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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE VANTAGENS E DESVANTAGENS DA ABERTURA DE CAPITAL COMO MEIO DE CAPITALIZAÇÃO DAS EMPRESAS Por: Cristiane Lemos Pereira Orientadora Profª: Ana Claudia Morrissy Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

VANTAGENS E DESVANTAGENS DA ABERTURA DE

CAPITAL COMO MEIO DE CAPITALIZAÇÃO DAS

EMPRESAS

Por: Cristiane Lemos Pereira

Orientadora

Profª: Ana Claudia Morrissy

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

VANTAGENS E DESVANTAGENS DA ABERTURA DE

CAPITAL COMO MEIO DE CAPITALIZAÇÃO DAS

EMPRESAS

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Finanças e

Gestão Corporativa.

Por: Cristiane Lemos Pereira

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RESUMO

O objetivo deste estudo é analisar as vantagens e desvantagens

da abertura de capital como meio de capitalização das empresas, viabilizando

o seu desenvolvimento, notadamente no que concerne à maximização da

riqueza do acionista. Dessa forma, o presente estudo encontra-se dividido em

três capítulos principais. O primeiro capítulo aborda a abertura de capital. O

segundo capítulo desenvolve as vantagens e desvantagens da abertura de

capital. O último capítulo descreve a subprecificação de oferta pública inicial de

ações. Conclui-se que a abertura do capital não é uma decisão capaz de

resolver todos os problemas e não se constitui em uma operação financeira

para maximizar valores, sendo fundamental considerar os objetivos

estratégicos e o compromisso de longo prazo da empresa com o mercado.

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METODOLOGIA

A presente pesquisa será de caráter bibliográfico e documental.

Para o embasamento teórico que servirá de suporte à construção dos capítulos

será utilizada como base de dados para a consulta: livros, artigos, papers e

documentos eletrônicos devidamente referenciados. A consulta documental

será dará como critério de acessibilidade as publicações disponíveis na

BM&FBOVESPA.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 6

CAPÍTULO I

ABERTURA DE CAPITAL .................................................................................. 9

CAPÍTULO II

VANTAGENS E DESVANTAGENS DA ABERTURA DE CAPITAL ................. 25

CAPÍTULO III

SUBPRECIFICAÇÃO DE OFERTA PÚBLICA INICIAL DE AÇÕES ................ 35

CONCLUSÃO ................................................................................................... 42

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ....................................................................... 43

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INTRODUÇÃO

A globalização provocou intenso intercâmbio dos países e, nesse

contexto, o mercado de capitais adquire crescente importância no cenário

financeiro internacional. Seguindo essa tendência, os países em

desenvolvimento procuram abrir suas economias para poder receber

investimentos externos.

A necessidade de investimentos foi um dos principais impactos da

globalização, para aumentar a competitividade das empresas. Normalmente, a

geração interna de recursos é insuficiente para financiar integralmente planos

de investimento. À medida que as empresas se expandem, carecem de mais

recursos, que podem ser obtidos por meio de empréstimos de terceiros,

reinvestimentos de lucros e participação de acionistas.

Mediante a participação de acionistas, porém, a empresa pode

obter novos recursos não exigíveis, como contrapartida à participação no seu

capital. Dessa forma, este estudo se justifica, uma vez que, através da abertura

de capital, a empresa poderá dispor de recursos para novos investimentos e

também para a reestruturação de passivos com perfil inadequado, reduzindo

sua vulnerabilidade à dinâmica do mercado financeiro.

Entanto, através da abertura de capital, a empresa emerge numa

nova dimensão empresarial e adquire novos horizontes e responsabilidades.

Deve não apenas obedecer às limitações legais impostas a uma companhia

aberta, mas também levar em conta as expectativas de seus acionistas. Além

de trabalhar de maneira constante para atrair novos investidores, é preciso

manter interessados os que já alocaram parte de seus recursos na empresa.

A entrada na bolsa requer investimentos na formação de mão de

obra, sempre com vistas a ser e fazer melhor, pois cada passo, toda decisão,

contribuirá para que se estabeleça a reputação da companhia e, com ela, o

valor da ação no mercado.

Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · desenvolvimento procuram abrir suas economias para poder receber ... vantagens e desvantagens da abertura de capital como meio

O mercado de capitais brasileiro passou por um longo período de

estagnação após a Segunda Guerra Mundial. Em 1965, a Lei nº 4.728/65,

também conhecida como Lei de Mercado de Capitais, situou este mercado sob

a disciplina do Conselho Monetário Nacional e a fiscalização do Banco Central

do Brasil, modernizando as práticas de mercado, para permitir o acesso do

público a informações fidedignas sobre as empresas e suas emissões.

Em fevereiro de 1967, o mercado de capitais teve novo impulso

com o Decreto-Lei nº 157, que permitia utilizar parte do Imposto de Renda para

compra de ações como forma de estímulo ao investimento na empresa privada

nacional.

Logo, intensificou-se nesse período a ocorrência de práticas

abusivas contra os investidores e acionistas, o que provocou nova fase de

queda e de relativa estagnação do mercado, atribuída à atuação deficiente das

autoridades governamentais e do Banco Central, durante o período de alta.

A flexibilização ao investidor estrangeiro, conjugada com a

renegociação da dívida externa, articulou o País ao mercado de capitais

internacional, propiciando o ingresso de volumosos recursos externos,

principalmente com o sucesso do programa de estabilização econômica de

1994, o Plano Real.

A mudança no cenário corporativo e uma série de movimentos

econômicos ampliaram o interesse do investidor nacional e estrangeiro pelos

papéis de empresas brasileiras e o mercado respondeu com agilidade aos

sinais positivos, destacando-se, dentre outros eventos, o aperfeiçoamento da

Lei das Sociedades Anônimas, a criação dos níveis de governança corporativa

pela BM&FBOVESPA, a competitividade das companhias brasileiras no

mercado de capitais internacional, o lançamento do Bovespa Mais e a criação

do Comitê de Educação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A retomada das ofertas iniciais de ações no Brasil, porém, é vista

de forma distinta pelos especialistas. No início, alguns comemoravam a

conquista de um mercado de capitais atrativo para o financiamento das

companhias nacionais, enquanto outros olhavam temerosos cada nova oferta,

lembrando-se de outras fases do passado e que traumatizaram seriamente os

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investidores. Hoje, comprovado o crescimento das ofertas, a divisão parece

permanecer: há quem veja nesse movimento um sinal evidente de

consolidação do mercado de capitais e quem prefira ficar com a crítica de que

os preços pagos pelas ações estão altos demais e os emissores preparados de

menos.

As notícias sobre as ofertas publicas iniciais (IPOs) geralmente

destacam o "sucesso" das operações, nas quais este, na maioria das vezes, é

associado ao elevado retorno que esses papéis conseguiram em seu dia de

estreia na bolsa. Este fenômeno de altos retornos no dia de estreia das ações

em bolsa está intimamente relacionado à subprecificação da oferta inicial.

Existem algumas razões conhecidas para explicar algum desconto, tais como

assimetria de informação, risco de processos e imagem. Em última análise,

uma oferta inicial a um preço justo deveria refletir o valor intrínseco da empresa

menos este desconto. Desta forma, o retorno deveria ser muito pequeno no

primeiro dia de negociação, pois as razões para o desconto não desaparecem

imediatamente.

Nesse contexto, considerando o papel do mercado de capitais

como meio de capitalização das empresas, viabilizando o seu desenvolvimento

e o compromisso da companhia aberta com o mercado, notadamente no que

concerne à maximização da riqueza do acionista, os resultados obtidos com

este estudo podem contribuir para se entender o comportamento e a formação

de preços nesse mercado.

Dessa forma, este estudo teve como objetivo analisar as

vantagens e desvantagens da abertura de capital como meio de capitalização

das empresas, viabilizando o seu desenvolvimento, notadamente no que

concerne à maximização da riqueza do acionista.

O objeto deste estudo delimita-se apenas a apresentar as

principais vantagens e desvantagens da abertura de capital como meio de

capitalização das Empresas.

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CAPÍTULO I

ABERTURA DE CAPITAL

O objetivo deste capítulo é contextualizar a decisão da Abertura

de Capital frente ao atual cenário econômico, altamente competitivo e dinâmico

e apresentar as teorias sobre Estrutura de Capital.

O mercado de capitais brasileiro passou por um longo período de

estagnação após a Segunda Guerra Mundial. Em 1965, a Lei nº 4.728/65,

também conhecida como Lei de Mercado de Capitais, situou este mercado sob

a disciplina do Conselho Monetário Nacional e a fiscalização do Banco Central

do Brasil, modernizando as práticas de mercado, para permitir o acesso do

público a informações fidedignas sobre as empresas e suas emissões.

Em fevereiro de 1967, o mercado de capitais teve novo impulso

com o Decreto-Lei nº 157, que permitia utilizar parte do Imposto de Renda para

compra de ações como forma de estímulo ao investimento na empresa privada

nacional.

Logo, intensificou-se nesse período a ocorrência de práticas

abusivas contra os investidores e acionistas, o que provocou nova fase de

queda e de relativa estagnação do mercado, atribuída à atuação deficiente das

autoridades governamentais e do Banco Central, durante o período de alta.

A flexibilização ao investidor estrangeiro, conjugada com a

renegociação da dívida externa, articulou o País ao mercado de capitais

internacional, propiciando o ingresso de volumosos recursos externos,

principalmente com o sucesso do programa de estabilização econômica de

1994, o Plano Real.

A mudança no cenário corporativo e uma série de movimentos

econômicos ampliaram o interesse do investidor nacional e estrangeiro pelos

papéis de empresas brasileiras e o mercado respondeu com agilidade aos

sinais positivos, destacando-se, dentre outros eventos, o aperfeiçoamento da

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Lei das Sociedades Anônimas, a criação dos níveis de governança corporativa

pela BM&FBOVESPA, a competitividade das companhias brasileiras no

mercado de capitais internacional, o lançamento do Bovespa Mais e a criação

do Comitê de Educação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A retomada das ofertas iniciais de ações no Brasil, porém, é vista

de forma distinta pelos especialistas. No início, alguns comemoravam a

conquista de um mercado de capitais atrativo para o financiamento das

companhias nacionais, enquanto outros olhavam temerosos cada nova oferta,

lembrando-se de outras fases do passado e que traumatizaram seriamente os

investidores.

Hoje, comprovado o crescimento das ofertas, a divisão parece

permanecer: há quem veja nesse movimento um sinal evidente de

consolidação do mercado de capitais e quem prefira ficar com a crítica de que

os preços pagos pelas ações estão altos demais e os emissores preparados de

menos.

As notícias sobre as ofertas publicas iniciais (IPOs) geralmente

destacam o "sucesso" das operações, nas quais este, na maioria das vezes, é

associado ao elevado retorno que esses papéis conseguiram em seu dia de

estréia na bolsa. Este fenômeno de altos retornos no dia de estréia das ações

em bolsa está intimamente relacionado à subprecificação da oferta inicial.

Existem algumas razões conhecidas para explicar algum

desconto, tais como assimetria de informação, risco de processos e imagem.

Em última análise, uma oferta inicial a um preço justo deveria refletir o valor

intrínseco da empresa menos este desconto. Desta forma, o retorno deveria

ser muito pequeno no primeiro dia de negociação, pois as razões para o

desconto não desaparecem imediatamente.

1.1 – Decisão da Abertura de Capital

No atual cenário econômico, altamente competitivo e dinâmico, a

rapidez das informações e as constantes mudanças no cotidiano corporativo

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demandam investimentos em todas as áreas da empresa. Normalmente, a

geração interna de recursos é insuficiente para financiar integralmente planos

de investimento.

Na medida em que as empresas se expandem, carecem de mais

recursos, que podem ser obtidos por meio de empréstimos de terceiros,

reinvestimentos de lucros e participação de acionistas. As duas primeiras

fontes de recursos são limitadas e utilizadas normalmente para financiar a

atividade operacional. Por intermédio da participação de acionistas, porém, a

empresa pode obter novos recursos não exigíveis, como contrapartida à

participação no seu capital.

Nesse cenário, a captação de recursos via abertura de capital

torna-se cada vez mais frequente, sendo considerada uma das opções mais

eficientes de financiamento das operações de uma empresa, em razão tanto da

natureza permanente da operação quanto do baixo comprometimento do caixa.

Com os recursos necessários, as empresas têm condições de investir em

novos equipamentos ou no desenvolvimento de pesquisas, melhorando a

produção e tornando-se mais competitivas.

De acordo com Pinheiro (2006, p.05), no entanto, a abertura de

capital envolve análises complexas e não pode ser encarada apenas como

etapa natural na evolução de uma empresa, mas como uma das opções a

serem consideradas em seu planejamento financeiro e estratégico. Fatores

como elevada perspectiva de crescimento, alta alavancagem e acesso restrito

ao mercado de dívida, combinados com um momento adequado de mercado,

devem ser analisados cuidadosamente de forma a fundamentar a tomada de

decisão.

A abertura de capital exige um plano de crescimento claro e

detalhado, que justifique a necessidade de captar recursos no mercado de

ações. Para Hessel (2007, p. 8), “se a capacidade de geração de caixa e de

endividamento da empresa é insuficiente para financiar o seu potencial de

crescimento, a abertura de capital pode ser a alternativa para viabilizar esses

planos”.

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Para Casagrande Neto, Souza e Rossi (2000, p. 42), a decisão da

abertura de capital deverá levar em conta, dentre outros, os seguintes

aspectos:

• A situação macroeconômica, setorial e do mercado de capitais

– o mercado de valores mobiliários é cíclico; nem sempre,

portanto, está pronto para receber uma emissão a um preço

considerado justo pelos atuais acionistas. É necessário que a

operação seja concretizada no momento certo, que nem

sempre coincide com a necessidade de recursos da empresa;

• O custo ponderado de capital da companhia – se por um lado,

a emissão de ações pode melhorar a relação capital

próprio/capital de terceiros, de outra parte, o uso excessivo de

ações pode diluir o lucro disponível aos acionistas, tornando o

investimento menos atrativo para eles; e

• O acesso ao mercado de capitais é relativamente elitizado – a

companhia precisa ter tradição, porte, administração

profissional, atuar num mercado interessante e ter

perspectivas para que possa ser aceita.

Conforme Casagrande Neto, Sousa e Rossi (2000, p. 39), a

decisão da abertura de capital está vinculada à decisão de investimento e

financiamento de uma empresa, sendo que a decisão de investimento

determina o risco empresarial e a decisão de financiamento o seu risco

financeiro, que compreende desde variações no lucro até uma situação de

insolvência.

Nassif (2008, p. 10), acentua que as decisões de investimento se

referem tanto à administração da estrutura do ativo quanto à implantação de

projetos. A concorrência obriga as empresas a se manterem tecnologicamente

atualizadas, desenvolvendo continuamente novos projetos e tomando decisões

sobre a sua implantação. Isso significa a necessidade de grandes somas

adicionais de recursos e elevação no risco do empreendimento, uma vez que

investimentos em novos tipos de ativos fixos têm efeitos prolongados sobre a

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vida da empresa e uma decisão inadequada poderá comprometer o seu futuro.

Já as decisões de financiamento visam a montar a estrutura financeira

adequada às operações normais e aos novos projetos a serem implantados. As

questões envolvidas nas decisões de financiamento referem-se à composição

das fontes de recursos, que exigem análise profunda das opções e de suas

implicações futuras.

Em geral, uma empresa pode escolher entre muitas opções de

capital. Pode optar por usar uma grande quantidade de capital de terceiros, ou

então pode utilizar pouco capital de terceiros, ou ainda escolher uma razão de

capital de terceiros igual à de capital próprio.

Na perspectiva de Casagrande Neto, Sousa e Rossi (2000, p. 39),

a definição da composição das fontes de recursos deve considerar os

seguintes fatores:

• Custo e disponibilidade de capital próprio e de terceiros;

• Índices comparativos setoriais (liquidez, endividamento,

rentabilidade);

• Nível de risco aceito pelo empresário; e

• Relevância dos investimentos planejados (ex: a empresa

perderá competitividade se não comprar determinado

equipamento).

Portanto, a tomada de decisão da abertura de capital envolve

aspectos técnicos (cálculos de viabilidade de projetos, taxas de retorno, custos,

fontes de financiamento etc) e aspectos subjetivos (disposição dos acionistas

em assumir riscos, prestar informações ao público, respeito aos direitos dos

acionistas minoritários etc). Para tomar a decisão, o administrador deve ter

equacionado perfeitamente todos esses aspectos.

De acordo com Loss (2004, p. 20), a moderna teoria de finanças

introduziu o pensamento de que a meta a ser perseguida pela organização é a

maximização do valor da empresa, incorporando fatores como risco, estrutura

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de capital e dividendo, tendo como ambiente de observação um mercado cada

vez mais desenvolvido e complexo.

Nesse contexto, cabe ao administrador financeiro maximizar a

riqueza do acionista, devendo, para isso, definir a estrutura adequada de

capital, combinando convenientemente a presença de recursos próprios e de

terceiros.

A estrutura de capital das empresas é um dos temas centrais da

teoria de finanças corporativas. A forma como as empresas utilizam capitais

próprios e de terceiros denomina-se estrutura de capital. O capital próprio são

os recursos oriundos dos sócios ou acionistas, enquanto o capital de terceiros

são os recursos financeiros obtidos de terceiros por meio das dívidas. Os

pesquisadores da área propõem e testam diversas teorias sobre estrutura de

capital, obtendo resultados diversos.

1.2 – Teorias Sobre Estrutura de Capital

A maior parte das teorias sobre a estrutura de capital está voltada

para a determinação da estrutura de capital ótima, isto é, na qual se encontra

uma proporção de capital próprio e de dívida que maximiza a riqueza dos

acionistas.

De acordo com Leites e Zani (2007, p.22), até hoje, o consenso

acerca da existência ou não de uma estrutura ótima nunca foi atingido.

Surgiram, então, diversas teorias. Dentre elas, destacam-se a Teoria

Tradicional, a Teoria de Modigliani e Miller, a Static Trade-Off, a Pecking Order

Theory e Market Timing.

1.2.1 – Teoria Tradicional

A teoria tradicional sugere que, há uma combinação ótima de

capitais próprios e de terceiros, na qual o valor da empresa é maximizado. Isso

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ocorre quando o resultado da média ponderada entre os custos do capital

próprio e de terceiros, o custo médio ponderado de capital, é minimizado.

Segundo Gitman (2002, p. 441), “o valor da empresa é maximizado quando o

custo de capital é minimizado.”

1.2.2 – Teoria de Modigliani e Miller

A estrutura de capitais das empresas tornou-se um tema de

destaque, segundo Dias (2007, p. 13), ao propor que a forma de financiamento

é irrelevante na determinação do valor da empresa, ou seja, a empresa não

pode alterar o valor dos seus títulos simplesmente mudando as proporções de

uso de capital de terceiros ou próprio em sua estrutura de capital.

Para Leites e Zani (2007, p. 2), a teoria de Modigliani e Miller

(1958), ao sugerir a irrelevância da estrutura de capital, contrapõe a teoria

tradicional, que defende a existência de uma estrutura de capital ótima, a qual

minimiza o custo de capital da empresa e maximiza o seu valor. Isso significa

que, na teoria tradicional, ao contrário da teoria de Modigliani e Miller (1958), a

estrutura de capital pode alterar o valor da empresa. Ao afirmar a irrelevância

da estrutura de capital, Modigliani e Miller (1958) demonstram algebricamente

que, presumindo mercados perfeitos, a estrutura de capital pela qual a

empresa optar não afetará o seu valor. O trabalho desses autores deu origem à

duas proposições que serão vistas a seguir:

• Modigliani e Miller (1958) argumentam que uma empresa não

pode alterar o valor total de seus títulos apenas mudando as

proporções de uso de capital próprio e de terceiros. O valor da

firma independe de sua estrutura de capital, sob as hipóteses

de que inexiste arbitragem, os mercados são perfeitos e não

há impostos; e

• Assegura que o retorno esperado do capital próprio se

encontra diretamente associado ao endividamento, uma vez

que o risco do capital próprio se eleva com o endividamento.

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De acordo com Leites e Zani (2007, p. 03), em 1963, Modigliani e

Miller reconheceram o efeito dos impostos na estrutura de capital das

empresas. Ao considerar o imposto de renda pessoa jurídica, eles exploraram

a questão referente ao benefício fiscal gerado pela utilização do capital de

terceiros, como fonte de financiamento, pelo fato de os juros serem dedutíveis

na apuração do imposto de renda das empresas. O pagamento dos juros a

serem considerados como despesa é descontado do cálculo dos lucros

tributáveis, diminuindo o valor a pagar dos impostos e, consequentemente,

aumentando o fluxo de caixa livre da empresa.

Assim, os autores concluíram que a alavancagem financeira

aumenta o valor da empresa; ou seja, visando à maximização de seus

respectivos valores, as companhias devem financiar suas atividades

unicamente pelo endividamento.

Para Procianoy e Kramer (2000, p. 58), o argumento de

Modigliani e Miller (1963) não encontra sustentação empírica, quando

considerada a realidade praticada pelo mercado, onde o emprego da dívida

como única fonte de recursos está longe de refletir o padrão adotado pelas

companhias.

Pesquisas sustentando a hipótese da existência de custos

associados ao processo de falência das corporações, a exemplo dos estudos

Procianoy e Kramer (2000, p. 58), sugerem que os custos totais de falência são

relevantes, atenuando o ilimitado benefício do endividamento e,

consequentemente, aproximando a teoria à realidade praticada pelo mercado.

Portanto, conforme acentuam Procianoy e Kramer (2000, p. 58),

os custos associados à falência são um elemento capaz de limitar a um nível

máximo o grau de utilização de recursos de terceiros pelas corporações.

Incursões além desse nível devem ser evitadas, considerando que os riscos

das empresas efetivamente incorrerem com os custos de falência seriam

elevados a patamares indesejados.

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1.2.3 – Static Trade-Off Theory

Na Static Trade-Off Theory (STT), as empresas estabelecem

níveis de endividamento, em que é criado um trade-off entre os ganhos fiscais

proporcionados pelo endividamento e os custos de insolvência. Para Leites e

Zani (2007, p.4), o chamado ponto ótimo da estrutura de capital é alcançado

quando a empresa equilibra os benefícios fiscais das dívidas com o aumento

do risco.

De acordo com Machado, Medeiros e Eid Júnior (2008, p.16),

pela hipótese de trade-off, o índice de endividamento da firma é visto com

suporte em uma análise dos custos e benefícios proporcionados pelos

empréstimos. A empresa deverá equilibrar o benefício fiscal com a

possibilidade da dificuldade financeira, substituindo capital de terceiros por

capital próprio, ou capital próprio por capital de terceiros, até o valor da firma

ser maximizado. E o valor da firma será maximizado quando os benefícios

fiscais marginais proporcionados pelo uso de capital de terceiros forem iguais

ao custo marginal relacionado com a probabilidade de falência pelo uso de

dívidas.

Para Santos, Pimenta Júnior e Cicconi (2008, p. 72), a utilização

de capital de terceiros enseja dois efeitos opostos, sendo o efeito positivo da

dívida resultante do benefício fiscal obtido por meio da dedução no pagamento

do imposto de renda corporativo dos juros da dívida. Contrapondo-se ao

benefício fiscal da dívida, os custos de falência representam o efeito negativo

do endividamento.

Analisando os efeitos da dívida (positivo e negativo), Santos,

Pimenta Júnior e Cicconi (2008, p. 72) ressaltam que as empresas devem,

segundo a Static Trade-off Theory, substituir capital de terceiros por capital

próprio e vice-versa, até o ponto em que seu valor seja maximizado, chegando

então a uma estrutura-meta de capital. Os gerentes financeiros devem

aumentar a dívida até o ponto em que o valor de incentivos fiscais resultantes

de juros adicionais seja exatamente compensado pelos custos adicionais de

possível dificuldade financeira.

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1.2.4 – Pecking Order Theory

Outra teoria que objetiva explicar a formação da estrutura de

capital das empresas e que defende a não-existência de uma estrutura-meta

de capital, o Pecking Order é sustentado pela teoria das informações

assimétricas, ao postular a existência de assimetria entre as informações de

posse dos gestores e aquelas disponíveis ao mercado. Os gestores geralmente

contam com informações privadas sobre características de retornos da

empresa e suas oportunidades de investimento, informações nem sempre

disponibilizadas para conhecimento dos investidores, credores e mercado em

geral.

De acordo Leites e Zani (2007, p. 04), a Pecking Order Theory

(POT) foi apresentada primeiramente por Myers juntamente com Majluf (1984).

Mais tarde, no mesmo ano, Myers (1984) formalizou a expressão Pecking

Order. Segundo a teoria, os administradores estabelecem uma hierarquia de

fontes, isto é, uma ordem de preferência entre os recursos passíveis de

utilização. Os autores pressupuseram que os investidores internos à empresa

possuem informações privilegiadas, ao contrário dos externos. Partindo de

premissas básicas, os autores desenvolveram um modelo que recomenda uma

hierarquia ótima para o financiamento de novos projetos.

Para Santos, Pimenta Júnior e Cicconi (2008, p. 72), a principal

contribuição da teoria do Pecking Order consiste na identificação de uma

ordem de fontes de financiamento adotada pelas empresas, resultante da

existência da assimetria de informações. Em outras palavras, o fato de os

gestores e o mercado possuírem informações diferentes sobre uma empresa

faz com que esta opte por seguir uma hierarquia de fontes de financiamento

para que a assimetria de informações não seja prejudicial à organização. Por

isso, tal hierarquia começa com a escolha de fontes internas (fluxos de caixa

das operações, retenção de dividendos, lucros acumulados etc.) e termina com

a emissão de ações.

Para Costa Júnior (2005, p. 30), a teoria da hierarquia das

escolhas resume-se da seguinte forma:

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• As empresas preferem o autofinanciamento;

• Adaptam os seus objetivos para os índices de distribuição de

dividendos, às oportunidades de investimento, tentando

simultaneamente evitar modificações súbitas nos dividendos;

• Políticas de dividendos e flutuações não previsíveis, tanto no

contexto de lucratividade como nas oportunidades de

investimento, significam que os fundos gerados internamente

ora são superiores às necessidades de investimento, ora são

inferiores. Se forem superiores, a empresa amortiza a dívida

ou investe em valores mobiliários negociáveis. Se forem

inferiores, a empresa começa a sacar de seu saldo de

tesouraria ou vende sua carteira de valores mobiliários

negociáveis; e

• Se for necessário recorrer a financiamento exterior, as

empresas começam pela emissão de valores mobiliários mais

seguros. Começam pela dívida, depois emitem

eventualmente títulos híbridos, como as obrigações

conversíveis, e, finalmente, emitem ações.

Machado, Medeiros e Eid Jr. (2008, p. 05), mostraram que, se

investidores e credores possuem menos informações do que os

administradores sobre o valor dos ativos da empresa e sobre suas

perspectivas, então, dívida e ação podem ter preços fixados erroneamente pelo

mercado. A teoria sugere, entretanto, que, embora investidores temam a

fixação dos preços das dívidas e das ações erradamente, o temor é muito

maior para as ações.

Assim, ao necessitar de recursos, a empresa não deve optar por

emitir ações, já que estas serão subprecificadas pelos investidores, que não

dispõem de informações suficientes para definir seu preço justo. Somente

quando a empresa alcançar sua capacidade máxima de endividamento é que

deve emitir ações.

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De acordo com Machado, Medeiros e Eid Júnior (2008, p.65),

A subvalorização pode ser tal que o recurso a um

aumento de capital para financiar o novo projeto de

investimento leve os novos acionistas a apropriarem uma

riqueza superior ao valor presente líquido gerado pelo

novo projeto, resultando em um prejuízo para os atuais

acionistas, fazendo com que eles rejeitem o projeto,

mesmo com valor presente positivo. (MACHADO,

MEDEIROS e EID JÚNIOR, 2008, p.65).

Segundo os autores, o subinvestimento, derivado da rejeição de

um projeto com valor presente positivo, pode ser evitado se as empresas

financiarem seus projetos primeiramente com lucros retidos, seguindo-se de

financiamentos e, finalmente, a emissão de novas ações, sendo esta a última

fonte de recursos preferida. Se, por outro lado, a empresa está sobreavalida

pelo mercado, ela deve emitir ações, sinalizando para os investidores a

sobreavaliação.

Para Costa Jr (2005, p. 31), a hierarquia das escolhas ajuda na

compreensão do fato de que empresas com um índice de lucro maior pedem

menos dinheiro emprestado, não por possuírem baixos índices de

endividamento como objetivo, mas sim por não precisarem de recursos do

exterior.

Já as empresas menos lucrativas emitem dívida porque não

dispõem de suficientes fundos internos para que haja financiamento de seu

plano de investimentos e porque o financiamento por dívida é o primeiro

colocado na hierarquia das escolhas de um financiamento externo.

Costa Júnior (2005, p. 31) assegura que, na teoria da hierarquia

das escolhas, os benefícios fiscais dos juros não se apresentam assim tão

atrativos. Os índices de endividamento costumam ser alterados quando há um

desequilíbrio entre os fundos gerados internamente e as oportunidades de

investimento efetivas. As empresas com limitadas oportunidades de

investimento, mas altamente lucrativas, tendem a possuir baixo índice de

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endividamento. Por outro lado, as empresas cujas oportunidades de

investimento ultrapassam os fundos gerados internamente são levadas a fazer

uso maior do endividamento. Isso implica que as empresas devem possuir, em

tempos de normalidade, uma capacidade de reserva de endividamento que

possa ser usada na eventualidade do surgimento de oportunidades

especialmente boas e atrativas.

Santos, Pimenta Jr e Cicconi (2008, p. 73), destacam, no entanto,

que “a assimetria de informações pode não afetar tão significativamente as

escolhas das fontes de recursos de longo prazo”.

Caso os custos de transação envolvidos com a utilização de

recursos de terceiros sejam muito elevados, a hierarquia proposta pelo Pecking

Order não mais se confirma. O mesmo ocorre no caso de a empresa emitente

de ações conseguir controlar a assimetria de informações, fazendo com que a

utilização dessa fonte de recursos não seja a última escolha na hierarquia.

Embora seja muito difícil, as empresas de capital aberto podem

criar mecanismos que restrinjam as operações financeiras de seus executivos,

que têm acesso a informações consideradas privilegiadas no mercado de

capitais.

Podem ser usados contratos e termos de compromisso que

inibam o uso dessas informações, além das declarações assinadas e

registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) do país, que tornam

transparentes os investimentos dos executivos em papéis da empresa ou das

que têm ligação direta com elas (fornecedores, clientes, coligadas, controladas

etc.).

1.2.5 – Market Timing e Estrutura de Capital

Basso, Mendes e Kayo (2008, p. 09) ressaltam que,

tradicionalmente, o preço das ações tende a apresentar altas anormais em

período antes da emissão de ofertas públicas iniciais (IPO). Esses autores

descobriram que os índices de alavancagem financeira não aumentam

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anteriormente à emissão de ações, sugerindo que a capacidade de

endividamento não é a principal causa na emissão de ações. O índice de

mercado em relação ao valor contábil dos ativos foi observado como sendo

aumentado anteriormente à emissão de ações e cai após essa emissão. Tais

observações propõem que a emissão de capital é utilizada para financiar novos

investimentos.

Basso, Mendes e Kayo (2008, p. 09) observaram que, em longo

prazo, o preço das ações se mostrou sobrevalorizado no momento de uma

IPO. Esta observação é de grande importância, pois traz relevantes

constatações para investidores ao indicar haver certa precisão dos emissores

ao aproveitar o que autor chama de “janela de oportunidades” em momentos

em que as ações estarão sobrevalorizadas, implicando custo de capital mais

baixo para financiamento de novos investimentos.

Conforme Basso, Mendes e Kayo (2008):

“Empresas cujos ganhos no aftermarket (após IPO)

são baixos tendem a apresentar um custo de capital

próprio externo mais baixo. Os autores estudaram a

relação entre desempenho aftermarket e outras

variáveis, como tipo de indústria, porte da emissão,

ano da IPO, idade da empresa etc. Tais estudos

apontaram para uma forte evidência de que as

empresas abrem o capital em momentos de auge no

desempenho da indústria a que pertencem indicando

haver certa dose de superestimação das

oportunidades de crescimento em momentos de IPO

por parte dos investidores” (BASSO, MENDES e

KAYO, 2008, p. 09).

Para Basso, Mendes e Kayo (2008, p. 09), a descoberta de que

emissões de ações apresentam baixa performance na média, implica em

custos mais baixos do que outras teorias sobre estrutura de capital previam em

situações de captação de capital próprio externo.

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Basso, Mendes e Kayo (2008, p. 09) demonstram diferenças de

performance entre companhias que emitiram ações em um período de até 20

anos (entre 1970 e 1990) e companhias que não emitiram nesse período. As

empresas que emitiram ações apresentaram uma performance inferior em

relação àquelas que não realizaram alguma oferta pública no período

estudado. Os autores consideram tanto as Ofertas Públicas Iniciais (IPO)

quanto as Ofertas de Capital Sazonais (SEO). Como principal resultado,

constatou-se que os investidores que aportaram recursos em companhias

emissoras tiveram que desembolsar quarenta e quatro por cento a mais em

relação a investidores que tivessem realizado aportes em companhias não

emissoras para que seus retornos fossem equiparados.

De acordo com Basso, Mendes e Kayo (2008, p. 09), a

performance em situações de ofertas públicas varia em relação ao tempo.

Empresas que realizaram emissões em períodos de baixo volume de emissões

tiveram uma performance melhor do que àquelas que realizaram suas

emissões em períodos de alta intensidade de emissões no mercado como um

todo. Estes autores constataram também não haver diferenças significativas

em termos de performance entre ofertas iniciais (IPO) e ofertas sazonais

(SEO). No entanto, a principal questão levantada, foi explicar porque empresas

que emitiram ações tiveram baixas performances nos cinco anos subsequentes

à emissão.

De acordo com Basso, Mendes e Kayo (2008, p. 10) constataram,

também, que a performance das empresas emissoras apresentou forte

correlação negativa com a relação entre valor contábil e valor de mercado, ou

seja, firmas com alto valor de mercado em relação ao valor contábil foram as

que apresentaram as piores performances após os períodos de emissão.

Esses autores concluíram como sendo consistente a idéia de as

empresas emitem ações em momentos em que os gestores as consideram, na

média, sobrevalorizadas, sendo este momento denominado de “janela de

oportunidades”, sendo que a principal explicação para esse fato não reside

necessariamente na questão de assimetria de informação, mas em

ineficiências de mercado relacionadas ao excesso de confiança dos

investidores.

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Partindo-se do pressuposto básico de que o mercado é

ineficiente, Basso, Mendes e Kayo (2008, p. 31) afirmam que “as políticas de

financiamento passam a ser relevantes.” Neste caso, o preço do capital passa

a ser a principal variável a influenciar na decisão de emitir novas ações, onde

os acionistas são beneficiados em emissões nos momentos onde o preço das

ações está baixo e são prejudicados em momentos em que o preço de

mercado está subvalorizado.

Neste estudo, os autores consideram as participações acionárias

em novas emissões como sendo um indicador mais consistente do que a

distribuição de dividendos para medir a performance de um ano subsequente à

emissão.

De acordo com essa hipótese, Basso, Mendes e Kayo (2008, p.

56) confirmam a existência de uma baixa performance para as empresas

emitentes logo após uma oferta publica inicial ou sazonal (IPO ou SEO).

Essa baixa performance tem como principal importância para a

teoria das finanças corporativas o fato de ir contra alguns conceitos defendidos

em outras teorias clássicas como as proposições básicas de Modigliani e Miller

(1958), onde o mercado era tido como eficiente e a Pecking Order Theory de

Myers (1984) que ignorava alguns aspectos relacionados a oportunidades de

mercado, invertendo assim a hierarquia de fontes de financiamento proposta

por esta teoria. (BASSO, MENDES e KAYO, 2008)

Para Azevedo (2006, p. 03), diversos estudos acadêmicos

procuraram identificar o momento certo de se fazer um IPO e as variáveis que

influenciam a quantidade dessas operações. Alguns concluíram que o volume

de IPOs está muito mais relacionado à variação do mercado nos tempos

recentes do que ao patamar de preço no momento da operação.

Ainda, Azevedo (2006), concluiu que, historicamente, um

movimento maior de IPOs é estimulado por bons exemplos anteriores.

Períodos de grandes altas dos papéis nos primeiros dias de negociação em

pregão podem garantir um ótimo fluxo de abertura de capital pelos seis meses

seguintes.

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CAPÍTULO II

VANTAGENS E DESVANTAGENS DA ABERTURA DE

CAPITAL

O objetivo deste capítulo é apresentar as vantagens e

desvantagens da Abertura de Capital, discutindo acerca da maximização do

valor da empresa.

2.1 – Vantagens e Desvantagens da Abertura de Capital

Para Hessel (2007, p. 27), a decisão da abertura de capital altera

radicalmente a dinâmica da empresa. A gestão passa a ser supervisionada por

novos sócios e a atuar com a perspectiva de oferecer o retorno esperado por

aqueles que investem uma parcela de suas poupanças na empresa. Toda e

qualquer decisão tomada pela administração começa a produzir efeitos que

podem influenciar o preço da ação.

Por esse motivo, a decisão de acessar o mercado de capitais a

partir de uma oferta pública de ações exige reflexão e cuidado. A disposição e

o preparo dos principais sócios para trabalhar nesse novo cenário são tão

importantes quanto assegurar que a empresa tenha o porte adequado,

números em ordem e auditados e sistemas de controles internos bem

modulados e preparados para atender às novas demandas por informação.

Segundo Hessel (2007, p. 7), a decisão da abertura de capital

não pode ser guiada por um simples senso de oportunidade, com uma

abordagem ligada a questões eminentemente financeiras ou sem alicerces

sólidos. A oferta de ações é um dos meios de financiamento mais eficientes à

disposição de uma empresa em busca de expansão, mas também o mais

exigente. Quando mal planejada pode trazer consequências desastrosas para

a empresa.

Para Costa (2006, p. 48), embora não se possa desconsiderar a

motivação de ordem financeira, para abrir o capital e ter ações negociadas em

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bolsa, as implicações de se ter uma pluralidade de acionistas vão muito além

do custo do capital. Ter acionistas junto ao público muda as características de

gestão da empresa e também altera políticas que são praticadas quando se

tem o capital fechado. Efetivamente, o gestor não apenas tem de dar satisfação

a uma gama de acionistas, como também remunerar regularmente seus sócios.

Para a BM&FBOVESPA (2006, p. 06), não existe uma resposta

única para essa questão, uma vez que as realidades das empresas diferem

muito entre si. Muitas vezes, uma mesma empresa realiza diversas colocações

de ações ao longo de sua existência como companhia aberta, tendo cada uma

dessas vendas um objetivo específico. A BM&FBOVESPA destaca os

seguintes benefícios que a abertura de capital pode trazer para o

empreendedor e para a sua empresa:

• A empresa passa a ter maior acesso a capital: O

financiamento por meio da emissão de ações é uma fonte de

recursos sem limitação. Enquanto a empresa tiver projetos viáveis

e rentáveis, os investidores terão interesse em financiá-los. A

abertura de capital representa uma excepcional redução de risco

para a empresa, tendo em vista que os recursos dos sócios

investidores, da mesma forma que o dinheiro que o empresário

colocou no empreendimento, não tem prazo de amortização ou

resgate e não exigem rendimento definido: o retorno dos

investidores depende do desempenho da empresa.

• Liquidez patrimonial para os empreendedores: A abertura de

capital também pode proporcionar liquidez patrimonial, que

significa a possibilidade dos empreendedores ou sócios

transformarem suas ações em dinheiro. É possível vender as

ações no ato da abertura de capital ou, no futuro, através da

negociação em Bolsa;

• Utilização das ações para pagamento de aquisições: Uma

alternativa de crescimento a ser considerada pelas empresas é a

realização de aquisições, para obtenção de ganhos de escala,

diversificação de linhas de produto, clientes e regiões de atuação.

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As aquisições, porém, podem consumir grandes volumes de

recursos, muitas vezes não disponíveis na forma de caixa. As

empresas de capital aberto dispõem da alternativa de realizar o

pagamento com suas ações, sem a necessidade de

descapitalizar a empresa.

• Criação de um referencial de avaliação do negócio: Após a

abertura de capital, a empresa passa a ser avaliada

constantemente. A cotação das suas ações no mercado acionário

é um indicador do seu valor, pois significa um equilíbrio entre as

percepções de muitos investidores, refletindo as expectativas a

respeito do futuro da companhia. Além disso, os gestores também

poderão utilizar o mercado como ferramenta de avaliação de suas

principais decisões, considerando que estratégias corporativas

percebidas negativamente pelo mercado reduzem o preço de

suas ações.

• A empresa melhora sua imagem institucional: A empresa de

capital aberto tem mais projeção e reconhecimento de todos os

públicos com os quais se relaciona. A empresa ganha visibilidade,

é regularmente mencionada na mídia e acompanhada pela

comunidade financeira. Embora seja difícil mensurar o valor

agregado à imagem em função da abertura de capital, em muitos

casos, as empresas listadas em bolsa melhoram suas condições

de negociação com fornecedores, têm maior exposição de suas

marcas, ganham competitividade e elevam o comprometimento

de seus funcionários, abrindo-lhes a oportunidade de também se

tornarem acionistas.

• Reestruturação de passivos: Algumas empresas, para garantir

sua sobrevivência e, eventualmente, recolocar-se na rota de

crescimento, são motivadas a pensar na abertura de capital em

função da necessidade de reestruturar seus passivos. Nem

sempre, porém, os investidores aceitam participar em uma

operação de reestruturação financeira, em particular no caso de

uma empresa nova, que ainda não apresenta histórico na Bolsa.

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Para captar recursos com esse objetivo, a companhia deve

justificá-la muito bem ao mercado, explicando seus planos e a

mudança na estrutura de capital que o ingresso desses recursos

representará.

Para Assaf Neto (2003, p. 55), a abertura de capital pode permitir,

ainda, arranjos societários para a solução de conflitos internos de controle

acionário, determinados, por exemplo, pela saída de um acionista com

participação expressiva no capital, ou problemas sucessórios bastante comuns

em empresas familiares.

Damodaran (2004, p. 129), acrescenta que um benefício

secundário da abertura de capital é que os proprietários das empresas de

capital fechado são capazes de lucrar com o sucesso da companhia aberta,

vinculando um valor de mercado aos seus investimentos. Desse modo, os

proprietários das companhias abertas podem obter ganhos elevados com a

venda de suas participações.

Costa (2006, p. 48), afirma que as boas práticas de governança

corporativa exigidas pelo mercado têm efeitos positivos sob a forma como a

companhia é gerida. Códigos de ética, que habitualmente fazem parte das

exigências da abertura, tornam a empresa financeira e socialmente mais

responsável.

Para Lethbridge (2006, p. 32), o dia da abertura do capital de uma

empresa na bolsa de valores é um dia simbólico, um rito de passagem em que

uma companhia, normalmente erguida pelo instinto de um empreendedor, entra

no seleto grupo das empresas listadas em bolsa, o que lhe confere uma

espécie de atestado de maturidade. No dia seguinte, porém, se constata que

todos esses benefícios trazem um custo. Não adianta apenas preparar a

abertura, é preciso traçar um plano para o dia seguinte.

A primeira grande transformação é a multiplicação de donos. Uma

empresa fechada responde basicamente às vontades de seu fundador, ou de

seus herdeiros. Quando os donos têm talento, esse jeito de administrar traz

vantagens inegáveis: a companhia toma decisões rapidamente, sem prestar

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contas. No dia seguinte à emissão de ações, porém, os controladores passam

a responder aos humores do mercado e às dúvidas de analistas.

O fenômeno da multiplicação de donos, apesar de diminuir a

autonomia dos executivos, traz, também, um efeito positivo. O fato de ter de

prestar contas a inúmeros investidores obriga uma companhia aberta a ser

mais cautelosa e a trocar informações com pessoas que podem ajudar a definir

seus movimentos. O mercado faz com que os executivos reflitam sobre as

decisões estratégicas da empresa.

A relação com o mercado financeiro torna-se bastante complexa.

De um lado, os investidores exigem transparência para analisar a estratégia e

os números da companhia. Do outro, a empresa teme que essa transparência

signifique disponibilizar informações valiosas aos concorrentes.

Damodaran (2004, p. 429), afirma que os benefícios devem ser

ponderados contra os custos potencias da abertura de capital. O mais

relevante desses custos é a perda de controle que poderá ocorrer. À medida

que as empresas tornam-se maiores e os proprietários são tentados a vender

parte dos seus investimentos, a participação dos proprietários nas ações do

mercado geralmente decresce. Se os acionistas na empresa passam a

acreditar que a associação do proprietário com a empresa não é boa, eles

podem decidir pressionar para a retirada do proprietário.

Além da interferência na administração e da dificuldade de manter

suas informações em segredo, a empresa está sujeita a outros efeitos

colaterais. Ao ingressar no mercado de ações, sua capacidade de lidar com

analistas, oferecer projeções confiáveis e responder rapidamente a crises

passa a ser testada ininterruptamente. Falhas nesses quesitos podem trazer

consequências dramáticas para a organização

Lethbridge (2006, p. 33), destaca algumas desvantagens da

abertura de capital:

• Os custos para manter uma empresa aberta são muito

elevados;

• Os concorrentes têm acesso a muito mais informações sobre

a companhia, o que pode acirrar a competição;

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• A pressão dos investidores por resultados trimestrais pode

atrapalhar os planos de longo prazo.

Portanto, conforme afirma Costa (2006, p. 48), a abertura do

capital não é uma decisão capaz de resolver todos os problemas e não deve

ser vista como uma simples operação financeira para maximizar valores. É

sempre importante levar em consideração os objetivos estratégicos e o

compromisso de longo prazo da companhia com o mercado.

Aldrighi et al. (2010) coloca que em seu estudo que a favor dos

grandes benefícios de uma IPO, é possível identificar a redução do custo

médio do capital. A emissão de ações pode ser uma base de financiamento

menos onerosa como crédito bancário, principalmente nas empresas operando

em setores de incertos e de risco. No entanto, a listagem em bolsa pode atingir

as condições de financiamento bancário, uma vez que as grandes exigências

de disclosure e de transparência diminuiriam a assimetria informacional, dando

oportunidade de maior concorrência entre os bancos. Empresas de capital

fechado provavelmente dependem mais de relational banking, o que compete

grande poder de mercado ao maior banco credor, facultando-lhe retirar rents

das empresas.

Outra grande vantagem do IPO é a avaliação da empresa pelo

mercado que é impessoal, com base no acompanhamento descentralizado

realizado por analistas e investidores.

Aldrighi et al. (2010) enfatiza que o valuation pode converter a

empresa que realizou a abertura de capital para atingir o takeover por outras

empresas e mostrou que a maior motivação para as abertura de capitais é a

busca de capital e reputação para a incorporação de outras empresas.

Mudança de portfolio e maior liquidez da riqueza podem inclusive

ser motivações de abertura de capitais. Uma IPO participa da decisão sobre a

estrutura de controle: o empreendedor pode segurá-lo, transferi-lo, ou ainda

escolher por dispersar a propriedade do capital. Pode inclusive guardar o

controle por algum tempo após a IPO com a meta de transferi-lo

posteriormente a termos mais benéficos, que agregariam dos benefícios de

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visibilidade e liquidez. É possível que a maior liquidez das ações resultante da

negociação em bolsa diminua o custo de capital. Algumas empresas tentam

aumentar os benefícios de maior liquidez buscando à dupla listagem para

alcançar a ampla base de investidores de bolsas internacionais. Um impacto

benéfico adicional da cross-listing sobre o valor de mercado da empresa é a

aceitação a padrões mais exigentes de governança e de enforcement legal das

autoridades que regulam os países mais desenvolvidos.

Biral (2010) observou em seu estudo a alteração do desempenho

operacional de empresas nacionais que abriram capital no período de 2004 a

2008, usando uma metodologia ainda não praticada em estudos que envolvam

uma amostra ampla de empresas brasileiras.

A maioria dos trabalhos estudados, nacionais ou não, implicam

diminuição do desempenho operacional das empresas após a abertura de

capital. Na literatura, muitos fatores e teorias justificam a queda de

desempenho operacional das empresas, assim como ampliação dos conflitos

de agência, assimetria de informações, market timing, window dressing dos

números do balanço pré-abertura de capital, dentre outros.

Os resultados observados possibilitam deduzir que as empresas

que abriram capital eram mais eficientes antes do IPO, ao se comparar com

empresas de capital aberto do mesmo setor e tamanho semelhante não sendo

possível reconhecer se houve alteração no desempenho operacional pós-

abertura de capital, controlando-se pelo desempenho de empresas

semelhantes.

2.2 – Maximização do valor da empresa

O objetivo na teoria de finanças corporativas é maximizar o valor

da empresa. Para Damodaran (2004, p. 34), qualquer decisão de investimento,

financeira ou de dividendos que aumente o valor da empresa é considerada

uma boa decisão. O objetivo de maximização do valor da empresa se restringe,

na prática, à maximização do valor dos acionistas e, mais ainda, à

maximização do preço das ações.

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Gitman e Madura (2003, p. 239), confirmam esses conceitos ao

afirmarem que o objetivo da empresa é maximizar a riqueza dos proprietários,

sendo que a riqueza dos proprietários é medida pelo preço das ações. Ao

considerarem cada decisão financeira alternativa em termos de seu impacto no

preço das ações, os gerentes financeiros devem aceitar apenas as medidas

que aumentem o preço das ações.

Damodaran (2004, p. 39), afirma que, embora a maximização do

preço das ações seja o objetivo mais restrito, ele é o predominante, em virtude

das seguintes razões: 1) de todas as medidas, os preços das ações são as

mais observáveis e podem ser usadas para julgar o desempenho de uma

empresa de capital aberto, tendo em vista que esses preços são atualizados

constantemente para refletir novas informações sobre a empresa. Desse modo,

os administradores têm um retorno imediato, por parte dos investidores, sobre

cada ação empreendida; 2) os preços das ações, em um mercado com

investidores racionais, refletem os efeitos a longo prazo das decisões da

empresa. Diferentemente de medidas contábeis que examinam os efeitos das

decisões da empresa sobre as operações correntes, o preço das ações reflete

os efeitos de longo prazo dessas decisões sobre o valor, pois representa a

tentativa dos investidores de mensurar esse valor; 3) o preço das ações é a

medida real da riqueza dos acionistas, pois estes podem vender suas ações e

receber o preço agora.

Dessa forma, quando as empresas maximizam os preços das

ações, os acionistas podem lucrar sobre o ganho imediatamente, se assim o

desejarem. Para Nassif (2008, p. 21), a maximização da riqueza envolve os

seguintes aspectos:

• Retorno do capital próprio: os acionistas esperam ser

remunerados por intermédio de dividendos e, principalmente, pela

valorização de suas ações. O preço de mercado de uma ação

reflete um valor de dividendos futuros esperados, bem como de

dividendos correntes; a riqueza do acionista na empresa em

qualquer instante é medida pelo preço de mercado de suas

ações;

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• Perspectiva de longo prazo: a empresa deve ser perpetuada

e, para tanto, tem de realizar investimentos em tecnologia, novos

produtos, etc., que poderão sacrificar a rentabilidade atual em

troca de maiores benefícios futuros;

• Valor do dinheiro no tempo: os projetos de investimento

envolvem fluxos de desembolsos e de entradas de caixa. Existem

diversas técnicas para avaliar tais projetos, e algumas delas

transformam os fluxos futuros de caixa em valores atuais, por

meio da aplicação de determinada taxa de desconto. Essa taxa

de desconto deve refletir um custo de oportunidade dos recursos

a serem investidos. Tal custo de oportunidade corresponde a uma

taxa mínima de retorno exigida do projeto para que o valor de

mercado da empresa não se altere. Considerando o valor do

dinheiro no tempo, a seleção dos projetos a serem implantados

visará a aumentar ou, pelo menos, manter o valor de mercado da

empresa;

• Risco: o retorno deve ser compatível com o risco assumido.

Maior risco implica a expectativa de maior retorno. A maximização

da riqueza considera explicitamente diferenças no risco. Uma

premissa básica na administração financeira é de que existe uma

relação entre risco e retorno; os acionistas esperam perceber

maiores retornos de investimentos de maior risco, e vice-versa.

Os administradores financeiros precisam, portanto, levar em

conta o risco ao avaliar investimentos potenciais;

• Dividendos: deve ser adotada uma política de distribuição

regular de dividendos, independentemente das flutuações dos

lucros, minimizando os efeitos negativos que possam afetar as

cotações das ações. A empresa não deve desapontar aqueles

acionistas que apreciam receber dividendos periódicos. Os

administradores devem reconhecer que a política de dividendos

da empresa afeta a atratividade de sua ação para tipos

particulares de investidores. Se o retorno que os acionistas

esperam receber for assegurado, tal fato terá um efeito positivo

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sobre o preço das ações, garantindo o sucesso de futuros

lançamentos de novas ações no mercado.

Dessa forma, conforme afirma Nassif (2008, p. 31), em um

mercado plenamente desenvolvido, as cotações alcançadas pelas ações nas

bolsas de valores devem refletir o valor de mercado das empresas. Nos

momentos de desequilíbrio, tais cotações podem apresentar-se superavaliadas

ou subavaliadas, porém, no médio prazo, os preços das ações demonstram

quanto o mercado está disposto a pagar pelas frações do capital de cada

empresa.

De acordo com Nassif (2008, p. 22), o preço de uma ação em

bolsa é fruto das condições de mercado (oferta e demanda) que reflitam as

condições estruturais e comportamentais da economia do país e específicas da

empresa e de seu setor econômico. Normalmente, as ações traduzem as

expectativas dos agentes econômicos em relação às perspectivas do País e,

por consequência, aos destinos das empresas abertas.

Porém, conforme afirma Pinheiro (2004, p. 12), o preço de uma

ação só irá incorporar todo o seu potencial de valor se a empresa comunicar

aos investidores, de maneira clara e ampla, sua estratégia, e demonstrar que é

capaz de executá-la.

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CAPÍTULO III

SUBPRECIFICAÇÃO DE OFERTA PÚBLICA INICIAL DE

AÇÕES

Entre os custos relacionados a uma oferta pública inicial de ações

está o custo de subprecificação (conhecido como underpricing na literatura

internacional) sobre a emissão que, de acordo com Damodaran (2004, p.431),

proporciona uma vantagem inesperada para os investidores que conseguem a

ação ao preço de oferta e a vendem a um preço de mercado muito mais

elevado.

No entanto, conforme afirmam Souza e Lameira (2005, p. 02), se

o investidor que compra esses papéis ao preço estipulado na oferta inicial se

beneficia deste grande retorno no primeiro dia de negociação do papel, quem

perde (ou deixa de ganhar) é a empresa emissora.

Para Hessel (2008, p. 69), os retornos elevados constatados nas

aberturas de capital não são uma novidade e ocorrem em diversos países. O

retorno médio observado considerando o preço de emissão e as primeiras

negociações em bolsa é bastante elevado, mesmo quando ajustado para o

retorno do mercado no mesmo período.

Para Souza e Lameira (2005, p. 22), uma oferta inicial a um preço

justo deveria refletir o valor intrínseco da empresa menos um desconto,

explicado por algumas razões como assimetria informacional, risco de

processos e imagem. O retorno, portanto, deveria ser muito pequeno no

primeiro dia de negociação, pois as razões para o desconto não desaparecem

imediatamente. Portanto, os altos retornos iniciais representam perdas para as

empresas emissoras, ou seja, o desconto sobre o valor intrínseco da empresa

foi maior que o necessário.

Segundo Brealey e Myers (2005, p. 51), no caso das ofertas

públicas primárias os custos de subavaliação excedem todos os custos de

emissão. Quando uma empresa se torna pública, é muito difícil para os

underwriters (instituições financeiras especializadas em operações de

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lançamento de ações no mercado primário) julgarem quanto os investidores

estão dispostos a pagar pelas ações, ocorrendo, algumas vezes, um

julgamento equivocado da demanda.

Oficialmente, as companhias não admitem que os lançamentos

de suas ações ocorram dessa forma, mas alguns estudos, como por exemplo,

citado por Brealey e Myers (2005, p. 52), “mostra que em mais de 10.000

novas emissões, de 1960 a 1992, ocorreu, na média, uma subavaliação de

15%, ressaltando que a subavaliação nos Estados Unidos é relativamente

modesta em comparação aos padrões de muitos países.”

Alguns bancos de investimento e investidores institucionais

argumentam que a subavaliação é do interesse da empresa emissora, pois o

preço baixo na oferta inicial eleva a preço das ações quando esta é

subsequentemente negociada no mercado e aumenta a habilidade da empresa

em angariar capital adicional. Há quem discorde dessa afirmação, dizendo que

os bancos de investimento promovem um preço baixo de oferta porque este

reduz o risco de ficarem com ações indesejáveis e os torna popular com seus

clientes que recebem as ações.

Outra explicação para que as novas emissões sejam

subavaliadas e, consequentemente, a taxa média de retorno dos IPOs seja

elevada, é o que Brealey e Myers (2005, p. 52), chamam de “maldição dos

vencedores”.

Trata-se de uma falsa expectativa que atrai investidores sem

informações sobre o preço que deverá alcançar a empresa após a oferta inicial.

Pressupondo retornos médios elevados, alguns novos participantes executam

pedidos de várias ações que serão ofertadas ao público, esperando obterem

um retorno extraordinário.

“No entanto, para as ações que realmente

oferecerão retorno acima da média, os pedidos

serão rateados entre investidores informados e mal-

informados, enquanto as demais serão totalmente

destinadas a esses últimos. Para reduzir potenciais

prejuízos que poderiam afastar novos integrantes do

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mercado acionário, os intermediários lançam as

ações por um preço menor do que realmente

deveriam, e aqueles que recebem essas ações

acreditam ter sido um bom negócio investir nesses

títulos.” (BREALEY e MYERS, 2005, p.59)

Quanto à assimetria informacional, Leal Costa Jr. e Lemgruber

(2000, p. 122), afirmam que existem três hipóteses nesse segmento:

• Assimetria entre a empresa e o mercado: a empresa delega

ao underwriter a decisão sobre o melhor preço de colocação

de suas ações. Ela permite que ele ofereça as ações a um

preço menor que o esperado no mercado. O retorno inicial

será maior em razão da maior incerteza sobre o preço de

equilíbrio no mercado secundário. O underwriter seria o único

capaz de superar essa assimetria, por conhecer melhor as

condições do mercado e os compradores do papel;

• Assimetria entre os investidores: há investidores informados e

não informados. Os primeiros incorrem em custos de análise

de investimentos, os demais não e sofrem da “maldição dos

vencedores”. Quando conseguem acesso às emissões, elas

são as que oferecem os piores retornos ou, quando têm

acesso a uma boa emissão, não conseguem comprar a

quantidade que desejam. A principal razão para os retornos

anormais observados é o racionamento, ou seja, a demanda é

maior que a oferta de títulos. Como o investidor informado

prevê melhor o preço inicial de mercado de uma ação, ele só

participa das emissões cujo retorno inicial esperado seja maior

que o custo incorrido na obtenção de informação. Como o

investidor informado não é capaz de absorver todos os novos

papéis, é necessária a existência do investidor não informado.

Sabendo que não conseguirá adquirir a quantidade que deseja

ou que há uma grande probabilidade de obter um retorno ruim,

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o investidor não informado demanda retornos mais elevados

para comprar novas emissões como forma de compensação.

Esses retornos elevados seriam obtidos por meio de um

deságio com base no preço esperado no mercado.

• Prestígio do underwriter e assimetria informacional: o prestígio

do underwriter influiria sobre os retornos iniciais constatados

para os títulos de uma empresa. Os retornos para quem

comprou ações no mercado primário e vendeu no primeiro dia

de negociação em bolsa seria maior para as emissões de

instituições de primeira linha.

Diante do exposto cabe ressaltar que um dos objetivos da política

de relações com investidores de uma organização deve ser o de minimizar a

diferença entre quanto os executivos acham que a empresa vale e quanto os

investidores estão dispostos a pagar, obtendo um maior valor de mercado para

a organização. Hessel (2007, p. 12), destaca os principais aspectos que

influenciam a avaliação de uma companhia pelo mercado:

• Histórico de crescimento: a evolução do faturamento deve ser

forte e apresentar indícios de sustentabilidade no longo prazo ou,

se a empresa estiver em estágio de desenvolvimento, sua

posição de mercado deve ser privilegiada (deter exclusivamente

uma tecnologia ou ter bom acesso a recursos naturais, por

exemplo);

• Histórico de lucratividade: quanto maior o número de

exercícios em que foi auferido lucro, melhor. Nas empresas mais

jovens, que atuam em setores de crescimento rápido, a avaliação

dos lucros é relativizada por outros fatores, como as vantagens

competitivas em relação à concorrência e o nível de inovação;

• Capacidade competitiva: A visibilidade dos produtos e serviços

de uma empresa e a valorização de sua marca influenciam

fortemente a avaliação do mercado. Liderança no setor de

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atuação e diferenciação em relação às principais concorrentes

são fatores muito importantes;

• Plano de Negócios: Ter uma visão clara de onde se quer

chegar no longo prazo e de quais são os passos necessários para

atingir esses objetivos é um pré-requisito fundamental para

acessar o mercado de capitais. É importante, também, saber

comunicar essa visão ao mercado, com o suporte de um sólido e

bem estruturado plano de negócios;

• Equipe Gerencial: muitas vezes, o histórico de sucesso dos

executivos à frente de uma companhia pode ser o seu principal

diferencial competitivo. A reputação desses indivíduos tem

influência direta na percepção de valor que é formada pelos

investidores;

• Sistemas Internos: a capacidade dos sistemas de controle, de

contabilidade e de informação em atender às demandas oriundas

do relacionamento com o mercado também contribui fortemente

para o valor percebido de uma companhia.

Hessel (2008, p. 44), afirma que é de fundamental importância a

sinalização para o mercado de que o principal compromisso de seus altos

executivos é adotar as medidas necessárias para a empresa crescer sempre.

Contar com um programa de comunicação e relacionamento com o mercado

muito bem estruturado é crucial para ajustar expectativas e garantir que a

percepção de valor de mercado esteja alinhada à real situação das empresas.

Pinheiro (2004, p. 12), afirma que para atingir esses objetivos a

empresa deverá desenvolver uma política de comunicação que passa

necessariamente pelo entendimento da visão da própria empresa, dos

analistas de mercado e dos investidores, em relação aos seguintes aspectos:

• Desempenho: qual o desempenho qualitativo e quantitativo da

empresa; qual o seu desempenho em relação aos seus

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competidores, ao mercado, e em termos absolutos e como será a

geração de valor nos próximos anos.

• Ambiente de Mercado: quais são os fatores externos que

podem influenciar o valor da empresa, os fatores

macroeconômicos, políticos, regulamentações e qual o ambiente

competitivo do setor.

• Plataforma Empresarial: quais as vantagens competitivas da

empresa no setor; que tipo de capital intangível a empresa

possui, como a empresa gerencia seus ativos intangíveis como

marcas, pessoas e reputação.

• Estratégia: qual a estratégia de criação de valor; como a

empresa irá buscar seu crescimento; quais as facilidades e

barreiras para a empresa maximizar sua lucratividade e como

manter sua vantagem competitiva.

Hessel (2007, p. 50), lembra que as empresas conduzem seus

negócios em um ambiente econômico em que são expostas a forças externas

das quais não têm controle. Dessa forma, quaisquer forças que afetam os

fluxos de caixa da empresa ou a taxa de retorno exigida afetarão o valor da

empresa. Entre os fatores externos que têm maior impacto sobre o valor da

empresa, destacam-se os seguintes:

• Fatores econômicos: as principais condições econômicas que

afetam o valor de uma empresa são o crescimento econômico, as

taxas de juros e a inflação. O crescimento econômico pode afetar

a demanda dos produtos de uma empresa e, portanto, seus

fluxos de caixa. Os movimentos de taxas de juros podem afetar o

volume de compras de produtos vendidos a crédito e a taxa de

retorno exigida pelos investidores. A inflação pode afetar as

saídas de caixa da empresa por meio do impacto no custo de

mão-de-obra e as entradas de caixa caso ocorram aumentos nos

preços dos produtos;

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• Políticas Governamentais: as principais políticas que afetam o

valor da empresa são a política monetária e a política fiscal. A

primeira pode alterar o valor da empresa ao alterar as taxas de

juros, o que influencia os fluxos de caixa das empresas e a taxa

de retorno exigida pelos investidores;

• Condições setoriais: o valor de uma empresa pode ser afetado

pela demanda em seu setor, na medida em que alguns setores

sofrem mudanças na demanda ao longo do tempo, em resposta

ao comportamento do consumidor. Um aumento na concorrência

dentro de um setor tende a reduzir o valor da empresa, pois esta

perde participação de mercado ou precisa reduzir seus preços

para manter a participação de mercado.

• Condições globais: Os exportadores e importadores são

afetados pelas condições econômicas estrangeiras e pelas taxas

cambiais. Um forte crescimento econômico normalmente tem um

efeito favorável sobre os fluxos de caixa de uma empresa. A

valorização de uma moeda estrangeira tende a aumentar a

demanda pelos produtos de uma empresa exportadora. A

depreciação de uma moeda estrangeira tem o efeito oposto. As

empresas com investimento estrangeiro são afetadas, ainda, pelo

risco político. Um aumento no risco político de um país pode

resultar em redução nos fluxos de caixa das empresas.

Dessa forma, os gestores precisam entender como suas

empresas podem ser afetadas por esses fatores, de forma que possam se

preparar para enfrentar as condições adversas, fazendo os investimentos e

tomando as decisões adequadas de financiamento para as suas empresas.

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CONCLUSÃO

Acredita-se que as principais vantagens da abertura de capital

como meio de capitalização das empresas sejam: o maior acesso ao capital;

liquidez patrimonial para os empreendedores; utilização das ações para

pagamento de aquisições; criação de um referencial de avaliação do negócio;

maior projeção e reconhecimento da empresa frente aos públicos com os quais

se relaciona; e reestruturação de passivos.

No tocante as desvantagens referem-se aos custos para manter

uma empresa aberta são muito elevados; os concorrentes têm acesso a muito

mais informações sobre a companhia, o que pode acirrar a competição; e a

pressão dos investidores por resultados trimestrais pode atrapalhar os planos

de longo prazo.

Logo, a abertura do capital não é uma decisão capaz de resolver

todos os problemas e não se constitui em uma operação financeira para

maximizar valores, sendo fundamental considerar os objetivos estratégicos e o

compromisso de longo prazo da empresa com o mercado.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO ........................................................................................... 1

RESUMO ........................................................................................................... 2

METODOLOGIA ................................................................................................ 3

SUMÁRIO .......................................................................................................... 4

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 6

CAPÍTULO I

ABERTURA DE CAPITAL .................................................................................. 9

1.1 – Decisão da Abertura de Capital .............................................................. 10

1.2 – Teorias Sobre Estrutura de Capital ......................................................... 14

1.2.1 – Teoria Tradicional ................................................................................ 14

1.2.2 – Teoria de Modigliani e Miller ................................................................ 15

1.2.3 – Static Trade-Off Theory ....................................................................... 17

1.2.4 – Pecking Order Theory .......................................................................... 18

1.2.5 – Market Timing e Estrutura de Capital ................................................... 21

CAPÍTULO II

VANTAGENS E DESVANTAGENS DA ABERTURA DE CAPITAL ................. 25

2.1 – Vantagens e Desvantagens da Abertura de Capital ............................... 25

2.2 – Maximização do valor da empresa .......................................................... 31

CAPÍTULO III

SUBPRECIFICAÇÃO DE OFERTA PÚBLICA INICIAL DE AÇÕES ................ 35

CONCLUSÃO .................................................................................................. 42

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ....................................................................... 43

ÍNDICE ............................................................................................................. 47