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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO NA CONSTUÇÃO CIVIL Por: Flavio Manoel da Silva Orientadora Profª Fabiane Muniz Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO NA CONSTUÇÃO CIVIL

Por: Flavio Manoel da Silva

Orientadora

Profª Fabiane Muniz

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão de Recursos Humanos. Por: Flavio Manoel da Silva

3

AGRADECIMENTOS

A Deus, por me ajudar a atingir meus objetivos; à minha esposa e aos meus pais, pelo apoio em todas as horas; aos professores e aos colegas da AVM e da Construtora Norberto Odebrecht.

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha querida esposa, grande companheira nesta jornada e motivo de muita alegria em minha vida.

5

RESUMO

Esta monografia apresenta um breve estudo sobre os Problemas

Relacionados à Segurança do Trabalho na Construção Civil, mostrando a

necessidade de ação conjunta, que vai desde os profissionais das áreas de

Recursos Humanos e Segurança do trabalho, ao empregado, que é vítima em

potencial de acidentes, passando pelo empregador que precisa ter consciência

que investimento nessa área reduz acidentes, preservando o principal que é o

capital humano, e que essa redução gera lucros para a empresa. E é nessa

hora que entra a área de Recursos humanos como principal apoio, mostrando

ao empregador que funcionário afastado por acidente gera prejuízo tanto

financeiro quanto desmotiva os outros funcionários. Serão abordados principais

focos: a evolução da segurança do trabalho com a criação de legislação; os

acidentes e a importância dos treinamentos, como uma das formas mais

eficientes de evita-los; as perdas humanas e financeiras; as responsabilidades

de todos os envolvidos na segurança e saúde do trabalho; e a importância da

participação da área de Recursos Humanos tanto nos treinamentos para evitar

esses acidentes como na redução de custos ao evitá-los.

Serão apresentados neste estudo uma visão holística, onde a

importância da responsabilidade e conscientização de todos os envolvidos é a

chave para a prevenção de acidentes.

Palavras-chave: segurança do trabalho, construção civil, acidentes,

normas, profissional, trabalhador, Recursos Humanos, Gestão de Pessoas,

treinamento.

6

METODOLOGIA

O trabalho será desenvolvido pela observação em campo, com

anotações de fatos relevantes para a justificativa da proposta deste trabalho e

corroborado por referências bibliográficas, baseadas nas áreas de engenharia

de segurança do trabalho.

Ferramentas consultadas: pesquisas bibliográficas, informações e

anotações em sala de aula e de profissionais do setor de Recursos Humanos.

A pesquisa foi desenvolvida em bibliotecas universitárias e na Web, em sites

científicos, e do Ministério da Saúde, do Trabalho e INSS, visando dar apoio ao

estudo desenvolvido.

Uma segunda fonte de dados constituiu-se de informações fornecidas

por uma grande empresa no ramo da construção civil.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I:

COM A EVOLUÇÃO VEM À CRIAÇÃO DE NORMAS E MÉTODOS 11

CAPÍTULO II:

ACIDENTES, PREVENÇÃO E PERDAS HUMANAS E FINANCEIRAS 18

CAPÍTULO III:

A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DA ÁREA DE RECURSOS HUMANOS

NA SEGURANÇA DO TRABALHO 29

CAPÍTULO IV:

OS PROFISSIONAIS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO E DE

RECURSOS HUMANOS 33

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38

ÍNDICE 41

8

INTRODUÇÃO

O interesse pela escolha deste tema Segurança e Saúde do Trabalho na

Construção Civil, nasceu da observação do ambiente de trabalho nos canteiros

de obra, onde tal assunto é objeto de preocupação constante por apresentar

um elevado índice de acidente de trabalho, trazendo para os gestores de

recursos humanos os reflexos causados por essa característica conhecida

nacionalmente.

A hipótese à qual este trabalho precisa esclarecer é: “Até que ponto a

Segurança do Trabalho é eficaz na construção civil e como o setor de

Recursos Humanos pode ajudar na prevenção de acidentes evitando assim

perdas humanas e financeiras?”

A possível resposta ao problema acima formulado é: A Segurança do

Trabalho nos canteiros de obra é eficaz a partir do momento que é levada com

responsabilidade tanto pelo empregador quanto pelo empregado, exigindo uma

determinação diária do profissional dessa área para que se cumpram as

normas e métodos. Pois a mesma depende de ações conjuntas entre eles, e é

nesse momento que o setor de Recursos Humanos pode ajudar tanto o

empregado com treinamentos como o empregador com a diminuição dos

custos causados por esses acidentes.

O objetivo geral deste estudo é mostrar a importância e necessidade

desse conceito ser inserido dentro dos canteiros de obra através da educação

e conscientização, fazendo com que todos os envolvidos dêem o devido valor.

Mostrando também como é indispensável à valorização do profissional da área

de segurança do trabalho, pelo empregador, assim como a necessidade

constante de se avaliar esse trabalho. Pois a segurança e a saúde do

trabalhador são de responsabilidade do empregador e dos profissionais

envolvidos no ambiente de trabalho, incluindo o RH da empresa.

Como objetivo secundário, veremos tanto a evolução da segurança do

trabalho nas empresas devido à criação de legislação de segurança e saúde do

trabalho, como a aplicação de ferramentas e treinamentos para que a mesma

se torne eficaz.

9

Este trabalho, pelo tema proposto, tem como justificativa: demonstrar

como um conjunto de medidas pode promover a proteção desse trabalhador,

para que os mesmos desfrutem dos benefícios alcançados pela realização de

uma atividade segura nos canteiros de obra, reduzindo assim os custos devido

à diminuição desses acidentes, e também a necessidade de parceria com o

setor de Gestão de Pessoas para que esse processo ocorra de forma eficiente.

No primeiro capítulo, será apresentada a evolução da Segurança e

Saúde do Trabalho, com a criação de Normas e métodos, devido a grande

incidência de acidentes no mundo, principalmente na Indústria da Construção

Civil, onde é conhecida nacionalmente como uma das campeãs de acidentes

de trabalho, ficando em segundo lugar na frequência de acidentes registrados

em todo país.

O segundo capítulo, falará sobre os acidentes, a importância dos

treinamentos e palestras como forma de prevenção, dando exemplo de

medidas de uma grande empresa da Indústria da Construção Civil, com sede

em Salvador, mais que possui obras tanto em território nacional quanto

internacional, a qual trabalho desde 2009. Além da prevenção, este capítulo

também falará sobre os obstáculos na implantação de Sistema de Gestão em

Segurança do Trabalho, as perdas humanas e financeiras, como os gastos

com a perda de produtividade e de propriedade, e com seguros e Previdência

Social.

No terceiro capítulo, será abordada a importância da participação da

área de Recursos Humanos na Segurança do Trabalho, com palestras,

treinamentos e dando suporte ao profissional desta área, perdendo assim um

pouco da fama de mero setor burocrático, se tornando assim um parceiro

estratégico da empresa na redução de custos.

Finalmente, o quarto e último capítulo falará sobre o profissional de

Segurança e Saúde do Trabalho, suas responsabilidades e valorização, e do

profissional de Recursos Humanos, que passa por uma fase de redefinição do

seu papel devido ao crescimento das empresas e a complexibilidade no mundo

dos negócios.

10

Este trabalho tem como pressupostos teóricos os textos encontrados

em: Treinamento e Desenvolvimento, de Marcia Vilma G. Moraes, do qual foi

extraído o conceito de treinamento, onde afirma que “o treinamento em saúde e

segurança do trabalho diminui o risco de acidentes de trabalho”. Já em

Segurança no Trabalho e Prevenção de Acidentes, de Benedito Cardella,

contribuirá com uma visão holística, sustentando que “O principal objetivo é

proporcionar condições de pensar globalmente sobre segurança”. Por sua vez

em Noções de prevenção e controle de perdas em Segurança do Trabalho, de

José da Cunha Tavares, fala sobre as perdas e a responsabilidade do

empregador na prevenção de acidentes, quando afirma que “O Direito do

Trabalho ... amplia cada vez mais o papel do empregador nos infortúnios

laborais decorrentes de uma ordem de serviço.”

11

CAPÍTULO I

COM A EVOLUÇÃO VEM A CRIAÇÃO DE NORMAS E MÉTODOS

A preocupação com a segurança e saúde do trabalhador existe do

século XIX, mas os acidentes sempre fizeram parte do cotidiano dos

trabalhador, e sempre farão farte da sociedade. A história começa no Egito

antigo, onde há relato das condições de trabalho de um pedreiro, este

documento, o papiro Anastacius V, também fala da preservação da saúde e da

vida dos trabalhadores. Também no Egito, no ano de 2360 a.C., é evidenciada

a necessidade de melhoria das condições de vida dos escravos.

Os romanos aprofundaram-se no estudo da proteção dos trabalhadores

e elaboraram leis para a sua garantia. E é da Idade Média que vem às

primeiras ordenações aos fabricantes para adoção de medidas de higiene do

trabalho, com as associações de trabalhadores medievais fazendo

levantamento das doenças profissionais, essas ações terão grande influencia

sobre a segurança do trabalho no Renascimento. Também é nessa época que

se destacaram Samuel Stockausem, pioneiro da inspeção médica no trabalho,

e Bernardino Ramazzini, sistematizador dos conhecimentos acumulados sobre

segurança, cuja obra De Morbis Artificum (1760; Sobre doenças dos

trabalhadores) teve repercussão em todo o mundo, devido a sua importância.

Veremos que a necessidade de preservar o trabalhador será reconhecida na

Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra no século XVIII, como forma de

garantir a produção, acompanhando as mudanças e exigências dos processos

produtivos e dos movimentos sociais.

O Brasil foi considerado campeão mundial em acidentes do trabalho nos

anos 70, foi quando a pressão internacional fez o governo federal agir. O

Ministério do Trabalho publicou duas portarias para mudar o rumo dessa

tragédia: a 3.236 e a 3.237, no dia 27 de julho de 1972. Assim, instituiu o Plano

Nacional de Valorização do Trabalhador, que tinha entre as metas, a

preparação de profissionais de nível superior e médio para atuar no controle da

Segurança e Higiene do Trabalho. Também se criou o SESMT - Serviço

Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho.

12

Com a evolução da segurança e saúde do trabalho vem à criação de

normas regulamentadoras e métodos, para cumprir o que determina a

Constituição Federal, onde todo trabalhador tem direito a proteção de sua

saúde, integridade física e moral e segurança na execução de suas atividades,

com condições que contribuam para a melhoria da qualidade de vida e a

realização pessoal e social. A responsabilidade pela segurança do trabalhador

é de responsabilidade do empregador e dos profissionais dessa área.

Em 1995, o conceito de “Saúde Ocupacional” ou “Saúde no Trabalho” foi

revisto e ampliado pelo Comitê Misto OIT-OMS, tendo sido enunciado nos

seguintes termos:

“O principal foco da Saúde no Trabalho deve estar direcionado para três

objetivos:

- A manutenção e promoção da saúde dos trabalhadores e de sua capacidade

de trabalho;

- O melhoramento das condições de trabalho, para que elas sejam compatíveis

com a saúde e a segurança;

- O desenvolvimento de culturas empresariais e de organizações de trabalho

que contribuam com a saúde e segurança e promovam um clima social

positivo, favorecendo a melhoria da produtividade das empresas.

A legislação de segurança e saúde do trabalho baseia-se em normas

regulamentadoras descritas na Portaria 3214/78 do Ministério do Trabalho e

Emprego. Entre essas normas a NR-18 (Condições e Meio Ambiente de

Trabalho na Indústria da Construção) que estabelece diretrizes de ordem

administrativas, de planejamento e de organização, que objetivam a

implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança

nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na indústria da

construção, e ainda determina a elaboração do PCMAT (Programa de

Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção).

A elaboração e o cumprimento do PCMAT são obrigatórios nos

estabelecimentos com 20 ou mais trabalhadores, devendo ser mantido no

canteiro de obras a que se refere à disposição dos órgãos de fiscalização. As

empresas que possuem menos de 20 trabalhadores ficam obrigadas a elaborar

13

o PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais). Estes documentos

devem contemplar os aspectos desta NR, recomendações e práticas de

segurança e as exigências contidas em outras normas da Portaria, tendo como

as principais:

• NR-4 (SESMT – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança

e em Medicina do Trabalho):

De acordo com essa norma, a construção civil, antes classificada como

atividade econômica de grau de risco 3 (três), passa a ser classificada como

grau de risco 4 (quatro) a partir da Portaria nº 1, de 12 de maio de 1995.

A Portaria nº 169, de 14 de julho de 2006, suspende o prazo de entrada em

vigor da Portaria de 1995, permanecendo, então, grau de risco 3 (três) para a

construção civil.

A NR-4 teve sua redação alterada pela Portaria nº 17/2007 de 01/08/07, com

relação ao SESMT, possibilitando a formação de SESMT COMUM para

empregados contratados desde que previsto em Convenção ou Acordo

Coletivo de Trabalho. Veja na integra a portaria citada.

• NR-5 (CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes):

A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) visa a segurança

e saúde do trabalhador no seu ambiente de serviço. Todas as empresas que

possuam empregados com atividades em um canteiro de obras devem possuir

CIPA, sendo esta organizada quanto ao tipo (por canteiro, centralizada ou

provisória) e dimensionada de acordo com as determinações do item 18.33 da

NR-18.

Tipos de CIPA:

CIPA centralizada: quando a empresa possui num mesmo município 1 (um) ou

mais canteiros de obras ou frentes de trabalho com menos de 70 (setenta)

empregados (18.33.1).

CIPA por canteiro: quando a empresa possui 1 (um) ou mais canteiros ou

frentes de trabalho com 70 (setenta) ou mais empregados (18.33.3).

CIPA provisória: para o caso de canteiro cuja duração de atividades não

exceda a 180 dias (18.33.4).

• NR-6 (EPI – Equipamentos de Proteção Individual)

14

O EPI é um dispositivo de uso individual destinado a neutralizar ou

atenuar um possível agente agressivo contra o corpo do trabalhador, evitam

lesões ou minimizam sua gravidade e protegem o corpo contra os efeitos de

substâncias tóxicas, alérgicas ou agressivas, que causam as doenças

ocupacionais.

Quanto ao EPI, cabe ao empregador:

- Distribuir gratuitamente o EPI adequado à função e ao risco em que o

empregado esteja exposto;

- Fornecer o treinamento adequado ao uso;

- Fazer controle do preenchimento da ficha de EPI, onde deve constar a

descrição do mesmo, juntamente com a certificação (CA) pelo órgão nacional

competente (MTE), a data de recebimento e devolução e a assinatura do termo

de compromisso.

Quanto ao empregado:

- Cabe fazer uso do EPI apenas para as finalidades a que se destina;

- Responsabilizando-se pelo bom uso e conservação;

- Comunicando qualquer alteração.

• NR-7 (PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional):

Estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implementação de

PCMSO por parte de todos os empregadores e instituições que admitam

trabalhadores como empregados, com o objetivo de promoção e preservação

da saúde dos seus trabalhadores.

O PCMSO deverá ter caráter de prevenção, rastreamento e diagnóstico,

feitos através dos Atestados de Saúde Ocupacionais (ASO), emitidos por

médicos do trabalho, realizados na admissão do trabalhador, periodicamente e

no momento da demissão.

Compete ao empregador:

- Garantir a elaboração e efetiva implementação do PCMSO, bem como zelar

pela sua eficácia;

- Custear todos os procedimentos relacionados ao PCMSO sem qualquer tipo

de repasse ao trabalhador.

• NR-9 (PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais)

15

Tem como objetivo principal a preservação da saúde e da integridade

dos trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e

conseqüentemente controle dos riscos ambientais (agentes físicos, químicos e

biológicos) inerentes ao ambiente de trabalho.

Na Construção Civil enquadram-se os riscos físicos, químicos e

biológicos, abrangendo ainda os riscos ergonômicos e os de acidentes.

Riscos Físicos - Consideram-se agentes de risco físico as diversas formas de

energia a que possam estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, calor,

frio, pressão, umidade, radiações ionizantes e não-ionizantes, vibração e etc.

Obra realizada pela Prefeitura do Rio de Janeiro. Março/2012

Riscos Químicos - Consideram-se agentes de risco químico os compostos, as

substâncias ou produtos que possam penetrar no organismo do trabalhador

pelas vias respiratórias, pele ou ingestão nas formas de poeiras, fumos, gases,

neblinas, névoas ou vapores.

16

Riscos Biológicos - Consideram-se como agentes de risco biológico as

bactérias, vírus, fungos, parasitos, entre outros.

Riscos Ergonômicos - Qualquer fator que possa interferir nas características

físicas e mentais do trabalhador, causando desconforto ou afetando sua saúde.

São exemplos de risco ergonômico: levantamento de peso, ritmo excessivo de

trabalho, monotonia, repetitividade, postura inadequada de trabalho, etc.

Riscos de Acidentes - Qualquer fator que coloque o trabalhador em situação de

risco e possa afetar sua integridade e seu bem-estar físico e mental. São

exemplos de risco de acidente: as máquinas e equipamentos sem proteção,

possibilidade de incêndio e explosão, desmoronamentos, quedas, falta de

organização no ambiente, armazenamento inadequado, falta de atenção, e

tantos outro.

Cada atividade na construção civil oferece riscos inerentes à função,

cabe ao profissional utilizar ferramentas adequadas a cada atividade, reduzindo

assim os riscos causados. Exemplo disso é o caso da escavação, fundação e

desmonte de rochas que requer ferramentas e equipamentos diferentes da

carpintaria, ou da armação de aço.

Barragem em Angola, obra da construtora Norberto Odebrecht. Junho/2009

17

Terminal de Cargas da Construtora Norberto Odebrecht, Santo Cristo/RJ.

Março/2011.

A segurança e saúde no trabalho começam pela organização e limpeza,

dando assim condições e meio ambiente saudáveis para o trabalhador, como

demonstra alguns subitens da NR-18 que são de suma importância para um

canteiro de obras, oferecendo conforto e segurança para todos, como áreas de

vivência: instalação sanitária, chuveiros, vestiário e local para refeições. Todos

em perfeito estado de conservação, higiene e limpeza. Pois é difícil exigir

higiene e organização de um trabalhador se as instalações de são precárias.

18

CAPÍTULO II

ACIDENTES, PREVENÇÃO E PERDAS HUMANAS E FINANCEIRAS

Acidente ocorrido no Porto do Rio de Janeiro. Março/2011.

19

Para o Ministério do Trabalho (1995), a legislação Previdenciária

conceitua o acidente de trabalho em sua Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991,

alterada pelo Decreto nº 611, de 21 de julho de 1992, art. 19: “Acidente de

trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa,

ou ainda, pelo serviço de trabalho de segurados especiais, provocando lesão

corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a perda ou redução da

capacidade para o trabalho, permanente ou temporária”.

Segundo o Sebrae, em 2008, o setor da construção teve um

crescimento de 11%, o número de acidentes também acompanhou a

tendência. Só nesse ano, segundo o anuário estatístico da previdência social,

foram mais 45 mil acidentes registrados neste segmento. A indústria da

construção civil é nacionalmente caracterizada por apresentar um elevado

índice de acidente de trabalho, ficando em segundo lugar na ocorrência de

acidentes registrados em todo país, perdendo apenas para a indústria pesada,

com a marca de 13,4 (Brasil, 2002). Em 1995, ocorreram, no setor, 3381

Acidentes de Trabalho com 437 óbitos; em 2000, houve 3.094, sendo 10,5% na

Indústria da Construção Civil (Brasil, 2001); em julho de 2001, registraram-se

12,5 afastamentos por mil empregados.

São vários os motivos que fazem com que ocorram acidentes com o

trabalhador, como: falta de atenção, algum mal-estar que acaba

desencadeando acidente, desentendimento com algum colega de trabalho que

direta ou indiretamente contribuiu para que ele se acidentasse, ambientes de

trabalho inseguros, propiciando riscos ocupacionais, e principalmente a falta de

responsabilidade por parte de algum dos envolvidos (empregador, empregado

ou profissional da área de segurança e saúde do trabalho) entre outros.

Segundo Barros Júnior (1990), os baixos salários, a baixa ingestão de

alimentos, o elevado índice de alcoolismo, as excessivas cobranças feitas

pelos empregadores no sentido de aumentar o ritmo de trabalho, podem

predispor os trabalhadores a sofrerem acidentes de trabalho e a adoecerem.

Em relação às causas dos acidentes de trabalho entre esses indivíduos,

elaborou-se o gráfico, que se segue, utilizando-se 150 trabalhadores da

20

construção civil acidentados. A pesquisa, referente ao período de dois anos, foi

realizada em Ribeirão Preto, SP, em um hospital-universitário estatal.

37%

16%13%

11%

8%

4% 3% 3% 1% 4%

Quedas

Contato comferramentas emáquinasAcidentes de trajeto

Impacto por objeto

Corpo estranho

Agressão

Contato com vidro

Exposição à correnteelétrica

Contato com fontes decalor

Outros

Entre os 150 trabalhadores acidentados, evidenciou-se a existência de

pedreiros ou ajudantes de pedreiro (55,2%), serralheiros, marceneiros,

carpinteiros e seus ajudantes (17,2%); pintor (7,5%) e um quarto grupo,

classificado como outros, formado por vidraceiros, ajudantes de montagem,

oficiais de serviço, operadores de betoneira, ajudantes de encanador, calheiros

e encarregados de obras (18,6%). Dois (1,5%) trabalhadores não tiveram suas

ocupações declaradas, concluindo-se que realizavam atividade relacionada à

construção civil pela descrição das mesmas, a partir das anotações dos

prontuários hospitalares.

21

Segundo Costella (1998) um estudo realizado com trabalhadores da

construção civil evidenciou que 87% dos acidentes de trabalho ocorreram entre

serventes, pedreiros e carpinteiros. Mostrando assim as possíveis relações

existentes entre essas lesões e a atividade laboral realizada pelos seus

portadores.

Estimativas conservadoras da Organização Internacional do Trabalho –

OIT revelam que vêm ocorrendo cerca de 250 milhões de acidentes do trabalho

e 160 milhões de doenças profissionais por ano em todo o mundo, o que

equivale a 685 mil acidentes do trabalho por dia, 475 por minuto e 8 por

segundo (BARTOLOMEU, 2002).

Vemos que o setor da construção evolui rapidamente, sendo assim a

demanda por profissionais qualificados precisa acompanhar toda essa

evolução. E o treinamento é parte crucial, tanto para a formação desse

trabalhador, que muitas vezes muda de função dentro do próprio canteiro de

obra, quanto para a sua segurança. Pois um profissional bem treinado diminui

e muito os riscos de acidentes.

Para Moraes,

Treinamento tem por objetivo a preparação dos

colaboradores para a execução imediata das atividades

laborais; dando oportunidades para o contínuo

desenvolvimento pessoal,..., aumentando-lhes a motivação

e tornando-as mais receptivas às técnicas de supervisão,

gestão, saúde e segurança do trabalho. (Moraes, 2011, p.

34).

Um exemplo disso é o setor de Segurança do Trabalho da Construtora

Norberto Odebrecht, que todo mês realiza diversos treinamentos, um deles

acontece no final de cada mês para cerca de 80 integrantes em processo de

mudança de função, com o objetivo de prepará-los para os riscos que as novas

atividades oferecem, onde os integrantes que não realizam o treinamento são

impossibilitados de atuar em sua nova área, por isso Tiago Madalena, Técnico

22

de Segurança, reforça a importância da liberação e incentivo por parte da

liderança para que eles participem e sigam os procedimentos para a troca de

função. Esse processo se inicia com a avaliação dos líderes que em conjunto

com o Setor de Treinamento e Desenvolvimento e a Segurança do Trabalho,

buscam atender às demandas da obra formando pessoas para os desafios

crescentes desse mercado.

Treinamento para os empregados na empresa Norberto Odebrecht

O RH em conjunto com o Serviço Social da empresa também realiza

pesquisas de clima organizacional em todas as áreas do empreendimento, com

o objetivo de entender as necessidades de cada setor e o nível de satisfação

com relação ao ambiente de trabalho. Essa entrevista é pessoal e confidencial,

visando um plano que será elaborado para a melhoria destas condições.

Segundo Quelhas, Alves e Filardo (2003), a melhoria na segurança e

saúde no trabalho, além de aumentar a produtividade, reduz o custo do produto

final, pois diminui as interrupções no processo, o absenteísmo e os acidentes e

doenças ocupacionais. Além do custo humano, acidentes e doenças do

23

trabalho impõem prejuízos financeiros aos indivíduos, aos empregadores e à

sociedade como um todo.

Durante o processo de implantação de Sistemas de Gestão da

Segurança e Saúde no Trabalho, as organizações se deparam com diversos

problemas e dificuldades, os quais causam transtornos tanto para a direção

quanto para os demais colaboradores.

2.1. Principais obstáculos na implantação de sistemas de gestão

Barreiras Organizacionais:

• Ênfase na sobrevivência - aspecto onde as empresas ficam vulneráveis

ao fluxo de caixa;

• Centralização das decisões;

• Alta rotatividade da equipe técnica; e

• Falta de envolvimento dos empregados da empresa.

Barreiras Sistêmicas:

• Falta de informações relativas a legislação;

• Sistema de gestão inadequado, funcionando sem planejamento e

prioridades; e

• Falta de capacitação técnica adequada dos funcionários.

Barreiras Comportamentais:

• Resistência às mudanças;

• Falta de lideranças;

• Ausência de uma efetiva supervisão; e

• Insegurança no trabalho.

Barreiras Técnicas e econômicas:

• Falta de infra-estrutura;

• Treinamento limitado ou não disponível;

• Acesso limitado às informações técnicas;

24

• Defasagem tecnológica;

• Indisponibilidade de recursos e alto custo de financiamento; e

• Imprecisão dos custos na tomada de decisões e nas análises custo/

benefício.

Adaptado de Cagnin (2000).

A aceitação e o entendimento do conceito da segurança e saúde por

parte da Diretoria e a participação da área de recursos humanos neste

processo de mudança é de fundamental importância para o que se consiga o

envolvimento de todos os colaboradores e a obtenção de bons resultados.

O comprometimento da Alta Direção e a participação dos empregados

na criação de uma cultura de segurança faz com que estes se sintam mais

responsáveis quanto à prevenção e manutenção de um ambiente livre de

acidentes e riscos a saúde (CHOUDHRY, 2006).

Por isso é tão necessário se trabalhar em conjunto, sendo assim o setor

de Gestão de Pessoas é um grande parceiro estratégico.

2.2. Perda de recursos humanos e financeiros

A Indústria da Construção Civil por apresentar um alto índice de

acidentes de trabalho se torna um agente causador de inúmeras perdas de

recursos humanos e financeiros no setor. Onde a ausência de segurança nos

ambientes de trabalho no Brasil gera anualmente custo bilionário ao país com

benefícios acidentários, aposentadorias especiais e reabilitação profissional. O

restante da despesa referem-se à assistência à saúde do acidentado,

indenizações, retreinamento, reinserção no mercado de trabalho e horas de

trabalho perdidas.

Parte deste “custo segurança no trabalho”, afeta negativamente a

competitividade das empresas, pois aumenta o preço da mão-de-obra e de

custos não segurados, o que se reflete no preço dos produtos. Por outro lado,

ocorre o incremento das despesas públicas com previdência, reabilitação

profissional e saúde reduzindo a disponibilidade de recursos orçamentários

25

para outras áreas ou induzindo o aumento da carga tributária sobre a

sociedade.

Vemos um acidente pode gerar vários tipos de perdas como: pessoas,

propriedade, produtos, meio ambiente e serviços. O tipo e o grau dessas

perdas dependerá da gravidade de seus efeitos, que podem ser pequenos ou

gigantes. Dependerá também das circunstâncias casuais e das ações

realizadas para minimizar as perdas.

Minimizar os efeitos de uma perda acidental é fazer uso dos aspectos

humanos e econômicos, motivando o controle dos acidentes que dão origem às

perdas. Quando essa prática não é aplicada, aumentam-se as chances de

ocorrerem diversos tipos de perdas, que geram custos a empresa, como o

tempo produtivo do trabalhador ferido e de seu colega de trabalho ao socorrê-

lo, esse tempo perdido não é reembolsado pelas leis; perde-se tempo por

lástima ou curiosidade e pela interrupção do trabalho ao ocorrer à lesão; o

tempo do supervisor que se soma ao acidente inclui assistência ao trabalhador

ferido, à investigação da causa do acidente, selecionar e treinar novos

trabalhadores, incluindo a solicitação de candidatos ao posto, etc. Sem incluir

as perdas com produção e a produtividade do trabalhador ferido, que é

frequentemente reduzida após o acidente. Surgem gastos adicionais legais

devido a processos judiciais com relação aos benefícios de indenizações,

demandas de responsabilidade civil, que requerem contratação de serviços

legais, além dos gastos com agentes de seguro que estão incluídos nos custos

diretos. E perdas de propriedade, etc.

O cálculo dos custos das perdas devido a acidentes, somente em termos

de lesões e doenças ocupacionais contemplará apenas uma fração dos custos

identificáveis. Os acidentes custam dinheiro, se as pessoas se ferem ou não, e

os custos com as lesões ou doenças são uma parte relativamente pequena dos

custos totais.

Quando se observa as consequências dos acidentes do trabalho,

verifica-se que na maior parte dos acidentes ocorre à incapacidade temporária

do trabalhador, o que gera na maioria das vezes, benefícios de auxílio-doença.

E o número de acidentes pode ser bem maior devido à informalidade das

26

relações de trabalho no Brasil, é frequente que empregados de pequenas

empresas sejam obrigados a inscrever-se como autônomos, cujos acidentes de

trabalho não são seguidos de emissão de CAT, uma vez que não são cobertos

pelo seguro acidentário, ou em face de o empregador priorizar a notificação

apenas dos acidentes mais graves (aqueles que geram consequências em

termos de benefícios e assistência à saúde), deixando de lado um número

considerável de acidentes leves e sem maiores repercussões. Ocorre também

que a previdência social registra apenas os acidentes referentes aos segurados

cobertos pelo seguro de acidente de trabalho, o que exclui os trabalhadores

autônomos e domésticos.

A agricultura e a construção civil são os setores que possuem as

atividades de mais baixa cobertura previdenciária, enquanto que em atividades

industriais diversas a cobertura é bem maior. Vale dizer que, se a cobertura

previdenciária na agricultura e construção civil estivesse nesse mesmo

patamar, o índice de incidência de acidentes, nesses segmentos, se localizaria

em patamares muito mais elevados, muito superiores ao índice da atividade

industrial, não podendo-se abstrair da importância de uma correta política de

financiamento dos benefícios previdenciários.

O Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) aprovou a nova

metodologia do Fator Acidentário de Prevenção (FAP). Para muitas empresas

o custo com Seguro Acidente de Trabalho dobrou. A nova metodologia do

Fator Acidentário de Prevenção (FAP) aumenta ou diminui as alíquotas de

contribuição das empresas ao Seguro de Acidente de Trabalho (SAT), em

função dos índices de acidente em cada ramo de atividade.

O fator acidentário, por empresa, será recalculado periodicamente. Ele é

um multiplicador a ser aplicado às alíquotas de 1%, 2% ou 3% incidentes sobre

a folha de salários, para financiar o SAT, a partir da tarifação coletiva por

atividade econômica. O FAP varia de 0,5 a 2,0 pontos percentuais, o que

significa que a alíquota de contribuição da empresa pode ser reduzida à

metade ou dobrar. A nova metodologia, para o cálculo do fator acidentário,

leva em consideração a acidentalidade total da empresa, com a Comunicação

de Acidente de Trabalho (CAT) e todos os nexos técnicos sem CAT. O fator vai

27

incidir sobre as alíquotas de cerca de um milhão de empresas, que são

divididas em 1.301 subclasses ou atividades da Classificação Nacional de

Atividade Econômica (CNAE 2.0).

Para Tavares,

A redução dos acidentes que interferem nos sistemas de

produção bem como a consequente diminuição de custos

são tarefas que se impõem nos dias de hoje tanto às

empresas como aos especialistas em prevenção e controle

de perdas. (Tavares, 2010, p. 51).

Segundo Tavares, a responsabilidade civil e Criminal por estas perdas é

da empresa, onde o Direito do trabalho implica cada vez mais o papel do

empregador nos infortúnios laborais decorrentes de uma ordem de serviço.

Também fala sobre à conscientização dos prepostos que exercem cargos de

chefia, pelo desenvolvimento de mentalidade prevencionista. E que cabe à

empresa adotar medidas coletivas e individuais de proteção e segurança da

saúde do trabalhador, bem como informar os riscos da operação a ser

executada e do produto manipulado.

A responsabilidade acidentária está descrita do seguinte modo, nos

termos da Lei Nº 9.032, de 29/04/95, para fins do custeio das despesas

decorrentes do acidente do trabalho, o empregador deve efetuar,

mensalmente, uma contribuição de:

1. 1% (um por cento) sobre o valor da folha de pagamento, para as

empresas em cuja atividade preponderante, seja considerado risco leve;

2. 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante,

seja considerado risco médio;

3. 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante,

seja considerado risco grave.

O Ministério do Trabalho e da Previdência Social poderá alterar estes

percentuais, com base nas estatísticas de acidentes do trabalho, apuradas em

28

inspeção, o enquadramento de empresas para efeito da contribuição, a fim de

estimular investimentos em prevenção de acidentes.

Nos casos de negligência quanto às normas de segurança e higiene no

trabalho pelas empresas, o INSS tem buscado o reembolso desses valores por

meio de ações judiciais contra os empregadores. Tal previsão consta na Lei nº

8.213/91, art. 120: “Nos casos de negligência quanto às normas padrão de

segurança e higiene do trabalho indicados para a proteção inividual e coletiva,

a Previdência Social proporá ação regressiva contra os responsáveis”. Pois o

INSS tem como discurso que tais ações apresentam dupla função. Sevem

tanto para devolver aos cofres públicos a verba despendida pela Previdência e

que não seria gasta se a empresa cumprisse com o seu dever de criar um

ambiente de trabalho adequado aos seus empregados, bem como propiciar a

prevenção, forçando que os empregadores adotem as medidas adequadas de

segurança e medicina do trabalho.

Vemos que o empregador pode ser tanto beneficiado como penalizado,

financeiramente, de acordo com os critérios aplicados aos índices de acidentes

ocorridos na respectiva empresa; esta opção é do legislador. No passado,

foram relatados casos de acidentes que eram "escondidos" como forma de

obtenção imediata deste tipo de benefício, gerando por vários anos mudanças

na legislação agora retomada. A omissão desses indicadores, nesse sentido,

pode gerar responsabilidade administrativa, trabalhista e até penal para todos

os envolvidos.

29

CAPÍTULO III

A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DA ÁREA DE RECURSOS

HUMANOS NA SEGURANÇA DO TRABALHO

O profissional de RH e o de Segurança do trabalho executam em

conjunto, uma das mais importantes tarefas dentro de uma empresa. Cabe ao

responsável pela área de segurança do trabalho, participar da elaboração e

implementar política de saúde e segurança no trabalho (SST); realizar

auditorias, acompanhamento e avaliação na área; identificar variáveis de

controle de doenças, acidentes, qualidade de vida e meio ambiente.

Desenvolver ações educativas na área de Saúde e Segurança no Trabalho;

participar de perícias e fiscalizações e integrar processos de negociação.

Participar da adoção de tecnologias e processos de trabalho; gerenciar

documentação de SST; investigar, analisar acidentes e recomendar medidas

de prevenção e controle.

Assim sendo, o setor de Recursos Humanos (Gestão de Pessoas),

precisa dar todo o suporte necessário a esta área, promovendo palestras,

agendando reuniões periódicas, informando ao setor médico o quantitativo dos

acidentes que por ventura venham ocorrer e é claro, acompanhando o

profissional que venha ficar afastado devido a este acidente.

Não basta ao RH apenas executar as contratações, ele também precisa

dar apoio nas tarefas que forem executadas pela área de segurança do

trabalho. Mostrando assim, que o setor de Gestão de Pessoas tem se tornado

cada vez mais participativo dentro da empresa, antes ele era visto como o

único contato do empregado com o empregador, principalmente na ocorrência

de acidentes, pois é ele que fica encarregado de encaminhar o CAT

(Comunicado de acidente do trabalho) à Previdência Social informado o

mesmo.

A comunicação gera o processo administrativo com a finalidade de

proteger o empregado, que apurará as causas e consequências do fato,

liberando o benefício adequado ao acidentado. A empresa deverá comunicar o

acidente do trabalho à Previdência Social até o primeiro dia útil da ocorrência

30

e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de

multa.

As CAT’s são documentos úteis para se conhecer a história dos

acidentes na empresa, permitindo selecionar os acidentes por ordem por

ordem de importância, de tipo, de gravidade da lesão ou localizá-los no tempo,

além de possibilitar o resgate das atas da CIPA com as investigações e

informações complementares referentes aos acidentes.

O preenchimento do CAT é feito pelo profissional da Segurança do

Trabalho, junto com o RH da empresa, uma vez que várias informações são

restritas do mesmo, ficando evidente a necessidade de haver uma boa

comunicação entre ambos.

Vemos com isso que o RH está deixando de ser um simples setor

burocrático para se tornar um parceiro estratégico para as empresas

contemporâneas. Mas para isso, precisa mudar a forma de se enxergar e se

comportar na organização, onde atualmente é fator crítico de sucesso para o

desenvolvimento da habilidade de criar novas vantagens competitivas.

Participando ativamente do planejamento estratégico da empresa em diversos

momentos, como as palestras e os treinamentos para os empregados.

Palestra sobre higiene.

31

A construtora pesquisada, Norberto Odebrecht, informou que a área de

recursos humanos está iniciando um programa de desenvolvimento de

lideranças, onde, além da média gerência, outros colaboradores serão

treinados para entender e desenvolver trabalhos voltados à visão estratégica

da organização, sendo a melhoria do sistema da segurança e saúde um dos

principais objetivos.

De um modo geral, observa-se o investimento em melhorias na

segurança e saúde, por meio do apoio dos técnicos de segurança no

desempenho de suas funções e da busca de um maior envolvimento da área

de recursos humanos neste processo, proporcionando além de treinamentos e

palestras, um ambiente saudável, que satisfaça todas as necessidades dos

empregados, como banheiros, refeitórios e áreas de convivência limpos e

organizados.

Vemos que quando não há participação de todos os envolvidos, são

muitas as dificuldades encontradas na implantação do Sistema de Gestão da

Segurança e Saúde no Trabalho. Muitos são resistentes às mudanças,

principalmente na construção civil, onde é baixo o índice de escolaridade dos

funcionários. É imprescindível a elaboração de procedimentos e instruções,

32

uma boa comunicação interna, e maior envolvimento dos demais setores da

organização, conscientizando os funcionários e estabelecendo a segurança e

saúde como um dos objetivos estratégicos da empresa.

Quando a área de Recursos Humanos não se envolve nos treinamentos

realizados pela empresa, cria um obstáculo para a conscientização dos

envolvidos no processo de implantação do Sistema de Gestão da Segurança e

Saúde no Trabalho. A participação do setor não pode ser pequena, deixando

que os maiores esforços ainda se concentrem nas mãos dos técnicos de

segurança no trabalho da empresa.

O envolvimento da área de recursos humanos em todos os processos de

mudança é importante para que sejam identificadas as necessidades de

treinamento relacionadas ao desenvolvimento dos funcionários, bem como a

utilização de técnicas apropriadas para realização deste trabalho; possibilitando

um melhor entendimento e um real comprometimento dos colaboradores com

as mudanças propostas.

33

CAPÍTULO IV

OS PROFISSIONAIS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO E DE

RECURSOS HUMANOS

4.1. Profissional de Segurança e Saúde do Trabalho

O profissional de segurança e saúde do trabalho tem a responsabilidade

de divulgar as normas e propor medidas preventivas, fazendo o necessário

para atingir as metas de sua profissão, que é preservar a segurança e saúde

do trabalhador. Sabendo que todo acidente pode ser evitado e é preferível

pecar por excesso do que por falta de iniciativas. Ele é o profissional que

analisa os métodos e processos de trabalho, identificado suas condições e

fatores de risco. Ele deve estudar se o ambiente de trabalho pelo qual ele é

responsável está de acordo com as normas trabalhistas, verificando da higiene

aos fatores que expõem a integridade do empregado.

É necessário que o profissional dessa área apresente as seguintes

características: adaptação a novas situações, capacidade de análise, atenção a

detalhes, desejo por resolver pequenos problemas, paciência, capacidade de

lidar com pessoas menos instruídas, capacidade de síntese e facilidade para

pesquisa e levantamento de dados.

Algumas medidas que o profissional dessa área precisa realizar,

principalmente em canteiros de obras, é elaborar procedimento de segurança,

para os trabalhos e atividades diversos, tais como: procedimento para

trabalhos em alturas, procedimentos trabalhos em estradas, procedimento

sobre aquisição e uso de Equipamento de Proteção Individual – EPI’s e outros.

Criar mecanismos participativos para facilitar o cumprimento desses

procedimentos, motivando além da participação geral, o comprometimento e

apoio do empregador, medindo periodicamente a importância dessa prática.

Para a realização de um bom trabalho esse profissional precisa contar

com o apoio da empresa (diretoria, lideranças, Recursos Humanos, etc.)

interessada em reduzir perdas humanas e financeiras, quando o apoio do

principal interessado em preservar tanto a integridade física, quanto mental,

34

que é o trabalhador. Pois uma grande dificuldade desse profissional é

conseguir conscientizar o trabalhador que a sua segurança é também

responsabilidade deles próprios, eles não podem se acostuma com a rotina do

ambiente de trabalho ao ponto de se esquecer do perigo que este representa,

por isso o técnico em segurança do trabalho sempre lembrar os empregados

de se protegerem.

Os principais fatores de valorização desse importante profissional que

trabalha resguardando tanto a segurança quanto a saúde do trabalhador são: o

apoio da empresa em seu trabalho, qualificação técnica e a ética de classe

(responsabilidade profissional).

4.2. Profissional do RH

A evolução da área de administração de Recursos Humanos para a

gestão estratégica de pessoas é oriunda da necessidade de amenizar o

sofrimento da classe trabalhadora, onde a divisão do trabalho o tornava

mecanizado para aumentar a produção, desumanizando e alienando esse

trabalhador. Devido a esses métodos rigorosos, científicos e precisos nasce a

Escola das Relações Humanas e com ela a ética do agrupamento e não de

individualismo, estimulando o esforço de equipe e a unidade grupal de forma

saudável, fazendo com que a imagem do RH evolua partindo de profissional

para parceiro estratégico. Antes havia um estereótipo de eficiência previamente

definido pela empresa que indicava o comportamento humano no trabalho

desejado. Essa administração científica passa a ser substituída por uma

humanizada, conquistando e mantendo talentos na organização, e a fazendo

se desenvolver a partir do crescimento de seus integrantes, num mundo cada

vez mais dinâmico.

Com toda essa mudança o papel do profissional do Recursos Humanos

passa por uma fase de redefinição. Vemos que com o crescimento das

empresas e a complexibilidade do mundo dos negócios, cada vez mais existe a

necessidade de um profissional mais completo no desafiador campo da gestão

de pessoas e junto com a área de Segurança do Trabalho que cresce

35

vertiginosamente é extremamente importante, principalmente na construção

civil, se tornando a diferença em alguns casos entre a vida e a morte.

Devido a uma grande demanda por profissionais mais qualificados, já

existe faculdades que estão oferecendo Pós-graduação Lato Sensu em MBA

em Gestão de Pessoas em conjunto com Segurança do Trabalho, formando

assim um profissional especialista em ambas as áreas.

É importante que o profissional da área de Gestão de Pessoas tenha um

perfil mais dinâmico e facilidade de interagir com os demais setores da

empresa, como é o caso da na Indústria da Construção Civil, onde a parceria

com o profissional de Segurança do Trabalho é fundamental para a eficiência

dos métodos de segurança, como treinamentos, palestras e apoio ao

trabalhador acidentado. Ocorre também a proximidade cada vez maior desses

acidentes de trabalho nos ambientes sociais, saindo do espaço do trabalho e

ameaçando além dos trabalhadores a população e estruturas próximas. Neste

caso o RH precisa estar em contato direto com o setor jurídico da empresa,

mostrando assim a necessidade de uma boa comunicação.

36

CONCLUSÃO

Em virtude dos estudos acima apresentados, entende-se que a

segurança caminha em conjunto com uma série de medidas que devem

assegurar condições adequadas de trabalho e dignidade aos trabalhadores.

Onde as práticas da Segurança e Saúde do Trabalho têm se transformado,

incorporando novos enfoques e ferramentas de trabalho. Principalmente no

ramo da construção civil, que está em segundo lugar quando se trata de

acidentes de trabalho no país.

Vemos também que é necessária a mudança de mentalidade, tanto por

parte dos empregadores quanto dos empregados. O primeiro porque a

prevenção transformou-se em um investimento lucrativo, pois possibilita a

redução de acidentes e doenças ocupacionais, reduzindo assim os custos não

segurados e segurados pela Previdência Social, que devido à nova legislação

são aumentados ou diminuídos de acordo com os acidentes, e contribuindo

também para o aumento da produtividade e da qualidade de vida do

trabalhador, pois quando acontece um acidente se tem perda de produtividade

tanto do empregado que o sofreu quanto os demais que ficam apreensivos. E

o segundo, tem por obrigação respeitar às normas de segurança, deixando de

trata-las de forma leviana, pois a mesmas ajudam a ele, empregado, a

resguardar a própria integridade física. Principalmente nos canteiros de obra,

onde as condições reais já se configuram como riscos. Cada trabalhador deve

ser exemplo, cuidando não só da sua saúde física e mental, mas também de

seus colegas, através de atitudes prevencionistas.

Vimos também à importância do envolvimento do setor de Gestão de

pessoas em todo esse processo se tornando parceiro estratégico da empresa,

reduzindo as perdas de capital humano e financeiro. Deixando para trás a fama

do passado a qual ele era visto como um mero setor burocrático.

Foi exposta neste trabalho a necessidade de ação conjunta por todos os

envolvidos, principalmente entre a área de Recursos Humanos e Segurança e

Saúde do trabalho, para que a prevenção de acidentes ocorra de forma mais

eficiente, pois perdas financeiras podem ser recuperadas, mas as humanas

37

são irreparáveis, para a empresa e principalmente para as famílias, e geram

multas e penalidades, aumentando em muito os custos não segurados que

com certeza são bem maiores que os segurados. Além disso, a

responsabilização do empregador se justifica pelo principio da solidariedade

social, devendo fornecer ao trabalhador condições de trabalho a fim de evitar a

ocorrência de acidentes, mostrando assim que o ser humano deve ter seus

direitos individuais respeitados.

O empregador precisa ter consciência que o trabalho decente existe em

um ambiente organizado, limpo, seguro e confortável, para que o trabalhador

possa fazer a sua parte de forma saudável e segura. Esse sim é um

investimento com retorno.

38

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http://nrfacil.com.br/blog/?p=1080. Acesso em: 27/06/2012.

41

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I:

COM A EVOLUÇÃO VEM À CRIAÇÃO DE NORMAS E MÉTODOS 11

CAPÍTULO II:

ACIDENTES, PREVENÇÃO E PERDAS HUMANAS E FINANCEIRAS 18

2.1. Principais obstáculos na implantação de sistemas de gestão 23

2.2. Perda de recursos humanos e financeiros 24

CAPÍTULO III:

A IMPORTÂNCIA DA PARTICIPAÇÃO DA ÁREA DE RECURSOS HUMANOS

NA SEGURANÇA DO TRABALHO 29

CAPÍTULO IV:

OS PROFISSIONAIS DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO E DE

RECURSOS HUMANOS 33

4.1. Profissional de Segurança e Saúde do Trabalho 33

4.2. Profissional do RH 34

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 38

42

ÍNDICE 41