetivo da

criança.

O estudo fala ainda do papel da música na educação infantil, não

apenas como experiência estética, mas também como facilitadora do processo

de aprendizagem, com instrumento para tornar a escola um lugar mais alegre e

receptivo, e também ampliando o conhecimento musical do aluno, afinal a

música é um bem cultural e seu conhecimento não deve ser privilégio de

poucos.

Desde que se estuda a história da humanidade, tem se observado que a

música sempre fez parte da vida do homem. Em qualquer parte do mundo em

todas as épocas, a música e o homem sempre viveram juntos. Podemos suprir

que no princípio, o homem reproduzia os sons que ouvia na natureza, como o

vento forte e seu sussurrar nas folhagens, a água dos rios, os estalar dos

galhos, o canto dos pássaros e tantos outros não só com a intenção de imitá-

los, mas também porque essa era a música que ele conhecia.

A música é uma linguagem que se traduz em formas sonoras capazes

de comunicar sensações, sentimentos e pensamentos por meio de organização

e relacionamento expressivo entre o som e o silêncio.

A música está presente em todas as culturas, nas mais diversas

situações. Faz parte da educação desde há muito tempo, sendo que já na

Grécia antiga, era considerada fundamental para a formação dos futuros

cidadãos. É necessário que o professor desenvolva a música em vários

momentos do dia, porém não de forma rotineira e automática. Devemos dar a

criança oportunidade de viver a música, apreciando, cantando e criando som.

Sobretudo é importante ressaltar que toda criança está imersa a uma

cultura, que é educada não só pela sua família, mas também pela sociedade

9

em que vive e cresce. Ou seja, a forma pela qual a música influencia o

desenvolvimento de uma criança índia, por exemplo, é muito diferente da forma

como isso se dá com uma criança branca, da mesma forma, uma criança de

classe média alta, que freqüenta ambientes nos quais a música é praticada de

forma constante, apresenta características bem diversas de uma criança que

se vê vitima da violência, da exploração, fome dentre outros.

A música é considerada uma linguagem de expressão, que deveria ser

parte integrante da formação global da criança.

Ela colabora no desenvolvimento dos processos de aquisição do

conhecimento, sensibiliza criatividade, sociabilidade e gosto artístico. Com ela

perdemos a forma mecânica de agir, tudo se torna prazeroso e livre. A mesma

tem o poder de nos contagiar e vivenciar aquele momento deixado tudo de ruim

pra traz.

A criança da pré- escola ainda não tem capacidade de concentrar-se

para ouvir música. Isto é inerente a sua faixa etária. Por isso a música deve ser

trabalhada por meio de historinhas, dramatizações, jogos e brincadeiras que

motivem a participação da mesma.

A Escola é a instituição responsável pela formação cultural da criança,

cabe a ela também proporcionar esse conhecimento, não só da música popular

como também das musicas folclóricas.

Esse estudo contempla pesquisa bibliográfica documental, de

abordagem qualitativa em educação. Para isso foi preciso identificar as fontes

que pudessem fornecer respostas ou esclarecimentos ao problema em

questão, caracterizando pesquisa do tipo bibliográfica.

No capitulo I foi abordado sobre a música na educação infantil, o que é

música? Quais os elementos que contribuem com a música?

No capitulo II foi abordado o papel da música na Educação Infantil e

como ela pode contribuir no desenvolvimento da criança?

10

No capitulo III, foi apresentado à importância de se trabalhar as cantigas

de roda.

11

CAPÍTULO I

MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A Música é uma arte e, ao mesmo tempo uma ciência.

Nenhuma arte criada pelo homem encontra-se mais

próximo da vida que a música, a ponto de podermos dizer

que ela é a própria vida. (MERCÈ, Cap. 9, p.245)

Segundo Bréscia (2003) a música é uma linguagem universal, tendo

participado da história da humanidade desde as primeiras civilizações.

Conforme dados antropológicos, as primeiras músicas seriam usadas em

rituais, como: nascimento, casamento, morte, recuperação de doenças e

fertilidade. Com o desenvolvimento das sociedades, a música também passou

a ser utilizada em louvor a líderes, como a executada nas procissões reais do

antigo Egito e na Suméria.

Na Grécia Clássica o ensino da música era obrigatório, e há indícios de

que já havia orquestras naquela época. Pitágoras de Samos, filósofo grego da

antiguidade, ensinava como determinados acordes musicais e certas melodias

criavam reações definida no organismo humano. “Pitágoras demonstrou que a

seqüência correta de sons, se tocada musicalmente num instrumento, pode

mudar padrões de comportamento e acelerar o processo de cura” (Bréscia, p.

31, 2003).

Existem diversas definições para a música. Porém de modo geral ela é

considerada ciência e arte, na medida em que as relações entre os elementos

musicais são relações matemáticas e físicas. A arte manifesta se pela escolha

dos arranjos e combinações. e expressiva de variáveis conforme a época.

Bréscia (2003, p. 25) conceitua a música como “[...] combinação

harmoniosa e expressiva de sons e como a arte de se exprimir por meio de

sons, seguindo regras variáveis conforme a época, a civilização etc”.

12

Já Gainza (1988, p. 22) ressalta que: A música e o som, enquanto

energia, estimulam o movimento interno e externo no homem; impulsionam-no

a ação e promovem nele uma multiplicidade de condutas de diferentes

qualidade e grau”.

1. Elementos que constituem a música

De acordo com Weigel (1988, p.10) a música é composta basicamente por

quatro elementos: som, ritmo, melodia e harmonia.

Som: são as vibrações audíveis e regulares de corpos elásticos, que se

repetem com a mesma velocidade, como as do pêndulo do relógio. As

vibrações irregulares são denominadas ruído.

Ritmo: é o efeito que se origina da duração de diferentes sons, longos ou

curtos.

Melodia: é a sucessão rítmica e bem ordenada dos sons.

Harmonia: é a combinação simultânea, melódica e harmoniosa dos sons.

Segundo Gainza (1988, p. 36) Cada um dos aspectos ou elementos da

música corresponde a um aspecto humano específico ao qual mobiliza com

exclusividade ou mais intensamente: o ritmo musical induz ao movimento

corporal, a melodia estimula a afetividade; a ordem ou estrutura musical (na

harmonia ou na forma musical) contribui ativamente para afirmação ou para a

restauração da ordem mental no homem.

1.1 . O que é musicalização?

Segundo Bréscia (2003) a musicalização é um processo de construção do

conhecimento, que tem como objetivo despertar e desenvolver o gosto musical,

favorecendo o desenvolvimento da sensibilidade, criatividade, senso rítmico, do

prazer de ouvir música, da imaginação, memória, concentração, atenção, auto-

disciplina, do respeito ao próximo, da socialização e afetividade, também

contribuindo para uma afetiva consciência corporal e de movimentação.

13

Com as atividades de musicalização é permitido que as crianças conheçam

melhor a si mesma, desenvolvendo sua noção de esquema corporal, e também

permite a comunicação com o outro.

Weigel (1988) e Barreto (2000) afirmam que atividades podem contribuir de

maneira indelével como reforço no desenvolvimento cognitivo, lingüístico,

psicomotor e sócio-afetivo da criança, de seguinte forma:

• Desenvolvimento cognitivo lingüístico: é a fonte de conhecimento da

criança, são as situações que ela tem oportunidade de experimentar em

seu dia a dia. Dessa maneira, quanto maior for à riqueza de estímulos

que ela receber, melhor será o seu desenvolvimento intelectual. Nesse

sentido,as experiências rítmicas musicais que permitem uma

participação ativa (vendo, ouvindo ou tocando) favorecem o

desenvolvimento dos sentidos das crianças. Ao trabalhar com os sons

ela desenvolve sua percepção auditiva; ao acompanhar gestos ou

dançar ela está trabalhando a coordenação motora e a atenção; ao

cantar ou imitar sons ela esta descobrindo suas capacidades e

estabelecendo relações com o ambiente em que vive.

• Desenvolvimento psicomotor: com as atividades musicais a criança tem

oportunidade de aprimorar suas habilidades motoras, aprende a

controlar seus músculos e mover- se com desenvoltura. O ritmo tem um

papel importante na formação e equilíbrio do sistema nervoso. Isto

porque toda expressão musical ativa age sobre a mente, favorecendo a

descarga emocional, a reação motora e aliviando as tensões. Qualquer

movimento adaptado a um ritmo é resultado de conjunto completo e

complexo de atividades coordenadas. Por isso atividades como cantar

fazendo gestos, dançar, bater palmas, bater os pés, são experiências

importantes para a criança, pois elas permitem que se desenvolva o

senso rítmico, a coordenação motora, fatores importantes também para

o processo de aquisição da leitura e da escrita.

• Desenvolvimento sócio-afetivo: a criança aos poucos vai formando sua

identidade, percebendo-se diferente dos outros e ao mesmo tempo

14

buscando integrar-se com os outros. Nesse processo a auto-estima e a

auto-realização desempenham um papel muito importante. Através do

desenvolvimento da auto-estima ela aprende a se aceitar como é com

suas capacidades e limitações.

Dessa forma as atividades coletivas favorecem o desenvolvimento da

socialização, estimulando a compreensão, a participação e a cooperação. Com

isso a criança vai desenvolvendo o conceito de grupo. Além disso, ao

expressar-se musicalmente em atividades que lhe dêem prazer, ela demonstra

seus sentimentos, libera suas emoções, desenvolvendo um sentimento de

segurança e auto-realização.

É muito importante que se desenvolva a escuta sensível e ativa nas

crianças.

Mársico (1982) comenta que nos dias atuais as possibilidades de

desenvolvimento auditivo se tornam cada vez mais reduzidas, as principais

causas são o predomínio dos estímulos visuais sobre os auditivos e o excesso

de ruídos com o que estamos habituados a conviver. Por isso é fundamental

fazer uso de atividades de musicalização que explorem o universo sonoro,

levando as crianças a ouvirem com atenção, analisando, comparando os sons

e buscando identificar as diferentes fontes sonoras. Isso irá desenvolver sua

capacidade auditiva, exercitar a atenção, concentração e a capacidade de

análise e seleção de sons.

As atividades de exploração sonora devem partir do ambiente familiar da

criança, passando depois para ambientes diferentes. Por exemplo, o educador

pode pedir para que as crianças fiquem em silêncio e observem os sons ao seu

redor, depois elas podem descrever, desenhar ou imitar o que ouviram.

Também podem fazer um passeio pelo pátio da escola para descobrir novos

sons, ou aproveitar um passeio fora da escola e descobrir sons característicos

de cada lugar.

O educador também pode gravar sons e pedir para que as crianças

identifiquem cada um, ou produzir sons sem que elas vejam os objetos

15

utilizados e pedir para que elas os identifiquem, ou descubram de que material

é feito o objeto. ou como o som foi produzido.

Também são de grande importância as atividades que buscam localizar

as fontes sonoras para se estabelecer a distância em que o som foi produzido,

perto ou longe. Para isso o professor pode pedir que as crianças fiquem de

olhos fechados e indiquem de onde veio o som produzido por ele, ou ainda, o

professor pode caminhar entre os alunos utilizando um instrumento ou outro

objeto sonoro e as crianças vão acompanhando o movimento do som com as

mãos.

Bréscia (2003) também destaca a importância de se trabalhar com jogos

musicais. Esses jogos podem ser de três tipos, correspondente as fazes do

desenvolvimento infantil:

Sensório motor (até os dois anos): São atividades que relacionam o som e o

gesto. A criança pode fazer gestos para produzir sons e expressar-se

corporalmente para representar o que ouve ou canta. Favorecem o

desenvolvimento da motricidade.

Simbólico (a partir dois anos): Aqui se busca representar o significado da

música, o sentimento, a expressão. Contribuem para o desenvolvimento da

linguagem.

Analítico ou de regras (a partir dos quatro anos): São jogos que envolvem a

estrutura da música, onde são necessárias a socialização e organização. Ela

precisa escutar a si mesma e aos outros, esperando sua vez de cantar ou

tocar. Ajudam no desenvolvimento do sentido de organização e disciplina.

