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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSO” PROJETO VEZ DO MESTRE A INVEJA NAS ORGANIZAÇÕES Por: Paola de Souza Mendes Orientador: Fabiana Muniz Rio de Janeiro 2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS –GRADUAÇÃO “LATO SENSO”

PROJETO VEZ DO MESTRE

A INVEJA NAS ORGANIZAÇÕES

Por: Paola de Souza Mendes

Orientador: Fabiana Muniz

Rio de Janeiro 2005

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS –GRADUAÇÃO “LATO SENSO”

PROJETO VEZ DO MESTRE

A INVEJA NAS ORGANIZAÇÕES

OBJETIVO:

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como condição prévia para a

conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu”

em Gestão de Recursos Humanos.

Por: Paola de Souza Mendes.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que direta ou indiretamente me

ajudaram a concluir esta monografia, me emprestando

livros e textos sobre o tema. A minha orientadora Fabiane

que mesmo com poucos encontros soube me orientar de

uma forma clara e precisa.

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DEDICATÓRIA

Dedico aos meus pais, que tanto colaboraram para o

término de mais um título e para a confecção deste

trabalho. Também a Daniela, minha irmã, pela paciência

em me ajudar com os textos até de madrugada.

Vocês foram fundamentais.

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RESUMO

A inveja encontrou no ambiente organizacional um campo fértil para

crescer e vem crescendo com muita intensidade. Este crescimento pode ter sido

estimulado por políticas de premiação e promoção entre indivíduos que o levaram

a competir entre si.

A inveja está presente em muitas situações do cotidiano, mas é no

ambiente competitivo, e não raro, hostil do trabalho que encontra espaço para

florescer livremente. Entretanto, condenada como um dos sete pecados capitais,

esconde-se quase sempre como um mal confessável.

Para esclarecer este crescimento dentro das organizações, a monografia faz

um estudo aprofundado sobre o tema “A inveja nas organizações”.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada se destina a pesquisa bibliográfica, de

conteúdo programático teórico.

Abordaremos os temas: Inveja, Motivação e Clima organizacional como

principal questão.

No primeiro capítulo, a principal fonte de investigação serão os textos de

Sigmund Freud e Melaine Klein que tratam sobre o tema inveja. Iremos também

utilizar as idéias de Schopenhauer.

Para questionar a inveja dentro das organizações, que serão tema dos

capítulos dois e três, contaremos com a ajuda de outros teóricos como: Zuenir

Ventura, Patrícia Amélia Tomei, Idalberto Chiavenato, Achim Hermann, Floriano

serra e outros que também se dedicaram a investigar sobre o assunto.

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SUMÁRIO:

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I – INVEJA 10

CAPÍTULO II – ORGANIZAÇÃO 15

CAPÍTULO III – INVEJA NAS ORGANIZAÇÕES 19

CAPÍTULO VI – A ADMIRÇÃO E OUTROS SENTIMENTOS CONFUNDIDOS COM A INVEJA 29

CONCLUSÃO 32

BIBLIOGRAFIA 33

ÍNDICE 35

FOLHA DE AVALIAÇÃO 36

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“A Inveja habita no fundo de um vale onde jamais se vê o sol. Nenhum vento o

atravessa; ali reinam a tristeza e o frio, jamais se acende o fogo, há sempre trevas

espessas (...) Assiste com despeito aos sucessos dos homens e este espetáculo a

corrói; ao dilacerar os outros, ela se dilacera a si mesma, e este é seu suplício”.

(Ovídio)

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INTRODUÇÃO:

O presente trabalho intitulado “Inveja nas Organizações” pretende estudar

a presença da inveja no ambiente organizacional.

Inicialmente abordamos o conceito de inveja como sendo um sentimento

intencional, uma insatisfação com o prazer do outro. Esse sentimento leva o

invejoso a ter pensamentos, palavras ou ações maléficas e destrutivas.

Enfatizamos que a inveja é sobre o ser do outro. O desejo do invejoso é

ocupar o lugar da pessoa invejada, ou seja, ser o outro.

A inveja tem como base à comparação entre os indivíduos. O invejoso

deseja ser igual ao outro, freqüentemente se depara perdendo a capacidade de ver

suas próprias habilidades, enxergando apenas o outro. O invejoso é incapaz de

aceitar as diversidades entre os indivíduos.

A inveja vem crescendo dentro do ambiente organizacional, na maioria das

vezes, por causa das estimulantes políticas de premiação e promoção entre os

indivíduos que leva a competirem entre si.

Nesta competição, o preterido poderá sentir-se inferior e frustrado em

relação ao preferido, originando assim a inveja. O invejoso passa a adotar alguns

comportamentos a fim de destruir o outro, tais como: calúnias e sabotações.

A partir do nosso percurso, pensamos caber às organizações estimularem

parcerias mais cooperativas entre os indivíduos, assim estes poderão sentir-se

mais participativos e capazes de contribuírem para a produtividade da

organização.

Por último, abordamos, a título de ilustração, conceitos sobre admiração,

ambição, cobiça, orgulho, ódio e ciúme, que muitas vezes são confundidos com a

inveja. Isso ocorre pela falta de informação dos indivíduos sobre o verdadeiro

significado destes sentimentos.

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CAPÍTULO 1:

INVEJA

“Quem afirma que não é feliz, poderia sê- lo com a felicidade do

próximo, se a inveja não lhe tirasse esse último recurso”.

(Jean M. de LaBruyere)

O que é inveja?

Para esclarecer esse sentimento que desde os tempos antigos até os dias

atuais vem assombrando a nossa sociedade, partimos da principal idéia de que a

inveja é um sentimento destrutivo.

Por destruição entendemos “ato de destruir: extinguir, exterminar,

derrotar” (Dicionário Brasileiro Globo, 1993:289). Logo, sentimento destrutivo

compreende de certa forma, querer acabar de qualquer maneira com a pessoa

invejada não levando em consideração questões éticas.

Já nos tempos antigos em histórias narradas na Bíblia, em contos infantis e

além de outras fábulas, a inveja já se manifestava com seus pensamentos, palavras

e ações maléficos. E hoje, na sociedade pós-moderna, a inveja mantém seu espaço

adquirido. Hoje, vivemos numa sociedade que se baseia mais intensamente na

comparação e na competição. O indivíduo se vê numa nova realidade de

aprendizado. Ao se comparar com o outro, percebe que é diferente, assim poderá

sentir-se melhor ou pior que o outro. A partir daí, o indivíduo poderá suscitar o

aparecimento da inveja.

Definimos inveja de acordo com a idéia de Lersch que diz: “a inveja

pertence aos sentimentos intencionais. È uma insatisfação, o aborrecimento com a

alegria do outro”. (2001:508)

São Tomás de Aquino que também fez suas associações em relação à

inveja já dizia que a inveja é uma tristeza em relação às coisas boas do outro

reforçando em última instância que invejamos mesmo é a alegria do outro.

Cabe ressaltar que a inveja é desejar ser o outro, ocupar o seu lugar. É o

desejo de desfrutar o ser da mesma maneira que o outro desfruta em relação a

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status, bens materiais, personalidade, aparência, humor, comportamento,

conquistas, sonhos, propósitos...

Na linguagem do nosso cotidiano, freqüentemente usamos a palavra inveja

num sentido que não seria o mais apropriado, como por exemplo: “eu tenho inveja

do seu cabelo”. Quando na verdade, deveríamos dizer: “eu admiro o seu cabelo e

gostaria que o meu fosse assim”. Cabe ressaltar que o objeto da inveja é o ser em

si e não o objeto que a pessoa invejada possui.

O que caracteriza a inveja é uma frustração, uma tristeza que o invejoso

sente intolerando seu próprio ser. O invejoso sente-se inferior ao outro.

Bonder, em “A Cabala da Inveja” afirmou que “só se inveja quando se está

triste... todo aquele que neste mundo consegue alegrar-se abandona a inveja e

mergulha na gratidão”. (in TOMEI, 1994:48)

O invejoso tem um alvo a destruir em qualquer circunstância.

A origem da inveja

A origem da palavra inveja vem do substantivo latino invidia e do verbo

invidere que significa olhar malicioso, olhar enviesado.

A inveja é denominada na linguagem popular de olho grande, olho gordo.

Cabe ressaltar aqui, que a principal característica da inveja é o olhar que o

invejoso lança sobre seu objeto de inveja. Os olhos têm um simbolismo muito

grande, é como se com o olhar o invejoso conseguisse destruir a pessoa invejada.

O invejoso permanece com o olhar fascinado pelo prazer do outro. Com

isso, não reconhece suas próprias habilidades e não se depara com a sua própria

falta.

A inveja, na grande maioria das vezes, é um mal inconfessável. A pessoa

que inveja não vai admiti- la para os outros e para si mesma, então poderá forjar

comportamentos de uma maneira até inconsciente.

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A inveja, pecado capital

A inveja se integra entre os pecados capitais juntamente com a soberba, a

luxúria, a gula, a preguiça, a ira e a avareza.

A inveja é um pecado destruidor. O invejoso quer destruir o outro e

também se destrói, corroendo o seu coração com o desgosto de contemplar e

querer ser o próximo.

Por causa deste aspecto religioso, surgiram diversos amuletos, frases e até

rezas para acabar com a inveja, ou pelo menos afastar toda a maldade do invejoso.

Neste caso, as pessoas buscam neutralizar a inveja. Esta seria uma forma

de proteção um pouco artificial. Uma estratégia para o invejoso seria acreditar nos

seus próprios potenciais e ser capaz de aprender outras habilidades com as pessoas

que invejaria, passando então, a admira- las. E ao invejado, caberá não se deixar

afetar pelas injúrias do invejado e continuar mostrando seu talento.

A inveja como fruto de comparações

A nossa sociedade constantemente está se comparando, desde a infância

quando, por exemplo, somos comparados com o nosso irmão até mesmo na escola

quando competimos para ver quem tira a nota mais alta e é considerado o melhor

aluno da turma.

Como vivemos nesta sociedade comparativa, freqüentemente nos

deparamos perdendo a capacidade de ver as coisas em si mesmas e só

conseguimos entender as pessoas e as coisas em comparação umas com as outras.

A inveja é o sentimento daqueles que não encontraram resposta para a

diversidade do mundo e das pessoas. E esta incapacidade de aceitar que as coisas

e as pessoas sejam diferentes é uma rejeição a sua própria pessoa como sendo

diferente das demais. Na verdade o invejoso busca ser igual ao seu objeto de

inveja.

Na inveja, o invejoso vê o brilho do outro e quer tê- lo para si próprio.

Nem sempre numa comparação há inveja. A menos que o invejoso sinta-se

frustrado, inferior ao outro e apresente um desejo intenso de destruí- lo.

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Ressaltamos aqui que outros sentimentos poderão surgir, como por exemplo,

admiração, orgulho, cobiça... que serão abordados num capítulo à parte.

A inveja segundo as visões de Sigmund Freud e Melaine Klein

Não poderíamos deixar de citar, a título de ilustração, idéias de Melaine

Klein e Sigmund Freud sobre a inveja.

Freud fala da inveja quando esclarece a diferença anatômica entre os

sexos. A partir daí, ela é tanto alimentada quanto reprimida nas relações familiares

e nas relações entre o masculino e o feminino. A inveja nasce na menina. A

menina sente-se castrada pelo fato da mãe não lhe ter provido de um pênis, como

é no caso dos meninos. A menina inveja o menino, isto é, quer ser o menino, não

aceita tal diferença.

A descoberta da inveja do pênis nas meninas e a vinculação com os

impulsos agressivos constituem sua contribuição fundamental para a compreensão

da inveja.

Freud explica que o ser humano é alguém estruturalmente incompleto e

que cai na ilusão de que conseguirá ser completado e adquirir um estado de

plenitude e felicidade total. Por isso, o ser humano inveja o outro. Assim, ele não

se depara com a sua falta.

Por tal motivo, o invejoso é o sujeito que não consegue admitir que sua

condição, como a de qualquer outro sujeito é incompleta, e por isso imagina que a

pessoa, à qual inveja, dispõe dessa plenitude.

Já Melaine Klein considerou a inveja um conceito central em sua teoria

psicanalítica.

Diz que cultivamos a inveja desde cedo entre os carinhos da mãe às

sensações de saciedade e de conforto. Na falta dessa sensação que se dá durante o

aleitamento materno, ainda que por breves instantes, acreditamos que a mãe está

tirando proveito dessa saciedade e conforto sozinha.

O sofrimento do bebê pressupõe o prazer alheio, isto é, o prazer da mãe.

Todo o prazer alheio faz sofrer, daí nasce a inveja.

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Portanto, “a inveja é um sentimento raivoso de que outra pessoa possui e

desfruta algo desejável – sendo o impulso invejoso o de tirar este algo ou de

estraga- lo”. (KLEIN, 1991:212)

A inveja, então, supõe a relação do sujeito com uma única pessoa, isto é, o

seu alvo. Remontando à primeira relação de exclusividade vivida com a mãe.

Cabe ressaltar que a linguagem psicanalítica é de difícil compreensão,

sendo necessário discutir e refletir mais profundamente sobre as questões

abordadas.

A seguir, abordaremos o conceito de organização, bem como questões

como motivação e clima organizacional. Sendo esses uns dos principais aspectos

que são alterados por causa da presença da inveja no ambiente organizacional.

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CAPÍTULO 2:

ORGANIZAÇÃO

Para compreendermos a manifestação do sentimento da inveja dentro do

ambiente organizacional, primeiramente precisamos saber o que é uma

organização e como se dá seu funcionamento. Bem como alguns dos elementos

que serão afetados com a presença da inveja neste ambiente organizacional, são

eles: Motivação Humana e Clima Organizacional.

O significado do termo organização

O termo organização tem pelo menos, dois significados, são eles:

- Designa um ato organizador. Por exemplo: Maria precisa organizar seus

livros na estante.

- Refere-se a realidades sociais: fábrica, banco, sindicatos, hospitais...

Existem diversas organizações pelas quais os indivíduos passam e vão se

socializando ao longo de suas vidas. Algumas delas são: escolas, clubes,

comunidade, igreja, vizinhança, empresas, hospitais, repartições governamentais...

Definimos organização, de acordo com a idéia de Schein:

“Uma organização é a coordenação planejada das atividades de uma série de

pessoas para a consecução de algum propósito ou objetivo comum, explícito,

através da divisão de trabalho e função e através de uma hierarquia de autoridade

e responsabilidade”. (1982:12)

Para a organização se manter viva e produtiva deverão existir objetivos a

serem alcançados e pessoas que saibam desenvolver um trabalho em equipe capaz

de manter o prestígio desta organização.

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O indivíduo dentro das organizações

Devido as suas limitações individuais, os seres humanos são obrigados a

cooperarem uns com os outros, isto é, dividir suas habilidades comportamentais.

Muitas organizações são formadas por indivíduos que tem habilidades diferentes.

Assim, certos objetivos poderão ser alcançados e fortalecerão a produtividade das

organizações. A cooperação entre os indivíduos é essencial para a existência de

uma organização.

As organizações dependem de pessoas. As pessoas planejam, controlam,

operam e desejam funcionar, isto é, dão ação à organização. Não há organização

sem pessoas. Toda organização é constituída de pessoas e delas depende para seu

sucesso e produtividade.

Embora se possa visualizar as pessoas como recursos, isto é, como

portadoras de habilidades, capacidades, conhecimentos, motivação de trabalho,

comunicabilidade..., nunca se deve esquecer que as pessoas são portadoras de

características de personalidade, expectativas, objetivos pessoais, histórias

particulares... Cada pessoa é única e suas habilidades e conhecimentos

contribuirão para a formação de uma organização.

Há em cada indivíduo a disposição de participar e de contribuir para a

organização. Sendo que esta disposição é variável, alguns indivíduos têm mais e

outros menos. A contribuição de cada indivíduo para a organização varia

enormemente em função das diferenças individuais e das recompensas oferecidas

por ela.

As organizações permitem satisfazer diferentes tipos de necessidade dos

indivíduos: emocionais, espirituais, intelectuais, econômicas...

A organização também tem certas expectativas implícitas mais sutis, por

exemplo, de que o funcionário melhorará a imagem da organização, será leal,

manterá os segredos da organização e tudo fará em prol dela, isto é, sempre terá

elevado nível de motivação e disposição de se sacrificar pela organização.

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2.1 – A influência da motivação no clima organizacional

Por motivação entendemos: “é uma necessidade ou desejo que energiza o

comportamento e o orienta para um objetivo.” (MYRES, 1999:254)

Constantemente o indivíduo se depara fazendo as seguintes perguntas: O

que me motivou a fazer isso? O que causou esse tipo de comportamento? Por que

agi assim? Essas perguntas levam o indivíduo a pensar no motivo que o

impulsionou a adotar determinado comportamento.

Motivo é tudo aquilo que impulsiona o indivíduo a agir de determinada

forma, ou pelo menos, que dá origem a uma propensão a um comportamento

específico. Esse impulso à ação pode ser provocado por um estímulo externo (do

ambiente) e pode ser gerado por um estímulo interno (processos mentais do

indivíduo). Ao perguntarmos por que agimos de determinada forma, estamos

entrando na questão da motivação.

A motivação funciona em termos de forças ativas e impulsionadoras para

um determinado comportamento.

O indivíduo sente uma necessidade e é motivado a satisfaze-la, daí começa

o ciclo motivacional.

O comportamento humano é um complexo resultado de nossas intenções,

de nossa percepção da situação imediata e de nossas suposições ou crenças a

respeito da situação e das pessoas nela incluídas. Essas suposições, por sua vez,

baseiam-se em nossa experiência passada, em nossas normas culturais e naquilo

que os outros nos ensinaram a esperar.

Se o comportamento humano é resultado de nossas intenções, ele poderá

influenciar no ambiente organizacional. O que o indivíduo faz dentro de uma

organização, seja positivo ou negativo, influenciará no clima organizacional.

Se o indivíduo tem claro o que ela deseja para si, mesmo diante das

adversidades, ele procura mudar suas atitudes para que possa obter melhores

resultados. Porém existem pessoas que mesmo sabendo o que querem, não

conseguem ir para a ação em busca de alcançar o seu desejo, pois lhe faltam

planejamento e empenho. Sem isso, o indivíduo acaba apelando para a inveja, pois

sabe o que quer, mas não sabe manusear os meios para conseguir o seu objetivo,

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então passa a inveja- lo. Adotando esse tipo de comportamento, o indivíduo acaba

também alterando o clima da organização.

É através da organização das suas ações, dentro de um planejamento claro,

contendo o objetivo e suas respectivas metas que a pessoa passa a fazer, busca

resultados esperados e sobe os degraus do crescimento humano sem precisar pisar

em ninguém e nem alterar o clima organizacional.

Segundo Chiavenatto “o clima organizacional influencia o estado

motivacional das pessoas e é por ele influenciado”. (2000:95)

O nome de clima organizacional é dado ao ambiente interno existente

entre os membros da organização. O clima organizacional está intimamente

relacionado com o grau de motivação de seus participantes. Quando há elevada

motivação entre os membros, o clima organizacional se eleva e se traduz em

relações de satisfação, de animação, interesse, colaboração... E, quando há baixa

motivação entre os membros, seja por frustração ou barreiras à satisfação das suas

necessidades, o clima organizacional tende a abaixar-se, caracterizando-se por

estados de depressão, desinteresse, apatia, insatisfação... podendo, em casos

extremos, chegar a estados de agressividade, tumulto, inconformidade, inveja...

típicos de situações em que os membros se defrontam abertamente com a

organização.

No próximo capítulo abordaremos a presença da inveja dentro do ambiente

organizacional, resultado de uma insatisfação do indivíduo com ele mesmo,

deixando-o desmotivado para cooperar com a produtividade da organização.

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CAPÍTULO 3:

INVEJA NAS ORGANIZAÇÕES

Dentro do ambiente organizacional vem ocorrendo diversas mudanças

onde valores antagônicos estão se manifestando gerando conflitos que poderão

colaborar para a presença da inveja.

Compreender o porquê e as manifestações da inveja dentro do ambiente

organizacional poderá ser a chave para resolver determinados conflitos.

Evidentemente, essa realidade mostra-se devido aos avanços que estão

ocorrendo no mundo organizacional.

É interessante observar que na vasta literatura organizacional, a inveja,

embora vagamente tratada em análises da competição, da ambição, do sucesso a

qualquer preço, da luta para poder ser como o outro, das estratégias de

negociação..., é uma dimensão quase esquecida e é até mesmo um tabu nos textos

que tratam de gestão de pessoas.

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3.1 – Por que há inveja dentro das organizações?

Podemos considerar diversos fatores que poderão contribuir para a

manifestação da inveja dentro do ambiente organizacional. São eles:

1- Houve uma má formação religiosa no indivíduo, já que a inveja é um

pecado capital muitas vezes inconfessável.

2- A educação dada pelos pais não foi a mais adequada.

3- Já na idade escolar a competição foi estimulada pela professora, já que o

melhor aluno era elogiado constantemente pelas suas vitórias.

4- Falha de caráter genético e incorrigível devido aos avanços científicos.

5- Depressão já que as sensações de inferioridade e fraqueza são freqüentes

nesse estado.

6- Organizações com processos de flexibilização, terceirização, casos de

nepotismo e corrupção.

Suposições à parte, enfatizamos que a inveja é de natureza humana, isto é,

todo e

qualquer indivíduo poderá manifesta- la desde que o prazer alheio o faça sofrer.

A inveja é como erva daninha, que viceja em qualquer terreno. E, muitas

vezes, brota onde menos se espera. A inveja está presente em muitas situações do

cotidiano, mas é no ambiente competitivo e hostil das organizações que encontra

especo para florescer livremente.

O ambiente organizacional vem estimulando políticas de premiação e

promoção entre seus funcionários objetivando com isso, o aumento da qualidade e

produtividade de seus produtos. Se não forem bem administradas essas políticas

poderão gerar conflitos entre os funcionários, isto é, competições e concorrências.

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A competição leva ao individualismo e à ausência de solidariedade,

tornando fragmentada a produção da organização.

A competição tem dois lados que poderão ser analisados. Um deles poderá

favorecer a motivação para execução de uma determinada tarefa, por outro lado,

poderá criar um clima de inveja dentro da organização.

Segundo alguns psicólogos, a competição é a raiz de todo sentimento

invejoso, pois ela estabelece um objetivo, compara os resultados e classifica os

competidores em seus devidos lugares. Essa disputa dita que o primeiro colocado

é o melhor e, dentro da organização, o mais poderoso.

Nos dias de hoje se fala e cobra muito a chamada integração ou espírito de

equipe, mas, ao mesmo tempo, são praticadas políticas internas de premiação e

promoções de indivíduos. Nessa competição pelo chamado “reconhecimento

profissional”, alguns indivíduos destacam-se e sempre que um desses destaques é

anunciado, corre-se o risco de plantar a semente da inveja.

Não deve ser confundido o fato de uma pessoa lutar para conquistar o

objeto de desejo com a luta dos invejosos. O eu competitivo está muito enraizado

dentro de cada indivíduo. A vida poderá ser vista como uma competição regrada,

onde o indivíduo aproveita as oportunidades que lhe são oferecidas e mesmo

diante do fracasso, reconquista o que foi perdido ou aprende com o erro, sem

sentir inveja do outro, sem querer tomar o seu lugar e ser igual ao seu objeto de

inveja.

O problema da competitividade existe porque na medida em que os

funcionários se comprometem mais com seus objetivos e suas normas,

provavelmente entram em competição uns com os outros e no caso da inveja,

procuram destruir as atividades de seus rivais, constituindo com isso, um risco

para a organização como um todo. Os funcionários começam a ver o outro como

um inimigo.

Empresas onde existem falta de regra, falta de ética, falta de

responsabilidade, falta de comunicação aberta, incoerência nas políticas de

remunerações, ambientes altamente competitivos, mal organizados, criam

invejosos, e eles não estão trabalhando pensando no que é melhor para si mesmo,

isso gera uma perda de profissionais talentosos que não duram muito tempo no

ambiente organizacional.

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Além de o competidor invejoso sentir-se preterido e injustiçado, muitas

vezes sem horizontes ou perspectivas de crescimento, o que mais almeja é ser o

vencedor. O que o perdedor quer é ser igual ao vencedor, no sentido de como o

vencedor lida com as situações que lhe são conferidas. O invejoso nunca estará

satisfeito, mesmo vencendo na competição, ele nunca poderá ser igual à pessoa

invejada.

Agora que já sabemos como a inveja poderá se manifestar no ambiente

organizacional, é importante saber como o invejoso se comporta para que

possamos identifica- lo e tentar prevenir prejuízos para os funcionários e para a

própria organização.

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3.2 – Características do invejoso:

Primeiramente há existência de um caráter vingativo. Já que a

destrutividade vingativa é uma reação espontânea a um sofrimento intenso e não

justificado infligido a um indivíduo com quem o invejoso se identifica.

O invejoso sempre acha que o culpado pelo seu fracasso é o sucesso do

outro e nunca ele mesmo. A inveja faz com que o indivíduo perca o contato com

suas reais possibilidades.

O invejoso vê o outro como inimigo, há uma distorção de percepção e

hostilidade. O objetivo do invejoso é fundamentalmente mau.

Normalmente, o invejoso é um indivíduo inseguro, irritado, desconfiado,

observador minucioso e frustrado e tem baixa estima. Há um sentimento de

inferioridade, vergonha íntima, uma amargura. E, o mais importante, o desejo de

ser o outro.

Ele está sempre armado e alerta contra tudo e contra todos, finge

superioridade quando na realidade sente-se inferiorizado, sendo tal fato o

provocador do ar de sarcasmo e de ironia que o invejoso costuma manifestar.

O invejoso se vangloria, enaltece-se, fala excessivamente bem das próprias

coisas, pois dessa forma abranda o mal-estar do desequilíbrio, procurando

diminuir o outro através da crítica. Não percebe, muitas vezes, as suas frustrações,

e é como se não existisse, porque logo está pronto para realizar mais um feito de

diminuição, de descaracterização, burlando suas próprias angústias.

O invejoso precisa buscar reconhecer suas próprias potencialidades e

habilidades. Sentir inveja gera três trabalhos: sentir, abandonar e buscar a

reeducação para receber os mesmos benefícios que o outro.

O subordinado invejoso e o líder invejoso

Para o subordinado invejoso, o líder monopoliza todo o poder, todos os

recursos e todos os elogios. Ele acredita que a injustiça reina nas organizações e

que os indivíduos são maltratados.

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Já as tendências do líder invejoso são de não fazer elogios aos seus

subordinados, só críticas minuciosas. Prepara o fracasso do subordinado, dando-

lhe mais tarefas do que é capaz de fazer. Fala excessivamente bem de si mesmo.

Julga que suporta toda a responsabilidade de sua equipe, que sozinho faz o

trabalho essencial, gastando mais horas, enquanto seus subordinados desprendem

um mínimo de esforço.

Um líder invejoso não consegue perceber o espírito de um trabalho em

equipe que leva todos aos objetivos comuns. O líder escuta a idéia de um

subordinado, faz de conta que não escutou ou a subestima. Depois surge com a

“sua” grande idéia, que nada mais é do que a idéia do outro maquiada. O líder tem

medo de perder o poder de suas idéias.

A equipe passa então a não desenvolver suas idéias, deixando seu lado

criativo e inovador de lado. Há desmotivação.

Alguns possíveis mecanismos de defesa utilizados contra a inveja:

A repressão desse sentimento negativo explica a elaboração inconsciente

dos mecanismos de defesa capazes de dissimula- la. Dada a natureza

incompreensível do sentimento da inveja, observamos quase sempre apenas os

seus mecanismos de defesa. Alguns deles são:

- Idealização: é o processo de colocar acima do seu alcance os indivíduos,

os grupos e as organizações a qual inveja de forma a entender que não está

escrito no nosso destino pertencer a esse grupo privilegiado e que os que

fazem parte dele têm tido mais sorte. É uma maneira do invejoso conter

seus impulsos destrutivos.

- Retirada: consiste na retirada do invejoso da organização. Diante da

incapacidade de tolerar a inveja, este indivíduo evita entrar em qualquer

competição e desvaloriza a si mesmo. Este tipo de comportamento gera

problemas para a organização. O indivíduo sente-se impotente, infeliz,

deixa as coisas para depois e pode acabar deixando a organização.

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- Desvalorização: é o mais utilizado dentro das organizações. Consiste em

desvalorizar a pessoa invejada, o que poderá provocar menos admiração.

São indivíduos movidos pelo desejo de vingança e ao mesmo tempo,

experimenta uma indignação moral para melhor disfarçar e justificar suas

atitudes. Usa da maledicência, crítica negativa, fofocas, calúnias, intrigas e

humilhação, visando atingir um número maior de indivíduos que

acreditem nele.

- Negação: o invejoso nega para si mesmo o encontro com a pessoa

invejada. O indivíduo poderá sentir-se mais tranqüilo e capaz de controlar

seus impulsos destrutivos.

- Formação reativa: o indivíduo camufla sua inveja. Pode começar a bajular

a pessoa invejada.

- Projeção: o indivíduo vê-se como não- invejoso cercado por pessoas

invejosas. Ou sente que é possuidor dos atributos admirados da pessoa

invejada.

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3.3 – Formas preventivas de lidar com a inveja dentro das

organizações:

“Se o coração estiver amargo, nada adoçará a boca”.

(provérbio iídiche)

Somente a conscientização da existência da inveja nas organizações e de

seu processo destrutivo é que torna possível lidar com esse sentimento.

O invejoso precisa mostrar certa maturidade emotiva que permita a auto-

avaliação, a compaixão, o reconhecimento, a responsabilidade, o engajamento

pessoal, isto é, deverá haver uma preocupação com o outro, uma generosidade e

empatia.

Para evitar o clima de inveja nas organizações, é preciso haver uma

intervenção profunda na organização. A gestão deverá ser mais participativa e

estimular a cooperação entre os indivíduos. De acordo com o questionário feito a

título de ilustração para esta pesquisa, pudemos comprovar que esta hipótese

poderá diminuir a inveja dentro das organizações.

As verdadeiras soluções para o fim dos efeitos destrutivos da inveja são o

senso de responsabilidade e reciprocidade.

É necessário conhecer cada indivíduo, as suas expectativas, fazer com que

o indivíduo conheça a história da organização, a expectativa da organização em

relação aos seus serviços prestados, ou seja, conhecer a organização como um

todo. Só assim, haverá o comprometimento do indivíduo com a organização e o

índice de inveja poderá diminuir.

Allcorn (in TOMEI, 1994:101) sugere algumas estratégias para evitar o

clima de inveja dentro das organizações, são elas:

1- Inicialmente tentar caracterizar que tipos de “estrelas” existem na

organização e de que forma elas pretendem mostrar o seu brilho.

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2- Conscientizar-se de que uma “estrela” que é impedida de desenvolver suas

habilidades provavelmente procurará espaço fora da organização para seus

esforços criativos.

3- Entender que é natural sentir-se ameaçado, ofuscado e mesmo defensivo

diante de contribuições brilhantes de outros indivíduos.

4- Entender que para uma “estrela” brilhar na organização, não é necessário

ofuscar o brilho da outra. Ao contrário, as externalidades positivas do

brilho da cada “estrela” só geram constelações mais brilhantes e poderosas

nas organizações.

5- Entende-se que o reconhecimento de “estrelas” e desempenhos brilhantes

precisa ser feito com cuidado: se, por um lado, oferecer a “estrela” um

palco, o exibicionismo poderá aumentar a inveja, por outro lado aumenta a

responsabilidade no oferecimento de oportunidades e de novos desafios

para essa “estrela”.

6- Por fim, internalizar que os indivíduos que colaboram entre si, poderão

também brilhar na organização como um todo.

Para que haja a contribuição total dos indivíduos na organização, é

imprescindível

compreende- los, detectar seus motivos e acionar meios para envolve- los e

compromete- los. Isto é possível através do diálogo franco e da predisposição para

reconhecer que cada indivíduo é diferente. Deve ocorrer a formação de parcerias.

Hoje, a tendência é cada vez mais trabalhar em parcerias de modo

cooperativo. Essa postura surgiu com a cultura de Qualidade de Vida dentro das

organizações e vem sendo estimulada pela noção de Responsabilidade Social cada

dia mais presente nas organizações.

É necessário compensar cada indivíduo da organização, embutindo nele a

importância de seu trabalho para a organização. Para implanta-lo dentro da

organização é preciso estimular a cooperação e a criatividade, mudando a política

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do sucesso a qualquer preço que premia o individualismo e o comportamento

destrutivo.

Hoje, sabemos que uma organização produz bem na medida em que os

indivíduos são parceiros entre si, sejam responsáveis pela criação de clima de

aprendizagem contínua, desenvolvimento, satisfação e motivação no trabalho.

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CAPÍTULO 4: A ADMIRAÇÃO E OUTROS SENTIMENTOS

CONFUNDIDOS COM A INVEJA

Nesse capítulo, abordaremos o conceito de admiração e a sua diferenciação

em relação à inveja. Bem como outros sentimentos, tais como: orgulho, cobiça,

ódio e ciúme.

A Admiração

Segundo a Enciclopédia Larousse Cultural, a admiração é “um sentimento

de prazer, de respeito, experimentado diante daquilo que é belo e bom”. (1998:76)

A admiração é estimulante. É um sentimento que um indivíduo

experimenta em relação ao outro estando de acordo com suas idéias, com seu

estilo de ser e até como desenvolve o seu trabalho. O objeto admirado serve de

modelo para o indivíduo que admira.

A visão ou reconhecimento dos bens, posses e qualidades de um indivíduo

desperta no outro o desejo de adquirir o mesmo para si por meio do seu esforço

pessoal.

O indivíduo que admira geralmente é uma pessoa confiante em si,

generosa que quer ajudar o outro e a si próprio. Já o admirado, além dessas

características, apresenta um talento e comportamentos que despertam a

admiração dos outros.

Uma organização onde existam pessoas que se admiram, tenderá a crescer

sua produtividade, já que estes indivíduos tenderão a trocar suas experiências e

conhecimentos.

Na admiração, o ser como o outro é querer imita- lo, é seguir um modelo.

Já na inveja, o ser como o outro é querer o seu lugar utilizando para isso, métodos

antiéticos de destruição.

Existem outros sentimentos que também são muito confundidos com a

inveja, são eles:

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A Ambição

A ambição move o indivíduo para alcançar o que deseja. Na ambição não

há intenções negativas para com o outro.

“Desejo de ter êxito, especialmente na vida profissional, e de ver esse êxito

valorizado socialmente pela mobilidade social, pelo sucesso na carreira, a estima

dos outros e o prestígio”. (DORON, 2001:50)

A ambição pode nos conduzir a uma motivação no sentido de alcançar um

objetivo ou ao egoísmo, que leva o indivíduo a olhar só para seus interesses, com

desprezo dos alheios.

A Cobiça

Considerada também uma dos sete pecados capitais, junto com a inveja,

também tem suas tendências negativas.

“Desejo veemente e imoderado de possuir”. (DICIONÁRIO

BRASILEIRO GLOBO, 1993:231)

Na cobiça, o indivíduo deseja o objeto do outro. Deseja o que pertence ao

outro, o seu bem material.

Já na Bíblia Sagrada citava-se a presença da cobiça: “não cobiçarás a

mulher de teu próximo. Não cobiçarás sua casa, nem seu campo, nem seu escravo,

nem sua escrava, nem seu boi, nem seu jumento, nem nada do que lhe pertence”.

(DEUTERONÔMIO, 5:21)

O que o indivíduo possui estimula em nós o mesmo desejo de possuir.

O Orgulho

“Elevado conceito que alguém faz de si próprio. Amor-próprio

exagerado”. (ENCICLOPÉDIA LAROUSSE CULTURAL, 1998:4336)

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O orgulhoso alimenta pensamentos elevados a respeito de si mesmo. A

própria natureza do orgulho é fazer com que o indivíduo tenha autoconfiança e

rejeitar qualquer suspeita de que, em si mesmo, tenha defeitos ou que não está

agindo corretamente.

O orgulhoso geralmente utiliza a seguinte frase: “Eu sou melhor que você”.

O Ódio

“Sentimento de profunda inimizade, paixão que conduz ao mal que se faz

ou se deseja a outrem”. (ENCICLOPÉDIA LAROUSSE CULTURAL,

1998:4287)

O ódio é um sentimento intencional de repulsa, de hostilidade.

O ódio opõe-se ao amor. Segundo Empédocles, amor e ódio são as forças

metafísicas fundamentais da vida, que determinam todo o movimento, toda

separação e reunião.

O ódio pode levar a inveja.

O Ciúme

O ciúme é baseado na inveja, mas envolve uma relação com pelo menos

duas outras partes. Socialmente é mais aceito que a inveja.

Diz respeito principalmente ao amor que o indivíduo sente como lhe sendo

devido e que lhe foi tirado, ou está em perigo de sê- lo, por seu rival.

O ciúme é um sentimento que visa proteger uma relação valiosa. O desejo

do ciumento é desfrutar ao máximo o objeto do ciúme.

O ciúme pode ser administrado negociando atenções, pois é um reflexo de

um desequilíbrio na distribuição de emoções.

Pudemos notar que os sentimentos citados a título de ilustração, são bem

diferentes da inveja. Mas na linguagem pejorativa acabam sendo utilizados como

sinônimos desta.

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CONCLUSÃO:

Concluímos que a inveja é um assunto tabu na sociedade. A grande

maioria dos indivíduos acredita na inveja. Alguns indivíduos confessam que já

sentiram inveja, mas não conseguem admiti- la em seus atos, o que corrobora a

idéia de que, a inveja é um mal inconfessável.

A inveja é um sentimento destrutivo para o invejoso que, na maioria das

vezes, não reconhece suas próprias competências e habilidades e se sente inferior

e frustrado diante da pessoa invejada. O invejoso deverá aprender a reconhecer e a

valorizar as diferenças, tratando as pessoas com dignidade, independente de idade,

gênero, raça, capacidade profissional... Assim, a organização tenderá a crescer na

qualidade do seu trabalho e na quantidade de indivíduos satisfeitos com o

ambiente organizacional.

A inveja vem aumentando dentro do ambiente organizacional, na maioria

das vezes, estimulada pela competição excessiva entre os indivíduos, políticas de

premiação e promoção destes. Por outro lado, se a competição for bem

administrada, poderá levar o indivíduo a reconhecer seus erros e perceber que

poderá aperfeiçoar suas habilidades.

Percebemos que, algumas vezes, a motivação dos indivíduos é alterada

com a presença da inveja nas organizações. Alguns indivíduos deixam de realizar

algum trabalho para que não se sintam invejados. Outros, já se dedicam

inteiramente a sua atividade, sem se incomodar com a presença ou não de

invejosos no ambiente organizacional.

A inveja nas organizações deve ser prevenida, porque aos olhos do invejoso, o que é bom se destrói com a maldade.

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BIBLIOGRAFIA:

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Vantagem Competitiva. São Paulo: Saraiva, 2002.

- KANAANE, Roberto. Comportamento Humano nas Organizações:

Rumo ao Século XXI. São Paulo: Atlas, 1994.

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Janeiro: Francisco Alves, 1977.

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1999.

- ABDALA JUNIOR, Benjamim e outros. Grande Enciclopédia Larousse

Cultural. São Paulo: Nova Cultural Ltda., 1998.

Volumes consultados: 01, 02, 06, 17 e 18.

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- FERNANDES, Francisco, Celso Pedro Luft, Marques Guimarães.

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- BÍBLIA SAGRADA. Tradução dos originais mediante a versão dos

Monges de Maredsous (Bélgica) pelo Centro Bíblico Católico. 77a edição:

Frei João Pedreira de Castro. São Paulo: Ave Maria, 1991.

REVISTAS:

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- Tempo Psicanalítico, nº 3, 1987, Sociedade de Psicanálise Iracy Doyle.

- Viver Psicologia, Qualidade de Vida no Trabalho, no 135, 2004, Duetto.

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Disponível em: < http://www.ipat.com.br/artigo17.htm. 22/03/2004

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Disponível em: < www.josepstore.com.br/artigos/cotidiano/032.htm. 22/03/2004

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I – INVEJA 10

CAPÍTULO II - ORGANIZAÇÃO 15

2.1- A influência da motivação no clima organizacional 17

CAPÍTULO III - INVEJA NAS ORGANIZAÇÕES 19

3.1- Por que há inveja dentro das organizações? 20

3.2- Características do invejoso 23

3.3- Formas preventivas de lidar com a inveja dentro das organizações 26

CAPÍTULO IV-A ADMIRAÇÃO E OUTROS SENTIMENTOS CONFUNDIDOS COM A INVEJA 29

CONCLUSÃO 32

BIBLIOGRAFIA

ÍNDICE

FOLHA DE AVALIAÇÃO

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Candido Mendes.

Título da Monografia: A Inveja nas Organizações.

Autor: Paola de Souza Mendes.

Data da entrega: 23 de julho de 2005.

Avaliado por: Fabiane Muniz. Conceito: