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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
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A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE NA APRENDIZAGEM
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Por: Alessandra Pinto Sancho
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Orientador
Prof.ª Dayse Serra
Rio de Janeiro
2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
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A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE NA APRENDIZAGEM
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Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em
Psicopegagogia Institucional....
Por: . Alessandra Pinto Sancho
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela mãe
maravilhosa, que no exercício exemplar
da sua profissão, professora, ensinou a
muitos, e a mim, a amar o saber.
4
DEDICATÓRIA
Dedico a todos aqueles em especial
minha família e meu esposo, que
acreditam na força do amor como meio
para transformar o mundo em um lugar
bem melhor para se viver.
5
RESUMO
Este estudo tem por objetivo abordar a influência exercida pela
afetividade no processo de ensino-aprendizagem. Analisa o conceito de
aprendizagem e afetividade sob a ótica das principais teorias da aprendizagem.
Mostra o quanto a emoção influi na percepção do mundo e na apreensão do
saber. Faz reflexões sobre a importância do afeto na relação professor-aluno e
a identidade deste professor, que é tão relevante para efetivação da
aprendizagem e para a transformação da sociedade. Ressalta a contribuição
preventiva que a psicopedagogia institucional pode oferecer na compreensão
das relações no contexto escolar, podendo torná-las mais saudáveis,
produzindo assim o prazer de aprender e ensinar.
6
METODOLOGIA
Este trabalho foi desenvolvido através de pesquisas bibliográficas, a fim
de ampliar os estudos e os conhecimentos fornecidos.
O tema central, a influência da afetividade na aprendizagem, foi
pesquisados em diversas referências teóricas, entre elas as Teorias de Jean
Piaget, Vygotsky, Wallon, que abordam aos aspectos cognitivos e afetivos,
contribuindo, assim, para a compreensão da dinâmica da relação professor-
aluno.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - O conceito de aprendizagem e afetividade 09
CAPÍTULO II - O afeto em sala de aula 17
CAPÍTULO III – A contribuição da Psicopedagogia 32
CONCLUSÃO 40
BIBLIOGRAFIA 41
ÍNDICE 43
FOLHA DE AVALIAÇÃO 44
8
INTRODUÇÃO
A questão central deste estudo é como a afetividade influi no processo
de aprendizagem.
Nota-se, nos últimos tempos, um crescente interesse em melhorar as
metodologias de ensino-aprendizagem, com isso as ciências que estudam o
aprendizado humano pesquisam novos aspectos que podem contribuir para o
êxito escolar. O afeto, é um aspecto importantíssimo, pois é capaz de
influenciar tanto positiva quanto negativamente no processo de aprendizagem.
Neste trabalho abordaremos a importância da escola perceber o afeto
como dínamo da aprendizagem e como a psicopedagogia contribui para esta
compreensão.
No primeiro capítulo, intitulado “ o conceito de aprendizagem e
afetividade” faremos uma revisão das principais teorias da aprendizagem e a
teoria mais relevante sobre afetividade, Teoria de Wallon.
Já no segundo capitulo, “o afeto em sala de aula” analisaremos a ação
da emoção nas nossas percepções do mundo. Também abordaremos a
questão do afeto na relação professor-aluno e quem é o professor nos dias
atuais.
Assim, no terceiro capítulo, “a contribuição da psicopedagogia”
,veremos, de forma breve, o histórico da psicopedagogia no Brasil e sua
contribuição para o contexto escolar.Neste capítulo, também, analisaremos
como o psicopedagogo pode auxiliar a família e o professor a criar um
ambiente saudável para construção de vínculos afetivos indispensáveis ao
aprendizado.
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CAPITULO I
CONCEITOS DE APRENDIZAGEM E AFETIVIDADE
"...educar é realizar a mais bela e
complexa arte da inteligência. Educar
é acreditar na vida e ter esperança
no futuro, mesmo que os jovens nos
decepcionem no presente. Educar é
semear com sabedoria e colher com
paciência".
("Pais brilhantes, Professores
fascinantes" - Augusto Cury)
O homem desde tempos remotos busca entender como adquirimos o
conhecimento. Filósofos como Sócrates acreditavam que o conhecimento já
existia no homem e que a aprendizagem seria despertar esse conhecimento.
Já Aristóteles postulou que todo conhecimento antes de estar na inteligência
passou pelos sentidos. Na era moderna Locke retoma o principio de
Aristóteles e para ele o conhecimento é apreendido pela experiência, pela
tentativa e pelo erro.
Ao longo da história da educação muitos estudiosos se preocuparam
com a concepção de aprendizagem por saberem que os animais, em especial
o homem, adaptam-se a seus ambientes por meio da aprendizagem. Campos
(2001) afirma que a capacidade e importância da aprendizagem aumentam
com o decréscimo dos comportamentos inatos, característicos do período da
infância humana.
O homem vive de acordo com o que aprende e a escola foi organizada
para ampliar a eficácia da aprendizagem. Assim inúmeras teorias surgiram
para explicar o processo de aprendizagem e dentre elas as que mais se
destacaram foram a teoria behaviorista,, teoria cognitivista e teoria sócio-
histórica.
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Examinaremos a seguir os conceitos básicos das mais importantes
teorias de aprendizagem.
1.1 APRENDIZAGEM
A aprendizagem faz parte da vida do homem e é um processo decisivo
para nosso ajustamento social e ao meio físico. Examinaremos três teorias que
mais se destacaram na busca da concepção de aprendizagem.
1.1.1 TEORIA BEHAVIORISTA
O behaviorismo é uma teoria da aprendizagem que se centra em
comportamentos observáveis e ignora as atividades mentais. Para os
behavioristas a aprendizagem é definida como a aquisição de novos
comportamentos, os indivíduos reagem reflexivamente ao ambiente e certas
respostas podem ser condicionadas reforçando o comportamento desejado
com um estímulo.
A mente é vista como uma caixa negra porque responde a estímulos
que podem ser observáveis, ignorando totalmente a possibilidade de
ocorrência de processos mentais. A posição do indivíduo que aprende é,
meramente, passiva (resposta a estímulos). Por isso o foco pedagógico incide,
para os behavioristas, na aplicação de estímulos e reforços adequados.
Os principais teóricos foram o fisiologista russo Ivan Pavlov e o
psicólogo B. F. Skinner que contribuíram com os pressupostos do
condicionamento clássico e operante respectivamente.
Segundo Myers (1999), o condicionamento clássico é um meio pelo
qual praticamente todos os organismos aprendem a se adaptar a seu
ambiente. Muitos pesquisadores afirmam ser o condicionamento clássico a
forma básica de aprendizagem. Myers nos esclarece acerca de como ocorre o
experimento de Pavlov,
“Pavlov repetidamente apresentava um estimulo neutro (como
uma campainha) pouco antes de um estimulo incondicionados
(EIC, alimento) desencadear uma reação incondicionada (RIC,
11
salivação). Depois de várias repetições, bastava apenas a
campainha (agora o estímulo condicionado, EC) para
desencadear uma reação condicionada(RC,
salivação)”.(MYERS,1999,p.179)
Na década de 40, B. F. Skinner propôs uma teoria baseada no
conexionismo de Thorndike e o behaviorismo de Watson que paara eles o
homem é neutro, passivo e o comportamento descrito de forma mecânica. Para
Skinner a aprendizagem ocorre através de comportamentos premiados,
recompensados até que quando retirada a recompensa, eles continuem
acontecendo. Davidoff (2001) elucida nos sobre o condicionamento operante
“O condicionamento operante ocorre sempre que os efeitos
que se seguem a um operante aumentam ou diminuem a
probabilidade de o operante voltar a ser desempenhado em
uma situação similar.Em outras palavras, a freqüência relativa
ou intensidade de uma ação é modificada durante o
condicionamento operante” (.DAVIDOFF, 2001, p.109)
Na perspectiva behaviorista, a aprendizagem é uma mudança na
probabilidade de comportamento observável, adquirido através de estimulo e
resposta.
1.1.2 TEORIA COGNITIVISTA
A Teoria cognitivista dá ênfase aos processos mentais que os
behavioristas desprezavam. Para os cognitivistas, a aprendizagem, ocorre
através de um processo no qual as novas informações recebidas são
relacionadas com informações já existentes na mente do aluno e só depois
disso são gravadas na memória.
O teórico de maior destaque foi Jean Piaget, biólogo, epistemólogo e
para ele a aprendizagem ocorre através da interação do individuo com o meio.
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“O conhecimento não está no sujeito nem no objeto, mas ele
constrói na interação do sujeito com o objeto. È na medida que
o sujeito interage (e portanto) age sobre e sofre a ação do
objeto que ele vai produzindo sua capacidade de conhecer
também o próprio conhecimento”. (PORTO APUD FRANCO,
2007, p.20)
De acordo com Piaget (1978), “as estruturas variáveis serão, as formas
de organização da atividade mental, sob duplo aspecto: motor ou intelectual, de
uma parte e afetivo, de outra, com suas duas dimensões individual e social.”
A teoria piagetiana apresenta seis estágios ou períodos do
desenvolvimento.
“ 1º O estágio dos reflexos, ou mecanismos hereditários, assim
como também das primeiras tendências instintivas (nutrições) e
das primeiras emoções. 2º O estágio dos primeiros hábitos
motores e das primeiras percepções organizadas, como
também dos primeiros sentimentos diferenciados. 3º O estágio
da inteligência senso-motora ou prática (anterior a linguagem),
das regulações afetivas elementares e das primeiras fixações
exteriores da afetividade. Estes três primeiros estágios
constituem o período da lactância (até por volta de um ano e
maio a dois anos, isto é, anterior ao desenvolvimento da
linguagem e do pensamento). 4º O estágio da inteligência
intuitiva, dos sentimentos interindividuais espontâneos e das
relações sociais de submissão ao adulto)de dois a sete anos,
ou segunda parte da “primeira infância”). 5º O estágio das
operações intelectuais concretas (começo da lógica) e dos
sentimentos morais e sociais de cooperação(de sete a onze -
doze anos). 6º O estágio das operações intelectuais abstratas,
da formação da personalidade e da inserção afetiva e
intelectual na sociedade dos adultos (adolescência).”
Porto (2007) ressalta que a Teoria elaborada por Piaget, ainda é um
dos pilares para o conhecimento do desenvolvimento cognitivo.
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1.1.3 TEORIA SÓCIO-HISTÓRICA
A Teoria Sócio-Histórica foi desenvolvida por L. S. Vigotsky, psicólogo
bielo-russo e trouxe um novo elemento para a compreensão da aprendizagem,
as relações sociais.
“Entendia que a aprendizagem não era uma mera aquisição de
informações, não acontecia a partir de uma simples associação
de idéias armazenadas na memória, mas era um processo
interno, ativo e interpessoal “ (NEVES, 2006, p.1)
Para Vigotsky o processo de aprendizagem necessita da interação com
o outro. Com essa visão as relações sociais com os colegas e professores
ganham aspecto fundamental na construção do conhecimento e na constituição
do sujeito. Todo e qualquer processo de aprendizagem é ensino-
aprendizagem, incluindo aquele que aprende, aquele que ensina e a relação
entre eles. Ele explica esta conexão entre desenvolvimento e aprendizagem
através da zona de desenvolvimento proximal
“Ela é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se
costuma determinar através da solução independente de
problemas, e o nível de desenvolvimento potencial,
determinado através da solução de problemas sob a orientação
de um adulto ou em colaboração com companheiros mais
capazes.”(VIGOTSKI,1988, p.112)
Baseado nesta teoria a aprendizagem ocorre em todo lugar e a
relação professor-aluno torna-se mais importante tendo em vista que a criança
é um sujeito social que constrói seus conhecimentos na interação social.
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1.2. AFETIVIDADE
Desde a vida intra-uterina até a morte, a afetividade acompanha a
espécie humana. Sendo o Homem um ser gregário, ou seja, que vive em grupo
o afeto torna-se importante, pois regula as relações sociais.
As teorias de aprendizagem que mais se destacaram no contexto da
Educação não valorizam o afeto como um elemento fundamental para o
sucesso do processo de aprendizagem.
O avanço das pesquisas mostra que a dimensão afetiva influência
significativamente no processo de ensino- aprendizagem e que através da
afetividade se pode ampliar a eficiência da aprendizagem humana.
Dentre os estudos, o que mais têm contribuído para a compreensão da
afetividade tem sido a Teoria de Henri Wallon.
Henri Wallon (1879-1962), médico, psicólogo, filósofo francês, valorizou
o aspecto afetivo como ponto central em sua teoria.
Segundo Almeida (2009), Wallon define afetividade como sendo a
capacidade, a disposição do ser humano de ser afetado pelo mundo externo e
interno por meio de sensações ligadas a tonalidades agradáveis ou
desagradáveis.
De acordo com Dantas (1992), a afetividade é vista como instrumento
de sobrevivência típico da espécie humana, pois não é por acaso que o choro
atua de forma tão intensa sobre a mãe,que por sua vez atende a necessidade
da prole e garante assim que o bebê não pereça.
Wallon descreve o ser como “geneticamente social”, dependente dos
outros seres para sobreviver Desta maneira, Dantas (1992) afirma:
“ É neste sentido que Wallon a considera fundamentalmente
social: ela fornece o primeiro e mais forte vínculo entre os seres
da espécie e supre a insuficiência da articulação cognitiva nos
primórdios da história do ser e da espécie.” (DANTAS, 1992, p.
86)
Podemos observar que a dimensão afetiva influi tanto na construção
da pessoa quanto na estruturação do conhecimento desde a primeira infância.
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Assim, as relações familiares, em especial a mãe e o bebê, ganham maior
importância, pois podem modelar as formas como a criança estabelecerá os
vínculos afetivos com os outros e o meio que vive.
Muitos autores utilizam as palavras emoção, sentimento, paixão como
sinônimo de afetividade, porem na teoria de Wallon cada uma destas palavras
possuem significação própria e fazem parte da afetividade, sem com isso ser
sinônimo da mesma.
