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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA ANALISE DE VIABILIDADE ECONOMICA NA SUBSTITUIÇÃO DE MOTORES STANDARD POR MOTORES DE ALTO RENDIMENTO. Por: Juliano de Santana Borges Orientador Prof. Nelsom Magalhães. Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

ANALISE DE VIABILIDADE ECONOMICA NA SUBSTITUIÇÃO

DE MOTORES STANDARD POR MOTORES DE ALTO

RENDIMENTO.

Por: Juliano de Santana Borges

Orientador

Prof. Nelsom Magalhães.

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

ANALISE DE VIABILIDADE ECONOMICA NA SUBSTITUIÇÃO

DE MOTORES STANDARD POR MOTORES DE ALTO

RENDIMENTO.

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada

como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Engenharia de Produção

Por: . Juliano de Santana Borges

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3

AGRADECIMENTOS

Ao meu amigo Fabiano pelo apoio na

realização deste trabalho, motivando-me

com seu exemplo de disciplina e

determinação. Ao professor Nelsom pela

sua presteza na orientação.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a meus pais, Alael e

Tânia, aos meus irmãos, Januária e João, e a

meus sobrinhos, Joana, Maria e João.

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RESUMO

Comenta os princípios de funcionamento, as grandezas que caracterizam os

motores elétricos. Aborda os cálculos utilizados no dimensionamento de um motor

elétrico e na analise de viabilidade econômica para decisão entre as linhas Standard e

de Alto Rendimento. Relata características construtivas e compara as linhas Standard

e de Alto rendimento. Exemplifica um estudo de caso onde se deve analisar a

viabilidade na substituição de um motor que necessita de manutenção.

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METODOLOGIA

Há uma disponibilidade grande de textos acerca de motores elétricos, que

abordam desde os fenômenos e teorias de funcionamento, até o dimensionamento e

análise de viabilidade econômica para sua aplicação. Todavia, existe uma quantidade

escassa de material que aborde tais temas num só texto.

Este trabalho segue uma ordem de apresentação crescente, partindo dos

conceitos que fundamentam o funcionamento dos motores e suas características

construtivas, seguido de um comparativo entre os motores Standard e de Alto

Rendimento, finalizando com os critérios para o dimensionamento e a análise de

viabilidade econômica. Utiliza-se também de um estudo de caso para exemplificar a

aplicação de parte dos cálculos apresentados. Foi realizada uma pesquisa

bibliográfica, o que inclui fontes como livros, artigos, apostilas encontradas em sites

acadêmicos.

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7

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ........................................................................................................................ 3

DEDICATÓRIA ................................................................................................................................. 4

RESUMO ........................................................................................................................................ 5

METODOLOGIA .............................................................................................................................. 6

SUMÁRIO ....................................................................................................................................... 7

CAPÍTULO I ................................................................................................................................... 10

MOTORES ELÉTRICOS - O CONCEITO ........................................................................................... 10

CAPÍTULO 2 .................................................................................................................................. 17

MOTORES STANDARD E DE ALTO RENDIMENTO ......................................................................... 17

CAPÍTULO 3 .................................................................................................................................. 19

DIMENSIONAMENTO DE MOTORES ELÉTRICOS .......................................................................... 19

CAPÍTULO 4 .................................................................................................................................. 24

ANALISE DE VIABILIDADE ECONOMICA ....................................................................................... 24

CAPÍTULO 5 .................................................................................................................................. 33

ESTUDO DE CASO ........................................................................................................................ 33

CONCLUSÃO ................................................................................................................................ 37

BIBLIOGRAFIA. ............................................................................................................................. 38

INDICE .......................................................................................................................................... 40

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INTRODUÇÃO

Ao longo dos anos a industrialização, o crescimento econômico e as

crescentes inovações tecnológicas, vêm causando aumento substancial na

demanda de energia elétrica. A falta de investimentos no setor de geração,

transmissão e distribuição de energia, faz da racionalização do uso de energia

elétrica uma ferramenta de apoio importante ao crescimento sustentável do

País.

Mudança de hábitos de consumo visando o uso racional da energia,

pesquisas de novos materiais, técnicas de produção, dimensionamento preciso

e aperfeiçoamento de equipamentos para redução de perdas energéticas,

enfim, todas essas ações contemplam o que se chama de eficiência

energética.

Entre outras coisas, a busca pela eficiência energética culminou no

desenvolvimento equipamentos com diferentes valores de rendimento e de

preço, como por exemplo, os motores elétricos, que atualmente possuem

modelos de diversos preços e características construtivas, o que torna

indispensável realizar uma análise técnica e econômica para se determinar a

escolha mais viável para uma dada aplicação.

Segundo dados do Ministério de Minas e Energia em 2007, o setor

industrial é responsável por 43% do consumo anual de energia no Brasil.

Dentro deste setor, onde há maior demanda de energia elétrica, os motores

são responsáveis por aproximadamente 55% deste consumo.

Neste trabalho são abordados os principais aspectos relacionados com

o dimensionamento e a análise econômica da aplicação de Motores Elétricos

de Indução Trifásicos de Alto Rendimento. Inicialmente são descritos o

princípio de funcionamento dos motores e as principais características técnicas

e construtivas que diferenciam os motores elétricos standard dos motores de

alto rendimento. Em seguida são apresentados os fatores e critérios

econômicos que permitem analisar qual o motor mais indicado para

determinada aplicação ou quão é viável a substituição de um motor standard já

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implantado. Como objeto de exemplificação é mostrado um estudo de caso,

onde se deve optar entre a manutenção de um motor Standard ou a aquisição

de um motor de Alto Rendimento.

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CAPÍTULO I

MOTORES ELÉTRICOS - O CONCEITO

O motor elétrico é uma máquina que transforma energia elétrica em

energia mecânica, em geral, energia cinética. [4]

Existem dois grandes grupos: motores de corrente contínua (DC) e

motores de corrente alternada (AC).

Os motores DC são acionados por uma fonte de corrente contínua e

são conhecidos por seu controle preciso de velocidade e por seu ajuste fino,

sendo, portanto, largamente utilizados em aplicações que exigem tais

características.

Os motores AC são aqueles acionados por uma fonte de corrente

alternada. São utilizados na maioria das aplicações industriais. Podem ser

monofásicos ou trifásicos. Dentro da família dos motores trifásicos existem os

chamados motores assíncronos de indução trifásicos com rotor de gaiola, que,

por serem os mais utilizados, são o objeto de estudo ora apresentado.

1.1 Motores Assíncronos de Indução Trifásicos com Rotor de

Gaiola.

O motor de indução trifásico, como já foi citado, é o tipo mais utilizado

na indústria atualmente. Tem a vantagem de ser mais econômico em relação

aos motores monofásicos tanto na construção quanto na utilização.

Devem ser alimentados por um sistema trifásico a três fios, em que as

tensões estão defasadas de 120º elétricos.

1.1.1 - Constituição do motor de indução.

O motor assíncrono é constituído basicamente, pelos seguintes elementos:

Estator – parte fixa do motor onde se geram os campos magnéticos. As

partes que compõe um estator estão indicadas na Figura 1 e descritas na

Tabela 1;

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Rotor – É a parte móvel do motor, ligada ao eixo de transmissão de

movimento. As partes que compõe um rotor estão indicadas na Figura 1 e

descritas na Tabela 2;

A Tabela 3 indica os demais acessórios que compõe o motor.

Figura 1 - Detalhamento do motor elétrico. (WEG, 2002, pág. D-9)

Tabela 1 – Composição do estator. (WEG, 2002, pág. D-9)

ESTATOR

1 Carcaça Constituída de uma estrutura de construção robusta, fabricada em

ferro fundido, aço ou alumínio injetado, resistente à corrosão e com

superfície aletada e que tem como principal função suportar todas as

partes fixas e móveis do motor.

2 Núcleo de

chapas

As chapas são de aço magnético tratadas termicamente para reduzir

as perdas no ferro.

Constituído de chapas magnéticas adequadamente fixadas ao estator.

8 Enrolamento

trifásico

Três conjuntos iguais de bobinas, um para cada fase, formando um

sistema trifásico ligado a rede trifásica de alimentação.

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Tabela 2 – Composição do rotor. (WEG, 2002, pág. D-9)

ROTOR

7 Eixo Transmite a potência mecânica desenvolvida pelo motor.

3 Núcleo de

chapas

Constituído de chapas magnéticas adequadamente fixadas sobre o

eixo.

12 Barras e

anéis de

curto

circuito

São de alumínio injetado sobre pressão numa única peça.

Tabela 3 – Outras partes. (WEG, 2002, pág. D-9)

OUTRAS ARTES

4 Tampa

5 Ventilador

6 Tampa defletora

9 Caixa de ligação

10 Terminais

11 Rolamentos

1.1.2 – Princípios de funcionamento do motor com rotor em gaiola.

O Rotor em Gaiola é constituído por um conjunto de barras não

isoladas e interligadas através de anéis condutores curto-circuitados.

O motor de indução opera normalmente a uma velocidade constante,

entretanto, a depender da carga aplicada no eixo há uma ligeira variação.

O funcionamento de um motor de indução baseia-se no princípio da

formação do campo magnético rotativo produzido no estator pela passagem da

corrente alternada em suas bobinas. O fluxo gerado por efeito de sua variação

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se desloca em volta do rotor, induzindo neste, correntes elétricas que tendem a

se opor ao campo rotativo, sendo, no entanto, arrastado por este.

O rotor em nenhuma hipótese atinge a velocidade do campo rotativo,

pois, tal diferença é necessária para haver correntes induzidas gerando o

fenômeno magnético rotórico, responsável pelo trabalho mecânico do rotor.

A velocidade angular do rotor se aproxima da velocidade síncrona do

campo girante do estator quanto menos carga houver em seu eixo. Quando o

motor está sem a presença de carga mecânica no eixo, o rotor desenvolve uma

velocidade angular de valor praticamente igual à velocidade síncrona do campo

girante do estator.

Adicionando-se carga mecânica ao eixo, o rotor diminui a sua

velocidade. A diferença entre as velocidades síncrona e a do rotor é

denominada escorregamento, que representa a fração de rotação que perde o

motor a cada rotação do campo rotórico. O escorregamento, em termos

percentuais é dado pela Equação:

� = (��– �)���

Eq. 1

1.2 Grandezas elétricas e mecânicas.

1.2.1 – Potência Nominal.

Por definição, potência é a relação entre energia gasta para realizar um

determinado trabalho e o tempo em que o mesmo foi executado. A potência

nominal de um motor é a potência que o mesmo pode fornecer ao eixo, em

regime contínuo, sem que os limites de temperatura nos enrolamentos

excedam os limites estabelecidos pela classe de isolamento do motor. Quando

se aplica uma carga que exige uma potência superior à nominal do motor,

ocorre uma elevação na temperatura do mesmo, reduzindo a vida útil da carga,

podendo danificar o isolamento até se estabelecer um curto-circuito interno e

conseqüentemente sua queima.

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1.2.2 – Tensão Nominal.

As tensões de maior utilização nas instalações elétricas industriais são

de 220V, 380 V, 440 V. A ligação do motor num determinado circuito depende

das tensões nominais múltiplas para as quais foi projetado.

Os motores devem trabalhar dentro de limites de desempenho

satisfatório para uma variação de tensão de +-10% de sua tensão nominal,

desde que a freqüência não varie.

1.2.3 – Freqüência Nominal.

É aquela fornecida pelo circuito de alimentação e para a qual o motor

foi dimensionado.

1.2.4 – Corrente Nominal.

A corrente nominal é a solicitada da rede de alimentação pelo motor

funcionando à potencia nominal, com freqüência e tensões nominais.

O valor da corrente de um motor é dado pela equação:

�� = ���.�� √�.�.�.���� (�) Eq. 2

�� - potência nominal do motor, em cv;

V – tensão nominal trifásica, em volts;

� - rendimento do motor

Cos� - fator de potência sob carga nominal.

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1.2.5 – Fator de Serviço.

Representa uma potência adicional contínua do motor. Através do fator

de serviço é possível se obter a carga permissível que o mesmo pode acionar,

em regime contínuo, dentro de condições estabelecidas por norma.

1.2.6 – Perdas Ohmicas.

Para iniciar e manter seu funcionamento o motor absorve do circuito de

alimentação uma determinada potência. Entretanto a potência mecânica de

saída é sempre menor do que a potência de alimentação, devido a perdas

internas em forma de calor gerado pelo aquecimento de bobinas dos

enrolamentos e outras. A relação entre a potência essencialmente

transformada em potência mecânica e a potência absorvida da alimentação dá-

se o nome de rendimento.

As perdas verificadas no motor elétrico são:

Perdas Joule nas bobinas estatóricas (Perda no cobre);

Perdas Joule nas bobinas rotóricas (Perda no cobre);

Perdas magnéticas estatóricas (perda no ferro);

Perdas magnéticas rotóricas (perda no ferro);

Perdas por ventilação;

Perdas por atrito dos mancais.

A Figura 2 ilustra o balanço das potências e perdas elétricas:

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Figura 2 – Balanço das Potências e Perdas Elétricas. (FILHO, 2007, Pag. 275)

1.3 Expectativa de vida útil.

A vida útil de um motor está intimamente ligada ao aquecimento das

bobinas dos enrolamentos fora dos limites previstos na fabricação da máquina,

o que acarreta temperaturas superiores aos limites de isolação. Assim, uma

elevação de temperatura de 10ºC na isolação de um motor reduz sua vida útil

pela metade.

É também afetada pelas condições desfavoráveis de instalação, tais

como umidade, ambiente com vapores corrosivos, vibrações, etc.

O aquecimento, fator principal da redução da vida útil de um motor,

provoca o envelhecimento gradual e generalizado do isolamento até o limite de

tensão a que está submetido, quando então o motor ficará sujeito a um curto-

circuito interno de conseqüência desastrosa.

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CAPÍTULO 2

MOTORES STANDARD E DE ALTO RENDIMENTO

Pode-se dizer que os motores de alto rendimento são motores

projetados e construídos tendo em vista o seu rendimento, além do custo de

fabricação. Para tanto, as principais dimensões e materiais empregados são

otimizados a fim de obter-se um alto rendimento, resultando num custo maior,

cerca de 30% maior do que motores standard. [3]

As principais alterações que são feitas são descritas a seguir. Deve-se

salientar que nem todos os fabricantes utilizam todas as características que

são descritas, uma vez que o número de variáveis que influenciam o

rendimento é vasto.

a) Chapas Magnéticas: as chapas que compõem o rotor e o estator são

de melhor qualidade, resultando em perdas por histerese e por correntes

induzidas menores que as chapas utilizadas nos motores normais. Alterações

nas chapas também podem incluir redução da espessura e tratamento térmico

para redução de perdas.

b) Enrolamentos do Rotor e do Estator: os enrolamentos de cobre do

estator e de alumínio do rotor possuem um volume maior de material, fazendo

com que a resistência elétrica dos mesmos seja menor, desta forma reduzindo

as perdas por efeito Joule. Alguns fabricantes também utilizam materiais com

menor resistividade.

c) Ventilador: são otimizados de forma a ter uma maior eficiência,

reduzindo as perdas por ventilação. Uma vez que o motor possui menos

perdas, a necessidade de ventilação também diminui, contribuindo para a

redução da potência necessária para o ventilador.

d) Rolamentos: são empregados rolamentos especiais com menor

coeficiente de atrito que os normalmente empregados. Desta forma, a vida útil

dos rolamentos é em geral maior do que a dos rolamentos comuns.

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e) Dimensões Principais: o diâmetro do rotor, as ranhuras, o entreferro

e o comprimento axial do motor são especialmente dimensionados para

proporcionar um rendimento elevado para o motor.

f) Tolerâncias Mecânicas Melhores: utilizando-se ferramentas de maior

precisão, as tolerâncias de fabricação podem ser sensivelmente reduzidas,

diminuindo desbalanços e imperfeições, componentes que contribuem para as

perdas adicionais. Desta forma, máquinas com entreferro menores podem ser

fabricadas, as quais necessitam menores correntes de magnetização e melhor

fator de potência e rendimento. Menores tolerâncias também resultam em

menor nível de ruído e menor vibração.

Como resultado das alterações acima, os motores de alto rendimento

em geral apresentam as seguintes características: menor temperatura de

trabalho resultando numa vida útil maior, menor necessidade de manutenção e

menor nível de ruído devido ao melhor balanceamento e menores tolerâncias

de fabricação. Deve-se também salientar que as características citadas variam

de fabricante para fabricante, sendo que nem todos os fabricantes adotam as

mesmas medidas para elevar o rendimento.

A norma brasileira NBR 7094 estabelece níveis mínimos de rendimento

que devem ser apresentados por motores designados como de alto rendimento

pelo fabricante. Este valores de referência das normas pode muitas vezes ser

empregados para fins de análise técnica e econômica.

As características acima descritas conduzem a um motor com perdas

menores que os motores normais, resultando numa melhora do rendimento.

Este aumento do rendimento em relação aos motores normais varia com a

potência do motor e com o fabricante, não sendo, portanto um valor constante.

A diferença no rendimento diminui com o aumento da potência nominal. Deve-

se, no entanto, atentar sempre para o valor absoluto em termos de kW entre as

perdas de um motor normal e de um de alto rendimento. Para grandes

motores, mesmo uma pequena diferença no rendimento pode levar a uma

redução significativa no consumo do motor em termos de kWh.

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CAPÍTULO 3

DIMENSIONAMENTO DE MOTORES ELÉTRICOS

Pesquisas realizadas por concessionárias e fabricantes indicam que a

maioria dos motores opera com potência abaixo de seu valor nominal. Num

estudo efetuado pelas Centrais Elétricas de Minas Gerais (Cemig), em sua

área de concessão, constatou-se que no universo de 3.425 motores, 28,7%

encontravam-se superdimensionados e 5,9% com sobrecarga. [5]

O dimensionamento com excessiva margem de segurança, o

desconhecimento do pleno comportamento das cargas, os requisitos de

elevados conjugados de partida fazem com que uma grande quantidade dos

motores atualmente instalados no Brasil opere com cargas inferiores a 50% da

potência nominal.

O superdimensionamento acarreta em elevadas correntes prejudiciais

à rede bem como acrescenta potência reativa indutiva, necessitando de

capacitores adicionais para sua correção. Além desses distúrbios, motores

superdimensionados operam com um rendimento inferior e elevado consumo

de energia, causando um custo elevado do processo.

Preliminarmente para o dimensionamento da potência nominal do

motor elétrico trifásico, é importante considerar os seguintes aspectos:

-O conjugado motor desenvolvido deve ser superior ao conjugado

resistente, desde a condição de repouso até o regime;

-A elevação de temperatura, proveniente das perdas nas condições de

partida, regime e frenagens, não pode superar à definida pela classe de

temperatura do motor.

Quando o motor trabalha de maneira constante, com carga constante

durante longo período, diz-se que o motor está trabalhando no regime contínuo

denominado S1 pela NBR7410 da ABNT. Neste regime de trabalho, o motor,

após acionar uma carga constante mantém-na por tempo suficientemente

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longo para ele atingir sua temperatura de equilíbrio térmico. A partir daí, seu

funcionamento pode se prolongar por várias horas, dias, ou meses, sem

interrupções.

O regime de trabalho S1 é encontrado em diversas máquinas,

ventiladores, exaustores, bombas centrífugas, compressores de ar, bombas de

alimentação de caldeiras a vapor etc.

A escolha do motor para acionar qualquer uma destas máquinas, parte

do conhecimento preliminar de qual potência é requerida pela máquina.Tal

motor deverá ter uma potência igual ou superior à potência requerida, no caso

do acoplamento direto. Se o acoplamento for efetuado por um multiplicador ou

redutor de velocidades, deve-se acrescer à potencia as perdas no

acoplamento.

Diz-se que o regime de operação é intermitente quando o motor é

requisitado durante curtos períodos e permanece em funcionamento em vazio,

entre duas solicitações de carga.

Embora as normas considerem os regimes de serviço como contínuo

ou intermitente, os regimes reais, normalmente, são irregulares e não se

enquadram perfeitamente nesses dois tipos de regimes. Um exemplo típico

deste tipo de carga pode ser encontrado nas bombas que suprem os

reservatórios de água das cidades, cujo consumo varia durante o dia. Nesse

caso não se deve escolher a potencia do motor pelo Maximo valor da carga do

diagrama, pois o motor estaria superdimensionado a maior parte do tempo.

Também não se deve escolher o menor valor, pois, neste caso, o motor estaria

subdimensionado, dessa forma sua vida útil seria encurtada e haveria um

aumento do risco de um defeito devido à destruição precoce do isolamento. A

escolha pela potência média também não seria a adequada, pois haveria

superaquecimento do motor durante os períodos em que a carga fosse maior

do que a sua potência nominal. Neste caso só seria aceitável, quando as

flutuações da carga fossem comparativamente pequenas.

A Figura 5 mostra um diagrama de carga de uma máquina em que a

carga varia de forma discreta, isto é, durante os períodos de operação

�, ��, ��, … ela se mantém constante. Num caso real é esperado que as

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variações ocorram de forma contínua, porém, por métodos aproximativos é

possível transformar estas variações contínuas em variações discretas,

conforme mostra a Figura 3.

Figura 3 –Gráfico do regime contínuo com corrente variável. (CEPEA, 2002, pag. 5)

A adequada especificação de um motor para realizar o acionamento

desta máquina é realizada pelo Método da Corrente Equivalente. Este método

se baseia no princípio de que o valor eficaz de uma corrente variável, ou seja, o

calor produzido por uma corrente variável no tempo é igual ao calor produzido

por uma corrente contínua equivalente. No caso de uma corrente alternada

senoidal, � = � � �!�, o valor eficaz equivalente é igual a � " = � √�, sendo � a

amplitude da onda senoidal. Essa expressão é proveniente da equação

seguinte, considerando-se T como o período da onda senoidal.

#$% = &'( )�*+'

Eq. 3

Dessa forma, sob o ponto de vista térmico, o motor estará

corretamente dimensionado se a sua corrente nominal for igual ou maior do

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que a corrente equivalente eficaz correspondente às variações da corrente

solicitada pelo motor durante sua operação, ou seja, �� ≥ � ".

Para o diagrama da Figura 4, esta corrente equivalente terá seu

resultado encontrado através da equação:

#$% = &∑ #)�+).∑ +). Eq. 4

Figura 4 – Gráfico do regime contínuo com potência variável. (CEPEA, 2002, pag. 6)

A Equação 4 pode ser escrita, substituindo, no diagrama de carga, a

corrente pela potência mecânica fornecida pelo motor (Figura 4).

Isto é possível porque, nos motores de indução, para variações da

carga dentro de limites comparativamente próximos, o fator de potência e o

rendimento permanecem praticamente constantes, o que permite estabelecer

uma relação direta entre a corrente e a potência mecânica fornecida no eixo.

Este método de escolha do motor denomina-se Método da Potência

Equivalente.

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/01 = &∑ 2345367∑ 5367 Eq. 5

Após o motor ter sido escolhido sob o ponto de vista térmico, deve-se

verificar se ele atende aos requisitos de ordem mecânica, isto é, se o seu

conjugado máximo é maior do que o máximo conjugado exigido pela carga

durante o período. Deve ser observada a relação abaixo:

89á;8< < > ∴ @8< > 89á; Eq. 6

Sendo:

8< Potência nominal do motor escolhido;

� á� Máxima Potência do diagrama de carga;

B Fator de Sobrecarga Momentânea do motor escolhido;

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CAPÍTULO 4

ANALISE DE VIABILIDADE ECONOMICA

Uma vez dimensionadas a potência e demais parâmetros elétricos de

um motor, resta determinar se o motor a ser adquirido será da linha Standard

ou de Alto Rendimento. Obviamente o custo de aquisição de um motor

Standard é menor do que o de Alto Rendimento, entretanto, por proporcionar

uma redução nos custos com energia elétrica, muitas vezes a aquisição de um

motor de Alto Rendimento é justificada economicamente.

Para garantir uma decisão mais precisa, existem diversos tipos de

análise econômica que podem ser realizadas. Cada tipo de análise tem o

objetivo de determinar um parâmetro que quantificará os resultados

econômicos esperados.

Inicialmente é importante estabelecer que no projeto o conceito de

investimento é a diferença entre os custos de aquisição entre duas linhas de

motores, Alto Rendimento e Standard.

Nos projetos já implantados e com unidades existentes a serem

substituídas é recomendável considerar os custos gerados pela substituição,

tais como os custos de adaptação da instalação para a nova unidade e do

número de horas paralisadas.

Nos custos operacionais é considerado apenas o custo da energia

consumida pelo motor em funcionamento. Os demais custos operacionais (por

exemplo, manutenção) em suma são semelhantes para ambas as linhas de

motores, Alto Rendimento e Standard.

Economia Mensal de Energia.

Na condição de regime, a energia absorvida pelo motor no ciclo de t

estágios de carga é:

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Tabela 4 - Ciclo de carga. (JÚNIOR, 2001, Pag. 5)

Período

(horas)

Pmec

(kW)

Rendimento

η (%)

/CDE

(kW)

Energia Consumida

kWh

t1 P1 η1 P1 P1. t1 / η1

t2 P2 η2 P2 P2. t2 / η2

t3 Zero Zero Zero Zero

tt Pt ηt Pt Pt. tt / ηt

O período de tempo t3, onde a potência absorvida é zero, pode

caracterizar duas situações: motor desligado, em repouso; e motor ligado em

estado de espera, absorvendo a potência de vazio, 8FGH.

A energia absorvida pelo motor em regime no ciclo é determinada pela

equação:

IJKJLMN = /O. POQO + /S. PSQS + (TUVW). PX +…… .+/5 . P5Q5 Eq. 7

O período do ciclo, T em horas é determinado por:

Y = PO + PS + PX +⋯+ P5 Eq. 8

A energia necessária durante a partida, ou seja, do repouso até atingir

a velocidade de regime é o somatório da energia despendida para acelerar as

partes girantes do próprio rotor, da carga, do acoplamento, além das perdas do

sistema.

Energia total absorvida pelo enrolamento do rotor:

E equação que determina a energia dissipada no enrolamento do rotor,

[\]^��_]^���^, durante a aceleração até o regime é dada por:

[\]^��_]^���^ = `�.a�². cd�. [cd − cg]

Eq. 9

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26

Energia total absorvida pelo enrolamento do estator:

A equação que quantifica a energia dissipada no enrolamento do

estator é dada por:

[\]^��_] ��]��^ = gg′� . [\]^��_]^���^ Eq. 10

g Resistência ôhmica, por fase, do estator.

g′� Resistência ôhmica, por fase, do rotor, referida ao estator.

Portanto, a energia total dissipada nos enrolamentos durante a partida,

[\]^��_]: [\]^��_] =[\]^��_]^���^ + [\]^��_] ��]��^ Eq. 11

Energia total absorvida nas partidas:

A energia total absorvida nas partidas é determinada pelo somatório

das energias dissipadas em cada uma das j\ partidas do ciclo.

[�k�� =lm `�. a��. cd�. (cd − cg�) + gg′� + `�. a��. cd�. (cd − cg�)nj\

�o

Eq. 12

Energia total consumida em um ciclo:

A energia total consumida num ciclo contabiliza a energia consumida

durante as partidas e no regime:

[���p� = [���p�g +[�]^��_] Eq. 13

[���p� = q�. �� + ��. ���� + (r ^�). �� +…… .+��. ����s

+lm `�. a��. cd�. (cd − cg�) + gg′� + `�. a��. cd�. (cd − cg�)nj\

�o

Eq. 14

A energia consumida mensalmente será:

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27

[ ��]p = �.[���p�. t_u Eq. 15

[ ��]p Energia mensal consumida pelo motor em kWh.

t_ Número de horas de operação do motor por dia.

Aplicando-se essa equações para cada linha de motor, Standard e Alto

Rendimento, tem-se o consumo médio mensal de energia elétrica em cada

caso. A redução no consumo proporcionada pelo motor de Alto Rendimento é,

portanto:

∆[ ��]p = [ ��]p�w −[ ��]p�g Eq. 2

Onde:

∆[ Redução do consumo mensal;

[ ��]p�w Consumo mensal do motor Standard;

[ ��]p�g Consumo mensal do motor Alto Rendimento.

Economia mensal da energia consumida:

A Economia mensal da energia consumida ou a economia com o Custo

Operacional mensal operacional, ∆cx em R$/Mês, proporcionada pelo motor

de Alto Rendimento é:

∆cx = ∆[. c[ Eq. 173

CE Custo Médio da energia da Concessionária em R$/kWh.

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28

4.1 Tempo de retorno simples.

O tempo de Retorno Simples, em suma, determina o tempo necessário

para que a diferença de capital investido na aquisição do motor de alto

rendimento seja recuperada através de parcelas mensais provenientes da

economia mensal proporcionada na conta de energia. Complementando, o

Tempo de Retorno permite estabelecer uma forma de concluir se o

investimento dará retorno a curto, médio ou longo prazo, ou até mesmo se não

haverá retorno ao longo da vida útil do motor. Não existe um valor ótimo ou

aceitável pré-estabelecido para o tempo de retorno que atenda a todos os

casos e organizações, uma vez que depende das expectativas do investidor e

da comparação com outras formas de investimento do capital.

Para o tempo de vida útil médio de um motor (13,3 anos), a literatura

recomenda obter o retorno em 2 anos, entretanto, em geral, é aceitável um

tempo de retorno menor do que 4 anos. Tempos de retorno muito próximos ou

que excedam a vida útil esperada do motor são indesejáveis. Após decorrido o

tempo de retorno, naturalmente a economia mensal de energia passa a ser

considerada, do ponto de vista econômico, como ganho de capital até o

término da vida útil do motor.

O tempo de retorno simples não considera a capitalização do valor da

economia mensal (taxa de juros zero) e é dado pela seguinte fórmula:

Yyz = ∆{|∆{} Eq. 4

∆{| = {|CN − {|E~ Eq. 59

∆{| Custo adicional na aquisição de um motor de Alto Rendimento

{|CN Custo de aquisição de um motor de Alto Rendimento.

{|E~ Custo de aquisição de um motor Standard.

Yyz Tempo de Retorno Simples.

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29

Como as parcelas de retorno consideradas são mensais, o valor obtido

com a equação acima deverá ser aproximado para o próximo inteiro.

4.2 Tempo de Retorno Capitalizado.

O tempo de retorno capitalizado considera uma determinada taxa de

juros e o fato de que a economia será auferida em parcelas mensais, cujo valor

presente líquido será menor. O valor presente líquido se refere ao valor da

soma de todos os investimentos e receitas referenciadas a uma única data pela

taxa de juros.

Considerando uma taxa de juros i em valores percentuais e

considerando k períodos (meses), obtém-se o seguinte valor presente das

parcelas mensais:

∆{}� = q�1 + KO���

� − 1sK

O�� . �1 + KO���

� . ∆{}

Eq. 20

A fim de determinar o tempo de retorno capitalizado deve-se igualar o

valor presente com o custo adicional e considerar o número de períodos como

incógnita.

∆{| = q�1 + KO���

�yJ − 1sK

O�� . �1 + KO���

�yJ . ∆{}

Eq. 21

Utilizando-se de logaritmos em ambos os lados da equação, pode-se

determinar o tempo de retorno capitalizado.

YyJ =�W� � ∆��

∆���∆��. 37���

�W� �1 + KO���

Eq. 6

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30

Ao aplicar-se essa equação, caso a mesma forneça um valor não

inteiro, deve-se aproximá-lo para o próximo valor inteiro. Este valor é dado em

número de meses.

Como no retorno capitalizado cada uma das parcelas mensais de

economia é multiplicada por um fator de desconto, conseqüentemente o

número de meses do retorno será maior do que o obtido no retorno simples.

4.2.1 - Tempo de Retorno Capitalizado considerando Aumento do

Custo da Energia.

A determinação do tempo de retorno também pode incluir o efeito do

aumento mensal do custo do kWh. Para considerá-lo no cálculo deve-se

primeiramente determinar uma taxa de juros líquida, obtida pela seguinte

fórmula:

�� = �1 + KO���

�1 + K�O���

− 1

Eq. 7

�� - taxa de juros líquida considerando o aumento do custo da energia

� - taxa de aumento mensal da energia em %

A fórmula para o cálculo do tempo de retorno capitalizado será então

dada pela expressão:

YyJ =�W� � ∆��

∆���∆��. 3�7���

�W� �1 + K�O���

Eq. 8

4.3 - Energia Economizada ao longo da Vida Útil.

Devido ao fato dos motores de alto rendimento proporcionar menores

perdas que motores normais, a economia de energia que advém desse fato, se

estende do momento em que foram instalados até o final de sua vida útil. Tal

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economia pode ser bastante significante tendo em vista que o consumo de

motores representa mais que 55% da energia total consumida em instalações

industriais. Além disso, o menor consumo do motor poderá proporcionar uma

economia indireta, caso o mesmo auxilie na redução de demanda em horários

de ponta ou na redução da demanda total contratada. Nos casos em que a

energia seja auto-gerada, esta parcela representa uma energia que não

precisará ser produzida, reduzindo gastos direta e indiretamente.

{�� = ∆I. �� Eq. 9

C�� -energia total economizada em kWh durante a vida útil do motor;

V� - vida útil do motor em meses.

A vida útil do motor pode ser determinada pela Tabela 5, em função da

potência de saída do motor.

Tabela 5 – Vida útil. (ANDREAS, 1982, pag. 125)

Potência (HP) Tempo de vida útil(anos) Vida média(anos)

Menor do que 1 10 a 15 12,9

1 a 5 13 a 19 17,1

5 a 20 16 a 20 19.4

21 a 50 18 a 26 21,8

50 a 125 24 a 33 28,5

Maior 125 25 a 38 29,3

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4.4 Valor Retornado ao longo da vida útil.

Como já citado, a economia de energia proporcionada por um motor de

alto rendimento se perpetua por toda sua vida útil, portanto, para se estimar o

valor total em R$ retornado ao longo da vida útil, sem considerar a

capitalização, utiliza-se a seguinte expressão:

4.4.1 Valor Retornado simples.

{yz ={��. {I −∆{| Eq. 106

c^� – valor retornado líquido simples

Nessa expressão foram levados em conta o desconto do valor

adicional investido na aquisição do motor de alto rendimento, uma taxa de juros

igual a zero, e um custo de kWh constante ao longo dos meses.

4.4.2 Valor Retornado Capitalizado.

O valor Retornado Capitalizado será obtido através da fórmula:

{yJ = q�1 + KO���

�� − 1sK

O�� . �1 + KO���

�� . ∆Ex{I − ∆{|

Eq. 117

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33

CAPÍTULO 5

ESTUDO DE CASO

Como exemplo de aplicação, demonstra-se a seguir, um caso

vivenciado no SAAE (Sistema Autônomo de Água e Esgoto). Um motor de

indução trifásico, utilizado no bombeamento de água e que funcionava em

regime permanente à plena carga, necessitava de uma manutenção corretiva,

que consistia no seu rebobinamento. Juntamente com o orçamento de

manutenção do referido motor, foi feito um orçamento para aquisição de um

novo motor de características elétricas equivalentes, porém de alto rendimento.

Com o objetivo de se definir qual o investimento seria o mais viável a médio e

longo prazo, realizou-se a análise de viabilidade Econômica, exposta abaixo:

Dados do motor Standard:

Tabela 6 – Dados dos motores. (Elaborado pelo autor)

Dados Motor Standard Rebobinado Motor Alto Rendimento Potência 250cv(185kW) 250cv(185kW) Tensão 380V 380V Frequencia 60Hz 60Hz Nº de Pólos 4 4 Rendimento 91,5% 95% Fonte WEG.

O valor para manutenção do motor Standard é de R$9.000,00.

O valor para aquisição do motor de Alto Rendimento é de R$29.000,00.

Custo da Energia Elétrica (Tarifa Verde):

kWh Na Ponta = R$1,29087

kWh Fora de Ponta = R$ 0,13782

Considerando que o motor funciona 24h por dia, a Média do kWh:

Custo do kWh = R$0,28

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Energia consumida diariamente pelo motor Standard:

I�K|E~ = /. PQ

I�K|E~ = 185. 240,915

I�K|E~ = 4.852,46¥¦ℎ Energia consumida mensalmente pelo motor Standard:

E¨©ª«¬­®¯ = 30E±²¬. H±T

E¨©ª«¬­®¯ = 145.574kWh Energia consumida pelo motor de Alto Rendimento:

I�K|CN = 185. 240,95

I�K|CN = 4.673,68¥¦ℎ E¨©ª«¬­¹º = 140.211kWh Economia de energia proporcionada em 30 dias pelo motor de Alto Rendimento: ∆E¨©ª«¬­ = E¨©ª«¬­®¯ −E¨©ª«¬­¹º ∆E¨©ª«¬­ = 145.574 − 140.211 ∆E¨©ª«¬­ = 5.283,74kWh Economia mensal proporcionada:

∆CO = ∆E. CE

∆CO = 5.283,74x0,28

∆CO = R$1.479,45

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Tempo de Retorno Simples:

Yyz = ∆{|∆{}

∆{| = {|CN − {|E~ ∆{| = 30.000 − 9.000 ∆{| = ¾$21.000,00

Yyz = 21.0001.479,45

Yyz ≅ 15ÀUÁUÁ

Tempo de Retorno Capitalizado, considerando uma taxa de juros de 1,5%:

YyJ =�W� � ∆��

∆���∆��. 37���

�W� �1 + KO���

YyJ =�W� � O.ÂÃÄ,ÂÅ

O.ÂÃÄ,ÂÅ�SO.���. 7,Æ7���

�W� �1 + O,ÅO���

YyJ ≅ 16ÀUÁUÁ

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Energia economizada ao longo da vida útil do motor:

{�� = ∆I. �� �� = 29,3ÇÈWÁ {�� = 5.283,74É29,3É12 {�� = 1.857.760¥¦ℎ

Valor Retornado Capitalizado ao longo da Vida Útil do motor:

{yJ = q�1 + KO���

�� − 1sK

O�� . �1 + KO���

�� . ∆Ex{I − ∆{|

{yJ = q�1 + O,ÅO���SÄ,XÊOS − 1s

O,ÅO�� . �1 + O,ÅO���

SÄ,XÊOS É5.283,74É0,28 − 21.000{yJ = ¾$77.104,3

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CONCLUSÃO

Tendo em vista um Tempo de Retorno Capitalizado de Investimento de

apenas 16 meses, e que, a partir dessa data, a economia perpetuará durante

todo período de vida útil, obtendo um Valor Retornado Capitalizado de

aproximadamente R$77.104,30, conclui-se que adquirir um novo motor de Alto

Rendimento configura-se como a opção mais atraente.

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BIBLIOGRAFIA.

[1] ANDREAS, John C.. Energy Efficient Motors, Selection and Applications, Marcell

Dekker Inc., 1982.

[2] CEPEA/EPUSP, Motores Elétricos de Alto Rendimento, 2002.

[3] FILHO, João Mamede. Instalações Elétricas Industriais. 7ª edição. Rio de Janeiro:

Editora LTC, 2007.

[4] FRANCHI, Claiton Moro. Acionamentos Elétricos. 2ª Edição. São Paulo: Editora

Érica, 2007.

[5] JUNIOR, Norberto Augusto; CHABU, Ivan Eduardo, Motores de Alto

Rendimento – Dimensionamento e Viabilidade Econômica, 2001.

[6] LOBOSCO, O. S., DIAS, J. L. P. DA Seleção e Aplicação de Motores Elétricos,

Vol,1 e 2. Ed. McGraw-Hill, 1988.

[7] FILHO, Delly Oliveira; TEIXEIRA, Carlos A.; FILHO, Adílio F. de Lacerda; MARTINS,

José H., Metodologia para racionalização do uso de energia elétrica para obtenção de

força motriz em fábrica de ração: Estudo de caso, 2004.

[8] PAZZINI, Luiz Henrique Alves, Acionamentos Eletricos, 2002.

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39

[9] PEREIRA, Luís Alberto. Análise Econômica da Aplicação de Motores de Indução de

Alto Rendimento – PUCRS.

[10] WEG, Catálogo Geral – Motores Elétricos, WEG, 2000.

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INDICE

AGRADECIMENTOS ........................................................................................................................ 3

DEDICATÓRIA ................................................................................................................................. 4

RESUMO ........................................................................................................................................ 5

METODOLOGIA .............................................................................................................................. 6

SUMÁRIO ....................................................................................................................................... 7

CAPÍTULO I ................................................................................................................................... 10

MOTORES ELÉTRICOS - O CONCEITO ........................................................................................... 10

1.1 Motores Assíncronos de Indução Trifásicos com Rotor de Gaiola. ........................... 10

1.1.1 - Constituição do motor de indução. .................................................................. 10

1.1.2 – Princípios de funcionamento do motor com rotor em gaiola. ........................ 12

1.2 Grandezas elétricas e mecânicas. .............................................................................. 13

1.2.1 – Potência Nominal. ........................................................................................... 13

1.2.2 – Tensão Nominal. .............................................................................................. 14

1.2.3 – Freqüência Nominal. ....................................................................................... 14

1.2.4 – Corrente Nominal. ........................................................................................... 14

1.2.5 – Fator de Serviço. .............................................................................................. 15

1.2.6 – Perdas Ohmicas. .............................................................................................. 15

1.3 Expectativa de vida útil.............................................................................................. 16

CAPÍTULO 2 .................................................................................................................................. 17

MOTORES STANDARD E DE ALTO RENDIMENTO ......................................................................... 17

CAPÍTULO 3 .................................................................................................................................. 19

DIMENSIONAMENTO DE MOTORES ELÉTRICOS .......................................................................... 19

CAPÍTULO 4 .................................................................................................................................. 24

ANALISE DE VIABILIDADE ECONOMICA ....................................................................................... 24

4.1 Tempo de retorno simples. ........................................................................................ 28

4.2 Tempo de Retorno Capitalizado. ............................................................................... 29

4.2.1 - Tempo de Retorno Capitalizado considerando Aumento do Custo da Energia. ..................................................................................................................................... 30

4.3 - Energia Economizada ao longo da Vida Útil. ........................................................... 30

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4.4 Valor Retornado ao longo da vida útil. ...................................................................... 32

4.4.1 Valor Retornado simples. ................................................................................... 32

4.4.2 Valor Retornado Capitalizado. ............................................................................ 32

CAPÍTULO 5 .................................................................................................................................. 33

ESTUDO DE CASO ........................................................................................................................ 33

CONCLUSÃO ................................................................................................................................ 37

BIBLIOGRAFIA. ............................................................................................................................. 38