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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
RESPONSABILIDADE SOCIAL
UNINDO O MUNDO EMPRESARIAL AO MUNDO SOCIAL
Por: Ana Paula Quirino Barros
Orientador
Prof. Ms. Alessandra – D.S.c.
Rio de Janeiro
2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
RESPONSABILIDADE SOCIAL
UNINDO O MUNDO EMPRESARIAL AO MUNDO SOCIAL
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Gestão
Empresarial.
Por: Ana Paula Quirino Barros
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, por ter a certeza da sua presença na minha vida. A Orientadora da monografia, pela atenção e colaboração para elaboração deste trabalho. Ao meu pai, que não está mais entre nós, mas sempre acompanhou e incentivou meu desenvolvimento. A minha mãe, que está presente em todos os momentos da vida, grande incentivadora.
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DEDICATÓRIA
Dedico a meu pai que sempre apoiou meu desenvolvimento, com muito amor e dedicação. A minha mãe que sempre com sua força e determinação me impulsionou para a conquista dos meus objetivos, me ajudando trilhar o meu caminho com fé e amor.
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RESUMO
O tema “responsabilidade social” é fonte de grande inspiração para
estudos em várias áreas do conhecimento, como psicologia, marketing,
administração, direito, dentre outras.
Devido ao fenômeno da globalização dos mercados, tem ocorrido cada
vez mais a preocupação com problemas sociais e ambientais, fazendo com
que as organizações, governos e sociedade se integrem para solução de
problemas.
No meio empresarial, a responsabilidade social está ganhando espaço,
e destacando-se em propagandas veiculadas em várias mídias, melhorando
assim a imagem da empresa no mercado e atraindo a visão dos consumidores.
Este trabalho apresenta a “responsabilidade social” com a finalidade de
verificar a estratégia de utilização da mesma como diferencial competitivo para
a empresa que a adota, gerando resultados favoráveis e positivos.
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METODOLOGIA
Para este trabalho foi adotada a metodologia com pesquisas
bibliográficas, consultas a empresas pela internet, onde foram encontradas
algumas pesquisas e informações pertinentes ao trabalho, como Instituto
Ethos, com pesquisas e dados importantes para o desenvolvimento do
trabalho.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................. 9
CAPÍTULO I – O QUE É RESPONSABILIDADE SOCIAL
1.1. O Conceito de responsabilidade social..............................................11
1.2. Breve histórico da responsabilidade social........................................14
1.3. A atuação das empresas pela responsabilidade social.....................16
1.4. A ampliação do conceito de responsabilidade social: a visão do
Instituto Ethos..............................................................................................19
1.5. Cenário das organizações e a responsabilidade social....................21
1.6. Terceiro setor....................................................................................24
1.7. A origem e os valores do terceiro setor no Brasil..............................27
1.8. Segmentos de atuação do terceiro setor..........................................30
1.9. Porque responsabilidade social ?....................................................32
CAPÍTULO II – PORQUE RESPONSABILIDADE SOCIAL
2.1. Porque investir em responsabilidade social ..................................35
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2.2. A organização e a responsabilidade social................................... 37
2.3. Indicadores de responsabilidade social........................... .............45
2.4. Pirâmide da responsabilidade social empresarial..........................48
2.5. Responsabilidade social e marketing no âmbito empresarial........50
CAPÍTULO III - ATUAÇÃO E MELHORIAS DA RESPONSABILIDADE SOCIAL
3.1. Responsabilidade social gera ganhos empresariais....................... 54
3.2. Vendas e imagens............................................................................57
3.3. Investidores e acionistas............................ .....................................58
3.4. Retorno publicitário em mídia espontânea......................................59
3.5. Tributação........................................................................................60
3.6. Pessoas e produtividade..................................................................61
3.7. Sociais..............................................................................................62
CONCLUSÃO.............................................................................................64
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................67
INTRODUÇÃO
Responsabilidade social é um tema de grande relevância no meio
9
empresarial. Vivemos num ambiente de negócios de forte busca por novos
padrões de desempenho e, diante do esforço, as diferentes mídias
procuram difundir as novas práticas empresariais no campo de sua
interação mais próxima com a sociedade. Constantemente chamados a
responder com ações imediatas, em uma área rica em valores e
oportunidades.
As organizações procuram superar desafios com novos
posicionamentos na forma de realizar seu trabalho, agregando valor ao seu
papel na sociedade. A organização moderniza suas práticas, aprimorando
seu modelo de gestão. É resultado de um processo de mudança que
impacta as pessoas e que, por fim, muda o patamar de resultados desta
organização.
A responsabilidade social apresenta-se através de muitos pontos de
vista, envolvem questões de cunho ambiental, social, econômico, ético e
cultural. Muitas organizações a utilizam em suas campanhas de divulgação
dos seus produtos e serviços, para obter uma melhor imagem no mercado,
e tornar-se competitiva na decisão de escolha do consumidor.
É uma ação localizada no campo do desenvolvimento
organizacional e humano, realizada num processo de mudança
organizacional, que vem a impactar a cultura e o clima organizacional, o
modelo gerencial e os processos de gestão, o desenvolvimento humano e o
conjunto de crenças e valores, dentre outros.
O trabalho vem identificar como as empresas se posicionam na
sociedade moderna, atuam em seu ramo de negócio com responsabilidade
social vinculada a metas de bons resultados, geração de empregos e outros
objetivos da organização. Abordam conceitos e teorias de responsabilidade
social na visão de muitos autores, o crescimento do tema ao longo da
história e sua influência no comportamento do consumidor.
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CAPÍTULO I – O QUE É RESPONSABILIDADE SOCIAL
1.1. O conceito de responsabilidade social
11
O termo responsabilidade social é cada vez mais empregado nas
diferentes áreas do conhecimento. Até o momento não existe um conceito
formal sobre responsabilidade social, existem muitos pontos de vista
particulares sobre o tema.
Conforme Almeida apud Toldo (2002) responsabilidade social é:
“[...] o comprometimento permanente dos empresários de adotar um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento econômico, melhorando simultaneamente a qualidade de vida de seus empregados e de suas famílias, da comunidade local e da sociedade como um todos.” (Almeida apud Toldo, 2002, p. 82).
Conforme Zacarias (2004), responsabilidade social poder definida
como um conjunto de princípios que direcionam as relações e ações
empresariais que levam em consideração sua equipe de colaboradores, seus
fornecedores, consumidores e a comunidade na qual a mesma está inserida.
O conceito de responsabilidade social segundo Bowen apud Karkotli &
Aragão (2004), vem a ser a obrigação do empresário em adotar políticas,
tomar decisões e seguir linhas de ações desejáveis, de acordo com os
objetivos e valores da sociedade.
Friedman apud Karkotli & Aragão (2004), afirma que responsabilidade
social é um comportamento antimaximização dos lucros, com o objetivo de
beneficiar outros indivíduos que não sejam acionistas. Segundo o autor, existe
apenas uma responsabilidade social da empresa: a organização de suas
atividades e utilização de seus recursos, com o objetivo de aumentar os lucros
seguindo as regras do mercado.
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Conforme Bateman e Snell (1998), a responsabilidade social no mundo
dos negócios resume-se na geração de lucros, pois as ações de melhoria na
qualidade de vida estão atreladas ao crescimento dos lucros da empresa.
Na visão de Félix (2003), a responsabilidade social não deve ser
considerada como uma ação de caráter emergencial das empresas, pelo
contrário ela deve ser considerada como uma visão, à longo prazo, de
aquisição de consciência das mesmas, de maneira que venham a agregar a
responsabilidade social a sua missão e cultura organizacional, bem como na
tomada de decisão de seus diretores e colaboradores na busca pelo bem estar
social.
A noção de responsabilidade empresarial decorre da concepção de
que a ação das empresas deve, necessariamente, buscar e trazer para a
sociedade, propiciar a realização profissional dos empregados, promover
benefícios para os parceiros e para o meio ambiente e promover retorno para
os investidores (Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social).
A responsabilidade social de uma empresa consiste na sua “decisão
de participar mais diretamente das ações comunitárias na região em que está
presente e minorar possíveis danos ambientais decorrente do tipo de atividade
que exerce”1.
1 D’Ambrósio, D. & Mello, P. C. “A responsabilidade que dá retorno social”, Gazeta Mercantil 10/11/98, p. c-8.
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Ressalta-se que a responsabilidade social consiste no
desenvolvimento de atividades das quais a sociedade necessite e que não
sejam obrigatórios por lei.
É muito importante essa visão, na medida em que ela torna-se um
método, um referencial, um indicador para verificar se uma empresa é
socialmente responsável ou apenas cumpridora das leis.
Uma empresa que se apresenta na mídia como socialmente
responsável, pelo simples fato de não despejar seus resíduos em rios, ser
geradora de empregos, pagar seus impostos pontualmente e oferecer um
ambiente de trabalho seguro e favorável para os seus colaboradores, não pode
ser considerada socialmente responsável, já que estes são direitos e deveres
garantidos em lei.
É necessário investir no bem-estar dos seus funcionários e
dependentes e num ambiente de trabalho saudável, além de promover
comunicações transparentes, dar retorno aos acionistas, assegurar sinergia
com seus parceiros e garantir a satisfação dos seus clientes e/ou
consumidores.
São estes os principais “vetores da responsabilidade social de uma
empresa”:
V1 apoio ao desenvolvimento da comunidade onde atua;
V2 preservação do meio ambiente;
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V3 investimento no bem-estar dos funcionários e seus dependentes e
num ambiente de trabalho agradável;
V4 comunicações transparentes;
V5 retorno aos acionistas;
V6 sinergia com os parceiros;
V7 satisfação dos clientes e/ou consumidores.
Tais vetores direcionam o processo de gestão empresarial para o
fortalecimento da dimensão social da empresa. Na unidade referente ao
Balanço Social analisaremos com maior detalhe estas ações.
1.2. Breve histórico da responsabilidade social
Podemos perceber, que no decorrer da história, a substituição da
manufatura pela mecanização trouxe mais produtividade e maior
rendimento para as empresas.
Com a Revolução Industrial surgiu à fábrica moderna na Europa, no
final do século XVIII, com as inserções de novas tecnologias no sistema
produtivo, veio a transformação do artesão para operário, surgindo assim
um novo perfil de trabalhador: o assalariado.
No início dessa nova maneira de produção, os trabalhadores
exerciam suas funções em condições precárias e eram submetidos à
longas jornadas de trabalho, o trazia sérios danos à saúde dos
trabalhadores.
15
Com o passar dos anos, a passos largos, a classe operária foi
sendo substituída por máquinas, garantindo uma maior eficiência na
produtividade e a maximização dos ganhos.
Conforme Médici & Almeida (2006), começou a aparecer problemas
sociais e deficiências de toda ordem. Com o êxodo rural, começaram as
concentrações nas áreas urbanas, gerando assim uma urbanização
descontrolada e o crescimento desordenado das cidades, gerando
desemprego, insuficiência nos atendimentos às necessidades básicas do
ser humano, falta de moradias, problemas estes que ocorrem até os dias
de hoje.
O Sistema capitalista com seu desenvolvimento que nos cerca, e a
sua consolidação por meio da globalização, a abertura e expansão dos
mercados mundiais, gerou desenvolvimento e crescimento econômico às
nações. Contudo, as práticas abusivas adotadas para obtenção de lucro,
fomentaram uma visão hostil sobre as empresas.
Segundo sociólogo e cientista político Léo Voigt (2004),
(...) durante o século XX persistiu a visão que herdamos do século XIX em que a empresa privada era vista como um equipamento de concentração das riquezas, a serviço de benefícios privados, às custas de sacrifícios coletivos dos trabalhadores e da sociedade. (Voigt apud Alessid, 2004, p.14).
Devido ao grande desequilíbrio gerado na sociedade, do
agravamento das desigualdades sociais e da degradação ambiental
começou a haver questionamentos sobre as responsabilidades das
empresas com relação ao ambiente em elas estão inseridas. Com isso, à
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medida em que as empresas tornam-se líderes no desenvolvimento
econômico, suas responsabilidades em relação à sociedade e o meio
ambiente tendem a aumentar.
1.3. A atuação das empresas pela responsabilidade social
A atuação das empresas pela responsabilidade social está em
expansão. Responsabilidade social vem sendo cada vez mais abordado
pela mídia, pela sociedade e pelo meio acadêmico.
A origem da responsabilidade social corporativa, segundo ALESSIO (2004):
(...) remonta a meados do século XVI e está intimamente relacionado ao poder das empresas nos EUA. Nessa época, as dívidas que um indivíduo adquirira durante sua vida enquanto dono de algum negócio, por ocasião de sua morte, eram herdeiros pelos seus descendentes, que legalmente eram obrigados a assumir o ônus de atos individuais de seus membros (ALESSIO, 2004, p. 60).
Neste momento histórico, a responsabilidade social caracterizava-se
primeiramente por ser uma responsabilidade individual e relacionada à família.
No século XVIII, o governo americano definiu que as dívidas seriam
responsabilidade dos investidores e, a partir deste momento, estes passaram a
ter deveres específicos.
As empresas estavam relacionadas ao governo, sendo constituídas por
sua autorização e, estas perderiam sua autorização, caso o poder público
viesse a entender que estas deixaram de servir ao interesse público.
Durante o século XIX, as empresas encontravam-se sob forte controle
do Estado. Nesta época haviam contínuas pressões por parte dos empresários
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em expandir os direitos das empresas e limitar suas obrigações, já que as
cláusulas das autorizações também restringiam o acúmulo de poder pessoal.
Com isso fica claro que o governo procurava preservar os interesses da
sociedade em relação aos interesses privados.
Neste mesmo período, a guerra civil norte-americana provocou
mudanças na legislação empresarial, que permitiu que as empresas
exercessem suas atividades de interesse privado, além das atividades de
interesse público.
Conforme Patrícia Almeida Ashley (2005), o tema responsabilidade
social teve repercussão no ano de 1919, nos EUA, no caso Dodge versus
Ford, onde os irmãos Dodge entraram com um processo contra a Ford. Em
1916, o acionista majoritário, Henry Ford, informou aos demais acionistas da
empresa, que parte dos lucros da companhia seria reinvestido para expansão
da empresa e diminuição nos preços dos automóveis. A solicitação de Henry
Ford foi negada pela Suprema Corte, com a alegação de que uma empresa
primacialmente deve visar o lucro de seus acionistas.
Neste julgamento, prevaleceu o benefício dos acionistas sobre o
objetivo social de Ford, porém, a idéia de que as empresas deveriam atender
somente aos interesses dos acionistas foi questionada fortemente. Esta idéia
tornou-se um símbolo no âmbito da responsabilidade social, que fez com que
diversas decisões das cortes americanas viessem a favorecer a doações por
parte das empresas.
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Em 1953, veio à público novamente a responsabilidade social, no
julgamento do caso Barlow versus A.P. Smith Manufacturing Company, onde a
decisão da Suprema Corte de Nova Jersey, de acordo com a autora citada,
(...) foi favorável à doação de recursos para a Universidade Princeton,
contrariamente aos interesses dos acionistas. A justiça determinou, então, que
uma corporação pode buscar o desenvolvimento social, estabelecendo em lei
a filantropia corporativa (Ashley, 2005, p. 46).
A decisão da Corte fez com que as pessoas que carregavam a
“bandeira” da responsabilidade social, alertassem as organizações de que
suas responsabilidades não se resumiam apenas em filantropia corporativa,
mas sim em um conjunto de atitudes no âmbito social e ambiental.
A filantropia corporativa era tida por doações em dinheiro, serviços,
bens e outros tipos de ajuda, para as organizações sem fins lucrativos ou
diretamente para a comunidade onde a empresa está localizada.
Com os casos que envolveram a Barlow e a Ford, fica claro o período
que foi questionada a função econômica das empresas. Tomaram força nos
anos 60 esses questionamentos, quando ocorreu uma série de atuações
sociais e culturais nos EUA e no final da mesma década, na Europa.
Quando analisamos a história, podemos afirmar que as atuações pelas
responsabilidades sociais das empresas, ganharam força através da
conscientização de indivíduos e grupos da sociedade diante o declínio dos
grandes centros urbanos e dos problemas ambientais. A ascensão do
consumerismo foi outro fator que influenciou a atuação pela responsabilidade
social.
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Com o fim da Guerra Fria foi crucial para impulsionar a
responsabilidade social corporativa, pois atuações sociais resistentes ao
empresariado deixaram de lado suas diferenças, e perceberam que poderiam
interagir em algumas agendas e colaborar, já que nesse ponto todos tinham e
tem a ganhar.
1.4. A ampliação do conceito de responsabilidade social:
a visão do Instituto Ethos
Segundo Oded Grajew, Diretor-Presidente do Instituto Ethos, “o
conceito de responsabilidade social está se ampliando, passando da
filantropia, que é a relação socialmente compromissada da empresa com a
comunidade, para abranger todas as relações da empresa: com seus
funcionários, clientes, fornecedores, acionistas, concorrentes, meio ambiente
e organizações públicas e estatais”2.
As ações de filantropia correspondem à dimensão inicial do exercício
da responsabilidade social. Sua característica principal é a benemerência do
empresário, que se reflete nas doações que faz para entidades assistenciais e
filantrópicas.
Em seguida, o conceito de responsabilidade social ganhou maior
amplitude. Surgiu a segunda dimensão do exercício da responsabilidade social
– as ações sociais com a comunidade.
Atuando nesta dimensão, a empresa socialmente responsável coloca a
serviço da comunidade recursos financeiros, produtos, serviços e know-how da
empresa e dos seus funcionários.
2 Grajew, Oded. “Pessoa física em paz com a jurídica”, Valor, coluna Empresas & Comunidades, 01/06/00, p. B-2.
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O objetivo é “assegurar o desempenho ético correto e o desempenho
ambiental adequado da empresa, melhorar a qualidade de vida de seus
funcionários e dependentes, usar o poder e a relação da empresa com seus
fornecedores e concorrentes para mobilizá-los a serem socialmente
responsáveis (por exemplo, não comprar de nenhum fornecedor que usa
trabalho infantil), implementar normas de respeito ao consumidor e mobilizá-lo
para atos de solidariedade, utilizar todos os espaços de comunicação para
transmitir valores e informações de interesse da comunidade, etc.”3.
Nesta dimensão, a empresa baliza suas ações sociais em princípios e
valores éticos e reforça as suas relações com seus funcionários e familiares,
clientes, fornecedores, acionistas, parceiros, governo, sociedade e
comunidade.
Os fatores que tem impulsionado as empresas brasileiras na ampliação
do conceito de responsabilidade social são os seguintes: enormes carências
sociais do país, crescente grau de organização de nossa sociedade e
especialmente do Terceiro Setor, a ação social dos concorrentes, a divulgação
crescente dos meios de comunicação sobre as ações sociais das empresas e
o crescimento das expectativas das comunidades e dos funcionários sobre o
engajamento social empresarial4.
1.5. Cenário das Organizações e a responsabilidade social
3 Op. Cit., p. B-2. 4 Grajew, Oded. “Da filantropia à gestão empresarial”, Valor, coluna Empresas & Comunidades, 04/05/00, p. B-2.
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Diante do novo cenário no qual estão inseridas as empresas, a busca
pela competitividade e pela rentabilidade é a condição “si ne qua nom” para se
continuar participando de uma acirrada disputa por percentuais e fatias de um
mercado, no qual consumidores a cada dia mais exigentes, seja em questão
de qualidade, preços, flexibilidade, postura ética ou qualquer outro parâmetro
que possa distinguir uma empresa de sua concorrente, tem elevado os
executivos a exercícios diários em busca de soluções criativas para estas e
outras questões.
Por isso, o downsizing, a reengenharia, terceirizações e outras
criações do mundo administrativo buscaram a adequação dos custos das
empresas no lugar onde os resultados pareciam mais fáceis e imediatos.
Surgiram, na visão dos imediatistas, os enxugamentos de estrutura e
redesenho de processos, geralmente objetivando economia através da
redução do efetivo.
As necessidades de redução de custos e elevação da produtividade,
porém, continuam a ser um problema para as empresas, e aparecem nestes
períodos de retração da economia com muito mais intensidade, exigindo
soluções ousadas por parte daqueles a quem compete traçar os rumos e
conduzir a empresa a porto seguro.
Neste cenário de profundas e radicais transformações, as
organizações mais conscientes de seu papel na sociedade têm buscado
alternativas. Elas sabem que ao mesmo tempo em que uma redução excessiva
do quadro funcional pode comprometer a qualidade de produtos e serviços,
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uma taxa de desemprego mais elevada pode significar uma queda no poder de
compra da população e, consequentemente, esfriamento na demanda do
mercado.
Mesmo porque, ao dispensar um colaborador a empresa está
desperdiçando o investimento de anos de treinamento, e os colaboradores que
permanecem na empresa, tendem a não mais se engajar com a mesma
motivação na busca dos objetivos da Organização, ao perceberem que a
recíproca não é verdadeira e que são tratados como recursos descartáveis.
Por outro lado, a responsabilidade social, item que tem merecido especial
atenção na conduta das empresas líderes nos mais diversos segmentos da
economia, leva-nos a questionar os modelos de reestruturação de custos e
racionalização de estruturas praticados ultimamente.
Hoje, algumas empresas que passam por dificuldades são vítimas da
“autofagia” dos últimos modismos, sugeridos e implantados sem nenhum tipo
de questionamento. Tais empresas não se aperceberam que a forma
cartesiana com que a contabilidade tradicional registra e controla os ativos das
empresas exclui dos balanços uma série de “ativos imateriais” que dão
sustentação aos resultados do negócio.
Por este motivo, a eliminação de processos, o expurgo de
colaboradores, enfim a mutilação da cultura organizacional pode ter suprimido
ou reduzido tais “ativos intangíveis”. O reconhecimento da existência deste
patrimônio invisível pode se dar pela comparação entre a soma algébrica das
ações em bolsa e os valores apurados, estes são significativamente inferiores.
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De modo geral, o mercado dispõe de fórmulas e métodos empíricos
para avaliar o valor de uma empresa, e todas as fórmulas conhecidas levam
em consideração, além dos bens, direitos, obrigações, fluxo de caixa, P&D,
enfim, os valores que a contabilidade consegue mensurar, fatores como
pedaço do mercado que a empresa detém, tipo de negócio, cultura
organizacional, penetração da marca no mercado, nível de credibilidade
desfrutado junto ao cliente, relacionamento com a comunidade, a imagem e o
conceito que a empresa mantém.
Como pode ser percebido, responsabilidade social já não é um luxo
que grandes empresas podem se utilizar. Responsabilidade social é um fator
capital para a perpetuação da empresa. O operário de amanhã será fruto do
trabalho que a empresa desenvolver junto à comunidade circunvizinha. Nas
esferas Federal, Estadual e Municipal, a educação, saneamento, saúde e
outras carências básicas, são necessidades insatisfeitas e que governo algum
tem competência para sozinho satisfazer. Se a empresa não cuidar do cidadão
de amanhã é possível que não haja lugar para ela no futuro, porque não
haverá mão-de-obra qualificada e com saúde, ou mesmo quem possa vir a
precisar de seus produtos e serviços.
1.6. Terceiro Setor
Atualmente, as organizações sem fins lucrativos atuam por todo o
planeta, em diferentes contextos e em campos diversos, desde serviços
básicos, como educação, saúde e lazer, até defesa de direitos humanos e das
minorias, desenvolvimento comunitário, ambientalista, etc. Como atores desse
24
processo encontram-se agentes com trajetórias e valores diferenciados,
remunerados ou voluntários, que mobilizam recursos de origem
governamental, individual, familiar, religiosa, de associações e fundações,
entre outros, e assumem diferentes graus de formalização.
O terceiro setor é um agente fundamental no desenvolvimento de
atividades relacionadas à responsabilidade social.
A idéia de que o Estado pode, sozinho, cumprir todas as suas
obrigações, já não condiz com a realidade. Assim, o terceiro setor surge como
um agente de auxílio às necessidades geradas pela deficiência estatal.
Segundo IOSCHPE (1997), o Terceiro Setor:
É o composto de organizações sem fins lucrativos, criadas e mantidas pela ênfase na participação voluntária, num âmbito não-governamental, dando continuidade às práticas tradicionais de caridade, da filantropia e do mecenato e expandindo os seus sentidos para outros domínios, graças, sobretudo, a incorporação do conceito de cidadania e de suas múltiplas manifestações da sociedade civil (IOSCHPE, 1997, p. 27).
Em geral, são pequenas organizações, que por vezes atuam
ultrapassando fronteiras, e se caracterizam por ser de natureza privada sem
se constituírem empresas que visem lucro , sua atuação é em benefício
público sem serem órgãos do governo. Com o conceito nonprofit sector (algo
além do mercado e do Estado), esta é uma das inúmeras denominações
existentes, estas destacam-se à medida que cada termo refere-se às
especificidades das iniciativas nos diversos contextos políticos, históricos e
culturais de cada país. Landim (1993) aponta que, além da diferença de
25
denominação, o papel e a atuação dessas organizações – que podem ser
recentes ou antigas – são bastante diversos em cada país.
Segundo Landim (s.d.), o termo “Terceiro Setor” é importado,
multifacetado e sujeito a um uso polissêmico. Isso fica claro a partir dos textos
produzidos sobre o tema e da observação de campo de ações políticas e
sociais que demonstram a variedade de interpretações e apropriações
ideológicas ou discursivas geradoras de imagens, percepções r questões muito
diferentes. Ocorreu também com a categoria “ONG – Organização Não-
Governamental”, que surgiu inicialmente no final de 1940 em documentos das
Nações Unidas que indicavam um universo variado e pouco definido de
instituições privadas com as quais a ONU poderia estabelecer consultas.
Mas foi no decorrer da década de 80 que foi se construindo
socialmente o reconhecimento e a visibilidade social das ONGs.
Terceiro Sector é uma designação residual e vaga com que se pretende dar conta de um vastíssimo conjunto de organizações sociais que não são nem estatais nem mercantis, ou seja, organizações sociais que, por um lado, sendo privadas, não visam fins lucrativos, e, por outro, sendo animadas por obejctivos sociais, públicos ou colectivos, não são estatais. Entre tais organizações podem mencionar-se cooperativas, associações mutualistas, associações não lucrativas, organizações não governamentais, organizações quase-não governamentais, organizações de voluntariado, organizações comunitárias ou de base, etc. (SANTOS, 1996, p. 5).
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1.7. A origem e os valores do Terceiro Setor no Brasil
No Brasil, a herança cultural resiste à implantação de uma sociedade
baseada no ideário liberal (individualismo e igualitarismo modernos), pois vem
historicamente de um sistema de lealdades verticalizadas (“sociedade do
favor”) que convive com as éticas horizontais da modernidade ocidental. Deve-
se levar em conta a existência de um Estado centralizador, ineficiente e
excludente em suas políticas sociais, e a forte marca da religiosidade na
história do país (Landim, 1993).
Em um contexto de pobreza crescente, ajustes estruturais, violência,
recessão, problemas étnicos e raciais, a expressão “sem fins lucrativos” vem
sendo cada vez mais evocada em debates políticos e acadêmicos, abrindo
novas possibilidades para o estabelecimento de fronteiras entre o público e o
privado.
Segundo Ladim (1993), a análise dos fatores históricos e da forma
assumida pelo setor sem fins lucrativos na sociedade brasileira induz o
reconhecimento de seu papel econômico e social, tal como se sucede nas
discussões de âmbito internacional das últimas décadas. Entretanto, apesar do
fato de o contexto dessa questão – a crise do papel do Estado; o
neoliberalismo, o aumento da pobreza, entre outros – já ser discutido pela
sociedade há algum tempo, é recente e polêmico o debate sobre o chamado
setor voluntário, sem fins lucrativos ou filantrópicos. Inúmeras questões
colocam-se quanto ao papel dessas organizações em relação aos impactos
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sociais da falência estrutural (agravada pela atual conjuntura) das
políticas públicas brasileiras e em relação ao contexto cultural, ético e político.
Esses questionamentos evidenciam diferentes linhas nos debates recentes
sobre os rumos da sociedade brasileira e sobre a diversidade de um universo
de organizações que possuem objetivos, ideários e valores distintos.
Analisando a sociedade brasileira, cuja história remete ao centralismo,
ao corporativismo e à debilidade da sociedade civil, há uma lacuna de debate
público e dos historiadores sobre temas como voluntariado, associativismo e
filantropia.
As empresas que admitem suas responsabilidades sociais ainda são
poucas. Cidadãos que trabalham por si próprios, sem esperar a tutela do
Estado, são ainda mais raros. Mas algumas organizações sociais já se
destacam no desenvolvimento de projetos sociais em nosso país. Segundo o
Professor Merege, “para se perceber a importância efetiva do novo segmento
econômico na país, só fazendo um extenso trabalho de pesquisa, como já foi
feito nos Estados Unidos. Lá, quando descobriram o montante de recursos que
o Terceiro Setor mobilizava por ano, tomou-se até um susto. É um volume
muito grande de dinheiro, todo voltado para uma área especifica, a social”.
ELEMENTOS DEFINIDORES DESCRIÇÃO
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Foco
Bem-Estar público
Interesse comum
Questões centrais Pobreza, desigualdade e
exclusão social
Entidades participantes Empresas privadas, Estado,
ONG´s e Sociedade civil
Nível de atuação Comunitário e de base
Tipos de ações Ações de caráter público e
privado, associativas e voluntaristas
Figura 1: Elementos definidores do Terceiro Setor
De acordo com Mario Aquino Alves, pesquisador da Fundação Getúlio
Vargas, a “expressão Terceiro Setor nasceu da idéia de que a atividade
humana é dividida em três setores: um primeiro setor (estado), em que
agentes públicos executam ações de caráter público; um segundo setor
(mercado), no qual agentes privados agem visando a fins particulares; e um
Terceiro Setor relacionado às atividades que são simultaneamente não-
governamentais e não-lucrativas”5.
1.8. Segmentos de atuação do Terceiro Setor
5 J.R.Wood, Thomaz. “ABC da terceira via”, carta capital , 12/05/99, p.68.
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Outra forma de identificar e analisar o Terceiro Setor é o estudo dos
segmentos que constituem, a seguir enumeradas:
- cultura e recreação;
- assistência social;
- educação;
- saúde;
- desenvolvimento e defesa de direitos;
- religião;
- ambientalismo.
Estes subsetores foram identificados na pesquisa da Johns Hopkins
University e fazem parte do modelo do Terceiro Setor adotado pela Sociedade
Internacional para Pesquisa sobre o Terceiro Setor (International Society for
Third Sector Research - ISTSR).
Podem-se acrescentar outros como, Por exemplo, moradia,
alimentação e nutrição, saneamento, segurança, trabalho, emprego e renda,
reforma agrária, previdência social, que, no Brasil, assumem grande
relevância.
São três os campos tradicionais de serviços comunitários que mais
crescem em nosso país: a educação; a saúde; e os serviços sociais, a cultura
e recreação. Em termos mundiais tais segmentos também se posicionam como
30
os de maior crescimento. Na pesquisa da Universidade Johns Hopkins, foram
detectados os
seguintes índices de crescimento de mão-de-obra em pregada em
cada um desses segmentos: educação (29% do total); saúde (20%); serviços
sociais (18%); e cultura e recreação (15%)6.
O perfil dos investimentos do UNICEF no Brasil, conforme gráfico a
seguir, é um indicador para a identificação das principais áreas de atuação do
Terceiro Setor.
Fonte: “UNICEF AM ação”, no 14/maio de 1998.
6 Caride, Daniela. “A força da oitava economia mundial”, Relatório Gazeta Mercantil, Dossiê Terceiro Setor, 27/11/98, p. 4.
31
As áreas de maior relevância são “Direitos da Criança e do
Adolescente” (34%), “Educação” (26%) e “Saúde” (14%).
1.9. Por que Responsabilidade Social ?
O texto abaixo versa sobre a responsabilidade social da empresa. São
idéias apresentadas por um empresário, publicadas no jornal Gazeta Mercantil
(18/09/97).
“Há algumas décadas, na Europa, expandiu-se seu uso para fins
sociais, tendo em vista a discussão da responsabilidade social da empresa.
Esta consome recursos naturais, renováveis ou não, direta ou indiretamente
que são enorme patrimônio gratuito da humanidade: utiliza capitais financeiros
e tecnológicos que no fim da cadeia pertencem a pessoas físicas e,
consequentemente, à sociedade; também utiliza a capacidade de trabalho da
sociedade, finalmente, subsiste em função da organização do Estado que a
sociedade lhe viabiliza como parte das condições de sobrevivência. Assim, a
empresa gira em função da sociedade e do que a ela pertence, devendo, em
troca, no mínimo prestar-lhe contas da eficiência com que usa todos esses
recursos.”
Para o empresário, a responsabilidade social da empresa está
associada ao seu desempenho e ao consumo de recursos que pertencem à
sociedade. O desempenho da empresa depende da utilização dos “recursos
naturais, renovações ou não”, que não pertencem à empresa, mas à
sociedade. Ao deles usufruir em benefício próprio, a empresa contrai uma
32
dívida social para com a sociedade, ou, como afirma o empresário, para com a
humanidade.
Tais recursos consumidos pela empresa constituem “patrimônio da
humanidade”. Como reparação a esta usurpação empresarial, fonte geradora
do lucro da empresa, esta, em troca, deve contribuir para a solução dos
problemas sociais.
Portanto, a responsabilidade da empresa está diretamente relacionada
aos seguintes fatores:
- ao consumo pela empresa dos recursos naturais de propriedades da
humanidade;
- ao consumo pela empresa dos capitais financeiros e tecnológicos e
pelo uso da capacidade de trabalho que pertence a pessoas físicas, integrante
daquela sociedade;
- apoio que recebe da organização do Estado, fruto da mobilização da
sociedade.
A responsabilidade social é vista como um compromisso da empresa
com relação à sociedade e à humanidade em geral, e uma forma de prestação
de contas do seu desempenho, baseada na apropriação e uso de recursos que
originariamente não lhe pertencem.
O raciocínio lógico é simples: se a empresa obtém recursos da
sociedade, é seu dever restituí-los não apenas sob a forma de produtos e
33
serviços comercializados, mas, principalmente, através de ações sociais
voltadas para a solução dos problemas sociais que afligem esta sociedade.
É através da sociedade que a empresa se viabiliza – consome os
recursos naturais existentes, que constituem o patrimônio natural desta
sociedade – e utiliza os recursos de capital, de tecnologia e de mão-de-obra,
que são parte do seu patrimônio cultural, social e econômico.
Investindo em projetos sociais a empresa assume a sua
responsabilidade social e oferece algo em troca ao que por ela foi usurpado da
sociedade.
A empresa deve financiar projetos sociais porque é certo, justo e
necessário assim proceder. É um mecanismo de compensação das “perdas da
sociedade” em termos de concessão de recursos para serem utilizados pela
empresa. E não uma ação caridosa, típica dos capitalistas do início do século,
que utilizavam filantropia como forma de expiação dos seus sentimentos de
culpa por obterem lucros fáceis às custas da exploração do trabalho das
pessoas e dos recursos naturais abundantes.
CAPÍTULO II – PORQUE RESPONSABILIDADE SOCIAL
2.1. Porque investir em Responsabilidade Social
O movimento pela ética e responsabilidade social é crescente nas
empresas. Multiplicam-se os eventos nacionais e internacionais com o
34
objetivo de discutir conceitos, práticas e indicadores que possam
efetivamente definir uma empresa como empresa cidadã.
Diante do quadro de pobreza, dos sérios problemas que vivemos em
termos de educação, saúde, desemprego, violência e de ações que destroem
o nosso ecossistema, é bastante salutar que as organizações assumam os eu
papel social e contribuam eficazmente para o desenvolvimento sustentável e
melhoria da qualidade de vida no planeta. E que através deste movimento e
do exemplo dos seus líderes contribuam para resgatar a ética no
relacionamento humano e nos negócios.
Cada vez mais as empresas estão investindo em projetos sociais
contando com a participação dos seus funcionários, surgindo assim, uma
nova consciência nos dirigentes de empresas, nos profissionais que prezam a
ética em seus negócios e relações de trabalho e, sobretudo, nos cidadãos
que querem consumir com a certeza de que estão contribuindo com uma boa
causa.
Seja porque no coração do homem pulsa o desejo de ser plenamente
humano ou apenas por questões de sobrevivência, importa que estamos
caminhando para um novo modelo de gestão que tem a ética e a
responsabilidade social como fundamentos. E nesse caminho todos ganham,
a empresa, seus colaboradores e acionistas, clientes e fornecedores e a
comunidade onde está inserida.
Assim construiremos juntos a cidadania nas organizações.
Certamente há muito ainda que se investir no desenvolvimento desses
valores nas empresas, na reflexão e na elaboração de um código de ética, na
35
implantação voluntária do balanço social como resultado de ações solidárias,
na participação nos resultados, na gestão participativa etc. Mas aos poucos já
temos avançado.
É verdade que através de eventos e treinamentos as empresas tem
procurado influenciar e desenvolver seus colaboradores e lideranças neste
sentido. Entretanto, precisa-se colocar o ser cidadão como requisito
indispensável nos processos seletivos. A empresa cidadã contrata cidadãos,
profissionais que tem consciência da sua missão de contribuir com os
resultados da organização e fazer deste mundo um mundo melhor.
Hoje o mercado sinaliza um novo perfil de profissional: que seja
orientado para resultados, criativo, inovador, automotivo, multiskilled, ousado,
etc. Tenho certeza, porém, que o ser cidadão é que vai fazer a diferença.
Afinal, a empresa para ser considerada cidadã deverá ser constituída de
cidadãos.
2.2. A organização e a responsabilidade social
A competitividade do mercado está fazendo com que as empresas
invistam, cada vez mais, em ações diretas voltadas para o capital humano.
Neste momento, entram em cena algumas ferramentas como treinamento,
integração, qualificação profissional, melhoria da qualidade de vida e
valorização da imagem da própria empresa. Alguns profissionais afirmam que
o Terceiro Milênio permitirá que as organizações agreguem valores aos
resultados. Sem dúvida a empresa necessita não apenas pensar em resultado,
entendido como lucro financeiro, mas incorporar outros ganhos para a mesma.
36
Esses novos resultados passam por questões como: integração e
comprometimento de todos os componentes da empresa na melhoria contínua,
relacionamento interno harmonioso; excelência no atendimento ao cliente;
flexibilidade nas ações internas e externas; capacidade de resolução de
problemas com criatividade e inovação; clima organizacional saudável
propiciando a motivação e a produtividade; agilidade e diferenciação nas ações
de mercado; talento humano; relacionamento ético; envolvimento em ações
comunitárias, entre outros. Pensar em resultado além de comprar, produzir e
vender bem é fundamental. Também é preciso incorporar ganhos na forma
qualificada de como são resolvidos as questões acima pontuadas no dia-a-dia
da operação. Muitas empresas não medem isso, mas geram resultados não
financeiros significativos tanto a nível interno como no mercado e no cliente.
Essa capacidade de resolver e qualificar essas ações dependem
fundamentalmente das pessoas e como as mesmas estão inseridas nos
objetivos globais da empresa.
Por isso, é fundamental que a organização estabeleça uma política de
RH em que as pessoas sejam o centro de resultados e cujos papéis estarão
vinculados diretamente à capacidade empreendedora de cada um no exercício
de suas atividades. Agregar resultados ocorre através das pessoas, por isso o
investimento no capital humano é estratégico e está relacionado diretamente à
sobrevivência do negócio.
Acredito que as empresas serão vistas pelo mercado e clientes que
valorizarem internamente e externamente, aspectos como: comprometimento e
37
lealdade dos colaboradores com o negócio, flexibilidade, preocupação com o
meio ambiente, capacidade empreendedora da equipe, ética, transparência de
ações, imagem da empresa em termos de produtos e ou serviços, trabalho
voluntário, ação comunitária, responsabilidade social, lucro social, talento
humano, capacidade de liderar mudanças, integração e trabalho em equipes,
conhecimento, criatividade, inovação, visão de mercado, agir preventivamente,
entre outros. Todas essas questões implementadas serão diferenciais
competitivos importantes que a empresa precisa lançar mão para permanecer
e avançar no mercado. Seria necessária uma ação efetiva sobre cada uma
delas para que os resultados ocorram, cada vez mais, as empresas serão
diferenciadas no mercado pela qualidade de seus talentos humanos. É nesse
aspecto, que a empresa precisa investir na sua formação e educação, como
forma de garantir produtos e serviços qualificados, atendimento eficaz junto ao
cliente. Temos que valorizar o capital humano, pois esse é o único capaz de
agregar resultados ao negócio. Aos poucos, as empresas estão descobrindo
que são as pessoas que fazem acontecer ou não. Pensar de forma estratégica,
através de políticas de Recursos Humanos que vinculem ações voltadas para a
qualidade de processos, comprometimento com o negócio, clima
organizacional propício para inovação e criatividade, motivação ao trabalho,
melhoria contínua, foco no cliente, qualidade de produtos, trabalho em equipe,
desenvolvimento de competências, capacidade empreendedora da equipe e
todos com foco no resultado é fundamental para a competição no mercado. O
capital humano precisa qualificar-se urgentemente, pois as empresas
38
necessitam de pessoas diferenciadas para se manterem vivas, num mercado
cada vez mais exigente.
As empresas não podem mais errar, por isso a qualidade do capital
humano da empresa será fundamental para buscar eficiência e resultado.
Fazer mais e de forma qualificada com poucos recursos, depende do talento
humano e não da máquina. As pessoas precisarão fazer mais coisas para se
manterem competitivas no mercado. Trata-se de uma imposição de mercado e
de sucesso profissional. As empresas buscam pessoas que saibam “chutar
com os dois pés” e não “só com um“.
As situações de mercado e os processos internos necessitam que
tenhamos pessoas prontas para resolver todas as situações que se
apresentam, de forma rápida e qualificada. Essa agilidade é necessária e
fundamental. As pessoas precisam ter e desenvolver a capacidade de
aprendizagem contínua e não parar no tempo, pois a tecnologia, o mercado e
o cliente estão cada vez mais exigentes, fazendo com que sejamos
generalistas para que possamos resolver as questões do cotidiano e agregar
resultado ao negócio.
O interesse em aprender e fazer mais tarefas significa um plus na
carreira profissional. As empresas estão valorizando a multifuncionalidade das
pessoas na hora de contratar. Um exemplo disto é aquela empresa, que tem
pessoas apenas para tirar a nota fiscal, quando esta não vai trabalhar, gera um
caos interno, fecha o estabelecimento e diz para o cliente voltar amanhã, pois
não tem alguém na empresa que saiba substituí-la, como fica o cliente?, o
39
exemplo apresentado retrata como a inexistência da multifuncionalidade das
pessoas pode inviabilizar um negócio. O pior que ainda vemos situações
semelhantes acontecerem. As empresas somente sobreviverão daqui para
frente, se fizerem um forte investimento interno para valorizar o ser humano
como centro de resultados. Iremos diferenciar aquelas empresas que tem
como prioridade o desenvolvimento das pessoas e daquelas empresas que
não tem essa prioridade. Será nítida a diferença apresentada em forma de
produtos e ou serviços oferecidos, qualidade de atendimento, clima interno
saudável, diversidade do capital humano, imagem positiva da empresa,
qualidade de vida das pessoas que trabalham na organização, foco voltado
para o cliente, crescimento no mercado, lucratividade do negócio, preços
competitivos, quebra de paradigmas para se adaptar às exigências do mercado
e ao relacionamento ético com o mercado. Essa diferenciação qualifica a
empresa para enfrentar a competição do mercado com mais segurança e de
forma motivadora.
O desafio é fazer com que as pessoas entendam seu verdadeiro papel
como gerador de resultado. Às empresas cabe o papel fundamental de criar e
estimular um clima organizacional saudável, através de políticas e ações que
possam inserir o ser humano na participação diária das decisões das
empresas, seja rotineira ou estratégica, conferindo-lhes mais autonomia e
responsabilidade pelo sucesso do negócio. As pessoas precisam sentir que
são valorizadas e integradas à gestão do negócio como se a empresa fosse
deles. Isto cria vínculo e gera resultados, desde que a empresa entenda que o
resultado é obtido somente através das pessoas. É preciso entender o que é
40
verdadeiramente o processo da Globalização e o que isso irá afetar a empresa
e o segmento em que atua. Estar atento às mudanças da tecnologia,
processos de fabricação, atuação dos concorrentes, comportamento e
exigência dos clientes, fornecedores, vendas, responsabilidade social,
ambiente de trabalho, custos de produção, comércio eletrônico, informática,
remuneração, diversidade de talentos humanos para agregar conhecimento
entre outras, é fundamental para o profissional estabelecer políticas e ações
concretas para deixar a empresa em condições de competir.
Para tanto, é necessário que o profissional e a empresa saiam de seu
mundo rotineiro e passe a conhecer a empresa e a operação como um todo.
Isto permitirá colher subsídios importantes para realização do seu trabalho. Só
assim a empresa e seus colaboradores estarão em condições de oferecer
produtos e serviços adequados à estratégia estabelecida pela empresa.
Atualmente, precisamos de ações que sejam imediatamente implantadas e não
experimentadas, face à velocidade das mudanças que ocorrem no mercado. A
demora na implementação de alguma ação pode se fatal para a sobrevivência
do negócio. O concorrente pode ser mais ágil que nós. A imagem da empresa
é outro fator que pode interferir nos resultados estratégicos. A imagem é uma
conquista diária e envolve todas as nossas ações e pessoas neste processo.
Conquistá-las é um trabalho demorado e árduo, enquanto perde-las é em
fração de segundos. Por isso, é fundamental que todas as pessoas dentro da
empresa façam bem e corretamente seu trabalho, oferecendo satisfação de
“110%” aos clientes.
41
A imagem é um ativo importante que a empresa dispõe para enfrentar
a concorrência. Lapidá-la diariamente é dever de todos os componentes da
empresa, para buscar sua diferenciação no mercado. Por este motivo, é
fundamental estar ligado com o mercado para identificarmos como o mesmo
nos percebe. Correções de rota devem ser implementadas imediatamente e
nunca postergadas. Isto dá junto ao mercado e ao cliente. Evidentemente que
só a satisfação não resolve a questão da imagem da empresa, ela necessita
de outros ingredientes fundamentais, tais como: produtos de qualidade,
cumprimento da legislação em todas as esferas, transparência de ações, ética
no relacionamento com fornecedores, colaboradores, clientes, governo,
programas voltados para a comunidade, capacidade de reconhecer o erro e
pedir desculpas, substituir produto reclamado pelo cliente sem criar
dificuldades, cumprir o prazo de entrega, divulgar o balanço social da empresa,
dar participação nos resultados aos colaboradores, proteger o meio ambiente,
investir na educação da sua equipe de colaboradores. Não devemos esquecer
de educar o colaborador sobre a imagem e alertá-lo das conseqüências que
traz para os resultados do negócio se as ações cotidianas forem
desqualificadas. Isto é importante para criar o comprometimento de todos.
Toda e qualquer empresa tem embutido a responsabilidade social no seu
negócio, seja na geração de emprego, renda e de impostos. É necessário
primeiramente que a empresa tenha a noção exata de sua responsabilidade
social para a construção de uma sociedade e país mais justos. A empresa
necessita gerar resultados para crescer e criar o que chamaria de lucro social.
42
Cada vez mais, as empresas investirão em ações sociais e
comunitárias como forma estratégica de fortalecimento da imagem, para a
conquista de novos clientes e crescimento de mercado, de divulgação da
marca e do produto, além de contribuir com a sociedade. Parte do lucro está
sendo investido nestas ações para fazer frente à ineficiência do Estado para
atender de forma qualificada os anseios do cidadão. A empresa ao incentivar
seus colaboradores, por exemplo, para o trabalho voluntário, estará
contribuindo decisivamente com o aspecto da sua responsabilidade social. O
cliente irá valorizar a empresa que tem incorporado à sua estratégia de
negócios o investimento em ações sociais, gerando com isso o chamado lucro
social. As empresas, através de seus empreendedores, ao investirem em
ações comunitárias tem claro o seu papel de responsabilidade social, não
devendo ser confundido com bondade e sim, visto sob o aspecto da
contribuição efetiva à sociedade.
Acredito que as ações que resgatem o papel da responsabilidade
social das empresas sempre será válida e útil. A ferramenta da pesquisa de
clima organizacional é válida, embora necessite de constante aperfeiçoamento
para deixá-la atualizada. Através deste instrumento pode-se obter informações
relevantes que possam estar minando o relacionamento interno, clima ruim e
gerando custos invisíveis para a empresa. A credibilidade deste instrumento
está no fator de divulgar, claramente, para todas as pessoas que participarem
o seu real objetivo, a forma de realizá-lo, a criação de um clima de confiança
para buscar a melhor informação, a divulgação dos pontos levantados e a
43
continuidade em termos de ações a serem implementadas pela empresa para
busca da melhoria organizacional.
Desta forma, podemos ter informações relevantes para a empresa
medir efetivamente seu clima organizacional. Os pontos levantados e
verdadeiramente trabalhados e implantados, além de serem visíveis aos olhos
dos participantes, geram confiança para os futuros trabalhos onde a
participação do colaborador é essencial. Fazer a pesquisa só por fazer e para
dar uma “resposta” a eventuais demandas internas sem a efetiva ação, é um
erro estratégico. Pois, além de gerar desconforto entre os participantes, piora o
clima interno e desacredita o instrumento de pesquisa. Os prejuízos são
imensos tanto na motivação como nos custos. O que se vê em muitos casos é
que a pesquisa é feita e nunca mais é aplicada. Fora a pesquisa, a empresa
deve criar ou ter informações que possam contribuir para agregar aos
resultados da pesquisa. São exemplos disto, a rotatividade, o absenteísmo, a
devolução de produtos, o desperdício, o retrabalho, a falta de cumprimento do
prazo de entrega e a insatisfação do cliente. Ter um clima organizacional
saudável é fundamental para melhorarmos nossos produtos e serviços,
aumentarmos nossa produtividade, reduzirmos custos e sermos diferenciados
no mercado.
2.3. Indicadores da responsabilidade social
Existem vários tipos de indicadores que são utilizados para
acompanhamento e avaliação da responsabilidade social empresarial. Tais
44
como, AS 8000, Balanço Social, Indicadores Ethos de Responsabilidade
Social, AA1000, global Compact, Global Reporting Intiative (GRI), entre outros.
Principais indicadores de responsabilidade social:
• Balanço Social – Demonstra publicamente um conjunto de
informações sobre projetos, benefícios e ações sociais dirigidos aos
empregados, investidores, acionistas e à comunidade, dando transparência às
atividades que buscam melhorar a qualidade de vida para todos. Esse
instrumento evidencia a responsabilidade social em valores monetários
direcionados às ações sociais, ou seja, apresenta os montantes investidos.
• SA 8000 – Norma composta por nove requisitos, tendo como
referência os padrões de gerenciamento da qualidade ISO 9000 e o padrão de
gerenciamento ISSO 14000. A norma SA 8000 segue a estrutura que enfatiza
à importância da melhoria contínua através de auditagem por órgão
independente. Focaliza principalmente a busca de fornecedores éticos
aumentando a cadeia produtiva socialmente responsável.
• AA 1000 – Processo direcionado a dar suporte às organizações no
gerenciamento e na comunicação da responsabilidade social. Focaliza as
opiniões e necessidades dos stakeholders que devem integrar o processo,
orienta o estabelecimento de metas organizacionais que respeitam os
interesses de cada parte e sugere indicadores de performance para avaliação
dessas metas.
• Global Compact – Preconiza o comprometimento da empresa de
uma carta de adesão ao grupo de cooperação internacional, visando a
45
promoção dos direitos humanos. Trabalho e meio ambiente, através da troca
de experiências socialmente responsáveis.
• Indicadores Ethos de Responsabilidade Social – Ferramenta de
diagnóstico organizacional que avalia o estágio em que se encontram as
práticas de responsabilidade social nas empresas, facilitando a visualização
das ações mais urgentes que devem ser trabalhadas, bem como o
posicionamento da organização perante um grupo de benchmark. (Os
Indicadores Ethos de Responsabilidade Social, estão baseados em um
questionário que aborda sete temas, a saber: Valores e Transparência, Público
Interno, Meio Ambiente, Fornecedores, Consumidores, Comunidade e Governo
e Sociedade (Orchis, Yung e Morales, 2002).
Fonte: Adaptado de Karkotli apud Karkotli & Aragão (2004).
No Brasil, a Petrobras saiu na frente ao obter a certificação BS 8800. A
Avon Cosmésticos foi pioneira na certificação SA 80007.
São as primeiras certificações sociais que começam a chegar ao nosso
país. Em pouco tempo, outras certificações sociais surgirão, além de prêmios,
como, por exemplo, o Prêmio Bem Eficiente, que aponta as 50 entidades
beneficentes mais bem administradas no país, o Prêmio Eco, da Câmara de
Comércio Brasil-EUA, para as fundações sociais empresariais que se
destacaram no ano.
7 Scharf, Regina. “Empresas conquistam certificação social”, Gazeta Mercantil, 7/12/98. p. A-9.
46
Tais normas e prêmios vem atuando como verdadeiros “diplomas de
cidadania empresarial e responsabilidade social”. E cremos que, a médio e
longo prazos, serão concedidos estímulos fiscais para as empresas que se
destacarem na área social.
2.4. Pirâmide da responsabilidade social empresarial
De acordo com o modelo piramidal Carrol apud Lourenço & Schroder
(2003), a responsabilidade social está subdividida em quatro tipos: econômico,
legal, ético e discricionário (ou filantrópico). A figura abaixo representa esse
modelo.
47
Figura: Os quatro tipos de responsabilidade social
Fonte: adaptado de Carrol apud Lourenço & Schroder (2003).
A seguir são apresentados os conceitos dos quatro tipos de
responsabilidade social citados no modelo piramidal, descritos por Lourenço &
Schroder (2003).
• Responsabilidade econômica: é a base da pirâmide, visto que é o
principal tipo de responsabilidade social encontradas nas empresas, sendo os
lucros o objetivo pelo qual as empresas existem. Responsabilidade social
econômica significa a produção de bens e serviços de que a sociedade
necessita e deseja, a um preço que garanta a continuidade do
desenvolvimento das atividades da empresa, de maneira que suas obrigações
com os acionistas sejam satisfeitas.
48
• Responsabilidade legal: é o que a sociedade considera importante
com relação ao comportamento da empresa. As empresas devem atingir suas
metas e objetivos, sejam eles econômicos ou não, dentro da estrutura legal.
Assim, as empresas têm de obedecer às exigências dos conselhos locais das
cidades, assembléias legislativas e agências de regulamentação do governo.
• Responsabilidade ética: são os comportamentos e atitudes que a
sociedade espera que uma empresa tenha, mas que não estejam
necessariamente previstos em leis. O comportamento antiético, decorrente da
tomada de decisões que proporcionem à empresa a obtenção de ganhos à
custa da sociedade, deve ser evitado. Os participantes do processo decisório
da empresa devem respeitar os direitos individuais, agir com equidade,
imparcialidade e justiça.
• Responsabilidade discricionária ou filantrópica: é voluntária e
direcionada pelo desejo da empresa em contribuir no âmbito social de uma
forma que não seja imposta pela economia, lei ou pela ética. As doações,
sejam elas financeiras ou não, fazem parte desse tipo de responsabilidade.
2.5. Responsabilidade social e marketing no âmbito
empresarial
O desenvolvimento de atividades de responsabilidade social realizado
pelas empresas está diretamente relacionado ao marketing.
49
Segundo a American Marketing Association, a definição de marketing é:
O processo de planejamento e execução desde a concepção, apreçamento,
promoção e distribuição de idéias, mercadorias e serviços para criar trocas que
satisfaçam os objetivos individuais e organizacionais. (Cobra, 1992, p. 34).
Na visão de KOTLER (2000):
Marketing é um processo social por meio do qual, pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo de que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com os outros” (KOTLER, 2000, p. 30).
O mesmo autor afirma que, algumas pessoas questionam se a
orientação de marketing é adequada em meio a uma época em que muito se
fala sobre os problemas sociais e ambientais. Ainda segundo o autor, “o
conceito de marketing não aborda os conflitos potenciais entre desejos e
interesses dos consumidores e o bem-estar social a longo prazo” (Kotler, 2000,
p. 47).
Dessa forma, há a necessidade de um novo termo que aborde essa
questão, ampliando a orientação de marketing. Kotler (2000) propõe o termo
“orientação de marketing societal”, o qual:
sustenta que a tarefa da organização é determinar as necessidades, os desejos e os interesses dos mercados-alvo e fornecer as satisfações desejadas mais eficaz e eficientemente do que a concorrência, de uma maneira que preserve ou melhore o bem-estar do consumidor e da sociedade (Kotler, 2000, p. 47).
50
Alguns afirmam que a responsabilidade social seja mais um “modismo”
no mercado, porém o tema tem se mostrado como uma tendência que vem
tomando cada vez mais espaço na orientação de marketing das empresas e
nas estratégias do negócio.
Conforme Mendonça (2002), o termo “marketing social” tem sido usado
pela mídia brasileira para designar a atuação das empresas Np âmbito social
com a finalidade de obter diferenciais competitivos, mas sem que tais ações
tenham o objetivo de influenciar um comportamento coletivo.
O termo marketing social é definido por SCHIAVO apud MENDONÇA (2002)
como:
(...) uma ferramenta democrática e eficiente que aplica os princípios e instrumentos do marketing de modo a criar e outorgar um maior valor à proposta social, redescobrindo o consumidor por meio de diálogo interativo, gerando condições para que se construa o processo de reflexão, participação e mudança social. (SCHIAVO apud MENDONÇA, 2002, p. 156).
As empresas frequentemente realizam promoções que associam sua
imagem a causas sociais com o objetivo de estimular suas vendas ou melhorar
sua imagem institucional. Essa visão fomenta a idéia de que são gerados
benefícios diretos à empresa, sem que tais ações se convertam em mudanças
de comportamento.
De acordo com SAAD, CARVALHO e COSTA (2002),
Quando uma empresa é socialmente responsável, sua preocupação se estende à comunidade em que está
51
inserida. Se a empresa passa uma imagem de socialmente responsável, criará uma empatia com o consumidor, incentivando a compra de seus produtos. Caso contrário, ele poderá deixar de comprar o produto na tentativa de punir a empresa por sua “má atuação” perante a comunidade (SAAD, CARVALHO e COSTA, 2002, p. 318).
Tipos de marketing social
Empresas desenvolvem projetos sociais com dois objetivos; exercer
filantropia empresarial e desenvolver estratégia de marketing com base em
ações sociais.
O exercício da filantropia empresarial caracteriza-se por ações de
doações de produtos fabricados pela própria empresa, ou de grandes somas
de dinheiro para entidades beneficientes.
É denominado marketing social as ações de filantropia de doações
para campanhas sociais e a concessão de bolsas e prêmios para pessoas
carentes, cujas principais modalidades são:
• marketing da filantropia;
• marketing das campanhas sociais;
• marketing de patrocínio de projetos sociais;
• marketing de relacionamento com base em ações sociais;
• marketing de promoção social do produto e da marca.
CAPÍTULO III – Atuação e melhorias advindas da
responsabilidade social
52
3.1. Responsabilidade social gera ganhos empresariais
Neste capítulo estudaremos as oportunidades que se apresentam para
as empresas que atuam com responsabilidade social.
A consciência de que uma gestão socialmente responsável pode trazer
inúmeros benefícios às empresas, cada vez mais é valorizada. Em muitas
pesquisas e depoimentos, a responsabilidade social aparece como
responsável pelo apoio da sociedade e dos consumidores, pela preferência de
investidores internacionais, por um espaço crescente aberto pela mídia, por um
bom clima organizacional, pelo recrutamento e retenção de pessoas
talentosas.
Conforme MELO NETO e FRÓES (citados em GUEDES, 2000), esses ganhos
com a responsabilidade social resultariam no chamado retorno social
institucional:
O retorno social institucional ocorre quando a maioria dos consumidores privilegia a atitude da empresa de investir em ações sociais, e o desempenho da empresa obtém o reconhecimento público. Como conseqüência, a empresa vira notícia, potencializa sua marca, reforça sua imagem, assegura a lealdade de seus empregados, fideliza clientes, reforça laços com parceiros, conquista novos clientes, aumenta sua participação no mercado, conquista novos mercados e incrementa suas vendas. (MELO NETO e FRÓES citados em GUEDES, 2000, p. 56).
Com base no citado acima, Guedes (2000) afirma que podemos
considerar que o retorno social institucional empresarial se concretiza através
dos seguintes ganhos:
53
• em imagem e vendas – pelo fortalecimento e fidelidade à marca e ao
produto;
• aos acionistas e investidores – pela valorização da empresa na
sociedade e no mercado;
• em retorno publicitário – advindo da geração de mídia espontânea;
• em tributação – com as possibilidades de isenções fiscais em âmbito
municipal, estadual e federal para empresas patrocinadoras ou diretamente
para os projetos;
• em produtividade e pessoas – pelo maior empenho e motivação dos
funcionários;
• os ganhos sociais – pelas mudanças comportamentais da sociedade.
Para Guedes (2000), uma empresa que age com responsabilidade
social consegue aumentar suas relações com os stakeholders e também a
exposição em mídia espontânea:
Quando uma empresa atua com responsabilidade social aumenta o seu relacionamento com diversos públicos relevantes (clientes atuais e em potencial, opinião pública, acionistas, investidores, fornecedores, funcionários, governo), aumenta a exposição positiva em mídia espontânea onde seus produtos, serviços e marca ganham maior visibilidade e possível aceitação. (GUEDES, 2000, p. 57).
54
A responsabilidade social empresarial traz ganhos expressivos para as
empresas, conforme a pesquisa “Estratégias de empresas no Brasil: atuação
social e voluntariado”, do Centro de Estudos em Administração do Terceiro
Setor da Universidade de São Paulo (CEATS-USP), do qual participaram 273
companhias privadas e estatais (pequenas, médias e grandes), de nove
estados e do Distrito Federal, e realizada entre os meses de fevereiro e junho
de 1999.
Investir em ações sociais melhora em 79% a imagem institucional da
empresa e amplia em 74% suas relações com a comunidade. A motivação e
produtividade dos funcionários crescem 34%; melhora o envolvimento do
funcionário com a empresa em 40%, ao mesmo tempo em que contribui para o
desenvolvimento de conhecimentos, técnicas e habilidades dos funcionários
em 52%. (Fischer e Falconer, 1999, p. 39-40).
3.2. Vendas e Imagens
Nos dias de hoje, reforço de imagem e marca tem sido cada vez mais
valorizado pelas empresas devido à concorrência acirrada.
55
Segundo MELO NETO e FRÓES (citados em GUEDES, 2000), a
satisfação dos stakeholders com as empresas socialmente responsáveis
favorece a divulgação de suas marcas:
Clientes de empresas socialmente responsáveis sentem orgulho de comprar daquela empresa e os fornecedores, governo e empregados sentem-se orgulhosos em serem parceiros da empresa. Além da empresa poder beneficiar-se de comunicar sua marca positivamente para potenciais clientes e a opinião pública em geral. (MELO NETO e FRÓES citados em GUEDES, 2000, p. 58).
Guimarães (citado em Guedes, 2000, p. 58) complementa afirmando
que “marca é patrimônio estratégico que associado à responsabilidade social
empresarial, gera lealdade de públicos.”
As empresas expostas em mídia em função de comportamentos socialmente responsáveis ou por patrocinarem eventos sociais, educacionais, culturais, ressaltam atributos positivos de suas marcas ao associar o valor da ação ou evento patrocionado à marca, podendo gerar lealdade de diversos públicos relevantes, que é uma das garantias de perenidade, lucratividade e competitividade atuais (GUEDES, 2000, p. 58).
Pesquisas demonstram que os consumidores atualmente estão mais
propensos a consumir de empresas socialmente responsáveis.
Segundo pesquisa publicada pelo Business for Social Responsability (BSR), entidade americana que reúne cerca de 1.400 companhias envolvidas com projetos de cidadania empresarial, (...) 76% dos consumidores daquele país preferem marcas e produtos associados a algum tipo de ação social. (CHIAVENATO, 1999, p. 446).
56
Uma empresa com boa imagem perante a sociedade e com marca
reforçada torna-se mais conhecida, podendo assim vender mais aumentando
seu valor patrimonial e sua competitividade no mercado.
Percebemos que algumas das atitudes empresariais que influenciam
fortemente a imagem organizacional são as ações que a empresa faz, voltadas
para a sociedade. Ações que visam amenizar problemas sociais produzem um
grande impacto na formação da imagem empresarial. Estamos na era do
consumidor e ele está buscando qualidade e responsabilidade. Com a
necessidade de conquistar o “consumidor cidadão”, as empresas precisam
desenvolver, cada vez mais, uma reputação empresarial de ética e
responsabilidade social.
3.3. Investidores e acionistas
Tendo em vista que uma empresa com imagem e marca reforçada,
através de atuação socialmente responsável, aproxima-se positivamente da
comunidade, entendemos que tornando-se mais conhecida, a empresa
venderá mais, consequentemente, suas ações, no caso de companhias de
capital aberto, serão mais valorizadas em bolsa.
Veremos que a boa imagem na comunidade não é tudo que empresas
socialmente responsáveis estão conseguindo.
ODED GRAJEW (2000) em entrevista para a Revista Época aponta:
Estatísticas mostram que empresas socialmente responsáveis são mais lucrativas, crescem mais e são mais duradouras. A página da Dow Jones na Internet
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traz um levantamento que compara a lucratividade dessas empresas com a média da Dow Jones. A rentabilidade das socialmente responsáveis é o dobro da média das empresas da Bolsa de Nova York (GRAJEW, 2000, p. 55).
Esta tendência também está acontecendo no Brasil. Boas “ações”
começam a dar lucro no Brasil e a valorizar os papéis de companhias que
incluem entre suas atividades preocupações com o meio ambiente,
governança corporativa e atividades sociais, a exemplo de mercados mais
dessenvolvidos.
O investidor estrangeiro já reconhece que empresas socialmente
responsáveis têm sucesso e até preferem investir nestas empresas.
Os resultados obtidos até aqui sugerem que a ética empresarial gera
lucros para a empresa, para os acionistas e para os investidores.
3.4. Retorno publicitário em mídia espontânea
O retorno publicitário tem sido medido pelas assessorias de imprensa
das empresas, através da exposição da empresa na mídia de forma
espontânea.
Considera-se mídia espontânea a exposição obtida por uma empresa
de forma espontânea, isto é, não paga, nos meios de comunicação.
Empresas que promovem ações socialmente responsáveis recebem
atenção da mídia e viram notícia. Isto ocorre porque se direcionam para
atender problemas que são de interesse de toda a sociedade.
58
O retorno obtido em mídia espontânea, em noticiários positivos, poderá
vir a reforçar a fidelização e a lealdade à marca pelo consumidor – aspecto
este que poderá ser medido e avaliado pela empresa no longo prazo.
Há grandes oportunidades mercadológicas e estratégicas para as
empresas que decidam oferecer sua parcela de contribuição social de forma
séria, sistemática e responsável junto à sociedade, pois ética e
responsabilidade social são conceitos capazes de proporcionar expressiva
geração de mídia espontânea, fortalecendo a imagem das empresas e
portanto proporcionando diferencial frente ao mercado junto a clientes atuais e
potenciais.
3.5. Tributação
A legislação Brasileira incentiva o desenvolvimento através dos
benefícios fiscais concedidos às organizações e empresas que promovem
através de patrocínios ou doações ações socialmente responsáveis.
Não é objetivo deste trabalho analisar o conteúdo das leis brasileiras
de incentivos fiscais. Queremos, apenas, destacar que existem Leis
Municipais, Estaduais e Federais que promovem incentivos fiscais na área
cultural e artística, concedidos para as pessoas jurídicas, que através de
patrocínios ou doações praticam o marketing socialmente responsável e
colaboram com o fortalecimento das organizações.
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As pessoas jurídicas que contribuem para projetos culturais, sob a
forma de doações ou patrocínios, gozam de incentivo fiscal de âmbito federal,
ou seja, de dedução do imposto de renda.
3.6. Pessoas e produtividade
Os benefícios de imagem, vendas, mídia e fiscais, não são os únicos
ganhos para as empresas que atuam em ações socialmente responsáveis.
Como instrumento de gestão de pessoas, o voluntariado é apontado
como benéfico.
Em suma, nota-se que o voluntariado empresarial, como instrumento
de responsabilidade social, apresenta fortes benefícios tanto para a empresa
como para o desempenho profissional e motivação dos funcionários.
3.7. Sociais
Por fim, destacaremos o retorno social, que corresponde ao lucro
social ou aos ganhos sociais gerados pela ação empresarial socialmente
responsável para a sociedade.
Os ganhos sociais podem ser identificados de diversas formas, como
por exemplo:
60
• pelas novas frentes de oportunidades abertas às empresas para
assumirem seu papel de intervenção social em conjunto com os demais
setores da economia. Nesse sentido é importante que a sociedade perceba
que o governo não vai resolver sozinho os problemas do país;
• pela mudança de atitude da comunidade frente aos problemas do
país evitando-se a divisão entre público e privado;
• pela melhoria das condições de vida da comunidade, sendo o ganho
social mais visível e importante destes três.
No Brasil, como em toda a parte, cresce o entendimento de que uma
política de desenvolvimento social está a exigir a participação de novos atores.
O Estado, sem dúvida, deve ser o principal protagonista. Contudo, face às
limitações da ação estatal e à natureza do fenômeno da exclusão social, torna-
se necessário buscar parceiros fora do Estado, isto é, na sociedade ou, mais
especificamente, nas empresas privadas.
Nos últimos anos, tem sido observado que as empresas privadas vêm
mobilizando um volume cada vez maior de recursos destinados a iniciativas
sociais. O protagonismo dos cidadãos e de suas organizações rompe a divisão
entre público e privado, no qual o público era sinônimo de estatal, e o privado,
de empresarial. A atuação das empresas em atividades sociais dão origem a
uma esfera pública não estatal.
Finalmente, temos o retorno social mais importante, que corresponde a
melhoria das condições de vida da comunidade. Em muitos casos, este ganho
61
social é obtido pela adoção de uma política de voluntariado, gerado por ações
sociais empresariais e que visa solucionar os problemas sociais existentes na
comunidade.
Vimos neste capítulo que as empresas que adotam a responsabilidade
social podem conseguir muitas vantagens nos mais variados sentidos, desde a
influência positiva na imagem da empresa perante o mercado até a criação de
uma sociedade mais justa que, em última instância, será imprescindível para a
continuidade da empresa.
CONCLUSÃO
Nos últimos anos, as empresas têm dado uma atenção especial à ética
corporativa promovendo debates com os funcionários e chegando, inclusive, a
criar um instrumento que esclarece as diretrizes e as normas da organização.
O Brasil vive um momento onde os valores éticos, de forma geral, têm
sido discutidos nos diversos meios de comunicação e na comunidade. São
escândalos constantes envolvendo personalidades públicas onde se tem
colocado à prova os valores de nossa sociedade. Isto reflete diretamente nas
empresas e nos consumidores de todo o mundo, que estão mais atentos à
62
ética. Empresa que não possuem adequada política de Recursos Humanos,
qualidade de produtos e serviços, meio ambiente e de responsabilidade social
serão encaradas pelo mercado consumidor como antiéticas e passarão a
sofrer as conseqüências da crescente competitividade empresarial. Portanto,
possuir uma política e práticas de ética profissional tornaram-se fundamentais
para a sobrevivência das organizações.
Assim como as empresas, as pessoas também passam por uma
profunda crise de identidade ética. Há muito tempo que a criatividade,
característica de nosso povo, deu espaço ao “jeitinho”, onde levar vantagem é
fundamental. O mercado profissional, os meios de ensino e a sociedade
capitalista vêm formando nas pessoas um comportamento de competição
acirrada e de busca pelo sucesso profissional a todo preço. Com isto, muitos
se esquecem ou desaprendem um dos valores básicos da convivência em
sociedade que é o respeito à individualidade do outro. Algumas pessoas e
empresas perceberam que competir com ética é a saída para o crescimento
pessoal, profissional e de mercado, bem como de nossa sociedade, portanto
cada vez mais reaprender as “boas maneiras” do comportamento profissional é
fundamental.
Acredito que para todos nós, convictos de que o fator humano é o
diferencial de qualquer organização, desejo que todos sejam tocados a realizar
atividades voltadas para o social. Entretanto, não poderemos deixar de levar a
organização para um patamar de qualidade, não apenas profissional e
criteriosa em suas ações junto a comunidade, mas efetivamente, alterando o
padrão ético das relações, dos critérios e dos processos decisórios no
ambiente organizacional.
Neste sentido, exorto os profissionais das empresas, identificados com
o fator humano e convictos de que há muito o que melhorar no cotidiano dos
negócios, para que lutem pela coerência destas ações, mostrando aos
dirigentes que a resposta a este novo cenário de voluntariado, necessita de um
olhar privilegiado também, e talvez prioritariamente, para o ambiente interno.
63
Não há espaço para um novo modismo, para uma nova forma de
buscar benefícios para interesses individuais ou exclusivamente para a
valorização da imagem institucional.
Enquanto cidadãos e comprometidos com a ética nos negócios,
trabalhar para estabelecer, em primeiro lugar, a Responsabilidade Social.
Busquemos, portanto, compreender estes limites e apropriemos
nossos processos com uma das ferramentas disponíveis, mas acima de tudo
com nosso desejo de melhorar o papel das organizações perante a sociedade.
Nem interesse, nem bondade. A s motivações de ação são complexas
e interdependentes. Questões como o espírito humanitário, a vontade de dar,
de retribuir benefícios recebidos, influenciam, e muito, o envolvimento dos
empresários no atendimento social. Ajudar gratifica, e essa satisfação altruísta
não deve ser negada ao se buscar entender o comportamento do setor privado
na área social.
No entanto, fatores de caráter filantrópico, que sempre estiveram
presentes nos meios empresariais, não são suficientes para explicar o
crescente envolvimento dos empresários com os problemas sociais. Não por
acaso, as empresas ampliaram na década de 1990 sua participação na
realização de ações sociais para a comunidade.
Esse período foi marcado por inúmeras mudanças nas estratégias
empresariais, com o objetivo de atender às novas exigências de uma economia
globalizada no qual se inseria. Entre essas novas exigências surge a questão
da responsabilidade social como fator de competitividade, ou seja, empresas
socialmente ativas promovem sua imagem junto aos consumidores, melhoram
o relacionamento com as comunidades vizinhas e percebem ganhos de
produtividade de seus trabalhadores.
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