A duração das atividades deve variar conforme a idade da criança,

dependendo de sua atenção e interesse. Além disso, vale lembrar que é

preciso respeitar a forma de expressão de cada um, mesmo que venha a

parecer repetitivo ou sem sentido. É importante que a criança sinta-se livre

para se expressar e criar.

16

Todavia a importância de se saber mais sobre a música. Qual é o seu

papel na educação? E como pode contribuir para o desenvolvimento da

criança?

17

CAPÍTULO II

QUAL O PAPEL DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTI

A música tem um papel importantíssimo no processo de formação de um

individuo. É de grande importância que crianças tenham contato com esta arte

desde pequenas, que ela seja inserida no plano de ensino.

Muitos educadores já usam a música como ferramenta de ensino para

ajudar na compreensão de outras matérias, como por exemplo, no processo de

alfabetização, ensinando as letras, brincando com as palavras em forma de

música, o que também prende a atenção das crianças principalmente daquelas

mais inquietas em sala.

Mas a música na educação tem muito mais importância do que isso,

cientificamente comprovado, ela estimula diversas áreas do cérebro, e facilita o

aprendizado. A iniciação musical é de extrema importância, e Ela deve

acompanhar o mais cedo possível.

A música quando empregada no contexto adequado contribui no

desenvolvimento da criança. A mesma desenvolve a percepção, a

concentração, a observação e a criatividade da criança.

Ao mesmo tempo em que a música possibilita essa diversidade de

estímulos, ela pode estimular também a absorção de informações e a

aprendizagem, principalmente no campo do raciocínio lógico, da memória, do

espaço e raciocínio abstrato.

No dia-a-dia das escolas infantis, a música faz parte da rotina de

atividades as quais as crianças vivenciam. Existe a música para tudo, fazer fila,

guardar os brinquedos, escovar os dentes e etc. As crianças adoram e o

ambiente fica mais harmonioso, além de proporcionar a aprendizagem da

criança. E com isso os educadores utilizam recursos que facilitam o trabalho,

ensinando assim regras básicas da vida cotidiana.

18

2.1. A Música e o desenvolvimento cognitivo da criança

Inúmeras pesquisas desenvolvidas em diferentes países e em diferentes

épocas, particularmente nas décadas finais do século XX, confirmam que a

influência da música no desenvolvimento da criança é incontestável. Algumas

delas demonstraram que o bebê, ainda no útero materno, desenvolve reações

estímulos sonoros.

Segundo Schlaug, da Escola de Medicina de Harvrd (EUA), e Gaser, da

Universidade de Jena (Alemanha), revelaram que, ao comparar cérebros de

músicos e não músicos, os do primeiro grupo apresentavam maior quantidade

de massa cinzenta, particularmente nas regiões responsáveis pela audição,

visão e controle motor. (Apud Sharon, 2000).

Ou seja, segundo esses autores tocar um instrumento exige muito da

audição e da motricidade fina das pessoas. O que estes autores perceberam, e

vem ao encontro de muitos outros estudos e experimentos, é que a prática

musical faz com que o cérebro funcione “em rede”: o indivíduo ao ler

determinado sinal na partitura, necessita passar essa informação visual ao

cérebro, este por sua vez, transmitirá à mão o movimento necessário (tato), ao

final disso, o ouvido acusará se o movimento feito foi o correto (audição). Além

disso, o instrumentista apresenta muito mais coordenação na mão não

dominante do que pessoas comuns.

Segundo Garser, o efeito do treinamento musical no cérebro é

semelhante ao da prática de um esporte nos músculos. Platão já dizia que a

música é a ginástica da alma.

Outros estudos apontam também que, mesmo se o contato com a

música for feito por apreciação, isto é, não tocando um instrumento, mas

simplesmente ouvindo com atenção os estímulos cerebrais também são

bastante intensos.

19

Ao mesmo tempo em que a música possibilita essa diversidade de

estímulos, ela, por seu caráter relaxante, pode estimular a absorção de

informações, isto é, a aprendizagem.

Segundo Losavov, cientista búgaro, desenvolveu uma pesquisa na qual

observou grupos de crianças em situação de aprendizagem, e a um deles foi

oferecido musica clássica, em andamento lento, enquanto estavam tendo

aulas. O resultado foi uma grande diferença, favorável ao grupo que ouviu

música. A explicação do pesquisador é que ouvindo musica clássica, lenta, a

pessoa passa do nível alfa (alerta) para o nível beta (relaxados, mas atentos);

baixando a ciclagem cerebral, aumentando assim as atividades dos neurônios.

