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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE TERAPIA DE CASAL POR UMA ABORDAGEM COGNITIVA COMPORTAMENTAL Por: Roberta Ferreira A. da Silveira Orientadora Profª. Fabiane Muniz NITERÓI 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

TERAPIA DE CASAL POR UMA ABORDAGEM COGNITIVA

COMPORTAMENTAL

Por: Roberta Ferreira A. da Silveira

Orientadora

Profª. Fabiane Muniz

NITERÓI

2009

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

TERAPIA DE CASAL POR UMA ABORDAGEM COGNITIVA

COMPORTAMENTAL

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Terapia de Família

Por: Roberta Ferreira A. da Silveira

3

AGRADECIMENTOS

A Deus em primeiro lugar, sem ele não

chegaria até aqui.

Aos meus avos-Wilson e Wilma, que

tanto amo. Aos meus pais – sem eles

nada seria, e ao meu namorado que

esteve ao meu lado nos momentos em

que mais precisei as minhas amigas de

curso e a todos que de alguma forma

direta ou indiretamente contribuíram

para o meu sucesso.

Muito obrigado por toda ajuda,

compreensão e por terem acreditado

em mim.

4

EPÍGRAFE

“Não temas, pois eu sou contigo; não te assombres,

pois eu sou teu Deus. Eu te fortalecerei, e te

ajudarei; eu te sustentarei com a destra da minha

justiça”.

Isaías 41 v: 10

5

DEDICATÓRIA

À minha querida avó - Eurides, em memória,

Que muito contribuiu para a formação da minha

identidade e que tanto fez... Sendo parte

carinhosa da minha história.

Saudades!

6

RESUMO

Em nossa sociedade um número expressivo de casais vem enfrentando

problemas por conta de suas relações conflituosas. Tais dificuldades vêm

sendo associadas ao desenvolvimento e manutenção de diversos transtornos

mentais. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) oferece um modelo eficaz

para o manejo dos problemas conjugais e melhoria da satisfação dos parceiros

com seus relacionamentos. A análise Clínica do Comportamento contribuiu

com técnicas de aceitação, com a valorização do contexto e a promoção da

vivência intensa do fluxo das interações.

Técnicas como o treino de comunicação e de solução de problemas, que unem

a terapia comportamental de casal por meio das abordagens, exemplificam a

noção básica de que fazer um relacionamento funcionar é algo que precisa ser

aprendido.

No presente trabalho tem o objetivo de mostrar que o compromisso da terapia

de casal não é com a manutenção ou a ruptura do casamento, mas com a

saúde emocional dos membros do casal e da família.

Palavras-chave: Terapia Cognitivo-Comportamental, Casal, Técnicas.

7

METODOLOGIA

O trabalho foi desenvolvido de forma clara e objetiva, apresentando os

aspectos e conflitos que existem em uma dinâmica conjugal. Esse trabalho

será baseando em livros específicos sobre o assunto (TCC e terapia de casal).

O trabalho tem três capítulos.

Serão abordadas as correntes teóricas que contribuíram para explicações de

conflitos vividos em uma vida de cônjuges.

Esse tema foi escolhido para apresentar a forma de terapia pela abordagem

cognitiva comportamental e sua eficácia. O trabalho tem como fundamento

referencia bibliografias sobre terapia de casal, sem pesquisas de campo. Os

principais autores destacados foram Aaron T.Beck, Rangé, Feres Carneiro,

Stuart, Baucom e Epstein.

8

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .......................................................................................9-10

CAPÍTULO I - O Pressuposto Central da Terapia-Cognitiva ......................11-15

CAPÍTULO II -Terapia Cognitiva com Casa ...............................................16-22

CAPÍTULO III-Tratamento-Técnica e Procedimento.................................. 23-32

CONCLUSÃO............................................................................................. 33-34

BIBLIOGRAFIA............................................................................................35-36

ÍNDICE..............................................................................................................37

FOLHA DE AVALIAÇÃO ............................................................................... 38

9

INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é apresentar o modelo cognitivo

comportamental de terapia de casais, passando por algumas de suas técnicas

e intervenções. Quando o casal está em crise e ambos querem investir no

casamento, a terapia de casal pode ser uma boa alternativa.

A terapia cognitvo-comportamental nasceu nos EUA na década de 60,

com trabalhos pioneiros de Aaron T. Beck, e na década de 80, entende-se que

a terapia cognitiva baseia-se no pressuposto teórico de que os afetos e os

comportamentos de um indivíduo são determinados em grande medida pelo

seu modo de estruturar o mundo. A cognição refere-se ao conteúdo dos

pensamentos e aos processos envolvidos no ato de pensar. Assim, são

aspectos da cognição as maneiras de perceber e processar as informações, os

mecanismos e conteúdos de memórias e lembranças, estratégicas e atitudes

na resolução de problemas.

A terapia cognitiva comportamental tem se desenvolvido de maneira

progressiva nas ultimas décadas. Nascida nos Estados Unidos na década de

60,através dos trabalhos pioneiros de Aaron Beck,recebeu uma

fundamentação empírica e conceitual.

Nos últimos anos, a terapia Cognitiva Comportamental tem sido aplicada

a uma serie crescente de transtornos emocionais e comportamentais, se

mostrando eficaz no tratamento de uma grande variedade de transtorno

psicológico.

Hoje em dia, a terapia Cognitiva Comportamental nos fornece um amplo leque

de procedimentos para os diversos processos cognitivos, nos quais diferentes

problemas psicológicos e transtornos de personalidade.

10

Se inicialmente a terapia cognitiva comportamental focalizava

exclusivamente o tratamento individual, devido às adaptações que sofreu, foi

também desdobrada para terapia de casais.

A terapia comportamental de casal surgiu em países nos quais, durante

séculos, uma segregação rígida dos papeis de gênero havia garantindo a

homens e mulheres a socialização necessária para se adequar aos seus

destinos na família. Quando duas guerras mundiais retiraram, durante anos,

grandes números de homens europeus e norte-americanos do mercado de

trabalho, abriu-se o espaço para a entrada de mulheres em funções

anteriormente fechadas para elas. Junto com o movimento político de

emancipação feminina que conheceu seus maiores sucessos na primeira

metade do século XX, essa redistribuição do trabalho levou a uma mudança

profunda na cultura conjugal. Antes foi, em muitos casos, a miséria que levara

mulheres, em contrário às normas sociais, ao mercado de trabalho, e o

trabalho delas era marcadamente desvalorizado em comparação com o dos

homens. Na segunda metade do século XX, a mulher de classe média tinha

uma profissão. O cuidado das crianças e do lar não cabia mais a ela, e a

autoridade do marido e do pai de família foi questionada na sua essência e

profundamente revisada. O fim da segregação de papéis tradicionais tornou

imperativa, para os cônjuges, a negociação aberta de suas próprias soluções

para as tarefas da vida. Não havia mais respostas evidentes e inquestionáveis.

Para viver em casal, os parceiros precisavam agora, mais do que antes, de

habilidades de comunicação e de solução de problemas.

11

CAPÍTULO I

O Pressuposto Central da Terapia Cognitivo

Comportamental

Os pressupostos são crenças que as pessoas mantêm sobre a natureza

dos relacionamentos e das pessoas em geral Por exemplo, um homem pode

pressupor que a existência de desacordo entre parceiros é algo prejudicial para

a relação. Os padrões são crenças que um indivíduo tem sobre como “deveria”

ser uma vida conjugal Por exemplo, uma mulher pode acreditar que, numa

relação amorosa, deveria haver o eterno sentimento de paixão (Baucom,

2002).

Terapia Comportamental auxilia o indivíduo a modificar a relação

entre a situação que está criando dificuldade e a habitual reação emocional e

comportamental que ele tem naquela circunstância, mediante a aprendizagem

de uma nova modalidade de reação

Segundo Knappa (2003) o pressuposto central da abordagem

cognitiva comportamental é o de que um comportamento disfuncional foi

aprendido e pode ser desencadeado por sinais internos e externos associados

a ele. Por essa ótica então, o terapeuta auxilia o indivíduo a modificar a relação

entre a situação que está criando dificuldade e a habitual reação emocional e

comportamental que ele tem naquela circunstância, mediante a aprendizagem

de uma nova modalidade de reação. A nova aprendizagem é conseguida

através de técnicas apropriadas a cada caso.

Isto quer dizer que a visão de mundo possuída por uma pessoa, influencia a

forma como pensa, sente e age. As técnicas psicoterápicas auxiliam a

identificar avaliar, controlar e a modificar as crenças que comandam a sua

visão de mundo e que podem ser disfuncionais. Crenças são "certezas" que o

indivíduo constrói através da experiência e algumas podem condicionar a sua

12

vida, perturbando-o, podem ser: "não sou perfeito ou perfeita para ele ou ela";

"não sou bonita o bastante"; "as outras pessoas são melhores do que eu", não

tenho valor, etc.

A terapia baseia-se na idéia de que pensamentos podem gerar os

sentimentos e os comportamentos que constituem a queixa do paciente.

Rangé (2001) atesta ser a identificação desses pensamentos durante a sessão

um ponto crucial para uma adequada demonstração das distorções cognitivas

em ocorrência, possibilitando que o paciente, para aliviar seu sofrimento,

aprenda detectar por si mesmo os pensamentos e os sentimentos como um

primeiro passo para também aprender a manejá-los e compreender como se

relacionam mutuamente para produzir um determinado comportamento.

(Rangé 2001) define: “o terapeuta comportamental é um decifrador de códigos,

um pesquisador em busca de hipóteses”.

O modelo cognitivo propõe que os transtornos psicológicos decorrem de

um modo distorcido ou disfuncional de perceber os acontecimentos,

influenciando o afeto e o comportamento (Beck et al., 1982).

A Cognição é um termo amplo que se refere ao conteúdo dos

pensamentos e aos processos envolvidos no ato de pensar. Assim, são

aspectos da cognição as maneiras de perceber e processar as informações, os

mecanismos e conteúdos de memórias e lembranças, estratégicas e atitudes

na resolução de problemas.

Por essa perspectiva, Falcone (2001) relata que a terapia cognitiva

trabalha a princípio, identificando três níveis de pensamento do indivíduo:

1º - os pensamentos automáticos;

2º - as crenças intermediárias e

3º - as crenças centrais.

13

Os primeiros, os pensamentos automáticos geralmente não são de fácil

acesso à consciência, podendo ser identificados ou acessados após um

treinamento adequado. São muito rápidos e espontâneos.

Os segundos, as crenças intermediárias acontecem sob forma de

suposições ou regras. Essas crenças são mais profundas que a primeira e são

mais resistentes às mudanças

As crenças centrais constituem o nível mais profundo da estrutura

cognitiva. Desenvolvem-se na infância, são elaboradas ao longo da vida e são

conhecidas como esquemas, definidos como estruturas cognitivas que

“orientam o indivíduo ao lidar com uma situação, ajudando-o a selecionar

detalhes sobre o ambiente e a lembrar dados relevantes” de acordo com Beck,

Emery e Greenberg (1985, p.54) Falcone (2001). Estas crenças centrais são

muito verdadeiras para o indivíduo, rígidas, idiossincráticas e generalizadas.

São extraídas através de técnicas cognitivas apropriadas.

Todos esses três tipos de pensamentos estão interligados no

funcionamento cognitivo de uma pessoa com transtorno psicológico. Portanto

uma crença central dá origem a uma crença intermediária e esta por sua vez a

um pensamento automático.

Abreu (1998) também fornece sua contribuição apresentando alguns

aspectos evolutivos de uma psicoterapia construtivista que ocorre na medida

em que o terapeuta e cliente, baseados em dados da realidade desse cliente,

propõem-se a explorar conjuntamente falhas no sistema de significados que

foram apreendidos, (re) interpretados e estruturados por esse cliente, de uma

forma disfuncional, idiossincrática, rígida, homeostática e desadaptativa. Após

encontrar essas falhas, que foram denominadas por Albert Ellis de crenças

disfuncionais ou irracionais que o cliente constrói automaticamente sobre si e o

mundo, o terapeuta, utilizando-se de ferramentas profissionais, oferece

habilidades especiais na facilitação do processo de mudança do indivíduo,

14

possibilitando então a reestruturação e ou a substituição dessas crenças por

outras mais funcionais e adaptativas.

Portanto, como conseqüência de um investimento neste trabalho

terapêutico, o cliente vai necessitar ser colaborativo para conseguir engajar-se

na terapia. Na visão construtivista de Abreu (1998), o cliente vai conhecer em

meio à terapia os seus esquemas cognitivos, emocionais, comportamentais,

funcionais e disfuncionais que são construídos automaticamente da

experiência pessoal de ação e de estar no mundo. Abreu (1998) relata que:

(...) o terapeuta, entre as várias estratégias, procurará

construir uma ponte (emocional) dentro da experiência

subjetiva do cliente na tentativa de procurar

‘experimentar’ os freqüentes e idiossincráticos

significados que o cliente atribui aos eventos que

constituem seu mundo. (p.69)

Ele ainda aborda o fato de que muitos desses significados finais

estruturados em nossa cognição partem dos níveis vivenciais da experiência

de vida para depois serem integrados aos níveis lógicos de pensamento.

Portanto esta abordagem psicológica realiza um trabalho considerando a

experiência da história passada do seu cliente, ou seja, a infância.

Abreu (1998) observou que foi em meio às grandes transformações

ocorridas na sociedade com a pós-modernidade, quando surgiram novos

conhecimentos provenientes da neurociência que influenciou e refinou essa

nova postura psicológica observada no campo das psicoterapias – o

construtivismo terapêutico. Neste contexto as concepções cognitivistas

racionalistas e objetivistas mostraram múltiplos instrumentos de ajustes

cognitivos, advogando o racionalismo, para a obtenção do equilíbrio

psicológico: registros de pensamentos disfuncionais em Beck (1997), técnicas

15

de reestruturação cognitiva em Beck e Freeman (1993), o processo da

identificação das crenças irracionais em Ellis (1988) e outros instrumentos que

visam corrigir e substituir pensamentos disfuncionais. E foi então que

“decorreu daí o axioma de que o “viver bem é o resultado de um pensar bem

(ou corretamente)” e decorreu também a origem da denominação de

abordagens cognitivas-racionalistas de acordo com Mahoney (1995,1998 p.63)

16

Capítulo II

Terapia Cognitiva Comportamental com Casais

A utilização da terapia cognitivo-comportamental com casais, com

base nos conceitos desenvolvidos por Beck, mais especificamente, começou a

ser mais pesquisada e utilizada na América do Norte por volta de 1980, e,

desde então, vem se desenvolvendo de forma gradual e constante (Dattilio,

2004). Determinados procedimentos e técnicas que antes vinham sendo

aplicados no tratamento de transtornos mentais específicos – depressão e

ansiedade – começaram a ser adaptados para a intervenção em problemas de

ordem marital (Beck, 1995). Processos cognitivos, fatores emocionais e

comportamentais capazes de intervir indevidamente na qualidade das relações

amorosas passaram a ser objeto privilegiado de investigação e tratamento de

casais (Baucom & Epstein, 1990). Os primeiros livros e capítulos de livro sobre

o assunto começaram a ser publicados no Brasil especialmente a partir da

década de 1990 (Beck,1995).

A idéia principal da terapia comportamental de casal é que o

relacionamento saudável é um fluxo contínuo que inclui tanto aspectos

negativos quanto positivos. Quando há mudança positiva, os aspectos

negativos do outro e de si mesmo podem ser aceitos. Quando há aceitação,

isto já é uma mudança que pode por si mesma acarretar outras. Assim, um

jogo dialético de aceitação e mudança está na base do tratamento (Jacobson

& Babcock, 1995).

O compromisso da terapia é com a promoção da saúde emocional

dos membros do casal e não com a manutenção ou a ruptura do casamento.

Usualmente, a primeira sessão é realizada com a presença de ambos os

cônjuges. Essa é uma oportunidade para o terapeuta verificar as áreas

problemáticas no relacionamento, a interação entre o casal, o modo como

eles se comunicam, os pontos fortes da relação, os fatores externos que

17

possam estar estressando os parceiros etc. As informações que são obtidas

nessa sessão irão auxiliar no processo de formulação de hipóteses

preliminares sobre os motivos do conflito conjugal (Schmaling et al., 1997).

O objetivo seria coletar informações que talvez não tenham sido

apresentadas inicialmente. Um parceiro poderia ficar inibido na presença do

outro e não revelar situações como, por exemplo, abuso na infância, violência

intrafamiliar, adultério e desejo de se divorciar. Algumas questões éticas se

impõem nessas entrevistas individuais. As informações prestadas nessas

sessões só podem ser reveladas com a autorização dos participantes, exceto

em alguns casos específicos. Por exemplo, no caso de violência física é

necessário que o cônjuge abusado seja encaminhado para instituições

competentes (Dattilio & Padesky, 1995).

Na sessão, exploram-se os diferentes setores do relacionamento,

para detectar as áreas de desequilíbrio. Analisando o setor ‘sair com os

filhos’, pode se perceber, por exemplo, que o marido os leva para o cinema e

o parque de diversões, enquanto que a mulher os leva para o dentista e às

aulas de recuperação escolar. Neste caso, as tarefas precisam ser re-

divididas. Na procura de instalar padrões de trocas positivas, a comunicação

é essencial. Cada um deve usar sinais claros, que não deixam dúvidas

concernindo quais comportamentos serão reforçados. Os parceiros devem

aprender a dizer, sem ambigüidade, o que querem do outro para poder abrir

mão de estratégias de controle aversivo. A contribuição de cada um precisa

ser reconhecida pelo outro. Tudo isto pressupõe que os parceiros adquirem a

capacidade de tomar a perspectiva do outro (Stuart, 1969).

Epstein e Baucom (2002) apontaram que as emoções têm um papel

igualmente relevante no funcionamento da vida amorosa. Sentimentos como

raiva, medo, ansiedade e tristeza podem influenciar de forma negativa as

cognições e os comportamentos de ambos os parceiros. Por outro lado,

emoções como amor e felicidade podem influenciar positivamente o convívio

conjugal Casais que há muito tempo estão vivenciando grandes níveis de

18

estresse em seus relacionamentos tendem a ter mais os primeiros

sentimentos do que os segundos. Por exemplo, uma parceira que solicita a

ajuda do marido para carregar um objeto pesado, e esse não a atende por

problemas de saúde que ela ainda desconhece, pode ficar com raiva ao não

ser atendida em sua solicitação. Ela pode pensar: “ele nunca me ajuda” e

gritar que ele é egoísta.

Fatores de ordem comportamental também estão relacionados com

os conflitos conjugais. A má comunicação entre os parceiros é um dos

principais. Algumas pessoas têm dificuldades para expressar o que pensam e

o que sentem. Uma esposa pode expressar-se em demasia ou mesmo não

mencionar determinado sentimento, como, por exemplo, raiva (Baucom &

Epstein, 1990).

A resolução inadequada de problemas cotidianos é outro fator

comportamental que também pode ter conseqüências indesejáveis para os

parceiros em seu relacionamento. Por exemplo, um marido pode ter

dificuldade em definir um problema de ordem financeira com sua esposa, o

que pode acabar por manter o casal mergulhado em dívidas. Além disso, os

casais têm de lidar com temas específicos que podem ser conflitantes, como

a educação dos filhos (Dattilio & Padesky, 1995).

É importante ressaltar que todo relacionamento tem seus pontos

fortes e fracos. Sabe-se que os anos de casamento conturbado levam a

percepção apenas do lado ruim da vida a dois. O terapeuta aponta e reforça

as ações positivas dos parceiros entre si. Além disso, procura modificar

alguns padrões de comportamentos negativos que estão prejudicando a

relação (Epstein & Baucom, 2002). As interações negativas serão os alvos

principais de intervenção terapêutica (Epstein et al., 1993).

As pessoas investem no relacionamento para crescer como

indivíduo. Logo, o bom funcionamento conjugal depende da preponderância

de reforçamento positivo nas trocas. Para isso, precisa-se compartilhar

19

tarefas e responsabilidades de forma equilibrada. Problemas surgem quando

cônjuges fazem uso excessivo de estratégias de controle aversivo, ou quando

os padrões habituais de reforçamento não são recíprocos, assim que um dos

dois aproveita da união enquanto o outro é prejudicado por ela (Stuart, 1969).

No novo modelo, um relacionamento saudável não é mais

caracterizado por ausência de conflitos, mas pela presença de conflitos

construtivos e altos níveis de intimidade (Christensen & Jacobson, 2000).

Intimidade é definida por Fruzzetti e Iverson (2004) como um padrão de

interação em que uma pessoa pode revelar fielmente seus pensamentos,

emoções e necessidades e a outra pessoa reage a estas revelações

aceitando e validando o que foi expresso. O sentimento que acompanha este

tipo de interação é chamado de proximidade (sentir-se próximo do outro).

Validação é a expressão de um compreender (e implicitamente ou

explicitamente de um reconhecer como legitimo ) da vivência da outra

pessoa. Esta validação requer que haja aceitação pelo ouvinte de suas

próprias reações emocionais à revelação feita pelo falante, para poder estar

atento à revelação (e não distraído pela rejeição das próprias emoções) e

aberto para entender a vivência do falante sem julgamento ou racionalização.

Mindfulness (Bishop et al, 2004) é o termo usado para descrever este ato de

aceitar plenamente de forma consciente e intencional eventos, sentimentos

ou pensamentos, com o mínimo de elaboração intelectual ou julgamento.

Assim, mindfulness é um elemento chave na construção da intimidade.

Beck (1995) apontou que muitos problemas vivenciados dentro do

casamento também poderiam estar relacionados às cognições disfuncionais de

ambos os parceiros. Alguns estudos ratificaram essa hipótese sobre o papel

negativo dos pensamentos, crenças, expectativas, atribuições, entre outros, na

qualidade dos relacionamentos maritais. A seguir, serão apresentados alguns

exemplos dessas cognições, lembrando que elas estão relacionadas entre si

(Baucom & Epstein, 1990).

20

Os pensamentos automáticos vêm sendo concebidos como idéias

ou imagens que passam despercebidas e de forma muito rápida na mente das

pessoas. Esses pensamentos por si sós não são adequados ou inadequados.

Devido ao fato de esses tipos de pensamento não serem sempre

racionalmente avaliados, eles tendem a ser aceitos como algo razoável, em

situações específicas. Tem sido apontado que esse fluxo de idéias

instantâneas, que pode passar na cabeça de um dos cônjuges, pode

influenciar seus estados emocionais e suas ações negativamente. Por

exemplo, quando uma esposa não recebe a atenção que gostaria de receber

de seu marido, a respeito de um problema de trabalho, pode chegar à seguinte

conclusão: “ele nunca me ouve”. Nessa situação, a parceira pode sentir raiva e

gritar com seu companheiro, dizendo que ele é um imprestável (Dattilio et al.,

1998).

Os pensamentos automáticos disfuncionais podem ser influenciados

por distorções cognitivas. Estas seriam distorções sistemáticas no

processamento da informação, falhas de interpretação e raciocínios

desprovidos de lógica (Beck & Alford, 2000). A leitura mental, por exemplo, é

um tipo de distorção segundo a qual uma pessoa acredita ser capaz de ler os

pensamentos de alguém. Por exemplo, quando um homem está falando com a

esposa e essa boceja por estar cansada, ele pode pensar: “ela está achando

chato conversar comigo”. Ele, então, pode ficar magoado e evitar sua parceira

ao longo do dia. Existem inúmeras outras distorções relatadas na literatura

especializada que podem ter influência sobre o relacionamento de casais

(Beck, 1995; Dattilio, 2004).

Beck et al. (1979) apontaram que o surgimento das crenças

intermediárias e centrais ocorre durante a interação das crianças com pessoas

significativas em suas vidas e estão associadas a fatores sócio-culturais. São

idéias que uma pessoa tem sobre si mesma, sobre as pessoas de uma

maneira geral, sobre o mundo, sobre relacionamentos, entre outros aspectos.

Crenças mais centrais têm maior impacto sobre o pensamento de uma forma

geral, são mais rígidas e mais difíceis de mudar do que crenças mais

21

periféricas. Ambos os tipos podem ser inadequados e levar ao aumento de

conflitos em um relacionamento amoroso. Por exemplo, um marido pode ter a

seguinte crença central, “não sou uma pessoa digna de ser amada”. Para

tentar não acreditar nesse pensamento, o esposo pode desenvolver uma

crença intermediária do tipo, “se eu sempre recebo apoio em todas as minhas

decisões, então eu sou amado”, ou do tipo “se minha esposa não concorda

comigo a todo o momento, então estou sendo rejeitado”. Uma vez que a

esposa não endossa todas as idéias do marido, este pode ficar triste e não

expressar seus pensamentos, por acreditar que realmente não pode ser

amado por alguém (Beck, 1995).

Azrin, Naster e Jones (1973) afirmam que uma relação de casal é

iniciada pelos parceiros como tentativa de ter acesso a novas fontes de

reforçamento. Por isso, há necessidade não só de aumentar a quantidade de

reforçamento, mas também de promover mudança contínua e evitar a saciação

com um tipo de reforçador repetitivo. Comunicação não é vista como

significação lingüística, mas como comportamento modelado pelas

contingências interpessoais. Estes autores enfatizam que a qualidade e a

interpretação das mensagens trocadas pela díade conjugal dependem das

conseqüências dos atos de comunicação. Referem-se ao trabalho de

Patterson (1970) para sustentar a importância de distinguir dois padrões de

interação, sendo estes a reciprocidade e a coerção. O primeiro padrão é

pautado em reforçamento positivo versus aproximação, e o segundo padrão,

em punição versus fuga e em reforço negativo versus esquiva.

Por fim, é importante incentivar os parceiros a demonstrarem

comportamentos mais amistosos um para o outro, independentemente.

Por exemplo, um marido pode esperar que a esposa modifique primeiro seus

comportamentos para, depois, ele alterar os dele. O terapeuta aponta que esse

tipo de postura traz desvantagens e, através, de breves relatos pode sinalizar a

22

importância da modificação do próprio comportamento da pessoa para o

aumento da satisfação conjugal (Schmaling et al., 1997).

23

Capítulo III

Tratamento-Técnica e Procedimento

A Psicoterapia Comportamental – cognitiva é uma técnica

reeducativa e que foi desenvolvida, aprimorada e extensamente difundida na

Europa e nos Estados Unidos nos últimos vinte anos e vem mostrando-se

eficaz para tratar os estados de ansiedade e outros distúrbios psicológicos.

O modelo cognitivo parece ser mais indicado para casos em que

expectativas rígidas ou interpretações irracionais do comportamento do outro

impedem progresso. As técnicas cognitivas são adequadas para casais

colaborativos e motivados, que estão dispostos a questionar suas convicções e

certezas para a melhora do casamento. Porém, muitos outros casais estão

travados em padrões emocionais dos quais eles mesmos compreendem a

irracionalidade, mas dos quais não conseguem se desvincular. Finalmente, o

uso proveitoso de técnicas cognitivas, na terapia de casal, nunca foi restrito a

terapeutas que usam o modelo cognitivo de forma ortodoxa.

As técnicas psicoterápicas a auxiliam a identificar, avaliar, controlar e a

modificar as crenças que comandam a sua visão de mundo e que podem ser

disfuncionais . Crenças são "certezas" que o indivíduo constrói através da

experiência e algumas podem condicionar a sua vida, perturbando-o, podem

ser : "Tenho que ser perfeito"; "Sou um incapaz"; "O mundo é perigoso".

As abordagens técnicas da terapia comportamental de casal que vieram

até nós são resultados de diferentes momentos no processo sócio-histórico

mais amplo e também, mais especificamente da evolução da terapia

comportamental. São marcadas pelas tentativas desta comunidade verbal

profissional de dar sentido às suas práticas, por meio de uma busca de

24

paradigmas coerentes. Além de refletir momentos da história das sociedades

que as geraram, estas abordagens, por sua vez, contribuíram para a formação

dessas sociedades influenciando a visão que o publico geral, e a categoria de

terapeutas em especifico, têm do casamento e dos seus problemas. Assim,

nenhuma pode pretender-se superior ou mais verídica que as outras. Porém,

esta revisão também pretendeu mostrar que, quando bem compreendias, cada

uma das ondas históricas descritas tem sua própria sabedoria e traz um recado

importante para nós.

A abordagem comportamental teve grande influência no

desenvolvimento de técnicas utilizadas no tratamento de casais em desalinho.

Inicialmente, as técnicas comportamentais foram empregadas, principalmente,

no desenvolvimento do intercâmbio social simples e do contrato marital

(Baucom & Epstein, 1990). Posteriormente, a Teoria da Aprendizagem Social

(Bandura, 1977) também foi aplicada ao tratamento de casais. Dentro desse

modelo teórico, ganhou destaque o exame das atribuições ou explicações,

enquanto processos cognitivo-perceptivos, que pessoas dão para os

comportamentos de seus parceiros (Jacobson 1997). Por exemplo, o

esquecimento de uma data por parte de um cônjuge pode ser interpretado pela

sua companheira da seguinte forma: “ele já não me ama mais”.

Um dos principais alvos da terapia é promover a reestruturação de

cognições disfuncionais. Esse é um processo realizado em diferentes etapas.

O objetivo é fornecer ao casal habilidades que possam diminuir os seus

conflitos. Inicialmente, o terapeuta explica a relação entre as idéias,

sentimentos e comportamentos durante a interação conjugal destrutiva. Cada

parceiro aprende a identificar, a avaliar e a responder aos pensamentos

distorcidos que podem estar influenciando de forma negativa o relacionamento.

25

As técnicas mais utilizadas são os registros de pensamentos

automáticos, diários, questionamentos na sessão, recordações (Rangé &

Dattilio, 2001). Uma técnica utilizada é a identificação de uma emoção e sua

relação com os pensamentos automáticos. Outra é avaliar o grau de

intensidade dos sentimentos em uma situação específica. O paciente aprende,

ainda, a expressar seus sentimentos, ou seja, a direcionar sua fala para

problemas específicos e comportamentais. O role-play é um procedimento

utilizado ao logo do tratamento e que, na interação entre cliente e terapeuta, é

possível treinarem-se essas habilidades específicas (Dattilio, 2004).

Tudo isto não significa que a terapia não valoriza mais a mudança.

Exigências estritas concernindo à conduta dos parceiros continuam sendo

feitas. Violência física, por exemplo, precisa parar antes de a terapia iniciar. As

técnicas de mudança complementam as de aceitação. Elas são o legado das

duas ondas anteriores. Há o treinamento em solução de problemas, que faz

parte do repertório do terapeuta comportamental de casal desde os anos 1960.

As trocas controladas por iniciativa do doador e a comunicação implícita

também continuam sendo trabalhadas como descrito por Jacobson em sua

fase cognitivo-comportamental.

As táticas de mudança são preferidas quando o nível da crise é

leve. Quando a emoção negativa está muito intensa, está indicada uma

abordagem baseada em aceitação. Quando o compromisso com o

relacionamento é grande (muitas coisas unem os parceiros), promove-se, em

primeiro lugar, mudança, mas quando a disposição de agir é baixa, a aceitação

é mais importante. Quando o problema se define no nível dos comportamentos

públicos ou quando se trata de padrões recentes, promove-se a mudança.

Quando se trata de comportamentos privados ou padrões antigos e

incompatibilidades profundas, trabalha-se com a aceitação (Jacobson &

Christensen, 1996).

26

As técnicas de aceitação promovem o abandono da luta contra

aspectos de si ou do outro que antes eram vistos como causas do problema.

Exemplos de técnicas de aceitação são: a união sobre o problema, (os

parceiros se permitem entrar plenamente em contato com seu sofrimento sem

acusar – defender – atacar ou recuar); transformar o problema em atrativo (ver

o que há de positivo nele); promover a expressão de emoções agradáveis;

prever problemas futuros como também situações em que o problema não

acontece; promover tolerância (e parar de tentar mudar o outro); ênfase no

positivo (aprender a elogiar; reforçar comentários positivos, mas agora, em

contraste com o trabalho de Stuart (1969), sem desconsiderar o que é

negativo); valorizar diferenças (você pode sentir-se bem com o que é diferente

em você); planejar recaída (como vamos lidar com ela?); simular problemas

em casa (o que era uma técnica de mudança em Jacobson e Margolin (1979),

agora é usado para tornar os problemas compreensíveis e aceitáveis); a

prática de autocuidados (não perder o que pode dar para si mesmo se o outro

não oferece).

Os terapeutas cognitivistas acreditam que os pensamrntos

disfuncionais e as distorções se desenvolvem a partir do processamento falho

de informações.

A chave do modelo cognitivo de terapia de casal e é a identificação de

pensamentos automáticos. Estes lançamentos podem ativar respostas

emocionais e ações comportamentais que geralmente causam conflitos nos

pensamentos automáticos são, geralmente, breves e paciente com freqüência

está mais ciente da emoção que sente decorrente pensamento o do que do

pensamento em si. A emoção é logicamente conectado ao conteúdo dos

pensamentos automáticos. A identificação, a avaliação e resposta aos

pensamentos automáticos, proporcionam uma mudança no afeto e no

comportamento. Quando os pacientes tais com uma situação problemática, o

terapeuta pede para imaginar a situação específica como se ela estivesse

acontecendo neste momento, usando máximo de detalhes. O terapeuta ajuda

a reexperimentar a situação, assim poderá orientá-lo, fazendo o

27

questionamento necessário, de modo a identificar os pensamentos

disfuncionais.

A identificação dessas distorções constituem uma parte importante

do aspecto de reestruturação do tratamento. A identificação das distorções

cognitiva de envolvem uma espécie de automonitoramento, um imperativo na

terapia cognitiva comportamental para a reestruturação dos processos de

pensamento.

Essas distorções ocorrem muito freqüentemente com casas em conflitos, mas

pode ocorrer em qualquer relacionamento em um ou outro momento.

Os casais devem tomar consciência das distorções comuns e

aprender a identificar um de seus próprios pensamentos pode se encaixar

nessas distorções. Quando aprendem a identificar tais distorções, os casais

tornam-se cada capazes de reavaliar as estruturas de seus pensamentos

proporcionar modificações de comportamento. O terapeuta deve providenciar e

exercícios que façam com que o casal reconheça que seus pensamentos

podem estar distorcidos devido a informações insuficientes ajudá-los a

monitorar a espécie e freqüência das distorções que usa. Esses de

monitoramento consistem de seus pensamentos e distorções permitem que as

pessoas se tornem mais conscientes de como seus pensamentos e distorções

afetam tanto aos outros contra a elas próprias.

Ás vezes, além de ser incapaz de identificar pensamentos

automáticos associados a uma determinada emoção, um paciente tem

dificuldade até mesmo em um identificar a situação que a mais problemática

para ele. Nessa situação e o terapeuta ajuda o paciente a localizar a situação

mais problemática propondo alguns problemas perturbadores pedindo ao

paciente para hipoteticamente eliminar um problema e quanto alívio o paciente

sente vistos que uma situação específica foi identificada, os pensamentos

28

automáticos poderão ser mais facilmente identificados. O mesmo processo

pode ser usado para ajudar o paciente para determinar que parte de um

problema mais aflige.

quando o terapeuta solicita os pensamentos automáticos do paciente ele está

buscando imagens reais que passaram pela sua cabeça. Até que tenham

aprendido a reconhecer esses pensamentos, alguns pacientes relatam

interpretações que podem ou não refletir os pensamentos reais.

as emoções também são extremamente importantes para terapeuta cognitivo.

Afinal, um dos objetivos do tratamento é um alívio de sintomas. Há

uma redução no nível de ansiedade do paciente e quando ele modifica seu

pensamentos funcional. Muitos pacientes não conseguem distinguir claramente

entre o que estão pensando e o que estão sentindo emocionalmente. O

terapeuta moderniza o material que o paciente apresenta nas categorias de um

modelo cognitivo: situação, pensamentos automáticos e reação (emoção,

comportamento e resposta fisiológica). Através da identificação das emoções,

o terapeuta pode resgatar os pensamentos automáticos e avaliar a conexão

entre os dois.

É importante para os pacientes, não apenas localizar suas emoções

mais também ser capaz de quantificar o grau de emoções que estão

experimentando. Assim o terapeuta pode detectar as situações mais aflitivas

do para seus paciente e focar nelas o tratamento.

de modo geral, o terapeuta procura obter um quadro claro e de uma situação

que é perturbadora para o paciente. Se ele o ajuda a diferenciar claramente os

pensamentos e suas emoções. E simpatiza com suas emoções ao longo desse

processo e ajuda a avaliar o pensamento de funcional que influenciou seu

humor.

Uma técnica muito utilizada para os terapeutas cognitivo os é a minuta de

registro de pensamentos disfuncionais (RPD) Beck et al.,1979 p.136.É um

quadro que possibilita ao paciente a localização mais efetiva e diferenciação

29

dos seus pensamentos, emoções e a avaliação das respostas a mais

adaptativas. a utilização do RPD, possibilita ao paciente a identificação denas

automáticos, diferenciação duros das emoções à reflexão sobre as de

respostas atrativas e mais atrativos. Na terapia de casais, o uso de técnicas

como o RPD, possibilita a aprendizagem de mortos alternativos de pensar,

com base nas informações colhidas. Os casais devem praticar diariamente

estes novos pensamentos. Com a prática repetida, os casais podem aprender

a reestruturação espaçamento pede fazer distorções derivadas de informações

errôneas. Além das intervenções cognitiva anos, a terapia comportamental

cognitivo se alinham para a alteração comportamental. As tarefas

comportamentais objetivo a melhora no relacionamento, o reforço de novas

habilidades e a tem estágio da validade das crenças. O terapeuta deverão

redistribuir tarefas para aumentar a deve interações positivo do casal. Esse tipo

de tarefa comportamental foi descrito pela primeira vez em que Stuart,1980

apud Datilio e Padesky,1995 que propôs os "Dias de Carinho"

Na intervenção dos “ Dias de Carinho”,o casal age um com o outro

como se estivesse nos melhores momentos de seus relacionamentos. Cada

membro do casal escreve uma lista de comportamentos positivos,específicos e

pequenos que gostariam de ver no parceiro. Esses comportamento deve ser

aqueles que não estão no centro do conflito. Após a revisão com o terapeuta,o

casal troca lista e concorda em fazer,cada um,pelo menos cinco coisas da lista

para seu parceiro,diariamente.

Este intercambio de comportamento positivo proporciona o

surtimento de efeito profundos sobre o relacionamento do casal.

Freqüentemente ocorre uma recordação espontânea de outros bons

momentos do relacionamento, o que ajuda a restabelecer uma boa expectativa

para a mudança. Segundo Stuart, a maior parte dos casais, após 1 ou 2

semanas de Dias de Carinhos, descobre que se sentem mais positivos em

relação ao parceiro e mais propensos a mudanças.

30

Outro fator comportamental muito utilizado na terapia de casais é o

treinamento para comunicação. O ensino mais efetiva e de métodos práticos

para a solução de problemas são componentes fundamentais na terapia de

casais. O terapeuta deverá estar alerta às crenças que podem estar

interferindo na boa comunicação ou impossibilitando a solução de problemas.

O terapeuta deverá ajudar o casal a compreender que a boa

comunicação não significa, necessariamente, concordância entre as duas

partes. A boa comunicação envolve aprender a falar e ouvir de modo que

conduzam a um entendimento mútuo e a uma solução de problemas,

principalmente quando existe divergência. Um dos modos de se alcançar este

objetivo é estabelecer um exercício padronizado de comunicação, no qual o

casal reveza-se como ouvinte e falante. Este exercício foi proposto por Aaron

T. Beck em 1988 e diz que o terapeuta pode solicitar o feedback do casal,

envolvendo similaridade e diferenças entre esta experiência e as discussões

costumeiras,propondo que o adotem como prática em seu dia-a-dia.

A boa comunicação é o elemento fundamental na estratégia de

solução de problemas.

Jacobson e Margolin,1979 desenvolveram um manual de solução de problema

para casais que propõe estratégias para resolução construtiva de conflitos.

Nesse manual, eles descrevem vários princípios para a solução efetiva de

problemas, incluindo: estabelecendo de uma agenda, definição positiva e

especifica de problemas, discussão de apenas um problema de cada vez, foco

sobre solução, ao invés da imposição de culpa e compromisso mútuo.

Na terapia Comportamental Cognitiva com casais, depois que o casal adquire

a habilidade de se comunicar bem, propõe-se também o estabelecimento de

uma agenda para a solução de problemas.Cada problema deve ser

especificamente definido e o casal deve conversar sobre todas as possíveis

soluções para aqueles problemas.O terapeutas deve incentivar o casal a gerar

31

o máximo possível de soluções e depois a buscarem a escolha de uma

solução,entrando num consenso.

Ocasionalmente, pode não haver uma solução mutuamente

satisfatória.

Nesse caso, os casais precisam decidir quem sairá satisfeito e quem deverá

ceder neste momento.

Alguns casais, podem decidir que cada um saia parcialmente satisfeito,outros

podem preferir que nenhum dos dois se satisfaça. As decisões são situacionais

e devem ser negociadas até que haja um consenso.

O terapeuta deverá observar que tipo de relação de poder se dá naquele

relacionamento. As estratégias de solução de problemas usadas na terapia

cognitiva comportamental baseiam-se no modelo colaborativo. Além das raízes

filosóficas humanistas da terapia, o compromisso para uma decisão

compartilhada está fundamentado em pesquisas que sugerem que casais

insatisfeitos estão mais propensos a usar coerção ao invés de reciprocidade

para influenciarem um ao outro (Sturt,1969) e estratégias de influencia

coerciva são menos eficazes do que métodos positivos de influencia

(Raven,1975).

Alguns casais estão estabelecidos dentro de um sistema hierárquico

rígido, onde há diferenças extremas ou rígidas no poder, que muitas vezes

resultam da continuação da tradição de valores culturais com os quais foram

criados. O terapeuta deverá ajudá-los a perceber que a decisão compartilhada

traz vantagens a ambos, no intuito de se criar um conjunto cooperativo. Uma

maneira de se conquistar esse objeto é levá-los a refletir sobre as vantagens e

desvantagens de seu estilo atual de tomada de decisões, salientando os

méritos relativos do uso dos conhecimentos e qualidades individuais de ambos

os parceiros para a solução de problemas. O terapeuta deverá avaliar com o

casal se seguir as tradições em padrões de tomada de decisões em em seu

benefício mútuo ou não.

32

No trabalho com casais em conflito utiliza-se, ao final, a técnica de prevenção

de recaídas. Esse é um procedimento importante, dentro da terapia cognitivo-

comportamental, para o tratamento de diferentes transtornos psicológicos. A

partir da primeira sessão, os pacientes são preparados para eventuais

recaídas e vão sendo ainda orientados para o término dos atendimentos. O

objetivo é a antecipação de prováveis “quedas” e retomadas de alguns

comportamentos que eram responsáveis pelos conflitos conjugais (Schmaling

et al., 1997).

33

CONCLUSÃO

Em nossa sociedade, um número expressivo de casais enfrenta

problemas por conta de relações disfuncionais e conflituosas. Sabe-se que tais

dificuldades podem influenciar no desenvolvimento e manutenção de

transtornos psíquicos, como a depressão e a ansiedade. A literatura

estrangeira têm consistentemente apontado que a terapia cognitivo-

comportamental oferece um modelo eficaz no tratamento de casais em

desarmonia. O número de publicações sobre o assunto tem crescido

significativamente, especialmente na América do Norte.

No casamento contemporâneo, os ideais do amor romântico tendem a se

fragmentar, sobretudo pela pressão da emancipação da mulher e da

autonomia feminina. As categorias de "para sempre e único" do amor

romântico, não prevalecem na conjugalidade contemporânea. Giddens

denomina de "amor confluente" aquele que presume uma igualdade no dar e

receber afeto e se desenvolve a partir da intimidade. Ele conceitua o laço

conjugal como "relacionamento puro" tendo em vista que este só se mantém

se for capaz de proporcionar satisfações a ambos os parceiros.

Embora o divórcio possa ser, às vezes, a melhor solução para um casal cujos

membros não se consideram capazes de continuar tentando ultrapassar suas

dificuldades, ele é sempre vivenciado como uma situação extremamente

dolorosa e estressante. A separação provoca nos cônjuges sentimentos de

fracasso, impotência e perda, havendo um luto a ser elaborado. O tempo de

elaboração do luto pela separação é quase sempre maior do que aquele do

luto por morte.

No presente trabalho, foi possível apresentar um breve histórico do

desenvolvimento da terapia cognitivo-comportamental no tratamento de casais.

Foi também discutida a aplicação do modelo cognitivo de Beck às relações

conjugais

34

Pode-se afirmar que os principais objetivos da terapia cognitivo-

comportamental, no tratamento de casais em conflito, são a reestruturação de

cognições inadequadas, o manejo das emoções, a modificação de padrões de

comunicação disfuncionais e o desenvolvimento de estratégias para solução

de problemas cotidianos mais eficazes.

35

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Rangé, B. et al. Psicoterapias Cognitivas-Comportamentais - um diálogo com a

psiquiatria. Bernard Rangé Org. Porto Alegre: Artmed, 2001.

37

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO........................................................................................ 1-2

AGRADECIMENTO .................................................................................. 3

EPÍGRAFE .........................................................................................................4

DEDICATÓRIA ...................................................................................................5

RESUMO............................................................................................................6

METODOLOGIA.................................................................................................7

SUMÁRIO...........................................................................................................8

INTRODUÇÃO...............................................................................................9-10

CAPÍTULO I

O PRESSUPOSTO CENTRAL DA TERAPIA COGNITIVA

COMPORTAMENTAL .................................................................................11-15

CAPITULO II

TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL COM CASAIS.................. 16-22

CAPÍTULO III

TRATAMENTO-TÉCNICA E PROCEDIMENTO........................................ 23-32

CONCLUSÃO..............................................................................................33-34

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.................................................................. 35-36

Í

38

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes

Título da Monografia: Terapia de Casal por uma Abordagem Cognitiva

Comportamental

Autor: Roberta Ferreira A. da Silveira

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: