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“Mulher nova, bonita e carinhosa faz o homem gemer sem sentir dor: as representações da mulher nas canções de Amelinha Daniel Lopes Saraiva 1 A explosão da música nordestina A década de 1960 foi marcada pelos grandes festivais. As duas maiores emissoras de televisão, Globo e Record, tinham seus festivais, a primeira realizava o Festival Internacional da Canção (FIC), e a segunda o Festival da Record. Esses são os dois festivais que ganham mais destaque, entretanto a onda de festivais se espalhou por todo o país e revelou novos compositores e intérpretes. Surgiram, então, festivais em diversas regiões do Brasil: Califórnia da Canção, em Uruguaiana-RS, Festival da Música Popular Brasileira de Juiz de Fora, em Juiz de Fora- MG e outros tantos (SEVERIANO e MELLO, 2006, pp. 178-179) Esses festivais regionais lançaram muitos artistas, mas as possibilidades de crescimento na carreira artística eram pouco prováveis em cidades que não fossem o Rio de Janeiro ou São Paulo. Portanto, um artista que quisesse fazer uma carreira na música, teria que mudar para uma dessas cidades. Entre o fim da década de 1960 e o início da década de 1970, chegam aos grandes centros culturais: Fagner, Belchior, Fausto Nilo, Cirino, Ednardo, Ricardo Bezerra e Amelinha, vindos do Ceará; Clodo, Climério, Clésio e Jorge Mello, do Piauí; Terezinha de Jesus do Rio Grande do Norte; Geraldo Azevedo e Alceu Valença, de Pernambuco; Elba Ramalho e Zé Ramalho, da Paraíba. A lista de nomes é extensa, o que impossibilita citar todos. Essa contribuição dos artistas nordestinos para a Música Brasileira tem espaço discreto em um dos capítulos do livro Uma História de Música Popular Brasileira, do pesquisador musical Jairo Severiano (SEVERIANO, 2008, p. 422). Já Luiz Tatit diz que a década de (19)70 apresentou poucas revelações musicais, citando os Novos Baianos, Raul Seixas, Djavan e Secos e Molhados como as honrosas exceções da década perdida da 1 Doutorando pelo programa de pós-graduação em História, da Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC). Vinculado ao laboratório de Imagem e Som (LIS). Bolsista PROMOP.

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“Mulher nova, bonita e carinhosa faz o homem gemer sem sentir dor”: as

representações da mulher nas canções de Amelinha

Daniel Lopes Saraiva1

A explosão da música nordestina

A década de 1960 foi marcada pelos grandes festivais. As duas maiores emissoras

de televisão, Globo e Record, tinham seus festivais, a primeira realizava o Festival

Internacional da Canção (FIC), e a segunda o Festival da Record. Esses são os dois

festivais que ganham mais destaque, entretanto a onda de festivais se espalhou por todo o

país e revelou novos compositores e intérpretes.

Surgiram, então, festivais em diversas regiões do Brasil: Califórnia da Canção, em

Uruguaiana-RS, Festival da Música Popular Brasileira de Juiz de Fora, em Juiz de Fora-

MG e outros tantos (SEVERIANO e MELLO, 2006, pp. 178-179)

Esses festivais regionais lançaram muitos artistas, mas as possibilidades de

crescimento na carreira artística eram pouco prováveis em cidades que não fossem o Rio

de Janeiro ou São Paulo. Portanto, um artista que quisesse fazer uma carreira na música,

teria que mudar para uma dessas cidades.

Entre o fim da década de 1960 e o início da década de 1970, chegam aos grandes

centros culturais: Fagner, Belchior, Fausto Nilo, Cirino, Ednardo, Ricardo Bezerra e

Amelinha, vindos do Ceará; Clodo, Climério, Clésio e Jorge Mello, do Piauí; Terezinha de

Jesus do Rio Grande do Norte; Geraldo Azevedo e Alceu Valença, de Pernambuco; Elba

Ramalho e Zé Ramalho, da Paraíba. A lista de nomes é extensa, o que impossibilita citar

todos. Essa contribuição dos artistas nordestinos para a Música Brasileira tem espaço

discreto em um dos capítulos do livro Uma História de Música Popular Brasileira, do

pesquisador musical Jairo Severiano (SEVERIANO, 2008, p. 422). Já Luiz Tatit diz que a

década de (19)70 apresentou poucas revelações musicais, citando os Novos Baianos, Raul

Seixas, Djavan e Secos e Molhados como as honrosas exceções da década perdida da

1 Doutorando pelo programa de pós-graduação em História, da Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC).

Vinculado ao laboratório de Imagem e Som (LIS). Bolsista PROMOP.

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música brasileira (TATIT,2005,p.122)2. Discurso que exclui uma gama enorme de artistas,

como os anteriormente citados, e que corrobora com uma exclusão de determinados

cantores da “linha evolutiva da música brasileira”.

Até então, os nordestinos mais conhecidos na Música Popular Brasileira eram o

paraibano Jackson do Pandeiro, o maranhense João do Vale e, o mais famoso deles, o

pernambucano Luiz Gonzaga. Os três de origem humilde, saíram de suas terras para tentar

a vida na cidade grande. Os três cantavam um Nordeste sofrido em função da seca e dos

problemas sociais lá encontrados. A obra desses artistas vai ao encontro da “Invenção do

Nordeste”. Para o Professor Durval Muniz de Albuquerque:

O Nordeste é uma produção imagético-discursiva formada a partir de uma

sensibilidade cada vez mais específica, gestada historicamente, em relação a uma

dada área do país.E é tal a consistência desta formulação discursiva e imagética

que dificulta, até hoje, a produção de uma nova configuração de “verdades”

sobre esse espaço. (ALBUQUERQUE, 2011, p. 61).

Ou seja, geralmente é ressaltado na construção dessa imagem alguns poucos

pontos: a seca; problemas sociais; cangaço; beatismo; coronelismo; o Nordeste como um

local sem lei, de povo simples e atraso tecnológico e cultural, quando comparado ao sul do

país (ALBUQUERQUE, 2011, p. 61).

O gênero musical de Luiz Gonzaga, João do Vale, Jackson do Pandeiro e os outros

artistas era denominado Regional, que até início da década de 1970 era marginalizado pelo

mercado.

Luiz Gonzaga, inspirado no acordeonista Pedro Raimundo, gaúcho que usava

bombacha, botas, guaiaca e chicote nas apresentações, resolve usar vestes que remeteriam

à imagem do Nordeste. Adota, então, em seu visual, o chapéu de couro, que remeteria à

imagem do cangaceiro Lampião (DREYFUS, 1996, p. 134). O que Gonzaga talvez não

atentasse é que ele estava contribuindo para a formação de um “estereótipo’ do nordestino.

Dominguinhos, que tinha grande admiração pelo cantor, e alguns diziam ser seu substituto,

adotou também o chapéu de couro durante sua carreira.

Luiz Gonzaga seria uma das grandes referências para a nova geração de cantores

vindos da região Nordeste. Entretanto, as vestes de Gonzaga não seriam adotadas pelos

2 O autor faz uma pequena menção ao nome de Fagner, na parte em que destaca nomes de artistas que tinham potencial

para fundar um estilo.

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artistas que desembarcam no Rio e em São Paulo na década de 1970. Nessa mesma época a

indústria musical passava por um esvaziamento, a censura estava cada vez mais presente.

Grande parte dos compositores renomados estavam fora do país, haviam sido exilados ou

se autoexilaram devido às limitações de liberdade impingidas após o AI-5 (Ato

Institucional número cinco), em 1968 (NAPOLITANO, 2004, p. 81).Parece então haver

mais espaço para o surgimento de novos artistas, e é nesse contexto que esses artistas

começam a ganhar espaço na mídia.

Os novos cantores e compositores participam também de Festivais que, mesmo não

recebendo a mesma mídia de anos anteriores, atraiam olhares não só do público como da

crítica musical em busca de novas estrelas. A televisão ganhava cada vez mais destaque, e

se consolida em 1970 como carro-chefe da indústria cultural brasileira (HAMBURGER,

2003, p. 47). Era, então, necessário estar nessa vitrine para alcançar o sucesso.

Paralelo ao crescimento da televisão a indústria fonográfica crescia no Brasil, o

número de consumidores aumentava e por isso era necessário aumentar a variedade de

produtos. Com isso, as gravadoras precisavam investir em novos talentos. O faturamento

da indústria fonográfica cresce 1.375% entre 1970 e 1976 (ORTIZ, 1988, p. 127). Portanto,

é nesse contexto que esses artistas conseguem gravar seus primeiros discos.

Tabela 1 – Crescimento da indústria fonográfica entre 1972 e 1979

Ano LPs Compacto

Simples

Compacto

Duplo Fitas

72 11.700 9.900 2.500 1.000

73 15.000 10.100 3.200 1.900

74 16.000 8.200 3.500 2.800

75 16.900 8.100 5.000 3.900

76 24.000 10.300 7.100 6.800

79 39.252 12.613 5.889 8.481

Fonte: ORTIZ, 1988, p. 127.

Na tabela acima podemos observar o aumento da venda de diversos produtos do

mercado fonográfico, a venda de toca-discos também crescia, entre 1967 e 1980 o aumento

foi de 813% (ORTIZ, 1988, p. 127). Junto com o aumento da venda de discos e fitas,

aumenta também a contratação de novos artistas pelas gravadoras, e é nesse contexto que

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os artistas vindos de diversas regiões ganham a oportunidade de gravar e consolidar uma

carreira artística.

Os artistas oriundos do Nordeste trazem uma nova roupagem para a MPB, eles têm

grande influência de cantores já consagrados como Luiz Gonzaga, mas com um

diferencial: a trajetória de vida. A maioria desses artistas pertenciam à classe média

urbana, quase todos com formação universitária (PIMENTEL, 1995, p. 103). Eles

cantavam seu cotidiano, um Nordeste mais urbano, diferente daquele cantado por Gonzaga

e João do Vale, um nordeste jovem, mais moderno e não tão diferente do “sul-maravilha”.

Fagner, que lançou seu primeiro LP em 1973, vinha trilhando um caminho de

ascensão, em 1976 ele grava seu terceiro LP, Raimundo Fagner, pouco tempo depois

Fagner foi convidado para ser diretor artístico da gravadora, sendo responsável pelo selo

Epic, de grande prestigio nos Estados Unidos, mas ainda não conhecido no Brasil.

Foi a partir da contratação de Fagner que diversos artistas da região Nordeste

tiveram a oportunidade de gravar seus discos, Amelinha, que mesmo não tendo gravado

pelo Epic, era contratada da CBS, mesmo selo de Fagner, que fez a direção musical de

alguns de seus discos. A partir desse quadro desenhado, abordaremos alguns aspectos da

carreira da artista, observando a forma com que ela trabalha com a questão do seu lugar de

origem e como a mídia e gravadora reforçava essa questão na sua carreira, em segundo a

questão do ser cantora, mãe, mulher, analisando de que forma ela olhava isso na carreira,

nas canções e na vida.

Trajetórias, memórias e tempo presente

As pesquisas na área de História do Tempo Presente têm ganhado cada vez mais

destaque, historiadores são chamados para opinar sobre contextos históricos em diferentes

meios, como: tribunais, televisão e outros locais no qual a história cada vez mais ganha

destaque.

A História Oral, que há um tempo já vinha sendo feita por historiadores de diversos

países, ganha mais força com as pesquisas em História do Tempo Presente.

Para Henry Rousso, as fontes orais estavam já na origem na História do Tempo

Presente, uma vez que o recuo menor de tempo possibilita entrevistar testemunhas vivas

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que presenciaram determinado acontecimento. Para ele, trabalhar com as fontes orais e

seus obstáculos: “[...] foi e é uma das coisas mais apaixonantes com que me deparei, ou

seja, confrontar-se com “a palavra” de outra pessoa” (ROUSSO, 2009, p. 213). Abordando

também a História do Tempo Presente, o uso de fontes orais, Marieta Ferreira ressalta que

o uso dessas fontes não é um ponto pacífico e, muitas vezes, é avaliado de forma negativa;

em seu texto a autora disserta sobre a trajetória da História Oral e da Memória, ressaltando

ainda a importância dessas fontes, mesmo que, muitas vezes, desacreditadas por pares da

academia (FERREIRA, 2002).

Para Luisa Passerine, a memória nas histórias de vida, que incluem relatos de vida

pessoal e experiência histórica, é que são particularmente úteis para documentar

continuidades de vários tipos entre o período precedente e as escolhas feitas pelas

narradoras de sua vida (PASSERINE,2011, p. 56).

Já para Daphne Patai, ao se trabalhar com memória e entrevistas, o passado é

inevitavelmente levado ao presente. E a história de vida de alguém pode tornar-se um

componente essencial de identidade em dado momento. A memória, em seu imenso

depósito, evoca diferentes fatos, episódios e lembranças para diferentes entrevistas,

indagado por outro interlocutor, ou pelo mesmo, em momentos distintos, o entrevistado

pode evocar outras lembranças, fazendo com que cada entrevista seja única(PATAI,2011,

p. 30).

Partindo da metodologia exposta por esses autores, trabalharemos com a memória e

trajetória da cantora Amelinha (1950), nascida em Fortaleza, a intérprete chegou ao eixo

Rio-São Paulo na década de 1970, em princípio seguiu outras carreiras, mas o amor pela

música e a proximidade dos conterrâneos cearenses que já faziam carreira no “sul

maravilha” fez com que Amelinha seguisse a carreira artística. A cantora, que já vinha

fazendo shows, grava seu primeiro LP intitulado Flor da Paisagem, em 1977. No período

analisado pela pesquisa a cantora grava oito discos. Sempre conciliando a vida de cantora

com a de mãe, por isso as gravações de discos seguem períodos espaçados.

O lugar de origem e o “Sul Maravilha”

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Como já ressaltado anteriormente, seria impossível fazer carreira a nível nacional

nas décadas de 1970 e 1980 se não morasse em um dos grandes centros urbanos, nesse

caso Rio de Janeiro e São Paulo. Lá estavam localizadas as grandes mídias, redes de

televisão, jornais que circulavam a nível nacional. Nessas grandes cidades era onde

estavam instaladas as gravadoras, em grande parte multinacionais, que tinham sede no

Brasil. Portanto, se o artista quisesse seguir carreira de dimensão nacional teria que estar

em uma dessas duas cidades.

Por esse motivo artistas de diversas partes do país migram para essas regiões em

busca da sonhada carreira artística. Foi o caso dos cantores oriundos da região Nordeste.

Entretanto, como colocado anteriormente, esses artistas sofrem com uma série de barreiras,

suas canções são, na maioria das vezes, classificadas como regional, e não como MPB

(usando a sigla como gênero).

A questão da regionalidade foi sempre pauta nas discussões sobre música popular.

Para a antropóloga Mary Pimentel:

O discurso regionalista, que é um discurso performativo porque instruído como

argumento de autoridade, tem em vista impor como legítima uma nova definição

de fronteiras quer se quer conhecida e reconhecida. A eficácia do discurso,

entretanto, não depende apenas do reconhecimento consentido àquele que o

detém, mas depende e está fundamentado na objetividade do grupo a que ele se

dirige, isto é, no reconhecimento e na crença que lhe concedem os membros

desse grupo.(PIMENTEL,1900,p.146-147).

Pimentel ainda afirma que a identidade que se quer legitimar pelo regionalismo é a

do consenso, uma tentativa de homogeneizar os costumes.

Também sobre o regionalismo e sobre os discursos a respeito da região Nordeste,

Durval Albuquerque diz:

A instituição sociológica e histórica de Nordeste não é feita apenas por

intelectuais, não nasce apenas de um discurso para si, mas se elabora a partir de

um discurso sobre e do seu outro, o Sul. O Nordeste é uma invenção não apenas

nortista, mas em grande parte, uma invenção do Sul, de seus intelectuais que

disputam com os intelectuais nortistas a hegemonia no interior do discurso

histórico e sociológico.(ALBUQUERQUE,2011,p.117).

Portanto, podemos observar que a questão regional é uma tensão de formas, muitas

vezes atribuída pelo outro, e não pelos seus pares. A questão regional tem grande

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influência pelo motivo das migrações. Pois a partir da década de 1940, o Sul se torna uma

miragem de vida melhor para os Nordestinos pobres, com a economia do Nordeste em

crise e a expansão das fábricas no Sul do país, a migração adquire, muitas vezes, um

caráter libertador para uma massa de homens pobres (ALBUQUERUQUE,2011,p.172).

E é essa imagem do migrante Nordestino que vai ficar cristalizada na imagem da

grande mídia nacional. A cantora Amelinha era oriunda da região Nordeste, entretanto essa

imagem de migrante estereotipada não se adequaria à cantora, nascida em Fortaleza e de

família de classe média a cantora não enfrentou o mesmo percurso de Luiz Gonzaga,

entretanto sua imagem é, por diversas vezes, atrelada à do migrante nordestino.

A chamada da reportagem do jornal O Globo sobre o lançamento do disco que

lançaria Amelinha, em 1977, tem a seguinte frase em destaque: “O Pessoal do Ceará

apresenta Amelinha que não conhece o sertão”, a reportagem frisa a relação de amizade da

cantora com os também cearenses Fagner e Ednardo, que já tinham discos gravados e

destaque na mídia. Mas frisa que a cantora nunca ouviu um aboio3, ainda ressalta algumas

partes da entrevista da cantora, na qual enfatiza que sua música tende a universalizar, mas

que ainda devia conhecer o interior do Nordeste. (O GLOBO, 1977, p.37).

A matéria trata com certo espanto o fato da artista não conhecer o interior do

Nordeste, uma vez que a imagem que a grande mídia passava era de um Nordeste de

mazelas, sertanejo. E a cantora havia nascido e sido criada no meio urbano, o que não

condizia com a típica “imagem do Nordestino”.

Já em entrevista ao jornal O Globo, no ano de 1982, a cantora fala nos diferentes

“Nordestes”, “Eu sou nordestina da capital, do litoral, o que é muito diferente do

nordestino do sertão como o Zé(Ramalho) é. Ele tem uma imensidade das coisas que eu

desconhecia até encontrá-lo (BAHIANA,1982,p.3). Já em 1989, novamente no jornal O

Globo, Ana Lúcia Azevedo diz “Amelinha demorou 14 anos para gravar algo diferente do

som nordestino. Valeu a pena. O show tem lotado o Um Deux

Tois...”(AZEVEDO,1989,p.27).

Partindo das duas reportagens supracitadas podemos observar, em primeiro lugar, a

cantora tentando explicitar as diferentes imagens de Nordeste, uma vez que a grande mídia

homogeneizava esse estereótipo. Já na segunda, é possível perceber que mesmo a cantora

3 Canto do vaqueiro para conduzir a boiada. Típico do Nordeste brasileiro

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tendo frisado em início da carreira que não conhecia o interior nordestino e que sua obra

tendia a universalizar, foi vinculada com o som nordestino, o que liga suas gravações com

um gênero regional e não com a tradicional MPB. Ao vincular a cantora apenas a canções

de temáticas nordestinas, a jornalista desconsidera uma parte da obra da artista, que gravou

compositores oriundos de diversas partes do país, como: Walter Franco(SP),

Gonzaguinha(RJ), Lô Borges(MG), Sueli Costa(MG) entre outros. Portanto, mesmo que a

grande maioria dos compositores gravados pela intérprete sejam oriundos da região

Nordeste, não é possível fazer a generalização colocada pela jornalista.

Sobre a questão de ser nascida no Nordeste a cantora diz:

[...]Agora essa parte aí da nordestinidade e também é, isso, meu jeito de ter sido

criada também, fez com que eu percebesse um pouco disso nas coisas que as

pessoas diziam, eu percebia embutido ali um preconceito sobre nordestino, uma

reserva, mas nem ligava.[...]

[...]“você também tem sotaque, todo mundo tem sotaque da sua terra entendeu”,

mas eu sempre senti isso como se fosse uma coisa a parte, uma música a parte,

música nordestina, é a cantora nordestina, ninguém diz que o outro sudestino,

que é do sudeste.[...]

[...]Cheguei em lugares que diziam assim, “ah minha empregada adora sua

música”, aqui em Niterói já ouvi isso em rodas, altas rodas assim,vai me

apresentar, “apresentar aqui Amelinha”, ai a mulher diz assim, “É minha

empregada gosta muito das suas músicas”, ela conhece minhas músicas

entendeu, quer dizer, ela devia estar falando bobagem, não tinha problema

nenhum a empregada dela gostar porque eu tenho um público de todas as

profissões.[...](AMELINHA,2013).

Podemos observar nos trechos citados que a cantora, por diversas vezes, enfrentou

o preconceito por ser oriunda da região Nordeste. No último trecho podemos perceber que

o preconceito vinha em grande parte das altas camadas da sociedade, que relacionavam as

canções a um público específico, nesse caso as empregadas domésticas ou seja a classe

menos abastada.

As músicas cantadas pela intérprete atingia diversas camadas da população, mas o

fato de ser vinculada a uma região mostra a tensão que envolvia Nordeste/Sudeste, uma

vez que como a própria cantora enfatiza não existe cantor “sudestino”.

A cantora, que foi recordista de venda em compacto simples em 1980 com 511 mil

vendidos, foi presença garantida em diversos programas de televisão

(LENCELLOTTI,1981,p.35).

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Como caso específico vamos analisar o clipe gravado para o programa dominical

Fantástico. Lançado no ano de 1979, o clipe da música Frevo Mulher é ambientado em um

lugar de vegetação árida, onde é possível observar cactos e uma vegetação rasteira. De um

lado a cantora com vestido colorido esvoaçante e tiara na cabeça canta em meio à

vegetação, em outro momento é possível ver uma casa simples, na qual várias pessoas

esperam a chegada de um caminhão, do qual entram na carroceria. Deixando claro uma

alusão aos retirantes nordestinos e ao pau-de-arara45.

Portanto, mesmo a cantora deixando claro sua origem urbana, gravadora e Rede

Globo fizeram outra concepção para o clipe. Segundo Durval Albuquerque o “romance de

trinta” e a sociologia tradicionalista e regionalista contribuíram na cristalização de “uma

imagem típica da região”. Essas imagens exercem posteriormente grande influência no

campo do cinema e televisão. Contribuindo para uma formação de arquivos de imagens-

símbolo da região. São essas imagens que são evocadas na concepção do

clipe.(ALBUQUERQUE,2011,p.165).

Fica evidente a reafirmação de um estereótipo do migrante Nordestino pela mídia e

gravadora, tentando associar a imagem de um artista a determinados ícones de uma região.

A cantora nunca negou sua origem, valorizando seu estado e região por diversas vezes em

seu repertório e entrevistas, entretanto deixa explícita que por diversas vezes os críticos

veem sua obra de forma reduzida, nesse caso o regional seria usado de forma pejorativa,

para reforçar que não seria nacional.

Após abordar a questão regionalista na obra da artista, vamos analisar a questão do

gênero em suas canções e trajetórias. Cantando música com temas da liberdade feminina a

cantora é referência da emancipação da mulher. E é esse tema abordado no próximo tópico.

Mãe, Mulher, Cantora

As mulheres brasileiras pertencentes à classe média, nascidas na década de 1940

eram educadas, entre os anos de 1950 e 1960, para a virgindade, o casamento

(indissolúvel), a maternidade, a família, o silêncio e a passividade. Esse era o ideal da

4 Meio de transporte irregular muito usado no Nordeste. Um caminhão utilizado para transportar pessoas 5https://www.youtube.com/watch?v=K_TsnueV2mU Visitado em 22/05/2016

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mulher. Entretanto, diversas mulheres destoaram desse padrão, e por isso atraíam olhares

de preconceito da sociedade. Essas transgressoras abriram caminhos próprios na sociedade,

sem contar com grandes referências anteriores tanto na trajetória profissional quanto na

pessoal. (RAGO, 2013, p. 35).

Nessas mesmas décadas, mais mulheres chegavam ao ensino universitário. Havia

uma mudança de pensamento em relação à mulher no ensino superior, especificamente nas

cidades grandes. O êxodo rural gerou cidades mais povoadas que aproximavam mais

pessoas e estilos de vida, acelerando as mudanças de comportamento. O maior acesso das

mulheres a empregos remunerados proporcionaria maior independência delas. (PISKY,

2012, p. 514).

A historiadora Margareth Rago considera a emergência dessa geração como um

“acontecimento”, isto é, forças que irrompem e alteram a história. Para ela, o processo de

modernização que o país passava, necessitando de mão de obra qualificada, e a luta contra

a ditadura fizeram com que as mulheres saíssem dos papeis de coadjuvantes. (RAGO,

2013, p. 61).

Ao fim da década de 1970 a mídia televisiva também trabalhava na ressignificação

do espaço da mulher. Em 1979 a Rede Globo, já a maior emissora do país, lançou o seriado

Malu Mulher. No programa, Regina Duarte vivia a protagonista, uma mulher separada que

tinha uma filha, ainda um tabu para a época. Outros temas polêmicos foram abordados

como orgasmo e pílula anticoncepcional, temas raramente com destaques na

televisão(RAMOS,2007, p. 180).

Na música popular as coisas começam a mudar também na década de 1970,

segundo o jornalista Rodrigo Faour, na década referida, o vocabulário da MPB foi ficando

menos sisudo. Já na década de 1980 era mais comum ver as palavras “gay”, “aborto”,

“orgasmo”, entre outros temas anteriormente “proibidos”.(FAOUR, 2006,p.201).

A música de Amelinha traz essa inovação de vocabulário, a intérprete por diversas

vezes canta músicas que poderiam ser consideradas um avanço, pois falam da força da

mulher, do prazer feminino, assuntos que ainda eram tabus.

No disco Porta Secreta, de 1980, Amelinha canta a canção Gemedeira, composta

por Robertinho do Recife e Capinam, que narra nitidamente uma relação sexual, como na

seguinte estrofe “Gemedeira é que nem beijo/ Começou custa parar/ Ela olhou pediu um

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xote/ Pra gente bastou te amar”. A canção usa da ambiguidade presente já nas canções de

Luiz Gonzaga e Marinês.

Já em 1982 a artista lança a canção Mulher Nova, Bonita e Carinhosa Faz o

Homem Gemer sem Sentir Dor. A música que dá título ao álbum, composta por Otacílio

Batista e Zé Ramalho, tem a seguinte letra:

Numa luta de gregos e troianos

Por Helena, a mulher de Menelau

Conta a história de um cavalo de pau

Terminava uma guerra de dez anos

Menelau, o maior dos espartanos

Venceu Páris, o grande sedutor

Humilhando a família de Heitor

Em defesa da honra caprichosa

Mulher nova, bonita e carinhosa

Faz o homem gemer sem sentir dor

Alexandre figura desumana

Fundador da famosa Alexandria

Conquistava na Grécia e destruía

Quase toda a população Tebana

A beleza atrativa de Roxana

Dominava o maior conquistador

E depois de vencê-la, o vencedor

Entregou-se à pagã mais que formosa

Mulher nova bonita e carinhosa

Faz um homem gemer sem sentir dor

A mulher tem na face dois brilhantes

Condutores fiéis do seu destino

Quem não ama o sorriso feminino

Desconhece a poesia de Cervantes

A bravura dos grandes navegantes

Enfrentando a procela em seu furor

Se não fosse a mulher mimosa flor

A história seria mentirosa

Mulher nova, bonita e carinhosa

Faz o homem gemer sem sentir dor

Virgulino Ferreira, o Lampião

Bandoleiro das selvas nordestinas

Sem temer a perigo nem ruínas

Foi o rei do cangaço no sertão

Mas um dia sentiu no coração

O feitiço atrativo do amor

A mulata da terra do condor

Dominava uma fera perigosa

Mulher nova, bonita e carinhosa

Faz o homem gemer sem sentir dor

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A canção traz o nome de diversas mulheres importantes que influenciaram seus

companheiros em suas trajetórias. Vale ressaltar que até então a imagem da mulher era

sempre colocada como secundária.

Cabe ressaltar também que na década de 1970 ainda era pouco comum discutir o

orgasmo feminino, durante muito tempo se imaginou que a “mulher distinta” não sentia

prazer, nem desejo.(PEDRO,2012,p.242).

Portanto, a música era considerada transgressora, uma cantora, já mãe de dois

filhos, falando sobre o prazer que a mulher proporcionava ao homem, e destacando a

influência delas na vida deles. Mas ainda vale ressaltar que mesmo cantada por uma

mulher a música tem uma visão masculina, já que seus compositores são homens.

A canção foi trilha da abertura da minissérie Lampião e Maria Bonita, exibida em

oito capítulos, entre 26 de abril e 05 de maio de 1982, na Rede Globo. Portanto, era

possível ouvir a voz da cantora cantando termos como “gemer” na maior emissora de

televisão do país. Evidenciando uma melhora em relação à liberdade da mulher.

Ao ser questionada se enfrentou problemas por ser mulher a artista disse:

É, sempre foi mais difícil né, os homens sempre ganharam mais, e pra mulher

sempre foi mais, nessa época sempre tinha que ter um homem por perto, embora

tenha sido a época que houve as primeiras bandas demulher, tinha uma que era

Sempre Livre, tinha As Frenéticas, começou essa onda assim da mulherada se

juntar né, mas eu sabia que tinha que ter um homem por perto, porque tinha

mesmo, porque abria mais espaço também, e porque eu também me resguardava

com eles na frente, porque senão tinha também os assédios, essas coisa

todas[...](AMELINHA,2013).

A cantora expõe a fragilidade da mulher, uma artista desacompanhada poderia ser

vítima de assédio não apenas dos fãs, mas também de empresários e colegas. A figura

masculina resguardaria a artista. Outro ponto do ser mulher é a maternidade, a cantora que

teve dois filhos de seu casamento com Zé Ramalho pausou a carreira várias vezes para

cuidar dos filhos, da família:

[...]eu não posso deixar isso pra ninguém, pra minha mãe, pra minha irmã, nada,

é meu filho, mas eu agora, nesse momento, não tá dando mais pra conciliar, ai eu

fui pro Ceará, no Ceará ai me dedicando a família a tudo, e ai vem mais a Maria,

aminha filha, em oitenta e um[...](AMELINHA,2013).

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O primeiro filho da cantora nasceu em 1979, a segunda em 1981. Anos em que a

artista fazia grande sucesso com seus discos. Mesmo com todo sucesso Amelinha foi para

Fortaleza cuidar das crianças, exercer a função de mãe. Deixando a carreira em segundo

plano por um tempo.

Fica evidente nesses trechos não apenas a fragilidade feminina, mas a dupla jornada

da mulher, que além de seguir a carreira tinha que cuidar da casa e dos filhos. Portanto,

mesmo a mulher independente sofria com a predominância da sociedade machista, que

mesmo não explicitamente, exerce uma coação sobre a mulher.

Considerações finais

A obra da cantora contém diversas outras canções que abordam a questão do

empoderamento e da liberdade da mulher. A artista, mesmo que de forma não evidente,

representou uma geração de mulheres que estavam lutando por direito ao prazer, liberdade

e por seus direitos de igualdade como mulher.

Do mesmo modo a questão do pertencimento à região de origem perpassa toda a

carreira da artista. Sempre orgulhosa das raízes, mas deixando evidente o olhar do Sudeste

sobre os artistas oriundos de outras regiões.

A análise da carreira da artista possibilita pensar um momento histórico da

sociedade, podendo ser olhado a partir das relações de gênero, da regionalidade, das

transformações da indústria musical. Portanto, traçar um panorama de um momento da

história cultural brasileira.

Referências Bibliográficas

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Entrevistas

Entrevista concedida por Amelinha a Daniel Lopes Saraiva, na cidade de Niterói, em 13 de

novembro de 2013.

Jornais

AZEVEDO,Ana Lúcia. Amelinha. De volta, com surpresas para o público. O Globo, Rio

de Janeiro, 10 abr. 1989.

BAHIANA,Ana Maria. “Mulher nova, bonita e carinhosa...” O novo disco de Amelinha

“faz o homem gemer sem sentir dor. O Globo, Rio de Janeiro, 11 abr. 1982.

LANCELLOTTI,Silvio. Premiados os melhores do disco. Folha de São Paulo, São Paulo,

17 dez. 1981.

O Pessoal do Ceará apresenta Amelinha, que não conhece o sertão. O Globo, Rio de

Janeiro, 18 ago. 1977.