(Apud Ostrander e Schoeder, 1978).

Ou seja, afetivamente a prática de música, seja pelo aprendizado de um

instrumento, seja pela apreciação ativa, potencializa a aprendizagem cognitiva,

do espaço e do raciocínio.

2.2 A música e o desenvolvimento afetivo da criança

E muito importante que desde os primeiros dias de vida as crianças

tenham contato com a música. Isso facilitará muito na adaptação dessa criança

com outras.

Outro campo de desenvolvimento é o que lida com a afetividade

humana. Muitas vezes menosprezado por nossa sociedade tecnicista, é nele

que os efeitos da prática musical se mostram mais claros, independente de

pesquisas e experimentos. Todos nós que lidamos com crianças percebemos

isso, o que tem mudado é que agora estes efeitos têm sido estudados

cientificamente.

Em pesquisas realizadas na Universidade de Toronto. Foi comprovado

algo que muitos pais já imaginavam: os bebês tendem a permanecer mais

calmos quando são expostos a uma melodia serena e, dependendo da

20

aceleração do andamento da música, ficam mais alertas. (Apud Cavalcante,

2004).

A linguagem musical tem sido apontada como uma das áreas de

conhecimentos mais importantes a serem trabalhadas na Educação Infantil, ao

lado da linguagem oral e escritas, do movimento, das artes visuais.

A música deve está presente na rotina de uma escola, mesmo que não

tenha um profissional especializado.

Desenvolver a musicalidade nas crianças na faixa etária de 3 a 10 anos

é muito importante, não só para sensibilizá-las para música, mas também para

que se tornem artistas extremamente virtuosos? Ou seja, a música serve para

ativar outras áreas do cérebro, ajudando crianças a estimular inúmeras

atividades.

A música pode ajudar no raciocínio lógico contribuindo para a

compreensão da linguagem e para o desenvolvimento da comunicação, para a

percepção de sons sutis e para o aprimoramento de outras habilidades.

Sobretudo juntar música e educação dentro de uma sala de aula, além

de gerar resultados animadores e gratificantes, faz com a difícil tarefa de

ensinar seja muito mais prazerosa e divertida e as crianças adoram e ficam

mais centradas no assunto o que faz com o que eles aprendam com mais

facilidade e com bastante entusiasmo.

2.3. A música e o desenvolvimento social da criança

A música também é de grande importância no campo da maturação

social da criança. È por meio do repertório musical que nos iniciamos como

membros de determinado grupo social. Por exemplo: os acalantos ouvidos por

um bebê no Brasil não são os mesmos ouvidos por um bebê nascido na

Islândia. Da mesma forma, as brincadeiras, as adivinhas, as canções, as

parlendas que dizem respeito à nossa realidade nos inserem na nossa cultura.

21

È difícil encontrar alguém que não se relacione com a

música de um modo ou de outro: escutando, cantando,

dançando, tocando um instrumento, em diferentes

momentos e por diversas razões. (Brito, p.31 2004)

Além disso, a música também é importante do ponto de vista da

maturação individual, isto é, do aprendizado das regras sociais por parte da

criança. Quando uma criança brinca de roda, por exemplo, ela tem a

oportunidade de vivenciar, de forma lúdica, situações de perda, de escolha, de

decepção, de dúvida, de afirmação.

Infelizmente, o processo musical ainda continua lento nas escolas, onde

a linguagem musical é centrada em datas comemorativas e no convívio da

rotina e não nas atividades de experimentar, improvisar, conhecer esse

universo de sons, para contribuir com a aprendizagem das crianças.

E muito importante que desde os primeiros dias de vida, as crianças

tenham contato com a música. Isso facilitará muito no desenvolvimento social.

Ou seja, a música tem um papel importantíssimo no desenvolvimento da

criança e na vida de todos, pois ela expressa sentimentos, vontades, culturais.

Ela pode se transformar num ótimo objeto de ensino-aprendizagem, pois as

crianças da Educação Infantil conseguem expressar com facilidade através da

música, que tida como a primeira manifestação artística vivenciada pelo

homem.

22

CAPÍTULO III

A IMPORTÂNCIA DAS CANTIGAS DE RODA NA

EDUCAÇÃO INFANTIL

Cantigas de roda é um tipo de canção popular, que está diretamente

relacionada com brincadeira de roda. A prática é comum em todo o Brasil e faz

parte do folclóre brasileiro. Consiste em formar um grupo com várias crianças,

dar as mãos e cantar uma música com características próprias, como melodia

e ritmo equivalentes à cultura local, letras de fácil compreensão, temas

referentes à realidade da criança ou ao seu universo imaginário e geralmente

com coreografias.

As cantigas de roda integram o conjunto das canções anônimas, que

fazem parte da cultura espontânea, decorrente da experiência de vida de

qualquer coletividade humana. Elas se dão numa seqüência natural e

harmônica com o desenvolvimento humano.

...Quem é esta que me estimula a sair deste mesmo colo

e a busca o mundo lá fora arriscando mais um

rompimento, me oferecendo a chance de partilhar com os

outros iguais a mim... (Godinho, 1996).

Segundo Câmara Cascuda (1988), as brincadeiras de roda referem-se

às brincadeiras do folclore dançadas ou cantadas apresentando melodias e

coreografias simples. Grande parte delas se apresentam com os participantes

se colocando em roda e de mão dadas, mas existem também variações, como

os brinquedos de roda, que podem ser realizados sentados, com palmas, em

fileiras, em marchas, pode ser de esconder ou de pegar .

Elas também podem ser chamadas de cirandas, e tem caráter folclórico.

As letras, melodias e ritmos são bastante lúdicos, envolvem de maneira

23

coletiva, várias brincadeiras, danças e trava-línguas do jeito que criança gosta.

Com isso as crianças se divertem, aprendem e se desenvolvem.

As cantigas têm letras simples e faces de memorizar, são recheados de

rimas, repetições e trocadilhos, o que faz da música uma brincadeira. E com

isso a criança aprende brincando

Muitas vezes fala da vida dos animais, usando episódios fictícios, que

comparam a realidade daquela espécie, fazendo com que a atenção da criança

fique presa à história contada pela música, o que estímula sua imaginação e

memória. São os casos das músicas:

A barata diz que tem

“A barata diz que tem sete saias de filó

É mentira da barata, ela tem é uma só

Ah ra ra, ia ro ró, ela tem é uma só!

A barata diz que usa um sapato de veludo

É mentira da barata, o pé dela é peludo

Ah ra ra, ru ru, o pé dela é peludo!

A barata diz que tem uma cama de marfim

É mentira da barata, ela tem é de capim

Ah ra ra, rim rim rim, ela tem é de capim!

A barata diz que tem um anel de formatura

È mentira da barata, ela tem é casca dura

Ah ra ra, iu ru ru ru ela tem é casca dura!

A barata diz que tem o cabelo cacheado

É mentira da barata, ela tem coco raspado

Ah ra ra, ia ro ro ró, ela tem coco raspado!”

Peixe Vivo

24

“Como pode o peixe vivo

Viver fora da água fria

Como pode o peixe vivo

Viver fora da água fria

Como poderei viver

Como poderei viver

Sem a tua, sem a tua

Sem a tua companhia

Sem a tua, sem a tua

Sem a tua companhia

Os pastores desta aldeia

Já me fazem zombaria

Os pastores desta aldeia

Já me fazem zombaria

Por me verem assim chorando

Por me verem assim chorando

Sem a tua, sem a tua

Sem a tua companhia

Sem a tua, sem a tua

Sem a tua companhia.”

Sapo jururu

Sapo jururu na beira do rio

Quando sapo grita, ó maninha é que está com frio

A mulher do sapo, é quem está la dentro

Fazendo rendinha, ó maninha para o casamento.

Em outros casos de cantigas, alguns objetos criam vida, ou fala-se de

amor como a musica:

25

Nesta Rua

“Nesta rua, nesta rua, tem um bosque

Que se chama que se chama, solidão

Dentro dele, dentro dele mora um anjo

Que roubou meu coração

Se eu roubei, se eu roubei seu coração

É porque tu roubaste o meu também

Se eu roubei, se eu roubei teu coração

É porque eu te quero tanto bem

Se esta rua, sesta rua fosse minha

Eu mandava, eu mandava ladrilhar

Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhante

Para o meu, para o meu amor passar.”

As cantigas que falam de amor são representadas pelas crianças

principalmente pelo casamento, já que o exemplo mais próximo delas é o dos

pais.

Sobretudo, também tem as cantigas que retratam história engraçadas como na

musica:

Samba Lelê

“Samba Lelê está doente

Está com a cabeça quebrada

Samba Lelê precisava

È umas dezoito lambadas

Samba, samba, samba ô Lelê

Pisa na barra da saia ô Lalá.”

26

Há ainda, cantigas que parecem ser um estímulo à violência ou ao

medo. Como por exemplo:

Atirei o pau no gato

“Atirei o pau no gato tô tô

Mas o gato tô tô

Não morreu reu réu

Dona chica cá

Adimirou-se se

Do berro, do berro que o gato deu

Miau!!!”

Boi da cara preta

“Boi da cara preta

Boi, boi, boi

Boi da cara preta

Pega esta criança que tem medo de careta.”

Atualmente, algumas canções vêm sendo alteradas por pessoas mais

preocupadas com a influência das músicas na mente infantil, como por

exemplo, a do “Atirei pau no gato” que tem outra versão:

“Não atire o pau no gato tô tô

Por que isso so so

Não se faz faz faz

O gatinho nho nho

É nosso amigo go go

Não devemos maltratar os animais

Miau!!!”

Não há como detectar o momento em que as cantigas de roda foram

alteradas, já que além de terem autora anônima, são continuamente

27

modificadas, adaptando-se à realidade do grupo de pessoas que as canta. São

também criadas novas cantigas naturalmente em qualquer grupo social.

Segundo Cascudo (1988), as cantigas de roda têm um caráter

constante. “(...) apesar de serem cantadas uma dentro das outras e com as

mais curiosas deformações das letras, pela própria inconsciência com que são

transmitidas oralmente abandonadas em cada geração e reerguidas pela outra

“numa sucessão ininterrupta de movimento e de canto quase independente de

decisão pessoal ou do arbítrio administrativo. “ (ibid. p. 146).

As cantigas conhecidas no Brasil têm origem européia, mais

especificamente de Portugal e Espanha. Porém, isso não é notável, pois as

mesmas já se adaptaram tanto ao folclore brasileiro que são o retrato do país.

As cantigas de roda são de extrema importância para a cultura de um

local. Através dela há possibilidade de se conhecer costumes, cotidiano da

pessoas, festas típicas do local, comidas, brincadeiras, paisagem, flora, fauna,

crenças, dentre muitas outra coisas. O folclore de um determinado local vai se

construindo aos poucos através não só de cantigas de roda, mas também de

histórias populares contadas oralmente, com lendas, cantigas de ninar etc.

Essa prática hoje em dia não é tão presente na realidade infantil com

antigamente devido as tecnologias existentes, é geralmente usada para

entretenimento de crianças de todas as idades em locais como colégios

creches, parques, etc.

É preciso que as cantigas de roda que antigamente acompanhavam

nossos bisavós, avós, pais tenham hoje seu espaço garantindo nas escolas,

que passam assim a cumprir a importante função de transmiti-las a cada nova

geração.

As cantigas além de embalar as brincadeiras, ajuda a melhorar a

comunicação, a entender um pouco da cultura do nosso país.

28

As cantigas de roda são ótimas para a socialização e desinibição da

criança, ao provocar o olhar frente a frente com o outro, o toque corporal, e a

exposição consentida, pois em muitas das cantigas deve-se ir ao centro da

roda individualmente e se visto por todos. Além disso, desenvolvem também o

senso de organização coletiva através da roda e o senso rítmico pela música e

pelo movimento corporal que ela cria.

Devemos tentar atualizar sua utilização de forma a transformá-los em

instrumentos que nos possibilitem juntar o passado com o presente. Ou seja,

trabalhar as cantigas de roda passadas com as de agora.

As cantigas de roda ajuda a embalar a infância, a prolongá-la. Dessa

forma permite que meninos e meninas continuem sendo crianças por muito

mais tempo.

29

CONCLUSÃO

A música é importante na vida de todos, pois ela expressa sentimento,

vontades e culturas. Ela pode se transformar num ótimo objeto de ensino-

aprendizagem, pois as crianças da Educação Infantil conseguem se expressar

com facilidade através da musica.

A educação musical deve fazer parte da educação das crianças, desde a

pré-escola, pois tem um papel importantíssimo, não na comunicação, mas

também para a coordenação motora.

Temos que encantar nossas crianças nas escolas. Seja com jogos de

montar, histórias, massa de modelar, livros ilustrados e principalmente com

cantigas.

A música tem ainda o dom de aproximar as pessoas. As crianças que

vivem em contato com a música, aprendem a conviver melhor com as outras

crianças e estabelece um meio de se comunicar muito mais harmonioso do que

aquela que é privada da música.

A música tem um papel importantíssimo na Educação Infantil. Quando

empregada de forma adequada, ajuda a desenvolver a concentração, a

observação e a criatividade da criança. Ela tem o poder de deixar a criança

mais descontraída com vontade de participar, ajudando assim no seu

desenvolvimento tanto cognitivo como psicomotor.

Com as cantigas e brincadeiras de roda a criança tem a oportunidade de

vivenciar novos costumes, aprendendo mais sobre a sua cultura e de outros

lugares o que só ajuda no seu desenvolvimento.

A música é mais que poderosa, pois ela permite introduzir na alma do

indivíduo desde a sua infância, o amor, a beleza e a virtude de tudo que já

30

viveu e viverá. A pessoa bem educada musicalmente tem a oportunidade de

perceber a beleza e a harmonia de tudo.

A música torna a criança mais feliz!

31

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BEE, Helen. A criança em Desenvolvimento. 9. Ed. São Paulo: Artmed, 2003.

BRÉSCIA, Vera Lúcia Pessagno. Educação Musical: bases psicológicas e ação preventiva. São Paulo: Átomo, 2003.

BRITO, Teca Alencar de. Música na educação infantil. São Paulo: Peirópolis, 2003.

GAINZA, Violeta Hemsy de. Estudos de Psicopedagogia Musical. 3. ed. São Paulo: Summus, 1988.

JACAS, Maria Mercè Cardoner. Expressão Musical. In: ARRIBAS, Teresa Lleixà. Educação infantil: desenvolvimento, currículo e organização escolar. 5. ed.

MÁRSICO, Leda Osório. A criança e a música: um estudo de como se processa o desenvolvimento musical da criança. Rio de Janeiro: Globo, 1982.

SUE, Mery Pereira. A descoberta da Criança: Introdução à educação infantil.

ed.2. Rio de janeiro: Wak, 2005.

RANGEL, Suzana Vieira da cunha. Cor som e movimento: A expressão

plástica, musical e dramática no cotidiano da criança. 6. Ed. Porto Alegre:

Mediação, 2006.

FUKS, Rosa. O discurso do silêncio. Rio de Janeiro: Enelivros, 1991.

WEIGEL, Anna Maria Gonçalves. Brincando de Música: Experiências com Sons, Ritmos, Música e Movimentos na Pré-Escola. Porto Alegre: Kuarup, 1988.

32

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL 10

1.1 – Elementos que constituem a música 11

1.2 – O que é musicalização? 11

CAPITULO II

QUAL O PAPEL DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL 16

2.1 – A música e o desenvolvimento cognitivo da criança 18

2.2 – A música e o desenvolvimento afetio da criança 19

2.3 – A música e o desenvolvimento social da criança 20

CAPITULO III

A IMPORTÂNCIA DAS CANTIGAS DE RODA NA

EDUCAÇÃO INFANTIL 22

CONCLUSÃO 29

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 31

ÍNDICE 32

33

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes

Título da Monografia: A Importância da música na Educação Infantil

Autor: Leidja Lira dos Santos Costa

Data da entrega: 31/01/2009

Avaliado por: Conceito: