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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL (SPED) Por: Carlos Rafael de Souza Menezes Orientadora Prof. Ana Claudia Morrissy Niterói 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL (SPED)

Por: Carlos Rafael de Souza Menezes

Orientadora

Prof. Ana Claudia Morrissy

Niterói

2010

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

SISTEMA PÚBLICO DE ESCRITURAÇÃO DIGITAL (SPED)

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Finanças e

Gestão Corporativa

Por: Carlos Rafael de Souza Menezes

3

AGRADECIMENTOS

Aos meus amigos e parentes, a

instituição “A Vez do Mestre” e a todas

as pessoas que me apoiaram para a

confecção desse trabalho acadêmico.

4

DEDICATÓRIA

Dedico a toda a minha família, namorada

e amigos.

5

RESUMO

Este trabalho discute sobre os principais impactos do Sistema Público

de Escrituração Digital – SPED para as organizações que estiveram

implantando-o. Foi pretendido trazer no final algumas respostas sobre o

questionamento: As organizações conseguiram se adequar as exigências do

SPED? Há importância para as empresas estarem acompanhando todas as

mudanças na legislação, analisar toda a integridade das informações antes

mesmo de serem transmitidas para a Receita Federal do Brasil, verificar toda a

estrutura da empresa e de apresentar uma equipe para acompanhar todo o

projeto do SPED. A análise tem seu foco nas grandes empresas que estiveram

buscando soluções capazes de contribuírem na implantação do SPED com

sucesso e dessa forma se adequando as novas regulamentações, que ao

mesmo tempo proporciona as empresas a reavaliarem e maximizarem os

processos internos e externos, com ganhos efetivos de produtividade. A

hipótese é que as empresas obrigadas a entregarem o SPED vêm sofrendo

muito com a nova adequação e reformulação de sua estrutura exigida no

layout para a geração do arquivo. Além da falta de uma equipe com usuários

preparados para esse tipo de projeto como é o SPED. A principal ameaça é

com a integridade das informações contidas no arquivo para serem

transmitidas a Receita Federal do Brasil, pois estão sendo realizados diversos

tipos de cruzamentos com as demais obrigações acessórias. Portanto, é

fundamental as empresas garantirem totalmente a integridade dessas

informações, reduzindo a possibilidade de inconsistências e evitando o nível de

exposição fiscal tributária.

6

METODOLOGIA

Esse trabalho será desenvolvido por meio de referências bibliográficas

(Livro, Revista, Etc.) pesquisa qualitativa e exploratória, redação em forma de

narrativa, pesquisa da legislação pertinente ao SPED.

Os métodos que levaram ao problema proposto se resumiram à coleta

de dados na legislação que tiveram efeitos nas áreas contábil, financeira e

informática (Tecnologia da Informação), a saber: Decreto nº 6.022, de 22 de

janeiro de 2007 – que institui o Sistema Público de Escrituração Digital (SPED)

e a Instrução Normativa RFB nº 787, de 19 de novembro de 2007 – que institui

a Escrituração Contábil Digital (ECD).

Para contribuir na busca de soluções para o eventual problema, foi

realizado pesquisa de campo, por meio de questionários e argumentações de

funcionários de grandes empresas das áreas que estão envolvidos na

implantação desse projeto.

As explicações adicionais ao temas citados, pertencentes ao vocabulário

do pesquisador não leigo, foram incluídas no rodapé como anotações com a

intenção de trazer ao eventual pesquisador um texto mais formal de fácil

entendimento.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - 10

CAPÍTULO II -

CAPÍTULO III –

CONCLUSÃO

ANEXOS

BIBLIOGRAFIA 42

8

INTRODUÇÃO

Conhecido também como o “Big Brother” tributário devido a todas essas

mudanças nas rotinas contábeis e fiscais dentro das organizações, o SPED irá

proporcionar a substituição da emissão de livros, documentos fiscais e

contábeis impressos e arquivados por documentos eletrônicos.

Composto por três pilares – Nfe, SPED Contábil e Fiscal este projeto do

governo tem como principal objetivo padronizar e unificar os processos

tributários realizando um cruzamento ente os dados contábeis com os fiscais

disponibilizando-os para as três esferas governamentais: Federal, Estadual e

Municipal. Teria então a melhor possibilidade de apontar e eliminar as práticas

de sonegações tributárias realizadas por várias organizações e

conseqüentemente aumentar o valor das arrecadações para o projeto do

Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Federal (PAC).

As empresas terão que fazer uma reestruturação tecnológica nos seus

Sistemas Integrados de Gestão (ERP), porém as que já utilizam no trabalho

diário a integração entre o software, as informações contábeis e fiscais não

sofrerão impactos tão profundos comparados com o das empresas de

pequeno porte e que ainda não possui. Com isso elas terão mais dificuldades

para absorverem as mudanças.

O mais importante no projeto do SPED não é apenas ter a disposição

um software que gere um arquivo com as informações conforme o leiaute

padronizado pelo governo, sem dúvidas, deve-se ter cuidados com as

informações que estarão nesses arquivos e que serão transmitidas para os

órgãos competentes. Nesse ponto entre outro impacto que o SPED trouxe para

as empresas que é da necessidade de capacitação profissional. Essas

informações deverão ser checadas com cautelas e também é muito importante

9fazer o cruzamento e as ligações das mesmas para evitar que ocorram falhas

com as integridades dos dados antes mesmo de transmitir o arquivo para o

governo.

10

CAPÍTULO I

OBJETIVO, EVOLUÇÃO (LEGISLAÇÃO) E

COMPOSIÇÃO

“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente,

mas o que melhor se adapta às mudanças.”

(Charles Darwin)

O Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) visa promover a

atuação integrada dos fiscos (Federal, Estadual e Municipal), bem como tornar

mais célebre as informações fiscais.

O projeto foi instituído pelo Decreto nº 6.022 de Janeiro de 2007, que faz parte

do Programa de Aceleração do Crescimento do Governo Federal (PAC 2007-

2010).

O SPED foi desenvolvido conjuntamente por representantes da Receita

Federal, Secretárias da Fazenda dos Estados, Banco Central, CVM, SUSEP,

Órgãos Públicos e um grupo de 27 empresas pilotos. Consiste na

modernização do cumprimento das obrigações acessórias, transmitidas pelos

contribuintes às administrações tributárias e aos órgãos fiscalizadores,

utilizando-se da certificação digital como forma de assinar e se responsabilizar

pelo envio dos documentos eletrônicos.

1.1 – Objetivo

Entre os principais objetivos do SPED, destacam-se três fatores como sendo

os mais importantes, são eles:

Favorecer para a integração dos fiscos – padronizando e compartilhando das

informações contábeis e fiscais respeitando as restrições legais;

11Tornar mais eficientes e uniformes as obrigações acessórias aos contribuintes

– firmando uma transmissão única de distintas obrigações acessórias de

diferentes órgãos fiscalizadores;

Tornar mais rápido e eficiente a identificação de ilícitos tributários –

melhorando o processo de controle, a rapidez no acesso às informações e

tornando mais rígido a fiscalização com o cruzamento da base de dados e

auditoria eletrônica aperfeiçoando o combate contra a sonegação.

1.2 – Evolução

No ano de 2003 a Receita Federal do Brasil deu início ao projeto do SPED por

meio da publicação que segue:

“A Emenda Constitucional n º 42, aprovada em 19 de dezembro de 2003,

introduz o inciso XXII no art. 37 da Constituição Federal o qual prevê a

integração entre às administrações tributárias da União, dos Estados, do

Distrito Federal e dos Municípios, inclusive por meio do

compartilhamento dos cadastros e de informações fiscais.”

Atendendo o Disposto Constitucional, foi realizado em julho de 2004, em

Salvador, o I ENAT – Encontro Nacional de Administradores Tributários, que

reuniu o secretário da Receita Federal, os secretários da Fazenda dos Estados

e Distrito Federal e o representante das Secretarias de Finanças dos

Municípios das Capitais.

O I ENAT buscava encontrar soluções conjuntas:

• Maior integração administrativa;

• Padronização e melhor qualidade das informações;

• Racionalização de custos e da carga de trabalho operacional no atendimento;

• Maior eficácia da fiscalização;

• Maior possibilidade de realização de ações fiscais coordenadas e integradas;

• Maior possibilidade de intercâmbio de informações fiscais entre as diversas

esferas governamentais;

12• Cruzamento de informações em larga escala com dados padronizados;

• Uniformização de procedimentos.

Em consideração a esses fatos, foram assinados dois protocolos de

cooperação técnica, um objetivando a elaboração de um cadastro sincronizado

e, outro, de forma geral, que viabilizasse o desenvolvimento de métodos e

instrumentos de forma que atendessem aos interesses das administrações

tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

No ano de 2005, foi realizado o II ENAT na cidade de São Paulo, buscando dar

efetividade aos trabalhos de intercâmbio entre os mesmos. Foram assinados

dos protocolos da cooperação nº 02 e nº 03, cujo objetivo é desenvolver e

implantar o Sistema Público de Escrituração Digital – SPED.

Em 2006 é instituído o EFD (Escrituração Fiscal Digital) por meio do Convênio

ICMS 143/06. A escrituração prevista na forma deste convênio substitui a

escrituração e impressão dos seguintes livros:

I – Registro de Entradas;

II – Registro de Saídas;

III – Registro de Inventário;

IV – Registro de Apuração do IPI;

V – Registro de Apuração do ICMS.

A Escrituração Fiscal Digital é de uso obrigatório para os contribuintes do

Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre

Operações de Serviços de Transportes Interestaduais e Intermunicipais e de

Comunicação – ICMS ou do Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI:

§ 1º O contribuinte poderá ser dispensado da obrigação estabelecida nesta cláusula,

desde que a dispensa seja autorizada pelo fisco da unidade federada do contribuinte e

pela Secretaria da Receita Federal.

§ 2º O contribuinte obrigado à EFD, a critério da unidade federada, fica dispensado das

obrigações de entrega dos arquivos estabelecidos pelo Convênio ICMS 57/95.

Ficam obrigados à Escrituração Fiscal Digital – EFD a partir de 1º de janeiro de 2009,

sendo facultada a cada uma das unidades federadas, em conjunto com a secretaria da

Receita Federal do Brasil, estabelecer esta obrigação para determinados contribuintes

durante o exercício de 2008.” (Convênio ICMS 143/06).

13

Em 2007, foi aprovado o Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007, que institui o

projeto do Sistema Público de Escrituração Digital – SPED. Neste mesmo ano,

ainda tiveram as seguintes publicações:

• Convênio do ICMS nº 79, de 6 de junho de 2007, que altera os convênios

ICMS nº 57/95 e 54/05, os quais dispõem sobre a emissão de documentos

fiscais e a escrituração de livros fiscais por contribuintes usuários de sistema

eletrônico de processamento de dados;

• Ato Cotepe / ICMS nº 11, de 28 de junho de 2007, que dispõe sobre as

especificações técnicas para a geração de arquivos da Escrituração Fiscal

Digital – EFD, e revoga o Ato Cotepe nº 82, de 19 de dezembro de 2006;

• Ato Cotepe nº 9, de 28 de junho de 2007, que altera o art. 2º do Ato Cotepe /

ICMS nº 35, de 5 de junho de 2005;

• Convênio ICMS nº 123, de 23 de outubro de 2007, que altera o Convênio nº

143, que institui a Escrituração Fiscal Digital – EFD;

• Instrução Normativa RFB nº 787, de 19 de novembro de 2007, que institui a

Escrituração Contábil Digital – ECD, estabelece a sua obrigatoriedade e

aprova o manual de orientação do leiaute para geração do arquivo. Trata-se da

substituição da escrituração em papel pela digital e da obrigação de transmitir

em versão digital os seguintes livros:

I – Livro Diário e seus Auxiliares , se houver;

II - Livro Razão e seus Auxiliares , se houver;

III – Livro Balancetes Diários, Balanços e Fichas de Lançamentos

Comprobatórios dos assentamentos neles transcritos.

Em 2008, foi aprovado o Ato Cotepe / ICMS nº 9 que dispõe sobre as

escriturações técnicas para a geração de arquivos da Escrituração Fiscal

Digital – EFD.

Também nesse mesmo ano, foi liberado o protocolo ICMS 77/08 que trata da

obrigatoriedade da EFD.

No ano de 2009, foram aprovados as seguintes normas e regulamentos:

• Ato Cotepe nº 01 – altera a relação de contribuintes obrigados à EFD.

14• Ato Cotepe nº 15 – prorroga até setembro / 2009 a entrega dos meses de

“jan/09 a ago/09”.

• Instrução Normativa nº 926 – em relação aos fatos contábeis desde 1º de

janeiro de 2009, as demais sociedades empresariais sujeitas à tributação do

imposto de renda com base n lucro real (Redação dada pela Instrução

Normativa RFB nº 926, de 11 de março de 2009).

1.3 – COMPOSIÇÃO

Como já foi mencionado anteriormente, o Sistema Público de Escrituração

Digital – SPED foi criado por meio do Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de

2007 como o objetivo de modernizar a informatização entre o fisco e os

contribuintes.

Para a coordenação e administração do SPED, foi estabelecido no Protocolo

de Cooperação ENAT nº 2/2005 que caberá a Receita Federal do Brasil o

papel exclusivo de direcionar o desenvolvimento e implantação do sistema,

bem como comprometendo-se a zelar e cuidar de todas as soluções propostas

e do conteúdo das informações recebidas através dos contribuintes obrigados

a estarem enviando os arquivos pertinentes ao SPED.

Esse ato teve publicação no Diário Oficial da União sob nº 118, quarta-feira, 23

de junho de 2010, conforme abaixo:

“ Fica então determinado que o SPED será administrado pela Secretaria

da Receita Federal com a participação de representantes indicados pelas

administrações tributárias dos estados, do distrito federal e dos

municípios, órgãos e entidades da administração pública federal direta e

indireta que tenham atribuição legal de regulação, normatização, controle

e fiscalização dos empresários e das sociedades empresarias”.

Tendo em vista a legislação vigente, compete a Secretaria da Receita Federal:

a) Adotar as medidas necessárias para viabilizar a implantação e o

funcionamento do SPED;

b) Coordenar as atividades relacionadas ao SPED;

c) Compatibilizar as necessidades dos usuários do SPED;

15d) Estabelecer a política de segurança e de acesso às informações armazenadas

no SPED.

O projeto do SPED é composto por três pilares que serão relados a seguir:

1.3.1– Escrituração Contábil Digital – ECD

Instituído por meio do Decreto nº 6.022/2007, a ECD tem como objetivo a

substituição da emissão dos Livros Diário e Razão, bem como as

Demonstrações Contábeis em papel, pela sua existência apenas digital.

O arquivo deverá ser assinada digitalmente de acordo com as Normas da Infra-

Estrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICP Brasil pelo contribuinte, através

do seu representante legal ou por quem a legislação indicar. A assinatura

digital será verificada quanto a sua existência, prazo e validade para o

contribuinte identificado na ECD, no início do processo de transmissão do

arquivo para os fiscais.

Para a assinatura digital do livro, são no mínimo, dois signatários: a pessoa

física que, segundo os documentos arquivados na Junta Comercial, tiver

poderes para a prática de tal ato e o contabilista. Assim, devem ser utilizados

somente certificados digitais e-PF ou e-CPF, com segurança mínima tipo A3.

Não existe limite para a quantidade de signatários e os contabilistas devem

assinar por último.

O artigo 3º da Instrução Normativa nº 787 determina a obrigatoriedade da ECD

nas seguintes condições:

“Em relação aos fatos contábeis ocorridos a partir de 1º de janeiro de

2008, as pessoas jurídicas sujeitas a acompanhamento econômico-

tributário diferenciado, nos termos da Portaria RFB nº 11.211, de 7 de

novembro de 2007 e sujeitas à tributação do imposto de renda com base

no lucro real; Em relação aos fatos contábeis ocorridos a partir de 1º de

janeiro de 2009, as demais pessoas jurídicas sujeitas à tributação do

imposto de renda com base no lucro real.”

16

1.3.2 - Escrituração Fiscal Digital – EFD

O convênio ICMS 143/06, instituí a EFD como sendo de uso obrigatório para

os contribuintes do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de

Mercadorias e sobre Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e

Intermunicipal e de Comunicação – ICMS ou do Imposto sobre Produtos

Industrializados – IPI, por meio de arquivo digital conforme leiaute estabelecido

no Ato Cotepe/ICMS 09/08.

A obrigatoriedade da EFD, que atingiria inicialmente todos os contribuintes, foi

restringida pelo Protocolo ICMS nº 77, de 18 de setembro de 2008 e também

foi especificado nesse mesmo Protocolo o perfil de apresentação do arquivo

contendo a EFD por contribuinte, que deverá ser detalhado (perfil “a”) ou

consolidado (perfil “b”).

A relação das primeiras organizações obrigadas a transmitir o arquivo para a

Receita Federal do Brasil está disponível no site do CONFAZ

(http://www.fazenda.gov.br/confaz) identificado como

“Lista_Obrigados_EFD_2009.pdf”.

A EFD visa substituir a escrituração e impressão dos seguintes livros por meio

digital:

Registro de Entradas;

Registro de Saídas;

Registro de Inventário;

Registro de Apuração do IPI;

Registro de Apuração do ICMS.

O arquivo digital, bem como os documentos fiscais que deram origem a

escrituração, deverão se mantidos e armazenados pelos contribuintes do

imposto, conforme especificado no artigo 455, inciso II e parágrafo único do

Decreto nº 7.212, de 15 de junho de 2010.

17“II – armazenar o arquivo digital da EFD observando os requisitos de

segurança, autenticidade, integridade e validade jurídica, pelo mesmo

prazo estabelecido pela legislação para a guarda dos documentos fiscais.

Parágrafo único: a geração, o armazenamento e o envio do arquivo digital

não dispensam o contribuinte da guarda dos documentos que deram

origem às informações nele constantes, na forma e nos prazos

estabelecidos pela legislação aplicável.”

Assim como na ECD, os arquivos gerados para a EFD deverão ser submetidos

à assinatura digital conforme as normas da ICP Brasil.

O arquivo da EFD comporta apenas uma assinatura digital. O contribuinte

poderá adotar a melhor opção que lhe for mais conveniente:

• O e-PJ ou e-CNPJ que contenha a mesma base do CNPJ do estabelecimento;

• O e-PF ou e-CPF do representante legal da empresa no cadastro CNPJ;

• A pessoa jurídica ou a pessoa física com procuração eletrônica cadastrada no

site da RFB.

1.3.3 – SPED nota Fiscal Eletrônica – NF-e

O SPED NF-e foi desenvolvido pelas Secretarias de Fazenda dos Estados e a Receita

Federal do Brasil, a partir da assinatura do Protocolo ENAT 03/2005, de 27/08/05, que originou

ao Encontro Nacional de Coordenadores e Administradores Tributários Estaduais (ENCAT) a

responsabilidade de coordenar o desenvolvimento e implantação do projeto NF-e.

A NF-e é um documento emitido e armazenado eletronicamente, de forma digital, com o

objetivo de documentar qualquer operação que envolva a circulação de mercadorias ou

prestação de serviços ocorridos entre emissor e recebedor, com validade jurídica determinada

por meio também da assinatura digital. A NF-e está substituindo a antiga nota fiscal em papel.

O emitente e o destinatário deverão manter em arquivo digital as NF-e pelo

prazo estabelecido na legislação tributária para a guarda dos documentos

fiscais. Quando solicitado, deverão apresentar os arquivos digitais à

administração tributária.

18Atualmente a legislação nacional permite que a NF-e substitua apenas a

chamada nota fiscal modelo 1 / 1A, que é utilizada, em regra, para documentar

transações comerciais com mercadorias entre pessoas jurídicas.

Está presente no Anexo 1 os prazos obrigatórios de guarda de documentos

fiscais e contábeis exigidos pela Legislação Tributária.

O certificado digital na geração da NF-e será necessário em dois momentos:

1º - O primeiro é na assinatura digital do documento eletrônico. O certificado

digital deverá conter o mesmo CNPJ do estabelecimento emitente ou de sua

matriz;

2º - O segundo é na transmissão do documento eletrônico. Qualquer

certificado digital no padrão ICP-Brasil, ainda que não esteja ligado à empresa

emitente, poderá transmitir o documento eletrônico para a Secretaria da

Fazenda e recuperar a resposta com a autorização de uso, rejeição ou

denegação da NF-e.

O certificado digital a ser utilizado deverá ser de pessoa jurídica, do tipo A1 ou

A3. Com isso o e-CPF não poderá ser utilizado para a NF-e, já o e-CNPJ pode,

no entanto não é o mais indicado. O ideal é utilizar o e-PJ, a ser emitido

especificamente para o processo de assinatura de NF-e.

1.3.4 – CERTIFICAÇÃO DIGITAL

Um certificado digital é um arquivo eletrônico que identifica quem é seu titular,

pessoa física o jurídica, ou seja, é um documento eletrônico de identidade.

Quando são realizadas transações, de forma presencial, muitas vezes é

solicitada uma identificação, por meio de um registro que comprove a

identidade.

Hoje, a certificação digital já é considerada uma ótima ferramenta de

segurança extremamente eficaz, garantindo a integridade das informações que

trafegam na internet e identificação da origem e do seu destino. A Medida

Provisória nº 2.200 – 2, de 24/08/01, garantem a validade jurídica dos

19documentos assinados eletronicamente com os certificados digitais emitidos no

âmbito da ICP-Brasil.

A certificação digital, utilizada nas transações eletrônicas garante:

Privacidade nas transações – é a garantia de que as informações trocadas nas

transações eletrônicas não serão lidas por terceiros;

Integridade das mensagens – é a garantia de que as informações trocadas nas

transações eletrônicas não foram alteradas no caminho que percorreram;

Autenticidade – é a garantia da identidade da origem e destino da informação;

Assinatura digital – permite aferir, com segurança, a origem e a integridade de

um documento eletrônico;

Não-repúdio – é a garantia de que somente o titular do certificado digital

poderá ter realizado determinada operação.

Diante de todos esses benefícios, o SPED prevê que os livros e documentos

fiscais que integram a escrituração dos contribuintes sejam transmitidos por

meio da Certificação Digital. Essa exigência do fisco é encontrada nas

seguintes normas:

“O arquivo deverá ser assinado digitalmente de acordo com as Normas

da Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira – ICP-Brasil pelo

contribuinte, por seu representante legal ou por quem a legislação

inidicar.”

(Convênio ICMS 143/06, cláusula segunda).

“Para garantir a autenticidade, a integridade e a validade jurídica da EFD,

as informações a que se refere o § 1º serão prestadas em arquivo digital com

assinatura digital do contribuinte ao seu representante legal, certificada por entidade

credenciada pela ICP-Brasil.”

(Ajuste Sinief nº2, de 03/04/09, cláusula primeira, § 2º).

20

CAPÍTULO II

PARTICIPANTES E PROBLEMAS NA IMPLANTAÇÃO

“Todo problema é uma charada, onde as soluções são as

formas criativas de se tirar proveito das dificuldades.”

(Autor desconhecido)

Para transmitir os arquivos gerados referentes ao SPED Contábil e

SPED Fiscal a Receita Federal do Brasil contou com a criação de um software

capaz de validar todas as informações contidas nesses arquivos, conhecido

como PVA (Programa Validador e Assinador).

A empresa responsável pelo desenvolvimento desse programa é o SERPRO

(Serviço Federal de Processamento de Dados), que atende aos órgãos da

administração federal, estadual e municipal desenvolvendo tecnologias e

soluções em informática com eficiência. Por se criada para atender aos

interesses do governo, o SERPRO está priorizando às demandas do sistema

tributário brasileiro e por esse motivo tem como seu principal cliente a

Secretaria da Receita Federal do Brasil.

O SERPRO teve participação decisiva para o funcionamento da nova Receita

Federal, que foi criada por meio da Lei nº 11.457 de 16/04/07 com o objetivo

de trazer maiores benefícios a justiça fiscal e proporcionando ao cidadão

menos burocracia quando defender de assuntos ligados aos impostos

fazendários e previdenciários.

O Programa Validador e Assinador (PVA) será utilizado pelo contribuinte para

a geração, validação, assinatura por meio do Certificado Digital e a transmição

para o ambiente SPED. É importante salientar que não será recepcionado pelo

SPED os arquivos que não forem validado pelo PVA oficial, bem como

arquivos não assinado ou assinado por pessoa não autorizada.

Após ter transmitido os arquivos, o contribuinte receberá o recibo de

comprovante de envio da Receita Federal do Brasil, que é muito importante

21que seja arquivado ou salvo conforme sua preferência, para apresentação

numa eventual fiscalização.

O Guia Prático bem como o PVA, estão disponíveis no site da Receita Federal

para download (http://www.receita.fazenda.gov.br/sped/download).

2.1 – Participantes

Para o SPED ser desenvolvido, foram necessários as participações de alguns

membros e entidades do governo e um grupo de 27 empresas piloto com

grandes participações no mercado nacional para a implantação desse projeto.

2.1.1 – Membros

Ø Associação Brasileira das Secretarias de Finanças das Capitais – ABRASF;

Ø Banco Central do Brasil – BACEN;

Ø Comissão de Valores Mobiliários – CVM;

Ø Departamento Nacional de Região de Comércio – DNRC;

Ø Encontro Nacional dos Coordenadores e Administradores Tributários Estaduais

– ENCAT;

Ø Secretaria da Receita Federal do Brasil – RFB;

Ø Secretarias de Fazenda, Finanças, Receita ou Tributação dos Estados e do

Distrito Federal;

Ø Superintendência da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA;

Ø Superintendência de Seguros Privados – SUSEP.

2.1.2 – Entidades

Ø Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT;

Ø Associação Brasileira das Companhias Abertas - ABRASCA;

Ø Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviço - ABECS;

Ø Associação Brasileira de Bancos - ABBC;

Ø Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro - ANDIMA;

22Ø Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores - ANFAVEA;

Ø Conselho Federal de Contabilidade - CFC;

Ø Federação Brasileira de Bancos - FEBRABAN;

Ø Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de

Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas - FENACON;

Ø Federação Nacional das Empresas de Serviços Técnicos de Informática e

Similares – FENAINFO;

Ø Junta Comercial do Estado de Minas Gerais – JUCEMG.

2.1.3 – Empresas Pilotos

Ø Ambev;

Ø Banco do Brasil S.A;

Ø Brasilveiculos Companhia de Seguros;

Ø Caixa Econômica Federal;

Ø Cervejarias Kaiser Brasil S.A. – FEMSA;

Ø Cia. Ultragaz S.A;

Ø Disal - Administradora de Consórcios Ltda - Grupo Assobrav;

Ø Eurofarma Laboratórios Ltda;

Ø FIAT Automóveis S.A;

Ø Ford Motor Company Brasil Ltda;

Ø General Motors do Brasil Ltda;

Ø Gerdau Aços Longos S.A;

Ø Petróleo Brasileiro S.A;

Ø Pirelli Pneus S.A;

Ø Redecard S.A;

Ø Robert Bosch;

Ø Sadia S.A;

Ø Serpro – Serviço Federal de Processamento de Dados;

Ø Siemens Vdo Automotive Ltda;

Ø Souza Cruz S.A;

Ø Telefônica - Telecomunicações de São Paulo S.A;

Ø Tokio Marine Seguradora;

Ø Toyota do Brasil Ltda;

Ø Usiminas – Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais S.A;

23Ø VarigLog - Varig Logística S.A;

Ø Volkswagen do Brasil Ltda;

Ø Wickbold & Nosso Pão Indústrias Alimentícias Ltda.

2.2 – Problemas na Implantação

São vários os tipos de problemas encontrados pelas organizações que

tiveram implantando o SPED. Nesse tópico estarei abordando e relatando

quais foram os principais impactos internos ou externos sofridos pelas grandes

empresas no que diz respeito ao SPED Fiscal e SPED Contábil.

Tanto a Escrituração Fiscal Digital – EFD como a Escrituração Contábil Digital

– ECD, devem ter suas informações extraídas da base de dados do

contribuinte para serem entregues ao fisco de forma organizada conforme o

layout estabelecido pela Receita Federal do Brasil. Estas informações, dentro

de um arquivo tipo texto, estão organizadas em blocos de informações que, por

sua vez, estão organizadas em registros de forma hierárquica.

Segue a forma que foram estruturadas as escriturações em blocos:

Escrituração Fiscal Digital – EFD

• Bloco O – que trata Abertura, Identificação e Referência;

• Bloco C – que trata Documentos Fiscais I Mercadorias (ICMS/IPI);

• Bloco D – que trata Documentos Fiscais II Serviços (ICMS);

• Bloco E – que trata Apuração do ICMS e do IPI;

• Bloco H – que trata Inventário;

• Bloco 1 – que trata Outras Informações;

• Bloco 9 – que trata Controle e Encerramento do Arquivo Digital.

Escrituração Contábil Digital – ECD

• Bloco O – que trata Abertura, Identificação e Referência;

• Bloco I – que trata Lançamentos Contábeis;

• Bloco J – que trata Demonstrações Contábeis;

24• Bloco 9 – que trata Controle e Encerramento do arquivo digital.

Entre as principais dificuldades ou problemas encontrados pelas organizações

na implantação da EFD e ECD, destaquei as que tiveram maiores impactos e

que foram comprovados por meio de um questionário que foi respondido por

profissionais de grandes empresas das áreas / departamentos que estavam

envolvidos na implantação desses projetos.

Com os dados obtidos através desse questionário, foi desenvolvido um gráfico

demonstrando os itens que obtiveram os maiores índices O modelo do

questionário está localizado no Anexo 2 e o gráfico no Anexo 3.

2.2.1 – Falta de Equipe e Usuários Sem o Conhecimento

Técnico

As empresas tiveram muitas dificuldades no que diz respeito a usuários

que possuíssem o conhecimento técnico fiscal e habilidades sistêmicas para

desenho dos modelos ideais de trabalho que refletisse para as novas

disposições legais e homologações das informações extraídas do sistema que

utilizam dentro da organização.

Por conseqüência desse fator, as empresas sofreram com:

Falta de pessoal para o “novo dia-a-dia” de uma equipe fiscal decorrente da

multiplicação de obrigações fiscais acessórias;

Cronograma do projeto estrapolado por prolongar o andamento das tarefas;

Aumento de custo no projeto;

Aumento do risco da não entrega do arquivo para a Receita Federal do Brasil,

devido a aproximidade com o prazo legal;

Algumas vezes, apresentando necessidades de desenvolvimento de “Planos

B’s”;

Dificuldades de localizar bons profissionais até mesmo a curto prazo, com

exclusividade para os projetos.

252.2.2 – ENTENDIMENTO DA LEGISLAÇÃO / LAYOUT

Principalmente no SPED Fiscal, ocorreram diversas dúvidas nas cabeças dos

profissionais que desenvolveram o software para a geração do arquivo como

também para os usuários encarregados na execução do projeto.

Já existe uma grande complexidade de adequar todas as informações fiscais

do contribuinte para um layout estipulado pela RFB, ainda mais com diversas

alterações e até inclusões de novos campos determinados como obrigatórios

para estarem presentes nos arquivos a serem gerados.

Ocorreram diversas alterações e inclusões que impactaram muito no

andamento do projeto da Escrituração Fiscal Digital, citarei algumas dessas:

Alterações no layout

Ø Registro 0205 (Alteração do Item) – pertencente ao Bloco 0, nesse registro foi

criado um novo campo, de número 05 (COD_ANT_ITEM). Ele refere-se ao

código anterior do item com relação à última informação apresentada.

Ø Registro C600 (Consolidação Diário de Notas Fiscais / Contas de Energia

Elétrica – código 06, Nota Fiscal / Conta de Fornecimento d’água Canalizada –

código 09 e Nota Fiscal / Conta de Fornecimento de Gás – código 28, para

empresas não obrigadas ao Convênio ICMS 115/2003) – pertencente ao Bloco

C, nesse registro ocorreu uma significativa alteração no campo de número 06

(COD_CONS) no código de classe de consumo referente à energia elétrica ou

gás.

Ø Registro D500 (Nota Fiscal de Serviço de Comunicação – código 21 e Nota

Fiscal de Serviço de Telecomunicação – código 22) – pertencente ao Bloco D,

nesse registro foi criado um novo campo, de número 24 (TP_ASSINANTE) que

diz respeito ao código do tipo de assinante.

Ø Registro E116 (Obrigações do ICMS a Recolher – Operações Próprias) –

pertencente ao Bloco E, nesse registro foi criado um novo campo, de número

10 (MÊS_REF), refere-se ao mês que foi apurado para o pagamento do ICMS

por Operações Próprias.

26Novos Registros

Ø Registro 0300 (Tabela Cadastro de Bens ou Componentes do Ativo

Imobilizado);

Ø Registro 0305 (Informações sobre a Utilização do Bem do Ativo Imobilizado);

Ø Registro 0500 (Plano de Contas Contábeis);

Ø Registro 0600 (Centro de Custos);

Ø Registro C105 (Operações com ICMS Recolhido para UF Diversa do

Destinatário do Documento Fiscal);

Ø Registro 1700 (Documentos Fiscais Utilizados);

Ø Registro 1710 (Documentos Fiscais Cancelados / Inutilizados);

Ø Registro 1800 (DCTA – Demonstrativo de Crédito do ICMS sobre Transporte

Aéreo).

2.2.3 – ALTO CUSTO DE IMPLANTAÇÃO E COMPROMETIMENTO

INTERNO

É sempre um assunto muito complicado para um gerente responsável por

projetos complexos como são esses EFD e ECD, chegar para o presidente ou

dono de uma empresa e falar que ele terá que retirar do seu caixa dinheiro

para investir em novas tecnologias para a sua organização se adaptar as

novas mudanças do Governo e que a princípio não obterá nenhum retorno

financeiro para os seus cofres.

Ainda é mais difícil para justificar sobre esse custo quando se trata de uma

empresa multinacional e que sua matriz está localizada fora do Brasil e para

explicá-los sobre a Legislação Brasileira é quase que impossível.

O autor Clóvis Padoveze define muito bem sobre o conceito de custo:

“Custo é a mensuração econômica dos recursos (produtos, serviços e

direitos) adquiridos para obtenção e a venda dos produtos e serviços da

empresa. Em palavras mais simples, custo é o valor para por alguma

coisa.”

(Padoveze, 2006, p.04)

Existem outros fatores preocupantes que vem além dos altos gastos que se

tem no projeto SPED Fiscal e SPED Contábil, que são:

27• Conscientização de pessoas influentes em outras diretorias, para apoiarem as

mudanças que serão provocadas depois dessas implantações;

• Adaptação dos usuários ao novo sistema e da nova rotina que deverá se

adequar no seu dia-a-dia;

• Comprometimento e manutenção do time durante todo o projeto

(colaboradores, usuários chaves e consultores), possibilitando a eficácia para

se obter os resultados esperados.

2.2.4 – QUALIDADE DA INFORMAÇÃO GERADA

Com a implantação do SPED os fiscos (federal, estaduais e municipais)

passam a receber todas as informações fiscais e contábeis de forma analítica,

o que possibilita a realização de inúmeras auditorias e cruzamentos.

As informações estarão disponíveis para diversas entidades. Informações

inseridas nos arquivos encaminhados ao fisco com erros serão facilmente

descobertas e consideradas indícios de fraudes / sonegações. Em alguns

casos podem ocorrer até mesmo o impedimento da entrega do arquivo nos

prazos estabelecidos.

A legislação permite que no ano de 2013 ainda sejam realizadas autuações

nas informações extraídas do sistema do contribuinte de hoje, por meio de

tecnologias ainda mais avançadas.

Se alguma dessas empresas obrigadas a entregar os arquivos do SPED Fiscal

e Contábil, realizar alguma manipulação dentro do arquivo texto (.txt) para

alterar alguma informação de valores, cadastros ou qualquer que seja, só para

possibilitar que o seu arquivo seja validado com sucesso, estará correndo

sérios riscos. Está previsto na legislação de alguns estados e na legislação

federal, que o fisco poderá a qualquer momento fiscalizar o sistema de gestão

para verificar se a informação extraída do sistema utilizado na empresa está

igual ao que foi transmitido no arquivo.

A Receita Federal utiliza diversos cruzamentos entre o arquivo do SPED Fiscal

como o do SPED Contábil, segue alguns desses:

SPED Fiscal – EFD SPED Contábil -

ECD

28Bloco H – Inventário <---------> Diário Auxiliar Estoque - Saldo

Bloco C e D – Documentos Fiscais <---------> Diário Auxiliar Faturamento - Dia

Bloco G – CIAP <---------> Diário Auxiliar Patrimônio

Registro 0150 – Participantes <---------> Diário Contas a Pagar / Receber

Registro 0200 – Produto <---------> Diário Auxiliar Estoque

Bloco E – Apuração Impostos <---------> Conta ICMS do Diário Geral

2.2.5 – CADASTROS INTERNOS (CLIENTES, FORNECEDORES E

PRODUTOS)

Com a evolução digital, as empresas devem tomar muita cautela nas

irregularidades fiscais e tributárias dos fornecedores.

No SPED Fiscal existem dois registros que fazem parte do Bloco 0 (Abertura,

Identificação e Referência) que devem estar sincronizados com as informações

contidas junto a Receita Federal e a outros órgãos governamentais, são eles:

Registro 0150 (Tabela de Cadastro do Participante), que nada mais é que os

cadastros dos clientes e dos fornecedores da organização que gera o arquivo;

Registro 0200 (Tabela de Identificação do Item – Produto e Serviços), este

registro informa todo o cadastro de mercadorias / produtos e serviços que a

organização realiza nas transações fiscais.

Muitas empresas estão enfrentando vários problemas nesses dois registros

devido aos seguintes fatores:

1º - Fornecedores e clientes com situação irregular, seja na Receita Federal,

Secretaria de Fazenda e etc.;

2º - Dados cadastras em desacordo com o fisco;

3º - Cadastros de parceiros de negócios (clientes e fornecedores) com

informações incompletas, desatualizadas ou simplesmente erradas, como por

exemplo: CNPJ, CPF, código de município segundo a tabela do IBGE e etc.;

4º - Cadastros de materiais ou produtos com informações também incorretas

ou nulas, como por exemplo: classificação do item (matéria-prima, revenda,

serviços, etc) e o código da Nomenclatura Comum do Mercosul – NCM.

29Para uma organização que tem no seu cadastro de clientes, fornecedores e

produtos um grande número de registros é muito importante e essencial que

estejam corretos, porque podem provocar problemas como perda de créditos

dos impostos, multas, retenção de mercadorias em trânsito, transações

consideradas inidôneas e devolução de arquivos magnéticos.

2.2.6 – FALTA DE ESTRUTURA PARA GERAÇÃO E ARMAZENAMENTO

DOS ARQUIVOS

Esse assunto também vem preocupando muita as organizações, que em

alguns casos tem que investir em novas tecnologias que possibilitem um

melhor processamento da sua infra-estrutura para a geração e

armazenamento dos arquivos referentes a EFD e ECD.

O maior desafio das empresas é saber analisar o seu parque tecnológico e

verificar qual é a necessidade de melhorar o seu processamento e

armazenamento de dados tendo sempre a segurança e confiabilidade das

informações contábeis e fiscais.

Considerando a questão de redundância de armazenamento os arquivos,

visto também que é uma exigência do fisco, muitas empresas devem tomar

mais cuidado nessa questão legal.

30

CAPÍTULO III

POSSÍVEIS SOLUÇÕES, VANTAGENS E

DESVANTAGENS E FUTURO DO SPED

“O que sua empresa quer é sua inteligência, criatividade, capacidade

inovadora, motivação, comprometimento e não o seu sangue.”

(Autor desconhecido)

O Sistema Público de Escrituração Digital – SPED, é uma realidade entre a

rotina das empresas e que a cada momento está gerando mudanças que

devem ser adequadas nas organizações. Em 2009, muitas empresas tiveram

que estruturar uma nova rotina contábil / fiscal, tendo que realizar diversas

alterações em suas rotinas de trabalho. Porém, essas organizações superaram

essas barreiras e lançaram com sucesso esses primeiros projetos.

Nesse mesmo pensamento, os profissionais envolvidos nesses projetos do

SPED, sejam das áreas fiscais, tributárias, contábeis e de TI, precisam

acompanhar de perto todas as tarefas que forem homologadas.

3.1 – POSSÍVEIS SOLUÇÕES

Acompanhando todo esse cenário tributário brasileiro, o Confeb – Conselho

Fiscal Empresarial Brasileiro, criou um fórum com exclusividade aos assuntos

que tratam de Escrituração Digital e NF-e.

Composto por palestras de grandes empresas que apresentam de forma clara

e objetiva todas as etapas do projeto, o evento partiu para a sua 4º edição e eu

tive o prazer de estar presente nessas palestras que aconteceram nos dias 22

e 23 de junho de 2010 na cidade de São Paulo.

O Confeb por ser a voz dos profissionais das áreas fiscais, tributárias e

contábeis, apresenta nesse fórum os casos de sucesso e com isso proporciona

31trocas de experiências entre os gestores das áreas envolvidas das maiores

empresas do Brasil, além de permitir aos profissionais a reciclar e atualizar

idéias, principalmente com relação à modernização dos projetos ligados a

Escrituração Fiscal e Contábil e NF-e.

No 4º fórum do SPED as empresas que tiveram realizando as palestras,

apresentaram diversas formas de soluções em que destacarei as que mais

buscam relevâncias para os problemas que foram relatados no Capítulo II, são

elas:

Ø Estruturação de uma equipe fiscal / contábil para atendimento aos novos

requisitos fiscais;

Ø Gestão e treinamento para essa equipe que estará envolvida nos projetos;

Ø Implantar formas de motivações e valorizações aos profissionais;

Ø Suporte aos usuários em suas novas responsabilidades;

Ø Levantamento de recursos necessários para montar o orçamento incluindo

parceiro de TI que é o responsável pelo software gerador das informações

presentes no arquivo, para que o orçamento planejado não tenha um custo

muito ultrapassado do que foi apresentado para os administradores;

Ø Contratar ou implantar um sistema PR com retornos de consulta que valide as

informações do cadastro interno (clientes e fornecedores) com as informações

da Receita Federal, Secretarias de Fazenda Estaduais e etc. Esse sistema irá

proporcionar o preenchimento e atualização da base cadastral possibilitando a

não ocorrência de erros que são acusados pelo PVA (Programa Validador e

Assinador) no momento da validação do arquivo;

Ø Levantamento de todos os benefícios (financeiros) e os problemas que

acarretam se não ocorrer essa implementação principalmente no faturamento

da empresa devido a todos os seus impactos e complexidades, para obter

então o apoio da administração da empresa;

Ø Definição completa do projeto por meio do organograma;

Ø Criação de um comitê para acompanhamento e desenvolvimento do projeto

com alguns representantes das áreas envolvidas;

Ø Definição antes mesmo de iniciar o projeto se será necessário a contratação

de consultores ou usuários.

32

3.2 – VANTAGENS E DESVANTAGENS

O SPED proporciona diversas vantagens para todas as partes, seja ao fisco,

as empresas e até mesmo a sociedade. As principais vantagens do SPED são:

Fisco

ü Maior integração entre os fiscos e melhor controle administrativo;

ü Menor envolvimento involuntário em práticas fraudulentas;

ü Melhoria na qualidade da informação com o conseqüente aperfeiçoamento dos

processos de controle fiscal;

ü Aperfeiçoamento do combate à sonegação.

Empresa

ü Possibilita a melhoria e o aperfeiçoamento dos processos internos de

faturamento e logística operacional;

ü Descarta erros de escrituração no registro de NF-e e de entradas e saídas de

mercadorias;

ü Redução de custo com a racionalização e simplificação das obrigações

acessórias;

ü Minimiza os custos administrativos com a dispensa de emissão e

armazenamento de documentos em papel.

Sociedade

ü Preservação do meio ambiente com redução de consumo de papel;

ü Redução do Custo Brasil;

ü Incentivo ao uso de relacionamentos eletrônicos entre empresas (B2B);

ü Utilização de padrões abertos (Web Services, Internet).

Para muitas empresas (contribuintes) o SPED é encarado como uma ameaça,

visto pelo aumento da exposição das informações extraídas para o fisco. A

Receita Federal está cruzando todos os dados do arquivo do SPED Fiscal e

33SPED Contábil com algumas obrigações acessórias como a DIPJ, DCTF,

DIRF, etc.

3.3 – FUTURO DO SPED

A entrega da EFD e ECD marca apenas o início do SPED.

Para o início do ano de 2011, estão previstos mais cinco projetos do SPED,

vejamos a seguir:

3.3.1 – SPED e-CIAP

O Controle de Crédito de ICMS do Ativo Permanente (CIAP), nos modelos C

ou D, destina-se à apuração do valor de ICMS a ser mensalmente apropriado

relativo a bens do ativo permanente, cuja entrada no estabelecimento tenha a

partir de 1º de agosto de 2000.

As implicações pela falta de registros das operações, envolvendo ativo

imobilizado, bem como o não atendimento do CIAP, poderá representar

penalidades para as organizações de 1% (um por cento) do valor das

operações envolvendo o ativo imobilizado e possibilidade de interpretação dos

créditos de ICMS apropriados.

O Ato Cotepe nº 38 de 19/09/2009 instituiu na Escrituração Fiscal Digital os

registros pertinentes ao Controle de Crédito de ICMS do Ativo Permanente

(CIAP), no Bloco G da EFD.

O respectivo bloco será obrigatório a partir de janeiro de 2011 para as

empresas que se apropriam de ICMS relativos às aquisições de ativo

imobilizado.

Nesse sentido, o CIAP, antes em papel com pequena possibilidade de

cruzamento de dados e identificação de divergências, passa a ser parte

integrante da estrutura do SPED, ocasionando:

Relacionamento entre as informações;

34Maior rastreabilidade com as notas fiscais escrituradas (entrada e créditos de

ICMS sobre o Ativo Imobilizado);

Possibilidade de revisão automática de cálculo das parcelas;

Evidência do imposto apropriado com a apuração de ICMS.

3.3.2 – SPED e-Lalur

A escrituração e entrega do e-Lalur é obrigatória para as pessoas jurídicas

sujeitas à apuração do Imposto sobre a Renda pelo Regime do Lucro Real.

Devem ser informadas todas as operações que influenciem, direta ou

indiretamente, imediata ou futuramente, a composição da base de cálculo e o

valor devido dos tributos (IRPJ e CSLL).

3.3.3 – SPED e-Fopag

Este é um projeto bem amplo, pois além da criação da folha de pagamento

digital o projeto permitirá eliminar a impressão da folha de pagamento e os

arquivos de algumas obrigações acessórias.

A equipe que participa do desenvolvimento deste projeto deve trabalhar todo

ano de 2010 e tem previsto as seguintes situações:

Até novembro de 2010: realização de testes de homologação pelas empresas

piloto do SPED;

Em janeiro de 2011: início da obrigatoriedade para as empresas com

acompanhamento diferenciado, normal e especial;

A partir de junho de 2011: a obrigatoriedade passará a vigorar para as demais

empresas de lucro real e presumido.

3.3.4 – SPED PIS / COFINS

O EFD-PIS/Cofins (Escrituração Fiscal Digital da Contribuição para o

PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social),

instituído pela Instrução Normativa 1052/ 2010 e com o leiaute publicado no

Ato Declaratório Cofis 31/2010.

35As empresas devem revisar tanto os critérios de apuração quanto os créditos

dos impostos, os quais, segundo a Receita Federal, são lançados, muitas

vezes, de forma incorreta.

O novo livro também inclui mais de 150 tipos de registros, ultrapassando a

casa de 1.000 campos, os quais estão sendo ajustados pelo grupo piloto do

SPED.

A partir de janeiro do próximo ano, serão obrigadas a entregar o livro EFD-

PIS/Cofins todas as pessoas jurídicas sujeitas a acompanhamento econômico-

tributário diferenciado e sujeitas à tributação do Imposto sobre a Renda com

base no Lucro Real.

Em julho será a vez das demais pessoas jurídicas sujeitas à tributação

baseada no Lucro Real. E janeiro de 2012 serão incluídas as pessoas jurídicas

cuja tributação do Imposto sobre a Renda se baseia no Lucro Presumido ou

Arbitrado.

As demais empresas podem optar por também entregar este livro, que será

mensal e feita a até o quinto dia útil do segundo mês subseqüente.

Então, a primeira remessa deste arquivo ao SPED com informações de janeiro

de 2011 será no dia 7 de março.

Quem não entregar o livro será penalizado com multa de R$ 5 mil por mês-

calendário ou fração.

O arquivo da EFD-PIS/Cofins deverá ser elaborado por sistema do contribuinte

no formato publicado pela Receita Federal e submetido ao PVA a ser

disponibilizado pelo órgão, que deve verificar a correção das informações.

O arquivo deve ser assinado pelo representante legal da empresa, ou

procurador constituído na Receita Federal, com certificado de segurança

mínima tipo A3. O PVA permitirá o envio do arquivo para o site do SPED.

Para quem está obrigado a entregar a EFD-PIS/Cofins, a Receita Federal já

dispensou a entrega da Instrução Normativa 86 (IN 86) no que se refere aos

dados apresentados neste novo livro. Com o tempo a Receita Federal deve

36reduzir a apresentação das demais demonstrações entregues e que tem

informações redundantes com o livro EFD-PIS/Cofins.

3.3.5 – SPED P3

O projeto P/3 (Livro de Controle da Produção e do Estoque) está

acompanhado de outra leva pesada de obrigações fiscais que serão postas em

prática em menos de seis meses. Muitas empresas ainda estão presas a

antigos vícios no processo e encontram grandes dificuldades para atender

plenamente o P/3.

O principal problema na condução deste projeto é a cultura para gerar estas

informações, seja no entendimento do tipo de informação que o fisco pede,

seja na importância dele como documento de lastro e custeio das empresas.

Há também dificuldades no entendimento da área de TI sobre o conteúdo

informado neste leiaute e principalmente, no engajamento da área de

produção para passar informações da produção, muitas vezes tratadas como

sigilosas.

O SPED P/3 foi instituído pelo SEFAZ mineiro através da resolução n. 3.884/07

e foi alterada recentemente pela resolução n. 4.232, de 30 de junho de 2010,

exige as seguintes informações no arquivo:

• Apresentação de todas as ordens de produção;

• Apresentação do todas as fases do processo produtivo, inclusive

aquelas realizadas em terceiros (beneficiamento/subcontratação);

• Perdas do processo produtivo (eventuais, naturais) entre outras

informações.

Neste momento, a exigência já faz parte da legislação mineira e até o final

do ano entra na legislação do SPED Fiscal. Portanto, é necessária uma

grande mudança interna tanto no que diz respeito à de determinadas

culturas que são inacessíveis a este novo cenário, como também buscar o

37apoio da Produção, bem como de fornecedores de soluções de produção

(MRP). Também é preciso garantir o apoio das áreas de TI, Contabilidade,

Fiscal, Financeiro, Controladoria, Auditoria interna, etc.

38

CONCLUSÃO

Concluiu-se que o problema lançado no início deste trabalho poderá

ser solucionado com a participação em fóruns onde ocorrem trocas de

experiências entre os gestores das áreas envolvidas das maiores empresas do

Brasil, além de permitir aos profissionais a reciclar e atualizar idéias,

principalmente com relação à modernização dos projetos ligados a

Escrituração Fiscal e Contábil e NF-e.

É inegável que o SPED proporciona diversas vantagens para todas as

partes, seja ao fisco, as empresas e até mesmo a sociedade. Redução de

custos com a dispensa de emissão e armazenamento de papéis,

racionalização e simplificação do relacionamento com os diversos entes da

administração tributária e órgãos reguladores, diminuição de custos

administrativos, melhoria, ainda que compulsória em algumas empresas, dos

processos contábeis, otimização dos recursos empregados nas áreas

contábeis, tributária, controles internos e etc.

Para muitas empresas (contribuintes) o SPED é encarado como uma

ameaça vista pelo aumento da exposição das informações extraídas para o

fisco. A Receita Federal está cruzando todos os dados do arquivo do SPED

Fiscal e SPED Contábil com algumas obrigações acessórias como a DIPJ,

DCTF, DIRF, etc.

Para o início do ano de 2011, o SPED forçará as empresas a

realizarem uma grande mudança interna tanto no que diz respeito à de

determinadas culturas que são inacessíveis a este novo cenário, como também

de buscar o apoio nas áreas envolvidas seja de TI, Contabilidade, Fiscal,

Financeiro, Controladoria e etc, para as novas implantações (SPED e-CIAP,

SPED e-Lalur, SPED e-Fopag, SPED PIS / COFINS e SPED P3). Portanto

será preciso que todos os departamentos da organização se reúnam e se

estruturem para montarem uma equipe que concretizem todos esses novos

projetos com sucesso.

39

ANEXO 1

40

ANEXO 2

ENTREVISTA

41

ANEXO 3

Gráfico

42

BIBLIOGRAFIA