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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O COGUMELO SHIITAKE Por: Alex Eric Weil Orientador Prof. Jorge Tadeu V. Lourenço Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O COGUMELO SHIITAKE

Por: Alex Eric Weil

Orientador

Prof. Jorge Tadeu V. Lourenço

Rio de Janeiro

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O COGUMELO SHIITAKE

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do

Mestre – Universidade Candido Mendes como

requisito parcial para conclusão do curso de Pós-

Graduação “Latu Sensu” em Engenharia de

Produção.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais Hermann e

Ester (in memoriam) que me deram amor,

educação, condições que me tornaram o

homem de caráter e profissional que sou.

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DEDICATÓRIA

Dedico à minha esposa Glau e filhos

André e Daniel, pelo incentivo de

continuar me aprimorando didática e

profissionalmente.

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RESUMO

Os cogumelos comestíveis, apreciados em muitas dietas européias e

orientais, vêm crescendo em importância nos últimos anos, quanto à

possibilidade de reciclar economicamente certos resíduos agrícolas e

agroindustriais. O aproveitamento destes resíduos na produção de cogumelos

comestíveis e medicinais, considerando o elevado conteúdo protéico e

potencial metabólico dos cogumelos, tem estimulado seu cultivo como

alternativa para incrementar a oferta de proteínas, para países em

desenvolvimento e com alto índice de desnutrição. O presente trabalho

monográfico tem como objetivo apresentar os cogumelos e sua morfologia; as

espécies com características diversas como comestíveis, alucinógenos,

venenosos e medicinais; a história de cultivo dos cogumelos ao longo do

tempo; e também os diferentes tipos de fungos que são utilizados como

produtores de diferentes substâncias de interesse econômico. Os métodos de

cultivo do Cogumelo Shiitake, foram enumerados e esmiuçados, mostrando as

dificuldades e soluções para se conseguir um cultivo de alta produtividade.

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METODOLOGIA

A metodologia empregada na elaboração deste trabalho monográfico

foi pesquisa bibliográfica em livros e revistas específicas, sites na internet, e

anotações de campo realizadas pelo autor no período de 2003 a 2007, em seu

cultivo no Sitio Bico de Lacre, na serra de Petrópolis. A experiência acumulada

pelo autor foi usada para preencher as lacunas de lógica que dificultam o

entendimento dos métodos descritos nos livros.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I O que são Cogumelos? 10

CAPÍTULO II Cogumelos: História do Cultivo 19

CAPÍTULO III Cogumelos – Sustentabilidade e Recuperação do

Meio Ambiente 25

CAPÍTULO IV Métodos de Cultivo 29

CAPÍTULO V Laboratório de Cultivo 42

CONCLUSÃO 49

BIBLIOGRAFIA 50

ÍNDICE 53

FOLHA DE AVALIAÇÃO 55

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INTRODUÇÃO

O que é o Cogumelo Shiitake? O Cogumelo Shiitake nada mais é do

que o fruto de um fungo. Os fungos são organismos que não são mais

considerados plantas. Como também não são animais, constituem na verdade,

um grupo de seres à parte, com características intermediárias entre uns e

outros. São alimentos de alto valor nutritivo, com baixo teor de carboidratos e

de gorduras e significativas quantidades de proteínas (sem colesterol) e

vitaminas.

Como aumentar a produtividade da cultura de Shiitake e por quê?

Aumentar a produtividade do Shiitake possibilita a uma redução do custo e a

um aumento de oferta de produto para venda. Devido à “lei da oferta e

procura” o preço fica mais em conta e com isso teremos a possibilidade das

pessoas tornarem o consumo do Shiitake um hábito. Para aumentar a

produtividade do cultivo de Shiitake devemos nos preocupar em preparar um

ambiente adequado para melhorar a assepsia na produção do substrato.

O presente trabalho monográfico explica o que são cogumelos, como

se alimentam e como se reproduzem. Descreve o universo dos fungos, a sua

natureza, suas qualidades ou riscos. Mostra que os fungos têm sido bastante

usados como produtores de diferentes substâncias de interesse econômico,

tais como enzimas, antibióticos, vitaminas, aminoácidos e esteróides. Mostra a

história do cultivo de cogumelos desde 450 AC, utilizados como alimento,

medicamento, veneno ou em rituais religiosos em todas as culturas e regiões

do mundo. Mostra que o cogumelo comestível vem crescendo em importância

nos últimos anos, tanto pela oferta de elevado conteúdo protéico e potencial

metabólico, quanto à possibilidade de reciclar economicamente certos resíduos

agrícolas e agroindustriais. Anualmente são produzidas cerca de 600 milhões

de toneladas de resíduos agrícolas, sendo que deste total somente 10% são

reaproveitados. Mostra os métodos de cultivo do Cogumelo Shiitake, desde o

ciclo natural na floresta, o cultivo de Shiitake em toras, o cultivo em toras

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modificado e o cultivo em substrato. Mostra que para se conseguir um cultivo

em substrato com a eficiência e produtividade, precisa de um ambiente

adequado com equipamentos capazes de melhorar a assepsia na produção da

semente e do substrato.

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CAPÍTULO I

O QUE SÃO COGUMELOS?

O cogumelo nada mais é que o fruto de alguns fungos. Os fungos são

organismos que não são mais considerados plantas. Como também não são

animais, constituem na verdade, um grupo de seres à parte, com algumas

características intermediárias entre uns e outros (CHACARA DOS

COGUMELOS, 2007). No que diz respeito ao metabolismo, eles se

assemelham aos animais, e, em relação à reprodução, aos vegetais

(PARADIZO, S. 2003). Não conseguem absorver o carbono da atmosfera, nem

realizar fotossíntese como as plantas verdes, pois não apresentam clorofila

(EIRAS; BUENO, 2005)

O ciclo de vida do cogumelo em sua maior parte é constituído pelo

micélio vegetativo. Nessa fase micelial, ele tem aspecto de teia, quando fica

digerindo, absorvendo e armazenando nutrientes, preparando-se para a fase

seguinte, chamada de reprodutiva, quando frutifica, formando o cogumelo, que

é fruto do fungo e que é

comercializada. Este corpo de

frutificação, ainda em estado

imaturo, quando atinge o seu

maior tamanho, é formado por

um pé, haste ou estipe e o

píleo ou chapéu, como é

conhecido. A estipe apresenta

forma cilíndrica e é o órgão que

suporta o chapéu e transporta

nutrientes e água, com uma

função semelhante ao caule de uma planta. Quando o cogumelo é novo, suas

bordas são dobradas para dentro e escondem o véu interno. No momento em

que o cogumelo fica mais velho, este véu se rompe e podemos observar as

Cogumelo Shiitake (foto do autor)

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lamelas onde ficam inúmeros esporos (basídiosporos) responsáveis pela

reprodução sexuada do fungo. Quando esses esporos estão maduros, soltam-

se em grande quantidade e se espalham pelo ar. Ao encontrar um ambiente

propício, germinam dando origem a um novo fungo (EIRAS; BUENO, 2005)

Os fungos reproduzem-se sexuadamente por intermédio de esporos ou

assexuadamente (reprodução vegetativa), pela multiplicação de qualquer

fragmento do corpo de frutificação ou do micélio (EIRAS; BUENO, 2005).

1.1 Reprodução Sexuada

A reprodução sexuada inicia-se pela germinação do esporo originado

dos basídios localizados nas lamelas sob o chapéu, produzindo filamentos

denominados hifas, que podem ser simples ou ramificadas. Sua principal

função é decompor a celulose, hemicelulose e extrair nutrientes para suas

próprias necessidades de crescimento e reprodução. As hifas multiplicam-se

no solo ou sobre outro substrato, ou ainda no laboratório, em meio de cultura,

formando o micélio primário (mononuclear). Pela união de duas hifas de

sexualidades diferentes, mas compatíveis entre si, forma-se o micélio

secundário (binuclear), que é mais grosso e vigoroso, onde ocorre o

pareamento dos nucleos de hifas diferentes e, sob condições ambientais

favoráveis (umidade e temperatura), forma-se o micélio terciário que dará

origem ao primórdio, que se desenvolverá em corpo de frutificação (cogumelo)

(EIRAS; BUENO, 2005).

1.2 Reprodução Assexuada ou Vegetativa

A reprodução vegetativa consiste em transferir um fragmento da parte

interna de um cogumelo saudável para um meio nutritivo de cultura. Isto deve

ser feito usando–se meios de cultura previamente esterilizados em ambientes

assépticos. Após 15 dias, mantidos à temperatura de 25 ºC, o meio de cultura

deverá estar coberto por um micélio vigoroso formando-se estruturas

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rizomórficas (cordões de hifas macroscopicamente visíveis) do fungo inoculado

(EIRAS; BUENO, 2005).

Para se produzir sementes de cogumelo (‘spawn’) basta se dividir o

miscélio e colocá-lo em contato com outros meios nutritivos, fazendo o se

multiplcar. Os ‘spawn’ de Shiitake são plugs de madeira ou grãos de trigo,

colonizados desta maneira pelo micélio de Shiitake.

1.3 Meio de cultura BDA (Batata-Dextrose- Agar)

Na preparação do meio de cultura à base de BDA, são necessárias

cerca de 400 g de batatas descascadas e picadas, 10 g de dextrose e 13 g de

Agar para 1,0 litro de água destilada. O processo é iniciado pelo cozimento da

batata em 500 ml de água, por 10 a 15 minutos, passando-a por um filtro de

algodão ou gaze, sendo que esse extrato deverá ter seu volume completado

com água destilada para um litro.

Em um frasco, colocar o Agar, a dextrose e o extrato de batata, tampar

com algodão e cobrir com papel. Em seguida esterilizar em autoclave por 30

min. (FERREIRA, 1992; BONONI et al., 1995).

1.4 Universo dos Fungos

Os fungos para se alimentarem, dependem de matéria orgânica já

pronta na natureza, que é absorvida pelas hifas (CHACARA DOS

COGUMELOS, 2007).

Em função do tipo de vida do fungo, este pode ser genericamente

designado como parasita, sapróbio ou simbionte (CHACARA DOS

COGUMELOS, 2007).

O fungo é dito parasita quando suas hifas colonizam matéria orgânica

viva, isto é, um hospedeiro, que pode ser o homem, animais e outras plantas

(CHACARA DOS COGUMELOS, 2007).

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O fungo é dito sapróbio quando coloniza matéria orgânica em

decomposição. Os cogumelos comestíveis enquadram-se nessa categoria

(CHACARA DOS COGUMELOS, 2007).

São ditos simbiontes quando se associam a outro ser vivo, havendo

entre ambos, fungo e hospedeiro, uma relação harmônica em troca de favores:

cada um dos indivíduos da associação oferece ao outro proteção, alimento ou

ambos (CHACARA DOS COGUMELOS, 2007).

No universo exótico dos fungos, encontramos as formas mais simples

e mais fantásticas, com uma variabilidade imensa em dimensão e coloração.

Encontramos desde fungos microscópicos, até fungos com cerca de um metro

de diâmetro. As formas variam desde uma simples célula ou um filamento, até

os conhecidos "chapéus-de-sapo" e “orelhas-de-pau”. Menos conhecidos são

os fungos na forma de estrela, de minúsculo ninho de ave, de coral bastante

ramificado, de clava, de taça e inúmeras outras. A coloração vai do branco ao

negro, passando por todos os matizes do amarelo, laranja e marrom, existindo

ainda fungos azulados, rosados e até luminescentes. Nesse mundo estranho e

diversificado, onde se admite a existência de pelo menos 200.000 espécies

diferentes, encontramos os fungos que, de alguma forma, favorecem ou

prejudicam o homem e os demais seres (CHACARA DOS COGUMELOS,

2007).

O homem conhece os fungos há séculos. Os Europeus, até os dias

atuais, saem às matas para a coleta de cogumelos silvestres, para a

preparação de pratos. Os Mexicanos, principalmente os indígenas, coletam,

fungos silvestres, que são vendidos em feiras, sendo o comprador ainda

esclarecido sobre as qualidades gastronômicas ou terapêuticas dos cogumelos

adquiridos (CHACARA DOS COGUMELOS, 2007).

Os índios brasileiros, ao contrário, embora conhecessem os

cogumelos, não sentiam por eles especial atração. Alguns fungos eram

eventualmente utilizados na preparação de pratos ou como remédios, sendo

que nossos indígenas também mostravam algum senso de discernimento

taxonômico, designando fungos diferentes por nomes diferentes. O termo

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urupê, em tupi-guarani, designa cogumelo, sendo que os vocábulos urupê-

tinga, urupê-piranga etc., referem-se a fungos distintos (CHACARA DOS

COGUMELOS, 2007).

Outras classes de cogumelos são os venenosos e os alucinógenos.

Alguns provocam apenas transtornos gastrintestinais, como náuseas, vômitos

e diarréias, como exemplo, podemos citar o Russula emetica, Lactarius

torminosus, Scleroderma areolatum que, felizmente, até o momento, não foram

encontrados no Brasil (CHACARA DOS COGUMELOS, 2007).

Amanita muscaria, que provoca os mesmos transtornos, o famoso

cogumelo dos desenhos infantis, com chapéu vermelho e escamas brancas,

não havia também sido encontrado no Brasil, até que, em 1984, passou a ser

coletado no Estado do Paraná. Provavelmente introduzido no país juntamente

com as sementes de Pinus (CHACARA DOS COGUMELOS, 2007).

De qualquer forma, os incômodos acarretados por esses fungos

geralmente desaparecem, sem maiores seqüelas, mais ou menos 24 horas

após a ingestão (CHACARA DOS COGUMELOS, 2007).

Perigosas são as espécies de fungos que, uma vez ingeridas, podem

levar a pessoa à morte, com lesões irreversíveis ao fígado e aos rins.

Provocam quadro de intoxicação aguda mais ou menos 12 horas após a

ingestão, com óbito após 3 ou 4 dias de fortes dores, delírio e colapso. Entre

tais fungos, menciona-se Amanita verna, Amanita phalloides, Amanita virosa e

Amanita bisporigena, nenhum deles ainda verificado no Brasil (CHACARA

DOS COGUMELOS, 2007).

Os fungos alucinógenos constituem a minoria, sendo representantes

do gênero Psilocybe os mais conhecidos. Tais cogumelos, quando ingeridos,

provocam visões distorcidas, de vivo colorido, semelhantes às imagens

evocadas pelo LSD. A duração das visões depende da quantidade de

cogumelo ingerida. Os índios Mexicanos consideraram-os como sagrados e

constituem o elemento de ligação entre os homens e os deuses. São relatados

fatos históricos que, já em 1502, em festividade na tribo do rei indígena

Montezuma II, houve abuso na ingestão desses fungos, o que acarretou, ao

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final da festa, sensível número de mortes, por intoxição (CHACARA DOS

COGUMELOS, 2007).

Alguns fungos produzem antibiótico, o mais conhecido é o Penicillium

chrysogenum, produtor de penicilina. Outra classe de cogumelos são os que

produzem fermentação, graças aos quais se tem pão, vinho e cerveja. São

ainda fungos úteis os decompositores, que se instalam sobre matéria orgânica

morta, assimilando-a e de certa forma, transformando-a também em

substâncias mais simples, que serão absorvidas pelos vegetais. Aquele

cheirinho que sentimos, quando a terra é molhada ou arada, é devido a

presença de fungos no solo (PARADIZO, 2003).

Os fungos têm sido bastante usados como produtores de diferentes

substâncias de interesse econômico, tais como: enzimas, antibióticos,

vitaminas, aminoácidos e esteróides (BRAGA; DESTÉFANO; MESSIAS, 1999).

As enzimas são usadas, em grande escala, na indústria de tecidos (celulases),

detergentes (proteases e lipases), de alimentos (amilases, pectinases,

proteases e celulases) e de couro (proteases e lipases) (NIELSEN;

OXENBOLL, 1998).

Dentre as enzimas de importância industrial, produzidas por fungos, e

de interesse na área de alimentos, estão abordadas aqui as celulases,

fenoloxidases, pectinases, amilases e proteases.

As celulases são as enzimas mais utilizadas na indústria têxtil e de

papel e celulose (BON; PEREIRA, 1999). Atuam na hidrólise de substratos

celulósicos e compreendem um complexo de enzimas celulolíticas compostas

por endoglucanase ou endo-1,4-β-glucanase, exoglucanase ou exo-1,4-β-

glucanase, celobiase ou β-glucosidase e exoglucosidase ou exo-1,4-β-

glucosidase (DA-SILVA, 1997).

Dentre as fenoloxidases estão as maiores famílias de enzimas fúngicas

ligninolíticas como lacases, lignina peroxidase-LiP e manganês peroxidase-

MnP (D'SOUZA; MERRIT; REDDY, 1999). Os mais efetivos biodegradadores

de lignina na natureza são os fungos da podridão branca, pertencentes aos

basidiomicetos. A classe Basidiomycetes propriamente dita inclui os fungos em

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sua maioria saprófitos, que possuem basídios, corpos frutíferos que vão de

alguns centímetros até quase um metro, todos visíveis a olho nu. A sistemática

é feita pela morfologia do píleo, lamelas e poros (SILVEIRA, 1995). A maioria

produz lacase, fenoloxidase extracelular com importante papel na degradação

da lignina. Estas enzimas são utilizadas principalmente na indústria de

biopolpação da madeira, aproveitamento de resíduos lignocelulósicos para

ração animal, degradação de xenobióticos e biorremediação (VALMASEDA;

ALMENDROS; MARTÍNEZ, 1990; BANERJEE; VOHRA, 1991; MATHEUS;

OKINO, 1998; D'SOUZA; MERRIT; REDDY, 1999).

Na indústria de alimentos, as pectinases são usadas na clarificação de

sucos de frutas, reduzindo a viscosidade e eliminando a turbidez (BON;

PEREIRA, 1999). As pectinases catalisam a degradação de substâncias

pécticas e apesar da pectina conter outros açúcares em sua constituição,

normalmente o termo pectinase se refere às enzimas que degradam moléculas

constituídas por unidades de ácidos galacturônicos (DA-SILVA; FRANCO,

1997).

As amilases formam o principal grupo de enzimas utilizado na indústria

de alimentos, principalmente em panificação e biscoitaria (BON; PEREIRA,

1999).

As proteases ou enzimas proteolíticas são usadas em processos

industriais de tratamento de couro e peles, na formulação de detergentes, na

indústria de alimentos, assim como na panificação, juntamente com as

amilases, sendo responsáveis pela hidrólise do glúten e no processamento de

carnes, conservas e peixes (BON; PEREIRA, 1999). Incluem as proteinases,

as quais catalisam a hidrólise da molécula de proteína em fragmentos grandes,

e as peptidases, que hidrolisam estes fragmentos de polipeptídeos até

chegarem a aminoácidos (FRAZIER; WESTHOFF, 1988).

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1.5) Cogumelos Comestíveis

São conhecidas cerca de 600 espécies de cogumelos comestíveis.

Dessas, apenas algumas, aproximadamente 20, são utilizadas comercialmente

em todo o mundo (CHACARAS DOS COGUMELOS, 2007).

Os cogumelos são alimentos de alto valor nutritivo, com baixo teor de

carboidratos e de gorduras e significativas quantidades de proteínas e

vitaminas. A composição química varia de acordo com a espécie de cogumelo

e a linhagem avaliada. Depende também, do substrato e das condições

climáticas do cultivo do fungo (CHACARAS DOS COGUMELOS, 2007).

TABELA 1 – COMPARAÇÃO DO VALOR NUTRITIVO DO COGUMELO COM OUTROS ALIMENTOS (extraído de SILVA,1962)

Descrição (100g) Calorias Proteínas

(g) Lipídios (g) Glicidios (g) Fósforo (mg) Cálcio (g) Ferro (mg)

Cogumelos 43 4,0 0,3 6,0 130 25 1,0

Carne Magra 170 20,0 10,0 - 200 10 3,0

Peixe Magro 77 17,0 1,0 - 250 60 1,0

Leite de Vaca 70 3,5 4,0 5,0 90 120 0,1

Queijo 400 28,0 30,0 4,0 500 700 0,5

Alface 30 1,3 0,2 2,9 34 43 1,3

Batata 75 1,8 0,1 17,9 40 6 0,8

O cogumelo é ainda rico em vitaminas incluindo tiamina, riboflavina,

niacina, biotina, ácido ascórbico e outras relacionadas ao Complexo B. Contém

ainda minerais, fosfato, sódio e potássio (CHACARAS DOS COGUMELOS,

2007).

Os cogumelos são excelentes para dietas porque não engordam.

Investigações mostram que 200 g de cogumelos secos são suficientes para o

balanço nutricional de um ser humano normal de 70 kg (CHACARAS DOS

COGUMELOS, 2007).

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1.5.1) Cogumelo Shiitake (Lentinula edodes)

O Shiitake desidratado contém em média: 25,9% de proteína, 0,45-

0,72% de lipídios, 67% de carboidratos, sais minerais, vitaminas B2 e C, ainda

ergosterol. Deste fungo estão sendo intensamente estudados a lentiniana e o

LEM (extrato do micélio de L. edodes) (HOBBS, 1995).

A lentiniana é um polissacarídeo de alta massa molecular, solúvel em

água, resistente à temperatura elevada e a ácidos, e sensível a álcalis. Tem se

encontrado muitas possibilidades de aplicações farmacológicas para ela

(HOBBS, 1995).

A fração LEM contém como maior constituinte um heteroglicano

conjugado com proteína, vários derivados de ácidos nucléicos, componentes

vitamínicos e eritadenina. Muitos pesquisadores têm trabalhado no sentido de

esclarecer as potencialidades medicinais das frações do Shiitake. (HOBBS,

1995 - JONE; BIRMINGHAM, 1993 - ISHIKAWA et al, 1997 – JONES, 1995).

A medicina popular indica que, em humanos, o Shiitake é um alimento

com funções de fortificar e restaurar os organismos. Atualmente é

recomendado para todas as doenças que envolvam diminuição das funções

imunológicas.

TABELA 2 - Quantidade de aminoácidos (µmoles/mg) encontrados em 6,88 mg de Shiitake desidratada e desengordurada analisada (extraída de <www.geocities.com/~esabio/cogumelo/lentinusedodis.htm>)

Triptofano

Lisina

Histidina

Arginina

Ácido

aspártico

Treonina

Serina

Ácido

glutâm

ico

Prolina

Glicina

Alanina

Cistina

Valina

Metionina

Isoleucina

Leucina

Tirosina

Fenilalanina

0,0132

0,0448

0,0167

0,0380

0,0906

0,0571

0,0568

0,1921

0,0443

0,0855

0,0804

0,0141

0,0549

0,0157

0,0395

0,0698

0,0175

0,0303

Tipo de hidrólise: com LiOH 4N para o Triptofano por 24 horas à 110oC ± 1oC e com HCl 6N para os demais à mesma temperatura, por 22 h.

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CAPÍTULO II

COGUMELOS: HISTÓRIA DO CULTIVO

A utilização de cogumelos como alimento, medicamento, veneno ou

em rituais religiosos tem registro em todas as culturas e regiões do mundo,

porém, foi na Ásia que eles começaram a ser cultivados sistematicamente para

fins alimentícios e medicinais (HERRERA,2001).

As primeiras referências escritas sobre cogumelos estão num

epigrama de Eurípides, datado de 450 AC, no qual é relatada a morte de uma

mãe e seus três filhos, envenenados por cogumelos (HERRERA,2001).

O cogumelo Ganoderma lucidum, conhecido por Ling Zhi na China e

Reishi no Japão, tem uma longa história na medicina chinesa. Por conta dessa

tradição milenar, a China se tornou o principal responsável pelo

desenvolvimento de técnicas de fungicultura, dando origem ao cultivo artificial

de mais de dez espécies, que hoje são amplamente difundidas no mundo todo

(HERRERA,2001).

Em hieróglifos escritos há 4600 anos, foram encontrados registros de

que os egípcios utilizavam os cogumelos em suas práticas religiosas e

acreditavam que eles asseguravam a imortalidade. Constam desses

documentos, que os faraós os proclamaram “comida real” e ao cidadão comum

era proibido até mesmo tocá-los. Em outros documentos também foram

encontrados vestígios do seu uso por outras civilizações. Há relatos, por

exemplo, de que os gregos atribuíam-lhes poderes mágicos e que os romanos

os viam como "o alimento dos deuses" (HERRERA,2001).

O uso ‘xamânico’ do Amanita muscaria ocorreu em muitas culturas, e

desde os tempos remotos vem sendo propagado que ele é o “Soma”, uma

misteriosa força de vida, cultuada pela antiga religião Hindu (HERRERA,2001).

Na América Central, México e Guatemala as civilizações pré-

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colombianas faziam uso de cogumelos nos seus rituais e, até hoje, no interior

desses países, os mercados sempre estão repletos de diversos tipos de

cogumelos comestíveis (HERRERA,2001).

Persiste, também, o conhecimento tradicional dos cogumelos

alucinógenos que apesar de banidos, alguns exemplares desses cogumelos

chegaram ao século XX, já que até hoje os “xamãs” consomem o Peioty

(Psilocybe mexicam) para fazer previsões (HERRERA,2001).

No Império Romano, eram as mulheres quem sabiam distinguir os

cogumelos comestíveis dos venenosos. Atribui-se também a elas o primeiro

antídoto para os cogumelos venenosos. Consta que, no século XVIII, quando

os arqueólogos começaram a trabalhar em Pompéia, a cidade romana

destruída em 24 de agosto de 79 DC, por uma inesperada e fortíssima erupção

do Vesúvio, encontraram nos afrescos uma receita detalhada de como

preparar um antídoto contra o envenenamento por cogumelos

(HERRERA,2001).

Os romanos consideravam o cogumelo silvestre Fomes officinalis um

medicamento universal. Contudo, a maior parte dos escritos romanos sobre

fungos, refere-se ao uso dos cogumelos como alimentos, os quais eram

considerados uma especiaria na Roma antiga. Em seus escritos

gastronômicos, os romanos incluíram o “boleti” (Amanita caesarea), “Suilli”

(Boletus edulis), trufas, bem como o vulgar Agaricus campestris

(HERRERA,2001).

Outras espécies cultivadas foram as Polyporus tuberoster (pedra

Fungaie) e Polyporus corylinus, encontradas nas lenhas de alveleiras e

eucaliptos. Naquele tempo, foi descoberta na Itália, a pedra fungaie, onde era

produzido o cogumelo. Segundo a obra O Moderno Cultivo de Cogumelos, de

Oscar Molena, essa pedra era composta de um aglomerado de humo, folha,

galho e rocha calcárea. Essa massa compacta era transportada para a

residência dos patrícios, colocada em ambiente úmido e irrigada diariamente

até a época da colheita (PARADIZO, 2003).

Estima-se que o primeiro cultivo intencional de cogumelos tenha

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ocorrido na China por volta do século VI, ou seja, há 1400 anos. A primeira

espécie cultivada foi Auriculária auricula, aproximadamente no ano de 600 DC,

e em seguida foi a espécie Flamulina velutipes, no ano 800 DC e a terceira

espécie foi o Lentinula edodes, o Shiitake, no ano de 900 DC

(HERRERA,2001).

A primeira técnica que os chineses empregaram para produzir

cogumelos consistia em encontrar os troncos de árvore caídos na floresta e

colocá-los próximos aos troncos frutificados, que, por sua vez, eram expostos

ao vento, para capturar os esporos. Eventualmente, pedaços de cogumelo

eram colocados dentro ou sobre os troncos (HERRERA,2001).

Na China, a história do cultivo do Shiitake (Lentinula edodes), teve

inicio com a história de Wu San Kwung, um lenhador e apanhador de

cogumelos. Enquanto trabalhava a madeira, ele descobriu um cogumelo sobre

as árvores caídas e observou que quando cortava esses troncos, os

cogumelos cresciam maiores e mais vigorosos, e quanto mais ele cortava,

mais cogumelos frutificavam. Observou também que, ocasionalmente, depois

do corte, não havia mais cogumelos naquele tronco, durante anos. Quando

isso acontecia, ele batia nos troncos com raiva. Alguns dias depois, os

cogumelos cresciam novamente. Esta pode ser a origem da prática de corte e

batida de troncos para a produção de Shiitake. A contribuição de Wu San

Kwung foi perpetuada com a construção de um templo na província de

Zhejiang e é celebrada nos festivais anuais em muitos vilarejos da China

(HERRERA,2001).

No Ocidente, em Bonnefons na França, iniciou-se a produção de

cogumelos em substrato feito com esterco de cavalos e resíduos úmidos.

Naquela época, acreditava-se que a “semente” dos cogumelos estava presente

no esterco dos cavalos, embora fosse reconhecido que uma pilha de composto

pudesse ser inoculada com partes de outras pilhas (HERRERA,2001).

A produção comercial de cogumelos foi formalizada aproximadamente

em 1700 DC. Nesse período, as cavernas dos arredores de Paris foram

alargadas, devido à extração de pedras para construção dos edifícios

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parisienses. O ambiente úmido e escuro dessas cavernas constituiu o

ambiente ideal para o crescimento dos cogumelos sendo que até hoje são

utilizadas para este fim. A combinação entre a produtividade e o

desenvolvimento da França nas artes culinárias impulsionou o cultivo comercial

pelos próximos dois séculos (HERRERA,2001).

Em 1883, J. Cosntantino iniciou a produção de micélio puro a partir da

multiplicação do tecido em condições totalmente assépticas. Assim, o micélio

passou a ser produzido em ambiente esterilizado. Somente 12 anos depois,

essa técnica começou a ser difundida pelo Instituto Pasteur, de Paris. Por meio

dela, os franceses se tornaram os maiores produtores mundiais até 1940,

quando perderam a hegemonia para os Estados Unidos (PARADIZO, 2003).

Nos Estados Unidos, o cultivo comercial de cogumelos teve seu início

em Nova Iorque, em meados do século XIX, com esporos importados da

Inglaterra, porém, antes disso, a comercialização de cogumelos já prosperava

no país. Por volta de 1900, dois eventos distintos contribuíram para tornar a

produção mais viável e promover o crescimento rápido dessa cultura. O

primeiro foi a produção de esporos por uma empresa de Minnesota e o

segundo, a introdução do cultivo de cogumelos em estufas pelos produtores

florestais da Pensilvânia, o que aumentou significativamente a produtividade e

os lucros (HERRERA,2001).

2.1 Cogumelos no Brasil

No Brasil, uma pesquisa feita sobre os nomes dados aos fungos entre

os povos indígenas mostrou que essas denominações eram carregadas de

aspectos negativos. Fungo, nas línguas indígenas, é sinônimo de coisa ruim,

imprestável. Só os yanomâmis têm uma lista grande de nomes para fungos

sem essas conotações, indicando inclusive o uso que fazem de cogumelos,

sobretudo na culinária. De fato, os yanomâmis consomem cogumelos de

diferentes tipos, mas não há registro do seu uso como alucinógenos

(HERRERA,2001).

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Há relatos de que, inicialmente no país, o consumo de cogumelos

nativos se restringia a algumas tribos indígenas, em especial os Samma-

Yanomami e os Awaris, que utilizavam 22 espécies nativas de cogumelos

(HERRERA,2001).

Segundo a literatura nacional, os primeiros cultivos foram introduzidos

pelos chineses nos ano 50, na região de Mogi das Cruzes (SP) e pelo italiano

Oscar Molena, em Atibaia (SP). "O Molena foi o pioneiro no país, iniciando com

o cultivo do Champignon de Paris", lembra o zootecnista Carlos Abe, produtor

e exportador de Shiitake e Agaricus Blazei, da Fazenda Guirra, em São José

dos Campos, em São Paulo. O primeiro cultivo em escala comercial ocorreu

em 1952, na Fazenda São José, em Cabreúva (SP). Em 1990, o consumo e o

cultivo se intensificaram, seguindo a tendência mundial. O preço alto, no

entanto, fez com que, durante muito tempo, o cogumelo fosse considerado um

alimento exótico e sofisticado (PARADIZO, 2003).

Hoje os cogumelos são ingredientes dos mais variados pratos, como

sopas, refogados, assados, cozidos e até pizzas. O Champignon de Paris, a

primeira espécie cultivada no Brasil, reinou soberano nas mesas brasileiras até

dez anos atrás, quando os chefs europeus trouxeram outras variedades, como

o Shiitake, o Shimeji e o Hiratake. O Shiitake detém o segundo lugar em

consumo no mundo, sendo sobrepujado somente pelo Champignon de Paris.

No Brasil, ele é muito apreciado pelas colônias asiáticas (de chineses,

japoneses e coreanos), que o consideram o alimento da longevidade e o usam

como ingrediente de pratos oferecidos em alguns rituais, como aniversários e

casamentos. O Shimeji, nome popular dos cogumelos de chão úmido, é muito

usado na culinária japonesa. Já o Hiratake, conhecido popularmente por

'orelha-de-pau' pelas donas de casa brasileiras, devido ao seu formato,

também caiu no gosto dos consumidores brasileiros (PARADIZO, 2003).

O sabor refinado, maior variedade e a queda no preço colaboraram

para o aumento do consumo. A produção no Brasil não é auto-suficiente e

ainda tem de competir no mercado interno com os importados para suprir a

demanda. Apesar de o cultivo ter crescido bastante, foi de forma inadequada e

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por pequenos produtores. O consumo ainda é muito maior que a produção

nacional. A produção de cogumelos, no entanto, tem despertado um interesse

cada vez maior devido a diversos fatores. O principal, sem dúvida, é que o

cultivo exige pequenas áreas e, como o cogumelo tem um ciclo de vida curto,

garante constantes safras, desde que haja um planejamento certo para se

produzir em cada estação do ano (PARADIZO, 2003).

Hoje é um componente muito utilizado no preparo de pratos do

cotidiano, porém, especialmente daqueles mais sofisticados (HERRERA,2001).

Atualmente, são conhecidas mais de dez mil espécies de cogumelos,

entretanto somente cerca de duas mil, pertencentes a pelo menos 30 gêneros,

são consideradas comestíveis. Destas, 20 são cultivadas comercialmente e

menos de 10, são industrializadas (HERRERA,2001).

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CAPÍTULO III

COGUMELOS – SUSTENTABILIDADE E

RECUPERAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

O século XX foi um tempo marcado pela intensa acumulação de

conhecimento, com a expansão diária da tecnologia para sociedade. Porém,

apesar de toda essa evolução, a humanidade enfrenta e ainda não tem

solução para os problemas básicos, como a escassez de estoques de

alimentos e a poluição ambiental devido ao crescimento contínuo da população

mundial (HERRERA, 2001).

No mundo moderno, a fome não é mais um problema de produção,

mas exclusivamente uma questão de justiça social, de geração de trabalho e

emprego (HERRERA, 2001).

O desenvolvimento sustentável é mais do que a preocupação com a

racionalização do uso da energia ou a obtenção de técnicas que substituam a

gradativa apropriação pelo homem dos bens não renováveis, ou ainda, do

manejo adequado dos resíduos (HERRERA, 2001).

É também o reconhecimento de que a pobreza, a deterioração do meio

ambiente e o crescimento populacional estão indissoluvelmente ligados, e que

nenhum desses problemas fundamentais pode ser resolvido isoladamente na

busca dos parâmetros tidos como aceitáveis pelos mais de cem países

signatários da Declaração do Rio (CNUMAD, 1992).

A Revolução Verde nos anos 60 consistiu na introdução de novas

variedades de cereais, com capacidade de proporcionar altos rendimentos nas

colheitas e contribuir para a provisão mundial de alimentos. Porém, estas

novas variedades requerem irrigação e grandes quantidades de caríssimos

fertilizantes químicos e defensivos, sendo que só os fazendeiros mais ricos

puderam aproveitar, na íntegra, seus benefícios. Além disso, as aplicações

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contínuas de fertilizantes químicos e defensivos causam impactos negativos ao

ambiente (HERRERA, 2001).

Consta-se que mais de 70% da produção agrícola e florestal não têm

aproveitamento, ou são perdidos no processamento. O desperdício desses

materiais lignocelulósicos é abundante em toda parte do mundo,

particularmente nos países tropicais e subtropicais (HERRERA, 2001).

Os cogumelos comestíveis, apreciados em muitas dietas européias e

orientais, vêm crescendo em importância nos últimos anos, quanto a

possibilidade de reciclar economicamente certos resíduos agrícolas e

agroindustriais (CHANG E MILES, 1984). O aproveitamento de resíduos

agroindustriais na produção de cogumelos comestíveis e medicinais,

considerando o elevado conteúdo protéico e potencial metabólico dos

cogumelos, tem estimulado seu cultivo como alternativa para incrementar a

oferta de proteínas, para paises em desenvolvimento e com alto índice de

desnutrição (CHANG;HAYES, 1978; CHANG; MILES, 1989 ;WUEST et al.,

1987).

De fato, o cultivo de cogumelos está diretamente ligado à reciclagem

econômica de resíduos agrícolas e agroindustriais, tais como estercos bovinos,

eqüinos, de aves, de porcos e de outros animais domésticos, palhas e

resíduos do trigo, do arroz, do milho, do algodão, da madeira, do bagaço de

cana, de serrarias e muito outros (CHANG; MILES, 1989)

Os micélios dos fungos podem produzir enzimas que degradam esses

materiais desperdiçados, convertendo-os em nutrientes para o crescimento de

cogumelos comestíveis (HERRERA, 2001).

Algumas espécies de cogumelos, como o Pleurotus spp, por exemplo,

podem ser cultivadas em instalações relativamente baratas e mediante

tecnologias menos sofisticadas (HERRERA, 2001).

Os cogumelos além de se constituírem em alimentos nutritivos, ricos

em proteínas, também possuem efeitos medicinais. O subproduto do composto

utilizado pode ser usado como alimento de animais e fertilizantes,

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proporcionando emprego e renda (HERRERA, 2001).

TABELA3 - COMPOSIÇÃO DE ALGUNS COGUMELOS COMESTÍVEIS (extraída de HERRERA, 2001).

Umidade Proteína Gordura Carboidratos Fibras Cinzas Valor Energético Cogumelo

g/100g N x 4,38 % da Matéria Seca kcal/100g

Agaricus bisporus 89,5 26,3 1,8 59,9 10,4 12,0 328

Lentinula edodes 90,0 17,5 8,0 67,5 8,0 7,0 387

Pleurotus florida 91,5 18,9 1,7 58,0 11,5 9,3 265

Volvariella diplasia 90,4 28,5 2,6 57,4 17,4 11,5 304

Pleurotus ostreatus 93,5 18,7 1,4 66,2 15,6 13,7 330

Os cogumelos, como os outros fungos, não utilizam clorofila e são

organismos não-verdes. Eles não podem converter a energia solar em matéria

orgânica como as plantas verdes, mas podem converter enormes quantidades

de materiais lignocelulósicos, considerados resíduos agrícolas ou florestais, em

alimento humano, ração para animais e fertilizantes (HERRERA, 2001).

Por conseguinte, pode se chamar o desenvolvimento sustentável

gerado pelo cultivo de cogumelos de "a revolução não-verde”, que, consolidada

por um pacote projetado de tecnologias, pode auxiliar na geração de um

crescimento econômico eqüitativo, e na proteção e recuperação do meio

ambiente (HERRERA, 2001).

Anualmente, são produzidas cerca de 600 milhões de toneladas de

resíduos agrícolas, das quais 500 milhões provêm das atividades

agropecuárias e 100 milhões das atividades florestais. Deste total, apenas 60

milhões são reaproveitados. O restante, 540 milhões de toneladas, é

incinerado ou fica sem uso (HERRERA, 2001).

Com esse volume de resíduos, é possível produzir 600 milhões de kg

de cogumelos. Levando em conta a população constata-se que esse volume é

insuficiente na guerra contra a fome, mas que poderia ser utilizado com

finalidade nutricional. Cerca de 30% da população da Terra, têm deficiência de

proteínas, e como a taxa média de proteína encontrada nos cogumelos varia

de 4% a 6%, eles poderiam ter a função de suprir deficiências nutricionais

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(HERRERA, 2001).

São benefícios diretos da conversão de resíduos em cogumelos: a

provisão de alimentos, a criação de empregos, a melhoria da renda familiar, o

controle na geração de resíduos, limpeza nos campos, florestas e margens de

estradas, proteção da flora natural dos cogumelos, prevenção de incêndios

florestais, e uso do substrato de cogumelos como composto para jardim ou

horta. (HERRERA, 2001).

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CAPÍTULO IV

METODOS DE CULTIVO

Shiitake, o nome mais comum para o fungo Lentinula edodes vem de

uma palavra japonesa que significa “fungo da árvore Shii” (HARRIS,1993).

Lentinula edodes é um fungo saprófito, que absorve os nutrientes

necessários ao seu desenvolvimento de madeiras mortas, de várias espécies

de arvores em diferentes condições climáticas. (CHANG; MILES,1989).

4.1 Ciclo Natural

O ciclo natural do cogumelo tipo Shiitake na floresta (natureza)

funciona da seguinte forma:

O esporo que se soltou de um chapéu de um outro Shiitake é levado

pelo vento e é depositado em algum local da floresta. Este tem condições de

se conservar por longos períodos até encontrar as condições perfeitas de

umidade e temperatura, além de um meio nutritivo, no caso um pedaço de

tronco caída no solo, para germinar e se transformar em hifas. Quando esta

hifa se encontra com outra de sexualidade diferente, mas compatíveis entre si,

forma-se o micélio secundário (EIRAS; BUENO,2005). O micélio se espalhar

na madeira, por baixo da casca, em todas as direções, mas com muito mais

vigor no sentido das fibras, usando suas enzimas para transformar a celulose

em alimento. Ele tem mais facilidade na parte mais externa do tronco, pois o

cerne tem uma textura mais densa. Após alguns meses, esta tora estará

totalmente colonizada, com a casca macia e com cor esbranquiçada.

Quando ocorre uma mudança brusca de umidade e/ou temperatura,

para que haja continuidade da espécie, o micélio prepara os primórdios, que

eclodem na casca do tronco, crescem e se transformam em cogumelos. Em

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aproximadamente 7 dias, o primórdio cresce e seu chapéu chega ao seu

tamanho máximo (ponto de colheita). Após este período, as abas do chapéu

começam a se virar acima da horizontal, seus esporos já foram “soltos no

vento” e começa a fase de declínio do cogumelo, até se decompor totalmente.

Mas o micélio continua a transformar o tronco em alimento, e outros

cogumelos poderão eclodir até que todos os nutrientes tenham sido exauridos

4.2 Cultivo de Shiitake em Toras

No cultivo de Shiitake (‘Lentinula edodes’) em toras, o homem tenta

reproduzir as condições da natureza.

O Shiitake se adapta a toras de madeiras diversas, desde que não

sejam resinosas e aromáticas. Pode-se usar o abacateiro, mangueira,

nogueira, castanheira, e algumas espécies de eucalipto (EIRAS; BUENO,

2005).

O cultivo do Shiitake em toras de eucalipto apresenta um aspecto

muito peculiar, pois o Brasil é o único usuário em termos mundiais. Prefere-se

o eucalipto, pois ele cresce rápido (em 4 a 5 anos atinge 10 a 15 cm de

diâmetro), apresenta densidade ao redor de 0,5, pouco cerne, menor conteúdo

de fenóis (biostáticos naturais) e além disso, é a arvore mais plantada em

reflorestamentos no Brasil (EIRAS; MONTINI,1997). Dentre as espécies de

Eucalipto, prefere-se as Eucalyptus urophila, E. saligna e E. grandis (ANGELIS

et al, 1998).

Quanto mais grossa for a tora, maior será o diâmetro do cerne, e maior

será o tempo de colonização e possíbilidade de contaminação pelas pontas.

Em compensação este tronco levará mais tempo para exaurir seus nutrientes.

Se a tora for muito fina (Ø menor de 8 cm), terá pouco cerne, colonizará

rapidamente, mas terá produção curta. Devemos usar toras de 10 a 15 cm de

diâmetro por 1,0 metro de comprimento, para facilitar o manuseio, sem

nenhum dano na casca para que não haja caminho para contaminação por

outro fungo. As toras devem se usadas imediatamente após a derrubada e o

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corte e armazenadas na horizontal para manter a umidade natural (CHANG;

MILES,1989; HARRIS,1993). O método tradicional de cultivo japonês sugeria

incluir um período de espera após a derrubada e corte, para que a madeira se

“curasse” antes da inoculação (EIRAS; MONTINI,1997).

Serão feitos diversos furos em toda a tora, onde serão colocadas

sementes (‘spawn’) de Shiitake para agilizar a dissiminação do micélio pela

tora e acelerar o processo de colonização. Mesmo assim esta deve demorar

em torno de 6 a 8 meses. Segundo (EIRAS; MONTINI,1997) deve-se fazer

uma quantidade maior de furos nas extremidades, para que o micélio colonize

com mais velocidade as pontas, para fazer frente a outros fungos que possam

ter acesso a tora pelas extremidades (local do corte, sem casca). Para evitar

essa possibilidade e também manter a umidade da tora, pode-se pintar as

extremidades com uma mistura de parafina e breu.

As sementes (‘spawn’) de Shiitake podem ser plugs (cavilhas) de

madeira ou grãos de trigos, colonizados pelo micélio de Shiitake. Os plugs

(toquinhos cilíndricos de eucalipto) são colocados nos furos com um martelo,

sendo que os grãos de trigo deverão ser inoculados nos furos e depois

lacrados com uma mistura de parafina com breu (EIRAS; MONTINI,1997).

As toras deverão ser colocadas em galpões ou em locais sombreados

de mata onde não haja incidência direta de raios solares. Segundo o produtor

Carlos Abe, ele teve uma melhora de resultados e redução de perdas, quando

ele substituiu as instalações de galpões que imitavam as condições ambientais

do cogumelo na natureza, pela própria mata, sem controle ambiental nenhum.

(PARADIZO, 2003).

As toras devem ficar dispostas na horizontal, em forma de fogueira,

formando pilhas de até 1 metro de altura, que devem ficar afastadas do solo

em aproximadamente 25 cm, apoiada em calços. Devem-se molhar as pilhas

de toras para manter a temperatura em 25 ºC e a umidade elevada (EIRAS;

MONTINI,1997). Após 6 a 8 meses, como no ciclo natural, esta tora estará

totalmente colonizada, com a casca macia e com cor esbranquiçada e cheia de

calos na superficie da casca.

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Depois de alguns meses, com o amadurecimento da tora inoculada, a

frutificação pode ocorrer de forma expontânea geralmente após alguns dias

chuvosos ou quando ocorrer um ligeiro abaixamento da temperatura ambiente.

Essa frutificação inicia-se com o aparecimento de pequenas protuberâncias

sob a casca da tora (primórdios do cogumelo). Esses primórdios rompem a

casca e progridem o seu crescimento até a completa formação do cogumelo

(WEINGARTNER, 2007).

Para ativarmos esse processo e termos um certo controle sobre

quando queremos que as toras entrem em produção (indução dos primórdios),

realizamos a imersão das toras em água fria cuja temperatura da água precisa

estar de 5 a 10º C abaixo da temperatura ambiente. As toras são deixadas

imersas nessa água por cerca de 12 a 24 horas, dependendo do clima e do

teor de umidade das toras. O tanque utilizado deve ter altura suficiente a fim de

acomodar as toras em seu interior de forma que fiquem totalmente imersas na

água. As toras devem ser colocadas na posição horizontal cuidadosamente

dentro do tanque vazio e serem mantidas submersas através de ganchos

chumbados no fundo e amarradas com cabos de aço ou cordas nesses

ganchos, pois tendem a boiar quando se enche o tanque com água

(WEINGARTNER, 2007).

Depois de transcorrido o tempo de imersão, as toras são retiradas do

tanque e colocadas de forma intercalada e inclinadas quase na vertical em um

local coberto sem incidência de luz solar direta, porém bem iluminado para que

os cogumelos não fiquem com aspecto pálido devido à falta de luz. Esse local

não deve ter muita circulação de ar. A umidade relativa do ar deve ser

controlada molhando-se o chão e as paredes (as toras podem ser molhadas

somente até 48 horas depois da indução) para que se mantenha a umidade

elevada (entre 80-90 %) (WEINGARTNER, 2007).

Os primórdios aparecem na superfície das toras entre dois a três dias

depois do processo de indução e a colheita ocorre entre sete a dez dias

depois, dependendo da temperatura ambiente. Quanto mais quente, mais

rápido ocorrerá a colheita e vice-versa (WEINGARTNER, 2007).

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Ao final da primeira colheita não é necessária nova inoculação, a

mesma tora irá frutificar várias vezes até que os nutrientes desta acabem.

Devem-se retornar as toras para o local onde estas ficaram em incubação e

aguardar dois meses para que os fungos absorvam mais nutrientes da madeira

e fiquem em condições de nova frutificação. (EIRAS; MONTINI,1997).

4.3 Cultivo de Shiitake em Toras Modificada

Apesar de sua agressividade, o fungo inoculado em toras, por ser

mantido em ambiente rústico (sob mata ou locais sombreados e úmidos), pode

levar até mais que 6 meses para iniciar a produção.

Pode-se melhorar a produtividade das toras e diminuir o período de

colonização das toras, utilizando os métodos de Câmara úmida e Pintura de

cal.

4.3.1) Câmara Úmida

Observações realizadas no Módulo de Cogumelos da FCA / UNESP,

Botucatu (SP), evidenciaram que é possível produzir Shiitake em período bem

mais curto (2 a 3 meses), desde que as toras estejam em temperatura média

de 25 a 28 ºC e sob condição de elevada umidade relativa, 95% ou mais, o

que se consegue através da técnica de câmara úmida (EIRAS;

MONTINI,1997).

A câmara úmida consiste de uma cobertura com lona plástica. No

inverno, a lona deve ser transparente para permitir que os raios solares

filtrados nas copas das árvores em matas, ou pela cobertura de instalações

rústicas com sombreamento parcial, atinjam as toras e transformem-se em

calor que, por sua vez, é mantido pela lona dentro da câmara. No verão, a lona

preta evita a rebrota das toras de eucalipto. A lona plástica deve recobrir

literalmente a pilha de toras nos períodos de colonização inicial ou entre

choques de indução dos primórdios, pois nesta condição o Shiitake

desenvolve-se mais rápido (EIRAS; MONTINI,1997).

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Acontece que, quando a câmara úmida é utilizada, os contaminantes

naturais também são favorecidos, e não se sabe ao certo, até que ponto

prejudica a produtividade. Alguns auxiliam na decomposição da casca onde se

encontra uma fração significativa dos nutrientes da madeira (cerca de 30 % de

toda a biomassa florestal presente acima do solo (GONÇALVES,1995).

4.3.2) Pintura de Cal

Para compensar o exposto acima, foi desenvolvido no Módulo de

Cogumelos – FCA/UNESP em Botucatu –SP, pesquisas sobre uma técnica

para controle dos contaminantes das toras. A técnica envolve o uso de cal de

pintura (hidróxido de cálcio), recobrindo a tora imediatamente após a

inoculação e selagem dos furos com parafina, e preenchem os seguintes

requisitos:

• Devido ao pH extremamente alcalino (pH 13) o hidróxido comporta-se

como biocida de contato para organismos externos à casca. À medida

que o tempo passa, o hidróxido transforma-se, na presença de água e

CO2, em carbonato de cálcio com pH 6,8. Isto equivale a dizer que o

hidróxido, umidecido pela água de irrigação, será um filtro que elimina

o CO2 do ar, que entra em contato com a tora e ainda, aumenta o

gradiente de concentração de CO2 resultante do metabolismo do

cogumelo na colonização da tora. O recobrimento das toras com cal

também é importante no controle de contaminantes já instalados na

casca, ou seja, poderá ser usado como um recuperador de toras em

estágio avançado de contaminações superficiais. Este procedimento

ocasiona uma maior retenção da casca, onde está a maioria dos

nutrientes das toras (EIRAS; MONTINI,1997);

• O ph da madeira é normalmente menos que 4,0, e quando associado à

produção de ácidos orgânicos do metabolismo fúngico, pode atingir

níveis que auto-limitam o crescimento. Neste caso, o hidróxido terá

também o papel de neutralizar os resíduos metabólicos e permitir o

aumento do metabolismo global (EIRAS; MONTINI,1997);

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• Após a primeira colheita, as toras deverão ser submetidas a novo

banho com cal e deixadas durante um dia sem irrigação ou chuva. Em

seguida devem ser irrigadas normalmente durante o período de

repouso até um novo choque de indução (EIRAS; MONTINI,1997);

• A cal hidratada não é considerada um agrotóxico e seu impacto

ambiental é mínimo, posto que o hidróxido converte-se naturalmente

em carbonato de cálcio (EIRAS; MONTINI,1997);

• O controle dos contaminantes externos permite o uso de técnicas,

como a que visa acelerar a colonização da tora (câmara úmida), pois

ter-se-ia um “cultivo axênico” em condições naturais uma vez que a

tora, logo após o corte, ainda está internamente em assepsia (EIRAS;

MONTINI,1997).

4.4 CULTIVO DE SHIITAKE EM SUBSTRATO

No cultivo em toras modificada, item 4.3, foram adicionados ao método

natural, algumas técnicas para reduzir a contaminação e o tempo de cultivo.

Mas mesmo assim continuou a existir dificuldade, que é a falta de previsão da

produtividade, ou seja, maior garantia de produção para a demanda requerida

pelo mercado. Como a tora é um meio nutritivo limitado, com fator C/N de

aproximadamente 180, criou-se a técnica de cultivar o Shiitake em meios mais

nutritivos, em substrato, que são basicamente formados por serragem de

madeira acrescentados de nutrientes que aumentando a relação C/N,

aumentam a produtividade e como deixou de ser um processo puramente

natural, passando a ter uma intervenção maior do homem, um aumento da

previsibilidade de produção.

As características essenciais do cultivo do Shiitake em substratos

abrangem os seguintes aspectos:

• Versatilidade no uso de matérias primas – os materiais usados como

substrato são principalmente serragem e outros resíduos agrícolas,

como bagaço de cana de açúcar, farelos de arroz, trigo, milho ou soja,

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borra de café, etc. complementado por ingredientes químicos para que

a mistura fique com pH entre 5,5 a 6,0 (EIRAS; MONTINI, 1997).

• Recuperação de meio ambiente - O desenvolvimento deste novo

caminho para cultivo desse cogumelo permite a utilização de muitos

resíduos volumosos e concentrados da agricultura, pecuária e

agroindústrias (EIRA; BUENO, 2005).

• Menor período de maturação para inicio da produção e maior

produtividade - Os cogumelos podem ser colhidos entre 60 e 90 dias

após a inoculação e o tempo de produção poderá se estender por até

8 meses (EIRA; BUENO, 2005).

• Maior teor protéico – Face ao enriquecimento do substrato (relação

C/N/P mais estreitas), o micélio coloniza mais rapidamente, resulta em

maior produtividade em relação às toras e os cogumelos têm maior

teor protéico (EIRA; BUENO, 2005).

Quanto mais nutritivo for o substrato (relação C/N baixa), maior concorrência

(contaminação) terá o micélio do Shiitake.

Na prática, as técnicas usadas para crescimento em câmaras de cultivo,

parcialmente controlado, seguem a seguinte seqüência:

• Mistura do substrato seguindo as proporções da fórmula escolhida,

acrescentando água até uma proporção de 60 % (EIRAS; MONTINI,

1997).

• Preencher os sacos resistentes ao calor de medidas de 15 a 20 cm de

largura e 30 a 40 cm de altura, de polipropileno (PP) ou polietileno de

alta densidade (PEAD) caso seja feito tratamento térmico axênico, ou

de polietileno (PE) caso seja feito tratamento térmico de pasteurização

severa até aproximadamente 60%. Compactar o substrato levemente e

fazer um furo central de diâmetro de Ø 2 cm na vertical e fechá-los

com um tampão de algodão para evitar a ruptura durante o tratamento

térmico e propiciar aeração durante a colonização. O tampão é

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colocado em um argola plástica, pelo qual é passada e dobrada a

borda do saco.

• Fazer o tratamento térmico nos sacos de substratos, até que a

temperatura no interior do saco alcance o valor e os períodos pré-

estabelecidos pelo tipo de tratamento.

• Retirar os sacos da autoclave ou do pasteurizador, em uma sala limpa,

com pressão positiva e deixar resfriar até atingir a temperatura

ambiente.

• Inocular os sacos, abrindo os tampões, colocando em torno de 3 a 5%

de sementes, preenchendo o furo todo e despejando a sobra em cima

do substrato, fechar o saco recolocando os tampões de algodão.

• Mover os sacos para o local de colonização, tomando o cuidado de

não apertar o saco, evitando a troca de ar existente no saco com o ar

exterior, para evitar uma possível contaminação. O local de

colonização deve estar desinfetado e mantido limpo, com luminosidade

baixa entre 50 e 100 lux, temperatura entre 21 e 27 º C. A umidade

relativa do ar deve ser mantida entre 95 a 100% e alta concentração de

CO2 (STAMETS, 2000).

• Após concluir-se a fase de crescimento micelial, a cor da superfície do

substrato muda de branco para marrom e forma uma camada de

membrana protetora (URBEN, 2004). Esta capa se torna dura,

formando calos ou protuberâncias, e começam a aparecer os

primórdios. Nesta fase deve-se aumentar a oxigenação do ambiente e

retirar os sacos plásticos (EIRAS; BUENO, 2005).

• Procede-se então igual ao cultivo em toras, dando um banho de

indução, com água com temperatura no mínimo 5 graus abaixo da

ambiente, por 24 a 48 horas.

• Colocam-se os substratos no galpão de frutificação, mantendo a

umidade entre 60 a 80%, boa luminosidade (entre 500 e 2000 lux),

temperatura entre 21 e 27ºC, e os primórdios aparecerão na superfície

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dos substratos entre dois a três dias após o processo de indução e a

colheita ocorre entre sete a dez dias depois. Deve-se manter elevada

aeração para que o ambiente tenha alta concentração de oxigênio e

baixa concentração de gás carbônico (STAMETS, 2000).

• Após um período de descanso de 2 a 3 semanas, pode-se repetir o

choque de indução.

Blocos de substrato de Shiitake em galpão de frutificação (fotos do autor)

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MATÉRIA UMIDA INGREDIENTES MATÉRIA

SECA (kg) CARBONO N MIN (kg) N MAX (kg)

100,00 Serragem de Eucalipto + Casca 88,00 41,36 0,33 0,35

20,00 Farelo de Soja 18,40 8,28 1,29 1,47

0,32 Fosfato 0,32

1,10 Calcário Calcítico 1,00

200,00 Água

321,42 Total 107,72 49,64 1,62 1,82

% C % N min % N máx

46,08 1,50 1,69

C/N médio 28,96 C/N (%) 30,64 27,27

MATÉRIA UMIDA INGREDIENTES MATÉRIA

SECA (kg) CARBONO N MIN (kg) N MAX (kg)

100,00 Serragem de Eucalipto + Casca 88,00 41,36 0,33 0,35

40,00 Farelo de Soja 36,80 16,56 2,58 2,94

0,58 Fosfato 0,58

1,10 Calcário Calcítico 1,00

200,00 Água

341,68 Total 126,38 57,92 2,91 3,29

% C % N min % N máx

45,83 2,30 2,60

C/N médio 18,75 C/N (%) 19,90 17,60

MATÉRIA UMIDA INGREDIENTES MATÉRIA

SECA (kg) CARBONO N MIN (kg) N MAX (kg)

80,00 Serragem de Eucalipto + Casca 70,40 33,09 0,27 0,28

20,00 Farelo de Arroz 18,40 7,25 0,35 0,37

1,10 Calcário Calcítico 1,00

100,00 Água

201,10 Total 89,80 40,34 0,62 0,65

% C % N min % N máx

44,92 0,69 0,72

C/N médio 63,56 C/N (%) 65,06 62,06

TABELA 4 - Fórmula para substratos para cultivo axênico com relação C/N de aproximadamente 29/1 (extraída de EIRA; BUENO, 2005 e BADHAM, 1988)

TABELA 5 - Fórmula para substratos para cultivo axênico, mais rica p/ maior produtividade, com relação C/N de 19/1

(extraída de EIRA; BUENO, 2005 e BADHAM, 1988)

TABELA 6 - Fórmula para substratos para pasteurização severa, com relação C/N de 19/1 (extraída de EIRA; BUENO, 2005 e BADHAM, 1988)

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4.4.1 Tratamento térmico Axênico para substrato (substratos estéreis)

Entende-se por cultivo axênico de um cogumelo, quando se prepara o

substrato com um tratamento térmico de modo que nenhum organismo vivo

sobreviva. Assim quando for inoculado o micélio do cogumelo, este não terá

concorrência de outro ser vivo, fungo, microrganismo ou bactéria, desde que

se mantenham as técnicas de manipulação sob rigorosa assepsia. Nesta

situação, o substrato poderá ser muito enriquecido (relações C/N estreitas

entre 30 e 17/1), para que o micélio colonize o substrato com mais velocidade

e disposição. Após a inoculação até o micélio dominar completamente o

substrato, deve-se preocupar com a troca de ar interno ao saco com o

substrato e o ar ambiente do local de colonização, que deverá ser o mais

asséptico possível (EIRAS;BUENO, 2005).

No tratamento térmico para cultivo axênico, os sacos são submetidos à

esterilização em autoclave, pelo tempo necessário para que o interior dos

substratos atinja 120ºC por aproximadamente 4 horas (EIRAS;BUENO, 2005).

4.4.2 Tratamento térmico tipo Pasteurização Severa para substrato

Entende-se por pasteurização severa de um substrato, quando se

prepara o substrato com um tratamento térmico que mata apenas uma fração

dos microrganismos sempre presentes na microbiota de qualquer substrato

orgânico oriundo de resíduos agrícolas ou animais. Ela elimina uma porção da

população, que é desfavorável ao Shiitake, mas não atinge a muitos

organismos termo-tolerantes, que darão biostase residual, que permite o

desenvolvimento do Shiitake e dificulta o de outros microrganismos. Após o

tratamento térmico o substrato deve ser resfriado e inoculado com a semente

do Shiitake. Neste caso a assepsia não precisa ser rigorosa como no cultivo

axênico, desde que a formula do referido substrato não seja muito enriquecido

com farelos ou outros materiais orgânicos nitrogenados (C/N mais largos, entre

50 a 100/1) (EIRAS;BUENO, 2005).

No tratamento térmico tipo pasteurização severa, os sacos são

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submetidos à temperatura de 75 a 90 ºC, pelo período de até 14 horas

(BADHAM,1988).

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CAPÍTULO V

LABORATÓRIO DE CULTIVO

Existe uma nuvem de contaminantes suspensa no ar. Estes são

compostos de poeira e esporos diversos flutuantes que são a fonte primária de

contaminação de culturas em Agar ou grãos, na produção de sementes

(‘spawn’), e são a principal causa de prejuízo na cultura de cogumelos. Para

controlar a contaminação, precisamos começar com um laboratório estéril.

Sem sementes puras, não importa o quão boa é a técnica de cultura, teremos

problemas na produção. É extremamente difícil de conseguir um ambiente

absolutamente estéril, se não for impossível. O que se consegue é um

ambiente quase estéril, mas isto é o suficiente para o propósito de cultivo de

cogumelos (STAMETS; CHILTON, 1983).

Detergentes e desinfetantes foram tradicionalmente usados para este

propósito. Infelizmente, o uso freqüente destes para manter a higiene no

laboratório criou um risco à saúde da pessoa que os manuseia. Lâmpadas de

luz ultravioleta são igualmente perigosas e é difícil de distribuí-las na sala sem

que haja sombra. O método mais eficiente e menos prejudicial é o uso de filtro

de alta eficiência que elimina estas micro-partículas, quando se passa o ar por

eles. Este é o principio do sistema de fluxo laminar (STAMETS; CHILTON,

1983). O entendimento da composição do ar não filtrado ajuda a colocar uma

perspectiva dos problemas para o qual o sistema de fluxo laminar é projetado.

O ar, o filtro e o sistema de fluxo laminar serão expostos nesta ordem

(STAMETS; CHILTON, 1983).

5.1 O Ar

O ar é composto por muitas partículas, umas suspensas e outras

decadentes. Uma amostra de ar contém fumaça, sílica, barro, matéria animal

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ou vegetal em decomposição e muitos esporos. Algumas são apenas uma

fração de mícron de diâmetro, enquanto outras são centenas de vezes maior.

Estas partículas caem continuamente na superfície da terra. Em zonas de

baixo impacto, isoladas dos centros industriais, vinte toneladas por milhas

quadrada por mês caem do céu (ASHRAE, 1978). Em áreas industriais o

volume é dez vezes maior. O assim chamado “Ar puro do campo” contém, em

média, um milhão de partículas (maiores de 0,3 microns) por pés cúbicos. Mais

de um milhão de partículas ficam suspensas no ar em um ambiente onde um

cigarro está sendo fumado. Um laboratório estéril, por outro lado, tem menos

de cem partículas por pés cúbicos de ar! (STAMETS; CHILTON, 1983).

A maioria dos esporos que contaminam culturas de cogumelos tem

entre 0,5 e 20 microns de diâmetro. Geralmente partículas maiores de 10

microns caem ao chão por si só, por causa do seu peso. As menores

partículas neste grupo são endósporos formadoras de bactérias, que são na

ordem de 0,4 microns de diâmetro. Vírus são ainda menores, medindo por

volta de 0,05 microns, e estão normalmente atados a partículas maiores, como

esporo de fungo (STAMETS; CHILTON, 1983).

5.2 O Filtro

Dois tipos de filtros de alta eficiência estão disponíveis hoje. Um é um

filtro eletrostático que elimina esporos menores de 5 microns. Estes filtros

operam dentro do princípio de partículas carregadas eletricamente, onde as

partículas passam por um campo ionizado e depois entre duas placas

carregadas eletricamente com campos opostos. As partículas carregadas são

atraídas para a placa aterrada pela força do campo elétrico. A placa aterrada é

molhada com um óleo especial, para evitar que as partículas acumuladas se

soltem e voem. As vantagens do filtro eletrostático são que ele causa pequena

resistência ao ar e que eles são reutilizáveis. Mas eles têm diversas

desvantagens. Uma é que eles não absorvem partículas de 1 micron ou menor

com 99% ou mais de eficiência em fluxo de ar de alta velocidade. Então,

quanto maior a velocidade, menor a eficiência. Outro problema é que as

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partículas não filtradas continuam carregadas eletricamente e grudam nas

paredes do quarto, manchando-as (STAMETS; CHILTON, 1983).

O elemento básico de um filtro de ar é a mídia, especialmente a de tipo

de superfície entendida (sanfonada) seca que é classificada para partículas de

0,3 ou 0,1 microns. Filtros de superfícies entendidas são comumente

chamados de filtros HEPA (High Efficiency Particulate Air). Estes filtros são

feitos com material microporoso que pode reter partículas menores que 0,33

mícron com eficiência de 99,99%. Todos os esporos de plantas, fungos e da

maioria das bactérias são eliminados neste filtro (STAMETS; CHILTON, 1983).

Filtros HEPA têm muito maior resistência ao fluxo de ar que o filtro

eletrostático, mas eles têm muito maior capacidade para reter poeira. Ao reter

poeira, ele aumenta em peso e o fluxo de ar diminui. Normalmente o filtro

HEPA não é reutilizado. Ele é descartado quando sua resistência ou “queda de

pressão” dobra. Filtros tipo HEPA são usados entre outras, em salas de

cirurgia de hospitais e em laboratórios de cultura. Como sua eficiência é

dependente da velocidade do impacto das partículas na superfície da ‘sanfona’

da mídia, um ventilador apropriado tem que ser projetado para o mesmo

(STAMETS; CHILTON, 1983).

A vida do filtro HEPA pode ser estendida com a colocação de pré-

filtros, para eliminar as partículas mais grosseiras. Pré-filtros podem ser feitos

por diversos materiais, mas o melhor é o feito por mídia de fibra de vidro, a que

é comumente usada como filtro de cozinha. Este é mais barato e facilmente

encontrado em diversos tamanhos (STAMETS; CHILTON, 1983).

5.3 O Sistema de Fluxo Laminar para Sementes

Existem diversos tipos de sistemas de fluxo laminar, cada projetado

para uma aplicação específica. O usado em cabines de segurança biológica,

construído para uso com organismos patogênicos, é feito para que o

funcionário não fique em risco quando o esporo contendo um vírus se solte no

ar. O ar é sugado da área de trabalho para dentro do equipamento e passa

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pelo filtro HEPA e é exaurido do lado de fora. O sistema de fluxo laminar para

cultura de esporos e micélios funciona no principio inverso. O ar é forçado pelo

filtro HEPA e depois injetado na área de trabalho, criando uma pressão positiva

de vento estéril, onde se prepara a transferência micelial. Este tipo de

equipamento é o ideal para transferir meio nutritivo, manter a pureza do micélio

e inocular os plugs ou farelos de trigo, na preparação dos ‘spawns’. Como este

equipamento reduz drasticamente a perda por contaminação, seu custo é logo

compensado (STAMETS; CHILTON, 1983).

5.4 O Sistema de Filtro Absoluto para Sala de Inoculação

Na sala de inoculação precisamos de ar estéril e pressão positiva para

não corrermos o risco de inocular algum contaminante junto com a semente,

nos sacos de substratos auto-clavados. O ar externo é insuflado através de

pré-filtros colocados fora da sala limpa (cuja troca pode ser feita sem entrar na

área estéril), passa pelo filtro HEPA e entra na sala limpa por uma grelha no

teto (preferencial) ou na parede, criando uma pressão positiva na sala, e

saindo por frestas localizadas nas paredes e porta junto ao chão. Estas frestas

devem ter membranas direcionais para evitar a entrada de ar quando o

sistema estiver desligado. Assim quando se abrir a porta, a pressão positiva

evitará a entrada de ar não estéril. Ao colocar a grelha de entrada de ar estéril

no teto faz-se com que qualquer esporo contaminante que por ventura tenha

vindo preso aos sapatos do funcionário, é mantido perto do chão e induzido a

sair pelas frestas de saída pelo fluxo de ar estéril.

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5.5 Resumo do Processo de Produção

As instalações para produção de cogumelos em substratos podem ser

separadas em 6 fases:

5.5.1 Ambiente Externo “sujo”

É o ambiente externo onde se encontram a serragem, os farelos e os

componentes quimicos de que se necessita para fazer a mistura dos

substratos. Estes são misturados de acordo com a fórmula escolhida pelo

produtor em uma betoneira ou outro equipamento necessário para

homogeneizar a mistura e acrecentar água na proporção necessária. Neste

ambiente também se enchem os sacos de plásticos, compactam o conteúdo e

preparam o furo no centro, colocam-se os aneis e o algodão para fechar os

sacos. Depois se organiza os sacos no carrinho que irão ser colocados na

autoclave, deixando alguns centimetros entre eles para permitir a passagem do

vapor quando forem autoclavados. Neste ambiente tem-se acesso à porta

externa da autoclave. Este processo desde a mistura dos componentes até o

fim da arrumação dos sacos dentro da autoclave deve ser executado em um

período máximo de 4 a 5 horas, para evitar que a mistura comece a fermentar.

5.5.2 Autoclave

A auto-clave é um compartimento de aço inoxidável que é abastecido

por vapor d’água superaquecido (fornecido por uma caldeira a lenha ou

resistências elétricas, por exemplo) e resistente à pressão, fazendo com que a

temperatura interna chegue à 120 ºC. Esta possui 2 portas, ficando uma

voltada para o ambiente externo e outra voltada para a sala limpa. Somente se

abre uma das portas quando a outra estiver fechada, para evitar a

contaminação da sala limpa.

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5.5.3 Sala Limpa

A sala limpa é a sala de inoculação descrita acima, onde após o

período de esterilização, deve-se esperar a temperatura e pressão na auto-

clave reduzir a valores seguros para abrir a porta e retirar os sacos. Estes

devem ficar estocados nesta sala aguardando chegar à temperatura ideal para

começar o trabalho de inoculação. Neste período, pode-se auto-clavar outro

lote de sacos para dar continuidade à produção de substratos estéreis. Ao

manusear os sacos após a inoculação, deve-se ter o cuidado de não apertar o

saco e com isso expulsar parte do ar nele contido, pois este saco depois irá

recuperar o ar, mas poderá não estar mais numa sala estéril. Após inoculados,

estes sacos serão organizados em caixas de grades e estas transferidas para

a ambiente de colonização.

5.5.4 Ambiente de colonização

Neste ambiente, já previamente desinfetado, colocam-se os sacos de

substratos organizados em prateleiras ou empilhando as caixas de grades.

Este ambiente deverá ter as condições já descritas anteriormente. Os sacos de

substratos lá permanecerão até ficarem totalmente colonizados

5.5.5 Tanque de Indução

Os substratos colonizados deverão ser colocados organizados em

camadas, até preencherem 2/3 da altura do tanque, depois se coloca um grade

sobre eles que será amarrada ao fundo do tanque, para que estes não flutuem

quando o tanque for preenchido com água.

5.5.6 Ambiente de Frutificação

Os substratos deverão ser transferidos para este ambiente, cujas

condições ambientais já foram descritas anteriormente, e colocados sobre

estrados, aguardando a frutificação, que deverá ter inicio de 3 a 5 dias após a

indução

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5.6 Restrição de Produção (“Gargalo”)

Analisando sob a ótica de melhor aproveitamento das horas dos

funcionários temos que considerar o seguinte:

O processo de esterilização por autoclaves demanda 3 períodos

distintos: O primeiro é o tempo de preparação do substrato e arrumação dos

sacos dentro dela. O segundo é o tempo de esterilização, que é o tempo

necessário para que o vapor alcance a todos os sacos e o interior destes

permaneçam por 4 horas a temperatura de 120°C. O terceiro é o tempo

necessário para que a temperatura e pressão internas retornem a valores

seguros para abrir a autoclave e retirar os sacos.

No caso de uma autoclave grande, o primeiro período tendo que ser

obrigatoriamente de 4 a 5 horas no máximo, precisaremos dimensionar uma

turma de funcionários capaz de fazê-lo. No segundo período, precisaremos de

um tempo maior para preencher este volume grande de vapor. Durante este

período e no terceiro, esta turma ficaria sem serviço.

Caso tenhamos 3 autoclaves menores, poderemos com uma turma

menor de funcionários preencher a primeira autoclave em um tempo menor no

primeiro período. No segundo período, esterilizar em um tempo menor, pois o

volume da autoclave é reduzido, enquanto a equipe de funcionários já está

preparando um novo lote para colocá-lo na segunda autoclave. Quando estiver

mos no terceiro período da primeira autoclave (já estará esfriando), a segunda

autoclave estará esterilizando e a terceira estará sendo preenchida com sacos.

Desta maneira teremos um melhor aproveitamento da mão de obra contratada

e conseqüentemente um menor custo.

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CONCLUSÃO

Os cogumelos são utilizados há muito tempo como alimento e

medicamento, por suas qualidades gastronômicas e terapêuticas.

No passado estes cogumelos eram de difícil acesso, pois eram

colhidos na natureza, nas florestas e em quantidades limitadas.

Os cogumelos também são ótimos para reciclar economicamente

resíduos agrícolas e agroindustriais, o que favorece a recuperação do meio

ambiente.

Fazendo parte do grupo de cogumelos comestíveis mais procurados

para gastronomia, o cogumelo Shiitake além de ser muito nutritivo, saboroso e

com calorias praticamente inexistentes, possui também características

terapêuticas contribuindo de maneira decisiva para o incremento do sistema

imunológico.

O homem passou a criar processos para cultivar estes cogumelos,

tentando reproduzir o processo que acontecia nas florestas, com toras e/ou

compostagens. Estes processos tiveram que ser aprimorados devido a baixa

produtividade, a falta de constancia na produção e a contaminação por outros

fungos competidores.

O “pulo do gato:” nestes processos está na solução de assepsia na

produção de substratos. Conseguindo evitar a contaminação, podendo assim

tornar os substratos mais nutritivos para o cogumelo e assim aumentando a

produtividade.

Com isso o cultivo de Shiitake é mais fácil, sendo possível aumentar a

quantidade cultivada, o que resultaria em uma redução de preço, tornando este

gostoso e nutritivo alimento mais acessivo para a população de baixa renda.

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BIBLIOGRAFIA

ANGELIS et al.,1998. Lentinus edodis (Berk.) Pegler, O cogumelo Shiitake. Disponível em <www.geocities.com/~esabio/cogumelo/lentinusedodis.htm> Acesso em 23/06/09.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

O que são Cogumelos? 10

1.1 Reprodução Sexuada 11

1.2 Reprodução Assexuada ou Vegetativa 11

1.3 Meio de cultura BDA (Batata-Dextrose- Agar) 12

1.4 Universo dos Fungos 12

1.5 Cogumelos Comestíveis 17

1.5.1 Cogumelo Shiitake (Lentinula edodes) 18

CAPÍTULO II

Cogumelos: História do Cultivo 19

2.1 Cogumelos no Brasil 22

CAPÍTULO III

Cogumelos – Sustentabilidade e Recuperação do Meio Ambiente 25

CAPÍTULO IV

Metodos de Cultivo 29

4.1 Ciclo Natural 29

4.2 Cultivo de Shiitake em Toras 30

4.3 Cultivo de Shiitake em Toras Modificada 33

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4.3.1 Câmara úmida 33

4.3.2 Pintura de Cal 34

4.4 Cultivo de Shiitake em Substrato 35

4.4.1 Tratamento térmico Axênico para substrato (substratos

estéreis) 40

4.4.2 Tratamento térmico tipo Pasteurização Severa para

substrato 40

CAPÍTULO V

Laboratório de Cultivo 42

5.1 O Ar 42

5.2 O Filtro 43

5.3 O Sistema de Fluxo Laminar para Sementes 44

5.4 O Sistema de Filtro Absoluto para Sala de Inoculação 45

5.5 Resumo do Processo de Produção 46

5.5.1 Ambiente Externo “sujo” 46

5.5.2 Autoclave 46

5.5.3 Sala Limpa 47

5.5.4 Ambiente de colonização 47

5.5.5 Tanque de Indução 47

5.5.6 Ambiente de Frutificação 47

5.6 Restrição de produção (“Gargalo”) 48

CONCLUSÃO 49

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 50

ÍNDICE 53

FOLHA DE AVALIAÇÃO 55

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

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