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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
Por: Damião Henrique de Vasconcelos
Orientador
Prof. Francisco Carrera
Rio de Janeiro
2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Gestão
Ambiental.
Por: Damião Henrique Vasconcelos
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RESUMO
O presente trabalho visa reunir os resultados obtidos por alguns
pesquisadores, em cidades do Estado do Rio de Janeiro, sobre a Gestão de
resíduos sólidos do lixo urbano, publicados nos últimos anos, para proporcionar
uma visão global e atualizada do assunto, através de pesquisa bibliográfica dos
artigos analisados.
Apresentamos como é a gestão de resíduos sólidos em alguns
municípios do estado do Rio de Janeiro. Já existe um mercado de produtos
recicláveis no estado o que necessita é de ações que viabilizem a segregação
dos resíduos na fonte e a otimização da cadeia produtiva da reciclagem,
permitindo a inclusão social dos catadores, que se encontram marginalizada.
São apresentadas algumas experiências de municípios brasileiros.
Verificou-se como se têm dado as interações dos processos sócio-
ambientais na orla marítima, no que tange ao tratamento dos resíduos sólidos,
bem como as considerações e propostas de movimentos ambientalistas que
visam à despoluição da Baía de Guanabara e, por fim, estudaram-se alguns
aspectos básicos da legislação pertinente à Gestão de resíduos sólidos.
Palavras-chave: gerenciamento de resíduos sólidos
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METODOLOGIA
Pesquisa exploratória bibliográfica através de artigos e livros bem como
visitas a aterros sanitários no município do Rio de Janeiro. Visita em uma
empresa de limpeza urbana no município de Niterói no estado do Rio de
Janeiro.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Sistematizando um conjunto de informações para uma boa
gestão de resíduos sólidos 10
CAPÍTULO II - Analisar como é a gestão de resíduos sólidos urbanos em
empresas de limpeza no estado do Rio de Janeiro. 19
CAPÍTULO III – Algumas conseqüências do não gerenciamento dos resíduos
sólidos 31
CONCLUSÃO 35
ANEXO 38
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39
ÍNDICE 43
FOLHA DE AVALIAÇÃO 44
8
INTRODUÇÃO
O acúmulo de lixo é um fenômeno exclusivo das sociedades humanas.
Em um sistema natural não há lixo: o que não serve mais para um ser vivo é
absorvido por outros, de maneira contínua. No entanto, nosso modo de vida
produz, diariamente, uma quantidade e variedade de lixo muito grande,
ocasionando a poluição do solo, das águas e do ar com resíduos tóxicos, além
de propiciar a proliferação de vetores de doenças. (HESS, 2002)
As rápidas mudanças de tecnologias a qual tem sua obsolência
programada, o consumismo gerado pelas indústrias que cada vez mais lançam
os mais diversos produtos no mercado, muitas sem a menor preocupação com
os impactos que esses produtos podem o meio ambiente, isso tudo nos leva a
crer que poucos são os que estão conscientes quanto à preservação do meio
em que vivemos e o com as gerações futuras.
Durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (Rio-92), os representantes dos 170 países presentes,
consolidaram o conceito de desenvolvimento sustentável, como diretriz para a
mudança de rumos no desenvolvimento global. Este conceito se fundamenta
na utilização racional dos recursos naturais, de maneira que possam estar
disponíveis para as futuras gerações, garantindo também a construção de uma
sociedade justa, do ponto de vista econômico, social e ambiental.
Os compromissos assumidos pelos governos, nessa ocasião,
compõem a Agenda 21, cuja implementação pressupõe a tomada de
consciência sobre o papel ambiental, econômico, social e político que cada
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cidadão desempenha na sua comunidade, exigindo a integração de toda a
sociedade no processo de construção do futuro. (NOVAES, 2000)
Quando falamos de gestão dos resíduos sólidos, observamos que
a sustentabilidade ambiental e social é construída a partir de modelos e
sistemas integrados, que tanto reduzam a produção o lixo pela população,
como a reutilização de materiais a qual são descartados ou até mesmo a
reciclagem dos materiais que possam servir de matéria prima para a indústria,
diminuindo o desperdício e gerando economia na aquisição de matéria prima e
até mesmo fonte de renda para algumas pessoas da sociedade.
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CAPÍTULO I
SISTEMATIZANDO UM CONJUNTO DE INFORMAÇÕES
PARA UMA BOA GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
DEFINIÇÃO
Segundo a norma brasileira NBR 10.004, os resíduos sólidos são
aqueles nos estados sólido e semi-sólido resultantes de atividades da
comunidade, de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de
serviços e de varrição. Esta definição inclui, portanto os lodos provenientes de
sistemas de tratamento de água, gerados em equipamentos e instalações de
controle de poluição, como também determinados líquidos cujas
particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou
corpos d água, ou que para tanto exijam soluções inviáveis em termos técnicos
e econômicos, mesmo estando disponível a tecnologia mais avançada à época.
O gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos é quando
utilizamos de ações de uma forma integrada com um conjunto articulado de
ações normativas, operacionais, financeiras e de planejamento, que uma
administração desenvolve, baseado em critérios sanitários, ambientais e
econômicos para coletar, tratar e dispor os resíduos sólidos de uma cidade.
Um bom gerenciamento de Resíduos sólidos urbano é aquele que
através de medidas administrativas de resíduos e com o manejo correto e
seguro consegue reduzir ao máximo os seus impactos ao meio ambiente e a
saúde pública.
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A Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Segundo Castilhos Junior (2003), a
Gestão Integrada de resíduos sólidos urbanos deve ser englobada por etapas
articuladas ações visando a não geração de resíduos até a disposição final,
compatíveis com os demais sistemas do saneamento ambiental, sendo
essencial a participação do governo iniciativa privada e sociedade civil
organizada.
Desta forma, um programa de coleta seletiva de lixo deve fazer parte do
Plano que a Integração de Resíduos Sólidos do Município, articulando-se, de
maneira com as demais técnicas a serem adotadas para o tratamento e
destinação do lixo. É importante salientar que, qualquer que seja o método
eleito para tratamento do lixo: com postagem, incineração, reciclagem, ou
combinação destes, sempre haverá uma parcela maior ou menor de rejeitos,
não sendo eliminada, em nenhuma das hipóteses, a necessidade de instalação
de aterro sanitário. O aterro sanitário é a forma de destinação final dos
resíduos sólidos que contempla os requisitos de proteção ambiental, como
impermeabilização, coleta e tratamento do Cho rume, coleta e queima dos
gases, cobertura periódica do lixo com terra ou material inerte. Sem estas
providências, o lixo se torna foco de doenças, insetos e roedores, além de
causar poluição do ar e das águas Subterrâneas.
Trata-se de um conjunto de métodos que tem como objetivo a redução
não só da produção e eliminação de resíduos como também uma melhor
observância do seu ciclo produtivo, com a intenção aprofundada na redução
desses resíduos em sua origem, afim de geri-los afim de gerar equilíbrios a
inevitável necessidade de se produzir esses resíduos e o impacto que o
mesmo traz ao ambiente.
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1.1 – Os resíduos e suas classificações:
A classificação baseia-se nas características dos resíduos, se reconhecido
como perigosos ou quanto à concentração de poluentes em suas matrizes. De acordo
com a NBR 10.004 os resíduos são classificados da seguinte forma:
A classificação dos resíduos sólidos está representada pela figura 1.
Fígura 1. Classificação dos resíduos sólidos
Fonte: Oliveira (1997).
URBANO AGRICOLAS RADIOATIVOS (LIXO ATOMICOS)
OUTROS (PERIGOSOS/TOXICOS)
DOMÉSTICOS COMERCIAL ESPECIAIS, VARRIÇÃO E OUTROS
INDUSTRIAL SERVIÇOS DE SAÚDE
AEROPORTOS, PORTOS E TERMINAIS RODOVIÁRIOS E FERROVIÁRIOS.
RESÍDUOS SÓLIDOS
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1.2 - O desenvolvimento da gestão de resíduos sólidos
Demajorovic (apud BROLLO & SILVA, 2001, p.6-7), identifica três fases
no desenvolvimento da gestão dos resíduos sólidos nos países desenvolvidos.
Na primeira fase, que prevaleceu até o início da década de 70, priorizou-se
apenas a disposição dos resíduos. Os maiores avanços deste período foram a
eliminação da maioria dos depósitos a céu aberto na Europa Ocidental e o
encaminhamento do lixo a aterros sanitários e incineradores. A segunda fase,
durante as décadas de 70 e 80, caracterizou-se pela priorização da
recuperação e reciclagem dos materiais, através do estabelecimento de novas
relações entre consumidores finais, distribuidores e produtores, para garantir,
ao menos, o reaproveitamento de parte dos resíduos. A partir da década de 80,
numa terceira fase, a atenção passa a concentrar-se na redução do volume de
resíduos, em todas as etapas da cadeia produtiva. Assim, antes de pensar no
destino dos resíduos, pensa-se em como não gerá-lo; antes de pensar na
reciclagem, pensa-se na reutilização dos materiais, o que demanda menos
energia; e, só então, antes de encaminhar os resíduos (rejeitos) ao aterro
sanitário, procura-se recuperar a energia presente nos mesmos, por meio de
incineradores, tornando-os inertes e diminuindo seu volume.
No Brasil, estas recomendações têm sido encampadas ao longo do
tempo pela legislação, embora com a falta de instrumentos adequados ou de
recursos que viabilizem a sua implantação, na prática. A Política Nacional de
Resíduos Sólidos, em tramitação no Congresso Nacional, deverá ser norteada
pelos princípios básicos da minimização da geração, reutilização, reciclagem,
tratamento e disposição final de resíduos, seguindo esta ordem de prioridade.
Prevê a concessão de incentivos fiscais e financeiros às instituições que
promovam a reutilização e a reciclagem de resíduos, além de dar prioridade ao
14
recebimento de recursos federais aos municípios que aderirem ao Programa
Nacional de Resíduos Sólidos. (BROLLO & SILVA, 2001, p.7-8)
Assim como a produção em massa para o consumo desenfreado da
sociedade se relaciona com o fator econômico, a destinação final também
mantém esta ligação. Isto quer dizer que, na medida em que se encontrar um
fim lucrativo para os resíduos (atividade econômica em expansão no país), o
qual produza recursos financeiros e gere efetivamente novos negócios, uma
boa parte dos resíduos produzidos deixará de ser considerada como lixo pelo
mundo dos negócios e mesmo pela sociedade. Conforme Bergamasco (2003):
"uma estimativa do CEMPRE (Compromisso Empresarial para Reciclagem) mostra que, só na atividade de reciclagem de produtos pós-consumo, o Brasil movimenta atualmente algo em tomo de R$ 3 bilhões por ano, considerando apenas os cinco grandes grupos de materiais recicláveis: plástico, papel e papelão, vidro, alumínio e borracha."
Nesse novo contexto que se vislumbra, uma verdadeira "luz ao fim do
túnel", o valor econômico dado ao lixo crescerá a partir do aumento na
sociedade da consciência ambiental e das conseqüências negativas da
produção em massa de lixo; da reversão da externalização econômica dessas
conseqüências, ou seja, quando os custos dos processos de produção e
consumo associados ao lixo (degradação ambiental, doenças, dentre outros,
implicando no tratamento e destinação adequados do lixo) deixarem de ser
distribuídos à sociedade e forem incorporadas por essas cadeias produtivo-
econômicas; e de quando os custos da reciclagem tornam-se competitivos aos
custos das matérias-primas.
Geralmente, quando se fala em "lixo" tem-se em mente aquilo que sobra
e não tem mais valor, porém esta é uma acepção muito negativa. Senão,
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vejamos como os próprios dicionários já divulgam esta noção extremada, pelo
exemplo tomado abaixo:
"qualquer objeto sem valor ou utilidade, detrito oriundo de trabalhos domésticos ou industriais que se joga fora; uso informal ou de forma pejorativa: coisa ordinária, malfeita, feia; pessoas sem qualquer dote moral, físico ou intelectual; a camada mais baixa da sociedade; escória, ralé." (Dicionário HOUAISS: 2001)
Por esta ótica, o lixo assume uma forma tendenciosa de admitir os
resíduos em o contexto social e de exclusão, na atual sociedade capitalista,
excluindo assim o trabalho vivo e invisível dos catadores. Por sua vez, o
resíduo é caracterizado como um termo técnico ou neutro, somente para uso
de acadêmicos ou profissionais, recebendo a seguinte definição no dicionário
Houaiss (2001): "aquilo que sobra, o que resta de qualquer processo".
A Organização Mundial da Saúde (apud PNUD, 1998) define lixo como
“qualquer coisa que seu proprietário não quer mais, em um dado lugar e em
certo momento, e que não possui valor comercial”. De acordo com essa
definição, pode-se concluir que o resíduo sólido, separado na sua origem, ou
seja, nas residências e empresas, e destinado à reciclagem, não pode ser
considerado lixo, e sim, matéria prima ou insumo para a indústria ou outros
processos de produção, com valor comercial estabelecido pelo mercado de
recicláveis.
A NBR 10.004 define a periculosidade de um resíduo com base nas
características por ele apresentadas e que, devido às suas propriedades
físicas, químicas infectam - contagiosas, podem constituir um risco à saúde
16
pública, provocando ou acentuando, de forma significativa, um aumento de
mortalidade ou incidência de doenças, e/ou riscos ao ambiente, quando o
resíduo é manuseado ou destinado de forma inadequada.
A forma como os resíduos sólidos municipais são administrados fica sob
a responsabilidade das prefeituras, e das políticas por elas adotadas. Tal
gerenciamento deve consistir de ações normativas, operacionais, financeiras e
de planejamento desenvolvidas pela administração municipal e se baseia em
critérios sanitários, ambientais e econômicos para coletar, tratar e dispor os
resíduos sólidos de urna cidade, viabilizando processos e procedimentos que
garantam a proteção da saúde pública e a qualidade do meio ambiente.
Na verdade, são poucos os municípios brasileiros que adotam um
gerenciamento adequado de resíduos. Segundo dados do IBGE (1991), no
início da década passada 76% dos municípios brasileiros depositaram seus
resíduos sólidos em lixões; 13% em aterros controlados e 10% em aterros
sanitários e somente em 1 % dos municípios os resíduos sólidos passavam por
algum tipo de tratamento, tal como a reciclagem.
Dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, realizada pelo
IBGE (2000) apontam para uma melhoria significativa desta situação, pelos
quais, em 2000 apenas 30,5% dos municípios depositavam seus resíduos em
lixões, 22,3% em aterros controlados e 47,1% em aterros sanitários. Esta
melhoria, no entanto vem sendo vista com restrições. Segundo o Comitê de
Resíduos Sólidos da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e
Ambiental, os dados da referida pesquisa apresentam algumas diferenças em
relação a outros diagnósticos existentes principalmente no que se refere ao
número de municípios que vêm dando um destino final adequado ao lixo em
aterros sanitários e controlados.
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O que não pode ser negado é que os lixões constituem um problema
social, ambiental e sanitário, uma vez que esses tipos de depósitos de resíduos
sólidos, de origem desconhecida e sem qualquer medida de controle ou
proteção, aumentam significativamente os impactos ao ambiente e à saúde
pública.
A maioria dos municípios brasileiros, segundo Ferreira (1994 apud
Oliveira, 1991) apresenta as mesmas características no fluxo de resíduos
sólidos urbanos, da geração à disposição final, envolvendo simplesmente as
atividades de coleta regular, transporte e sua descarga em áreas quase
sempre selecionadas em função da disponibilidade, da distância em relação ao
centro urbano e da via de acesso, geralmente a céu aberto, quer dizer,
transformando-se em "lixões.”
A norma brasileira NBR - 8849 definem aterro controlado de resíduos
sólidos como a técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, que
não represente risco de danos à saúde pública e à segurança, minimizando os
impactos ambientais. Este método utiliza princípios de engenharia para
confinar os resíduos sólidos, cobrindo-os com uma camada de material inerte
na conclusão de cada jornada de trabalho.
Alguns técnicos, entretanto caracterizam essas áreas como lixões
controlados, uma vez que ocorre redução da poluição visual, mas sem que haja
redução da poluição do solo, da água e da atmosfera, não levando em
consideração a formação de líquidos e gases (OLIVEIRA, 1991). O termo
aterro controlado é muitas vezes confundido com aterro sanitário, e muitas
administrações públicas, não dispondo de conhecimento ambiental e de
engenharia suficiente, apresentam assim "soluções" em que predomina a
disposição inadequada de resíduos sólidos urbanos.
18
Por sua vez, o aterro sanitário de resíduos sólidos, (NBR 8419/1984), é
uma técnica mais eficiente, em termos sanitários e ambientais de disposição de
resíduos sólidos no solo, que utiliza princípios de engenharia para confinar os
resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volume
permitido, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada
jornada de trabalho ou a intervalos menores, quando for indicado.
A área destinada à disposição final de resíduos sólidos, no caso acima,
deverá ser previamente avaliada respeitadas as técnicas de engenharia que
propiciem o isolamento mais seguro, controlando o contato das substâncias
depositadas com o meio (solo, e mananciais). A disposição dos resíduos é feita
em camadas, sendo depositado material inerte para confinamento de cada
porção. O isolamento do solo é feito pela impermeabilização da base. Além
disso, o aterro sanitário abrange os seguintes sistemas: drenagem superficial,
captação e tratamento de Cho rume, captação e tratamento de gases,
monitoramento e plano de encerramento do aterro.
Como alternativa para a questão do destino do lixo, a usina de
Reciclagem consiste em área destinada à segregação mecânica dos resíduos
sólidos, com a finalidade de separar materiais orgânicos dos inorgânicos
(materiais recicláveis).
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CAPÍTULO II
ANALISAR COMO É A GESTÃO DE RESÍDUOS
SÓLIDOS URBANOS EM EMPRESAS DE LIMPEZA NO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO
O tema da limpeza urbana está assumindo papel de destaque entre as
crescentes demandas da sociedade brasileira e das comunidades locais. Seja
pelos aspectos ligados à veiculação de doenças e, portanto, à saúde pública;
seja pela contaminação de cursos d'água e lençóis freáticos, na abordagem
ambiental; seja pelas questões sociais ligadas aos catadores – em especial às
crianças que vivem nos lixões – ou ainda pelas pressões advindas das
atividades turísticas, é fato que vários setores governamentais e da sociedade
civil começam a se mobilizar para enfrentar o problema, por muito tempo
relegado a segundo plano. (Monteiro, 2001)
O que distingue e caracteriza o serviço público das demais atividades
econômicas é o fato de ser essencial para a comunidade. Por essa razão, a
prestação do serviço público é de obrigação do poder público e a sua gestão
está submetida a diversos princípios do Direito Público, especificamente
voltados à sua prestação eficiente a comunidades. (Monteiro, 2001)
Ainda que haja pouca clareza legal que oriente a concessão do serviço
público de limpeza urbana, a terceirização, através da contratação de
empresas privadas para execução, com seus próprios meios (equipamentos e
pessoal), da coleta, limpeza de logradouros, tratamento e disposição final, é
uma solução possível para as prefeituras que não tenham recursos disponíveis
para investimentos.
20
Segundo Castilhos Junior (2003), o gerenciamento de resíduos sólidos
urbanos deve ser integrado, englobando etapas articuladas entre si, desde
ações visando a não geração de resíduos até a disposição final, compatíveis
com os demais sistemas do saneamento ambiental, sendo essencial a
participação do governo, iniciativa privada e sociedade civil organizada.
A coleta seletiva do lixo evita o contato da fração orgânica com rejeitos
contaminantes, como pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes e embalagens
de produtos tóxicos, sendo que os métodos escolhidos para a coleta devem
contemplar a destinação correta para cada um destes itens, de acordo com a
legislação vigente e com a participação da iniciativa privada. O resíduo
proveniente da poda das árvores pode ser adicionado ao material a ser com
postado, desde que previamente triturado.
2.1 O aterro controlado do Morro do Céu
As áreas que as prefeituras das metrópoles atualmente utilizam como
depósito final de lixo, como "lixões" e aterros controlados, constituem focos
potenciais de poluição, refletindo-se negativamente na qualidade da saúde
humana e ambiental nas regiões adjacentes à sua instalação. Sisinno e
Moreira (1996) realizaram um trabalho em que foram avaliadas as
concentrações de cádmio, cromo, cobre, ferro, magnésio, níquel, chumbo e
zinco no líquido percolado (Cho rume) e em compartimentos ambientais (águas
superficiais e subterrâneas, solos e sedimentos) da área do aterro controlado
do Morro do Céu, em Niterói - RJ. A qualidade dos corpos d'água localizados
nas proximidades desse aterro foi também avaliada com base na análise de
21
outros parâmetros físico-químicos e microbiológicos complementares (pH,
DBO, DQO, colime tria etc.).
Figura 1 - Catadores de lixo sem qualquer equipamento no aterro do
Morro do Céu
FONTE: http://www.oglobo.globo.com.br
Figura 2 - Aspecto da degradação do solo, no Morro do Céu.
FONTE: http://www.oglobo.globo.com.br.
22
Os resultados encontrados mostraram que as maiores concentrações
dos metais foram observadas no solo do sítio limítrofe ao aterro e no sedimento
da vala do aterro, indicando tendência à retenção destes elementos nesses
segmentos. Da mesma forma, a qualidade das águas superficiais e
subterrâneas é ruim, destacando-se a presença de coliformes nas amostras
analisadas, além da evidência - nas águas superficiais - de grande carga de
compostos orgânicos e das concentrações de ferro, magnésio, níquel e zinco
acima dos limites permissíveis pela legislação ambiental. (SISINNO;
MOREIRA, 1996)
Os resultados obtidos por estes autores indicam que na área do aterro
controlado do Morro do Céu está havendo contaminação microbiológica dos
compartimentos ambientais estudados, além de uma baixa contaminação por
metais e elevada contaminação orgânica, contribuindo para um agravamento
na degradação ambiental e um decréscimo na qualidade de vida dos
moradores das proximidades.
No entanto, reconhecem que o estudo dos níveis de contaminação e
poluição ambiental em uma área de despejo de lixo urbano e de sua
conseqüente ação sobre a saúde da população vizinha é apenas um dos
enfoques a serem dadas a uma questão maior que envolve problemas de
natureza social, ambiental, sanitária, política e econômica e que estudos deste
nível servem de alerta para que as questões relacionadas com o lixo não caiam
no descaso ou no esquecimento das autoridades responsáveis, e para que as
áreas de despejo de lixo deixem de serem tratadas como verdadeiros guetos.
Pretendem, assim, que seu estudo seja visto como uma contribuição crítica à
postura do poder público e da sociedade com relação ao descarte do lixo
urbano.
23
2.2.2 O aterro de Jardim Gramacho.
Porto Junca et. al. (2009) apresentaram os resultados de uma
investigação sobre as condições de vida, trabalho e saúde envolvendo 218
catadores de materiais recicláveis atuando no aterro metropolitano do Rio de
Janeiro, Brasil. Recorrendo a um inquérito semi-estruturado, a pesquisa ouviu
tais sujeitos sobre seu cotidiano e suas percepções acerca de suas condições
de vida, trabalho e saúde.
Através de análise quanti-qualitativa, identificou que os catadores
entrevistados percebiam o lixo como fonte de sobrevivência, a saúde como
capacidade para o trabalho e, portanto, tendiam a negar a relação direta entre
o trabalho e problemas de saúde. Entretanto, os riscos levantados e a
morbidade referida apontaram para a elevada insalubridade e periculosidade
dessa atividade, agravadas, possivelmente, pelas condições de vida
apresentadas, inclusive no que se refere aos locais de moradia.
Figura 3 - Aspecto do Aterro de Grama Cho.
Fonte: http://www.oglobo.globo.com.br
24
Figura 4 - Transporte do lixo urbano no Aterro de Gramacho.
Fonte: http://www.oglobo.globo.com.br
Ao final, o artigo sugere a construção de políticas públicas que integrem
diferentes dimensões do problema, como inclusão social, preservação
ambiental, saúde pública e o resgate da dignidade desses trabalhadores.
2.2.3 Resíduos Sólidos na região praiana de Niterói – RJ
Gonçalves (2003, p.34) classifica em três etapas os processos da cadeia
produtiva da reciclagem: recuperação, que engloba os processos de separação
do resíduo na fonte, coleta seletiva, prensagem, enfardamento; revalorização,
que compreende os processos de beneficiamento dos materiais, como a
moagem e a extrusão e, por fim, a transformação; que é a reciclagem
propriamente dita, transformando os materiais recuperados e revalorizados em
25
um novo produto. O ciclo da reciclagem seria otimizado com a concentração de
todas estas etapas numa mesma região, evitando-se o transporte do material a
longas distâncias para ser processado industrialmente, o que pode ser
conseguido com a instalação de pólos de reciclagem.
Carvalho, Silva et. al. (2002) em nota técnica expuseram a situação dos
resíduos sólidos em Niterói, RJ, na região litorânea que vai desde a Praia
Vermelha até Jurujuba, em que relatam que o Município de Niterói conta com
uma empresa de economia mista para a realização do serviço de coleta e
disposição de seus resíduos sólidos e limpeza urbana: a Companhia de
Limpeza de Niterói - CLIN, que absorve cerca de 14% do orçamento municipal.
Esta empresa conta com 1900 funcionários dos quais cerca de 1700 são garis.
A coleta dos resíduos é terceirizada quase na sua totalidade à Companhia de
Caminhões Queiroz Galvão, que os deposita no Aterro Controlado do Morro do
Céu - ACMC, estrutura administrada pela CLIN.
Figura 5 - Separação dos resíduos coletados nas praias de Niterói
Fonte: http://www.oglobo.globo.com.br.
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Nem todo o resíduo da cidade é coletado pela Queiroz Galvão; próximo
ao Museu de Arte Contemporânea (MAC) por detrás dos edifícios no litoral
niteroiense, os estudiosos constataram a existência de um vazadouro
clandestino de resíduos provenientes dos moradores da favela do Palácio que
lançam seus resíduos para trás dos muros de vedação, sento esta a primeira
evidência encontrada das dificuldades do Município em relação à coleta de
resíduo.
Nas áreas carentes visitadas por Carvalho, Silva et. al. (2002), foram
observadas caçambas da CLIN para depósito dos resíduos, mas para que
funcionem os moradores devem descer com os seus resíduos, ensacados,
depositando-os ali. No entanto, esse depósito nem sempre é feito, já que, como
constataram, os corpos hídricos próximos às favelas estavam com resíduos
depositados que pareceram ser oriundos dessas localidades tendo sido esta a
segunda dificuldade encontrada.
Para tentar resolver o problema das comunidades carentes, a CLIN criou o
projeto “Gari Comunitário“, utilizando mão-de-obra da própria comunidade e
escolhida pela Associação de Moradores. Hoje existem concursos através dos
quais esses garis são integrados à empresa. Pelo que foi observado, os garis
comunitários não recolhem os resíduos no sistema porta-a-porta, apenas
fazem a varrição das vielas da favela e uma vez por outra fazem a limpeza nas
encostas dos morros bem como nos cursos d’água, sendo esta a terceira
dificuldade constatada.
A coleta seletiva é um serviço oferecido pela CLIN à população de
Niterói desde 1991, no entanto apenas em 1997 se tornou mais operacional,
após reestruturação feita pela direção da empresa, que visou com isto
prolongar o tempo de uso do Aterro Controlado do Morro do Céu, local de
disposição dos resíduos do Município.
27
Segundo informações da CLIN, Niterói tem uma população escolarizada que
tem aderido a esta ação. Com vista a melhorar os resultados obtidos, a
empresa adotou como estratégia o binômio sensibilização/informação, que se
perfaz através de ações nas escolas, abordagem direta aos administradores de
condomínios e por vezes em divulgação no jornal. (CARVALHO, SILVA et. al.,
2002)
A CLIN dispõe de 10 funcionários e 3 caminhões de carroçaria com três
divisórias (papel, plástico e vidro) que realizam este serviço. A coleta dos
resíduos é feita de várias formas:
• Porta-a-porta: a CLIN procede à coleta após ter cadastrado o
condomínio interessado: este sistema é o mais usado no bairro de
Icaraí;
• Pontos estratégicos: existem 30 pontos de entrega voluntária,
representados pela sigla PEV (Pontos de Entrega Voluntária);
Eco pontos: existem 554 pontos onde os resíduos são depositados em
recipientes separados e adequados a cada elemento. (CARVALHO, SILVA et.
al., 2002)
Apenas 20% da população de Niterói utilizam este serviço, o que corresponde
a cerca de 564 condomínios cadastrados e aproximadamente 2 toneladas de
resíduos recicláveis O resíduo recolhido é vendido diretamente às empresas
que o reciclam como a Tetrapak, a Cisper e a Abi vidro. Com a renda obtida,
são feitas ações de formação de jardineiros, oficinas de reciclagem e ainda
ajuda a instituições filantrópicas do município.
O bairro de São Francisco tem um projeto próprio independente de coleta
seletiva de resíduos, que funciona desde 1985, controlado pelo Centro
Comunitário de São Francisco e com apoio técnico da UFF, O projeto é
sustentado economicamente com a venda dos materiais recolhidos e com uma
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verba mensal da AMBEV – maior empresa de cervejas do Brasil, que tem a
divulgação da logomarca nos equipamentos, uniformes e comunicações à
comunidade. (CARVALHO, SILVA et. al., 2002)
2.3 Coleta e deposição dos resíduos
Velloso, Valadares et. al. (1998) analisaram em artigo baseado na visão
do trabalhador, as condições de riscos e segurança encontradas no processo
de trabalho da coleta de lixo domiciliar. A unidade específica de estudo foi a
Gerência de Limpeza Leste (LGL-3), situada no bairro do Rio Comprido, da
Companhia Municipal de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro (COMLURB). O
instrumento utilizado na pesquisa foi a entrevista individual e gravada,
enriquecida pela observação do pesquisador, na qual verificaram que o
trabalhador percebia que, para melhorar suas condições de trabalho, torna-se
necessária uma adaptação do trabalho ao homem, ou seja, não usar o seu
próprio corpo apenas como instrumento de carregar o lixo. Além disso, esses
trabalhadores reivindicaram a implantação de novos serviços na empresa, tais
como: serviços de atenção integral à Saúde e cursos de treinamento para o
serviço. Um dos grandes problemas identificados pelos trabalhadores foi a sua
falta de valorização profissional, tanto pela empresa, quanto pela população.
Em seu artigo os autores referem que, como a palavra lixo representa o
resíduo sólido desprezado pela população, os profissionais encarregados da
coleta desses resíduos são chamados genericamente de "lixeiros" ou "garis". O
núcleo simbólico depreciativo associado à denominação dada à referida
ocupação se origina dos próprios lixeiros, de suas condições econômicas,
sociais e de trabalho adversas, que dinamicamente interagem com a imagem
da população sobre eles. (VELLOSO, VALADARES et. al., 1998)
29
De um lado, situações concretas de trabalho em que esses
trabalhadores vêem-se obrigados diariamente a ter que lidar com uma
realidade tão universalmente abjeta, de outro, os trabalhadores sequer
recebem salários condignos, socialmente eqüitativos até mesmo com outras
categorias pertencentes ao setor terciário, no qual se inserem. Assim, não
existem quaisquer condições em que a negociação social de prestígio
profissional possa superar ambas as fontes de "mal-estar" psíquico, em relação
à vida e à identidade profissional dos "lixeiros".
O processo de trabalho de coleta de lixo domiciliar é constituído de uma
tecnologia precária, praticamente manual, onde o corpo do trabalhador
transforma-se em instrumento de carregar o lixo.
A vivência concreta dessa situação, isto é, o identificar-se com um
instrumento de transporte de dejetos, implica experiência de determinadas
condições desagradáveis do estado psíquico, sobretudo na vida emocional dos
sujeitos. Para alguma mudança nessa realidade é necessária uma consciência
aguda da precariedade humana, daquilo que é sempre falho, com a qual o
sujeito deve enfrentar o "real", o "natural", ou seja, seu próprio corpo como
fonte de vida e, ao mesmo tempo, como contínuo resto da atividade de viver,
que retorna sempre insatisfeito. (VELLOSO, VALADARES et. al., 1998)
A coleta seletiva que separa o lixo reciclável (vidro, agulhas, latas,
madeiras) do restante, além de evitar acidentes como cortes e ferimentos, pode
contribuir para transformar a visão estigmatizaste desta profissão. O lixo, visto
como resíduo desprezado passa a ser considerado matéria-prima, podendo ser
transformado e reutilizado pela população.
