universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo … · rotineira. cabia ao diretor ... postura,um novo...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
GESTÃO DEMOCRÁTICA NA ESCOLA
ANA PAULA ROCHA NEVES
Orientadora
Profa. Edla Trofoli
Niterói
2010
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
GESTÃO DEMOCRÁTICA NA ESCOLA
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em
Administração/Supervisão Escolar
Por: Ana Paula Rocha Neves
AGRADECIMENTOS
Passado, Presente e Futuro.
Agradeço, aos meus pais, a dedicação o apoio, o
incentivo e a compreensão.
A imensa ajuda da minha Orientadora Edla Trotoli e
a todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram
para a realização deste trabalho, os meus sinceros
agradecimentos e minha gratidão para todos vocês.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais e a minha filha,
pelo incentivo, cooperação e apoio pois, além de terem me
acolhido durante todo o curso, compartilharam comigo os
momentos de tristezas e também de alegrias, nesta etapa,
em que, com a graça de Deus, está sendo vencida.
RESUMO
Há bem pouco tempo, dirigir uma escola era considerado uma tarefa
rotineira. Cabia ao diretor zelar pelo bom funcionamento da escola,
centralizando em si todas as decisões, e administrar com prudência os
eventuais imprevistos.
Esse novo enfoque traz à tona o conceito de liderança educacional,
indispensável a um bom diretor escolar. O diretor-líder desperta o potencial de
cada pessoa da instituição, transformando a escola em oficina de trabalho onde
todos cooperam, aprendem e ensinam o tempo todo. Assim como a essência
da gestão é fazer a instituição operar com eficiência, a eficácia da gestão
depende, em parte, do exercício efetivo da liderança.
Construir novas formas de relação no ambiente escolar significa uma
guinada para uma prática educativa em que o diálogo, e a comunicação
substituam os esquematismos fixos nas formas de aprender, de se relacionar e
de organizar a vida escolar e desta forma é necessário que existam gestores
especializados em técnicas de mudanças, no terreno que auxiliem os membros
das organizações – no caso as escolas, professores, e funcionários.
METODOLOGIA
.
Primeiramente a escolha do tema, que deve estar ligado ao curso de
Administração/Supervisão Escolar
A metodologia utilizada neste trabalho foram leituras de livros,
revistas, material colhido através da internet e das referências bibliográficas e
desenvolvido dentro de um aspecto investigativo, analítico, qualitativo e
quantativo.
Com todo este material reunido e estudado, a monografia foi dividida
em 3 (três) capítulos.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Rumo à Democracia Educacional 11
CAPÍTULO II - Liderança em uma Organização Educacional 20
CAPÍTULO III – Gestão Democrática,Compartilhada e Participativa 39
CONCLUSÃO 31
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 33
INTRODUÇÃO
A expressão gestão escolar, em substituição à “administração escolar”,
não e apenas uma questão semântica. Ela representa ma mudança radical de
postura,um novo enfoque de organização, um novo paradigma de
encaminhamento das qestões escolares, ancorado nos princípios de
participação, de autonomia, de autocontrole e de responsabilidade. Segundo
Helopisa Lück, “a gestão não deprecia a administração, mas supera as suas
limitações de enfoque dicotomizado, simplificado e reduzido, para atender às
exigências de uma realidade cada vez mais complexa e dinâmica”.
Na área da educação, a escola é responsável pela transmissão do
conhecimento, porém, no mundo globalizado, exige-se que a escola tenha uma
nova concepção e uma forma diferenciada de trabalhar, ou seja, uma constante
renovação na sua postura, para transmitir um conhecimento de nível elevado
para preparar o aluno.
Do tempo em que os educadores começaram a aplicar pela primeira
vez os princípios de uma gestão democrática, ocorreram consideráveis
melhorias nos métodos de gestão.
Considerando a gestão dos sistemas educacionais, os fatores que têm
sido apontados como essenciais para a qualidade do ensino são: o
comprometimento político do dirigente, a busca por alianças e parceiras; a
valorização dos profissionais da educação, o fortalecimento e a modernização
da gestão escolar.
Partindo deste princípio, surge a figura do gestor escolar, como sendo
o indivíduo que irá propagar idéias para que ocorra a transformação, aquele
que irá articular essas idéias junto à comunidade escolar. Trata-se de:
“repensar a escola como um espaço democrático de troca e produção de conhecimento que é o grande desafio que os profissionais da educação, especificamente o Gestor Escolar, deverão enfrentar neste novo contexto educacional, ois o Gestor Escolar é o maior articulador deste processo e possui um papel fundamental na organização do processo de democratização escolar.” (ALONSO, 1988).
A atual forma de gestão deve extinguir o modelo tradicional, onde a
concentração da autoridade fica a cargo do gestor, pois, assim, ele será
responsável por todas as decisões dentro da escola. Para que ocorra uma
gestão democrática, norteiam-se uma participação efetiva da comunidade, no
momento de partilhar o poder através da descentralização até o momento de
ser tomadas decisões importantes, que irão influenciar no cotidiano da escola,
na consecução de resultados que proporcionem a satisfação de todos os
indivíduos que compõem a comunidade escolar.
Vale ressaltar que, existem escolas/gestores, que priorizam a identidade
escolar, sua autonomia como ponte para que haja a ruptura necessária nos
paradigmas ultrapassados e intoleráveis como práticas escolares. Todavia,
existem escolas que buscam apenas a democratização, sem pensar na
autonomia e descentralização; outras apenas na autonomia sem levar em
conta a descentralização e democratização, como se esses fatos fossem
isolados possíveis para grandes mudanças.
Dessa forma, para que se instale o processo de Gestão Democrática,
surgem algumas dificuldades ao longo do caminho, pois, existem gestores que
em busca dessa democratização acabam tomando atitudes autoritárias, e
outros que mostram descontinuidade na política e administração do sistema
educacional.
Portanto, para construir esse novo modelo de gestão é preciso enfrentar
desafios, pois, percebe-se que até hoje o processo para implantar a
democratização no interior da escola ainda encontra muitos obstáculos, afinal,
não é possível pensar em democracia sem que os sujeitos tornem-se
conscientes para exercer esta prática.
“Nessa relação, entretanto, é necessário uma visão crítica do processo da administração escolar, a qual exige um conhecimento mais ou menos preciso da estrutura sócio-econômico da sociedade capitalista que vivemos. A gestão escolar precisa ser entendida no âmbito da sociedade política comprometida com a própria transformação social” (PARO, 1997).
