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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE AS PRINCIPAIS CORRENTES PEDAGÓGICAS Por: Cássia Aparecida Gasparello de Souza Orientador Prof.Mário Luis Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

AS PRINCIPAIS CORRENTES PEDAGÓGICAS

Por: Cássia Aparecida Gasparello de Souza

Orientador

Prof.Mário Luis

Rio de Janeiro

2009

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

AS PRINCIPAIS CORRENTES PEDAGÓGICAS

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Docência do Ensino Superior.

Por: Cássia Aparecida Gasparello de Souza

3

AGRADECIMENTOS

...A Deus, minha dedicada e amada

mãe, e ao meu tio e amigo (in

memorian), por me auxiliarem na

conquista de mais um objetivo.

4

DEDICATÓRIA

“O Senhor é meu pastor, e nada me

faltará...

...Refrigera minha alma guia –me pelas

veredas da justiça por amor do seu nome.

...Ainda que eu andasse pelo vale da

sombra da morte,não temeria mal

algum,porque tu estás comigo;a tua vara

e o teu cajado me consolam...”

Salmo 23

5

RESUMO

O objetivo deste estudo,longe de tentar esgotar o tema,é o de levantar algumas

questões para a reflexão a partir de pesquisa bibliográfica sobre as principais

correntes pedagógicas e suas repercussões no processo de ensino

aprendizagem,principalmente no que diz respeito a formação dos profissionais

para a docência superior.As questões suscitadas colocam desafios aos

educadores,professores,estudantes e profissionais levando a repensar

algumas categorias,como por exemplo,a da qualidade na educação.Nesse

sentido ,as correntes pedagógicas são revisitadas e destaca-se,no atual

contexto socioeconômico cultural e políticas aquelas com características de

critica social,uma vez que a educação é um bem cada vez mais reivindicado

pela sociedade e,consequentemente, aumenta a expectativa com relação aos

cursos de preparação e atualização de professores para qualquer nível de

ensino.A conclusão refere-se a importância de uma base teórica sólida que

capacite e aperfeiçoe profissionalmente para a atuação,neste caso,no ensino

superior.

6

Metodologia

A metodologia utilizada nesse trabalho monográfico privilegiou basicamente a

pesquisa bibliográfica sobre o tema e as categorias de análise que envolve

educação,pedagogia,didática.

Foi feito um estudo sobre as raízes da pedagogia, principais pensadores

pedagogos e suas correntes pedagógicas,que tanto nacionais ou internacionais

deixaram profundas marcas no contexto atual do ensino no Brasil,visto que a

essência das questões relacionadas ao ensino-aprendizagem baseia-se na

relação aluno-professor e a construção do conhecimento.

Consideramos que a relevância do debate sobre o desenvolvimento de

inteligência competitiva para a qualidade insere-se na questão mais abrangente

que é a discussão de um conjunto de objetivos claros e realizáveis para uma

educação básica de qualidade.

Fato este que tem como antecedente educação básica de qualidade.E,que

tem como antecedente a formação de professores críticos,bem remunerados e

com rigorosa formação ética.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO: 08

CAPÍTULO I

AS PRINCIPAIS CORRENTES PEDAGÓGICAS 10

CAPÍTULO II

QUADRO ATUAL DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 25

CAPÍTULO III

AS PROPOSTAS PEDAGÓGICAS PARA O SÉCULO XX 34

CAPÍTULO IV

A CONTRIBUIÇÃO DE UMA PEDAGOGIA CRÍTICO-SOCIAL 42

CONCLUSÃO 53

BIBLIOGRAFIA 55

ÍNDICE 57

8

INTRODUÇÃO

Consideramos que a relevância do debate sobre o desenvolvimento de

inteligência competitiva para a qualidade insere-se na questão mais abrangente

que é a discussão de um conjunto de objetivos claros e realizáveis para uma

educação básica de qualidade.Fato este que tem como antecedente a

formação de professores críticos,bem remunerados e com rigorosa formação

ética.

Nesta discussão,ressaltam-se algumas indagações:A escola deve ser um

ambiente de preparação para a vida,ou deve apenas se preocupar em formar

mão- de- obra para o mercado de trabalho?Isto é ,refere-se a preparação para

o mundo do trabalho,no sentido de desenvolver capacidades de tomar

decisões,fazer análises,interpretar informações e desenvolver flexibilidade

intelectual.

Uma outra indagação questiona se o ensino deve centrar-se na atividade do

professor ou,ao contrário,considerar o aluno como o centro do processo

educacional?

Entendemos aqui que a Escola deve investir na ajuda aos alunos a fim de

se tornarem críticos,a se engajarem na luta pela justiça social e entender o

papel que devem desempenhar na mudança da realidade em que vivem.

Na verdade,é em torno de questões como essas que as diversas pedagogias

vivem divergindo.Enquadradas no sistema ou não,cada uma defende suas

próprias posições sociais,econômicas e políticas.

Segundo vários autores,o que conhecemos hoje como Pedagogia

Tradicional Brasileira foi formada,basicamente,pelas teorias educacionais

ligadas as idéias americanas e alemães e a velha tradição pedagógica

jesuística,passando por um tenebroso período de ditadura militar.O

amadurecimento e as reflexões de boa parcela dos educadores de esquerda

9,durante os vinte anos de regime .militar,colaborou para a reorganização de

um pensamento pedagógico inspirado numa concepção democrática do

mundo.

O que percebemos atualmente é que segundo Libanêo1,as novas realidades

do mundo contemporâneo estão exigindo inovações didático-pedagógicas que

propiciem melhor cumprimento dos objetivos da escola por meio do ensino e

aprendizagem.Isto implica na valorização do magistério,com uma política de

remuneração justados professores aliada a uma formação profissional de

qualidade.

Neste contexto de estudo,optamos,então ,para a elaboração deste

trabalho,na utilização de uma metodologia que privilegiou basicamente a

pesquisa bibliográfica sobre o tema e sobre as categorias de analise que

envolve:educação,pedagogia ,didática.

1 Libâneo,José Carlos.Didática.São Paulo: Cortez,1994,p.29

10

CAPITULO I

AS PRINCIPAIS CORRENTES PEDAGÓGICAS

1.1 Pedagogia Liberal:

O liberalismo no século XVII além de político, econômico , social, religioso,

individual, vai à área educacional condenando qualquer forma de ensino

vinculados a princípios religiosos e políticos, mas...no indivíduo suas

capacidades para socializá-lo e fazê-lo desempenhar o papel que lhe cabe na

Sociedade, garantindo-lhe em tese, na teoria-e a todos a oportunidade de

mobilidade, sob o aspecto sociológico.

Os nomes mais conhecidos da Pedagogia Liberal

-René Descartes:

Para ele é fundamental não aceitar a primeira resposta, o importante é

pesquisar continuamente, procurando detalhes e nada omitir para chegar a

uma realidade, a maior certeza – é o racionalismo moderno.

-João Amos Comênio:

Na “Ditacta Magna” mostrou como ensinar com rapidez, economia de tempo,

eficácia e acrescentou que a educação deve ser um Processo Permanente.

John Locke:

Afirma que “nada existe em nossa mente que não tenha origem nos sentidos”

e esta máxima poderá ser considerada como um início de iluminismo.

-Jean-Jackes Rousseau:

Talvez o maior nome do Século XVIII, filósofo, político, ensaísta, músico,

teatrólogo, sociólogo, escritor, enciclopedista, iluminista, pedagogo ilustre, sua

maior obra de Educação, “Emile”, tem influência sobre métodos educacionais

até hoje.

-Emanuel Kant:

11Procurou superar duas correntes:O Racionalismo de Descartes e o

Empirismo de Locke.Diz que o conhecimento deve ser o resultado do juízo

universal e que o Homem é a resultante do que a educação faz dele, através

da disciplina, da didática, da formação moral, da cultura.Objetiva que no

Homem e para o Homem, tudo se desenvolva livre do instinto, mas apenas por

meio de sua própria razão.

-Johann Heinrich Pestalozzi:

Recebeu influências de Rousseau e expressou um conceito seu de muita

grandeza: A proposta da Educação Universitária das massas.Pestalozzi foi um

dos pioneiros da pedagogia moderna, influenciando profundamente todas as

correntes educacionais, e longe está de deixar de ser uma referência. Fundou

escolas, cativava a todos para a causa de uma educação capaz de atingir o

povo, num tempo em que o ensino era privilégio exclusivo.

"A vida educa. Mas a vida que educa não é uma questão de palavras, e sim

de ação. É atividade." (citação dele).Os trabalhos completos de Pestalozzi

foram publicados em Stuttgart em 1819, 1826, e uma edição por Seyffarth

apareceu em Berlim, em 1881.

-Johann Friederich Herbart:

Foi um filósofo e psicólogo alemão. Conheceu alguns dos mais importantes

intelectuais da época, dos doze aos dezoito anos cursou o ginásio. Realizou

sua primeira experiência pedagógica aos vinte anos, como professor particular

em Interlaken, na Suíça, período em que ficou amigo de Pestalozzi. Em 1802,

doutorou-se em Göetingen com uma série de idéias amadurecidas. Foi

professor de filosofia em Göetingen e mais tarde em Königsberg. Fundou em

Königsberg, um seminário pedagógico com uma escola de aplicação e um

internato.Os estudos mais relevantes de Herbart foram sobre filosofia da

mente, à qual subordinou suas obras (entre elas, Pedagogia Geral e Esboço de

um Curso de Pedagogia).Diversos pensadores tiveram a influência de sua

teoria, dando origem a várias interpretações, até entrar em declínio no início do

século 20.Ele conceituou que a Educação deve ter como suporte os

12mecanismos que permitem a transmissão dos valores de civilização aos

quais estamos ligados, elaborando pela primeira vez uma Pedagogia que se

apresentava como a verdadeira Ciência da Educação.

O pensador morreu no dia 14 de agosto de 1841, depois de uma vida

entregue inteiramente à atividade acadêmica.

-Friederich Frobel:

Teve perspicácia e lucidez na antevisão de afirmar a respeito do valor da

Educação na primeira infância, porque somente o ensino básico, elementar, de

qualidade nos primeiros passos, poderá conferir ao Educando melhores

condições para enfrentar os níveis mais elevados.Se houver falhas no básico,

irá o aluno claudicar em uma ou mais disciplinas durante seu currículo escolar.

Idealizou recursos sistematizados para as crianças se expressarem : blocos

de construção que eram utilizados pelas crianças em suas atividades criadoras,

papel, papelão, argila e serragem. O desenho e as atividades que envolvem o

movimento e os ritmos eram muito importantes. Para a criança se conhecer, o

primeiro passo seria chamar a atenção para os membros de seu próprio corpo,

para depois chegar aos movimentos das partes do corpo. Valorizava também a

utilização de histórias, mitos, lendas, contos de fadas e fábulas, assim como as

excursões e o contato com a natureza.A grande tarefa da educação consiste

em ajudar o homem a conhecer a si próprio, a viver em paz com a natureza e

em união com Deus. É o que ele chamou de educação integral. Sua concepção

de ser humano era profundamente religiosa.

Uma das melhores idéias com que Frobel contribuiu para a Pedagogia

moderna foi a de que o ser humano é essencialmente dinâmico e produtivo, e

não meramente receptivo. O homem é uma força auto-geradora e não uma

esponja que absorve conhecimento do exterior.

Outro acerto de Fröbel foi o de não esquecer as diferentes etapas que

marcam a evolução do homem, especialmente a infância. Sua doutrina

pedagógica em síntese, consiste basicamente na atividade e na liberdade; o

13homem deve aprender a trabalhar e a produzir manifestando sua atividade

em obras exteriores.

1.2 Pedagogia Escolanovista:

Também chamada Escola Nova ou Educação Nova, recusa o pragmatismo e

prega vivamente a mudança, a renovação, pois que a verdade caminha em

paralelo com o tempo, não é rígida, cristalizada ou imutável.

O ideário da Escola Nova veio para contrapor o que era considerado

“tradicional”. Os seus defensores lutavam por diferenciar – se das práticas

pedagógicas anteriores. No fim do século XIX, muitas das mudanças que

seriam afirmadas como originais pelo “escolanovismo2” da década de 20, já

eram levantadas e colocadas em prática. A educação deveria então reconhecer

que todo o indivíduo teria o direito de ser educado até onde permitia as suas

aptidões naturais, independente de razões de ordem econômica e social.

Pregavam ainda que a educação era uma função essencialmente pública,

gratuita e necessitava da co-educação para tornar mais econômica a

organização da obra escolar.

-John Dewey:

É reconhecido como um dos fundadores da escola filosófica de Pragmatismo,

um pioneiro em psicologia funcional, e representante principal do movimento da

educação progressiva norte-americana durante a primeira metade do século

XX. Foi também editor, contribuindo na Enciclopédia Unificada de Ciência, um

projeto dos positivistas, organizado por Otto Neurath.

Para ele o indivíduo somente passa a ser um conceito significante quando

considerado parte inerente de sua sociedade – enquanto esta nenhum

significado possui, se for considerada à parte, longe da participação de seus

membros individuais.

Para Dewey era de vital importância que a educação não se restringisse ao

ensino do conhecimento como algo acabado – mas que o saber e habilidade

2 Monroe,Paul.História da Educação.16 edição.SP:Nacional,1984,p.88.

14do estudante adquirem possam ser integrados à sua vida como cidadão,

pessoa, ser humano. No laboratório-escola que dirigiu junto a sua esposa Alice,

na Universidade de Chicago, as crianças bem novas aprendiam conceitos de

física e biologia presenciando os processos de preparo do lanche e das

refeições, que eram feitos na própria classe.

A ideia básica do pensamento de John Dewey sobre a educação está

centrada no desenvolvimento da capacidade de raciocínio e espírito crítico do

aluno. Enquanto suas idéias gozam de grande popularidade durante sua vida e

postumamente, sua adequação à prática sempre foi problemática. Seus

escritos são de difícil leitura – ele tem uma tendência para utilizar termos novos

e frases complexas fazem com que seja extremamente mal entendido,

forçando reinterpretações dos textos. Apesar de permanecer como um dos

intelectuais norte-americanos mais conhecidos, o público não conhece o seu

pensamento. Por causa disto, muitos pensavam seguir uma linha Deweyana,

quando na verdade estavam longe disto. O próprio Dewey tentou frear alguns

entusiastas, sem muito sucesso.

-Maria Montessori:

Médica psiquiatra e pedagoga italiana, lecionou levando seus conhecimentos

por grande parte da Europa.

Após sua formatura, iniciou um trabalho com crianças com necessidades

especiais na clínica da universidade, vindo posteriormente dedicar-se a

experimentar em crianças sem comprometimento algum, os procedimentos

usados na educação dos que tinham compometimento. Observou também,

crianças que ficavam brincando nas ruas e criou um espaço educacional a

estas crianças.Achava que a criança deveria ser tratada como indivíduo,

valorizava os sentidos na Educação e fugia da convencionalidade da época.

Responsável também pela criação do método Montessori de aprendizagem,

composto especialmente por um material de apoio em que a própria criança

(ou usuário) observa se está fazendo as conexões corretas.

-Edouard Claparede:

15 Tinha como proposta uma Escola Funcional visando as peculiaridades do

Educando, um tempo prolongado de educação aproveitando todos os valores e

condições da criança e considerando “o brinquedo” um estímulo à inteligência

dos alunos.

Alguns de seus estudos influenciaram a teoria psicanalítica de Sigmund

Freud (1856-1939).

Em 1905, publicou Psicologia da Criança e Pedagogia Experimental, que

teve grande repercussão.

Em 1912, criou o Instituto Jean-Jacques Rousseau (ou Academia de

Genebra), para o estudo da psicologia infantil e sua aplicação no ensino. Seu

trabalho foi continuado pelo discípulo Jean Piaget (1896-1980), que, como

chefe do instituto, reformulou-o e integrou-o à Universidade de Genebra. Em

1924, Claparède foi um dos redatores do primeiro esboço de uma carta

internacional dos direitos da criança e, no ano seguinte, foi co-fundador do

Escritório Internacional de Educação, hoje órgão da Organização das Nações

Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). O psicólogo esteve no

Brasil, em 1930, a convite de uma ex-aluna, a educadora Helena Antipoff, de

Minas Gerais, e aqui terminou de escrever um de seus principais livros, A

Educação Funcional. Morreu em Genebra em 1940.

-Jean Piaget:

Pedagogo, Psicólogo, e Filósofo suíço interessado também em Biologia,

Matemática, Genética, sendo essa a base maior para os seus inúmeros e

notáveis estudos.

Revolucionou as concepções de inteligência e de desenvolvimento cognitivo

partindo de pesquisas baseadas na observação e em entrevistas que realizou

com crianças. Interessou-se fundamentalmente pelas relações que se

estabelecem entre o sujeito que conhece e o mundo que tenta conhecer.

Considerou-se um epistemólogo genético porque investigou a natureza e a

génese do conhecimento nos seus processos e estágios de desenvolvimento.

Para Piaget, a aprendizagem é um processo que começa no nascimento e

acaba na morte.

16 Através da minunciosa observação de seus filhos e principalmente em

outras crianças, Piaget impulsionou a Teoria da Cognição ou Teoria Cognitiva,

onde propõe a existência de quatro estágios de desenvolvimento.O

desenvolvimento dá-se através do equilíbrio entre a acomodação e assimilação

, resultando em adaptação. Conforme esta formulação, o ser humano assimila

os dados que obtém do exterior, mas uma vez que já tem uma estrutura mental

que não está "vazia", precisa adaptar esses dados à estrutura mental já

existente. Uma vez que os dados são adaptados a si próprio, dá-se a

acomodação.Este esquema revela que nenhum conhecimento nos chega do

exterior sem que sofra alguma alteração pela nossa parte. Ou seja, tudo o que

aprendemos é influenciado por aquilo que já tínhamos aprendido. Piaget 3somente veio a conhecer as pesquisas de Vygotsky muito depois da morte

deste.Originalmente um biólogo, com a especialização em moluscos do Lago

Genebra, fez seus estudos de psicologia de desenvolvimento entrevistando

milhares de crianças e inicialmente observando como seus filhos cresciam.

Desenvolvimento cognitivo no ser humano: Sensório motor, Pré-operatório,

Operatório concreto e, Operatório formal.

1.3 Pedagogia Progressista:

Também conhecida como Tendência Progressista “crítico social dos

conteúdos” ou “histórico-crítica”.

Os conteúdos culturais universais são incorporados pela humanidade frente

à realidade social, em suma, encara os objetivos sócio-políticos da Educação

a partir de uma análise crítica da realidade social em sua dimensão mais

abrangente cuja proposta é de um trabalho cuidadosamente repensado,

reformado e transformado.

O método utilizado nessa Pedagogia parte de uma relação direta da

experiência do aluno confrontada com o saber sistematizado, o papel do aluno

é o de participador e o do professor é o de mediador entre o saber e o aluno.A

3 ARANHA, Maria Lúcia de Arruda.História da Educação.1ª edição.São Paulo:Moderna, 1989,p.23

17Aprendizagem é baseada nas estruturas cognitivas já estruturadas nos

alunos.O papel da escola é difundir os conteúdos.

-Liev Seminóvich VIGOTSKI:

De origem russa graduado em Psicologia , Medicina , Filosofia e Direito

pela Universidade de Moscou.Fundou o “Instituto de Estudo das Deficiências” e

dirigiu o Departamento de Educação para Deficientes Físicos e Mentais.

Estudou o problema do pensamento, linguagem e desenvolvimento das

crianças, buscando para os conflitos entre as concepções idealistas e

mecanicistas como alternativa dentro do materialismo dialético, visto que os

mecanismos de mudança individual possuem raízes na Sociedade e na Cultura

e que o processo se perfaz dialeticamente. Vigotski estava preocupado em

entender a relação entre as idéias que as pessoas desenvolvem e o que dizem

ou escrevem.Não o fez apenas especulando em uma mesa de escritório, mas

foi a campo, pesquisou, fez experiências.

O nome de Vigotski hoje dificilmente deixa de aparecer em qualquer

discussão séria sobre processos de aprendizado.

Ele acreditava que como no reino animal, para o ser humano pensamento e

linguagem possuem origens diferentes, porque inicialmente o pensamento não

é verbal e a linguagem não é intelectual. Suas trajetórias de desenvolvimento,

entretanto, não são paralelas - elas cruzam-se. Em dado momento, a cerca de

dois anos de idade, as curvas de desenvolvimento do pensamento e da

linguagem, até então separadas, encontram-se para, a partir daí, dar início a

uma nova forma de comportamento. É a partir deste ponto que o pensamento

começa a se tornar verbal e a linguagem racional. Inicialmente a criança

aparenta usar linguagem apenas para interação superficial em seu convívio,

mas, a partir de certo ponto, esta linguagem penetra no subconsciente para se

constituir na estrutura do pensamento da criança.

18

-Demerval Saviani:4

Formado em filosofia pela PUC-SP (1966), é doutor em filosofia da

educação (PUC-SP, 1971) e livre-docente em história da educação

(UNICAMP, 1986). Desde 1967, é docente de ensino superior. Foi membro do

Conselho Estadual de Educação de São Paulo, e coordenador do Comitê de

Educação do CNPq, também foi coordenador de pós-graduação na UFSCAR,

PUC-SP e UNICAMP, diretor associado da Faculdade de Educação da

UNICAMP, professor titular colaborador da USP (campus de Ribeirão Preto) e

sócio-fundador da ANPED, CEDES, ANDE, CEDEC e SBHE (Sociedade

Brasileira de História da Educação), da qual foi o primeiro presidente. Foi

condecorado com a medalha do mérito educacional do Ministério da Educação

e recebeu da UNICAMP o prêmio Zeferino Vaz de produção científica. Autor

de grande número de trabalhos publicados, atualmente é professor emérito da

UNICAMP e coordenador geral do Grupo Nacional de Estudos e Pesquisas

“História, Sociedade e Educação no Brasil” (HISTEDBR). Em 2008, vence o

Prêmio Jabuti na categoria educação, psicologia e psicanálise com o livro

“História das idéias pedagógicas no Brasil.”

SNYDERS5 em seu livro, sistematizou uma abordagem crítica sobre a

pedagogia liberal e mais especificamente voltada às escolas Tradicional e

escolanovista, ele destaca nos seus estudos a importância dos conteúdos

como elementos de base em qualquer teoria pedagógica. Assim é o tipo de

homem que se deseja formar, dependerá da forma como são trabalhados os

conteúdos no contexto das diversas pedagogias..

As teorias progressistas são caracterizadas pelo sentido crítico como

concebem a educação, onde as funções sócio-políticas da escola são

organizadas segundo as necessidades dos segmentos populares. Entendida

como um processo social, depende das determinações advindas dos

interesses de classe. Este é um dos pontos de diferenciação diante da

4 Todos os nomes foram retirados www.wikipedia.org/wiki/ 5 Snyders,Georges.Pedagogia Progressista.SP.Ática,1973,p.309

19pedagogia liberal, na qual o educando é “moldado” para ocupar posições

preestabelecidas na estrutura da sociedade.

Ainda podemos destacar o componente político que impregna as

pedagogias progressistas; essa visão da escola como espaço político, é que

possibilita sua vinculação com a luta concreta dos setores populares com vistas

à emancipação.

Para Libanêo6,a educação desde quando direcionada aos seus

interesses sociais, “não pode ser despolitizada , não pode evitar uma crítica

radical de seus fundamentos sociais”.

É interessante observar que as teorias crítico reprodutivas estão

incluídas dentre as teorias progressistas, pelo fato daquelas não podem ser

consideradas como liberais, já que, inegavelmente, representam um passo

evolutivo em relação a estas últimas. Na verdade, o que diferencia as crítico

reprodutivas das teorias libertadora, libertária, histórico-crítica e da pedagogia

do conflito, é o fato destas, buscarem por em prática, um tipo de educação que

seja crítica e , ao mesmo tempo, não reprodutiva.

Na década de setenta (70) cuja corrente teórica se filiam à pedagogia

liberal, tradicional e escola Nova e Tecnicista, podemos observar uma

tendência mais acentuada nestas dissertações.

A partir da década de oitenta (80) já podemos destacar as teorias

progressistas mais acentuadas, por esta pedagogia, a educação é imaginada à

semelhança de um processo de humanização dos homens, ao considerar de

caráter fundamental a ambiência social onde se encontram alunos e escolas.

As teorias progressistas são caracterizadas pelo sentido crítico como

concebem a educação, onde as funções sócio políticas da escola são

organizadas segundo as necessidades dos segmentos populares.Entendida

como um processo social, depende das determinações advindas dos

interesses de classe.

6 Libâneo,José Carlos.Didática.São Paulo: Cortez,1994,p.29

20Vale destacar,ainda, o componente político que impregna as

pedagogias progressistas; essa visão da escola como espaço político, é que

possibilita sua vinculação com a luta concreta dos setores populares com vistas

à emancipação.

Podemos observar que as teorias crítico reprodutivistas estão incluídas

dentre as teorias progressistas, pelo fato daquelas não poderem ser

consideradas como liberais, já que inegavelmente, representam um passo

evolutivo em relação a estas últimas. Na verdade o que diferencia as Crítico-

reprodutivistas das teorias Libertadora , Libertária, Histórico-crítica e da

Pedagogia do Conflito, é o fato destas, buscarem por em prática, um tipo de

educação que seja crítica e, ao mesmo tempo, não reprodutivista.

Segundo as idéias de Freitas, L.C,(1998,p.24) os anos 80 representam

uma ruptura com o pensamento tecnicista que predominava na área até então.

No âmbito do movimento da formação, os educadores produziram e

evidenciaram concepções avançadas sobre formação do educador,

destacando o caráter sócio-histórico dessa formação, a necessidade de um

profissional de caráter amplo, com pleno domínio e compreensão da realidade

de seu tempo, com desenvolvimento da consciência crítica que lhe permitia

interferir e transformar as condições da escola, da educação e da sociedade.

As dissertações após a década de noventa (90) até a presente data

estão em processo de pesquisa.

Portanto, deve-se destacar nos estudos a importância dos conteúdos

como elementos de base em qualquer teoria pedagógica7.Assim é que o tipo

de homem que se deseja formar, dependerá da forma como são trabalhados os

conteúdos no contexto das diversas pedagogias.

Até a presente data nas décadas já pesquisadas e concluímos vimos que não

há apenas uma linha teórica básica unificadora e que há uma consonância

entre o que circulava na sociedade, em termos de teorias pedagógicas, e o que

se verifica nas dissertações.

7 Gadotti,Moacir.Pensamento Pedagógico Brasileiro.2 ed.SP.Ática,1998.p.54

21 Para os educadores, a década de setenta tem no pensamento

tecnicista sua concepção mais marcante, fortalecido pelo desenvolvimento do

capitalismo dominante.

A década de 80 ficou marcada pela crítica e rebate aos anos 70, porém

retorna sob nova roupagem, fazendo com que fossem perdidas dimensões

importantes que estiverem presentes nesta década.

A ênfase excessiva do que acontece na sala de aula , em detrimento

da escola como um todo (Freitas,2000), o abandono da categoria trabalho

pelas categorias da prática reflexiva, nos estudos teóricos de análise do

processo de trabalho, naquele momento histórico da abertura política e

democratização da escola, recuperavam a construção dos sujeitos históricos

professores como sujeitos de suas práticas.

Aos professores que já estão atuando no ensino, sabemos que é

importante que os mesmos tenham uma formação permanente, refletindo sobre

o fazer pedagógico e as diferentes concepções, auxiliando para que essa

reflexão ocorra.

As Principais Correntes Pedagógicas são oriundas dos Pensamentos

Pedagógicos entre eles: Pensamento Pedagógico Grego, Pensamento

Pedagógico Medieval, Pensamento Pedagógico Renascentista, e Pensamento

Pedagógico Moderno, que descreverei adiante:

1.1.1 O Pensamento Pedagógico Grego

A Grécia teria alcançado a época ,o topo do ensino-04 a 03 séculos a .c e vale

dizer que muitos de seus conceitos permanecem atuais,sólidos e autênticos.

Com Sócrates tivemos a, multiplicação de perguntas e obter ,por indução,os

casos particulares e concretos,com sua máxima :’’Conhece-te a ti mesmo”.

Platão destacava a importância do Ensino Público (há mais de 2 milênios!)e

a articulação do Sistema Educacional em seus diversos níveis .

Aristóteles admitia as medidas educacionais condicionantes,se boas,tornavam

o homem nobre ,se más ,o levavam a indigência mental,moral e cultural,e

22impõe a aplicação do ‘’bom senso’’.Refere-se também as peculiaridades de

cada fase ou faixa etária,da mais remota infância até a velhice.

1.1.2 Pensamento Pedagógico Medieval

Aceitamos nele uma face obscurantista8,pela rigidez das imposições do

Papado conservador e do Cristianismo ‘’de então” aplicado,mas fugiu

parcialmente a severidade dos princípios dominantes permitindo a burguesia o

acesso ao saber,até então restrito ao clero e a nobreza.

Assim,não será a Idade Média ,definitiva e irremediavelmente a Idade das

Trevas.

Mas o Cristianismo-e não acreditamos o autentico ,o primitivo ,o

pensamento do próprio Cristo teve enorme influencia no Ensino durante a

Idade Média,usando parte do Pensamento Educacional Grego mas colocando

o pensamento moral acima do intelectual.

Criavam-se universidades ,que logo perderam seus objetivos maiores,

sufocadas pelo dogmatismo eclesiástico.

1.1.3 Pensamento Pedagógico Renascentista

A Renascença foi um movimento renovador intelectual,

cultural,estético,social,educacional que deu ao Homem o sentido essencial de

liberalismo educacional,mas sua orientação pedagógica era a da Educação

para um mínimo crescente de pessoas-propósito que só merece

admiração,mas a ampliação do Ensino exigiu uma revisão da metodologia

pedagógica citamos:

-Vitorino Da Feltre:

Com uma educação individualizada,auto-governo do aluno e competitividade

criou a” Casa Giocosa”(Casa-Escola-Alegre) que teria sido o embrião da

Escola Nova dos séculos XIX e XX.

-Erasmo Desidério:

8 Monroe,Paul.História da Educação.16 edição.SP:Nacional,1984,p.88.

23Dito Erasmo de Rotterdam,cidade holandesa em que nasceu.Dizia que o

homem poderia distinguir e escolher o ‘’Bem e o Mal’’com o seu livre arbítrio

.Atacou o obscurantismo conservador e o arcaísmo que remanesceram da

Cultura Medieval.

-Jean Luís Vives:

Mostrou as necessidades e vantagens do método indutivo, da observação , e

da experimentação e enfatizou o valor da brincadeira para a criança. E,

aventou a idéia hoje esquecida ou relegada a passado remoto ou futuro

imprevisível: A remuneração governamental para o professor.

-François Rabelais:

Criticou o formalismo da educação escolástica , caracterizada pelos problemas

entre a fé e a razão, valorizando a cultura popular, na qual se anunciou o

realismo pedagógico.

-Michel de Montaigne:

Preconizou a separação so Estado e da Igreja e considerava que a educação

poderia ser uma forma de protesto contra o “establishment”.

-Matinho Lutero:

Doutor em teologia , Professor Universitário, lançou a Reforma que recebeu o

nome de Protestantismo (1515) o que levou o Papa Leão X (1720) a afastá-lo

da Igreja Católica, o que não era desejo ou propósito de Lutero.Ele questionou

a autoridade da Igreja ao prezar a liberdade de consciência.No entanto, a

nosso juízo, a sua proposta de uma “educação econômica” mais ampla para as

classes mais favorecidas e para as classes populares apenas o fundamental

elitizava o saber.

1.1.4 O Pensamento Pedagógico Moderno

As principais características são:

-O ensino laico

-A luta contra o preconceito

24-A igualdade de oportunidade

-A intolerância da intolerância

-O resgate da dimensão do homem

-O emprego da metodologia cientifica

-O tecnicismo à serviço da experimentação e conferindo ao homem um a

maior capacidade de ação sobre a Natureza, reconhecendo que “saber é

poder”.

Humboldt fundou (1809) a primeira Universidade laica em cujo portal fez afixar

expressiva dedicatória :” À mente viva”.

25

CAPÍTULO II

QUADRO ATUAL DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Citarei quatro importantes Educadores contemporâneos que iniciaram a

grande e vasta caminhada:

Manoel Bergstrom Lourenço Filho,pioneiro de uma renovação pedagógica no

pais inteiro.Reorganizou o Ensino Normal e Profissional em São Paulo,onde

criou o Serviço de Psicologia Aplicada ,a Biblioteca Central de Educação e o

Instituto de Educação -1932-escola modelo e padrão ate o meado da década

de 40.Publicou varias obras de sua autoria muitas,traduções e outras tantas.

Anísio Spínola Teixeira:das maiores personalidades da Educação no

Brasil,ocupou vários cargos ligados a sua especialidade e desempenhou com

brilhantismo o seu trabalho.Foi designado para missões no Exterior –Londres e

Unesco.Pergunta-se o premio foi para os seus méritos ou simplesmente para

afasta-lo da Política e consequentemente a Política Educacional do pais?De

qualquer modo,tivemos um grande homem nos representando.E,foi de sua

iniciativa a criação da Universidade do Distrito Federal e organizou a Faculdade

de Filosofia da Universidade do Brasil.

Paulo Regius Neves Freire,educador brasileiro,nascido em Pernambuco.Foi

Diretor do Serviço de Extensão e Cultura da Universidade do Recife(1964)e

aplicou na cidade de Angicos(RN)um Plano Piloto de Alfabetização.Em

1963,era o Diretor do Plano Nacional de Educação,cujo objetivo ,era levar o

seu método de alfabetização a 16 milhões de adultos em um prazo de 4

anos.Com a Redentora,foi obrigado a exilar-se permaneceu no Chile quase

nove anos e posteriormente pronunciou conferencias nos Estados Unidos .

2.1 Qualidade na Educação

Qualidade é o atributo pelo qual,algo ou alguém ,se destaca,se individualiza no

bom ou mal sentido.Em uma escala de valores ,o que permite avaliar ou

recusar qualquer coisa,tema ou pessoa,e pode ser positiva ou negativa.

26 A escolha do objeto de pesquisa baseia-se na necessidade de

compreender o significado de Qualidade na área educacional.9

A busca continua por maiores e melhores condições para a área da

Educação com a colaboração de toda uma equipe,em harmonia

simbiótica,pedagogos ,orientadores de ensino,especialistas em metodologia de

ensino das diferentes disciplinas ,psicólogos,corpo docente,pessoal de

apoio(serventes, merendeiras,inspetores),corpo discente - o alunado e o nosso

objeto maior,associação de pais e mestres,essencialmente a família,enfim toda

a comunidade escolar.

A questão da qualidade como causa,conseqüência do fracasso ou do

sucesso escolar,constitui-se num dos problemas mais discutidos na Educação.

Atualmente mais do que nunca, as instituições de ensino devem ensinar aos

alunos a chegar as informações e aos conhecimentos que não cessam de

progredir e acumular –se.Pois não se vai mais apenas para receber acervos de

conhecimentos e apropriar –se do saber organizado,mas para descobrir quais

são os caminhos do conhecimento ,onde ele se encontra ,e como seleciona-

lo.Hoje,o profissional que não se mantém atualizado corre o risco de se ver

completamente defasado pouco tempo depois de formado e necessita

desenvolver o habito de aprender para continuar acompanhando as

transformações.

Nessa perspectiva,o papel do educador ,muito mais do que ensinar

conteúdos específicos ,passa a ser estimular e administrar a curiosidade ,ou

seja ,transformar o aprendiz do futuro em aprendiz permanente,e para isso,o

educador também precisa dominar as novas tecnologias e,principalmente,estar

preparado,aberto para aprender.Assim como o docente que não lê ou um mau

leitor,que jamais conseguira desenvolver hábitos de leitura em seus

alunos,tampouco os que não dominam as novas tecnologias conseguirão fazer

com que os seus alunos as dominem.

Vale ressaltar que o contato com as novas tecnologias não basta para

promover aprendizagens.Pesquisa publicada pelo Data-Folha(1997)comprova 9 Aranha,Maria Lúcia de Arruda.História da Educação .1ed.S.P.Moderna,1989,p.77

27que ,de uma amostragem de jovens de 16 anos que lidam bem com o

computador ,61% não sabem qual e a capital do Rio Grande do Sul,18%

aponta o México como pais vizinho e 92% não sabe quantos estados tem o

Brasil10.Assim,o acesso a informação sem o conhecimento critico do mundo em

que se vive,pode gerar a ignorância informatiza,um desperdício de tempo e de

energia fatais se as escolas,de fato,não se dispuserem a mudar e não

estiverem comprometidas com uma reestruturação de base.

Outro ponto importante a ser lembrado e que os instrumentos de

comunicação multiplicaram o uso de captação do homem do ponto de vista

físico,mental e psicológico,o que pode regular em stress e perda de

eficiência.Matéria publicada em edição especial da revista

Veja(maio/98)assinada pela psiquiatra brasileira Maria Célia Couto Mello afirma

que o acesso a um numero infindável de informações via Internet ,longe de

simplificar,esta complicando ainda mais o trabalho da educação e que o

excesso de estímulos pode produzir resultado oposto,ou

seja,desestimular.Alem disso,o excesso de oferta de atividades pode estar

dissimulando a grande dificuldade de muitos pais para estabelecer contato

afetivo com os filhos.

Em uma perspectiva psicopedagógica ,para possibilitar o aprender a

conhecer e a conseqüente facilitação das aprendizagens permanentes e

preciso que os educadores reconheçam que o posicionamento

aprendente/ensinante se sobrepõe .E,para isso,o educador precisa conectar-se

com o seu ser aprendente e o aluno com seu ser ensinante,como aquele que

conhece e pode mostrar o que conhece ,para ir em busca do que precisa

conhecer.E,para colher os esboços de autoria que aparecem ,os educadores

necessitam ter sensibilidade e recriar a si mesmos através da abertura de um

espaço de liberdade e de autoria de pensamento.Infelizmente,as

instituições,em geral,não proporcionam esse espaço para trabalhar com

subjetividade do professor.Essa ‘’subjetividade’’fica presa as expectativas da

escola.Na maioria das instituições o desejo de ensinar e transformado em

10 Sguissardi,Valdemar.São Paulo: Xamã,2000.p.18

28’’furor”ensinante e o ensinante,assim como o aprendente ,perde o prazer de

aprender,e isso tudo acaba influenciando negativamente para a questão da

qualidade.

A formulação de perguntas ,mais do que a de respostas e uma das

maneiras de possibilitar a autoria de pensamento ,o aperfeiçoamento de

conhecimentos que já possuímos ,uma relação produtiva com a própria

ignorância desativando a paralisação diante dela,ou a certeza de quem sabe

tudo ,para ativar então ,o desejo de conhecer .

A qualidade significa coisas diferentes para distintos observadores e

grupos de interesse.E, esta intimamente relacionada a atender a expectativa do

cliente,que no caso em questão e o aluno,pois a qualidade e sinônimo de

sucesso.11

2.2 Fundamentação Teórica

Segundo ,Cosete12,uma instituição é de qualidade quando usa uma consultoria

interna e externa(estratégia de educação e aperfeiçoamento );possibilita e

realiza cursos e seminários com vistas a uma educação continuada para todo o

seu pessoal.Sendo assim, a escola e encarada como prestadora de serviços e

através de sua pratica pedagógica promove a satisfação do cliente-aluno.

No processo de aprendizagem do aluno,o sentido da qualidade esta

relacionado ao sucesso na medida em que este aluno não encontre obstáculos

que venham fragmentar o processo.O aluno como cliente na ótica da Empresa.

Na sua abrangência maior, dos elementos do grupo que envolve o

aluno,talvez o objeto focal do trabalho deveria ser proporcionados cursos de

atualização ,aperfeiçoamento e em acompanhamento passo a passo do novo

em Educação .

Completando o progresso e as evoluções constantes,co-gestão

parcerias,terão assim condições de fazer existir e prosperar,e assim resulta

11Sguissardi,Valdemar.São Paulo: Xamã,2000.p.22 12 Ramos,Cosette.Excelência na Educação –A Escola de Qualidade Total.RJ:Qualitymark Editora,1999,p.126

29em uma instituição de qualidade ,e o modelo vir a ser apreciado e adaptado

para outras da sociedade.

A estrutura apresentada ao aluno deve ser globalizada,interativa e

transdisciplinar,para que não se percam,de forma fragmentadas,os

conhecimentos adquiridos.

No mundo de hoje e de suma importância transformar a instituição em algo

compatível com a realidade atual,uma sociedade economicamente avançada

onde a educação e a formação para o trabalho são indissociáveis,devendo

saber como articular com a realidade externa.

Antes de visar a qualidade é necessário saber em que consiste o desafio da

educação superior neste país que a cada ano bate seus próprios recordes de

concentração e má distribuição de renda ou da injustiça social.Quais os

diferentes aspectos, ângulos e dimensões desse enorme incomodo

desafio?Que diagnósticos já foram elaborados com que propostas ou medidas

práticas de superação?A quem interessa que esse desafio seja ou não

superado?

Como se vê, antes que um desafio de ação é a educação superior no Brasil

um desafio de compreensão.Como entendê-la hoje senão como um sistema

em crise de varias ordens – de hegemonia, de legitimidade e institucional, em

meio aos grandes impasses sóciopolíticos e econômicos que vive o país?É

assim que a educação superior começa por nos desafiar ao apresentar-se

essencialmente como um quase enigma polissêmico e polimorfo, social e

político-economico.A educação superior13, sabe-se, é um desafio para todos

os países, mas, assim como a fome, põe-se em grau e escala extremamente

variáveis segundo estagio e modo desenvolvimento de cada nação.Em cada

país, a educação superior foi e será chamada a exercer determinados papéis,

de acordo com a própria história e avanços sócio-democraticos desses países

e de seu sistema educacional.

13 Sguissardi,Valdemar.São Paulo: Xamã,2000.p.20

30 Diante disso, que papéis tem exercido até hoje a educação superior no

desenvolvimento de nosso país, dada sua carta sua curta história, se

comparada à dos sistemas congêneres dos países vizinhos?Que papel se

espera possa vir a cumprir nas próximas décadas do próximo século/milênio14?

Da história e do papel que tem cumprido neste século de vida de nosso

país todos temos, em grau maior e menor, algumas noções: os muitos estudos

na área ou em áreas correlatas e o crivo do tempo ajudaram a sedimentar

algumas hipóteses de explicação.O que é mais raro, porque de ocorrência

muito recente, é a compreensão das reformas pontuais, porém sempre

reformas, que nos últimos anos, por obra e conseqüência das ações em sua

maioria oficiais, estão sendo implementadas, por hipótese bastante plausível,

seja sobre pressão dos ajustes do capitalismo global, da mundialização do

mercado, seja em grande sintonia com esses ajustes.

Nossa famigerada pirâmide educacional, à qual tantas vezes referiu-se em

seus escritos o mestre Anísio Teixeira nas décadas de 40, 50, e 60, continua

presente.Em seu ápice, contrastando com uma base larga, mas que

infelizmente, no limiar do século XXI e há 210 anos da Revolução Francesa,

ainda não conta com a totalidade da população em idade de ingresso na

escola, a educação superior apenas inclui em torno de 10% da respectiva faixa

etária ou 1,3% da população.O nosso país está posicionado entre os de pior

desempenho educacional nos terceiro grau entre os países desse continente.

É imperativo reafirmar sempre que isto reflete a realidade de um país cuja a

população em geral sobrevive em situação socioeconômica das mais desiguais

do planeta, e no qual, mercê dos modelos de desenvolvimento e décadas de

políticas educacionais conservadoras adotadas pelas elites dominantes, o

saber e a educação foram via de regra entendidos muito mais como

mercadorias de interesse privado ou dádivas para semi-cidadãos, do que como

bens públicos universais de interesse coletivo da cidadania.

14 Aranha,Maria Lúcia de Arruda.História da Educação .1ed.S.P.Moderna,1989,p.76

31 Segundo a apresentação da Sinopse Estatística do Ensino Superior de

Graduação 1998, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

(Inep), de 1994 a 1998 os efetivos discentes aumentaram 36% nas IES

privadas, apenas 12,4% nas IES federais e 18,5% nas IES estaduais, isto é, no

quatriênio as matrículas na rede privada aumentaram duas vezes as da rede

estadual e três vezes as da rede federal.Com 67,8% dos efetivos discentes, o

setor privado ultrapassa em 1998 os 2/3 do total de estudantes de nível

superior no país.

No ano de 1994, primeiro desse quatriênio, o Banco Mundial 15, em uma

amostra de 41 países, situava o Brasil como um dos países do mundo com

mais alto percentual de matrículas no ensino superior privado, isto é, em torno

de 60%.Com percentual maior do que o Brasil, nessa amostra, constavam as

Filipinas, a Coréia do Sul, o Japão, a Bélgica, a Indonésia, a Colômbia e a

Índia.

Em nota de rodapé, assinalava, entretanto, que, no caso da Bélgica, o ensino

superior continuava sendo financiado quase totalmente pelo Estado que

subvenciona “las instituciones de enseñanza superior tanto públicas como

privadas”. Com mais 75% de matrículas na educação superior pública: Estados

Unidos, Tailândia, México, Venezuela, Argentina, Honduras, Bolívia, Itália,

Espanha, Quênia, entre outros.Não incluídos na amostra, mas no mesmo caso

da Bélgica encontram-se os outros Países Baixos e a Inglaterra; e no dos

Estados Unidos e outros, a França e Alemanha.

A distribuição dos concluintes da educação superior no país se dá de

modo similar à das matrículas.

Para os que pensam que a educação superior é uma das instituições

indispensáveis da sociedade moderna, “sem a qual não chega a existir um

povo” e que “Aqueles que não a têm também não tem existência autônoma,

vivendo, tão-somente, como um reflexo dos demais16” – como dizia o reitor

15Sguissardi,Valdemar.São Paulo: Xamã,2000.p.18 16 Aranha,Maria Lúcia de Arruda.História da Educação .1ed.S.P.Moderna,1989,p.77

32Anísio Teixeira, na solenidade de inauguração dos cursos da Universidade

do Distrito Federal, em 1935 – o que foi aqui exposto, nos limites de suas tintas

e dos olhares com o que foi visto, apresenta muitos e grandes desafios.

Para os que acreditam na utopia de que os princípios norteadores de uma

política de educação superior para o nosso país seja a efetiva democratização

do acesso e garantia e condições de conclusão dos respectivos cursos; a

autonomia, associação ensino-pesquisa-extensão, a gestão democrática, a

excelência acadêmica e a natureza pública das IES, custeadas pelo Estado;

para esses os desafios são tantos e ainda maiores; e as perspectivas, a menos

de otimismo ingênuos, objetivamente falando, pouco animadoras.

Entretanto, essa utopia não deverá ser diferente de outra utopias

históricas pelas quais sempre valeu a pena lutar.Sem elas, quem nos garante

que a “barbárie” não seria maior ou que teria sido evitada.

Ser utópico sem ser otimista ingênuo implica na consciência de que as

concepções subjacentes ao atual processo de reforma não possuem

autonomia em relação a políticas macroeconômicas atinentes à reestruturação

da produção e à reforma do estado; a reforma em curso revela uma clara

subsunção da educação superior a uma política de gastos de redução do déficit

publico, de destinação do Fundo Publico para quase exclusivo beneficio do

capital, em detrimento do trabalho e dos serviços sociais do Estado17.

Deve ser garantida a qualidade 18do ensino superior, a democratização

do seu acesso e garantia de não evasão e conclusão do curso depende de

política de inclusão, de distribuição de renda, de erradicação da indigência e da

pobreza que afetam mais de metade dos brasileiros, de prévia democratização

do acesso a um ensino médio de alto nível, e que, finalmente, essas políticas

iriam a contracorrente do que tem sido feito ao longo dos últimos anos do país

e das orientações e recomendações emanadas dos organismos multilaterais.

17Sampaio, Rosa Maria W.Freinet .Evolução Histórica e Atualidades.S.P:Scipione, 1988:p.46 18 Sguissardi,Valdemar.São Paulo.Xamã,2000:p.37

33 Em suma, é saber que a universidade de que falava Anísio Teixeira –

imprescindível à existência de um povo ou nação soberana – era ontem como

o é hoje a universidade verdadeiramente autônoma; que ensinasse, porque

também produtora de conhecimentos; que fosse gerida e administrada

democraticamente, sem posições do poder do Estado; que fosse a “mansão da

liberdade”, da busca permanente da excelência acadêmica; que fosse publica

em sua natureza mais essencial, socialmente comprometida, e garantida pelo

Estado, gestor do Fundo Público.

34

CAPÍTULO III

AS PROPOSTAS PEDAGÓGICAS PARA O SÉCULO XXI

A educação de massa é o fruto da era da mecanicidade.Que foi desenvolvida

com o crescimento dos poderes de produção e atinge o seu esplendor no

momento em que a civilização ocidental chega ao máximo de divisão e de

especialização ,tornando-se assim mestra na arte de impor seus produtos à

massa.

O caráter fundamental desta civilização é tratar a matéria ,a energia ,e a vida

humana,dissecando cada processo útil em componentes funcionais ,de forma

que possa reproduzi-los em tantos exemplares quantos desejar.

Como pedaços de metal moldados se tornam as partes que compõem uma

locomotiva,os especialistas humanos tornam-se iam componentes da grande

máquina social..

Desta forma era a educação uma tarefa relativamente simples:era preciso

somente descobrir as necessidades da máquina social,e depois recrutar e

formar as pessoas que responderiam a essas necessidades.A função da

instituição era menos a de encorajar as pessoas e descobrir e aprender e,com

isso,fazer de sua vida um progresso constante,que a de procurar controlar e

moderar estes processos de evolução e maturação individuais.

Entretanto,o aparecimento das carreiras profissionais úteis ,ou a formação

de operários especializados,não constitui mais que uma pequena parte do

sistema educacional.

A especialização teve como conseqüência um mimetismo de todos os

indivíduos e suscitaram uma competição ferrenha.Dentro deste contexto,a

única maneira de um indivíduo se distinguir era fazer a mesma coisa que o

homólogo,porém melhor e mais depressa.Na realidade a competição tornou-se

a motivação primordial de educação tanto das massas quanto da

sociedade.Puseram-se demarcações :graus e diplomas de todo o tipo eram

emanados de um prestígio e de poderes desproporcionados com seu papel

intrínseco ,e,no final das contas,continuavam bastante limítrofes.

35 As aulas expositivas,o modo mais difundido na educação de

massa,solicita do estudante um mínimo de engajamento.Este sistema,embora

um dos menos eficazes que o homem jamais pode imaginar,bastava num

tempo em que só era solicitada uma pequena parte das faculdades de cada ser

humano.Contudo,nenhuma garantia era dada à qualidade dos produtos

humanos da educação.

Entretanto essa época findou-se,pois entramos mais depressa do que

pensamos em uma era diferente.A especialização e o condicionamento, são

noções que vão ceder lugar às de diversidade,integralidade e,sobretudo,irão

abrir caminho para um engajamento real de toda a pessoa.

A produção mecanizada já está em parte submetida ao controle de

substitutivos eletrônicos capacitados a produzir qualquer quantidade de objetos

diversos a partir de um mesmo material.Os novos meios ultra-rápidos de

comunicação a grandes distâncias,como ,o rádio,telefone,e,principalmente a

internet,uniu os povos do mundo inteiro em uma vasta rede de circuitos

elétricos,suscitando uma dimensão nova no engajamento do indivíduo em face

dos acontecimentos,rompendo assim os quadros tradicionais que tornavam e

especialização possível.

Todo este império tecnológico que encontra-se ao alcance de quase toda a

camada da população brasileira mesmo entre os menos favorecidos,desperta a

necessidade imperiosa de uma forma nova de educação traz em si mesma os

meios de consegui-la. Embora de suma importância ,uma revolução das novas

formas de educação não é,entretanto,tão fundamental no que concerne à

escola,instituição do futuro quanto uma revolução nos papéis de aluno e

professor.Os cidadãos atuais e principalmente os do futuro terão muito menos

necessidade que hoje de ter formação e pontos de vista semelhantes .Pelo

contrário cada vez mais serão recompensados pela sua diversidade e

originalidade .Eis por que toda essa necessidade experimentada,imaginária ou

real,de uma instrução estandardizada pode provavelmente ser extinto e assim

desaparecer muito rapidamente.Esse educador já está sendo capaz de lançar

–se à apaixonante tarefa de criar um novo âmbito escolar.Os estudantes

36circularão nele livremente,qualquer que seja o espaço a eles reservado:uma

sala,um prédio,ou algo mais vasto.O professor será enfim responsável pela

eficácia de seu ensino.Atualmente ele dispõe da presença garantida de um

auditório.Tem certeza de encontrar a sala cheia e de manter seu cartaz.Os

alunos que não apreciam o espetáculo são considerados fracassados.Pelo

contrário,se os alunos se tornam livres para ir aonde melhor lhes pareça ,e isso

é ótimo,pois o docente ,tem realmente o interesse em suscitar e assim

mobilizar a atenção dos alunos.

A televisão por exemplo ajuda estudantes a explorar a realidade em grande

escala permite que observem um átomo,da mesma forma que os espaços inter

estelares;podem analisar suas próprias ondas cerebrais ;criar modelos

artísticos,a partir da luz e do som;familiar-se com antigos ou novos

costumes,etc.e tudo isto onde quer que eles estejam.

O estudante do século XXI vive atualmente como explorador,pesquisador,um

caçador à espreita nesse imenso terreno que é seu universo de informações,e

estamos vendo assim surgir também novas maneiras de relações

humanas.Porém há de se ter cuidado para que haja a distinção da atividade

exploradora do “método por descobertas”,e,de acordo com alguns teóricos ,que

não é de fato,senão outro meio de condicionar as percepções e a imaginação

dos alunos.Os educadores não podem ,nem devem temer as novas tentativas

e as soluções inéditas,mas devem valorizá-las.

Uma das primeiras tarefas é a de esquecer as velhas proibições que vão

contra a realidade e assim ferem a originalidade.E,após isso ,a linha de

conduta é aparentemente simples:um olhar no retrovisor,quando sentirem real

necessidade de uma referência ao passado,e o resto do tempo,com as mãos

na direção ,ficarão de olhos fixos sobre a extensão do presente e do

futuro,cujos horizontes desconhecidos se revelarão a eles sem cessar.

A educação superior no Brasil não é um desafio novo19,e agora no século XXI

,ainda continua sendo,porém,teve uma crescente melhora,que se desdobra em

19 Boaventura de Sousa Santos.(1996).’’Da idéia de universidade à universidade de idéias’’.In:_______.Pela mão de Alice:o social e o político na pós –modernidade.São Paulo:Cortez,p.187

37múltiplos desafios menores,todos eles de inegável e incômoda

relevância.E,o primeiro destes é o que compreende as diferentes faces e

dimensões daquele,e,o segundo é o da consciência de que ,hoje mais do que

anteriormente e muito mais que há 40 ou 50 anos atrás ,aquele desafio exige

enfrentamento conciso,objetivo e de forma decisiva.

Entretanto,em um país como o nosso,não se deve e nem pode esperar que os

primeiros a entendê-los e a enfrenta-los sejam os analfabetos;nem os que

possuem poucos anos de escolaridade ou apenas o ensino fundamental

completo;nem tampouco os que apenas fizeram alguns anos de ensino médio

e que por razões diversas não puderam concluí-lo.E,infelizmente,todos esses

somados perfazem algo em torno de 80%da população brasileira.

3.1 Os Quatro Pilares da Educação

a)Aprender a cohecer: disjuntados conhecimentos sem conseqüências ,mas é

preciso que os indivíduos disponham de aptidões que o façam

encontrar,avaliar,discernir,equacionar e resolver os problemas que se

apresentam.

b)Aprender a fazer:é dotar o indivíduo,ou já ser ele dotado da capacidade de

um olhar percuciente,uma curiosidade inteligente,uma mentalidade seletiva.

c)Aprendendo a viver juntos:enquanto viver,verbo intransitivo mas de fácil

transito, conviver é transitivo e de difícil e entendimento,pois exige boa vontade

e lucidez mental,empenho na tarefa.

d)Aprender a ser:seria talvez a composição das três anteriores.Mas a realidade

é que “ser’’ é “conhecer-se”.E,é muito difícil quem queira se conhecer,pois

assim não suportaria seu próprio “Ego’’.

3.2 Os sete saberes necessários à educação do futuro

Há sete saberes essenciais que a educação do futuro deveria tratar em toda a

sociedade e em toda cultura,sem exclusividade nem rejeição ,segundo

modelos e regras próprias a cada sociedade e a cada cultura.

38 É necessário salientar que o saber científico não é provisório,mas também

desemboca em profundos mistérios referentes ao Universo,à Vida,ao

nascimento do ser humano.

Onde se abre um indecidível,no qual intervêm opções filosóficas e crenças

religiosas através de culturas e civilizações.

3.2.1 As Cegueiras do conhecimento:o erro e a ilusão

É impressionante que a educação que visa a transmitir conhecimentos seja

cega quanto ao que é o conhecimento humano,seus

discípulos,dificuldades,enfermidades,tendências ao erro e à ilusão,e não se

preocupa em fazer conhecer o que é conhecer.Pois de fato,o conhecimento

não pode ser considerado uma ferramenta que pode ser utilizada sem que sua

natureza seja examinada.

Da mesma forma,o conhecimento do conhecimento deve aparecer como

primeira necessidade,que assim serviria de preparação para enfrentar os riscos

permanentes de ilusão e erro ,que não cessam de pertubar a mente

humana.Devendo “armar’’as mentes dos indivíduos no combate vital rumo à

lucidez.

Entretanto,é preciso introduzir e desenvolver na educação o estudo das

características cerebrais,culturais dos conhecimentos humanos,de seus

processos e modalidades ,das disposições tanto psíquicas quanto culturais que

o conduzem ao erro ou à ilusão.

3.2.2 Os princípios do conhecimento pertinente

Há um problema sempre ignorado,que é o da necessidade de promover o

conhecimento capaz de aprender problemas fundamentais e globais para

inserir os conhecimentos parciais e locais.

Nós seguimos ,um mundo formado pelo ensino disciplinar,é evidente que as

disciplinas de toda ordem ajudaram o avanço do conhecimento e são

insubstituíveis .O que existe entre as disciplinas é invisível e as conexões entre

elas também.Mas isto não significa que seja preciso conhecer somente uma

39parte da realidade.É preciso ter uma visão capaz de situar o conjunto.Não é

a quantidade de informações que oferece sozinha,o seu conhecimento que,

é pertinente,mas sim a capacidade de colocar o conhecimento no contexto.

É necessário desenvolver também a aptidão natural do espírito humano para

situar todas as informações em um contexto e um conjunto.Pois é preciso

ensinar os métodos que permitam estabelecer as relações mútuas e as

influências recíprocas entre as partes e o todo em um mundo complexo.

3.2.3 Ensinar a condição humana

É curioso que o ser humano é um tempo só físico, biológico,cultural,social.Esta

unidade complexa da natureza humana é totalmente desintegrada na educação

por meio das disciplinas,tendo-se tornado impossível aprender o que significa

ser humano.É necessário restaura-la,de forma que cada um onde quer que se

encontre ,tome conhecimento e consciência ,ao mesmo tempo ,de sua

identidade complexa e de sua identidade comum a todos os outros humanos.

A condição humana deveria ser então o objeto essencial de todo o ensino.

3.2.4 Ensinar a identidade terrena

O destino planetário do gênero humano é outra realidade chave até agora

ignorada pela educação.O conhecimento dos desenvolvimentos da era

planetária,que tendem a crescer no século XXI,e o reconhecimento da

identidade terrena,que se tornará cada vez mais indispensável a cada um e a

todos ,devem converter-se um dos principais objetos da educação.

A era planetária se inicia com o estabelecimento da comunicação entre todos

os continentes no século XVI,e mostrar como todas as partes do mundo e se

tornaram solidárias,sem ,contudo,ocultar as opressões e a dominação que

devastaram a humanidade e que ainda não desapareceram.

É necessário também,indicar o complexo da crise planetária que marca o

século XX,mostrando que todos os seres humanos,confrontados de agora em

40diante aos mesmos problemas de vida e de morte,partilham um destino

comum. 20

3.2.5 Enfrentar as incertezas

As ciências permitiram que adquiríssemos muitas certezas,mas revelaram ao

longo do século XX ,inúmeras zonas de incerteza.A educação deveria incluir o

ensino das incertezas que surgiram nas ciências físicas

(microfisicas,termodinâmica,cosmologia),nas ciências da evolução biológica e

nas ciências históricas.

A fórmula do poeta grego Eurípedes,que data de vinte e cinco séculos,nunca

foi tão atual: ‘’O esperado não se cumpre,e ao inesperado um deus abre o

caminho”.O abandono das concepções deterministas da história humana que

acreditavam poder predizer nosso futuro,o estudo dos grandes acontecimentos

e desastres de nosso século,todos inesperados,o caráter doravante

desconhecido da aventura humana devem-nos incitar a preparar as mentes

para esperar o inesperado,para enfrentá-lo.Por isso é preciso que todos os que

se ocupam da educação constituam a vanguarda ante a incerteza de nossos

tempos.

3.2.6 Ensinar a compreensão

A compreensão é a um tempo meio e fim da comunicação humana.Contudo,a

educação para a compreensão está ausente do ensino.O planeta precisa,em

todos os sentidos,de compreensão mútua.Ressaltando a importância da

educação para a compreensão ,em todos os níveis educativos e em todas as

idades,o desenvolvimento da compreensão pede a reforma das mentalidades.

A compreensão mútua entre os seres humanos,quer próximos,quer

estranhos,é daqui para a frente vital para que as relações humanas saiam de

seu estado bárbaro de incompreensão. Por isso,a necessidade de estudar a

incompreensão a partir de suas raízes,suas modalidades e seus efeitos.

20 Gadotti, Moacir.Pensamento Pedagógico Brasileiro.2ª edição.São Paulo:Ática, 1988:p.56

41

3.2.7 A ética do gênero humano

A ética não poderia ser ensinada por meio de lições de moral.É preciso que se

forme as mentes com fulcro na consciência de que o ser humano é,ao mesmo

tempo parte da Sociedade,e da espécie.Está implícito em nós esta realidade

tripla,e,dessa maneira todo desenvolvimento realmente humano deve abranger

o desenvolvimento conjunto das autonomias individuais,das participações

comunitárias e da consciência de pertencer à espécie humana.

A educação deve conduzir à “antro-ética”,levando em conta o caráter ternário

da condição humana, que é ser ao mesmo tempo indivíduo/sociedade/espécie.

E,nesse sentido ,a ética indivíduo/espécie necessita do controle mútuo da

sociedade pelo indivíduo e do indivíduo pela sociedade,ou seja,a ética,a

democracia;a ética indivíduo/espécie convoca ,ao século XXI ,a cidadania

terrestre.21

21 Monroe, Paul.História da Educação.16ª edição.São Paulo:Nacional, 1984:p.88

42

CAPÍTULO IV

A CONTRIBUIÇÃO DE UMA PEDAGOGIA CRÍTICO-

SOCIAL

4.1.O destino da Pedagogia

Pedagogia,do grego ‘’Paedagogus”’,pois antigamente as crianças eram

acompanhadas à escola por escravos,e,hoje ,essa instituição é aquela que

com cultura,dedicação, profundo amor e inteligência leva o ensino,os

conhecimentos ao educando de todos os níveis.22

Há então uma troca de saberes e assim nesta reciprocidade talvez esteja a

proposta mais abrangente para que a Pedagogia seja efetivada com sucesso,

o que poderíamos levar em consideração pelos vários

aspectos;filosóficos,políticos,econômicos,sociológicos,e até de legislação.

Há autores que empenham-se na defesa do tema com fervor quase

monástico,e contagiante,o qual devemos tentar aprender algo.

A Pedagogia é de extrema importância para que os conhecimentos sejam

ministrados de forma adequada,coerente,e o ensinamento educativo seja

próspero,visto que nela, habita a especificidade em refletir sobre os problemas

recorrentes da processo educacional,equacionando,analisando,e assim,

procurando uma solução globalizada, Multidimensional,contextualizada.Pois é

ela que dá ao educador a ação pedagógica,e não a ação docente como alguns

poucos ainda acreditam.

Por isso a Pedagogia não pode ter sua potencialidade em todas as esferas

ignorada, porque é de extrema importância para a formação do Homem e da

Sociedade,pois ensina a decidir o que e como ensinar aquele que se pretende

formar e que modelo de ser humano se tem em mente.

22 Monroe, Paul.História da Educação.16ª edição.São Paulo:Nacional, 1984,p.89

43 Auxiliares de Ensino,Professores Assistentes,Graduados “Stricto” ou “Lato

Sensu” Pós-Graduados,Mestres,Pedagogos:é basilar que tenha todos os

compromissos de um trabalho competente,uma visão prospectiva,com a séria e

elevada proposta na Educação para o Século XXI.

Faz parte da missão do Educador levar o Educando a refletir,porque se ele

não o fizer anulará sua maior ,menor capacidade intelectual,espelhando no

futuro opiniões alheias e a conscientizá-lo desde a primeira infância , por toda a

vida que somente um cabedal polivalente de capacidade,cultua,sem esquecer

de um bom caráter,o ajudará a enfrentar o dever. Não vamos discutir

bizantinismos ,principalmente os do período que se iniciou em 1964,mas

queremos enfatizar a indispensável presença do Pedagogo e da Pedagogia no

processo educativo,junto aos próprios Docentes e aproveitando ao máximo a

capacidade de pensar no alunado,patrimônio inalienável e mais ainda que

todos, o conhecimento deve ser submetido a revisões permanentes,para que

não se torne cristalizado ou imutável,e essa é a dinâmica da Educação.

É de suma importância que o Educador e de um modo geral todos os

profissionais da Educação com vasto e precioso elenco da prática pedagógica

a qual dispõem,trabalhem com o interdisciplinar,o interativo,e tudo multi

dimensionado para a transformação da informação em conhecimentos e do

conhecimento em sabedoria,porque a nosso juízo será este o grande destino

conferido pelo Educador à Pedagogia.

4.2.Os significados da educação

Deve-se transmitir ao indivíduo,a educação,visto que é um fenômeno

cultural,mas também os métodos utilizados pela totalidade social para que seja

exercida sua ação educativa,são parte do fundo cultural da comunidade e

dependem do grau de seu desenvolvimento. Em suma,a educação é a

transmissão da cultura só que de forma integrada em todos os seus

aspectos,segundo os moldes pelos meios Em suma,a educação é a

transmissão da cultura só que de forma integrada em todos os seus

44aspectos,segundo os moldes pelos meios que a própria cultura existente

possibilita.23

O método pedagógico é função da cultura existente.O saber é o conjunto dos

dados da cultura que se tem tornado socialmente conscientes e que a

sociedade é capaz de expressar pela linguagem,e,nas sociedades iletradas

Não existe saber graficamente conservado pela escrita e,contudo,há

transmissão do saber pela prática social,pala via oral e,portanto,há a educação.

Nas sociedades altamente desenvolvidas,com divisões internas em classes

opostas,a educação não pode consistir na formação uniforme de todos os seus

membros,de um lado ,é excessivo o número de dados a serem transmitidos,do

outro,não há interesse e nem a possibilidade em formar indivíduos iguais,mas

se busca manter a desigualdade social presente.

Por isso ,em tais sociedades,a educação ainda é um privilégio de grupos

determinados ou classes.

A educação é desenvolvida sobre o fundamento do processo econômico da

sociedade,pois é ele que determina as possibilidades e as condições de cada

fase cultural,a distribuição das probabilidades educacionais na sociedade,em

virtude do papel que é atribuído a cada indivíduo da comunidade,e

proporcionando os meios materiais para a execução do trabalho

educacional,sua profundidade e extensão.

Assim, dita os fins gerais da educação,que determina se em uma dada

comunidade serão formados indivíduos de níveis culturais distintos,de acordo

com sua posição no trabalho comum(na sociedade dividida,fechada)ou se

todos devem ter as mesmas oportunidades e possibilidades de

aprender(sociedades democráticas).

A formação do indivíduo sempre visa a uma finalidade,e,no em sentido amplo

esse fim é a conversão do educando em membro útil da comunidade,e no

sentido restrito, formal,escolar,é a preparação de diferentes tipos de indivíduos

23 Piaget, Jean.Para Onde Vai A Educação?10ª edição.Rio de Janeiro:José Olimpio, 1988:p.31

45para executar tarefas especificas da vida comunitária(por isso a divisão da

instrução em graus,carreiras).

O fator que mais prepondera e determina os fins da educação são os

interesses do grupo que detém assim o comando social.

A educação também é um fato de ordem consciente ,porque é determinada

pelo grau determinado alcançado pela consciência social e objetiva suscitar no

educando a consciência de si e do mundo.Assim se dá a formação de

autoconsciência social ao longo do tempo em todos os indivíduos que

compõem a comunidade.Parte da inconsciência cultural(educação

primitiva,iletrada)e atravessa etapas múltiplas de consciência crescente de si e

da realidade objetiva mediante o saber adquirido,a cultura,a ciência,isso até

chegar à plena consciência24.

A educação é concreta por essência ,e o que a define é sua realização

objetiva,e esta realização depende das situações históricas,de seu conflito,dos

interesses em causa da extensão das massas privadas de conhecimento,e é

por isso que toda discussão abstrata sobre educação é inútil e prejudicial,

trazendo em seu bojo sempre um estratagema da consciência dominante para

poder justificar-se e então deixar de cumprir seus deveres culturais com a

população.

A educação é contraditória por natureza,visto que implica conservação dos

dados do saber adquirido e criação ,ou seja,negação,crítica e a substituição do

saber existente.25

Pois só desta forma é válida,porque do contrário seria a repetição eterna do

saber definitivo e a anulação de toda e qualquer possibilidade de criação do

novo e consequentemente do progresso da cultura do povo.

Mas é a Pedagogia a sua dimensão maior que lhe confere uma extrema

riqueza de detalhes,conceitos autênticos,porque interfere na atividade do

24 Giroux,Henry.Pedagogia Radical:Subsídios.São Paulo:Cortez:Autores associados, 1983:p.48 25 Gilbert, Roger.As Idéias Atuais em Pedagogia.Lisboa:Moraes Editores, 1974:p.67

46ensino,proporcionando conhecimentos,oportunidades de pesquisa,enfim

promove a mecânica do processo.

4.3.Pedagogia e Didática:busca de identidade

Para explicitar a unidade dos campos na área educativa,pedagógica e didática

e procurando o referencial didático com a disciplina pedagógica,temos de

buscar a epistemologia26,que é a teoria ou ciência de origem,natureza e limites

do conhecimento,o que será feito sob quatro pontos:

1.a própria busca epistemológica como citado acima;

2.o estudo da História da Educação nos momentos importantes de

desenvolvimento do país;

3.O estudo da Ciência Pedagógica com seu objeto focal muito esclarecido;

4.a avaliação dos estudos feitos ,observando e analisando sua acomodação ou

contemporaneidade.E o último deve ser rejeitado,porque rejeitamos o

imobilismo.

Temos que:

A)Pedagogia,única ciência da Educação;há unidade que se pretende explicar

como uma só realidade,sendo as demais ciências consideradas auxiliares ou

complementares.

1.Ciência da Educação:usando ao mesmo tempo a experimentação

educacional e a tecnologia educacional(em países anglo-saxônicos,fala-se em

Ciência da Educação e não Pedagogia;

2.Ciência da Educação( e aqui se exclui a Pedagogia);assumem ser a

Educação conjunto de Ciências onde a Pedagogia estaria compreendida.Seria

então uma apreciação latu-sensu’’,mas este conceito de que a Pedagogia

estaria permeada em outras ciências não é unânime.

3.Ciência da Educação(incluindo a Pedagogia)e nesta conhecimentos

pluridimensionais está a Pedagogia com relevo e autonomia. 26 Gilbert, Roger.As Idéias Atuais em Pedagogia.Lisboa:Moraes Editores, 1974:p.77

47B)O desenvolvimento da ciência pedagógica no Brasil e seu quadro atual

Hoje,o universo da pedagogia se mostra envolvido em uma complexa

fermentação atravessado por impulsos radicais,porque a mesma é um saber

em constante transformação ,em crescimento e em crise,atravessado por

várias tensões,desafios novos e novas tarefas por instancias de

radicalização,de autocrítica,de desmascarar algumas de suas estruturas e

novas tarefas por instancias de radicalização,de autocrítica,de desmascarar

algumas de suas estruturas.

É um saber que se reexamina,que revê a sua própria identidade, que se

reconstrói.Ao mesmo tempo,a educação(o terreno das práxis formativas,da

transmissão cultural,das instituições educativas)também vem se reexaminando

e se qualificando,ou fixando novas fronteiras,elaborando novos

procedimentos.A educação atual está à procura de um novo equilíbrio,ligado

porém a uma nova identidade.Daí a impressão de oscilação,de ondulação,até

mesmo de confusão que a caracteriza.

Todavia,a pedagogia é um saber que se tornou (e se torna),cada vez mais

central,social,política e cultural.De fato,pela pedagogia passam os diversos

problemas da convivência social e da projeção política ,como também os da

renovação e da continuidade,pois todos esses problemas implicam um

empenho de formação,um itinerário de intervenção,uma obra de orientação,de

acompanhamento,de interpretação ativa que só a pedagogia/educação pode

desenvolver27.

Então,desse modo,porém,até a pedagogia como saber vem mudando de

forma ,perde qualquer caráter dogmático, e supra-histórico,e se torna saber

das transformações e das formações históricas,ligada à política,mas não há

subalternidade.

27 Freinet, Celestin. A Pedagogia do Bom Senso.São Paulo:Martins Fontes, 1973:p.34

48 E,como se liga à ciência e à filosofia,sem se deixar absorver,caminhando

para uma nova identidade dialética,plural,crítica,e assim,justamente o caráter

da crítica.

E,assumir um papel de paradigma meta teórico,de orientador –chave,da sua

pesquisa;e isso não acontece por acaso,acontece por solicitação de uma

sociedade em profunda transformação que está assumindo a forma de uma

sociedade aberta,plural,e até mesmo conflituosa.

Entretanto,nesse itinerário de desenvolvimento e de transformação ainda

existem luzes e sombras,ou então se delineiam felizes conquistas e resultados

discutíveis,ou que deixam perplexos.Ao primeiro grupo pertencem os efeitos,de

diálogos,tolerância,como também os fatores de emancipação(universal)que

orientam esse processo de indivíduos,de povos,culturas.Positiva é também a

ótica de radicalismo que a guia em suas aventuras atuais,é só pensar no papel

da pedagogia da diferença. E,no segundo grupo,colocam-se os efeitos de

incerteza,e radicalismo que tudo isso produz;e o clima de dúvida que atravessa

um saber que ,ao contrário,para agir eficientemente tem necessidade de

alguma ou melhor de muita certeza.

Ainda que colocados nesse clima de fermentação,que vive já os desafios

dos anos 2000,a ação e o pensamento pedagógico não abandonaram

absolutamente nem a paixão pelo homem,pelo seu resgate e pela sua plena

realização,nem a consciência do rigor teórico que guiaram até aqui a sua

histórica.Assim,eles vem sendo retomados como os vetores mais radicais,mais

profundos,do próprio discurso,e portanto também como os reguladores do

próprio futuro,pelo menos daquele que podemos racionalmente entrever

através das névoas do presente.A pedagogia,presumivelmente,continuará a

ser uma ciência para o homem,cujo o rigor deverá operar em torno do exercício

de uma identidade crítica,desejosa e radical.

De fato,o propósito central da educação28 permanece aspiração utópica ao

desenvolvimento de personalidades humanas,por mais difícil que seja realiza-

28 Chenel, Émile. Textos-Chave da Pedagogia Moderna.Rio de Janeiro:Francisco Alves, 1997:p.78

49las,e,assim,a nossa tradição cultural,intelectual e pedagógica,em seu

aspecto mais genuíno e mais alto,continuará a viver e agir como o paradigma

de desenvolvimento da humanidade,ainda que adaptando-se a condições

novas.

C)Em busca da identidade cientifica da Pedagogia.Pedagogia e Didática

Paralelamente à formação de docente ,para qualquer grau de

ensino,impõe-se um curso de preparação do cientista da educação,para

planejar,gerir políticas de formação e pesquisa,e sua solução de continuidade.

Porque ,enquanto a Didática,teria um projeto latu-sensu,a Pedagogia,em

strictu-sensu teria menor amplitude porém maior profundidade e a aglutinação

de ambos cumpririam perfeitamente o exercício a que ambos se destinam.

Não pretende-se esgotar o tema,e nós mesmos ainda,tal a modesta

cultura e os poucos conhecimentos de que dispomos,face a assunto tão

importante,dificuldades que apresenta a sua vasta complexidade.

4. 4 Presente e futuro da Escola

Pedagogia e Didática não podem ser observadas por uma ótica

cristalizada.Com a dinâmica que lhes é peculiar,com a dinâmica da própria

vida,da história,das evoluções, 29

Impõe-se entre ambas uma convivência simbiótica ,com crescentes e

diversificadas posições,em uma contemporaneidade com o presente e mais

ainda com o futuro.

Tem e devem ser sempre seus conceitos submetidos a revisões

,reavaliações e revalorização e que se evidencia nos conceitos da palavra

Pedagogo nos séculos XVII e XX.

Há um grande debate hoje a respeito da teoria da educação,em vários

países do mundo.

29 Sciacca, Michele Frederico.O Problema Da Educação-Na História do Pensamento Filosófico e Pedagógico.1ª edição.São Paulo:Helder, 1996, 2º v:p.45.

50 Trabalhando com a noção de poder local,de pequenos grupos,a

educação chamada pós-moderna valoriza o movimento,o imediato,o afetivo,a

relação,a intensidade,o envolvimento,a solidariedade,a autogestão contra os

elementos da educação clássica(moderna),que valoriza o conteúdo ,a

eficiência ,a racionalidade,os métodos e as técnicas ,os instrumentos,enfim,os

objetivos e não a finalidade da educação.Nela encontramos também os temas

da alegria,do belo,da esperança.

Em síntese,poderíamos dizer que a educação moderna trabalha com a

igualdade.

Onde se busca eliminar as diferenças e a educação pós-moderna trabalha

com o conceito-chave equidade.O pressuposto básico da educação moderna é

a hegemonia,que é a universalização de uma visão de mundo.

O pressuposto básico da educação pós-moderna é a autonomia,que é a

capacidade de auto-governo de cada cidadão.

Assim,ela pretende enfrentar o desafio de manter o equilíbrio entre a cultura

local,regional,própria de um grupo social ou minoria étnica,e uma cultura

universal,que hoje é o patrimônio da humanidade.

Analisa criticamente os currículos mono-cultural atuais e docentes para que

mudem suas atitudes diante dos alunos mais pobres,diante das minorias

culturais ou das culturas em desvantagem social,e elaborem estratégias

instrucionais próprias para a educação das camadas

populares,procurando,antes de mais nada,compreende-las na totalidade de

sua cultura e de sua visão do mundo.

Para cumprir sua tarefa humanista,a instituição precisa mostrar aos alunos

que existem outras culturas além da sua,outras perspectivas da vida,outras

idéias.Por isso,tem que ser ponto de partida,mas tem que ser internacional e

inter-cultural,como chegada.30

30 Neto, Henrique Nielsen.Filosofia da Educação.10ª edição.São Paulo.Melhoramentos, 1990:p.56

51 A escola moderna,uniformizada,não foi capaz de construir o universal

partindo do particular.Tentou inverter o processo,impondo valores e conteúdos

universais sem partir da prática social e cultural do aluno,sem levar em conta a

sua identidade e diferença.

Um dos fatores do fracasso do nosso sistema educacional está no fato de

ele não ter levado em conta a diversidade cultural na construção de uma

educação para todos.

A autonomia passou a ser um tema fundamental da pedagogia pós-

moderna,mas isso não significa isolamento,fechamento,numa cultura

particular.Escola autônoma significa escola ousada,curiosa,buscando dialogar

com todas as culturas e concepções de mundo.31

Pluralismo não significa ecletismo,um conjunto amorfo de retalhos culturais,e

sim diálogo com todas as culturas,a partir de uma cultura que se abre às

demais,e entendimento das especificidades como modos de manifestação e

representação da mesma totalidade.

Mas,a escola sozinha não pode dar conta dessa tarefa .Por isso,ela numa

perspectiva inter-cultural da educação ,alia-se a outras instituições culturais,daí

a necessidade de ser autônoma,pois sem autonomia a escola não pode ser de

múltiplas culturas ,e,assim cumprir sua nova função social.Ela deve possibilitar

a seus alunos o contato com outros alunos,possibilitar encontros,viagens e

toda a sorte de projetos,que assim a constituam em um organismo vivo e

atuante no seio da própria sociedade.

E,na verdade,essas idéias não são novas,pois o novo brota do velho,se

uma educação pós-moderna for possível amanhã será porque hoje, no interior

do moderno,no seio de sua crise,os elementos de uma nova educação estão

surgindo.e,o desafio deixado aqui é que tentem sempre identificar o novo no

velho e caminhem sempre para a frente.

Construindo assim a educação do futuro,e,tratando-se de um desafio,são

conjecturas que nos fazem refletir.

31 Sguissard,Valdemar.Educação Superior:Velhos e Novos Desafios.SP:Xamã,2000:p.155

52 E,Pedagogia,Didática,Educação,estão entrelaçados ,pois possuem raízes

comuns,e se há uma disjunção,é porque cada uma das disciplinas dispõe de

técnicas,conhecimentos e linguagens específicas32.

Porque Pedagogia e Educação não vêem apenas o Homem,mas objetiva o

estudo teórico e prático desse indivíduo,visando inseri-lo no contexto da

sociedade com toda a sua complexidade e grandeza.

32 Pilleti,Claudino.Didática Geral.Série Educação .Editora Ática,2000:p.67

53

CONCLUSÃO

Esta pesquisa bibliográfica e o estudo das principais correntes

pedagógicas têm para mim uma enorme importância: como aluna do Curso de

Pós-graduação, a de obter uma capacitação pedagógica que nos possibilita

um desempenho docente mais crítico, bem como conhecer e assimilar tais

ensinamentos e igualmente bem aplicá-los como Educadora.

Dentro da História da Pedagogia, ao conceito que gostaria de registrar

e que vem a acrescentar, e até porque não dizer fundamentar, à corrente da

Pedagogia crítico social que é o “Método Paulo Freire”, onde a palavra chave:

conscientização, é um processo de transformação do modo de pensar: crítica,

criativa e comprometida.

O conceito de Paulo Freire: “O saber tem um papel:Emancipar”, porque as

classes dominantes interessa apenas uma grande massa de manobra,

eleitores que saibam rabiscar o seu próprio nome e conheçam os algarismos a

teclar.É o resquício do voto de cabresto e do coronelismo do interior, que

subsistem e crescentes nos setores e seções mais humildes e modestos e

chegou e permanece até os dias atuais, embora dissimulado e discreto dos

grandes centros dirigentes.

E todos nós, ligados de alguma forma ao Ensino devemos procurar

conhecê-lo e conferir-lhe sua enorme dimensão.

Mais ainda, tenhamos presente que o trinômio:”Pedagogia-Didática-

Educação”, são um “complexus” indisjuntável e são os formadores da Cultura e

dos Conhecimentos.

De tudo aprendido, estamos convictos de que os pontos vitais para o

processo de transformação da educação em um dos espaços mais importantes

da sociedade para a reflexão crítica e questionadora é investigar em processos

democráticos de gestão de ensino que sejam também eficazes em duas

frentes: nos órgãos centrais e intermediários do sistema de ensino, na gestão

54interna das escolas em que se destacam o papel da direção e da

coordenação pedagógica.

Ao reportarmo-nos às nossas indagações iniciais sobre que tipo de

legado as diferentes correntes pedagógicas deixaram no cotidiano do processo

de ensino-aprendizagem, entendemos, agora, que a relação entre educadores

e educandos deve ser mediada por formas de discurso, de práticas e de

conteúdos enraizados na bagagem cultural dos estudantes e problematizados

através do diálogo crítico.

É importante que os educadores forneçam ferramentas para que os

estudantes alcancem habilidades e senso crítico que lhes permitam reconhecer

o que esta sociedade tem feito deles e como gerar as condições para reflexão

crítica para a ação, ao invés de passividade.É esta a tarefa que deve-se tornar

a base e o objetivo de um educador crítico.

55

BIBLIOGRAFIA

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda.História da Educação.1ª edição.São Paulo:Moderna, 1989. AZEVEDO, Fernando.A cultura brasileira:Introdução ao Estudo da Cultura Brasileira.3ª edição.São Paulo:Melhoramentos, 1958. V.3 BREGUNCIO, Maria das Graças de Castro. Construtivismo:Grandes e Pequenas Dúvidas.Belo Horizonte.Intermédio Cadernos Ceale. V.1. Ano I, fevereiro 1996. CHENEL, Émile. Textos-Chave da Pedagogia Moderna.Rio de Janeiro:Francisco Alves, 1997 DELORS,Jacques et al.Educação de Um Tesouro a Descobrir.Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre a Educação para o Século XXI.5ª edição.São Paulo:Cortez:Brasília, DF:MEC:UNESCO, 2001 DEWEY, John. Reconstrução em Filosofia.2ª edição.Trad. Antônio Pinto Carvalho.São Paulo:Nacional, 1959 DI GIORGI,Cristiano.Escola Nova.1ª edição.São Paulo:Ártica, 1986

FREINET, Celestin. A Pedagogia do Bom Senso.São Paulo:Martins Fontes,

1973.

FREIRE,Paulo.Pedagogia do Oprimido.2ª edição.Rio de Janeiro:Paz e Terra, 1975. GADOTTI, Moacir.Pensamento Pedagógico Brasileiro.2ª edição.São Paulo:Ática, 1988.

56GILBERT, Roger.As Idéias Atuais em Pedagogia.Lisboa:Moraes Editores, 1974. GIROUX, Henry.Pedagogia Radical:Subsídios.São Paulo:Cortez:Autores associados, 1983. LIBÂNEO, José Carlos.Didática.São Paulo:Cortez, 1994. MONROE, Paul.História da Educação.16ª edição.São Paulo:Nacional, 1984. NETO, Henrique Nielsen.Filosofia da Educação.10ª edição.São Paulo.Melhoramentos, 1990. PIAGET, Jean.Para Onde Vai A Educação?10ª edição.Rio de Janeiro:José Olimpio, 1988. RAMOS, Cosete.Excelência Na Educação-A Escola De Qualidade Total.Rio de Janeiro:Qualitymark Editora.10ª impressão, 1999. SAMPAIO, Rosa Maria W.Freinet.Evolução Histórica e Atualidades.São Paulo:Scipione, 1988. SCIACCA, Michele Frederico.O Problema Da Educação-Na História do Pensamento Filosófico e Pedagógico.1ª edição.São Paulo:Helder, 1996, 2º v. SGUISSARD,Valdemar(organizador).Educação Superior:Velhos e Novos Desafios.São Paulo:Xamã,2000. SNYDERS, Georges.Pedagogia Progressista.São Paulo:Ática,1973 www.wikipedia.org/wiki/ Ícone pedagogia, Rio de Janeiro, acesso em 20/07/2009.

57

ÍNDICE

INTRODUÇÃO: 08

CAPÍTULO I

As principais correntes Pedagógicas 10

1.1 Pedagogia Liberal 10

1.2 Pedagogia Escolanovista 12

1.3 Pedagogia Progressista 16

1.1.1 Pensamento Pedagógico Grego 21

1.1.2 Pensamento Pedagógico Medieval 22

1.1.3 Pensamento Pedagógico Renascentista 22

1.1.4 Pensamento Pedagógico Moderno 24

CAPÍTULO II

Quadro atual da educação brasileira 25

2.1 Qualidade na educação 25

2.2 Fundamentação Teórica 28

CAPÍTULO III

As propostas pedagógicas para o século XX 34

3.1 Os quatro pilares da educação 37

3.2 Os sete saberes necessários a educação do futuro 37

3.2.1 As cegueiras do conhecimento:o erro e a ilusão 38

3.2.2 Os princípios do conhecimento pertinente 38

3.2.3 Ensinar a condição humana 39

3.2.4 Ensinar a identidade terrena 39

3.2.5 Enfrentar as incertezas 40

3.2.6 Ensinar a compreensão 40

583.2.7 A ética do gênero humano 41

CAPÍTULO IV

A contribuição de uma Pedagogia crítico-social 42

4.1 O destino da Pedagogia 42

4.2 Os significados da Educação 43

4.3 Pedagogia e Didática: Busca de identidade 46

4.4 Presente e futuro da escola 49

CONCLUSÃO 53

BIBLIOGRAFIA 55

ÍNDICE 57