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1 7Wi UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM – FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU A INTERPRETAÇÃO DO DESENHO INFANTIL NA VISÃO DA PSICOPEDAGOGIA Maria Angela Basson Meira ORIENTADOR: Prof. Vilson Sérgio Rio de Janeiro 2015 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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7Wi

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

A INTERPRETAÇÃO DO DESENHO INFANTIL NA VISÃO DA

PSICOPEDAGOGIA

Maria Angela Basson Meira

ORIENTADOR: Prof. Vilson Sérgio

Rio de Janeiro 2015

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicopedagogia. Por: Maria Angela Basson Meira.

Rio de Janeiro 2015

A INTERPRETAÇÃO DO DESENHO INFANTIL NA VISÃO DA

PSICOPEDAGOGIA

3

DEDICATÓRIA

Dedico o meu agradecimento aos meus pais e ao meu irmão, Afonso, por me fazerem acreditar que nunca é tarde para recomeçar. E em especial à minha mãe, pelo constante estímulo e incansável dedicação, auxiliando-me a chegar até aqui. Sem o seu apoio jamais teria conseguido. A vocês, o meu muito obrigada!

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RESUMO

Este trabalho busca, através de pesquisa bibliográfica e outros

recursos psicopedagógicos, recolher subsídios que atestem que a

interpretação do desenho infantil é um dos pilares dos mais valiosos,que abre

ao psicopedagogo , um largo campo de investigação sobre as razões do

comportamento inadequado de uma criança,com reflexo negativo na sua

aprendizagem ,como também chegar às causas emocionais e afetivas que

possam estar afetando seu aproveitamento escolar.

5

METODOLOGIA

O presente trabalho se baseia na interpretação do desenho das

crianças ser uma das técnicas que podem ser usadas pelo psicopedagogo para

buscar as causas das dificuldades que ocorrem quanto aprendizagem infantil.

No sentido de que o trabalho tomasse forma e também para que

ficasse ratificada a eficácia da escolha, a metodologia usada se apoiou nas

pesquisas bibliográficas, webgráficas e documentais.

6

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 07

CAPÍTULO I

A Psicopedagogia 08

CAPÍTULO II

Conceituando o Desenho 16

CAPÍTULO III

Evolução do Grafismo Infantil 22

CAPÍTULO IV

O Diagnóstico Psicopedagógico através da Interpretação do Desenho

Infantil 35

CONCLUSÃO 45

BIBLIOGRAFIA 47

WEBGRAFIA 49

ÍNDICE 50

ANEXO 1 52

ANEXO 2 57

7

INTRODUÇÃO

Este trabalho visa abordar a importância do desenho infantil como

um instrumento facilitador ao psicopedagogo para a investigação das causas

das dificuldades da criança quanto à aprendizagem.

O desenho, antes mesmo de a criança poder ou saber, verbaliza, é o

meio que ela usa para nos comunicar suas emoções, sentimentos e temores.

Desta maneira o psicopedagogo tem na interpretação do desenho infantil, um

material preciso que o ajudará na busca do que possa estar interferindo na sua

deficiência da aprendizagem.

O desenvolvimento do presente trabalho obedecerá as seguintes

etapas:a conceituação da psicopedagogia, um breve histórico do desenho

através da trajetória humana,a evolução do grafismo infantil e a importância do

desenho como uma “ferramenta” colaboradora para o diagnóstico das

dificuldades da aprendizagem.Para finalizar, será feito referência a algumas

técnicas usadas pelo psicopedagogo, na sua investigação.

8

CAPÍTULO I

A PSICOPEDAGOGIA

1.1. A Busca de um Conceito

A Psicopedagogia genericamente falando é a área do conhecimento

humano que estuda como o ser humano constrói a sua aprendizagem.

A etimologia da palavra psicopedagogia, decorre da psicologia e da

Pedagogia, porém a Psicopedagogia, não se trata de uma complementação

desses dois ramos de conhecimento.

O surgimento da Psicopedagogia vem ocupar uma laguna que, nem

a Psicologia, nem a Pedagogia, preenchem, ou seja, um estudo mais profundo

do processo da aprendizagem e dos fatores que a dificultam.

Segundo Macedo, (1992): “A Psicopedagogia, surgiu da

necessidade do conhecimento mais abrangente do processo de aprendizagem,

englobando o binômio – ensinar-aprender”.

Assim vemos que a Psicopedagogia não restringe a aplicação à

Pedagogia, dos conhecimentos da Psicologia.

Maria M. Neves (1992) diz:

Falar sobre Psicopedagogia é, necessariamente, falar sobre a articulação entre a educação e a psicologia, articulação essa que desafia estudiosos e práticos destas duas áreas.

Embora quase sempre presente no relato de inúmeros trabalhos científicos que tratam principalmente dos problemas ligados à aprendizagem, o termo Psicopedagogia, não consegue adquirir clareza na sua dimensão conceitual (NEVES, 1992, p.10).

A Psicopedagogia, ao estudar o processo ensinar-aprender, busca

também identificar os fatores que podem dificultar a aprendizagem e atuar de

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maneira preventiva para evitá-los, ou terapêutica, buscando saná-los ou

atenuá-los.

Os estudiosos da Psicopedagogia chamam a atenção para sua

interdisciplinaridade. Ela busca, com a integração de conhecimentos de outros

ramos de conhecimentos, tais como, não só a Psicologia e a Pedagogia, mas

também a Linguística, a Medicina, a Fonoaudiologia, a Psicanálise... construir

seu campo específico de estudo.

Para Bossa (2011, p. 26), “A Psicopedagogia como área de

aplicação, antecede o status de área de estudos a qual tem procurado

sistematicamente delimitar o seu campo de atuação”.

O que se conclui é que a Psicopedagogia com o apoio dos estudos

de outros ramos de conhecimento, vem procurando estruturar seu campo

teórico e definir, por conseguinte, a sua aplicabilidade.

Kiguel (1991) diz:

A Psicopedagogia considera a influência do meio, da família, da escola e da sociedade, no desenvolvimento do ser humano e tem como foco principal o autoconhecimento e a autoria do pensamento.

O objeto do estudo da Psicopedagogia está estruturado em termo do processo da aprendizagem humana, bem como a influência no seu desenvolvimento. (KIGUEL, 1991, p. 24)

Por seu campo de aplicação multidisciplinar, a Psicopedagogia torna

a sua conceituação difícil de ser definida.

Podemos dizer, no entanto, que a Psicopedagogia, estuda o

processo da aprendizagem humana e os fatores psicoemocionais ou clínicos,

ou mesmo metodológicos, que interferem no seu processo, dificultando a

assimilação dos conhecimentos transmitidos.

10

1.2. A Psicopedagogia e seu Desenvolvimento Através do

Correr do Tempo

Maria M. Neves (1992),

A Psicopedagogia inicialmente foi utilizada como adjetivo, indicando uma forma de atuação que apontava a inevitável interseção do campo do conhecimento da psicologia e da Pedagogia.

Dentro desta conotação adjetiva da Psicopedagogia, alguns autores, principalmente pertencentes ao campo pedagógico, no final da década de 70 e início dos anos 80, no Brasil, chamaram de atitude psicopedagógica o que em verdade era um psicologismo radical. Por isso tratavam da formação dos professores por eles cognominadas de psicopedagógica. (NEVES, 1992, p.10)

Sonia Mooggen Kiguel (1991) disse:

Historicamente a psicopedagogia surgiu na fronteira entre a pedagogia e a psicologia, a partir da necessidade de crianças com “distúrbio de aprendizagem”, consideradas ineptas dentro do sistema convenciona....

No momento atual, à luz das pesquisas psicopedagógicas que vêm se desenvolvendo, inclusive em nosso meio, e da contribuição da área de Psicologia, Sociologia, Antropologia, Linguística, Epistemologia, passa por uma reformulação.

De uma perspectiva puramente clinical e individual, busca-se uma compreensão mais integradora do fenômeno da aprendizagem e uma atuação de natureza mais preventiva. (KIGUEL, 1991, p. 22).

A própria Kiguel levanta outra teoria quanto ao início da

Psicopedagogia, para ela os problemas de aprender podem estar relacionados,

não apenas à Psicologia e à Pedagogia.

São palavras da Kiguel (1991, p. 22), “Os fatores etiológicos

utilizados para explicar índices alarmantes do fracasso escolar, envolvem

quase que exclusivamente fatores individuais, como desnutrição, problemas

neurológicos, psicológicos, etc.”.

Alicia Fernandes (1984), referindo-se a Psicopedagogia:

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Mas ainda não podemos construir uma teoria acerca de nossa prática específica, na patologia da aprendizagem. Recorremos à teoria de Piaget, que nos aporta um modelo de inteligência, mas não uma teoria sobre as fraturas na aprendizagem, acerca do sujeito que não aprende.

Recorremos também à Psicanálise, que nos permite, entre tantas outras coisas, uma leitura do inconsciente e nos possibilita um marco psicopatológico a que remetemos para compreender a estrutura de personalidade de nossos pacientes... Mas estamos ainda tentando construir nossa própria teoria. (FERNANDES,1984, p. 102)

Em determinado momento de sua evolução como um campo

específico do conhecimento humano, segundo a própria Alicia Fernandes

(1991) “Foi adotado pela Psicopedagogia a noção do “não aprender”, de outra

maneira: o “não aprender” é tido como carregado de significado e não se opõe

ao aprender”

No momento atual, o campo específico da Psicopedagogia, segundo

Bossa (2011),

A Psicopedagogia trabalha com uma opção de aprendizagem segundo o qual participa desse processo em equipamento biológico, disposições afetivas e intelectuais que interferem na forma de relação do sujeito com o meio, sendo que estas disposições influem e são influenciadas pelas condições socioculturais do sujeito e do seu meio (BOSSA, 2011, p. 34).

Chegamos à conclusão que, em nossos dias, a psicopedagogia tem

que se basear em teorias que lhe facilitem conhecer como se aprende, como

também as leis sobre as quais o processo se apoia: a afetividade e as

representações inconscientes que influem no ato de aprender, e que podem

favorecer ou dificultar a aprendizagem.

A Psicopedagogia precisa buscar conhecer o processo de ensinar e

o de aprender; os sistemas e as metodologias que transmitem o conhecimento;

as causas estruturais que podem favorecer o surgimento de dificuldades no ato

de aprender, para que possa assumi eficazmente, o que propõe atingir: ser o

ramo do conhecimento humano, dedicado ao processo de aprendizagem e às

possíveis causas que o dificultem.

12

1.3. O Campo Específico da Psicopedagogia e da Ação do

Psicopedagogo

A Psicopedagogia tem seu campo próprio de estudo à aprendizagem

humana, como também procura levantar as dificuldades que nela interferem.

Como o estudo da aprendizagem através do enfoque da

psicopedagogia não está restrito aos conhecimentos psicológicos e

pedagógicos, ela – a própria psicopedagogia, ocupa-se com o processo da

aprendizagem não só “com quem aprende”, mas também, “como se aprende”.

O campo da Psicopedagogia abrange os setores: institucional

(escola), clínico e até empresarial.

1.3.1. No Setor Institucional

Procura identificar as crianças com dificuldades de aprendizagem,

dificuldades estas que podem se encontrar no histórico de vida, na família, no

meio ambiente na qual passou seus primeiros anos de vida, ou mesmo na

inadequação à metodologia emprega na instituição escola, ou no meio

ambiente da própria escola.

O trabalho da psicopedagogia pode ser de duas maneiras:

preventiva e terapeuta. Bossa (2011),

No trabalho preventivo a instituição escolar, enquanto espaço físico e psíquico da aprendizagem é objeto de estudo do psicopedagogo, uma vez que são avaliados os processos didáticos e metodológicos e o dinamismo institucional que interferem no processo da aprendizagem. (BOSSA, 2011, p. 31)

O psicopedagogo, como agente da Psicopedagogia, tem como

objetivo, não só identificar as crianças com dificuldades, como também dar

orientação ao processo ensinar-aprender. É, pois função do psicopedagogo:

- procurar se inserir nas relações da comunidade educativa, com o

fim de ser traço de união nas relações grupais;

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- conhecer as características individuais e grupais buscando a

orientação da metodologia, visando que esteja favorável aos indivíduos para os

quais ela se volta;

- sugerir atividades que sejam facilitadoras de alcançar um clima

adequado em sala de aula, entre professores e alunos, através de jogos e

pequenas dramatizações;

- dar assistência à professores quanto a necessidade de uma

relação afetuosa entre eles e os alunos, no contexto de sala de aula, para que

o ato de ensinar, passe por um canal de carinho por parte do professor e os

alunos recebam os ensinamentos transmitidos, com prazer.

Para que a ação de psicopedagogo, dentro de uma instituição

escolar, alcance êxito, é necessário que ele tenha capacidade de empatia e

saiba conduzir com habilidade sugestões, junto a equipe pedagógica, e mesmo

no seu contacto com os pais dos alunos.

Enfim, para que o bom encaminhamento do seu trabalho ,convém ao

psicopedagogo, elaborar uma teoria psicopedagógica que lhe favoreça a

chegar a um diagnóstico sobre as causas das dificuldades de aprendizagem,

apresentadas na escolar, buscando uma ação preventiva que propõe saná-las

ou diminuir os efeitos que estejam atuando nas dificuldades da aprendizagem.

1.3.2. No Setor Clínico

O trabalho do psicopedagogo na área clínica torna-se muito

complexa em razão do estudo, pois demanda dele o conhecimento específico

de outras áreas como a Psicanálise, a Estiologia Social, a Epistemologia

Social, a Psicologia Genética, a Linguística e mesmo a Neuropsicologia que

estuda o cérebro.

Embora o conhecimento destas áreas científicas não indiquem

respostas diretas para os problemas da aprendizagem, o seu conhecimento

auxilia no diagnóstico dos problemas que podem dificultar a aprendizagem.

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Segundo Bossa (2011),

No setor clínico, o psicopedagogo deve reconhecer sua própria subjetividade na relação, pois se trata de um sujeito que estuda outros sujeitos. Essa inter-relação de sujeitos, na qual um procura conhecer no outro aquilo que a impede de aprender, implica uma temática muito complexa. Ao psicopedagogo, cabe saber como se constituiu o sujeito, como este se transforma em suas diversas etapas de vida, quais os recursos de conhecimento de que ele dispõe e a forma pela qual produz conhecimento e aprende. (BOSSA, 2011, p. 36)

Mannoni (1976), diz:

No trabalho clínico, conceber o sujeito que aprende como um sujeito epistêmico-epistemofílico implica procedimentos diagnósticos e terapêuticos que considerem tal concepção. Por exemplo, no processo diagnóstico, interessa-nos saber o que o sujeito pode aprender e perceber o intergogo entre o desejo de conhecer e ignorar. Para isso, é necessária uma leitura clínica, na qual, por meio da escuta psicopedagógica, se possam decifrar os processos que dão sentido ao observado e norteiam a intervenção. (MANNONI, 1976, p. 205).

O atendimento clínico, normalmente ocorre em consultórios

particulares, ou em órgãos da saúde pública.

De acordo com Alícia Fernandez Kiguel (1991), “O psicopedagogo,

na área clínica, necessita incorporar conhecimentos sobre o organismo, o

corpo, a inteligência e o desejo, estando estes quatro níveis basicamente

implicados no aprender.” (p. 22).

Ainda segundo Alícia Fernandez Kiguel (1991) levanta o corpo de

ação psicopedagogo, ao dizer: “Os fatores etiológicos utilizados para explicar

índices alarmantes do fracasso escolar quase que exclusivamente fatores

individuais como desnutrição, problemas neurológicos, psicológicos, etc.” (p.22)

Eminentes psicopedagogos falam sobre o campo de atuação da

Psicopedagogia:

Scoz (1992), “A Psicopedagogia estuda o processo de

aprendizagem e suas dificuldades e em uma ação profissional deve englobar

vários campos do conhecimento, integrando-os e sintetizando-os.”.

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Neves (1991), “A Psicopedagogia estuda o ato de aprender e

ensinar levando sempre em conta as realidades interna e externa da

aprendizagem, tomadas em conjunto.” “A Psicopedagogia estuda o ato de

aprender e ensinar levando sempre em conta as realidades interna e externa

da aprendizagem, tomadas em conjunto.” (p.12).

Golbert (1985)

O objeto de estudo da Psicopedagogia deve ser entendido a partir de dois enfoques: preventivo e terapêutico.

O enfoque preventivo considera o objeto de estudo da psicopedagogia o ser humano em desenvolvimento enquanto educável. Seu objeto de estudo é a pessoa a ser educada, seus processos de desenvolvimento e as alterações de tais processos.

O enfoque terapêutico considera o objeto de estudo da psicopedagogia, a identificação, análise, elaboração de uma metodologia de diagnóstico e tratamento das dificuldades de aprendizagem. (GOLBERT, 1985, p. 13)

Weiss (1992), “A Psicopedagogia busca a melhoria das relações

com a aprendizagem, assim como a melhor qualidade na construção da própria

aprendizagem de alunos e educadores.” (p.6).

Kiguel (1991), “O objeto central do estudo Psicopedagógico está

estruturando em torno do processo de aprendizagem humana: são padrões

evolutivos normais e patológicos, bem como a influência do meio (família,

escola, sociedade) no seu desenvolvimento.” (p.6).

Pode-se aferir que, de acordo com vários psicopedagogos, o campo

central do estudo da Psicopedagogia, é o processo da aprendizagem, ou seja,

o ato de ensinar e aprender e as causas que dificultam a aprendizagem.

Nesta visão inclui-se também o campo de ação do psicopedagogo.

16

CAPÍTULO II

CONCEITUANDO O DESENHO

2.1. O que é o Desenho

O desenho é a manifestação no papel de uma figura ou de um

objeto já existente ou a ser criado.

Pode-se dizer que o desenho é o processo primeiro de uma idéia

mental na busca de uma solução. Por conseguinte, o desenho é a expressão

do pensamento através do grafismo, ou esquemas de um objeto traçado em

diversos materiais. Ele expressa criatividade, inovação ou uma transformação

de algo que já existia.

Podemos conceituar o desenho como uma arte em que seu executor

transfere para o papel como visualiza as imagens ou sua imaginação criadora.

O desenho é usado nas mais diversas atividades humanas, como

engenharia, arquitetura e outras mais. Existe também o desenho artístico que

consiste na manifestação do imaginário do artista.

Para diversos estudiosos do assunto o desenho é uma forma do

homem expressar seus sentimentos e emoções, como também, sua

visualização do ambiente.

O ato de desenhar faz com que aquele que desenha, deixe fluir, não

só sua imaginação, como também manifesta a nível consciente o que povoa

seu inconsciente, deixando aflorar toda uma criatividade, desejos, medos,

inseguranças e alegrias.

Destacando sua importância, transcrevemos a opinião de alguns

Psicopedagogos que conceituara o desenho em diferentes maneiras.

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Assim para Moreira (2002): “O desenho é o conjunto das

atividades humanas, que desembocam na criação e fabricação concreta, em

diversos materiais, de um mundo figurativo, de um mundo de figuras.” (p. 102).

Sans (2002) “O desenho é qualquer representação Gráfica, colorida

ou não de formas.” (p.102).

Ferreira (2011) destaca o desenho: “Como uma forma sobre uma

superfície, por meio de linhas, pontos e manchas, ou ainda é a arte e técnica

de representar, com lápis, pincel etc. um tema real ou imaginário expressando

a forma.” (p. 305).

Assim concluímos que para Moreira (2002), Sans (2002) e Ferreira

(2011) o desenho é um processo que manifesta todas as potencialidades

daquele que o faz, tanto as cognitivas, as físicas e as emocionais.

2.2. O Surgimento do Desenho

A história do desenho acompanha a história do homem.

Segundo Edith Derdyk (1993): “O desenho é uma linguagem muito

antiga e permanente desde que o homem inventou o homem. Atravessou

fronteiras espaciais e temporais e por ser tão simples, teimosamente

acompanha a nossa aventura na terra” (p.10).

Ainda no tempo em que o homem habitava nas cavernas, nelas

ficaram gravados seus desenhos, isto nos proporcionou podermos conhecer os

seus hábitos primitivos e experiências de suas vidas, naquela época.

Desenhos esculpidos ou gravados aparecem ainda na pré-história.

Os estudiosos do desenvolvimento da civilização humana, os

arqueólogos, encontraram na Europa, Ásia e África, vestígios de desenhos,

especialmente em abrigos subterrâneos, ainda do fim do período Paleolítico, ou

seja, há mais de doze mil anos.

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Na época da pré-história o desenho tinha a função de ser meio de

comunicação entre as pessoas e também expressava o poder do homem sobre

o meio ambiente: por exemplo, ao esboçar através do desenho a figura de uma

pêra, era como se ele, o homem, tivesse domínio sobre ela.

Podemos interpretar que o desenho, para os habitantes da Pré-

história indicava o seu poder sobre a natureza.

Para o homem de então, o desenho ainda não representava

simbolicamente a visão e a interpretação artística da natureza, e sim como ele

via o meio que o circundava.

Os desenhos da Pré-história, foram denominados de figuras

rupestres, quase todas executadas nas cavernas, eram usadas pelo hoje

chamados “homens das cavernas”, como já o foi citado como meio de se

comunicarem. Com o correr dos tempos, o desenho vai acompanhando a

evolução do homem.

No Egito antigo, o desenho adquire um aspecto sacro, decorando

templos e tumbas especialmente dos faraós. Cada povo foi criando ao

desenhar, seu sistema próprio. Os gregos e romanos representavam deuses

mitológicos, através do desenho.

De forma primitiva, os desenhos na Mesopotâmia expressavam a

terra e de forma insipiente, as rotas marítimas. Com o surgimento do Império

Romano, o desenho começou a esboçar as cartas cartográficas.

O material primitivamente usado para a execução do desenho era

muito variado: desde blocos de argila, tecidos, folhas de vegetais e mesmo

pedras, ossos de baleia e uma espécie de papel usado pelos egípcios,

chamado de papiro. Os “homens das cavernas” usavam, muitas vezes, seus

próprios dedos, e os babilônicos, desenhavam com pedaços de madeira e

posteriormente utilizavam tábuas de argila.

Cada grupo humano, em cada época do seu desenvolvimento,

utilizava objetos vários para executar os desenhos.

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Os desenhos foram muito utilizados como exposição religiosa,

mesmo por aquelas crenças que adoravam as forças da natureza, como

deuses.

No Egito, o objetivo central dos desenhos era todo praticamente

representante da religiosidade de sua civilização. A grande parte de seus

desenhos expressava a divindade dos faraós.

A partir do Renascimento e em nossos dias, os desenhos

apresentam íntima relação com as religiões monoteístas, manifestando-se nos

templos e nas figuras que o representam.

Estudando as primeiras manifestações do desenho humano,

concluímos que ele surgiu ao mesmo tempo que o “homus sapiens” e

acompanhou as diversas fases da evolução do ser humano até os nossos dias.

2.3. O Desenho e a Criança

O desenho infantil tem ocupado atenção de muitos estudiosos no

assunto. Segundo Moreira (2008):

Toda criança desenha tendo um instrumento que deixa uma marca: a varinha na areia, a pedra na terra, o caco do tijolo no cimento, o carvão nos muros e calçadas, o lápis, o pincel com tinta no papel, a criança brincando vai deixando a sua marca.

Desenhando, cria em trono de si, um espaço de jogo, seguido de comentários e canções, mas sempre um espaço de criação A criança desenha para brincar. (MOREIRA, 2008, p. 15).

É quase impossível encontrar-se uma criança que não aprecie

desenhar ou que nunca tenha experimentado fazê-lo.

A criança passa para o papel ao desenhar, como ela vê e sente o

meio ambiente e os objetos. Para ela o desenho tem um sentido lúdico, ou

seja, é um divertimento.

Embora o desenho infantil possa não representar a realidade

objetiva, a criança através do seu desenho. Exprime como ela vê e sente a

própria realidade.

20

A partir de Jean Jacque Rousseau que enfatizou que “a criança não

é um adulto em miniatura”, passou-se a considerar o desenho infantil como um

produto de sua evolução afetiva, cognitiva e social.

No livro de grande sucesso da literatura infanto-juvenil, O Pequeno

Príncipe, de autoria de Antonie de Saint-Expery, há uma passagem que ilustra

de forma clara, que a criança ao desenhar reproduz como ela imagina a

realidade e não o “retrato” da realidade, segundo a percepção do adulto.

Diz o Pequeno Príncipe: “quando eu tinha 6 anos, vi num livro sobre

a Floresta Virgem, “Histórias Vividas”, uma imponente gravura. Ela

representava uma jiboia que engoliu uma fera.”

Continua a narração: “Fiz com lápis de cor o meu primeiro desenho.

Meu desenho número I era assim”:

“Mostrei minha obra-prima às pessoas grandes e perguntei se o meu

desenho lhes fazia medo...”

Responderam-no: “Por que é que um chapéu faria medo?”

“Meu desenho não representava um chapéu. Representava uma

jiboia digerindo um elefante. Desenhei então o interior da jiboia, afim de que as

pessoas grandes pudessem compreender.“

“Meu desenho número II, era assim:”

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“As pessoas grandes aconselharam-se a deixar de lado os

desenhos de jiboia abertas ou fechadas e dedicarmos preferência à

Geografia, à História, ao cálculo, Gramática”

Por certo Saint-Expéry não teve o propósito de reforçar a tese de

Rosseau, mas sua narrativa num livro super conhecido, exemplifica claramente

que a visão da criança expressa através do desenho, a própria realidade,

diversa da do adulto. Ela desenha como sente e imagina sua realidade.

Hoje o desenho infantil, é usado como um instrumento para que se

conheça, não só a capacidade imaginativa da criança, como também suas

emoções e grau de desenvolvimento.

22

CAPÍTULO III

EVOLUÇÃO DO GRAFISMO INFANTIL

As diferenças individuais e o ritmo do desenvolvimento que podem

variar, em cada criança, torna o estudo sobre a evolução do grafismo infantil,

ainda em fase incipiente, necessitando de maior aprofundamento, embora

sobre o assunto, diversos e conceituados estudiosos, tenham emitido seus

pareceres. Sobre estes estudos, baseia-se o presente trabalho.

3.1. O Rabisco: sua Importância e Evolução

São as garatujas e os rabiscos, as primeiras manifestações infantis,

quanto ao desenho.

A garatuja para a criança, expressa um gesto sobre o papel. Com a

visualização do próprio desenho, a criança sente-se prazerosa diante do que

produziu.

Os rabiscos e as garatujas vão possibilitar, nesta fase, penetrar mais

a fundo no mundo infantil, pois eles registram o estado emocional da criança.

A partir dos dezoito meses, a criança já começa o período dos

rabiscos e garatujas, que representam apenas o resultado de um movimento

motor, pois são produtos de gestos instintivos das crianças que se manifestam

através de linhas, curvas e espirais que, aos nossos olhos de adultos

desprevenidos, parecem sem qualquer sentido.

Mas nesta fase, quando as crianças ainda não têm a intenção de

projetar seu estado interior, ou seja, suas emoções, já existe em seus traçados

alguma manifestação embutida que expressa muito da afetividade da criança e

também da sua imaginação.

Para Winnicott (1982): "a criança em suas garatujas obedece às

necessidades do sistema nervoso, afinado com um desejo de significação e

23

afirmação do seu ser no mundo." (p.28).

Ao acompanharmos os traçados iniciais das crianças, constatamos

que é, aproximadamente aos dois anos de idade, que elas começam a esboçar

desenhos que representam objetos, pessoas, embora aos nossos olhos, não

se assemelhem com o que elas desejam exprimir.

Geralmente nesta etapa, as crianças falam o que significam os seus

traçados e, só assim, podemos conhecer o que elas quiseram desenhar.

Vários estudiosos do desenvolvimento do desenho infantil buscaram

aprofundar seus conceitos sobre o período dos rabiscos e garatujas.

Segundo Martha Bernson (1966) existe três estágios do rabisco:

1) Estágio vegetativo motor (que começa aos dezoito meses)

O traçado da criança é mais ou menos arredondado, convexo ou

alongado.

2) Estágio representativo (entre dois e três anos)

Esboços de deliamento de formas. Este estágio se caracteriza

essencialmente pelo surgimento de formas isoladas, tornadas possíveis pelo

levantamento do lápis. A criança passa do traço contínuo, para o traço

descontínuo. O ritmo se torna mais lento. Há uma tentativa para reproduzir o

objeto e a criança passa ao comentário verbal, sobre o que desenha.

3) Estágio comunicativo (entre três e quatro anos)

A imitação do adulto torna-se mais manifesta e se traduz para uma

vontade e "escrever" e de se comunicar com os outros. A criança elabora uma

escrita fictícia, traçada em formas de dentes de serra, no qual procura

reproduzir as letras do adulto.

Para Piaget (1971) a garatuja pode ser dividida em Garatuja

Desordenada e Garatuja Ordenada.

24

Na fase da garatuja desordenada, a criança tem movimentos amplos

e desordenados, expressando mais um exercício motor.

Na fase da garatuja ordenada, os movimentos surgem com traços

longitudinais e circulares e a figura humana ainda aparece de forma imaginária,

mas as garatujas já iniciam certo interesse pelas formas.

O desenvolvimento do grafismo infantil a partir da fase das garatujas

e rabiscos também mereceram o estudo de vários psicólogos e

psicopedagogos: Luquet, Lowenfeld, Vygotsky e Liaget, entre outros.

Segundo Luquet, que se tornou no primeiro a nomear as etapas do

grafismo infantil, ele divide o seu desenvolvimento na seguinte maneira:

Realismo Fortuito, Realismo Falhado, Realismo Intelectual e Realismo Visual.

Na fase do Realismo Fortuito, segundo ele (1964), "A princípio para

a criança, o desenho não é um traçado executado para fazer uma imagem,

mas um traçado executado para fazer linhas." (p. 145).

Para Luquet (1964), a criança nesta etapa, faz traços, sem qualquer

intenção de estabelecer uma figura ou um objeto.

Na etapa do Realismo Falhado, entre três e quatro anos, a criança já

busca desenhar, mas não consegue colocar em seus desenhos, a sua intenção

em reproduzir um objeto. (p.162)

Na terceira fase que Luquet denomina de Realismo Intelectual, a

criança já começa a reproduzir o objeto, ainda como ela o percebe, com todos

os seus pormenores. (p.180)

Por volta dos doze anos a criança alcança a fase a que Luquet

denomina de Realismo Visual. (p. 212)

Esta fase é marcada pela descoberta da perspectiva e pela

tendência a imitar a produção do adulto. Seu desenho deve se parecer com o

objeto que ela busca retratar.

25

Outro estudioso pelo desenvolvimento do grafismo infantil foi

Lowenfeld. Para ele, o grafismo infantil passa por várias fases ou estágios

(1977): Estágio da Rabiscação, Estágio de Início da Figuração, Estágio da

Figuração Esquemática, Estágio da Figuração Realista.

De acordo com Ferreira, em seu livro “A criança e a Arte" (2012),

citaremos as características que predominam em cada um destes estágios.

No estágio da Rabiscação, o desenho da criança é praticamente

motor. Ela não tem a intenção de desenhar. A criança ainda nesta etapa, sem

qualquer intenção, passa para a rabiscação longitudinal, que mostra que a

criança já tem certo objetivo ao desenhar e é capaz de apreciar o seu próprio

trabalho.

À medida que vai se desenvolvendo, a criança alcança os desenhos

de bolinhas e surgem os símbolos: círculos, cruzes, quadrados. É o momento

que a criança tenta reproduzir, casas, animais e mesmo pessoas. Mas ainda

prossegue rabiscando, embora já alcance a fabulação.

Busca em seus desenhos expressar emoções reais ou criadas pela

sua imaginação; procura nomear os desenhos que executa. Outra

característica, na fase final da rabiscação, é a constância com que aparece a

tentativa em reproduzir a figura humana, ainda irreconhecível: à partir de um

círculo, saem os braços, as pernas e os cabelos.

Estágio de Início da Figuração manifesta-se nas crianças em torno

dos quatro a sete anos.

É a fase do desenho infantil em que surge a relação entre o

desenho, o pensamento e a realidade.

Através dos símbolos, a criança chega às formas. Nesta fase ainda

não relaciona o tamanho do objeto desenhado, com o reproduzido.

Sobre esta etapa, Martins, Picasque e Guerra (1998) afirmam: "a

função simbólica é o centro do processo ensino-aprendizagem, seja formal ou

26

informal.” (p. 104).

Ainda nesta fase, a criança pode desenhar garatujas expressando o

que mais gosta ou teme.

Uma marca desta etapa é a fabulação, acompanhando o desenho:

ao desenhar, a criança fala constantemente sobre seu desenho.

Estágio da Figuração Esquemática (dos sete aos doze anos). São

características deste estágio: o meio ambiente sociocultural é uma constante

nos desenhos. Também as crianças desenham com preferência animais,

pessoas, casas e aspectos da natureza, como morros e o mar. O esquema da

forma geométrica é o símbolo da representação gráfica do período. A figura

humana é desenhada com constância de frente, e de perfil, quando, a criança

quer demonstrar movimento.

Há nesta fase o surgimento do conceito do espaço: as pessoas,

árvores e casas, são amparadas por uma linha que representa o chão; o

desenho deixa de flutuar.

Neste estágio do desenho infantil, segundo Lowenfeld, é percebido

que a criança já faz relação da cor com o objeto desenhado: a maçã é

vermelha, a árvore é verde, o mar e o céu, são azuis.

A fase da Figuração Realista começa a partir de dez anos de idade.

Segundo Davids apud Oliveira (1990), para Piaget, "a principal característica da

etapa operacional-formal, por sua vez reside no fato de que o pensamento se

torna livre das limitações da realidade concreta." (p. 44)

Neste estágio, segundo Lowenfeld (1977), a criança nos seus

desenhos, já apresenta a noção de profundidade por meio da criações

pessoais: a maior está na frente, e encobre o que está atrás, para ser menor;

também a criança procura dar uma ilusão de perspectiva nos seus desenhos e

usa da sombra. Quando desenha figuras humanas, apresenta roupas com

detalhes, diferenciando através delas, o sexo das figuras desenhadas.

27

Outro estudioso do desenho infantil é Vygotsky. Para ele (1989) o

desenvolvimento do desenho infantil, requer duas condições:

Que haja o domínio motor, pois o desenho é o registro do gesto e logo passa a ser o da imagem, e que haja a relação com a fala existente no ato de desenhar. Num primeiro momento, o objeto representado, só é reconhecido após a ação gráfica depois que a criança o identifica. Depois ela passa a antecipar o ato gráfico, verbalizando o que vai fazer, indicando que há um planejamento da ação. (VYGOTSKY, 1989, p. 141)

Segundo Vygotsky, isto confirma "que a linguagem verbal é a base

da linguagem gráfica." (p. 141)

Vygotsky classifica a evolução do desenho infantil nas seguintes

etapas:

Ø Etapa Simbólica (escalão de esquemas)

Nesta fase a criança desenha bonecos que representam a figura

humana. Não há ainda a preocupação com que os desenhos se pareçam

fielmente com o objeto reproduzido.

Vygotsky (1991) diz: "é o período que a criança representa de forma

simbólica, objetos, muito do seu aspecto verdadeiro e real." (p. 94)

Ø Etapa Simbólica Formalista (escalão de formalismo e

esquemismo)

Percebe-se nos desenhos infantis nesta fase, certa elaboração de

traços e formas. Os desenhos ainda permanecem simbólicos, mas nota-se que

já apresentam maior proximidade com a realidade.

Ø Etapa Formalista Veraz (escalão de representação mais

próxima do real)

A reprodução nos desenhos dos objetos é a eles fieis. É a etapa que

marca o término dos aspectos mais simbólicos das etapas anteriores.

28

Ø Etapa Formalista Plástica (escalão de representação

propriamente dita)

Nesta etapa, os desenhos infantis deixam de ser um fim em si

mesmo e passam a se constituir-se num trabalho criador. Com o

desenvolvimento motor e visual, os desenhos infantis já começam a se utilizar

de técnicas projetivas e a tornarem-se muito mais próximas da realidade.

Vygotsky não se preocupa em aprofundar seus conceitos com a fase

das garatujas e rabiscos. Em suas observações psicológicas baseadas nos

desenhos infantis, só são realizadas a partir dos aspectos semióticos que

surgem somente após o período dos rabiscos.

3.2. Jean Piaget e as Etapas do Desenvolvimento do Desenho

Infantil

C. M. Charles (1978) em seu livro "Piaget ao alcance dos

professores", faz um resumo de ideias chaves de Piaget sobre o mundo infantil:

1- As crianças têm estruturas mentais diferentes das dos adultos. Não são adultos em miniaturas: elas têm seus próprios caminhos distintos, para determinar a realidade e para ver o mundo.

2 - O desenvolvimento mental infantil progride através de estágios definidos. Estes estágios ocorrem numa sequência fixa. Uma sequência que é a mesma em todas as crianças.

3- Embora os estágios do desenvolvimento mental ocorram numa ordem fixa, crianças diferentes passam de um estágio para outro em idades diferentes. Além disso, uma criança pode estar num determinado estágio para algumas coisas, e em outro estágio para outra. (p.1)

A partir desses conceitos, Piaget ao falar sobre o desenho infantil,

anexa suas fases de evolução ao desenvolvimento global das crianças.

Segundo ele, o desenho infantil no seu desenvolvimento, obedece

às seguintes etapas:

29

Ø Etapa das garatujas

Faz parte da fase sensório-motora. É parte da fase pré-operatória.

Nesta fase a criança mostra grande prazer no ato de desenhar. Não aparece

ainda a figura humana ou ela é representada de forma imaginária. Já há o jogo

simbólico.

Ø Etapa Pré-Esquemática

Na fase pré-operatória, começa a surgir a relação entre o desenho

da criança, o seu pensamento e a realidade. Os desenhos são esparsos sem

noção de espaços definidos. Existe o uso da cor, mas não obedece ainda o

objeto relacionado.

Ø Etapa do Esquematismo

O espaço tem seu primeiro conceito definido, com o surgimento da

linha de base. A figura humana já aparece, embora ainda existam desvios em

sua esquematização. Já existe a relação da cor com o objeto desenhado,

embora a cor possa sofrer a influência do momento emocional.

Ø Etapa do Realismo

É a fase que tem início na fase das operações concretas. Quanto ao

espaço, há a descoberta do plano e da superposição. Surge as formas

geométricas. Nas figuras humanas, os sexos são diferenciados através dos

detalhes das roupas.

Ø Etapa do Pseudonaturalismo

Esta etapa surge na fase final das operações concretas. A

personalidade de quem desenha é primordial. Desenha aquela criança que

aprecia a arte de desenhar. O desenho deixa de ser espontâneo.

Quanto ao uso do espaço, já existe a representação da

profundidade. Os desenhos podem expressar o estado emocional e afetivo de

quem o executa. há nesta fase duas tendências: visual (realismo, objetividade),

30

háptico (expressão subjetiva).

Transcrevo, encerrando as citações, o parecer de Rabello (2014)

sobre a importância do desenho para a criança:

A criança quando desenha, traz imagens mentais para o papel e cria sua obra de arte. Isto significa transformar o que tem na sua imaginação na linguagem artística. Sendo assim, há uma relação dialética entre o que imagina e o que desenha, portanto transforma a sua imaginação em forma a sua imaginação em forma gráfica e deixa registrado o que está sentindo, o que pensa ou o que deseja que aconteça. (RABELLO, 2014, p. 21-22 ).

3.3. A Relação entre o Desenho e a Escrita

A escrita pode-se interpretada como a manifestação da linguagem,

assim como a fala e gesto, nas crianças, são expressos na forma de desenho.

Para Emília Ferreira (1989), desenhar e escrever existe distinção:

Ao desenhar, se está no domínio do ecônomo; as formas dos grafismos importam porque reproduzem a forma dos objetos. Ao escrever, se está fora do ecônomo; as formas do grafismo não reproduzem a forma dos objetos, nem sua ordenação espacial reproduz o contorno dos mesmos. Por isso, tanto a arbitrariedade das formas utilizadas, como a ordeção linear dos mesmos são as primeiras característica da escrita pré-escolar. (FERREIRA, 1989, p. 22).

Moreira (2008) nos diz: "A criança desenha para registrar sua fala.

Para escrever. O desenho é a sua primeira escrita. Para deixar sua marca

antes de aprender a escrever, a criança se serve do desenho." (p. 20).

Ferreira (1989) ainda afirma:

As crianças constroem a sua noção sobre a língua escrita na interação com o objeto (o que ocorre no desenho). Esse processo rumo a alfabetização é uma conquista que a criança comete a abrangência da natureza da escrita.

Sabe-se desde Luquet que, desenhar não é desenhar não é reproduzir o que se vê, mas o que se sabe. Se este princípio é verdadeiro para o desenho, com mais razão o é para a escrita. (FERREIRA, 1989, p. 55)

31

Moreira (2008 e Ferreira(1989) chamam a atenção do elo que existe

entre o desenho, e a linguagem escrita. Para eles o desenho se constitui num

caminho que leva a, posteriormente à alfabetização, primeira etapa da

conquista da linguagem escrita.

O processo de apropriação da linguagem escrita se inicia a partir de

seis anos, ou mesmo antes da criança entrar para a escola, dependendo do

seu meio ambiente social ou da interação com seu meio familiar e de suas

tendências genéticas.

Mais ou menos, nessa faixa etária, as crianças demonstram algumas

características comuns: possuem curiosidade de aprender e estabelecer

relações sociais através da interação com as crianças da mesma idade.

Já neste momento de sua evolução, cada criança traz suas

tendências pessoais na sua primeira escrita, ou seja, nos seus desenhos.

Para Meridieu (2006): "O desenho é essencial na vida de qualquer

criança, pois é a ponte para instigar a sua imaginação e permite que ela

conheça as regras práticas adotadas na sociedade em que vive." (p. 10)

Ao utilizar o lápis e o papel, a criança registra graficamente a sua

forma e vai deixando suas marcas e por consequente, os seus conhecimentos,

através do desenho. E é através de seus desenhos que vamos percebendo

suas alegrias, suas tristezas e conhecendo também a sua imaginação criativa.

O que ela ainda não conseguir expressar através da linguagem verbal, ela

expressa, pelos desenhos.

Segundo Oliveira (1999): "a experiência gráfica é uma manifestação

da totalidade cognitiva e afetiva quanto mais a criança confia em si, ela se

arrisca a criar e a se envolver no que faz." (p. 94)

Pode-se, pois dizer que o desenho infantil é a pedra básica, ou seja,

o alicerce da escrita, pois a criança antes de se comunicar através da escrita

serve-se do desenho para nos comunicar a sua subjetividade.

32

Sobre o desenvolvimento da aprendizagem da criança através de

seus desenhos, como estágio anterior da escrita, Meridieu (2006) nos diz: "a

escrita exerce uma verdadeira fascinação sobre a criança, e isto bem antes de

ela poder traçar verdadeiros signos." (p. 10)

Também Vygotsky (1984) nos fala: "O desenho da criança é o seu

meio de expressão, por isso ele é considerado como uma linguagem

necessária para a aquisição da linguagem escrita na alfabetização." (p. 134)

Lowenfeld e Brittan (1977) acrescentam:

As experiências gráficas do mundo infantil têm início por meio do desenho. O primeiro rabisco é um importante passo para seu desenvolvimento, pois é o início da expressão que conduzirá, não só ao desenho e a pintura, mas também a palavra escrita. (LOWENFELD e BRITTAN, 1977, p. 115)

Meridieu (2006), Vigotsky (1984) e também Lowenfeld e Brittan

(1977) enfatizam a importância do desenho, mesmo na fase das garatujas,

como meio do desenvolvimento da criança rumo a aprendizagem da linguagem

escrita.

Como conclusão sobre todas as citações dos estudiosos sobre a

importância do desenho infantil com a aquisição da escrita, pode-se também

afirmar que o desenho é uma etapa, ou melhor, o estágio preparatório do

processo da linguagem escrita e pode ser considerado como "fermento" que

prepara a criança para que ela atinja a alfabetização.

Aprofundando seus estudos sobre a alfabetização, Ferreira (1998),

Pilar (1996) e Grassi (1997) destacam cinco níveis no processo: pré-silábico,

intermediário, silábico, intermediário II ou silábico-alfabético e alfabético.

Resumo das características de cada nível, segundo os autores

citados:

Ø Nível Pré-Silábico:

Neste estágio, as letras não tem significado algum para as crianças;

ainda não há relação das letras ao som da fala. Letras e números, para as

33

crianças, têm os mesmos significados.

As crianças imaginam que desenhos e figuras são necessários para

que por meio delas, possam entender o que estão representando.

Ø Nível Intermediário:

As crianças já conseguem alcançar que o desenho é diferente da

escrita e percebe alguns traços de letras. A escrita começa, para as crianças, a

se separar da imagem.

Ø Nível Silábico:

As crianças, neste nível, conseguem estabelecer alguma relação

entre a fala e a escrita. Para elas, as letras podem representar valores silábicos

sonoros.

As crianças veem as sílabas como correspondentes a uma

determinada letra e cada letra pode corresponder a uma sílaba.

Ø Nível Intermediário ou Silábico-Alfabético:

É o nível em que as crianças precisam transpor a anterior no qual,

para elas, cada sílaba correspondia a uma letra e cada letra, a uma sílaba.

É o momento da passagem entre os esquemas anteriores, que

necessitam serem superados e os sistemas futuros que vão ser construídos.

Ø Nível Alfabético:

Os desenhos primitivos iniciais do rabisco, que foram as primeiras

manifestações da escrita infantil, as crianças já suplantaram. É o momento da

estruturação dos elementos que compõem o sistema da escrita.

As crianças percebem com clareza que a sílaba não representa uma

única letra.

34

Este capítulo é concluído com uma citação de Vygotsky (1991) em

que ele fala da relação do desenho com a escrita e do desenvolvimento do

mesmo que conduz à aprendizagem, com início na alfabetização:

Brincar e desenhar devem ser estágios preparatórios do desenvolvimento da linguagem escrita. O desenho constitui uma passagem do gesto à imagem, o que caracteriza a representação gráfica. O desenho é precedido pela garatuja, fase inicial do grafismo. (VYGOTSKY, 1991, p. 134).

35

CAPÍTULO IV

O DIAGNÓSTICO PSICOPEDAGÓGICO ATRAVÉS DA

INTERPRETAÇÃO DO DESENHO INFANTIL

O objetivo central do trabalho é especificar como através da

interpretação do desenho infantil pode-se chegar às causas das dificuldades da

criança em relação a aprendizagem escolar.

Esta interpretação é um processo de investigação do que ocorre ou

ocorreu na vida da criança, que interfere na sua aprendizagem, ou seja,

levantar os motivos possíveis e prováveis, que se tornam um dificultador de

uma boa aprendizagem.

Segundo Bossa (2000) “O diagnóstico psicopedagógico é, em si

uma intervenção, pois o psicopedagogo tem interação com o cliente, a família e

a escola, partes envolvidas na dinâmica do problema” (p.24).

Outras técnicas, além da interpretação do desenho infantil, existem

para auxiliar ao psicopedagogo alcance os seus objetivos.

4.1. Anamnese

Anamnese trata-se de uma técnica que, busca através de uma

entrevista minuciosa com a família, permitir ao psicopedagogo, conhecer o

passado e o presente da criança, e assim levantar hipótese quanto ao seu

futuro, através da integração de sua vivencia.

Com o conhecimento pormenorizado da criança que o

psicopedagogo, toma conhecimento através da entrevista familiar bastante

abrangente, chegar às possíveis causas de sua dificuldade quanto à

aprendizagem.

Por meio da técnica de Anamnese, o psicopedagogo visa:

36

a) Obter através da entrevista abrangente com a família da criança,

as causas que contribuem para a sua deficiência na

aprendizagem.

b) Buscar conhecer e levantar hipótese que justificam o

comportamento da criança

c) Por meio de uma interpretação da relação da criança com seus

familiares e do próprio desenvolvimento biopsicoafetivo e

cognitivo da criança sentir a necessidade ou não, de uma

investigação mais profunda e da necessidade de um

atendimento mais específico.

4.2. EOCA – Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem

Esta técnica tem como objetivo “checar” a descoberta de sintomas e

assim poder levantar hipóteses sobre os fatores que causam as dificuldades na

aprendizagem da criança, como buscar dados à respeito dela, quanto aos

aspectos cognitivos e afetivos, para que seja possível, através do levantamento

de hipóteses determinar os passos da investigação.

A técnica E O C A prevê a observação de três aspectos: a temática,

a dinâmica e o produto.

A temática baseia-se em tudo o que a criança diz e através deste

“material”, a relação da criança com a aprendizagem.

A dinâmica baseia-se na análise de tudo o que pode ser observado

na criança: gestos, expressões faciais, postura corporal.

O produto trata de tudo o que o sujeito, ou seja, a criança, no caso,

realizou que deixa impresso no papel ou na sua construção.

Estes três aspectos permitem ao psicopedagogo, levantar hipóteses,

se há necessidade ou não de uma investigação mais minuciosa, para o

diagnóstico.

37

Para Visca (1987) a E O C A deve ser uma ferramenta simples, mas

rica em seus resultados.

Para ele a E O C A consiste em solicitar à criança que demonstre ao

seu entrevistador, o que ela sabe fazer, o que lhe ensinaram fazer e o que

aprendeu a fazer, diante da seguinte observação: “este material é para que

você o use, se precisar para mostrar-me o que te falei que queria saber de

você.”(p.72)

Existem mais inúmeras técnicas para que psicopedagogo, utilizando-

as chegue ao conhecimento do que possa causar as dificuldades da criança na

aprendizagem. A Anamnese e a EOCA, são as mais conhecidas.

As técnicas de entrevistas, entre elas a Entrevista Operativa

Centrada na Aprendizagem (EOCA) são os primeiros passos dos

psicopedagogos no processo de buscar as causas que estejam interferindo na

dificuldade da criança, com referência à aprendizagem. Elas conferem ao

psicopedagogo em formular as hipóteses iniciais indicando os futuros

procedimentos a serem seguidos.

4.3. As Técnicas Projetivas Gráficas e sua Importância no

Diagnóstico Psicopedagógico

As técnicas projetivas gráficas, embora não possam ser aplicadas

pelo psicopedagogo institucional envolvem uma série de processos que vão

permitir a quem estão sendo aplicados, a criança ou o adulto, revelar sem ter a

intenção de assim proceder à percepção que ele tem do ambiente ao seu

redor, assim como seus desejos, sentimentos, ou mesmo suas fantasias.

Portanto o emprego das técnicas projetivas oferece condições que vão

favorecer o conhecimento da personalidade, com suas emoções, conflito e

dificuldades, possibilitando ao psicopedagogo, a percepção do que o próprio

sujeito, não tem consciência, não se sente capaz de revelar, ou nega-se ao

fazê-lo. Ou seja, esta técnica revela muito do inconsciente daquele a que ela

está sendo aplicada.

38

Segundo Jorge Visca (2008):

Se hoje é aceito por todos ou quase todos que quando se aprende se coloca em jogo tanto a inteligência com afetividade, não são muitas as técnicas psicopedagógicas que investigam este segundo aspecto.

As técnicas projetivas são um recurso entre outros que permite investigar essa dimensão, no que se refere ao vínculo que um sujeito estabelece com a aprendizagem propriamente dita, assim como também com as circunstâncias dentre as quais se opera essa construção (VISCA, 2008, p.15).

A Técnica Projetiva Gráfica propõem à criança que desenhe de

acordo com a sugestão do psicopedagogo.

Em seu livro “Técnicas Projetivas Psicopedagógicas e Pautas

Gráficas para sua Interpretação” (2008). Jorge Visca propõe três domínios de

desenho- o escolar, a familiar e consigo mesmo. Na p.22, do livro acima citado,

ele, através de um quadro panorâmico, nos dá uma visão completa dos três

domínios, nomeiam os desenhos, o que cada um busca investigar e a idade da

criança, a que deve ser aplicada.

Segue produção do quadro:

39

Visca (2008) chama também a atenção sobre a posição dos

desenhos, na folha, e o cataloga em nove posições, que interferem na

interpretação do desenho (p.23). São elas:

Posição Significado geral

1-Superior Exigente

2-Inferior Impulsivo

3-Direita Progressivo

4-Esquerda Regressivo

5-Superior Direita Exigente Progressivo

6-Superior Esquerdo Exigente Regressivo

7-Inferior Direito Impulsivo Progressivo

8-Inferior Esquerdo Impulsivo Regressivo

9-Central Equilibrado

As técnicas projetivas são, pois, um importante instrumento de

investigação individual. Daí o seu valor, mas apesar disso, convém que os

resultados obtidos através delas, não sejam conclusivos.

Vale, o psicopedagogo empregar outros instrumentos de

investigação, para comparar os resultados e diante do obtido, dar

encaminhamento à investigação.

4.4. Aspectos Importantes do Desenho Infantil a serem

Observados pelo Psicopedagogo

O desenho é um meio do psicopedagogo, chegar ao inconsciente da

criança, pois sabem que através dele, ela deixa transparecer muito do que

verbalmente não sabem expressar ou não se sente segura para verbalizar.

40

Nancy Rabello (2014) nos diz: “O desenho traz nas suas

representações muitos conteúdos simbólicos, Jung acreditava nisso e afirmava

que, nos desenhos vamos encontrar muitos símbolos que habitam nosso

inconsciente” (p.61).

Para conhecimento da criança por meio do desenho, certos

aspectos devem merecer a atenção do psicopedagogo, entre eles: a posição

do desenho no papel, os desenhos geométricos, o desenho da figura humana,

o tamanho dos desenhos, o desenho da casa, o desenho da família, a

constância dos temas desenhados, o desenho da sala de aula, e outros mais.

Muitos destes aspectos são aos restritos de psicólogos como meio

de interpretação da personalidade da criança. Como eles expressam certo

simbolismo, o psicopedagogo, poderá usá-los com um dos caminhos da

investigação dos problemas da criança quanto às suas dificuldades, desde que

ele não sejam exclusivos, ou seja, os resultados obtidos sejam comparados,

com outros instrumentos de pesquisa.

Por estarem mais ligados ao objetivo do nosso trabalho, vamos nos

fixar mais, nos seguintes aspectos: a figura humana, o desenho da casa, o

desenho da família o desenho sobre a escola e a relação da criança com os

colegas.

Quanto à figura humana, Rabello (2014) realça:

Em relação a figura humana as crianças normalmente as desenham inicialmente com bonecos, girinos e os vão ampliando, dando volume, e cada etapa, incluem novos detalhes. Mas há aqueles que desenham a figura humana palitos, parecem não desejar trazerem muitas atenções para estas figuras, dando maiores detalhes a outras partes do desenho. (RABELLO, 2014, p.86)

Há também na interpretação do desenho da figura humana, a

importância do tamanho: se ela é adequada, não sendo muito grande, nem

muito pequena. Isto denota que a criança se encontra bem adaptada, não se

sente omissa, nem busca estar em evidência.

41

Acerca do desenho da casa, segundo Chevalier e Gheerbrant (1982)

“a casa é considerada o centro, o universo. Geralmente as crianças se

projetam nas suas casas: as pintam de cores alegres quando se sentem assim,

ou de cores mais escuras quando se sentem tristes”. (p.78)

O psicopedagogo também deve interpretar alguns aspectos da casa

como: porta, janelas, jardins e grades, pois estes elementos carregam vários

símbolos.

O desenho da casa representa muito das emoções da criança, e nos

identifica a abertura ou reclusão, quanto ao seu ambiente mais próximo.

O desenho da família oferece ao psicopedagogo conhecer como a

criança se coloca como integrante do grupo familiar.

Através deste desenho, a criança demonstra seu grau de afetividade

para com os membros da comunidade familiar: seus pais, irmãos e avós se

houver os tios e primos mais próximos. Assim o psicopedagogo, pode induzir

se existe inadaptação da criança quanto ao ambiente familiar, o que por certo,

pode ser uma das causas do seu rendimento na aprendizagem que não condiz

como o seu desenvolvimento motor e cognitivo.

O psicopedagogo, ao solicitar que a criança desenhe a sua família,

já deve ter conhecimento da família daquela criança em particular, pois a

família nos nossos tempos vem sofrendo várias modificações: a família

tradicional, chamada “célula manter da sociedade”; não é mais o modelo único

do grupo familiar.

É importante também que o psicopedagogo, quando não investiga a

relação da criança numa família tradicional, conhecer a quanto tempo àquela

família foi constituída.

É aconselhável que o psicopedagogo, não faça sua interpretação em

torno de um só desenho sobre o tema, mas em momentos diversos solicite da

criança que repita o desenho do seu grupo familiar.

42

Mérediem (1974) salienta que quando a criança desenha um

membro familiar de tamanho superior aos demais, isto pode representar que

ela tem por ele maior afeição, como pode significar certa dificuldade emocional,

em relação àquela pessoa.

O desenho da sala de aula- Quando o psicopedagogo conversa com

a criança sobre como ela vê a sua sala de aula e nela o lugar que ocupa. A

criança normalmente sente certa resistência em expor sua visão sobre estes

aspectos, por ela nunca ter se preocupado de forma consciente sobre eles.

Ao serem solicitadas a desenharem com veem a sua sala de aula e

o lugar que ocupa nela, isto desperta na criança a pensar nos seus detalhes

até então não observados o tamanho da sala, as janelas, as carteiras não

ocupadas, e outros mais.

Sobre o tamanho da sala de aula exposto no desenho, o

psicopedagogo pode perceber que, se a criança o representa de tamanho

muito diminutivo, demanda inibição ou quando a desenha

desproporcionalmente grande, representa que ela, a criança, manifesta falta de

limites.

Em relação ao lugar que o entrevistado, ocupa na sala de aula de

aula, tem que ser analisado se foi a própria criança que o escolheu, ou se ele

lhe foi determinado, pois isto pode indicar diferentes formas de interpretação

Segundo Visca (2009), “Os elementos incluídos no desenho,

assinalam com os quais a criança estabelece vínculos positivos e os excluídos

com os quais não estabelecem vínculos” (p.85).

O desenho da sala de aula proporciona ao psicopedagogo conhecer

através de sua ”leitura”, o grau de adaptação ou rejeição da criança no

ambiente escolar.

O desenho referente aos colegas com a inclusão do entrevistado

abre ao psicopedagogo um largo campo de observação quanto a relação social

da criança com seus companheiros de turma, com reflexos significativos

43

quanto a sua integração. Se a interpretação for negativa, ou seja, o

entrevistado não ser bem aceito pelos colegas, isto pode ser uma das causas

de sua dificuldade. É necessário então ao psicopedagogo aprofundar a

investigação desta possibilidade, através de conversa com a criança, e usar

outros métodos de investigação.

O psicopedagogo precisa estar também atento a certas

características que o desenho manifesta, por exemplo, quanto ao tamanho das

figuras desenhadas. Este detalhe está ligado à inteiração afetiva entre a

criança em questão e seus colegas.

O desejo de ser aceito pelos colegas, de ser seu amigo, é expresso

ao desenhar os colegas em tamanho maior, todavia o desenho dos colegas em

tamanho diminutivo demonstra rejeição e desvalorização.

Cabe ao psicopedagogo também dar importância à posição dos

personagens no desenho em relação à criança, autora do desenho.

Ainda de acordo com Visca (2009), as posições mais frequentes dos

personagens no desenho, expressam:

- o entrevistado no meio e dois grupos separados e distantes em cada lado do mesmo faltam de integração do grupo;

- a entrevistada em um extremo do grupo Interação relativa;

- o entrevistado ausente ou em segundo plano - inibição para a integração;

- o entrevistado em um primeiro plano – Integração adequada- como também em torno de uma mesa ou em forma de roda, que assim mesmo indica uma boa integração do grupo. (VISCA, 209, p.68)

Na interpretação do desenho infantil, para através dele, buscar as

possíveis causas das deficiências e dificuldades da criança em relação à

aprendizagem, o psicopedagogo deve ter o suporte também de recursos

diversos, o ajudem, como: entrevista com a família, com a própria criança e,

com a professora, como também em outro momento, solicitar da criança, a

44

repetição do tema do desenho e mesmo conversar com o entrevistado sobre

seu desenho.

É necessário que o psicopedagogo esteja atento a possível

variedade dos detalhes dos desenhos sobre um mesmo tema, pois ela reflete

seu estado emocional no momento em que está desenhando.

Neste caso é aconselhável que o psicopedagogo, recorra a outros

procedimentos, na sua investigação.

45

CONCLUSÃO

O nosso trabalho apresenta o título “A interpretação do desenho

infantil e o diagnóstico dos problemas da aprendizagem.”

Um dos motivos que nos levou à escolha deste tema foi baseado no

fator de que o desenho oferece neste sentido um diferencial positivo, em

relação a outras técnicas, inclusive, as entrevistas.

Como toda a criança sente prazer em desenhar, para ela este,

adquire um aspecto lúdico, tornando-se assim num facilitador para que,

expresse sem qualquer bloqueio, os seus sentimentos, temores e fantasias.

Através do desenho a criança, sem ter a intenção, projeta muito do

seu inconsciente, dando ao psicopedagogo a oportunidade em ter acesso a

sentimentos e temores, que ela não tem conhecimento consciente, e mesmo

que o tivesse, teria dificuldade por não saber verbalizá-los, ou certa inibição em

fazê-lo.

Muitas situações do desenho que escapam a percepção do adulto

desprevenido proporcionam ao psicopedagogo, a busca através de uma

investigação que propicie, com o suporte de outras técnicas, o conhecimento

mais preciso da criança.

Desde os rabiscos e garatujas, que para os desprevenidos, não

passam de riscos sem qualquer sentido, até aos desenhos da figura humana,

da sala de aula, dos colegas, e da família, revelam muito do que a criança

sente, percebe, ou seja, transmitem através deles, suas emoções, sua

imaginação, seu grau de sociabilidade, seu desenvolvimento motor e cognitivo.

No entanto, fatores diversos podem influir na criança no instante em

que ela está desenhando. O humor do momento, pequenos e passageiros

problemas com a família, desafeto em relação ao professor, e outros mais.

A todo este conjunto de possibilidades, é necessário que o psicopedagogo

esteja atento. Por isso é preciso que ele use não só os seus conhecimentos

46

adquiridos através dos estudos acadêmicos, como também empregue a sua

sensibilidade humana, no trato com a criança.

Tenho certeza de que este trabalho será uma ferramenta a mais

para os psicopedagogos.

47

BIBLIOGRAFIA

BÉRDARD, Nicole. Como Interpretar os desenhos das crianças. São Paulo:

Editora Isis, 2013.

BERSON, Martha. Do gesto ao traço. In: MERIDIEU, Florence. O desenho

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Autores Associados, 1989.

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___________. Técnicas Projetivas Psicopedagógicas. Buenos Aires:

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49

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www.slideshare.net/Mirabenvenuto/referencial-curricular-nacional...

Desenho infantil: Importância para o desenvolvimento da ...

www.portaleducacao.com.br/cotidiano/artigos/54121/desenho-infantil...

http://fases-do-

desenho.pbworks.com/w/page/7482183/etapas%20gr%c3%A1ficas

http://www.o-que-e.com/o-que-e-desenho

http://psicopedagogia-sp.com/pdfsite/Anamnese2.pdf

50

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02 DEDICATÓRIA 03 RESUMO 04 METODOLOGIA 05 SUMÁRIO 06 INTRODUÇÃO 07

CAPÍTULO I A Psicopedagogia 08 1.1. A Busca de um Conceito 08 1.2. A Psicopedagogia e seu Desenvolvimento Através do Correr do Tempo 10 1.3. O Campo Específico da Psicopedagogia e da Ação do Psicopedagogo 12 1.3.1. No Setor Institucional 12 1.3.2. No Setor Clínico 13 CAPÍTULO II Conceituando o Desenho 16 2.1. O que é o Desenho 16 2.2. O Surgimento do Desenho 17 2.3. O Desenho e a Criança 19 CAPÍTULO III Evolução do Grafismo Infantil 22 3.1. O Rabisco: sua Importância e Evolução 22 3.2. Jean Piaget e as Etapas do Desenvolvimento do Desenho Infantil 28 3.3. A Relação entre o Desenho e a Escrita 30

51

CAPÍTULO IV O Diagnóstico Psicopedagógico através da Interpretação do Desenho Infantil 35 4.1. Anamnese 35 4.2. EOCA – Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem 36 4.3. As Técnicas Projetivas Gráficas e sua Importância no Diagnóstico Psicopedagógico 37 4.4. Aspectos Importantes do Desenho Infantil a serem Observados Pelo Psicopedagogo 39 CONCLUSÃO 45 BIBLIOGRAFIA 47 WEBGRAFIA 49 ÍNDICE 50 ANEXO 1 52 ANEXO 2 57

52

ANEXO 1

Exemplo de Análise e Interpretação do Desenho

João é um menino de 6 anos de idade, cursando o 1º ano de uma

escola particular. Pertence a uma família formada por: ele, pai e mãe.

João comentou com sua professora que sua vida está “um caos”,

palavras dele, pois seus pais estão se separando. Ele culpa o pai pela

separação e diz que não gosta mais do mesmo porque ele faz sua mãe sofrer.

Comentou também que gostaria que sua família fosse diferente, fosse como

“Super Heróis”, sendo assim, teriam poderes. Ele seria mais rápido, para fugir

de seus colegas valentões, colegas este de sua escola. A mãe que faz tudo em

casa teria mais tempo para ficar ao seu lado, o que quase não acontece e o pai

teria tempo para fazer exercícios.

Em outra conversa falou que gostaria que sua família fosse feliz.

Dizendo que isso não acontece, pois sua mãe acorda todos os dias chorando.

João reforça que a causa da tristeza dele e de sua mãe, é culpa de seu pai, por

querer se separar.

Na escola embora João não apresente dificuldade cognitiva, seu

comportamento é de inquietude, de implicância com os colegas em geral e do

confronto com sua professora, fazendo tudo para chamá-la sua atenção.

DESENHO 1

53

Nesse desenho, João usou a folha toda. Isso pode significar que

acha que não dão atenção devida a ele.

A boca vermelha representa amor ( só ele e a mãe estão com a

boca vermelha, o pai não está).

O sol sem raios que está localizado ao lado direito da folha, significa

perda de alguma situação que envolva o pai.

DESENHO 2

O uso da mesma cor no desenho pode representar que deseja ser

descoberto e compreendido.

Novamente o sol aparece sem raios, e do lado direito da folha.

Sempre que se desenha por ultimo quando descreve sua família, podendo

com isso, representar certa carência afetiva.

54

DESENHO 3

Mais uma vez o desenho está tomando todo o quadrante da folha

(pode simbolizar não se considerar importante no grupo familiar).

A ausência dos olhos no desenho significa a negação da realidade

que o cerca. Demonstrando que essa situação está muito difícil para ele. Ao

desenhar sua família sem os olhos, pode significar não querer aceitar o que

nela está acontecendo.

O desenho da figura do pai com os dentes aparecendo, pode

simbolizar agressividade e ou descontentamento com alguma situação.

55

DESENHO 4

Apesar de ter um bom vínculo de aprendizagem com a professora, o

seu desenho demonstra que não gosta quando a mesma o chama atenção.

A cor preta aqui no desenho, pode simbolizar o período triste que

está vivendo.

DESENHO 5

56

Nesse desenho, João de desenha ao lado de uma outra professora.

Ambos com olhos e bocas grandes.

A boca grande pode representar vontade de se comunicar. Assim os

olhos grandes podem também simbolizar curiosidade ou medo. Como

apresenta um bom relacionamento com esta professora, parece significar

curiosidade.

DESENHO 6

A colocação do João no desenho pode simbolizar que ele é aceito

por esses dois colegas, independendo do sexo dos mesmos.

Os desenhos acima reafirmam a real situação emocional e afetiva do

João com reflexo em seu comportamento no âmbito escolar.

57

ANEXO 2

Modelo de Anamnese

58

59

60

61

62

63

64

65

66

67

DADOS PESSOAIS

Nome: ____________________________________________________________________

idade:_________ anos

Tem apelido? ( ) S ( ) N Qual? _______________________________________ Ele(a) gosta?

( ) S ( ) N

Por que tem esse

apelido?_____________________________________________________________________

Nascimento _____/_____/_____ Sexo ( ) M ( ) F Naturalidade:

__________________________________

End.

_________________________________________________________________________

Bairro:____________________________ Cidade:______________________ CEP

_________________________

Fones para

contato:__________________________________________________________________

Escola:_______________________________________________________________Série

que cursa: _________

End.___________________________________________________________________

Fone:_____________________________________________Contato:___________

Profª_______________________________________

Horário__________________________________________

Pai ______________________________________________________________________

Idade :__________

Estudou até_____________________________ Teve Dificuldade? ( ) S ( ) N Se formou? ( ) S (

) N

Profissão __________________________________________________________________

Mãe ______________________________________________________________________

Idade :_________

Estudou até_____________________________ Teve Dificuldade? ( ) S ( ) N Se formou? ( ) S (

) N

Profissão

______________________________________________________________________

68

Irmãos: ( nome e idade )

______________________________________________________________________

Esquema

Familiar:_______________________________________________________________

QUEIXA

Na escola

___________________________________________________________________

Indicado por____________________________________________________________

Em que acha que o profissional poderá ajudá-lo(a)?

HISTÓRIA DE VIDA

CONCEPÇÃO :

Filho(a) desejado(a) ( ) sim ( )não Você queria engravidar? ( ) sim ( )não

Foi acidental? ( ) sim ( )não

Perturbou a vida do casal ou de um dos pais ? ( ) sim ( )não

Como foi a gestação? (cuidados pré-natais, doenças, sintomas, alimentação

______________________________________________________________________

Como foi o parto? (sofrimento fetal, má oxigenação, lesões)

______________________________________________________________________

AMAMENTAÇÃO: (defasagens, acidentes de percurso, assimilação/acomodação, carga

afetiva)

Mamou no peito? ( ) sim ( )não

Como foi a passagem do peito para a mamadeira?

______________________________________________________________________

E para a papinha?

______________________________________________________________________

Hoje tem hora para comer ( )sim ( )não Come depressa ( )sim ( )não

Mastiga bem ( )sim ( )não Comem juntos ( )sim ( )não

Come vendo TV ( )sim ( )não

ELIMINAÇÃO

Com que idade parou de usar fraldas?

_____________________________________________________________

Como foi a passagem para o troninho (segurava? molhava a roupa? brincava e saia correndo

era repreendido?chorava?)

Como eram as fezes ? ( )líquida ( )pastosa ( )ressecada ( )normal

69

EVOLUÇÃO PSICOMOTORA

Ficou no cercadinho ( )sim ( )não Engatinhou ( )sim ( )não ___________________________

Com que idade andou?_________________________________________________ Caía

muito( ) sim ( )não

Quem ensinou a andar ?

______________________________________________________________________

Como aprendeu a andar ?

______________________________________________________________________

Mostrava-se corajoso(a) ao subir uma escada ? ( ) sim ( )não

Era corajoso ao explorar, engatinhando, um novo espaço ? ( ) sim ( )não

Era inseguro(a)? ( ) sim ( )não

Com quem andava melhor ?

_____________________________________________________________________

Como evoluiu a coordenação dos movimentos finos (segurar um brinquedo, uma colher,

rabiscos que fazia)

______________________________________________________________________

E dos grandes músculos? (Chutar uma bola, correr)

Hoje:

É estabanado(a) ? ( )sim ( )não Nada ? ( )sim ( )não É agitado(a)? ( )sim ( )não

Anda de patins? ( )sim ( )não Anda de bicicleta sem rodinha ? ( )sim ( )não

Anda a cavalo ? ( )sim ( )não Sobe em árvores ? ( )sim ( )não

FALA

Com que idade começou a falar ?_____________________Com quem falava mais?

______________________

Falava(m) para ele(a) repetir ? ( )sim ( )não

Quais foram as primeiras palavras ?

______________________________________________________________

Trocava letras ? ( ) sim ( )não Quais?

_______________________________________________________

Falava muito errado ? ( ) sim ( )não

Hoje:

Troca letras ? ( ) sim ( )não Fala muito / pouco (ansioso) ( ) sim ( )não

Fala de uma forma que todos entendem ? ( ) sim ( )não

Dê um exemplo de como ele(a)

fala______________________________________________________________

Consegue dar um recado ? ( ) sim ( )não

Faz uma compra sozinho(a)? ( ) sim ( )não

Como conta uma história / um caso / uma novela ? ( ) sim ( )não

Dê um exemplo:_______________________________________________________________

Você entende o que ele(a) conta ? ( ) sim ( )não

Tem começo, meio e fim ? ( ) sim ( )não

70

SONO

É agitado? ( )sim ( )não É sonâmbulo? ( )sim ( )não Tem pesadelos? ( )sim ( )não

Dorme só ou acompanhado?____________________________Com quantas pessoas?

Quando acorda vai para a cama dos pais? ( )sim ( )não

Tem medo de dormir sozinho? ( )sim ( )não Enurese noturna? ( )sim ( )não

HISTÓRIA CLÍNICA:

Ocorreram:

Bronquite ? ( ) sim ( )não Alergia? ( ) sim ( )não Asma? ( ) sim ( )não

Viroses infantis? ( ) sim ( )não Internações ? ( ) sim ( )não Cirurgias ? ( ) sim ( )não

Outras doenças:

Tratamentos realizados (fonoaudiólogo, psicólogo....) ( ) sim ( )não

Qual? ______________________________________________________________________

Problemas de visão? ( )sim ( )não Audição? ( ) sim ( )não

Problemas psicossomáticos ( verificar os possíveis deslocamentos e a eventual relação com a

não aprendizagem)

HISTÓRIA DA FAMÍLIA:

Fatos marcantes dos pais e irmãos ( antes, durante e depois da entrada do paciente na família)

______________________________________________________________________

ESTIMULAÇÃO:

A criança tem acesso a:

brinquedos pedagógicos ? ( ) sim ( )não jogos? ( ) sim ( )não

Revistas ? livros ? ( ) sim ( )não brinquedos eletrônicos ? ( ) sim ( )não

De que atividades ele(a) participa:

música ? ( )sim ( )não dança ? ( )sim ( )não esporte ? ( )sim ( )não

Qual?__________________________________________________________________

SITUAÇÕES NEGATIVAS VIVENCIADAS PELA CRIANÇA (através de alterações familiares)

nascimento de irmãos ( ) sim ( )não mudanças( ) sim ( )não

mortes ( )sim ( )não De quem?

___________________________________________________________

desempregos ( ) sim ( )não separações ( ) sim ( )não

71

HISTÓRIA DA FAMILIA AMPLIADA

Família: Passado, Presente, Interferências, Ligações, Quadros Patológicos

Forma de Disciplina:

______________________________________________________________________

Atitude dos pais diante da falta de limite do filho (a):

______________________________________________________________________

Como a criança reage?

______________________________________________________________________

Tem alguém que a protege? ( )sim ( )não Quem?

_____________________________________

É muito censurada? ( )sim ( )não

Relaciona-se bem com:

o pai ( )sim ( )não a mãe ( )sim ( )não os irmãos ( )sim ( )não

Os pais sabem ler e escrever? ( )sim ( )não

Quem o auxilia na lição de

casa?_________________________________________________________________

Problema que a família está passando no momento:

Como é o ambiente de brincadeira no dia a dia? Quais brincadeiras?

Qual prefere?

Como se relaciona com os colegas?

______________________________________________________________

É líder? ( )sim ( )não Chora nas brincadeiras? ( )sim ( )não

Qual o programa preferido na TV?

_______________________________________________________________

Assunto ou lazer que interessa à criança:

HISTÓRIA ESCOLAR: (considerar: entrada precoce ou tardia na escola, trocas, constantes de

escolas, como se processou a alfabetização, dificuldades da mãe para lidar com as exigências

escolares)

Frequentou creches ? ( )sim ( )não Quando entrou para a escola (idade):

Por que?

______________________________________________________________________

Quem escolheu a escola?

______________________________________________________________________

72

Como foi essa escolha?

_____________________________________________________________________

Caso tenha havido mudança, por que mudou?

Repetiu ano ? ( )sim ( )não Por que?

______________________________________________________________________

Houve problema com professor (es) ? ( )sim ( )não

Qual ? ______________________________________________________________________

Como é a atitude em sala de aula?

Falta muito à escola? ( )sim ( )não

Por que?

______________________________________________________________________

Faz reforço? ( )sim ( )não Ele gosta do reforço? ( )sim ( )não

O que você acha da escola? (há uma abertura, um diálogo? ou é tradicional?)

FIINALIZANDO:

O que você mais gosta nesse(a) filho(a)?

O que você não gosta nele(a) ?

Orientação aos Pais:

Observações:

Encaminhamento:

( ) psicopedagogo ( ) neurologista ( ) fonoaudiólogo

( ) oftalmologista ( ) otorrino ( ) pediatra

( ) psicólogo

( ) outros: ____________________________________________________________________

(cidade), _____de_____________________________de 200___.