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Universidade Candido Mendes Pós-Graduação “Latu Senso” Projeto A Vez do Mestre Brincadeiras e jogos na Educação Infantil Por: Ana Carla Teixeira de Carvalho Orientadora Profª Edla Trocoli Niterói / RJ 2011

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Universidade Candido Mendes Pós-Graduação “Latu Senso”

Projeto A Vez do Mestre

Brincadeiras e jogos na Educação Infantil

Por: Ana Carla Teixeira de Carvalho

Orientadora

Profª Edla Trocoli

Niterói / RJ

2011

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Universidade Candido Mendes Pós-Graduação “Latu Senso”

Projeto A Vez do Mestre

Brincadeiras e jogos na Educação Infantil

Monografia apresentada à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial

para a obtenção do grau de especialista

em Educação Infantil e Desenvolvimento.

Por: Ana Carla Teixeira de Carvalho

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Agradecimentos

Agradeço a todos que colaboraram para este

trabalho fosse realizado, especialmente ao meu

marido que me apoiou nos momentos mais

difíceis. Agradeço a minha filha Sophia, que

apesar de ainda estar em meu ventre, faz parte

dessa conquista.

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Dedicatória

Dedico este trabalho a todos aqueles que

verdadeiramente se envolvem com o processo de

desenvolvimento infantil e que fazem a diferença na vida

destes seres tão pequeninos.

Dedico também ao meu marido Leandro que tanto apoio

me deu na realização do meu trabalho e a minha filha

Sophia que também será um motivo a mais para

acreditar no que faço.

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Resumo

O objetivo deste trabalho será conhecer a evolução

histórica dos jogos e brincadeiras e contextualizar a importância

dessas ferramentas no pleno desenvolvimento da criança no

segmento da Educação Infantil, além de apontar fatores que

comprovem que o ato de brincar é importantíssimo na construção

do conhecimento e no desenvolvimento global da criança,

permitindo que a mesma adquira qualidades fundamentais para o

seu desenvolvimento mental e físico.

O ato de brincar, como facilitador do processo de

desenvolvimento infantil, apresenta-se como ótimo aliado no

trabalho do professor, desde o processo de construção do

conhecimento até a capacidade de resolução de problemas e

utilização da criatividade.

Neste trabalho, também é abordado a importância dos

jogos e das brincadeiras para os alunos portadores de

necessidades especiais, além de levar o educador à uma reflexão

sobre a importância das brincadeiras no processo educativo,

sugerindo o resgate das brincadeiras tradicionais, como atividade

lúdica e como instrumento metodológico de ensino potencializando

assim, o prazer pelo aprendizado.

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Metodologia

A metodologia utilizada nessa pesquisa baseou-se no

registro de observações feitas nas salas de aula da escola em que

trabalho.

As observações diárias foram realizadas em duas classes

de Educação Infantil. Uma com faixa etária de 2 anos e a outra de 4

anos, assim como estudo teórico de alguns autores que se

debruçam sobre o tema.

Foi feito um levantamento bibliográfico que desse suporte

à essa pesquisa de observação. Para isto alguns autores

importantes foram estudados como: Tizuco Morchida Kishimoto em

"Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação", PIAGET, J. A

formação do símbolo na criança, BROUGÉRE, G. Jogo e educação,

Tizuko M. Kishimoto O jogo e a educação Infantil.

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Sumário

Resumo ............................................................................05

Metodologia ......................................................................06

Introdução .........................................................................08

Capítulo I

Concepções históricas do jogo..........................................11

Capítulo II

A aprendizagem e as brincadeiras ....................................23

Capítulo III

A possível contribuição do jogo e da brincadeira à

educação de crianças portadoras de necessidades

educativas especiais .........................................................32

Conclusão .........................................................................40

Bibliografia ........................................................................43

Índice ................................................................................45

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Introdução

Esta pesquisa traz como foco principal, a pouca presença do

jogo e da brincadeira no ambiente escolar como recurso

pedagógico. Uma vez que como veremos, através dos jogos e dos

brinquedos as crianças resgatam sua capacidade de criar, imaginar

e sonhar constataremos que os jogos e os brinquedos também

contribuem para o desenvolvimento das relações sociais e afetivas

da criança.

Além das contribuições dos jogos e brincadeiras no

desenvolvimento das crianças. Também observaremos na

pesquisa a extrema importância da ação do professor como

mediador das relações estabelecidas pela criança e os jogos. Pois

caberá ao mediador proporcionar as condições necessárias para

que as crianças se desenvolvam com autonomia.

Assim os jogos passam a ser visto como materiais ricos e

plenos de possibilidades, cabendo ao professor mediador,

proporcionar as crianças um espaço propício ao desenvolvimento

de seu potencial intelectual.

O prazer está na maioria das atividades que buscamos

realizar. Segundo Schutz (1982) o prazer seria o sentimento que

provém da realização do nosso potencial. Assim o objetivo deste

trabalho é identificar de que forma os jogos e as brincadeiras estão

inseridos no cotidiano das crianças e de como escola pode explorar

o jogo e suas propriedades para a construção do saber.

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A fim de defender o jogo e as brincadeiras como objetos

relevantes a ser pesquisado, podemos pensar no jogo e nas

brincadeiras como um conhecimento a mais de tudo que eles

podem nos oferecer. Quem joga encontra-se em um momento onde

as regras são respeitadas, sem nenhuma imposição rígida. As

relações são trabalhadas de modo que o grupo funcione em

harmonia cooperando para o sucesso de cada um. Tudo isso

realizado de forma descontraída, fazendo que com o prazer

prevaleça nesse momento. Por isso, acredito na brincadeira que

educa, uma vez que hoje sabendo que é possível adaptar conteúdo

escolar aos jogos e brincadeiras, aproveitando suas características.

Para o enriquecimento do estudo, ao longo do segundo

semestre letivo de 2011, realizamos uma pesquisa em uma escola

de rede privada, localizada em um bairro nobre de Niterói, município

do Rio de Janeiro. A escola é freqüentada por alunos de classe

média alta e está entre outras escolas tradicionais da cidade, devido

à concorrência se utiliza algum artifício para atrair alunos.