Almeida (2009) nos esclarece o sentido destas três palavras :
“ A teoria apresenta três momentos marcantes, sucessivos, na
evolução da afetividade: emoção, sentimento e paixão. Os três
resultam de fatores orgânicos e sociais e correspondem a
configurações diferentes e resultantes de sua integração: nas
emoções, há o predomínio da ativação fisiológica; no
sentimento, da ativação representacional; na paixão, da
ativação do autocontrole.” (ALMEIDA, 2009 p.17)
A emoção, segundo Almeida (2009), tem um poder plástico, expressivo
e contagioso: é o recurso de ligação entre o orgânico e o social e é a
exteriorização da afetividade, é uma expressão corporal, motora..
Almeida(2009), afirma que para Wallon o sentimento é a expressão
representacional da afetividade, tende a reprimir, impor controles que quebrem
a potencia da emoção e podem ser expressos pela mímica e pela linguagem.Já
a paixão revela o aparecimento do autocontrole como condição para dominar a
situação.
Na Teoria de Wallon o desenvolvimento afetivo é dividido em seis
estágios que expressam as características da espécie e seus conteúdos são
determinados histórica e culturalmente.
Almeida apresenta estes estágios:
“ Estágio impulsivo-emocional (0 a 1 ano) – a criança expressa
sua afetividade por meio de movimentos desordenados, em
respostas a sensibilidades corporais dos músculos e das
vísceras e do mundo externo, para satisfazer suas
necessidades básicas.
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Estágio sensório-motor e projetivo(1ano a 3 anos) – já
dispondo da marcha e da fala, a criança volta-se para o mundo
externo, para o contato e a exploração de objetos e pessoas de
seu contexto.
Estágio personalismo (3 a 6 anos) – é a fase de se descobrir
diferente das outras crianças e do adulto.Compreende três
fases: oposição, sedução e imitação.
Estágio categorial (6 a 11 anos) – com a diferenciação mais
nítida entre o eu e outro, há condições para exploração mental
do mundo externo, mediante atividades cognitivas de
agrupamento, classificação, categorização em vários níveis de
abstração.
Estágio puberdade e adolescência (11 anos em diante) –
aparece aqui a exploração de si mesmo, na busca de uma
identidade autônoma, mediante atividades de confronto, auto-
afirmação, questionamento. O domínio de categorias de maior
nível de abstração, entre as quais a categoria dimensão
temporal, possibilita a discriminação mais clara dos limites da
sua autonomia e de sua dependência, acrescida de um debate
sobre valores.
Idade adulta – apesar de todas as transformações ocorridas
nas fases anteriores, o adulto se reconhece como o mesmo e
único ser: reconhece suas necessidades, possibilidades e
limitações, seus sentimentos e valores assumem escolhas em
decorrência de seus valores. Há um equilíbrio entre “estar
centrado em si” e “estar centrado no outro”.
Por fim, observa-se que a Teoria de Wallon veio lançar luz sob a
questão da afetividade, nos mostrando que há um desenvolvimento que se
conjuga junto com os processos cognitivos e que ambos influencia no ser de
maneira integral.
No próximo capítulo veremos o quanto a afetividade e a aprendizagem
caminham juntas.
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CAPITULO II
O AFETO EM SALA DE AULA
“O amor tem feito coisas
Que até mesmo Deus duvida
Já curou desenganados
Já fechou tanta ferida”
Iluminados. Ivan Lins / Vitor Martins
No Mundo Ocidental, durante séculos, as pesquisas sobre a
aprendizagem humana deram ênfase aos aspectos cognitivos em detrimento
dos aspectos sócio-afetivos, porém essa perspectiva já está bastante alterada
nos últimos tempos, pois teorias como a de Henri Wallon sinalizaram o quanto
a afetividade influi no processo de ensino-aprendizagem.
“A afetividade, nesta perspectiva, não é apenas uma das
dimensões da pessoa: ela é também uma fase do
desenvolvimento, a mais arcaica. O ser humano foi, logo que
saiu da vida puramente orgânica, um ser afetivo. Da afetividade
diferenciou-se, lentamente, a vida racional. Portanto, no início
da vida, afetividade e inteligência estão sicreticamente
misturadas, com o predomínio da primeira.” (LA TAILLE, 1992,
p.91)
Ao nasce o homem ainda não possui linguagem articulada, e é por meio
da emoção, mais especificamente do choro que o bebê estabelece sua relação
com o mundo através da mãe. Assim a primeira relação que mantemos com o
ambiente é de natureza afetiva.
LA TAILLE afirma:
“Ao longo de seu curso, mesmo aquilo que interessa à vida de
relação, e por conseguinte à atividade cognitiva, como os
estímulos auditivos e visuais, despertam, não reações
exploratórias, mas respostas afetivas: alegria, surpresa, medo.
Daí a afirmação walloniana de que a inteligência não se
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dissociou ainda da afetividade, cuja conseqüência inevitável é
que, neste momento, estimular a primeira equivale a nutrir a
segunda.” (LA TAILLE, 1992, p.92)
Pode se perceber que a emoção influi na vida humana desde a mais
terna idade e por isso torna-se importante entender sua influência .
2.1 A EMOÇÃO
“Meu coração, não sei por que
Bate feliz quando te vê
E os meus olhos ficam sorrindo
E pelas ruas vão te seguindo
Mas mesmo assim
Foges de mim”
Pixinguinha
A emoção é universal, todos os seres humanos, ao nascer, a possuem
diferente da linguagem que para se desenvolver depende de fatores culturais.
O reconhecimento e as expressões emocionais são os mesmos em diversas
culturas o que mostra o fator filogenético.
Muitos estudiosos há alguns séculos discutem a definição de emoção
sem chegar a um consenso. A palavra emoção provém do latim movere -
mover- acrescida ao prefixo “e”, que denota afastar-se, o que indica que em
qualquer emoção está implícita uma propensão para o agir imediato.
Davidoff nos diz:
“ Embora as emoções possam levar as pessoas a se
sentir fora do controle durante algum tempo, elas
efetivamente não determinam comportamentos, mas
aumentam o incitamento, a reatividade ou a irritabilidade.”
(DAVIDOFF,2001, p.369)
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A emoção, segundo Henri Wallon (1879-1962), tem dupla origem – é
tanto biológica quanto social e o que ela garante é a sobrevivência da espécie
humana pois estabelece comunicação entre os indivíduos.
Davidoff concorda com Myers:
“Desde o inicio, os afetos comunicam informações
vitais(Plutchik,1983).O choro tende a fazer com que um adulto
preocupado providencie o alívio. O desagrado facilitta a
remoção de substâncias nocivas. O sorriso revela aos pais
aquilo que é agradável e ajuda a assegurar um vínculo forte,
aumentando a probabilidade da proteção.” (DAVIDOFF, 2001,
p.371)
As emoções envolvem um conjunto de três componentes que são os
sentimentos (medo, alegria , tristeza, ansiedade), reações comportamentais
(evitação, fuga, agressividade, stress, ataque) e reações fisiológicas
(taquicardia, vasoconstrição, sudorese, dilatação pupilar,cortisol, esferóide).
Myers ilustra:
“...as emoções são uma mistura de (1) excitação
fisiológica(coração disparado), (2) comportamentos
expressivos( passos apressados) e (3) experiência
consciente(interpretação das intenções da pessoa e sentimento
de apreensão).” (MYERS, 1999,p. 275)
No final do século passado algumas teorias surgiram para explicar com
se dão as emoções e as que mais se destacaram foram as teorias de James-
Lange e Cannon-Brad.
O psicólogo inglês Willian James e o fisiologista dinamarquês Carl Lange
propuseram que a reação emocional ocorre após tomarmos consciência do
estimulo emocional e a partir de então surge o sentimento da emoção.
Segundo esse ponto de vista que foi chamado de Teoria James-Lange,
primeiro o homem percebe um perigo, tem uma reação fisiológica e depois
surge a emoção.
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Já os fisiologistas americanos Walter Cannon e Phillip Bard propuseram
que o impulso atinge o tálamo e uma mensagem é enviado para o córtex
cerebral e para o hipotálamo, então as reações fisiológicas e emocional
ocorrem paralelamente.
A figura abaixo ilustra uma comparação das teorias, sendo as setas
vermelhas indicadoras da Teoria de James-Lange e as setas azuis a Teoria de
Cannon-Bard:
Figura 1
É um tema que todos os que se interessam por esta característica
humana concordam que as emoções servem para preparar o indivíduo para a
ação, moldar o comportamento (tendemos a repetir situações agradáveis e a
não repetir as desagradáveis) e regular a interação (quando falamos com uma
pessoa percebemos através da sua expressão facial a sua emoção).
Myers cita que:
“ As expressões não apenas comunicam emoção mas também
ampliam a emoção sentida e sinalizam ao corpo para reagir de
acordo.” (MYERS, 1999,p.282)
Por isso atualmente é dada grande importância a emoção nas mais
diversas relações humanas. O processo de ensino-aprendizagem é permeado
pelo afeto e influi diretamente no resultado final que é a aprendizagem..
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2.2. O AFETO NA RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO
“Pra mostrar pra você que eu não esqueço mais essa lição
Amigo, eu ofereço essa canção
Ao mestre com carinho”
Abelhudos
A sociedade atual muda cada dia mais rápido e as escolas são invadidas
por todos os tipos de tecnologias. A escola busca acompanhar essas
mudanças sem deixar de cumprir seu principal objetivo que é educar.
Educar é muito mais do que apenas transmissão de informação,
conhecimento, é a possibilidade de transformar uma sociedade inteira
formando cidadãos conscientes de seus papeis sociais.
Ao educador foi dada a função de ajudar na construção de educandos
que possam refletir nas leis e se posicionar criticamente buscando melhorar a
sociedade que vivemos.
A cada dia as crianças entram mais cedo no universo escolar devido as
novas exigências da vida moderna. As pesquisas mostram que as relações
estabelecidas nos primeiros anos de vida influem nos vínculos futuros.
Chamat (1997) elucida sobre os efeitos destes vínculos iniciais:
“ A literatura psicanalítica nos tem apontado que a qualidade
das relações vinculares estabelecidas no primeiro ano de vida
da criança, repercute diretamente em suas relações futuras,
quer seja na forma de perceber o mundo ou na forma de se
relacionar com as outras pessoas e , fundamentalmente,
determina o modo pelo qual irá lidar com o novo e o
desconhecido.” (CHAMAT, 1997, p.61)
A individualidade da criança é construída nas relações com as pessoas
com as quais convive,inicialmente a família e se expande para escola. Essas
relações contribuem para seu desenvolvimento intelectual, afetivo e social. O
respeito mútuo no afeto e na confiança precisará permear essas relações.
Porto afirma:
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“ a criança deseja e necessita ser amada, aceita, acolhida e
ouvida para que possa despertar para a vida da curiosidade e
do aprendizado. A presença do adulto dá à criança segurança
física e emocional que a leva a explorar mais o ambiente e
aprendendo consequentemente. A interação envolve,
também, a afetividade, a emoção como elemento básico e
essencial.” (PORTO, 2007,p. 26)
A sala de aula inevitavelmente recebe influencias de muitos fatores,
dentre eles o afeto. Codo elucida:
“Para que a aprendizagem ocorra, muitos fatores são
necessários. Capacidade intelectual e vontade de aprender
por parte do aluno, conhecimento e capacidade de
transmissão de conteúdos por parte do professor, apoio extra
classe por parte dos pais e tantos outros. Entretanto, existe um
que funciona como o grande catalisador: a afetividade.”
(CODO,2006, p.50)
Na escola o aluno se relaciona também com outras pessoas que
acabam por influenciar na sua formação. Codo ressalta:
“Os funcionários podem não participar das educação em
termos do currículo oficial da escolamas, sem dúvida
nenhuma, contribuem e muito para garantir o bem-estar dos
alunos, para a criação de hábitos, atitudes e valores.Enfim,
também tem a sua participação na transmissão do currilo
oculto e estão envolvidos com a atividade de cuidar. Neste
sentido, o envolvimento afetivo, embora não seja tão crucial
quanto para o professor, também é essencial na realização do
trabalho.” (CODO,2006, p.51)
Percebendo a grande força que o afeto possui para aprendizagem,
constata-se que o educador é uma peça fundamental neste processo.
Codo(2006) afirma que a palavra educador vem de educator: aquele que cria,
pai, que faz as vezes do pai.
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A relação professor-aluno requer um grande investimento afetivo para
que o processo ocorra pois o estabelecimento de vínculo afetivo é inerente
nesta atividade.
Codo afirma:
“ As atividade que exigem maior investimento de energia são
aquelas relacionadas ao cuidado; estabelecer um vínculo
afetivo ´fundamental para promover o bem-estar do outro.
Para que o professor desempenhe seu trabalho de forma a
atingir seus objetivos, o estabelecimento do vínculo afetivo é
praticamente obrigatório.” (CODO,2006 P. 55)
O afeto modifica a aprendizagem pois potencializa o processo e o torna
mais eficaz. Porto nos afirma:
“O afeto influencia a velocidade com que se constrói o
conhecimento, pois, quando as pessoas se sentem seguras,
aprendem com mais facilidade.” (PORTO,2007, p. 46)
Algumas vezes os vínculos afetivos necessários para o processo de
aprendizagem não se estabelecem e começam a surgir os conflitos. Codo
acrescenta:
“Se esta relação afetiva com os alunos não se estabelece, se
os movimentos são bruscos e os passos fora do ritmo, é
ilusório quere acreditar que o sucesso do educar será
completo. Se os alunos não se envolvem, poderá até ocorrer
algum tipo de fixação de conteúdo, mas certamente não
ocorrerá nenhum tipo de aprendizagem significativa; nada que
contribua para a formação destes no sentido de preparação
para a vida futura, deixando o processo ensino-aprendizagem
com sérias lacunas.” (CODO,2006p. 50)
O estudo sobre as emoções nos mostra que os seres humanos
aprendem melhor e mais em situações prazerosas. Em seu artigo na revista
eletrônica Saberes da educação, Sandra afirma: .
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“a afetividade ganha um novo enfoque no processo de ensino
e aprendizagem, pois se acredita que a interação afetiva
auxilia mais na compreensão e na modificação das pessoas
do que um raciocínio brilhante,repassado mecanicamente.”
O professor é o grande maestro quando está em sala de aula, pois é
através da sua condução que os alunos irão adentrar no mundo do saber.
Codo enfatiza:
“O professor pode imprimir o seu jeito, dar otom e a cor que
melhor lhe pareça à aula ministrada, sabendo que serve como
modelo para os alunos e podendo espelhar-se no
desenvolvimento dos mesmos. Aqui, a capacidade de empatia
não é apenas permitida, ela se faz imprescindível para que o
processo de ensino-aprendizagem ocorra com maior
qualidade. O professor não consegue ensinar se não fizer um
vínculo afetivo com os alunos.” (CODO, 2006, p.119)
Mas quem é esse professor hoje? Será que sua formação o capacita
para a grande tarefa que o espera? Analisaremos a seguir quem é o professor
de hoje.
2.3 QUEM É O PROFESSOR DE HOJE
“Tu serás o arquiteto do porvir o sustentáculo de todas as
liberdades, o alicerce da Pátria.” Caetano Campos
Para refletirmos quem é o professor de hoje será necessário olharmos
para o passado que possibilitará uma melhor compreensão do presente.
Faremos um breve passeio onde poderemos constatar que a história
da escola caminha lado a lado com a do professor
No Brasil a educação já nasceu elitizada. Foi trazida pelos jesuítas que
não só trouxeram a moral e a religião como também métodos pedagógicos. A
instrução era a base da catequese como nos diz Xavier
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“A leitura, a escrita e o cálculo eram, de fato, os conteúdos
próprios da instrução, que davam a base para a compreensão
das Sagradas Escrituras. Ter acesso aos catecismos, livros e
cantos religiosos, realizar o complicado cálculo dos dias e das
festas religiosas, entender e acompanhar ativamente os ritos e
os sacramentos era tudo o que se esperava da instrução do
gentio. Isso os civilizava, pacificava, transformando-os em
súditos da Cora e “filhos de Deus”. (Xavier,1994, p. 43)
A instrução recebida dos jesuítas mudava o status do sujeito na aquela
sociedade pois poucos eram poupados dos trabalhos braçais, considerados
embrutecedores, para serem destinados a tarefa de se instruírem. O monopólio
do ensino dos Jesuítas, a chamada Companhia de Jesus, durou
aproximadamente 210 anos, quando estes foram expulsos por Marquês de
Pombal. Os jesuítas deixaram uma herança de colégios e seminários, além de
escolas de primeiras letras instaladas em todas as cidades onde havia casas
da Companhia de Jesus
Da expulsão dos Jesuítas até a chegada da família Real, a educação
no Brasil ficou estagnada. Foram criadas algumas tentativas de sistemas
educacionais que não deram certo tais como aulas-régias, subsídios literários e
etc.
O professor era mal remunerado, mal preparado para a função e ficava
bastante tempo sem receber aguardando solução de Portugal. Isso ocorre
aproximadamente entre os anos de 1760 a 1807 e ainda hoje podemos ver
esse mesmo descaso em muitos lugares no Brasil.
A chegada da Família Real pouco modifica o cenário da educação no
país. Na primeira Constituição do Brasil fica instituído a instrução primária e
gratuita para todos os cidadãos, porém pela falta de professores adota-se o
método de ensino mútuo. Em meio a tudo isso funda-se a primeira escola
normal e o Colégio Pedro II.
Embora a educação tenha sido destinada para todos , ainda assim,
durante toda República Velha , era destinada as camadas mais privilegiadas, o
que promovia um status social.
26
A industrialização exigiu mão-de-obra especializada sendo assim
necessário investir em educação. Neste período surgem o ensino secundário e
as universidades brasileiras.
A educação não era distribuída como hoje e as famílias eram
numerosas e geralmente os filhos estudavam apenas as séries iniciais para
aprender a ler e escrever, pois necessitavam trabalhar. Sendo assim apenas as
famílias mais abastadas podiam manter seus filhos por mais tempo estudando
e estes se formavam em “doutores” e professores.
A imagem social do professor nessa época era do detentor do saber,
cultura e dos mais diversos conhecimentos. Possuía um poder aquisitivo que o
permitia investir em livros, enciclopédias que eram de alto valor aquisitivo.
Codo (2006) nos diz que apenas mais tarde passou a dominar a idéia
de que os filhos das camadas menos privilegiadas deviam ir à escola mesmo a
custas de sacrifícios familiares.
Era um grande orgulho para as famílias terem um professor como seu
membro, pois o professor fazia parte de uma elite e detinha um status social.
No regime militar, muitos professores foram perseguidos, calados para
sempre, exilados, demitidos, presos pelo seu posicionamento ideológico.
Nas décadas que se seguiram foram inúmeras reformas educacionais
e lentamente a imagem do professor foi sendo desvalorizada.
O mito sacerdotal ainda pesa sob a imagem do professor, que num
passado distante era uma função exercido por jesuítas. Desde os anos 70 os
professores vem reivindicando melhores salários, condições de trabalho e
outros direitos trabalhistas .pois são igualmente trabalhadores e não novos
jesuítas depositários de resoluções ou projetos curriculares.
Codo nos faz refletir:
“O perfil do professor não é mais o mesmo. Hoje os
encontramos às centenas, provenientes dos mais diversos
estratos sociais e nem a origem sócio-econômica familiar e
muito menos os salários garantem o padrão de vida que já fez
parte do reconhecimento deste profissional. Mas a nostalgia
desse tempo, a imagem construída sobre essa figura ainda
freqüenta o professor atual, ainda faz parte do modo como se
27
vê a si próprio apesar da realidade mostrando outra coisa. E
não se trata apenas de nostalgia, o que temos é um conflito
que já mencionamos várias vezes, entre o papel social do
professor e o reconhecimento, financeiro inclusive,
incompatível com esse papel”. (Codo 2006, p.350)
Um professor altera a história de seus alunos porque sua ação tem a
capacidade de transformar pensamento, de animar, incentivar, propiciar elos
sem os quais a troca do aprendizado é impossível.
Codo afirma:
“Um educador, quando consegue, com uma conversa ao pé do
ouvido, transformar rebeldia em desafio, quando através das
letras consegue transformar vergonha em orgulho,
impossibilidades em desafio, anomia em História, é
efetivamente um deus, e pobre dele se não sentir-se enquanto
tal.” (Codo .2006, p.368),
Os professores testemunham uma escola cada vez mais exigente de
competências, de dedicação e de grande capacidade de adaptação as
constantes mudanças educacionais. E muitas vezes tem sido culpado pelo
fracasso escolar do aluno.
O professor não é um mártir que a cada fim de ano deve ser crucificado
pela não aprendizagem do aluno, é um dos sujeitos do processo ensino-
aprendizagem.
É um arquiteto, um catalizador de mudanças, um construtor de um
projeto para o outro. Sem dúvida é uma profissão de suma importância para se
erguer um país
Ao longo dos anos, o professor vem contribuindo com a formação de
cidadãos e consequentemente da sociedade.
É uma profissão ancestral, existe desde que o pitecanthropus eretus
balbuciou seus primeiros grunhidos, passou por todas as formas sociais e
chega até o presente com a mesma importância , afirma Codo.
A educação se transforma e acompanha as mudanças mundiais. Já
não estamos na era da informação onde o professor, em aula, passa dados
28
aos alunos, e sim estamos na era do conhecimento, era em que as
informações em ação se tornam conhecimentos.
O advento da internet, a educação a distância, as tele aulas, ou seja o
avanço da tecnologia e ao mesmo tempo ainda o analfabetismo, as classes de
aceleração, as dificuldades de aprendizagem, a violência na sala de aula, os
temas transversais a serem abordados exigem muito mais do professor que se
vê com novas funções além das que já tinha anteriormente.
A globalização alterou o papel do professor pois caducou a função de
apenas transmitir informações.
E qual o papel do professor nesta Era do Conhecimento?
Hoje o professor é chamado a ser mediador, facilitador do
conhecimento num mundo multimídia.
O professor já não é mais o único detentor de informações pois com o
advento da multimídia abre-se uma universo amplo de informações que muitas
vezes o professor não está inteirado e alguns até temem inteirar-se desse
universo globalizado e digital.
Desde as reformas educacionais dos anos 90, onde foram trazidas
novas formas de ensinar, de avaliar e uma nova organização escolar, que tem
se exigido mais trabalho do professor que o obriga a um maior número de
atividades em menos tempo.
A Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996, estabelece as diretrizes e
bases da Educação Nacional onde consta no Artigo 6º:
É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos
menores, a partir dos seis anos de idade, no ensino
fundamental.
Hoje, pelo fato das crianças irem mais cedo para a escola, ficou a
cargo da escola educar, criar e ao professor, forçosamente, atribuiu-se o novo
papel de formador de personalidade, quando a função da Escola e do
Professor era a instrução formal.
A formação do professor, não o prepara para atender essa nova
demanda ficando assim sem um suporte para sua ação em sala de aula.
29
É necessário, antes de mais nada, melhorar a formação e as condições
de trabalho dos professores para que possam, efetivamente, com os
conhecimentos e as competências , as qualidades pessoais, as possibilidades
profissionais e a motivação requeridas responder ao que deles se espera.
A escola ritualiza as ações do professor, exige cada vez mais
competência, dedicação e uma grande capacidade de adaptação perante as
diversas situações impostas pelo próprio ritmo de trabalho e promove com isto
conflitos que com o passar do tempo se transformam no mal estar docente.
A educação não é prioridade nos programas políticos e com isso o
sistema educacional começou a perecer, não dando conta de investir na
capacitação do professor como orientador e em melhores condições físicas e
psicológicas de trabalho.
No final da década de 90 a LDB busca estabelecer um processo de
valorização e aperfeiçoamento profissional, como consta no artigo 67 da LDB:
Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos
profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos
termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério
público:
I - ingresso exclusivamente por concurso público de provas e
títulos;
II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com
licenciamento periódico remunerado para esse fim;
III - piso salarial profissional;
IV - progressão funcional baseada na titulação ou habilitação,
e na avaliação do desempenho;
V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação,
incluído na carga de trabalho;
VI - condições adequadas de trabalho.
30
Desde o surgimento da LDB, pouco vemos mudar em relação às
condições de carreira e trabalho do professor. Ainda é grande a insatisfação
com os baixos salários, violência nas salas de aula, a falta de infra-estrutura
das escolas, as cargas horárias, a gestão e etc.
O professor nos dias atuais já não é uma profissão valorizada e como
vimos padece de muitas carências que, sem dúvida, afetam seu desempenho
em sala de aula.
Nos últimos anos, na rede pública de ensino, um grande número de
professores adoecem ou abandonam suas tarefas. Há um predomínio de
afastamentos por doenças musculares e atualmente as doenças mentais são
mais predominantes.
Além das doenças musculares e mentais há também um grande
número de professores que sofre com os distúrbios da voz e a violência a que
estão expostos em sala de aula.
O Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (INEP) (in Taís,2005)
contabiliza:
Segundo estudo de 1999, da Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Educação e do Laboratório de Psicologia da
Universidade de Brasília, um terço dos professores das redes
estaduais de ensino do País padece da “doença”. Atualizado
em 2002, e incluindo professores das redes municipais e
particular, o estudo mostra que 46% dos educadores de todos
os sistemas de ensino de Nível básico (ensino fundamental e
médio) enfrentam exaustão emocional, seja moderada ou alta,
e 32% têm baixo envolvimento no trabalho. (AMADOR,2003)
Muitos profissionais que trabalham em contato direto com o ser
humano sofrem com a síndrome de burnout e entre estes profissionais está o
professor.
A síndrome de Burnout é definida como uma reação à tensão
emocional crônica gerada a partir do contato direto, excessivo e estressante
com o trabalho. É um tipo de estresse ocupacional e institucional que ocorre,
31
principalmente, com profissional que desempenham atividades consideradas
de ajuda.
A diferenciação da Síndrome de Burnout para o estresse é que a
primeira envolve atitudes e condutas negativas com relação aos alunos, seu
trabalho e a escola, enquanto o estresse apresenta um esgotamento pessoal
na vida do professor sem necessariamente afetar sua relações na escola.
Segundo Codo:
“Um trabalhador que entra em burnout assume uma posição de
frieza frente a seus clientes, não se deixando envolver com
seus problemas e dificuldades. As relações interpessoais são
cortadas, como se ele estivesse em contato apenas com
objetos, ou seja, a relação tornou-se desprovida de calor
humano. Isso acrescido de uma grande irritabilidade por parte
do profissional, este quadro torna qualquer processo de ensino-
aprendizagem, que se pretenda efetivo, completamente
inviável. Por um lado, o professor torna-se incapaz do mínimo
de empatia necessária para a transmissão do conhecimento e,
de outro, ele sofre: ansiedade, melancolia, baixa auto-estima,
sentimento de exaustão física e emocional.” (CODO, 2006,p
242)
A síndrome de burnout afeta a capacidade do professor de se envolver,
torna-o sem carisma e emoção, o que afeta a aprendizagem e a motivação dos
alunos bem como o comportamento destes.
A síndrome de burnout é um problema social e educacional a medida
que pode levar a incapacitação do professor , agente de suma importância no
processo ensino-aprendizagem.
Nota-se que há necessidade de se criar leis e políticas de saúde
voltadas para a saúde do professor.
Não pode ser tarefa solitária a busca por soluções desta síndrome, pois
a educação diz respeito a todos e não apenas ao professor, e sim uma ação
conjunta onde a instituição escolar, aluno, pais e professores reflitam na
importância de seus papéis e assim busquem alternativas salutares para todos.
32
CAPITULO III
CONTRIBUIÇÕES DA PSICOPEDAGOGIA
“A verdadeira viagem da descoberta
não consiste em procurar novas paisagens,
mas em possuir novos olhos.”
Marcel Prost
A Psicopedagogia é uma área do conhecimento bastante nova, um
pouco mais de 30 anos e que faz fronteira com algumas outras áreas do saber
humano, como por exemplo a Pedagogia, a Psicologia e outras.
Por ser uma ciência nova diante das demais com as quais faz
fronteiras, ainda é um pouco desconhecida para grande parte da população.
Buscaremos a seguir descrever um breve histórico da trajetória da
Psicopedagogia no Brasil.
3.1 BREVE HISTÓRICO DA PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL
Segundo BOSSA (2000), a psicopedagogia nasceu de uma
necessidade de contribuir na busca de soluções para a difícil questão do
problema de aprendizagem.
A psicopedagogia surgiu no Brasil nos anos 70, devido ao crescente
número de crianças com fracasso escolar que não encontravam solução nas
ciências de então. Na época, as dificuldades de aprendizagem eram
associadas a uma disfunção neurológica e não a problemas sociopedagogicos.
Bossa nos esclarece:
“A psicopedagogia não é sinônimo de psicologia escolar ou
psicologia educacional. É uma área de estudos recente,
resultante da articulação de conhecimentos dessa e de outras
disciplinas, apontando com novos caminhos para a solução de
problemas antigos.” (BOSSA, 2000,p.16)
33
O argentino Jorge Visca, que é considerado o Pai da Psicopedagogia,
em 1980 criou Centros de Estudos Psicopedagógicos em algumas cidades
brasileiras e em 1985, ele criou a Associação Brasileira de Psicopedagogia-
ABPp. Visca (apud Bossa 2000) definiu a psicopedagogia da seguinte forma:
“ a psicopedagogia, que inicialmente foi uma ação subsidiária
da medicina e da psicologia, perfilo-se como um conhecimento
independente e complementar, possuidora de um objeto de
estudo- o processo de aprendizagem- e de recursos
diagnósticos, corretores e preventivos próprios. “ Visca (apud
Bossa 2000, p.23)
A ABPp é uma entidade de caráter científico-cultural, sem fins
lucrativos,que reuni profissionais participantes e integrados na área de
psicopedagogia.
A Associação oferece cursos, seminários, congressos e divulga
trabalhos, através da Revista Psicopedagogia. Atualmente vem se dedicando
as questões referentes à formação, ao perfil e ao reconhecimento profissional
do psicopedagogo.
A ABPp formulou o Código de Ética da profissão, onde em seu
primeiro artigo define a psicopedagogia:
“A psicopedagogia é um campo de atuação em saúde e
educação, que lida com o processo de aprendizagem humana;
seus padrões normais e patológicos, considerando a influência
do meio- família, escola e sociedade- no seu desenvolvimento,
utilizando procedimentos próprios da psicopedagogia.”
Na década de 70, iniciam-se os primeiros cursos de pós-graduação em
psicopedagogia.
O Código de Ética nos fala da atuação, da formação e do objetivo do
trabalho psicopedagógico:
34
Artigo 2º - A Psicopedagogia é de natureza interdisciplinar.
Utiliza recursos das várias áreas do conhecimento humano
para a compreensão do ato de aprender, no sentido
ontogenético e filogenético, valendo-se de métodos e técnicas
próprios.
Artigo 3º - O trabalho psicopedagógico é de natureza clínica e
institucional, de caráter preventivo e/ou remediativo.
Artigo 4º - Estarão em condições de exercício da
Psicopedagogia os profissionais graduados em 3º grau,
portadores de certificados de curso de Pós-Graduação de
Psicopedagogia, ministrado em estabelecimento de ensino
oficial e/ou reconhecido, ou mediante direitos adquiridos, sendo
indispensável submeter-se à supervisão e aconselhável
trabalho de formação pessoal.
Artigo 5º - O trabalho psicopedagógico tem como objetivo: (i)
promover a aprendizagem, garantindo o bem-estar das
pessoas em atendimento profissional, devendo valer-se dos
recursos disponíveis, incluindo a relação interprofissional; (ii)
realizar pesquisas científicas no campo da Psicopedagogia.
O profissional da área de psicopedagogia, seja ela institucional ou
clinica, deve estar sempre atualizado, participar de seminários ou congressos,
estudar, trocar idéias com outros profissionais, enfim manter-se informados
com os novos adventos, uma vez que as descobertas e a produção de
conhecimento é rápida.
3.2 A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA AO CONTEXTO
ESCOLAR
A dificuldade de aprendizagem tem sido historicamente, o foco da
psicopedagogia. É preciso que outros personagens desta história também
recebam o investimento psicopedagógico. A família e o professor são
35
importantes personagens que também influem para um final feliz diante do
drama da dificuldade de aprendizagem.
Trataremos a seguir de como a psicopedagogia pode contribuir para
que o afeto possa fluir e auxiliar a aprendizagem na família e com os
professores.
3.2.1 PSICOPEDAGOGIA E A FAMÍLIA
A família é a célula da sociedade e é nela que estabelecemos os
primeiros vínculos que irão nortear a nossa forma de nos relacionarmos com a
vida. Chamat (1997) acrescenta:
“Falar em processo de vinculação é equivalente a falar sobre
as relações objetais, isto é, as relações estabelecidas pelo
individuo com pessoas e objetos. Referimo-nos,
especialmente, ao modo da criança se relacionar com as
pessoas mais próximas ou mais distantes de seu convívio, a
forma pela qual ela percebe essas pessoas, a sua realidade
quer seja interna ou externa ou mesmo, numa linguagem
piagetiana, a percepção que a criança possui do real.”
(CHAMAT, 1997, p. 17)
Durante os primeiros anos de vida, é através dos olhos dos pais que o
bebe verá a vida a sua volta. Algumas vezes essa visão pode estar distorcida e
atrapalhar o processo de ensino-aprendizagem.
Chamat,1997, contribui com a reflexão:
“a criança apreende esses modelos de interação e
comunicação, passados pelos pais, e os reproduz em outras
relações. Em muitos casos, entramos sentimentos hostis
disfarçados, porém presentes na relação familiar, impedindo
um comunicação autêntica, o que impede o vinculo com o
mundo das idéias.” (CHAMAT,1997,p.19)
36
O psicopedagogo no seu trabalho de intervenção psicopedagógica
com os pais deve, segundo Chamat, realizar uma escuta, ou seja, é preciso
que o psicopedagogo escute o que a família diz sobre a patologia do não
aprender, pois cada família irá descrever sob sua ótica, de acordo com seu
universo de percepções. A partir daí o psicopedagogo constrói suas hipóteses
sobre a queixa apresentada.
Chamat, nos alerta para importância dessa escuta:
“a profundidade dessa leitura só beneficia a compreensão da
terapeuta(no campo da psicologia ou psicopedagogia) quanto
à apreensão das fantasias das quais os pais são portadores a
respeito das dificuldades do filhos; e muito mais ainda,
detectar o tipo de vinculo que eles estabeleceram com essa
situação a fim de desvendar o oculto.” (CHAMAT, 1997,p .18)
O desempenho escolar da criança é bastante influenciado pelas
relações afetivas que são estabelecidas dentro de casa, pois os anseios e
expectativas que a família demonstra são relevantes para a criança que deseja
ser elogiada, admirada, motivada, amada e quando isso não ocorre, o ato de
aprender fica marcado pela insatisfação e o desprazer, podendo gerar
dificuldades no processo de aprendizagem. .
Os pais devem ocupar um novo lugar na história, não mais
espectadores e sim parceiros do processo, onde colaborem, opinem,
participem. Devem ser incluído no processo, através de reuniões que
permitirão o acompanhamento do trabalho realizado junto com outros
personagens desta história como por exemplo, o professor.
O trabalho psicopedagógico, possibilitará os membros da família
melhor percepção entre eles dos papéis e funções que cada um desempenha.
Ajudará também no reconhecimento das regras e leis familiares vigentes, bem
como verificar quais são as mais adequadas para geração de vínculos
saudáveis
Chamat(1997), sinaliza a cerca da qualidade dos vínculos:
37
“A relações doentias constituem-se como formas de
relacionamento que impedem a estruturação de um eixo
familiar forte e saudável, no qual a criança possa se apoiar a
fim de enfrentar seus medos diante de situações novas e
desconhecidas, como decorrentes do crescimento.”
(CHAMAT,1997,p.19)
A intervenção psicopedagógica junto a família ampliará a compreensão
dos pais sobre a dificuldade da criança e também das muitas possibilidades
que esta mesma criança carrega em si, com isso surge a possibilidade de
ressignificar as relações vinculares e melhora a comunicação, que é a via do
afeto, na família.
Enfim, a intervenção psicopedagógica junto a familia objetivará não
apenas a compreensão da dificuldade de aprendizagem, mas também gerar
novos comportamentos que ajudem essa família a superar essa dificuldade.
3.2.2. PSICOPEDAGOGIA E O PROFESSOR
A escola é o espaço onde ocorre o desenvolvimento sócio- afetivo-
cognitivo dos indivíduos. Como espaço social tem a função de garantir aos que
nela estão a construção de saudáveis saberes e competências que serão
necessárias para o enfrentamento dos desafios que a atual sociedade
apresenta.
Lima(2005) afirma:
“ Podemos dizer que a instituição escolar fez e faz parte da
produção de subjetividade, uma vez que tem como um de seus
papéis definir o sujeito, seja na forma pela qual concebe
aprendizagem e transmite o saber ou por meio das relações de
poder entre professores e alunos. (LIMA,2005, p.66)
O professor, tem em suas mãos a importante atribuição de formar uma
sociedade, pois, o ideal seria, que todos passassem pelos bancos escolares
onde aprenderiam as primeiras letras e os primeiros passos no mundo do
saber.
38
Os professores testemunham uma escola cada vez mais exigente de
competências, de dedicação e de grande capacidade de adaptação as
constantes mudanças educacionais. E muitas vezes tem sido culpado pelo
fracasso escolar do aluno. Muitas vezes os professores diante dos problemas
de aprendizagem, por deficiência em sua formação e outros fatores,
desconhecem como devem proceder com essa dificuldade.
Lima(2005),nos fala :
“ A fala da professora Mara, assim como das demais
professoras, mais uma vez nos traz o não saber e o não
acreditar em si mesmo do professor, a falta de autoria e
autonomia. Discursos que mostram as fraturas existentes entra
as propostas da escola e o como, de fato, os professores se
percebem revelam também que há demanda de um
psicopedagogo que possa escutá-las e auxiliá-los a
compreender não apenas o processo de aprendizagem de
seus alunos, mas principalmente sues próprios processos.”
(LIMA,2005, p.68)
É fundamental que o docente possa fazer um releitura da sua prática,
rever sua metodologia, vê o aluno como sujeito da aprendizagem que carrega
em sua bagagem, conhecimentos e potencialidades.
O aspecto cognitivo necessita do afetivo (interesse, vontade, motivação)
para que haja novas estruturas intelectuais, por isso é preciso que o professor
crie vínculos com os alunos para que possa, não apenas, criar situações de
aprendizagem, como também despertar nos alunos o prazer de aprender.
O trabalho psicopedagógico orientará o professor sobre os aspectos
da dificuldade de aprendizagem, propondo novas estratégias, estudos em
grupo sobre os temas que apresentem mais urgência.
Para o sucesso de uma intervenção psicopedagógica é preciso que haja
um trabalho em conjunto entre professores e psicopedagogo, onde nesta
parceria ocorrerá uma grande troca de conhecimentos e experiências. È um
trabalho coletivo. Lima (2005), que desenvolveu um trabalho psicopedagógico
com professores, nos fala:
39
“Emergia, de todas as atividades que realizávamos e dos
discursos das professoras, a necessidade de ressignificarem
seus papéis enquanto sujeitos que ensinam e que também
aprendem, para que pudessem abrir espaços de confiança a
fim de conquistarem a autonomia, para que pudessem fazer
florescer a criatividade contida e encapsulada em cada uma,
para que finalmente conquistassem a liberdade e se
constituíssem como autoras do pensamento, e assim eu
também pudesse ressignificar o meu papel de psicopedagoga.”
(LIMA,2005, p.174)
Diante do processo de ensino - aprendizagem, todos possuem seu valor,
alunos, pais, professores, funcionários da escola. É preciso descentraliza do
aluno e ampliar o olhar para todos os que fazem parte do processo, como um
trabalho em equipe.
40
CONCLUSÃO
“Nenhum de nós é tão bom
quanto todos nós juntos”
Autor desconhecido
No passado quando a ciência ainda tateava nas pesquisas, buscando
entender como se processava a aprendizagem humana, privilegiou alguns
aspectos, como o cognitivo, em detrimento de outros. Porém, neste novo
milênio, com o progresso nos estudos sobre o cérebro, já constatamos que a
aprendizagem para ocorrer depende de três fatores: cognitivo, afetivo e motor.
Cada vez que qualquer um desses for alterado, todos os outros serão
igualmente modificados.
O tema afeto tornou-se relevante no contexto escolar, pois já não se
pode ignorar que as relações que ocorrem neste ambiente educacional são
permeadas de afeto e que precisamos saber lidar com o aspecto afetivo de
forma que ele contribua para uma aprendizagem significativa.
Assim, é certo afirmar que a afetividade e a aprendizagem estão
intimamente ligadas e que caminham juntas no processo de desenvolvimento
humano. Com isso, cabe a família e a escola criar ambiente propício para que
os aspectos cognitivos e afetivos ocorram e se completem, gerando como
resultado o prazer de aprender e de ensinar.
Neste sentido, a Psicopedagogia nas instituições assumirá o
compromisso de reorientar o processo de ensino-aprendizagem, possibilitando
o aprender coletivo, a riqueza da troca de saber e afeto e com isso o aprender
uns com os outros. O professor deixará de ser o difusor de informações e o
aluno o depositário das mesmas, realoca-se o conceito de aprender e a função
de ensinar.
A Psicopedagogia traz a compreensão de que o sucesso escolar é
construído por todos que circulam neste ambiente educacional e que será
necessário um trabalho em equipe para alcançar o êxito esperado, pois,
nenhum de nós é tão bom quanto todos nós juntos. .
41
BIBLIOGRAFIA
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XAVIER et al. História da educação: a escola no Brasil. São Paulo: FTD,
1994.
43
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
CONCEITO DE APRENDIZAGEM E AFETIVIDADE 11
1.1 – Aprendizagem 12
1.1.1 – Teoria Behaviorista 10
1.1.2 – Teoria Cognitivista 11
1.1.3 – Teoria Sócio-Histórica 13
1.2 – Afetividade 15
CAPÍTULO I I
O AFETO EM SALA DE AULA 17
2.1 – A emoção 18
2.2 – O afeto na relação professor –aluno 21
2.3 – Quem é o professor de hoje? 24
CAPÍTULO III
CONTRIBUIÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA 32
3.1 – Breve histórico da psicopedagogia no Brasil 32
3.2 – A contribuição da Psicopedagogia ao contexto escolar 34
3.2.1 – Psicopedagogia e a família 35
3.2.2. – Psicopedagogia e o professor 37
CONCLUSÃO 40