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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA TERAPIA DE CASAL: POSSIBILIDADE DE INTERVENÇÃO NOS RELACIONAMENTOS CONJUGAIS EM CRISE. Por: Priscila de Oliveira Martins Medeiros Orientadora Profª. Naura Americano Niterói 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

TERAPIA DE CASAL: POSSIBILIDADE DE INTERVENÇÃO NOS

RELACIONAMENTOS CONJUGAIS EM CRISE.

Por: Priscila de Oliveira Martins Medeiros

Orientadora

Profª. Naura Americano

Niterói

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

TERAPIA DE CASAL: POSSIBILIDADE DE INTERVENÇÃO NOS

RELACIONAMENTOS CONJUGAIS EM CRISE.

Apresentação de monografia à Universidade

Cândido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Terapia de

Família.

Por: Priscila de Oliveira Martins Medeiros.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a

Deus pela força durante toda essa

caminhada. Aos meus familiares, pela

dedicação e apoio, aos professores e a

todos aqueles que me ajudaram em

minha vida profissional e acadêmica.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho à minha família e

principalmente aos meus pais.

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RESUMO

A terapia de casal tem mostrado grande influência nos relacionamentos

conjugais em crise e tem sido um instrumento, comprovado, para a

manutenção da saúde emocional e psicológica do casal. Possibilita assistência

nos relacionamentos entre diferentes perspectivas, levando o casal a uma

integração e desenvolvimento de suas relações harmoniosas e de cada um de

seus membros. Existem diferentes abordagens que referenciam a terapia de

casal, tais como, abordagem psicanalítica, cognitivo comportamental,

sistêmica, dentre outras. São diversos os motivos que levam um casal a uma

crise. A dificuldade de diálogo, por exemplo, tem se caracterizado de forma

significativa entre casais, onde o falar e o ouvir encontram-se prejudicado. As

diferenças biológicas, psicológicas e sociais, muitas vezes são fatores de

incompreensão entre os cônjuges.

A terapia de casal poderá buscar, no relacionamento conjugal, o

entendimento necessário de ambas as partes, juntamente, com o

esclarecimento das funções assumidas no casamento e ainda, a melhoria de

vida emocional e psicológica dos membros do casal.

Palavras-chave: Terapia de casal e crise conjugal.

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METODOLOGIA

A atual pesquisa é de cunho bibliográfico e desenvolvida a partir da

ampliação de estudos relacionados a autores da área, no intuito de refletir

aspectos significativos, sobre a influência da terapia de casal, em parceiros que

passam por crise conjugal. Um dos autores referenciados foi Calil (1987) que

enfatiza aspectos importantes sobre a escolha do indivíduo para o casamento.

E Albisetti (1997) que reflete sobre a importância da participação, envolvimento

e consciência no território do casamento. Foram utilizados também para este

trabalho artigos e revistas científicas. Trata-se, portanto, de propiciar ao leitor

uma maior compreensão do assunto.

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SUMÁRIO INDRODUÇÃO............................................................................................08

CAPÍTULO I - TERAPIA DE CASAL.......................................................................................................10

CAPÍTULO II - CRISE CONJUGAL E DINÂMICA DO CASAL........................................................................................................18 CAPITULO III - TERAPIA DE CASAL: INTERVENÇÃO POSSÍVEL NA CRISE

CONJUGAL..................................................................................................26

CONCLUSÃO................................................................................................32

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA...............................................................................................34

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INTRODUÇÃO

Atualmente encontramos muitas mudanças, de aspecto social, entre homens e

mulheres. Mudanças estas, importantes para as estruturas dos

relacionamentos do casal. Atualmente temos um mundo cheio de dinamismo e

transformações.

As pessoas encontram-se com muitos problemas de ordem psicológica e

emocional. Os papéis e valores da contemporaneidade têm sido muito

diferentes, principalmente no que diz respeito às mulheres. Essas assumem

mudanças de papéis totalmente transformados. Onde a mulher não mais fica

em casa cuidando dos filhos e não mais submetidas aos homens. Com todas

essas mudanças e transformações as pessoas desenvolvem estresses,

ansiedades, fragilidade emocional, etc.

Com isso os casais em seus relacionamentos desenvolvem crises sérias que

afetam todo o interior da família. Isso acaba gerando muitas complicações para

o casal. O diálogo entre os casais está cada vez mais prejudicado, onde falar e

ouvir, muitas vezes, não existe mais.

Segundo Albisetti (1997), poder comunicar as próprias emoções, os próprios

sentimentos e também os medos e problemas faz parte integrante do

casamento.

As diferenças biológicas e psicológicas também se determinam para ajudar na

manutenção da crise. Pois homem e mulheres são totalmente diferentes nesse

aspecto. E isso quando falta comunicação, cumplicidade, e companheirismo

acabam sendo um fator para a manutenção da dificuldade e crise.

A terapia de casal entra como psicoterapia, que auxilia na possível resolução

do problema, ou ajuda no desenvolvimento da autonomia do casal.

A terapia trabalha no sentido de minimizar o sofrimento que os membros do

casal vivenciam. O terapeuta de casal tem função bastante variada e

complexa, pois, lida o tempo todo com as mudanças emocionais do casal.

Ramadam (2004), conclui que a função do terapeuta de casais é bastante

variada e complexa, sendo específica para cada casal. É essencial a arte de

transmitir sem rejeitar, pois, lida o tempo todo com polaridades e conflitos do

casal. É desejável que possa ajudar os cônjuges a viverem suas diferenças e

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igualdades, como estímulos para a individuação de cada um e do

desenvolvimento da relação do casal como um todo.

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CAPÍTULO I

TERAPIA DE CASAL

"O problema não é o problema. O problema é sua atitude com relação ao

problema." (Kelly Young)

A Terapia de Casal, ou Psicoterapia de Casal, é uma intervenção

terapêutica focada em casais que estejam com dificuldades em seus

relacionamentos conjugais. No início de um relacionamento, muitas coisas na

história de vida do casal, tais como: obrigações, rotina, responsabilidades,

acabam gerando problemas de convivência e proximidade, podendo gerar uma

dificuldade no decorrer da vida conjugal. A partir daí, muitas queixas do

relacionamento são criadas e a terapia para casal passa a ser indicada. O

amor conjugal acaba deficiente, prejudicando a admiração mútua e a

reciprocidade. De acordo com Albisetti “nós seres humanos recordamos mais

as ofensas que as alegrias, mais as desiluções do que as satisfações.”

(ALBISETTI, 1997, p.13). As situações de crise vão se tornando latentes e

questões de conflitos acabam ficando em aberto, ocasionando ao

relacionamento dificuldades e conflitos.

A terapia de casal auxiliará na construção psicológica e social da

identidade do homem e da mulher. Acarretará numa maior interação entre os

cônjuges e facilitará o processo de melhoria da autonomia, visando orientar os

membros do casal para um maior crescimento psicológico e conjugal. O

relacionamento conjugal trata-se da aceitação do outro, da capacidade de

compreender o cônjuge em sua personalidade. Desenvolver atributos capazes

de respeitar e cuidar do parceiro conjugal. Muitas vezes, a pessoa tem como

motivação pensamentos de que o outro é responsável pelo bem-estar da

relação, porém isso acaba desenvolvendo atitudes que trazem decepções e

desgaste no relacionamento. Como relata Albisetti:

As neuroses pessoais não são desenvolvidas quando descarregadas sobre quem se ama sobre quem participa de nosso cotidiano. Deste modo, não só não diminuímos nossas inseguranças como também fazemos infelizes os outros. (ALBISETTI, 1997, p.16).

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O papel da terapia de casal é promover a saúde emocional e

psicológica dos membros do casal e existem vários problemas que levam um

casal a buscar a terapia, tais como: falta de comunicação, fragilidade no

vínculo emocional, disfunções de vínculos afetivos, problemas sexuais,

mudanças individuais de um dos membros do casal, desgaste, etc. Tais

problemas trazem, para a vida da família desequilíbrios e relações

insatisfatórias. Cada membro do casal deverá, também, buscar um

conhecimento sobre si mesmo para que, então, possa ser trabalhada sua

questão com o outro. Albisetti afirma que se deve obter um bom conhecimento

sobre sua própria personalidade:

Depois de ter obtido um bom conhecimento da própria personalidade, cada um dos parceiros poderá procurar e identificar suas aspirações e expectativas em relação ao casamento, e reconhecer, por exemplo, que elas são exageradas e irrealistas, ou ainda que devem ser administradas com a participação do parceiro e que, de qualquer forma, devem ser assumidas como responsabilidade pessoal. (ALBISETTI, 1997, p.20).

A terapia de casal ajudará a aprimorar a comunicação, explorar

habilidades, desenvolver participação mútua, enriquecer a construção da

identidade masculina e feminina, resgatar papéis sociais da família.

O casamento contemporâneo tem características diferenciadas do

casamento tradicional. O casamento tradicional é ligado à reprodução, o

homem é visto como o responsável pela manutenção econômica do lar e a

mulher pelo exercício da maternidade. Já o casamento contemporâneo,

destaca-se pela igualdade das relações sociais, não somente o homem agora é

o responsável pela manutenção financeira, mas a mulher passa a ter esse

papel, compartilhado com o homem. Deveres e direitos são igualmente

compartilhados.

Mudanças de valores, aspecto social, cultural e sócio-econômico

geram uma mudança significativa na instituição do casamento atual. Isso tem

acarretado diversas crises no relacionamento do casal. A terapia de casal

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então auxiliará nesse processo de crise, gerando uma relação mais saudável e

amadurecimento emocional.

Diferentes abordagens teóricas orientam a terapia de casal:

1.1 - Modelo Psicanalítico

O modelo psicanalítico descreve que a escolha do outro se baseia em

uma escolha, não somente consciente, mas com aspectos inconscientes.

Segundo Lamano Calil (1987) a abordagem psicanalista com casais envolve

escolhas de características inconscientes:

A atração sentida pelos cônjuges não se fundamenta somente na percepção consciente dos aspectos “bons” de cada um deles, mas também numa percepção a nível inconsciente. Inconscientemente a “escolha” é feita, geralmente a partir de uma complementariedade, um “encaixe” das personalidades dos cônjuges (CALIL, 1987, p.120).

É focada no passado, em interpretar e identificar, as causas das

possíveis crises. É resgatada toda história do relacionamento conjugal e,

também, é investigada a história de cada membro do casal. De acordo com

Calil (1987) também é levado em conta as questões extramatrimoniais:

Mas, embora essa abordagem reconheça os processos extramatrimoniais que influenciam esses processos tais como: desemprego, acidente, a emancipação feminina, a descoberta dos contraceptivos etc. Considera-se que os processos criativos e destrutivos no casamento são influenciados fundamentalmente pelos modelos de relacionamento vivenciados pelos cônjuges a nível consciente e inconsciente, em suas famílias de origem (CALIL, 1987, p.124).

Nesse modelo de terapia, o casal é levado a identificar quais são os

seus conteúdos inconscientes, que podem estar causando o sintoma da

crise. Uma vez identificados o terapeuta de casal poderá ajudar a

estabelecer a interação, entendimento e harmonia.

Segundo Calil os conflitos intrapsíquicos de cada cônjuge são

externalizados:

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Portanto, essa abordagem enfatiza que, no casamento, os conflitos intrapsíquicos de cada um dos cônjuges são externalizados. Ou seja, as necessidades, medos e fantasias inconscientes, pertencentes ao mundo interno dos parceiros são constantemente testados e vivenciados no relacionamento entre eles (interpessoalmente). Problemas antigos, não resolvidos, de amor e ódio, dominância e submissão, abstinência e desejos insaciáveis, são manifestados na interação dos cônjuges (CALIL, 1987, p.125).

As sessões são realizadas uma vez por semana, e, geralmente, dois anos de

terapia se fazem necessários, para reestabelecimento e trabalho desses conflitos

inconscientes. Acontecem de forma individual e conjunta, de acordo com a

necessidade de cada casal. Em alguns casos, são utilizadas somente as sessões

conjuntas e a co-terapia, que se trata de dois terapeutas atendendo o mesmo casal,

objetivando o entendimento dos conteúdos inconscientes do casal e trabalhando no

sentido de que o casal possa recuperar o seu próprio inconsciente individual, para

que, então, se reestabeleça o processo de realização dos membros do casal.

Segundo Aldofi, Angelo e Saccu “o casal também aciona um processo de

transformação e conhecimento, constituído por: conhecer o outro; conhecer a si

próprio no outro, ou seja, as próprias partes projetadas no outro; conhecer a si

mesmo, por meio da imagem refletida pelo outro.” (ALDOFI, ANGELO E SACCU,

1995, p.79).

1.2- Modelo Cognitivo-Comportamental

O modelo cognitivo-comportamental descreve que as crenças

disfuncionais seriam a base das dificuldades psicológicas e relacionais dos

membros do casal. Essa abordagem trata, as desordens psicológicas

vivenciadas pelo casal como distorções cognitivas. Muitas vezes o estresse, a

má comunicação, a resolução de problemas de forma inadequada, as

dificuldade de expressar a emoção, ocasionam essas disfunções cognitivas no

relacionamento. Então se torna necessária a ajuda da terapia de casal. Essas

distorções, quando resolvidas de forma inadequada, acabam gerando

consequências graves para o relacionamento. A má resolução dessas

distorções gera problemas significativos para o convívio do casal. E a terapia

cognitivo-comportamental para casais, trabalhará a reestruturação dessas

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cognições inadequadas, modificação de padrões disfuncionais, manejo das

emoções, etc. Segundo Dattilio e Padesky sobre distorções cognitivas:

As distorções cognitivas podem ser evidentes nos pensamentos automáticos que os casais relatam e podem ser reveladas por meio do questionamento sistemático ou socrático, envolvendo o significado que um parceiro vincula a um determinado evento (DATTILIO E PADESKY, 1995, p. 21).

Os pensamentos automáticos deverão ser identificados, no sentido de

facilitar a mudança dos casais em terapia. De acordo com Leahy, “os

pensamentos automáticos surgem espontaneamente, parecem válidos e estão

associados a comportamentos problemáticos ou emoções perturbadoras”.

(LEAHY, 2006, p.23). Esses pensamentos, quando disfuncionais, acabam

gerando, nos casais, crenças negativas e expectativas, muitas das vezes,

irreais para esse relacionamento. O terapeuta deverá desenvolver, nos

membros do casal, uma postura constestadora de questionamento dos

pensamentos negativos para que possa promover uma resposta emocional

satisfatória. Esse modelo tem como finalidade criar habilidades, para que o

casal possa reduzir suas situações de conflito. Os membros do casal aprendem

a examinar e contestar suas crenças.

Segundo Datillio e Padesky “o objetivo da terapia cognitiva com casais é

abordar as estruturas de crenças de cada parceiro, a fim de promover a

reestruturação para um relacionamento mais produtivo”. (DATTILIO E

PADESKY, 1995, p.19).

Na terapia cognitivo-comportamental são utilizadas entrevistas, técnicas

cognitivas, inventários, etc. Em geral, as sessões acontecem uma vez por

semana, por uma hora e cinqüenta minutos.

A entrevista inicial é conjunta, onde o terapeuta irá buscar dado e

informação sobre a vida do casal e dos membros do casal. Serão aplicados

também inventários e questionários, no sentido de avaliar as crenças que

esses cônjuges desenvolveram sobre o relacionamento. As entrevistas

individuais também acontecem após a entrevista conjunta, para que o

terapeuta tenha um contato maior com cada pessoa e possa coletar

informações muitas vezes não expressadas na entrevista conjunta. Durante as

entrevistas e avaliações, o terapeuta deverá avaliar os possíveis problemas

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psicopatológicos e de maiores proporções e, se necessário, fazer

encaminhamento para outros profissionais.

O terapeuta também, após a coleta de dados, deverá orientar o casal

sobre o modelo cognitivo-comportamental. A psicoeducação proporciona ao

casal aprendizado sobre como se desenvolve o trabalho dentro dessa

abordagem e uma maior consciência sobre pensamentos automáticos e

crenças disfuncionais que geram o conflito. O terapeuta terá que identificar

quais os pensamentos automáticos de cada membro do casal ajudá-los a

desenvolver habilidades para resolução de conflitos. Sobre os pensamentos

automáticos Datillio e Padesky descrevem:

A chave do modelo cognitivo de terapia de casais é a identificação dos pensamentos automáticos dos parceiros sobre si mesmo e mais importante, sobre o relacionamento. Novamente, os pensamentos automáticos são definidos como pensamentos que ocorrem, espontaneamente, na mente do indivíduo, acerca de certas circunstâncias de vida ou indivíduos, no ambiente. Estes pensamentos automáticos podem ser negativos ou positivos; entretanto, na maioria das situações de conflito, eles são negativos (DATTILIO E PADESKY, 1995, p. 55).

Também será abordado o treinamento da comunicação. Esse trabalho é

muito importante, no sentido de orientar o casal a desenvolver essa habilidade.

De acordo com Datillio e Padesksy:

Com frequência, portanto, a primeira tarefa do terapeuta é ajudar o casal a compreender que a boa comunicação não significa, necessariamente, concordância. Em vez disso, a boa comunicação envolve aprender a falar e ouvir de modo que conduzam a um mútuo entendimento e, idealmente, mútua solução de problemas, quando existem divergências (DATTILIO E PADESKY, 1995, p. 66).

É grande a influência da má comunicação nos relacionamentos

conjugais. Rangé & Dattilio destacam que “o foco central desse procedimento é

fornecer ao casal habilidades de escuta e fala que podem auxiliar na

diminuição das brigas e aumentar a satisfação e ajustamento conjugal”.

(RANGÉ & DATTILIO, 2001).

Será trabalhada, também nas últimas sessões de terapia de casal, a

prevenção de recaídas. Será criada uma consciência de que decisões

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aparentemente sem importância podem ocasionar recaídas. Orientando os

membros do casal para que estejam aptos a lidar com processo de mudanças

de comportamento.

1.3 – Modelo Sistêmico

Esse modelo de terapia de casais é uma extensão da terapia familiar na

abordagem sistêmica. Essa terapia é desenvolvida objetivando a mudança no

sistema familiar e conjugal pela comunicação entre os parceiros. Um sistema

familiar muito rígido, ele exclui qualquer possibilidade de mudança. Esse

modelo de terapia vai buscar desenvolver um sistema de equilíbrio entre os

membros do casal e auxiliar o casal a desenvolver um funcionamento de

homeostase. Segundo Caillé:

A função principal do sistema é levar os comportamentos que perturbam o equilíbrio a uma zona de compatibilidade. A homeostase não exclui inovações de comportamento. Somente quando os limites que põem em jogo fenômenos homeostáticos se fecham e se enrijecem é que o sistema perde seu aspecto funcional, eliminando qualquer possibilidade de mudança (CAILLE, 1994, p.34).

O foco é a comunicação dos membros do casal na atualidade. Não é

focado o passado, mas sim, no momento atual. A relação é vista como um

sistema equilibrado e as regras mantêm esse equilíbrio. Uma vez essas regras

desfeitas o sistema equilibrado é perdido. De acordo com Caillé sobre a terapia

sistêmica:

A primeira sistêmica se inspira essencialmente na cibernética, concentrando-se, portanto, no equilíbrio dinâmico entre os cônjuges. Procurando compreender os dados desse equilíbrio, ela se aplicará a análise cuidadosa das características observáveis da vida do casal (CAILLE, 1994, p.32).

A abordagem sistêmica de casais possui uma intervenção voltada para os

aspectos comunicacionais dos casais e buscam uma intervenção na

reconstrução da subjetividade. O profissional deverá ter uma escuta sobre os

anseios do casal e o que possivelmente estará acarretando a crise, intermediar

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conversas, auxiliar no processo de desenvolvimento da identidade do casal. E

gerar no casal uma possibilidade de novos significados.

A terapia sistêmica de casais tem tido grandes resultados no decorrer de

seu desenvolvimento. Segundo Caillé:

Certos clientes comunicam espontaneamente que a transformação pessoal ocorrida após uma terapia de casal de cerca de seis meses lhes parece mais importante do que a resultante de uma psicoterapia individual de vários anos. Outros relatam ter resolvido problemas profissionais ou familiares aos quais nunca se referiram durante a terapia (CAILLE, 1994, p.134).

O terapeuta trabalha a família no sentido de melhorar seu sistema e

segundo Calil “o modelo sistêmico considera o casal como um sistema, ou

melhor, um subsistema no interior da família.” (CALIL, 1987,p.135).

O terapeuta levará os cônjuges a um desenvolvimento da comunicação

entre si visando e diminuir essa rigidez, acreditando que os conflitos possam

ser resolvidos. Caillé relata sobre os objetivos de terapêutas adeptos a este

modelo:

Terapeutas de casal adeptos da escola sistêmica objetivam melhorar a capacidade dos cônjuges de enviar e receber mensagens, e tendem a prestar especial atenção às discrepâncias nas comunicações verbais, ou seja, no que está sendo dito e na postura, expressão e tom de voz que acompanham a mensagem verbalizada (CAILLÉ, 1994, p.136).

A terapia então deverá ser capaz de melhorar a percepção do casal,

facilitar a comunicação entre ambos, expor suas expectativas com relação ao

outro e a ele mesmo. E mostrar seus medos e dificuldades.

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Capítulo II

CRISE CONJUGAL E DINÂMICA DO CASAL

Segundo estatísticas as taxas de divórcio na atualidade têm sido

consideravelmente grandes e significativas. Indicação da insatisfação conjugal

que tem se tornado frequente entre casais. Nessa época, transformações vêm

ocorrendo no contexto social e familiar, alterando assim a dinâmica familiar.

Garcia chama atenção sobre as formas de conjugalidade nas relações afetivo-

sexuais:

Na modernidade, as relações afetivo-sexuais passam a ter experiências novas formas de conjugalidade e sobre eles é colocado um processo reflexivo quanto à projeção do futuro. O tipo de vínculo a ser estabelecido, as regras e valores que nortearão a relação, e as expectativas quanto ao desempenho do papel de cada um da díade, são projetados e antecipados as respostas no cotidiano presente. Permanecer ou romper um vínculo conjugal é uma questão que envolve a díade e reflete todo o cenário de mudanças ocorridas na sociedade (GARCIA, 2004, p. 26).

Existem escolhas e decisões que são intermediadas por valores

sociais que acabam refletindo nas escolhas do casal. Muitas vezes essas

escolhas e decisões causam um desacordo entre os parceiros prejudicando o

relacionamento. Garcia descreve o ideal de felicidade no interior dessas

transformações:

No interior dessas transformações, o ideal de felicidade aparece representado por cada um de forma paradoxal: ao mesmo tempo em que acreditamos ter perdido algo a que temos direito, sabemos que a felicidade é uma imagem virtual e fugidia a ser perseguida e não alcançada em sua plenitude, porque é fugaz. Os relacionamentos tornaram-se arriscados e perigosos porque o cotidiano das relações afetivo-sexuais tornou-se móvel, instável e ‘aberto’. (GARCIA, 2004, p 27.)

O início de qualquer relacionamento remete a algo a princípio

prazeroso onde existe a evidência de um otimismo e alegria na tentativa de

buscar uma satisfação conjugal. Mas muitas vezes acontece uma frustração e

as coisas começam a não ir tão bem assim. As dificuldades do dia-a-dia e as

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crises começam a aparecer. Esse fenômeno é tão comum nos dias atuais, que

podem levar os casais despreparados para o enfrentamento do problema a

enxergarem uma dificuldade tamanha que pode resultar numa separação. Em

um relacionamento a satisfação conjugal é fator primordial para que esse

vínculo permaneça. A satisfação conjugal é resultado de um desenvolvimento

dinâmico e ativo do casal, com comunicação satisfatória, aceitação das

diferenças, companheirismo, respeito, amor, afeição, etc. Segundo Norgren,

Souza, Kaslow, Hammerschimidt e Sharlin sobre satisfação conjugal eles

dizem:

Satisfação conjugal é, sem duvida, um conceito subjetivo, implicando em ter as próprias necessidades e desejos satisfeitos,assim como responder,em maior ou menor escala,ao que o outro espera,definindo um dar e receber recíproco e espontâneo (NORGREN, SOUZA, KASLOW, HÁMMERSCHIMIDT, SHARLIN, 2004).

O relacionamento conjugal é de grande importância, e seu sucesso é

fator primordial para a qualidade de vida dos membros do casal. Este se

transforma ao longo da vida do casal, passando por crises e por modificações

sociais ao longo da história, com a necessidade de reformulação dos papéis de

mulher, homem, pai e mãe, à medida que a sociedade muda, criando novas

atuações para homens e mulheres.

As fases do ciclo familiar variam de acordo com o convívio, chegada

de filhos, saída ou independência dos mesmos. Lidar com essas fases nem

sempre é fácil e natural para todos e acaba desencadeando ansiedades e

estresse e prejudicando o relacionamento do casal. O sistema familiar está

sempre em mudança e vai se modificando com o tempo. São vários papéis a

serem desempenhados durante a vida familiar, e os indivíduos estão em

constante desenvolvimento buscando novas possibilidades. E toda esta

mudança movimenta o relacionamento do casal. Se os mesmos não

desenvolverem um relacionamento funcional, pode acabar gerando crises

graves.

Atualmente as pessoas se relacionam principalmente por razões

afetivas, no entanto, as mudanças da contemporaneidade levam o casal a um

questionamento e transformação desse sentimento afetivo. De repente por não

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saber lidar com essas novas funções atribuídas ao homem e a mulher. São

diversas mudanças. Muitas vezes a mulher desenvolve múltiplas funções e

acabam abdicando de seus interesses em favor da família, filhos e o próprio

cônjuge, mas a interação entre a família deve acontecer. Carneiro fala da

individualidade e importância da relação entre os cônjuges

A constituição e a manutenção do casamento contemporâneo são muito influenciadas pelos valores do individualismo. Os ideais contemporâneos de relação conjugal enfatizam mais a autonomia e a satisfação de cada cônjuge do que os laços de dependência entre eles. Por outro lado, constituir um casal demanda a criação de uma zona comum de interação, de uma identidade conjugal. (CARNEIRO, 1998, p.3).

Essa identidade conjugal é um processo que muitos casais precisam

desenvolver, no sentido de estabelecer uma relação íntima e satisfatória com o

outro. Essa identidade deve ser desenvolvida de forma madura, por ambos os

parceiros, para que possam tomar decisões definidas com relação ao

relacionamento conjugal.

2.1 - Dificuldades de Comunicação

A comunicação é fator imprescindível para um relacionamento

saudável e harmonioso, quando aparece à dificuldade nesse sentido o

casamento acaba vivenciando dificuldades. A convivência diária de anos acaba

provocando desentendimentos e conflitos e a falta de comunicação ou

dificuldade para que a comunicação aconteça gera discussões inevitáveis. A

comunicação é um meio eficaz para que os parceiros possam criar

possibilidade de mudanças no seu relacionamento. Mas para que essa

mudança aconteça os membros do casal devem estar dispostos a inventar

novas possibilidades e abandonar mágoas e ressentimentos. Albisetti (1997)

declara que a comunicação é o único meio para sustentar o casamento:

A comunicação é o único meio que os cônjuges podem usar para criar e manter a sua vizinhança, a cumplicidade, a compreensão. È o único meio para sustentar um casamento. Por comunicação não entendo apenas a verbal, ainda que ela seja sobremaneira importante, mas também a gestual, a da

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mímica facial, a da postura corporal, a do comportamento, a das atitudes, a do tom de voz. (ALBISETTI, 1997.p 69)

Em grande parte dos casos de casais que enfrentam dificuldades de

comunicação, tanto o homem quanto a mulher, acabam se acusando e não

exprimem seus verdadeiros sentimentos e angústias. Os membros do casal

dão lugar a lamentações, martírios, críticas e acusações. Não estando flexível

para entender, a realidade do outro, o que desenvolve um ambiente defensivo.

Albisette relata que a comunicação conjugal “deve ser aberta, disponível,

pronta para mudar de opinião. Deve ser um meio para melhor entender o

universo do outro, tão diferente e tão distante do próprio universo.”

(ALBISETTE, 1997, p.70).

O diálogo entre casais deve ser assegurado como um momento de

transformação, de busca a entender o outro e de crescimento mútuo do casal.

É uma forma que os parceiros têm também de expressar suas emoções, seus

medos e dificuldades. E quando não se é satisfatória acaba desenvolvendo um

relacionamento conturbado. Albisetti fala sobre a boa comunicação:

A boa comunicação é ação. È uma escolha. É decidir fazer o primeiro movimento. È aproximar-se de qualquer forma do parceiro e penetrar em sua esfera de interesses. A boa comunicação não é egoismo. Nao acontece por si só, mas sempre considera o outro. Ajuda a cada um a sentir-se compreendido, aceito, importante, útil (ALBISETTI, 1997, p 80).

A falta de comunicação também acontece de formas prejudiciais nos

relacionamentos e podem se tornar destrutivas, pois, muitos cônjuges preferem

ficar em silêncio e não expressarem suas emoções às vezes por medo,

insegurança ou dificuldade de entrar em contato com a realidade do

casamento. Albisetti descreve:

Poder comunicar ao outro as próprias emoções, os próprios sentimentos e também os medos e problemas faz parte integrante do casamento. È essencial. Em um relacionamento amoroso deve haver a possibilidade de dizer ao outro quem somos. Não devemos ter medo de revelar-nos. No casamento a pessoa pode ser ela mesma, sem ser rejeitada por isso. O silêncio em geral, não é bem vindo ao casamento. O fato de um parceiro não falar, estar constantemente em silêncio

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provoca no outro um sentimento de culpa e também pode ser visto como punição (ALBISETTI, 1997, p. 72).

Casais com boa comunicação desenvolvem uma auto-estima

satisfatória, iniciativa de mudar dificuldades e situações, abandona com

facilidade sentimentos negativos, etc. As situações rígidas tornam-se mais

maleáveis quando o diálogo é feito de forma satisfatória. De acordo com Gray

“comunicação é de importância primordial. Dividir seus sentimentos pessoais é

muito mais importante do que atingir metas e sucesso. Conversar e se

relacionar umas com as outras é fonte de imensa satisfação.” (GRAY,

1996.p.16). E o terapeuta deve trabalhar nesse sentido, de facilitar a

comunicação entre o casal e mostrar para o mesmo que boa comunicação não

necessariamente é um concordar com o outro, mas aprender a compreender, a

falar e ouvir para que haja concordância. Padesky trata sobre a tarefa do

terapeuta

Com frequência, portanto, a primeira tarefa do terapeuta é ajudar o casal a compreender que a boa comunicação não significa, necessariamente, concordância. Em vez disso, a boa comunicação envolve aprender a falar e ouvir de modo que conduzam a um mútuo entendimento e, idealmente, mútua solução de problemas, quando existem divergências. (PADESKY, 1995, p.66)

O terapeuta deve estar atento ao progresso do casal, qual a mudança

apresentada pelos mesmos. Deve focar seu trabalho na terapia da mudança,

aceitação, no compromisso emocional e na colaboração dos membros do

casal. Santos descreve

No que concerne especificamente à psicoterapia de casal, o profissional é uma pessoa interessada em aprender a escutar o casal, a manejar conversações por vezes muito difíceis, buscando facilitar um contexto auspicioso para construir boas conversações entre os parceiros, possibilitando a descrição de histórias melhores e identidades mais criativas e positivas. (SANTOS, 2005, p.2).

No processo terapêutico de casais tanto o casal como o terapeuta tem

papel ativo no processo. O processo de comunicação deve ser reconstruído na

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intervenção de casais. A escuta do terapeuta também é bastante significativa

no processo, para facilitar boas conversações.

2.2 - Diferenças biopsicosocias entre homens e mulheres

Homens e mulheres são totalmente diferentes. Possuem uma estrutura

cerebral distinta. De acordo com Pease, “Hoje em dia, sabemos que homens e

mulheres processam a informação de modos distintos. Pensam diferentes. Têm

crenças, percepções, prioridades e comportamentos diversos.” (PEASE, 2010,

p.11). Homens e mulheres pensam, sentem e se comportam de modo distinto.

Entendendo um pouco da história biológica do homem e da mulher,

Pease (2010) descreve,

[...] os cérebros masculino e feminino evoluíram com potência, capacidades e talentos diversos. O homem, responsável pela caça, precisava de áreas no cérebro que comandassem a travessia de longas distâncias, com o desenvolvimento de táticas para localizar e atingir o alvo. [...] a mulher, ao contrário,precisava da aptidão para percorrer pequenas distâncias, visão periférica mais ampla para monitorar o ambiente em volta, habilidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo e boa capacidade de comunicação (PEASE, 2010, p. 31).

Com isso o cérebro se desenvolveu de forma a se adaptar às

necessidades masculinas e femininas. Anteriormente, o homem era visto como

mantenedor do lar, trabalhava para manter a família e os filhos. A mulher era

perpetuadora da espécie, cuidando da casa e dos filhos. A mulher era

reconhecida por sua capacidade de zeladora e cuidadora. E o homem de

sucesso era o que conseguia manter sua família. Mas, nos dias de hoje, os

papéis de homens e de mulheres tem mudado de forma significativa. A mulher

hoje assume papel de mantenedora do lar. Não tem mais a obrigação de ficar

em casa e cuidar dos filhos, o homem não é mais o único responsável pela

manutenção da casa. Segundo Pease (2010) nos dias atuais:

“A família não depende unicamente do homem para sua sobrevivência e não se espera mais que a mulher fique em casa exercendo as funções de mãe e zeladora. Pela primeira vez na história da espécie humana, a maior parte dos homens

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e mulheres se confunde na hora de definir suas atividades.” (PEASE, 2010, p.14).

Homens e mulheres buscam ter direitos iguais na contemporaneidade

e procuram maiores oportunidades, principalmente, no que diz respeito ao

mercado de trabalho. Mais biologicamente existem diferenças essenciais que

fazem toda a diferença. As estruturas físicas, biológicas, e mentais são

totalmente diferentes. Pease descreve que nós não somos idênticos.

Homens e mulheres devem ser iguais no direito à oportunidade de desenvolver plenamente suas potencialidades, mas, definitivamente, não são idênticos nas capacidades inatas. Se homens e mulheres têm direitos iguais, isto é, uma questão política e moral. Se são idênticos, é uma questão científica (PEASE, 2010, p.14).

O homem concentra suas atividades cerebrais do lado esquerdo.

Embora o volume do cérebro feminino seja menor, possui áreas de maiores

concentrações de neurônios. O hemisfério direito é fundamental na emoção.

Os homens são melhores nas habilidades espaciais que as mulheres. Nesse

caso, as mulheres são bem mais limitadas que os homens. Os homens têm no

cérebro uma área específica para as habilidades espaciais. As mulheres são

mais comunicativas e os homens já não têm tanta habilidade com o diálogo. As

mulheres quando estressadas sentem a necessidade de falar, buscando achar

alívio e resolução para seus problemas. No caso dos homens, esses

apresentam maiores dificuldades de falar e expressar o que estão sentindo.

Mulheres desempenham papéis bem mais satisfatórios em atividades que

necessitam de raciocínio verbal. Homens já foram criados de modo a

desenvolverem boas atividades, com raciocínio espacial e matemático. Gray

descreve homens e mulheres em situações de estresse:

Quando uma mulher está estressada, ela instintivamente sente necessidade de conversar sobre seus sentimentos e todos os possíveis problemas que estão associados com seus sentimentos. Quando ela começa a falar, não prioriza o significado de qualquer problema. Se está aborrecida, então está aborrecida com todos eles, grandes ou pequenos. Ela não está preocupada em achar soluções imediatas para seus problemas, mas sim busca alívio expressando-se e querendo ser compreendida. [...] Como um homem sob estresse tende a

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se concentrar em um problema e esquecer os outros, uma mulher sob estresse tende a se expandir e tornar-se indefesa contra todos os problemas (GRAY, 1996, p.26).

Cérebros de homens e mulheres se desenvolvem em áreas

específicas. O cérebro feminino geralmente é mais organizado e diz respeito ao

processamento emocional. O cérebro masculino geralmente dá conta de

identificar figuras geométricas, distâncias, etc. As mulheres têm áreas

desenvolvidas para a fala. Pease descreve sobre a fala no cérebro feminino:

No cérebro da mulher, a fala tem duas áreas específicas: a principal fica localizada na parte frontal do hemisfério esquerdo e a outra, menor, no hemisfério direito. O fato de terem os centros de fala em ambos os lados do cérebro torna as mulheres boas de conversa. Elas falam muito e gostam. E como a fala é restrita a áreas específicas, o cérebro fica livre para executar outras tarefas, permitindo que façam várias coisas ao mesmo tempo (PEASE, 2010, p.51).

As mulheres já são destaque nas áreas que necessitam de criatividade

e homens já não tem essa habilidade criativa. As mulheres demonstram mais

emoções que os homens. Eles geralmente escondem as emoções. As

mulheres são grandemente mais emocionais que os homens. Essas

proporções são uma média, pois existem exceções.

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Capitulo III

TERAPIA DE CASAL: INTERVENÇÃO POSSÍVEL NA CRISE

CONJUGAL

Há diversos problemas que podem estar levando um casal à terapia. A

família passa por eventos importantes durante seu ciclo vital: a fase de se

tornar casal, nascimento do primeiro filho, perda do status de filho, perda do

exclusivo relacionamento a dois, segundo filho, o filho que vai para escola,

adolescência, etc. Não sabendo, como lidar com esses períodos, o casal acaba

desenvolvendo uma série de sintomas prejudiciais para o casamento que

geram a crise conjugal. Tais como:

-Dificuldades de comunicação

-Manutenção de comportamentos negativos

-Dificuldade na resolução de problemas

-Problemas sexuais

-Medo do abandono

-Ciúmes

-Traição

-Divergência na educação dos filhos

-Dificuldade na relação individualidade X conjugalidade

Essas dificuldades desencadeiam um período de grandes turbulências

para o relacionamento, então, a terapia de casal passa a ser indicada. O

período conjugal nem sempre é fácil de estabelecer de forma satisfatória.

Albisetti relata “para superar os momentos de sofrimento no casamento, os

cônjuges têm à sua disposição muitos recursos psicológicos.” (ALBISETTE,

1997, p.118). Com certeza ocorrem situações difíceis de serem resolvidas. Mas

o ponto de vista psicológico tem sido de grande contribuição para esse

enfrentamento. Percebe-se que atitudes posteriores tornam-se diferentes das

atuais e são desenvolvidas de forma satisfatória para o relacionamento. A

terapia de casal tem auxiliado, significativamente, casais que a buscam e

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querem maior conhecimento pessoal e conjugal. Casais que assumem uma

postura de mudança e decisão, desenvolvem relacionamentos mais positivos.

A terapia de casal tem auxiliado, além da comunicação que se torna

indispensável ao relacionamento, nas seguintes questões:

3.1-Melhoria da relação individualidade x conjugalidade

A autonomia é desenvolvida à medida que o membro do casal entende

o seu papel diante de seu companheiro, é de somar com o outro e não de fazer

críticas e acusações. Os membros do casal devem entender que são duas

individualidades diferentes e uma conjugalidade. Na sociedade contemporânea

a individualidade está muito presente e influencia muito no relacionamento.

Caillé chama de absoluto do casal não uma visão passiva, mas ativa do sujeito.

“o absoluto do casal não é uma visão passiva, histórica, cristalizada, mas, pelo

contrário, uma visão atuante, móvel, cujo significado pode evoluir. (CAILLE,

1994, p. 43).

O casal acaba se vendo confrontado por essa relação da

individualidade e conjugalidade, que a sociedade impõe. Valores esses de

individualidade e manutenção do eu. Os cônjuges devem identificar que fazem

parte de um casal, e devem desempenhar esse papel. Mas não fazem parte

exclusivamente desse casal. Possuem outras identidades, inclusive de

cônjuge. Caillé descreve que o absoluto do casal é algo que gira com o casal:

Os cônjuges se veêm como parte de um casal, mas não exclusivamente como tal. O fato de pertencerem a um casal representa apenas um aspecto de sua identidade. Existem nessa identidade outras facetas através das quais eles mantêm contato com outros absolutos, outros modelos cognitivos que organizam a realidade para eles. Ambos têm família de origem, são membros de uma profissão, são pais, pertencem a um dos sexos, professam certas crenças (CAILLE, 1994, p. 45).

A terapia de casal irá trabalhar essa dualidade no sentido de diminuir a

ansiedade, estresse e sofrimento, que essa manutenção da individualidade

imposta pela sociedade acarreta. Ajudará os membros do casal a identificar e

administrar todas essas identidades que cada um desenvolve na sociedade.

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A entender a influência da emancipação da mulher e autonomia da

mesma. Possibilita uma melhor relação com as imposições da sociedade

contemporânea. Amplia a aceitação de um pelo outro, contribui para identificar

que o cônjuge não é perfeito e o entendimento das suas responsabilidades

pessoais.

3.2 - Enriquecer os comportamentos positivos

A terapia de casal envolve ajuda aos casais e um desenvolvimento da

consciência, de que todos os seus comportamentos negativos existentes

geram o conflito. Na terapia ocorre um processo educacional, no sentido de

identificar e eliminar os comportamentos impulsivos disfuncionais, evidenciando

os comportamentos positivos e conscientização dos membros do casal da

necessidade de eliminá-los. Dattilio e Padesky descrevem que,

O terapeuta trabalha no sentido de ajudar o casal a avaliar os esforços de mudança de uma forma realista, de modo que o progresso feito não seja ignorado com base na imperfeição ou em um sucesso apenas parcial (DATTILIO E PADESKY, 1995, p.78).

Por diversas vezes os parceiros procuram para um relacionamento um

parceiro ideal. Busca comodismo, vida tranqüila, felicidade. Cria-se uma

procura de alguém muitas vezes irreal, inexistente. E com a decepção, acaba

possibilitando uma conduta do membro do casal de críticas e visão somente do

negativo. Albisetti fala sobre a buscar e um parceiro ideal:

O desejo de um parceiro ideal pertence a uma visão típica da adolescência,quando a pessoa se apaixona por alguém sem que,muitas vezes, o outro saiba. Apaixona-se mais frequentemente pela idéia do amor do que por uma pessoa de carne e osso. Muitos adultos, no fundo, procuram parceiros que recordem as pessoas pelas quais se sentiam atraídos na adolescência. Frequentemente se arriscam a perseguir sozinhos um ideal inexistente e a envelhecer na constante desilusão (ALBISETTI, 1997).

Com isso o indivíduo cria uma relação de buscar no outro o que

gostaria que o outro tivesse e não como ele realmente é.

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A terapia de casal possibilitará o entendimento de que não existe

perfeição em se tratando de seres humanos. E que tentar buscar a perfeição só

irá transformar o relacionamento em algo falido e impossível. Ajudará no

entendimento de que é possível ver e enriquecer o positivo no outro e viver

uma vida feliz e de crescimento mútuo.

3.3 - Desenvolvimento de habilidades e de resolução de problemas

O terapeuta de casal irá desenvolver atividades para apresentar

estratégias de como os casais se comportarão, diante de um problema e a

possibilidade de resolver o mesmo de uma forma satisfatória. E demonstrar

como a capacidade de falar e ouvir são importantes para esta resolução.

Datillio e Padesky relatam “Aprender a falar e ouvir são os elementos

fundamentais da boa comunicação. Após dominá-los, o casal está pronto para

aprender estratégias de solução de problemas para aquelas áreas nas quais

discordam.” (DATTILIO E PADESKY, 1995, p. 78).

Nesse caso será trazida possibilidade de soluções que acolham as

necessidades dos parceiros. Será praticada a flexibilidade entre o casal,

através da comunicação. O terapeuta trabalhará no sentido de enriquecer

também a reciprocidade do relacionamento. E encorajar os parceiros a

buscarem resoluções para seus próprios problemas e dificuldades. Albisetti fala

sobre a importância das pessoas entenderem que o significado do

relacionamento conjugal depende somente de si mesmas “As pessoas não

devem se esquecer nunca que são elas o artifício e as protagonistas do

relacionamento conjugal, só elas. Depende delas dar o significado que querem

às suas coisas.” (ALBISETTI, 1997, p.63).

3.4 - Aliviar problemas sexuais

O sexo faz bem para a pessoa humana, e é importante para o

relacionamento do casal. No início o sexo é só satisfação, porém, com o passar

do tempo homens e mulheres podem acabar perdendo o estímulo e o prazer

pelo sexo, o que pode desencadear uma crise conjugal. Pease relata sobre o

sexo nos relacionamentos:

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No início do relacionamento, o sexo é só amor e prazer. Ela se entrega e ele transborda de amor. Um alimenta o outro. Depois de alguns anos, porém, ficam tão preocupados, ele em conseguir comida e ela em cuidar da cria, que sexo e amor aprecem acabar para os dois. Se a vida sexual é boa ou ruim, a responsabilidade é de ambos. Mas quando as coisas desandam logo começa a troca de acusações. Os dois têm o que aprender. (PEASE, 2010, p.117)

Hoje, com frequência, os relacionamentos enfrentam crises sexuais.

Isso tudo é consequência da vida contemporânea, trabalho, filhos, ansiedades.

O sexo é importante no relacionamento, deve ser considerada a perpetuação

do vínculo. Quando é desenvolvido um problema de ordem sexual o casal

acaba gerando um conflito no relacionamento. A terapia ajudará aproximar o

casal sexualmente, melhorar a comunicação não verbal do casal, descoberta

do que agrada e desagrada no outro. Irá ajudar a eliminar possíveis distorções

sexuais entre o casal. O terapeuta atua como facilitador do seu crescimento e

de sua modificação, caminhando para a mudança do problema sexual. Mostra

para o casal, a importância de se manter uma vida sexual ativa e satisfatória,

para que possa ajudar desenvolver comportamentos positivos entre ambos.

3.5 - Resoluções de Conflitos e melhoria nos casos de infidelidade

Conjugal

Os conflitos e relações extraconjugais têm sido cada vez mais comuns

dentro do casamento. Albisetti fala sobre relações extraconjugais

A traição esconde algo sério e profundo. Os casais fechados são mais expostos às traições que os abertos, pois nestes os parceiros partilham tudo. Todos sonham com um amor eterno, duradouro, entretanto, na realidade, muitíssimos são os casos de traição. Por quê? Entre outras coisas, não existem diferenças significativas entre os dois sexos em matéria de infidelidade. Parece, de qualquer forma, que as mulheres são mais infiéis. Isto para contradizer um lugar-comum que vê nos homens os grandes traidores. (ALBISETTI, 1997.p.165)

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Os casos extraconjugais são o grande vilão para as relações. Mas uma

traição nem sempre é sinal do fim do casamento. Inúmeras vezes, o parceiro

ama seu companheiro (a), mas acaba se envolvendo numa relação

extraconjugal por motivos diversos. Muitos são os motivos que levam o

parceiro conjugal a praticar a infidelidade, como por exemplo, a falta de auto-

estima, desilusões, falta de afeto e carinho, rotina, etc.Albisetti fala sobre

motivos que levam o parceiro a se envolver num caso extraconjugal:

Em geral, as relações extraconjugais são causadas pela baixa auto-estima e por uma inadequada valoração da própria personalidade. Também é necessário dizer que se chega a este tipo de relação quando não mais se espera uma modificação do próprio casamento. Mas quais são as verdadeiras razões que levam a trair? (ALBISETTI, 1997.p.165-166).

Ainda segundo o autor motivos como negação, o não enfrentamento

dos problemas, os sentimentos de inferioridade. Desilusões ou frustrações com

relação ao companheiro, sentimentos de inferioridade. Traem para provar algo

a si mesmo. O prazer sexual que contribuem para que as pessoas se envolvam

nesse tipo de relacionamento, também o tédio, a rotina e a vingança.

A terapia de casal irá fazer com que os cônjuges se assim quiserem,

entenderem e resgatarem a confiança e o interesse pelo companheiro.

Trabalhando através de técnicas e identificando as distorções no

relacionamento.

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CONCLUSÃO

A terapia de casal é usada para casais com dificuldades de

relacionamento, e em crise conjugal. A terapia tem tido grandes contribuições

para os relacionamentos, que estão em crise, às diferentes abordagens tem

trabalhado no sentido de resolução e melhoria do problema. A

contemporaneidade, e mudanças nos papéis sociais, têm contribuído

significativamente para isso. Então a terapia desenvolve sua contribuição para

as pessoas, que se encontra em crise no seu relacionamento. Segundo

diversos autores a terapia de casal têm auxiliado, e desenvolvido um trabalho

de escuta e intervenção nos relacionamentos, valorizando nos membros do

casal uma mudança do sistema de ansiedades, e intervindo no sentido de

buscar juntamente com os parceiros, o enfrentamento dos conflitos e

necessidades atuais.

A pesquisa foi desenvolvida de acordo com vários teóricos, no intuito

de corroborar a importância da terapia de casal para os membros do casal e

cônjuges que enfrentam dificuldades e crises. Viabilizando a importância da

comunicação para esse processo, pois, a maioria dos casais que enfrentam

essas dificuldades busca a terapia para tentar minimizá-la.

O indivíduo tem papel primordial no período de terapia, pois, os casais

têm revelado múltiplas experiências e exercido grande participação no

tratamento psicoterápico. O terapeuta possui variadas habilidades para auxilar

os casais em crise, e promover uma empatia em torno da relação. A terapia de

casal e seus estudos têm demonstrado sua eficácia como intervenção clínica e

significativos resultados para os participantes.

Considero o assunto de extrema importância, já que tem sido muito

discutido sobre crise ou falência do casamento, nos dias atuais. E esse referido

estudo, mostra que a mudança pode ser possível. O fato de os parceiros

vivenciarem essa nova modalidade de vida que a sociedade impõe, não

impede que os cônjuges invistam em uma relação conjugal mais satisfatória e

equilibrada. Os casais quando procuram a terapia de casal, buscam investir no

relacionamento e na sua própria felicidade. Pois a vivência de uma vida de

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crises e discussões traz para qualquer indíviduo frustração pessoal e

desenvolve estresse e ansiedade.

Podemos observar através dos estudos bibliográfico, que a prática tem

mostrado a eficácia da terapia de casal nos relacionamentos em crise e

proporcionado melhoria da autonomia e potencialidades do casal.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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LEAHY, Robert L. Técnicas de Terapia Cognitiva. Manual do Terapeuta.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO............................... ............................................................2

AGRADECIMENTO............................................................................................3

DEDICATÓRIA...................................................................................................4

RESUMO............................................................................................................5

METODOLOGIA.................................................................................................6

SUMÁRIO...........................................................................................................7

INTRODUÇÃO....................................................................................................8

CAPÍTULO I

Terapia de casal...............................................................................................10

1.1 - Modelo Psicanalítico.................................................................................12

1.2 - Modelo Cognitivo-Comportamental...........................................................13

1.3 – Modelo Sistêmico.....................................................................................16

CAPÍTULO II

Crise conjugal e dinâmica do casal...............................................................18

2.1- Dificuldade de comunicação...................................................................20

2.2 -Crenças biopsicosocias entre homens e mulheres.................................23

CAPÍTULO III

Terapia de casal: intervenção possível na crise

Conjugal.............................................................................................................26

3.1- Melhoria da relação individualidade x conjugalidade.................................27

3.2- Enriquecer os comportamentos positivos...................................................28

3.3- Desenvolvimento de habilidades e de resolução de

problemas..........................................................................................................29

3.4- Aliviar problemas sexuais........................................................................29

3.5 - Resoluções de Conflitos e melhoria nos casos de infidelidade

Conjugal.............................................................................................................30

CONCLUSÃO....................................................................................................32

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA........................................................................34

ÍNDICE...............................................................................................................36