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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
GESTÃO DO LIXO COMO FONTE DE RENDA E ECONOMIA A
FAVOR DO MEIO AMBIENTE
Por: Sandra Maria de Souza Jatobá
Mat.: C203256
Orientador
Prof. Celso Sanchez
Rio de Janeiro
2008
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
GESTÃO DO LIXO COMO FONTE DE RENDA E ECONOMIA A
FAVOR DO MEIO AMBIENTE
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de Especialista em Gestão
Ambiental.
Por: Sandra Maria de Souza Jatobá
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, por estar com
saúde e ter me dado inteligência para
conclusão dos meus estudos; a Alrilena
Lage que sempre me deu forças para a
condução do meu sucesso, e aos meus
professores que me deram
conhecimento para compor essa
monografia.
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DEDICATÓRIA
Dedico essa monografia aos meus
queridos pais Elza e Jatobá, meus sete
irmãos, em especial Magna e Cristina
que sempre acreditaram na minha
pessoa e torcem para meu sucesso; e
meus padrinhos Altayr e Conceição, in
memorian.
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RESUMO
Da mesma forma que precisamos consumir para viver, passamos toda a
vida gerando resíduos, resíduos esses que são jogados em qualquer lugar e de
qualquer forma, causando contaminação, desmatamento de áreas verdes,
poluindo rios, mares, lençóis freáticos e dissipação de doenças.
Mais de 50% do que chamamos lixo e que formará os chamados "lixões"
é composto de materiais que podem ser reutilizados ou reciclados. O lixo é
caro, gasta energia, leva tempo para decompor e demanda muito espaço. Mas
o lixo só permanecerá um problema se não dermos a ele um tratamento
adequado. Por mais complexa e sofisticada que seja uma sociedade, ela
depende da natureza. É preciso rever os valores que estão norteando o nosso
modelo de desenvolvimento e, antes de se falar em lixo, é preciso reciclar
nosso modo de viver, produzir, consumir e descartar. Qualquer iniciativa neste
sentido deverá absorver, praticar e divulgar os conceitos complementares de
REDUÇÃO, REUTILIZAÇÃO e RECICLAGEM.
Esta monografia tem como objetivo mostrar que é possível a
conscientização sobre a questão do lixo na área urbana e difundir a idéia
sustentável de que o lixo pode ser uma fonte de renda e economia em prol do
Meio Ambiente e sobrevivência do Planeta.
Para tanto, é fundamental que se construa um Sistema de Gestão
Ambiental (SGA), de forma que os resultados ambientais possam ser
melhorados através de uma filosofia de gestão, visando o desenvolvimento
sustentável.
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METODOLOGIA
A sociedade moderna rompeu os ciclos da natureza, causando
desequilíbrio, onde por um lado extraímos mais e mais matérias primas, por
outro lado fazemos crescer montanhas de lixo. E como todo esse rejeito não
retorna ao ciclo natural, transformando-se em novas matérias-primas, tornar-se
uma perigosa fonte de contaminação para o meio ambiente e transmissão de
doenças, onde se pode verificar a destinação final dos resíduos domésticos e
os problemas advindos do não tratamento adequado dos mesmos, tornando-se
evidente a falta de informação acerca do problema ambiental, o quanto as
pessoas não percebem que ao realizarem seus hábitos diários, jogam fora
resíduos sólidos e rejeitos orgânicos que podem ser reaproveitados,
trabalhados e transformados em fonte de matéria prima para outra atividade.
Por isso o LIXO tornou-se um grande problema socioambiental e de saúde
pública.
Nesse contexto, o objetivo desta monografia é estudar a coleta seletiva
do lixo como forma de poupar recursos naturais, gerar emprego e diminuir a
degradação do meio ambiente, a partir da análise de experiências realizadas
em algumas cidades do Brasil.
Este trabalho foi realizado por meio de levantamento bibliográfico em
livros, revistas, cartilhas, jornais, folders, anais de encontros científicos e na
rede mundial de computadores (INTERNET). Foi dividido em três partes, onde
na primeira parte é exposto um histórico sobre o lixo e o grave problema
gerado pela nossa sociedade. A segunda parte como montar uma coleta
seletiva numa comunidade e a terceira parte, como aplicar a Gestão Ambiental
com esses resíduos sólidos, nesse caso, o lixo.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Lixo, o que podemos fazer diante desse problema 09
CAPÍTULO II - Montando uma coleta seletiva de lixo 18
CAPÍTULO III – Plano de Gestão Ambiental 24
CONCLUSÃO 26
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 29
ÍNDICE 31
FOLHA DE AVALIAÇÃO 32
COMPROVANTE DE EVENTOS CULTURAIS 33
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INTRODUÇÃO
A natureza trabalha em ciclos – como afirmou Lavoisier (1743-1794),
“na natureza nada se perde, nada se cria; tudo se transforma.” Animais,
excrementos, folhas e todo tipo de material orgânico morto se decompõem com
a ação de milhões de microorganismos decompositores, como bactérias,
fungos, vermes e outros, disponibilizando os nutrientes que vão alimentar
outras formas de vida.
Até o início do século passado, esse tipo de lixo gerado, reintegrava-se
aos ciclos naturais e servia como adubo para a agricultura. Mas com a
industrialização e a concentração da população nas grandes cidades, o lixo foi
se tornando um problema.
Atualmente, vivemos num ambiente onde a natureza é profundamente
agredida. Toneladas de matérias-prima, provenientes dos mais diferentes
lugares do planeta, são industrializadas e consumidas gerando rejeitos e
resíduos, que são comumente chamados lixo. É importante lembrar que o lixo
doméstico é uma pequena parte produzida pela humanidade, não podemos
esquecer dos demais resíduos que são lançados no nosso ecossistema.
Precisamos ainda, reformular nossa concepção a respeito do lixo. Não
podemos mais encarar todo lixo como resto inútil, mas sim, como algo que
pode ser transformado em nova matéria-prima para retornar ao ciclo produtivo,
de forma lucrativa e sustentável.
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CAPÍTULO I
LIXO – O QUE PODEMOS FAZER DIANTE DESSE
PROBLEMA?
A produção de resíduos é inerente à condição humana. Segundo
Calderonni (1998), cada pessoa produz cerca de 300 quilos por ano e como um
processo inexorável, tornou-se um problema de difícil resposta, que exige a
reeducação, conscientização e comprometimento do cidadão e participação do
governo. O que acontece com o lixo depois que é jogado na lixeira? O que se
faz com as toneladas de lixo recolhido diariamente?
O aumento na geração de resíduos sólidos tem várias consequências
negativas, tais como, custos cada vez mais altos para coleta e tratamento do
lixo; dificuldade para encontrar áreas disponíveis para sua disposição final;
grande desperdício de matérias-primas. Por isso, os resíduos deveriam ser
integrados como matérias-primas nos ciclos produtivos ou na natureza.
Outras consequências do enorme volume de lixo gerado pela
sociedade, quando o lixo é depositado em locais inadequados ou a coleta é
deficitária, são:
X Contaminação do solo, ar e água;
X Proliferação de vetores transmissores de doenças;
X Entupimento de redes de drenagem urbana;
X Degradação de matas virgens, desmatamento;
X Depredação da fauna e flora;
X Enchentes;
X Depreciação imobiliária
Não há como não produzir lixo, mas podemos diminuir essa produção
r edu zindo o desperdício, r eu tiliza ndo sempre que possível e separando os
materiais recicláveis para a coleta seletiva.
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1.1 - T em p o de decom p osiçã o dos r esídu os:
A tabela abaixo mostra como é importante usar recursos naturais de
forma sustentável, valorizar materiais recicláveis e reaproveitáveis e evitar a
degradação ou contaminação de novas áreas:
Material Tempo de Decomposição
Matéria Orgânica 3 a 6 meses
Papel 1 a 3 meses
Pneu Indeterminado
Restos Orgânicos 2 meses a 1 ano
Madeira 6 meses
Latas de conservas 100 anos
Chiclete 5 anos
Embalagens longa vida Até 100 anos
Plástico Até 400 anos
Latas de alumínios 200 a 500 anos
Vidros Indeterminados
Filtro de cigarro Mais de 5 anos
Tecidos De 6 meses a 1 ano
Nylon Mais de 20 anos
Metal Mais de 100 anos
Fonte: Programa USP Recicla. Informações sobre minimização de resíduos
Recentemente começamos a perceber que, assim como não podemos
deixar o lixo acumular dentro de nossas casas, é preciso conter a geração de
resíduos e dar um tratamento adequado ao lixo no nosso planeta. Para isso
será preciso conter o consumo desenfreado, que gera cada vez mais lixo, e
investir em tecnologias que permitam diluir a geração de resíduos, além da
reutilização e da reciclagem dos materiais em desuso. Cerca de 50% de todo
material descartado como lixo pode ser recuperado como matéria-prima, sendo
reutilizado na fabricação de um novo produto.
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1.2 – Para onde vai o lixo ?
Segundo a pesquisa do IBGE, em 64% dos municípios brasileiros, o
lixo é depositado de forma inadequada, em locais sem nenhum controle
ambiental ou sanitário. São os conhecidos lixões, ou vazadouros, terrenos
onde se acumulam enormes montanhas de lixo a céu aberto, sem nenhum
critério técnico ou tratamento prévio do solo, com a simples descarga do lixo no
solo. Além de degradar a paisagem e produzir mau cheiro, os lixões colocam
em risco o meio ambiente e a saúde pública.
Valparaíso (GO) - Ministério Público denuncia contaminação de lençóis freáticos e córregos em diversas áreas de
cidade goiana. Postos de gasolina, lixões e cemitério podem ter contribuído para poluição Foto: Roosewelt Pinheiro/ABr
Atualmente, apesar do desempenho do governo e das organizações
sociais em promover ações e campanhas contra essa forma degradante de
trabalho em lixões, muitas famílias brasileiras ainda tiram seu sustento da
catação do lixo, trabalhando de forma inadequada, em condições indignas e
totalmente insalubres.
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Como oferecem alimentação abundante e facilidade de abrigo, os
lixões atraem insetos, animais, enfim, vetores que podem disseminar direta ou
indiretamente, várias doenças (veja o quadro lixo e as doenças).
TABELA – O LIXO E AS DOENÇAS
Vetores Formas de transmissão Enfermidades
Ratos e pulgas Mordida, urina, fezes e picada Leptospirose Peste Bubônica Tifo Murino
Mosca Asas, patas, corpo, fezes e saliva
Febre Tifóide Cólera Amebíase Giardíase Ascaridíase
Mosquito Picada
Malária Febre Amarela Dengue Leishmaniose
Barata Asas, patas, corpo e fezes Febre Tifóide Cólera Giadíase
Gado e porco Ingestão de carne contaminada
Teníase Cisticercose
Cão e Gato Urina e fezes Toxoplasmose
Fonte: Manual de Saneamento – FunasaMS - 1999
No Brasil, 52,8% do lixo não recebe tratamento adequado. Segundo o
IBGE, 30,5% do volume de lixo coletado em 2000 foi encaminhado para os
lixões e 22,3% para aterros controlados, com altos riscos de contaminação
para o homem e para o meio ambiente.
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Com relação ao lixão, trata-se de uma área de disposição final de
resíduos sólidos sem nenhuma preparação anterior do solo. Não há nenhum
sistema de tratamento de efluentes líquidos, tal como o chorume (líquido preto
que escorre do lixo. Este penetra pela terra levando substâncias contaminantes
para o solo e para o lençol freático, como mostra a figura abaixo.
É nos lixões que o lixo fica exposto sem nenhum procedimento que
evite as conseqüências ambientais e sociais negativas, onde também, moscas,
pássaros e ratos convivem com o lixo livremente no lixão a céu aberto.
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1.3 – Como resolver o problema do lixo?
Quando pensamos na questão do lixo, o mais difícil de equacionar, e o
que vai demandar maior pesquisa, é a destinação. Afinal de que adianta
separar se não conhecemos o processo como um todo? Para onde vai o nosso
lixo depois que o lixeiro passa? Há alternativas? O que fazer com o lixo
separado? As alternativas de destinação atuais são ambientalmente
satisfatórias? Como poderia melhorar? O que eu posso fazer? Essas são as
perguntas que precedem qualquer iniciativa relativa a lixo. Elas devem ser o fio
condutor tanto de um trabalho escolar quanto de uma proposta de logística.
Afinal, se queremos participar devemos conhecer a fundo o processo de nossa
cidade. Essas perguntas nos instrumentalizam para a mudança com os pés no
chão.
Em geral, as pessoas consideram o lixo tudo aquilo que se joga fora e
que não tem mais utilidade. Mas se formos observar, veremos que o lixo é uma
massa indiscriminada de materiais. Ele é composto de vários tipos de resíduos
que precisam de manejo diferenciado.
Um caminho para a solução dos problemas relacionados com o lixo é
apontado pelo Princípio dos Três Erres (3R’s) – reduzir, reciclar e reutilizar.
Fatores associados com esses princípios devem ser considerados como o ideal
de prevenção e não geração de resíduos, somados à adoção de padrões de
consumo sustentável, visando poupar os recursos naturais e conter o
desperdício.
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A Reciclagem é uma das alternativas de tratamento de resíduos sólidos
mais vantajosas, tanto do ponto de vista ambiental como do social. Pois ela
reduz o consumo dos recursos naturais, poupa energia e água e ainda diminui
o volume do lixo e consequentemente, a poluição. Além disso, quando há um
sistema de coleta seletiva bem estruturada, a reciclagem torna-se uma
atividade econômica rentável, gerando emprego e renda para várias famílias.
T A B EL A – O q u e o B r a sil r ecicla
Material Percentual Curiosidades
Resíduos orgânicos
domésticos 1,5% Através da compostagem
Óleo lubrificante 22% Apenas 1% do óleo consumido no
mundo é reciclado
Resina Plástica (Pet) 40% O pet reciclado se transforma em fibras
Embalagens de vidro 45% O Japão recicla 55%
Papel 36% O Brasil importa apenas para reciclar
Latas de alumínio 89% O Brasil também importa latas usadas
para reciclar
Papelão ondulado 77,3% Volume total
Sacolas de
supermercados 15% Representa 3% do lixo urbano
Pneu 10% O Brasil exporta pneu para reciclagem
Embalagens longa
vida
A incineração é considerada excelente
combustível
De acordo com dados de pesquisas realizados pelo IBGE referentes aos dados sobre reciclagem no Brasil, que retratam a proporção de material reciclado no consumo de algumas matérias-primas industriais (latas de alumínio, papel, vidro, embalagens PET e latas de aço) o Brasil é recordista mundial em reciclagem de latas de alumínio (89% em 2003, contra 50% em 1993). A reciclagem de papel subiu de 38,8% em 93 para 43,9% em 2002. Este é um bom dado, pois retrata o crescente índice de reciclagem no país. Outro dado da pesquisa é que cerca de 94% da população urbana é atendida com serviço de coleta domiciliar de lixo, mas por outro lado, a coleta seletiva de lixo, que pode contribuir de forma significativa para a redução da quantidade de resíduos a serem dispostos em aterros, como observamos no indicador Coleta seletiva de lixo (referente a mesma pesquisa) que mostra números incipientes no País. Somente 2% do lixo produzido no país é coletado seletivamente. Apenas 6% das residências são atendidas por serviços de coleta seletiva, que existem em apenas 8,2% dos municípios brasileiros, sendo que a maior concentração destes está nas regiões sudeste e sul do país. FONTE : CEMPRE/1998
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1.4 – Classificação dos Resíduos Sólidos
O lixo pode ser classificado como seco ou úmido, onde o lixo seco, é
composto por materiais potencialmente recicláveis, tais como, papéis, vidros,
latas, plásticos, etc. O lixo úmido corresponde à parte orgânica dos resíduos,
como sobras de alimentos, cascas de frutas e legumes, restos de poda, etc.,
que pode ser usada para compostagem.
O lixo também pode ser classificado de acordo com seus riscos
potenciais e conforme a NBR/ABNT 10.004 (2004), conforme tabela abaixo:
Cla sse I - São aqueles que, em função de suas propriedades físicas, químicas
ou infecto-contagiosas, apresentam risco à saúde ou ao meio ambiente, ou
apresentam características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade,
toxicidade, patogenicidade, ou fazem parte da relação constante nos anexos A
e B da NBR 10.004/2004.
Cla sse I: Per ig osos
• Inflamabilidade ( ex. pólvora suja, frascos pressurizados de inseticidas, etc.)
• Corrosividade (ex. resíduos de processos industriais contendo ácidos e bases
fortes)
• Reatividade (ex. res. indust. contendo substâncias altamente reativas com
água)
• Toxicidade ( ex. lodo de processos contendo altas concentrações de metais
pesados)
• Patogenicidade ( ex. materiais com presença de vírus e bactérias)
Cla sse II A – Não inertes: Aqueles que não se enquadram na classificação de
resíduos Classe I ou resíduos Classe II B.
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Cla sse II A: N ã o iner tes
• Combustibilidade (ex. restos de madeira, papel,etc.)
• Biodegradabilidade (ex. restos de alimentos, etc.)
• Solubilidade em Água (ex. lodos de processos, contendo sais solúveis em
água)
Cla sse II B – Inertes: - Quando amostrados de forma representativa, conforme
NBR 10.007, e submetidos aos procedimentos da NBR 10.006, não tiverem
nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos
padrões de potabilidade da água, excetuando-se aspecto, turbidez, dureza e
sabor.
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CAPÍTULO II
MONTANDO UMA COLETA SELETIVA DE LIXO
Os países que mais buscam soluções sustentáveis, onde a reciclagem
é fator importante na redução do volume de resíduos sólidos urbanos são
Alemanha, Japão, Holanda, Canadá e os EUA. Ao longo da última década, os
governos europeus incrementaram várias normas para reduzir o impacto
ambiental causado pelas embalagens, através da legislação, que enfocam
principalmente três áreas (EIGENHEER, 1998):
X Regras para depósito em vários tipos de “containers”, principalmente
fábricas de bebidas;
X Proibição de embalagens com materiais que causem danos ao meio
ambiente, principalmente PVC;
X Impressão selos na embalagem indicando que o material é
reciclável.
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Em países onde o custo da mão-de-obra da coleta seletiva, se constitui
um fator considerável nas planilhas de custos das empresas de limpeza
urbana, investe-se cada vez mais em tecnologia na busca de soluções
econômicas e eficientes, que garantam a qualidade dos serviços de coleta,
transporte, tratamento e destino final de resíduos sólidos. Neste aspecto, a
escolha da solução tecnológica mais adequada passa necessariamente pela
colaboração efetiva de toda uma população atendida pelo sistema.
Assim, nos países desenvolvidos não se admite mais, a não ser em
situações muito especiais, a coleta porta-a-porta, considerada atrasada em
sociedades mais modernas. A existência de containers basculáveis em pontos
estratégicos nos logradouros públicos permite a economia e a rapidez do
serviço de coleta feita através de veículos que trabalham apenas com o
motorista.
Obviamente, tal tipo de solução só funciona adequadamente quando a
comunidade está disposta e apta a participar, depositando voluntariamente
seus resíduos nos containers específicos para isso.
Apesar de a situação ainda estar longe da ideal, o Brasil faz bonito em
alguns setores da reciclagem. Confira:
X O país é campeão na reciclagem de latinhas de alumínio. Nada
menos do que 85% dessas embalagem são recicladas.
X As embalagens de vidro também têm números expressivos: das 890
mil toneladas de embalagens produzidas em 2001, 360 mil (42% do
total) voltaram para a indústria, segundo a Abividro (Associação
Técnica Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro).
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X Com o papel, a quantidade é um pouco menor: 37,5%, de acordo a
Associação Nacional de Fabricantes de Papel e Celulose (ANFPC).
Em números absolutos, isso significa 1,6 milhão de toneladas de
papel e papelão reciclado. Fonte: Cempre (Compromisso Empresarial para a
Reciclagem)
No Brasil, a coleta porta a porta tem sido o sistema mais utilizado tanto
na coleta do lixo domiciliar misturado, como na coleta seletiva. Os coletores
correm em média oito horas por dia atrás dos caminhões, carregando sacos de
lixo, que podem chegar a pesar até 50Kg. Da quantidade de resíduos coletados
em nosso país, apenas 1,7% recebe algum tipo de tratamento antes de ser
conduzido para disposição final.
Um projeto de Coleta Seletiva de Lixo deve começar a ser implantado
experimentalmente em um bairro, para depois ser gradativamente expandido
para outros. É desejável que o bairro alvo do programa caracterize-se por
possuir uma infra-estrutura urbana bem consolidada, ou seja, todos os serviços
públicos básicos funcionando efetivamente: água, luz, telefone, coleta de lixo,
estrutura de esgoto e vias pluviais, escolas, centros de saúde, comércio local,
vias pavimentadas e comunitárias.
Caminhão de coleta seletiva
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Pelas experiências que pudemos conhecer, observando os serviços de
coleta seletiva que estão sendo realizados em diversas cidades do Brasil e do
exterior, listamos algumas idéias básicas que devem compor a implantação de
um projeto de coleta seletiva:
X Propõe-se, primeiramente, que o administrador das cidades
(prefeito) seja um executivo formado em gerenciamento urbano.
X O serviço de coleta deve ser terceirizado, tendo em vista a
morosidade e falta de continuidades nos projetos pelo Poder Público
em várias cidades.
X Deve ser elaborado um manual para ser entregue em todas as
residências, educando e conscientizando as pessoas de como
processar o lixo reciclável.
X Neste manual é importante expor que tudo que é reciclável deve
estar limpo. Assim sendo, os papéis devem estar colocados em
sacolas de papel, jornais e revistas amarradas em feixes; metais e
latas podem estar soltos no fundo de uma caixa; os vidros sem
tampa, dentro da sacola. Todo o resto, papéis e plásticos sujos ou
sem símbolo de reciclável vai junto com o lixo. Na usina de
compostagem ele será separado e a parte inorgânica tomará o
caminho do aterro, e orgânica irá para as leiras de maturação.
Nas residências, cada morador deverá obrigatoriamente receber para
adaptar em suas lixeiras, um gancho em forma de “S” pontiagudo numa das
extremidades, para pendurar um saco plástico extra em sua lixeira atual. Este
gancho deverá ser mantido anexado neste local para que seja depositado o lixo
seco (papéis, plásticos, metais e vidros) até a disposição final na calçada no
dia destinado a coleta ou em container apropriado, no caso de condomínios.
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2.1 – Aspectos sociais e econômicos da coleta seletiva de lixo
A promoção de parcerias com a sociedade civil, prioritariamente com
os catadores de papel, na triagem e comercialização dos resíduos, pode ser
um instrumento para a geração de empregos e renda e ainda melhorar a
limpeza das cidades com reflexos positivos sobre a qualidade de vida da
população.
Outra faceta importante de um programa de coleta seletiva é a
ressocialização, ou seja, a reincorporação de um segmento social como o dos
catadores de lixo, até então marginalizados, a uma estrutura digna de trabalho,
em unidades especialmente preparadas para triagem, classificação e
prensagem de lixo.
O material conseguido através do sistema de coleta do lixo misturado e
separado posteriormente nas esteiras, não consegue um bom preço de
mercado, já que atualmente, as indústrias recicladoras segregam esses
materiais de acordo com o seu grau de limpeza.
Esta baixa quantidade reciclada se deve as poucas iniciativas de
projetos de coleta seletiva de lixo que possuem estrutura já consolidada,
obtendo resultados significativos ao longo dos últimos anos. Países como
Japão e Holanda reaproveitam mais de 50% do papel. No Brasil, cerca de um
milhão de tonelada de papel são reciclados, principalmente no Paraná e São
Paulo, respectivamente, os maiores produtores de papel do país.
As possibilidades de retorno econômico dos produtos recicláveis
justificam a consolidação do processo de reaproveitamento e reutilização de
matérias-primas.
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Todo rendimento financeiro resultado da comercialização deve ser
reinvestido nas unidades de reciclagem, revertendo-se numa renda mensal de
aproximadamente um a dois salários mínimos por catador. O trabalho de
comercialização e a forma de distribuição da receita também devem ser
administrados pelas próprias cooperativas.
Os custos que a reciclagem evita para a prefeitura com a coleta,
transporte e disposição final do lixo são de aproximadamente 50 dólares por
tonelada. A coleta seletiva permite a obtenção de produtos recicláveis com
menor grau de impurezas.
2.2 – Montando uma Cooperativa de Reciclagem de Lixo
Três aspectos devem ser considerados quando se pensa em montar
uma cooperativa de catadores. O primeiro deles é a infra-estrutura da entidade.
Para isso, é preciso de um espaço para recebimento dos materiais recicláveis.
Uma alternativa é criar um projeto e buscar apoio das prefeituras, para
viabilizar a doação de uma área suficiente para triagem desse material. Além
disso, é preciso adquirir alguns equipamentos básicos, como balanças, prensas
e carrinhos.
Em seguida, é preciso que exista mão-de-obra. Os catadores não têm
vínculo empregatício com a cooperativa e são remunerados por produção.
Algumas cooperativas rateiam a receita obtida em partes iguais entre seus
filiados, porém, em se tratando de uma Cooperativa, é necessário que ela
sobreviva de seus próprios subsídios, até mesmo para melhorias de trabalho e
investimentos em novas tecnologias.
O terceiro aspecto é a documentação. Para isso, os cooperados devem
procurar um advogado para elaborar um estatuto com as normas de entidade.
É preciso que existam pelo menos 20 pessoas para se montar uma
cooperativa, que deve ser inscrita junto à Prefeitura, e registrada no órgão
ambiental.
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CAPÍTULO III
PLANO DE GESTÃO AMBIENTAL
A Gestão Ambiental se organiza de formas muito diversas, de acordo
com a realidade para a qual ela está voltada. Por exemplo, um condomínio
residencial poderia elaborar um projeto de gestão ambiental bem diferente do
de uma comunidade do bairro. No entanto, os procedimentos para se construir
um programa de gestão Ambiental são muito semelhantes e precisam ser bem
organizados. Por isso, é fundamental que sejam seguidos alguns passos
básicos para a implementação de um Programa de Gestão Ambiental (PGA),
como os procedimentos sugeridos pelo Plano de Trabalho do MMA (A3P),
apresentados de forma resumida abaixo.
1) Criação de um Grupo de Trabalho ou Comissão Gestora, composta por
funcionários de diferentes setores, que coordenará o trabalho. Deve-se
publicar uma portaria oficializando o grupo;
2) Diagnóstico ambiental da situação (os pontos críticos, os desperdícios de
recursos naturais, pesquisa de opinião com os moradores e funcionários);
3) Definição de projetos compatíveis com a minimização ou eliminação dos
problemas apresentados pelo diagnóstico;
4) Avaliação e monitoramento permanente;
5) Elaboração de plano de comunicação;
6) Elaboração de plano de capacitação e formação da comissão gestora, e de
todos os envolvidos.
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Um programa de gerenciamento de resíduos sólidos deve considerar
as hipóteses de queima ou aterramento e cuidar para que o inventário de
resíduos não suba a níveis susceptíveis de investimentos que somente a alta
administração possa autorizar. Muitas vezes é visto que algumas produções no
afã de se mostrarem lucrativas, simplesmente não contabilizam a disposição
dos resíduos na conta dos produtos. O resultado é o aumento do passivo
ambiental.
As informações sobre meio ambiente, poluição, tratamento e
destinação de resíduos que foram passadas são o mínimo indispensável para
que o sistema de gestão ambiental possa ser entendido e concebido.
Assim sendo, o manejo dos resíduos, no âmbito interno dos
estabelecimentos, e também no âmbito externo, devem obedecer critérios
técnicos que conduzam à minimização do risco à saúde pública, à qualidade do
meio ambiente e à sobrevivência do planeta.
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CONCLUSÃO
Os fatores que tornam a reciclagem do lixo economicamente viável
convergem, todos eles, para a proteção ambiental e a sustentabilidade do
desenvolvimento, pois se referem à economia de energia, matérias-primas,
água e a redução da poluição do solo, subsolo, água e do ar. Também
convergem para a promoção de uma forma de desenvolvimento econômico e
socialmente sustentável, pois envolve ganhos para a sociedade como um todo.
Infelizmente, no que se refere à coleta de resíduos urbanos, o Brasil
evoluiu muito pouco nas últimas décadas. Universalizamos a utilização dos
sacos plásticos para acondicionamento de resíduos a partir da década de 70
no lugar das velhas latas de lixo e estacionamos por aí. Existem algumas
tentativas de coleta seletiva do lixo em alguns municípios, mas geralmente,
com participação de pequena da população. Desta forma, não se garante a real
mudança de comportamento em relação ao desperdício de recursos naturais, a
destinação inadequada do lixo no meio ambiente e, sobretudo em relação à
necessidade de reciclar.
Se quisermos evoluir enquanto nação, precisamos refletir sobre essas
questões do nosso cotidiano, que embora simples, mostram nossa maneira de
entender o papel do indivíduo dentro da sociedade e as relações de respeito e
harmonia do ser humano com o meio ambiente e com o próprio indivíduo,
aprendendo com as experiências positivas de outros países. Afinal, a
globalização também tem esta finalidade e não apenas mera clonagem de
estilos de vida de povos que pouco tem a ver com o brasileiro.
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A população já cobra dos governos locais a implantação de programas
de coleta seletiva. Uma pequena parte da população já acredita que separar o
lixo, é uma das formas mais cômodas e objetivas de contribuir com a melhoria
da qualidade ambiental. O grande problema é que o poder público não sabe
responder satisfatoriamente a essa demanda, seja por falta de vontade política,
de recursos, de tecnologia ou de corpo técnico adequado para esse fim.
São muitas as prefeituras que procuram informações sobre a Coleta
Seletiva de Lixo, mas não conseguem viabilizar os projetos. Têm-se
informações de projetos mal conduzidos e que fracassam por várias causas,
entre elas a fragilidade dos modelos e a falta de clareza dos objetivos a serem
atingidos. A descontinuidade administrativa é hoje um risco a ser considerado
em programas institucionais, juntamente com a falta de importância dada aos
estudos interdisciplinares em projetos ambientais. A continuidade é
fundamental para o desenvolvimento de um modelo que se mostre viável,
apesar das instabilidades administrativas e trocas de gestão.
Entretanto, para que isto se torne uma realidade será necessário:
X Sensibilizar os prefeitos das cidades para a importância do
gerenciamento integrado dos resíduos sólidos, sem o qual não é
possível entender a coleta seletiva de lixo;
X Valorizar o trabalho dos catadores e investir na assessoria para sua
organização;
X Apoiar a instalação de empresas recicladoras não poluentes nos
municípios através de incentivos tributários;
X Responsabilizar as empresas produtoras de resíduos;
X Criar instrumentos econômicos de incentivo à reciclagem e ao uso
de matéria-prima reciclada;
28
X Criar agências governamentais para assessorar os municípios na
implantação de seus programas de gerenciamento de resíduos
sólidos;
X Desenvolver amplo programa de resíduos sólidos.
O Brasil não pode esperar mais para ser agressivo nesta área de
reciclagem dos recursos naturais. Conclui-se que, a coleta seletiva do lixo
residencial é um caminho extremamente promissor para a preservação
ambiental, para a promoção social, para o desenvolvimento sustentável de uma
nação e consequentemente para a sobrevivência do planeta.
29
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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Sustentável. Rio de Janeiro: Thex Ed., 2006.
ALMEIDA, Josimar Ribeiro. Gerenciamento Ambiental. Rio de Janeiro: Thex
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http://www.lixo.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=134&Item
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id=248.Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. acesso 10/10/08
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Site http://www.cempre.org.br/educacaoambiental.php - Rota do Lixo. acesso
10/10/08
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
LIXO-O QUE PODEMOS FAZER DIANTE DESSE PROBLEMA 9
1.1 – Tempo de decomposição dos resíduos 10
1.2 – Para onde vai o lixo? 11
1.3 – Como resolver o problema do lixo? 14
1.4 – Classificação dos resíduos sólidos 16
CAPÍTULO II
MONTANDO UMA COLETA SELETIVA DE LIXO 18
2.1 – Aspectos sociais e econômicos da coleta seletiva de lixo 22
2.2 – Montando uma cooperativa de reciclagem de lixo 23
CAPÍTULO III
PLANO DE GESTÃO AMBIENTAL 24
CONCLUSÃO 26
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 29
ÍNDICE 31
32
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes – Projeto A Vez do
Mestre
Título da Monografia: Gestão do Lixo como Fonte de Renda e Economia a
favor do Meio Ambiente
Autor: Sandra Maria de Souza Jatobá
Data da entrega: 25 de outubro de 2008
Avaliado por: Celso Sanchez Conceito: