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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A LOGÍSTICA REVERSA ALIADA AO MEIO AMBIENTE Por: Maria do Rosário Melo de Amaral Orientadora Profª Emília Maria Mendonça Parentoni Rio de Janeiro 2008

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A LOGÍSTICA REVERSA ALIADA AO MEIO AMBIENTE

Por: Maria do Rosário Melo de Amaral

Orientadora

Profª Emília Maria Mendonça Parentoni

Rio de Janeiro

2008

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A LOGÍSTICA REVERSA ALIADA AO MEIO AMBIENTE

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Logística

Empresarial.

Por: Maria do Rosário Melo de Amaral.

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AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus pelo

dom da vida.

A minha orientadora que sempre

esteve presente na execução da minha

monografia.

A minha mãe, meu namorado, parentes

e amigos.

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DEDICATÓRIA

A mãe maravilhosa que Deus me deu,

ao meu namorado João Paulo, que é

uma benção em minha vida e aos

amigos que ajudaram na realização

deste trabalho.

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RESUMO

O trabalho propõe-se a discutir as possibilidades, limites e desafios da

reciclagem de PET – Tereftalato de Polietileno no Brasil pelas empresas

fabricantes da embalagem.

Estudar como o gerenciamento da logística reversa e sua implicação

na cadeia de suprimentos, suas práticas operacionais, o enfoque dos

processos e canais de distribuição pós-venda e pós-consumo para a questão

ambiental como forma de possibilitar estratégias competitivas e novas formas

de diferenciação empresarial.

A pesquisa é de caráter exploratório, com adoção de diferentes

estratégias para a coleta de dados, envolvendo fontes secundárias produzidas

por órgãos públicos, bibliográficas e instituições especializadas e internet.

Apesar do avanço no volume de reciclagem, ainda não é o suficiente

para que o meio ambiente não receba as causas do PET e para termos bons

resultados são necessários investimentos nos dois extremos da cadeia reversa:

na coleta seletiva e no mercado para o produto reciclado, para tanto é

necessário de incentivo por parte do Governo.

Pretendo mostrar como e por que a cadeia reversa da embalagem PET

tem se estruturado no cenário brasileiro, para que possa ser aliada com a

diminuição da agressão ao meio ambiente, e com o presente trabalho à

discussão dos “caminhos e descaminhos” das embalagens PET na cadeia, de

forma a caracterizar e analisar a dinâmica dessa atividade de logística reversa.

A seguir, apresentam-se as estratégias metodológicas para construção

do estudo exploratório, dando início à discussão de como o incremento do

consumo da embalagem PET tem colocado importantes desafios para o

entendimento da complexa cadeia reversa e para as possibilidades de avanço

da gestão ambiental no cenário brasileiro.

O trabalho visa também, além da indicação de ferramentas para

alavancar retornos financeiros, explicar o processo de recuperação de valor

agregado de bens e produtos retornados ao ponto de origem. Sua reintegração

no ciclo produtivo, novo posicionamento para os clientes, novas alternativas

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para compensar o processo de redução no ciclo de vida dos produtos e a

utilização desenfreada de materiais e produtos descartáveis.

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METODOLOGIA

Este estudo se caracteriza como exploratório composto pelo auxílio

bibliográfico e consultas às páginas especializadas da Internet.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I - Logística 11

1.1 – Conceitos e História do Desenvolvimento 11

1.1.1 – Logística 11

1.1.2 – Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos 15

CAPÍTULO II - Logística Reversa 18

2.1 – Conceitos e História do Desenvolvimento 18

2.1.1 – Logística Reversa 18

2.1.2 – Ciclo Reverso da Logística Reversa 22

2.1.2.1 – Ciclo Reverso de Pós-Consumo 22

2.1.2.2 – Ciclo Reverso de Pós-Venda 25

2.2 – Processo de Logística Reversa e o Conceito de

Ciclo de Vida 26

CAPÍTULO III – Logística Reversa da embalagem PET e

as Questões Ambientais 28

3.1 – História da Embalagem PET e seus Processos 28

3.1.1 – A Reciclagem do PET 29

3.2 – Reciclagem do PET no Brasil 30

3.3 – Questões Ambientais 32

3.3.1 – Por que Reciclar a Embalagem PET? 33

3.4 – Oportunidade para os fabricantes de PET no processo

de reciclagem da embalagem 35

CONCLUSÃO 40

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 41

ANEXOS 43

FOLHA DE AVALIAÇÃO 51

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INTRODUÇÃO

O principal motivo pela escolha do tema Logística Reversa da

embalagem de Tereftalato de Polietileno – PET foi pela preocupação com o

meio ambiente e o que pode ser feito no auxílio para reduzir a agressão na

natureza.

A embalagem PET, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria

PET (ABIPET) é subproduto do petróleo e, como se sabe, a bauxita e o

petróleo são recursos esgotáveis e seu uso exige análises econômicas,

ambientais e sociais conjuntas (ALMEIDA, 2002), para não se comprometer

gerações futuras, ao encontro do conceito do desenvolvimento sustentável.

Este trabalho tem como foco principal, avaliar o modo como a Logística

Reversa pode ser aliada ao meio ambiente na questão de quanto à embalagem

plástica PET é um dos materiais causadores da degradação do meio ambiente.

Ao longo dessa pesquisa, queremos saber por que atualmente os fabricantes

de bebidas não fazem um estudo para reciclar as embalagens plásticas, como

é feito com as embalagens denominadas retornáveis.

O propósito central é identificar os principais motivos pelos quais os

fabricantes de bebidas no Brasil não poderem fazer um trabalho de reciclagem

da embalagem plástica, como já existe para a embalagem em alumínio.

Tendo como outro objetivo desse levantamento, analisar os motivos

pelas quais as embalagens plásticas no Brasil não serem recolhidas pelos

fabricantes e retornadas ao ciclo logístico, evitando assim a degradação do

meio ambiente.

Com esse trabalho, queremos verificar qual a melhor utilização das

embalagens plásticas, para redução no impacto à agressão ao meio ambiente

e o incentivo do Governo para que os fabricantes de bebidas possam fazer o

ciclo logístico da embalagem plástica.

A especificação do objeto de estudo será realizada na área da

Logística Empresarial, sobre Logística Reversa da embalagem de Tereftalato

de Polietileno – (PET) e os efeitos que esta embalagem afeta o meio ambiente.

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Os procedimentos metodológicos que foram utilizados foi o método

teórico e os métodos de pesquisa tanto bibliográfica quanto exploratória. ,

No capítulo I falaremos sobre a história da logística, seus conceitos e o

desenvolvimento ao longo dos tempos e quanto à logística é importante

integrada nos processos dentro das áreas da organização e sua contribuição

na competitividade junto aos clientes.

No capítulo II abordaremos sobre a Logística Reversa, área da

Logística que trata dos aspectos do retorno dos ao ciclo logístico reverso,

trabalhando para reduzir os impactos dos produtos no meio ambiente.

No capítulo III trataremos os processos da Logística Reversa que

envolve a reciclagem da embalagem PET e as questões ambientais.

Mostraremos as dificuldades e restrições pelas quais os fabricantes da

embalagem PET enfrentam e das novas técnicas para retorno desse produto

ao ciclo logístico.

Por fim, a conclusão do estudo sobre a Logística Reversa da

embalagem PET e das inovações tecnológicas nos processos da embalagem

PET para reduzir a degradação ambiental.

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CAPÍTULO I

LOGÍSTICA

A palavra Logística é de origem grega “logos” que significa cálculo,

razão, discurso, oração.

Era um termo militar que significava transportar, abastecer e alojar as

tropas. Tendo posteriormente um significado mais amplo, tanto para uso militar

como industrial. É a arte de administrar o fluxo de materiais e produtos, da

fonte para o usuário.

1.1 - Conceitos e História do Desenvolvimento

1.1.1 – Logística

A Logística é um conceito conhecido e empregado pelos militares

desde muito tempo era a capacidade de suprir adequadamente as tropas, que

avançavam pelos campos inimigos, com suprimentos e equipamentos, sempre

foi um fator determinante para o sucesso das campanhas militares.

As definições são várias, mas todas têm um ponto em comum que é a

importância da sua aplicação, de forma a integrar todos os componentes de um

sistema logístico. Algumas delas são relacionadas a seguir.

Segundo o IMAM (2000:01):

A logística preocupa-se com o gerenciamento do fluxo

físico que começa com a fonte de fornecimento e termina

no ponto de consumo. É claramente mais do que apenas

uma preocupação com produtos acabados – a visão

tradicional da distribuição física. A logística está mais

preocupada com a fábrica e o local de estocagem, níveis

de inventário e sistemas de informações, bem como com o

transporte e armazenagem.

Para BALLOU (1998) a logística procura dar uma visão geral sobre a

administração do fluxo de bens e serviços em organizações orientadas ou não

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para o lucro, introduzindo a essência da logística, definindo sua missão e

fazendo uma descrição de sua historia.

A definição de logística para o autor trata de todas as atividades de

movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o

ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final. Assim,

como dos fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, com o

propósito de providenciar níveis de serviços adequados aos clientes a um custo

razoável.

O Council of Logistics Management, define a logística como sendo uma

parcela do processo da cadeia de suprimentos que planeja, implanta e controla

o fluxo eficiente e satisfatório de matérias-primas, estoque em processo,

produtos acabados e informações relacionado, desde seu ponto de origem até

o ponto de consumo, com o propósito de atender aos requisitos dos clientes.

De acordo com MAGEE (2004:03):

O conceito de sistema logístico e a tecnologia da logística

tiveram um processo considerável desde a Segunda

Guerra Mundial. O conceito de sistema logístico tornou-se

amplamente aceito e a administração, tanto privada como

governamental, começa a reconhecer a necessidade de

projetar e administrar o sistema logístico como um todo,

ao invés de uma série de funções discretas e

independentes.

Antes da existência do conceito de logística, as empresas possuíam

alta produção, gerando estoques elevados; baixa capacidade de distribuição,

conseqüentemente nem todos os clientes eram atendidos de forma rápida e

eficaz; e custos elevados eram repassados nos produtos aos consumidores,

pois não havia um método que integrasse todas as etapas de produção e

distribuição.

Até o início dos anos 80 as empresas possuíam vários departamentos

independentes para atender a demanda de seus clientes, tais como: produção,

armazenagem, vendas, contabilidade, transporte, entre outros, mas não

possuíam um departamento que se preocupasse com a interação destes

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departamentos para não só atender as necessidades de seus clientes, mas

superar as expectativas dos mesmos.

Os clientes passaram a ficar cada vez mais exigentes e

consequentemente alguns fatores contribuíram para essa transição tais como:

1) Globalização – abrindo portas para a concorrência e a partir disso,

os clientes passaram a ter várias opções de marcas de um mesmo

produto e a demandar produtos de maior qualidade com menor custo

possível;

2) Tecnologia e Qualidade - Os clientes passaram a demandar

produtos cada vez mais com tecnologia e qualidade,

conseqüentemente as empresas tiveram que se moldar às novas

exigências dos diversos público-alvos.

As empresas passam a se preocupar com esse crescimento e surge a

necessidade da criação de um setor que viesse a integrar todos os setores em

prol de atender o cliente de forma rápida frente à concorrência e a logística

passa a ser uma área estratégica de grande importância e de crescimento

surpreendente nos últimos tempos.

Nas organizações, sua utilização e o reconhecimento do seu potencial

de criar vantagens competitivas sobre os concorrentes se tornam mais forte e

tão importante quanto os demais setores de uma empresa e com o

gerenciamento dos materiais, os custos e as deficiências foram diminuindo,

aumentando assim a lucratividade.

O foco principal da logística é pelo desenvolvimento nos

desdobramentos operacionais que envolvem a cadeia genérica de produção.

Ou seja, aperfeiçoar as atividades de obtenção de matérias primas e insumos,

transformação destes materiais em produtos finais, movimentação dos

produtos através dos canais de distribuição mais adequados, entrega dos

produtos na rede de varejo e consumo, e finalmente a chegada dos bens ao

consumidor final.

Percebe-se que a logística vem sendo aperfeiçoada de acordo com as

exigências dos clientes. Com a mudança do comportamento do consumidor

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que a partir de 1990 passou a ser amparada por lei1, as empresas passaram a

se preocupar em atender as reais necessidades dos clientes, que se resumem

em: melhor atendimento, qualidade dos produtos, prazos de entrega e custos

reduzidos.

Para as organizações, atualmente, a entrega e distribuição são tão

importantes quanto produzir e vender para assegurar a fidelidade dos clientes.

E com a globalização, as empresas perceberam que seus clientes-alvo podiam

estar espalhados numa ampla área geográfica e que somente com um sistema

que integrasse a demanda, produção e distribuição de seus produtos poderiam

obter maior lucratividade e uma fatia de mercado ainda maior.

Podemos dizer que a logística está delineada para a aplicação da

obtenção da vantagem competitiva e as metas da logística são as que

disponibilizam o produto certo, na quantidade certa, no local certo, no momento

certo, nas condições adequadas para o cliente certo, ao preço justo. Assim, fica

evidente que existe a intenção de se atingirem, simultaneamente, a eficiência e

a eficácia do processo.

A redução de custos se dará pela suavização e a correta execução do

fluxo de materiais que passará a ser feito de forma sincronizada com o fluxo de

informações, possibilitando redução de inventários, maior utilização dos ativos

envolvidos, eliminação dos desperdícios, uso eficaz dos sistemas de transporte

e armazenagem. Ocorrendo, portanto, o emprego racional e a otimização de

todos os fatores utilizados.

No Brasil, podemos considerar que o conceito de logística ainda é

bastante recente, onde o processo de difusão teve início, de forma ainda tímida,

nos anos da década de 90, com o processo de abertura comercial, mas se

acelerou a partir de 1994, com a estabilização econômica propiciada pelo plano

Real.

O ambiente altamente inflacionário que caracterizou o país por cerca

de duas décadas, combinado com uma economia fechada e com baixo nível de

competição, levou as empresas a negligenciarem o processo logístico dentro

1 LEI N° 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras

providências (Constituição Federal, 2001:802)

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das cadeias de suprimento, gerando um atraso de pelo menos 10 anos em

relação às melhores práticas internacionais.

Não havendo demanda por conhecimentos no setor produtivo, era

natural que não surgissem ofertas de ensino, pesquisa e consultoria em

logística empresarial no país.

O Centro de Estudo em Logística (CEL), do Instituto COPPEAD de

Administração é uma exceção a este padrão com sua origem remonta ao início

da década de 90, e está relacionado à iniciativa pioneira da Companhia

Brasileira de Petróleo Ipiranga. Em 1991 tomou a iniciativa de propor ao

COPPEAD a criação da Cátedra Ipiranga de Estratégia de Operações,

dedicada ao ensino, estudo e pesquisa na área de logística empresarial, a

Cátedra Ipiranga gerou o núcleo inicial que deu origem ao CEL.

Os autores do Centro de Estudos em Logística – CEL apresentou e

discutiu os principais componentes do sistema logístico, ou seja, serviços ao

cliente, transporte, estoque, armazenagem e informações, com uma série de

ferramentas importantes para o planejamento e controle de estoques, custos,

simulação e sistema de informações geográficas.

1.1.2 - Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos

Uma visão expandida e mais integrativa, ao adotar o conceito de

Supply Chain Management (SCM), que é a integração de todos os

componentes e a coordenação de todas as atividades que uma cadeia de

abastecimento realiza para atender ao cliente final, a organização pode se

tornar muito mais ágil e flexível que os concorrentes, o que seria extremamente

desejável.

O projeto e o desenvolvimento conjunto de produtos permitindo que

uma cadeia lance novos produtos com maior velocidade, com melhor

funcionalidade e custos de produção totais mais baixos.

Conforme CECATTO (2004:01):

O SCM - Supply Chain Management surge para aprimorar

e desenvolver todas as atividades relacionadas com o

fluxo e transformação de produtos e serviços associados,

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desde a obtenção de matérias-primas, até a chegada do

produto ao usuário final, bem como os fluxos de

informação relacionados e a geração de valor para todos

os componentes da cadeia.

É o cliente que define a produção do seu fornecedor, ou seja, produto,

quantidade e o prazo de entrega e as empresas precisam que sua cadeia de

abastecimento esteja integrada para receber as respostas adequadas e rápidas

de seus clientes, podendo contar com o apoio do comércio eletrônico.

O SCM deve estar presente em todas as operações de uma empresa.

É uma cadeia sistêmica em que todas as áreas envolvidas precisam interagir,

com o objetivo de prover produtos, serviços e informações, adicionando valor

aos clientes em níveis de serviço aceitáveis pela empresa.

Para isso as empresas necessitam obter todas as informações que são

fornecidas pelos próprios clientes através de suas exigências; mediante isso,

elas podem gerenciar, buscando atender seus clientes da melhor forma, mas

sempre atentas aos custos e procurando adicionar “valor” ao produto, a um

preço que seu cliente esteja disposto a pagar.

Segundo CECATTO (2004:01): Hoje, o novo enfoque das atividades logísticas e de

gestão de informação exige trabalhar em equipe,

valorizando a integração de todos os departamentos da

empresa, e estabelecendo alianças com outras

organizações, o que ainda é uma barreira nas empresas

brasileiras, onde é muito comum encontrarmos estruturas

muito departamentalizadas e com deficiência na

comunicação interna.

As empresas estão investindo em ferramentas eletrônicas para obter

com mais rapidez respostas de seus clientes, pois o mercado está dinâmico e

concorrido, e algumas empresas ainda encontram dificuldades para se adequar

para satisfazer seus clientes com produtos e serviços e garantir sua fatia do

mercado e buscar adequar-se às novas exigências do mercado, para planejar e

controlar o processo.

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Uma dessas ferramentas é o EDI (Electronic Data Interchange), que

efetua troca de informação entre fornecedores, clientes e operadores logísticos

e que tem permitido a prática da reposição automática do produto na prateleira

do cliente, o que é chamado de ECR (Efficient Consumer Response).

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CAPÍTULO II

LOGÍSTICA REVERSA

Logística reversa é a área da logística que trata dos aspectos de

retornos de produtos, embalagens ou materiais ao seu centro produtivo ou

descarte.

2.1 - Conceitos e História do Desenvolvimento

2.1.1 – Logística Reversa

A Logística Reversa pode ser classificada como sendo um processo

reverso da Logística utilizando os mesmos processos que um planejamento

convencional. Ambos tratam de nível de serviço, armazenagem, transporte,

nível de estoque, fluxo de materiais e sistema de informação.

No entanto a Logística Reversa deve ser vista como um novo recurso

para a lucratividade, onde a diferença fundamental existente entre a Logística

convencional e seu sistema reverso, pode ser verificada abaixo:

Ø Na Cadeia Logística convencional os produtos são puxados pelo

sistema, enquanto que na Logística Reversa existe uma

combinação entre puxar e empurrar os produtos pela cadeia de

Suprimentos;

Ø Os Fluxos Logísticos Reversos não se dispõem de forma

divergente, como os fluxos convencionais, mas sim podendo ser

divergentes e convergentes ao mesmo tempo;

Ø O processo produtivo ultrapassa os limites das unidades de

produção no sistema de Logística Reversa. Os fluxos de retorno

seguem um diagrama de processamento pré-definido, no qual

os produtos (descartados) são transformados em produtos

secundários, componentes e materiais. Os processos de

produção aparecem incorporados à rede de distribuição;

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Ø Ao contrario do processo convencional, o processo reverso

possui um nível de incerteza bastante alto. Questões como

qualidade e demanda tornam-se difíceis de controlar.

A Logística Reversa é uma nova área de estudo da Logística, que visa

fazer o retorno dos produtos descartados pelos clientes, tendo sua

conceituação mais antiga sobre logística reversa datada do início dos anos 70.

Onde se aplica o conceito de distribuição, porém voltados para o processo de

forma inversa, com o objetivo de se atender as necessidades de recolhimento

de materiais provenientes do pós-consumo e pós-venda.

Logística Reversa ou também conhecida como logística verde – a

empresa do futuro não se preocupará apenas em fabricar, vender e distribuir,

mas com o interesse pela conservação do meio ambiente fará com que elas

também sejam responsáveis pelo recolhimento, tratamento e reciclagem dos

resíduos de seus produtos, como ocorre atualmente em alguns países da

Europa.

Existe um aumento constante do nível de descartabilidade dos

produtos em geral. Isto ocorre devido à redução do ciclo de vida dos produtos e

maior giro dos estoques e com o avanço da tecnologia tornando-se um fator

relevante que acelera a obsolescência dos produtos.

Segundo Leite (2003:16) onde afirma que a logística reversa é a área

da logística que planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas.

Corresponde ao retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo dos

negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos,

agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico, ecológico, legal,

logístico, de imagem corporativa, entre outros.

Esses resíduos, gerados na maioria das vezes pelas indústrias e pelos

armazéns, constituem materiais que podem ser reaproveitados e reintegrados

ao processo produtivo. Para que isso ocorra de forma eficiente, são

necessários sistemas que gerenciem esse fluxo reverso, de maneira similar ao

que acontece no fluxo direto. Muitas vezes o processo logístico reverso requer

as mesmas atividades utilizadas no processo logístico direto.

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A logística reversa tem sido citada com freqüência e de forma

crescente em livros modernos de logística, em artigos internacionais e

nacionais, demonstrando sua aplicabilidade e interesse em diversos setores

empresariais e apresentando novas oportunidades de negócios no Supply

Chain reverso, criado por esta nova área da logística.

De acordo com Bowersox & Closs (2001), as necessidades da logística

reversa também provêm das legislações que proíbem o descarte

indiscriminado de resíduos no meio ambiente e incentivam a reciclagem de

recipientes de bebidas e materiais de embalagem.

O aspecto mais significativo da logística reversa é a necessidade de

um máximo controle quando existe uma possível responsabilidade por danos à

saúde humana, por exemplo, produtos vencidos ou contaminados. Assim, a

retirada dos mesmos do mercado é semelhante a uma estratégia de serviço

máximo ao cliente que deve ser realizado sem levar em conta o custo dessa

operação.

Em Council of Logistics Management (1993) - C.L.M.: “Logística

reversa é um amplo termo relacionado ás habilidades e atividades envolvidas

no gerenciamento de redução, movimentação e disposição de resíduos de

produtos e embalagens....” .

Segundo Rogers e Tibben-Lembke (1992:2) a logística reversa é

definida como: “Processo de planejamento, implementação e controle da

eficiência, do custo efetivo do fluxo de matérias–primas, estoques de processo,

produtos acabados e as respectivas informações, desde o ponto de consumo

até o ponto de origem, com o propósito de recapturar valor ou adequar o seu

destino”.

A definição de logística apresentada pelos autores Dornier et al

(2000:39) abrange áreas de atuação novas incluindo o gerenciamento dos

fluxos reversos: “Logística é a gestão de fluxos entre funções de negócio”.

A definição atual de logística engloba maior amplitude de fluxos que no

passado onde tradicionalmente, as empresas incluíam a simples entrada de

matérias-primas ou o fluxo de saída de produtos acabados em sua definição de

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logística e nos dias de hoje, essa definição expandiu-se e inclui todas as

formas de movimentação dos produtos e informações.

As diversas definições e citações de logística reversa até então

revelam que o conceito ainda está em evolução face às novas possibilidades

de negócios relacionados ao crescente interesse empresarial e de pesquisas

nesta área na última década.

Segundo LACERDA (in CEL 2002) as iniciativas relacionadas à

logística reversa têm trazido consideráveis retornos para as empresas.

O reaproveitamento de materiais e a economia com embalagens

retornáveis têm trazido ganhos que estimulam cada vez mais novas iniciativas

e esforços em desenvolvimento e melhoria nos processos de logística reversa,

além disso, os reforços em desenvolvimento e melhorias nos processos de

logística reversa podem produzir também retornos consideráveis, que justificam

os investimentos realizados.

Abaixo demonstramos o processo logístico direto e reverso.

Fonte: Revista Tecnologística – LACERDA (2002:47)

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2.1.2 - Ciclo Reverso da Logística Reversa

Com o aumento do descarte dos produtos de utilidade após seu

primeiro uso, há um desequilíbrio entre as quantidades de resíduos

descartadas e as reaproveitadas, tornando o lixo urbano um dos mais graves

problemas ambientais da atualidade.

Este descarte é dividido em duas categorias de fluxo reverso: pós-

consumo e pós-venda.

De acordo com LEITE (2003:12):

Uma parcela dos bens que são vendidos por meio da

cadeia de distribuição direta retorna ao ciclo de negócios

ou produtivo pelos canais de distribuição reversos. Os

bens de pós-venda, com pouco ou sem nenhum uso,

constituem os canais reversos de pós-venda, enquanto os

bens de pós-consumo, que foram usados e não

apresentam interesse ao primeiro possuidor, serão

retornados pelos canais reversos de pós-consumo.

2.1.2.1 – Ciclo Reverso de Pós-Consumo

Podemos denominar que a logística reversa de pós-consumo a que se

especifica na área de atuação da logística reversa que igualmente equaciona e

operacionaliza o fluxo físico e as informações correspondentes de bens de pós-

consumo descartados pela sociedade, que retornam ao ciclo de negócios ou ao

ciclo produtivo pelos canais de distribuição reversos específicos.

Constituem-se bens de pós-consumo os produtos em fim de vida útil ou

usado com possibilidade de utilização e resíduos industriais em geral, com seu

objetivo estratégico de agregar valor a um produto logístico constituído por

bens inservíveis ao proprietário original, ou que ainda possuam condições de

utilização, por produtos descartados por terem atingido o fim de vida útil e por

resíduos industriais.

Estes produtos de pós-consumo poderá se originar de bens duráveis

ou descartáveis e fluírem por canais reversos de reuso, desmanche e

reciclagem até a destinação final.

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Segundo Leite (2003:06), os canais reversos de reuso são definidos

como aqueles em que se tem a extensão do uso de um produto de pós-

consumo ou de seu componente e a reciclagem é o canal reverso de

revalorização, em que os materiais constituintes dos produtos descartados são

extraídos industrialmente, transformando-se em matérias-primas secundárias

ou reciclado que são reincorporadas à fabricação de novos produtos.

Para melhor entendimento dos canais de distribuição diretos e

reversos, estamos demonstrando na figura abaixo:

Canais de distribuição diretos e reversos

FONTE: LEITE (2003:05)

O principal objetivo de um canal reverso de reciclagem é reintegrar os

materiais de pós-consumo na fabricação de outros produtos da mesma

natureza ou natureza diferente, substituindo a matéria-prima primária ou virgem

pela matéria-prima secundária ou reciclada. Esses bens possuem duas

categorias de fluxos reversos: aberto e fechado.

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Conforme LEITE (2003:79):

Distinguem-se duas categorias de fluxos reversos de pós-

consumo: os fluxos reversos abertos, nos quais os

materiais constituintes têm sua origem em diferentes

produtos de pós consumo, e os fluxos reversos fechados,

nos quais os materiais constituintes são extraídos de um

produto de pós-consumo e são usados para fabricar

produtos da mesma natureza.

Existem produtos que não possuem condições de ser reciclado e

devem ser dispensados de forma responsável, sem que acarrete prejuízo

ambiental e quando dispensados em aterros sanitários, os resíduos devem ser

estocados em camadas de terra com condições de haver uma absorção

natural.

Há uma crescente tendência das empresas passarem a integrar o ciclo

reverso de seus produtos de pós-consumo em suas atividades e com a

conscientização da população, governo e empresas, o volume de produtos de

pós-consumo dispensados de forma incorreta na natureza tende a diminuir,

fazendo com que haja um equilíbrio entre o fluxo direto e o reverso. Porém,

existem dificuldades para implantar o ciclo logístico reverso de pós-consumo

porque os produtos encontram-se centralizados nos centros urbanos, sendo

difícil o acesso para coletar, separar, consolidar, transportar, entre outros

processos, além do custo elevado com transporte.

O governo deve conscientizar a população da importância de separar

os produtos de pós-consumo e criar políticas para que esses materiais possam

ser disponibilizados em locais acessíveis e em quantidades adequadas para as

empresas coletoras, viabilizando as diversas etapas do ciclo reverso.

Há tipos de materiais de pós-consumo que apresentam grandes

volumes, porém com pouco peso (por exemplo, o PET); com isso, o custo do

ciclo logístico reverso fica elevado, pois o preço pago pelo retorno destes

materiais ainda é considerado baixo, muitas vezes inviabilizando as empresas

de efetuarem este ciclo.

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Por isso, as empresas precisam estudar o local para instalação das

fábricas de reciclagem, que devem ficar o mais próximo possível dos centros

urbanos para que o frete e a implementação da logística reversa tornem-se

viáveis. O ideal seria que houvesse uma parceria entre fabricantes e

intermediários dos produtos de pós-consumo junto à comunidade, ou seja,

estas empresas devem conscientizar seus clientes da importância do retorno

correto deste tipo de material. Assim, viabilizaria o processo, pois o próprio

consumidor contribuiria com o ciclo logístico reverso e com esta parceria, as

empresas poderão divulgar uma imagem “ecologicamente correta”, gerando

uma diminuição de custos e aumento nas vendas.

2.1.2.2 – Ciclo Reverso de Pós-Venda

Podemos denominar a logística reversa de pós-venda a que se

específica na área de atuação que ocupa do equacionamento e

operacionalização do fluxo físico e das informações logísticas correspondentes

de bens de pós-venda. Sem uso ou com pouco uso, que por diferentes motivos

retornam aos diferentes elos da cadeia de distribuição direta, que se

constituem de uma parte dos canais reversos pelo qual fluem estes produtos.

Seu objetivo estratégico é o de agregar valor a um produto logístico

que é devolvido por razões comerciais, erro no processamento dos pedidos,

garantia dado pelo fabricante, defeitos ou falhas de funcionamento no produto,

avarias no transporte, entre outros motivos. Este fluxo de retorno se

estabelecerá entre os diversos elos da cadeia de distribuição direta,

dependendo do objetivo estratégico ou motivo de seu retorno.

A logística reversa de pós-venda deve, portanto, planejar, operar e

controlar o fluxo de retorno dos produtos de pós-venda por motivos agrupados

nas classificações: “Garantia / Qualidade”, “Comerciais” e de “Substituição de

Componentes”.

Classificam-se como devoluções por “Garantia / Qualidade”, aquelas

nas quais os produtos apresentam defeitos de fabricação ou de funcionamento

avarias no produto ou na embalagem, ou por outros motivos.

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Esses produtos poderão ser submetidos a consertos ou reformas que

os permitam retornar ao mercado primário, ou a mercados diferenciados que

denominamos secundários, agregando-lhes valor comercial novamente.

2.2 - O Processo de Logística Reversa e o conceito de Ciclo de

Vida

Por trás do conceito da logística reversa existe um conceito mais amplo,

que é o do “ciclo de vida”.

Bowersox e Closs (2001) apresentam, por sua vez , a idéia de “Apoio

ao Ciclo de Vida” como um dos objetivos operacionais da logística moderna,

referindo-se ao prolongamento da logística além do fluxo direto dos materiais e

a necessidade de considerar os fluxos reversos de produtos em geral.

A vida de um produto, do ponto de vista logístico, não termina com sua

entrega ao cliente, os produtos se tornam obsoletos, danificados, ou não

funcionam e devem retornar ao seu ponto de origem para serem

adequadamente descartados, reparados ou reaproveitados.

Do ponto de vista financeiro, fica evidente que além dos custos de

compra de matéria-prima, de produção, de armazenagem e estocagem, o ciclo

de vida de um produto inclui também outros custos que estão relacionados a

todo o gerenciamento do seu fluxo reverso.

Do ponto de vista ambiental, esta é uma forma de avaliar qual o

impacto de um produto sobre o meio ambiente durante toda a sua vida.

O processo de logística reversa gera materiais reaproveitados que

retornam ao processo tradicional de suprimento, produção e distribuição, é

composto por uma série de atividades que a empresa tem que realizar para

atendê-lo, como, por exemplo, coletas, embalagens, separações, expedição

até os locais de reprocessamento desses materiais quando necessário.

Tem que ser sustentável, pois esse processo trata de questões muito

mais amplas que simples devoluções, os materiais envolvidos nesse processo

geralmente retornam ao fornecedor, são revendidos, recondicionados,

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reciclados ou simplesmente são descartados e substituídos, como observamos

no esquema a seguir.

Segundo BARBIERI e DIAS (2002), a logística reversa deve ser

concebida como um dos instrumentos de uma proposta de produção e

consumo sustentáveis, por exemplo, se o setor responsável desenvolver

critérios de avaliação ficará mais fácil recuperar peças, componentes, materiais

e embalagens reutilizáveis e reciclá-los.

No Brasil ainda não existe nenhuma legislação que abranja esta

questão, e por isso o processo de logística reversa está em difusão e ainda não

é encarado pelas empresas como um processo “necessário”, visto que, a

maioria das empresas não possui um departamento específico para gerir essa

questão; assim, algumas Resoluções são utilizadas, como por exemplo, a

Conama nº258, de 26/08/99, que estabelece que as empresas fabricantes e as

importadoras de pneus ficam obrigadas a coletar e dar destinação final,

ambientalmente adequada, aos pneus inservíveis, proporcionalmente às

quantidades fabricadas e importadas definidas nesta Resolução, o que

praticamente obriga as empresas desse segmento a sustentarem políticas de

logística reversa. BARBIERI e DIAS (2002).

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CAPÍTULO III

LOGÍSTICA REVERSA DA EMBALAGEM PET E AS

QUESTÕES AMBIENTAIS,

A Logística Reversa é uma importante ferramenta na preservação

ambiental e junto a essa preocupação, vem crescendo a consciência ecológica

do consumidor. Com isso, os fabricantes das embalagens PET estão em

estudos para reduzir os impactos da embalagem no meio ambiente.

3.1 – História da Embalagem PET e seus Processos

O material Polietileno Tereftalato, mais conhecido como a embalagem

PET, foi desenvolvida pelos químicos ingleses Whinfield e Dickson em 1941 e

foi introduzida no Brasil apenas em 1988, e desde seu lançamento a curva de

produção nacional é crescente.

Entre 1995 e 2005, a produção de PET, o plástico politereftalato de

etila, para a fabricação de garrafas subiu de 120 mil toneladas para cerca de

374 mil toneladas, alavancada principalmente pela indústria de refrigerante

(ABIPET, 2006), mediante esses dados, surge o questionamento do que

acontece com as embalagens PET após o consumo no Brasil.

Sendo um material termoplástico, isto significa que ele pode ser

reprocessado diversas vezes pelo mesmo ou por outro processo de

transformação e quando aquecidos a temperaturas adequadas, esses plásticos

amolecem, fundem e podem ser novamente moldados e tem a vantagem de

ser 100% reaproveitável (ABIPET,2005).

Entretanto, existem restrições que devem ser consideradas desde a

concepção da embalagem.

O PET possui algumas características, como:

Ø Absoluta transparência;

Ø Grande resistência a impactos;

Ø Maior leveza em relação às embalagens tradicionais;

Ø Brilho intenso.

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3.1.1 – A Reciclagem do PET

O PET pode ser reciclado de três maneiras diferentes:

1 - Reciclagem química - utilizada também para outros plásticos, separa os

componentes do PET, fornecendo matéria-prima para solventes e resinas,

entre outros produtos.

2-- Reciclagem energética - o calor gerado com a queima do produto pode

ser aproveitado na geração de energia elétrica (usinas termelétricas),

alimentação de caldeiras e altos-fornos. O PET tem alto poder calorífico e não

exala substâncias tóxicas quando queimado. Outros materiais combustíveis

também podem ser utilizados.

3 - Reciclagem mecânica - praticamente todo o PET reciclado no Brasil passa

pelo processo mecânico, que pode ser dividido em:

RECUPERAÇÃO: Nesta fase, as embalagens que seriam atiradas no

lixo comum ganham o status de matéria-prima, o que de fato, são. As

embalagens recuperadas serão separadas por cor e prensadas. A

separação por cor é necessária para que os produtos que resultarão do

processo tenham uniformidade de cor, facilitando assim, sua aplicação

no mercado. A prensagem, por outro lado, é importante para que o

transporte das embalagens seja viabilizado.

REVALORIZAÇÃO: As garrafas são moídas, ganhando valor no

mercado. O produto que resulta desta fase é o floco da garrafa. Pode ser

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produzido de maneiras diferentes e, os flocos mais refinados, podem ser

utilizados diretamente como matéria-prima para a fabricação dos

diversos produtos que o PET reciclado dá origem na etapa de

transformação. No entanto, há possibilidade de valorizar ainda mais o

produto, produzindo os grãos de PET reciclado. Desta forma o produto

fica muito mais condensado, otimizando o transporte e o desempenho

na transformação.

TRANSFORMAÇÃO: Fase em que os flocos, ou o granulado será

transformado num novo produto, fechando o ciclo. Os transformadores

utilizam PET reciclado para fabricação de diversos produtos, inclusive

novas garrafas para produtos não alimentícios.

3.2 – Reciclagem do PET no Brasil

A indústria de reciclagem do PET brasileira nasceu da necessidade das

produtoras de resina e engarrafadoras de refrigerante responder às pressões

da sociedade quanto ao destino das embalagens pós-consumo. Mesmo

representando apenas 10% do mercado brasileiro de plásticos destinado ao

setor de embalagens, o PET constitui o centro da atenção dos recicladores e

apesar da reciclagem de PET ser uma atividade industrial recente no Brasil –

cerca de 10 anos (ABIPET, 2005) seu índice é crescente.

Dados divulgados pelo 3º Censo da Reciclagem de PET no Brasil pela

Associação Brasileira da Indústria do PET - ABIPET em novembro/2007

demonstram que 2006 o crescimento foi de 11,5% em relação a 2005.

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FONTE : ABIPET – CENSO NOVEMBRO/2007

Nesse mesmo censo divulgado pela ABIPET demonstra que mediante

este volume, coloca o Brasil em destaque mundial, com um percentual de PET

reciclado sobre o consumo virgem com o índice de 51,3%, maior que os

Estados Unidos e a Europa, ficando inferior apenas ao Japão com o percentual

de 62%.

Segundo Hermes Contesini, responsável pelas Relações com o

Mercado da ABIPET afirma que: “Apesar da ausência de sistemas eficientes de

coleta seletiva, a indústria vem obtendo ótimos resultados na busca pelo

material”.

Os fatores que cooperam para este quadro estão: custo da resina

virgem, competitividade dos processos de reciclagem mecânica, valor

agregado do reciclado cujo desempenho depende da tecnologia aplicada,

podendo ser similar ao da resina virgem.

Outros condicionantes da lucratividade do empreendimento estão

ligados ao grande aporte de recursos necessários para que a reciclagem seja

realizada com níveis de pureza exigidos pelo processo produtivo e pelo

mercado. Entretanto, o progresso das técnicas viabilizou muitas atividades

industriais, tornando a reciclagem também uma alternativa de investimento e

geração de trabalho e renda, desde que o conceito de reciclagem surgiu,

décadas atrás, a preservação do meio ambiente é o seu principal motivo.

167 174194

0

50

100

150

200K

tons

2004 2005 2006

Reciclagem de PET Brasil

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3.3 – Questões Ambientais

Preocupadas com questões ambientais as empresas estão cada vez

mais acompanhando o ciclo de vida de seus produtos e a Logística Reversa

está relacionada com a destinação de produtos e materiais já descartados pelo

consumidor final, contribuindo, portanto para a preservação do meio ambiente.

Essa contribuição se dá pelo retorno de bens de pós-consumo ao ciclo

produtivo, o que diminui o acúmulo de lixo industrial na natureza, assim sendo,

pode-se relacionar a logística reversa como uma importante ferramenta para a

preservação ambiental.

Essa prática deve-se em grande parte ao aumento de consciência

ecológica do consumidor, que passa a dar preferência a produtos de empresas

que demonstram preocupação com a preservação ecológica. E com a

conscientização da sociedade, se reflete no desenvolvimento de uma

legislação adaptada aos modos de produção e consumo sustentáveis, que

visam minimizar os impactos das atividades produtivas ao meio ambiente.

Frente a essas regulamentações, organizações passam a desenvolver

políticas voltadas para a imagem da empresa perante o consumidor, já que

este está cada vez mais ciente de seus direitos e diante da acirrada

concorrência, que deixou de ser regional para tornar-se global, toda prática que

possa ser usada como um possível diferencial no mercado de atuação é

capturada e utilizada, pois em meio a tantos concorrentes, qualquer fator pode

ser decisivo para determinar o posicionamento da empresa.

Segundo Trigueiro (2003), a Legislação Ambiental, ao responsabilizar a

empresa pelo controle do ciclo de vida do produto, responsabiliza legalmente a

empresa pelos impactos ambientais causados por seus produtos.

Existe um aumento constante do nível de descartabilidade dos

produtos em geral, isto ocorre devido à redução do ciclo de vida dos produtos e

maior giro dos estoques e o avanço da tecnologia também é um fator relevante

que acelera a obsolescência dos produtos.

As novas regulamentações ambientais, em especial as referentes aos

resíduos, vêm obrigando a logística a operar nos seus cálculos com os “custos

e os benefícios externos”, existindo uma clara tendência de a legislação

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ambiental caminhar no sentido de tornar as empresas cada vez mais

responsáveis por todo o ciclo de vida de seus produtos. Isso significa ser

legalmente responsável pelo seu destino após a entrega dos produtos aos

clientes e pelo impacto que estes produzem no meio ambiente, isso tem gerado

ações por parte de algumas empresas que visam comunicar ao público uma

imagem institucional “ecologicamente correta”.

Mediante a preocupação com o meio ambiente, surge à preocupação

com a reciclagem da embalagem PET, pois tendo sido considerado com um

dos grandes vilão ambiental devido a demorar cerca de 100 anos para se

degradar e ocupar grande parte do volume dos aterros sanitários, interferindo

de forma negativa nos processos de compostagem e de estabilização biológica.

Além disso, os resíduos plásticos, quando descartados em lugares

inadequados, causam um impacto ainda maior ao meio ambiente. Portanto, a

reciclagem tem sido o “caminho” de tratamento de resíduo plástico que mais

tem concentrado esforços no âmbito das estratégias empresariais e

governamentais.

Um importante vetor de expansão para reciclagem do PET tem sido a

crescente demanda dos processadores, quer seja por motivações econômicas

ou ecológicas. As motivações econômicas são: aumento de vida útil dos

aterros, geração de empregos, reinserção social dos catadores, economia de

energia e matéria-prima, redução dos custos de coleta, transporte e disposição

final do lixo, reutilização adequada dos resíduos e proteção do meio ambiente.

3.3.1 – Por que Reciclar a Embalagem PET?

As engarrafadoras têm um papel fundamental no desenho de projetos

que facilitem a separação dos diferentes componentes da embalagem,

evitando mistura de materiais, adesivos, aditivos e rótulos (SANTOS et al.

2004).

Por outro lado, a pesquisa e o planejamento de embalagens com

componentes que favoreçam a sua degradação ambiental é um desafio e um

dilema, pois envolvem itens que se contrapõem à função primordial da

embalagem, de proteção e manutenção da estabilidade de alimentos.

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As embalagens de refrigerante atualmente não apresentam a base-cup

(feita de PEAD, polietileno de alta densidade), não utilizam anel metálico nas

tampas e os rótulos não levam cola (ABIPET, 2005) e com essa alteração as

embalagens tornaram-se mais amigáveis do ponto de vista ambiental.

A reciclagem de embalagens pós-consumo caracteriza-se por um

elevado nível de contaminação (orgânica e inorgânica), heterogeneidade de

materiais, baixo valor relativo de reciclabilidade e alto impacto sanitário-

ambiental e o custo ambiental e econômico da separação e limpeza destes

materiais para a reciclagem mecânica são altos. Se a coleta seletiva fosse bem

estruturada, conseguir-se-ia mais PET com menos contaminação.

As principais dificuldades com a coleta de PET dizem respeito à

separação por coloração e tipo, devido aos seus múltiplos usos e aplicações, e

à contaminação por outros materiais plásticos e a presença de materiais

estranhos, como cola, outros plásticos, como o PVC (Policloreto de Vinila),

metais, areia, terra e ferrugem constituem-se contaminantes na reciclagem de

embalagens PET (CEMPRE/ ABIPET,1997.).

Os plásticos são considerados substratos inertes, com índices de

decomposição variáveis (quase desprezíveis) por elementos ambientais, tais

como luz, umidade, calor e microrganismos, quando degradados, podem

originar substâncias não inócuas, de prolongada persistência e restrito controle

ambiental.

A não degradabilidade no ambiente tem sido um dos fatores a respeito

dos quais ambientalistas têm centrado suas campanhas, muitas vezes em

detrimento das vantagens e dos avanços obtidos na utilização de resinas

plásticas para o desenvolvimento de embalagens para alimentos.

O governo poderia ser um dos protagonistas na implementação de

boas práticas de coleta seletiva, de incentivos à organização de cooperativas

de catadores e de redução de tributos. Uma vez que o sistema de coleta de

material constitui o primeiro passo para viabilizar as atividades recicladoras a

oneração do setor público pode ser evitada, tornando o setor produtivo

responsável por seus resíduos.

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Algumas entidades têm sido criadas para fomentar a reciclagem no

país: a ABIPET, órgão ligado à cadeia produtiva do PET, o CEMPRE,

responsável pelo incremento da atividade de reciclagem de todos os materiais,

e a Plastivida Instituto Socioambiental dos Plásticos, associação criada pela

Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM ).

Tais esforços a favor da reciclagem têm estimulado o surgimento de

uma variedade de tecnologias e centros de pesquisa e desenvolvimento

voltados para o setor, onde a reciclagem mecânica de plásticos é o modo mais

convencional, no Brasil, de se recuperar o valor agregado à embalagem PET.

Como qualquer outro processo industrial, a reciclagem mecânica deve

ser economicamente viável, requerendo, entre outros fatores, garantia de

fornecimento contínuo de material reciclável, tecnologias apropriadas para os

diferentes produtos e valor de comercialização para os novos produtos que

compense os investimentos aplicados no processo.

Apesar de vários processos para a reciclagem da embalagem PET em

diversas áreas com a Têxtil, porém no Brasil a área no ramo alimentício, até o

ano passado, tinha proibições pelo Ministério da Saúde para que os fabricantes

retornassem a embalagem ao seu processo logístico devido à falta de

tecnologia exigida por eles em nosso país.

3.4 – Oportunidade para os fabricantes de PET no processo de

reciclagem da embalagem

Depois da longa espera, o mercado de bebidas engarrafadas em PET

no Brasil está vivendo a maior mudança desde a criação da resina que

popularizou o segmento e abriu as portas para pequenos fabricantes. Com

mais de seis anos em discussão na Comissão de Alimentos do Mercosul, no

dia 09 de agosto de 2007, a Agência de Vigilância Sanitária - ANVISA colocou

em consulta pública proposta que permite o uso de PET reciclável para a

fabricação de novas embalagens de alimentos e bebidas. Faltando agora

apenas detalhes burocráticos para que a medida entre em vigor, o que deve

acontecer neste ano de 2008.

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Trata-se de uma mudança importante, sobretudo em tempos de

valorização da sustentabilidade, onde até o momento, a reutilização do material

para a fabricação de garrafas era proibida no bloco do Mercosul, ao contrário

de países como Estados Unidos, Alemanha e Áustria.

Até a publicação da resolução, o PET reciclado no Brasil só podia ser

usado para outros fins, como a produção de fibra de poliéster para indústria

têxtil e na fabricação de cordas e cerdas de vassouras e escovas. E atualmente,

cerca de 80% dos refrigerantes vendidos no Brasil é embalada e algumas

pequenas empresas já começa a envasar cerveja nesse tipo de embalagem.

Apesar dos benefícios sejam nítidas, as viabilidades econômicas do

PET reciclado gera dúvidas em relação ao custo desse novo processo. Pois

enquanto o PET virgem é barato, foi o produto que democratizou o mercado e

permitiu o acesso de centenas de novos fabricantes ao mercado de

refrigerantes e água, a implantação de uma linha de reciclagem para

reutilização da resina em bebidas e alimentos será cara.

Segundo Hermes Contesini (ABIPET,2007), estima-se que a

montagem de uma fábrica completa fique entre R$ 20 e R$ 30 milhões. Por

conta disso, a competitividade da resina reciclada em relação à virgem é baixa,

ao contrário do alumínio.

As empresas que já detém a tecnologia da reciclagem de PET para

alimentos e bebidas, caso da BahiaPet e From PET, do Recife - que hoje

trabalham apenas com exportação - dizem que a diferença de preço entre a

resina reciclada e a virgem vai existir e deve ficar entre 15% e 20%. Mas nem

todo mundo que atua nesse mercado concorda que o PET reciclado consiga

essa vantagem competitiva.

Conforme Contesini (ABIPET,2007): "O preço deve ficar muito próximo

ao do PET virgem", o aumento da demanda pelo PET reciclado no mercado

externo, onde o produto é bastante valorizado, também pode ajudar a

desequilibrar essa conta, porém, segundo ele "As empresas também se

preocupam com a rentabilidade do negócio e não apenas com o meio ambiente.

Segundo José Mauro de Moraes (informação extraída do site da

Agência SEBRAE de notícias, 2007 em 10/01/2008), diretor de meio ambiente

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da Coca-Cola no Brasil, a empresa deverá adotar o novo processo no Brasil.

Ainda não sabendo se serão feitos investimentos diretos ou comprados de

fornecedores que sigam padrões mundiais da companhia. Porém, acredita que,

além dos grandes, os fabricantes de bebidas de menor porte também devem

ser um importante mercado para o PET reciclado.

Apesar da grande revolução no mercado brasileiro de reciclagem do

PET, a AMBEV não está com entusiasmo com a entrada dessa nova tecnologia,

por que para a AMBEV (informação extraída do site da Agência SEBRAE de

notícias, 2007 em 10/01/2008). O não entusiasmo se dá pelo motivo das

embalagens a serem utilizadas terem a procedência de lixões, pois no Brasil a

maioria do PET vem desses locais e não acredita que seja totalmente seguro

reutilizá-lo nesse processo.

A coleta seletiva de lixo ainda é realidade em apenas 200 dos cinco mil

municípios brasileiros, atualmente 50% do produto reciclado vem de lixões e

outros 50% de coleta seletiva, segundo estimativas da ABIPET.

De acordo com a ANVISA, a resolução será publicada somente depois

que os critérios de descontaminação definidos na legislação assegurarem a

saúde da população. E em função dessa preocupação, a ANVISA fez

pesquisas para conhecer as tecnologias para limpeza e descontaminação do

PET reciclado usado nos EUA, onde o processo é aprovado pelo Food and

Drug Association dos Estados Unidos - FDA e países da União Européia.

A nova tecnologia é conhecida como bottle-to-bottle (BTB) (garrafa a

garrafa) que transforma garrafas usadas de refrigerantes, águas e isotônicos

em embalagens novas, prontas para consumo.

A Ferrostaal será a responsável técnica pela instalação no Brasil da

primeira fábrica de reciclagem mecânica de PET pelo processo bottle-to-bottle,

tecnologia que permite transformar garrafas usadas de refrigerantes, águas,

isotônicos etc., em embalagens novas, prontas para consumo.

A tecnologia bottle-to-bottle, em outros países, já tem análises que já

demonstram que a pureza do material reciclado equivale à do material virgem,

esse processo de descontaminação da resina reciclada é o que garante à

tecnologia a obtenção de uma "carta de não objeção" da FDA. Porém, no Brasil,

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mesmo que o fabricante esteja de posse dessa carta, que facilita a adoção da

tecnologia na maioria dos mercados mundiais, ainda assim precisará da

palavra final da ANVISA.

Entretanto, antes de adotar qualquer tecnologia, os fabricantes são

unânimes: é preciso ter um sistema de coleta implantado de forma eficiente.

Assim, entre os fatores que garantem o sucesso da tecnologia BTB estão à

continuidade no suprimento de garrafas pós-consumo, a qualidades da

tecnologia adotada, o tamanho e valor do mercado e o outro objetivo comum

dos detentores desta nova tecnologia, é a utilização do PET de fontes que

jamais poderiam ser usadas nos processos convencionais de reciclagem.

O empreendimento, considerado um dos mais modernos do mundo,

pertence à Bahia Pet, grande fabricante nacional de pré-formas de PET,

utilizadas na produção de embalagens sopradas para bebidas carbonatadas e

não-carbonatadas.

A construção da nova fábrica se dará ao longo do primeiro semestre de

2008, no Centro Industrial de Aratu, na Bahia e o custo das instalações estão

avaliadas em torno de US$ 5 milhões. O projeto prevê a produção de 7.500

toneladas/ano de PET reciclado, que poderão ser utilizadas para injeção e

extrusão, incluindo a fabricação de polietileno tereftalato para emprego têxtil.

Fábricas com os mesmos padrões tecnológicos aos que serão

instalados na unidade da Bahia Pet já vêm operando em várias partes do

mundo. Na Alemanha, desde 1999, a recicladora PKR PET emprega essa

tecnologia, uma unidade industrial instalada em Sidney, na Austrália, é

responsável pela produção de pré-formas para a Coca-Cola. Dois outros

sistemas já foram montados na recicladora Texplast, na Holanda, havendo

ainda uma nova fábrica prevista para o México, e duas outras que deverão ser

instaladas nos Estados Unidos.

A reciclagem mecânica de PET pelo sistema bottle-to-bottle

compreende vários sistemas e operações, envolvendo etapas de trituração,

lavagem, filtragem, secagem etc., que culminam com a renovação das

características e propriedades dos polímeros usados, restituindo-lhes suas

características para que voltem a se comportar como materiais virgens.

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O coração dessa tecnologia, desenvolvida e patenteada pela empresa

alemã OHL, e que leva o nome de Stehning Bottle-to-Bottle, encontra-se num

reator de 36 m3 onde são realizadas as operações de secagem, cristalização,

descontaminação e pós-condensação dos estados sólidos, tornando possível

elevar e flexibilizar a viscosidade dos flakes de PET que entram em seu interior,

de forma a permitir novas aplicações e usos para o material reciclado.

Para o gerente da Ferrostaal do Brasil, Christoph D. Rieker,

responsável pelo fornecimento de inúmeros equipamentos para o setor plástico

brasileiro, fabricados por 14 grupos internacionais, a nova planta da Bahia Pet

não só impulsionará a reciclagem de PET no País, hoje estimada em 40% da

produção, representando cerca de 140 mil toneladas/ano de um total de cerca

de 350 mil toneladas/ano, como também representa um passo à frente na

história da reciclagem em virtude das maiores possibilidades oferecidas pelos

novos sistemas.

Atualmente, o maior volume de PET reciclado é transformado em

flocos utilizados pelo mercado de fibras têxteis, na produção de fios.

A capacidade do mercado de fibras de absorver o PET reciclado, no

entanto, segundo Christoph, é limitada e, por esse motivo, as indústrias têm

visto com bons olhos a possibilidade de recuperar e reciclar para novos usos

os materiais, manifestando total aceitação à idéia de implementar novos

caminhos para a reutilização das embalagens produzidas em PET no Brasil.

Com a entrada dessa nova tecnologia no País, estaremos rumo a

melhoria constante nos processos da Logística Reversa no combate a

destruição ambiental.

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CONCLUSÃO

Este trabalho de conclusão do curso de Logística Empresarial teve por

objetivo avaliar o processo da Logística Reversa da embalagem “PET” aliada

ao meio ambiente e os motivos pelos quais os fabricantes das embalagens

plásticas no Brasil não retornarem ao ciclo logístico, evitando assim a

degradação do meio ambiente.

Ao longo desse estudo, identificamos as proibições por parte do

Ministério da Saúde para que os fabricantes retornem a embalagem ao seu

processo logístico, isto se dá, devido à falta de tecnologia exigida por eles em

nosso país e da preocupação com a saúde da população.

No ano passado saiu uma nova regulamentação pela ANVISA, para

que seja liberada a utilização da matéria-prima do PET para fabricação de

outro PET na área alimentícia no Brasil, consequentemente aumentará o

recolhimento deste material na natureza.

Essa nova regulamentação se dá em função da nova tecnologia

conhecida como Bottle to Bottle, que vem revolucionar o mercado de

reciclagem da PET e que deverá ser implantada no 2º semestre deste ano de

2008 no Brasil.

Enquanto a ANVISA não autoriza a utilização da PET reciclado para a

fabricação de produtos na área alimentícia, o Governo deveria criar incentivos

para que as envasadoras (fabricantes de bebidas) fizessem campanhas junto à

população mostrando a necessidade de fazer a coleta seletiva. Na

centralização dos materiais em pontos específicos, provavelmente reduziria o

custo com transporte para as empresas coletoras e com isso, aumentaria o

interesse da realização do ciclo logístico reverso do PET.

Além da lucratividade estaríamos garantindo assim a redução da

degradação ao nosso meio ambiente.

Podemos concluir, que a revolução no processo de reciclagem da

embalagem PET em nosso País, estaremos cada vez mais aliados oara

preservar a nossa natureza.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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Nova Fronteira, 2002.

- IMAM, Instituto: Gerenciamento da logística e cadeia de abastecimento: São

Paulo, 2000.

- BALLOU, Ronald H. Business Logistics Management.4.ed. Prentic Hall, 1998.

- MAGEE, John F.Logística Industrial.São Paulo:Pioneira, 2004

- CEL – CENTRO DE ESTUDOS EM LOGÍSTICA. Logística Empresarial: a

perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas, 2000.

- CECATTO, Cristiano. A importância do Supply Chain Management, 2004.

- LEITE, Paulo Roberto. Logística reversa. São Paulo, Pearson Prentice Hall,

2003.

- BOWERSOX, D. J. & CLOSS, D. J. Logística empresarial. São Paulo: Atlas,

2001.

- Council of Logistics Management, Oak Brook, IL., 1993.

- ROGERS, D. S. & TIBBEN-LEMBKE, R. S. Going backwards: reverse

logistics practices and trends. Pittsburgh, PA: Reverse Logistics Executive

Council, 1992.

- DORNIER, Philippe-Pierre; ERNST, Ricardo; FENDER, Michel; KOUVELIS,

Panos. Logística e operações globais. SãoPaulo: Atlas, 2000.

- LACERDA, Leonardo. Logística Reversa - Uma visão sobre os conceitos

básicos e as práticas operacionais. Artigos CEL. 2002.

- BARBIERI, José Carlos., DIAS, Marcio. Logística Reversa como instrumento

de programas de produção e consumo sustentáveis. Revista Tecnologística,

São Paulo, Ano VI, nº 77. Abril 2002.

- TRIGUEIRO, Felipe G.R. Logística Reversa. Agosto 2003.

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Sites Consultados:

www.cempre.gov.br

www.coppead.ufrj.br

www.reciclagem.com.br

www.sebrae.com.br

www.guialog.com.br

www.anvisa.gov.br

www.centrodelogistica.com.br

www.necnet.net

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ANEXOS 1

INTERNET

Brasília, 15 de agosto de 2007 - 19h10

Anvisa propõe critérios para reciclagem de plásticos PET

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) colocou em discussão, com a sociedade, os critérios para a reciclagem de embalagens e equipamentos plásticos de Polietileno Tereftalato (PET). A proposta da Anvisa, aberta a contribuições até o próximo dia 9 de outubro, trata do aproveitamento seguro desses produtos para a fabricação de novas embalagens de alimentos.

O texto da Consulta Pública 74 (PDF) sugere regras para que os plásticos PET sejam reciclados de forma que se assegure a saúde da população. Segundo o gerente de Ações de Ciência e Tecnologia de Alimentos da Anvisa, Lucas Dantas, novas tecnologias de reciclagem de PET garantem a limpeza e descontaminação do produto descartado após o consumo, independentemente do sistema de coleta.

Segurança - No processo de fabricação de uma nova embalagem a partir de produtos PET, os materiais passam por várias etapas. Ao receber o plástico descartado, a indústria seleciona, lava, separa, seca, transforma por meio de extrusão (“passagem forçada de um metal ou plástico através de um orifício”, ou seja, uma das etapas do processamento) e cristaliza o material plástico para dar origem à matéria-prima conhecida como resina PET. “Este produto serve como base para a produção de embalagens que serão utilizadas para alimentos”, explica Dantas.

De acordo com a legislação sanitária, as embalagens e os equipamentos em contato direto com alimentos devem atender a normas específicas de boas práticas de fabricação. Essas regras contribuem para evitar que a qualidade dos produtos seja prejudicada e que haja risco à saúde humana.

Mercosul - A Consulta Pública 74 foi discutida e harmonizada, no último mês de junho, na Comissão de Alimentos do Mercado Comum do Sul (Mercosul). Após a conclusão do processo de consulta, a Anvisa submeterá o texto à referida comissão, que possivelmente irá publicá-lo como “Resolução Mercosul”. Em seguida, o Brasil e demais países do bloco (Argentina, Paraguai e Uruguai, além da Venezuela, em processo de adesão) – que também estão em processo de consulta pública sobre a adequada reciclagem de produtos PET – terão um prazo de 180 dias para incorporar os regulamentos ao ordenamento jurídico de cada nação.

As normas sanitárias para alimentos devem ser iguais entre os países membros do bloco com o objetivo de permitir o livre trânsito desses produtos. Por isso, os requisitos

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técnicos são os mesmos no Mercosul. As exigências para a conformidade da segurança e aprovação das embalagens pela autoridade nacional sanitária competente valem tanto para a produção nacional quanto para importação, incluindo registro obrigatório e rotulagem específica das embalagens.

Plástico - O PET é o material utilizado, principalmente, na fabricação de garrafas plásticas para refrigerantes e sucos, entre outros alimentos. A adequada reciclagem dessas embalagens, seguindo as exigências do regulamento técnico proposto pela Anvisa, irá favorecer o meio ambiente. De acordo com o site http://www.ambientebrasil.com.br/, as garrafas PET demoram cerca de 100 anos para se decompor.

Participação - Críticas e sugestões relativas à Consulta Pública 74 podem ser encaminhadas para o endereço da Anvisa: Gerência-Geral de Alimentos, SEPN 511, Bloco A, 2º andar, Ed. Bittar II, Asa Norte, Brasília-DF, CEP 70.750.541; para o fax (61) 3448-6274; ou para o e-mail: [email protected].

Informação: Ascom/Assessoria de Imprensa da Anvisa

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ANEXOS 2

REPORTAGEM 1

Reportagem publicada no jornal O Globo, de 14 de outubro de 2003 (Caderno Rio, página 14)

Brasil já tem tecnologia bottle-to-bottle

A legislação brasileira ainda não permite a fabricação de embalagens para alimentos com material reciclado a partir de embalagens pós-consumo. Apesar de já existir tecnologias aprovadas na Europa e nos Estados Unidos (como por exemplo o certificado de não objeção da FDA - Food and Drug Association dos Estados Unidos), esta tecnologia no Brasil depende da aprovação da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Ainda assim algumas empresas começam a trazer para o Brasil uma tecnologia que vai revolucionar a reciclagem de garrafas PET no Brasil. Trata-se do conceito BTB ou bottle-to-bottle (garrafa a garrafa) que transforma garrafas usadas de refrigerantes, águas e isotônicos em embalagens novas, prontas para consumo. Hoje, o maior volume de PET reciclado acaba em flocos usados pelo mercado de fibras têxteis na produção de fios.

A tecnologia bottle-to-bottle, em outros países, já tem análises que já demonstram que a pureza do material reciclado equivale à do material virgem .

O processo de descontaminação da resina reciclada é o que pode garante à tecnologia a obtenção de uma "carta de não objeção" da FDA. Esta carta facilita a adoção da tecnologia na maioria dos mercados mundiais. Mas ainda assim precisa da palavra final da Anvisa. Segundo a Agência, o Brasil já possui legislação aprovando o uso de PET reciclado para contato com alimentos desde que haja uma camada interna de material virgem como barreira funcional.

Uma empresa européia solicitou à Anvisa a instalação, no Rio de Janeiro, de uma fábrica para produzir embalagens a partir de garrafas recicladas no sistema bottle-tobottle. A expectativa seria utilizar, em três anos, todo o excedente de PET do estado do Rio de Janeiro (42 mil toneladas por ano), num fenômeno semelhante ao que ocorreu com as latas de alumínio.

Entretanto, antes de adotar qualquer tecnologia, os fabricantes são unânimes: é preciso ter um sistema de coleta implantado de forma eficiente. Assim, entre os fatores que garantem o sucesso da tecnologia BTB estão a continuidade no suprimento de garrafas pós-consumo, a qualidade da tecnologia adotada, o tamanho e valor do mercado.

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Outro objetivo comum dos detentores desta nova tecnologia é a utilização do PET de fontes que jamais poderiam ser usadas nos processos convencionais de reciclagem. Eles também buscam obter a aprovação governamental para a aplicação com alimentos e ofertar uma resina livre de contaminantes mecânicos. Algumas tecnologias possibilitam a produção de um flake (floco), que dispensa a paletização antes da produção das pré-fôrmas.

A indústria pernambucana de reciclagem de garrafas feitas de Polietileno Tereftalato (PET), Frompet, está investindo R$ 10 milhões na ampliação de suas instalações e do mix de produção. Com a nova linha, a empresa passará a fabricar filmes e chapas que poderão ser utilizados pela indústria de termoformagem para fabricação de embalagens. Desde que começou a operar foram investidos aproximadamente R$ 30 milhões. Segundo o diretor da Frompet, Marcelo Guerra, o objetivo da empresa é exportar 50% da nova produção.

Para abastecer suas linhas de produção, a Frompet vai retirar do meio ambiente cerca de 1,5 mil toneladas de garrafas PET todos os meses. De 48 funcionários diretos, a empresa passou a empregar mais de 150 pessoas. Contando com os empregos indiretos, são mais de três mil pessoas envolvidas só na reciclagem.

Pet revalorizado vira nova garrafa

A Ferrostaal será a responsável técnica pela instalação no Brasil da primeira fábrica de reciclagem mecânica de PET pelo processo bottle-to-bottle. O empreendimento, considerado um dos mais modernos do mundo, pertence à Bahia Pet, grande fabricante nacional de pré-formas de PET, utilizadas na produção de embalagens sopradas para bebidas carbonatadas e não-carbonatadas. A construção da nova fábrica se dará ao longo do primeiro semestre deste ano no, Centro Industrial de Aratu, na Bahia. Com instalações avaliadas em torno de US$ 5 milhões, o projeto prevê a produção de 7.500 toneladas/ano de PET reciclado, que poderão ser utilizadas para injeção e extrusão, incluindo a fabricação de polietileno tereftalato para emprego têxtil. Fábricas com os mesmos padrões tecnológicos aos que serão instalados na unidade da Bahia Pet já vêm operando em várias partes do mundo - Alemanha, Sidney, Holanda e México.

A reciclagem mecânica de PET pelo sistema bottle-to-bottle compreende vários sistemas e operações, envolvendo etapas de trituração, lavagem, filtragem, secagem etc., que culminam com a renovação das características e propriedades dos polímeros usados, restituindo-lhes suas características para que voltem a se comportar como materiais virgens. Para o gerente da Ferrostaal do Brasil, Christoph D. Rieker, responsável pelo fornecimento de inúmeros equipamentos para o setor plástico brasileiro, fabricados por 14 grupos internacionais, a nova planta da Bahia Pet não só impulsionará a reciclagem de PET no País, hoje estimada em 40% da produção, representando cerca de 140 mil toneladas/ano de um total de cerca de 350 mil toneladas/ano, como também representa

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um passo à frente na história da reciclagem em virtude das maiores possibilidades oferecidas pelos novos sistemas. Hoje, o maior volume de PET reciclado é transformado em flocos utilizados pelo mercado de fibras têxteis, na produção de fios. A capacidade do mercado de fibras de absorver o PET reciclado, no entanto, segundo Christoph, é limitada e, por esse motivo, as indústrias têm visto com bons olhos a possibilidade de recuperar e reciclar para novos usos os materiais, manifestando total aceitação à idéia de implementar novos caminhos para a reutilização das embalagens produzidas em PET no País.

MAR DE GARRAFAS PET PRÓXIMO DO FIM

Rio pode ter a primeira fábrica de grande porte de embalagens de plástico reciclado

Com dez mil garrafas de pet retiradas da Baía de Sepetiba, Célio de Oliveira, da Associação Mageense de Defesa do Meio Ambiente (Amma), fez uma criativa casinha de quarto e sala à beira da Baía de Guanabara, na Praia da Piedade, em Magé. Um esforço notável, mas insuficiente para fazer desaparecer o mar de 960 milhões de garrafas pet utilizadas por ano no Estado do Rio.

Um empreendimento, no entanto, pode dar novo gás ao esforçado trabalho de iniciativas como as de Célio. Uma empresa européia de nome não revelado vai solicitar a instalação, na Zona Oeste do Rio, de uma fábrica de grande porte para produzir as embalagens a partir de garrafas recicladas, num sistema chamado bottle-to-bottle ( garrafa-para-garrafa).

Inicialmente, a empresa prevê a produção de sete mil toneladas por ano, exclusivamente a partir de pets reciclados. Mas, segundo José Roberto Giosa, executivo da Tomra Latasa, que coordenará o sistema de coleta do novo empreeendimento, em três anos a produção poderá utilizar todo o excedente de pets do estado, de 42 mil toneladas por ano. Seria, segundo ele, o fim das pets em praias, rios e canais, num fenômeno semelhante ao que ocorre com as latas de alumínio: - É o início do fim do mar de pets. Já temos o know how da coleta de latas, vamos estendê-lo às pets.

O investimento inicial será de US$3,5 milhões, com 50 empregos diretos e inauguração prevista para outubro de 2004. Porém, a empresa ainda terá que superar uma barreira legal para implantar este sistema no Brasil. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não autoriza ainda a reciclagem de pets para embalagens de alimentos como as garrafas de refrigerantes.

A tecnologia bottle-to-bottle, já aprovada na Europa e Estados Unidos, depende de análises para ser reconhecida no Brasil. Um grupo de trabalho formado por várias entidades de pesquisa foi encarregado de estudar a questão. Elena Garcia, gerente de meio ambiente do Centro de Tecnologia de Embalagens (Cetea), um dos institutos responsáveis pelas análises, explica o problema: - A empresa deve demonstrar que a pureza do material reciclado equivale à do virgem. O fator crítico é o lixo, mais contaminado que o de países desenvolvidos - diz Elena.

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O gerente de alimentos da Anvisa, Lucas Medeiros Dantas, diz que o grupo de trabalho está avaliando se as análises de viabilidade devem ser feitas individualmente ou se a melhor saída é a redação de uma nova portaria. Mas frisa que será do corpo técnico do órgão a palavra final.

O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pets (Abipet), Alfredo Setti, aprova a nova tecnologia, mas não acha a novidade capaz de acabar com o mar de pets: - Indústrias como a têxtil, que já trabalham com pet, ainda têm capacidade de absorver um aumento de 40% na coleta. No Rio, já há uma indústria pequena que trabalha com essa tecnologia de embalagens de produto de limpeza. A chegada dessa multinacional seria importante, mas não fundamental.

Amanhã o deputado estadual Carlos Minc, do PT, estará organizando uma manifestação pelo cumprimento da Lei estadual nº 3.369/2000, de sua autoria, que responsabiliza as empresas que utilizam pets pela destinação final das garrafas. Na sexta-feira, uma audiência pública na Alerj discutirá o mesmo assunto.

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ANEXOS 2

REPORTAGEM 2

Embalagem PET provoca polêmica 25/09/2007 O mercado de bebidas engarrafadas em PET está prestes a viver sua maior mudança desde a criação da resina que popularizou o segmento e abriu as portas para pequenos fabricantes. Depois de mais de seis anos em discussão na Comissão de Alimentos do Mercosul, no dia 9 de agosto a Anvisa colocou em consulta pública proposta que permite o uso de PET reciclável para a fabricação de novas embalagens de alimentos e bebidas. Faltam apenas detalhes burocráticos para que a medida entre em vigor, o que deve acontecer em 2008. A questão fica em aberto até o dia 9 de outubro e, depois da regulamentação aqui, passa por um processo de homologação nos quatro países - que dura mais 180 dias -para que, então, se publique a chamada "Resolução Mercosul". Trata-se de uma mudança importante, sobretudo em tempos de valorização da sustentabilidade. Até o momento, a reutilização do material para a fabricação de garrafas era proibida no bloco do Mercosul, ao contrário de países como Estados Unidos, Alemanha e Áustria. Até a publicação da resolução, o PET reciclado no Brasil só pode ser usado para outros fins, como a produção de fibra de poliéster para indústria têxtil e na fabricação de cordas e cerdas de vassouras e escovas. Usar o PET reciclado tem duas vantagens claras: ambiental e social. Garrafas recicladas usam menos energia na sua produção do que a resina virgem, além de reduzir o lixo e a emissão de gases. Atualmente, cerca de 80% dos refrigerantes vendidos no Brasil são embalados em PET e algumas pequenas empresas já começam a envasar cerveja nesse tipo de embalagem. A ong Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre) estima que, com o aumento da demanda, o preço do PET reciclado possa subir em até 30% para as cooperativas e catadores. O Brasil é o maior mercado mundial de reciclagem de PET. No ano passado, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), o índice de reciclagem do produto atingiu 47%. Num país como o Brasil, a coleta seletiva virou o ganha-pão de um exército de desempregados. Estima-se que existam entre 400 e 500 mil pessoas trabalhando informalmente na coleta de lixo no país. Apenas a indústria de reciclagem de PET gera cerca de quatro mil empregos diretos. Embora esses benefícios sejam nítidos, a viabilidade econômica do PET reciclado ainda é uma dúvida. A equação é a seguinte: enquanto o PET virgem é barato - foi o produto que democratizou o mercado e permitiu o acesso de centenas de novos fabricantes ao mercado de refrigerantes e água - a implantação de uma linha de reciclagem para reutilização da resina em bebidas e alimentos é cara. Estima-se que a montagem de uma fábrica completa fique entre R$ 20 e R$ 30 milhões. Por conta disso, a competitividade da resina reciclada em relação à virgem é baixa, ao contrário do alumínio. As empresas que já detém a tecnologia da reciclagem de PET para alimentos e bebidas, caso da BahiaPet e From PET, do Recife - que hoje trabalham apenas com exportação - dizem que a diferença de preço entre a resina reciclada e a virgem vai existir e deve ficar entre 15% e 20%. Mas nem todo mundo que atua nesse mercado concorda que o PET reciclado consiga essa vantagem competitiva. "O preço deve ficar muito próximo ao do PET virgem", diz Hermes Contesini, responsável pelas relações com o mercado da Abipet. O aumento da demanda pelo PET reciclado no mercado externo, onde o produto é bastante valorizado, também pode ajudar a desequilibrar essa conta. "As empresas também se preocupam com a rentabilidade do negócio, não apenas com o meio ambiente", diz Contesini. Embora seja permitido, o produto reciclado raramente é usado puro. Lá fora, as empresas costumam misturar o PET reciclado ao virgem, numa proporção média de 30% para 70%. A Coca-Cola é uma das maiores entusiastas do assunto e hoje vende garrafas de plástico reciclado em 17 países A Coca-Cola é uma das maiores entusiastas do assunto e investe pesado em tecnologia. Sua primeira

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garrafa de plástico reciclado foi produzida em 2001 e, atualmente, vende esse tipo de embalagem em 17 países. A multinacional tem parceria em fábricas de reciclagem de PET no México, Suíça, Filipinas, Alemanha, Áustria, França e Austrália, além de mais duas em construção na China. Mas a sua maior tacada nessa área foi anunciada em agosto, quando a Coca-Cola divulgou que irá investir US$ 60 milhões na maior fábrica de reciclagem de PET do mundo, na Carolina do Sul. O objetivo da companhia é reciclar e reutilizar 100% das garrafas de plástico produzidas nos Estados Unidos. A quantidade de resina reciclada na nova planta será equivalente à produção de 2 bilhões de garrafas. "A sustentabilidade do nosso negócio no longo prazo depende da nossa habilidade em assegurar a sustentabilidade das nossas embalagens", disse Sandy Douglas, presidente da Coca-Cola da América do Norte, na ocasião do anúncio. José Mauro de Moraes, diretor de meio ambiente da Coca-Cola Brasil calcula que o uso de resina reciclada no país deve começar com 10% do total. Em 2006, foram recicladas 174 mil toneladas. A empresa deve ser uma das que adotará o novo produto no Brasil - não sabe ainda se investindo diretamente ou comprando de fornecedores que sigam padrões mundiais da companhia. Moraes acredita que, além dos grandes, os fabricantes de bebidas de menor porte também devem ser um importante mercado para o PET reciclado. Já a AmBev não está entusiasmada com o novo produto. Diz que a maioria do PET no Brasil vem de lixões e não acredita que seja seguro reutilizá-lo em seus produtos. De fato, como a coleta seletiva de lixo ainda é realidade em apenas 200 dos cinco mil municípios brasileiros, atualmente 50% do produto reciclado vem de lixões e outros 50% de coleta seletiva, segundo estimativas da Abipet. Mas, de acordo com a Anvisa, a resolução será publicada somente depois que os critérios de descontaminação definidos na legislação assegurarem a saúde da população. A Anvisa fez pesquisas para conhecer as tecnologias para limpeza e descontaminação do PET reciclado usado nos EUA - onde o processo é aprovado pelo Food and Drug Administration (FDA) - e países da União Européia. Através de sua assessoria, a AmBev também informou que acredita que o PET reciclado seja economicamente inviável. A InBev, uma das maiores fabricantes de cerveja em PET da Europa, não tem nenhuma planta de reciclagem da resina e não tem estudo para instalação. A política das grandes empresas para estimular a reciclagem é apoiar cooperativas de trabalhadores, mas elas estão investindo para desenvolver novas tecnologias. A AmBev criou uma garrafa ecoeficiente, a chamada cinturinha, cujo design permite que 92 toneladas de PET sejam economizadas por ano, o equivalente a 1,84 milhão de garrafas. O rótulo 35% menor em relação ao das garrafas tradicionais evita o uso de mais 40 toneladas de plástico. A embalagem está sendo usada em cinco marcas. Já a Coca está investindo em tecnologia para promover o uso do PET reciclado na própria cadeia, como estantes usadas no ponto-de-venda - já em uso nos supermercados. Outro produto, os separadores de pallet, usados nas fábricas, já estão em estudo e devem ser vendidos ainda este ano. Fonte: .NecNews - Redação Brasil

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

Título da Monografia: A LOGÍSTICA REVERSA ALIADA AO MEIO

AMBIENTE

Autor: MARIA DO ROSARIO MELO DE AMARAL

Data da entrega: 29/01/2008

Avaliado por: EMILIA MARIA MENDONÇA PARENTONI Conceito: