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1 <> <> <> <> UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE <> <> <> <> <> A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE NA APRENDIZAGEM <> <> <> Por: Alessandra Pinto Sancho <> <> <> Orientador Prof.ª Dayse Serra Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

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<>

A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE NA APRENDIZAGEM

<>

<>

<>

Por: Alessandra Pinto Sancho

<>

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Orientador

Prof.ª Dayse Serra

Rio de Janeiro

2011

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

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<>

A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE NA APRENDIZAGEM

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Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em

Psicopegagogia Institucional....

Por: . Alessandra Pinto Sancho

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela mãe

maravilhosa, que no exercício exemplar

da sua profissão, professora, ensinou a

muitos, e a mim, a amar o saber.

4

DEDICATÓRIA

Dedico a todos aqueles em especial

minha família e meu esposo, que

acreditam na força do amor como meio

para transformar o mundo em um lugar

bem melhor para se viver.

5

RESUMO

Este estudo tem por objetivo abordar a influência exercida pela

afetividade no processo de ensino-aprendizagem. Analisa o conceito de

aprendizagem e afetividade sob a ótica das principais teorias da aprendizagem.

Mostra o quanto a emoção influi na percepção do mundo e na apreensão do

saber. Faz reflexões sobre a importância do afeto na relação professor-aluno e

a identidade deste professor, que é tão relevante para efetivação da

aprendizagem e para a transformação da sociedade. Ressalta a contribuição

preventiva que a psicopedagogia institucional pode oferecer na compreensão

das relações no contexto escolar, podendo torná-las mais saudáveis,

produzindo assim o prazer de aprender e ensinar.

6

METODOLOGIA

Este trabalho foi desenvolvido através de pesquisas bibliográficas, a fim

de ampliar os estudos e os conhecimentos fornecidos.

O tema central, a influência da afetividade na aprendizagem, foi

pesquisados em diversas referências teóricas, entre elas as Teorias de Jean

Piaget, Vygotsky, Wallon, que abordam aos aspectos cognitivos e afetivos,

contribuindo, assim, para a compreensão da dinâmica da relação professor-

aluno.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - O conceito de aprendizagem e afetividade 09

CAPÍTULO II - O afeto em sala de aula 17

CAPÍTULO III – A contribuição da Psicopedagogia 32

CONCLUSÃO 40

BIBLIOGRAFIA 41

ÍNDICE 43

FOLHA DE AVALIAÇÃO 44

8

INTRODUÇÃO

A questão central deste estudo é como a afetividade influi no processo

de aprendizagem.

Nota-se, nos últimos tempos, um crescente interesse em melhorar as

metodologias de ensino-aprendizagem, com isso as ciências que estudam o

aprendizado humano pesquisam novos aspectos que podem contribuir para o

êxito escolar. O afeto, é um aspecto importantíssimo, pois é capaz de

influenciar tanto positiva quanto negativamente no processo de aprendizagem.

Neste trabalho abordaremos a importância da escola perceber o afeto

como dínamo da aprendizagem e como a psicopedagogia contribui para esta

compreensão.

No primeiro capítulo, intitulado “ o conceito de aprendizagem e

afetividade” faremos uma revisão das principais teorias da aprendizagem e a

teoria mais relevante sobre afetividade, Teoria de Wallon.

Já no segundo capitulo, “o afeto em sala de aula” analisaremos a ação

da emoção nas nossas percepções do mundo. Também abordaremos a

questão do afeto na relação professor-aluno e quem é o professor nos dias

atuais.

Assim, no terceiro capítulo, “a contribuição da psicopedagogia”

,veremos, de forma breve, o histórico da psicopedagogia no Brasil e sua

contribuição para o contexto escolar.Neste capítulo, também, analisaremos

como o psicopedagogo pode auxiliar a família e o professor a criar um

ambiente saudável para construção de vínculos afetivos indispensáveis ao

aprendizado.

9

CAPITULO I

CONCEITOS DE APRENDIZAGEM E AFETIVIDADE

"...educar é realizar a mais bela e

complexa arte da inteligência. Educar

é acreditar na vida e ter esperança

no futuro, mesmo que os jovens nos

decepcionem no presente. Educar é

semear com sabedoria e colher com

paciência".

("Pais brilhantes, Professores

fascinantes" - Augusto Cury)

O homem desde tempos remotos busca entender como adquirimos o

conhecimento. Filósofos como Sócrates acreditavam que o conhecimento já

existia no homem e que a aprendizagem seria despertar esse conhecimento.

Já Aristóteles postulou que todo conhecimento antes de estar na inteligência

passou pelos sentidos. Na era moderna Locke retoma o principio de

Aristóteles e para ele o conhecimento é apreendido pela experiência, pela

tentativa e pelo erro.

Ao longo da história da educação muitos estudiosos se preocuparam

com a concepção de aprendizagem por saberem que os animais, em especial

o homem, adaptam-se a seus ambientes por meio da aprendizagem. Campos

(2001) afirma que a capacidade e importância da aprendizagem aumentam

com o decréscimo dos comportamentos inatos, característicos do período da

infância humana.

O homem vive de acordo com o que aprende e a escola foi organizada

para ampliar a eficácia da aprendizagem. Assim inúmeras teorias surgiram

para explicar o processo de aprendizagem e dentre elas as que mais se

destacaram foram a teoria behaviorista,, teoria cognitivista e teoria sócio-

histórica.

10

Examinaremos a seguir os conceitos básicos das mais importantes

teorias de aprendizagem.

1.1 APRENDIZAGEM

A aprendizagem faz parte da vida do homem e é um processo decisivo

para nosso ajustamento social e ao meio físico. Examinaremos três teorias que

mais se destacaram na busca da concepção de aprendizagem.

1.1.1 TEORIA BEHAVIORISTA

O behaviorismo é uma teoria da aprendizagem que se centra em

comportamentos observáveis e ignora as atividades mentais. Para os

behavioristas a aprendizagem é definida como a aquisição de novos

comportamentos, os indivíduos reagem reflexivamente ao ambiente e certas

respostas podem ser condicionadas reforçando o comportamento desejado

com um estímulo.

A mente é vista como uma caixa negra porque responde a estímulos

que podem ser observáveis, ignorando totalmente a possibilidade de

ocorrência de processos mentais. A posição do indivíduo que aprende é,

meramente, passiva (resposta a estímulos). Por isso o foco pedagógico incide,

para os behavioristas, na aplicação de estímulos e reforços adequados.

Os principais teóricos foram o fisiologista russo Ivan Pavlov e o

psicólogo B. F. Skinner que contribuíram com os pressupostos do

condicionamento clássico e operante respectivamente.

Segundo Myers (1999), o condicionamento clássico é um meio pelo

qual praticamente todos os organismos aprendem a se adaptar a seu

ambiente. Muitos pesquisadores afirmam ser o condicionamento clássico a

forma básica de aprendizagem. Myers nos esclarece acerca de como ocorre o

experimento de Pavlov,

“Pavlov repetidamente apresentava um estimulo neutro (como

uma campainha) pouco antes de um estimulo incondicionados

(EIC, alimento) desencadear uma reação incondicionada (RIC,

11

salivação). Depois de várias repetições, bastava apenas a

campainha (agora o estímulo condicionado, EC) para

desencadear uma reação condicionada(RC,

salivação)”.(MYERS,1999,p.179)

Na década de 40, B. F. Skinner propôs uma teoria baseada no

conexionismo de Thorndike e o behaviorismo de Watson que paara eles o

homem é neutro, passivo e o comportamento descrito de forma mecânica. Para

Skinner a aprendizagem ocorre através de comportamentos premiados,

recompensados até que quando retirada a recompensa, eles continuem

acontecendo. Davidoff (2001) elucida nos sobre o condicionamento operante

“O condicionamento operante ocorre sempre que os efeitos

que se seguem a um operante aumentam ou diminuem a

probabilidade de o operante voltar a ser desempenhado em

uma situação similar.Em outras palavras, a freqüência relativa

ou intensidade de uma ação é modificada durante o

condicionamento operante” (.DAVIDOFF, 2001, p.109)

Na perspectiva behaviorista, a aprendizagem é uma mudança na

probabilidade de comportamento observável, adquirido através de estimulo e

resposta.

1.1.2 TEORIA COGNITIVISTA

A Teoria cognitivista dá ênfase aos processos mentais que os

behavioristas desprezavam. Para os cognitivistas, a aprendizagem, ocorre

através de um processo no qual as novas informações recebidas são

relacionadas com informações já existentes na mente do aluno e só depois

disso são gravadas na memória.

O teórico de maior destaque foi Jean Piaget, biólogo, epistemólogo e

para ele a aprendizagem ocorre através da interação do individuo com o meio.

12

“O conhecimento não está no sujeito nem no objeto, mas ele

constrói na interação do sujeito com o objeto. È na medida que

o sujeito interage (e portanto) age sobre e sofre a ação do

objeto que ele vai produzindo sua capacidade de conhecer

também o próprio conhecimento”. (PORTO APUD FRANCO,

2007, p.20)

De acordo com Piaget (1978), “as estruturas variáveis serão, as formas

de organização da atividade mental, sob duplo aspecto: motor ou intelectual, de

uma parte e afetivo, de outra, com suas duas dimensões individual e social.”

A teoria piagetiana apresenta seis estágios ou períodos do

desenvolvimento.

“ 1º O estágio dos reflexos, ou mecanismos hereditários, assim

como também das primeiras tendências instintivas (nutrições) e

das primeiras emoções. 2º O estágio dos primeiros hábitos

motores e das primeiras percepções organizadas, como

também dos primeiros sentimentos diferenciados. 3º O estágio

da inteligência senso-motora ou prática (anterior a linguagem),

das regulações afetivas elementares e das primeiras fixações

exteriores da afetividade. Estes três primeiros estágios

constituem o período da lactância (até por volta de um ano e

maio a dois anos, isto é, anterior ao desenvolvimento da

linguagem e do pensamento). 4º O estágio da inteligência

intuitiva, dos sentimentos interindividuais espontâneos e das

relações sociais de submissão ao adulto)de dois a sete anos,

ou segunda parte da “primeira infância”). 5º O estágio das

operações intelectuais concretas (começo da lógica) e dos

sentimentos morais e sociais de cooperação(de sete a onze -

doze anos). 6º O estágio das operações intelectuais abstratas,

da formação da personalidade e da inserção afetiva e

intelectual na sociedade dos adultos (adolescência).”

Porto (2007) ressalta que a Teoria elaborada por Piaget, ainda é um

dos pilares para o conhecimento do desenvolvimento cognitivo.

13

1.1.3 TEORIA SÓCIO-HISTÓRICA

A Teoria Sócio-Histórica foi desenvolvida por L. S. Vigotsky, psicólogo

bielo-russo e trouxe um novo elemento para a compreensão da aprendizagem,

as relações sociais.

“Entendia que a aprendizagem não era uma mera aquisição de

informações, não acontecia a partir de uma simples associação

de idéias armazenadas na memória, mas era um processo

interno, ativo e interpessoal “ (NEVES, 2006, p.1)

Para Vigotsky o processo de aprendizagem necessita da interação com

o outro. Com essa visão as relações sociais com os colegas e professores

ganham aspecto fundamental na construção do conhecimento e na constituição

do sujeito. Todo e qualquer processo de aprendizagem é ensino-

aprendizagem, incluindo aquele que aprende, aquele que ensina e a relação

entre eles. Ele explica esta conexão entre desenvolvimento e aprendizagem

através da zona de desenvolvimento proximal

“Ela é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se

costuma determinar através da solução independente de

problemas, e o nível de desenvolvimento potencial,

determinado através da solução de problemas sob a orientação

de um adulto ou em colaboração com companheiros mais

capazes.”(VIGOTSKI,1988, p.112)

Baseado nesta teoria a aprendizagem ocorre em todo lugar e a

relação professor-aluno torna-se mais importante tendo em vista que a criança

é um sujeito social que constrói seus conhecimentos na interação social.

14

1.2. AFETIVIDADE

Desde a vida intra-uterina até a morte, a afetividade acompanha a

espécie humana. Sendo o Homem um ser gregário, ou seja, que vive em grupo

o afeto torna-se importante, pois regula as relações sociais.

As teorias de aprendizagem que mais se destacaram no contexto da

Educação não valorizam o afeto como um elemento fundamental para o

sucesso do processo de aprendizagem.

O avanço das pesquisas mostra que a dimensão afetiva influência

significativamente no processo de ensino- aprendizagem e que através da

afetividade se pode ampliar a eficiência da aprendizagem humana.

Dentre os estudos, o que mais têm contribuído para a compreensão da

afetividade tem sido a Teoria de Henri Wallon.

Henri Wallon (1879-1962), médico, psicólogo, filósofo francês, valorizou

o aspecto afetivo como ponto central em sua teoria.

Segundo Almeida (2009), Wallon define afetividade como sendo a

capacidade, a disposição do ser humano de ser afetado pelo mundo externo e

interno por meio de sensações ligadas a tonalidades agradáveis ou

desagradáveis.

De acordo com Dantas (1992), a afetividade é vista como instrumento

de sobrevivência típico da espécie humana, pois não é por acaso que o choro

atua de forma tão intensa sobre a mãe,que por sua vez atende a necessidade

da prole e garante assim que o bebê não pereça.

Wallon descreve o ser como “geneticamente social”, dependente dos

outros seres para sobreviver Desta maneira, Dantas (1992) afirma:

“ É neste sentido que Wallon a considera fundamentalmente

social: ela fornece o primeiro e mais forte vínculo entre os seres

da espécie e supre a insuficiência da articulação cognitiva nos

primórdios da história do ser e da espécie.” (DANTAS, 1992, p.

86)

Podemos observar que a dimensão afetiva influi tanto na construção

da pessoa quanto na estruturação do conhecimento desde a primeira infância.

15

Assim, as relações familiares, em especial a mãe e o bebê, ganham maior

importância, pois podem modelar as formas como a criança estabelecerá os

vínculos afetivos com os outros e o meio que vive.

Muitos autores utilizam as palavras emoção, sentimento, paixão como

sinônimo de afetividade, porem na teoria de Wallon cada uma destas palavras

possuem significação própria e fazem parte da afetividade, sem com isso ser

sinônimo da mesma.

Almeida (2009) nos esclarece o sentido destas três palavras :

“ A teoria apresenta três momentos marcantes, sucessivos, na

evolução da afetividade: emoção, sentimento e paixão. Os três

resultam de fatores orgânicos e sociais e correspondem a

configurações diferentes e resultantes de sua integração: nas

emoções, há o predomínio da ativação fisiológica; no

sentimento, da ativação representacional; na paixão, da

ativação do autocontrole.” (ALMEIDA, 2009 p.17)

A emoção, segundo Almeida (2009), tem um poder plástico, expressivo

e contagioso: é o recurso de ligação entre o orgânico e o social e é a

exteriorização da afetividade, é uma expressão corporal, motora..