Essa solução de racionalidade positiva enfrenta, como obstáculos,
concepções societárias que dificilmente associam a imagem do lixo (objeto
desprezado) como material que pode ser transformado e reinserido em um
30
novo ciclo produtivo, e raramente incorporam informações sobre a relação
coleta de lixo e saúde do trabalhador. (VELLOSO, VALADARES et. al., 1998).
Os resíduos e suas classificações:
A classificação baseia-se nas características dos resíduos, se
reconhecido como perigosos ou quanto à concentração de poluentes em suas
matrizes. De acordo com a NBR 10.004 os resíduos são classificados da
seguinte forma:
31
CAPÍTULO III
CONSEQÜÊNCIAS DO NÃO GERENCIAMENTO DOS
RESÍDUOS SÓLIDOS
Os resíduos sólidos causam um problema global, que vem aumentando
muito nos últimos anos devido ao elevado número de diferentes produtos
descartáveis, o aumento na quantidade de resíduos, especialmente em
embalagens associadas com cada objeto produzido e a tendência para
aglomerar resíduos de tal modo que sobrecarrega o processo natural de
processamento.
As questões ambientais são vistas como o resultado do desgaste da
relação entre a sociedade moderna e o meio ambiente, demonstrando
claramente a chamada crise ambiental que na verdade é uma crise de
civilizações, gerada pelo modo de produção e de vida social, causando um
conflito entre o mundo humano e ambiental.
A presença de micro-organismos nestes locais é evidente e
permanecem a li por muito tempo, contaminando o solo, os lençóis freáticos e a
população de vive ao redor de onde esse lixo é descartado.
Atualmente, duas causas diferentes de poluição por resíduos sólidos
podem ser definidas: a miséria e a opulência. A primeira por falta de
saneamento básico e condições decentes de vida e trabalho, e a segunda pela
vida moderna, atividades industriais e do setor terciário urbano, tendo como
agentes principais o lixo acumulado pelo consumo e desperdício. Estas
condições são visivelmente encontradas no Brasil, delineadas tanto pela
presença crescente de favelas quanto dos condomínios de luxo, ou seja, a
32
produção de lixo ocorre em hábitos diferentes de consumo e de acordo com
sua renda, formação cultural, idade, entre outros fatores.
Os resíduos sólidos causam um problema global, que vem aumentando
muito nos últimos anos devido ao elevado número de diferentes produtos
descartáveis, o aumento na quantidade de resíduos, especialmente em
embalagens associadas com cada objeto produzido e a tendência para
aglomerar resíduos de tal modo que sobrecarrega o processo natural de
processamento.
Surgimento de diversas doenças causado por vírus, bactérias presença
de diversos tipos de animais a qual encontram alimentos com facilidade,
favelização devido à aglomeração de catadores
Educação ambiental possui como objetivo instituir um processo
participativo.
Algumas recomendações para redução dos resíduos sólidos.
A remoção de resíduos sólidos possui aspectos importantes a ser
considerados de modo a evitar conseqüências nocivas ao homem e ao meio
ambiente, ou seja, redução do volume total produzido, implantação de
condições adequadas ao seu armazenamento e destino final de modo a não
haver contaminação química ou biológica do solo ou lençóis de água, que
possam atingir o meio ambiente.
A implantação de um programa de coleta seletiva ajudaria muito
na redução de resíduos que não mais teriam o destino de um lixão ou aterros
sanitários.
33
Utilização da política dos 3 Rs, reciclar reutilizar e reduzir os resíduos
sólidos através do desenvolvimento de novas pesquisas e estudos
De acordo com Gonçalves (2000, p.49-50), o sucesso de um programa
de coleta seletiva, visando à reciclagem, depende do envolvimento da
população, através de um bom programa de comunicação e educação
ambiental; uma boa logística de coleta; e um bom sistema de escoamento dos
materiais. A coleta seletiva deve ser planejada considerando esses três elos,
sendo que o planejamento deve ser feito “de trás para frente”, primeiro
definindo a destinação a ser dada aos materiais, depois escolhendo a logística
a ser adotada para a coleta e, só então, elaborando o programa de educação
ambiental, que deve ser constante, e não apenas uma campanha. É
aconselhável começar com um projeto piloto em um bairro, expandindo, aos
poucos, para toda a cidade.
- Implantar programas de capacitação em Educação Ambiental para
professores de todas as áreas do conhecimento, de modo que os temas
relacionados ao meio ambiente possam ser tratados de forma transversal, em
todas as disciplinas. Uma vez que a educação ambiental já consta no PCN –
Parâmetro curricular Nacional a qual constam orientações de como devem ser
abordados a questão da educação ambiental nas escolas.
No Fórum das ONGs, realizado paralelamente à Conferência Rio 92 (o
qual produziu a Agenda 21), o Tratado de Educação Ambiental para
Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, "reconhece o papel
central da educação na formação de valores e na ação social e para criar
sociedades sustentáveis e eqüitativas (socialmente justas e ecologicamente
equilibradas)", e considera a Educação Ambiental "um processo de
aprendizagem permanente baseado no respeito a todas as formas de vida, o
34
que requer responsabilidade individual e coletiva em níveis: local, nacional e
planetário".
Criação de programas de redução da produção de resíduos,
incentivando a prática do reaproveitamento de materiais e de alimentos, bem
como o consumo sustentável, através de cursos gratuitos a serem oferecidos
em comunidades.
Incentivo as empresas a adquirirem suas matérias primas de
cooperativas de catadores.
Incentivo a criação de cooperativas de catadores dando suporte técnico
e infra-estrutura para as mesmas a fim de dar mais dignidade aos catadores
autônomos e aumentando assim a geração de renda para eles.
Incentivar as empresas a contratarem profissionais especializados para
um bom gerenciamento e destino dos seus resíduos visando maior
lucratividade e menos desperdícios.
Orientar corretamente a população para a reciclagem do lixo orgânico
nos quintais, através da com postagem, melhorando a qualidade da
alimentação de famílias carentes, pela prática da agricultura urbana, de forma
individual ou comunitária.
Implantar uma central de tratamento de resíduos.
Implantação de cestas de coleta seletiva em todo município.
Partindo-se do princípio de que é atribuição do poder estadual pensar e
implementar políticas e ações visando ao desenvolvimento regional
sustentável, entende-se que cabe ao governo do estado:
- Apoiar os municípios na implementação de ações relativas a programas de
reciclagem, para assim haver redução na geração de todo tipo de resíduos.
35
CONCLUSÃO
Através dos problemas ambientais gerados através de anos e anos de
pouca informação, falta de conhecimento e até mesmo de total ignorância do
homem às necessidades e cuidados na relação homem/meio ambiente.
Verificou-se como se relacionam lixo e saúde, nos aterros
metropolitanos; como têm atuado os catadores de materiais recicláveis; alguns
problemas principais da saúde do trabalhador na coleta de lixo domiciliar.
Verificou-se como se têm dado as interações dos processos sócio-ambientais
na orla marítima, no que tange ao tratamento dos resíduos sólidos, bem como
as considerações e propostas de movimentos ambientalistas que visam à
despoluição da Baía de Guanabara e, por fim, estudaram-se alguns aspectos
básicos da legislação pertinente à Gestão de resíduos sólidos. Ao final, junto
com as conclusões, é apresentado o conjunto das medidas consideradas pelos
estudiosos focalizados como as mais eficientes para que se consiga obter o
resultado pretendido: uma maior qualidade de vida para o trabalhador com
resíduos sólidos urbanos.
Apesar de algum progresso atingido em termos de transporte,
tratamento do lixo e do solo e coleta seletiva, ainda muito restam a ser feito em
termos de inclusão social dos trabalhadores que contam com o lixo para sua
sobrevivência, além de aspectos como a preservação ambiental, saúde pública
e a promoção de uma melhor qualidade de vida para estes trabalhadores e a
sociedade ao redor dos aterros sanitários.
Porém, o primeiro passo é aumentar a consciência e o entendimento das
pessoas quanto ao que está acontecendo.
36
A partir desta concepção a educação ambiental voltada à campanha dos
três R`s (redução, reutilização e reciclagem) é o instrumento que melhor
contribui para a conscientização e mobilização da população
Verificou-se através deste estudo a situação precária em que é coletado
o lixo em três aterros sanitários localizados em pontos diferentes do Estado do
Rio de Janeiro, a saber, no Morro do Céu, no Centro de Niterói; no Jardim
Gramacho, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense; e nas regiões
praianas de Niterói.
Gonçalves (2004) destacou os riscos à saúde envolvendo trabalhadores
nas baixadas litorâneas do Estado do Rio de Janeiro.
Rodrigues (1992) pioneiramente focalizou a produção de lixo em termos do
desenvolvimento econômico no mundo, considerando-o como um produto
inerente ao progresso.
A legislação brasileira tem buscado de várias formas incentivarem as
indústrias a se conscientizarem e a obedecerem às normas de
Responsabilidade Social, para que possa ser mantido o ritmo de
desenvolvimento do país, sem comprometer a situação geral que será herdada
pelas futuras gerações, em termos de preservação de todos os elementos
indispensáveis à vida humana, principalmente o ar, o solo e a água.
A importância de trazer luz a discussão sobre o tema, se dá porque o
lixo na teoria pode e deve ter seu valor, porém na prática tanto o poder público
quanto a sociedade não pensam e não agem de maneira que condiz a teoria.
As soluções para os problemas causados pelos resíduos sólidos são
complexas. Os resíduos sólidos possuem uma grande diversidade de
materiais, o que leva a necessidade de soluções heterogêneas, específicas e
satisfatórias para cada um. Geralmente as soluções que causam menos
37
impactos são inviáveis do ponto de vista econômico. Somente um
gerenciamento ou sistema de gestão integrada, irá permitir e definir a melhor
combinação das soluções disponíveis; desde que sejam compatíveis às
condições de cada localidade.
Na verdade, sugere-se a construção de políticas públicas que venham
trabalhar no âmbito desses problemas, como inclusão social, o resgate da
dignidade desses trabalhadores, preservação ambiental e a saúde pública.
O objetivo central de um sistema de gestão de resíduos sólidos deve
estar voltado não só para a diminuição da quantidade final de resíduos a ser
eliminados como também, para o impacto ambiental e as conseqüências para
saúde da população.
39
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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43
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
Sistematizando um conjunto de informações para uma boa gestão de resíduos
sólidos 10
1.1 - Os resíduos e suas classificações 12
1.2 - O desenvolvimento da Gestão de Resíduos Sólidos 12
CAPÌTULO II
Analisar como é a gestão de resíduos sólidos urbanos em empresas de
limpeza no estado do Rio de Janeiro 19
2.1 - O aterro controlado do Morro do Céu 20
2.2.2 - O Aterro De Jardim Gramacho 23
2.2.3 – Resíduos Sólidos na região praiana de Niterói – RJ 24
2.3 - Coleta e deposição dos resíduos
CAPÍTULO III
Consequências do não gerenciamento dos resíduos sólidos 31
CONCLUSÃO 35
ANEXOS 39
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40