universidade candido mendes projeto vez do … freitas assis.pdf · psicopedagogia institucional...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PROJETO VEZ DO MESTRE PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL O BRINCAR NA PRÉ-ESCOLA: UMA FERRAMENTA NECESSÁRIA AO DESENVOLVIMENTO DA CRIATIVIDADE
POR:ALINE FREITAS ASSIS ORIENTADORA: MARY SUE RIO DE JANEIRO,24 DE JULHO DE 2004
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PROJETO VEZ DO MESTRE O BRINCAR NA PRÉ-ESCOLA: UMA FERRAMENTA NECESSÁRIA AO DESENVOLVIMENTO DA CRIATIVIDADE POR: ALINE FREITAS ASSIS OBJETIVOS: elaboração de monografia como condição prévia à conclusão do curso de Pós-Graduação em Psicopedagogia Institucional pela Universidade Candido Mendes RIO DE JANEIRO,24 DE JULHO DE 2004
3
AGRADECIMENTOS A todos os colegas de curso que juntos nesta
caminhada me deram forças e enriqueceram meus
conhecimentos contribuindo significativamente para
conclusão deste trabalho. Aos professores e orientadora
que me estimularam a seguir este conturbado percurso. A
todos os amigos e familiares que torceram por mim e
compreenderam meus momentos de ausência e angústia.
4
DEDICATÓRIA A todas as crianças, àquelas com quem pude
conviver e mesmo àquelas que não tive a honra de
conhecer, mas à todas, que com sua riqueza e
peculiaridade me instigaram a conhecê-las melhor.
A meu marido que, vivendo e experimentando o
mundo ao meu lado, tem me dado o prazer de deixar viver
minha criança interior.
E a minha mãe, primeiro presente de Deus, figura
fundamental que me possibilitou ser criança.
5
RESUMO A percepção de que o brincar infantil tem perdido
seu espaço no mundo da criança, dando lugar ao trabalho
árduo de atividades curriculares e extra-curriculares
rígidas, obrigatórias e sistematizadas me despertou
particular interesse me levando à confecção deste
trabalho. Acrescido a este fato, observa-se a
incongruente exigência do mundo moderno de que os Homens
sejam em suas relações e no mercado de trabalho seres
ativos, despojados e criativos; já que, no entanto, não
lhes são dadas as ferramentas necessárias ao
desenvolvimento destas potencialidades.
A literatura de alguma forma nos mostra que tanto
a definição do brincar, da criança e a importância dada a
criatividade humana vêm mudando ao longo dos tempos. A
criança veio aos poucos ocupando seu lugar, mostrando
suas peculiaridades e características próprias de sua
idade, demarcando a importância de se pensar seu
desenvolvimento de forma particular. O brincar de alguma
forma veio perdendo sua força e importância no mundo
moderno, capitalista, ávido pelo desenvolvimento
tecnológico. No entanto alguns movimentos educacionais
parecem buscar resgatar a importância do brincar para o
desenvolvimento infantil e formação de uma sociedade mais
humana, feliz, ativa e criativa. A criatividade,
diferentemente, parece cada vez mais ser uma exigência do
mundo moderno, uma característica fundamental para
qualquer indivíduo que busque algum lugar na sociedade,
no mercado de trabalho.
O que o presente trabalho tentou explicitar é a
estreita relação entre o desenvolvimento da criatividade
6
e a importância da experimentação do brincar pelo pré-
escolar. A literatura nos confirmar que esta fase mostra-
se propícia a este tipo de experimentação e contribui
significativamente para o desenvolvimento da
criatividade.
Assim compreendendo o desenvolvimento infantil, a
pré-escola, as características do brincar e suas
especificações, e o processo de desenvolvimento das
potencialidades criativas procuramos mostrar a
importância de se dar espaço para o brincar na pré-
escolar, assegurando-lhe lugar de destaque, não só na
grade curricular do pré-escolar, mas nos diferentes
momentos de suas vivências.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I 10
DESENVOLVIMENTO INFANTIL
CAPÍTULO II 28
A PRÉ-ESCOLA
CAPÍTULO III 35
O BRINCAR- UM DEVER DA CRIANÇA
CAPÍTULO IV 47
COMPREENDENDO A CRIATIVIDADE
CONCLUSÃO 52
BIBLIOGRAFIA 55
ATIVIDADES CULTURAIS 58
ÍNDICE 59
FOLHA DE AVALIAÇÃO 61
8
INTRODUÇÃO
A sociedade capitalista, o mercado competitivo, a
velocidade de informação e o acelerado desenvolvimento do
País de uma forma geral, têm levado a uma distorção do
que devemos entender e esperar de um sistema educacional.
Pais e escolas têm se preocupado primordialmente em
possibilitar a seus filhos e alunos ferramentas que lhes
possibilitem ingressar em uma universidade, no mercado de
trabalho, sem no entanto atentarem para a formação de
indivíduos saudáveis, felizes, autônomos e criativos.
Muito comumente é possível observarmos queixas de
crianças em consultórios, cansadas de estudar, crianças
insatisfeitas em suas escolas, e desejosas de não terem
que cumprir a imensidade de tarefas extracurriculares a
que são submetidas.
É comum desconsiderarmos as brincadeiras
infantis, e reduzí-las a um mero divertimento e lazer,
que não agrega nenhum valor ou enriquece o
desenvolvimento da criança. No entanto a partir do século
XX, autores como Piaget, Vygotsky vêm chamando a atenção
para a importância do brincar e sua relação com o
processo de construção do conhecimento e mais
especificamente ao desenvolvimento da criatividade.
A criança conhece e reconhece o mundo basicamente
através do brincar, o brinquedo tem papel fundamental na
ação, imaginação e na aquisição da linguagem. É neste
contexto que se sente à vontade, feliz, atuante. No
entanto percebe-se atualmente que o tempo livre das
crianças vem sendo dedicado exclusivamente à tv, vídeo-
games, computador; excluindo-se um tempo para
brincadeiras livres que estimulem sua criatividade e
imaginação.
9
O exercício da criatividade vem sendo
subestimado, observamos um mundo que exige sujeitos
criativos, rápidos, com soluções inovadoras; porém este
mesmo mundo parece se esquecer que é preciso um
investimento verdadeiro no desenvolvimento do indivíduo
no que diz respeito a valorizar sua imaginação,
originalidade, iniciativa, sensibilidade e audácia. O
desenvolvimento da criatividade contribui para a formação
de sujeitos inteligentes, ativos, capazes de se adaptar
às mudanças modernas, de ter iniciativas, buscar seus
desejos e direitos, investir em sua felicidade, e buscar
soluções para seus problemas e conflitos.
Dissertar sobre a importância do brincar na fase
pré-escolar, demonstrar de que forma esta atividade
contribui para o desenvolvimento da criatividade, alertar
para o prejuízo que podem surgir no desenvolvimento da
criança de quem esta possibilidade é furtada, é um dos
objetivos do presente trabalho. Conscientizar
profissionais e pais para que olhem com mais cuidado para
esta prática educacional que temos presenciado e voltem a
valorizar o brincar, atentando para seu papel no
desenvolvimento da criatividade na criança é condição
importante neste processo.
10
CAPÍTULO I DESENVOLVIMENTO INFANTIL Entendemos o ser humano enquanto um indivíduo
bio-psico-social, que têm em sua constituição e
desenvolvimento a influência destas três esferas. O homem
não só possui características biológicas, que lhe
acompanham desde sua concepção, como características
psicológicas, emocionais que influenciam e dão “colorido”
a todas as suas vivências. Da mesma forma, está em
constante interação como meio e as pessoas à sua volta, e
desta maneira determina e é determinante nesta relação e
nos resultados e conseqüências desta interação.
Diversas teorias e modelos já foram descritos na
tentativa de explicar o desenvolvimento humano. Assim,
nos cabe algum direcionamento e restrição na apresentação
deste tema afim de que a explanação se torne
compreensível, coerente e didática. Muitos autores, e
diferentes linhas de pensamento escreveram sobre este
assunto, direcionando e embasando seus fundamentos mais
particularmente para um ou outro aspecto do ser humano.
Por vezes, tais proposições se mostram efetivamente
divergentes e até contraditórias; outras, apenas
demonstram estarem preocupadas em dissertar sobre
diferentes aspectos do homem, o que nos favorece se as
considerarmos, não levianamente, complementares.
Primeiramente segue-se a explanação da teoria
psicossexual proposta por Freud, em que basicamente se
pretende a compreensão do desenvolvimento a partir de
mecanismos inconscientes. Ocorre, segundo Freud, nos
diferentes estágios por ele postulado, o investimento da
libido(o impulso sexual instintivo inconsciente) em uma
11
ou outra parte do corpo, mais sensível naquele período. E
neste processo a maturação tem papel crucial.
Em Erikson, podemos observar um ponto pouco
mencionado, se não ausente como postulam alguns, na
teoria de Freud: a cultura. Para Erikson, influências
sociais interagem com o organismo humano que está em
desenvolvimento físico e psicológico. As demandas sócio-
culturais comuns às crianças nas diferentes idades levam-
nas a buscar forças em seu ego para resolvê-las e assim
atravessar os diferentes estágios de desenvolvimento
propostos.
Nossa terceira e última referência a respeito do
desenvolvimento infantil encontra-se em Piaget. Ele
estava preocupado basicamente com a gênese do
conhecimento, e com a forma da criança se relacionar com
os objetos a sua volta. Para Piaget, a criança busca
adaptar-se ao seu ambiente, e assim explora, manipula,
examina objetos e o mundo a sua volta de forma ativa, o
que lhe possibilita a construção de teorias a cerca de
seu mundo. Este processo constitui uma sequência fixa de
estágios sistematizados por conceitos, estratégias e
suposições próprias.
Vale ainda ressaltar que, na medida em que
pretendemos um estudo a cerca da criança na pré-escola,
ainda que alguns autores tenham preconizado e teorizado
sobre o desenvolvimento do indivíduo ao longo de toda sua
vida, do nascimento à sua morte, iremos nos deter mais
especificamente às conquistas e características presentes
na fase pré-escolar(2 à 6 anos mais ou menos), pois, é
sobre o desenvolvimento e as experiências vivenciadas
pelas crianças durante este período que pretendemos nos
debruçar.
12
1.1- Desenvolvimento Emocional em Freud Freud entendia o homem como um sistema complexo
de energia, que seria gerido pela força de seus
instintos; que segundo Freud é “a exigência de trabalho
imposta ao aparelho psíquico” (Freud apud Hall,1984,pág
29). Freud dispensou relevante atenção ao instinto sexual
e seu papel no desenvolvimento da personalidade do
sujeito.
A proposta de desenvolvimento segundo Freud, enfatiza a
importância da libido (impulso sexual instintivo), de seu
objeto de desejo, áreas físicas de atuação e sua forma de
satisfação. Para Freud ao longo do desenvolvimento esta
libido é investida na parte do corpo mais sensível
naquele momento. O desenvolvimento do indivíduo se
apresenta então como resposta a quatro fontes básicas de
tensão: crescimento fisiológico, frustrações vivenciadas
pelo sujeito, conflitos e os perigos enfrentados.
Estes investimentos e desejos ocorrem a nível
inconsciente, no plano da fantasia do indivíduo.
Freud ressalta ainda a importância da qualidade
destas vivências nos primeiros anos de vida e suas
consequências sobre o indivíduo e a formação de sua
personalidade. De acordo com Freud o indivíduo passa por
algumas fases psicossexuais, quando então a libido se
organiza especificamente em direção a um elemento
central, uma área específica do corpo e particular de
cada fase.
Pode-se definir fases de desenvolvimento como “a
organização da libido, em torno de uma zona erógena,
dando uma fantasia básica e uma modalidade de relação de
objeto”.(Rappaport,1981,pág 33)
13
Abaixo podemos observar um quadro explicitando os
diferentes estágios psicossexuais proposto por Freud:
IDADE ESTÁGIO CARACTERÍSTICAS ____________________________________________________________________ 0-1 ano oral a boca e o trato digestivo são o centro da estimulação sensual e do prazer__________________________ 1-3 anos anal o ânus e o trato digestivo inferior são o foco principal; prazer em reter ou eliminar as fezes______ 3-6 anos fálico o prazer está na zona genital, surge o complexo de Édipo e a identificação com os pais__________ 6-12 anos latência centrada na atividade produtiva, ocorre a supressão do interesse sexual_____________________________ 12 anos ... genital ocorre o desenvolvimento de interesses sexuais de forma madura
1.1.1- Fase Anal (1-3 anos) É neste momento que podemos observar o surgimento
do erotismo anal. A criança vivencia o prazer de suas
primeiras produções concretas (fezes, urina), ao mesmo
tempo em que o ambiente externo lhe impõe condições para
a receptividade das mesmas. Podemos ainda subdividir a
fase anal em expulsiva, quando a criança pode assumir o
controle do que quer que aconteça naquele momento e
retentiva, quando a criança então adia o prazer que obtém
com o alívio das tensões dos esfíncteres e mantém o
controle para que algo não aconteça.
Além da maturação biológica que permite este tipo
de controle, observa-se também que parte da aquisição e
exercício deste controle está ligada ao fato de a criança
perceber que, este comportamento é esperado, elogiado e
recompensado por parte dos pais e adultos de forma geral.
Por isso é importante também a forma como este
ensinamento e estas exigências são transmitidas às
14
crianças. Nesta fase a criança apenas consegue
compreender que algo está certo ou errado, associando
isto a ser bom ou ser mal, sem concatenar uma relação
conceitual mais abstrata. Assim quando é repreendida de
forma veemente por ter feito algo errado, pode
considerar-se produtora de coisas feias, ruins, que não é
desejada. É importante ressaltar que, ainda assim, esta
dicotomia radical e absoluta é extremamente importante
para a criança, pois representa uma primeira relação da
criança com as exigências do mundo externo, com o que
este meio aceita ou rejeita, considera bom ou ruim.
Desta forma, o olhar e a postura rígida, exigente
e punitiva por parte do adulto quando, a criança urina ou
defeca em um momento ou local inapropriado pode levá-la a
entender que seus produtos não são gostados e por isso
devem ser retidos. Este tipo de conflito é o protótipo de
traços de inibição, insegurança, medo das pessoas em
expor suas idéias, produções, desenvolver sua
criatividade. De outra forma, podemos pensar também em
pessoas que diante de fortes pressões não conseguem se
controlar, são explosivas e destrutivas. A partir disso,
pode-se entender que o sentimento de adequação do que se
produz é que dará à criança a liberdade e confiança para
criar e produzir.
1.1.2- Fase Fálica (3-6anos) Nesta fase a energia instintiva, ou seja, a
libido, está voltada para as genitais do corpo, quando
então a atração homem-mulher inicia seu desenvolvimento e
as diferenças anatômicas chamam atenção das crianças. É
15
ainda na fase fálica que a integração do triângulo pai-
mãe-filho se configura.
Nesta fase a criança sente-se atraída pelo
genitor de sexo oposto e sente ciúmes e medo do genitor
do mesmo sexo que tem com seu objeto de desejo a relação
que ela inconscientemente gostaria de ter.
O menino neste momento sente atração por sua mãe e deseja
possuí-la; no entanto o pai como representante da lei
impede a ligação que as fantasias desse menino estão
processando. Ele sente ciúmes deste pai que está com sua
mãe, seu objeto de desejo, ao mesmo tempo em que sente o
medo, o temor da castração como punição pelas suas
fantasias. O menino teme perder o que simbolicamente lhe
confere poder, força, atividade, o que lhe configura como
um sujeito, e é a fonte de seus desejos incestuosos, o
pênis. O que podemos observar neste momento é que o temor
da castração vai levar à dissolução do que se propaga
neste momento: o complexo de Édipo. Este será dissolvido
com a atuação dos mecanismos de defesa, como:
identificação com o pai, repressão do desejo pela mãe e a
conseqüente sublimação deste desejo, onde o menino
investe sua energia então em atividades sociais,
culturais ou intelectuais. A atuação da figura paterna
como limitador e representante da lei é extremamente
importante neste momento, pois segundo Freud o Superego,
herdeiro do complexo de Édipo e representante das leis e
proibições, instaura-se neste momento, com a introjeção
de uma regra social básica, o tabu do incesto.
No caso do complexo de Édipo feminino muitas
críticas e controvérsias advieram da proposta de Freud. O
início desta fase começa para a menina com uma grande
descoberta e profunda frustração, que ocorre quando ela
descobre que diferentemente do menino “é castrada”.
16
“A descoberta de que é castrada representa um marco decisivo no crescimento da menina. Daí partem três linhas de desenvolvimento possíveis: uma conduz à inibição sexual ou à neurose, outra à modificação do caráter no sentido de um complexo de masculinidade e a terceira, finalmente, à feminilidade normal”. (FREUD,1933,vol XXII,pág 31 na ed. bras)
A partir disso a menina transfere seu amor ao
pai, pois percebe que ele diferentemente de sua mãe
possui o órgão valorizado; além disso, atribui à mãe a
culpa por ter sido castrada. O amor e desejo que a menina
sente por seu pai vem junto de uma inveja pelo órgão
sexual de seu pai, a inveja do pênis. Na menina
observamos que a percepção da castração é o que a leva ao
complexo de Édipo.
Como a menina não vivencia nenhuma grande
angústia, pois já se percebe castrada, e já busca em sua
mãe uma identificação, por perceber que é ela quem
desperta o interesse de seu pai, nenhuma forte repressão
é por ela experimentada. Desta forma o complexo na menina
se dissolve gradualmente e o Superego é formado de
maneira menos rígida.
É importante percebermos que as bases para um
relacionamento mais íntimo entre os sexos, e a formação
do Superego se dão nesta fase. Assim, as atitudes e
comportamentos com pessoas do sexo oposto, pessoas que
representam autoridade, e determinantes sociais são em
grande parte condicionadas à esta fase, pelo complexo de
Édipo.
O relacionamento familiar que se constrói para
uma criança, o ambiente em que as crianças se
desenvolvem, a forma com que valores, regras e limites
são transmitidos são de fundamental importância para um
17
desenvolvimento saudável. O desenvolvimento em um
ambiente tranquilo, harmonioso, com figuras parentais
presente e representativas de seus papéis colaboram para
um crescimento adequado e confortante. Precisamos
desenvolver a percepção de que estamos lidando com um
indivíduo, um sujeito em formação, e não apenas um
pequeno adulto, uma cópia reduzida de ser humano, mas um
ser que é e não apenas será.
1.2- Desenvolvimento Psicossocial em Erikson Erikson, diferentemente de Freud não atribuía à
maturação papel fundamental no desenvolvimento, estava
atento basicamente às condições e solicitações sociais e
culturais que são apresentadas ao sujeito em determinadas
fases de suas vidas. Se para Freud o impulso sexual era a
engrenagem que dava direção ao desenvolvimento humano,
para Erikson o surgimento do senso de identidade no
indivíduo era que realizava este papel.
Para o autor, em cada fase do ciclo de
desenvolvimento se apresenta um dilema, uma crise
psicossocial, para a qual o indivíduo precisará utilizar
determinadas qualidades de ego na tentativa de um
ajustamento e busca de respostas à estas solicitações do
meio.
Para Erikson,
“Portanto, pode-se dizer que a personalidade se desenvolve de acordo com uma escala pré-determinada, na prontidão do organismo humano para ser impelido na direção de um círculo cada vez mais amplo de indivíduos e instituições significativas, ao mesmo tempo em que está cônscio da existência desse círculo e pronto para a interação com ele”.
(ERIKSON apud RAPPAPORT,1981,pág 70)
18
Segundo Erikson (apud Rappaport,1981) cada
estágio de desenvolvimento comporta uma espécie de
ritualização, que pode ser entendida como uma experiência
padronizada, presente caracteristicamente naquela fase,
onde se vivencia uma situação na relação com o outro com
a finalidade de transformar o indivíduo em um membro
daquele grupo, introduzi-lo efetivamente naquele meio
sócio-cultural.
Para o autor o final da adolescência não
representa o estágio final da formação da identidade,
este processo se desenvolve ao longo de toda a vida
adulta do indivíduo. Erikson dividiu os estágios de
desenvolvimento em oito etapas:
IDADE QUALIDADE DE EGO CARACTERÍSTICAS _________________________________________________________ 0-1 ano confiança básica x confiança na figura da mãe, desconfiança básica na capacidade de fazer as coisas, importante um apego inicial seguro _____________ 2-3 anos autonomia x habilidades físicas que levam vergonha/dúvida à livre escolha, treinamento de esfíncter___ 4-5 anos iniciativa x culpa objetivos específicos, mais assertiva, agressiva________ 6-12 anos diligência x absorver habilidades e normas inferioridade básicas da cultura e o uso de instrumentos_________________ 13-18 anos identidade x adaptar o senso de eu às confusão de identidade mudanças físicas, buscar identidade sexual e valores_ 19-25 intimidade x isolamento comprometimento com relações pessoais, intimidade além do amor adolescente____________ 26-40 anos criatividade x cuidado com a próxima geração estagnação centra-se na realização ou criatividade_profissional____ 41 anos... integridade de ego x integrar estágios anteriores desespero sentido da vida,medo da morte
É interessante perceber que especialmente na
teoria proposta por Erikson, que cedeu relevante
importância às normas e exigências culturais, algumas
19
modificações e variações quanto a idade em que
determinada qualidade de ego se desenvolve pode ser mais
facilmente verificada.
Atualmente, se não já há alguns anos, observa-se
que a preocupação e dispêndio de energia quanto à
formação de uma família e mesmo à concepção e criação de
filhos têm cedido lugar à realização e crescimento
profissional por um período maior. Mesmo a estrutura
familiar, hoje se apresenta de maneira muito diversa do
que era na década de 50, 70, quando então Erikson através
de seus escritos sistematizou suas descobertas e
conhecimentos.
1.2.1- Autonomia x Vergonha (2-3anos) Neste estágio a criança começa a perceber e
experimentar que pode ter controle sobre si, sobre seus
produtos orgânicos, que pode vivenciar sua vontade
autônoma e fazer valer seus desejos. Começa a perceber
também que, em contrapartida deve responder a certas
exigências e normas culturais.
Colocará em teste a confiança básica estabelecida
na fase anterior, buscará encontrar meios de testar que
mesmo indo contra os desejos de sua mãe e fazendo valer
os seus poderá ser amada e querida.
A propensão humana à vergonha, ao sentimento de
inadequação perante os outros quando comete uma “falha”,
assim culturalmente estabelecida, será usada pelos
adultos para fazer com que a criança se adeqüe às normas
culturais. No entanto é necessário o cuidado ao se fazer
uso deste artifício, pois a criança deve ser encorajada a
desenvolver seu sentimento de autonomia, sua livre
20
escolha para assim desenvolver sua individualidade e
tomar posse de suas vontades. ”A vontade é a força
crescente para fazer escolhas livres, decidir, exercitar
o autodomínio e adaptar-se” (Hall,1984,pág 69). Repetidos
insucessos na tentativa de autocontrole e de fazer valer
seus desejos e investimentos poderá levá-la a
experimentar sentimentos de profunda vergonha e dúvida
quanto a si mesma e suas produções. Ela poderá não fazer
novos investimentos por supor que suas produções são
negativas, ruins ou inadequadas. A experiência de
vergonha é necessária para um melhor entendimento quanto
ao que é aceitável ou não em sua cultura, mas seu excesso
não possibilita o estabelecimento de um senso básico de
autocontrole e autovalor.
A criança começa a se utilizar de julgamentos ao
perceber o certo e errado, o bom e ruim, o que é esperado
dela, o que o outro aceita ou rejeita, ao distinguir
entre o que é sua ação e a ação do outro. Neste ponto é
importante ressaltar, mais uma vez o cuidado e a
delicadeza com que se deve tratar todo o desenvolvimento
infantil. Este julgamento “precário”, dicotomizado,
aparente e estético, que associa o bom e bonito ao certo,
e o errado ao ruim e feio, senão bem compreendido pelos
pais, e super valorizado por um período que abarca outras
fases de desenvolvimento, pode ser a base para a formação
de um viés preconceituoso na personalidade do indivíduo.
1.2.2- Iniciativa x Culpa (4-5anos) Neste período a autonomia e autocontrole
desenvolvidos na fase anterior se unem a iniciativa
levando a criança a planejar, imaginar e buscar seus
21
objetivos. A expansão de seus domínios físicos, o
equilíbrio e controle de suas ações levam-na a um maior
vigor, desejo de participar e atuar em seu meio. A
criança a todo tempo busca apreender tudo a sua volta,
aprender sobre o mundo, as pessoas, suas relações e
papéis.
Neste sentido se utiliza muito de brincadeiras,
imitações e faz-de-conta para dar vazão a seus anseios e
desejo de participar das relações que observa entre as
pessoas, e interpretar a realidade que ainda não
compreende com clareza. As brincadeiras permitem à
criança a assimilação da realidade externa ao seu próprio
eu em formação, contribuindo para seu crescimento
psicológico.
A dramatização é um ritual muito presente no
comportamento infantil nesta fase, assim a criança
soluciona no campo da fantasia suas tensões e
dificuldades, ao mesmo tempo em que se sente participando
do meio social, estabelecendo a conexão e a relação
cognitivamente possível para ela, entre seu mundo interno
e a realidade externa. Fantasias genitais, desejos
inconscientes pelo genitor, a vivência do conflito
edípico e a maneira agressiva e exageradamente
persistente, de que muitas vezes se utiliza para alcançar
seus objetivos pode levar a criança a experimentar o
sentimento de culpa. A impetuosidade e exagero em
punições e limitações por parte dos pais podem provocar
um excesso de culpa, inibindo a capacidade audaciosa, de
iniciativa, a criatividade e empenho da criança em
alcançar seus objetivos.
22
1.3- Desenvolvimento cognitivo em Piaget Piaget estava interessado em descobrir de que
forma as crianças compreendiam o mundo, que mecanismos
mentais utilizavam para entender o que acontecia no
ambiente a sua volta. Desta forma vemos em Piaget uma
teoria que descreve a gênese do conhecimento, a
aprendizagem. Para Piaget o sujeito busca respostas e
esclarecimentos à respeito do que observa no mundo, em
contínua interação com o meio de forma ativa, com o
conseqüente objetivo final de se adaptar e conhecer os
objetos à sua volta.
Para Piaget o homem herda em seu nascimento
algumas estruturas biológicas, que em contato com o mundo
irão amadurecer e possibilitar o aparecimento de
estruturas mentais. Assim, o sujeito herda a capacidade
de conhecer e aprender, porém o que efetivamente leva ao
desenvolvimento desta capacidade é a interação e condição
de crescimento oferecida pelo meio. De acordo com Piaget,
pensando e agindo sobre as situações a criança pode busca
organizar suas estruturas de forma coerente, que lhe
permita compreender e se adaptar à realidade a sua volta.
Segundo Piaget ao longo de seu desenvolvimento a criança vai modificando seus esquemas, ou seja, seus movimentos
de categorizar, agrupar ações semelhantes que se repetem
em determinadas situações; assim os cria e remodela. A
mudança desses esquemas se dá basicamente através da
acomodação, assimilação e equilibração.
No processo de assimilação a criança adapta as
informações do meio aos esquemas, ao conhecimento que já
possui e assim pode compreendê-la ou solucionar os
problemas apresentados. Nesse processo percebemos que a
23
criança adota uma postura ativa na aquisição da nova
informação na medida em que, assimila seletivamente as
informações de acordo com algum esquema que possui, ela
volta sua atenção para as coisas que lhe interessam, para
as coisas para as quais tenha alguma referência interna.
Além disso atribui em algum nível, a esta nova
informação, propriedades que são características do
esquema que utilizou para assimilar a mesma.
Na acomodação os esquemas que a criança possui
são modificados em função da aquisição de uma nova
informação. Segundo Piaget(1963) neste processo ocorre
que os novos objetos não encontram referências claras nos
esquemas já existentes, possuem qualidades vagas, assim
criam um desconforto a partir do qual, vai emergir uma
nova diferenciação dos esquemas de assimilação. Parece-
nos que a acomodação é de fundamental importância para o
desenvolvimento, pois reorganiza nossos conhecimentos nos
possibilitando novas formas de compreender e atuar no
meio.
Na tentativa de estar sempre compreendendo, e
tendo respostas para o mundo a sua volta a criança busca
coerência, um equilíbrio estável que lhe adeqüe às
necessidades ambientais. É como se, em uma gangorra a
criança, ora assimilando, ora acomodando seus esquemas
tentasse chegar a um equilíbrio satisfatório. Em
determinados momentos novas exigências fazem com que
algumas teorias da criança se mostrem insuficientes para
solucionar ou compreender um objeto, assim ela é levada a
buscar novas teorias.
Piaget observou três momentos em que uma nova
exigência levava a esta reorganização e equilibração
cognitiva. Assim subdividiu o desenvolvimento em quatro
estágios:
24
IDADE ESTÁGIO CARACTERÍSTICAS ____________________________________________________________________ 0-2 anos sensório-motor desenvolvem esquemas baseados em informações sensoriais e movimentos corporais____________ 2-7 anos pré-operatório desenvolve linguagem e outras representações simbólicas_______ 7-11 anos operatório concreto utiliza processos lógicos,exige presença dos objetos e eventos concretamente___________________ 11 anos... operatório formal raciocínio lógico, formula, testa hipóteses, pensamento abstrato
1.3.1- Estágio Pré-operatório (2-7 anos) Para Piaget as principais características desta
fase estão relacionadas ao fato de as crianças terem seu
pensamento influenciado basicamente pela aparência das
coisas, e estarem muito presas a sua própria perspectiva
dos objetos.
As crianças são egocêntricas, não por egoísmo,
mas por supor que as outras pessoas vêm o mundo e o
interpretam da mesma forma que ela. Na visão de Piaget a
criança nesta fase ainda não seria capaz de se descentrar
e se colocar no lugar do outro.
A relação interdependente entre seu pensamento e
a aparência das coisas, e sua impossibilidade de observar
que existem diferentes perspectivas, fazem com que seu
pensamento experimente um equilíbrio instável, seja
inconstante, oscilando suas afirmativas e verdades
conforme cada apresentação, se ligeiramente modificada,
de uma mesma situação ou fenômeno. Esta questão sobre a
aparência das coisas está ligada ao conceito de
conservação estudado por Piaget, nesta fase mais
exatamente a conservação do objeto. Para Piaget, crianças
com até 5 anos dificilmente conseguem entender que
determinado objeto mantenha algumas de sua
25
características fundamentais, conserve suas
características e permaneça o mesmo apesar de sua
aparência ter sido modificada.
A criança ainda não é capaz de fazer conexões e
inter-relações com várias informações que obtém sobre um
determinado objeto, ela apenas as justapõe. Assim ela não
forma conceitos, não cria leis gerias sobre as coisas,
não constrói relações lógicas entre as mesmas e não
entende as relações de inclusão. Por exemplo, se
mostramos as crianças um grupo de gatos e um de
cachorros, e perguntamos a elas se existem ali mais
cachorros ou mais animais ela não saberá como responder,
pois não entende a relação inclusive ali expressa.
Neste período é muito presente o uso de símbolos
pela criança, o que pode ser observado em suas
brincadeiras e no uso da linguagem. É comum observar as
crianças brincarem de faz-de-conta, fingirem ser outras
pessoas, realizarem outras funções, representarem
diferentes papéis. É comum também observarmos crianças
brincando ao lado de outras, em grupo com outras
crianças, porém cada uma voltada para sua atividade, e
não brincando em conjunto com outras crianças.
A linguagem se apresenta em fase de transição,
entre a linguagem egocêntrica e a socializada, com
verdadeira de intenção de se estabelecer uma comunicação.
No entanto, Piaget observou em suas experiências que mais
de 50% da linguagem das crianças se apresenta basicamente
em ecolalias, monólogos ou até mesmo monólogos coletivos.
Podemos escutar grande barulho vindo de um grupo de
crianças, mas ao observarmos mais de perto veremos que
várias crianças falam coisas diferentes, solitariamente,
sem que conversem entre si, ouçam ou mesmo sejam ouvidas
pelos colegas. A criança muitas vezes fala apenas para
26
repetir o que ouviu de alguém, e assim é levada a
exercitar seus esquemas; outras vezes utiliza a fala como
forma de dar vazão às suas fantasias e desejos,
realizando algo impossível de se concretizar no plano
real.
É importante destacarmos que pesquisas mais
recentes no entanto, parecem demonstrar que as crianças
nessa fase são menos egocêntricas do que Piaget pôde
supor.
Aproximadamente aos 2 anos de idade, as crianças
já apresentam uma certa capacidade de perceber que outras
pessoas percebem o mundo diferente delas, capacidade esta
ampliada e mais sofisticada em crianças de 4 anos.
Segundo Paul-Brown (apud BEE,2003), crianças brincam e
falam de modo diferente com crianças de mais ou menos
idade, o que nos permite concluir que as crianças
percebem estas diferenças individuais.
Segundo Flavell (apud BEE,2003) crianças por volta dos 5
anos conseguem perceber que há diferença entre o objeto
parecer e realmente ser de determinada forma. Conseguindo
assim uma maior discriminação no que tange a aparência
dos objetos.
Alguns teóricos como Astington e Gopnik (apud BEE,2003)
chegaram a observação de que crianças de mais ou menos 4
anos são capazes de desenvolver teorias, que denominaram
de teoria da mente, para predizer o comportamento das
pessoas. Isso por perceberem que as ações das pessoas
também são influenciadas por suas crenças e desejos, e
não dependem apenas da situação concretamente
apresentada.
Estes estudos nos mostram que muito ainda há de
se descobrir sobre as crianças e todo o seu
desenvolvimento. A evolução dos anos, as manipulações
27
genéticas, as exigências sociais e culturais, as tensões
e pressões da modernidade talvez estejam provocando
profundas modificações em toda nossa estrutura bio-psico-
social. Contudo é importante marcamos que Piaget fez
descobertas importantes acerca do desenvolvimento
infantil, sem as quais talvez jamais tivéssemos
conseguido começar um caminho.
28
CAPÍTULO II A PRÉ-ESCOLA
2.1-Um Breve Histórico Ao longo das décadas diferentes autores,
filósofos, médicos, professores, influenciados por suas
épocas, situação histórica, política, social, econômica e
calcados em suas concepções pedagógicas, acerca do homem,
da aprendizagem e da educação infantil dispensaram
importantes contribuições acerca da prática pedagógica na
pré-escola.
Pestalozzi, Suíço, viveu no século XVIII/XIX,
tendo falecido em 1827. Fundamentalmente acreditava na
educação pública e no poder de se aperfeiçoar o homem e a
sociedade de forma mais ampla através da educação. Era um
grande entusiasta, atestando a educação como direito
absoluto de toda criança. Acreditava na importância
crucial do desenvolvimento orgânico no processo de
aprendizagem, e propunha assim uma postura educacional
que contribuísse e favorecesse esse processo maturacional
natural. Além disso, numa época em que a psicologia não
era uma ciência defendida, psicologizou a educação e
propagou a importância da boa relação e cooperação entre
professor e aluno.
Froebel, contemporâneo e colega de trabalho de
Pestalozzi, viveu na Prússia, faleceu em 1852; é
considerado por Eby o reformador educacional mais
completo do século XIX. Inaugurou o primeiro jardim de
infância. Pregava a liberdade, atividade e amor à criança
e à natureza.
29
Para Froebel,
”a educação é o processo pelo qual o indivíduo desenvolve a condição humana autoconsciente, com todos os seus poderes funcionando completa e harmoniosamente, em relação à natureza e à sociedade”. (FROEBEL apud NICOLAU,2002,pág 31).
Considera a criança como um todo, uma unidade em
constante relação com o outro, e seu meio, que se
expressa através da sua percepção, linguagem e da ação de
brincar. Enfatizou a importância do brinquedo, do lúdico
no processo educacional; sistematizou recursos e
materiais específicos para as crianças experimentarem
suas criações. Froebel defendia o desenvolvimento
genético e a continuidade e unidade deste processo,
preocupando-se com a sistematização de atividades
pertinentes a determinada fase do desenvolvimento
infantil. Sua proposta pedagógica consistia basicamente
em um currículo por atividades tendo a atividade lúdica
como determinante neste processo.
Decroly viveu no século XIX/XX, falecendo em
1932. Postulava que a necessidade gerava o interesse, e
classificou as necessidades básicas do homem:
alimentação, defesa contra intempéries, luta contra
inimigos e perigos, e o trabalho em sociedade, o descanso
e a diversão. Desses interesses propunha a organização da
sala de aula em centros de interesses, que tinham seu
tempo de duração relativizado conforme o interesse e
curiosidade da criança; lá a criança primeiramente
observava, depois fazia suas associações e expressava o
que tinha ali apreendido. Para Decroly a sala de aula
estava em todo lugar, no jardim, nos passeios, na
cozinha, etc.
30
Montessori viveu de 1870 a 1952, destacou-se pela
criação das Casas de Crianças, que funcionavam como
instituição de educação e vida. Neste período surge o
movimento das Escolas Novas em oposição às escolas
tradicionais, que não respeitavam as necessidades
infantis. Neste contexto Montessori ocupou lugar
importante tendo desenvolvido novas técnicas, e materiais
à estimulação sensorial e intelectual. Começou
interessando-se especialmente pelas crianças “anormais”,
depois por crianças ”normais”, preocupando-se com as
fases de desenvolvimento infantil, as diferenças
individuais, o corpo e a mente da criança e sua adaptação
ao meio e suas relações. Seus postulados básicos
debruçam-se sobre a importância dada à escola ativa, ao
autocontrole, à modificação do mobiliário segundo às
necessidades infantis, ao silêncio, à introspecção, à
ordem e à utilização de materiais específicos à cada
tarefa.
Freinet, o mais recente de nossos teóricos aqui
apresentados, viveu de 1896 a 1966. Tinha como objetivo
particular desenvolver uma escola popular, com intenso
caráter social. Pregava que através da experimentação e
vivência é que se constroem técnicas que vão ajudar a
criança em seu desenvolvimento, propunha oficinas de
trabalhos manuais e intelectuais. Dá ênfase ao trabalho
como atividade básica do homem, e critica a dicotomia que
a escola fortalece entre trabalho(atividade escolar)x
prazer(jogos). Sua proposta pedagógica propunha aulas-
passeio, desenho e texto livre, inclusive sobre as aulas-
passeio, correspondência de materiais desenvolvidos pela
escola entre as mesmas, diário individual e diário
coletivo sobre as experiências e atividades realizadas,
etc.
31
Essas diferentes contribuições nos possibilitaram
um grande desenvolvimento e avanço no que tange a
educação pré-escolar. Vimos o crescer de uma preocupação
com a criança enquanto criança, das especificidades de
seu desenvolvimento, da importância de sua atividade na
escola, da possibilidade de se visar com a educação pré-
escolar não só o desenvolvimento da inteligência, mas a
formação de um indivíduo. É dada a escola também sua
parcela de responsabilidade social, cultural, de espaço
de experimentação e descoberta para a criança.
A partir destas propostas acima citadas podemos
observar basicamente três perspectivas predominantes
quanto à educação infantil hoje no Brasil.
Primeiro uma tendência mais idealizada, que surgiu no
século XVIII, e tem Froebel, Decroly e Montessori como
referências básicas. Surgiu lançando os fundamentos da
Escola Nova, suas idéias se baseiam na defesa do
desenvolvimento natural e da importância do lúdico no
processo de aprendizagem infantil.
Depois podemos citar uma visão mais cognitiva que tem por
base as idéias de Piaget. Preconiza a importância da
ação, de atividades desafiadoras, do grupo, e de se
partir dos esquemas das crianças para a proposição de
atividades. Enfatiza-se os aspectos cognitivos em
detrimento do social, afetivo.
Por último temos uma tendência mais crítica, que segue as
propostas e Freinet basicamente. Acredita no papel do
professor e aluno enquanto cidadãos, ativos,
participativos, agentes de mudanças, cooperativos e
responsáveis. Prega a importância da participação da
família e comunidade junto à escola, e ressalta a
importância do trabalho enquanto atividade básica de
ligação do homem com seu meio.
32
Cada diferente postura tem suas relevâncias e
lacunas, necessárias até para que nos sintamos
insatisfeitos e ávidos por buscar novas possibilidades, e
outras melhorais. O mais importante talvez esteja no fato
de se entender a criança como um indivíduo, ativo e
participativo, com necessidades e interesses próprios,
que na pré-escola vive, experimenta, se desenvolve,
interage e reage, constrói e entende seu mundo.
2.2-Construindo a Pré-escola Desenvolver a aprendizagem parece-nos o primeiro
objetivo escolar, o que a escola e pais desejam para seus
filhos e alunos. Neste ponto cabe-nos uma breve descrição
do que podemos entender por aprendizagem.
Segundo as teorias funcionalistas podemos entender o
processo de aprendizagem como o ajustamento ou adaptação
do indivíduo ao ambiente, uma modificação cognitiva de
caráter funcional com intuito adaptativo.
Já para a teoria gestaltista ela é definida como um
processo perceptivo, em que se dá uma mudança na
estrutura cognitiva.
Para Vygotsky no processo de aprendizagem mecanismos
internos de desenvolvimento que só operam com a
colaboração de uma outra pessoa junto à criança, são
despertados e então sub-sequentemente internalizados
gerando desenvolvimento mental. É desta maneira, que para
ele, um aspecto essencial na aprendizagem é o fato dela
criar a zona de desenvolvimento proximal, considerada
como um nível intermediário entre o nível de
desenvolvimento real, onde os problemas podem ser
resolvidos independentemente de um outro e o nível de
33
desenvolvimento potencial, onde se faz necessária a ajuda
de um outro.
Inúmeras outras teorias e propostas podemos encontrar
acerca do processo de aprendizagem. No entanto à despeito
das diferenças, que basicamente se concentram na ênfase
que se dá a um ou outro aspecto, algumas características
parecem estar presente na maioria delas.
A aprendizagem é um processo dinâmico; contínuo; que
inclui tanto aspectos cognitivos, quanto emocionais e
motores, depende de fatores maturacionais e afetivos;
pessoal, variando de pessoa para pessoa e cumulativo,
onde cada nova descoberta aproveita-se das experiências
anteriores. Atua neste processo a postura e a metodologia
do profissional que orienta este processo, o próprio
interesse, motivação do aluno para aprender, o grupo, o
ambiente escolar e familiar em que está inserido o aluno.
Obviamente a educação pré-escolar tem suas
especifidades, se entendermos que estamos nos referindo à
crianças, que se utilizam da linguagem lúdica para
entender e experimentar o mundo, e que, embora alguns
tentem “atropelar” este processo, ainda não estão
alfabetizadas. Uma educação pré-escolar que pretenda
efetivamente atender à criança, suas necessidades e
contribuir para seu desenvolvimento saudável, precisa
considerar alguns pressupostos básicos.
É necessário compreender as crianças, seu
processo de desenvolvimento, suas necessidades e
interesses. Mais ainda é preciso conhecê-las
profundamente, individualmente, suas diferenças, seus
valores, crenças, realidades culturais. É preciso
respeitar o ritmo de cada uma, articulando as propostas
pedagógicas com a realidade sociocultural das crianças.
Suas possíveis dificuldades no processo de aprendizagem
34
precisam ser compreendidas, lidas segundo um olhar bio-
psico-social. É preciso compreender que a criança é
naturalmente curiosa, busca o conhecimento, é atraída
pela novidade, pelo desconhecido, é preciso estimulá-la
nesta busca, desafiá-la a pensar, experimentar, criar,
estimular suas interações interpessoais, a cooperação.
Torna-se fundamentalmente importante que se entenda a
educação pré-escolar como uma proposta de vivência para a
criança, um espaço de experimentação, estímulo ao seu
desenvolvimento e descobrimento do universo a sua volta.
É importante que o educador também se conheça,
perceba suas limitações, a forma com que se sente mais a
vontade para trabalhar, seus pré-conceitos, valores, sua
disponibilidade egóica para permitir que sua criança
interior atue também neste processo. Combinando sua
sensibilidade a seu conteúdo teórico para compreender o
universo infantil.
A escola, o professor, os pais, a sociedade de forma mais
ampla, precisa ter como pressuposto básico a formação de
um indivíduo, autônomo, crítico, criativo, responsável,
cooperativo, que de forma saudável atinja uma adaptação
satisfatória em seu meio. É absolutamente viável a
construção de uma proposta que atinja aos objetivos
pedagógicos ao mesmo tempo em que atenda de forma lúdica
as necessidades infantis. A criança está vivendo uma fase
de explosão motora e imaginativa, com muitas descobertas,
precisa vivenciar, simbolizar sua realidade para
apreendê-la, e fundamentalmente necessita da experiência
lúdica para se desenvolver.
35
CAPÍTULO III O BRINCAR- UM DEVER DA CRIANÇA
“A maturidade do homem significa ter adquirido
novamente a seriedade que a gente tinha como criança
quando brincávamos”.(NIETZSCHE apud FRIEDMANN,1996,pág
24). E assim Nietzsche já nos dava uma dica de quão
importante e saudável é o brincar da criança.
Discute-se muito a importância do brincar no
desenvolvimento infantil, em sua aprendizagem, com
colegas, em casa absorvida em si mesma, em diferentes
momentos e de diversas formas. No entanto uma única
definição, clara e absoluta sobre o que exatamente se
defini por “brincar” não encontramos.
O brincar é uma atividade caracteristicamente
infantil, meio pelo qual a criança entende e experiencia
o mundo. Brincando a criança tenta compreender o mundo,
objetos, pessoas e as relações a sua volta, explora toda
sua capacidade imaginativa, tenta chegar a significados
mais consistentes para seu entendimento sobre a
realidade.
Vygotsky(1991) entendia a brincadeira como
possibilidade da criança alcançar um entendimento a cerca
da realidade que sozinha ainda não seria capaz de
realizar. Para ele a brincadeira é concebida como zona
proximal, onde a criança pode superar sua própria
condição atual e agir como se estivesse em um nível de
desenvolvimento superior, com a ajuda do brincar. Para
ele a criança satisfaz algumas de suas necessidades ao
brincar; através da ação de brincar a criança cria
situações imaginárias. Segundo Vygotsky, mais ainda, a
ação numa situação imaginária de uma criança ao brincar
36
lhe oferece a possibilidade de perceber que pode se
comportar diante de uma situação influenciada não só pela
situação em si, ou pela percepção imediata dos objetos,
mas pelo significado que atribui a situação.
Froebel entende o brincar como uma atividade livre,
espontânea e prazerosa, que serve de base para o
desenvolvimento físico, motor e cognitivo.
“O jogo é o mais puro e espiritual produto dessa fase do crescimento. É a um tempo, modelo e reprodução da vida total, da íntima e misteriosa vida da natureza do homem e em todas as coisas. Do jogo dimanam as fontes de tudo que é bom... A criança que brinca tranquilamente, com espontânea atividade, resistindo à fadiga, chegará, por certo, a ser homem ativo resistente, capaz de sacrificar-se pelo bem próprio e alheio.” (FROEBEL apud KISHIMOTO,1999,pág96).
Assim brincar implicaria essencialmente no prazer
de quem o faz, em uma participação ativa e exploratória,
e em uma conexão com o pensamento. Para Winnicott(1993) o
brincar ocupa um lugar intermediário de experimentação,
onde atuam realidade externa e o mundo ilusório,
entendido aqui como uma falsa percepção baseada em uma
experiência interna. Para ele o brincar livremente,
desprendido de regras e restrições que alguns jogos
possuem, permite a criatividade, a liberdade e ilusão
necessária para crescermos em um mundo conturbado,
paradoxal e nem sempre suficientemente bom. Para
Winnicott o brincar por brincar, para representar e
reinventar o mundo nos alivia da angústia existencial de
vivermos com a consciência de nossa finitude, num mundo
com falhas e relações incompletas.
Brincar compreende fundamentalmente uma forma de
entender o mundo, lê-lo a sua própria maneira, reviver
desejos não satisfeitos e assim os satisfazer, liberar
37
tensões vivenciais, agir e interagir no mundo, se
comunicar, experimentar o espaço, o tempo, as formas e a
vida. Conhecer a natureza, as funções das coisas, as
diversidades, interagir com o outro e se inserir no mundo
de símbolos e significações. Experimentar diversos
lugares e tentar encontrar seu papel na rede de relações
sócio-culturais. Para Piaget:
“Quando brinca a criança assimila o mundo à sua maneira, sem compromisso com a realidade, pois sua interação com o objeto não depende da natureza do objeto, mas da função que a criança lhe atribui.” (PIAGET apud KISHIMOTO,1999,pág 59).
Catherine Garvey postula que o brincar subentende
uma atividade prazerosa, intrinsicamente motivada, que
não busca um objetivo externo maior, espontânea e
voluntária, que requer um comportamento ativo de seu
praticante.
Neste sentido é que pretende-se aqui a
valorização do brincar. A atividade deve ser
fundamentalmente espontânea, a criança deve desejá-la e
sentí-la de forma prazerosa, preocupando-se apenas em
vivenciar seu mundo, sua fantasias e em testar com a
realidade através de sua imaginação.
Exclui-se neste momento qualquer indício de
crítica a uma postura investigativa e um olhar pedagógico
sobre este brincar, onde se busca compreender o
comportamento, emoções e sentimentos da criança através
de sua atividade, onde se pretenda uma ferramenta a mais
no processo de aprendizagem (que ressaltamos aqui como
uma oportunidade que não podemos desperdiçar). Contudo a
criança não pode ser obrigada a brincar, levada de forma
leviana, cercada por infinitas regras e restringida em
suas possibilidades de criar e recriar ao brincar.
38
3.1- Por que as Crianças Brincam? Ao longo de décadas algumas teorias, por vezes
contraditórias foram descritas no objetivo de entender e
explicar o motivo que levava às crianças a brincar. Assim
descreve-se abaixo algumas das teorias mais
significativas na área, que de certa forma possibilitam
uma visão mais ampla sobre os diferentes viezes que atuam
na busca do brincar.
3.1.1- Teoria da Energia Excedente Segundo esta teoria o indivíduo encontra sempre a
sua disposição uma determinada quantidade de energia que
deve-se voltar para um objetivo especifico, o trabalho.
No momento em que esta energia não pode ser dirigida ao
trabalho volta-se para uma atividade livre, a
brincadeira.
3.1.2- Teoria do Relaxamento Inversamente ao proposto pela teoria anterior, o
envolvimento em uma atividade como a brincadeira levaria
o indivíduo a repor suas energias. Postula-se que após
cansativa atividade como o trabalho o indivíduo busca uma
atividade relaxante, e a brincadeira funciona então como
um mecanismo de reposição.
39
3.1.3- Teoria do Pré- Exercício Aqui a brincadeira é vista como uma preparação
para o futuro. Postula-se que a criança instintivamente
se envolve em brincadeiras, experimentando um
comportamento que terá que exercitar de forma madura mais
tarde.
3.1.4- Teoria da Recapitulação Postula-se que as brincadeiras servem a uma forma
de abandono de atividades primitivas que são
hereditariamente adquiridas. As brincadeiras teriam então
uma correspondência com os estágios de desenvolvimento da
raça, a criança entraria em contato com atividades das
gerações passadas, das mais primitivas até as mais
modernas e sofisticadas, lhe possibilitando viver de
forma mais adaptativa.
3.1.5- Teoria construtivista Afirma-se que a criança brinca para manipular o
mundo externo, controlar a situação que vivencia na
realidade e assim encaixá-la em seus esquemas. Recorrendo
a capacidades cognitivas e motoras através do brincar a
criança busca organizar suas experiências. A utilização
de objetos para representar coisas diferentes de suas
concepções reais, possibilita a criança vivenciar uma
experiência, livre da necessidade de entender conceitos e
relações lógicas, atividade para qual ainda não possui a
maturação necessária na fase pré-escolar. A criança pode
então realizar tarefas além do seu nível de
40
desenvolvimento real, e fazer um exercício no sentido de
um desenvolvimento maior.
3.1.6- Teoria Psicodinâmica Postula-se que a brincadeira possibilita a
criança a atividade catártica e de enfrentamento de
situações e emoções difíceis de serem vivenciadas. Na
brincadeira a criança pode reviver seus medos, dores,
angústias de forma catártica no plano da fantasia. De
forma análoga pode enfrentar situações sentidas como
ameaçadoras e na fantasia controlá-las e vivenciá-las sem
o perigo do plano concreto.
3.2- A Importância do Brincar para o Pré-Escolar Neste momento a criança está começando a ampliar
a gama de pessoas em suas relações ao entrar na escola,
está experimentando o ganho de inúmeras possibilidades
motoras, explodindo em energia para correr, escorregar,
pular, a curiosidade, criatividade e fantasias permeiam
todas as suas atividades, além disso desejos
inconscientes e conflitos edípicos acompanham seu
desenvolvimento nesta fase. No brincar a criança
experimenta então um lugar seguro e conhecido para
experimentar todas estas novidades e descobertas.
Ela precisa exercitar suas capacidades motoras,
correr, pular, desenvolver músculos e articulações, dar
vazão a explosão dos movimentos que experimenta nesta
fase. Utilizando o espaço físico, brincando em diferentes
ambientes a criança exercita seu corpo, coloca para fora
toda energia vital que tem em ebulição. Brincadeiras de
41
correr, pular, agarrar o outro, jogar objetos, manipulá-
los estão muito presente nesta fase. Ela também
experimenta seu espaço no ambiente, o tamanho de seu
corpo, sua possibilidades de movimentos, a forma de se
locomover, subir escadas; seu controle psicomotor se
beneficiará de sua interação com o meio.
Nesta fase em que vive a turbulência dos
conflitos edípicos, com desejos, medos e ansiedades em
relação aos pais, e inicia sua convivência escolar, o
vivenciar imaginário tem papel fundamental. Em sua
brincadeira de casinha, de papai e mamãe, ao representar
o papel de um ou de outro, a criança tem a possibilidade
de liberar suas angústias e viver e satisfazer seus
desejos inconscientes. Através da fantasia ela dissolve
conflitos, dúvidas e incertezas quanto a sua relação com
seus pais advindas da vivência do Édipo, e quanto as
relações que agora começa a estabelecer também na escola.
Ela necessita satisfazer necessidades que lhe acometem e
que no plano da realidade são impossíveis de serem
concretizadas.
Desenvolve sua cognição, apreende o mundo e
interpreta suas vivências e objetos, desenvolve suas
habilidades sociais, compreende papéis e relações
interpessoais, sua cultura e hábitos do grupo social ao
qual está inserida. Para Vygotsky(1998), através do
brincar a criança obtém elementos necessários a
construção de sua personalidade e entende seu papel e as
relações sociais da qual faz parte. Para ele desta forma
a criança vai conhecer as atitudes e habilidades
necessárias ao convívio social. Experimentará as
atitudes, comportamentos e produções aceitas em seu meio.
Brincando de imitar, faz-de-conta, experimentará os
diferentes papéis e descobrirá o que lhe cabe. O brincar
42
traz em si valores, conceitos, hábitos, normas de um
determinado grupo cultural. Deve-se permitir a criança a
liberdade de expressão necessária para a vivência dos
diferentes papéis. Tentativas de impor regras formais as
suas brincadeiras e controlar suas experimentações, como
dizer a elas que “isso não é um carro”, “isso não é um
cavalo”, apenas impediria que a criança internalizasse
tais proposições, levando-na a repetir protótipos, e
podaria o desenvolvimento de sua capacidade criativa.
A criança exercita sua criatividade,
inteligência, atenção, percepção e autonomia, desenvolve
enfim suas potencialidades. Os desafios e as situações
inesperadas, que surgem durante uma brincadeira levam-na
a pensar, refletir, imaginar e encontrar soluções
diversas para suas questões. Assim reestrutura seus
esquemas, assimila e acomoda novas informações galgando
de forma prazerosa e sem perceber novos níveis de
desempenho.
No momento em que a criança está passando por uma
fase egocêntrica, caminhando em direção a uma postura
mais social, transitando entre o não entendimento do
outro e a potencialidade para se relacionar e se inserir
numa linguagem mais socializadora é importante que
experimente no plano de suas fantasias as situações e
dúvidas quanto ao novo espaço que virá a ocupar. Isto lhe
trará mais autonomia em suas posturas, mais segurança,
além de contribuir para a formação de uma atitude mais
própria, particular, autêntica e criativa. Estas
experiências vêm a contribuir para uma personalidade mais
ativa, questionadora, atuante na busca de seus objetivos,
tolerante e flexível no que tange às relações e
diferenças entre os indivíduos.
43
3.3- AS Variações do Brincar
A catalogação dos diversos tipos e formas de brincar não nos seria possível no presente trabalho.
Assim interessa-nos a breve descrição segundo os autores
mais difundidos no campo psicopedagógico de algumas
classificações de brincadeiras.
Piaget(1962) classificou 3 estágios na
brincadeira das crianças e um paralelo com as fases de
desenvolvimento: a brincadeira de exercício,
correspondente ao período sensório-motor; a brincadeira
simbólica, correspondendo ao período pré-operatório e o
jogo com regras que correspondem ao período operatório
concreto. No primeiro tipo de brincadeira destacam-se
brincadeiras de manipulação nos bebês e envolve
repetições de seqüências pelo prazer do exercício, da
repetição motora.
As brincadeiras simbólicas dizem respeito a fase pré-
operatória, objeto de estudo do presente trabalho. Sua
principal característica é a presença de um objeto na
brincadeira. A socialização, utilização de esquemas
simbólicos e o trato de A como se fosse B estão presentes
neste tipo de brincadeira. Observa-se neste período
brincadeiras de faz-de-conta, imitações, dramatizações,
onde a criança pode resignificar os objetos e dar voz a
sua imaginação e criatividade.
Nos jogos de regra a criança entra em contato com normas,
regras, proibições, e com a formalização de limites
socialmente estabelecidos.
Wallon (apud KISHIMOTO,2003) classifica as
brincadeiras em funcionais, representadas por movimentos
44
motores simples; de ficção, onde encontramos as
brincadeiras de faz-de-conta e substituição de objetos;
de aquisição, quando a criança observa o movimento de um
outro, aprende vendo e ouvindo, esforça-se para entender
as cenas que observa; e de construção quando reúne os
objetos, combinando-os, modificando e criando novas
combinações.
Spodeck e Saracho(1998) classificam as
brincadeiras em manipulativas, motoras, dramáticas e
jogos. Nas brincadeiras manipulativas a criança manuseia
equipamentos, materiais, de forma independente sem
relação com sua imaginação ou dramatização.
As brincadeiras dramáticas requerem que a criança
desempenhe um papel, utilize-se do faz-de-conta, faça
dramatizações, e por vezes faça uso também de objetos
para representar personagens ou outros objetos.
Nas brincadeiras motoras estão envolvidas ações amplas,
como correr, andar de triciclo. A criança aprende a
utilizar suas possibilidades motoras em novas situações,
por vezes acrescenta um componente dramático na execução
de suas brincadeiras.
Nos jogos as brincadeiras são estruturadas e organizadas
em torno de regras específicas. Os jogos dentro desta
perspectiva não são entendidos como sinônimo de
brincadeiras apenas, mas como um tipo específico de
brincadeira.
Observa-se que as qualidades presentes nas
diversas fases de uma brincadeira não são em si
excludentes, aquelas se apresentam na verdade como
predominantes em uma ou outra fase. Ainda que alguns
autores não tenham explicitamente demarcado uma relação
entre as fases da brincadeira e as etapas de
desenvolvimento podemos facilmente perceber esta relação.
45
Determinadas brincadeiras podem ser vividas em um certo
período e talvez não em outro porque falta a criança a
maturação e capacidade imaginativa necessária para
executá-la.
3.3.1- A brincadeira Simbólica
Ao longo do presente trabalho temos observado que
esta é a brincadeira característica da criança na fase
pré-escolar. A criança começa na ação de brincar, a
construir significados próprios através de sua
imaginação, e a internalizar a linguagem convencional.
Através da imitação e representação de papéis, com
brincadeiras de faz-de-conta, de dramatizações ela
construirá imagens mentais, necessárias a articulação
entre ação e pensamento.
Vivenciam a elaboração e negociação de regras de
convivência, assim como a elaboração de um sistema de
representação dos diversos sentimentos, emoções.
Experimentam as convenções sociais e os modos de
interação socialmente aceitos. Elas testam suas idéias,
suas construções, começa a aprender como se portar com
outras crianças, como negociar os papéis e fantasias.
É um período em que observamos a importância de
acessórios que facilitam nas dramatizações e enriquecem a
criatividade; a importância de brinquedos e objetos que
atuam juntamente a criança em suas brincadeiras de faz-
de-conta, imitação, e dramatizações. Observamos aqui a
importância de um espaço, um cenário que permita uma
maior expressão da criança, que configure o brincar como
uma atividade permanente, instituída, que permite a livre
exploração da criança. Espaços do brincar, Canto da
brincadeira, brinquedotecas, com variações de brinquedos,
46
possibilidades de manipulação pela criança, lugar
específico e organizado para tal atividade demonstram sua
eficiência no desenvolver destas atividades.
47
CAPÍTULO IV UM OLHAR SOBRE A CRIATIVIDADE A partir da década de 40/50 tem-se visto um maior
interesse científico à respeito do desenvolvimento e
importância da criatividade na formação do indivíduo. A
necessidade de se acompanhar um mundo constituído por
inúmeras teias e inter-relações, caracterizado por
rápidas e intensas mudanças, levam ao indivíduo a
imperiosa obrigação de pensar e criar novas respostas e
soluções diariamente. A tecnologia, a globalização e a
competitividade exigem pessoas capazes de pensar, obter
novas idéias, refletir sobre o improvável, sobre o que
ainda estar por vir.
Desta forma muitos filósofos, cientistas,
psicólogos, artistas e educadores têm se debruçado sobre
esta característica do comportamento humano e diversas
conceituações vêm sendo apresentadas sobre a
criatividade.
Em geral a fisiologia humana, hábitos, valores, a
motivação do indivíduo, seu processo de aprendizagem, as
influências sócio-culturais e características de
personalidade têm sido levadas em conta para descrever os
determinantes no processo de desenvolvimento da
criatividade. Para o pintor Matisse:
“Criar é exprimir o que se traz dentro de
si...Resta que é necessário alimentar o
sentimento, o que tem de ser feito com auxílio de
elementos que se extraem do mundo exterior...”
(MATISSE apud STOLTZ,1999,pág15)
48
Para Alencar(apud STOLTZ,1999), o processo
criativo obrigatoriamente resulta em algo novo, e deve
ser considerado como satisfatório por um número
significativo de pessoas em determinada época.
Para Guilford(apud STOLTZ,1999), o processo de
criatividade deve ser ainda diferenciado em potencial
criador, que englobam habilidades que contribuem para o
pensamento criativo, e pensamento criativo, que pode
ocorrer somente no plano do pensamento. Assim abri-se mão
de se considerar sujeito criativo apenas artistas,
grandes pintores, escultores, enfim indivíduos que
efetivamente produzam algo diferente no plano concreto.
Saímos da pré-concepção de que ser criativo é ser um
gênio, com dons divinos, ou algum potencial especial
restrito a apenas alguns poucos. A criatividade é uma
característica em potencial presente em todos os
indivíduos, em qualquer idade, necessitando apenas de ser
explorada, encontrar terreno fértil, um meio sócio-
cultural favorável.
Para Bion(apud STOLTZ,1999), a criatividade
decorre da capacidade de tolerar frustrações e substituí-
las por símbolos.
Para Freud a impossibilidade de satisfação total
de um desejo leva o indivíduo à, através da fantasia,
tentar elaborar esta perda de sua onipotência e assim se
dá início o processo de criatividade. Para ele, a libido
que não pode ser dirigida para seu objeto de desejo, pode
desviar-se para atividades socialmente aceitas, produções
intelectuais, artísticas, ações criativas de forma geral,
constituindo assim o processo de sublimação. Freud
acrescente ainda que enquanto pequena observamos na
criança o brincar como substitutivo destas criações.
Freud considera a sublimação o motor da criatividade,
49
pois aquela ao pressupor um contato com o desejo é origem
de ações e emoções criativas.
Podemos observar que, desta forma, para Freud o processo
de sublimação vem desde a infância e depende
substancialmente de modelos e incentivos para que ela ao
brincar e fantasiar possa começar a expor suas criações.
Mais do que contribuir para a formação de um indivíduo
que no futuro terá espaço em um mundo competitivo e ávido
por inovações, o brincar na infância permite que as
crianças de forma saudável possam fazer seu investimento
libidinoso, e de forma produtiva expressar simbolicamente
seus conflitos.
Para Winnicott(1993) a criatividade é o processo
de manter para a vida toda algo que pertence à
experiência infantil de criar, destacando neste processo
a importância do brincar. Chama a atenção para a
importância do vínculo materno, onde a figura da mãe, ao
quase completamente fazer uma adaptação às necessidades
de seu bebê, lhe permite a ilusão de que tudo que cria e
fantasia é real. Para Winnicott este processo é
fundamental para que aos poucos a criança adquira a
capacidade de tolerar as frustrações, salientando a
importância de se viver criativo mais do que ter um
resultado “bom”.
Para Vygotsky a capacidade de combinar o novo com
o antigo é a base para a atividade criadora. Ressalta
ainda que atuam neste processo uma combinação entre
memória e fantasia, destacando assim que tanto maior será
a capacidade imaginativa quanto mais rica as experiências
vividas. Quanto às fantasias destaca também que toda
fantasia é permeada por um conteúdo emocional, pois que
tudo que compõe uma fantasia influi em nossos sentimentos
50
da mesma forma que os sentimentos que dela advêm são
realisticamente vividos.
Pode-se perceber que de forma geral associa-se a
criatividade algo novo, original, que potencializa a
capacidade de resolver problemas, relacionando-na tanto a
aspectos culturais, quanto a vida psicológica; exclui-se
ainda deste processo a obrigatoriedade de uma produção
concreta criativa.
4.1-Criatividade, Educação e o Brincar
A capacidade criativa é comum a todos os seres, podendo
emergir de forma espontânea ou a partir de estimulações.
O campo educação mostra-se propício e rico de
possibilidades estimulatórias. O processo de aprendizagem
implica uma reorganização dos esquemas já existentes para
a aquisição de novas configurações, assim o antigo deve
ceder lugar ao novo, gerando mudanças internas e
externas, no que tange a comportamentos, posturas e
respostas diante do mundo. Piaget considera inclusive que
o desenvolvimento da inteligência e da criatividade é uma
criação contínua, que produz algo novo a cada estágio.
Sabemos que para atuar de forma saudável e bem
sucedida no mundo atual, é preciso ser capaz
constantemente de se reconfigurar, rever pensamentos,
afetos e comportamentos. Exige-se flexibilidade,
fluência, originalidade, a criatividade é vista como
elemento constituinte do sujeito. E é neste propósito que
a escola deve trabalhar para formar cidadãos. Para além
disso, é preciso estimular a criatividade para que a
criança obtenha sucesso em suas relações familiares,
ajudando-na a sair de situações e sentimentos
51
conflituosos, no lazer, enriquecendo suas experiências,
no grupo de amigos, com adultos com quem convive.
Situações imprevisíveis, o acaso, a construção de
histórias, jogos com palavras, a produção de desenhos ou
histórias em grupos, fragmentadas, a teatralização são
algumas ferramentas eficientes no exercício da
criatividade. No que tange especificamente às crianças,
ao pré-escolar, não podemos nos esquecer do efeito gerado
por experiências lúdicas. Ao brincar a criança expande a
realidade observada, reformula o concreto, explora o
meio, amplia sua imaginação e fantasia. Brincando ela
satisfaz suas necessidades, suas potencialidades
criativas, ela re-significa um objeto através de sua
imaginação, consegue desvincular ação-percepção de
significado, ela define sua cena, seus objetos a partir
de uma significação própria, particular, o que mais uma
vez a leva a exercitar sua criatividade. No brinquedo
podemos observar o espaço apropriado para a criação
humana. Para Vygotsky:
“Como no foco de uma lente de aumento, o brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento de forma condensada, sendo, ele mesmo uma grande fonte de desenvolvimento”. (VYGOTSKY apud STOLTZ,1999, pág)
Durante o processo educacional é preciso atenção e
cuidado para se permitir que a criança atue com
espontaneidade, originalidade, desenvolva suas
potencialidades criativas, dê voz a sua imaginação,
cresça e se desenvolva de forma saudável.
52
CONCLUSÃO
Definitivamente, não podemos fingir não ver a
importância do brincar para criança, e mais
especificamente a contribuição deste exercício para o
pré-escolar. É preciso atentarmos para o fato, de que, o
brincar propicia o desenvolvimento de algumas
potencialidades da criança, a criatividade em particular;
é fundamental para o desenvolvimento saudável, auxilia na
elaboração de algumas vivências, ajuda a criança a
entender e experienciar o mundo, lhe ajuda a se
descobrir, a descobrir sua individualidade, a formar seus
conceitos. Precisamos considerar que não podemos abrir
mão de uma ferramenta tão eficiente no momento(a fase
pré-escolar), em que a criança está absolutamente pronta
para experimentar e viver sua imaginação, sua
criatividade. Se desejamos crianças criativas,
participativas, com suas individualidades,
particularidades, não limitadas no futuro em suas
participações e lutas sociais é preciso contribuirmos
para que alcancemos este objetivo.
Talvez seja necessário mostrarmos a nossa
sociedade que dificilmente poderemos exigir algo de
nossos cidadãos, de nossas crianças se não contribuirmos
para que alcancem o que desejamos. Jamais poderemos obter
belos morangos, maduros e gostosos se plantarmos alface e
nem ao menos cuidarmos para que cresçam bonitas e
saudáveis. Esta corrida desenfreada pelo desenvolvimento
da sociedade, do País, esta busca incansável pela
perfeição tecnológica, esta tentativa de alcançar a todo
custo a modernidade, o desenvolvimento, parece estar nos
53
cegando para o processo que pode nos levar a este
objetivo final.
Que condição teremos de ser uma sociedade que
reconhece seus direitos, suas necessidades, luta pelos
seus ideais, e assim vive de forma mais satisfatória,
produz mais e melhor, cria, se adapta e re-adapta
facilmente de acordo com as necessidades circunstanciais
se, atropelamos seu desenvolvimento, impedimos os
indivíduos de experimentar as variações e descobertas de
cada fase de suas vidas, de cada momento, de cada relação
que constroem?
Além disso, precisamos entender que é preciso
considerar o indivíduo, ressaltar a importância do
sujeito, da criança, única, com desejos, necessidades
próprias, uma história psíquica que é só sua, uma
família, um contexto social subjetivo, uma realidade bio-
psico-social única. Assim teremos indivíduos
diversificados em suas idéias, com soluções diferentes
para os diversos percalços da vida, teremos uma sociedade
mais completa. E como alcançarmos tal proposição se não
possibilitamos estas crianças de usarem e abusarem de sua
imaginação, não lhes permitimos que brinquem com as
verdades, com a realidade da vida, que construam suas
próprias soluções ainda que insatisfatórias à princípio,
até que cheguem a sua verdade, a sua compreensão do
mundo?
Para tal, necessitamos de uma política educacional
que reconheça e valorize estas vivências infantis. Não
obstante a toda uma proposta institucional capitalista,
que visa o lucro, que em termos gerais comercializa a
educação há de se mostrar que é possível mudar este
processo, lutar para se tentar uma educação mais
humanitária, individualizada, que valoriza e objetiva o
54
crescimento humano, que contribua para a formação de
cidadãos, autônomos, criativos, ativos e questionadores.
Pudemos observar que algumas correntes filosóficas,
educacionais estão voltadas para esta prática, reconhecem
o valor da individualidade, da diferença, do brincar
neste processo, entendem a necessidade de experimentar e
imaginar natural de cada criança, e buscam construir sua
prática sobre esta verdade. Falta em nosso processo
educacional talvez, mais pessoas, uma corrente social que
siga este processo, que acredite nesta luta de resgate do
brincar, e tente lutar contra uma sociedade capitalista
robotizante, que exige trabalho adulto de nossas
crianças.
Cada um de nós, atuantes neste processo somos
capazes de provocar mudanças, ainda que pequenas, mas que
irão gerar mudanças em toda a engrenagem e assim provocar
novas outras modificações, e é assim, desta forma que uma
relação pode se mover e avançar. É preciso acreditarmos
em nossas ferramentas, levantar da cadeira ao invés de
permanecermos sentados esperando que a proposta venha “de
cima”, daqueles que detêm o poder financeiro, porque na
realidade dos fatos quem detêm o poder de ensinar, de
contribuir para a formação de novos cidadãos somos nós,
educadores. Ainda que seja por pouco tempo, naquele
grupo, naquela escola, ainda assim é possível provocarmos
mudanças, plantarmos uma semente que irá se desenvolver,
na medida em que outros educadores, de pouquinho em
pouquinho, reguem esta pequena semente. Temos que tomar
para nós a responsabilidade que é nossa, temos que
acreditar em nosso poder e não delegá-lo à outras
pessoas, à instituição maior, ao governo, pois é assim
que o opressor se constitui e se mantém, na existência do
oprimido.
55
BIBLIOGRAFIA AROEIRA,Maria L.; MENDES,Rosa E.; SOARES,Maria I. Didática de Pré-escola: Vida Criança:Brincar e Aprender. São Paulo: FTD,1996. AYRES,Fernando A; LAROSA, Marco,A. Como Produzir uma Monografia Passo a Passo...Siga o Mapa da Mina. Rio de Janeiro: Wak,2002. BEE,H. A Criança em Desenvolvimento. 9°ed. Porto Alegre: Artmed,2003. BODEN,Margaret A. O Que é Criatividade. In:BODEN,M. Dimensões da Criatividade. Porto Alegre: Artes médicas Sul,1999. CUNHA,Nylse H. Brinquedoteca: Um Mergulho no Brincar. 3°ed. São Paulo: Vetor,2001. FADIMAN,J; FRAGER,R. Teorias da Personalidade. São Paulo: Harbra,1986. FRIEDMANN,A. Brincar: Crescer e Aprender-O Resgate do Jogo Infantil. São Paulo: Moderna,1996. GROLNICK,S. Winnicott: O Trabalho e o Brinquedo-Uma Leitura Introdutória. Porto Alegre: Artes Médicas,1993. HALL,C; LINDZEY,G. Teorias da Personalidade. 18°ed. São Paulo: EPU,1984. KISHIMOTO,Tizuko M. Jogos Infantis: O Jogo, a Criança e a Educação. 10°ed. Petrópolis: Vozes,1993.
56
KRAMER,S.(org). Com a Pré-escola nas Mãos. 14°ed. São Paulo: Ática,2003. _________________(org.). Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. 7°ed. São Paulo: Cortez,2003. MALUF,Angela C. Brincar-Prazer e Aprendizado. Petrópolis: Vozes,2003. MARANHÃO,D. Ensinar Brincando. Rio de Janeiro: WAK,2003. NICOLAU,Marieta L. A Educação Pré-escolar:Fundamentos e Didática. 10°ed. São Paulo: Ática,2002. OLIVEIRA,Marta K. Vygotsky:Aprendizado e Desenvolvimento-Um Processo Sócio-histórico. São Paulo: Scipione,1997. PREDEBON, J. Criatividade: Abrindo o Lado Inovador da Mente. 4°ed. São Paulo: Atlas,2002. RAPPAPORT,Clara R.(org). Psicologia do Desenvolvimento- Conceitos Fundamentais. Vol1. São Paulo: EPU,1981. _____________________. Psicologia do Desenvolvimento-A Idade Pré-escolar. Vol3. São Paulo: EPU,1981. ROSSINI,Maria A. Aprender Tem que Ser Gostoso.Petrópolis: Vozes,2003. SANTOS,Santa M. Brinquedo e Infância. 5°ed. Petrópolis: Vozes,1999. SPODECK,B.; SARACHO,O. Ensinando Crianças de Três a Oito Anos. Porto Alegre: Artmed,1998. STOLTZ,T. Capacidade de Criação: Introdução. Petrópolis: Vozes,1999.
57
VASCONCELOS,Mário S.(org). Criatividade: Psicologia, Educação e Conhecimento do Novo. São Paulo: Moderna,2001. VYGOTSKY,L. A Formação Social da Mente. 6°ed. São Paulo: Marins Fontes,1998. TEIXEIRA,E. Aprendizagem e Criatividade Emocional. São Paulo: Makron Books, 1998. WAJSKOP,G. Brincar na Pré-escola. 4°ed. São Paulo: Cortez,2001.
59
ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTOS 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I 10 DESENVOLVIMENTO INFANTIL 10 1.1-Desenvolvimento Emocional em Freud 12 1.1.1-Fase Anal 13 1.1.2-Fase Fálica 14 1.2-Desenvolvimento Psicossocial em Erikson 17 1.2.1-Autonomia X Vergonha 19 1.2.2-Iniciativa X Culpa 20 1.3-Desenvolvimento Cognitivo em Piaget 22 1.3.1-Estágio Pré-Operatório 24 CAPÍTULO II 28 A PRÉ-ESCOLA 28 2.1-Um Breve Histórico 28 2.2-Construindo a Pré-Escola 32 CAPÍTULO III 35 O BRINCAR-UM DEVER DA CRIANÇA 35 3.1-Por Que as Crianças Brincam? 38 3.1.1-Teoria da Energia Excedente 38 3.1.2-Teoria do Relaxamento 38 3.1.3-Teoria do Pré-Exercício 39 3.1.4-Teoria da Recapitulação 39 3.1.5-Teoria Construtivista 39 3.1.6-Teoria Psicodinâmica 40 3.2-A Importância do Brincar para o Pré-Escolar 40
60
3.3-As Variações do Brincar 43 3.3.1-A Brincadeira Simbólica 45 CAPÍTULO IV 47 UM OLHAR SOBRE A CRIATIVIDADE 47 4.1-Criatividade, Educação e o Brincar 50 CONCLUSÃO 52 BIBLIOGRAFIA 55 ATIVIDADES CULTURAIS 58 ÍNDICE 59 FOLHA DE AVALIAÇÃO 61
61
FOLHA DE AVALIAÇÃO Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes Título da Monografia: O Brincar na Pré-Escola: Uma Ferramenta Necessária ao Desenvolvimento da Criatividade Autor: Aline Freitas Assis Data da entrega: 24 de Julho de 2004. Avaliado por: conceito: Avaliado por: conceito: Avaliado por: conceito: Conceito Final: