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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
ANÁLISE ECONÔMICA FINANCEIRA
MÁRCIO FELISBERTO DE SOUZA
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Orientador
Prof. ANA CLÁUDIA MORRISSYI
Rio de Janeiro - RJ
2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA AVM
ANÁLISE ECONÔNICO FINANCEIRA
DIRECIONADO AO SISTEMA BANCÁRIO
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em FINANÇAS E
GESTÃO CORPORATIVA.
Por: . Márcio Felisberto de Souza
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AGRADECIMENTOS
A todos os mestres, colegas e minha namorada que compartilharam
desta convivência de aprendizagem e harmonia.
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DEDICATÓRIA
À Giulia, minha filha, e a Christian, Fabiano, meus sobrinhos, o sol da
minha vida.
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RESUMO
A Análise Econômico-Financeira tem como objetivo o estudo do
Desempenho da atividade da empresa. Procura identificar os fatores
determinantes de sua atual situação e orientar quanto ao comportamento
administrativo futuro. Revela-se, dessa forma, pré-requisito essencial no
estabelecimento da parceria entre Instituições Financeiras e a Empresa. O
estudo de sua situação patrimonial deve ser conduzida para dois aspectos
fundamentais: o aspecto econômico e o aspecto financeiro. A análise
econômica estuda a rentabilidade do patrimônio em todos os seus aspectos,
enquanto a Análise Financeira conduz ao estudo da liquidez financeira do
patrimônio.
. Situação econômica – diz respeito ao patrimônio da empresa, à sua
formação, à estrutura de capitais e à geração de resultados (superávit ou
déficit);
. Situação financeira – diz respeito à capacidade de geração de resultados e
de pagamentos de seus compromissos (liquidez e tesouraria).
Convém ressaltar que essas duas análises se complementam e, para
que as conclusões sejam satisfatórias, esses dois aspectos devem ser
analisados em conjunto.
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METODOLOGIA
A compreensão sobre o desempenho da empresa e sua sobrevivência
no mercado passa, necessariamente, pelo entendimento de sua situação
econômica e sua situação financeira. Conhecer essas situações e entender
como se forma é indispensável para se fazer negócios e apresentar soluções
às diversas demandas apresentadas pelos clientes.
A análise econômico-financeira está inserida no “C” do crédito
denominado CAPITAL. O conhecimento se dá mediante a análise das
demonstrações contábeis apresentadas, de histórico de faturamento, de
informações complementares fornecidas pela empresa/contador e por meio de
visitas realizadas. O ideal é que se analise, no mínimo, três anos (exercícios),
com visitas a verificar tendências.
. Situação econômica
. Situação financeira
No dia-a-dia, as agências interagem com os clientes e estreitam as
parcerias firmadas. Por isso, além de ter conhecimento sobre os “Cs” do
crédito, como Caráter, Capacidade, Condições, Conglomerado e Colateral, é
imprescindível conhecer, também, o “C” de Capital.
Embora não seja o objetivo da monografia, é importante destacar que
na análise das demonstrações contábeis estas têm, primeiramente, suas
rubricas contábeis ajustadas/reclassificas de acordo com a literatura que trata
do assunto.
Assim, de posse do balanço patrimonial, vários ajustes/reclassificações
são feitos antes de se extrair os indicadores econômico-financeiros.
Dentre os principais destacam-se:
. duplicatas ou cheques descontados – são excluídos do ativo circulante (conta
redutora de clientes) e registrados com obrigação no passivo circulante;
. provisão para devedores duvidosos – se não contabilizados pela empresa, é
registrado valor equivalente ao percentual de inadimplência da empresa, e a
contrapartida é efetuada no passivo deduzindo-se do patrimônio líquido;
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. cheques/títulos incobráveis – são excluídos do ativo e deduzidos do
patrimônio liquido;
. empréstimos a diretos/sócios – são excluídos do ativo e deduzidos do
patrimônio líquido;
. valores de obrigações bancárias lançadas a menor no passivo (valores
diferente do registro no SCR) – são complementados no passivo e deduzidos
no patrimônio líquido.
Palavra-chave – Análise Econômico-Financeira de Empresas.
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SUMÁRIO
1 RESUMO
2 INTRODUÇÃO
3 BALANÇO PATRIMONIAL
4 DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE)
5 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
5-1 ÍNDICES DE ESTRUTURA
5-1-1 Relação entre Fontes de Recursos (RFR)
5-1-2 Endividamento Geral (EG)
5-1-3 Composição das Exigibilidades (CE)
5-1-4 Imobilização do Patrimônio Líquido
5-1-5 Passivo Oneroso sobre Ativo (POSA)
5-2 ÍNDICES DE LIQUIDEZ
5-2-1 Liquidez Corrente
5-2-2 Liquidez Seca
5-2-3 Liquidez Geral
5-3 ÍNDICES DE RENTABILIDADE
5-3-1 Rentabilidade do Patrimônio Líquido (RPL)
5-3-2 Margem Operacional de Lucro (MOL)
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5-3-3 Margem Líquida de Lucro (ML)
5-3-4 Rotação do Ativo (RA)
5-3-5 Rentabilidade dos Investimentos (RI)
5.3.6 Alavancagem Financeira
5-4 INDICADORES DE PRAZOS MÉDIOS
5-4-1 Prazo Médio de Campos (PMC)
5-4-2 Prazo Médio de Estoque
5-4-3 Prazo Médio de Recebimento
5-4-4 Ciclo Operacional (CO)
5-4-5 Ciclo Financeiro (CF)
5-5 Capital de Giro (CDG)
5-6 Necessidade de Capital de Giro (NCG)
6 EFEITO TESOURA
7 ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL E ÍNDICES PADRÃO
7-1 Análise Vertical
7-2 Análise Horizontal
7-3 Índices Padrão
8 CONCLUSÃO
9 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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INTRODUÇÃO
A atividade de toda instituição Financeira e que concentra maior fonte
de lucro é o empréstimo. Faz-se necessário, no entanto que essas operações
sejam bem controladas e com certo grau de certeza quanto ao retorno das
datas previstas. Uma análise prospectiva, fundamentada em dados e
indicadores passados minimizam esses riscos. Para tanto, é necessário o
estudo do Balanço Patrimonial e da Demonstração de Resultado do Exercício
que constituem as principais matérias primas para a análise econômica
financeira. Eles demonstram, de forma resumida, a história da empresa em
determinado período.
3 BALANÇO PATRIMONIAL
É um resumo do patrimônio da empresa em determinado momento. É
denominado de estático, pois se trata de uma “fotografia” da empresa
naquele momento em que foi realizado, logo, “ O Balanço Patrimonial é o mais
importante relatório gerado pela contabilidade. Através dele, pode-se identificar
a saúde financeira e econômica da empresa” (conforme Prof. Fisher, R., Ury,
W.).
É um demonstrativo padronizado que discrimina, de forma sintética e
ordenada, os saldos e todos os valores integrantes do patrimônio de uma
empresa, em determinada data.
PASSIVO
Refere-se às origens de recursos
ATIVO
Neste grupo, registra-se a aplicação de todos os recursos que
foram obtidos e contabilizados no passivo
Assim:
O montante do ATIVO será sempre igual ao montante do
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PASSIVO.
De um lado, são relacionados às contas que refletem APLICAÇÃO de
recursos, bens e direitos (ATIVO); de outro, as que representam as FONTES
de recursos (PASSIVO). Por mera convenção, denomina-se a coluna da
esquerda de Ativo e da direita de Passivo.
Na estrutura do Balanço Patrimonial, as contas são classificadas por
grupos, de acordo com sua natureza, escalonados em ordem decrescente de
liquidez (no ativo) e de exigibilidade (no passivo).
Exemplo:
ESTRUTURA DO BALANÇO PATRIMONIAL (Lei 11.638)
ATIVO PASSIVO
Circulante Circulante
Bens+Direitos de curto Prazo Obrigações de Curto Prazo
Não Circulante Não Circulante
Realizável a Longo Prazo Exigível a Longo Prazo
Permanente Resultado de Exercícios Futuros
- Investimentos
- Imobilizado Patrimônio Líquido
- Diferido
4 DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO
(DRE)
A cada ano, a empresa deve apurar o resultado de seus negócios, seja
ele lucro ou prejuízo. Para saber o resultado, a empresa faz uma confrontação
entre as receitas obtidas (vendas) e os custos e as despesas incorridos.
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A DRE é um relatório dinâmico, pois registra o resultado da atividade em
determinado período (mensal, trimestral ou anual). O resultado obtido ao final
da confrontação pode ser incorporado ao patrimônio líquido, sob a forma de
reservas ou de lucros/prejuízos acumulados, ou então pode ser distribuído aos
sócios, ou seja, é o resumo das receitas e despesas.
Exemplo:
DEMOSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
Receita Operacional Bruta $
(-) Devoluções, Abatimentos e impostos $
(=) Receita Operacional Líquida $
(-) Custo das Mercadorias/Produtos Vendidos $
(=) Lucro Operacionais Bruto $
(-) Despesas Operacionais (comerciais, administrativas, financeiras, gerais) $
(+) (-) Demais Resultados Operacionais $
(+) (-) Resultado da Correção Monetária $
(=) Lucro Operacional Líquido $
(+) Receitas Não Operacionais $
(-) Despesas Não Operacionais $
(=) Lucro Antes do Imposto de Renda $
(-) Contribuição Social $
(-) Provisão para imposto de Renda $
(=) LUCRO ou PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO $
5 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
“Um dos elementos mais importantes na tomada de decisões
relacionadas a uma empresa é a Análise de suas Demonstrações Financeiras”
(MATARAZZO, 1998:29).
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Consiste em decompor, comparar e interpretar os componentes do patrimônio
das empresas e, dessa maneira, tomar a opinião a respeito de suas situações
econômico-financeiras.
Nessa análise, valemo-nos de índices que servem como “termômetro”
na avaliação da saúde financeira da empresa.
Para melhor compreensão da influência de cada índice na análise,
podemos separá-los em seis grupos:
1. Índices de Estrutura
Avaliam a segurança oferecida pela empresa aos capitais alheios e sua política
de obtenção de recursos e alocação nos diversos itens do Ativo.
2. Índices de Liquidez
Medem a capacidade de pagamento da empresa.
3. Índices de Rentabilidade
Desempenho da empresa em termos de sua capacidade de gerar lucros.
4. Prazos Médios
Demonstram as política de compra, estocagem e venda da empresa.
5. Capital de Giro (CDG)
6. Necessidade de Capital de Giro (NCG)
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Revela a carência ou não de capital de Giro da empresa
5-1 ÍNDICES DA ESTRUTURA PATRIMONIAL
Avaliam a segurança que a empresa oferece aos capitais de terceiros,
bem como revelam a política de obtenção e alocação de recursos nos diversos
itens que compõem o ativo. A análise completa requer ajuste nas
demonstrações contábeis, mas mesmo sem fazer esses ajustes, ao deparar-se
com as demonstrações contábeis, numa leitura inicial, pode se fazer a
avaliação de diversos itens dessa estrutura patrimonial.
O ativo de uma empresa é financiado pelos capitais próprios (P.L.) e por
capitais de terceiros (obrigação). Quanto maior for a participação de capitais de
terceiros nos negócios da empresa, maior será o risco a que eles estão
expostos.
Na análise dos índices de estrutura patrimonial, são utilizados os
seguintes índices:
o Relação entre Fontes de Recursos (RFR)
o Endividamento geral (EG)
o Composição das Exigibilidades (CE)
o Imobilização do Patrimônio Líquido (IPL)
o Passivo Oneroso sobre ativo total (POSA)
5-1-1 Relação entre Fontes de Recursos (RFR)
É também conhecido como Participação de Capitais de Terceiros (PCT).
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Indica o percentual de capital de terceiros em relação ao patrimônio
líquido, retratando a dependência da empresa em relação aos recursos
externos.
Revela-se pela fórmula: RFR = PC + PELP +REF X 100
PL
Separe o passivo em dois grupos:
- patrimônio líquido (capital próprio); e
- o restante (capitais de terceiros)
Interpretação: Quanto menor o valor do índice, melhor (indica
maior predominância de capital próprio no P.L da empresa)
5-1-2 Endividamento Geral (EG)
Esse índice revela o grau de endividamento total da Empresa, ou seja, a
proporção de recursos de terceiros financiando o ativo da empresa, e a parte
do ativo que está sendo financiado por recursos próprios.
Utiliza-se a fórmula = PC + ELP + REF X 100
AT
Onde :
PC = Passivo Circulante
ELP = Exigível a Longo Prazo
REF = Resultado de Exercícios Futuros
AT = Ativo Total
Interpretação = Quanto mais próximo da unidade for o índice,
maior a dependência de capitais de terceiros.
- maior que 50%: há mais capitais alheios do que próprios
investidos na atividade;
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- inferior a 50%: há mais capitais próprios do que alheios
investidos na atividade.
5-1-3 Composição das Exigibilidades (CE)
Demonstra a qualidade do passivo, ou seja, quanto da dívida total da
empresa está concentrado no curto prazo (passivo circulante)
Fórmula = PC X 100
PC + ELP
Onde :
PC = Passivo Circulante
ELP = Exigível a Longo Prazo
Interpretação = Quanto menor o índice, melhor (a empresa terá
mais tempo para pagar seu endividamento)
5-1-4 Imobilização do Patrimônio Líquido
Demonstra-se a parcela dos Capitais Próprios que está aplicada no ativo
permanente da empresa
Fórmula = AP X 100
PL
Onde
AP = Ativo Permanente
PL = Patrimônio Líquido
Em princípio, entende-se que o ideal é que a empresa imobiliza a menor
parte possível de seus recursos próprios para não ficar na dependência de
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capitais alheios para a movimentação normal de seus negócios (dependendo,
evidentemente, do ramo de atividade. Ex: Empresa de Transporte)
Está análise conjunta dos indicadores permite a visualização da
estrutura patrimonial da empresa e a verificação de risco e da potencialidade
de negócios.
Se há predominância de capitais de terceiros, estes estão concentrados
em curto ou longo prazo?
O endividamento, em sua maioria, tem origem em fontes onerosas
(bancos) ou são decorrentes das atividades operacionais?
O patrimônio está crescendo ou não?
Essa variação é decorrente dos resultados (superávit ou déficit) que a
empresa vem tendo ou decorre de outros motivos?
As respostas a estas e outras perguntas ajudam a identificar as
oportunidades e ameaças existentes.
5-1-5 Passivo Oneroso sobre Ativo
Indica a participações das fontes onerosas de capital no financiamento
dos ativos totais da empresa, revelando sua dependência de instituição
financeira.
Fórmula = PCF + ELP X 100
AT
Onde :
PCF = Passivo Circulante Financeiro
ELP = Exigível a Longo Prazo (oneroso)
AT = Ativo Total
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Em princípio, quanto menor o índice, melhor. No entanto, dependendo
da taxa de juros, torna-se interessante a existência do Passivo Oneroso.
5-2 ÍNDICES DE LIQUIDEZ
Os índices de liquidez avaliam a capacidade financeira da empresa em
pagar os compromissos com terceiros, isto é , evidenciam quanto a empresa
dispõe de bens e direitos em relação às obrigações assumidas no mesmo
período.
Entre os índices de liquidez mais conhecidos, estão a liquidez corrente,
a liquidez seca e a liquidez geral. Cada um fornece informações diferentes
sobre a situação da empresa.
A interpretação desses índices, de uma maneira geral, é a de que
quanto maior a liquidez, melhor a situação financeira da empresa.
5-2-1 Liquidez Corrente
É o índice de liquidez mais conhecido de maior utilização em análise de
balanço.
É obtido pela fórmula LC = AC
PC
Onde :
AC = Ativo Circulante
PC = Passivo Circulante
Indica quanto à empresa possui de recursos de curto prazo para
pagamento de suas dívidas no mesmo período
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5-2-2 Liquidez Seca
Esse índice é uma medida mais rigorosa para avaliação da liquidez da
empresa. Revela o quanto ela poderá dispor de recursos circulantes (Curto
Prazo) sem vender seus estoques, para fazer frente a suas obrigações de
curto prazo, ou seja, a dependência ou não da venda de seus estoques para
pagamento das dívidas de curto prazo. Por óbvio, de se registrar que a
excessiva estocagem pode comprometer a liquidez da empresa numa eventual
hipótese de lenta rotação dos estoques.
É obtido pela fórmula LS = AC – estoque
PC
5-2-3 Liquidez Geral
É revelado pela fórmula AC + RLP
PC + ELP
O índice de Liquidez Geral indica o quanto a empresa dispõe de
recursos de curto prazo e longo prazo para o cumprimento de todos os seus
compromissos, ou seja, a capacidade de pagamento de todas as dívidas da
empresa.
Se o resultado for superior à unidade, em princípio, é favorável. Cabe
registrar que a liquidez geral é o oposto da Imobilização do Patrimônio Líquido,
no sentido de que, quando um deles cresce, o outro decresce.
5-3 ÍNDICES DE RENTABILIDADE
São os mesmos adotados na análise econômica. Entretanto,
representam o foco de que a rentabilidade ajuda a melhorar a situação
financeira, pela acumulação de capital próprio nos negócios, pelo
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reinvestimento dos lucros, ou seja, avalia o seu desempenho final, refletindo a
qualidade da política e das decisões adotadas pelos seus administradores.
Para sua análise, utilizamos, além do Balanço Patrimonial, a
Demonstração de Resultado do Exercício (DRE).
Os principais índices de rentabilidade utilizados são :
· Rentabilidade do Patrimônio Líquido (RPL)
· Margem Operacional de Lucro (MOL)
· Margem Líquida de Lucro (ML)
· Rotação de Ativo (RA)
· Rentabilidade dos Investimentos (RI)
A interpretação de todos os índices de rentabilidade é a de que quanto
maior, melhor.
5-3-1 Rentabilidade do Patrimônio Líquido (RPL)
Indica a remuneração dos capitais próprios investidos na empresa, isto
é, o acréscimo ao patrimônio dos sócios em determinado período, fazendo , do
ponto de vista do investidor da
empresa, o índice mais importante.
A este investidor, a RPL possibilita, ainda , analisar se esse
rendimento é vantajoso em relação a outras opções de aplicação
(mercado financeiro, por exemplo).
Utiliza-se a fórmula = Lucro Líquido x 100
Patrim. Líquido
5-3-2. Margem Operacional de Lucro (MOL)
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De forma objetiva, a MOL mede o lucro sobre as vendas, ou seja,
representa a capacidade da empresa em gerar resultado com suas vendas.
Revela-se pela fórmula = Lucro Operacional Líquido x 100
Receita Operacional Líquida
5-3-3 Margem Líquida de Lucro (ML)
Também é uma medida da lucratividade obtida pela empresa, refletindo
o ganho líquido da empresa.
Revelado pela fórmula ML = Lucro Líquido __ x 100
Margem Operac. Líquida
5-3-4 Rotação do Ativo (RA)
Apesar de não constituir um índice essencialmente de rentabilidade, é
considerada importante para o entendimento da rentabilidade do investimento.
Ele indica quantas vezes girou, durante o período, o ativo total da
empresa, ou seja, de forma simplificada, indica quantas vezes a empresa
conseguiu “vender o seu ativo”.
Utiliza-se a fórmula RA = Receita Operac. Líquida
Ativo Total
5-3-5 Rentabilidade dos Investimentos (RI)
Também conhecido como Taxa de Retorno dos Investimentos (TRI) ou
Poder de Ganho da Empresa (PGE)
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Revela-o quanto a empresa está obtendo de resultado em relação ao
seu investimento total.
Fórmula utilizada = Lucro Operac. Líquido x 100
Ativo Total
5-3-6 Alavancagem Financeira
Também é uma forma de melhorar a rentabilidade do Patrimônio
Líquido.
É um índice utilizado para medir a eficiência dos recursos de terceiros e
seus efeitos na formação da rentabilidade do P.L. Sempre que o GAF for
inferior à unidade, significa que as despesas financeiras incidentes sobre os
recursos de terceiros onerosos afetaram o resultado da empresa, com a
consequente redução da rentabilidade dos capitais próprios.
Por outro lado, se o GAF é superior à unidade, indica que os juros
incidentes sobre os recursos de terceiros foram inferiores aos ganhos que a
empresa obteve com sua utilização.
5-4 INDICADORES DE PRAZOS MÉDIOS
São os índices de atividade, e sua análise constitui importante
instrumento para se conhecer a política de pagamento de compras, de
estocagem dos produtos/mercadorias e de recebimento de vendas. Indicam a
dinâmica de alguns valores do patrimônio, ou seja, quantos dias elas levam
para girar durante o exercício. Esses índices não devem ser analisados
individualmente, mas sempre em conjunto.
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Através deles, conhecemos a eficiência com que os recursos estão
sendo administrados pela empresa, ou seja, conhecemos sua política de
compra e venda adotada pela empresa.
Os prazos médios mais utilizados são :
· Prazos Médios de Compras – PMC
· Prazos Médios de Estoques – PME
· Prazos Médios de Recebimentos – PMR
· Ciclo Operacional – CO
· Ciclo Financeiro – CF
5-4-1. Prazo Médio de Compras (PMC)
Exprime o prazo que a empresa vem obtendo de seu fornecedor para o
pagamento das compras de matérias primas ou mercadorias, isto é, é o
número de dias que decorre, em média, entre a compra e o respectivo
pagamento.
Entende-se que quanto maior for o PMC, melhor será a situação da
empresa, significando que ela estará financiando seu giro com capitais não
onerosos.
É calculado pela fórmula = Fornecedores x 360
Montante de Compras
Utiliza-se a média da conta fornecedor para comparar com o montante
de compras sempre que houver dados de dois demonstrativos consecutivos.
Caso não fornecido o montante de compras, podemos calculá-los da
seguinte forma: MC = CPV + Estado Final – Estado Inicial.
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5-4-2. Prazo Médio de Estoque (PME)
Indica o número de dias, em média, em que os estoques são
renovados/vendidos. É o número de dias que decorre, em média, entre a
compra e a venda ou o número de dias, em média, em que os estoques ficam
parados na empresa.
O ideal é que os estoques girem o mais rápido possível.
Fórmula Utilizada : Estoques x 360
Custo Prod. Vendidos
Utilizando-se a média da conta estoques para comparar com o CPV
quando houver dados de dois demonstrativos consecutivos.
5-4-3. Prazo Médio de Recebimento (PMR)
Indica o tempo entre a venda dos produtos e o efetivo ingresso de
recursos, ou seja, exprime o prazo médio de recebimento das vendas totais da
empresa, sendo que o ideal é que esse recebimento se efetue no menor prazo
possível.
Utiliza-se a fórmula = Clientes x 360
Mont. Vendas (ou ROB)
Observa-se que a conta clientes deve englobar todos às créditos, ou seja, de
curto e longo prazo.
5-4-4. Ciclo Operacional
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É o tempo decorrido entre o momento em que a empresa adquire as
matérias primas / mercadorias e o momento em que recebe o dinheiro relativo
às vendas, isto é: CO = PME + PMR.
5-4-5. Ciclo Financeiro
É o decorrido entre o momento do pagamento aos fornecedores pelas
mercadorias adquiridas e o recebimento pelas vendas efetuadas. É o período
em que a empresa necessita ou não de financiamento complementar do seu
ciclo operacional.
Expressa se pela fórmula CF = PME + PMR – PMC.
Para fazer frente a esse período, normalmente ele é financiado pelo
capital próprio ou por recursos de terceiros (onerosos).
5-5 CAPITAL DE GIRO
O CDC revela a política de obtenção de recursos por parte da empresa.
É obtido pela fórmula CDG = PNC ( PL + REF + PELP ) – ANC( AP +
RLP)
Interpreta-se da seguinte forma :
Quando o resultado for positivo, a situação financeira é favorável.
Quando negativo, indica que parte do ativo não circulante (Permanente
e Realizável a Longo Prazo) está sendo financiado por recursos de
terceiros de curto prazo, o que demonstra uma situação inadequada.
5-6 NECESSIDADE DE CAPITAL DE GIRO (NCG)
OU INVESTIMENTO OPERACIONAL DE GIRO (IOG)
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A NCG é a diferença entre as aplicações cíclicas ( Ativo Circulante
Cíclico – ACC) e as fontes cíclicas (Passivo Circulante Cíclico – PCC). Essas
fontes e aplicações cíclicas estão ligadas às atividades da empresa, ao seu
dia-a-dia. Seus dados nos são fornecidos pelos demonstrativos financeiros.
Utiliza-se a fórmula NCG = ACC – PCC.
A NCG é interpretada da seguinte forma :
Quando positiva, significa que a empresa necessita de capital de giro,
que deverá ser obtido junto aos proprietários ou junto a terceiros.
Quando negativa, significa que a empresa dispõe de sobra de recursos
de giro, que poderá ser destinado, por exemplo, para aplicações no
mercado financeiro.
A NCG pode apresentar-se de duas maneiras:
o NCG ou IOG Sazonal : Características das empresas com
concentração de atividades em determinadas épocas do ano. Ex.
Produção de artigos natalinos, juninos, etc.
o NCG ou IOG Permanente : Quando o nível de atividade
de produção é homogêneo durante o ano.
6 EFEITO TESOURA
O efeito tesoura é um indicador que evidencia o descontrole no
crescimento da dependência de fontes onerosas de recursos de curto prazo.
Ocorre quando o saldo de tesouraria apresenta-se cada vez mais negativo a
cada exercício, variando em níveis superiores ao crescimento da NCG
(Necessidade de Capital de Giro).
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Caso se revele crescentemente negativo, evidencia que a empresa está
caminhando para a insolvência ou “overtrade“ (negócios superiores aos
recursos financeiros). É importante observar que o fato isolado de o saldo de
tesouraria ser negativo não é preocupante. Grave é a tendência.
É revelado pelas fórmulas ST = ACF – PCF ou ST = CDG – NCG.
Onde :
ACF = Ativo Circulante Financeiro
PCF = Passivo Circulante Financeiro
CDG = Capital de Giro
NCG = Necessidade de Capital de Giro
Como os demais indicadores econômicos financeiros, faz-se necessário
observar outros indicadores conjuntamente para verificar o desempenho global
da empresa. A NCG crescente pode acontecer, por exemplo, por expansão
nos negócios da empresa. O que não pode ocorrer é o crescimento da NCG
em proporção superior ao volume de vendas.
7 ANÁLISE VERTICAL, HORIZONTAL E ÍNDICES PADRÃO
7.1 Análise Vertical
É uma metodologia de análise que mostra a participação percentual de
cada um dos itens das demonstrações financeiras em relação ao somatório
total de seu grupo.
Por meio deste instrumento, visualiza-se a representatividade de cada
componente das demonstrações, identificando aqueles que mais contribuem
para a formação do conjunto objeto da análise. Assim, podemos avaliar a
relevância de cada grupo de conta em relação aos valores totais da empresa.
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Quando aplicado à DRE (Demonstração de Resultado do Exercício),
podemos verificar a composição percentual das receitas e despesas,
evidenciando aqueles que mais influenciaram na formação do lucro ou
prejuízo.
7.2 Análise Horizontal
É efetuada comparando dois ou mais exercícios financeiros (expresso
em moeda constante e com variação monetária da mesma data) com o
objetivo de observar a evolução ou involução dos seus componentes.
É quando podemos verificar o comportamento dos diversos itens do
patrimônio e, principalmente, dos índices permitindo a análise de tendências.
A análise horizontal permite diversas análises comparativas, tanto na
variação dos valores de cada conta ao longo dos exercícios, quanto da
variação dos índices apresentados pela empresa nos períodos analisados
7.3 Índices Padrão
São obtidos através de método estatístico que consiste em tabular
dados de um determinado universo previamente definido e, a partir daí, chegar
a um referencial para ser utilizado a casos particulares. No cálculo dos índices
padrão, utiliza se, como base, os indicadores produzidos por uma quantidade
expressiva de empresas do mesmo ramo de atividade, porte e localização
geográfica. Para melhor juízo da empresa analisada, é necessária a
comparação dos Índices Padrão com os índices extraídos das demonstrações
financeiras, formando, assim, um conceito mais adequado.
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8 Conclusão
A Análise Econômica Financeira é essencial na parceria Bancos /
Empresas. Através dela, pode-se verificar as estratégias, as limitações e as
potencialidades das empresas.
A concessão de créditos pelos Bancos passa, necessariamente, pela
fase da Análise.
Evidentemente, o trabalho apresentado de forma simplificada, não
esgota o assunto, considerada a complexidade que envolve a Análise
Econômica Financeira.
Fornece, no entanto, conhecimentos básicos necessários para a
intermediação de recursos captados junto aos poupadores, com o menor
coeficiente possível de risco.
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BIBLIOGRAFIA
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BRASIL, Banco do, Apostila Oficina de Crédito e Vendas - PJ
BRASIL , Banco do . Apostila Curso de Análise Financeira para Crédito
MARION, José Carlos. Contabilidade Básica. 6ª ed. São Paulo : Atlas, 1998
FISHER, R., URY, W. e PATTON, B. Como Chegar ao Sim – A negociação de
acordos e concessões, Imago Editora, 2ª. Edição, 2005
MATARAZZO, Dante C. Análise Financeira de Balanço. 5ª ed. São Paulo :
Atlas, 1998
SILVA, José Pereira da. Análise Financeira das Empresas. 2ª ed. São Paulo :
Atlas, 1990