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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
ELETRONIC DATA INTERCHANGE (EDI)
FRANCISCO DOS SANTOS SILVA
Matrícula nº: K212953
ORIENTADOR: Prof. JORGE VIEIRA
Rio de Janeiro
JANEIRO 2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
EDI – ELETRONIC DATA INTERCHANGE
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão de Vendas e Negociação.
Por: Francisco dos Santos Silva .
Rio de Janeiro, 2011
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pela força e a todos aqueles que influenciaram diretamente na conclusão desse curso de pós-graduação
4
DEDICATÓRIA
A empresa Task Sistemas, que contribuiu financeiramente para conclusão desse curso.
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SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES..............................................................................................
GLOSSÁRIO.......................................................................................................................
INTRODUÇÃO...................................................................................................................
1 COMPETITIVIDADE.....................................................................................................
1.1 Competitividade: desempenho e eficiência.....................................................................
1.2 A natureza da competição...............................................................................................
1.2.1 Transformando a estrutura setorial..............................................................................
1.2.2 Criando a vantagem competitiva.................................................................................
1.2.3 Disseminando novos negócios.....................................................................................
1.3 O Desenvolvimento tecnológico.....................................................................................
1.4 Tecnologia e competitividade na indústria brasileira.....................................................
2 SISTEMAS DE ERP........................................................................................................
2.1 Definição de ERP...........................................................................................................
2.2 A evolução histórica......................................................................................................
2.3 As características fundamentais....................................................................................
2.4 Potencialidades...............................................................................................................
3 COMPONENTES E APLICAÇÕES DOS SISTEMAS DE ERP......................................
3.1 Componentes................................................................................................................
3.2 Aplicações....................................................................................................................
4 EDI – Electronic Data Interchange..........................................................................
4.1 Benefícios..............................................................................................................
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4.2 Principais fornecedores....................................................................................................
5 ESTUDOS DE CASO........................................................................................................
5 Case...................................................................................................................................
5.1.1 Clientes EDI.................................................................................................................
5.1.2 Clientes não EDI..........................................................................................................
5.1.3 Custos de implementação............................................................................................
5.1.4 Outras variantes...........................................................................................................
CONCLUSÃO.....................................................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - A ameaça de novos entrantes ............................................................................. 21
Figura 2 – Áreas de apoio a decisão..................................................................................... 23
Tabela 1 – Faturamento/Devoluções – Clientes EDI........................................................... 53
Gráfico 1 – Faturamento/Devoluções – Clientes EDI.......................................................... 53
Gráfico 2 – Faturamento/Devoluções – Clientes EDI.......................................................... 54
Tabela 2 - Faturamento/Devoluções – Clientes não EDI..................................................... 54
Gráfico 3 – Faturamento/Devoluções – Clientes não EDI................................................... 56
Gráfico 4 – Faturamento/Devoluções – Clientes não EDI................................................... 56
Gráfico 5 – Custo Mensal por Cliente EDI.......................................................................... 57
Gráfico 6 – Custo de Implementação de Novo Cliente EDI................................................ 58
8 GLOSSÁRIO
Comércio eletrônico – Vide EDI.
Customização – Forma de atender as necessidades da companhia, com o desenvolvimento de
programas que sirvam de forma mais eficiente às suas necessidades.
CEO – Abreviatura inglesa que corresponde a Chief Executive Officer, ou como Gerente
Executivo.
Bug do milênio – nome dado aos problemas relacionados ao quesito data, no que relacionado
ao ano 2000, uma vez que muitos computadores somente exibiam as duas últimas casas do
ano, fazendo então que o ano 2000 se tornasse ano 00.
Business Inteligence – Sistema de informações gerenciais, auxiliares na tomada de decisão.
Chão-de-fábrica – termo utilizado para determinar o processo de produção, quando do fabrico
do produto, a nível de produção.
Dados – Conjunto de informações, em qualquer sistema computacional.
Data Warehousing – Sistema de armazenamento e compilação de informações, para propiciar
um melhor conhecimento e análise de informações.
E-business – Forma de comércio, que ocorre por meio da internet.
9
EAN - Trata-se de um código de barras linear alfa-numérico, que através de um identificador
de simbologia exclusivo, permite o reconhecimento pelos sistemas informatizados do
conteúdo de dados, nele representado.
UCC – Veja EAN.
Download – Recebimento ou, como é mais conhecida, a baixa de arquivos, via internet.
EDI – Eletronic Data Interchange – Troca eletrônica de dados – Forma de intercâmbio de
informações que procura agilizar o processo, diminuindo a ocorrência de erros.
FTP – Sigla de “File Transfer Protocol”, ou Protocolo de Transferência de Arquivos.
ERP – Abreviatura de “Enterprise Resource Planning”, ou Sistemas de Gestão Empresarial.
Hardware – Parte física de um equipamento, visível e tátil.
Internet – Rede mundial de computadores, também conhecida como “www” ( Word Wide
Web ) .
Intranet – Rede de computadores, desta forma, limitada aos domínios de uma companhia.
Just-In-Time – Técnica de gestão de estoques, que procura principalmente, propiciar a
redução nos estoques existentes.
Kanban – Técnica de gestão de materiais, que procura propiciar a redução nos estoques da
companhia, através da forte interação entre cliente e fornecedor.
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Mainframes – computadores de grande porte, geralmente utilizados por companhias de maior
porte.
Software – Parte lógica de um sistema, não palpável.
Supply Chain Management – Conjunto de técnicas, para um ressuprimento de materiais mais
eficaz.
TI – Abreviatura de “Tecnologia da Informação”.
Upgrades – Termo técnico de designa as atualizações em termos de hardware e/ou software.
Upload – Forma de envio e/ou transferência de arquivos, através da internet.
Vídeo-conferência – Forma de realizar reuniões ou encontros, entre pessoas em localidades
diferentes, utilizando os recursos de internet, por exemplo.
Web EDI – Variante do EDI, utilizada geralmente por companhias com pequeno
envolvimento tecnológico.
WWW – Abreviatura comumente utilizada para referenciar-se a internet.
11 INTRODUÇÃO
Na era da centralização e globalização, ou mundialização, como alguns preferem
assim denominar, é inegável a suma importância que o fator “competitividade” tem, para o
meio econômico. É esta “competitividade” que nos impõe o acirramento nas batalhas
produtivas e de mercado, levando-nos a obrigatoriedade do desenvolvimento e crescimento
contínuo, a obtenção do melhor resultado, levando-nos à melhor das conseqüências, a
lucratividade.
Atualmente, a praticamente obrigatoriedade no atendimento dos mais diversos
“desejos” do consumidor, tem levado as corporações a um processo contínuo de inovações, e
também a serem mais flexíveis, objetivando a produção de uma gama maior de produtos e
variantes, preferencialmente com o mesmo parque fabril, associada a obtenção da máxima
organização, aliada ao gerenciamento do valor humano e do planejamento de sua produção.
Estas necessidades ou obrigatoriedades, fizeram surgir novos métodos de controle, tais
como o Kanban e o Just-In-Time. Entretanto, a nova revolução industrial veio incorporar aos
processos, uma nova ferramenta, o ERP ( Enterprise Resource Planning ).
Em um primeiro patamar de gestão, as companhias visam a administração de seus processos e
recursos, buscando a integração de informações relativas às áreas de materiais, manufatura,
serviços, finanças e recursos humanos, entre outras. Este é o que podemos chamar de patamar
de Gestão Empresarial, onde estão os sistemas de ERP.
Sistemas deste porte, atualmente em sua grande maioria concentram e permitem
controlar outras ferramentas, tais como a automação, a robótica e, em muitos casos, até a
inteligência artificial. Da mesma forma, podem estar relacionados a aplicações
complementares como Data Warehousing, Business Inteligence (BI), Supply Chain
12 Management (SCM) e Customer Relationship Management (CRM) e E-business (comércio
eletrônico via internet).
Em uma primeira abordagem, esta pesquisa tem como objetivo, ilustrar a base
conceitual da competitividade, baseado em autores conceituados, demonstrando como a
competitividade pode ser conceituada e interpretada ante aos Sistemas de ERP.
No segundo capítulo, descreve-se a histórica dos sistemas de ERP, explanando suas
concepções e seu desenvolvimento ao longo do tempo identificando também as necessárias e
inevitáveis atualizações de sistemas de ERP , para o desenvolvimento contínuo do produto.
No terceiro capítulo estão referenciadas, as razões que levam companhias a
implementação de ERP’s, alguns dos pontos comumente associados a vantagens e
desvantagens, e fatores que podem contribuir para o sucesso de uma implementação deste
porte.
No quarto capítulo, esta pesquisa procura demonstrar, a viabilidade da implementação
de um sistema de ERP, sob o ponto de vista econômico. Destacam-se os principais ônus e, as
possíveis estratégias adotadas, através do retorno de informação, para o aumento da
“competitividade ”.
O quarto capítulo aborda o conceito de “informação”, pois o mundo vive a era da
informação, a fase do desenvolvimento industrial terminou e a informação está alheia a
diferenciais de cultura, credo, etimologia. Deter o conhecimento e, tomar atitudes certeiras
são fundamentais. A tomada da decisão correta, no tempo certo pela companhia, poderá torná-
la se não mais competitiva, pelo menos voltar a ser. Possuir ferramentas que lhe propiciem
deter a informação de forma ágil e fiel é fator determinante.
O quinto capítulo, para sustentar estas afirmações, demonstra um “case” de sucesso na
implementação de um sistema de ERP. A pesquisa procura relatar o comportamento obtido,
sob a ótica comercial, do volume transacionado, junto a clientes que incorporaram o conceito
de EDI, este, parte integrante de um sistema de ERP. Procura demonstrar, através da obtenção
13 de percentuais relacionados ao comportamento de vendas, do incremento, manutenção ou
decréscimo de volume. Em suma, é viável , ante ao aspecto econômico, ao empreendedor a
adoção desta tecnologia como diferencial competitivo?
É possível valorar alguns pontos específicos, apesar da complexidade de mensuração,
quanto a satisfação do cliente, a fidelidade ao seu produto e a sua marca.
ERP’s e tecnologia da informação andam de mãos dadas, e discorrer sobre estes
assuntos, remete a utilização de termos técnicos. Desta forma, um glossário é encontrado ao
término desta, como complemento explicativo aos leitores menos familiarizados com os
jargões e terminologias dos sistemas de ERP e da tecnologia da informação.
14
1 COMPETITIVIDADE
1.1 Competitividade: desempenho e eficiência
Dentro de um cenário de alta competitividade e sem fronteiras em que vivemos, é
fundamental que as empresas se diferenciem para conquistar, manter e incrementar
sobremaneira, sua carteira de clientes. É longínquo o tempo em que bastava ter um bom
produto, ou então, uma excelente equipe profissional para se estabelecer e crescer em um
mercado de poucos competidores. Para que a empresa se diferencie é preciso que ela se
comunique de forma afinada com seu público-alvo, posicionando-se de forma clara e distinta.
De uma forma geral, percebe-se que, no mercado de TI - Tecnologia da Informação, as
empresas preocupam-se mais em anunciar seus produtos (a clássica visão “de dentro para
fora”), do que entender as necessidades dos clientes (“de fora para dentro”) e relacioná-las
com sua oferta.
Segundo Porter (1999),
À medida que a tecnologia da informação consome uma parcela consome uma
parcela crescente de seu tempo e investimentos, os executivos se tornam cada
vez mais conscientes de que a questão não pode permanecer sob a responsabilidade
exclusiva de PED (processamento de dados) ou de SI (sistemas
de informação). Ao perceberem que os rivais estão utilizando a informação para
desenvolver a vantagem competitiva, eles reconhecem a necessidade de se
envolverem diretamente na gestão da nova tecnologia.
15 Para que o mercado escolha seu produto é fundamental que ele se identifique com sua
oferta, reconhecendo os “conceitos” que endereçam suas necessidades. O mercado não
compra mais tecnologia por tecnologia, é preciso entender suas necessidades ou “dores” e
comunicar como seu produto incorpora ou atende a essas necessidades.
Da mesma forma, para que possa-se propiciar leitura a respeito da competitividade em
sistemas de ERP ou sistemas de gestão, faz sumariamente necessário, relacionar algumas
idéias e conceitos a respeito de competitividade.
A competitividade pode, em uma primeira análise ser definida como a capacidade que
uma companhia possui em formular e implementar estratégias de concorrência, que
possibilitem incrementar e conservar, de forma sustentável e permanente, seu produto no seu
mercado de atuação. É lógico que, cada companhia possui seus próprios conceitos, a fim de
dimensionar seu poder competitivo. Segundo Ferraz et al (1995), dois conceitos devem ser
destacados:
1) Desempenho: é a competitividade efetivamente exposta, através da participação da
companhia em seu mercado, e pode ser obtida através da leitura de vários
indicadores. Para que uma companhia possa obter bons resultados é necessário que
detenha ótimos produtos, preços mais acessíveis, uma excelente estratégia de
marketing entre outros fatores. Atualmente, podemos nos atrever a dizer que
“qualidade” não é mais um diferencial e sim, uma obrigação. Terá mais chances de
sucesso em seu mercado, aquele que oferecer um diferencial significativo e souber
antever as necessidades de seu público consumidor.
2) Eficiência: é a relação entre os recursos que deveriam ser consumidor e os recursos
realmente consumidos. O conceito de eficiência e eficácia não
devem ser confundidos, pois eficácia, é a relação entre os resultados desejados em
comparação aos resultados obtidos ou realizados.
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Conforme Silveira Neto (2004),
... é possível alguém ser eficiente sem ser eficaz.Exemplificando, um médico
que realiza com sucesso uma cirurgia de extração do rim esquerdo de um
paciente teria sido eficiente, mas não teria sido eficaz se o rim a ser retirado
fosse o direito. Da mesma maneira, produtividade, isoladamente, é um critério
que pode confundir e até mascarar o desempenho.
Existem autores de best-sellers que são altamente produtivos, mas sua obra é fraca e
questionável se analisada sob o critério da qualidade. É possível argumentar que o escritor
atingiu os requisitos a que se propôs, mas quem julga qualidade é quem consome. Assim,
quem é menos exigente, isto é, tem requisitos mais modestos, pode achar o escritor bom,
enquanto este mesmo escritor é julgado fraco ou sofrível por quem é mais exigente na
definição de seus requisitos e expectativas com a obra.
Que critérios utilizar para a realização de um bom trabalho? É melhor ser mais eficaz,
ou eficiência com qualidade é mais correto?
Todos os critérios são importantes, mas o que mais importa realmente é conhecer,
determinar e oferecer com seus produtos e serviços aquilo que atinja o grau de exigência e
satisfação do seu consumidor, cliente ou usuário. De nada adianta oferecer o mais eficiente
serviço de que se tem notícia, se para tanto os recursos despendidos foram de tal ordem que
inviabilizam a rentabilidade como um todo. Também ser apenas super-produtivo não diz nada
por si só, se o que é produzido não apresenta uma qualidade aceitável.
As áreas de tecnologia tem sido eficazes como um todo, mas sua eficiência e
produtividade podem melhorar. Mais preocupados em produzir resultados do que avaliar
despesas, conflitos e problemas inter-pessoais criados durante a busca desses resultados, a
qualificação gerencial do corpo dirigente nas áreas tecnológicas precisa melhorar, pois há
outros critérios cujo peso influiu fortemente entre os profissionais, como qualidade de vida no
17 trabalho, oportunidade e consideração pessoal. E também há critérios que as empresas e
organizações estão cobrando cada vez mais, como rentabilidade e qualidade.
Muitos tem pensado que o Japão cresceu por ter desenvolvido sua capacidade de
produzir. Isto é apenas parte do esforço japonês, pois o Japão não se preparou apenas para ser
produtivo, mas mais do que isso: preparou-se para ser competitivo. E isto engloba a utilização
de todos os critérios em conjunto, pensando também nos competidores e nos consumidores.
O conceito de eficiência trás consigo outros elementos necessários ao seu
entendimento, considerados de competência empresarial: gestão, inovação, produção e
recursos humanos.
2.1) Gestão: neste quesito são inclusas as típicas tarefas administrativas relacionadas
aos empreendimentos, do seu planejamento estratégico ao suporte à tomada de
decisões.
2.2) Inovação: este quesito compreende o esforço na pesquisa e desenvolvimento de
novos processos, tecnologias e produtos. Este esforço pode estar concentrado
internamente e/ou externamente, através da aquisição ou intercâmbio de
conhecimento tecnológico.
2.3) Produção: este conceito, leva ao conjunto de recursos da atividade manufatureira,
podendo contemplar equipamentos e/ou instalações, bem como os métodos de
organização e todo seu controle de qualidade.
2.4) Recursos Humanos: compreende todo um conjunto que caracteriza as relações
humanas de trabalho, nos mais diversos fatores que influenciam a
competitividade, como a produtividade, qualificação e flexibilidade da mão-de-
obra.
18 De uma maneira mais simplista, poderíamos classificar uma companhia com um maior
grau de capacitação, como mais competitiva. Entretanto, sob uma ótica mais precisa, podemos
dizer que a capacitação é a somatória dos mais diversos recursos disponíveis, sejam eles
produtivos, humanos ou tecnológicos. Entretanto, é fato que, dificilmente, uma companhia
apresenta capacitações homogêneas em todos estes tipos de recursos.
É sabido que os recursos financeiros são finitos, as técnicas de gestão precisam ser
constantemente aprimoradas, os recursos produtivos constantemente renovados, e os esforços
em recursos humanos, constantemente aprimorados, renovados e motivados, para que não se
apresentem limitados.
1.2 A natureza da competição
Conforme Porter (1999),
... a tecnologia da informação está alterando as regras de competição de três
formas diferentes. Em um primeiro momento, os avanços acabam por alterar a
estrutura setorial. Em segundo momento, a tecnologia da informação pode ser
utilizada como alavanca das empresas para criar vantagem competitiva. E, em
última instância, a tecnologia da informação está possibilitando a disseminação de
negócios completamente novos.
19 1.2.1 Transformando a estrutura setorial
A estrutura de muitos setores, incorporam cinco forças competitivas que determinam,
como um todo, a rentabilidade do setor em questão: o poder dos compradores, o poder dos
fornecedores, a ameaça de novos entrantes, a ameaça de produtos substitutos e a rivalidade
entre os atuais concorrentes ( ver figura 1 ). O poder de influência de cada um destes fatores
pode variar de setor para setor, bem como cada uma delas é suscetível a alterações,
aumentando ou diminuindo a atratividade do setor. Da mesma forma, a tecnologia da
informação possibilita alterar cada uma destas cinco forças competitivas. Exemplificando:
1) A tecnologia aumenta o poder dos compradores em setores de montagem de
componentes adquiridos. O rápido processamento no faturamento e a
disponibilidade de arquivos com preços de venda, propiciam a possibilidade de
agilidade no processo avaliativo pelos compradores.
2) A exigência de volumes maiores em investimentos em softwares, elevou as
barreiras de entrada. A utilização de softwares cada vez mais complexos, tem
acabado por possibilitar um maior poder competitivo a algumas empresas. A
incapacidade de aquisição destes mesmos meios, acaba por criar barreiras a
eventuais concorrentes, bem como quanto a entrada de produtos ou serviços
substitutos.
3) A automatização nos processos de recebimentos de pedidos e seu conseqüente
faturamento ao cliente, aumentou a rivalidade no que se refere ao plano logístico. O
resultado é o acirramento da luta dos distribuidores logísticos por um volume maior
de produtos. Esta evolução pode se enquadrar na força competitiva nominada
“Rivalidade entre os atuais concorrentes”.
20 Figura 1 – A ameaça de novos entrantes
Ameaça de novos entrantes
Poder de negociação de Poder de negociação de
fornecedores compradores
Rivalidade entre os atuais
Concorrentes
Ameaça de produtos ou
serviços substitutos
Fonte: Porter, 1999
1.2.2 Criando a vantagem competitiva
A tecnologia da informação vem exercendo poderosos efeitos em relação a vantagem
competitiva das companhias, tanto a nível de custo, como na acentuação da diferenciação de
seus produtos e/ou serviços. A implementação de sistemas de ERP tem afetado o próprio
valor de suas atividades, possibilitando que as empresas passem a usufruir de vantagens
competitivas, também através da diferenciação de preços.
21 Em relação a seus custos, os sistemas de ERP possibilitam um acompanhamento mais
apurado de todos os seus custos, sejam eles produtivos, administrativos, comerciais ou
financeiros.
O acompanhamento apurado dos processos de compra, através da viabilidade de
consulta a preços de uma gama cada vez maior de fornecedores, possibilita a escolha do
melhor preço, aliado a possibilidade de avaliação qualitativa do material ou insumo oferecido
pelo(s) fornecedor(es). Aliado a este processo, todo o processo produtivo sofre avaliação mais
apurada, quando torna-se possível quantificar o volume produzido, o tempo despendido por
cada operação e/ou produto, o número de horas de re-trabalho e, conseqüentemente, o numero
de horas homem/máquina despendidos.
Comercialmente, sistemas de ERP propiciam também o conhecimento do desempenho
de seu portfólio de produtos, elevando-as a nível de grupo, como também, torna possível o
acompanhamento de seus produtos a nível de país, região, sub-região, cidades, representantes
e vendedores. Possibilita avaliar o desempenho de setores como telemarketing e exportações,
da mesma forma.
O setor logístico sofre avaliação contínua, ante a acuracidade dos transportadores, seus
prazos de entrega, bem como o nível na qualidade dos produtos entregues.
Financeiramente, é possível um acompanhamento mais apurado do processo de
recebimento, avaliando-se os prazos médios de recebimento, o prazo médio de atraso, o
volume de inadimplência, etc.
De conhecimento do planejamento produtivo, das necessidades de consumo, de seus
custos fixos e sua carteira de títulos, é possível a elaboração de fluxos de caixa, ferramenta
que pode auxiliar de forma significativa o gerenciamento financeiro da companhia.
22 Figura 2 – Áreas de apoio a decisão
Fonte: CEL – Centro de Estudos Logísticos ( 2004 )
1.2.3 Disseminando novos negócios
A tecnologia da informação, aliada aos sistemas de ERP, tem dado origem a setores
completamente novos, podendo, viabilizar novos negócios, difundir novos negócios, ou ainda,
criando novos negócios.
Ante a possibilidade de viabilização de novos negócios, pode-se citar a possibilidade
de envio e recebimento de pedidos de cotação e recebimento de confirmação destes pedidos
de cotação, através de serviços de e-mail. Ou ainda, a possibilidade de envio de mala-direta a
determinado número de clientes ou prospects, de forma mais ágil e segura.
A difusão de novos negócios, aliada aos sistemas de ERP, resultou também nos
23 procedimentos de troca eletrônica de dados. Serviços nos quais, computadores em diferentes
localidades trocam arquivos entre si, vieram oferecer maior eficiência na troca de informações
entre clientes e fornecedores, por exemplo. Processos como este, propiciam que pedidos de
compra venham a ser atendidos pelo fornecedor em questão, em prazos de poucas horas. Esta
possibilidade, leva o cliente a manutenção de estoques cada vez menores e,
conseqüentemente, custos de armazenamento e necessidade de capital de giro também
reduzidos.
Ainda, a aliança entre a tecnologia da informação e sistemas de ERP tem propiciado a
criação de novos negócios. Empresas especializadas no tratamento de informações de seus
clientes, oferecem recursos de sistema para o gerenciamento e armazenamento de
informações. É uma alternativa a companhias que optam pelo não investimento generalizado
em todo o equipamento e softwares necessários ao desempenho de suas atividades, e optam
por locar serviços de terceiros. Aliado a este processo, a locação de formas de comunicação
entre estas duas partes ( aqui, cliente e fornecedor ), acompanha o processo, tornando-se mais
um produto oferecido.
Segundo Porter (1999),
A relevância da revolução da informação não é algo questionável. A pergunta não
é se a tecnologia da informação exercerá um impacto expressivo sobre a
posição competitiva da empresa; ao contrário; a dúvida é quando e como
ocorrerá o choque. As empresas que anteciparem o poder da tecnologia da
informação estarão no controle os eventos. Aquelas que não responderem aos
desafios serão forçadas a aceitas as mudanças impostas pelas demais e se
encontrarão em desvantagem competitiva.
24 1.3 O desenvolvimento tecnológico
O tema “desenvolvimento tecnológico” está, invariavelmente, presente na análise da
economia industrial, tomando a atenção de estudiosos sobre a conceituação de um padrão de
política industrial, que possa conduzir as companhias a uma constante evolução em sua
competitividade, através do progresso tecnológico. A busca da modernização tecnológica pela
sociedade, no caminho de seu desenvolvimento, passa pela conscientização dos aspectos
qualitativos específicos de recursos humanos e de suas possibilidades de ajustamento a novas
técnicas, em um curto espaço de tempo.
Segundo Kon (1999),
A introdução da inovação tecnológica pelas empresas por um lado está
sujeita aos próprios objetivos do desenvolvimento, aos recursos que dispõem,
à natureza do mercado em que operam, ao conhecimento das opções
tecnológicas disponíveis e à situação político- econômica do país em que estão
sediadas. No entanto, por outro lado, a escolha da tecnologia
apropriada a essas condições e do ritmo das inovações prendem-se
também a capacidade da força de trabalho existente de ajustar-se aos novos
requisitos de capacitação advindos da introdução, técnicas inovadas.
Para entender as implicações do progresso tecnológico sobre as companhias
industriais, é necessários definir-se alguns conceitos e critérios a respeito da criação de novos
produtos, tais como: invenção, inovação, imitação, mudanças autônomas, mudanças
induzidas, progresso técnico, oportunidades tecnológicas e avaliação de resultados, as quais,
descrimino a seguir:
1) Invenção: é a criação de uma nova idéia, através da percepção de uma nova
imagem. Pode, tratar-se desde conceitos científicos básicos até a procedimentos
estritamente práticos.
25 2) Inovação: consiste em transformar a idéia em aplicação prática. As inovações
podem dividir-se em inovações de processos ou de produtos. No primeiro caso,
enquadram-se aquelas que consistem em alterações do processo produtivo, como
por exemplo, alterações no processo de embalagem do produto, e, as inovações de
produtos, consistem na alteração das características do produto, como por
exemplo, a criação de um veículo motivo a uma forma alternativa de combustível
em detrimento ao combustível tradicionalmente utilizado.
3) Imitação: este fenômeno ocorre quando a inovação é copiada de outros. Embora
tratando-se geralmente de um ato mais seguro, geralmente em implica em menores
resultados, uma vez que, em tratando-se de cópia, sua inovação somente chegará
ao mercado, quando já o for de conhecimento público, ante a utilização por um
eventual concorrente.
4) Mudanças autônomas: são as alterações nos processos, ocorridas naturalmente, a
partir do fluxo de conhecimento e de tecnologia. Mudanças em um processo
produtivo, podem acarretar outras mudanças em áreas afins. Como por exemplo, a
descoberta de novos tipos de polipropileno, acabam por possibilitar novas
utilizações ao plástico, bem como possibilita maior reciclagem.
2) Mudanças induzidas: são as mudanças que ocorrem com a intenção de geração de
resultados ( lucros ), desde que, sem este estímulo, aconteceriam posteriormente,
ou então, poderiam acabar por não acontecer. Pode-se citar aqui, exemplificando-
se, os grupos formados em algumas companhias, com o objetivo específico de
melhora de processos. Nestes casos, estes grupos “braim storm” ou “chuva de
idéias”, são formados por colaboradores de várias áreas da companhia, fazendo
com que, o conhecimento compartilhado dos problemas de cada área, seja
discutida por todos, com a finalidade de encontrar-se soluções que atendam ao
proponente, sem afetar outras áreas.
26 6) Progresso técnico: é o aumento na relação produto/insumos. Geralmente, as
tendências da produtividade do trabalho são utilizadas como indicadores do
progresso tecnológico; no entanto, há de se considerar que apenas um indicador
pode-se mostrar ineficiente para representar este fenômeno.
7) Oportunidades tecnológicas: estas, consistem na conjuntura favorável, para que
determinadas inovações sejam colocadas em prática. Nas últimas quatro décadas (
a partir de 1960, aproximadamente ), grandes oportunidades tecnológicas
desenvolveram-se na área de TI. A tarefa de estimar estas oportunidades é difícil e
sofisticada, com um certo grau de incerteza e suposições. Entretanto, muitas
oportunidades podem mostrar-se nulas, ou até mesmo mostrarem-se inviáveis, com
o transcorrer do tempo. ( Maiores detalhes podem ser conhecidos no capítulo 4 ).
8) Avaliação de resultados: o comparativo dos benefícios tangíveis mostrados através
da evolução tecnológica, com o que seria esperado, é o que compreende a
“avaliação de resultados”. Comumente, é efetuada, pela comparação dos ganhos de
produtividade pelos custos envolvidos, considerando-se o abandono de um
processo a favor de outro. É necessário também, considerar-se os avanços que
ocorreriam de qualquer forma no processo, visando não superestimar o resultado.
O desenvolvimento de novas tecnologias tem sido, no transcorrer da evolução da
sociedade, agente relevante que conduz ao incremento de oportunidades de combinações de
recursos materiais e humanos. O constante crescimento populacional, em quase sua
totalidade, resulta na necessidade de aumento da produtividade e, ainda mais, na maior
eficiência na utilização dos recursos, fato este, também possibilitado pela inovação
tecnológica. Esta inovação tecnológica, como conseqüência, pode deixar observar reflexos
consideráveis no caráter e na natureza do trabalho, que podem se manifestar pela crescente
27 diversidade nas ocupações do sistema econômico. Estas conseqüências, podem ser sentidas
em maior ou menor grau de extensão, que estas inovações tecnológicas envolvam todo um
processo ou sistema de produção, ou então, mesmo que esta atividade limite-se a fases do
processo produtivo. Estes reflexos, serão ainda de maior impacto, caso ocorrem com maior
rapidez ou venham a exigir um período de tempo maior para sua caracterização.
Isto posto, podemos afirmar que a incorporação de inovações tecnológicas, por
pessoas públicas ou privadas, implica na escolha entre diferentes possibilidades tecnológicas,
que demonstrarão seus reflexos na absorção de maior ou menor quantidade do fator de
trabalho, de diferentes níveis de capacitação profissional, e que, determinará, a estruturação
das ocupações de forma adaptada aos processos produtivos escolhidos.
Segundo Porter (1999), a revolução tecnológica está afetando a competição de três
maneiras:
a) Proporcionando alterações na estrutura setorial, alterando conseqüentemente as
regras da competição;
b) Gerando vantagem competitiva ao proporcionar às empresas modos de superar o
desempenho dos concorrentes e
c) Possibilita a disseminação de negócios inteiramente novos.
As companhias elegem suas tecnologias, tendo em vista seu desenvolvimento
econômico, tomando em conta seus próprios objetivos, considerando-se os recursos em seu
poder, a natureza de mercado em que se encontram inseridas e, o conhecimento das opções
tecnológicas disponíveis.
Segundo Kon (1999),
As novas tecnologias, introduzidas recentemente nas últimas décadas nas
sociedades desenvolvidas e que recentemente vem se aplicando para os países em
desenvolvimento, referem-se principalmente à microeletrônica, à informática, à
28 biotecnologia e à tecnologia dos materiais. Observam-se transformações
econômicas e sociais relevantes em todos os níveis operacionais em que se
difundem, embora o ritmo de difusão e os impactos sobre a divisão do
trabalho nas nações menos avançadas ainda sejam incipientes.
De qualquer forma, o constante desenvolvimento apresentado no meio tecnológico
acarreta alterações na capacidade produtiva da economia, bem como na participação dos mais
diferentes fatores produtivos. Assim, os conhecimentos técnicos atualizados, possibilitam a
formação de novos capitais, a modificação na organização empresarial e na habilidade dos
recursos humanos.
Ainda segundo Kon (1999), “A capacidade da sociedade ter benefícios com essas
mudanças decorre da forma pela qual consegue se ajustar à redistribuição desses
fatores de produção, e modo que a demanda global se ajuste à expansão do potencial
econômico.”
1.4 Tecnologia e competitividade na economia brasileira
O fator tecnológico tornou-se fator essencial a qualquer economia neste mundo
globalizado, na medida em que companhias tem nele um de seus elementos mais importantes
para a competitividade, em um mercado cada vez mais globalizado, e portanto, exposto à
feroz concorrência. A idéia central, por assim dizer, é que as companhias se valem das
inovações tecnológicas para garantir e/ou estabelecer vantagens competitivas em suas ações
de mercado. Desta forma, na luta concorrencial, não comparecem somente as questões de
custos e eficiência produtiva, mas, e principalmente, a busca de diferenciação ao longo do
tempo. Nesta trajetória, as companhias contam como sua melhor arma: a capacidade de
29
inovação em seus processos, produtos e/ou métodos gerenciais e administrativos. O
conhecimento, a tecnologia, desta forma, são reconhecidos como fator superior para o
estabelecimento de vantagens sustentadas de competitividade.
A tecnologia, entretanto, é um fator muito especial. As dificuldades de definição,
classificação, e, principalmente, mensuração, são muito grandes. A tecnologia está
significativamente associada aos próprio conhecimento, que é matéria constituída em grande
parte por elementos intangíveis. Tecnologia, poderia também, em outro contexto, ser
identificada como o conhecimento aplicado pelas companhias na produção e comercialização
de produtos no mercado. Trata-se de uma definição um tanto quanto restritiva, uma vez que o
universo do domínio técnico, e portanto, da ciência e da tecnologia são muito mais amplos,
envolvendo áreas diversas e fundamentais que estão fora do domínio de mercado e das
companhias, como por exemplo de domínio público, ou do domínio individual ou privado.
Mais ainda, o desenvolvimento tecnológico requer longo prazo, seja para a implementação de
uma inovação tecnicamente possível, seja porque um produto ou processo pode observar
contínuos aperfeiçoamentos durante um período de tempo muito longo, assim também
chamadas de “inovações incrementais”.
Tecnologia não deve ser reduzida somente a bens de capital, bem como o
desenvolvimento tecnológico também não deve ser reduzido somente à introdução de meios
de produção mais avançados. O denominado “avanço técnico”, logicamente, pode estar
presente no investimento em capital fixo, bem como, também em outras formas menos
tangíveis, como o aprendizado e constante treinamento, em novas estruturas de organização, e
porque não dizer, até em certas mudanças comportamentais.
A velocidade e intensidade das transformações mundiais nas últimas décadas foi
esmagadora. As alterações provocadas pelo fim do comunismo na Europa Oriental, pela
30 velocidade espantosa das inovações técnicas e científicas, pelo aprofundamento acelerado da
internacionalização dos mercados e das atividades produtivas, particularmente dos mercados
financeiros, a estagnação, e mesmo a recessão, em várias partes do mundo, modificaram a
forma com que as nações olham o seu desenvolvimento e sua inserção na economia mundial.
Dada a importância que o desenvolvimento tecnológico tem para o desenvolvimento
econômico, sua importância para a competitividade das companhias, as possibilidades de
uma assim chamada “inserção positiva” do país no cenário mundial, vai depender muito de
sua capacidade de produzir e incorporar continuamente tecnologias mais avançadas em todo o
seu parque produtivo.
O Brasil chegou ao fim da década de 70, quando este processo passou a ser deflagrado
com intensidade dominante, sendo considerado um dos países que apresentava a maior taxa
de crescimento econômico desde a Segunda Guerra Mundial, dotando-se então de uma
indústria fortíssima, diversificada e moderna. Tempos áureos, do famoso ditado “cinqüenta
anos em cinco”. Atualmente, entretanto, encontramo-nos em uma encruzilhada, a medida em
que o modelo anterior se esgotou e mundo econômico-financeiro, mudou. Segue-se um
caminho, constantemente adaptativo, de extrema valorização dos mecanismos de mercado, de
aberturas ocasionadas pelo crescente comércio exterior, bem como da diminuição gradativa,
da setor público na economia e na sociedade. Basta-nos recordar, há tempos não muito
distantes, do processo, um tanto quanto conturbado, de venda de muitas das estatais
brasileiras. Ao mesmo tempo, propõe-se um novo modelo de inserção no cenário globalizado,
o de inserção competitiva nos mercados internacionais.
O panorama econômico brasileiro sofreu transformações radicais após o processo de
abertura econômica; em função da privatização de empresas estatais e de serviços públicos; a
constante desregulamentação ou flexibilidade de processos e mercados; as mudanças na
estrutura organizacional, que acabaram por levar parcela significativa da população ao
31 desemprego; à modernização produtiva e gerencial; as incorporações e fusões aceleradas e,
por fim, a redução na capacidade de atuação do estado, que se manifesta principalmente e em
grande parte, na crise fiscal.
Segundo Costa e Arruda (1999),
... a constituição de uma estrutura industrial razoavelmente diversificada
e contemporânea, resultado do extraordinário crescimento industrial
observado até a crise dos anos 80, logrou trazer consigo também problemas.
Destes, o primeiro diz respeito a competitividade da indústria brasileira.
Ao longo do período compreendido entre as décadas de 50 e final da década de 70, a
fundamental preocupação dos responsáveis pelas estratégias das companhias era
principalmente, o investimento e aquisição de conhecimento necessário a utilização dos
equipamentos industriais utilizados na transformação dos insumos em produtos finais. A
finalidade primordial era produção, a qualquer custo. Outras questões, relacionadas a
qualidade, eficiência produtiva, inovações de produto ou processos, estavam relegadas a um
segundo plano. Durante este período, pode-se dizer que o progresso técnico ocorreu,
principalmente, ante a aquisição de bens de capital, e que o esforço tecnológico despendido
deteve-se, principalmente, na engenharia de processo e de produto.
A partir da década de 80, profundas mudanças puderam ser vistas no cenário
econômico mundial. De um lado, transformações constantes nos processos produtivos, com a
introdução de novas tecnologias, principalmente as que se baseiam em microeletrônica. É
neste mesmo momento que a indústria brasileira passa a viver um de seus maiores momentos
de crise, resultado de um desajuste de seu modelo de crescimento, frente a nova conjuntura
mundial. Conforme afirma Lídia Goldenstein: (citada em “Em busca do Futuro:
Competitividade no Brasil: COSTA; CARLOS, 1999, p. 205) “O contraponto entre o
dinamismo das transformações que ocorreram no âmbito internacional e as dificuldades
brasileiras é gritante, principalmente, por serem fases de um mesmo processo”.
32 É neste cenário que o SNCT – Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia, em sua
proposta, trazia expectativas de uma política setorial “tecnologicamente autônoma”. A
política de informática passava então, não a buscar somente a internacionalização de técnicas,
mas o efetivo domínio de uma tecnologia contemporânea. Desta forma, esta entidade, em
conjunto com a SEI – Secretaria Especial da Informação ( à época vinculada diretamente ao
Conselho de Segurança Nacional ) passa a utilizar-se de todos os artifícios possíveis,
ferreamente, tais como o uso da reserva de mercado, índices de nacionalização, proibições de
contratos de transferência de tecnologia, quando havia possibilidade de desenvolvimento
local, criação do CTI - Centro Cativo de Tecnologia, e etc., no sentido de capacitar a indústria
brasileira para o desenvolvimento tecnológico.
A partir da década de 90, dão-se início uma série de transformações radicais no
contexto econômico brasileiro. Uma enorme gama de políticas de cunho liberal passam a ser
desenhadas e implementadas, expressas, entre outras, nas políticas de abertura comercial,
desregulamentação e privatizações, medidas estas que apontavam, de forma clara, a uma
gradativa redução do papel do Estado na economia.
O fortalecimento da competitividade das empresas, e não mais somente a expansão da
capacidade produtiva, passa a ser o novo eixo idealizador. A abertura econômica à
competição externa levou a uma mudança comportamental das companhias, desmotivadas na
busca de eficiência, qualidade e progresso técnico por décadas de protecionismo.
Conforme Costa (1999),
... no campo tecnológico, acreditava-se que a exposição a concorrência
externa provocaria efeitos imediatos nas companhias, que passariam então a
buscar avidamente a capacitação tecnológica que as conduziria a uma
situação de maior competitividade, viável internacionalmente.
O desenvolvimento tecnológico pôde ser verificado de forma incontestável. As
companhias enfrentaram um sem número de percalços e dificuldades após a abertura do
33 mercado, tais como: o montante de recursos a serem mobilizados se mostrou crescente, o
risco do empreendimento por conta rápida obsolescência também se mostrou maior, a
importância da pesquisa básica e de conhecimentos tácitos, bem como a diversidade de
produtos surgidos. Estes obstáculos foram sendo superados e continuam a ser superados dia
após dia. Entretanto, conforme Costa (1999),
...é preciso dar continuidade na conscientização e no uso dos instrumentos de
pressão sobre o setor público e / ou privado, para que estes assumam a
importância da tecnologia para a competitividade e incorporem cada vez mais,
em sua atividades as práticas que levam a modernização, utilizando-se de
informação tecnológica, qualidade, metrologia, normalização, uso intenso
de ensaios e análises, padronização, estudos de viabilidade técnico-
econômica, etc.
34
2 SISTEMAS DE ERP
À medida que o planeta inteiro se transformou em uma “aldeia global”, onde é
praticamente inimaginável ser deixado para trás por qualquer concorrente direto, estes últimos
vinte anos tem impulsionado todo o mercado de negócios de forma dinâmica e competitiva.
Todas as companhias atualmente enfrentam novos mercados, novos concorrentes, além de
consumidores melhor informados e muito mais exigentes. Tudo isto levou as companhias a
assumirem alguns novos objetivos:
a) Baixar o custo total dos produtos;
b) Diminuir o tempo de produção;
c) Reduzir a quantidade de produtos em estoque; alargar a gama de produtos;
d) Melhorar a qualidade da produção e atendimento a clientes;
e) Aumentar a eficiência do processo logístico, e
f) Resposta às leis da procura/oferta a nível mundial.
Por isto, as companhias estão em constante reorganização, com fusões tomando conta
do cenário econômico, revendo suas políticas e processos de produção, de forma a dar
resposta rápida aos concorrentes e às novas leis do mercado.
A tecnologia de informação e a reengenharia empresarial, usadas em conjunto, deram
à luz importante ferramenta estratégica: os chamados ERP’s ( Enterprise Resource Planning ),
ou Sistemas de Gestão, que as companhias passaram a utilizar-se. Esta nova ferramenta,
passou a equipar as companhias com as capacidades necessárias para integrar e sincronizar
seus processos, afim de linearizar todo o processo envolvido, de forma a tornarem-se mais
competitivas no mercado atual.
35 O ERP, constitui para as companhias, “uma espinha dorsal” de software, para
praticamente, todos as espécies de negócio. Possibilita a integração de, praticamente, todos os
processos, propiciando desta forma, uma visão de topo, de grande parte do que se passa na
companhia. As companhias, assim, passam a englobar a gestão financeira, recursos humanos,
dados e todas as informações de fabrico, tais como inventários, estoques, matérias-primas,
processos, etc.
É verdade que, sempre existiram softwares que geriam esses processos, mas nem todos
eram vendidos pela mesma companhia. Desta forma, as companhias acabavam por possuir,
por assim dizer, peças de um quebra-cabeças que, invariavelmente, não se encaixam. Não
existia interligação entre as diferentes aplicações, como por exemplo, o sistema de gestão
financeira, com o sistema de controle de estoques. Isso levou à necessidade de se criar uma
aplicação que interligasse todas as áreas, como a contabilidade, fiscal, tributária,
ressuprimento, comercial, e recursos humanos. Tudo isto com o mínimo de burocracia, de
papéis e intervenção humana, reduzindo assim a redundância de informações e o risco de
erros.
A implementação de um sistema de ERP implica geralmente, em um grande
investimento financeiro, esforço pessoal, bem como a disposição para a quebra de
paradigmas. Implementá-lo em uma companhia, significa geralmente mudar métodos de
trabalho, e ter de driblar a natural resistência à mudança.
2.1 Definição de “ERP”
ERP – Enterprise Resource Planning, nada tem a ver com o nome que o caracteriza.
Não “planeja”, e de modo algum cria recursos, mas a parte da companhia (Enterprise) é sim, o
seu direto objetivo.
36 Segundo Colangelo Filho et al. (2001),
Não há uma definição precisa e inquestionável do que seja um “sistema de
ERP”. Para nossos propósitos, vamos considerá-lo um software que permite às
empresas:
* Automatizar e integrar parcela substancial de seus processos de negócios,
abrangendo finanças, controles, logística (suprimentos, fabricação e
vendas) e recursos humanos;
* compartilhar dados e uniformizar processos de negócios,
* produzir e utilizar informações em tempo real.
Conforme citado por Silveira Neto, para começarmos a entender o ERP, é importante
sabermos que ele não possui nenhuma ligação direta com a sua sigla. Esqueça a palavra
planejamento, ele não faz isso, e esqueça a palavra recurso, um termo descartável. Mas
lembre-se da parte empresarial. Ele serve para integrar todos os departamentos e funções de
uma companhia em um simples sistema de computador que pode servir a todas necessidades
particulares de cada uma das diferentes seções. É um grande desafio construir um único
programa de software que supra as necessidades do departamento financeiro, assim como dos
trabalhadores de recursos humanos e também do depósito e é isso que o ERP faz.
Podemos defini-lo ainda, como a tentativa de integrar todos os departamentos e
funções de uma determinada companhia ou instituição, para um único sistema computacional,
que serve e responde às necessidades particulares de cada departamento.
Normalmente, cada departamento possuía o seu próprio sistema informatizado,
otimizado para as necessidades particulares deste. Mas o ERP combina-os num único e
integrado programa de software que detém, em uma única base de dados, suas informações,
para que os vários departamentos possam, mais facilmente, partilhar delas e comunicar-se
entre si. Esta aproximação setorial pode trazer um enorme benefício para a companhia, se o
software for corretamente implementado.
37 O ERP não surgiu de um momento para o outro. Sofreu grandes mudanças e alterações
ao longo dos tempos, os quais vou aprofundar a seguir.
2.2 A evolução histórica
Os sistemas de ERP contam com um longo currículo de cerca de 40 anos, acumulando
erros e sucessos. A sua evolução deu-se como uma ferramenta estratégica ao mesmo tempo
que as tecnologias de informação também evoluíam.
Antes da década de 60, e com o objetivo de garantir o correto funcionamento
organizacional das companhias, grande parte dos negócios eram apoiados por técnicas de
gestão de inventários. A mais popular delas todas era a EOQ – Economic Order Of Quantities
( Ordem Econômica de Quantidades ). Nesta técnica, qualquer artigo em estoque era
analisado em função do seu valor de custo, face a encomendas e pelo custo de armazenagem,
isto é, são estimadas as vendas ao ano de forma a otimizar o custo final dos artigos e a
quantidade dos mesmos em estoque.
A partir dos anos 60, surge uma nova técnica, denominada MRP – Material Resource
Planning ( Planejamento de Pedidos de Material ), técnica esta que irá conhecer a sua segunda
fase, durante os anos 70. Era uma forma ativa de gerir e planejar inventários, explorando a
procura dos produtos finais através de um planejamento de produção específico e a sua
transformação numa tabela ordenada de ordens de encomenda e produção.
O MRP obteve excelentes resultados ao nível de:
1) Reduzir a quantidade de estoques em armazenagem;
2) Reduzir os tempos de produção e logística, melhorando a coordenação e
diminuindo assim os atrasos;
38 3) Aumento da eficiência em todos os níveis.
Esta técnica provou ser um excelente método de gestão de inventários, mas pecava em
outras distintas áreas das companhias ou organizações.
Com a chegada dos anos 80, aparece uma nova técnica em tudo semelhante ao MRP,
mas modificada ao nível da lógica de funcionamento original. Era o CLMRP – Closed Loop
Material Resource Planning ( Planejamento de Pedidos de Material de Ciclo Fechado ). Nesta
nova técnica, a capacidade de produção passou a ser tomada em conta, resultando numa nova
inclusão de um método no sistema, o CRP – Capacity And Requiring Planning (Planejamento
de Requisições e Capacidades ).
Por volta da década de 80, surge a evolução deste, o MRP-II, que abordava o conceito
do planejamento de recursos de produção e a necessidade de alargar a gestão a outras áreas da
companhia.
Surge assim um método efetivo de gestão de todos os recursos de uma companhia, que
transforma o planejamento operacional em unidades, o planejamento financeiro em dinheiro
e, por sua vez, tem capacidade de efetuar simulações baseadas em perguntas “What If?” (e
se…?). É feito a partir de uma variedade de funções que se interligam entre si ( surge aqui já o
primeiro conceito de ERP ): planejamento de negócios, planejamento de produção, tabelas de
tempos de produção, planejamento de material e requisições, planejamento de capacidades e o
funcionamento do sistema para capacidades e prioridades.
O que resulta deste sistema deve ser integrado com outros relatórios financeiros, tais
como balanços, encomendas, compras, estoques, produção, etc.
Os sistemas de MRP II tiveram sérios contratempos, pois assumiam por vezes tempos
de produção fixos, capacidades infinitas, processamento em batch, etc.
Passado, algo em torno de uma década, por volta de 1990, e já incorporando uma série
de inovações tecnológicas da época, e a sua necessidade de expansão a áreas tão distintas
39 como a engenharia, finanças, recursos humanos, gestão de projetos, transferência eletrônica
de dados, isto é, todas as atividades que são inerentes a qualquer companhia, totalmente
integradas numa solução, surge o ERP – Enterprise Resource Planning ( Software de Gestão
Empresarial ). Um fato importante é o de, ao integrarem todos os subsistemas existentes numa
companhia, os sistemas de ERP conseguem resultados melhores que o total dos subsistemas
em separado ( “A resultante de um todo é maior que a soma das suas partes” ). Os tradicionais
sistemas aplicacionais usados geralmente pelas companhias tratam todas as transações em
separado. São feitos e usados para responder a funções específicas que foram destinados. Os
sistemas de ERP deixaram de olhar isoladamente para uma transação, mas como parte integral
de um conjunto de processos interligados que caracterizam e perfazem toda a existência de
uma companhia ou instituição.
Quase todos os sistemas de aplicações tradicionais usados em separado por algumas
companhias, nada mais são que ferramentas de manipulação de dados. Armazenam dados, os
processam e os apresentam de forma apropriada, sempre que é requisitada pelo utilizador.
Neste processo, o único problema é não haver ligação aparente entre os diversos sistemas
usados pelos diferentes departamentos. Um sistema ERP faz a mesma coisa, mas de uma
maneira diferente. Surgem facilmente centenas de tabelas cheias de dados, gerados como
resultado de diversas transações, ficando apenas acessíveis no departamento que lhes deu
origem, em vez de serem tratados e integrados de forma a serem utilizados por múltiplos
utilizadores em múltiplos departamentos e para diferentes fins em que não apenas o objetivo
inicial.
Foi esta evolução que nos levou, desde os idos anos 60 até nossos dias, por isso não
pode-se deixar de falar da importância que a evolução da tecnologia teve no nascimento e
desenvolvimento dos sistemas de ERP, ou seja, de toda a sua infra-estrutura tecnológica, e
que não é possível separar da forma atual de fazer negócios.
40 A constante evolução da tecnologia e a redução do preço do hardware fez com que
pequenas e médias companhias pudessem possuir um sistema ERP. Os primeiros ERP’s
foram inicialmente desenvolvidos para funcionar em mainframes ( computadores de grande
porte ). Com a chegada dos famosos PC’s ( computadores pessoais ) e as arquiteturas
cliente/servidor de múltiplas camadas em Unix, AS/400 e Windows NT, a relação com SGBD
( Sistemas Gerenciadores de Bancos de Dados ) e a sua integração com tecnologias Web,
contribuiu em grande parte para a facilidade de utilização dos sistemas ERP.
Também importante é a transferência de dados eletronicamente pelas diversas
unidades de uma companhia, visto que as mesmas podem se encontrar distribuídas por lojas,
postos de distribuição, armazéns. Sistemas como o Internet, Intranet, Workflow, Workgroups,
Groupware, Datamining, Datawarehousing, etc, influenciaram os ERP’s para uma caminhada
para o futuro.
Os ERP’s evoluíram até aos dias de hoje e continuam em constante evolução, pois
tentam de uma forma ou outra acompanhar a evolução das próprias tecnologias
computacionais. Tudo isto levou companhias a acreditar que os sistemas ERP poderiam
mesmo melhorar a performance das mesmas.
2.3 As características fundamentais
Os sistemas ERP não servem apenas para integrar os vários organismos de uma
companhia. Para verdadeiramente ser considerado ERP, o sistema possui algumas das
seguintes características fundamentais:
1) Flexibilidade – Um sistema ERP é flexível de forma a responder às constantes
41 transformações das companhias. A tecnologia cliente/servidor permite ao sistema
ERP operar sobre diferentes bases de dados pelas conexões de bases de dados
abertas, pois é muito provável que o mesmo produto migre de uma área de
produção para outra durante o ciclo total de produção.
2) Modularidade – O sistema ERP é um sistema de arquitetura aberta, isto é, pode-se
usar um módulo livremente, sem que este afete os módulos restantes. O sistema
suporta plataformas múltiplas de hardware pois muitas companhias possuem
sistemas heterogêneos. Deve também facilitar a expansão e/ou adaptabilidade de
mais módulos posteriormente.
3) Compreensivo – O sistema está apto a suportar diferentes estruturas organizacionais
das empresas, bem como a uma vasta área negócios.
4) Conectividade – O sistema não se deve confinar ao espaço físico da companhia,
mas permitir a ligação com outras entidades pertencentes ao mesmo grupo
empresarial, ou até, extra empresarial.
5) Seleção de diferentes formas negociais – deve conter uma seleção das melhores
práticas negociais em todo o planeta.
6) Simulação da Realidade – deve permitir a simulação da realidade da companhia,
constituindo assim a possibilidade de visão do negócio em vários cenários
diferentes.
Segundo Colangelo Filho et al. (2001),
... a grande maioria dos softwares nominados de ERP, comercializados
atualmente, procura atender as três áreas básicas de suporte das
companhias, também chamadas de back-office: Finanças, Operações e Logística e
Recursos Humanos.
42 2.4 Potencialidades
O ERP é um sistema repleto de potencialidades. Abaixo descrevo algumas das mais
importantes:
1) Facilita a existência de um sistema de informação integrado de todas as áreas
funcionais de uma companhia;
2) Executa as tarefas críticas de uma companhia, aumentando a qualidade dos
serviços a clientes, e, conseqüentemente, melhorando a imagem da companhia;
3) Possibilita a troca de informação em ambienteis distribuídos;
4) Integração de informação dos vários departamentos, escritórios, fábricas de uma
companhia, bem como das várias companhias pertencentes a um grupo financeiro;
5) A melhor solução para uma eficiente gestão de projetos;
6) Ajuste fácil a novas inovações tecnológicas: EDI - Eletronic Data Interchange,
Internet, Intranet, Vídeo Conferencia, Comércio Eletrônico, etc.;
7) Resolve muitos dos comuns problemas numa companhia: gestão de estoques,
serviços a clientes, gestão financeira, controle de qualidade, etc.;
8) Não se destina exclusivamente às necessidades da companhia, pois fornece
oportunidades de melhoramento contínuo face às evoluções de mercado;
9) Fornece ferramentas inteligentes (suporte à decisão, informação executiva,
Dataminning, prevenção de erros), permitindo maior facilidade na tomada de
decisões.
Os sistemas ERP são, então, um conjunto integrado de todos os processos que uma
qualquer companhia/organização leva a cabo. Podem também chamar-se de simuladores da
realidade, na medida em que simulam os processos necessários, ao funcionamento da
43 companhia, gerando informação integrada, sempre e da forma que for necessário. Auxilia uma
companhia a interligar seus recursos, gerindo-os da melhor forma possível, e, em tempo real.
Os ERP’S permitem às companhias alcançar índices de performance invejáveis, à medida que
linearizam e otimizam todos os seus recursos.
3 COMPONENTES E APLICAÇÕES DOS SISTEMAS ERP
3.1 Componentes
Sendo todos os componentes bastante complexos internamente, existiu necessidade de
separar as diferentes áreas de qualquer sistema ERP. Por isso todos os sistemas são compostos
por módulos, parametrizáveis em função de um cliente específico, tendo todos os
fornecedores um conjunto de módulos/aplicações base:
a) Vendas, distribuição e marketing;
b) Planejamento de capacidade;
c) Recursos humanos;
d) Contabilidade;
e) Gestão de produção;
f) Gestão de projetos;
g) Transportes e logística;
h) Gestão financeira e outros.
44 3.2 Aplicações
Os sistemas MRP II – Material Resource Planning ( Planejamento de Pedidos de
Material ) primitivos, eram apenas voltados a companhias industriais, limitação que os
sistemas ERP ultrapassaram à muito.
Os sistemas ERP atuais foram/estão/serão implementados em companhias
independentemente da sua estrutura orgânica, tamanho, distribuição física, ramo de negócios,
dimensão, etc. Aqui fica uma breve lista modelo, de setores de negócios de implementação de
sistemas ERP:
a) Defesa e aeroespacial;
b) Indústria automóvel;
c) Indústria metal-mecânica e minas;
d) Administração pública, saúde e educação;
e) Bancos, seguros e serviços;
f) Agricultura e pescas;
g) Produção, distribuição e transportes;
h) Telecomunicações;
i) Construção;
j) Alimentação, álcool e tabaco;
k) Petróleo, energia e derivados;
l) Indústria química e farmacêutica entre outro(a)s.
45
4 EDI - Electronic data Interchange
O sistema de EDI – Eletronic Data Interchange, basicamente, é um software para
captação, concentração e distribuição de arquivos entre empresas utilizando, comumente, a
internet. Esta ferramenta permite a troca de arquivos de forma rápida, confiável e
automatizada.
Companhias que têm grande fluxo de informações com seus fornecedores,
distribuidores e/ou clientes, tais como ordens de compra, posições de estoque e de pagamento,
pedidos de venda ou notas fiscais, acabam por defrontar-se com um grande desafio. Os
documentos entregues fisicamente ou via fax, podem não ter um padrão definido. Esta falta de
padronização, pode acarretar um significativo acréscimo no volume trabalho, no volume de
papel trafegado, no tempo de processamento, no custo, ocasionando, desta forma, um
decréscimo na eficiência de suas operações.
Conforme Porter (1999):
Além de influenciar o desempenho das atividades industriais, a tecnologia da
informação, através de novos fluxos, amplia em muito a capacidade da
empresa de explorar os elos entre as atividades, no âmbito interno e externo. A
tecnologia está criando novos elos entre as atividades e as empresas agora tem
condições de coordenar suas ações de forma mais estreita com as dos
compradores e fornecedores.
Diversas companhias distintas podem utilizar o EDI para trocar arquivos entre si ou
trocar arquivos com sua controladora. As transferências destes arquivos podem acontecer em
horários pré-programados, seja para envios e/ou recebimentos. Podem ainda, possuir
assinatura eletrônica, status e confirmação automática de recebimento e/ou envio.
46 O EDI pode aumentar a produtividade de uma companhia, pois otimiza com segurança
o fluxo de informações entre empresas. Sua utilização é vital para a implementação bem-
sucedida de uma operação de e-commerce, por exemplo.
A utilização de caixas postais eletrônicas, que recebem e armazenam mensagens e
documentos, possibilita a troca de informações via internet, FTP ou e-mail.
Sistemas deste tipo podem ainda propiciar:
1) identificação automática dos diversos tipos de arquivo;
2) validação de informações obrigatórias;
3) compactação/descompactação de arquivos;
4) aviso automático de envio/recebimento de arquivos;
5) concatenação para transmissão de vários arquivos em lote;
6) retransmissão de arquivos enviados ou recebidos e
acompanhamento dos status de envio/transmissão.
Existe outra variante de troca eletrônica de dados, chamada de Web EDI. Os serviços
de Web EDI são uma evolução natural dos serviços de EDI, melhorando a integração com o
comércio eletrônico na internet. Este serviço possibilita uma expansão das opções de acesso
ao serviço EDI para os seus clientes, como entradas pela internet e outras melhorias, que
facilitam e aumentam o alcance por parte dos usuários, com o Web EDI, pequenas
companhias ou parceiros comerciais que hoje não participam do processo de comércio
eletrônico podem enviar ou receber documentos, como pedidos, notas fiscais e faturas através
da internet, para (ou de) outras empresas que já utilizam o serviço de EDI.
Utilizando apenas um web browser e uma conexão com a internet, os usuários do
serviço podem, entre outras coisas:
1) Intercambiar arquivos no formato EDI ou em formato livre (flat files);
47 2) Ter acesso a documentos comerciais ou outros tipos de documentos e
3) Preencher documentos previamente desenhados no site do serviço.
Serviços deste porte geralmente fornecem:
1) Envio e recebimento de qualquer tipo de arquivo: EDI, não-EDI ou texto;
2) Lista de todos os arquivos enviados;
3) Lista na tela de todos os arquivos que estão na caixa de entrada;
4) Visualização, impressão ou download dos arquivos a serem recebidos;
5) Upload dos arquivos a serem enviados;
6) Ordenação dos arquivos de entrada e saída e
7) Suporte em tempo integral ( 24 horas X 7 dias na semana ).
4.1 Benefícios
É lógico pensar que, os benefícios devem ser mensurados, ante a implementação de
um sistema deste porte. Os principais resultados esperados, através da implantação de um
sistema de troca eletrônica de dados são:
1) Redução de custos administrativos e operacionais, frente a brusca redução dos
trâmites, que originam montes de papéis, os quais operam em fluxos viciosos de
vai-e-vem de vias de documentos, protocolos e assinaturas;
48 2) Alinhamento com os padrões EAN/UCC de identificação física dos itens
comerciais e unidades logísticas;
3) Redução de estoque acontece à medida que o gerenciamento dos produtos permite
a reposição calculada sobre o consumo, firmando-se alianças estratégicas entre
fornecedores e clientes;
4) Aumento de vendas devido ao monitoramento constante do consumo e
planejamento pré-acordado para a rápida reposição por parte do fornecedor;
5) Valorização dos profissionais de compras e vendas, pois, com a eletronização,
estes profissionais podem vir a assumir a função de estrategistas de negócios;
6) Agilidade no processo, porque grandes volumes de dados comerciais podem ser
comunicados de um computador a outro em questão de minutos, permitindo, por
exemplo, reduzir prazos de entrega e garantindo maior satisfação por parte do
cliente;
7) Redução e/ou eliminação de erros. O EDI elimina os inevitáveis erros resultantes
da entrada manual de dados e
8) Aumento da produtividade, pois o EDI permite que as companhias controlem e
manejem melhor as necessidades de produção, compras e entregas. O EDI é um
componente chave nos elos de ligação entre cliente, fornecedor e transportador na
fabricação "just-in-time" e na "quick response", resultando em significativas
reduções nos níveis de estoque. Outros benefícios como a redução de saldos;
redução de itens faltantes; redução de devoluções; agilização do recebimento de
mercadorias; entre outros, são percebidas quando se coloca em produção o projeto
EDI.
49 4.2 Principais fornecedores de EDI
Entre os principais fornecedores de tecnologia e serviços de EDI, podem-se citar:
1) Interchange: Nasceu em 1991 para atender à crescente demanda por eletronização
das transações do setor financeiro brasileiro, um dos mais sofisticados do mundo.
Expandiu seu campo de atuação, estando presente em muitos setores da economia.
Participa ativamente no desenvolvimento e regulamentação do mercado brasileiro
de EDI. Premiada várias vezes em reconhecimento por sua atividade empresarial e
também por sua colaboração acadêmica. (www.interchange.com.br)
2) Mercador: Empresa do Grupo Telefônica, especializada em implantação de
projetos de integração. Opera com softwares líderes mundiais, mantém uma das
mais completas plataformas de e-business do Brasil. Operam em sua plataforma
mais de 3 mil clientes no Brasil entre supermercados, hipermercados, farmácias e
drogarias, lojas de departamento, materiais de construção, distribuidores e
indústrias; atuando em toda a cadeia produtiva e conjuntamente agregando valor e
resultados significativos de produtividade. (www.mercador.com.br)
50
5 ESTUDO DE CASO
5.1 Case
5.1.1 Clientes EDI
Através do estudo efetuado, oriundo da obtenção de quantidades faturadas,
disponibilizadas por uma companhia, será demostrado alguns pontos interessantes, os quais
são relacionados a seguir.
Analisando-se os valores constantes na tabela 4 – “Faturamento/Devoluções – Clientes
EDI”, pode-se perceber acréscimos significativos nas quantidades vendidas, ano após ano.
Vale ressaltar que os valores apresentados demonstram variações obtidas em quantidades
físicas, uma vez que, se a análise focasse valores, poder-se-ía apresentar variações que,
poderiam resultar de incremento nos preços praticados, alterações significativas em políticas
de descontos, ou até mesmo, a alteração do tratamento de frete ( CIF ou FOB ). Da mesma
forma, para a obtenção destas quantidades, tomou-se por base, as quantidades encontradas
entre os meses de janeiro e setembro, uma vez que o ano de 2004, encontra-se relacionado, e a
base obrigatoriamente, para efeitos de análise deve ser a mesma. Ainda, visando não
possibilitar denegrir os resultados apresentados, obtiveram-se as quantidades faturadas
51 relacionadas a clientes que se utilizam da tecnologia EDI, em todo o período utilizado como
base.
Em termos de quantidades, analisando as variações ocorrida em vendas, pode-se
perceber uma variação positiva de 37,66% ( trinta e sete vírgula sessenta e seis pontos
percentuais ), entre 2002 e 2003. Ainda no mesmo período, pode-se perceber uma queda
acentuada no volume de devoluções, da ordem de 9,43 % ( nove vírgula quarenta e três
pontos percentuais, sobre o volume faturado no mesmo período, ante um percentual de
devolução de 18,01% ( dezoito vírgula zero um pontos percentuais ) obtidos no ano de 2002.
O ano de 2003, apresenta ainda, um decréscimo relativamente acentuado no que tange a
devoluções sobre as quantidades vendidas, em se comparado a 2002. A redução apresenta-se
em 27,87 % ( vinte e sete vírgula oitenta e sete pontos percentuais ).
Para o período de 2004, percebe-se um incremento da ordem de 77,51 % ( setenta e
sete vírgula cinqüenta e um pontos percentuais ), em comparado ao período imediatamente
anterior. Da mesma forma, tal qual o ocorrido em 2003, o percentual de devoluções, tendo
como base o faturamento do mesmo período, sofre novo decréscimo significativo, pontuando
a ordem de 1,27 % ( um vírgula sete pontos percentuais ) sobre o total faturado. Ainda, o
percentual de redução nas devoluções, quando comparado ao período imediatamente anterior,
também demonstra forte oscilação. O percentual de devoluções entre 2003 e 2004, mostra
uma variação negativa da ordem de 76,17 % ( setenta e seis vírgula dezessete pontos
percentuais ).
Para ilustrar ainda mais a análise acima, sugere-se atentar ao gráfico “ 4 – Faturamento
/ Devoluções – Clientes EDI “, o qual comporta a linha de variação ante quantidades
Faturadas e devolvidas, demonstrando o contra-ponto da situação de forma clara.
52
Tabela 1 – Faturamento/Devoluções – Clientes EDI.
% Faturamento total 2002 a
2004
% Faturamento em relação ano anterior
% Devolução
% Devolução em relação ano ao anterior
% Faturamento total 2002 a
2004
% Faturamento
% Devolução % Devolução
2002 20,75 18,01 2003 28,56 37,66 9,43 (27,87) 2004 50,69 77,51 1,27 (76,17)
100,00 Fonte: Pesquisa do autor ( 2004 ).
Faturamento x Devolução
-6,0012,0018,0024,0030,0036,0042,0048,0054,0060,00
2002 2003 2004
%Faturamentototal 2002 a2004
%Devolução
Gráfico 1 – Faturamento/Devoluções – Clientes EDI
Fonte: Pesquisa do autor ( 2004 ).
53
Jan / set 2003 e 2004
(100,00)(80,00)(60,00)(40,00)(20,00)
-20,0040,0060,0080,00100,00
2003 2004
%Faturamento
% Devolução
Gráfico 2 – Faturamento/Devoluções – Clientes EDI
Fonte: Pesquisa do autor ( 2004 ).
5.1.2 Clientes não EDI
Tabela 2 – Faturamento/Devoluções – Clientes não EDI
% Faturamento total 2002 a
2004
% Faturamento em relação ano anterior
% Devolução
% Devolução em relação ano ao anterior
% Faturamento total 2002 a
2004
% Faturamento
% Devolução % Devolução
2002 31,06 16,95 2003 35,30 13,65 11,84 (20,64)
2004 33,63 (4,73) 11,68 (6,05)
100,00 Fonte: Pesquisa do autor ( 2004 ).
54
Em relação a um mesmo número de clientes, não usuários da troca eletrônica de
dados, pode-se perceber uma variação positiva de 13,65% ( treze vírgula sessenta e cinco
pontos percentuais ), entre 2002 e 2003. Desta forma, percebe-se que a evolução em aquisição
por quantidades, para este tipo de cliente é substancialmente menor se comparada aos clientes
que se utilizam deste processo. Pode-se perceber também uma queda acentuada no volume de
devoluções, da ordem de 11,84 % ( onze vírgula oitenta e quatro pontos percentuais, sobre o
volume faturado no mesmo período, ante um percentual de devolução de 16,95% ( dezesseis
vírgula noventa e cinco pontos percentuais ) obtidos no ano de 2002. A queda nas devoluções
em relação ao ano anterior é de 20,64 %( vinte e sessenta e quatro pontos percentuais ). Este
número também é inferior ao mesmo período, se comparado ao grupo de clientes usuários de
EDI.
Para o período de 2004, em volume de vendas, percebe-se um decréscimo da ordem de
4,73 % ( quatro vírgula setenta e três pontos percentuais ), em comparado ao período
imediatamente anterior. O percentual de devoluções, tendo como base o faturamento do
mesmo período, apresenta uma redução pouco significativa, pontuando a ordem de 0,16 % (
zero vírgula dezesseis pontos percentuais ) sobre o total faturado. O percentual de redução nas
devoluções, quando comparado ao período imediatamente anterior, também demonstra
pequena oscilação. O percentual de devoluções entre 2003 e 2004, mostra uma variação
negativa da ordem de 6,05 % ( seis vírgula zero cinco pontos percentuais ).
Para ilustrar ainda mais a análise acima, sugere-se atentar aos gráficos 6 e 7 “
Faturamento / Devoluções – Clientes não EDI “, o qual comporta as linha de variação ante
quantidades faturadas e devolvidas, demonstrando a situação de forma mais clara.
55
Faturamento x Devolução
-6,0012,0018,0024,0030,0036,0042,0048,0054,0060,00
2002 2003 2004
%Faturamentototal 2002 a2004
%Devolução
Gráfico 3 – Faturamento/Devoluções – Clientes não EDI
Fonte: Pesquisa do autor ( 2004 ).
Jan / set 2003 e 2004
(25,00)
(20,00)
(15,00)
(10,00)
(5,00)
-
5,00
10,00
15,00
20,00
2003 2004
%Faturamento
% Devolução
Gráfico 4 – Faturamento/Devoluções – Clientes não EDI
Fonte: Pesquisa do autor ( 2004 ).
56
5.1.3 Custos de implementação
É extremamente importante ressaltar também, a manutenção, nos períodos citados
acima, do custo mensal de manutenção, bem como do custo de implementação da ferramenta
de EDI para qualquer novo cliente. Como pode-se perceber no gráfico abaixo, o custo de
manutenção tem-se mantido estável, sem sofrer reposição de preços durante o período. Desta
forma, deve-se salientar a elevação no volume de vendas, com confiabilidade maior, aliada a
redução no tempo de atendimento, através de um mesmo custo.
Da mesma forma, um maior volume de clientes transacionando via EDI, possibilita ao
fornecedor, um maior poder de barganha ante ao custo de implementação de um novo cliente,
bem como com relação ao custo de manutenção mensal, podendo obter-se aqui, também
vantagem financeira, em relação a um menor custo.
Custo Mensal p/ Cliente EDI
45,00
45,00
45,00
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00
Per
íodo
Valor em R$ ( Unidades de Reais )
2003
2002
2001
Gráfico 5 – Custo Mensal p/ Cliente EDI
Fonte: Pesquisa do autor ( 2004 ).
57
Custo de Implementação de Novo Cliente EDI
450,00
450,00
450,00
0,00 100,00 200,00 300,00 400,00 500,00
Per
íodo
Valor em R$ ( Unidades de Reais )
Gráfico 6 – Custo de Implementação de Novo Cliente EDI
Fonte: Pesquisa do autor ( 2004 ).
5.1.4 Outras variantes
O universo da troca eletrônica de dados, traz consigo ainda outros pontos, não
mensuráveis, que podem vir a influenciar de forma positiva, o aspecto competitivo de uma
companhia. Quanto tempo pode fazer com que você perca um cliente? Costuma-se dizer:
“Dez segundos e vinte centímetros”. Dez segundos é o tempo que o cliente perde procurando
pelo seu produto na gôndola, e vinte centímetros é a distância que o produto do concorrente se
encontra.
Esta ferramenta, especificamente, permite ao cliente, utilizar-se de outras facilidades,
as quais abaixo menciona-se:
58 1) Itens e Preços: Uma ferramenta deste porte, permite ao fornecedor, disponibilizar
aos seus clientes, toda sua lista de itens e respectivos preços, através do
desenvolvimento de catálogos. Desta forma, o cliente está ciente de novidades,
novos produtos, promoções, bem como de preços atualizados.
2) Entrega: Da mesma forma, permite ao cliente, quando da necessidade de
elaboração de um pedido de compra, informar ao cliente quando e onde este
conjunto de mercadorias deve ser entregue. Facilitando, sobremaneira, sua cadeia
logística, e sem dúvida, evitando que seu produto não esteja presente no cliente.
Da mesma forma, pode o cliente determinar qual o transportador responsável pela
entrega de sua mercadoria.
3) Acompanhamento: Invariavelmente, o cliente é notificado a respeito da expedição
de sua mercadoria, através do recebimento do registro de emissão de uma nota
fiscal contra si. Desta forma, pode avaliar o atendimento de seu pedido,
verificando as quantidades e preços praticados pelo fornecedor.
Do ponto de vista do fornecedor, outros pontos considerados positivos devem ser
relacionados, tais como:
1) Confiabilidade na informação: A transferência eletrônica de dados, extingue a
necessidade de manuseio da informação por um número maior de pessoas, desde a
criação do pedido de venda, até a entrada deste pedido, no fornecedor, de um
pedido de compra. Esta redução no manuseio evita, sobremaneira, a ocorrência de
erros.
59
2) Rapidez: A rapidez com que o processo de transferência eletrônica ocorre, permite
que um pedido de compra seja recebido e incorporado aos sistemas do fornecedor
com muito mais agilidade. Como o processo de recebimento é mais rápido,
eventuais reprogramações a nível de chão-de-fábrica, também podem ser
planejadas e executadas com maior facilidade.
3) Custos operacionais: Como o processo de transferência de pedidos e entrada dos
mesmos nos sistemas de ERP não sofrem interferência manual, a mão-de-obra
despendida neste processo, pode ser alocada a outras necessidades, melhorando
assim, o desenvolvimento de outros processos.
44)) Atendimento ao cliente: Uma vez que a responsabilidade de criação de um pedido
de compra fica diretamente relacionada ao cliente, extingue-se a necessidade de
um “vendedor”, que propiciasse a confecção deste pedido. Extingue-se a figura do
vendedor e cria-se a figura do “Promotor de Vendas”. Este profissional tem como
objetivos, efetuar o acompanhamento dos pedidos do cliente, posicionando-o a
respeito, tomando as medidas necessárias e cabíveis para que o mesmo seja
plenamente atendido. Procurar posicionar o produto do fornecedor da melhor
forma no estabelecimento de venda.
60
CONCLUSÃO
Poupar recursos financeiros, aumentar a eficiência e continuar competitivo. Em suma,
são estas as premissas básicas que qualquer empresa possui, se deseja manter-se ativa e,
preferencialmente, incrementar sua participação de mercado.
Independente do sistema que usa, uma grande empresa possui necessariamente uma
identidade, uma personalidade própria. É claro que o ERP deve ser aplicado, mas devemos
lembrar que é a mão que balança o berço e não o oposto. O sucesso de uma empresa, além de
toda sua competitividade, vem também de sua personalidade, de sua maneira de participar, de
como esta interage com seu mercado. O sistema existe para “incrementar’ o dia-a-dia da
empresa e a razão de ser do negócio jamais será satisfazer os requisitos de um sistema.
Inúmeras empresas que implementaram o ERP foram capazes de economizar milhões
em redução de custos de produtos e processos, aumento de eficiência e redução de tempo de
ciclo. Saber utilizar todas as ferramentas existentes em um sistema de ERP, resgatar deste as
informações necessárias para uma correta tomada de decisão, pode fazer com que uma
companhia venha a obter um diferencial competitivo, sem dúvida alguma.
Sem dúvida, a integração da empresa é a arma que garantirá sua sobrevivência, mas
não necessariamente o que a fará vencedora. A competição entre as empresas que
desenvolvem o ERP com certeza tratará deste assunto, oferecendo maneiras individualizadas
de manter a personalidade e pessoalidade do negócio. A total integração também é um assunto
teórico, pois, por maiores que sejam os esforços neste sentido, é bem remota a possibilidade
de que um sistema consiga suprir em 100% as necessidades de uma empresa. Ainda mais
nesses tempos de rápidas mudanças onde até as necessidades mudam.
61 A análise realizada neste estudo, dadas suas circunstâncias, mostra-se conclusiva
quanto a adoção de sistemas integrados de gestão, através de transações EDI, em relação a um
volume de vendas. Tendo o EDI, como um de seus propósitos principais, a integração de
processos, através da integração comunicativa entre cliente e fornecedores, pode-se esperar a
redução no tempo de fornecimento, ante reduções nos tempos de fabrico, e outros benefícios
oriundos da adoção de uma solução deste porte.
Os sistemas integrados podem, em alguns casos, ser os responsáveis diretos pelo
incremento de volume de vendas, mas seu impacto, também dependerá de fatores conjunturais
em que se encontra a organização em questão, notadamente seu ambiente competitivo e a
eficiência de seus processos internos. Entretanto, é lógico que não somente este recurso
poderá propiciar o alavancar de seus negócios. Programas de controle de qualidade e de
melhoria continua, reengenharia de processos, metas dadas por indicadores de desempenho,
redução de fluxo financeiro, dimensionamento adequado de volumes de estoques, são
oportunidades adicionais para que estabeleça um melhor nível de competitividade. Deve-se
ter em mente que um sistema de ERP não é a solução definitiva em si, mas sim, uma
ferramenta que poderá auxiliar na obtenção de informações, que poderão se tornar base para o
melhoramento contínuo de processos, e assim, consecutivamente, propiciar um diferencial
competitivo.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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KON, Anita. Economia industrial. São Paulo: Nobel, 1999.
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COSTA, Carlos Anibal Nogueira; ARRUDA, Carlos Arruda. Em busca do futuro – a competitividade no Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 1999.
BARROS, André Jorge. Planejamento estratégico e ERP. Disponível em <http://cel.com.br>. Acesso em 11 abr. 2004.
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NORRIS, Grant et all. E-Business e ERP – transformando as organizações. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001.
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PORTER, Michael E. Competição – estratégias competitivas essenciais. Rio de Janeiro: Campus, 1999.
SILVEIRA NETO, Fernando Henrique. Eficiência, eficácia e produtividade: que critério adotar? Disponível em <http://www.institutomvc.com.br/costacurta>. Acesso em: 22 ago. 2004.
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