CAPÍTULO I
RUMO À DEMOCRACIA EDUCACIONAL
A gestão passa a ser sinônimo de ambiente autônomo e
participativo, o que implica trabalho coletivo e compartilhado por várias pessoas
para atingir os objetivos comuns.
A gestão democrática implica primeiramente o repensar da estrutura de poder da escola, tendo em vista sua socialização. A socialização do poder propicia a prática da participação coletiva, que atenua o individualismo da reciprocidade, que supera a expressão da autonomia, que anula a dependência, de órgão intermediário que elaboram políticas educacionais tais quais a escola é mera executora. (VEIGA, 2001)
No que diz respeito ao papel do diretor, este deixa de ser alguém
que tem a função de fiscalizar e controlar, que centraliza em si as decisões,
para ser “um gestor da dinâmica social, um mobilizador, um orquestrador de
atores, um articulador da diversidade para dar unidade e consistência, na
construção do ambiente educacional e promoção segura da formação de seus
alunos.” (LUCK, 2000).
Ou ainda:
“o diretor coordena, mobiliza, motiva, lidera, delega aos membros da
equipe escolar, conforme suas atribuições específicas, as
responsabilidades decorrentes das decisões, acompanha o
desenvolvimento das ações, presta contas e submete à avaliação da
equipe o desenvolvimento das decisões tomadas coletivamente”.
(LIBÂNIO, OLIVEIRA e TOSCHI, 2003).
Com a nova concepção de gestão e do papel do diretor
intensificaram-se os debates sobre a necessidade da profissionalização das
pessoas envolvidas na administração escolar como condição para melhoria da
qualidade da educação. Para Luck, esta alteração corresponde a uma
mudança paradigmática “isto é uma visão de mundo e óptica com que se
percebe e reage em relação à realidade”. (LUCK, 2000).
O conhecimento sobre a gestão democrática educacional está
sendo construído diariamente na atuação de cada gestor com sua equipe. Há o
consenso de que, para gerar um ambiente no qual todos atuem para alcançar o
objetivo comum de garantir a aprendizagem, os diretores precisam desenvolver
algumas competências, que são simples na definição, mas complexas na
execução, como saber ouvir e levar em consideração idéias, opiniões e
posicionamentos divergentes.
1.1 – As Organizações Escolares e a Gestão Educacional
As instituições de ensino, independente da esfera e do nível,
devem ser pensadas e geridas como organizações eficientes, às quais é
atribuído um importante papel na construção social.
Assim como nas demais organizações da sociedade, também na
escola existe uma cultura organizacional que reflete sua história. As instituições
de ensino mantida privada incorporam os valores e preceitos das entidades
mantenedoras. No caso das escolas públicas a cultura organizacional é
fortemente influenciada pelas questões de ordem política partidária e pela
concepções dos gestores que representam o poder constituído. Como um dos
aparelhos ideológicos do Estado, a escola, não apenas o legítima, como
reproduz, internamente, as mesmas relações de poder, esta legitimação faz
parte da cultura da organização escolar. A administração da área da educação
tem preocupado o poder público, docentes, pesquisadores, alunos e pais de
alunos, pois exige um profissional competente na área educacional e com
conhecimentos suficientes de administração que possibilite adotar um modelo
de gestão compatível com os princípios e objetivos da instituição escolar. A
visão de educação, de mundo e de sociedade, os valores e crenças do gestor
determinam o modelo de gestão a ser adotado.
O conhecimento teórico construído ao longo da vida acadêmica
do gestor educacional aliado as experiências realizadas no convívio familiar,
social e profissional, formam o arcabouço que dará direcionamento e
sustentação a proposta de gestão construída, e nela em especial, a gestão dos
profissionais envolvidos.
No ambiente educacional as relações entre as pessoas devem
pautar-se pelos princípios da co-responsabilidade.
O gestor da escola tem importante papel a desempenhar nas
mudanças a serem desenvolvidas dentro das organizações escolares, na
construção de uma nova cultura organizacional desvestida de valores
centrados em paradigmas predominantemente tradicionais que impedem a
execução de projetos pedagógicos inovadores.
A gestão escolar deverá fundamentar-se nas novas teorias da
administração que apontam para modelos de gestão centrados em parcerias,
no planejamento estratégico, na gestão compartilhada. Buscando alternância
na gestão, garantindo assim a inovação e oxigenação, apostando nos
profissionais, que além de formação adequada à função tenham habilidade na
condução de processos e na gestão de pessoas.
1.2 – A Conquista da Gestão Democrática
Para que se alcance a participação tão desejada nas escolas, é
preciso que se faça um resgate na trajetória histórica da busca democrática e
da formação do gestor considerando o momento social, político, cultural e
econômico vivido pela educação. Desta forma, a questão sobre a gestão
escolar nos faz primeiramente analisar o que vem a ser administração no
sentido amplo e escolar, pois, a visão que o gestor tem sobre sua função é
fundamental para que seu desempenho tenha êxito, pois, a Administração
Geral e a Escolar possuem seus respaldos teóricos baseados nos mesmos
conhecimentos sobre administração, no entanto sua aplicabilidade está
atrelada ao ambiente, clientela e objetivo que pretende alcançar.
Diante do objetivo estabelecido pela educação em busca da
democracia, é fundamental que o gestor seja politizado, no sentido de ter bem
claro seu papel de “modelo” de educador, pautado em conhecimentos
acumulados ao longo de sua formação e experiência em diversas funções
desenvolvidas antes mesmo de ser diretor.
O gestor escolar, poderá desenvolver uma grande parceria em
sua gestão proporcionando um melhor processo de aprendizagem, enfrentando
desafios cotidianos com esperança e perseverança, transformando a escola
num lugar prazeroso e amigo, capaz de desenvolver em cada pessoa o gosto
pelo saber/aprender/conhecer, entretanto, torna-se imprescindível conhecer a
dimensão do conjunto organizacional, isto é, a escola como a realidade global:
ser capaz de ajustar-se às novas exigências de acordo com sua necessidade.
Assim, (DALMAS, 1994) :
“... aborda a questão do clima escolar mostrando que não pode haver na escola um clima de hostilidade, de individualismo, de irresponsabilidade e de não envolvimento, pois esses comprometem o andamento do planejamento participativo e que ao invés da construção desse clima deva existir sim, um ambiente de acolhida, aceitação mútua e interesses um pelo outro”.
Nesse sentido, há um grande desafio para os gestores pela
própria exigência de atenção, conhecimento e habilidades. Vale ressaltar que,
existem escolas/gestores, que priorizam a identidade escolar, sua autonomia
como ponte para que haja a ruptura necessária nos paradigmas ultrapassados
e intoleráveis como práticas escolares. Todavia, existem escolas que buscam
apenas a democratização, sem pensar na autonomia e descentralização;
outras apenas na autonomia sem levar em conta a descentralização e
democratização, como se esses fatos fossem isolados possíveis para grandes
mudanças.
Dessa forma, para que se instale o processo de Gestão
Democrática, surgem algumas dificuldades ao longo do caminho, pois, existem
gestores que em busca dessa democratização acabam tomando atitudes
autoritárias, e outros que mostram descontinuidade na política e administração
do sistema educacional.
Portanto, para construir esse novo modelo de gestão é preciso
enfrentar desafios, pois, percebe-se que até hoje o processo para implantar a
democratização no interior da escola ainda encontra muitos obstáculos, afinal,
não é possível pensar em democracia sem que os sujeitos tornem-se
conscientes para exercer esta prática.
1.3 – O Papel do Diretor Escolar
Segundo Paro (2003) é preciso buscar a reorganização da
autoridade no interior da escola, conferindo-lhe poder e condições concretas
para que ela alcance objetivos educacionais. O diretor escolar é um agente de
transformação e deve assumir o papel de motivador, incentivador e catalisador
de ações que liguem a sua escola às outras escolas e a comunidade. O diretor
e seu vice “... devem ser capazes de ‘seduzir’ os demais segmentos para a
melhoria da qualidade do trabalho desenvolvido na escola” (PADILHA, 2002).
São várias as responsabilidades de um Diretor, e destacamos
entre elas: fazer cumprir as políticas do sistema educacional. Entretanto, é
preciso que o Diretor tenha claro dois aspectos principais da teoria e da prática
da administração. De um lado as atividades de gerenciamento, que tem a ver
com o controle das relações de trabalho entre pessoas. De outro, a
racionalização, que se encarrega da distribuição de tarefas especializadas,
buscando o desenvolvimento da produtividade. Ou seja, através da
organização e coordenação da rotina escolar, cabe ao Diretor controlar as
questões administrativas, burocráticas e financeiras, além de acompanhar a
execução do Projeto Político Pedagógico da unidade escolar em que atua,
afinal, o Diretor é o líder da escola, e como tal, deve ter uma visão ampla da
rotina da escola para melhor gerenciá-la. (SAVIANI, 2000)
Numa perspectiva de trabalho coletivo, cabe ao Diretor de
Escola buscar envolver toda a comunidade escolar: professores, equipe
pedagógica, alunos e pais de alunos na gestão da escola. Quer dizer, o Diretor
continua com a responsabilidade de estar coordenando as tarefas inerentes à
Administração Escolar, como, por exemplo, dar conta da parte burocrática da
escola junto às instâncias superiores (MEC, SECRETARIA DE EDUCAÇÃO,
entre outros órgãos), porém, não mais decide de forma arbitrária pela escola
em que atua, no sentido de simplesmente reproduzir as desigualdades sociais,
mas poder convocar os profissionais da escola para a elaboração e execução
do projeto político-pedagógico, momento em que se discute, no coletivo, o dia-
a-dia da escola em todos os sentidos que lhe sejam inerentes. Procura criar
momentos de conscientização, como um todo, para o fato de que os problemas
enfrentados no cotidiano escolar. Inclusive, pode fazer um trabalho de
conscientização junto aos professores no sentido de que revejam sua postura e
atualizem-se para melhor exercerem sua função de agentes de transformação
neste contexto.
1.4 - Responsabilidade do Gestor e da Organização
A incerteza do novo e a ineficiência do velho provoca uma inércia
inicial que tende a gerar resistência à mudança. A necessidade de estabilidade
e o conforto do conhecido dificultam a adoção de mudanças nas organizações
educacionais. Quanto mais inovadora a nova situação, maior será o grau de
resistência natural. Porém, qualquer mudança gera resistência. Assim, cabe ao
gestor da organização escolar fazer com que essa resistência seja vencida de
maneira construtiva, não impondo o novo modelo, mas gerando
comprometimento para que seja adotado e cultivado.
As atitudes, os conhecimentos, o desenvolvimento de habilidades
e competências na formação do gestor da educação são tão importantes
quanto a prática de ensino em sala de aula. No entanto, de nada valem estes
atributos se o gestor não se preocupar com o processo de
ensino/aprendizagem na sua escola. Os gestores devem também possuir
habilidades para diagnosticar e propor soluções assertivas às causas
geradoras de conflitos nas equipes de trabalho, ter habilidades e competências
para a escolha de ferramentas e técnicas que possibilitem a melhor
administração do tempo, promovendo ganhos de qualidade e melhorando a
produtividade profissional.
Na análise de Kisil (1998):
“um dos grandes marcos do mundo contemporâneo é o fenômeno da mudança”. Sabendo disso, a escola e seus profissionais devem cada vez mais investir em conhecimento e socializá-lo para que a organização escolar aumente sua capacidade de criar e de inovar, já que “mudar é confrontar a organização com novas perspectivas, iniciativas e modelos mentais (paradigmas); usar o pensamento sistêmico e desenvolver o aprendizado colaborativo entre pessoas de capacidade equivalente”. (SENGE, 1998 citado por MOTTA, 2001).
Segundo Heloísa Luck:
“os dirigentes que desenvolveram as competências de liderança nunca se deixam paralisar diante dos desafios. Os que não as têm, contudo, se sentem imobilizados diante de pessoas que resistem às mudanças, sobretudo aquelas que manifestam de forma mais veemente seu incômodo com situações que causam desconforto. Em vez de colocar energia em atividades burocráticas e administrativas, fazendo fracassar os propósitos de criação de uma comunidade de aprendizagem, cabe aos gestores – e a todos os educadores, na verdade – promover o entendimento de que as adversidades são inerentes ao processo educacional. O enfrentamento delas implica o desenvolvimento da compreensão sobre si mesmo, sobre os outros e sobre o modo como o desempenho individual e coletivo afeta as ações da organização.”
Segundo Paro (2003) é preciso buscar a reorganização da
autoridade no interior da escola, conferindo-lhe poder e condições concretas
para que ela alcance objetivos educacionais. O diretor escolar é um agente de
transformação e deve assumir o papel de motivador, incentivador e catalisador
de ações. O diretor e seu vice “... devem ser capazes de ‘seduzir’ os demais
segmentos para a melhoria da qualidade do trabalho desenvolvido na escola”
(PADILHA, 2002).
A autonomia é uma tarefa que se apresenta de forma complexa,
pois se pode crer na idéia de liberdade total ou independência, quando temos
de considerar os diferentes agentes sociais e as muitas interfaces e
interdependências que fazem parte da organização educacional. Por isso, deve
ser muito bem trabalhada, a fim de equacionar a possibilidade de
direcionamento camuflado das decisões, ou a desarticulação total entre as
diferentes esferas, ou o domínio de um determinado grupo, ou, ainda, a
desconsideração das questões mais amplas que envolvem a escola.
O diretor escolar deve dividir responsabilidades e buscar a
participação de todos e confiar no potencial de sua equipe. Portanto, a escola
organizada democraticamente, desempenhará um papel transformador e
atenderá aos interesses de todos os participantes. Uma gestão democrática
não é centrada apenas na figura do diretor, mas também nas figuras dos
professores, dos funcionários, pais e alunos.
CAPÍTULO II
LIDERANÇA EM UMA ORGANIZAÇÃO EDUCACIONAL
As empresas são entidades vivas, compostas por seres humanos.
Os conservadores, resistentes a mudanças, normalmente inseguros com
relação ao novo, preferem habitar o velho, já conhecido, dominado, daí a
necessidade de se ter um personagem principal, cujo papel nas empresas seja
o de fazer a diferença e procurar fazer do sucesso uma realidade.
O diretor eficaz é um líder que trabalha para desenvolver uma
equipe composta por pessoas que conjuntamente são responsáveis por
garantir o sucesso da escola. A ênfase principal da liderança está no papel de
ensino, pois o líder deve ajudar a desenvolver habilidades nos outros para que
compartilhem a gestão da unidade.
A confiança, o potencial de sua equipe, é fundamental para o
desenvolvimento da instituição, pois demonstra uma organização unida em prol
dos mesmos objetivos, o que facilita uma comunicação mais direta e eficaz,
para solucionar ações cometidas, o que proporciona um relacionamento de
cumplicidade entre líder e liderados.
2.1 - O Gestor nas atividades de Motivação Interna
Motivar para a qualidade, portanto, está na base do ser humano,
na sua essência. Naturalmente, e em combinação com objetivos comuns, é
possível haver espaço para novos projetos, além de assegurar eficácia nos
resultados.
Atualmente, a gestão escolar necessita promover a eficácia e a
produtividade para conseguir seus objetivos. A chegada de um novo paradgima
direciona para gestão mais democrática, com a finalidade de proporcionar
uma interlocução entre os membros da comunidade escolar, de uma forma
flexível e consistente, através de uma confrontação de idéias.
Conforme Oliveira (2009) “a liderança é uma habilidade que
pode ser desenvolvida e exercida a cada dia” e “o gestor escolar deve agir
como líder, pensando no progresso de todos que fazem parte de sua equipe”.
Desta forma, entende ainda que “o gestor deve ser democrático, opinar e
propor medidas que visem o aprimoramento dos trabalhos escolares, o
sucesso de sua instituição, além de exercer sua liderança administrativa e
pedagógica, visando a valorização e desenvolvimento de todos na escola”.
Portanto:
“ Um gestor líder é capaz de desenvolver o potencial de trabalho de toda sua equipe, fazendo com que esta se sinta capaz de transformar e realizar com sucesso todos os projetos desenvolvidos pela instituição de ensino. Para conduzir sua equipe o gestor competente sempre tem um propósito a ser concretizado e uma estratégia de ação para conquistar seus objetivos. Esse é o ponto de partida para que as ações da equipe escolar sejam bem sucedidas e quando uma de suas estratégias falha, o gestor educacional incentiva sua equipe a descobrir o que é necessário fazer para dar um passo a diante. O gestor escolar deve ter consciência de que sua equipe não se limita a alunos, professores e demais funcionários internos da instituição. A equipe escolar é composta também pelos pais dos alunos e por toda a comunidade de forma geral, que deve ser mobilizada para que juntos possam promover o principal objetivo de toda equipe escolar: a aprendizagem dos alunos. Uma escola que viabiliza o sucesso escolar de seus alunos tem nesse fator sua maior propaganda de marketing, pois justamente por se sentirem satisfeitos com o sucesso escolar de seus filhos, os pais se empenharão mais em colaborar com o desenvolvimento das atividades escolares, projetos e até mesmo na divulgação do nome da instituição de ensino. (OLIVEIRA, 2009).
2.2 - Desafios Diante do Gestor Escolar
É de grande importância a atuação do gestor escolar nas relações
e situações que circundam a escola, bem como da urgência da mudança na
estrutura da gestão escola.
É de fundamental importância na realização do planejamento
escolar a ação do gestor escolar, e acreditamos que para este desenvolver o
processo, deve saber como conduzir-se diante das situações que o
planejamento lhe impõe.
Assim, cabe ao administrador escolar dar os esclarecimentos
teóricos necessários a comunidade escolar no que se refere a planejar
coletivamente, e que o encontro de pessoas, o diálogo e o próprio debate, onde
discutem e decidem, provoque crescimento pessoal e comunitário, tornando
possível uma educação mais humana e democrática.
O gestor consciente das necessidades, dos problemas
educacionais e sociais da escola, direcionará o diálogo a respeito de todas as
atividades. É sua função analisar a realidade e posicionar-se em relação a ela,
sem contudo efetivar um comprometimento tal que o impeça a objetividade de
sua opinião nas decisões com o grupo ou mesmo que expanda suas idéias
formadas.
Despertar o interesse da sociedade não é tarefa fácil. A
elaboração do planejamento participativo na escola depende da disposição dos
que participam, bem como da existência de um clima favorável para que ele
tenha um bom andamento. Em relação ao clima que deve existir na escola
FAVERO (1988), comenta que “é necessário uma disposição interior para
assumir este planejamento”.
Sendo assim cabe ao administrador envolver-se a fim de
contagiar a todos com a sua disposição e entusiasmo, para que participem de
livre e espontânea vontade no que se refere ao clima escolar. DALMAS (1994),
afirma que “não pode haver na escola um clima hóstil, de individualismo e
irresponsabilidade”. É de fundamental importância que na escola exista um
ambiente de escolhida aceitação mútua e um interesse uns pelos outros. Com
isso, acreditamos que a liberdade, o respeito, o companheirismo e a
fraternidade são fatores marcantes e de valia para o bom andamento do
planejamento participativo.
O gestor escolar deve observar na escola um clima favorável,
caso não tenha, ele deve promover situações em que se consiga chegar a
fraternidade, ao diálogo e só terá condições de exercer essa função mediante
rumos transparentes, na qual todos participantes confie na eficiência e
compromisso que defende. Porque, muitas vezes, na escola há pessoas que
participam da realização do trabalho apenas por obrigação ou porque desejam
garantir seus empregos, mas que não compartilham necessariamente
objetivos, valores, crenças, expectativas comuns, embora estejam unidas por
uma dependência recíproca.
A gestão democrática é uma nova forma de administração
totalmente e integralmente à esfera pedagógica. Ela requer abrir à escola a
comunidade, estimular o talento de cada membro da equipe, não perdendo de
vista as metas educacionais, está em sintonia com as mudanças sociais, criar
um ambiente de amizade e entusiasmo e principalmente saber partilhar o
poder.
A participação de todos na organização educacional é entendida
como o principio primordial, para garantir, um pleno desenvolvimento da gestão
democrática, como afirma Libâneo (2007):
A participação é o principal meio de assegurar a gestão democrática, possibilitando o envolvimento de todos os integrantes da escola no processo de tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar.
2.3 - Mudança e Inovação na Organização Educacional
Sendo a escola, um ambiente social, formado por diferentes
sujeitos, das mais variadas opiniões e comportamentos, é proveniente
esclarecer que “uma escola democrática não é aquela em que todos fazem o
querem, mas sim aquela em que todos fazem o que é bom para todos”
(Oliveira, 2008).
Dirigir uma escola era considerado há bem pouco tempo
uma tarefa rotineira onde cabia ao diretor zelar pelo bom funcionamento da
escola. Atualmente, essa situação mudou. A partir de 1980 o paradigma do
autoritarismo passou a ser duramente criticado. As grandes e contínuas
transformações sociais, científicas e tecnológicas passaram a exigir um novo
modelo de escola e conseqüentemente, um novo perfil de dirigente, com
formação e conhecimentos específicos para o cargo e a função de diretor-
gestor.
O Diretor deve estar ciente que a qualidade da escola é global,
devido à interação dos indivíduos e grupos que influenciam o seu
funcionamento. O gestor, que pratica a gestão com liderança deve buscar
combinar os vários estilos como, por exemplo: estilo participativo que é uma
liderança que se caracteriza por uma dinâmica de relações recíprocas; estilo
perceptivo/flexível que é uma liderança situacional que se caracteriza por
responder a situações específicas; estilo participativo/negociador que é uma
liderança consensual que se caracteriza por estar voltada a objetivos comuns,
negociados; e estilo inovador: que é uma liderança prospectiva que se
caracteriza por estar direcionada à oportunidade, isto é, à visão de futuro. O
gestor deve saber integrar objetivo, ação e resultado, assim agrega à sua
gestão colaboradores empreendedores, que procuram o bem comum de uma
coletividade.
Como bem diz Chiavenato (2000), “para fazer uma empresa ou
um departamento produzir resultados, o administrador deve desempenhar
funções ativadoras tais como liderança e motivação”, precisa conhecer a
motivação humana e saber conduzir as pessoas, isto é, liderar.
Normalmente, uma mudança representa uma certa ameaça à
segurança daqueles que ela irá afetar. Resultam os temores da superfluidade,
tanto para os pais, professores, funcionários em questão como para outros do
seu grupo de trabalho.
O gestor deve visar o sucesso de sua instituição, além de exercer
sua liderança administrativa e pedagógica, visando à valorização e
desenvolvimento de todos na escola, deve agir como líder, pensando no
progresso de todos que fazem parte de sua equipe. Ele deve ter consciência de
que sua equipe não se limita a alunos, professores e demais funcionários
internos da instituição, é composta também pelos pais dos alunos e por toda a
comunidade de forma geral, que deve ser mobilizada para que juntos possam
promover o principal objetivo de toda equipe escolar: a aprendizagem dos
alunos.
Conforme aborda Sergiovanni (1976) “todas as organizações
existem para realizar propósitos”, e que a maneira como a estrutura
organizacional é determinada depende de como as organizações estabelecem
a realização desses propósitos. Entende-se a organização escolar como grupo
de pessoas que, intencionalmente, trabalha em conjunto para o alcance de
objetivos educacionais. A escola é o principal exemplo de uma instituição
organizacional voltada para o desenvolvimento da sociedade e para isso deve
seguir alguns princípios em sua organização. Princípios e procedimentos que
caracterizam a organização escolar, que ofereça apoio estrutural e material
para o desenvolvimento do processo educativo.
Libâneo (2007), define a organização escolar como “unidade
social que reúne pessoas que interagem entre si, intencionalmente, operando
por meio de estruturas e de processos organizativos próprios a fim de alcançar
objetivos educacionais.”
Assim, um gestor líder é capaz de desenvolver o potencial de
trabalho de toda sua equipe, fazendo com que esta se sinta capaz de
transformar e realizar com sucesso todos os projetos desenvolvidos pela
instituição de ensino.
2.4 - Competência do Gestor
Quem gere o sistema educacional possui responsabilidades
amplas, igualmente diferenciadas e que pedem um novo olhar nesses novos
tempos. Algumas competências também são esperadas desses profissionais,
além daquelas desejáveis para os professores, funcionários e alunos, para que
o processo ensino-aprendizagem flua de forma coerente. Entre as
competências dos gestores estão: competência pedagógica, competência
técnica, e competência administrativa.
Lück (2005), relaciona habilidades e conhecimentos em áreas:
administrativas, relacionamento interpessoal e pedagógica elencando as
principais habilidades e conhecimentos que os profissionais da gestão,
precisam refletir de modo que possam liderar de forma competente uma
escola, independentemente do nível de escolaridade que esta ofereça.
Na área pedagógica a autora sugere:
Compreensão dos fundamentos e bases da ação educacional; Compreensão da relação entre ações pedagógicas e seus resultados na aprendizagem e formação dos alunos; Conhecimento sobre organização do currículo e articulação entre seus componentes e processos; Habilidade de mobilização da equipe escolar para a promoção dos objetivos educacionais da escola; habilidade de orientação e feedback ao trabalho pedagógico. (Lück, 2005).
A dimensão ou competência técnica refere-se à organização do
trabalho escolar na dimensão administrativa e financeira. Essa competência
requer do gestor conhecimentos para o gerenciamento de recursos humanos e
materiais, prestação de contas dos mesmos, conservação dos materiais e
patrimônio da escola.
Lück (2005) define para o gestor na área administrativa uma:
Visão de conjunto e de futuro sobre o trabalho educacional e o papel da escola na comunidade; Conhecimento de política e da legislação educacional; Habilidade de planejamento e compreensão do seu papel na orientação do trabalho conjunto; Habilidade de manejo e controle do orçamento; habilidade de organização do trabalho educacional; habilidade de acompanhamento e monitoramento de programas, projetos e ações; habilidade de avaliação diagnóstica, formativa e somativa; habilidade de tomar decisões eficazmente; habilidade de resolver problemas criativamente e de emprego de grande variedade de técnicas.
Articular de forma democrática o planejamento/administração
escolar e viabilizá-lo politicamente requer que o gestor consiga administrar as
regras do sistema. Isso nem sempre é fácil e sem dúvida requer o
desenvolvimento de uma competência administrativa. Administrar, nesse noto
tempo, não é garantir que as regras sejam cumpridas a todo custo, mas ser
capaz de flexibilizar as regras quando for necessário para que se possa ir em
direção à obtenção dos objetivos comuns propostos. A função do gestor é
conseguir e garantir a imagem institucional, maior patrimônio de uma Escola.
CAPÍTULO III
GESTÃO DEMOCRÁTICA, COMPARTILHADA E PARTICIPATIVA
A discussão sobre a gestão participativa mostra-se relevante na
medida em que se observa, no âmbito escolar, uma prática autoritária e
conservadora, voltada apenas para a parte burocrática-administrativa e
colocando em segundo plano a ação progressista, participativa, que busque
uma ação transformadora no cotidiano escolar e de todos os envolvidos no
processo educacional.
Nesse contexto, o Diretor é figura de suma importância, visto que
uma liderança consciente o auxiliará na transformação da prática
administrativa, pedagógica e relacional no contexto escolar. A atuação do
Diretor no âmbito escolar,enfoca a gestão democrática e participativa como
também à função do Diretor dentro do novo modelo organizacional para a
construção de um ensino de qualidade.
A gestão participativa não só produz visões compartilhadas pelos
vários segmentos internos e externos da comunidade escolar, como promove a
divisão de responsabilidades e o acompanhamento formal e informal das
ações. Ela também enriquece os processos de busca coletiva de soluções para
os problemas que surgem na escola e em suas relações com a comunidade
usuária e com os órgãos centrais do sistema de ensino.
A gestão participativa (ou compartilhada), como o próprio nome
sugere, compreende aquela em que todos os agentes envolvidos participam no
processo decisório, partilhando méritos e responsabilidades. Dentro do
processo democrático e descentralizador a gestão participativa escolar propicia
igualdade de condições na participação e distribuição eqüitativa de poder,
responsabilidades e benefícios. Considerando os esforços da democratização,
na busca da qualidade da escola, promovendo, por um lado, a melhoria das
condições concretas do funcionamento, através da participação, mobilização e
comprometimento dos diferentes segmentos da comunidade, visando superar
os problemas existentes no processo educativo, a gestão participativa compõe
a ferramenta determinante para assimilação do que é ser um cidadão
socialmente responsável.
3.1. Administração Escolar
Há bem pouco tempo, falava-se em administração escolar, que
compreendia as atividades de planejamento, organização, direção,
coordenação e controle. “A gestão, por sua vez, envolve estas atividades
necessariamente, incorporando certa dose de filosofia e política. O que existe é
uma dinâmica interativa entre ambas”. (LUCK, 2006).
No tocante a crise que a administração sofreu, pois tais teorias
jamais foram capazes de conduzir a uma teoria satisfatória do que seja
administrar, não obstante, surgiu à necessidade de um conceito mais
abrangente que descrevesse a administração e suas alternativas. Daí o
conceito de gestão.
Como ilustra Heloisa Luck, (2006) “a gestão não deprecia a
administração, mas supera as suas limitações de enfoque dicotomizado,
simplificado e reduzido, para atender as exigências de uma realidade cada vez
mais complexa e dinâmica”.
Dessa forma a gestão democrática surge para fixar novas idéias e
estabelecer na instituição uma orientação transformadora conforme sustenta a
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 em seu artigo 206,
inciso VI e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 em seu
artigo 14.
Participar da gestão democrática da escola significa que todos se
sentem e efetivamente são partícipes do sucesso ou do fracasso da escola em
todos os seus aspectos: físico, educativo, cultural e político. Significa usar o
espaço escolar como um recurso de Educação para todos, na perspectiva do
“aprender a viver juntos”, de tal forma que os espaços públicos e particulares
possam ser respeitados, de modo ativo, ou seja, no sentido de agir a favor de
um modo mais satisfatório de vida para todos.
“A gestão democrática é condicionante imprescindível da
qualidade” (GADOTTI, 1994). Faz-se necessário, por sua vez, que todos
participantes, os usuários da escola sejam os seus dirigentes e gestores. Na
gestão democrática pais, alunos, professores e funcionários assumem sua
parte de responsabilidade pelo projeto da escola.
“Uma escola é o que são os seus gestores, os seus educadores,
os pais dos estudantes, os estudantes e a comunidade. A ‘cara da escola’
decorre da ação conjunta de todos esses elementos”. (LUCKESI, 2007, p. 15).
Uma gestão democrática precisa da participação ativa da
comunidade escolar, no momento de partilhar o poder e tomar uma decisão.
Implica a efetivação de novos processos de organização e gestão baseados
em uma dinâmica que favoreça os processos coletivos e participativos de
decisão. Nesse sentido a participação constitui uma das bandeiras
fundamentais a serem implementadas pelos diferentes atores que constroem o
cotidiano escolar. O gestor deve proporcionar, no ambiente escolar, ações que
viabilizem a participação de todos, de forma compartilhada, como também
garantir a formação continuada de seus profissionais, contribuindo para a
qualificação da prática pedagógica. “A própria sala de aula é um lugar de
gestão e, principalmente, de aprendizagem da gestão democrática, não só da
escola, mas da vida. Exercitar a gestão democrática na escola é uma forma de
ensinar e aprender”. (LUCKESI, 2007).
Como bem indica Luck (2006) “é pela gestão que se estabelece
unidade, direcionamento, ímpeto, consistência e coerência a ação educacional,
a partir do paradigma, ideário e estratégias adotadas para tanto”.
Gerir democrática e participativamente a escola significa usar de
todas as oportunidades que ela oferece, tanto para realizar práticas como para
aprender condutas com elas. Mais importante do que os resultados práticos
imediatos da gestão democrática é a aprendizagem para vida pessoal e social.
Afinal, a escola não é uma oficina produtiva, mas sim um lugar de
aprendizagem e desenvolvimento. “O mais importante na vida escolar não é o
ganhar ou o perder, mas o aprender a ser e o aprender a viver juntos, para o
bem-estar de si mesmo e do outro, com qualidade” (LUCKESI).
A Lei de Diretrizes e Bases redirecionou as formas de
organização e gestão. A esse respeito à lei estabelece o princípio da gestão
democrática, ou seja, a necessidade de que a gestão das escolas se efetive
por meio de processos coletivos envolvendo a participação da comunidade
escolar. Assim, por gestão democrática entendemos a garantia de mecanismos
e condições para que espaços de participação, partilhamento e
descentralização do poder ocorram.
Desse modo, a Lei de Diretrizes e Bases ao encaminhar para os
sistemas de ensino as normas para a gestão democrática, indica dois
instrumentos fundamentais: a elaboração do Projeto Político Pedagógico da
escola e a participação das comunidades escolar e local em conselhos
Escolares ou equivalentes.
3.2. Participação Coletiva na Gestão Escolar
Em uma gestão escolar democrática, todos os amplos setores
envolvidos no processo precisam ser considerados. Quanto ao corpo discente,
ao mesmo tempo em que é preciso estimular os alunos a se interessarem e a
tomarem parte na solução dos problemas administrativos da escola – o que
lhes em sido historicamente negado – é necessário também evitar que a
abertura de canais de expressão e de participação na gestão da escola sirva
como pretexto para o mero “contestar apenas por contestar” ou como
justificativa para um descuido para com suas atribuições essenciais de
educandos, que devem se esforçar, sobretudo para se apropriarem da melhor
forma possível do saber acumulado.
Os funcionários em geral, embora não trabalhem em funções
propriamente docentes, nem por isso deixam de emprestar o seu esforço na
concretização dos objetivos educacionais. Em vista disso, sua participação na
gestão da escola deve levar em conta, não apenas sua colaboração no
empreendimento, mas também seus interesses e reivindicações enquanto
trabalhadores que são.
Os professores e o pessoal técnico-pedagógico (orientadores
educacionais, coordenadores pedagógicos etc.) também são trabalhadores e
como tais possuem seus interesses ligados a essa condição. Mas eles são,
acima de tudo, os educadores, por excelência, da escola, ou seja, as pessoas
encarregadas,em última instância, das atividades-fim da instituição escolar.
O esforço de funcionários, professores, pessoal técnico-
pedagógico, fundamentada na participação coletiva, é de extrema relevância
na instalação de uma administração democrática no interior da escola. É
através dela que são fornecidas as melhores condições para que os diversos
setores participem efetivamente da tomada de decisões, já que estas não se
concentram mais nas mãos de uma única pessoa, mas na de grupos ou
equipes representativos de todos. É necessário, entretanto, que essa
representação seja realmente autêntica e que estejam sempre funcionando
adequadamente os mecanismos mais eficientes de expressão das idéias e de
intercâmbio de informações.
As vantagens de uma gestão escolar participativa, em que as
decisões são tomadas pelo grupo, não se referem apenas à democratização
interna da escola, mas também ao fortalecimento da unidade escolar.
3.3. Autonomia escolar nos procedimentos de gestão
Ao defendermos a autonomia da escola, estamos defendendo que
a comunidade escolar tenha liberdade para coletivamente pensar, discutir,
planejar, construir e executar o seu Projeto Político- Pedagógico, entendendo
que neste está contido o projeto de educação, da escola que toda equipe
almeja. No entanto, mesmo tendo essa autonomia, a escola está subordinada
às normas gerais do sistema de ensino e às leis que o regulam, não podendo,
portanto, desconsiderá-las.
A questão da gestão financeira da escola assumiu também
grande centralidade no âmbito das discussões educacionais, tendo em vista
que a implementação de projetos mais participativos, idealizados e discutidos,
passa a requerer que a escola tenha cada vez mais autonomia na gestão dos
recursos. Nesse sentido, ter autonomia de gestão financeira requer muita
responsabilidade.
Nessa perspectiva, a profissionalização da gestão escolar, a
modernização dos procedimentos administrativos, a revisão das funções, o
realinhamento das decisões e a participação dos diversos segmentos da escola
no seu gerenciamento, tornaram-se o cerne do novo estilo de gestão escolar,
cujo conceito nos é apresentado por Lück (2000):
“[...] ultrapassa o de administração escolar, por abranger uma série de concepções não abarcadas por este outro, podendo-se citar a democratização do processo de construção social da escola e realização de seu trabalho, mediante a organização de seu projeto político - pedagógico,o compartilhamento do poder realizado pela tomada de decisão de forma coletiva, a compreensão da questão dinâmica e conflitiva e contraditória das relações interpessoais da organização, o entendimento dessa organização como uma entidade viva e dinâmica, demandando uma atuação especial de liderança e articulação, a compreensão de que a mudança de processos educacionais envolve mudanças nas relações sociais praticadas na escola e nos sistemas de ensino.”
Nos limites da autonomia escolar, devem ser respeitadas as
normas comuns e as do sistema de ensino. Ou seja, a autonomia do docente
para elaborar seu planejamento não pode ser confundida com liberdade
absoluta, pois a proposta pedagógica da instituição deve ser o seu norte.
No papel, portanto, a autonomia escolar parece ser ampla, mas
sua realização ainda está em fase embrionária por falta de informação das
pessoas que têm de exercê-la e pela tradição centralista da Educação
brasileira. Afinal, autonomia não é uma palavra de fácil interpretação e sua
subjetividade exige dos gestores muita discussão e prática para lhe dar vida.
CONCLUSÃO
A construção da escola democrática passa por longo período de
conscientização que deve ser refletido entre gestor, equipe pedagógica,
professores, funcionários, alunos com objetivo de um papel mais participativo
desses sujeitos a se comprometerem com o processo de mudança.
É impossível mudar a forma de gestão, sem que se estabeleça a
articulação entre a escola e os seus participantes, pois a escola não é um
órgão isolado e suas ações devem estar sempre voltadas para atender as
necessidades de toda equipe escolar, com dedicação, responsabilidade e
participação, para se chegar ao objetivo da educação, que é promover o
homem dentro de seu contexto social e político.
Falar em Gestão Democrática é acreditar em uma educação com
relevância social e, logo, em uma escola construída a partir da ação coletiva.
Assim, se o propósito é formar cidadãos honestos e responsáveis, a gestão
democrática é necessária para qualquer administrador escolar. A partir dessa
administração será possível desenvolver e vivenciar a democracia no dia-a-dia
da escola e levá-la a consolidar a participação entre toda a comunidade
colaborando, assim, no processo de inclusão social do País.
Dessa forma, a Gestão Democrática requer conquistar a própria
autonomia escolar, haja visto que, sua trajetória traz a descentralização, o
crescimento profissional e a valorização da escola, da comunidade e
conseqüentemente do Gestor e da equipe que está envolvida no processo, que
precisa fundamentalmente, de parcerias sólidas e comprometidas com uma
educação melhor e inovadora, no sentido de proporcionar maiores opções de
elevar o conhecimento de seus alunos, com objetivos pautados em valores
humanos que engrandeçam ações e ideais. Portanto, só assim o gestor não
cairá no risco de ações pragmáticas e tecnicistas, mas promoverá as inter-
relações, compreenderá as diferenças e priorizará sempre o bem-comum.
A gestão democrática prioriza também a participação da toda
equipe na tomada de decisões, não só na administração dos recursos
financeiros e físicos, mas também na elaboração do PPP, nas mudanças no
currículo escolar, bem como, no processo de ensino-aprendizagem.
Sendo assim, fica evidente que a configuração dos cursos de
formação e, por conseqüência, o perfil dos gestores educacionais esteja
pautada na capacidade de interação e decisão coletiva, uma vez que é o gestor
educacional que irá mediar as relações entre a instituição em que atua e todos
os participantes da escola.
Dentro desse cenário de gestão, o gestor tem que mudar
concepções, quebrar paradigmas, assumir papeis dentro dos novos princípios
da educação, ter postura ética e cidadã são algumas das questões para
possibilitar à reflexão. Este caminho será significativo para a formação de uma
nova mentalidade, desenvolvendo uma boa gestão na escola.
.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANDRADE, R. C. de. Introdução: Gestão da Escola. In: ANDRADE, Rosamaria
Calaes de (org.); ACÚRCIO, Marina Rodrigues B. (coord.). A gestão da escola.
Porto Alegre/Belo Horizonte: Artmed/Rede Pitágoras, 2004 (Coleção Escola em
ação; 4).
ANTUNES, Celso. Educação infantil: prioridade imprescindível. Rio de Janeiro:
Vozes, 2006.
ARAÚJO, Ferreira. O ambiente escolar cooperativo e a construção do juízo
moral infantil. Campinas: Unicamp, 1993.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: Promulgada em 5 de outubro de 1988. São Paulo: Saraiva, 2000. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LEI 9394/96. Brasília: Congresso Nacional, 1996. BRASIL Referencial Curricular Nacional para a educação infantil. Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1998.
CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. Rio de
Janeiro: Campus, 1999.
DALMAS, Ângelo. Planejamento participativo na escola: Elaboração e
avaliação. Petropólis, RJ, 1994.
FAVERO, Irmã Maria Leônida. “ A educação libertadora no cotidiano da
escola”. 1988.
GADOTTI, Moacir. Autonomia da escola: princípios e propostas. São Paulo:
Cortez: Instituto Paulo Freire, 2000. (Guia da escola cidadã, 1).
GLATTER, Ron. A Gestão como Meio de Inovação e Mudanças nas Escolas.
In: As Organizações Escolares em Análise. Lisboa. Dom Quixote. 1992. p. 139-
161.
LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da Escola: Teoria e Prática.
Goiânia: Editora Alternativa, 2001.
LÜCK, Heloísa et al. A escola participativa: o trabalho de gestor escolar. Rio de
Janeiro, DP&A, 4ª edição 2000.
_____, Heloísa... [et al.]. A escola participativa: o trabalho do gestor escolar.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.
LUCKESI, Carlos Cipriano. Gestão Democrática da escola, ética e sala de aula.
ABC Educatio, n. 64. São Paulo: Criarp, 2007.
MOTTA, Paulo R. Gestão contemporânea: a ciência e a arte de ser dirigente.
Rio de Janeiro: Record, 1991.
FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. Tradução de Moacir Gadotti e Lilian
Lopes Martins. RJ: Paz e Terra – 1983 - 12º ed.
PARO, Vitor Henrique. Administração Escolar – Introdução Crítica. 13ª Ed. São
Paulo: Editora Cortez, 2005.
PENIN, Sônia T. S; VIEIRA, Sofia. L. Refletindo sobre a função social da
escola. In: VIEIRA, Sofia Lerche (Org.). Gestão da escola – desafios a
enfrentar. Rio de Janeiro: DP&A, 2002, p. 13 a 43.
SANTOS, Clóvis Roberto dos. O gestor educacional de uma escola em
mudanças. São Paulo: Pioneira, 2002. 94 p.
RANGEL, M. Considerações sobre o papel do supervisor como especialista em
educação na América Latina. In: RANGEL, M. e JUNIOR, S. C. (orgs.). Nove
olhares sobre a supervisão. Campinas: Papirus, 1997.
SAVIANI, D. A supervisão educacional em perspectiva histórica: da função à
profissão pela mediação da idéia. In: FERREIRA, N. S. C. (org.). Supervisão
Educacional: parauma escola de qualidade. São Paulo: Cortez, 2000.
SERGIOVANNI, Thomas J; CARVER, Fred. D. O novo executivo escolar: uma
teoria de administração. São Paulo: EPU, 1976.
Páginas Visitadas na Internet
- www.pedagogiaemfoco.pro.br/heb12.htm (13/06/2010)
Fonte:http://www.webartigos.com/articles/5895/1/GestaoParticipativa
http://www.webartigos.com
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
Rumo à Democracia Educacional 10
1.1 – As Organizações Escolares e a Gestão Educacional 11
1.2 – A Conquista da Gestão Democrática 12
1.3 - O Papel do Diretor Escolar 14
1.4 – Responsabilidade do Gestor e da Organização 15
CAPÍTULO II
Liderança em uma Organização Educacional 18
2.1 – O Gestor nas Atividades de Motivação Interna 18
2.2 – Desafios Diante do Gestor Escolar 19
2.3 – Mudança e Inovação na Organização Educacional 21
2.4 – Competência do Gestor 23
CAPÍTULO III
Gestão Compartilhada e Participativa 25
3.1 – Administração Escolar 26
3.2 – Participação Coletiva na Gestão Escolar 28
3.3 – Autonomia Escolar nos Procedimentos da Gestão 29
CONCLUSÃO 31
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 33
ÍNDICE 36