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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE MAPAS CONCEITUAIS NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Por: Fabiana Dantas de Lima Orientador Prof. Msc. Adélia Maria Oliveira de Araujo Florianópolis 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

MAPAS CONCEITUAIS NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Por: Fabiana Dantas de Lima

Orientador

Prof. Msc. Adélia Maria Oliveira de Araujo

Florianópolis

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

MAPAS CONCEITUAIS NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Pedagogia Empresarial.

Por: Fabiana Dantas de Lima

3

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por estar presente na

minha vida em todos os momentos. À minha

filha Maria Vitória, meu tesouro inestimável

por quem eu devo todos os dias me tornar

uma pessoa melhor e a quem eu dedico tudo

que faço. Aos meus pais queridos e amados,

minha base sólida, meus amores e minha

irmã, companheira de infância e da vida

toda. Minha amiga Noemi, parceira fiel de

todas as horas sempre ao meu lado, me

mostra que o meu caminho é longo e eu sou

maior que os obstáculos. Às minhas

orientadoras Marcella e Adelia. Ao Marthin e

à Mariângela pelo precioso apoio. E

finalmente ao Gilson, que me incentivou e

colaborou em toda a concepção desse

trabalho. Obrigada a todos!

4

DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho à minha filha Maria

Vitória, inspiração da minha vida. Filha, saiba

que eu procuro a cada dia ser uma pessoa

melhor por sua causa, porque você é um ser

iluminado que há nove anos trouxe sentido à

minha vida e que mesmo tão pequenininha me

ensina tudo que eu preciso aprender.

5

RESUMO

O presente estudo objetivou aprofundar estudos sobre a efetividade dos Mapas

Conceituais no processo de aprendizagem na Educação a Distância, suas formas de

utilização, construção e aplicação, haja vista que o modelo de EAD demanda uma

base metodológica ampla, que aproveite a experiência acumulada no processo de

ensino-aprendizagem tradicional e garanta coerência em todas as atividades do

processo instrucional através da tecnologia. Concluiu-se que o uso de mapas

conceituais em EAD é uma maneira rica para avaliar o aprendizado, que poderá

ocorrer individualmente, e, tem-se, então, a interação da estrutura cognitiva com

novas aquisições, possibilitando ou não, transformações na mesma. Se esse

aprendizado for coletivo, então, haverá ampla troca de informações e, em

consequência, a capacidade de estruturação do pensamento de cada indivíduo

aumentará, isto é, construindo mapas conceituais em grupo, o aluno terá uma maior

gama de informações a seu dispor, o que irá enriquecer sua aprendizagem acerca

do conteúdo do mapa em questão.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada para o desenvolvimento deste estudo, como

apresenta Gil (2002), está inserida na busca por materiais literários, como livros,

revistas, teses e dissertações, cujo conteúdo foi propício ao desenvolvimento da

teoria e da análise do trabalho.

A pesquisa bibliográfica objetiva explicar um problema através de referências

teóricas, buscando-se analisar e conhecer as contribuições científicas ou culturais

do passado, que influenciam um determinado tema, assunto ou problema. A

pesquisa bibliográfica objetiva explicar um problema através de referências teóricas,

buscando-se analisar e conhecer as contribuições científicas ou culturais do

passado, que influenciam um determinado tema, assunto ou problema.

Recorreu-se inicialmente à busca de orientação através dos conceitos acerca

do tema em questão, objetivando facilitar sua compreensão e desenvolvimento.

Essa pesquisa, obviamente, conduzida por autores do tema e área

relacionada foi realizada da seguinte maneira: a princípio foi feito um levantamento

bibliográfico com as fontes de pesquisas levantadas como os livros revistas e

Periódicos.

Logo depois foi realizada uma análise teórica, culminando em uma

abordagem analítica, compondo a conclusão da pesquisa.

A leitura exploratória e interpretativa favoreceu a construção dos argumentos

por progressão ou por oposição.

A principal vantagem da pesquisa bibliográfica encontra-se no fato de

viabilizar ao pesquisador a cobertura de uma ampla gama de fenômenos, bem maior

do que a que seria possível pesquisar diretamente. Esse método de pesquisa é

particularmente vantajoso quando o problema da pesquisa, como é o caso do estudo

em questão, exige dados dispersos pelo espaço.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 08

I A INFORMÁTICA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM .................. 10

II O ENSINO À DISTÂNCIA ..................................................................................... 16

2.1 Recursos Tecnológicos em Educação a Distância ............................................. 19

III APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA ..................................................................... 23

3.1 Estilos cognitivos e estilos de aprendizagem em EAD ....................................... 31

3.2 Mapas conceituais na Educação a Distância ..................................................... 34

3.2.1 Mapas conceituais e a teoria cognitiva de Ausubel .......................................... 40

IV A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NAS ORGANIZAÇÕES ...................................... 46

4.1 A importância do Pedagogo na Empresa ........................................................... 53

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 57

BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................... 59

ÍNDICE ...................................................................................................................... 63

FOLHA DE AVALIAÇÃO .......................................................................................... 64

8

INTRODUÇÃO

Desde o ponto de vista instrucional, o uso da hipermídia e da Web

condiciona o emprego de novas possibilidades pedagógicas a favor de uma

educação mais flexível, que atribua maiores responsabilidades ao aluno, tornando-o

um agente ativo do processo instrucional, o que deverá favorecer o processo de

criação do conhecimento em grupo, bem como o ganho de habilidades na interação

com outras pessoas (RESTREPO et al, 1998).

Diversas organizações internacionais motivaram-se a juntar esforços e

desenvolver padrões nos conceitos de desenho e arquitetura de software educativo,

de reusabilidade, de armazenamento dos produtos de e-Learning e outros. Assim, o

uso hoje da Web tende a se comprometer com modernas especificações para o

ensino eletrônico.

A questão que norteou este estudo foi: levando-se em consideração a

relevância da identificação do conceito, a utilização, as formas de construção e a

aplicabilidade dos Mapas Conceituais, como podemos levantar a utilidade dos

Mapas Conceituais como ferramenta de aprendizagem no contexto da Educação a

Distância?

Assim, o presente estudo objetivou aprofundar estudos sobre a efetividade

dos Mapas Conceituais no processo de aprendizagem na Educação a Distância,

suas formas de utilização, construção e aplicação. Objetivou, ainda: aprofundar

estudos sobre a aplicabilidade e efetividade dos Mapas Conceituais no processo de

aprendizagem na Educação a Distância; mostrar suas formas de utilização,

construção e aplicação; abordar o processo de Educação a Distância e os

Processos de Aprendizagem; conceituar Mapas Conceituais; relacionar as

sistemáticas de aplicação dos Mapas Conceituais; exemplificar mapas conceituais,

vantagens e desvantagens na EAD; e verificar a efetividade dos Mapas Conceituais

na EAD.

O estudo se justifica e se faz relevante pois os Mapas Conceituais são

utilizados para auxiliar a ordenação e a sequenciação hierarquizada dos conteúdos

9

de ensino, de forma a oferecer estímulos adequados ao aluno. Mapas Conceituais

podem ser usados como um instrumento que se aplica a diversas áreas do ensino e

da aprendizagem, principalmente na Educação à Distância.

Os Mapas Conceituais são representações gráficas em duas dimensões

de um conjunto de conceitos construídos de tal forma que as relações entre eles

sejam evidentes. Nesta perspectiva parte-se do pressuposto que o indivíduo constrói

o seu conhecimento partindo da sua predisposição afetiva e seus acertos

individuais. Estes mapas servem para tornar significativa a aprendizagem do aluno,

que transforma o conhecimento sistematizado em conteúdo curricular,

estabelecendo ligações deste novo conhecimento com os conceitos relevantes que

ele já possui.

O interesse pelo tema surgiu por entendermos que os Mapas Conceituais

são ferramentas que facilitam o ensino/aprendizagem na EAD.

O presente estudo teve caráter exploratório, sendo os dados obtidos

através da pesquisa bibliográfica, tendo por base livros, teses, artigos de periódicos

e paginas da internet pertinentes ao tema delimitado.

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I. A INFORMÁTICA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Segundo Valente (1993), a utilização da informática no ensino tem início

na década de 50, com a proposta da máquina de ensinar por Skinner, utilizando o

conceito de instrução programada. Assim, a seguir, é traçado um panorama sobre a

utilização da informática no meio educacional, juntamente com suas ferramentas

como recursos didáticos e as tecnologias e a interatividade promovida.

A instrução programada tem como princípio a divisão de materiais em

partes menores logicamente encadeadas denominada de módulos. Apresenta-se

sequencialmente os conceitos dentro desses módulos e, ao final, o aluno realiza

exercícios, como testes de múltipla escolha ou preenchimento de espaços em

branco. Se a sua resposta estiver correta, ele avança um módulo. Caso contrário

pode ser indicado que refaça alguns módulos de forma a suprir deficiências

passadas.

Skinner apresentou a instrução programada utilizando material impresso, o

que dificultava sua produção e padronização. Isso justifica sua disseminação restrita

até o início dos anos 60 (VALENTE, 1993).

Com o surgimento do computador, introduziu-se maior flexibilidade aos

materiais instrucionais. Na década de 60, várias foram as propostas de instrução

programada no computador, dando início à Instrução Auxiliada por Computador,

conhecida por CAI (Computer Aided Instruction) (VALENTE, 1993).

Sua disseminação nas escolas acontece com a utilização dos

microcomputadores, permitindo diversificação desses sistemas. Assim, surgem os

sistemas tutoriais, sistemas de avaliação de aprendizagem, programas de

simulação, demonstração, exercício e prática e os jogos educacionais. Em seguida,

surgem outras abordagens, como ênfase na resolução de problemas, na produção

de textos didáticos, na manipulação de dados e até no controle de processos em

tempo real.

Valente (1993) salienta que o computador deixou de ser um instrumento

que ensina de forma mecânica o aluno para ocupar uma posição de apoio ao

11

processo de desenvolvimento cognitivo, que acontece quando o aluno executa

tarefas como elaboração de textos, pesquisas, resolução de problemas de diversas

naturezas e a representação de resoluções por meio de linguagens de programação.

Dessa forma, passa-se a considerar o computador como uma ferramenta

educacional bastante útil para a melhoria da qualidade educacional.

Percebe-se, então, uma mudança de paradigmas, com o aluno

substituindo o processo de memorização da fatos pela habilidade em buscar e

utilizar a informações.

Para Chaves (1991), há várias formas de utilização do computador no

ensino. Diante disto, normalmente as escolas utilizam-se de métodos que são

priorizados e generalizados para todos os alunos.

Para Lollini (1991), o uso de computadores no fomento à aprendizagem

apresenta características psicopedagógicas como por exemplo: o relacionamento

interativo, o auto-diálogo, os estilos de aprendizagem, a imediata correção e as

diferentes maneiras de solucionar problemas que acabam por favorecer o

aprendizado. Ainda, é interessante notar que o computador supera a barreira do

bloqueio cognitivo na medida em que é considerado uma máquina capaz de

reproduzir as instruções programadas e aceitar solicitações quando requisitadas

pelo aluno, o que o torna mais atraente. Assim, várias são as ferramentas

computacionais passíveis de utilização no meio educacional.

Com a utilização do computador como ferramenta didática, vários

softwares específicos foram desenvolvidos para esse contexto. Ainda, foram

incorporados ao processo, vários softwares para outras finalidades, mas que traziam

grande contribuição. Dessa forma, os softwares específicos para o ensino e aqueles

com outros fins, porém aplicados ao ensino, são denominados softwares

educacionais.

Oliveira et al (2001) afirmam que o software possui caráter educacional se

aplicado ao ensino, dividindo-se em: a) software educativo, que objetiva favorecer o

processo de ensino e aprendizagem e é desenvolvido para construir conhecimento,

com caráter interativo; e b) software aplicativo, que não foi desenvolvido com o

objetivo específico de auxiliar no ensino e aprendizagem, mas que podem ser

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utilizados para tal finalidade, como os editores gráficos, de textos e bancos de

dados.

Ainda, segundo o autor supracitado, o software deve possuir algumas

características básicas, como:

a) Desenvolvimento fundamentado em uma teoria de aprendizagem; b) Possibilidade de construção de conhecimento sobre determinado assunto; c) Possibilidade de interação; d) Facilidade de uso; e e) Possibilidade de atualização de conteúdos (OLIVEIRA et al, 2001, p.5).

Para Tajra (2001), como já discutido, há várias categorias de instrução

programada por computador. A seguir, são comentadas as mais comumente

encontradas no meio educacional.

A primeira delas, os programas tutoriais, são programas que tornam

possível o acesso a conteúdo didático por meio de ícones, onde o computador

instrui o aluno e verifica, posteriormente, se o conteúdo foi entendido, fazendo com

que o aluno fique menos passivo diante das informações. Os tutoriais comportam

materiais com características não disponíveis no papel, como por exemplo, controle

de performance, animações e sons que direciona o aluno no processo de

aprendizagem segundo a interação aluno-computador que se desenvolve,

permitindo que o aluno avance pelas matérias ou, se necessário, as repita.

Basicamente, é uma tentativa de versão computadorizada do ensino tradicional, mas

de forma individualizada e com pouquíssima interação. Ressalte-se que inexistem

bases pedagógicas na maioria desses sistemas (TAJRA, 2001).

Já os softwares de exercício e prática têm como pressuposto a revisão de

conteúdo, o que envolve memorização e repetição. Pode haver uma grande

variedade de exercício, separados por nível de conhecimento e interesse do aluno

onde, através de suas respostas, pode-se verificar como anda o processo de ensino

pelo retorno fornecido pelo computador. Os softwares de exercícios apresentam

problemas de uma dada disciplina para serem resolvidos pelo aluno, permitindo a

apresentação de conceitos e atividades interativas com perguntas e respostas. O

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sistema identifica erros e direciona o aluno por meio de exemplos. Assim, como

aspectos relevantes, esses programas permitem a correção do exercício

imediatamente, se adaptando ao ritmo do aluno (TAJRA, 2001).

A seu turno, os jogos educacionais trabalham com a pedagogia auto-

dirigida, e não meras instruções. Como premissa básica, esse tipo de sistema

considera que o aprendizado do aluno se dá de forma mais eficiente quando ele se

sente motivado para buscar seu conhecimento, descobrir relações entre conceitos e

interagir com o ensino mesmo sem perceber que algo está sendo ensinado. Por

meio desses programas, apresenta-se ambientes onde os discentes, através de

regras previamente definidas, ensaia estratégias até chegar o objetivo estabelecido

(TAJRA, 2001).

Os softwares de demonstração permitem apresentar e demonstrar

fórmulas, leis físicas, conceitos matemáticos e até experimentos, sendo possível a

utilização de gráficos, efeitos especiais, cores e sons, mas com uma considerável

desvantagem: a baixa interatividade, pois permite apenas a visualização das

demonstrações sem a possibilidade de interferência (TAJRA, 2001).

A simulação trabalha com o desenvolvimento de modelos simples e

dinâmicos do mundo real, oferecendo ao aluno a possibilidade de testar suas

hipóteses, analisar resultados, tomar decisões e comprovar conseqüências através

da experimentação em ambientes exploratórios. Dessa forma, são programas

bastante úteis em situações onde é inviável apresentar ao aluno, a experiência real,

como a visualização dos movimentos de rotação e translação da terra,

conseqüências de terremotos ou do efeito estufa para o planeta. Salienta-se que,

com esses programas, torna-se possível o aprimoramento das habilidades lógicas,

matemáticas e de resolução de problemas, habilidades estas, muito importantes no

processo de construção do conhecimento pelo aluno (TAJRA, 2001).

Por fim, a resolução de problemas com o uso de computadores tem como

finalidade oferecer um ambiente que apresente um problema próximo da realidade

do aluno para que ele seja solucionado utilizando-se de diversos recursos

disponibilizados. Em vários casos é pedido que o aluno resolva o problema através

de um programa de uma linguagem de programação, com uma descrição precisa e

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formal. Um conhecido exemplo de linguagem utilizada nessa forma de

aprendizagem é o Logo (TAJRA, 2001).

É interessante notar que, com a utilização de recursos computacionais,

torna-se possível integrar, não linearmente, textos, imagens, vídeos, sons e

animações, o que fez surgir os conceitos de multimídia e hipermídia, levando a uma

maior promoção da aprendizagem com a utilização do computador (VAUGHAN,

1994).

Segundo Martin (1992), os sistemas hipermídias precisam ser claros e ter

estruturas bem delineadas quanto às seqüências de informações, o armazenamento

destas em blocos de informação, e o glossário de termos técnicos com links diretos

para cada item.

Para Machado (1997), um sistema hipermídia possui várias características

passíveis de uso na educação educação. Dentre elas, cita-se como as mais

relevantes: a) facilidade de utilização; b) validade pedagógica, com fácil integração

curricular; c) atividades mais interessantes para alunos, podendo-se utilizar sons,

cores e animações; d) possibilidade de melhor desempenho dos alunos com

aumento da motivação; e) possibilidade de seleção, pelo aluno, do nível de

dificuldade; e f) apresentação de estímulos que consistem em definições, exemplos

e contraexemplos.

As possibilidades de aplicação da informática como recurso na educação

crescem continuamente. Como exemplo cita-se os sistemas baseados em

inteligência artificial, que surgiram na década de 70 com os denominados sistemas

tutoriais inteligentes.

Segundo Ulbricht (1997), com a utilização da inteligência artificial, o ensino

e a aprendizagem tornam-se mais flexíveis para o aluno, resultando em melhoria de

qualidade e eficiência nos novos ambiente de aprendizagem.

Ao desenvolver uma aprendizagem cooperativa, trabalhos em grupo, troca

de experiências, enfim, uma interação bem sucedida, para Moran (2000), há um

ganho significativo no processo de ensino e aprendizagem. Ressalte-se, no entanto,

que a partir da introdução dos computadores nesse processo, muitos

questionamentos foram levantados em relação a seus potenciais benefícios.

15

Segundo Sandholtz et al (1997), os benefícios da integração da tecnologia

são mais perceptíveis quando a aprendizagem não é tratada simplesmente como

exposição de conteúdos, mas sim como a capacitação dos indivíduos para

resolverem diferentes tipos de problemas. Através da tecnologia é possível coletar

informações existentes em diversos meios e, desta forma, organizá-las, visualizá-las

e relacioná-las. Segundo o autor, a tecnologia utilizada de maneira eficaz, vai além

da mera disponibilização de computadores e programas em salas de aula. Deve

haver a constante preocupação com a capacitação dos professores.

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II. O ENSINO À DISTÂNCIA

De acordo com Romiszowski (1999 apud OLIVEIRA et al, 2001, p.66),

EAD é “uma forma de compartilhar conhecimentos com a divisão do trabalho

utilizando intensamente os meios de comunicação, o que viabiliza a instrução de

grande número de alunos ao mesmo tempo em diferentes locais”.

Para Moore e Kearsley (1996 apud OLIVEIRA et al, 2001, p.67), “EAD é o

aprendizado planejado, com meios de comunicação e estrutura organizacional e

administrativa específicos, que ocorre em um local remoto e necessita de técnicas

de planejamento de curso, metodologia instrucional e comunicação”.

Para Chaves (1999) a EAD é um meio de utilizar a tecnologia na

promoção da educação. Já o termo distância, apesar de empregado de maneira

relacionada a espaço, pode, também, referir-se a tempo. Dessa forma, ocorre

quando o indivíduo que ensina está separado, tanto física quanto temporalmente, do

indivíduo que aprende.

Há mais de um século que a EAD vem tentando formar e informar as

pessoas que não podem estar em contato direto com o professor, seja devido a

grandes distâncias, seja pela separação imposta pelo próprio tempo.

Primeiramente vinculada à iniciativa de alguns professores, a EaD começa

a existir, já na segunda metade do século XIX. Assim, em 1840, na Inglaterra, Isaac

Pitman organiza a primeira escola de educação por correspondência; em 1856,

Charles Toussaint e Gustav Langenscheidt criam a escola de línguas por

correspondência, em Berlim; Thomas J. Foster inicia, em 1891, na Pensilvânia, o

International Correspondence Institute; o Reitor William R. Harper, que já

experimentara o ensino por correspondência na formação de professores para

escolas paroquiais, cria em 1982, no Departamento de Extensão da Universidade de

Chicago, a Divisão de Ensino por Correspondência; em Oxford, Joseph Knipe inicia

em 1894 os cursos de Wolsey Hall; Hans Hermod criou o Instituto Hermod, da

Suécia em 1898 (GUIMARÃES, 2002).

17

Após a Segunda Guerra Mundial, com a intensa preocupação de formar

recursos humanos para a carreira armamentista e para o desenvolvimento industrial,

produz-se uma forte expansão da educação e, com ela, a da educação a distância,

para facilitar o acesso à educação em todos os níveis (GUIMARÃES, 2002).

Nas décadas de 60 e 70, a educação a distância apresenta uma marcada

expansão, tanto no terreno prático como no teórico. Entre 1960 e 1975, criam-se na

África mais de 20 instituições de educação a distância. De 1972 a 1980, o número

de instituições na Austrália aumenta de 15 para 48. Também se criam universidades

a distância no Paquistão, na China, EUA, Canadá, Coréia do Sul, Tailândia,

Espanha, Inglaterra, Japão, etc. Entre os exemplos na América Latina, cita-se: o

Programa Universidade Aberta, da Universidade Nacional Autônoma do México,

implantado em 1972; a Universidade Estatal a Distância da Costa Rica, criada em

1977; a Universidade Nacional Aberta da Venezuela, também criada em 1977, e a

Universidade Estatal Aberta e a Distância da Colômbia, criada em 1983

(GUIMARÃES, 2002).

Na sua evolução histórica, a educação a distância tem estado sempre

intimamente relacionada à revolução na transmissão de mensagens: a possibilidade

de envio de correspondência, a escrita, a impressora, o telefone, o rádio, a tv, vídeo

e, atualmente, a internet. Assim, na literatura pode-se identificar as gerações de

ensino a distância.

No século XX e início do XXI, evidencia-se um contínuo movimento de

consolidação da EAD, identificando-se uma evolução que não só tem a ver com o

aumento do número de alunos e matrículas, como também com a introdução de

novas tecnologias (meios), que facilita a interação professor-aluno, entre alunos e

conteúdos (mediadores) e entre os próprios alunos.

Ao longo do tempo, várias tecnologias foram criadas para o

desenvolvimento da EAD, disponibilizando inúmeras informações para a sociedade

e ampliando as possibilidades de aprendizado. De acordo com Romiszowski (1999

apud OLIVEIRA et al, 2001), o desenvolvimento da EAD ocorreu segundo quatro

fase (estando atualmente na quinta), que podem ser caracterizadas com base na

forma de instrução e no tipo de interações utilizadas.

18

A primeira etapa corresponde aos cursos por correspondência que utilizam

os correios para o envio de materiais instrucionais. Nesta modalidade de EAD,

praticamente não há possibilidade de interação. Ainda no século passado, além de

material impresso, os cursos a distância, passaram a utilizar fitas de áudio, fitas de

vídeo e, finalmente, CD-ROMs. Entretanto, estes recursos se caracterizam pela

comunicação unidirecional e pela ausência de interatividade entre professor e aluno

(OLIVEIRA et al, 2001).

Com a popularização do rádio e, posteriormente, da televisão, a

transmissão de cursos a distância por meios de comunicação em massa deu origem

à segunda etapa de EAD.

Embora esta modalidade seja unidirecional e não interativa, ela é de baixo

custo e possibilita atingir um grande número de alunos espalhados em um amplo

território geográfico.

Já a terceira etapa corresponde ao uso de sistemas integrados de EAD

tais como sistemas multimídia e meios de comunicação como telefone, e-mail e fax,

explorados inicialmente em cursos de atualização dentro de empresas (OLIVEIRA et

al, 2001).

A partir da última década do século XX, os tutores passaram a contar com

tecnologias sofisticadas como a videoconferência e a Internet. Assim, a

comunicação bilateral em tempo real tornou-se possível. Desta forma, surgiu a

quarta etapa, na qual escolas ou cursos virtuais vêm ganhando crescente

importância no meio educacional. A principal característica que diferencia esta das

demais etapas é a forma de trabalho, neste caso, baseada no uso da Internet como

meio para a interação dos participantes e que cria um ambiente cooperativo e

colaborativo (OLIVEIRA et al, 2001).

Nesse meio, para Mason (apud RODRIGUES, 2004), a interação se dá de

duas maneiras: síncrona (troca de informações no mesmo momento), por meio de

em salas de bate-papo ou comunicadores, e assíncrona (troca de informações em

momentos diferentes), por meio de fóruns de discussão e e-mail.

Por fim, tem-se a quinta e atual fase de utilização da EAD: a que

considera a utilização de tecnologias como agentes inteligentes, redes sem fios,

eficientes linhas de transmissão e reutilização de conteúdos de forma planejada.

19

2.1. Recursos Tecnológicos em Educação a Distância

Para McClintock (1992), a utilização do computador como apoio ao ensino

pode resultar em motivações cooperativas, aumentando consideravelmente as

oportunidades educacionais e abrindo vários canais para o conhecimento, o que

pode favorecer as políticas educacionais.

Segundo Fróes (1998, p.39), “hoje não é mais necessário que se esteja

em sala de aula para se aprender algo. Pode-se ter acesso às informações de

qualquer local que se esteja, desde que com disponibilidade tecnológica”.

Para uma eficaz utilização de tecnologias no meio educacional, importa

que entenda-se como cada recurso influencia as relações individuais e grupais na

escola. Assim, integrar os diferentes atores desse contexto (alunos e professores)

de forma consciente para a construção do conhecimento, é um grande desafio

atualmente. As possibilidades oriundas dos avanças tecnológicos são inúmeras, e

trazem interessantes perspectivas para a área educacional. Com a inserção de

recursos tecnológicos e de comunicação, a aprendizagem tradicional, muitas vezes

pouco atrativa, se transforma em uma aprendizagem interativa, socializando o

conhecimento.

Para Scheimberg (1997), a educação aproximada dos meios de

comunicação se explica pela complementaridade existente entre elas, fazendo com

que a aprendizagem seja interativa, ao contrário do que ocorre com meios

unidirecionais, onde a informação trilha somente o caminho de ida (do comunicador

para o receptor). Assim, vários são os meios comunicativos empregados com fins

educacionais como o rádio, a televisão e, com grande ênfase atualmente, o que se

denomina de teleducação mediada pelo computador.

Para Demo (2000), essa maneira de utilizar a informática e comunicação

na educação possui alguns aspectos relevantes: a) há distância física entre

professores e alunos na maior parte do tempo; b) alunos e professores interagem

sobre os conteúdos por meios de tecnologias de informação e comunicação; c) a

comunicação ocorre sempre nos dois sentidos; d) alunos e professores estão

20

separados pelo espaço e tempo; e e) uma considerável parte do controle da

aprendizagem está nas mãos dos alunos.

Um fator que enriquece ainda mais o processo de aprendizagem é a

interatividade entre professores e alunos, e entre os próprios alunos. Nesse

contexto, os resultados não podem ser mensurados apenas pelos fatos e conteúdos

memorizados, mas pela profundidade da aprendizagem e pelas habilidades

adquiridas.

Demo (2000, p.67) afirma que:

[...] outro fator relacionado à efetividade da aprendizagem diz respeito ao perfil dos indivíduos que participa dos ambientes colaborativos de aprendizagem. De uma forma geral, eles podem ser caracterizados como: a) aqueles que buscam conhecimento de forma voluntária; b) motivados, disciplinados e com expectativas maiores; c) pertencentes a grupos de faixa etária superiores à média; e d) ativos, criativos e mais responsáveis.

Para que se tenha os efeitos esperados com essa forma de ensino, ainda

para Demo (2000, p.68), devem ser realizadas algumas considerações. Dentre elas,

podem cita-se:

[...] o acesso à tecnologia, a flexibilidade dos procedimentos gerados pelos participantes com o objetivo de estimular as comunidades de aprendizagem, a ênfase na participação, a aprendizagem colaborativa e transformativa, e a avaliação de todo esse processo. Dessa forma, a educação a distância é e continuará sendo um fenômeno crescente e presente em qualquer meio de aprendizagem.

Como já citado, um grande exemplo de avanço tecnológico mediado pelo

computador é a Internet que, para Kerckhove (apud FRANCO e SAMPAIO, 1999),

permite precisamente a transmissão de informações sob o controle de quem a

utiliza.

Para Demo (2000), a Internet está mudando vários conceitos consolidados

ao longo do tempo, principalmente aqueles relacionados às relações humanas. É

por meio dela de uma infinidade de informações é compartilhada, tornando pessoas

21

mais informadas, conscientes e comprometidas. Assim sendo, não se pode

considerar a Internet como aquela que promove a ausência de alguém, mas sim que

o torna mais presente por um meio de comunicação.

Dada a constante preocupação com a utilização de tecnologias, que

exigem tempo e dedicação, Franco e Sampaio (1999) salientam que não se pode

inferir que o indivíduo saiba fazer uso da tecnologia, mas sim que o processo de

aprendizagem para utilizar a tecnologia deve fazer parte do sistema.

Segundo Delors (2000, p.26), “se o ensino não estiver adequado, de nada

adianta a utilização de tecnologias avançadas. Os conteúdos devem ser preparados

visando essas tecnologias como verdadeiros instrumentos de ensino, questionando

as bases pedagógicas envolvidas”.

É vasto o número de serviços relacionados a EAD que podem ser

fornecidos pela Internet. A principal característica desses serviços é a

implementação de modelos de aplicação do tipo cliente-servidor. Neste modelo, um

conjunto específico de hardware e software, chamado servidor, provê aplicações

através de redes de computadores para usuários. A seu turno, os usuários também

utilizam outras máquinas, igualmente dotadas de hardware e software apropriado

(OLIVEIRA et al, 2001).

O correio eletrônico ou e-mail é um dos serviços cliente-servidor de maior

alcance na Internet. Com ele, os usuários podem trocar mensagens de maneira

assíncrona. Os Fóruns de Discussão também constituem-se em uma modalidade de

comunicação assíncrona por meio da troca de mensagens, mas diferem do e-mail

porque as mensagens se dirigem a grupos de usuários pré-cadastrados. Esse

serviço reúne informações por assunto ou categoria para sua divulgação. As

informações são organizadas hierarquicamente conforme os assuntos, sub-assuntos

e respostas a perguntas (OLIVEIRA et al, 2001).

As salas de bate-papo (chat) permitem que grupos de pessoas se

comuniquem síncronamente. Para tanto, usuários aderem a uma sala de

conversação e podem receber e enviar mensagens em tempo real para outros

usuários presentes na sala. Salas de bate-papo mais sofisticadas permitem a troca

de arquivos de imagem e de som e até mesmo a videoconferência (OLIVEIRA et al,

2001).

22

O FTP (File Transfer Protocol ), viabiliza a transferência de arquivos entre

computadores conectados a uma rede, e, também, constitui-se em um serviço do

tipo cliente-servidor bastante comum. O FTP é a base para a execução de

operações de download e upload (troca de arquivos), muito empregadas por

usuários da Internet (OLIVEIRA et al, 2001).

Tem-se, também, o Telnet que permite a conexão remota a outros PC’s.

Após conectado, o usuário pode comandar a execução de programas na máquina

servidora. A título de exemplificação, o serviço Telnet é utilizado em programas de

cadastros de usuários. Estes programas estão em servidores na Internet, e ao

serem acessados, são executados no próprio servidor. Através deles, se faz a

conferência e o armazenamento das informações digitadas pelos usuários remotos

(OLIVEIRA et al, 2001).

Finalmente, o www (World Wide Web) é o serviço do tipo cliente-servidor

responsável pela popularização da Internet. No início, seu objetivo era permitir a

publicação e a consulta a informações utilizando hipertextos, o que possibilita a

navegação por textos de maneira hierárquica, mas não linear. Com o avanço da

tecnologia tornou-se possível acrescentar áudio e imagem, o que aumentou

bastante o interesse pela publicação de materiais na Internet (OLIVEIRA et al,

2001).

Atualmente, o www é capaz de prover aos usuários da Internet uma

grande variedade de informações hipermídia e multimídia com a utilização de

ferramentas como o Internet Explorer ou o Netscape Communicator. Além de

possibilitar uma navegação de baixo custo, o www também permite agregar em um

só ambiente, de forma transparente aos usuários, outros serviços do tipo cliente-

servidor, tais como e-mail, bate-papo e FTP (OLIVEIRA et al, 2001).

Todos os ambientes cliente-servidor mencionados até aqui são comuns

em ambientes de EAD, mas, devido a suas diversas particularidades, o www, com

os outros ambientes agregados de maneira transparente, tornou-se a principal

plataforma para desenvolver aplicações de EAD na Internet.

23

III. APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA

O conhecimento do mecanismo de aprendizagem é de fundamental

importância para a educação, haja vista que é através desse conhecimento que se

estrutura a teoria didática, a organização do ensino e as técnicas mais adequadas à

eficiência do processo de aprendizagem (GIL, 1997).

Conforme Gil (1997, p. 58), a aprendizagem “refere-se às modificações

nas capacidades ou disposições do homem que não podem ser atribuídas

simplesmente à maturação”.

Assim, a aprendizagem ocorre quando alguém manifesta maior

capacidade para certos desempenhos ou alterações de disposição, como interesses,

valores ou atitudes, em virtude das experiências vivenciadas.

Em termos educacionais, ressalte-se que o conceito de aprendizagem é

mais específico. “Refere-se à aquisição de conhecimentos ou ao desenvolvimento

de habilidades e atitudes em decorrência de experiências educativas, tais como

aulas, leituras, pesquisas, etc” (GIL, 1997, p. 58).

Para Fleury e Oliveira Júnior (2001), a aprendizagem é entendida como

um processo de mudança provocado por estímulos diversos que podem ou não

produzir mudança no comportamento da pessoa.

Conforme Senge (2003), a aprendizagem constitui um ciclo contínuo

composto de três elementos: aptidões e habilidades, conhecimentos e sensibilidades

e atitudes e crenças. De acordo com o autor, o desenvolvimento de novas

habilidades pode alterar a compreensão dos indivíduos sobre a realidade. Novos

conhecimentos e sensibilidades são então incorporados, modificando os modelos

mentais dos indivíduos compostos de idéias profundamente arraigadas que

influenciam suas atitudes e forma de encarar o mundo. Neste momento, novas

crenças e atitudes, com base na análise da realidade, poderão surgir, enriquecendo

esse mecanismo e estimulando o desenvolvimento contínuo de habilidades e

aptidões, retroalimentando o sistema que se transforma em um ciclo reforçador.

24

As diversas abordagens retratam a aprendizagem como um mecanismo

que altera a compreensão do indivíduo sobre a realidade, impactando em seu

comportamento e disposição, em virtude das experiências vivenciadas. É importante

perceber que as diversas correntes sobre aprendizagem apresentam algumas

distinções no que tange às respostas emitidas pelo indivíduo decorrentes do

processo de aprendizagem. Dessa maneira, segundo Gil (1997, p.59):

[...] algumas definições enfatizam a mudança observável do comportamento do indivíduo, enquanto outras focalizam tanto os aspectos objetivos e comportamentais quanto os aspectos cognitivos, considerando a aprendizagem como elemento influenciador das crenças, valores e percepções dos indivíduos. Este estudo aborda a aprendizagem sob a ótica educacional, em que a aquisição do conhecimento ocorre em virtude de experiências educativas, resultando na modificação das capacidades do indivíduo, sejam elas comportamentais ou cognitivas.

Têm sido desenvolvidas diversas pesquisas sobre aprendizagem,

resultando em diversas e divergentes teorias.

De acordo com Moreira (1999, p.12), teoria de aprendizagem é “uma

construção humana para interpretar sistematicamente a área do conhecimento que

chamamos de aprendizagem”. Representa, dessa maneira, a perspectiva de um

autor sobre como interpretar e definir o tema aprendizagem.

Segundo Moreira (1999), uma teoria envolve o relacionamento abrangente

de inúmeros conceitos e princípios, englobando sistemas de valores denominados

de filosofias ou visões de mundo.

O esquema conceitual proposto por Moreira (1999) apresenta as teorias

mais recentes de aprendizagem, agrupando-as em três grandes filosofias:

comportamentalismo, cognitivismo e humanismo (Figura 1).

25

Figura 1. Principais abordagens sobre aprendizagem

Fonte: Adaptado de Moreira (1999, p. 18)

Segundo Pozo (1998), as teorias associacionistas são representadas pelo

behaviorismo clássico de Watson, o conexionismo de Thorndike, o neobehaviorismo

de Skinner, dentre outros. Nessa corrente, o conhecimento é adquirido por meio de

associação de idéias, conforme continuidade espacial e temporal, causalidade e

princípios de semelhança.

26

Uma das teorias que continuam considerando a aprendizagem por meio

de condicionamentos é aquela representada pela idéia de estímulo-reposta. O

teórico mais representativo desse conceito foi Skinner, o qual considera que a

aprendizagem ocorre a partir de reforços, induzindo indivíduos em seu ambiente, ou

seja, programando suas estruturas cognitivas de forma rígida.

Já as teorias estruturalistas (construtivistas), juntamente com as

cognitivas, são representadas principalmente pelos gestaltistas clássicos, Piaget,

Vygotsky, Bartlet e Ausubel.

O construtivismo pressupõe que as representações são construídas pelos

indivíduos e é extremamente contrária ao associacionismo. Os gestaltistas

entendem que, constitui-se em estruturas significativas, a aprendizagem baseada

em reestruturação e em insights, estruturas essas que não são divisíveis em

elementos mais simples. A reestruturação se efetua por compreensão repentina do

problema, relacionada a uma tomada de consciência de seus aspectos estruturais,

que podem ser recombinados mentalmente de modo que possibilite a solução de

problemas.

Temos ainda a Teoria das Inteligências Múltiplas, teoria de aprendizagem

desenvolvida por Howard Gardner (1995). Para este pesquisador o conhecimento

precisa da ação coordenada de todos os sentidos – tato, audição, visão, fala,

movimento. Os sentidos agem como um todo, combinando e reforçando significados

(MORAN, 1994).

Gardner (1995) afirma que o conhecimento se dá dentro de cada indivíduo

por um sistema de "inteligências": verbal-lingüística, lógico-matemática, musical,

corporal, visual-espacial, interpessoal, intrapessoal. Segundo este pesquisador, as

inteligências são habilidades interconectadas e independentes por estarem

localizadas em diferentes regiões do cérebro. Isto é, para cada indivíduo e cada

cultura essas inteligências têm pesos ou valores diferentes.

Para os educadores, esta teoria implica que eles devam estruturar a

apresentação do material em uma forma/estilo que envolva a maioria ou todas as

inteligências. Neste aspecto, os softwares educacionais podem favorecer o

desenvolvimento dessas inteligências, principalmente pelo uso da multimídia e da

Realidade Virtual. O aluno pode interagir com o computador de várias formas, por

27

meio da visão, escrita, leitura, fala, audição, musicalidade, resolução de problemas,

jogos de lógica, estudo individual, escolhas pessoais, aprendizagem colaborativa e

outras opções que os softwares e os meios de comunicação possam suportar.

Para Campos (1998), a aprendizagem é um processo fundamental em que

um indivíduo desenvolve seu comportamento, ficando apto a desempenhar suas

funções dentro de uma sociedade.

Nas leis, na religião, na linguagem, enfim, observa-se a capacidade do

homem em aprender e perpetuar seu conhecimento adquirido ao longo do tempo.

Deste modo, como forma de continuar esse processo, organizou-se meios

educacionais para tornarem o processo de ensino e aprendizagem mais eficiente.

A aprendizagem é um processo de aquisição de conhecimento individual,

aprendendo-se pelo próprio esforço, por atividade pessoal reflexiva, ou seja, não se

aprende simplesmente com a presença física, de forma passiva, em uma sala de

aula.

Em um processo de aprendizagem devem ser considerados vários fatores

segundo Campos (1998). Dentre eles podem ser citados as habilidades específicas

de cada indivíduo, os conteúdos dos conhecimentos a serem aprendidos, a

motivação para a aprendizagem e a aplicação no contexto social de tudo o que se

aprende na escola.

Para Rodrigues (2002), a aprendizagem se torna mais estimulante,

dinâmica e rica quando seu processo se dá de forma socializada, sobre um mesmo

assunto e com os mesmos objetivos, pois o confronto de idéias e dos diferentes

pontos de vistas torna mais claro o assunto e fortalece a aprendizagem. Assim, tanto

o aspecto individual quanto o social, agindo de forma integrada, são importantes na

aprendizagem.

Ainda para a mesma autora, por muito tempo prevaleceu a noção simples

de que aprender era memorizar e repetir o que se ensinava. Porém, certamente não

é com conceitos decorados que se resolve os problemas do cotidiano, que se

desenvolve capacidade ou estimula a reflexão (RODRIGUES, 2002).

A aprendizagem é significativa à medida que “[...] o novo conteúdo é

incorporado às estruturas de conhecimento de um aluno e adquire significado para

28

ele a partir da relação com seu conhecimento prévio” (PELIZZARI, 2001, p.38).

Quando destituída de atribuição de significados e reduzida à incorporação, a

aprendizagem caracteriza-se como mecânica ou repetitiva.

Idéia central da teoria de Ausubel, a aprendizagem significativa efetiva-se

quando ativa-se o “artifício” de relacionar uma nova informação a aspectos

relevantes – conceitos subsunçores/inclusores – da estrutura cognitiva daquele que

aprende (MOREIRA; BUCHWEITZ, 1993).

Desse modo, para ocorrer uma aprendizagem significativa, o novo

conceito deve encontrar uma estrutura para interagir. Nesse processo, ambos – o

conhecimento novo e aquele pré-existente – modificam-se, aperfeiçoam-se,

complementam-se.

A mera exposição verbal realizada pelo professor a seus alunos não basta

para que ocorra aprendizagem. Ela serve apenas para iniciar a aprendizagem, e não

integrá-la ou concluir que os alunos aprenderam algo. As componentes do

conhecimento devem ser identificadas pelos alunos, os quais as analisarão,

incorporando-as a sua estrutura cognitiva em formas definidas e coordenadas.

Deve-se atentar ao fato de que cada indivíduo tem múltiplos e variáveis

condicionantes (maturidade, capacidade de compreensão, interesses, atitudes e

motivações) presentes no meio social em que vive, fazendo com que eles reajam a

determinados estímulos de formas diferentes e em ritmo e intensidade variados.

Assim, conclui-se que a aprendizagem é um processo complexo, lento e gradual de

assimilação e interiorização de conceitos com destaque para o papel ativo do aluno.

Algumas variáveis podem ser manipuladas pelos educadores (ritmo de

exercícios e resolução de problemas, dentre outras), ao contrário do que ocorre com

o ambiente familiar. Assim, o que se pode fazer pelo aluno, é manipular algumas

variáveis que resultarão em um aumento ou diminuição da motivação, mas não

motivá-lo direta e intrinsecamente.

Segundo Brito (2001), para que um aluno sinta-se motivado a aprender,

ele deve encontrar significados e valores no novo conhecimento a ser adquirido de

tal modo que justifique seu esforço.

29

Assim, os educadores precisam identificar e desenvolver recursos e

procedimentos de forma a incentivar os alunos no desempenho de suas tarefas

escolares. Torna-se necessário manter uma comunicação permanente com os

alunos, despertando suas motivações. Embora a aprendizagem seja um processo

individual, o educador desempenha um papel fundamental nos resultados obtidos

pelos alunos.

As necessidades contemporâneas exigem do indivíduo maior capacidade

de assimilação de informações, além da capacidade de construir representações e

analisar as informações, ou seja, participar de um processo contínuo de

aprendizagem. Nesse sentido, Papert (1994) torna claro que a habilidade

competitiva no mundo contemporâneo será a capacidade de aprender, assimilar

novos conceitos e avaliar novas situações.

Papert (1985) usou o termo “Construcionismo” discutindo um outro nível

de construção do conhecimento: a construção do conhecimento que acontece

quando o aluno cria um objeto de seu interesse, como uma obra de arte ou um

programa de computador. Esta teoria defende que a aprendizagem deve se dar por

meio do engajamento do aprendiz ou dos aprendizes na construção de um produto

significativo e de preferência contextualizado, o que significa que o produto

construído deve estar relacionado com a realidade e necessidade do aprendiz.

O autor enfatiza a importância de criar as condições necessárias e

disponibilizar recursos para a aquisição e construção de mais conhecimento. Foi

pioneiro na defesa da introdução dos computadores nas salas de aula, como

ferramentas a serviço da educação. Para ele, o computador re-configura as

condições de aprendizagem e pressupõe novas formas de aprender (PAPERT,

1985).

Segundo Piaget (apud RODRIGUES, 2002), a aprendizagem se dá por

meio de um processo dinâmico de organização (reajuste e equilíbrio) de sua

estrutura cognitiva influenciado pelo meio em que vive. Se suas estruturas mentais

não estão adequadas a esse meio, o indivíduo se vê obrigado a realizar um esforço

de adaptação e readaptação para restabelecer o equilíbrio novamente, que

compreende dois processos: a assimilação e a acomodação.

30

No processo de assimilação os indivíduos aplicam esquemas já

constituídos anteriormente sobre os objetos que os rodeiam. Já no processo de

acomodação, quando uma solicitação do meio não é atendida pelos esquemas já

existentes em sua estrutura, seu processo de assimilação é modificado para que se

realize a adaptação. Então, percebe-se que essas estruturas vão se formando a

partir de experiências do indivíduo no meio em que vive.

Conforme o indivíduo se aprofunda na manipulação dos objetos de seu

meio, começam a surgir semelhanças, distinções e classificações que conduzem à

formação de conceitos, tornando o indivíduo capaz de descrever, comparar,

equacionar e demonstrar.

Para Brito (2001), a teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget é

baseada em conceitos de adaptação, organização, formação de estruturas e a

tendência de auto-regulação dos seres vivos, ou seja, em pressupostos biológicos

bem definidos.

Em geral, todas as teorias anteriormente comentadas:

• Baseiam-se no fato de que o organismo é naturalmente ativo e a

aprendizagem acontece como conseqüência dessa atividade;

• Propugnam a importância das trocas sociais para a promoção da

aprendizagem e fixação do conhecimento pelo estímulo do desenvolvimento

cognitivo na resolução de problemas, durante a interação social, e pelo

pensamento crítico;

• Consideram que o aluno é o agente de aprendizagem e o professor é

somente um facilitador da informação, atuando como orientador;

• Foram desenvolvidas para o aprendizado nas fases do desenvolvimento

cognitivo infantil, porém, acredita-se que elas podem ser extrapoladas para

31

uma perspectiva maior, a educação adulta (andragógica), pois os processos

nelas descritos são razoavelmente independentes de faixas etárias.

Conclui-se que as teorias comentadas anteriormente se apresentam

adequadas para suportar experiências de aprendizagem significativa mediadas pela

tecnologia, e que demandam por maior participação do aluno, seja individualmente

ou dentro de um grupo.

Na sociedade, o papel que a educação deve ocupar pode, em parte, ser

respondido pelos desafios sociais, mas, por outro lado, encontra-se influenciado

pelas características apresentadas pela sociedade, o avanço da ciência e a

tecnologia, bem como as demandas relacionadas ao funcionamento democrático e

ao mercado, as características culturais, as linguagens, entre outras.

3.1 Estilos cognitivos e estilos de aprendizagem em EAD

Alstete e Beutell (2004), em sua investigação sobre os indicadores de

desempenho de estudantes de graduação e pós-graduação em cursos a distância

de Administração, em uma faculdade particular dos Estados Unidos, sugerem alguns

estudos, dentre esses, os estilos psicológicos de aprendizagem de maneira a

auxiliar os coordenadores de cursos a distância a formularem melhores estratégias e

políticas que maximizem a aprendizagem dos estudantes. Esta colocação dos

autores reforça a importância de se averiguar se há ou não influência dos estilos

cognitivos e das características individuais no perfil dos alunos de EAD dos cursos

de Administração, Computação e Tecnólogo em Gestão Financeira.

Um estudo sobre o impacto dos estilos de aprendizagem, características

individuais, atitudes e etnografia na efetividade da educação continuada de

profissionais de saúde pública, por meio da aprendizagem a distância, mostrou que

existe significativa diferença nos resultados cognitivos considerando as etnias,

32

embora o pesquisador tenha utilizado apenas duas categorias étnicas, o que reforça

a necessidade de outras verificações. Encontrou também que fatores que

mensuravam individualismo e auto-motivação possuíam significativa correlação com

o resultado cognitivo bem sucedido, além de comprovar que as atitudes não

provocaram impactos nos resultados cognitivos (KRANC, 1997).

Já o estudo de Neuhauser (2002), que comparou duas seções de um

mesmo curso, sendo uma on-line e outra face a face, para examinar gênero, idade,

preferências de aprendizagem e estilos, efetividade das tarefas e do curso, notas

dos testes e notas finais, revelou que a média do grupo on-line para as variáveis em

estudo obteve um resultado levemente superior em relação ao outro grupo, e 96%

dos estudantes avaliaram o curso online como efetivo ou mais efetivo que a

aprendizagem típica do curso face a face. No entanto, concluíram estatisticamente

que não há diferenças significativas entre a efetividade do curso on-line e do curso

face a face.

As pesquisas acima mostram a divergência de resultados obtidos. Com

isso verifica-se a necessidade de outros estudos, principalmente na realidade

brasileira, para se averiguar se as preferências de aprendizagem provocam ou não

impacto no desempenho e perfil dos alunos de EAD.

Munro e Rice-Munro (2004) comentaram que a demanda por tempo nas

organizações, assim como a necessidade constante de novos conhecimentos e

habilidades possibilitam o uso cada vez maior da EAD; e em seu estudo sobre

treinamento baseado na tecnologia em organizações financeiras, comenta as

vantagens dos cursos e-learning, mas ressaltam que alguns tópicos de certos cursos

são mais bem aproveitados/aprendidos em ambiente presencial (em sala de aula)

onde pode haver maior efetividade e eficiência da aprendizagem.

Ao analisar a ressalva feita pelos autores, observa-se que no Brasil já

existe esta preocupação, mesmo que em aspecto diferente, pois conforme

legislação nacional, as avaliações devem ser presenciais, e verifica-se que muitas

instituições possuem encontros presenciais de tempo em tempo (geralmente um

mês) para realização das avaliações e fixação de tarefas, fortalecendo a relação

professor-aluno e aluno-aluno.

33

Terrell e Dringus (2000) ao identificarem que poucos estudos têm se

dedicado a investigar o impacto direto que os estilos de aprendizagem têm no

desempenho de estudantes de ambiente on-line de aprendizagem, propuseram

investigar o efeito do estilo de aprendizagem na retenção dos estudantes em nível

de graduação oferecido em ambiente online. Para isso utilizaram o Kolb Learning

Style Inventory e concluíram que a maioria dos estudantes pode ter sucesso no

ambiente on-line desde que sejam respeitados seus estilos de aprendizagem. Com

isso sugerem que as instituições que oferecem cursos a distância devem estar

cientes destas diferenças e devem preparar seus cursos com base nos diferentes

estilos de aprendizagem.

Esta investigação reforça a proposta deste estudo, que é avaliar a

influência dos estilos cognitivos no perfil de alunos de EAD.

As atitudes dos estudantes com relação à educação a distância são

indicadores importantes assim como o seu desempenho para identificar da eficácia

dos cursos realizados na modalidade a distância (VALENTA et al, 2001).

Esta colocação dos autores mostra que as atitudes definem o

comportamento do aluno no curso, e isso clarifica as implicações para o

desenvolvimento de cursos na modalidade EAD, mostrando que os esquemas

representativos do curso influenciam as atitudes dos alunos, forçando os dirigentes

de cursos EAD a planejar e executar cursos mais eficazes, uma vez que segundo

Fiske e Taylor (1984) apud Steil e Barcia (2006, p.64):

[...] os esquemas são organizações cognitivas que representam o conhecimento sobre um conceito desenvolvido pela experiência passada, as quais influenciam a forma pela qual novas informações e situações são organizadas. Como os esquemas representam uma relação prototípica, eles conduzirão o indivíduo a comparar e a julgar todas as suas experiências educacionais futuras com relação ao seu esquema.

Drago e Wagner (2004) desenvolveram um estudo que examinava o nível

percebido de efetividade de um curso baseado na preferência fisiológica do estilo de

aprendizagem de estudantes, para determinar se alunos com certos estilos sentem

maior ou menor satisfação nos cursos a distância. Utilizaram para isso um

34

instrumento denominado VARK (visual, auditivo, leitor/escritor e cinestésico).

Constataram que, quanto mais tipos de estilo o aluno tiver, mais tendência ele tem

de ter uma visão de maior efetividade e satisfação pelo curso.

3.2 Mapas conceituais na Educação a Distância

Os mapas conceituais são diagramas que indicam relações entre

conceitos. Estes podem ser interpretados como diagramas hierárquicos que têm por

objetivo evidenciar a organização conceitual de uma disciplina ou parte dela.

Segundo Moreira (1982) existem várias maneiras de se criar um mapa conceitual, ou

seja, há diversos modos de se representar uma hierarquia conceitual em um

diagrama.

Do ponto de vista filosófico podemos dizer que um mapa conceitual é um

espaço da ética porque exercita a tomada de decisões acerca de determinado tema

para compreendê-lo melhor. Parte não só de conceitos prévios individuais, mas

também de conceitos coletivos o que dá ao indivíduo a dimensão do contexto em

que está inserido. Segundo Almeida (2008, p.356):

A busca da compreensão [com-preendere: prender juntamente] é a busca de um mapa. Onde se encontram todas as coisas? Como articulá-las num todo lógico que eu possa “prendê-lo com e em minha vida”? No fundo esta é a provocação do desejo humano de compreender. O ser humano quer compreender para dominar, para sentir-se seguro, porque é curioso. Curiosidade que nasce da defesa do espaço e da luta para sobreviver.

Durante a elaboração de um mapa conceitual o indivíduo toma

consciência do que já sabe. O que muitas vezes fica obnubilado pelas relações

afetivas negativas do indivíduo com a aprendizagem.

35

O trabalho com mapas conceituais privilegia a pergunta à resposta, é um

exercício sobre quais conceitos utilizar e de qual a relação deles com outros. Essa

prática vem de encontro com a concepção de educação problematizadora de Freire

(1987) onde o indivíduo questiona, estabelece relações e participa.

A palavra mapa tem origem do Latim mappa que significa tecido e do

grego chartes ou papyrus que significa figura, desenho. Então o mapa pode ser

explicado como uma representação visual de determinado assunto. Na fala de

Santos (apud OKADA, 2006, p. 70), ”os mapas são talvez o objeto cujo desenho

está mais estritamente vinculado ao uso que se lhes quer destinar“.

Na construção de mapas conceituais, o primeiro passo é a identificação no

assunto dos conceitos-chave genéricos e específicos existentes a serem

trabalhados. Em seguida, trabalha-se a hierarquia dos conceitos, com conceitos

específicos integrados a conceitos gerais e menos inclusivos. Por fim, são

identificadas as possíveis relações entre os conceitos inicialmente identificados

(representadas pelas linhas e seus significados – as palavras de enlace).

O objetivo dos mapas conceituais é representar as relações significativas

entre conceitos na forma de proposições, as quais podem ser constituídas de dois

ou mais termos conceituais unidos por palavras para formar uma unidade semântica.

Com os mapas conceituais, podem-se descobrir interpretações equivocadas, mesmo

que não erradas, de um conceito. Dessa forma, os mapas conseguem dirigir a

atenção do indivíduo para um conjunto reduzido de conceitos importantes,

apresentando um resumo esquemático do que se aprende.

A estrutura geral de um mapa conceitual é exemplificada na Figura 2. A

representação gráfica permite visualizar a distância relativa entre diferentes partes

do assunto.

Para a construção dos mapas conceituais geralmente são utilizados

círculos, retângulos, triângulos para escrever as palavras-chave dos textos ou dos

conteúdos. Estas formas geométricas não têm maior importância, pois são utilizadas

apenas com o intuito de melhorar a compreensão ou, ainda, permitir a diferenciação

dos conceitos mais abrangentes daqueles menos inclusivos.

36

Figura 2 - Estrutura de um Mapa Conceitual

Fonte: Moreira e Buchweitz (1987)

Outro aspecto importante na construção do mapa é o uso de conectores

expressos por linhas ou setas para interligar os conceitos. O professor ou o aluno,

ao utilizarem linhas ou setas para unir conceitos, devem ser capazes de explicar o

significado da relação existente entre eles – a explicação é designada como

descritor ou “palavras de enlace” (Figura 3).

37

Figura 3 – Modelo para elaboração de mapa conceitual utilizando setas ou flechas e descritores ou “palavras de enlace”

Fonte: Adaptado de Pelizari et al (2001)

O professor, inicialmente, pode estabelecer direcionamentos para a

construção e compreensão dos mapas conceituais. Todavia, não há regras

específicas para tal construção, como esclarece Moreira (1999, p.1):

Não há regras gerais fixas para o traçado de mapas conceituais. O importante é que o mapa seja um instrumento capaz de evidenciar significados atribuídos a conceitos e relações entre conceitos no contexto de um corpo de conhecimentos, de uma disciplina, de uma matéria de ensino.

Cada pessoa tem a sua forma de identificar as relações existentes, pelas

próprias diferenças inerentes às suas estruturas cognitivas.

A elaboração de mapas conceituais está intimamente relacionada com os

conhecimentos estruturados na memória de longa duração do aprendiz, em forma

de rede semânticas ou, alternativamente, de esquemas, com elementos interligados

formando conjuntos, de modo significativo. As diferenças na estrutura cognitiva de

cada um são expressas na construção dos seus mapas conceituais, uma vez que,

38

para tal elaboração faz-se necessário a evocação de conhecimentos prévios inter-

relacionados com o novo conteúdo trabalhado.

Sierra e Carretero (2002, p.125) esclarecem esta idéia ao afirmarem que:

[...] o conhecimento armazenado na memória está organizado em um conjunto de esquemas ou representações mentais, e cada um dos quais desempenham todo o conhecimento genérico que adquirimos através de nossa experiência passada com objetos, situações, seqüência de situações, ações, conceitos. [...] Os esquemas são modelos do mundo exterior, que reproduzem o conhecimento que temos acerca do mesmo. [...]. Não são cópias passivas da realidade, mas o resultado dos processos construtivos guiados pelos esquemas.

A utilização dessa ferramenta está vinculada à preocupação em promover

uma aprendizagem ativa e significativa, principalmente porque consiste em uma

[...] projeção prática da teoria da aprendizagem de Ausubel e, portanto, em uma proposta compromissada com um modelo de educação centrado no aluno e não no professor; que atenda ao desenvolvimento de destrezas e não se conforme apenas com a repetição memorística da informação por parte do aluno; que pretenda o desenvolvimento harmonioso de todas as dimensões da pessoa e não apenas as intelectuais (MOREIRA, 1999, p.28).

Mapas conceituais têm sido empregados em diversas atividades

associadas a ensino e treinamento. Na construção de hiperdocumentos

educacionais, estes foram incorporados por várias abordagens como mecanismos

de suporte à modelagem conceitual dos conteúdos (PANSANATO e NUNES, 1999;

LEIVA et al, 2002; LEIVA, 2003).

Além disso, vêm sendo conduzidos trabalhos envolvendo o

desenvolvimento de ferramentas de suporte à construção de mapas conceituais.

Como exemplos, podem-se citar as ferramentas Inspiration, KMap e CMap, entre

outras.

39

Para Novak (apud SOUZA, 1999), o mapa conceitual é um instrumento

didático útil a diversos propósitos, podendo ser utilizado, por exemplo, para

estruturação de conteúdos programáticos, avaliações e até mesmo análises

curriculares. Ainda, a elaboração dos mapas pelos próprios alunos viabiliza avaliar

se o aluno desenvolveu relações alternativas entre conceitos, podendo-se

determinar se a aprendizagem realmente foi significativa ou não.

No quadro 1 elencamos os benefícios e os desafios do uso de mapas

conceituais na aprendizagem.

Quadro 1: Benefícios e desafios no trabalho com mapas conceituais

Fonte: Jonassen (2000)

Em uma aula ou mesmo em um curso inteiro, os mapas conceituais

podem ser utilizados para apresentar as relações hierárquicas entre os conceitos

que são ensinados, explicitando relações que podem afetar a aprendizagem de

conceitos.

Como afirma Moreira (1982), mapas conceituais podem ser utilizados para

fornecer ao aluno uma visão geral do tema a ser estudado. Porém, sua utilização é

40

mais aconselhável nos casos em que os alunos já têm uma certa noção do assunto.

Assim, podem e devem ser utilizados como forma de integrar e reconciliar relações

entre conceitos, promovendo diferenciação conceitual.

Moreira (1982) diz que a utilização dos mapas conceituais sob a ótica

instrucional não deve se dá de forma unidirecional, mas sim nos dois sentidos,

promovendo a diferenciação progressiva e a reconciliação integrativa.

3.2.1 Mapas conceituais e a teoria cognitiva de Ausubel

A Teoria Cognitiva de Aprendizagem, desenvolvida por Ausubel, refere-se

ao estudo interdisciplinar da aquisição e uso do conhecimento. Defende que no

ensino, o fundamental é que a aprendizagem seja significativa, ou seja, o material a

ser aprendido precisa fazer todo sentido para o aluno. Isto é alcançado quando a

nova informação está estreitamente relacionada aos conceitos já existentes na

estrutura cognitiva do aprendiz, quando ele é capaz de explicar situações com suas

próprias palavras, quando é capaz de resolver problemas novos, quando ele

compreende.

Este processo, onde o conhecimento vai sendo construído é altamente

dinâmico. O conteúdo novo e o existente, se modificam; desta forma, a estrutura

cognitiva está constantemente se reestruturando durante a aprendizagem

significativa.

Entrementes, ao relacionar o novo conteúdo àquele já apropriado, há

necessidade da presença de duas qualidades: substantividade e não arbitrariedade.

Esta traduz a existência de uma conexão consistente e manifesta entre a nova

informação e outras que já figuram na estrutura cognitiva. Aquela representa a

“apropriação de sentido” (CRUZ, 1999, p.2), a compreensão do significado da

informação, tornando possível sua expressão por meio de variadas linguagens.

41

A estruturação e re-estruturação cognitiva são constantes e dinâmicas no

decurso das aprendizagens significativas, pois “[...] à medida que o conhecimento

prévio serve de base para a atribuição de significados à nova informação, ele

também se modifica, os subsunçores vão adquirindo novos significados, se tornando

mais diferenciados, mais estáveis” (MOREIRA, BUCHEWEITZ, 1987, p.4).

Segundo Moreira e Bucheweitz (1987, p.5):

Aprender significativamente implica em atribuir significados e estes têm sempre componentes pessoais. O aprendente não é um receptor passivo e diante de um novo conhecimento, sua estrutura cognitiva identifica semelhanças e diferenças, reorganizando o seu conhecimento.

O educando constrói significados e define o seu próprio sentido de

representação da realidade em consonância com as suas experiências e vivências.

Essas representações, no entanto, estão constantemente abertas a transformações

e suas estruturas formam as bases sobre as quais novos conhecimentos são

continuadamente construídos. Desse modo,

[...] quando o aprendiz tem pela frente um novo corpo de informações e consegue fazer conexões entre esse material que lhe é apresentado e o seu conhecimento prévio em assuntos correlatos, ele estará construindo significados pessoais para essa informação, transformando-a em conhecimentos, em significados sobre o conteúdo apresentado. Essa construção de significados não é uma apreensão literal da informação, mas é uma percepção substantiva do material apresentado, e desse modo se configura como uma aprendizagem significativa (TAVARES, 2005, p.56).

Depreende-se que a aprendizagem significativa é um processo ativo e

pessoal. Ativo porque pressupõe e demanda a ação deliberada do aprendiz na

tarefa de assimilação da nova informação. Ainda, a aprendizagem é pessoal pois as

formas e processos empreendidos pelo aprendiz são únicas – cada um utiliza de

seus próprios recursos cognitivos e cada um confere diferente significação à tarefa

empreendida.

42

O processo de armazenamento de informações acontece no cérebro

humano de forma extremamente organizada, a partir de elementos mais específicos

dos conhecimentos associados a conceitos mais inclusivos, criando uma estrutura

hierárquica na estrutura cognitiva de um indivíduo. A organização de uma nova

informação resulta, conseqüentemente, do crescimento e modificação do conceito

subsunçor, através de um processo de fixação denominado ancoragem.

Para aprender mais e melhor é fundamental interligar o novo ao já

existente na estrutura cognitiva daquele que se depara com o novo conhecimento. A

aprendizagem significativa fundamenta-se na certeza de que as novas informações

devem ser relacionadas às experiências anteriores e às vivências pessoais dos

aprendizes.

Na aprendizagem significativa é necessário voltar a atenção para os

conceitos subsunsores, compreendidos como os conhecimentos prévios – ou

síncrises – com os quais os alunos chegam à sala de aula. Ainda, a aprendizagem

envolve a identificação e domínio de conceitos a serem inter-relacionados e inter-

conectados, conferindo maior abrangência, riqueza, elaboração e diferenciação aos

conhecimentos prévios, tanto para a aprendizagem significativa, quanto para a

aprendizagem de processamento da informação. Para ambas, a qualidade e

efetividade das relações/conexões estabelecidas contribuem para a permanência e

acessibilidade da informação.

A teoria de Ausubel é bem mais complexa do que isto, envolvendo outros

conceitos relacionados com a hierarquia que se estabelece entre os conteúdos

aprendidos, servindo então de suporte à teoria dos Mapas Conceituais.

A idéia de mapa conceitual foi originalmente desenvolvida em 1972

durante um projeto de pesquisa de Joseph Novak na Universidade de Cornell, no

qual ele pretendia entender como ocorrem as mudanças no conhecimento sobre

ciências em crianças (NOVAK; CANAS, 2006). Durante esse estudo, entrevistou-se

muitas crianças, porém, era difícil identificar estas mudanças com entrevistas. Da

necessidade de se encontrar uma forma de representar graficamente o

entendimento conceitual das crianças, surgiu a idéia dos mapas conceituais. O

projeto de pesquisa em questão era baseado na teoria de Ausubel sobre

Aprendizagem Significativa: processo em que, uma nova informação deve se

43

relacionar com um aspecto relevante da estrutura de conhecimento existente (em

oposição a uma aprendizagem de memorização ou aprendizagem receptiva) para

ser aprendida. Essa estrutura conceitual corresponde a uma abstração da

experiência de um indivíduo, e é denominada estrutura cognitiva. Nesta teoria, os

conceitos preexistentes são chamados de subsunçores e servem como âncora para

as novas informações (AUSUBEL, NOVAK e HANESIAN, 1978).

Figura 4 - Exemplo de um mapa conceitual de navegação

Fonte: Lévy (1998)

O processo de ligar novas informações a segmentos de uma estrutura

cognitiva preexistente é chamado subsunção (AUSUBEL, NOVAK e HANESIAN,

1978).

Na aprendizagem significativa evidencia-se interação entre o

conhecimento prévio e o novo, e, neste sentido, ambos sofrem mudanças: à medida

que o conhecimento prévio confere significado à nova informação, os conceitos que

formam esse conhecimento vão adquirindo novos significados, interagindo entre si e

com os novos, e, assim, vão se formando novas âncoras. Ou seja, de acordo com

44

Ausubel, a estrutura cognitiva é constantemente reestruturada durante a

aprendizagem significativa (MOREIRA, 2006).

A aprendizagem pode se processar por descoberta e recepção na teoria

ausubeliana. Por descoberta o aluno precisa aprender sozinho, por recepção, o

aluno recebe a informação pronta e deve atuar ativamente sobre o material

(MOREIRA, 2006).

Ausubel preocupou-se com o processo de instrução, com a apresentação

de conteúdo com sentido, relegando os processos cognitivos do aluno a segundo

plano. A programação de matérias deve ser feita através de uma série hierárquica

(em ordem crescente) e seqüencial (AMBROZEWICZ, 2003).

Segundo Ambrozewicz (2003, p.78) a aprendizagem significativa valoriza

a apropriação do conhecimento e sugere, conseqüentemente, por parte do professor

a lembrança de que:

[...] a ação educativa está condicionada pelo nível de desenvolvimento dos alunos, tornando importante a identificação dos saberes prévios para atuarem como base para a introdução dos novos conceitos e/ou novas informações, o que gera, como conseqüência, um trabalho pertinaz na diferenciação do ensino, que exige a formação de suportes (conceitos subsunçores / esquemas) na estrutura cognitiva do aluno, perpassando o oferecimento de informações e/ou a consecução de atividade que favoreçam ações mentais; estas podem ter favorecidas quando considerada a utilização do mapa conceitual na qualidade de mais um aparato pedagógico na tarefa de tornar a aprendizagem mais significativa; gerando aquilo que é o interesse maior da ação educativa, a aprendizagem, que será mais duradoura e disponível quando a apropriação dos novos conceitos ou das novas informações resultar de atividade cognitiva e inter-relação entre o já sabido e aquilo que se apresenta.

O modelo de EAD demanda uma base metodológica ampla, que aproveite

a experiência acumulada no processo de ensino-aprendizagem tradicional e garanta

coerência em todas as atividades do processo instrucional através da tecnologia.

Considerando que o objetivo da educação não é apenas ensinar fatos,

mas também ensinar a pensar, raciocinar a partir dos fatos, resolver problemas,

desenvolver habilidades de comunicação, entre outros, é evidente que o ensino a

45

distância precisa abranger atividades mais complexas que busquem todos esses

objetivos. Portanto, esse novo estilo de educação não pode ser baseado unicamente

na leitura e visualização das mídias que carregam o material de ensino, e, sim,

devem ser incorporadas atividades interativas que permitam a construção do

conhecimento.

Contudo, não é isso o que a situação atual mostra. Na realidade, verifica-

se a pouca exploração da experiência das metodologias utilizadas durante muito

tempo no ensino presencial. Nessas condições, escolher um modelo pedagógico

para a aprendizagem significativa mediada pela tecnologia é uma tarefa que exige

grande responsabilidade, e provavelmente pela sua complexidade, este problema

ainda não tenha sido totalmente resolvido.

A experiência com modelos tradicionais de aprendizagem mostra que

logra-se maior êxito na aquisição de conhecimentos quando utiliza-se ambientes

colaborativos, pois os alunos tendem a desenvolver habilidades superiores de

raciocínio através do pensamento crítico, por se sentirem mais aceitos e confiantes

dentro do grupo. Esta comprovação ganha ênfase quando se trata de técnicas de

aprendizagem em grupo que aproveitam os recursos da tecnologia das

comunicações e da informação. É o caso dos ambientes de ensino a distância que

utilizam-se de espaços virtuais como a Internet, que possui ferramentas de

cooperação e colaboração assíncronas, tais como: correio eletrônico, newsgroups e

listserves; e ferramentas síncronas, como: teleconferências, editores cooperativos,

sessões de chat, entre outros.

46

IV. A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NAS ORGANIZAÇÕES

A década de 1980 conheceu o avanço das teses neoliberais que

preconizavam um Estado menor e a mercantilização das relações de trabalho na

sociedade. Iniciadas na Inglaterra e Estados Unidos e aplicadas a princípio no Chile,

estas teses chegaram ao Brasil em 1990 nos governos de Fernando Henrique

Cardoso, indicadas pelo FMI e Banco Mundial, indicando privatizações e reformas

no Estado em troca de financiamento e modernização do parque industrial.

Neste período ocorreram muitas privatizações de empresas consideradas

não estratégicas, abertura ao mercado externo e criação de inúmeras agências

estatais de regulação. Isto fazia parte do perfil indicado para o Estado Neoliberal,

mínimo ou regulador. Educação e Saúde não escaparam a estas políticas. No

neoliberalismo, era preciso que o Estado reduzisse as suas funções e concentrá-las

nestas áreas. Mas as políticas liberalizantes aplicadas foram heterogêneas

mesclando descentralização, controle no repasse de verbas pelo Governo Federal e

incentivo a iniciativa privada. Desta época datam o crescimento de grupos privados

de saúde e o crescimento da rede privada superior para educação.

As políticas de privatização são importantes nas reformas para impulsionar o mercado, e, portanto constituem uma preferência de política do neoliberalismo. Por um lado mediante a privatização de empresas do setor público, reduz-se a pressão sobre o gasto fiscal. Por outro, a privatização constitui um instrumento muito apropriado para despolitizar as práticas regulatórias do Estado nas áreas de formação de políticas públicas. Ou seja, privatização exerce papel fundamental central nos modelos neoconservadores e neoliberais porque a compra dos serviços contratados privadamente é um mecanismo administrativo para solucionar questões específicas e legitimidade social do estado vinculado à produção de serviços sociais e também uma maneira de tomar emprestado o ethos empresarial a empresa privada, os sistemas de custo-benefício e a administração por objetivos (TORRES, 2000, p. 125).

Os empréstimos acertados na década de 90 para a retomada no

crescimento exigiam a renegociação da dívida externa e reformas estruturais do

Estado. Um novo papel cabia a educação. Primeiro o caráter compensatório já que

47

as reformas introduzidas e os investimentos não significavam melhores salários e

melhor qualidade no padrão de vida. Segundo, o controle populacional e a formação

de público consumidor. Esse choque de modernidade foi iniciado no governo

Fernando Collor de Mello e depois prosseguido nos governos de Fernando Henrique

Cardoso que seguiram diretrizes do Banco Mundial e do Fundo Monetário

Internacional. As reformas de Estado nos anos 90 apoiadas principalmente pelas

instituições internacionais pressupunham que a descentralização traria mais eficácia

e elevaria os níveis de vida da população (TORRES, 2000).

Com a descentralização e a municipalização da educação na década de

90 promovida com forte controle orçamentário do governo Federal, sob os auspícios

da nova relação federativa (Constituição de 1988) e implementada nos governos de

Fernando Henrique Cardoso com estímulo de organismos internacionais como

contrapartidas a empréstimos a educação básica foi repassada a esferas municipais,

e com elas seus arranjos clientelistas locais. (CASTRO e DUARTE, 2008, p. 11).

Saúde e Educação faziam parte principal da política do Estado Neoliberal

que deveria garantir uma política mínima nestas áreas. No campo da Saúde foi

instituído o Sistema Único de Saúde (SUS) com o objetivo de descentralizar o

sistema de Saúde e ampliar os atendimentos, ainda que na rede privada. Na

educação através da promulgação da LDBEN 9.394/96 Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional promovia-se uma série de mudanças e incorporava-se a

legislação existente com a obrigatoriedade de oito anos de ensino, a formação

superior para todos os profissionais da educação, inclusive aos professores das

séries iniciais o que gerou controvérsias entre como deveria se dar esta formação;

nos cursos Normais Superiores, implantado pelas Universidades Particulares ou no

curso de Pedagogia no âmbito das Universidades Públicas. À época instituiu-se que

o período de, 1997-2007, seria considerado como a década da educação, onde

promoveu-se esforços para qualificar e formar professores de todos os segmentos e

modalidades no ensino superior.

Mas a década do Neoliberalismo trouxe mudanças relacionadas à

abertura de mercado e globalização da economia, com o aumento da dependência

externa e novas maneiras de acumulação do sistema capitalista. Paralelamente as

novas tecnologias de comunicação possibilitavam novas formas de acumulação e

organização do Capital no mundo do trabalho e da sociedade. Outro fenômeno se

48

intensificou nesta época; a transnacionalização do capital e a descentralização

produtiva, agora, mais do que nunca espalhada por países do Terceiro Mundo

(FRIGOTTO, 1996).

No campo da educação simultaneamente aos movimentos da sociedade

Brasileira, cristalizados na constituição de 1988 que preconizava uma escola que

atingisse a todos, ressurgiram teses como a do Capital Humano, que na década de

1970 eram usadas para explicar o crescimento dos Tigres Asiáticos (Países do

Sudoeste Asiático; Taiwan, Malásia, Cingapura, Hong Kong Coréia do Sul que se

tornaram plataformas de exportação de produtos principalmente Japoneses ao custo

de baixos salários, poupança interna e repressão a movimentos político-sociais

populares) pois a nova face do capitalismo pós fordista que se desenvolvia exigia

trabalhadores polivalentes que se sujeitassem aos baixos salários em países que

aceitassem ou desejassem a influencia do capital estrangeiro (FRIGOTTO, 1996).

Nestes países, apesar do alto valor estimado para a educação, a base de

acumulação deste sistema se dava nos baixos salários, livre circulação do capital,

que diversas vezes tornaram-se especulativos, repressão política com baixa

representatividade e produção de bens com elevado valor agregado, isto é, produtos

tecnológicos valorizados. Por isso a educação desejada era a voltada para fins

tecnológicos e não formação humana. Cognitariado e Capital humano foram teses

amplamente discutidas como forma de complementação à acumulação pós fordista

que se desenvolveu após a crise do modelo fordista de produção em um mundo

dominado por tecnologias e pela flexibilização das formas de trabalho.

Ao depurarmos o discurso ideológico que envolve as teses da valorização humana do trabalhador, a defesa ardorosa da educação básica que possibilita a formação do cidadão e de um trabalhador polivalente, participativo, flexível e, portanto, com elevada capacidade de abstração e decisão, percebemos que isto decorre da própria vulnerabilidade que o novo padrão altamente integrado apresenta (TORRES, 2000, p.99).

O ‘novo’ padrão de acumulação exige que o trabalhador se torne flexível,

mas não para adaptá-lo a novas funções em uma empresa, mas para dar

conhecimento ao trabalhador que o emprego não é mais garantido ao dominar-se

49

uma especialidades, que ele, o trabalhador, ao se atualizar é que poderia mantê-lo

no trabalho conforme os níveis de produtividade e renda.

Todas estas transformações afetam a sociedade e faz com que sejam

necessárias políticas do Estado e as Políticas Públicas e Sociais que foram adotadas

com diversos objetivos e discursos; diminuir a desigualdade social, combater os

males trazidos pelo sistema capitalista, promover inserção social. No Estado

Neoliberal dos anos 1990 as políticas sociais refletem lutas travadas pela sociedade

civil e dos movimentos sociais ou entidades de classe organizados, as contradições,

os desacordos políticos e desejos do empresariado nacional e do capital

especulativo através de suas instituições e estes embates se fazem sentir no plano

das políticas. Neste sentido nem mesmo educação e saúde escapam aos ditames

dos distintos interesses expressos na sociedade.

O processo constituinte e o longo período de mais de cinco anos (1989-1995), de debate na definição da Lei de Diretrizes e Bases da educação Nacional evidenciam, o atraso da fração mais numerosa da burguesia e os dilemas dos setores mais avançados desta mesma burguesia. O peso dos parlamentares de tradição oligárquica barrou avanços mais significativos (FRIGOTTO, 1996, p.158).

No Estado Neoliberal as políticas têm como fio condutor, a utilidade e a

competitividade na defesa do pensamento de que o mercado é o grande instrumento

de regulação social. Eficiência e produtivismo são consideradas peças importantes

na reestruturação do capital, tanto que na análise das empresas, dos vários setores

de atividade e economias nacionais, dados relacionados à lucratividade e

competitividade são os mais importantes.

Durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, 1994-1998; 1998-

2002 objetivou-se reduzir a participação em alguns setores da economia para

incentivar a iniciativa privada e a melhora dos serviços de acordo com a cultura

empresarial e criar agências reguladoras para estes setores. Estas políticas

passaram a ser mais bem conhecidas nos governos de Luís Inácio Lula da Silva de

2002-2006, pois foi na esteira do modelo de estabilização do plano real de FHC que

surtiram efeitos os programas sociais montados na sociedade e por que o modelo de

50

Estado proposto no governo FHC ainda está em vigor no atual governo de Luiz

Inácio da Silva (MORAES, 2005).

No governo de FHC, Estado e o Banco Mundial reservam à Educação,

segundo Neves e Cunha Filho (2000, p. 134-135), o papel de mola propulsora do

desenvolvimento, na condição de base para o uso eficiente de novas tecnologias e

para adoção de novas formas de organização do trabalho, na medida em que ao

definir as metas das políticas industrial, tecnológica e do comércio exterior, o

governo se propôs a articular ações no Estado e do setor privado para propiciar

instrução e qualificação necessárias aos trabalhadores, estimulando a integração

entre empresa e escola, ou como investimento estratégico para assegurar o

desenvolvimento econômico e a cidadania. Na década da educação, 1997-2007,

ações para qualificar a formação profissional, de professores ou outros funcionários

assim como a permissão ao uso de novas tecnologias na formação superior levou à

busca qualificação através de meios de educação à distância.

O rápido crescimento da EAD nas IES públicas e privadas, no período atual, deveu-se a esses avanços alcançados pelas tecnologias de informação e de comunicação que permitiram o desenvolvimento de novas formas de: acompanhamento e mediação pedagógica, avanços nos mecanismos de interatividade e ampliação da escala social da prestação dos serviços educacionais. Sobre este último aspecto cumpre destacar que, se antes um professor, no ensino presencial, tinha uma turma de no máximo 70 alunos, agora, no ensino a distância, este mesmo professor já passa a trabalhar com turmas imensas como em alguns cursos de extensão, em grande parte transformados em complemento salarial para muitos docentes ou em fontes de captação de recursos para manutenção de atividades fim nas universidades públicas (TORRES, 2000, p. 125).

As mudanças nos Estados na América Latina a partir de 1990 refletem

também as novas visões da natureza e alcance da sociedade e do Estado, das

características que devem ter a educação e a política educacional na globalização.

Não se trata de um Estado que se tornou de todo neoliberal, mas que adotou sua

ideologia até um certo ponto, mesmo ao manter programas sociais, para manter a

ordem da sociedade ou garantir o funcionamento do mundo do trabalho e das

empresas. Mas as transformações, difusão da comunicação, transnacionalização do

capital, novas tecnologias e doutrina neoliberal aprofundaram antigas desigualdades

e trouxeram inúmeras transformações para a sociedade (FREITAS, 2007).

51

A EAD através e novas tecnologias retorna ao cenário nacional como nível

superior no contexto das políticas neoliberais sobre outra figura, neste momento a

responsabilidade estatal é repassada progressivamente para a iniciativa privada e

predominam – nas políticas públicas – os princípios da seletividade, da focalização e

da descentralização. Há expansão das privatizações, rompendo-se o compromisso

com a gratuidade em diferentes níveis de ensino, com exceção do ensino

fundamental (SILVA JUNIOR, 2003).

Ao mesmo tempo em que na globalização as novas tecnologias exigem

um trabalhador mais flexível e polivalente em todos os segmentos em que ele

trabalha, na educação à distância especialmente, aonde ele será cobrado saber

interagir com as novas tecnologias e adequar o conteúdo curricular e o paradigma a

modalidade em questão (GENTILI e SADER, 1995).

Esta transformação se faz presente em quase todas as relações no

mundo do trabalho, em maior ou menor profundidade. Exige um profissional que

seja altamente capacitado para lidar com os novos desafios que sempre se fazem

presentes na educação, mas os dá garantia de permanência nesta mesma

modalidade de educação.

O atual momento do capitalismo flexível superou as formas tradicionais hegemônicas de produção fordista voltadas para um mercado organizado e previsível e a busca de competitividade vem exigindo um novo perfil dos trabalhadores, com ênfase na formação de competências múltiplas, na capacidade de trabalho em equipe, de aprender e adaptar-se a novas situações. Estas transformações trazem, certamente, novos desafios para os sistemas educacionais, demandando-se uma educação de novo tipo. Essa educação supõe, ao mesmo tempo, outro perfil de professor, o que tornaria urgente a integração das novas tecnologias da informação e da comunicação na educação, não apenas como meios de melhorar a eficiência dos sistemas, mas principalmente como ferramentas pedagógicas efetivamente a serviço de formação do indivíduo autônomo, conforme exigido pelas novas condições socioeconômicas (BELLONI, FRIGOTTO, 2002.p.6).

Tais mudanças indicam que as estratégias fordistas, aplicadas à

organização dos sistemas de EAD parecem cada vez menos indicadas para

responder as exigências atuais. As novas exigências de flexibilidade, formação

continuada, exigência pela continua busca por conhecimento de novas técnicas

52

exigem e demandam cada vez maior uso das novas tecnologias aplicadas à

educação à distância que transformem o processo de aprendizado em um modelo

mais participativo. Neste cenário, a formação de novos educadores ou a formação

continuada dos mesmos passa por mudanças, com propostas de uso das novas

tecnologias e na educação à distância.

A precarização das relações de trabalho não foi à única transformação

com a introdução das novas tecnologias de informação e comunicação na educação.

Uma profunda transformação nas formas de se realizar o trabalho dos docentes e

dos tutores e no aprendizado do aluno em EAD se faz presente. O trabalho de um

tutor (presencial e à distância) transforma-se em orientar os estudos e a

aprendizagem dos alunos é centralizado nos materiais disponíveis, livros, arquivos

na Plataforma e tutorias tanto presenciais como à distância.

Os professores universitários que coordenam as disciplinas perdem o

contato físico contínuo com seus graduandos que passa a ser mediado pelos

tutores. O contato entre alunos e professores universitários passa a funcionar pelos

meios de comunicação e visitas aos pólos.

Para o aluno da EAD o alcance de novas ferramentas, a mediação

pedagógica e tecnológica dos tutores presenciais, à distância e professores

coordenadores modificam sua relação com a organização do processo e do tempo

de estudo. A aprendizagem, muito mais centrada em materiais e comunicação do

que na aula do professor universitário ou tutor presencial.

A EAD na modalidade semipresencial parece ter se adequado as novas

exigências da sociedade e do mercado e, assim, a formação do aluno também se

altera seja pela auto-suficiência que é exigida na formação continuada ou seja pela

qualificação no uso de novas tecnologias e ainda amplia a atuação do Estado nas

áreas sem acesso aos cursos superiores.

Para o aluno uma nova abordagem caracterizada pelo uso de meios de

comunicação e informação de quarta geração, Internet e computadores, pode levar

a uma nova forma de aprendizado mediado pelas tecnologias de informação ou a

substituição dos espaços físico pelo espaço virtual destas redes de comunicação. E

leva a uma forma de estudo centrado nesses meios apreendentes em vez do

professor tradicional.

53

4.1 A importância do Pedagogo na Empresa

São muitas as empresas que reconhecem a necessidade de agregar a

seu quadro, um Pedagogo. Isto porque, atualmente, percebe-se que é mais

vantajoso ter um funcionário mais qualificado, pois este profissional, normalmente é

mais motivado e possui maiores ambições no que tange ao seu crescimento pessoal

e profissional.

As organizações que possuem em seu quadro, um pedagogo, progridem

mais em todas as áreas, pois essas empresas estão investindo em conhecimento e

ao mesmo tempo, acompanhando o avanço da tecnologia que o mercado atual tem

demandado.

Constata-se, desta forma, que o Pedagogo é muito importante nas

empresas que compreendem a necessidade da aprendizagem constante. Assim, o

Pedagogo funciona como um articulador do processo de aprendizagem

organizacional, à medida que busca por qualificação e pela contínua capacitação

dos recursos humanos.

Os profissionais atuantes em uma determinada empresa precisam de

acompanhamento e, caso verifique-se a necessidade de aprendizagens específicas

para ajudá-lo em seu aperfeiçoamento, a organização deve dar-lhe condições para

que este aperfeiçoamento concretize-se e quem atua como intermediador deste

Treinamento e conseqüente Desenvolvimento, é o Pedagogo.

Os recursos requeridos para que a aprendizagem continuada seja

implantada em uma Empresa, necessitam ser entendidos como investimento,

porque quanto mais capacitados forem os profissionais que atuam em uma

determinada Empresa, melhores serão os resultados alcançados pela mesma.

Assim, é preciso que haja muito investimento no aprendizado contínuo nas

empresas a fim de que as pessoas se tornem aptas a implementar inovações e

idéias que promovam mudanças.

Numa organização voltada à aprendizagem contínua, é preciso que todos

que dela fazem parte compreendam a importância da liderança.

54

É neste cenário que se colocam os desafios das organizações modernas.

Nesse sentido, a Pedagogia Organizacional constitui-se em uma

tendência recente, e através da interdisciplinaridade, o pedagogo atua junto aos

RH’s, organizando atividades referentes à aprendizagem, motivação e

desenvolvimento de competências e habilidades.

No meio empresarial vem tendo hoje uma aceitação, uma valorização

muito grande a aprendizagem continuada.

Acredita-se que o aprendizado, o conhecimento e a especialização tornam

as empresas competitivas e a implementação da cultura da aprendizagem

continuada é a chave para a sobrevivência das organizações.

É preciso registrar esse conhecimento para a elaboração de um projeto,

como reforço da aprendizagem, e construir os bancos de memória da organização.

E para fazer esse trabalho o Pedagogo é o profissional indicado. Para

fazer funcionar adequadamente uma organização que aprende é preciso

persistência, disciplina e muita fundamentação teórica.

Nunca as organizações tiveram que mudar tanto em tão pouco tempo e

isso implica na necessidade da aprendizagem continuada como um processo,

devendo fazer parte de sua cultura.

A aprendizagem continuada deve ser vista como uma postura mental, um

hábito de vida, um modo de pensar e viver sobre as coisas, um modo de crescer,

estar pronta para as mudanças, e, muitas vezes, impulsioná-las e promover

inovações. A empresa acredita na capacidade de seu pessoal de aprender

renovando, pois muitas vezes as pessoas têm talentos e não têm consciência disso.

O aprender na organização deve ser mais ativo e consciente e a

construção do conhecimento coletivo deve ser contínua, sendo mais eficiente

inclusive do que a educação profissional universitária.

As empresas precisam de pessoas e mão-de-obra cada vez mais

qualificada para o crescimento da produção e da qualidade.

55

As pessoas precisam ter competência, ter domínio sobre os seus

conhecimentos e técnicas que são específicas do seu trabalho, sendo capazes de

tomar a iniciativa, sendo criativos e empreendedores.

De acordo com Vieira e Marion (2002, p.21):

As empresas terão que chamar para si a responsabilidade de coordenar o aprendizado e a educação dos seus profissionais. A visão, os valores estratégicos e os conhecimentos adquiridos pelos profissionais que nela trabalham precisam ser divulgados na organização. É necessário conhecer o perfil intelectual dos profissionais e permitir a continuação desses conhecimentos, maximizar a criatividade das pessoas.

Para que as relações interpessoais se efetivem é importante que realize-

se um trabalho com os recursos humanos da organização, com base na confiança

mútua. Isto quer dizer que o pedagogo precisa ser um bom negociador e precisa

desenvolver a habilidade de solucionar conflitos transformando-os em oportunidades

de crescimento e desenvolvimento pessoal e da equipe. O trabalho em equipe

engloba conversas, trocas diretas de idéias e este processo, a seu turno, acelera e

melhora a aprendizagem das pessoas. Isso conduz à melhoria das habilidades e do

conhecimento relacionados à aprendizagem.

De um modo geral, nas organizações, o pedagogo é responsável por

elaborar projetos e implantar as universidades corporativas, empregada no

treinamento e capacitação dos recursos humanos nas empresas. As Universidades

Corporativas desenvolvem um sistema contínuo de aprendizado direcionado às

necessidades específicas das organizações e de seus colaboradores. Elas

contribuem para a aquisição de conhecimentos acerca de novos processos

produtivos e valores organizacionais consonantes com a missão organizacional.

Os pedagogos são os responsáveis por treinamentos de conduta para as

lideranças. Eles são mais recomendados para transmitir aos líderes, como lidar com

os funcionários e como facilitadores, atuarem no processo de mediação de tarefas.

O pedagogo empresarial tem o domínio de conhecimentos, técnicas e práticas que somadas à experiência dos profissionais de outras áreas, constituem instrumentos importantes para atuação na gestão de pessoas: evidenciando formas educacionais para aprendizagem organizacional

56

significativa e sustentável; gerando mudanças culturais no ambiente de trabalho; coordenando equipes multidisciplinares no desenvolvimento de projetos; prestando serviços de consultoria interna relacionados ao treinamento e desenvolvimento das pessoas nas empresas; na definição de políticas voltadas ao desenvolvimento humano permanente (SILVA, 1999, p.66).

Sendo assim, a função do pedagogo na empresa é, dentre outras, a de

mediar e articular ações educativas na gestão de informações dentro do processo

contínuo de transformações e de administração do conhecimento. Administrar

processos de mudança requer novos posicionamentos e novos valores

organizacionais, características principais para organizações que têm a intenção de

continuar ativas e competitivas no mundo dos negócios.

Dessa forma, o pedagogo pode atuar no Departamento de RH

direcionando seus conhecimentos para os funcionários da empresa visando obter a

otimização de resultados coletivos, desenvolvendo projetos educacionais,

planejando e organizando cursos de treinamento e capacitação, representando a

empresa em negociações e convenções, proferindo palestras, apontando novas

tecnologias, pesquisando a viabilidade de implementação de novos processos,

realizando avaliação de desempenho e desenvolvendo projetos de EAD para o

aperfeiçoamento dos funcionários.

57

CONCLUSÃO

O momento atual é de re-configuração do processo educativo, diante do

grande volume de conhecimentos produzidos. A escola não pode permanecer

indiferente, pois o conhecimento é essencial ao desenvolvimento do ser humano.

São numerosos os estudos que buscam a compreensão de como o ser

humano constrói significados. Todos almejam enunciar caminhos que apontem para

possibilidades de elaboração de estratégias de ensino que facilitem ou assegurem

as aprendizagens dos alunos. Entretanto, não há uma teoria definitiva, não há um

trajeto especificado.

Embora os trabalhos em EAD sejam ainda recentes e isolados, a

velocidade com que as novas tecnologias de informação e comunicação evoluem

têm levado a diversos estudos na área. Porém, há muito que se conhecer e

aprofundar nesse novo conceito de educação.

Com a introdução da nova e dinâmica tecnologia educacional, tornam-se

necessários profissionais com novas habilidades e capacidades para lidar com o

processo de ensino-aprendizagem intermediado pelo computador. De um lado têm-

se os alunos, educadores, especialistas, pedagogos que, na maioria das vezes, não

possuem os conhecimentos necessários relativos à informática. Do outro, técnicos,

programadores, analistas de sistemas e todos aqueles envolvidos com a tecnologia

em si, mas que não possuem os conceitos de didática, de ensino e de

aprendizagem. Isso produz uma conseqüência relativamente grave: a simples

inserção das mais diversas tecnologias existentes na educação, e não somente sua

eficaz utilização no processo de ensino-aprendizagem de forma que o aluno

realmente consiga participar do processo de construção de seu conhecimento.

Em um programa de EAD, deve-se atentar para os aspectos de ordem

ergonômica, de forma que os usuários tenham segurança e conforto no processo, e

para os aspectos de ordem pedagógica, considerando-se as estratégias didáticas no

ensino e na aprendizagem em conformidade com os objetivos educacionais. Assim,

é relevante que se considere a integração do projeto técnico com o pedagógico no

58

desenvolvimento e análise das ferramentas educacionais informatizadas, o que

exige maior participação dos principais envolvidos no processo: professores e

alunos.

Os Mapas Conceituais são ferramentas para facilitar o processo de

ensino/aprendizagem na Educação a Distância.

Para se estruturar o trabalho com mapas conceituais no EAD necessita-

se de ferramentas que dêem suporte ao ensino. Essas ferramentas podem ser

fórum de discussão, portfólio, mural, chat, e-mail, help on-line, lista de discussão,

além de uma ferramenta específica que possibilite desenhar e representar um

diagrama (ferramenta gráfica).

Do exposto conclui-se que o uso de mapas conceituais em EAD é uma

maneira rica para avaliar o aprendizado, que poderá ocorrer individualmente, e,

tem-se, então, a interação da estrutura cognitiva com novas aquisições,

possibilitando ou não, transformações na mesma. Se esse aprendizado for

coletivo, então, haverá ampla troca de informações e, em consequência, a

capacidade de estruturação do pensamento de cada indivíduo aumentará, isto é,

construindo mapas conceituais em grupo, o aluno terá uma maior gama de

informações a seu dispor, o que irá enriquecer sua aprendizagem acerca do

conteúdo do mapa em questão.

O mapa conceitual dá a conhecer os caminhos por entre os quais o

aluno avança no domínio do saber. Ao elaborá-lo, o aluno demonstra os conceitos

que dominou e as relações que estabeleceu entre eles. Evidenciam-se acertos e

equívocos e um olhar atento pode identificar os pontos nodais.

Colaborar para a evolução do aluno na apropriação dos conhecimentos

passa a ser, então, a preocupação dos professores compromissados com a

formação e o aperfeiçoamento constante – tanto seus quanto de seus alunos.

59

BIBLIOGRAFIA

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A INFORMÁTICA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM 10

CAPÍTULO II

O ENSINO A DISTÂNCIA 16

2.1 – Recursos Tecnológicos em Educação a Distância 19

CAPÍTULO III

APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA 23

3.1 – Estilos cognitivos e estilos de aprendizagem em EAD 31

3.2. – Mapas conceituais na Educação a Distância 34

3.3. – Mapas conceituais e a teoria cognitiva de Ausubel 40

CAPÍTULO IV

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NAS ORGANIZAÇÕES 46

4.1 – A importância do Pedagogo na Empresa 53

CONCLUSÃO 57

BIBLIOGRAFIA 59

ÍNDICE 63

FOLHA DE AVALIAÇÃO 64

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

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