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I UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO “A VEZ DO MESTREPÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” A IMPORTÂNCIA DO DESENHO PARA O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO Por: Alexandre Velloso Fernandes Professor Orientador: Marco Antônio Chaves Rio de Janeiro 2001

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I

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E

DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A IMPORTÂNCIA DO DESENHO PARA

O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Por: Alexandre Velloso Fernandes

Professor Orientador: Marco Antônio Chaves

Rio de Janeiro

2001

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II

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E

DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

PROJETO “A VEZ DO MESTRE”

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

A IMPORTÂNCIA DO DESENHO PARA

O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO

Apresentação de monografia ao

Conjunto Universitário Cândido Mendes

como condição para a conclusão do

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”

em Docência do Ensino Fundamental e

Médio.

Por Alexandre Velloso Fernandes.

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III

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus.

Aos mestres: Sari, Mari Sue, Delfina,

Marília, Nádia, Vera, Vilson e Marco

Antônio.

Aos amigos Mário, Raimundo, Bernardo,

Luis Fernando, Edna, Júlio, Sérgio e

Ricardo.

A todos os alunos e professores da Escola

Técnica Estadual República e da rede

Municipal de Ensino que possibilitaram,

através de sua valorosa colaboração, a

realização desse trabalho.

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IV

DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho à minha mãe Nilga e à

minha mulher Rosana pelo apoio, incentivo

e carinho.

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V

RESUMO

O Desenho tem importância fundamental no desenvolvimento da criança

e do adolescente em vários aspectos do processo educacional. Se revela elemento

definidor da personalidade e criatividade, através da livre expressão, espontaneidade,

facilidade de comunicação, capacidade de observação, auto-disciplina, senso de

medidas, de proporção e equilíbrio.

Dentro das aptidões que o Desenho desperta e que a ele estão vinculadas,

serve também como referência para escolha de uma profissão para o jovem aluno.

O melhor instrumento para a medição das relações do aluno com o

Desenho é o teste psicológico ou vocacional. É na proposta da utilização desse recurso

e, na utilização de seus resultados para melhor desenvolvimento do ensino do Desenho

em nossa escola, que baseamos a nossa tese. Para estimular o aluno que se julga inapto,

indo de encontro às suas deficiências e levando o professor a redimensionar o processo

de aprendizagem, trabalhando as possibilidades de cada um e criando um ambiente para

expor potencialidades não desenvolvidas e jamais excluir pela ausência das mesmas.

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VI

METODOLOGIA

Passamos a descrever então, os meios pelos quais obtivemos base e

dados suficientes para o desenvolvimento de nosso trabalho.

Dentro de nosso estudo trabalhamos com enfoques de maneira empírica e

teórica.

De maneira empírica podemos citar a nossa experiência direta com o

objeto real de nossa abordagem: alunos de cursos técnicos (nível médio) da Escola

Técnica Estadual República. Nosso contato direto com alunos no exercício do trabalho

de professor na disciplina de Desenho Básico, serviu como campo de observação

sistemática. Através da análise comportamental da relação aluno-disciplina, efetuamos

debates com os demais professores de Desenho da Escola República e tiramos vários

pontos em comum nos quais nosso trabalho se fundamenta.

Em relação ao ensino fundamental mantivemos contato com professores

de artes visuais - disciplina na qual está inserido o desenho - da rede municipal de

ensino, que através de sua experiência prática e observação, foram fundamentais para a

elucidação do tema abordado.

No desenvolvimento teórico fundamentamos os conceitos discutidos e

analisados com os professores envolvidos no trabalho, onde pudemos comprovar e

endossar não só as situações existentes, como também nossas propostas para o mesmo.

Como complementação teórica, há que se observar também a bibliografia utilizada para

consultas e citações que se constituiu num campo farto de considerações e conceitos

que muito enriqueceram esse trabalho.

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VII

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I 10

CAPÍTULO II 21

CAPÍTULO III 25

CAPÍTULO IV 29

CAPÍTULO V 36

CONCLUSÃO 42

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 44

BIBLIOGRAFIA CITADA 46

ÍNDICE 47

ANEXOS 50

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VIII

“Estamos no limiar de uma nova civilização difícil de configurar.

Uma das coisas que tem de ocorrer é o desafio de refazer o humano. Agora o

homem está desafiado a domesticar a si mesmo, a fazer de si um projeto.”

Darcy Ribeiro

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IX

INTRODUÇÃO

A arte da representação gráfica - desenho - originou-se na remota

existência humana. Além de responder às adversidades do meio ambiente, o homem

primitivo muito cedo exibiu traços culturais. As pinturas nas cavernas assim o

demonstraram e elas são testemunho de uma grande habilidade e poder de imaginação

daqueles seres.

Embora existam indícios de que há 300 mil anos o homem já possuísse

uma forma de comunicação lingüística, os desenhos e pinturas se constituíram também

numa ferramenta de comunicação e de registros do cotidiano das comunidades. Tudo

isso sendo levado à tona através da habilidade natural do ser humano de desenhar, de

comunicar visualmente através do desenho.

Através dos tempos diferentes artistas revelaram, com seu talento e sua

visão particular de mundo, os costumes, os valores, a beleza, os mistérios e angústias

humanas, as transformações, a cultura e a arte de cada época.

O mundo contemporâneo vem sendo invadido mais e mais a cada dia,

“pela imagem”. Vivemos hoje a “era da imagem” e de várias resoluções estéticas. Do

levantamento de hipóteses à análise das diferentes soluções estéticas encontradas por

cada sujeito em seu ato criador, nossos “olhos” vão se aperfeiçoando, até mesmo se

sofisticando, de forma a entender e sentir a existência de tantas formas possíveis de

expressão e de representação. O “olhar” vai se tornando, assim, mais “apurado”, as

simetrias, os “cheios e vazios”... fazem parte do mero ambiente em que vivemos e nem

sempre as “enxergamos”.

O Desenho faz parte do nosso mundo, da nossa experiência de vida. Seja

para atender à necessidades técnicas como para realização estética, sendo essa, inerente

à natureza humana, mesmo considerando que a estética se constitui a partir de diferentes

valores e culturas. A representação gráfica, em toda a realização humana, atende

também prioritariamente às características de cada sujeito, às suas peculiaridades como

homem, com uma história própria que não se repete jamais. Isto quer dizer que a busca

de um equilíbrio harmônico em todo ato criador humano não é igual, felizmente e, por

isto, não podemos julgar, valorizar ou escalonar, hierarquicamente o fazer artístico.”

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X

Através do Desenho podemos também, na contramão do processo, fazer

uma leitura da personalidade, dos traços psicológicos de cada indivíduo revelados por

seus traços e pelas interpretações que são aplicadas por testes psicotécnicos e

vocacionais.

O Desenho está em toda a parte, na vida que se passa dentro e fora da

escola. Até onde a mão e a presença humana alcançam o ato criador está presente, a

transformação é permanente e se concretiza através da criatividade de cada homem em

seus atos de vida.

É exatamente em função da importância e da onipresença do Desenho em

nossa existência, que desenvolvemos este trabalho. Podemos classificar o Desenho

como “linguagem universal”, pois vence barreiras lingüísticas, como podemos

exemplificar pelo caso das placas de sinalização de trânsito e dos desenhos da área

técnica (ambos definidos por normas internacionais).

Dentro do conteúdo apresentado, pretendemos demonstrar a importância

do Desenho no processo educacional, abordando os fundamentos e inter-relação do

mesmo com alunos tanto do ensino fundamental quanto do ensino médio.

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XI

CAPÍTULO I

O DESENHO COMO INSTRUMENTO DIDÁTICO

“O desenho não é produto de

fantasia ociosa, mas o estudado fruto da

observação acumulada. Sem observação,

sem experiência, não há desenho”.

Rui Barbosa

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XII

Em estágios mais desenvolvidos do ensino (curso secundário/médio e

superior) o desenho pode ser considerado como matéria específica e ensinado em aulas

especiais, dado sua complexidade. Exigem do aluno uma certa vocação artística ou,

como se diz vulgarmente, “queda”, jeito.

O Desenho, na educação fundamental, tem uma grande expressão

psicológica: a criança não desenha o que vê, mas o que imagina, o que sente.

O desenho infantil expressa seus problemas psicológicos, seus recalques.

Ninguém estudou melhor o assunto do que a ilustre psicóloga Charlotte Buhler, que, em

seu livro “El problema de la Infancia y la Maestra”, estuda casos de crianças-problema

partindo sempre dos desenhos que as mesmas executam.

E nada disso poderá ser obtido se o professor der aula de desenho,

mandando os alunos executaram este ou aquele desenho, impedindo-os assim de

colocarem em funcionamento essa preciosa força interior que é a imaginação criadora.

Como forma de atividade, na escola primária, os desenhos e os trabalhos

manuais representam quase uma libertação para os alunos e um alívio de sobrecarga

para o professor, já que, em regra geral, esse tipo de escola se baseia ainda na forma

literária e teórica.

O Desenho tem um sentido construtivo e educativo que não pode ser

subestimado: é fator de autodisciplina, de autocontrole. No caso do desenho a “criança

ousada não é necessariamente a criança calada” e sim: “a criança ocupada e a criança

autodisciplinada. Não achamos necessário que o aluno fique absolutamente calado

durante o desenho e a confecção dos trabalhos - porque silêncio absoluto? com que

finalidade? que benefícios traz essa atmosfera sepulcral?

Julgamos, isso sim, que o desenho absorve de tal maneira o aluno, que

ele passa a fazer autodisciplina sem ninguém mandar. Qualquer pessoa entretida num

trabalho não pode ao mesmo tempo ocupar sua atividade em outras coisas, seja mexer

com terceiros ou jogar bolinhas de papel no vizinho.

O Desenho serve ainda para desenvolver algumas qualidades importantes

na educação, quais sejam a capacidade de observação, o senso de medida, da proporção

e do equilíbrio, o conhecimento dos contrastes, cores, materiais de trabalho, etc.

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XIII

1.1 A Relação de Importância do Desenho no Desenvolvimento da

Criatividade.

O Desenho desempenha papel de relevante importância no processo do

desenvolvimento da criatividade e da personalidade uma vez que favorece a livre

expressão, condiciona a ação espontânea e facilita a comunicação.

Diversas investigações feitas com o intuito de estudar a natureza do

processo criador chegaram à conclusão de que os fenômenos psicológicos são análogos

tanto na arte como na ciência. Os estudos psicossociais da criatividade destacam fatores

como inteligência, personalidade, atualização de potencialidades e sistemas de valores

sociais e culturais, admitindo que a potencialidade criadora, em maior ou menor grau,

existe em todo o indivíduo, cabendo a ele e ao meio permitir a sua expressão.

As pesquisas feitas nos últimos anos preocupam-se com o estudo do

processo, da medida e dos produtos da criatividade; nesses trabalhos são usados testes

psicológicos, entrevistas, biografias, questionários, a fim de trazerem dados elucidativos

sobre a subsequente predição da realização criadora e a identificação das variáveis

ambientais que conduzem ao desenvolvimento de tal comportamento. Um dos critérios

previsores, por exemplo, em estudantes de universidade, foi a realização criadora

impulsionada pelo desenvolvimento do desenho em cursos secundários.

Podemos propor as seguintes características da personalidade criadora

impulsionadas pelas atividades ligadas ao desenho: originalidade, capacidade de

renovação e de adaptação à realidade, envolvendo realização para objetivos orientados e

solução de problemas estéticos ou científicos, persistência nas atividades visando o

desenvolvimento, avaliação e elaboração de idéias originais.

Após pesquisas e testes realizados com alunos, chegou-se a conclusão

que o alto Q.I. não implica necessariamente numa alta criatividade; o impacto dessa

constatação foi grande, pois há muitas escolas que priorizam o aluno inteligente

relegando para um segundo plano o aluno criador.

Wallach e Kogan, no livro “Moldes of Thinking in Young Children”,

relatam suas experiências estudando o comportamento das crianças que associam em

graus diversos, criatividade e inteligência, tendo isolado 4 grupos:

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XIV

1 - alta criatividade e alta inteligência;

2 - alta criatividade e baixa inteligência;

3 - baixa criatividade e alta inteligência;

4 - baixa criatividade e baixa inteligência.

Cada um deles com características próprias que podem ser manipuladas

pelos professores, salientando que o clima emocional livre de tensões excessivas pode

ajudar a criança a desenvolver suas potencialidades tanto criadoras como intelectivas.

1.1.1 - Análise da Atividade Criadora

De Hann e Havighurst definem a atividade criadora como sendo “uma

atividade que visa a produção de algo novo, seja uma nova invenção técnica, uma nova

descoberta da ciência ou uma nova realização artística. Dentro dessa definição

enquadramos o ensino do Desenho no Ensino Médio/Técnico, objeto de nossa

experiência profissional e enfoque no conteúdo desse estudo.

De Hann e Havighurst distinguem cinco estágios no processo de

atividade criadora: o período de sensibilidade crescente para o problema, o período de

busca, a pausa, o momento da inspiração criativa e o período de confirmação.

O primeiro estágio se caracteriza pela crescente consciência de uma

necessidade ou pela sensibilidade crescente para um problema. Trata-se de um vago

sentimento de que alguma coisa não está totalmente direita ou que existe a oportunidade

de experimentar alguma coisa diferente, bastando que ela pudesse ser formulada. Essa

sensibilidade para uma necessidade própria ou para um problema externo é um dos

aspectos mais importantes do ciclo criativo.

O segundo estágio é o período de busca, de procura, de pesquisa. Tanto

pode ser a procura de uma maneira de expressar uma vaga idéia surgida na primeira

fase, como pode ser a busca de uma resposta para o problema que se colocou. O

problema se define melhor. A pessoa trabalha energicamente na procura, mas se a

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XV

solução ou a técnica correta de expressão não aparece a energia diminui gradualmente e

é substituída por um crescente sentimento de frustração.

Se um progresso contínuo não é feito durante o período de procura,

inicia-se então o terceiro período do ciclo criativo que poderia ser chamado de “plateau

stage” ou período de pausa, de estabilização. Não há um progresso perceptível na busca

de solução. Pode ser um período de descontrole emocional para o indivíduo. Contudo, é

também um período de uma busca inconsciente de uma solução, pois no interior do

indivíduo o problema se reorganiza e se reintegra.

O quarto estágio do ciclo criativo é o momento da inspiração criativa.

Sua natureza varia de indivíduo para indivíduo. Varia também de acordo com o

problema a ser resolvido ou a necessidade a ser preenchida. O período de inspiração

criativa muitas vezes produz uma avalanche de idéias e impressões que o desenhista ou

pensador criativo se esforça por captar com a pena, antes que desapareçam. Esse

período é vivido intensamente e envolve comprometimento emocional e intelectual.

Uma interferência ou interrupção (por exemplo para uma correção da escrita,

linguagem) pode perturbar as idéias formadas e com isso o indivíduo atento em captá-

las.

O período final do ciclo criativo é o período da confirmação. A solução

do problema é julgada, elaborada, desenvolvida totalmente, integrada no campo do

conhecimento e comparada pelo julgamento de outras pessoas.

Esses estágios do ciclo criativo são indistintos, particularmente nas

crianças. As crianças geralmente são incapazes de suportar muita tensão e rejeitam o

problema ao invés de permanecerem com ele e sofrerem a inquietação do período de

“pausa”.

É preciso não confundir desenho com educação das artes musicais ou

plásticas, devendo ser interpretado no sentido amplo de uma educação estética.

Num ambiente favorável, a criança é impulsionada a criar, sendo o

incentivo à criatividade condição indispensável para o desenvolvimento adequado das

atividades escolares.

Para exemplificar, através da evolução do desenho da figura humana,

desde a fase do significado emocional impresso nas formas e dimensões até o realismo

gráfico e da interpretação subjetiva, constatamos a participação de toda a personalidade

no processo de desenvolvimento e da maturação.

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XVI

Podemos observar, inclusive, segundo ilustrações inúmeras, como a

criança evolui na sua concepção da figura humana, e na própria elaboração do par

humano, ou seja, das duas figuras juntas e complementares - homem e mulher.

Atualmente, grande ênfase é dada à educação da sensibilidade do aluno,

uma vez que está diretamente ligada ao desenvolvimento da sua afetividade e

inteligência, favorecendo condições positivas de ajustamento pessoal e de integração, ao

meio. As atividades criadores são imprescindíveis ao processo educativo, pois levam o

indivíduo a um equilíbrio significativo em relação a si mesmo e aos demais.

A manifestação gráfica artística e livre, por outro lado, favorece a

incorporação de disciplina interna, de harmonia, e novas descobertas perceptivas e

experiências emocionais. O sentido de equilíbrio, proporção, ritmo, a descoberta do

mundo das formas, cores, linhas e volumes, em suas infinitas combinações, favorecem

na criança uma atividade contínua de discriminação, de planejamento, de organização e

de assimilação racional que irá ajudá-la a elaborar o universo da ação, em termos de

pensamento mais enriquecido e amplo; através do desenho, entre outras atividades, terá

oportunidades de canalizar tensões, conflitos, ansiedades buscando formas de afirmação

pessoal positivas e válidas para si mesmo e para o ambiente.

Já são muito conhecidas as diversas experiências realizadas com grupos

de alunos desajustados que muito se beneficiam de atividades livres e artísticas,

conseguindo não só a liberação dos seus conflitos como também uma estabilidade

emocional que não possuíam. A família igualmente está sendo visada nesses programas,

como bem demonstra a experiência da arteterapia familiar realizada com pacientes

jovens esquizofrênicos, na qual toda a família participa das sessões de tratamento

através de desenho espontâneo e pintura. Naturalmente, há o controle e a interpretação

dos conteúdos simbólicos apresentados nas produções artísticas.

Por outro lado, a escola através do ensino do desenho (se inserido no

contexto das artes) pode utilizá-lo como recurso de transmissão cultural, pois o

conhecimento dos tesouros da cultura constitui um dos aspectos imprescindíveis ao

processo integrativo da educação através da arte. Admite-se que o processo criador

“implica numa consciência própria do seu valor” e “num pensar por si mesmo” que leva

o aluno ao espírito de observação e à crítica construtiva. Na sociedade moderna o papel

das atividades artísticas é surpreendentemente humanizador, daí a responsabilidade que

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XVII

cabe aos professores de desenho, pois deles também irá depender o sucesso da educação

artística.

Os educadores devem favorecer o enriquecimento de vida das crianças e

dos adolescentes, aproveitando as suas potencialidades que, em grande número de

casos, não se desenvolvem por falta de oportunidade.

O processo criador é concebido como aquele no qual o homem manipula

símbolos externos ou objetos como meios de auto-expressão e atualização para produzir

um acontecimento diferente seja para ele ou para o meio.

Em termos de comportamento, uma atitude de atividade autenticamente

criadora representa sempre uma resposta adequada e construtiva de uma pessoa ou de

um grupo para uma nova situação e uma resposta mais adequada para uma antiga

situação.

A educação da sensibilidade perceptual, estética, emocional, social e

intelectual favorece no jovem experiências originais, estando ligada à da expressão da

identidade individual, numa forma de comunhão consigo mesmo, com os outros e com a

natureza.

1.1.2 - Importância do desenho no processo educativo.

O processo educativo tem por objetivo desenvolver as potencialidades do

indivíduo devendo, portanto utilizar recursos que favoreçam a expansão e a afirmação

da personalidade do educando.

Por outro lado, todo ser possui capacidade criadora que poderá ser

desenvolvida e canalizada para diversas atividades e setores de realização pessoal.

Não é a “originalidade” que é inerente à natureza da criança, mas sim a

expressão direta da sua própria individualidade que vê, sente e vivência. Daí a

espontaneidade das suas manifestações artísticas e do seu pensamento criador.

Não se pode exigir da criança desde logo a intensificação de capacidade

como da observação, da análise, do controle intelectual devido aos limites impostos

pelo seu nível evolutivo. Os novos métodos de ensino do desenho têm por principal

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XVIII

objetivo o de conservar o prazer que a criança encontra no manejo das técnicas

permitindo que, de certa forma, ela descubra suas próprias potencialidades criadoras.

O importante é criar um ambiente que induza a criança a exteriorizar o

rico e animado mundo de imagens que formam sua mente. Para que haja essa

exteriorização é necessário condicionar na criança a confiança em si mesma, e para isso

é preciso que o professor tenha habilidade e tato. A criança absorve e assimila com

incrível facilidade o que lhe for dado como estímulo, daí o perigo de se acomodar a

sofisticação tão amplamente difundida nos estímulos ambientais seja dos livros, das

revistas ou dos filmes. Excluir essas influências é de todo impossível, mas o bom

professor poderá dar uma orientação válida aos seus alunos.

Quando o adulto se refere ao mundo mágico da infância procura muitas

vezes disfarçar a sua incapacidade para aprender o sentido profundo de certas

manifestações da criança. No que se refere à expressão livre da criança a palavra

“mágico” não tem sentido, pois ao expressar-se livremente ela apenas obedece a um

impulso profundo de organização da sua vida psíquica e dos dados que a realidade lhe

oferece.

Piaget demonstrou, por exemplo, que é pela expressão livre “que a

criança consegue apossar-se do seu EU, inserindo o que sente e o que pensa do mundo

de realidades objetivas e comunicáveis que constitui o universo material e social” Pelas

suas manifestações espontâneas, a criança consegue assim situar-se no mundo que lhe é

oferecido, pondo a representação da realidade ao mesmo nível de suas vivências.

Portanto, a sua linguagem, através do desenho, tem, por isso mesmo, uma sintaxe

própria que traduz imediatamente a sua forma de percepção, de discriminação e de

valorização da realidade.

Por outro lado é erro grave procurar traduzir em termos de experiência

adulta as manifestações criadoras da criança, cabendo respeitar os termos que a criança

utiliza para expressar-se. Assim, se ela desenhar uma casa sem portas ou janelas, pode

ocorrer a um adulto que deva explicar que a realidade não é assim, chegando com isto a

mudar seu modo de desenhar. No entanto dentro dela, a casa continuará sem portas ou

janelas. Tal imposição da realidade se insistente e mal orientada só contribuirá para

inibi-la daí por diante.

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XIX

Sabemos que para a criança o ato de criar é mais importante que o

trabalho realizado, atrás Spencer já dizia em 1853 - “não importa se a criança faz bons

ou maus desenhos, mas sim saber se ela desenvolve ou não suas capacidades criadores”.

Mas como educar o homem pelo desenho? Há de apanhar-se o homem na

infância, não pretendendo que se transforme num artista, uma vez que nem todos são

dotados igualmente para o desenho e/ou a arte, entretanto, a função estética pode ser

desenvolvida em todos, a um grau que permita pelo menos a participação da emoção

criadora.

Sabemos que o amadurecimento pessoal se faz através das experiências

adquiridas pelo indivíduo; assim, o exercício e treinamento da capacidade criadora da

criança propicia melhores condições para a aprendizagem formal da escola.

Além do mais, é preciso esclarecer que o desenho - que geralmente se

insere na disciplina de Educação Artística no ensino fundamental - não é apenas mais

uma disciplina no currículo, mas uma diretriz fundamental pois seu objetivo é o de

prover a criança dos meios de se encontrar a si própria numa realidade que a cerca.

Portanto, é preciso que a escola esteja aparelhada ideológica e

materialmente para proporcionar aos alunos técnicas, meios e ambiente de liberdade,

onde possam desenvolver sua capacidade expressiva, construtiva e criadora e inventiva.

É preciso reforçar a certeza de que a formação integral da personalidade

do educando será incompleta sempre que se relegar a um segundo plano a expressão

criadora; impondo-se a necessidade da preparação de professores competentes e bem

orientados que possam levar adiante esses princípios.

O desenho das crianças é universal e só gradualmente se diferencia de

acordo com a nacionalidade ou a religião; até aos 7 anos, não se observa distinção

específica entre os desenhos das crianças de todas as partes do mundo, uma vez que se

exprimem numa linguagem universal de símbolos. Essa unidade fundamental de

sentimentos e de expressão nas crianças de todas as nações indica positivamente a

existência de uma base psicológica sólida sobre a qual possamos construir um mundo

humano, unido por laços naturais.

É preciso introduzir como diz Schiller, o gosto pela harmonia na

sociedade a fim de criar a harmonia no indivíduo.

Numa escola devemos considerar que o desenho não seria uma matéria a

mais, uma disciplina qualquer, mas um processo de ensino que se estenderia a demais

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XX

domínios e que pode unificar os demais, podendo animar tanto a história como a

geometria e transformar cada matéria numa atividade espontânea, num jogo criador em

que o ensino se insere necessariamente como uma resposta de espírito a um movimento

rítmico ou a um esquema significativo. A criança deve aprender a observar e organizar

formas e movimentos e a desenvolver habilidades específicas que facilitem a sua livre

expressão criadora, descobrindo a sua realidade e o mundo em que vive.

Para a educação é importante considerar que para o indivíduo o fato de

expressar-se livremente é muito mais significativo que o produto propriamente criado.

Não é na opinião que os outros formulam a respeito da coisa criada que reside o valor

psicológico da atividade criadora, mas sim no significado da coisa criada para a pessoa

que concebeu, pois é como uma extensão de si própria, uma parte dela.

1.2 - O Desenho como Material Didático

O desenho é poderoso auxiliar do professor para dar sentido mais

objetivo ao que estiver sendo exposto. Assim, todo professor deve esforçar-se por

desenhar, no quadro-negro ou cartolina, de maneira a tornar as suas palavras mais

concretas e melhor fazer-se compreender pelos seus alunos. Não é a arte que se visa,

mas tão-só a habilidade de representação gráfica das idéias, fugindo ao puro uso da

palavra.

O professor pode e deve desenhar no quadro-negro ou mesmo em

cartolina, com antecedência, para melhor representar ou ilustrar conceitos, fatos ou

idéias. Giz e lápis de cor dão mais vida aos desenhos.

Alguns riscos à guiza de croqui ou esquematização têm mais poder

persuasivo do que muitas palavras. É interessante introduzir o estudante, desde a escola

de 1º grau, na arte de desenhar suas idéias. Um bom processo é o de terminar uma aula

pedindo aos alunos que desenhem o que esta lhes sugere. Este procedimento é também

uma excelente forma de estudar a personalidade dos educandos.

Eis os recursos didáticos mais usuais que se utilizam do desenho:

- Cartazes

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XXI

Prestam-se à uma comunicação rápida de uma mensagem e exigem linhas

ou símbolos facilmente apreensíveis.

Desenhos coloridos e uma boa disposição dos elementos representativos

podem enriquecer muito os cartazes.

- Álbum seriado

É excelente recurso para o ensino de qualquer disciplina, sendo formado

por uma coleção de folhas ilustradas, contendo o desenvolvimento de um tema, de

maneira racional, objetiva, precisa e interessante. As ilustrações devem ser simples,

sugestivas e devem estar próximas ao texto a que se referem.

- Estórias em quadrinhos

São ótimos veículos de comunicação e excelente forma de estimular uma

série de atividades escolares, notadamente da leitura, redação, discernimento e

criatividade.

- Ilustrações

O desenho pedagógico é excelente recurso para elaboração de

ilustrações. Todo professor deveria receber adequada formação nesse campo, a fim de

poder ilustrar suas aulas no quadro-negro, preparar cartazes ou ilustrações outras que

facilitassem a transmissão da sua mensagem aos alunos.

Como recursos didáticos importantes nos quais o desenho se insere,

podemos citar ainda os mapas e os murais.

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XXII

CAPÍTULO II

A CONTRIBUIÇÃO DE PIAGET PARA O

ENSINO DO DESENHO E DAS ARTES

“Quando as palavras falham, eu

desenho”.

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XXIII

Leonardo Da Vinci

A literatura crítica, científica sobre o ensino e o aprendizado das artes é,

talvez, a que mais se desenvolveu nessas últimos tempos. A nosso ver, a influência da

criatividade é fundamental na formação progressiva do pensamento do aluno, da mesma

maneira o papel que desempenha o esforço da adaptação que se requer do aluno na

aprendizagem. Os observadores mais atentos dessa linha pedagógica de ensino sempre

destacaram a necessidade de se dar ao aluno a liberdade de pensamento e de ação que

favorecerá a expansão e aprendizagem da vida, liberdade essa que não quer dizer

desordem nem anarquia, pois, é claro que, do ponto de vista da liberdade do

pensamento, da sensibilidade e da ação, o aluno sente a profunda necessidade de uma

ordem própria que se lhe imponha pessoalmente e à qual quer submeter-se -

voluntariamente Piaget ao estudar a evolução do jogo, da imitação, do desenho e da

linguagem, sem separar os aspectos intelectuais e afetivos do desenvolvimento psíquico,

mostrou o papel das características das atividades gráficas da criança. No nosso

entender, o conhecimento da expressão gráfica do jovem constitui uma das mais

significativas e adequadas bases para essa orientação metodológica do nível do

desenvolvimento mental e social da criança e do adolescente. Os professores das classes

de 1º e 2º graus, compreendendo essas características do desenho infantil como

expressão gráfica das funções de representação, poderão criar planejamentos de ensino

harmoniosamente identificados com suas experiências visuais e motoras que colocam

em relevo. Para Piaget o desenho espontâneo acha-se relacionado com o jogo simbólico,

enquanto que o esforço de desenhar, segundo um modelo, desempenha um papel

essencial à técnica da imitação. Apesar de ampla e rica literatura especializada tratar da

caracterização do desenvolvimento dos desenhos infantis espontâneos, desde a obra

clássica de G.H. Luquet, O Desenho Infantil, a classificação de Piaget parece-nos mais

próxima das características gerais da evolução gráfica. A nosso ver, o seu conhecimento

permite criar condições para um progresso contínuo da expressão gráfica nas escolas. A

fixação das três fases do desenvolvimento, compreendendo o estágio da garatuja, o

desenho simbólico com seus estágios da “imagem defeituosa” e a “imagem

intelectual” e a última fase, e da “imagem visual” dos oito aos nove anos, quando a

criança sente a necessidade cada vez mais intensa de reproduzir a realidade como a vê

na prática, constitui um poderoso instrumento didático do professor contra as

perturbações da visão gráfica do adulto que deformam a inibem as potencialidades

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XXIV

gráficas infantis na escola primária. O próprio Piaget num trabalho específico sobre a

educação artística e a psicologia da criança se surpreende ao observar que a criança

pequena parece melhor dotada que a criança de mais idade nos domínios do desenho, da

expressão simbólica e, às vezes, também, em música.

A idéia que se tem, no domínio da expressão artística, é a de que existe

um retardamento, ao contrário do que acontece em relação às funções intelectuais ou

aos sentimentos sociais, quando se nota um progresso mais ou menos contínuo. Piaget

acha difícil estabelecerem-se estágios regulares das tendências artísticas. Sabe que a

criança pequena exterioriza espontaneamente a sua personalidade e as suas experiências

interindividuais, por intermédio dos elementos de expressão que estejam à sua

disposição, como o desenho, a modelagem, o simbolismo, o jogo, a representação

teatral, o canto, etc. Sabe também que a ação do adulto, da família e do próprio meio

escolar contribuem, quase sempre, para “frear ou contrariar tais tendências, em vez de

enriquecê-las”. Em resumo, o pesquisador suíço pergunta de onde vem o obstáculo

“que tão freqüentemente esteriliza tais tentativas e, às vezes, as interrompe

completamente - pelo menos até aquele novo progresso da expressão estética que marca

a adolescência - quando deveriam desenvolver-se de maneira contínua? “A resposta,

por demais conhecida, é a imposição dominadora, castradora, das diretrizes didáticas

dos sistemas tradicionais de Educação. Do ponto de vista intelectual, observa ainda

Piaget - a escola impõe muito freqüentemente “conhecimentos todos elaborados em

lugar de estimular a sua busca; mas pouco se nota isso, porque o aluno que repete

simplesmente o que o fizeram aprender parecer apresentar rendimento positivo, sem que

suspeite de tudo aquilo que esteve a encher de atividades espontâneas, ou de fecundas

curiosidades”. Mais uma vez se repete o que os artistas modernos mais expressivos

sempre advogaram no ensino das artes: nas artes plásticas, o desenho não é a cópia de

um modelo ou objeto colocado na frente da classe, nem a representação de um modelo

desenhado previamente pelo professor para que os alunos o copiem. O desenho é

compreendido mais abrangentemente, como uma atividade a qual se utiliza dos mais

variados materiais de trabalho, aproveitando-se assim as mais profundas necessidades

da criança e do adolescente na sua procura de expressão e comunicação. Na

reorganização do ensino do desenho para 1º e 2º graus de ensino, algumas evidências

devem ser levadas em consideração. Luquet como o autor norte-americano Viktor

Lowenfeld mostraram como, durante largo período de sua formação, as crianças vivem

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XXV

um “realismo intelectual”, procurando desenhar o objeto e tudo o que sabem a seu

respeito, reproduzindo o interior invisível do mesmo como se fora transparente (fase da

transparência), lançando mão dos diferentes pontos de vista da perspectiva, como a

confundir uns com os outros. Os educadores não podem, pois, desprezá-la, na sua

oposição ao “realismo visual”, mais característico do adulto. É natural que, à medida

que vai crescendo, a criança apresente suas produções gráficas mais próximas ao

“realismo visual”. Mas o que se reprova, entre principalmente os professores que

desconhecem as características desse processo evolutivo, é a imposição precoce dessa

fase adulta de ver a realidade, tornando impossível qualquer linguagem gráfica mais

aberta ligada à textura, à matéria, à cor e ao poder expressivo das formas. Na

reorganização do ensino do Desenho, as categorias beleza e verdade assumirão então

novos dimensionamentos humanos porque são apropriadas, interiormente, pelos

próprios sujeitos do processo educativo, os alunos.

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XXVI

CAPÍTULO III

AS APTIDÕES RELACIONADAS AO DESENHO

“O ensino do desenho usa

desenvolver, nos adolescentes, o hábito de

observação, o espírito de análise, o gosto

pela precisão, fornecendo-lhes os meios de

traduzirem as idéias e de registrarem as

observações graficamente...”

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XXVII

Lúcio Costa

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XXVIII

Queremos abordar neste tópico, a importância significativa, emblemática

e elucidadora do desenho como elemento gerador e revelador de aptidões intelectuais e

traços psicológicos do ser humano. Vamos observar a descrição das aptidões que o

desenho pode ajudar a desenvolver, assim como as aptidões que, no sentido inverso, são

reveladas através dos desenhos (testes de orientação profissional).

3.1 - Aptidões intelectuais

- Inteligência geral - Trata-se de uma habilidade que engloba: juízo,

raciocínio, capacidade de estabelecer abstrações simbólicas, de criar, compreender e

perceber relações de sentido. Envolve também pensamento analítico, sintético e crítico,

capacidade para generalizar e discriminar. É a capacidade para resolver problemas,

independentemente de modelo prévio, e se expressa na facilidade para raciocinar,

planejar e criar.

Usamos a inteligência geral, por exemplo, no agrupamento de objetos

segundo princípios abstratos, na solução de pequenos quebra-cabeças, na resolução de

problemas de matemática, física, etc, independentemente de um modelo prévio.

A inteligência geral todos nós possuímos, havendo, no entanto, variações

de grau. Os autores concordam que esta habilidade de solucionar problemas, também

necessária em todas as ocupações, a partir do nível médio, é indispensável, em alto

grau, para profissões de nível superior. Isso porque essas profissões implicam em maior

liberdade de ação. Nem tudo nelas, aliás muito pouco nelas, está pré-determinado. Elas

exigem capacidade de planejamento e criação. É provável que numa profissão desse

tipo o indivíduo se defronte com maior número de situações novas de situações-

problema do que o operário que tem um ofício bastante definido e pré-determinado. Daí

a dificuldade que geralmente as pessoas com pequena dotação em inteligência geral

encontram ao tentar exercer atividades de nível superior.

- Aptidão abstrata - É a capacidade para descobrir relações e para

raciocinar através de símbolos, transformando-os em dados operativos; trata-se de uma

habilidade para descobrir, compreender e lidar com fórmulas abstratas. Essas fórmulas

podem ser apresentadas através de letras, palavras, números, figuras, etc. Assim, essa

aptidão abstrata aparece freqüentemente associada às aptidões verbal, numérica,

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XXIX

espacial e nos referimos a uma habilidade abstrato-verbal, abstrato-numérica ou

abstrato-espacial.

As pessoas que possuem em alto grau a aptidão abstrata são capazes de

encontrar, em conjuntos de elementos diferentes, o traço ou aspecto comum que os

relaciona seja ele de simetria, posição, diferença, semelhança ou forma.

O raciocínio abstrato é adquirido pouco a pouco. À medida que a

inteligência se desenvolve, o homem é capaz de raciocinar mais independentemente dos

elementos concretos da situação.

- Aptidão espacial - É a habilidade para manipular mentalmente objetos,

em espaço tridimensional, e lidar com material concreto mediante visualização. É a

capacidade para imaginar como seria um objeto depois de ser submetido a movimento

de rotação no espaço. Expressa-se também na capacidade de estabelecer relações entre

os espaços. Quando o motorista, por exemplo, consegue calcular exatamente em que

sentido deverá movimentar o seu carro, para que possa passar num lugar estreito, os

psicólogos que vêem uma manobra destas, considerada difícil, costumam dizer: “que é

espacial”.

- Aptidão mecânica. É a habilidade para compreender, perceber e

descobrir princípios de funcionamento de máquinas e aparelhos e transpor esses

princípios de uma situação para outra. Inclui capacidade para perceber as relações

dinâmicas e os movimentos, ou seja, a facilidade para raciocinar sobre mecanismos.

- Amplitude e rapidez de percepção - É a facilidade para discriminar e

localizar rapidamente os elementos da situação. Está relacionada também com a

extensão espacial percebida; conforme seu tipo de percepção dominante, o indivíduo é

levado a perceber o todo ou as partes de um conjunto de estímulos apresentados. Assim

temos: percepção global (visão predominante do conjunto), percepção de detalhes

(visão predominante de pequenas partes do conjunto) e percepção de pequenos detalhes

(visão predominante de pequenas partes ou minúcias do conjunto).

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XXX

3.2 - Aptidões artísticas

- A aptidão artística é fundamentalmente a disposição para compreender

e expressar o belo. Os autores em geral destacam vários fatores nessa aptidão: facilidade

de observação e percepção do ambiente, espírito crítico, imaginação criadora,

julgamento ou apreciação estética, originalidade e facilidade de expressão. A aptidão

artística pode ser expressa em diversas atividades.

- Aptidão artístico-plástica - É a facilidade para perceber a beleza estética

baseada na forma e na cor, bem como para realizar obras e trabalhos artísticos plásticos.

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XXXI

CAPÍTULO IV

UM ESTUDO DE CASO: O ENSINO DO DESENHO

NA ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL REPÚBLICA

“Aprender a desenhar é realmente

uma questão de aprender a ver - ver

corretamente - o que implica muito mais do

que ver apenas com os olhos”.

Kimon Nicolaides

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XXXII

Compondo o grupo de Escolas Técnicas ligadas à Fundação de Apoio às

Escolas Técnicas - FAETEC - órgão vinculado à Secretaria de Ciências e Tecnologia do

Governo do Estado do Rio de Janeiro -, a Escola Técnica Estadual República será

objeto de enfoque em nosso trabalho em virtude da nossa experiência profissional na

referida escola desde 1998.

A Escola Técnica República foi inaugurada em 07/05/96 e situa-se em

Quintino, precisamente à rua Clarimundo de Melo, 847, ocupando uma área de

aproximadamente 300.000 m2, no complexo onde por muitos anos funcionou a extinta

Escola XV de Novembro (FUNABEM).

A escola conta com um corpo docente de 243 professores e 62

funcionários perfazendo um total de 305 pessoas responsáveis por seu funcionamento

pleno. O corpo discente é formado por cerca de 4.500 alunos de 2º grau técnico

distribuídos em cursos de: Eletrônica, Informática, Enfermagem, Mecânica e

Telecomunicações.

As disciplinas de desenho estão presentes na Formação Técnica dos

cursos de: Mecânica (Desenho Básico, Desenho de Projetos, Desenho Técnico I e II),

Telecomunicações (Desenho Básico) e Eletrônica (Desenho Básico, Desenho de

Projetos, Desenho Técnico I e II).

Vale a pena observar que nas disciplinas de Formação Geral os alunos

recebem em seu currículo 80 horas de Educação Artística. Já na Formação Técnica a

carga horária das disciplinas de Desenho é a seguinte:

- Desenho Básico - 80 horas;

- Desenho Técnico I - 40 horas;

- Desenho Técnico II - 40 horas;

- Desenho de Projetos - 80 horas.

O acesso dos alunos à Escola se dá através de concurso público numa

relação média de 7 candidatos/vaga.

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XXXIII

4.1 - O Desenho no Processo de Formação Profissional de Nível Médio.

O mercado nos dias de hoje exige cada vez mais qualidade dos

profissionais de nível médio e essa qualidade se reflete também na versatilidade. Exige-

se hoje que o profissional tenha abrangência de conhecimentos além de sua

especialização, seja através de outros cursos e/ou do interesse, do poder de adaptação,

de improvisação, de iniciativa e discernimento do mesmo.

O profissional com função específica está se extinguindo. O trabalhador

tem que ser polivalente, além de ser capaz de trabalhar em equipe para solucionar

problemas e desenvolver potencial criativo. As novas tecnologias exigem e empurram

os profissionais para esse perfil complexo e abrangente de comportamento dentro das

empresas.

Hoje, de maneira geral as empresas investem em programas de

capacitação e qualificação de seus funcionários para que essa demanda de mercado

venha sendo atendida. Podemos afirmar, portanto, que a principal exigência do mercado

nos tempos atuais consiste em que o trabalhador não seja apenas parte do processo

produtivo de uma empresa, mas que esse mesmo trabalhador faça parte do processo

criativo da empresa. Criatividade, portanto, é nos dias de hoje, matéria-prima para se

compor um bom profissional na área técnica.

Cabe-nos, portanto, mencionar e relacionar a importância do Desenho na

composição desse profissional moderno que o mercado exige. Por toda a análise que já

fizemos ao longo desse trabalho, fica evidenciada a relação do desenho como atividade

fundamental no processo criativo do ser humano. Mas será que os alunos têm a devida

consciência disso? Qual a importância que os jovens alunos dos cursos técnicos nos

quais lecionamos na ETE República atribuem a essa disciplina? Vamos enfocar essas

questões nas considerações subsequentes.

A princípio, quando os alunos se deparam com a disciplina de Desenho

Básico - primeira da sequência das disciplinas técnicas de Desenho -, demonstram seu

desconhecimento com relação ao conteúdo programático da mesma, relacionando-a

com Desenho Artístico. Elucidadas essas dúvidas, passam a perguntar-se e aos mestres:

“Para que aprendemos isso?” A verdade é que revelam nesse questionamento um

sentimento depreciativo em relação à disciplina.

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XXXIV

A minimização da importância do Desenho se revela na dúvida seguinte

que os alunos manifestam: “Desenho reprova?” O que nos causa estranheza é que até

alguns professores apresentam concepções semelhantes em relação à disciplina. Julgam

talvez, esses professores e alunos, que disciplinas como: Matemática, Física, História,

Geografia, etc. independem completamente do Desenho, ou ainda, que o Desenho não

tem influência no entendimento e contextualização das mesmas por parte dos alunos.

Os alunos muitas vezes levados por essa distorção conceptiva tendem a

deixar o Desenho em segundo plano na prioridade de dedicação, assim como em relação

à utilização do material, que relutam por muitas vezes em adquirir. Vale salientar que

essa relutância não se deve ao fato do material ser oneroso já que o mesmo apresenta

opções variadas de preço e qualidade.

Desse modo, todo o esforço tem sido feito pelos professores de Desenho

para demonstrar aos alunos que o encadeamento e a inter-dependência das disciplinas

não se dá apenas no âmbito da sua formação técnica. Servem também para o bom

desempenho e desenvolvimento, não só em outras disciplinas da formação geral, como

também para a vida prática.

Para relacionar com o conteúdo programático inicial (Desenho Básico e

Desenho Técnico I), estão sendo utilizados exemplos relacionados a vida prática dos

alunos, como representação de situações e objetos do seu cotidiano. O resultado tem

sido bastante satisfatório. Outra postura que foi adotada é da utilização de objetos reais

do invés de simplesmente desenhados no quadro, para suprir eventuais dificuldades de

visualização.

As relações de escala, noção de profundidade, de volumetria, de

perspectiva e de proporções se desenvolvem na disciplina e os alunos são instigados à

relacionarem esses conceitos à outras situações. Percebem que estão com a visão mais

“aberta”, ou o que chamamos de visão espacial - capacidade de visualizar objetos no

espaço, estejam eles fixos ou em movimento, além da noção de distância e direção.

Logo são levados a perceber o quanto isso lhes será útil

profissionalmente e cotidianamente, ainda que até então não se tenham dado conta

disso.

Cabe-nos então, docentes, aprofundar esse entendimento, não querendo

dizer que deva haver uma “teorização” da disciplina, mas sim uma valorização não só

do fazer, do executar bem o desenho. A interpretação, a visualização e o entendimento

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XXXV

são ainda mais importantes que os aspectos práticos, pois são o fundamento para o

profissional criativo tão requisitado atualmente. Não adianta um aluno desenvolver um

desenho magnífico de maneira “automática”, sem discernir aquilo que está representado

e ter, sobre aquilo que está desenhado uma consciência crítica. Apesar de ser constante

a ocorrência de situações em que o aluno desenha muito bem mas não interpreta tanto

quanto, devemos lutar contra isso pois não estamos formando robôs ou

microcomputadores.

É importante que os alunos desenvolvam aquele “olhar desembaçado” e,

sem cerimônia, em relação ao desenho. É preciso que se sintam capazes de produzir,

conhecer e apreciar o desenho e de desenvolver sua sensibilidade.

A nossa missão é formar pensadores, seres capacitados para visualizar

problemas presentes e mais importante ainda, problemas futuros, antecipando o que está

por vir no acompanhamento das novas tecnologias.

O nosso ideal para a formação de um bom aluno de Desenho é que ele

chegue ao final do curso sabendo desenhar, visualizar e interpretar, ter conhecimento do

desempenho e funcionamento daquilo que está desenhado, do seu movimento e

produção, tendo condições de pensar no sentido crítico da palavra, investigativo, do

porquê daquele elemento ter aquele perfil, aquela forma e não outra. Essa é a função

que o Desenho desempenha na formação profissional de nossos jovens alunos e no

papel criativo e propositivo que hão de desempenhar por exigência de suas futuras

vivências profissionais. Devem ter o dom da inquietação e da investigação contestativa

da plástica e da forma, dos cheios e vazios, do concreto e do abstrato.

Outro ponto importante a ser abordado é o da questão comportamental

dos alunos na sala de aula de desenho: observa-se que o comportamento dos alunos na

sua generalidade - incluindo aí os mais “agitados” em outras disciplinas - é muito bom.

Toda a agressividade e agitação inerente à essa fase de suas vidas, são auto controladas.

O clima é ameno e vale salientar que não é cobrado dos alunos o mesmo silêncio que

estes precisam para outras disciplinas. A aula segue, sendo comum inclusive que os

alunos entretidos passem a cantarolar ou assobiar de maneira comedida, demonstrando

relaxamento. Podemos afirmar que a aula de Desenho tem um perfil “terápico”, uma

“atmosfera” mais leve que se reflete na ausência quase total de desgaste nas relações

entre professores e alunos, o que não se repete em outras disciplinas.

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XXXVI

4.2 - Diagnosticando Aptidões e Vocações.

Existe, no entanto, um problema no sistema de organização educacional

da Escola República, que diz respeito à postura dos alunos em relação dos cursos

técnicos nos quais estudam. Muitos decepcionam-se com o conteúdo do curso escolhido

por desinformação, outros contentam-se e resignam-se com cursos que não são de sua

preferência, por não conseguirem a pontuação necessária para tal. Como a escolha dos

cursos precede à prestação do concurso para a Escola, assim como a distribuição do

quantitativo de vagas, temos um problema de difícil solução.

Levando-se em consideração que, de maneira geral nossos alunos não

tem referencial vocacional para buscar sua escolha corretamente, muitos apresentam

rendimento baixo relacionado à frustração e desinteresse à respeito do curso que fazem.

Há ainda os casos de alunos que optam por um determinado curso por

razões diversas (influência dos pais, mídia, etc.), achando ser esta a sua verdadeira

vocacão, mas na verdade não fizeram a opção mais “correta”. Em outras palavras, o

aluno “quer” fazer determinado curso, mas sua vocacão está voltada para outro. Isso é

facilmente perceptível através de conversas com os alunos, que demonstram interesses e

habilidades para alguns tipos de atividades e falta de ambos para outras. Não queremos,

no entanto, dizer que os alunos não devessem cursar nessas situações. O que

pretendemos é abrir uma discussão mais ampla sobre o assunto.

Por outro lado, na questão específica das disciplinas de Desenho, alguns

alunos já iniciam o estudo demonstrando desânimo, pois julgam-se incapazes de

apresentar um bom desempenho com uma frase simples e direta: “Eu não levo jeito

para Desenho”.

É claro que alguns alunos não estão de todo errados quando fazem esse

tipo de afirmação, ou seja, têm de fato grande dificuldade ou mesmo falta de habilidade

para o Desenho. O que precisamos na verdade é fazer uma medição da aptidão de

nossos alunos.

Vale a pena então citarmos a definição de aptidão: “condição ou conjunto

de características consideradas sintomáticas da facilidade com que o indivíduo pode

adquirir, mediante treinamento adequado, conhecimentos, destrezas ou conjuntos de

reações usualmente especificados, como a habilidade para falar um idioma estrangeiro,

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compor música, etc. (Warren, 1956). Portanto, podemos afirmar que o indivíduo que

não tem aptidão para o desenho terá mais dificuldade no aprendizado e não

impossibilidade de fazê-lo.

Entretanto, é bom lembrar que inúmeras aptidões se manifestam

tardiamente, ou mesmo nunca se manifestam por falta de estímulo ou oportunidade.

Mas por outro lado, há também o caso dos indivíduos que se sobrepõe às suas fracas

aptidões em determinada área por terem tido, não só oportunidades que lhes permitiram

desenvolvê-las, como também bastante tenacidade e aplicacão de esforço nesse sentido.

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XXXVIII

CAPÍTULO V

A APLICACÃO DOS TESTES PSICOLÓGICOS

“No domínio material, o desenho

ensinaria a ver, a pensar, a comunicar, a

produzir; no espiritual, ensinaria a encarar

a vida, inventar, a libertar a mente.

Lourenço Filho

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XXXIX

É dentro do contexto apresentado até aqui, que apontamos os testes

psicológicos como diagnóstico necessário para trabalharmos as deficiências

apresentadas. Quando se trata de educação é preciso sempre lembrar que é mais lógico

adaptar a escola ao aluno, do que o aluno à escola. O ensino deve atender às diferenças

individuais dos alunos e respeitar suas características pessoais, uma vez que a sua

principal função é a de facilitar o desenvolvimento pleno de cada aluno.

A aplicação dos testes serviria para localizar, analisar e identificar as

causas das dificuldades dos alunos em todas as áreas de suas atividades e avaliar as

áreas de aprendizagem e ajustamento tanto positivas quanto negativas.

Muitas vezes, o coeficiente de inteligência é o mesmo em diversos

alunos, mas a análise dos fatores e aptidões investigados como, por exemplo, memória,

capacidade de relações espaciais, raciocínio lógico, raciocínio aritmético, capacidade de

conceituação verbal divergem muito, necessitando o professor e o orientador de

informações precisas para poderem ajudar os alunos de maneira mais efetiva nas suas

atividades escolares.

Por outro lado, sabemos que os efeitos das dificuldades não

diagnosticadas a tempo são cumulativas e, a despeito da competência dos professores e

eficácia dos métodos de ensino, os alunos permanecem “problemas” e, por outro que,

quanto mais específicas forem as informações dos testes, mais exatas e eficientes

poderão ser as medidas corretivas.

Vale a pena ressaltar que esse programa de avaliação deve estar

associado aos objetivos da educação, uma vez que é função essencial da orientação

atender às necessidades dos alunos, respeitando, naturalmente, a estrutura funcional do

ensino, a articulação dos níveis de ensino e a realidade escolar, adotando medidas

práticas e instrumentos padronizados úteis.

Com base nos resultados, poderíamos atuar nas dificuldades de cada

aluno, com base num conteúdo programático básico, elaborado especificamente para o

desenvolvimento de cada indivíduo e alavancar seu desempenho para as disciplinas de

Desenho.

A aplicação dos testes psicológicos apontaria as potencialidades dos

alunos que possam ser canalizadas no curso que estejam fazendo, seja este o escolhido

ou não. Com isso, teríamos condições de criar áreas de interesse dentro de cada curso. O

nível de rendimento certamente seria melhor, minimizando as frustrações. Dentro das

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XL

características de cada aluno reveladas pelos testes, poderíamos “descobrir” neles a

capacidade de tirar proveito de um curso que a princípio não lhes convinha, em função

das áreas de interesse criadas em cada curso para esse fim. Poderíamos revelar também

que o curso para o qual o aluno acha que tem tendência e que por isso escolheu, pode

não ser o de suas aptidões naturais. Isso não quer dizer que se vá “violentar” a vontade

do aluno, mas sim de fazer com que aproveite essa oportunidade através daquilo que

possa lhe dar prazer dentro do próprio curso.

Por outro lado, através do cruzamento de resultado e informações obtidos

nos testes, poderíamos remanejar os alunos com base em suas aptidões reveladas,

fazendo as trocas de curso que fossem viáveis dentro do sistema da escola, mediante a

participação dos pais.

O uso de testes na escola pressupõe planejamento de ação; assim,

qualquer programa de testes na escola deverá ter objetivos próprios e específicos.

A fim de se poder avaliar a utilidade das informações trazidas pelos

testes, seria interessante lembrar alguns dos problemas que os professores procuram

solucionar:

- Qual será o melhor programa de ensino para um determinado aluno?

- Em que nível deverá ser dado tal curso ou matéria?

- Qual o método de ensino mais adequado para determinado aluno?

- Quais as aptidões deste adolescente?

- Quais as dificuldades de aprendizagem que apresenta aquele aluno?

Contudo, para bem aproveitar essas informações e resultados, temos que

considerar os testes como recursos e técnicas sistemáticas que servem para observar,

registrar e explicar a conduta humana.

A utilização dos resultados obtidos por um programa de testes na escola

beneficiará professores, orientadores, diretores, pais, psicólogos e os próprios alunos.

A direção da escola utiliza-se dos testes, como meio de manter o

chamado “controle quantitativo” sobre o sistema escolar, observando a média dos

resultados dos testes das turmas e da escola, como um todo, em relação às normas e

padrões das demais escolas vinculadas à FAETEC, e obter informações sobre o nível de

eficiência de sua escola.

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XLI

Os professores podem utilizar os resultados dos testes para obter

melhores informações sobre as aptidões dos alunos em todas as classes, podendo

comparar resultados dos testes de aptidões acadêmicas com os de rendimento, fazendo

um melhor diagnóstico das dificuldades dos alunos e planejarem técnicas e recursos de

reeducação.

Através das normas estabelecidas e dos perfis individuais, o professor

poderá identificar os pontos positivos e negativos dos seus alunos, assim como localizar

as áreas de dificuldade de aprendizagem.

Poderão assim, todos os agentes citados acima, através da análise dos

resultados dos testes, planejar a melhoria do sistema educacional, do programa de

ensino e das técnicas e métodos empregados, incentivando a relação da escola com a

comunidade e fazendo com que os pais e professores participem igualmente das

atividades da escola.

Em síntese, defendemos a tese de que a aplicação dos testes psicológicos

favorece os objetivos da educação, uma vez que, através dos dados e informações que

fornece, ajuda o aluno a desenvolver suas habilidades e aptidões, além de evitar

dificuldades de aprendizagem e de adaptação escolar. Por outro lado, auxilia o professor

na sua tarefa educativa, contribuindo com estudos valiosos para o conhecimento mais

seguro dos alunos, para a revisão de sua atuação profissional e dos métodos de ensino,

sendo instrumento indispensável para o orientador e psicólogo escolar e, finalmente

serve aos professores e à comunidade em geral, favorecendo em última análise o

desenvolvimento de indivíduos que devem se caracterizar por realizações pesssoais e

contribuições significativas para a sociedade.

5.1 - Etapas de um Programa de Testes na Escola

A) Determinação dos objetos propostos

Um programa de testes na escola deve ser cooperativo, ou seja, os

membros do corpo docente e da direção devem participar da definição de seus

objetivos, o que acarretará em maior interesse e participação dos professores pelo

próprio programa.

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XLII

Um programa de testes na escola deve, ainda, ser prático, visando

conseguir dados e informações necessárias, de acordo com as finalidades propostas,

bem dosado, sem ser pretensioso, no sentido de não querer cobrir inúmeras áreas nem

ser por demais extenso, incluindo testes em demasia e com objetivos muito vagos. A

continuidade do programa possibilitará o acompanhamento sistemático dos alunos.

B) Seleção das técnicas e testes adequados.

Será interessante, então, definir quais as características básicas dos

testes de rendimento escolar, de inteligência, de interesses, de aptidões, para poder

julgar quais os mais oportunos e adequados para a nossa escola.

Tanto os testes de rendimento, de aptidões ou de inteligência podem

medir a probabilidade de êxito ou fracasso em futuras aprendizagens, o que nos leva a

pensar que testes de inteligência são testes de aptidões, testes de rendimento são testes

de aptidões e testes de aptidões, naturalmente, são testes de aptidões.

Convém selecionar testes de rendimento em matérias importantes e

utilizá-los como previsores de sucesso escolar, sobretudo, quando houver aproximação

e identidade entre os cursos passados e futuros. Quanto aos tipos de questões utilizadas

podem ser de múltipla escolha, completamente, certo ou errado; correspondência ou

ordenação.

Uma outra alternativa de escolha de testes para um programa na escola

seria a utilização das baterias de testes de aptidões diferenciadas que, em geral,

incluem medidas de aptidões verbais, numéricas, mecânicas, de rapidez de percepção,

de raciocínio abstrato e espacial.

Em última análise, a escolha dos testes estará na dependência direta do

que se pretende atingir quando se impõe uma orientação profissional é necessário

programar testes de inteligência, de aptidões e de interesses.

C) Aplicação das provas e testes.

Quanto à questão de quem deve aplicar os testes, provas de escolaridade,

poderão ser aplicados pelos professores; inventários de interesses, pelos orientadores;

contudo os testes de aptidões específicas, de personalidade e de inteligência devem ser

aplicados e interpretados pelos psicólogos.

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XLIII

Quanto ao procedimento a seguir: o ambiente deverá ser controlado, o

horário predeterminado e respeitado, evitando-se interrupções e motivos de distrações

dos alunos, as instruções respeitadas e as observações anotadas sobre o comportamento

dos indivíduos, durante a aplicação das provas.

D) Correção das provas e testes.

Quanto às chaves de correção deverão ser sempre estudadas, sendo

preferível, quando a correção é feita em grupo, que cada avaliador corrija só uma parte

ou página do teste, para reduzir a possibilidade de erro e aumentar a rapidez da

correção. É preciso fazer sempre um controle da correção e da conferência dos

resultados totais.

E) Análise e interpretação da pontuação.

A análise e interpretação da pontuação são processos paralelos. A análise

seria inútil sem a interpretação, e esta impossível sem a análise, tanto gráfica, como

estatística. É preciso atentar para os seguintes aspectos da análise e interpretação dos

resultados:

- Classificação e tabulação da pontuação;

- Análise estatística de resultados;

- Análise gráfica e interpretação;

- Uso de normas e padrões;

- Análise de erros.

F) Controle dos resultados.

No tocante às anotações e registros de dados e informações obtidas é

importante que sejam feitas sistematicamente, uma vez que deverão estar preparadas a

fim de facilitar o controle do rendimento escolar e os progressos de escolaridade dos

alunos.

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XLIV

CONCLUSÃO

O desenho permeia todas as áreas do saber e precisa ter seu valor

reconhecido, como mais uma força de expressão e de linguagem tão importante e

necessária quanto todas as outras. O desenho precisa se mostrar significativo para

professores e alunos, através do fazer e de sua relevância no desenvolvimento dos

vários aspectos intelectuais e vocacionais que pode despertar no aluno.

O trabalho com Desenho na escola, seja no ensino fundamental ou

médio, pode caminhar bem próximo aos anseios dos nossos alunos, quando se propõe à

capacitá-los a “desembaçar os óculos” e verificar quantas e em quais situações

diferentes, o desenho já se fez presente em suas vidas. Como nas demais áreas do

conhecimento, o Desenho tem objetivos específicos que precisam ser trabalhados e

estes, por sua própria natureza, favorecem uma integração de conteúdos e conceitos

com as outras áreas, com a própria vida.

É de fundamental importância que o professor desenvolva atividades que

considerem a bagagem dos seus alunos, com vistas a ampliar vivências a partir do

reconhecimento e da valorização da própria cultura e de outras culturas.

Não é necessário nenhum recurso mirabolante, nem tampouco, nenhum

cenário especial. A sala de aula pode e deve ser um espaço privilegiado para o exercício

de um “viver ativo e criativo”, de um exercício gráfico permanente.

Com relação aos testes propostos, sua aplicação possibilitará medir o

desenvolvimento e o progresso dos alunos em relação aos objetivos educacionais,

diagnosticar as suas áreas positivas e negativas de aprendizagem, fazer o levantamento

dos perfis das aptidões acadêmicas, permitindo, assim, a avaliação do próprio ensino e

dos programas escolares.

É preciso deixar bem claro que a utilização de testes psicológicos

padronizados não pretende substituir um efetivo programa de avaliação educacional

planejado pelo professor da classe, através das provas de controle do rendimento

escolar.

Um programa de testes na escola deverá ter objetivos bem definidos, ser

bem planejado, executado e bem aproveitado, quanto aos seus resultados, contando, na

medida do possível, com a participação da direção da escola, dos professores,

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XLV

orientadores e psicólogos, uma vez que estão todos empenhados em ajudar o aluno e

favorecer as suas aprendizagens escolares, além do seu ajustamento pessoal e social; a

sua eficácia dependerá da correta seleção dos testes, da rigorosa aplicação e correção

dos mesmos, além da criteriosa utilização dos resultados obtidos.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

MEC. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível Técnico.

CNE/CEB, Brasília, 1999.

ABREU, M. Metodologia Aplicada ao Ensino Técnico Profissional. Pioneira, São

Paulo, 1996.

Boletim Informativo da Escola Técnica Estadual República, nº 1, 1998.

NOVAES, Maria Helena. Psicologia Escolar. 4ª edição. Editora Vozes, Petrópolis,

1976.

PENTEADO, José de Arruda. Didática e Prática de Ensino. Editora McGraw-Hill do

Brasil. São Paulo, 1979.

FONTOURA, Afro do Amaral. Prática de Ensino. 2ª edição. Gráfica Editora Aurora

Ltda. Rio de Janeiro, 1962.

Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro. Multieducação: Núcleo Curricular

Básico. Rio de Janeiro, 1996.

VASCONCELLOS, Maria José Esteves; OLIVEIRA, Anna Lúcia de Queiroz e;

CARVALHO, Maria Auxiliadora Vieira de. Curso de Informação Profissional.

Editora Vigília Ltda. Belo Horizonte, 1978.

ESTEPHANIO, Carlos. Desenho Técnico: Uma Linguagem Básica. 4ª edição. Edição

independente. Rio de Janeiro, 1994.

Atlas da História Universal. O Globo. Rio de Janeiro, 1995.

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XLVII

RIBEIRO, Darcy. O Livro dos CIEP’s. Bloch Editores S/A. Rio de Janeiro, 1986.

NÉRICI, Imídeo Giuseppe. Didática: uma introdução. 2ª edição, Atlas, São Paulo, 1993.

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BIBLIOGRAFIA CITADA

PIAGET, Jean. A Educação Artística e a Psicologia da Criança. Revista Educação

Artística. São Paulo, 1976, ano1, nº 1, págs. 8 e 9.

LUQUET, G.H. O Desenho Infantil. Porto, Portugal. Livraria Civilização Editora, 1974.

WARREN, H.C. Diccionario de Psicologia. México, Fondo de Cultura Econômica,

1956.

LOWENFELD, Victor e BRITTAIN, W. Lambert. Desarrollo de la Capacidad

Creadora. Nueva Edición Revisada y Actualizada, Buenos Aires, Editorial

Kapelusz, 1972.

DE HAAN, R.; HAVIGHURST, R. Educating, Gifted Children. Chicago, University of

Chicago Press, 1957, p. 162.

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ÍNDICE

AGRADECIMENTO III

DEDICATÓRIA IV

RESUMO V

METODOLOGIA VI

SUMÁRIO VII

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

O DESENHO COMO INSTRUMENTO DIDÁTICO. 10

1.1 - A Relação de Importância do Desenho no Desenvolvimento da

Criatividade. 12

1.1.1 - Análise da Atividade Criadora. 13

1.1.2 - A Importância do Desenho no Processo Educativo. 16

1.2 - O Desenho como Material Didático 19

CAPÍTULO II

A CONTRIBUIÇÃO DE PIAGET PARA O ENSINO DO DESENHO

E DAS ARTES. 21

CAPÍTULO III

AS APTIDÕES RELACIONADAS AO DESENHO. 25

3.1. - Aptidões Intelectuais. 26

3.2 - Aptidões Artísticas. 28

CAPÍTULO IV

UM ESTUDO DE CASO: O ENSINO DO DESENHO NA ESCOLA

TÉCNICA ESTADUAL REPÚBLICA. 29

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L

4.1 - O Desenho no Processo de Formação Profissional de Nível Médio. 31

4.2 - Diagnosticando Aptidões e Vocações. 34

CAPÍTULO V

A APLICAÇÃO DOS TESTES PSICOLÓGICOS. 36

5.1 - Etapas de um Programa de Testes na Escola. 39

CONCLUSÃO 42

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 44

BIBLIOGRAFIA CITADA 46

ANEXOS 50

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LI

FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

Instituto de Pesquisa Sócio-Pedagógicas

Pós-Graduação “Latu Sensu”

Título da Monografia:

A Importância do Desenho para o Ensino Fundamental e Médio.

Data da Entrega: _________________

Avaliado por: ____________________________________ Grau: __________

Rio de Janeiro ____ de __________________ de 2001.

____________________________________________

Coordenador do Curso

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LII

ANEXOS