Levamos em consideração as idéias de alguns autores

especialistas em jogos, brincadeiras e desenvolvimento, dentre eles

estão: Brougére (1998), que traz a trajetória dos jogos e dos

brinquedos ao longo da história; Kamii (1986), que aborda a

importância do jogo como instrumento fundamental na construção

da autonomia da criança e a importante função do mediador e dos

jogos em grupo; Kishimoto (2003), que juntamente com outros

autores, nos fala de como o jogo vem sendo utilizado nas diversas

áreas, como possibilitador da aprendizagem. É assim como Kamii

(1986), nos fala da importância da ação de atos através do jogo

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simbólico, também é a primeira possibilidade de pensamento.

Gerando assim uma discussão que envolve a importância do

símbolo na formação do homem; Vygotsky (1984), e a visão que o

jogo seria a imagem em ação. Possibilitando a criança o trabalho da

construção do real através da imaginação. Outros autores serão

percebidos de acordo com a evolução da pesquisa, onde

tomaremos conhecimento dos mesmos.

Assim sendo a pesquisa foi desenvolvida em três capítulos.

No primeiro capítulo foi realizado um levantamento histórico

do jogo mostrando como os jogos surgiram e como foi sendo

construída a sua relação com a escola.

No segundo capítulo abordamos a importância do brincar no

desenvolvimento infantil. É possível aprender muito fazendo a

observação do ato de brincar. Estando atentos e sensíveis é

possível observar os caminhos que a criança traça na construção e

aquisição do conhecimento sem uma orientação direta do adulto.

Brincando, a criança aprende a lidar com o mundo, formando sua

personalidade, recriando situações do cotidiano e experimentando

sentimentos.

No terceiro capítulo fizemos uma breve abordagem sobre a

relação das brincadeiras e dos jogos com alunos portadores de

necessidades especiais, tendo em vista que a escola observada

trabalha com a inclusão de alunos especiais nas mais diversas

patologias.

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Capítulo I

Concepções históricas do jogo

Análises feitas ao longo da história nos mostram uma visão

total e parcial do jogo. A fim de compreender as esferas sociais do

jogo, estudaremos com base em Gilles Brougere (1998), como o

jogo se apresentava para algumas civilizações.

O jogo estaria ligado a palavra Ludus que também designa

escola. A evolução da palavra Ludus fez com que ela tomasse

direções opostas. Para melhor entendermos, Brougere (1998) nos

diz que:

“constatemos simplesmente que um termo único, Ludus, de signou concomitantemente uma atividade livre e espontânea, que é o jogo, e uma atividade imposta e dirigida, que é o trabalho escolar.”

(Brougere (1998), p:36)

Aparece assim o sentido geral de treinamento, de exercício,

de simulacro que se desenvolve ao lado do jogo e do exercício

escolar. Sendo assim, o jogo reproduz os gestos da realidade,

servindo naturalmente para ensinar a fazer esses gestos e para

regulá-los. A mesma palavra, portanto, representa a diversão das

crianças, seus estudos, e o lugar de teatro. No teatro são feitas as

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representações que dão origem as grandes cerimôniais do Estado,

onde o simulacro terminava em um combate real.

Brougere (1998) nos fala do jogo romano e de sua origem

Etrusca. Segundo o autor a origem Etrusca seria o que o

diferenciaria dos jogos da civilização grega. Os jogos romanos são

divididos em dois tipos: O primeiro seria os jogos de cena,

composto por teatro, mímica, dança e concursos de poesia. O

segundo seriam os jogos de circo compostos por corridas de briga,

combates e encenação de animais, caças e jogos atléticos. De um

lado o jogo em seu plano imaginário e de outro os duelos fictícios. A

fim de compreendermos como se davam os jogos romanos,

Brougere (1998), os descreve.

Os espetáculos serão percebidos como jogos, ou o jogo deve ser espetáculo. O jogo é visto a partir do espetáculo e não do participante. O espetáculo é essencial, o atleta torna-se um histrião: foram os etruscos que acostumaram os cidadãos romanos a olhar os atletas e a não descer as pistas eles próprios. (Brougere,1998,p. 37)

O jogo romano também era oferecido a Deus como um

presente, ou seja, o jogo também trás em si uma dimensão

religiosa.

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Aqui se encontra a relação dupla do jogo romano que tanto

atendia ao fingimento com seu lado denominado “não sério”,

quando com ludus-escola, como o lugar de aprendizagem.

Também sob a perspectiva de Brougere (1998), veremos o

jogo na Grécia. Na Grécia o termo Agon (assembléia, em particular

para os jogos públicos, instalações desses jogos, jogos concursos,

lutas ginásticas), traduz a importância dos jogos para essa

civilização. A Grécia tem como marco a instalação dos jogos

olímpicos em 776 a.c que passa a ser a medida do tempo entre os

gregos. Para os gregos, os jogos aumentaram a energia vital dos

mortos em proveito dos vivos. Na Grécia o jogo tem uma grande

carga simbólica. Ele é visto como elemento de estruturação da

comunidade, de aproximação de suas partes heterogêneas, de

construção da universalidade, sobretudo através dos jogos pan-

helênicos.

Outra definição que evoca a esfera de jogo é a Paidia

(derivado de criança, jogo infantil, na verdade infantilidade, diversão

mas também jogos ou concursos de luta, de flauta).

Platão dizia que a paidéia que significa uma formação plena,

só estaria completa se estivesse relacionada com a Paidia, que

representa o ato de brincar em todos os seus aspectos.

1 - Segundo Françõise Frontisi-Ducroux os jogos- paidia-constituem a mola fundamental da educação-paideia-que na Grécia não se limita à infância, mas

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prossegue durante toda a vida. É nos jogos, festas e concursos que o indivíduo adquire a virtude e recebe a forma conveniente.

(Brougere 1998, p: 41)

Platão considerava o ato de brincar como sendo algo

primordial a vida, pois seria através dela que as pessoas

superariam os obstáculos.

Brougere (1998), ainda aborda o jogo na civilização Asteca.

Os astecas tem a presença de um jogo diferente que víamos até

agora. Esse jogo é chamado de TLACHTLI, traduzindo usualmente

pelo jogo de pelota. Esse jogo é jogado com uma bola de borracha

que permite o reboud, material que era desconhecido na Europa. O

Tlachtli é o fato de ver o espetáculo. Resgata-se assim a ligação

entre o jogo e o espetáculo.

Os jogos astecas têm como função a renovação cósmica

assim percebemos sua ligação com os jogos Romanos e Gregos.

Uma vez que em cada civilização ele era utilizado para presentear

os deuses, ou em cultos religiosos, sempre a fim de atender as

necessidades adolescentes ou de atender a vontade dos deuses.

Nesse sentido Brougere (1998), nos diz que:

“De fato, esse povo parece angustiado pela perda de energia e pelo temor de que ao fim do ciclo (do dia ao grande ano de 52 anos não haja renovação”; O jogo seria indispensável a renovação

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cósmica, indispensável a civilização.

Brougere, 1998 p:42 e 43)

Mais uma vez vemos o jogo como um momento de rito. É

através dos jogos que veremos a evolução do religioso. Reunidos

assim deferentes tipos de atividades de fingimento, de mímica e de

teatro.

Ainda na idade média os jogos estarão relacionados aos

cultos religiosos. A ligação dos jogos a festas marginalizará a idéia

de jogo levando-o a ser acreditado como uma atividade não-séria. A

nação de jogo como algo fútil, pode ser resultado da separação das

diferentes atividades sociais, levando o jogo ao isolamento.

Portanto os jogos modernos passam a ser visto como

atividades frívolas. Os jogos são vistos agora de duas formas: Com

ele relaxamos como deve ser numa atividade fútil ou arriscamos

nossas fortunas através das apostas.

Depois de pensar o jogo como algo até mesmo nefasto, surge

o pensamento romântico que acaba ocasionando uma ruptura da

visão de jogo na idade média. Nesse momento são descobertos os

valores educativos do jogo e esse passa a ser associado à

educação fazendo dele uma atividade séria pelo menos para as

crianças.

Existem três modos de estabelecer relação entre o jogo e a

educação. A primeira fala da relação onde o jogo é o relaxamento

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indispensável ao esforço em geral, o segundo o esforço intelectual

e o terceiro o esforço escolar. Assim o jogo contribui indiretamente

à educação, permitindo ao aluno ser mais eficiente em seus

exercícios, o interesse que a criança demonstra pelo jogo pode ser

direcionado para outra atividade, e tentar dar o aspecto de jogo a

exercícios escolares. Enfim, o jogo permitia ao pedagogo explorar a

personalidade infantil.

Brougere (1998), nos fala de como o jogo esteve por muito

tempo limitado a recreação. Ainda hoje percebemos a dificuldade

que a escola tem de ver o jogo como instrumento educativo.

Alguns autores como Quintiliano (1975) nos diz. “Que o

estudo seja portando uma diversão, e que a criança se satisfaça

sempre com sua atividade”. Tratava-se do que tanto buscamos hoje

que é permitir a criança que precisa aprender a ler e a escrever se

apropriar do que o jogo pode nos oferecer, a fim de propiciar a

criança um aprendizado prazeroso. O jogo seria suporte para

seduzir a criança, proporcionando-lhe uma maneira alegre de

aprender as informações necessárias a sua formação. Ainda assim

o jogo era visto como algo não-educativo, podendo emprestar

somente sua motivação as crianças em seu momento de

aprendizagem.

Basedow (1723-1768) fala de como a criança utilizará o jogo

para exercitar sua inteligência e para facilitar seus estudos, e de

como os professores deverão orientar seus alunos. Os jogos teriam

que ser escolhidos pelos professores de acordo com a capacidade

de desenvolvimento das faculdades físicas e intelectuais.

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Ainda no período romântico, Froebel traz a idéia de que o jogo

seria capaz de fazer com que a criança externasse seus

sentimentos. Froebel foi o primeiro a colocar o jogo, no jardim de

infância, como um instrumento muito importante no trabalho

pedagógico, pois foi ele quem criou um jardim de infância utilizando

jogos e brincadeiras. Hoje, graças a esse autor é impossível

imaginar qualquer classe de educação infantil, sem a existência do

jogo da brincadeira e mesmo da música.

Assim observamos até agora que não apenas as crianças,

mas também os adultos sentem mais prazer naquilo que lhe é

agradável e, sem dúvida alguma, o jogo e a brincadeira são

extremamente sedutores neste aspecto.

Já para Huízinga os animais e as crianças brincam da mesma

forma, ou seja, a humanidade “não acrescentou característica

essencial alguma a idéia geral de jogo.” (Huizinga 1980 p: 3). Assim

como as crianças, os animais convidam-se para brincar, respeitam

a regra e evidentemente divertem-se muito.

Contrariamente a algumas correntes, Huizinga (1980), não vê

o jogo como algo não-sério, ao contrário, afirma que o jogo é

também sério. Isso pode ser explicitado, quando observamos o jogo

como ritual e também o jogo enquanto competição.

Essa separação entre sério e não-sério, como já foi dito

anteriormente, é uma conseqüência de barreiras culturais

constituídas para que as coisas não sejam entendidas em sua

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ambivalência, mas dicotomizadas. Desta forma, tudo tem seu

oposto: sério / não sério, racional / irracional, cultural / natural e

assim por diante... Porém, para explicar o jogo, é necessário

desconstruir tais separações, pois ele (o jogo) é uma multiplicidade

de coisas, às vezes até consideradas opostas e, por esse motivo, o

jogo torna-se ambíguo.

Segundo Froebel, “brincar é a fase mais importante da

infância – do desenvolvimento humano neste período – por ser

auto-ativa representação do interno - a representação de

necessidades e impulsos internos” (Froebel, 1912; 54-55). Também

para ele a brincadeira traz alegria, contentamento e liberdade, além

de descanso externo e interno, paz com o mundo... De acordo com

Froebel a criança que brinca com perseverança, mesmo estando

cansada poderá tornar-se um adulto capaz de sacrificar-se para seu

próprio bem e também para o dos outros.

Diferentemente de Huizinga, Froebel não leva em conta a

brincadeira e o jogo do animal; influenciado pelo espírito iluminista

de sua época (que privilegiava a razão), ele menciona apenas o

homem – animal racional, visto que a irracionalidade era

desconsiderada. Apesar disso, nós que somos razão e emoção e

temos consciência disso hoje, não podemos deixar de reconhecer

que os animais também brincam.

Froebel acredita ainda que é através da brincadeira que a

criança tenta compreender seu mundo, na medida em que reproduz

em suas brincadeiras situações de sua vida. E percebe ainda “que

por meio de brincadeiras, ao relacionar sons e idéias, poder-se-ia

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ensinar a linguagem” (Tizuko, 75; 1999). Essa afirmação é de

grande importância para o estudo do tema aqui proposto.

A partir de toda a importância que Froebel deu à brincadeira

podemos concluir que, assim como Huizinga, ele também encara a

brincadeira como algo sério. Podemos reafirmar esta idéia

transcrevendo uma de suas situações: “o brincar em qualquer

tempo não é trivial, é altamente sério e de profunda significação.”

(Froebel, 1912; 55)

Depois da exposição de tantas idéias de Froebel e Huizinga

observa-se uma tal aproximação entre jogo e brincadeira, que é

praticamente impossível separá-los. Estou inclinada a acreditar que

ambos utilizam jogo e brincadeira como sinônimos. Particularmente

penso que talvez a única diferença entre eles seja a questão da

vitória; no jogo (de que a cultura se apropriou e recriou) há sempre

um vencedor, a brincadeira já não possui esta característica.

Em 1990 o jogo começa a ser visto como um meio de se

educar a criança. Esse novo método foi considerado como

Pedagogia do estratagema que se instalou para evitar o modelo

“primário”. A maior preocupação com o jogo era conciliar a

presença do jogo com as necessidades educativas. Nesta nova

concepção de jogo surge a idéia de jogo educativo e a de jogo livre

que seria onde o imaginário da criança se desenvolve.

Em 1910 o jogo recebe novos títulos jogo e movimento, jogo

educativo, jogos cantados, que passaram a ser vistos como

exercícios educativos. Assim o jogo percorreu caminhos onde era

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considerado um meio feliz de aprendizagem. Depois em 1921

novamente a concepção de jogo volta a perder espaço no campo

educacional. Essa mudança se dá, porque a educação maternal

passa a valorizar a educação física, isso faz com que o exercício de

músculos e sentidos, prevaleça sobre os outros ensinamentos onde

estava incluindo o jogo. Essa nova concepção de jogo vai até o final

da década de 70.

Em meio a essas mudanças surge uma nova concepção de

educação renovada. Esse novo modelo de ensino se fundamentaria

no respeito à natureza, e formaria uma filosofia baseada na

liberdade. O ensino coletivo em prol do trabalho em equipe e dos

exercícios coletivos.

Assim percebemos que o jogo ao longo de sua presença na

história passou por altos e baixos, sendo visto, hora como parte da

educação se apresentando como possível recurso e hora se

afastando do mundo educativo. Percebendo o que foi visto até

agora percebo através de observações feitas ao longo do ano letivo

de 2011 em uma “determinada escola da rede privada que o jogo

ainda busca seu lugar na escola”. A escola procura através de aulas

especializadas intituladas oficinas de matemática e português e

aula de música proporcionar as crianças espaços onde o lúdico e a

aprendizagem estejam unidos. Ainda assim percebo que os

professores no caso os da escola escolhida como campo de

pesquisa ainda apresentam uma certa resistência em inserir o jogo

no cotidiano de sala de aula.

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Essa resistência está ligada a banalização do jogo que

acredito estar relacionado à questão histórica do jogo, que o fez

perder tantas vezes seu valor. As professoras continuam ainda

hoje, depois de tantas pesquisas feitas por autores conhecidos no

mundo educacional (Celso Antunes, 2003) vendo o jogo como um

momento de diversão e de descompromisso por parte da criança.

Alguns profissionais da educação, conscientes de sua função e da

importância de encontrar caminhos que facilitem a aprendizagem de

seus alunos, vêem no jogo uma maneira de burlar a seriedade da

sala de aula proporcionando ao aluno uma possibilidade prazerosa

de aprender.

Estando um ano letivo dentro de uma escola, conheci

professores de todos os tipos. Alguns que reforçam a idéia de

escola como ambiente de poder, onde o professor determina o que

será aprendido e como, não levando em consideração as

“impossibilidades” de seus alunos. Outros professores mostram-se

dispostos a proporcionar a seus alunos caminhos que facilitem o

ensino que é o caso do jogo, uma atividade que tem como

característica principal a alegria, e que na maioria das vezes é o

caminho que tanto procuramos para oferecer a nossos alunos.

Nesse momento de minha pesquisa vejo que o que observei

em campo, mostra mais ou menos na prática as dificuldades que

existem de aceitação do jogo na escola. Ainda assim acredito que a

sociedade hoje tenha um pouco mais de consciência do que o

prazer representa na vida das crianças. Prova disso é o marketing

que a escola faz em torno de seu ensino que estaria intimamente

ligado ao prazer. Sendo as oficinas, aula de música e laboratório

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(que é onde as crianças participam de experiências) o principal

atrativo da escola.

Ao longo do período que passamos nesta Universidade,

tivemos a oportunidade de aprender que, como professores,

devemos estar atentos a cada um de nossos alunos. E que eles

como qualquer um são diferentes por isso, uns aprendem mais

rápido que os outros, uns necessitam de outros métodos, espaços e

caminhos para aprender, e que devemos estar ligados às pequenas

coisas para quem sabe darmos um novo rumo à educação. Vejo

nos jogos devidamente explorados uma forma de mudarmos o que

até agora está posto. Não podemos nos render ao afastamento do

lúdico e do estético da educação. Não podemos nos render a essa

educação mecânica.

Para acreditarmos em uma transformação, temos que pensar

em Froebel e seu jardim de infância lúdico. Pensar em como nossos

alunos poderão desfrutar de uma aprendizagem feliz, que

contemple suas necessidades.

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Capítulo II

A aprendizagem e as brincadeiras

Somos herdeiros de uma sociedade que como vimos em

concepções históricas, colocou o jogo e a brincadeira como uma

atividade considerada fútil. Com isso a brincadeira ao longo de sua

história acabou sendo vista como um momento de relaxamento

sendo assim limitada ao horário do recreio. Com a chegada do

capitalismo valorizou-se uma educação que prepare a criança para

viver e trabalhar no mundo dos adultos.

Os jogos puros passam a serem vistos como meio de se obter

prazer, e segundo Schutz (1982), o prazer seria o sentimento que

provem da realização de nosso potencial. Porém alguns jogos

envolvem muito trabalho o que significa que os dois podem ter

alguns pontos em comum, prazer, aprendizado e o sentmento de

realização.

Uma série de preconceitos nos impedem de ver a brincadeira

como recurso indispensável ao aprender. A sociedade capitalista

tem como objetivo de maneira rápida preparar mão-de-obra

qualificada, não valorizando os métodos de ensino que exijam

tempo de dedicação. Mesmo assim nos últimos tempos tem se

desenvolvido grande interesse por projetos que incluam as

brincadeiras como método de aprendizagem.

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Atualmente estudiosos do assunto como Celso Antunes

(2003) e Constance Kamii (1986), tentam equilibrar jogo e educação

para que o contexto formativo não seja superado pelo texto

formativo não seja superado pelo lúdico, sem que este perca suas

característica de liberdade, prazer e diversão.

Enquanto o adulto vê o brinquedo como uma fuga dos

problemas e da rotina diária, a criança se utiliza do brinquedo para

experimentar o mundo, desenvolver-se criativamente para enfrentar

novas situações. A brincadeira é um espaço de aprendizagem onde

a criança atua para além do seu comportamento cotidiano.

A criança trabalha a construção do real através da fantasia, é

através do jogo que a criança colocará a imaginação em ação.

Vygostsky (1989) diz que imaginação em ação seria o jogo e atribui

a ele a primeira forma consciente, ele diz ainda que: “Essa atividade

consciente não está presente na consciência das crianças muito

pequenas e está ausente nos animais”.

Para Piaget (1975) a representação em atos através do jogo

simbólico, também é a primeira possibilidade de pensamento

propriamente dito.

Para Vygotsky (1984) o brincar é definido pela situação

imaginária criada pela criança, considerando-se que evoluem de

acordo com o tempo, a partir, do brincar.

O brinquedo em sua situação imaginária também comporta

uma regra, criada pela própria criança. À medida que a criança vai

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se desenvolvendo predominam as regras e a situação imaginária

torna-se oculta.

Com o desenvolvimento da criança, as brincadeiras vão

mudando. Primeiro, o bebê brinca com seu corpo para se descobrir,

depois passa a brincar com algum objeto ou brinquedo. Nessa fase

em que o bebê começa a explorar os brinquedos, ele começa a

diferenciar o que é seu corpo e o que é objeto. Define os limites do

corpo, iniciando o processo de esquema corporal com a ajuda

desses objetos e brinquedos.

Muitos estudos comprovam que o ato de brincar

desenvolve aptidões físicas mentais e emocionais. Se na infância a

criança for estimulada com brincadeiras apropriadas a cada etapa

do desenvolvimento, sua personalidade será formada de forma

íntegra e completa.

Então, de acordo com os anos, numa fase um pouco mais

avançada, a criança brinca com a outra de uma forma mais livre,

corporal, com a presença do imaginário, com brinquedos e

materiais. Dessa interação vem o reconhecimento dos objetos, do

próprio corpo e do imaginário, onde a criança vivencia a formação

da sua imagem e do seu auto conceito.

Pode-se dizer que o brincar evolui do corpo para o objeto,

do individual para o coletivo, do simbólico para o real, auxiliando a

criança a se colocar num contexto social organizado.

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26

O brincar, como processo, proporciona uma ética da

aprendizagem em que as necessidades básicas do aprender das

crianças podem ser satisfeitas. Essas necessidades englobam as

oportunidades:

* de conhecer e valorizar a si mesmo e as próprias forças,

e entender as limitações pessoais;

* de adquirir novos conhecimentos, habilidades,

pensamentos e entendimentos coerentes e lógicos;

* de ser ativo dentro de um ambiente seguro que encoraje

e consolide o desenvolvimento de normas e valores sociais;

* de praticar, escolher, preservar, imitar, imaginar, dominar,

adquirir competência e confiança;

* de criar, observar, experimentar, movimentar-se,

cooperar, sentir, pensar, memorizar e lembrar;

* de comunicar, questionar, interagir com os outros e a ser

parte de uma experiência social mais ampla em que a flexibilidade,

a tolerância e autodisciplina são iguais.

O brincar apresenta-se por meio de várias categorias e experiências que são diferenciadas pelo uso do material ou dos recursos predominantemente implicados. Essas categorias incluem: o movimento e as mudanças da percepção resultante essencialmente das mobilidades físicas das crianças, a relação com os objetos e suas propriedades físicas assim como a combinação e a associação entre eles; a linguagem oral e gestual que oferecem vários níveis de organização a serem utilizados para brincar; os conteúdos sociais, como papéis, situações, valores e atitudes que se referem à forma como o universo social que se constrói; e, finalmente, os limites definidos pelas regras, constituindo-se um recurso fundamental para brincar. PCN’s (1998, Vol. I p. 28)

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Vygotsky (1984), afirma que a aprendizagem configura-se

no desenvolvimento das funções superiores através da apropriação

e internalização de signos e instrumentos, em um contexto de

interação. A aprendizagem humana tem a perspectiva de uma

natureza social específica e um processo mediante o qual as

crianças acedem a vida daqueles que as rodeiam. É por isso, que,

para ele, a brincadeira provoca na criança uma série de outros

desejos. Ensina-se a desejar, relacionando os seus desejos, a um

“eu” fictício, ao seu papel nas brincadeiras e nas regras Dessa

forma, as maiores aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível

básico de ação real e moralidade.

Portanto, a brincadeira é uma situação privilegiada de

aprendizagem infantil onde o desenvolvimento pode alcançar níveis

mais complexos, exatamente pela possibilidade de interação entre

os pares numa situação imaginária e pela negociação de regras de

convivência e de conteúdos temáticos.

Brincando as crianças recriam o mundo, refazem os fatos,

não para mudá-los simplesmente ou para contestá-los, mas para

adequá-los aos filtros da compreensão. Esses filtros são o cognitivo

e o afetivo. Algo pode se adequar ao cognitivo, porém, não no

afetivo. As brincadeiras e os jogos facilitam a transição do cognitivo

para o afetivo.

A brincadeira na qual a criança cria um enredo fantasioso e

se coloca nele, é a mais rica e constante brincadeira de infância, o

chamado “faz-de-conta”. Através desse jogo a criança trabalha e

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explora o seu auto conhecimento, a sua angústia frente ao

desconhecido, descobre a si mesma e que deseja ser, experimenta

sentimentos e exercita a sua capacidade de tomar decisões. Essas

sensações experimentadas através do ato de brincar é essencial

para que aconteça a aprendizagem formal.

Piaget (1978) reconhece a necessidade de um equilíbrio

emocional para que a capacidade intelectual seja plenamente

exercida, pois, segundo ele, o desenvolvimento afetivo inclui

sentimentos, valores, desejos, emoções, interesses e motivação,

sendo os três últimos essenciais para o desenvolvimento intelectual.

O brincar também pode funcionar como agente de

socialização, não só quando em grupo, mas também sozinha, a

criança aprende as regras de socialização e convivência. Existem

jogos que apresentam propostas cooperativas, associativas ou

competitivas, outros exercitam a linguagem, a capacidade de

expressar-se e a criatividade, além de seguir regras, exercer

paciência para esperar a sua vez, compartilhar experimentar a

vitória e a derrota, definir-se ou não como líder.

“As crianças só são livres quando brincam entre si dentro de suas faixas etárias: é nessa ocasião que, verdadeiramente, criam e desenvolvem sua autonomia. O melhor brinquedo didático para uma criança é a outra criança da mesma faixa de desenvolvimento. Piaget, (1978. p. 64)

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No contexto educacional, as habilidades e necessidades

básicas precisam caminhar juntas. É por isso que o brincar é tão

vital. Certas necessidades básicas podem ser satisfeitas através do

brincar e algumas habilidades básicas também, mas é claro que,

muitas outras exigem que as crianças sejam desafiadas e que

tenham seus devidos objetivos para que se alcance uma boa

aprendizagem.

Repensando as práticas atuais, percebemos que a escola

deve servir de preparação para a vida no sentido de se formar

atitudes e de dotar a criança de recursos que lhe possibilitem

resolver problemas reais que a vida lhe colocará; deve ser a

preparação para a vida no sentido de lidar com problemas “reais”,

desde o início do aprendizado escolar. Nesse sentido o jogo vem

para auxiliar no resgate da aprendizagem construída com a

participação do aluno. O jogo para desenvolver nas crianças a

capacidade de imaginar e assim valorizaria sua relação com a

escola e o mundo.

A fim de construir ralações de confiança entre professores e

alunos se apropriariam do jogo como forma de resgatar na criança

sua capacidade de sonhar, de criar, permitindo que a criança jogo

com a realidade. Esse seria um meio de dar sentido a uma relação

que está sendo considerada “burocrática”. Pois o problema que se

enfrenta é a liberação da espontaneidade, da ação criadora para

que haja um encontro significativo do educando com o

conhecimento, baseado por situações significativas mediadas pelo

professor.

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Para entendermos o fato da criança ao brincar, dar asas a

imaginação e sonhar. Precisamos entender que o símbolo tem

importante papel na vida do homem.

Assim o conhecimento se liberta do aqui e agora e passa a

estar presente no pensamento, uma vez que é possível imaginá-los.

O imaginário nesse caso faz parte da tomada de consciência da

existência do real. Segundo Kishimoto (2003), as crianças recebem

regras prontas e não significações, essas crianças devem aceitar o

que está lhes sendo posto para tornar-se bons adultos.

A mesma coisa acontece aos professores. Atitudes como

essas fazem com que as relações na escola, continuem sendo de

poder e os conhecimentos ritualizados. Esse autoritarismo

conservado pela escola, faz com que a construção do

conhecimento significativo seja bloqueado.

É preciso resgatar o direito da criança à educação que

valoriza as linguagens expressivas do jogo, do desenho e da

música como parte do processo de construção do pensamento da

criança.

Assim percebemos a brincadeira como atividade significativa

na formação dos sujeitos sociais e culturais. A brincadeira acaba

tendo significações e formas de ação específicas que interferem

nas relações das crianças e no modo pelos quais elas interpretam

e agem sobre o mundo.

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A criança no ato de brincar se distância da realidade e passa

a viver a fantasia em uma nova lógica sem as conseqüências que

teriam na realidade. Tudo isso envolve um aprendizado de forma

específica que estabelece e controla o universo simbólico e o

espaço interativo. Sendo assim poderíamos dizer que a partir da

relação da criança com o jogo, a criança torna-se capaz de atribuir

novos significados aos objetos, coordenar as ações em grupo,

planejar, argumentar, construir novas realidades tudo isso com base

no imaginário.

Temos que pensar na capacidade dos brinquedos de

transportar as crianças para o mundo da imaginação, lembramos

das crianças e de quantas vezes ao longo do ano as viu

transformando lápis e régua em avião, estojo em nave espacial,

olhando para a aporta da sala como se do outro lado estivessem os

ladrões e só eles fossem capazes de salvar o mundo, tudo isso

graças a fantasia. E assim aprendemos que é através da

imaginação que acriança vai reinterpretar o mundo.

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Capítulo III

A possível contribuição do jogo e da brincadeira à

educação de crianças portadoras de necessidades

educacionais especiais.

A emergência de mudanças, faz com que as escolas e os

professores estabeleçam novos perfis, transformando muitas de

suas idéias e aprendendo a viver com as incertezas que a realidade

lhes impõe. Uma dessas incertezas vivenciadas pela escola

atualmente é a inclusão de crianças com necessidades

educacionais especiais junto às classes ditas ”normais”.

São grandes as dúvidas e receios por parte dos profissionais

em educação. Os professores tentam trabalhar da melhor maneira

possível o processo inclusivo, mas acabam se sentindo

desamparados em termos de referenciais, não só dentro da escola,

como também fora dela.

O segundo grupo de artigos trata da questão do jogo, do

brinquedo e da brincadeira, e suas articulações com as crianças

com necessidades especiais: a pedagogia, a psicopedagogia, a

avaliação, o fracasso escolar, as propostas curriculares e outros

temas percorrem esta seção.

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O texto "O jogo e o fracasso escolar", de Sahda Marta Ide,

inicia tratando dos testes-padrão de medidas de inteligência e seu

questionamento como instrumento adequado para a avaliação

das crianças portadoras de deficiências. A autora indica, como

saída desse ciclo "avaliação por testes e medidas e diagnóstico

de fracasso escolar", a procura das causas desses fracassos e

encontra, na bibliografia estudada, algumas generalizações com

referência às famílias, às escolas, à atitude do educador e, a partir

dessa análise de "causas do fracasso escolar", propõe

alternativas educacionais de reversão dessa situação. Segundo a

autora, o elemento central para essa ação diferenciada, destinada

à desestigmatização, seria o da mediação, tanto a humana, como

a instrumental. E é na instrumental que aparece o jogo como

recurso fundamental na educação de crianças deficientes

mentais.

Assim, com base em estudos realizados por Sahda Marta Ide,

IN Kishimoto, 2003. Veremos como as atividades lúdicas, vêm

sendo utilizadas por portadores de necessidades educacionais

especiais como possível referencial. Buscaremos compreender o

papel do professor no processo de desenvolvimento dos jogos. E

como eles podem ser significativos enquanto causadores de novas

experiências no convívio, no aprendizado e na construção de

valores éticos como o respeito às diferenças, o espírito de equipe,

criatividade, responsabilidade e imaginação.

O artigo seguinte, "O uso de brinquedos e jogos na

intervenção psicopedagógica de crianças com necessidades

especiais", de Leny Magalhães Mrech, de certa forma aprofunda

aquilo que foi anteriormente analisado. A autora faz uma crítica

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contundente aos conceitos piagetianos mais divulgados nos cursos

superiores, tais como estágios do desenvolvimento, e todos

aqueles que tiveram formação acadêmica, nessa área, nas últimas

décadas são testemunhas desse empobrecimento da epistemologia

genética. Para se contrapor a essa tendência, a autora propõe a

noção de equilibração e a reequilibração das estruturas cognitivas

como conceito central dessa concepção de construção do

conhecimento. Discute os universalismos das teorias que nos

amarram e propõe a busca de singularidades. Nesse momento, ela

busca a psicanálise, trazendo o desejo, o outro, o não-saber, e, de

forma muito interessante, passa da visão da alienação individual

para a alienação social e cultural utilizando R. Barthes e P.

Bourdieu.

A necessidade da desnaturalização dos lugares de saber e

não saber, de aprendentes e ensinantes e da dialética dessas

relações individuais e sociais é fundamental para pensar a

construção do conhecimento. Os jogos, os brinquedos e os

materiais pedagógicos são analisados quanto à sua possibilidade

de interferir nas estruturas de alienação social e individual do saber

– estereotipias, relações transferenciais, estruturado ou

estruturante.

Depois a autora apresenta a noção de modalidade de

aprendizagem, isto é, o tipo de relação que cada sujeito, a partir da

sua própria história, constrói ao conhecer o mundo, conceito este

desenvolvido por Alícia Fernandes a partir da psicanálise e da

psicologia genética.

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O texto conclui com a análise das relações das modalidades de

aprendizagem e as ofertas de "ensinagem" e coloca as

experiências com jogos e materiais pedagógicos como modos de

"pluralização" destas modalidades e também com um apelo ao

trabalho educacional voltado ao desenvolvimento das diversas

formas da inteligência.

O texto "O jogo na organização curricular para deficientes

mentais", de Maria Luisa Sprovieri Ribeiro, inicia com uma análise

das práticas tradicionais de atendimento às crianças com

necessidades especiais e com resistências pessoais e sociais a

uma mudança de concepção deste tipo de atendimento.

Utilizando-se de características do jogo, de acordo com Gilles

Brougére, tais como a necessidade de espaço, papéis, materiais e

tempo do jogo para pensar o currículo, denuncia a "cultura" do

trabalho individualizado, isto é, isolado, do educador de crianças

com necessidades especiais, que não está presente nos debates

dos demais educadores e áreas de conhecimento dentro das

escolas. Denuncia esta experiência de prática social de educador

como criador único do currículo ou criatura que aplica os currículos

dos tecnocratas. Para a autora, é necessário ousadia nos

professores de educação especial para que utilizem na construção

de suas propostas educativas as discussões coletivas e

contemporâneas de currículo e quebrem uma visão tão

"conformada" desse tipo de atendimento educativo.

Em busca de tentarmos recuperar crianças com deficiências

leves, que muitas vezes passam despercebidas ao professor,

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devemos pensar na importância do professor como mediador, pois

como nos diz Sahda Marta Ide:

O mediador cria no indivíduo disposições que afetam o seu funcionamento de forma estrutural. O “Fracasso”, o “distúrbio”, a “dificuldade” de aprendizagem, são quase sempre, fracassos, distúrbios e dificuldades da mediação.

(Kishimoto, 2003, p. 94)

Sendo assim, temos que repensar nossa prática e pensarmos

em como poderemos estimular os portadores de necessidades

educacionais especiais a se desenvolver. Mas uma vez faz-se

necessário pensar na relação professor, aluno. A esse respeito

Shada Marta Ide nos mostra que:

Devido a complexidade da inter-relação que envolve os aspectos afetivos e cognitivos da aprendizagem, o mediador deve desenvolver com a acriança uma relação de respeito mútuo, de afeto e de confiança que favoreça o desenvolvimento de sua autonomia. Um clima sócio-afetivo tranqüilo e encorajador livre de tensões, é fundamental para que este aluno possa interagir de forma confiante com o meio, saciando sua curiosidade, descobrindo, inventando e construindo, enfim, seu conhecimento.

(Kishimoto, 2003. p. 95)

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O professor que assume seu papel como mediador, levando

em consideração as necessidades de seus alunos, fará com que os

mesmos superem suas dificuldades. Tão importante quanto a ação

do mediador, são os recursos pedagógicos que devem ser

utilizados, possibilitando a construção do conhecimento de forma

pensante.

O jogo seria um dos instrumentos pedagógicos capazes de

instigar a criança a desenvolver sua inteligência. Uma vez que

como já vimos os jogos contribuem para o desenvolvimento das

relações sociais e afetivas da criança. O jogo alcançaria tais

objetivos por estar livre, do controle e da pressão da sala de aula

aos quais já estamos habituados.

É impossível detectarmos os tipos de necessidades que o

jogo possa suprir nos portadores de necessidades educacionais

especiais. Uma vez que necessitaríamos de estudos mais

aprofundados de cada quadro. Com essa pequena abordagem

quero mostrar que realmente o jogo está inserido no contexto

escolar, atuando em suas diversas áreas.

Ainda assim, Sahda Marta Ide (2003), nos fala da capacidade

do jogo de provocar interações. Essas interações podem atingir

desde níveis mais elevados, que envolve a participação de outros

indivíduos. Até os níveis mais leves que não constituem fontes de

progresso como a primeira, mas propiciam maturação para a ação.

Com base nos estudos entendo a importância das salas de

recursos. Em pesquisa feita no Colégio Helena Antipoff, estive em

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contato com uma professora de recursos formada em psicologia.

Ela me explicou a importância dos jogos para os portadores de

necessidades educacionais especiais. É através dos jogos que as

crianças tentam superar suas dificuldades, para acompanhar os

alunos considerados “normais”.

A professora depois de realizar com os portadores de

necessidades educacionais especiais os jogos possivelmente os

ajudariam a amenizar algumas de suas dificuldades, leva o jogo

para a turma para que todas as crianças brinquem juntas. Como

vimos anteriormente essa seria uma forma de estimular a

convivência em grupo, a autonomia dando-lhe suporte para uma

convivência feliz com o outro, no caso considerado “normal”.

Durante esta pesquisa, tivemos um contato maior com a

educação inclusiva. Ao longo das visitas que não foram muitas, um

espaço que nos chamou muita atenção foi a sala de recursos e

crianças, que lá, faziam de tudo, jogavam bola, brincavam. Nos

remetemos fortemente a lembrança de uma criança que tirava a

perna mecânica para jogar futebol e para os ensaios de quadrilha

que aconteciam na época. Hoje, sabemos da importância de

conquistar recursos que possibilitem uma inclusão de qualidade que

valorize o aluno de um modo geral.

Mais uma vez percebemos a importância do professor como

mediador. Acreditamos que realmente boa parte do

desenvolvimento do aluno está em uma mediação de qualidade. É

claro que falando isso não estamos transferindo para o professor o

papel de redentor da pátria, ou seja, como o único capaz de

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recuperar os alunos portadores de necessidades educacionais

especiais. Ressaltamos com isso a importância do educador e de

uma formação de professores de qualidade.

A proposta de utilizar os jogos como instrumento que pode

ser usado pelo mediador não é nova, nem é intenção da pesquisa

mostrar o assunto como uma descoberta. A proposta é mostrar que

os jogos e os brinquedos tem características que vão além de uma

brincadeira de criança dita “sem importância”. Uma vez que hoje

cada vez mais percebemos que falta a escola justamente o que

cabe ao jogo e suas propriedades. Já que ao jogo atribuímos, a

alegria, o trabalho em grupo, a descontração e tantas outras

propriedades que podem ser exploradas pela escola.

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Conclusão

Ao final do trabalho chegamos à conclusão de que ainda hoje,

o jogo e a brincadeira enfrentam dificuldades em ser aceitos como

instrumentos pedagógicos. Mesmo assim, é impossível pensar em

educação infantil sem a presença do jogo e da brincadeira.

Ainda há quem julgue o brincar como sinal de indisciplina ou

perda de tempo, mas um número cada vez maior de educadores

descobre que a criança aprende, e muito, numa brincadeira. A

correta interpretação e a observação do ato lúdico, fornece um

valioso instrumento para entender as crianças, além da

oportunidade de mesclar as informações, vão privando a fase da

infância de belas brincadeiras que não se perdem a nenhum

progresso tecnológico por combinarem aspectos lúdicos que

agradam à própria essência da criança.

Com base no que presenciamos na escola vemos no jogo

uma grande contribuição para o ensino. Ainda assim, defendemos a

idéia de que podemos aproveitar todas as características do jogo: o

trabalho em grupo, a alegria, a auto correção, sem que o mesmo

perca suas características lúdicas.

Percebemos que o jogo permite que a criança se desenvolva

físico e mentalmente. Também seria atribuído ao jogo o resgate de

momentos em que a criança se desenvolveria com base no lúdico,

na imaginação e na fantasia.

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A partir desses princípios vimos no trabalho algumas

contribuições, atribuídas ao jogo. Aos deficientes, o jogo e a

brincadeira vêm como um novo caminho, pois como vimos através

dos jogos os deficientes poderão de acordo com o estágio de sua

doença desenvolver-se. O jogo alcançaria tais objetivos por estar

livre do controle, da pressão da sala de aula aos quais estamos

habituados.

Através dos PCNs podemos refletir a respeito de como somos

influenciados pelos jogos e brincadeiras. Desde criança brincamos

através da música. Esse costume é transmitido entre gerações.

Após vermos o quanto o jogo está presente em nossas vidas

fica difícil não aceitarmos que o mesmo possa fazer parte de

nossas práticas escolares como suporte pedagógico. Mais do que

um modismo ou de uma maneira de chamar atenção de uma nova

clientela. O jogo tem que ser visto como um dos possíveis caminhos

a serem seguidos para atendermos as necessidades de nossos

alunos e de dar significado ao que está se aprendendo.

Para que o jogo possa ser aceito como suporte pedagógico é

importante que possamos repensar a formação dos professores.

Sabemos que hoje, o professor tem sua formação voltada para o

modelo capitalista de educação. Esse modelo engloba uma

formação onde o lúdico e o estético não tem vez. Dentro desse

contexto percebemos o jogo como um novo caminho. Através do

jogo poderemos proporcionar as crianças um ensino de qualidade e

com alegria.

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A brincadeira faz com que todas as crianças, independente de

sua classe social, sejam espontâneas. Logo fica mais do que

explícito de que é hora de repensarmos a finalidade do jogo em

nossa sociedade.

Sendo assim, o presente trabalho tem como principal

finalidade nos conscientizar da emergência de mudança na

educação. O jogo e a brincadeira podem ser o que tanto buscamos

para ressignificar nossa prática. Fica neste contexto então um

momento para refletirmos a respeito do caminho que teremos que

seguir.

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45

Índice

Folha de Rosto ..............................................................................02

Agradecimentos.............................................................................03

Dedicatória.....................................................................................04

Resumo..........................................................................................05

Metodologia...................................................................................06

Sumário.........................................................................................07

Introdução.....................................................................................08

Capítulo I

Concepções históricas do jogo.....................................................11

Capítulo II

A aprendizagem e as brincadeiras ..............................................23

Capítulo III

A possível contribuição do jogo e da brincadeira à educação de

crianças portadoras de necessidades educativas especiais

......................................................................................................32

Conclusão......................................................................................40

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46

Bibliografia ......................................................................................43

Índice ..............................................................................................45