Almeida(2009), afirma que para Wallon o sentimento é a expressão

representacional da afetividade, tende a reprimir, impor controles que quebrem

a potencia da emoção e podem ser expressos pela mímica e pela linguagem.Já

a paixão revela o aparecimento do autocontrole como condição para dominar a

situação.

Na Teoria de Wallon o desenvolvimento afetivo é dividido em seis

estágios que expressam as características da espécie e seus conteúdos são

determinados histórica e culturalmente.

Almeida apresenta estes estágios:

“ Estágio impulsivo-emocional (0 a 1 ano) – a criança expressa

sua afetividade por meio de movimentos desordenados, em

respostas a sensibilidades corporais dos músculos e das

vísceras e do mundo externo, para satisfazer suas

necessidades básicas.

16

Estágio sensório-motor e projetivo(1ano a 3 anos) – já

dispondo da marcha e da fala, a criança volta-se para o mundo

externo, para o contato e a exploração de objetos e pessoas de

seu contexto.

Estágio personalismo (3 a 6 anos) – é a fase de se descobrir

diferente das outras crianças e do adulto.Compreende três

fases: oposição, sedução e imitação.

Estágio categorial (6 a 11 anos) – com a diferenciação mais

nítida entre o eu e outro, há condições para exploração mental

do mundo externo, mediante atividades cognitivas de

agrupamento, classificação, categorização em vários níveis de

abstração.

Estágio puberdade e adolescência (11 anos em diante) –

aparece aqui a exploração de si mesmo, na busca de uma

identidade autônoma, mediante atividades de confronto, auto-

afirmação, questionamento. O domínio de categorias de maior

nível de abstração, entre as quais a categoria dimensão

temporal, possibilita a discriminação mais clara dos limites da

sua autonomia e de sua dependência, acrescida de um debate

sobre valores.

Idade adulta – apesar de todas as transformações ocorridas

nas fases anteriores, o adulto se reconhece como o mesmo e

único ser: reconhece suas necessidades, possibilidades e

limitações, seus sentimentos e valores assumem escolhas em

decorrência de seus valores. Há um equilíbrio entre “estar

centrado em si” e “estar centrado no outro”.

Por fim, observa-se que a Teoria de Wallon veio lançar luz sob a

questão da afetividade, nos mostrando que há um desenvolvimento que se

conjuga junto com os processos cognitivos e que ambos influencia no ser de

maneira integral.

No próximo capítulo veremos o quanto a afetividade e a aprendizagem

caminham juntas.

17

CAPITULO II

O AFETO EM SALA DE AULA

“O amor tem feito coisas

Que até mesmo Deus duvida

Já curou desenganados

Já fechou tanta ferida”

Iluminados. Ivan Lins / Vitor Martins

No Mundo Ocidental, durante séculos, as pesquisas sobre a

aprendizagem humana deram ênfase aos aspectos cognitivos em detrimento

dos aspectos sócio-afetivos, porém essa perspectiva já está bastante alterada

nos últimos tempos, pois teorias como a de Henri Wallon sinalizaram o quanto

a afetividade influi no processo de ensino-aprendizagem.

“A afetividade, nesta perspectiva, não é apenas uma das

dimensões da pessoa: ela é também uma fase do

desenvolvimento, a mais arcaica. O ser humano foi, logo que

saiu da vida puramente orgânica, um ser afetivo. Da afetividade

diferenciou-se, lentamente, a vida racional. Portanto, no início

da vida, afetividade e inteligência estão sicreticamente

misturadas, com o predomínio da primeira.” (LA TAILLE, 1992,

p.91)

Ao nasce o homem ainda não possui linguagem articulada, e é por meio

da emoção, mais especificamente do choro que o bebê estabelece sua relação

com o mundo através da mãe. Assim a primeira relação que mantemos com o

ambiente é de natureza afetiva.

LA TAILLE afirma:

“Ao longo de seu curso, mesmo aquilo que interessa à vida de

relação, e por conseguinte à atividade cognitiva, como os

estímulos auditivos e visuais, despertam, não reações

exploratórias, mas respostas afetivas: alegria, surpresa, medo.

Daí a afirmação walloniana de que a inteligência não se

18

dissociou ainda da afetividade, cuja conseqüência inevitável é

que, neste momento, estimular a primeira equivale a nutrir a

segunda.” (LA TAILLE, 1992, p.92)

Pode se perceber que a emoção influi na vida humana desde a mais

terna idade e por isso torna-se importante entender sua influência .

2.1 A EMOÇÃO

“Meu coração, não sei por que

Bate feliz quando te vê

E os meus olhos ficam sorrindo

E pelas ruas vão te seguindo

Mas mesmo assim

Foges de mim”

Pixinguinha

A emoção é universal, todos os seres humanos, ao nascer, a possuem

diferente da linguagem que para se desenvolver depende de fatores culturais.

O reconhecimento e as expressões emocionais são os mesmos em diversas

culturas o que mostra o fator filogenético.

Muitos estudiosos há alguns séculos discutem a definição de emoção

sem chegar a um consenso. A palavra emoção provém do latim movere -

mover- acrescida ao prefixo “e”, que denota afastar-se, o que indica que em

qualquer emoção está implícita uma propensão para o agir imediato.

Davidoff nos diz:

“ Embora as emoções possam levar as pessoas a se

sentir fora do controle durante algum tempo, elas

efetivamente não determinam comportamentos, mas

aumentam o incitamento, a reatividade ou a irritabilidade.”

(DAVIDOFF,2001, p.369)

19

A emoção, segundo Henri Wallon (1879-1962), tem dupla origem – é

tanto biológica quanto social e o que ela garante é a sobrevivência da espécie

humana pois estabelece comunicação entre os indivíduos.

Davidoff concorda com Myers:

“Desde o inicio, os afetos comunicam informações

vitais(Plutchik,1983).O choro tende a fazer com que um adulto

preocupado providencie o alívio. O desagrado facilitta a

remoção de substâncias nocivas. O sorriso revela aos pais

aquilo que é agradável e ajuda a assegurar um vínculo forte,

aumentando a probabilidade da proteção.” (DAVIDOFF, 2001,

p.371)

As emoções envolvem um conjunto de três componentes que são os

sentimentos (medo, alegria , tristeza, ansiedade), reações comportamentais

(evitação, fuga, agressividade, stress, ataque) e reações fisiológicas

(taquicardia, vasoconstrição, sudorese, dilatação pupilar,cortisol, esferóide).

Myers ilustra:

“...as emoções são uma mistura de (1) excitação

fisiológica(coração disparado), (2) comportamentos

expressivos( passos apressados) e (3) experiência

consciente(interpretação das intenções da pessoa e sentimento

de apreensão).” (MYERS, 1999,p. 275)

No final do século passado algumas teorias surgiram para explicar com

se dão as emoções e as que mais se destacaram foram as teorias de James-

Lange e Cannon-Brad.

O psicólogo inglês Willian James e o fisiologista dinamarquês Carl Lange

propuseram que a reação emocional ocorre após tomarmos consciência do

estimulo emocional e a partir de então surge o sentimento da emoção.

Segundo esse ponto de vista que foi chamado de Teoria James-Lange,

primeiro o homem percebe um perigo, tem uma reação fisiológica e depois

surge a emoção.

20

Já os fisiologistas americanos Walter Cannon e Phillip Bard propuseram

que o impulso atinge o tálamo e uma mensagem é enviado para o córtex

cerebral e para o hipotálamo, então as reações fisiológicas e emocional

ocorrem paralelamente.

A figura abaixo ilustra uma comparação das teorias, sendo as setas

vermelhas indicadoras da Teoria de James-Lange e as setas azuis a Teoria de

Cannon-Bard:

Figura 1

É um tema que todos os que se interessam por esta característica

humana concordam que as emoções servem para preparar o indivíduo para a

ação, moldar o comportamento (tendemos a repetir situações agradáveis e a

não repetir as desagradáveis) e regular a interação (quando falamos com uma

pessoa percebemos através da sua expressão facial a sua emoção).

Myers cita que:

“ As expressões não apenas comunicam emoção mas também

ampliam a emoção sentida e sinalizam ao corpo para reagir de

acordo.” (MYERS, 1999,p.282)

Por isso atualmente é dada grande importância a emoção nas mais

diversas relações humanas. O processo de ensino-aprendizagem é permeado

pelo afeto e influi diretamente no resultado final que é a aprendizagem..

21

2.2. O AFETO NA RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO

“Pra mostrar pra você que eu não esqueço mais essa lição

Amigo, eu ofereço essa canção

Ao mestre com carinho”

Abelhudos

A sociedade atual muda cada dia mais rápido e as escolas são invadidas

por todos os tipos de tecnologias. A escola busca acompanhar essas

mudanças sem deixar de cumprir seu principal objetivo que é educar.

Educar é muito mais do que apenas transmissão de informação,

conhecimento, é a possibilidade de transformar uma sociedade inteira

formando cidadãos conscientes de seus papeis sociais.

Ao educador foi dada a função de ajudar na construção de educandos

que possam refletir nas leis e se posicionar criticamente buscando melhorar a

sociedade que vivemos.

A cada dia as crianças entram mais cedo no universo escolar devido as

novas exigências da vida moderna. As pesquisas mostram que as relações

estabelecidas nos primeiros anos de vida influem nos vínculos futuros.

Chamat (1997) elucida sobre os efeitos destes vínculos iniciais:

“ A literatura psicanalítica nos tem apontado que a qualidade

das relações vinculares estabelecidas no primeiro ano de vida

da criança, repercute diretamente em suas relações futuras,

quer seja na forma de perceber o mundo ou na forma de se

relacionar com as outras pessoas e , fundamentalmente,

determina o modo pelo qual irá lidar com o novo e o

desconhecido.” (CHAMAT, 1997, p.61)

A individualidade da criança é construída nas relações com as pessoas

com as quais convive,inicialmente a família e se expande para escola. Essas

relações contribuem para seu desenvolvimento intelectual, afetivo e social. O

respeito mútuo no afeto e na confiança precisará permear essas relações.

Porto afirma:

22

“ a criança deseja e necessita ser amada, aceita, acolhida e

ouvida para que possa despertar para a vida da curiosidade e

do aprendizado. A presença do adulto dá à criança segurança

física e emocional que a leva a explorar mais o ambiente e

aprendendo consequentemente. A interação envolve,

também, a afetividade, a emoção como elemento básico e

essencial.” (PORTO, 2007,p. 26)

A sala de aula inevitavelmente recebe influencias de muitos fatores,

dentre eles o afeto. Codo elucida:

“Para que a aprendizagem ocorra, muitos fatores são

necessários. Capacidade intelectual e vontade de aprender

por parte do aluno, conhecimento e capacidade de

transmissão de conteúdos por parte do professor, apoio extra

classe por parte dos pais e tantos outros. Entretanto, existe um

que funciona como o grande catalisador: a afetividade.”

(CODO,2006, p.50)

Na escola o aluno se relaciona também com outras pessoas que

acabam por influenciar na sua formação. Codo ressalta:

“Os funcionários podem não participar das educação em

termos do currículo oficial da escolamas, sem dúvida

nenhuma, contribuem e muito para garantir o bem-estar dos

alunos, para a criação de hábitos, atitudes e valores.Enfim,

também tem a sua participação na transmissão do currilo

oculto e estão envolvidos com a atividade de cuidar. Neste

sentido, o envolvimento afetivo, embora não seja tão crucial

quanto para o professor, também é essencial na realização do

trabalho.” (CODO,2006, p.51)

Percebendo a grande força que o afeto possui para aprendizagem,

constata-se que o educador é uma peça fundamental neste processo.

Codo(2006) afirma que a palavra educador vem de educator: aquele que cria,

pai, que faz as vezes do pai.

23

A relação professor-aluno requer um grande investimento afetivo para

que o processo ocorra pois o estabelecimento de vínculo afetivo é inerente

nesta atividade.

Codo afirma:

“ As atividade que exigem maior investimento de energia são

aquelas relacionadas ao cuidado; estabelecer um vínculo

afetivo ´fundamental para promover o bem-estar do outro.

Para que o professor desempenhe seu trabalho de forma a

atingir seus objetivos, o estabelecimento do vínculo afetivo é

praticamente obrigatório.” (CODO,2006 P. 55)

O afeto modifica a aprendizagem pois potencializa o processo e o torna

mais eficaz. Porto nos afirma:

“O afeto influencia a velocidade com que se constrói o

conhecimento, pois, quando as pessoas se sentem seguras,

aprendem com mais facilidade.” (PORTO,2007, p. 46)

Algumas vezes os vínculos afetivos necessários para o processo de

aprendizagem não se estabelecem e começam a surgir os conflitos. Codo

acrescenta:

“Se esta relação afetiva com os alunos não se estabelece, se

os movimentos são bruscos e os passos fora do ritmo, é

ilusório quere acreditar que o sucesso do educar será

completo. Se os alunos não se envolvem, poderá até ocorrer

algum tipo de fixação de conteúdo, mas certamente não

ocorrerá nenhum tipo de aprendizagem significativa; nada que

contribua para a formação destes no sentido de preparação

para a vida futura, deixando o processo ensino-aprendizagem

com sérias lacunas.” (CODO,2006p. 50)

O estudo sobre as emoções nos mostra que os seres humanos

aprendem melhor e mais em situações prazerosas. Em seu artigo na revista

eletrônica Saberes da educação, Sandra afirma: .

24

“a afetividade ganha um novo enfoque no processo de ensino

e aprendizagem, pois se acredita que a interação afetiva

auxilia mais na compreensão e na modificação das pessoas

do que um raciocínio brilhante,repassado mecanicamente.”

O professor é o grande maestro quando está em sala de aula, pois é

através da sua condução que os alunos irão adentrar no mundo do saber.

Codo enfatiza:

“O professor pode imprimir o seu jeito, dar otom e a cor que

melhor lhe pareça à aula ministrada, sabendo que serve como

modelo para os alunos e podendo espelhar-se no

desenvolvimento dos mesmos. Aqui, a capacidade de empatia

não é apenas permitida, ela se faz imprescindível para que o

processo de ensino-aprendizagem ocorra com maior

qualidade. O professor não consegue ensinar se não fizer um

vínculo afetivo com os alunos.” (CODO, 2006, p.119)

Mas quem é esse professor hoje? Será que sua formação o capacita

para a grande tarefa que o espera? Analisaremos a seguir quem é o professor

de hoje.

2.3 QUEM É O PROFESSOR DE HOJE

“Tu serás o arquiteto do porvir o sustentáculo de todas as

liberdades, o alicerce da Pátria.” Caetano Campos

Para refletirmos quem é o professor de hoje será necessário olharmos

para o passado que possibilitará uma melhor compreensão do presente.

Faremos um breve passeio onde poderemos constatar que a história

da escola caminha lado a lado com a do professor

No Brasil a educação já nasceu elitizada. Foi trazida pelos jesuítas que

não só trouxeram a moral e a religião como também métodos pedagógicos. A

instrução era a base da catequese como nos diz Xavier

25

“A leitura, a escrita e o cálculo eram, de fato, os conteúdos

próprios da instrução, que davam a base para a compreensão

das Sagradas Escrituras. Ter acesso aos catecismos, livros e

cantos religiosos, realizar o complicado cálculo dos dias e das

festas religiosas, entender e acompanhar ativamente os ritos e

os sacramentos era tudo o que se esperava da instrução do

gentio. Isso os civilizava, pacificava, transformando-os em

súditos da Cora e “filhos de Deus”. (Xavier,1994, p. 43)

A instrução recebida dos jesuítas mudava o status do sujeito na aquela

sociedade pois poucos eram poupados dos trabalhos braçais, considerados

embrutecedores, para serem destinados a tarefa de se instruírem. O monopólio

do ensino dos Jesuítas, a chamada Companhia de Jesus, durou

aproximadamente 210 anos, quando estes foram expulsos por Marquês de

Pombal. Os jesuítas deixaram uma herança de colégios e seminários, além de

escolas de primeiras letras instaladas em todas as cidades onde havia casas

da Companhia de Jesus

Da expulsão dos Jesuítas até a chegada da família Real, a educação

no Brasil ficou estagnada. Foram criadas algumas tentativas de sistemas

educacionais que não deram certo tais como aulas-régias, subsídios literários e

etc.

O professor era mal remunerado, mal preparado para a função e ficava

bastante tempo sem receber aguardando solução de Portugal. Isso ocorre

aproximadamente entre os anos de 1760 a 1807 e ainda hoje podemos ver

esse mesmo descaso em muitos lugares no Brasil.

A chegada da Família Real pouco modifica o cenário da educação no

país. Na primeira Constituição do Brasil fica instituído a instrução primária e

gratuita para todos os cidadãos, porém pela falta de professores adota-se o

método de ensino mútuo. Em meio a tudo isso funda-se a primeira escola

normal e o Colégio Pedro II.

Embora a educação tenha sido destinada para todos , ainda assim,

durante toda República Velha , era destinada as camadas mais privilegiadas, o

que promovia um status social.

26

A industrialização exigiu mão-de-obra especializada sendo assim

necessário investir em educação. Neste período surgem o ensino secundário e

as universidades brasileiras.

A educação não era distribuída como hoje e as famílias eram

numerosas e geralmente os filhos estudavam apenas as séries iniciais para

aprender a ler e escrever, pois necessitavam trabalhar. Sendo assim apenas as

famílias mais abastadas podiam manter seus filhos por mais tempo estudando

e estes se formavam em “doutores” e professores.

A imagem social do professor nessa época era do detentor do saber,

cultura e dos mais diversos conhecimentos. Possuía um poder aquisitivo que o

permitia investir em livros, enciclopédias que eram de alto valor aquisitivo.

Codo (2006) nos diz que apenas mais tarde passou a dominar a idéia

de que os filhos das camadas menos privilegiadas deviam ir à escola mesmo a

custas de sacrifícios familiares.

Era um grande orgulho para as famílias terem um professor como seu

membro, pois o professor fazia parte de uma elite e detinha um status social.

No regime militar, muitos professores foram perseguidos, calados para

sempre, exilados, demitidos, presos pelo seu posicionamento ideológico.

Nas décadas que se seguiram foram inúmeras reformas educacionais

e lentamente a imagem do professor foi sendo desvalorizada.

O mito sacerdotal ainda pesa sob a imagem do professor, que num

passado distante era uma função exercido por jesuítas. Desde os anos 70 os

professores vem reivindicando melhores salários, condições de trabalho e

outros direitos trabalhistas .pois são igualmente trabalhadores e não novos

jesuítas depositários de resoluções ou projetos curriculares.

Codo nos faz refletir:

“O perfil do professor não é mais o mesmo. Hoje os

encontramos às centenas, provenientes dos mais diversos

estratos sociais e nem a origem sócio-econômica familiar e

muito menos os salários garantem o padrão de vida que já fez

parte do reconhecimento deste profissional. Mas a nostalgia

desse tempo, a imagem construída sobre essa figura ainda

freqüenta o professor atual, ainda faz parte do modo como se

27

vê a si próprio apesar da realidade mostrando outra coisa. E

não se trata apenas de nostalgia, o que temos é um conflito

que já mencionamos várias vezes, entre o papel social do

professor e o reconhecimento, financeiro inclusive,

incompatível com esse papel”. (Codo 2006, p.350)

Um professor altera a história de seus alunos porque sua ação tem a

capacidade de transformar pensamento, de animar, incentivar, propiciar elos

sem os quais a troca do aprendizado é impossível.

Codo afirma:

“Um educador, quando consegue, com uma conversa ao pé do

ouvido, transformar rebeldia em desafio, quando através das

letras consegue transformar vergonha em orgulho,

impossibilidades em desafio, anomia em História, é

efetivamente um deus, e pobre dele se não sentir-se enquanto

tal.” (Codo .2006, p.368),

Os professores testemunham uma escola cada vez mais exigente de

competências, de dedicação e de grande capacidade de adaptação as

constantes mudanças educacionais. E muitas vezes tem sido culpado pelo

fracasso escolar do aluno.

O professor não é um mártir que a cada fim de ano deve ser crucificado

pela não aprendizagem do aluno, é um dos sujeitos do processo ensino-

aprendizagem.

É um arquiteto, um catalizador de mudanças, um construtor de um

projeto para o outro. Sem dúvida é uma profissão de suma importância para se

erguer um país

Ao longo dos anos, o professor vem contribuindo com a formação de

cidadãos e consequentemente da sociedade.

É uma profissão ancestral, existe desde que o pitecanthropus eretus

balbuciou seus primeiros grunhidos, passou por todas as formas sociais e

chega até o presente com a mesma importância , afirma Codo.

A educação se transforma e acompanha as mudanças mundiais. Já

não estamos na era da informação onde o professor, em aula, passa dados

28

aos alunos, e sim estamos na era do conhecimento, era em que as

informações em ação se tornam conhecimentos.

O advento da internet, a educação a distância, as tele aulas, ou seja o

avanço da tecnologia e ao mesmo tempo ainda o analfabetismo, as classes de

aceleração, as dificuldades de aprendizagem, a violência na sala de aula, os

temas transversais a serem abordados exigem muito mais do professor que se

vê com novas funções além das que já tinha anteriormente.

A globalização alterou o papel do professor pois caducou a função de

apenas transmitir informações.

E qual o papel do professor nesta Era do Conhecimento?

Hoje o professor é chamado a ser mediador, facilitador do

conhecimento num mundo multimídia.

O professor já não é mais o único detentor de informações pois com o

advento da multimídia abre-se uma universo amplo de informações que muitas

vezes o professor não está inteirado e alguns até temem inteirar-se desse

universo globalizado e digital.

Desde as reformas educacionais dos anos 90, onde foram trazidas

novas formas de ensinar, de avaliar e uma nova organização escolar, que tem

se exigido mais trabalho do professor que o obriga a um maior número de

atividades em menos tempo.

A Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996, estabelece as diretrizes e

bases da Educação Nacional onde consta no Artigo 6º:

É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula dos

menores, a partir dos seis anos de idade, no ensino

fundamental.

Hoje, pelo fato das crianças irem mais cedo para a escola, ficou a

cargo da escola educar, criar e ao professor, forçosamente, atribuiu-se o novo

papel de formador de personalidade, quando a função da Escola e do

Professor era a instrução formal.

A formação do professor, não o prepara para atender essa nova

demanda ficando assim sem um suporte para sua ação em sala de aula.

29

É necessário, antes de mais nada, melhorar a formação e as condições

de trabalho dos professores para que possam, efetivamente, com os

conhecimentos e as competências , as qualidades pessoais, as possibilidades

profissionais e a motivação requeridas responder ao que deles se espera.

A escola ritualiza as ações do professor, exige cada vez mais

competência, dedicação e uma grande capacidade de adaptação perante as

diversas situações impostas pelo próprio ritmo de trabalho e promove com isto

conflitos que com o passar do tempo se transformam no mal estar docente.

A educação não é prioridade nos programas políticos e com isso o

sistema educacional começou a perecer, não dando conta de investir na

capacitação do professor como orientador e em melhores condições físicas e

psicológicas de trabalho.

No final da década de 90 a LDB busca estabelecer um processo de

valorização e aperfeiçoamento profissional, como consta no artigo 67 da LDB:

Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos

profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos

termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério

público:

I - ingresso exclusivamente por concurso público de provas e

títulos;

II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com

licenciamento periódico remunerado para esse fim;

III - piso salarial profissional;

IV - progressão funcional baseada na titulação ou habilitação,

e na avaliação do desempenho;

V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação,

incluído na carga de trabalho;

VI - condições adequadas de trabalho.

30

Desde o surgimento da LDB, pouco vemos mudar em relação às

condições de carreira e trabalho do professor. Ainda é grande a insatisfação

com os baixos salários, violência nas salas de aula, a falta de infra-estrutura

das escolas, as cargas horárias, a gestão e etc.

O professor nos dias atuais já não é uma profissão valorizada e como

vimos padece de muitas carências que, sem dúvida, afetam seu desempenho

em sala de aula.

Nos últimos anos, na rede pública de ensino, um grande número de

professores adoecem ou abandonam suas tarefas. Há um predomínio de

afastamentos por doenças musculares e atualmente as doenças mentais são

mais predominantes.

Além das doenças musculares e mentais há também um grande

número de professores que sofre com os distúrbios da voz e a violência a que

estão expostos em sala de aula.

O Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (INEP) (in Taís,2005)

contabiliza:

Segundo estudo de 1999, da Confederação Nacional dos

Trabalhadores em Educação e do Laboratório de Psicologia da

Universidade de Brasília, um terço dos professores das redes

estaduais de ensino do País padece da “doença”. Atualizado

em 2002, e incluindo professores das redes municipais e

particular, o estudo mostra que 46% dos educadores de todos

os sistemas de ensino de Nível básico (ensino fundamental e

médio) enfrentam exaustão emocional, seja moderada ou alta,

e 32% têm baixo envolvimento no trabalho. (AMADOR,2003)

Muitos profissionais que trabalham em contato direto com o ser

humano sofrem com a síndrome de burnout e entre estes profissionais está o

professor.

A síndrome de Burnout é definida como uma reação à tensão

emocional crônica gerada a partir do contato direto, excessivo e estressante

com o trabalho. É um tipo de estresse ocupacional e institucional que ocorre,

31

principalmente, com profissional que desempenham atividades consideradas

de ajuda.

A diferenciação da Síndrome de Burnout para o estresse é que a

primeira envolve atitudes e condutas negativas com relação aos alunos, seu

trabalho e a escola, enquanto o estresse apresenta um esgotamento pessoal

na vida do professor sem necessariamente afetar sua relações na escola.

Segundo Codo:

“Um trabalhador que entra em burnout assume uma posição de

frieza frente a seus clientes, não se deixando envolver com

seus problemas e dificuldades. As relações interpessoais são

cortadas, como se ele estivesse em contato apenas com

objetos, ou seja, a relação tornou-se desprovida de calor

humano. Isso acrescido de uma grande irritabilidade por parte

do profissional, este quadro torna qualquer processo de ensino-

aprendizagem, que se pretenda efetivo, completamente

inviável. Por um lado, o professor torna-se incapaz do mínimo

de empatia necessária para a transmissão do conhecimento e,

de outro, ele sofre: ansiedade, melancolia, baixa auto-estima,

sentimento de exaustão física e emocional.” (CODO, 2006,p

242)

A síndrome de burnout afeta a capacidade do professor de se envolver,

torna-o sem carisma e emoção, o que afeta a aprendizagem e a motivação dos

alunos bem como o comportamento destes.

A síndrome de burnout é um problema social e educacional a medida

que pode levar a incapacitação do professor , agente de suma importância no

processo ensino-aprendizagem.

Nota-se que há necessidade de se criar leis e políticas de saúde

voltadas para a saúde do professor.

Não pode ser tarefa solitária a busca por soluções desta síndrome, pois

a educação diz respeito a todos e não apenas ao professor, e sim uma ação

conjunta onde a instituição escolar, aluno, pais e professores reflitam na

importância de seus papéis e assim busquem alternativas salutares para todos.

32

CAPITULO III

CONTRIBUIÇÕES DA PSICOPEDAGOGIA

“A verdadeira viagem da descoberta

não consiste em procurar novas paisagens,

mas em possuir novos olhos.”

Marcel Prost

A Psicopedagogia é uma área do conhecimento bastante nova, um

pouco mais de 30 anos e que faz fronteira com algumas outras áreas do saber

humano, como por exemplo a Pedagogia, a Psicologia e outras.

Por ser uma ciência nova diante das demais com as quais faz

fronteiras, ainda é um pouco desconhecida para grande parte da população.

Buscaremos a seguir descrever um breve histórico da trajetória da

Psicopedagogia no Brasil.

3.1 BREVE HISTÓRICO DA PSICOPEDAGOGIA NO BRASIL

Segundo BOSSA (2000), a psicopedagogia nasceu de uma

necessidade de contribuir na busca de soluções para a difícil questão do

problema de aprendizagem.

A psicopedagogia surgiu no Brasil nos anos 70, devido ao crescente

número de crianças com fracasso escolar que não encontravam solução nas

ciências de então. Na época, as dificuldades de aprendizagem eram

associadas a uma disfunção neurológica e não a problemas sociopedagogicos.

Bossa nos esclarece:

“A psicopedagogia não é sinônimo de psicologia escolar ou

psicologia educacional. É uma área de estudos recente,

resultante da articulação de conhecimentos dessa e de outras

disciplinas, apontando com novos caminhos para a solução de

problemas antigos.” (BOSSA, 2000,p.16)

33

O argentino Jorge Visca, que é considerado o Pai da Psicopedagogia,

em 1980 criou Centros de Estudos Psicopedagógicos em algumas cidades

brasileiras e em 1985, ele criou a Associação Brasileira de Psicopedagogia-

ABPp. Visca (apud Bossa 2000) definiu a psicopedagogia da seguinte forma:

“ a psicopedagogia, que inicialmente foi uma ação subsidiária

da medicina e da psicologia, perfilo-se como um conhecimento

independente e complementar, possuidora de um objeto de

estudo- o processo de aprendizagem- e de recursos

diagnósticos, corretores e preventivos próprios. “ Visca (apud

Bossa 2000, p.23)

A ABPp é uma entidade de caráter científico-cultural, sem fins

lucrativos,que reuni profissionais participantes e integrados na área de

psicopedagogia.

A Associação oferece cursos, seminários, congressos e divulga

trabalhos, através da Revista Psicopedagogia. Atualmente vem se dedicando

as questões referentes à formação, ao perfil e ao reconhecimento profissional

do psicopedagogo.

A ABPp formulou o Código de Ética da profissão, onde em seu

primeiro artigo define a psicopedagogia:

“A psicopedagogia é um campo de atuação em saúde e

educação, que lida com o processo de aprendizagem humana;

seus padrões normais e patológicos, considerando a influência

do meio- família, escola e sociedade- no seu desenvolvimento,

utilizando procedimentos próprios da psicopedagogia.”

Na década de 70, iniciam-se os primeiros cursos de pós-graduação em

psicopedagogia.

O Código de Ética nos fala da atuação, da formação e do objetivo do

trabalho psicopedagógico:

34

Artigo 2º - A Psicopedagogia é de natureza interdisciplinar.

Utiliza recursos das várias áreas do conhecimento humano

para a compreensão do ato de aprender, no sentido

ontogenético e filogenético, valendo-se de métodos e técnicas

próprios.

Artigo 3º - O trabalho psicopedagógico é de natureza clínica e

institucional, de caráter preventivo e/ou remediativo.

Artigo 4º - Estarão em condições de exercício da

Psicopedagogia os profissionais graduados em 3º grau,

portadores de certificados de curso de Pós-Graduação de

Psicopedagogia, ministrado em estabelecimento de ensino

oficial e/ou reconhecido, ou mediante direitos adquiridos, sendo

indispensável submeter-se à supervisão e aconselhável

trabalho de formação pessoal.

Artigo 5º - O trabalho psicopedagógico tem como objetivo: (i)

promover a aprendizagem, garantindo o bem-estar das

pessoas em atendimento profissional, devendo valer-se dos

recursos disponíveis, incluindo a relação interprofissional; (ii)

realizar pesquisas científicas no campo da Psicopedagogia.

O profissional da área de psicopedagogia, seja ela institucional ou

clinica, deve estar sempre atualizado, participar de seminários ou congressos,

estudar, trocar idéias com outros profissionais, enfim manter-se informados

com os novos adventos, uma vez que as descobertas e a produção de

conhecimento é rápida.

3.2 A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA AO CONTEXTO

ESCOLAR

A dificuldade de aprendizagem tem sido historicamente, o foco da

psicopedagogia. É preciso que outros personagens desta história também

recebam o investimento psicopedagógico. A família e o professor são

35

importantes personagens que também influem para um final feliz diante do

drama da dificuldade de aprendizagem.

Trataremos a seguir de como a psicopedagogia pode contribuir para

que o afeto possa fluir e auxiliar a aprendizagem na família e com os

professores.

3.2.1 PSICOPEDAGOGIA E A FAMÍLIA

A família é a célula da sociedade e é nela que estabelecemos os

primeiros vínculos que irão nortear a nossa forma de nos relacionarmos com a

vida. Chamat (1997) acrescenta:

“Falar em processo de vinculação é equivalente a falar sobre

as relações objetais, isto é, as relações estabelecidas pelo

individuo com pessoas e objetos. Referimo-nos,

especialmente, ao modo da criança se relacionar com as

pessoas mais próximas ou mais distantes de seu convívio, a

forma pela qual ela percebe essas pessoas, a sua realidade

quer seja interna ou externa ou mesmo, numa linguagem

piagetiana, a percepção que a criança possui do real.”

(CHAMAT, 1997, p. 17)

Durante os primeiros anos de vida, é através dos olhos dos pais que o

bebe verá a vida a sua volta. Algumas vezes essa visão pode estar distorcida e

atrapalhar o processo de ensino-aprendizagem.

Chamat,1997, contribui com a reflexão:

“a criança apreende esses modelos de interação e

comunicação, passados pelos pais, e os reproduz em outras

relações. Em muitos casos, entramos sentimentos hostis

disfarçados, porém presentes na relação familiar, impedindo

um comunicação autêntica, o que impede o vinculo com o

mundo das idéias.” (CHAMAT,1997,p.19)

36

O psicopedagogo no seu trabalho de intervenção psicopedagógica

com os pais deve, segundo Chamat, realizar uma escuta, ou seja, é preciso

que o psicopedagogo escute o que a família diz sobre a patologia do não

aprender, pois cada família irá descrever sob sua ótica, de acordo com seu

universo de percepções. A partir daí o psicopedagogo constrói suas hipóteses

sobre a queixa apresentada.

Chamat, nos alerta para importância dessa escuta:

“a profundidade dessa leitura só beneficia a compreensão da

terapeuta(no campo da psicologia ou psicopedagogia) quanto

à apreensão das fantasias das quais os pais são portadores a

respeito das dificuldades do filhos; e muito mais ainda,

detectar o tipo de vinculo que eles estabeleceram com essa

situação a fim de desvendar o oculto.” (CHAMAT, 1997,p .18)

O desempenho escolar da criança é bastante influenciado pelas

relações afetivas que são estabelecidas dentro de casa, pois os anseios e

expectativas que a família demonstra são relevantes para a criança que deseja

ser elogiada, admirada, motivada, amada e quando isso não ocorre, o ato de

aprender fica marcado pela insatisfação e o desprazer, podendo gerar

dificuldades no processo de aprendizagem. .

Os pais devem ocupar um novo lugar na história, não mais

espectadores e sim parceiros do processo, onde colaborem, opinem,

participem. Devem ser incluído no processo, através de reuniões que

permitirão o acompanhamento do trabalho realizado junto com outros

personagens desta história como por exemplo, o professor.

O trabalho psicopedagógico, possibilitará os membros da família

melhor percepção entre eles dos papéis e funções que cada um desempenha.

Ajudará também no reconhecimento das regras e leis familiares vigentes, bem

como verificar quais são as mais adequadas para geração de vínculos

saudáveis

Chamat(1997), sinaliza a cerca da qualidade dos vínculos:

37

“A relações doentias constituem-se como formas de

relacionamento que impedem a estruturação de um eixo

familiar forte e saudável, no qual a criança possa se apoiar a

fim de enfrentar seus medos diante de situações novas e

desconhecidas, como decorrentes do crescimento.”

(CHAMAT,1997,p.19)

A intervenção psicopedagógica junto a família ampliará a compreensão

dos pais sobre a dificuldade da criança e também das muitas possibilidades

que esta mesma criança carrega em si, com isso surge a possibilidade de

ressignificar as relações vinculares e melhora a comunicação, que é a via do

afeto, na família.

Enfim, a intervenção psicopedagógica junto a familia objetivará não

apenas a compreensão da dificuldade de aprendizagem, mas também gerar

novos comportamentos que ajudem essa família a superar essa dificuldade.

3.2.2. PSICOPEDAGOGIA E O PROFESSOR

A escola é o espaço onde ocorre o desenvolvimento sócio- afetivo-

cognitivo dos indivíduos. Como espaço social tem a função de garantir aos que

nela estão a construção de saudáveis saberes e competências que serão

necessárias para o enfrentamento dos desafios que a atual sociedade

apresenta.

Lima(2005) afirma:

“ Podemos dizer que a instituição escolar fez e faz parte da

produção de subjetividade, uma vez que tem como um de seus

papéis definir o sujeito, seja na forma pela qual concebe

aprendizagem e transmite o saber ou por meio das relações de

poder entre professores e alunos. (LIMA,2005, p.66)

O professor, tem em suas mãos a importante atribuição de formar uma

sociedade, pois, o ideal seria, que todos passassem pelos bancos escolares

onde aprenderiam as primeiras letras e os primeiros passos no mundo do

saber.

38

Os professores testemunham uma escola cada vez mais exigente de

competências, de dedicação e de grande capacidade de adaptação as

constantes mudanças educacionais. E muitas vezes tem sido culpado pelo

fracasso escolar do aluno. Muitas vezes os professores diante dos problemas

de aprendizagem, por deficiência em sua formação e outros fatores,

desconhecem como devem proceder com essa dificuldade.

Lima(2005),nos fala :

“ A fala da professora Mara, assim como das demais

professoras, mais uma vez nos traz o não saber e o não

acreditar em si mesmo do professor, a falta de autoria e

autonomia. Discursos que mostram as fraturas existentes entra

as propostas da escola e o como, de fato, os professores se

percebem revelam também que há demanda de um

psicopedagogo que possa escutá-las e auxiliá-los a

compreender não apenas o processo de aprendizagem de

seus alunos, mas principalmente sues próprios processos.”

(LIMA,2005, p.68)

É fundamental que o docente possa fazer um releitura da sua prática,

rever sua metodologia, vê o aluno como sujeito da aprendizagem que carrega

em sua bagagem, conhecimentos e potencialidades.

O aspecto cognitivo necessita do afetivo (interesse, vontade, motivação)

para que haja novas estruturas intelectuais, por isso é preciso que o professor

crie vínculos com os alunos para que possa, não apenas, criar situações de

aprendizagem, como também despertar nos alunos o prazer de aprender.

O trabalho psicopedagógico orientará o professor sobre os aspectos

da dificuldade de aprendizagem, propondo novas estratégias, estudos em

grupo sobre os temas que apresentem mais urgência.

Para o sucesso de uma intervenção psicopedagógica é preciso que haja

um trabalho em conjunto entre professores e psicopedagogo, onde nesta

parceria ocorrerá uma grande troca de conhecimentos e experiências. È um

trabalho coletivo. Lima (2005), que desenvolveu um trabalho psicopedagógico

com professores, nos fala:

39

“Emergia, de todas as atividades que realizávamos e dos

discursos das professoras, a necessidade de ressignificarem

seus papéis enquanto sujeitos que ensinam e que também

aprendem, para que pudessem abrir espaços de confiança a

fim de conquistarem a autonomia, para que pudessem fazer

florescer a criatividade contida e encapsulada em cada uma,

para que finalmente conquistassem a liberdade e se

constituíssem como autoras do pensamento, e assim eu

também pudesse ressignificar o meu papel de psicopedagoga.”

(LIMA,2005, p.174)

Diante do processo de ensino - aprendizagem, todos possuem seu valor,

alunos, pais, professores, funcionários da escola. É preciso descentraliza do

aluno e ampliar o olhar para todos os que fazem parte do processo, como um

trabalho em equipe.

40

CONCLUSÃO

“Nenhum de nós é tão bom

quanto todos nós juntos”

Autor desconhecido

No passado quando a ciência ainda tateava nas pesquisas, buscando

entender como se processava a aprendizagem humana, privilegiou alguns

aspectos, como o cognitivo, em detrimento de outros. Porém, neste novo

milênio, com o progresso nos estudos sobre o cérebro, já constatamos que a

aprendizagem para ocorrer depende de três fatores: cognitivo, afetivo e motor.

Cada vez que qualquer um desses for alterado, todos os outros serão

igualmente modificados.

O tema afeto tornou-se relevante no contexto escolar, pois já não se

pode ignorar que as relações que ocorrem neste ambiente educacional são

permeadas de afeto e que precisamos saber lidar com o aspecto afetivo de

forma que ele contribua para uma aprendizagem significativa.

Assim, é certo afirmar que a afetividade e a aprendizagem estão

intimamente ligadas e que caminham juntas no processo de desenvolvimento

humano. Com isso, cabe a família e a escola criar ambiente propício para que

os aspectos cognitivos e afetivos ocorram e se completem, gerando como

resultado o prazer de aprender e de ensinar.

Neste sentido, a Psicopedagogia nas instituições assumirá o

compromisso de reorientar o processo de ensino-aprendizagem, possibilitando

o aprender coletivo, a riqueza da troca de saber e afeto e com isso o aprender

uns com os outros. O professor deixará de ser o difusor de informações e o

aluno o depositário das mesmas, realoca-se o conceito de aprender e a função

de ensinar.

A Psicopedagogia traz a compreensão de que o sucesso escolar é

construído por todos que circulam neste ambiente educacional e que será

necessário um trabalho em equipe para alcançar o êxito esperado, pois,

nenhum de nós é tão bom quanto todos nós juntos. .

41

BIBLIOGRAFIA

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Afetividade e Aprendizagem: contribuição de Henri Wallon. São Paulo:

Edições Loyola, 2009

CHAMAT, Leila Sara José - Relações Vinculares e Aprendizagem: um

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Biênio 95/96, São Paulo, julho de 1996.

CODO, W. Educação: carinho e trabalho. Petrópolis: Vozes, 1999.

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http://www.facsaoroque.br/novo/publicacoes/pdfs/sandra.pdf acesso

25/01/2011

LA TAILLE, Yves de. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em

discussão. São Paulo: Summus, 1992Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996

LIMA, Taís. Cartograma da autoria do pensamento intervenção

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42

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S.L. Silva. Rio de Janeiro: Forense,1978

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2007.

VYGOTSKY, Lev S. A Formação Social da Mente. São Paulo: Martins

Fontes,1988

XAVIER et al. História da educação: a escola no Brasil. São Paulo: FTD,

1994.

43

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

CONCEITO DE APRENDIZAGEM E AFETIVIDADE 11

1.1 – Aprendizagem 12

1.1.1 – Teoria Behaviorista 10

1.1.2 – Teoria Cognitivista 11

1.1.3 – Teoria Sócio-Histórica 13

1.2 – Afetividade 15

CAPÍTULO I I

O AFETO EM SALA DE AULA 17

2.1 – A emoção 18

2.2 – O afeto na relação professor –aluno 21

2.3 – Quem é o professor de hoje? 24

CAPÍTULO III

CONTRIBUIÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA 32

3.1 – Breve histórico da psicopedagogia no Brasil 32

3.2 – A contribuição da Psicopedagogia ao contexto escolar 34

3.2.1 – Psicopedagogia e a família 35

3.2.2. – Psicopedagogia e o professor 37

CONCLUSÃO 40

44

BIBLIOGRAFIA 41

ÍNDICE 43

45

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição:A VEZ DO MESTRE

Título da Monografia: A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE NA

APRENDIZAGEM

Autor: ALESSANDRA PINTO SANCHO

Data da entrega:31/01/2011

Avaliado por: Conceito: